história do tocantins

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1 CURSO PEDRO GOMES PROF. JUANIL GEOGRAFIA E HISTÓRIA DO TOCANTINS História do Tocantins "O que será toda essa riquíssima região no dia em que tiver transporte fácil pelo rio ou uma boa rodovia, ligando todos esses núcleos de civilização. E sonhamos... com as linhas aéreas sobrevoando o Tocantins, vindo ter a ele ou dele saindo para os diversos quadrantes. As rodovias chegando a Palma, a Porto Nacional, a Pedro Afonso, a Carolina, a Imperatriz, vindos de beira mar! O tráfego imenso que a rodovia Belém do Pará - Imperatriz - Palma teria, se aberta ! (...) E pensamos: quantas gerações passarão antes que este sonho se realize! (...) mas tudo vem a seu tempo!" (Lysias Rodrigues) Já sonhava Lysias Rodrigues na década de quarenta, quando defendia a criação do Território do Tocantins. E o tempo chegou! Foi criado pela Constituição de 1988 o Estado do Tocantins. Sua Capital não é a Palma de que fala Lysias, mas é Palmas, em homenagem a esta, a Vila da Palma, antiga sede da Comarca do Norte. E as rodovias e as linhas aéreas já vêm e saem do Tocantins "para diversos quadrantes". Muitas gerações compartilharam o sonho de ver o norte de Goiás independente. O sentimento separatista tinha justificativas históricas. Os nortistas reclamavam da situação de abandono, exploração econômica e do descaso administrativo e não acreditavam no desenvolvimento da região sem o seu desligamento do Sul. O artigo 13 das Disposições Transitórias do Projeto da Nova Constituição, aprovado em 27 de julho de 1988, criando o Estado do Tocantins, tornava o sonho quase real. Mas ele se transforma em realidade quando sua criação foi legitimada, com a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. Finalmente, os tocantinenses puderam afirmar: “Co yvy ore retama”. “Esta terra é nossa”! A frase não é só um impresso no brasão do Tocantins, mas significa o desfecho vitorioso da luta pela sua criação que viria determinar seu destino. Criado o Estado do Tocantins, vem à tona a sua história. Conhecendo-a, seu povo se percebe com identidade própria. E conhecer a História do Tocantins é muito mais do que só saber sobre sua criação. É também buscar entender o Tocantins dentro do contexto da história geral do Brasil e, principalmente, suas particularidades, onde se configuram sua formação social, as formas de resistências e as buscas de alternativas da população diante das adversidades encontradas em seu caminho. Para que se possa entender bem a história, deve-se criar dois momentos: o primeiro (antigo norte de Goiás) e o segundo (criação do Estado). Economia do ouro As descobertas de minas de ouro em Minas Gerais, no ano 1690, e, em Cuiabá, em 1718, despertaram a crença de que, em Goiás, situado entre Minas Gerais e Mato Grosso, também deveria existir ouro. Foi essa a argumentação da bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera (filho do primeiro Anhanguera que esteve com o pai na região anos antes), para conseguir a licença do rei de Portugal para explorar a região. O rei cedia a particulares o direito de exploração de riquezas minerais, mediante o pagamento do quinto que, segundo ordenação do reino, era uma decorrência do domínio real sobre todo o subsolo. O rei, não querendo realizar a exploração diretamente, cedia a seus súditos o direito, exigindo em troca o quinto do metal fundido e apurado, salvo todos os gastos. Em julho de 1722, a bandeira do Anhanguera saiu de São Paulo e, em 1725, volta com a notícia da descoberta de córregos auríferos. A partir desse momento, Goiás entra na história como as Minas dos Goyazes. Dentro da divisão do trabalho no império português, este é o título de existência e de identidade de Goiás durante quase um século. Um grande contingente populacional deslocou-se para “a região do Araés, como a princípio se chamou essa parte do Brasil que diziam possuir montanhas de ouro, lagos encantados e os martírios de Nosso Senhor Jesus Cristo gravados nas pedras das montanhas. Era um novo Eldorado de histórias romanescas e contos fabulosos” (ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 45). Diante dessas expectativas, reinou, nos primeiros tempos, a anarquia, pois era a mineração “alvo de todo s os desejos. O proprietário, o industrialista, o aventureiro, todos convergiam seus esforços e seus capitais para a mineração” (ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 18). Inicialmente, as minas de Goiás eram jurisdicionadas à capitania de São Paulo na condição de intendência, com a Capital em Vila Boa e sob a administração de Bueno, a quem foi atribuído o cargo de superintendente das minas, com o objetivo de “representar e manter a ordem legal e instaurar o arcabouço tributário” (ALACIN, Luís, 1979, p. 33).

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CURSO PEDRO GOMES – PROF. JUANIL GEOGRAFIA E HISTÓRIA DO TOCANTINS História do Tocantins

"O que será toda essa riquíssima região no dia em que tiver transporte fácil pelo rio ou uma boa rodovia,

ligando todos esses núcleos de civilização. E sonhamos... com as linhas aéreas sobrevoando o Tocantins, vindo ter a ele ou dele saindo para os diversos quadrantes.

As rodovias chegando a Palma, a Porto Nacional, a Pedro Afonso, a Carolina, a Imperatriz, vindos de beira mar! O tráfego imenso que a rodovia Belém do Pará - Imperatriz - Palma teria, se aberta ! (...)

E pensamos: quantas gerações passarão antes que este sonho se realize! (...) mas tudo vem a seu tempo!" (Lysias Rodrigues) Já sonhava Lysias Rodrigues na década de quarenta, quando defendia a criação do Território do Tocantins. E o tempo chegou!

Foi criado pela Constituição de 1988 o Estado do Tocantins. Sua Capital não é a Palma de que fala Lysias, mas é Palmas, em homenagem a esta, a Vila da Palma, antiga sede da Comarca do Norte. E as rodovias e as linhas aéreas já vêm e saem do Tocantins "para diversos quadrantes".

Muitas gerações compartilharam o sonho de ver o norte de Goiás independente. O sentimento separatista tinha justificativas históricas. Os nortistas reclamavam da situação de abandono, exploração econômica e do descaso administrativo e não acreditavam no desenvolvimento da região sem o seu desligamento do Sul.

O artigo 13 das Disposições Transitórias do Projeto da Nova Constituição, aprovado em 27 de julho de 1988, criando o Estado do Tocantins, tornava o sonho quase real. Mas ele se transforma em realidade quando sua criação foi legitimada, com a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. Finalmente, os tocantinenses puderam afirmar: “Co yvy ore retama”. “Esta terra é nossa”!

A frase não é só um impresso no brasão do Tocantins, mas significa o desfecho vitorioso da luta pela sua criação que viria determinar seu destino.

Criado o Estado do Tocantins, vem à tona a sua história. Conhecendo-a, seu povo se percebe com identidade própria. E conhecer a História do Tocantins é muito mais do que só saber sobre sua criação. É também buscar entender o Tocantins dentro do contexto da história geral do Brasil e, principalmente, suas particularidades, onde se configuram sua formação social, as formas de resistências e as buscas de alternativas da população diante das adversidades encontradas em seu caminho. Para que se possa entender bem a história, deve-se criar dois momentos: o primeiro (antigo norte de Goiás) e o segundo (criação do Estado). Economia do ouro

As descobertas de minas de ouro em Minas Gerais, no ano 1690, e, em Cuiabá, em 1718, despertaram a crença de que, em Goiás, situado entre Minas Gerais e Mato Grosso, também deveria existir ouro. Foi essa a argumentação da bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera (filho do primeiro Anhanguera que esteve com o pai na região anos antes), para conseguir a licença do rei de Portugal para explorar a região.

O rei cedia a particulares o direito de exploração de riquezas minerais, mediante o pagamento do quinto que, segundo ordenação do reino, era uma decorrência do domínio real sobre todo o subsolo. O rei, não querendo realizar a exploração diretamente, cedia a seus súditos o direito, exigindo em troca o quinto do metal fundido e apurado, salvo todos os gastos.

Em julho de 1722, a bandeira do Anhanguera saiu de São Paulo e, em 1725, volta com a notícia da descoberta de córregos auríferos. A partir desse momento, Goiás entra na história como as Minas dos Goyazes. Dentro da divisão do trabalho no império português, este é o título de existência e de identidade de Goiás durante quase um século.

Um grande contingente populacional deslocou-se para “a região do Araés, como a princípio se chamou essa parte do Brasil que diziam possuir montanhas de ouro, lagos encantados e os martírios de Nosso Senhor Jesus Cristo gravados nas pedras das montanhas. Era um novo Eldorado de histórias romanescas e contos fabulosos” (ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 45).

Diante dessas expectativas, reinou, nos primeiros tempos, a anarquia, pois era a mineração “alvo de todos os desejos. O proprietário, o industrialista, o aventureiro, todos convergiam seus esforços e seus capitais para a mineração” (ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 18).

Inicialmente, as minas de Goiás eram jurisdicionadas à capitania de São Paulo na condição de intendência, com a Capital em Vila Boa e sob a administração de Bueno, a quem foi atribuído o cargo de superintendente das minas, com o objetivo de “representar e manter a ordem legal e instaurar o arcabouço tributário” (ALACIN, Luís, 1979, p. 33).

