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História e análise da política externa brasileira Muryatan Santana Barbosa

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Page 1: História e análise da política externa brasileira Muryatan Santana Barbosa

História e análise da política externa brasileira Muryatan Santana Barbosa

Page 2: História e análise da política externa brasileira Muryatan Santana Barbosa

América Portuguesa

• Política expansionista portuguesa: iniciada em 1415. • Burguesia mercantil (Revolução de Avis, 1385). • Domínio do Mediterrâneo pelos árabes-muçulmanos e pelas

cidades italianas (séculos XII-XV). • Séculos XV e XVI: disputa entre Portugal e Espanha pelos

mercados mundiais. • União Ibérica (1580-1640). • Século XVII: franceses e holandeses no Brasil.

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Tratado de Tordesilhas

Page 4: História e análise da política externa brasileira Muryatan Santana Barbosa

Mercado mundial • Dependência crescente de ambos (século XVII): importância dos

financiamentos para o funcionamento do comércio mundial; metais e produção de açúcar.

• Banqueiros da época: italianos, belgas e holandeses.

• Transferência do ouro e da prata americanos para pagamento dos financiamentos. Aumento generalizado de preços na Europa.

• Descoberta do ouro em Minas Gerais e Goiás: 1700.

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Expansão territorial portuguesa (séculos XVII e XVIII)

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Tratado de Madri (1750)

Page 7: História e análise da política externa brasileira Muryatan Santana Barbosa

Crise do Antigo Sistema Colonial (1750-1830)

• A burguesia portuguesa se aristocratizou (séculos XVII-XVIII).

• Tratado de Methuen (1703). Oficializa as trocas desiguais entre Portugal e Inglaterra.

• Razões: a) sociedade mais aristocrática do que burguesa: gastos exorbitantes da Corte portuguesa; b) queda da arrecadação de ouro e diamantes do Brasil; c) terremoto de Lisboa (1755).

• Tentativa de reversão e modernização administrativa com Marquês de Pombal (1750-1777): o “Déspota Esclarecido”.

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Crise do Antigo Sistema Colonial

• Divergência de interesses materiais: Portugal x América Portuguesa. O Brasil era mais necessário a Portugal do que o contrário.

• Inspiração das ideias iluministas – Confidência Mineira (1789).

• Independência dos E.U.A. (1775-1783), Revolução Francesa (1789), Revolução do Haiti (1793).

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1808: transferência da Corte portuguesa para o Brasil

• Início do processo de independência do Brasil.

• Modernização administrativa da Colônia.

• 1810: Tratados entre Portugal e a Inglaterra. Resultado: a) favorecimento aos produtos manufaturados ingleses; b) estabelecimento de franquias de reciprocidade fictícia; c) direitos especiais aos ingleses no Brasil; d) exclusão dos produtos tropicais brasileiros do mercado inglês; e) abertura internacional dos portos brasileiros.

• 1815: Formação do Reino Unido (Portugal e Brasil).

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Independência (1822)

• Queda de Napoleão (1815).• Revolução Liberal em Portugal (1820). • 1821: volta da Corte para Portugal (cerca de 4 mil pessoas).• O príncipe herdeiro de D. João VI, Pedro I, aconselhado pelo

pai, resolve ficar.• 1822: declaração da Independência.

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Período pós-independência (1822-31)

• Guerra da independência (1822-23). A nova Corte e as principais províncias do Sudeste contra os liberais radicais (federalistas ou independentistas do Rio Grande do Sul, Pará e Maranhão) e milícias portugueses.

• Vitória do projeto monarquista conservador: D. Pedro I e José Bonifácio de Andrade e Silva.

• Nova Constituição de 1824: a) monarquia constitucionalista: instauração do Poder Moderador; b) modelo agro-exportador para o país (liberalismo clássico: “vantagens comparativas”).

• O Brasil torna-se independente sem se descolonizar. Caso único na história da América. Dinastia Bragança no poder, tendo por aliado o “partido português” (comerciantes portugueses). Luta entre o “partido brasileiro” (conservadores e liberais moderados) e o “português”.

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Período pós-independência (1822-31)

• A política externa, inclusive em relação aos Tratados econômicos, era decidida pessoalmente pelo imperador, sem o Parlamento.

• Reconhecimento da Independência: Brasil e Portugal decidiram pelo arbítrio da Inglaterra, que defendeu os interesses portugueses. Assim, o Brasil teve que pagar (2 milhões de libras esterlinas) os portugueses pelos “danos causados”. Também desistia de apoiar a união de Angola e Benguela ao Império (1825).

• 1825-28: Questão Cisplatina. A questão que se colocava era o domínio do Prata, que opunha Brasil e Argentina.

• 1825: Declaração de Guerra. Brasil e Argentina concordam com a mediação britânica. O acordo resultante é a criação do Uruguai (1828), com a livre circulação no Prata.

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Reconhecimento da Independência (1822-1830)

• Tratado de Amizade, Navegação e Comércio (1827).