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Controle das minas

Desde quando ficou conhecida a riqueza aurífera das Minas de Goyazes, o governo português tomou uma série de medidas para garantir para si o maior proveito da exploração das lavras. Foi proibida a abertura de novas estradas em direção às minas. Os rios foram trancados para a navegação, as indústrias, proibidas ou limitadas, as lavoura e a criação inviabilizadas por pesados tributos: braços não podiam ser desviados da mineração. O comércio foi fiscalizado e o fisco, insaciável na arrecadação. “Só havia uma indústria livre: a mineração, mas esta mesma sujeita à capitação e censo, à venalidade dos empregados de registros e contagens, à falsificação na própria casa de fundição, ao quinto (....), ao confisco por qualquer ligeira desconfiança de contrabando” (ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 18).

À época do descobrimento das Minas dos Goyazes vigorava o método de quintamento nas casas de fundição. A das minas de Goiás era em São Paulo. Era para lá que deveriam ir os mineiros para quintar seu ouro. Eles recebiam de volta, depois de descontado o quinto, o ouro fundido e selado com selo real.

O ouro em pó podia ser usado como moeda no território das minas, mas, se saísse da capitania, tinha que ser declarado ao passar pelo registro e depois quintado, o que praticamente ficava como obrigação dos comerciantes. Estes, vendendo todas as coisas a crédito, prazo e preços altíssimos, acabavam ficando com o ouro dos mineiros e eram os que, na realidade, canalizavam o ouro das minas para o exterior e deviam, por conseguinte, pagar o quinto correspondente.

O método da casa de fundição para a cobrança do quinto seria ideal se não fosse um problema que tomava de sobressalto o governo português: o contrabando do ouro que oferecia alta rentabilidade: “os vinte por cento do imposto, mais os dez por cento de ágio”. Das minas para a costa ou para o exterior, era sempre um negócio lucrativo que “nem o cipoal de leis, alvarás, cartas régias e provisões, nem os seqüestros, devassas de registros, prêmios prometidos aos delatores e comissões aos soldados puderam pôr freio (....)”.( PALACIN, 1979, p. 49).

O grande contrabando era dos comerciantes que controlavam o comércio desde os portos, praticado (....) “por meio da conivência dos guardas dos registros, ou de subornos de soldados que custodiavam o comboio dos quintos reais”. Contra si, o governo tinha as dilatadas fronteiras, o escasso policiamento, o costume inveterado e a inflexibilidade das leis econômicas. ( PALACIN, 1979, p. 49). A seu favor tinha o poder político, jurídico e econômico sobre toda a colônia. Assim, decreta, como primeira medida, em se tratando das minas, o isolamento delas.

A partir de 1730, foram proibidas todas as outras vias de acesso a Goiás, ficando um único caminho, o iniciado pelas bandeiras paulistas que ligavam as minas com as regiões do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, ficava interditado o acesso pelas picadas vindas do Nordeste - Bahia e Piauí. Foi também proibida a navegação fluvial pelo Tocantins, afastando a região de outras capitanias - Grão-Pará e Maranhão.

À proporção que crescia a importância das minas, surgiram atritos com os governadores das capitanias do Maranhão e Pará, “quando do descobrimento das minas de Natividade e São Félix e dos boatos de suas grandes riquezas (...). Os governadores tomaram para si a incumbência de nomear autoridades para os ditos arraiais e outras minas que pudessem surgir, a fim de tomarem posse e cobrarem os quintos de ouro ali existentes” ( PARENTE , 1999, p. 59). O resultado foi o afastamento dessa interferência, seguido da proibição, através de bandos, da entrada das populações das capitanias limítrofes na região e a saída dos que estavam dentro sem autorização judicial. Formação dos arraiais

“Há ouro e água”. Isto basta. Depois da fundação solene do primeiro arraial de Goiás, o arraial de

Sant'Anna, esse foi o critério para o surgimento dos demais arraiais. Para as margens dos rios ou riachos auríferos, deslocaram-se populações da metrópole e de todas as partes da colônia, formando, à proporção que se descobria ouro, um novo arraial “que podia progredir ou ser abandonado, dependendo da quantidade de riquezas existentes” (PARENTE, Temis Gomes, 1999, p.58).

Nas décadas de 1730 e 1740, ocorreram as descobertas auríferas no norte de Goiás e, por causa delas, a formação dos primeiros arraiais no território, onde hoje se situa o Estado do Tocantins: Natividade e Almas (1734), Arraias e Chapada (1736), Pontal e Porto Real (1738). Nos anos 40, surgiram Conceição, Carmo e Taboca, e, mais tarde, Príncipe (1770). Alguns foram extintos, como Pontal, Taboca e Príncipe. Os outros resistiram à decadência da mineração e, no século XIX, transformaram-se em vilas e, posteriormente, em cidades.

O grande fluxo de pessoas de todas as partes e de todos os tipos permitiu que a composição social da população dos arraiais de ouro se tornasse bastante heterogênea. Trabalhar, enriquecer e regressar ao lugar de origem eram os objetivos dos que se dirigiam para as minas. Em sua maioria, eram homens brancos, solteiros ou desacompanhados da família que contribuíram para a mistura de raças com índias e negras escravas. No final do século XVIII, os mestiços já eram grande parte da população e, posteriormente, foram absorvidos no comércio e no serviço militar.

A população branca era composta de mineiros e de pessoas pobres que não tinham nenhuma ocupação e eram tratados, nos documentos oficiais, como vadios. Ser mineiro significava ser dono de lavras e de escravos. Era o ideal de todos os habitantes das minas, um título de honra e praticamente acessível a quase todos os

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brancos. O escravo podia ser comprado a crédito, sua posse dava o direito de requerer uma data - um lote no terreno de mineração - e o ouro era de fácil exploração, do tipo aluvional, acumulado no fundo e nas margens dos rios.

Todos, uns com mais e outros com menos ações, participavam da bolsa do ouro. Grandes comerciantes e contratadores que residiam em Lisboa ou Rio de Janeiro mantinham aqui seus administradores. Escravos, mulatos e forros também praticavam a faiscagem - procura de faíscas de ouro em terras já anteriormente lavradas. Alguns, pela própria legislação, tinham muito mais vantagens.

O negro teve uma importância fundamental nas regiões mineiras. Além de ser a mão-de-obra básica em todas as atividades, da extração do ouro ao carregamento nos portos, era também uma mercadoria de grande valor. Primeiro, a quantidade de negros cativos foi condição determinante para se conseguir concessões de lavras e, portanto, para um branco se tornar mineiro. Depois, com a instituição da capitação no lugar do quinto, o escravo tornou-se referência de valor para o pagamento do imposto. Neste, era a quantidade de escravos matriculados que determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro para a Coroa. Mas a situação do negro era desoladora. Os maus-tratos e a dureza do trabalho nas minas resultavam em constantes fugas.

A mão-de-obra indígena na produção para a exportação foi muito menor que a negra. Isso é devido ao fato da não-adaptação do índio ao rigor do trabalho exigido pelo branco, gerando uma produção de baixa rentabilidade. Criação da Comarca do Norte - 1809

Para facilitar a administração, a aplicação da justiça e, principalmente, incentivar o povoamento e o desenvolvimento da navegação dos rios Tocantins e Araguaia, o Alvará de 18 de março de 1809 dividiu a Capitania de Goiás em duas comarcas (regiões): a Comarca do Sul e a Comarca do Norte. Esta recebeu o nome de Comarca de São João das Duas Barras, assim como chamaria a vila que, na confluência do Araguaia com o Tocantins, foi mandada criar com este mesmo nome, para ser sua sede. Para nela servir, foi nomeado o desembargador Joaquim Theotônio Segurado, como seu ouvidor.

A nova comarca compreendia os julgados de Porto Real, Natividade, Conceição, Arraias, São Félix, Cavalcante, Traíras e Flores. O Arraial do Carmo, que já tinha sido cabeça de julgado, perde a condição que foi transferida para Porto Real, ponto que começava a prosperar com a navegação do Tocantins. Enquanto não era fundada a Vila de São João das Duas Barras, Natividade seria a sede da ouvidoria. A função primeira de Theotônio Segurado era designar o local onde deveria ser fundada a vila. Alegando a distância e a descentralização em relação aos julgados mais povoados, o ouvidor e o povo do norte solicitaram a D. João autorização para a construção da sede da comarca em outro local. No lugar escolhido por Segurado, o Alvará de 25 de janeiro de 1814 autorizava a construção da sede na confluência dos rios Palma e Paranã, a Vila de Palma, hoje cidade de Paranã.

A Vila de São João das Duas Barras recebeu o título de vila, mas nunca chegou a ser construída. Theotônio Segurado, administrador da Comarca do Norte, muito trabalhou para o desenvolvimento da navegação do Tocantins e o incremento do comércio com o Pará. Ele assumiu posição de liderança como grande defensor dos interesses regionais e, tão logo se mostrou oportuno, não hesitou em reivindicar legalmente a autonomia político-administrativa da região.

O 18 de março foi, oficialmente, considerado o Dia da Autonomia pela Lei nº 960, de 17 de março de 1998, por ser a data da criação da Comarca do Norte, estabelecida como marco inicial da luta pela emancipação do Estado. Movimento Separatista do Norte de Goiás - 1821 a 1824

A Revolução do Porto no ano de 1820, em Portugal, exigindo a recolonização do Brasil, mobilizou, na

colônia, especificamente no litoral, a elite intelectualizada em prol da emancipação do País. Em Goiás, essas idéias liberais refletiram na tentativa de derrubar a própria personificação da dominação portuguesa: o capitão-general Manoel Sampaio. Houve uma primeira investida nesse sentido em 1821, sob a liderança do capitão Felipe Antônio Cardoso e do pe. Luiz Bartolomeu Marques. Coube ao primeiro mobilizar os quartéis e ao segundo, conclamar o povo e as lideranças para a preparação de um golpe que iria depor Sampaio. Contudo, houve uma denúncia sobre o golpe e, em seguida, foi ordenada a prisão dos principais líderes rebeldes. O pe. Marques conseguiu fugir e, novamente, articulou contra o capitão-general. Sampaio impôs sua autoridade e os rebeldes foram expulsos da Capital Vila Boa. Alguns vieram para o Norte, como o capitão Cardoso, que teve ordem para se retirar para o distrito de Arraias, e o pe. José Cardoso de Mendonça, enviado para a aldeia de Formiga e Duro. Mas os acontecimentos que ocorreram na Capital não ficaram isolados. A idéia da nomeação de um governo provisório, depois de fracassada na Capital, foi aclamada no Norte, onde já havia anseios separatistas. O desejo do padre Luiz Bartolomeu Marques não era outro senão a independência do Brasil. E a deposição de Sampaio seria apenas o primeiro passo. Para este fim, contavam com o vigário de Cavalcante e Francisco Joaquim Coelho de Matos, que cedeu a direção das coisas ao desembargador Joaquim Theotônio Segurado.

No dia 14 de setembro, um mês após a frustrada tentativa de deposição de Sampaio, instalou-se o governo independencista do Norte, com Capital provisória em Cavalcante. O ouvidor da Comarca do Norte, Theotônio Segurado, presidiu e estabeleceu essa junta provisória até janeiro de 1822. No dia seguinte, o governo provisório

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da Comarca da Palma fez circular uma proclamação em que se declarou separado do governo (ALENCASTRE, 1979). As justificativas para a separação do norte em relação ao centro-sul de Goiás eram, para Segurado, de natureza econômica, política, administrativa e geográfica.

A instalação de um governo independente - não necessariamente em relação à Coroa Portuguesa, mas sim ao governo do capitão-general da Comarca do Sul - parecia ser o único objetivo de Theotônio Segurado. A sua posição não-independencista provocou a insatisfação de alguns dos seus correligionários políticos e a retirada de apoio à causa separatista. Em outubro de 1821, ele transfere a Capital para Arraias, provocando oposição e animosidade dos representantes de Cavalcante. Com seu afastamento em janeiro de 1822, quando partiu para Lisboa como deputado representante de Goiás na Corte, agravou a crise interna. “A partir dessa data, uma série de atritos parecem denunciar que a junta havia ficado acéfala. Na ausência de Segurado, nenhuma liderança capaz de impor-se com a autoridade representativa da maioria dos arraiais conseguiu se firmar. Pelo contrário, os interesses particulares dos líderes de Cavalcante, Palma, Arraias e Natividade se sobrepuseram à causa separatista regional” (CAVALCANTE, 1999,p.64). Crise econômica

O declínio da mineração foi irreversível e arrastou “consigo os outros setores a uma ruína parcial: diminuição

da importação e do comércio externo, menor arrecadação de impostos, diminuição da mão-de-obra pelo estancamento na importação de escravos, estreitamento do comércio interno, com tendência à formação de zonas de economia fechada e um consumo dirigido à pura subsistência, esvaziamento dos centros de população, ruralização, empobrecimento e isolamento cultural”( PALACIN, 1979, p. 133). Toda a capitania entrou em crise e nada foi feito para sua revitalização. Endividados com os comerciantes, os mineiros estavam descapitalizados.

A avidez pelo lucro fácil, tanto das autoridades administrativas metropolitanas quanto dos mineiros e comerciantes, não admitiu perseveranças. O local onde não se encontrava mais ouro era abandonado. Os arraiais de ouro que surgiam e desapareciam, no Tocantins, contribuíram apenas para o expansionismo geográfico. Cada vez se adentrava mais o interior em busca do ouro aluvional, mas em vão. No norte da capitania, a crise foi mais profunda. Isolada tanto propositadamente quanto geograficamente, a região sempre sofreu medidas que frearam seu desenvolvimento. A proibição da navegação fluvial pelos rios Tocantins e Araguaia eliminou a maneira mais fácil e econômica de a região atingir outros mercados consumidores das capitanias do norte da colônia. O caminho aberto que ligava Cuiabá a Goiás não contribuiu em quase nada para interligar o comércio da região com outros centros abastecedores, visto que o mercado interno estava voltado para o litoral nordestino. Esse isolamento, junto ao fato de não se incentivar a produção agropecuária nas regiões mineiras, tornava abusivo o preço de gêneros de consumo e favorecia a especulação. A carência de transportes, a falta de estradas e o risco freqüente de ataques indígenas dificultavam o comércio. Além dessas dificuldades, o contrabando e a cobrança de pesados tributos contribuíram para a drenagem do ouro para fora da região. Dos impostos, somente o quinto era remetido para Lisboa. Todos os outros (entradas, dízimos, contagens, etc.) eram destinados à manutenção da colônia e da própria capitania.

Inviabilizadas as alternativas de desenvolvimento econômico, devido à falta de acumulação de capital e ao atrofiamento do mercado interno após o fim do ciclo da mineração, a população se volta para a economia de subsistência. Nas últimas décadas do século XVIII e início do século XIX, toda a capitania estava mergulhada numa situação de crise, o que levou os governantes goianos a voltarem suas atenções para as atividades econômicas que antes sofreram proibições, objetivando soerguer a região da crise em que mergulhara. Primeira cisão - 1736

Na época da mineração, as minas localizadas ao norte da Capitania de Goiás eram consideradas mais ricas do que as do centro-sul. Todavia, a arrecadação de impostos era inferior. Por isso, a cobrança do quinto - pagamento em ouro sobre a produção - foi substituída pela captação, que passou a cobrar uma taxa de imposto sobre cada escravo utilizado, acrescido de uma sobretaxa para as minas do norte. Essa diferenciação fiscal teve como justificativa o alto índice de contrabando na região em função do seu isolamento. Contra essa discriminação se levantaram os mineiros do norte, ameaçando desligarem-se da Superintendência do centro-sul e ligar-se ao Maranhão, caso o governo insistisse na cobrança de um imposto que consideravam injusto. Ficaram dois anos sem pagar e só voltaram em igualdade de condições com as outras regiões. Este episódio deixava evidente o caráter esporádico das relações entre o norte e o sul, que só existia em função de atos administrativos isolados com finalidades meramente fiscais ou jurídicas. A atitude dos mineiros causou a primeira cisão, nunca de toda reparada, na consciência de unidade do território de Goiás. Tal situação alimentou o sentimento de desligamento regional, que mais tarde iria se evidenciar como algo natural, geográfico e histórico.

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Decadência da produção

A produção do ouro goiano teve seu apogeu nos primeiros dez anos de estabelecimento das minas, entre 1726 e 1735. Foi o período em que o ouro aluvional aflorava por toda a região, resultando numa produtividade altíssima. Quando se iniciou a cobrança do imposto de capitação em todas as regiões mineiras, a produção começou a cair, possivelmente mascarada pelo incremento do contrabando na região, impossível de se mensurar.

De 1752 a 1778, a arrecadação chegou a um nível mais alto, por ser o período da volta da cobrança do quinto nas casas de fundição. Mas a produtividade continuou decrescendo. O motivo da contradição era a própria extensão das áreas mineiras que compensavam e excediam a redução da produtividade.

A distância das minas do norte, os custos para levar o ouro e o risco de ataques indígenas aos mineiros justificaram a criação de uma casa de fundição em São Félix em 1754. Mas, já em 1797, foi transferida para Cavalcante, “por não arrecadar o suficiente para cobrir as despesas de sua manutenção” ( PARENTE, 1999, p. 51).

A Coroa Portuguesa mandou investigar as razões da diminuição da arrecadação da Casa de Fundição de São Félix. Foram tomadas algumas providências, como a instalação de um registro, posto fiscal, entre Santa Maria (Taguatinga) e Vila do Duro (Dianópolis). Outra tentativa para reverter o quadro da arrecadação foi organizar bandeiras para tentar novos descobrimentos. Tem-se notícia do itinerário de apenas duas. Uma dirigiu-se rumo ao Pontal (região de Porto Real), pela margem esquerda do Tocantins, e entrou em conflito com os xerentes, resultando na morte de seu comandante.

A outra saiu de Traíras (nas proximidades de Niquelândia (GO) para as margens do rio Araguaia em busca dos Martírios, serra onde acreditavam existir imensas riquezas auríferas. Mas a expedição só chegou até a Ilha do Bananal, onde sofreu ataques dos Xavantes e Javaés, dali retornando.

No período de 1779 a 1822, ocorreu a queda brusca da arrecadação do quinto, com o fim das descobertas do ouro de aluvião, predominando a faiscagem nas minas antigas. Quase sem transição, chegou a súbita decadência. Subsistência da população e a integração econômica

Na segunda década do século XIX, com o fim da mineração, os aglomerados urbanos estacionaram ou desapareceram e grande parte da população abandonou a região. Os que permaneceram foram para a zona rural e dedicaram-se à criação de gado e à agricultura, produzindo apenas algum excedente para a aquisição de gêneros essenciais ( PALACIN, 1989, p. 46).