• Com este tratado, manteve-se a posição subalterna do Brasil em relação à Inglaterra, seguindo os parâmetros dos Tratados de 1810. Adicionou-se apenas a extinção do tráfico escravista para 1830.

• Por que ele foi feito? Autoritarismo de D. Pedro I, que queria garantir logo o reconhecimento internacional à Independência brasileira. Foi uma decisão de Estado.

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Período regencial (1831-40)

• 1831: Noite das Garrafadas, no Rio de Janeiro. Abdicação de D. Pedro I.

• Período de hegemonia liberal. Decretação do Ato Adicional (1834).

• Grandes revoltas populares: Cabanos (Pernambuco: 1832-35), Cabanagem (Para: 1835-40: 30 mil mortos), Sabinada (Bahia: 1837-38), Balaiada (Maranhão: 1838-41), Farrapos (R.G.S: 1835-45).

• Nada de realmente novo na política externa brasileira neste período. Tratava-se

de “administrar o imobilismo”, diante da situação de dependência extrema concretizada pelo Tratado de 1827. Por outro lado, havia desinteresse nacional em relação aos pan-americanos de época (monroísmo e bolivariano), vistos como “utópicos”.

• Golpe da Maioridade (1840). D. Pedro II é declarado maior com 14 anos. O partido conservador toma o poder, apoiado pelos liberais moderados.

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Política externa soberana (1844-76)

• Consolidação da hegemonia da facção cafeeira na classe dominante (1840-1930).

• Bloco de poder: imperador (D. Pedro II) + partido conservador + partido liberal (cada vez mais moderado).

• Modernização gradativa: urbanização, início das manufaturas (Mauá), estradas de ferro. Setores exportadores dominados pela Inglaterra.

• Seis estratégias da PEB: a) postergação do fim da escravidão (1888); b) incentivo a imigração europeia; c) autonomia alfandegária, visando o setor agro-exportador; d) presença no espaço regional, aproveitando o interesse europeu pela Ásia e África; e) regulamentação das fronteiras; f) defesa contra expansão estadunidense.

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Guerra do Paraguai (1865-70)• Espaço regional: Bacia do Prata. Após a derrota de Rosas na

Argentina (1852), o Brasil passou a interferir diretamente no Uruguai. Mauá chegou a ser primeiro-ministro.

• O grupo nacionalista local (“blanco”) pediu ajuda ao Paraguai de Solano López, que resolveu atender o pedido visando garantir sua saída livre para o Atlântico. Estava iniciada a Guerra do Paraguai.

• Após cinco anos de Guerra, o Brasil vence o Paraguai e dizima boa parte de sua população (cerca de 200 mil mortos).

• O Brasil garante sua posição hegemônica no Prata, mas endivida-se enormemente com a Inglaterra.

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Amazônia • 1845: os E.U.A. declaram seu interesse pela colonização da

Amazônia, via empresas privadas. Defesa do “livre-comércio”.

• Política externa imperialista norte-americana (pós-1845): colonização – provocação – guerra - anexação. Utilizada com sucesso contra o México.

• Década de 1850: a estratégia da PEB é a “enrolação diplomática”, já utilizada contra Inglaterra no caso do tráfico (Eusébio de Queiroz, 1850 etc).

• Início da Guerra de Secessão nos E.U.A. (1861-65).

• 1866: abertura incondicional de navegação no rio Amazonas.

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Tratados fronteiriços

• Retomada do Uti possidetis: princípio de direito internacional segundo o qual os que de fato ocupam um território possuem direito sobre este.

• O mesmo princípio foi utilizado por Alexandre Gusmão no Tratado de

Madri (1750) e será também utilizado futuramente pelo Barão de Rio Branco.

• Na época, serviu para defender novos acordos territoriais, que garantiam a posse brasileira de espaços já conquistados, em detrimento dos tratados antigos, coloniais.

• Acordos fechados pelo Visconde de Uruguai (Paulino José Soares de Souza) ou por seus seguidores: Uruguai e Peru (1851), Venezuela (1859), Bolívia (1867), Paraguai (1872). Eram tratados mais de preservação de território, do que de expansão.

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Acomodação (1870-89)• Período final do Império. • Crise econômica e política, após a Guerra do Paraguai. Os

militares e os republicanos tornam-se o novo centro de poder político.

• Fase de distensão regional, especialmente em relação a Argentina.

• D. Pedro II: “diplomacia de prestígio”. • 1888: Abolição • 1889: Golpe de Estado (Deodoro da Fonseca).

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Primeiros anos da República (1889-1894)

• Primeiro momento da República: republicanos + militares = Maçonaria.

• Governo Próvisório (1889-91). Primeiro Presidente: Deodoro da Fonseca (1889-91). Segundo Presidente: Floriano Peixoto (1891-94).

• Constituição de 1891: federalista e oligárquica (direito de voto restrito aos proprietários, com renda).

• Período de restrição da cidadania. Em particular, aos ex-escravos.

• Política do Encilhamento (Rui Barbosa): crédito para industrialização. Resultado: inflação e formação de firmas “fantasmas”.