Toda a capitania entrou num processo de estagnação econômica. No Norte, o quadro de abandono, despovoamento, pobreza e miséria foi descrito por muitos viajantes e autoridades que passaram pela região nas primeiras décadas do século XIX. Saint-Hilaire, na divisa norte/sul da capitania, revelou: "à exceção de uma casinha que me pareceu abandonada, não encontrei, durante todo o dia, nenhuma propriedade, nenhum viajante, não vi o menor trato de terra cultivada, nem mesmo um único boi". Johann Emanuel Pohl, anos depois, passando pelo povoado de Santa Rita constatou: "é um lugar muito pequeno, em visível decadência (...). Por não haver negros, por falta de braços, as lavras de ouro estão inteiramente descuradas e abandonadas".

O desembargador Theotônio Segurado, que mais tarde se tornaria ouvidor da Comarca do Norte, em relatório de 1806, deu conta das penúrias em que vivia a região, em função tanto do abandono como da falta de meios para contrapor esse quadro: "A capitania nada exportava; o seu comércio externo era absolutamente passivo: os gêneros da Europa, vindos em bestas do Rio ou Bahia pelo espaço de 300 léguas, chegavam caríssimos; os negociantes vendiam tudo fiado: daí a falta de pagamentos, as execuções e a total ruína da Capitania".

Diante da situação, a Coroa Portuguesa tomou consciência de que só através do povoamento, da agricultura, da pecuária e do comércio com outras regiões que a capitania poderia retomar o fluxo comercial de antes. Como saída para a crise, voltaram-se as atenções para as possibilidades de ligação comercial com o litoral, através da capitania do Pará, pela navegação dos rios Tocantins e Araguaia (CAVALCANTE, 1999,p.39).

As picadas, os caminhos e a navegação pelos rios Tocantins e Araguaia, todos interditados na época da mineração para conter o contrabando, foram liberados desde 1782. Como efeito imediato, o norte começou a se relacionar com o Pará, ainda que de forma precária e inexpressiva. Nas primeiras décadas do século XIX, o desembargador Theotônio Segurado já apontava a navegação dos rios Tocantins e Araguaia como alternativa para o desenvolvimento da região, através do estímulo à produção para um comércio mais vantajoso tanto no norte como em toda a Capitania, diferente do tradicionalmente realizado com a Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Com este fim, propôs a formação de companhias de comércio, o estímulo à agricultura, o povoamento das margens desses rios, oferecendo isenção por dez anos do pagamento de dízimos aos que ali se estabelecessem e, aos comerciantes, concessão de privilégios na exportação para o Pará ( CAVALCANTE, 1999). Com essas propostas, chamou a atenção das autoridades governamentais para a importância do comércio de Goiás com o Pará, através dos rios Araguaia e Tocantins. Foi o próprio Theotônio o realizador de viagens para o Pará, incentivando a navegação do Tocantins. Ele também se destacou como um grande defensor dos interesses da região, quando foi ouvidor da Comarca do Norte. A criação desta comarca visava promover o povoamento no extremo norte, para fomentar o comércio e a navegação dos rios Araguaia e Tocantins.

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Desbravamento da região

A colonização do Brasil se deu dentro do contexto da política mercantilista do século XVI que via no comércio a principal forma de acumulação de capital, garantido, principalmente, através da posse de colônias e de metais preciosos. Além de desbravar, explorar e povoar novas terras, os colonizadores tinham também uma justificativa ideológica: a expansão da fé cristã. "Explorava-se em nome de Deus e do lucro, como disse um mercador italiano" (AMADO, GARCIA, 1989, p.09). A preocupação em catequizar as populações encontradas era constante.

A colônia brasileira, administrada política e economicamente pela metrópole, tinha como função fornecer produtos tropicais e/ou metais preciosos e consumir produtos metropolitanos. Portugal, então, iniciou a colonização pela costa, privilegiando a cana-de-açúcar como principal produto de exportação. Enquanto os colonizadores portugueses se concentravam no litoral, no século XVII, ingleses, franceses e holandeses conquistavam a região norte brasileira, estabelecendo colônias que servissem de base para posterior exploração do interior do Brasil. Os franceses, depois de devidamente instalados no forte de São Luís, na costa maranhense, iniciam a exploração dos sertões do Tocantins. Coube a eles a descoberta do Rio Tocantins pela foz no ano de 1610 (RODRIGUES, 2001).

O Rio Tocantins foi um dos caminhos para o conhecimento e exploração da região onde hoje se localiza o Estado de mesmo nome. Ele nasce no Planalto Central de Goiás e corta, no sentido sul-norte, todo o território do atual Estado do Tocantins. Quinze anos depois dos franceses, os portugueses iniciaram a colonização da região pela "decidida ação dos jesuítas". E, ainda no século XVII, os padres da Companhia de Jesus fundaram as aldeias missionárias da Palma (Paranã) e do Duro (Dianópolis) (SECOM, 1998). Trajetória de luta pela criação do Tocantins

No final do século XIX e no decorrer do século XX, a idéia de se criar o Tocantins, Estado ou território, esteve inserida no contexto das discussões apresentadas em torno da redivisão territorial do País, no plano nacional. Mas a concretização desta idéia só veio com a Constituição de 1988 que criou o Estado do Tocantins, desmembrando-o do Estado de Goiás. Ainda no Império, houve duas tentativas para a criação do Tocantins: a defesa de Visconde de Taunay, na condição de deputado pela Província de Goiás, propondo a separação do norte goiano para a criação da Província da Boa Vista do Tocantins, com a vila capital em Boa Vista (Tocantinópolis), em 1863; e, de modo mais concreto, em 1889, com o projeto de Fausto de Souza para a redivisão do Império em 40 províncias, constando a do Tocantins na região que compreendia o norte goiano. Nas primeiras décadas da República, o discurso separatista sobreviveu na imprensa regional, principalmente de Porto Nacional - maior centro econômico e político da época - em periódicos como "Folha do Norte" e "Norte de Goiás". A partir da década de 1930, o discurso retorna à esfera nacional.

Após a criação, pela Constituição de 1937, dos territórios do Amapá, Rio Branco, Guaporé - atual Rondônia - Itaguaçu e Ponta Porã (extintos pela Constituição de 1946), houve também quem defendesse a criação do território do Tocantins.

Cultura Manifestações culturais

Apesar de ser o Estado mais jovem do Brasil, fundado em 1988, o Tocantins possui uma cultura secular que reflete o seu longo processo de formação. Nas danças, cânticos e nas manifestações populares do Estado, pode-se ver, nitidamente, traços da identidade dos negros que aportaram em seu território para trabalhar na exploração do ouro, ainda sob o regime da escravidão. Nos eventos religiosos tradicionais do Estado, que juntam milhares de fiéis, pode-se sentir que o Tocantins carrega a essência da própria formação mística brasileira. Conheça um pouco desta cultura. 1. A Folia de Reis

A Folia de Reis comemora o nascimento de Jesus Cristo encenando a visita dos três Reis Magos à gruta de Belém para adorar o Menino-Deus. Dados a respeito desta festa afirmam que a sua origem é portuguesa e tinha um caráter de diversão, era a comemoração do nascimento de Cristo. No Brasil, a Folia de Reis chega no século XVIII, com caráter mais religioso do que de diversão. No Tocantins, os foliões têm o alferes como responsável pela condução da bandeira, que sai pelo sertão "tirando a folia", ou seja, cantando e colhendo donativos para a reza de Santos Reis, realizada sempre no dia 6 de janeiro.

A Folia de Reis, diferentemente do giro do Divino Espírito Santo, acontece em função de pagamento de promessa pelos devotos e somente à noite. O compromisso pode ser para realizar a folia apenas uma vez ou todos os anos. A folia visita as famílias de amigos e parentes. Os foliões chegam à localidade e se apresentam tocando, cantando e dançando. A família recebe a bandeira, o anfitrião percorre com ela toda a casa, guardando-a em seguida, enquanto aos foliões são servidos bolos, biscoitos e bebidas que os mantêm nas suas andanças pela

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noite. Ao se retirarem, o proprietário da casa devolve a bandeira e os foliões agradecem a acolhida, repetindo o gesto da entrada. Quando o dia amanhece, os foliões retornam às suas casas para descansar e, ao anoitecer, retomam as andanças. Quando termina o roteiro da folia, realiza-se a festa de encerramento na residência da pessoa que fez a promessa. Neste momento reza-se o terço, com a presença dos foliões e dos convidados, em frente ao altar ornamentado com flores, toalhas bordadas e a bandeira dos Santos Reis. Em seguida, é servido um jantar com uma mesa especial para os foliões. A tradição é muito forte. Os mais velhos acreditam serem os Santos Reis os protetores contra a peste, a praga na lavoura e, principalmente, os responsáveis pela prosperidade, pela fartura e por muito dinheiro. 2. Caretas de Lizarda

Com a intenção de provocar medo nas pessoas e proteger um espaço onde guardam cana-de-açúcar, um

grupo de homens cobre o rosto com máscaras. Com isso, se caracterizam como os Caretas de Lizarda. Quem se atrever tentar roubar seus mantimentos leva chicotada dos Caretas, numa manifestação da cultura popular que se assemelha a um espetáculo teatral.

Esta manifestação acontece no município de Lizarda, na região do Jalapão, durante a Semana Santa, na Sexta-Feira da Paixão, seguindo até a madrugada de Sábado da Aleluia. As máscaras dos caretas são confeccionadas em couro, papel ou cabaça. Já seus cipós (chicotes) são feitos de sola ou trançados de palha de buriti. A proteção à cana-de-açúcar pode ter relação com a crença da população de que, no calvário, Jesus Cristo foi açoitado com pedaços de cana. Na encenação, os caretas tentariam impedir esse sofrimento. 3. Catira

A Catira é dançada em círculo. Aos pares, homens e mulheres bailam ao som do barulho produzido por suas mãos e pés, num sapateado compassado. É comum a sússia ser dançada entre os grupos que fazem parte de manifestações religiosas do Estado, como os giros das folias de reis e do Divino Espírito Santo. Os catireiros são músicos repentistas, que cantam seus poemas ao som do pandeiro, da caixa e da viola. 4. Cavalhadas

Os combates entre mouros e cristãos pelo domínio da Europa, na Idade Média, inspiraram uma das manifestações folclóricas mais belas do Tocantins: as Cavalhadas, que acontecem no município de Taguatinga, no Sul do Estado, desde 1937.

Em Taguatinga as Cavalhadas foram incorporadas aos festejos da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Abadia, e são realizadas nos dias 12 e 13 de agosto. Nessa data, 24 cavaleiros se dividem entre dois grupos, para reproduzir o antigo combate. Os homens de vermelho representam os mouros. Os de azul, os cristãos. Entre os combatentes, existem as figuras do rei, do embaixador e dos guerreiros. Todos os combatentes estão devidamente vestidos com capa e cocar com penas coloridas. Os cavalos usam selas cobertas por mantas bordadas e, sobre os olhos dos animais, há uma máscara toda trabalhada em cor prata, enfeitada com penas. Sem dúvida, um grande espetáculo. 5. Congo ou Congadas

De origem africana mas com influência ibérica, o congo já era conhecido em Lisboa entre 1840 e 1850. É popular no Nordeste e Norte do Brasil, durante o Natal e nas festividades de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

A congada é a representação da coroação do rei e da rainha eleitos pelos escravos e da chegada da embaixada, que motiva a luta entre o partido do rei e do embaixador. Vence o rei, perdoa-se o embaixador. Termina com o batizado dos infiéis.

Os motivos dramáticos da dança do congo baseiam-se na história da rainha Ginga Bandi, que governou Angola no século XVII. Ela decidiu, certa vez, enviar uma representação atrevida ao rei D. Henrique, de Portugal. Seu filho, o heróico príncipe Suena, é morto durante essa investida. O quimboto (feiticeiro) o ressuscita.

Na dança do congo só os homens participam, cantando músicas que lembram fatos da história de seu país. A congada é composta por doze dançarinos. O vestuário usado pelos componentes do grupo é bem colorido e cada cor tem o seu significado. Azul e branco são as cores de Nossa Senhora do Rosário. O vermelho representa a força divina. Os adornos na cabeça representam a coroa. O xale sobre os ombros representa o manto real.

Em Monte do Carmo, o congo é acompanhado por mulheres, chamadas de taieiras. Essas dançarinas usam trajes semelhantes aos usados pelas escravas que trabalhavam na corte. Trajam blusas quadriculadas em tom de azul e saias brancas rodadas, colares de várias cores e na cabeça turbante branco com uma rosa pendurada. Os dois grupos se apresentam juntos, nas ruas, durante o cortejo do rei e da rainha, na festa de Nossa Senhora do Rosário.

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6. Festa do Divino Espírito Santo A folia do Divino é uma manifestação que anuncia a presença do Espírito Santo, através da romaria e do giro

da folia do divino. Representando as andanças de Jesus Cristo e seus 12 apóstolos, um grupo de homens montados a cavalo, conduzido por um alferes, faz uma jornada pelo sertão durante 40 dias. Neste período, eles percorrem as casas dos lavradores, abençoando as famílias e convidando a todos para a festa da hóstia consagrada, cuja data se aproxima. Durante este giro pelo sertão, os foliões também recolhem donativos para a festa. Já na romaria, numa peregrinação religiosa, os fiéis conduzem a bandeira do Divino Espírito Santo. 7. Festa de Nossa Senhora da Natividade

As manifestações culturais no Tocantins estão quase sempre atreladas às festas em comemoração aos santos da igreja Católica. A festa de Nossa Senhora da Natividade é uma celebração tipicamente religiosa. A devoção a Nossa Senhora e a história da sua imagem existente em Natividade, onde é festejada há quase três séculos, no dia 8 de setembro, motivaram a eleição desta como Padroeira do Tocantins. A festa à Padroeira Nossa Senhora da Natividade acontece de 30 de agosto a 8 de setembro. Durante os festejos, acontece o novenário e são montadas barracas onde se fazem leilões. É celebrada missa solene no dia dedicado à santa. As comemorações acontecem na igreja matriz de Natividade, uma das mais antigas do Estado, datada de 1759. História

Como a palavra Natal, Natividade significa nascimento. Em Portugal, ficou reservada para indicar o nascimento da Virgem Maria. A igreja Católica celebra o nascimento da mãe de Jesus desde o ano 33 da era cristã. A festa de Nossa Senhora teve origem no Oriente, a Virgem Maria passa a ser comemorada no Ocidente no século VII. A comemoração a Nossa Senhora da Natividade está relacionada à festa da Imaculada Conceição de Maria, celebrada em 8 de dezembro. Nove meses depois, comemora-se Nossa Senhora da Natividade. Esse intervalo diz respeito ao período de gestação de Maria no ventre de Santa Ana. Os devotos acreditam que Maria, como mãe de Jesus, preservada do pecado original, merece ser cultuada. A imagem de Nossa Senhora da Natividade foi trazida, pelos jesuítas, para o norte da província de Goiás, em 1735. Foi a primeira a entrar nessa região, em embarcações pelo rio Tocantins, depois nos ombros dos escravos até o pé da serra onde se erguia o povoado denominado de Vila de Nossa Senhora da Natividade, Mãe de Deus, mais tarde São Luiz e depois Natividade. Essa imagem é a mesma, venerada, ainda hoje, na Igreja Matriz.

Com a criação do Estado do Tocantins, a população de Natividade, junto com o clero tocantinense e o recém-criado Conselho de Cultura, desenvolveu campanha para tornar a já venerada Nossa Senhora da Natividade em padroeira do Estado. dom Celso Pereira de Almeida, bispo diocesano de Porto Nacional envia, em março de 1992, solicitação ao papa João Paulo II, expressando o desejo dos devotos de Nossa Senhora, de vê-la consagrada padroeira do seu novo Estado. Diz dom Celso: "sendo nosso povo católico, na grande maioria, e devoto de Nossa Senhora, temos, nós bispos, recebido freqüentes apelos a fim de pedirmos a Vossa Santidade se digne declarar Nossa Senhora, sob a invocação de Nossa Senhora da Natividade, padroeira principal deste Estado" Acrescenta ainda dom Celso na sua justificativa , que os habitantes do sul do Estado "veneram com muito afeto a imagem de Nossa Senhora da Natividade, trazida para a nossa região pelos missionários jesuítas. Esta devoção é sempre viva no nosso povo". (BRAGA, 1994, p. 14). A solicitação foi aceita pelo Vaticano e em 15 de agosto de 1992 dom Celso oficializa, durante a Romaria do Bonfim, em Natividade, Nossa Senhora da Natividade padroeira principal do Tocantins. 8. Festejos de Nossa Senhora do Rosário

A cidade de Monte do Carmo, nascida arraial do Carmo, foi fundada em 1746, em função das minas de ouro, e fica a 89 Km de Palmas. Realizada todos os anos, no mês de julho, os festejos de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Carmo e Divino Espírito Santo. A festividade secular mistura fé e folclore, através de uma série de rituais que reúnem costumes religiosos dos brancos europeus e dos negros africanos, o que transforma a festa em uma atração única, mantida com fidelidade pela população local. Há informações de que essas manifestações, ainda hoje realizadas em datas específicas, com o passar do tempo foram se juntando e passando a ser comemoradas no período de 7 a 18 de julho. Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade, celebrada em 16 de julho, trouxe para sua festa as comemorações ao Divino Espírito Santo e Senhora do Rosário. Acredita-se que isso aconteceu devido às dificuldades da população do sertão em ir às festas em datas diversas e da falta de padres para as celebrações. É possível afirmar que essa junção tenha acontecido há pelo menos 80 anos. Caçada

Monte do Carmo possui uma forte influência das culturas portuguesa e africana. Na cidade pode-se vivenciar, a cada ano, sons de bandas de músicas, de tambores, reco-recos, cuícas e tamborins e danças como congos, taieiras e sússia. Um dos pontos altos da festa é a caçada da rainha. Em pleno dia, o cortejo é aberto por tocadores de tambor que vão ditando os passos do público no ritmo da sússia. No meio do povo, os caretas – homens mascarados – divertem os adultos e aterrorizam as crianças. Somente depois surgem os “caçadores” e “caçadeiras”, montados em cerca de 40 cavalos e vestidos especialmente para este momento – mulheres de vestidos longos, em várias tonalidades, homens de preto e branco.

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No final do cortejo, o rei e a rainha da festa, também vestidos a caráter, se dirigem para uma área periférica de Monte do Carmo. Ali, quase duas mil pessoas permanecem por mais de duas horas cantando e dançando. A caçada é uma tradição secular. Conta a lenda que esta manifestação surgiu quando a imagem de Nossa Senhora do Rosário começou a desaparecer da igreja misteriosamente, sendo encontrada em seguida na Serra do Carmo. Na terceira vez, os negros foram buscá-la tocando tambores, cantando e dançando, o que encerrou a série de desaparecimentos. 9. Roda de São Gonçalo

Conta a lenda que São Gonçalo reunia em Amarante, Portugal, várias mulheres que durante uma semana dançavam até a exaustão. O objetivo do santo era extenuar as mulheres para que no Domingo, dia do Senhor, elas ficassem em repouso e isentas de pecado. A lenda conta ainda que o santo tocava viola para as mulheres dançarem.