• Crise política e militar: Revolta Federalista (R.G.S, 1893-94); Revolta da Armada (1894). Participação estadunidense decisiva para a manutenção do poder central.

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PEB entre 1889-1894

• Posição pan-americanista. Sobretudo, pró-EUA. Principais nomes da PEB entre 1889-1894: Quintino Bocaiúva e Salvador de Mendonça. Nisto havia uma ruptura como a PEB do Império, pró-Inglaterra.

• Os E.U.A. foram o principal propulsor da 2ª. Revolução Industrial (petróleo, aço, transportes, indústria química). Posição hegemônica na América e de disputa internacional com a Inglaterra, França e Alemanha (patrocinadores da Conferência de Berlim 1884-85).

• Os EUA era o principal importador do café brasileiro.

• Mote da PEB à época: a) garantir o reconhecimento da República: b) desfazer imagem negativa do Brasil no exterior, motivada pela instabilidade interna do período (golpes de Estado, revoltas populares, crise econômica). O Brasil seria igual ao mundo hispânico latino-americano?

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República Oligárquica (1894-1930)

• Período ápice do poder político da facção cafeeira na vida nacional. Hegemonia do PRP e do Coronelismo. Formação do complexo cafeeiro: produção-distribuição.

• Revoltas populares: Canudos (1896-97), Guerra do Contestado (1912-16), Revolta da Vacina (1904), Greves Gerais (1918-22). Militares: tenentismo (1922).

• Descaso com a questão da cidadania. Os melhoramentos visavam o bem estar das classes dominantes e médias urbanas: remodelação das cidades (S.P., R.J.).

• Imigração européia: 5 milhões de pessoas (1870-1920). Ideal de branqueamento na prática.

• 1890-1910: alta demanda internacional por produtos tropiciais, impulsionando a exportanção brasileira de borracha, café e açucar.

• 1890: início do processo de industrilização, com pequenas manufatras visando o abstecimento do mercado interno por substituição de importações. Sobretudo, a partir de 1914.

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Rio Branco

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PEB de Rio Branco (1902-12). • Ministro das Relações Exteriores de quatro governos diferentes:

Rodrigues Alves (1902-06), Afonso Pena (1906-09), Nilo Peçanha (1909-10), Hermes da Fonseca (1910-14).

• Cinco diretrizes principais: a) busca de uma supremacia compartilhada na América do Sul; b) restauração do prestígio internacional; c) soberania; d) defesa do setor agro-exportador; e) resolução dos problemas fronteiriços.

• Linha de ação: Doutrina Monroe (1823). “A América para os americanos”. Restabelecida durante o Governo Roosvelt (1901-09), entendida como proteção estadunidense aos países latino-americanos, desde que estes se tornassem bons pagadores e buscassem a paz.

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PEB de Rio Branco • Intepretação brasileira (Nabuco, Rio Branco) da “nova”

Doutrina Monroe: o domínio estadunidense é positivo (em tempos de colonialismo), e pode garantir a supremacia regional brasileira. Posição “defensiva” e “pragmática”.

• Exemplo: em 1902, o Brasil se posicinou contra a Venezuela, no caso do litígio deste país contra a Inglaterra e a Alemanha. Estes fizeram um bloqueio naval contra a Venzuela, apoiados pelos E.U.A.

• Presença constante nas Conferências Internacionais Americanas (1891, 1901, 1906, no Rio de Janeiro). Tentativas de reaproximação com Chile e Argentina, projeto ABC.

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Acre

• Incidente diplomático. Em 1899, uma embarcação militar norte-americana foi interceptada na foz do Rio Amazonas.

• 1901: Bolívia arrenda parte do seu território (Acre), por 30 anos, para exploração econômica de um consórcio internacional chamado Bolivian Syndicate (empresas norte-americanas e inglesas associadas).

• 1902: a população brasileira local, comadada por Plácido de Castro, declara a fundação do Estado do Acre, buscando incorporá-lo ao Brasil.

• Temendo uma intervenção estrangeira, o Brasil resolve indenizar o Bolivian Syndicate por seus prejuízos(114 mil libras). Resolve também negociar com a Bolívia.

• Tratado de Petrópolis (1903): a) compra do Acre (2 milhões de libras); b) livre navegação no rio Amazonas; c) contrução de uma ferrovia (Madeira-Mamoré), que escoaria a produção boliviana (40 mil brasileiros mortos na construção).

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Tratados fronteiriços (1894-1912)

• Questões fronteiriças: a) “Palmas” (sul do R.G.S), com Argentina; b) Amapá, com França; c) Acre, Bolívia. Todos resolvidos amigavelmente, com compra de territórios ou negociações extra-econômicas.

• Tratados de limites: Colômbia (1907), Peru (1909), Uruguai (1909), Guiana Holandesa (1906), Equador (1904).

• Recuperação do prestígio regional do Brasil. De fato, a política de Rio Branco evitou o aprofundamento dos conflitos fronteiriços, que se perpetuavam sem solução aparente.