No Brasil, a devoção a São Gonçalo vem desde a época do descobrimento. O seu culto deu origem à dança de São Gonçalo, cuja referência mais antiga data de 1718, quando na Bahia assistiu-se a um festejo com uma dança dentro da igreja. No final, os bailarinos tomaram a imagem do santo e dançaram com ela, sucedendo-se os devotos. Essa dança foi proibida logo em seguida pelo Conde de Sabugosa, por associa-lá às festas que se costumavam fazer pelas ruas em dia de São Gonçalo, com homens brancos, mulheres, meninos e negros com violas, pandeiros e adufes dando vivas a São Gonçalo. São Gonçalo tem, para os seus devotos, a tradição de santo casamenteiro. Inicialmente, a dança tinha um caráter erótico, que com o tempo foi desaparecendo, permanecendo apenas o aspecto religioso. Em Arraias, no sul do Estado, a dança de São Gonçalo é chamada de roda, e sempre é dançada em pagamento a uma promessa por mulheres em pares, vestidas de branco, com fitas vermelhas colocadas do ombro direito até a cintura. Nas mãos carregam arcos de madeira, enfeitados com flores de papel e iluminados com pavios feitos de cera de abelha. Também participam do ritual dois homens vestidos de branco com fitas vermelhas traspassadas. Os homens tocam viola e tem a função de acompanhar as dançarinas para que estas não se percam nas evoluções da dança. Os violeiros entoam versos em louvor a São Gonçalo, que fica colocado num altar preparado exclusivamente para a festa, em frente ao qual se faz as evoluções da roda. Acompanha, ainda, a roda de São Gonçalo, um cruzeiro todo iluminado, colocado próximo ao altar. 10. Romaria do Bonfim

Pelos milhares de fiéis que atrai anualmente, a Romaria do Bonfim é a manifestação religiosa mais popular do estado do Tocantins, celebrada nos municípios de Natividade, na região sudeste, e em Araguacema, no sudoeste. Em Natividade, a celebração à imagem do Cristo crucificado já dura quase 200 anos e costuma atrair mais de 50 mil pessoas, do Tocantins e de diversos estados brasileiros. Realizada sempre na primeira quinzena do mês de agosto, as comemorações duram mais de 10 dias. Para chegar até o pequeno povoado onde acontecem os louvores, muitos fiés seguem em peregrinação, durante noites e dias seguidos.

No município de Araguacema, a Romaria do Bonfim teve inicio em 1932 e costuma reunir cerca de 10 mil pessoas, do Tocantins e do Sul do Pará. Nos dois municípios, a peregrinação surgiu a partir de imagens de Cristo encontradas, por acaso, no meio de matas. 11. Sússia e Jiquitaia

O som agitado da sússia, marcado pelo ritmo dos tambores e cuícas, conduz homens mulheres a uma espécie de bailado, em que giram em círculos. São características que levam a crer que esta dança folclórica tenha origem no período de escravidão. A sússia está presente em todas as regiões do Estado (nas cidades de Paranã, Santa Rosa do Tocantins, Monte do Carmo, Natividade, Conceição do Tocantins, Peixe e Tocantinópolis), predominando nas cidades do Sul e Sudeste, regiões onde a influência negra é mais marcante. A Jiquitaia é um passo em que se dança a Sússia.

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Geografia do Tocantins Estado de Tocantins

Situa-se no sudoeste da região norte do país, limitado ao norte com o Maranhão, a leste com o Maranhão, Piauí e Bahia, ao sul com o Goiás, e a oeste com Mato Grosso e Pará. Antes parte do estado de Goiás, foi criado na promulgação da última Constituição brasileira, em 5 de outubro de 1988 e ocupa área de 278.420,7 km2.

O relevo é formado por depressões na maior parte do território, sendo que na parte sul e nordeste encontram-se áreas de planaltos, com grande ocorrência de erosões, enquanto na parte central predominam extensas e belas planícies. As maiores altitudes localizam-se a leste e ao sul, onde se encontram as Serras do Estrondo, Lajeado, do Carmo e do Paraíso, com altitude média entre 360 e 600 metros.

A bacia hidrográfica abrange, aproximadamente, dois terços da área da bacia do rio Tocantins e um terço do rio Araguaia, além de várias sub-bacias importantes, fazendo do Tocantins um dos Estados mais ricos do Brasil em recursos hídricos. Os rios Araguaia, Tocantins, do Sono, das Balsas e Paraná são os mais importantes do Estado. No rio Araguaia encontra-se a Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do Brasil.

O clima do Estado de Tocantins é tropical, com temperaturas médias anuais de 26ºC nos meses de chuva: outubro a março, e 32ºC na estação seca: abril a setembro. O volume de precipitação média é de 1.800mm/ano nas regiões norte e leste do Estado, e de 1.000mm/ano na sua região sul.

Embora pertença formalmente à região norte, o Estado de Tocantins encontra-se na zona de transição geográfica entre o cerrado e a Floresta Amazônica. Essa característica fica evidente na fauna e flora locais, onde se misturam animais e plantas das duas regiões.

A população do Estado de Tocantins é de 1.049.823 habitantes, distribuídos em 123 municípios, com densidade demográfica de 3,30 habitantes por km2. Entre as cidades mais populosas do Estado encontram-se Araguaína, Gurupi e Palmas a capital. A faixa etária de 0 a 14 anos representa 41,7%, entre 15 e 59 anos corresponde 52,7% e acima de 60 anos representam 5,6% do total da população. As mulheres representam 48,8% e os homens 51,2%. O índice de mortalidade no Estado é de 2,7 por mil habitantes e a taxa de mortalidade infantil é de 31,6 óbitos por cada grupo de mil habitantes nascidos vivos.

Economia: As principais atividades econômicas baseiam-se na produção agrícola, com destaque para a produção de arroz, milho, soja, mandioca e cana-de-açúcar. A criação pecuária também é significativa, bovinos, suínos, eqüinos e bubalinos. Outras atividades significativas são as indústrias de processamento de alimentos, a construção civil, móveis e madeireiras. Possui ainda jazidas de estanho, calcário, dolomita, gipsita e ouro.

O extremo norte de Goiás foi desbravado por missionários católicos chefiados por Frei Cristovão de Lisboa, que em 1625 percorreram a área do rio Tocantins, fundando ali uma Missão religiosa. Nos dois séculos que se seguiram, a corrente de migração vinda do norte e nordeste continuou a ocupar parte da região. Pelo sul, vieram os bandeirantes, chefiados por Bartolomeu Bueno, que percorreram toda a região que hoje corresponde aos Estados de Goiás e Tocantins, ao longo do século XVIII. Na região existiam duas culturas diferentes: de um lado, a dos sulistas, originários de São Paulo, e, do outro, os nortistas, de origem nordestina.

As dificuldades de acesso à região sul do Estado, por parte dos habitantes do norte, os levaram a estabelecer vínculos comerciais mais fortes com os Estados do Maranhão e Pará, sedimentando cada vez mais as diferenças e criando o anseio separatista. Em setembro de l821, houve um movimento que proclamou em Cavalcante, e posteriormente em Natividade, um governo autônomo da região norte do Estado. Cinqüenta e dois anos depois, foi proposta a criação da Província de Boa Vista do Tocantins, projeto não aceito pela maioria dos parlamentares do Império. No ano de l956, o juiz de Direito da Comarca de Porto Nacional elaborou e divulgou um "MANIFESTO À NAÇÃO", assinado por numerosos nortenses, deflagrando um movimento nessa Comarca, que revigorava a idéia da criação de um novo Estado.

Em l972, foi apresentada pelo Presidente da Comissão da Amazônia, da Câmara dos Deputados, o Projeto de Redivisão da Amazônia Legal, do qual constava a criação do Estado de Tocantins, aprovada em 27 de julho de l988, pela Comissão de Sistematização e pelo Plenário da Assembléia Nacional Constituinte. Seu primeiro Governador, José Wilson Siqueira Campos, tomou posse em 1 de janeiro de 1989, na cidade de Miracema do Tocantins, escolhida como capital provisória do novo Estado, até que a cidade de Palmas, a atual capital, fosse construída.

Palmas - Capital do Estado de Tocantins desde janeiro de 1990, a cidade de Palmas ocupa área de 2.745 km2, a uma altitude de 260 metros, na região central do Estado. Sua construção foi iniciada no dia 20 de maio de 1989. A população residente em sua área metropolitana totaliza 85.901 habitantes, sendo 55,5% de homens e 44,4% de mulheres.

Entre as principais atrações turísticas de Palmas encontram-se as belas e tranqüilas praias fluviais, com destaque para a Praia da Graciosa, a 10 km do centro da cidade, dotada de infra-estrutura necessária à comodidade dos freqüentadores. A Reserva Ecológica da Serra do Lajeado, distante l8 km do centro da cidade, tem 1.500 km2 de área e se caracteriza por traços ambientais da caatinga, do cerrado e da floresta tropical úmida. Possui diversas cachoeiras que formam piscinas apropriadas para a prática da natação, destacando-se a do Roncador e a do Brejo da Lagoa, ambas com 70 metros de altura.

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A sua arquitetura, em estilo contemporâneo, assemelha-se à de Brasília, tendo como exemplo o Palácio Araguaia, sede do governo e cartão de visitas da cidade. Embora pouco explorado, o setor de restaurantes, bares e casas noturnas oferece opções razoáveis ao turista.

Ilha do Bananal - A maior ilha fluvial do Brasil foi descoberta em julho de 1773 por um sertanista, José Pinto Fonseca, que andava pelas terras de Goiás à procura de índios para escravizar. O primeiro nome da ilha foi Santana, passando mais tarde a denominar-se Bananal, em razão da existência de extensos bananais em seu território.

Reserva ambiental desde 1959, a ilha é formada pelos rios Araguaia e Javaés, possuindo área de mais de dois milhões de hectares. Está subdividida em duas partes: ao norte, o Parque Nacional do Araguaia, com quase a totalidade da área da ilha, abrangendo também parte dos municípios de Pium, Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia. Sua sede administrativa fica na localidade de Macaúba, à margem direita do Rio Araguaia. O Parque Indígena do Araguaia, criado em 1971, possui 1.600 hectares, onde vivem índios das tribos Javaés e Carajás. Sua flora é típica do cerrado e da floresta Amazônica. Na ilha são ainda encontradas onças-pintadas, antas, capivaras, lobos, veados, ariranhas, gaviões-reais, águias-pescadoras e araras-azuis, entre outras espécies ameaçadas de extinção.

Araguaína - Cidade que se desenvolveu a partir da construção da rodovia Belém-Brasília na década de 70, destaca-se como grande criadora de gado bovino, sendo por isso conhecida como "a Capital do Boi Gordo ". É a cidade com maior população no Estado e em seu município encontra-se em vias de implantação, uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), localizada a 384 km da capital, Palmas.

Xambioá - Situada no extremo norte do Estado, a 502 km da cidade de Palmas, a cidade está localizada

na região conhecida como "Bico-do-Papagaio". Xambioá, que em tupi-guarani quer dizer "pássaro veloz", é uma pacata cidade da beira do Rio Araguaia, com grandes extensões de praias e diversas ilhas fluviais ao longo do rio, como a ilha do Paletó e ilha do Campo.

Natividade - Situada 218 km ao sul da capital do estado, numa região descoberta em 1728, foi a sede

provisória da Comarca do Norte de Goiás, no período de 1809 a 1815. Ainda no século XIX, foi o berço das primeiras manifestações para a separação da região norte do Estado de Goiás. Tombada em 1984 pelo Patrimônio Histórico Nacional, a cidade conserva, em antigos casarões e ruas estreitas, a sua arquitetura colonial de influência portuguesa e francesa. O Centro Histórico de Natividade é considerado o mais importante e bem conservado acervo arquitetônico do Estado de Tocantins.

Indígenas - Existe uma população de aproximadamente 5 mil índios no Estado de Tocantins, distribuídos

entre sete grupos, que ocupam área de 2.171.028 hectares. Desse total, 630.948 hectares já foram demarcados pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI.

Cerca de 74% das terras indígenas, que correspondem aproximadamente a 1.795.080 hectares, incluem

apenas duas áreas que ainda estão em processo de demarcação, embora já estejam ocupadas pelos Javaés e Boto Velhos. O grupo indígena mais numeroso é o dos Krahôs, que ocupa área de 302.533 hectares já demarcada pela FUNAI, nos municípios de Goiatins e Itacajá. Os Xerentes representam o segundo grupo em tamanho. Ocupam área também já demarcada pela FUNAI, de 167.542 hectares, no município de Tocantínis.

Antecedentes Históricos Estado de Goiás: O Estado de Goiás tinha uma grande região geográfica, mas grande como sua

extensão era a diferença da qualidade de vida de quem vivia no norte e no sul do estado goiano. Sendo a capital Goiânia localizada mais à região sul, e com a construção de Brasília, o sul de Goiás rapidamente se desenvolveu, se tornando uma região próspera e rica, com grande ênfase na indústria e no agronegócio, um estado promissor a novos investimentos, com grandes usinas hidrelétricas em construção e em projeto, como em Itumbiara, Cachoeira Dourada e Serra da Messa. Assim, a região sul de Goiás se desenvolvia a todo vapor.

Norte de Goiás: Sempre o norte goiano, devido à distância e a terras com pouca cultura e pela falta de tecnologia para cultivos agrícolas, a região norte se tornou atrasada em relação ao resto do estado goiano, assim, a população e autoridades desta região, preocupados com o desenvolvimento, decidiram não mais brigar para que o Governo de Goiás olhasse para o norte, mas decidiram se libertar e constituírem um novo estado brasileiro, daí nasce a ideia do que futuramente viria a ser o novo estado do Tocantins.

Primeiros Movimentos Separatistas: Em 1821, Joaquim Teotônio Segurado chegou a proclamar um

governo autônomo, mas o movimento foi reprimido e a luta pela emancipação do norte goiano ficou estagnada até que em 13 de maio de 1956 Feliciano Machado Braga, juiz de Direito de Porto Nacional juntamente com Fabricio César Freire, Osvaldo Cruz da Silva, Joâo Matos Qunaud, Dr. Francisco

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Mascarenhas e Dr. Severo Gomes, lançou o "Movimento Pró-Criação do Estado do Tocantins" como uma expressão do desejo emancipacionista do norte de Goiás. Formaram-se comissões para estudar as formas de implantação do novo estado sendo criados então uma bandeira e hino. Durante quatro anos eram realizadas paradas cívicas em 13 de maio, alusivas à data de lançamento do movimento.Em sinal de sua dedicação à causa o juiz Feliciano Machado Braga passou a despachar documentos oficiais como: "Porto Nacional, Estado do Tocantins".

Repressão do Governo de Goiás: O juiz Feliciano Machado Braga entre mentes foi transferido de Porto Nacional, e assim o movimento perdeu sua força e seu líder.

Os Conflitos Agrários: A ocorrência de intensos conflitos agrários na região do "Bico do Papagaio" na divisa entre o norte de Goiás, o Pará e o Maranhão a partir de 1960 soergueu a causa dos que defendiam a emancipação da região ao longo das décadas seguintes.

O veto de José Sarney: Em 1982 circulou um rumor segundo o qual o governo federal estaria disposto a

criar o "Território Federal do Tocantins" de modo a contrabalançar a influência do PMDB na região norte do país visto que a legenda oposicionista conquistou os governos do Amazonas, Pará e Acre restando ao PDS o controle, por nomeação presidencial, do estado de Rondônia e dos territórios federais do Amapá e Roraima. Tal alarido logo foi desmentido, entretanto o movimento autonomista já havia se articulado e em 1985 o deputado federal José Wilson Siqueira Campos (PDS-GO) apresentou ao Congresso Nacional um projeto de lei criando o estado do Tocantins. Aprovado pelos parlamentares em março, foi encaminhado ao presidente José Sarney que o vetou em 3 de abril de 1985.

Constituição de 1988: Uma nova tentativa de emancipação foi durante a Assembléia Nacional

Constituinte que estabeleceu no Artigo 13 do "Ato das Disposições Constitucionais Transitórias" as condições para a criação do novo estado no bojo de uma reforma que extinguiu os territórios federais existentes e concedeu plena autonomia política ao Distrito Federal.

Em 5 de outubro de 1988 o norte de Goiás finalmente é emancipa e passa a se chamar Tocantins. Em 1º de janeiro de 1989 a Unidade Federativa do Tocantins é oficialmente instalada. O girassol tornou-se a planta símbolo do estado. Sua flor amarela, aberta em várias pétalas, simboliza o sol que nasce para todos. As cores oficiais do estado são o amarelo, o azul e o branco.

Subdivisão

1. Abreulândia 2. Aguiarnópolis 3. Aliança do Tocantins 4. Almas 5. Alvorada 6. Ananás 7. Angico 8. Aparecida do Rio Negro 9. Aragominas 10. Araguacema 11. Araguaçu 12. Araguaína 13. Araguanã 14. Araguatins 15. Arapoema 16. Arraias 17. Augustinópolis 18. Aurora do Tocantins 19. Axixá do Tocantins 20. Babaçulândia 21. Bandeirantes do Tocantins 22. Barra do Ouro 23. Barrolândia 24. Bernardo Sayão 25. Bom Jesus do Tocantins 26. Brasilândia do Tocantins 27. Brejinho de Nazaré 28. Buriti do Tocantins 29. Cachoeirinha 30. Campos Lindos 31. Cariri do Tocantins 32. Carmolândia

48. Dois Irmãos do Tocantins 49. Dueré 50. Esperantina 51. Fátima 52. Figueirópolis 53. Filadélfia 54. Formoso do Araguaia 55. Fortaleza do Tabocão 56. Goianorte 57. Goiatins 58. Guaraí 59. Gurupi 60. Ipueiras 61. Itacajá 62. Itaguatins 63. Itapiratins 64. Itaporã do Tocantins 65. Jaú do Tocantins 66. Juarina 67. Lagoa da Confusão 68. Lagoa do Tocantins 69. Lajeado 70. Lavandeira 71. Lizarda 72. Luzinópolis 73. Marianópolis do Tocantins 74. Mateiros 75. Maurilândia do Tocantins 76. Miracema do Tocantins 77. Miranorte 78. Monte do Carmo 79. Monte Santo do Tocantins

95. Pau d'Arco 96. Pedro Afonso 97. Peixe 98. Pequizeiro 99. Pindorama do Tocantins 100. Piraquê 101. Pium 102. Ponte Alta do Bom Jesus 103. Ponte Alta do Tocantins 104. Porto Alegre do Tocantins 105. Porto Nacional 106. Praia Norte 107. Presidente Kennedy 108. Pugmil 109. Recursolândia 110. Riachinho 111. Rio da Conceição 112. Rio dos Bois 113. Rio Sono 114. Sampaio 115. Sandolândia 116. Santa Fé do Araguaia 117. Santa Maria do Tocantins 118. Santa Rita do Tocantins 119. Santa Rosa do Tocantins 120. Santa Tereza do Tocantins 121. Santa Terezinha do Tocantins 122. São Bento do Tocantins 123. São Félix do Tocantins 124. São Miguel do Tocantins 125. São Salvador do Tocantins 126. São Sebastião do Tocantins

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33. Carrasco Bonito 34. Caseara 35. Centenário 36. Chapada da Natividade 37. Chapada de Areia 38. Colinas do Tocantins 39. Colméia 40. Combinado 41. Conceição do Tocantins 42. Couto de Magalhães 43. Cristalândia 44. Crixás do Tocantins 45. Darcinópolis 46. Dianópolis 47. Divinópolis do Tocantins

80. Muricilândia 81. Natividade 82. Nazaré 83. Nova Olinda 84. Nova Rosalândia 85. Novo Acordo 86. Novo Alegre 87. Novo Jardim 88. Oliveira de Fátima 89. Palmas 90. Palmeirante 91. Palmeiras do Tocantins 92. Palmeirópolis 93. Paraíso do Tocantins 94. Paranã

127. São Valério da Natividade 128. Silvanópolis 129. Sítio Novo do Tocantins 130. Sucupira 131. Taguatinga 132. Taipas do Tocantins 133. Talismã 134. Tocantínia 135. Tocantinópolis 136. Tupirama 137. Tupiratins 138. Wanderlândia 139. Xambioá

Geografia

A vegetação do Tocantins é bastante variada; apresenta desde o campo cerrado, cerradão, campos limpos ou rupestres a floresta equatorial de transição, sob forma de "mata de galeria", extremamente variada. A vegetação é o espelho do clima. Em área, o cerrado ocupa o primeiro lugar no estado do Tocantins. As árvores do cerrado estão adaptadas à escassez de água durante uma estação do ano. Caracterizam-se por uma vegetação campestre, com árvores e arbustos esparsos, útil à criação extensiva do gado, por ser uma vegetação de campos naturais, em espécie vegetal dos diferentes tipos de Cerrado.

Cerrado – Árvores de pequeno porte, poucas folhagens, raízes longas adequadas à procura de água no sub-solo, folhas pequenas duras e grossas, ciando grande parte na Estação seca. As espécies nativas mais comuns são: pau-terra, pau-santo, barbatimão, pequi, araticum e muricí.

Campo sujo – Uma divisão do cerrado, que apresenta árvores bastante espaçadas uma das outras e,

às vezes, em formação compacta. Ex: lixeira, gramínea etc.

Campo limpo – Caracteriza-se por se constituir uma formação tipicamente herbácea, com feição de estepes, quando isoladas; se em tubas deixam parcelas de terrenos descobertas, sob a forma de praiarias; quando é contínua, reveste densamente o terreno. Está ligada à topografia e hidrografia, notando-se uma associação nos divisores de água, nas encostas das elevações onde o lençol freático aflora, e, também, nas várzeas dos rios. Ex: Ilha do Bananal – onde se dá criação extensiva do gado no estado.

Floresta equatorial – Aparece de modo contínuo no norte do estado, próximo ao paralelo 5º, e

acompanha o curso dos rios, sob forma de "mata de galeria". Essa formação em área de temperatura quente e pluviosidade elevada, propicia o aparecimento de uma forma densa bastante estratificada, composta de espécies variadas.

Floresta Tropical – Características de regiões cuja temperatura é permanentemente quente com

chuvas superiores a um total de 1500 mm anual. Apresenta muitas espécies vegetais de grande valor econômico como as madeiras-de- lei, destacando-se o Mogno e o Pau-Brasil etc. As bordas litorâneas do vale do Tocantins, no norte do estado, notadamente Tocantinópolis e Babaçulândia, oferecem uma grande riqueza vegetal – o babaçu. O estado ocupa o 3º lugar, no Brasil, em relação à sua produção.

Resultantes da interação entre altitudes, latitudes, relevo, solo, hidrografia e o clima, o estado pode ser

dividido em três regiões que são: Região Norte: de influência Amazônica, caracterizada pelas florestas fluvias. Região do Médio Araguaia: constituída, principalmente, pelo complexo do Bananal – onde se

encontram os cerrados associados às matas de Galeria e à Floresta Estacional Semidecidual. Região Centro-Sul e Leste: onde predomina o cerrado com algumas variações de Floresta Estacional

Decidual nas fronteiras de Bahia- Goiás. De maneira geral podemos afirmar que a cobertura vegetal predominante no Tocantins é o cerrado,

perfazendo um percentual superior a 60%. O restante é composto por florestas esparsas que podem ser identificadas, sobretudo, nas Bacias hídricas Tocantins-Araguaia – Paranã e seus afluentes.

Os recursos naturais de origem vegetal que merecem maior destaque no Tocantins são: o coco babaçu, o pequi e o buruti. O babaçu é rico em celulose e óleo, que, ao lado do pequi é aproveitado nos pratos típicos da região. O coco tem grande valor industrial, pois serve para a fabricação de gorduras, sabões e sabonetes. A casca do coco serve como combustível e a palha do babaçu presta-se para o fabrico de redes, cordas, cobertura de casas etc. Outra riqueza vegetal largamente explorada é a produção da madeira-de-lei.

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Relevo

O relevo do estado do Tocantins é sóbrio. Pertence ao Planalto Central Brasileiro. Caracteriza-se, sobretudo, pelo solo sob cerrados, predominando, na sua maioria, superfícies tabulares e aplainadas, resultantes dos processos de pediplanação. Regiões geográficas

Chapada da Bahia do Meio-Norte: fronteiras gerais Bahia- Maranhão – são chapadas com altitudes variadas de 300 a 600 metros, representadas pela Serra da Cangalha e Mangabeira no Município de Itacajá.

Chapada da Bacia de São Francisco: apresenta como divisor das águas das Bacias São

Francisco/Tocantins, com altitude média de 900 metros. Características fisionômica: a Serra Geral de Goiás, a Leste do estado.

Planalto do Tocantins: com altitude médias de 700 metros. Os planaltos Cristalino e Pleneplanície do

Araguaia se constituem degraus intermediários, com altitudes médias entre 1.000 a 300 metros.

Peneplanície do Araguaia: constituída por um peneplano de colinas suaves com altitudes de 300 metros a 400 metros, ao longo dos vales dos rios Araguaia e das Mortes.

O estado, num todo, é caracterizado por variadas gamas de rochas ígneas e metamórficas do complexo

cristalino e unidades sedimentares de diversas idades. Seu ponto culminante fica localizado na Serra Traíras (ou das Palmas), no município de Paranã, a 1.340 m de altitude. Este fica bem próximo da divisa com o estado de Goiás. Já o ponto mais baixo do estado, está localizado na Ilha dos Bois, no município de Esperantina, logo após a confluência entre os rios Tocantins e Araguaia. Clima

O clima predominante no estado é tropical caracterizado por uma estação chuvosa (de outubro a abril) e outra seca (de maio a setembro). É condicionado fundamentalmente pela sua ampla extensão latitudinal e pelo relevo de altitude gradual e crescente de norte a sul, que variam desde as grande planícies fluviais até as plataformas e cabeceiras elevadas entre 200 a 600 metros, especialmente pelo relevo mais acidentado, acima de 600 metros de altitude, ao sul.

Há uma certa homogeneidade climática no Tocantins. Porém, por sua grande extensão de contorno vertical definem-se duas áreas climáticas distintas a saber.

Ao Norte do paralelo 6ºS, onde o relevo é suavemente ondulado, coberto pela Floresta Fluvial Amazônica, o clima é úmido, segundo Kopper, sem inverno seco. Com temperaturas médias anuais variando entre 24°C e 28°C, as máximas ocorrem em agosto/setembro com 38º-C e a média mínima mensal em julho, com 22°C, sendo que a temperatura média anual é de 26°C. Em geral as precipitações pluviômetricas são variáveis entre 1.500 a 2.100 mm, com chuvas de novembro a março.

Ao Sul do paralelo 6º S, onde o clima predominante é subúmido ou (estacionalmente) seco, os meses

chuvosos e os secos se equilibram e as temperaturas médias anuais diminuem lentamente, à medida que se eleva a altitude. As máximas coincidem com o rigor das secas em setembro/outubro com ar seco e enfumaçado das queimadas de pastos e cerrados. Assim, a temperatura compensada no extremo sul, varia de 22°C e 23°C, no centro varia de 24°C a 25°C e no norte, de 26°C a 27°C. As chuvas ocorrem de outubro a abril. A hidrografia do estado do Tocantins é delimitada a Oeste pelo Rio Araguaia, a leste pelo Rio Tocantins. Ambos correm de sul para norte e se unem no setentrião do estado banhando boa parte do torrão tocantinense.

O PRODIAT, Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguaia/Tocantins, dividiu a hidrografia do

estado em duas sub-bacias a saber: 1. Sub-bacia do Rio Araguaia: formada pelo Rio Araguaia e seus afluentes, tendo um terço de seu volume no

estado. 2. Sub-bacia do Rio Tocantins: formada pelo Rio Tocantins e seus afluentes, ocupando dois terços de seu

volume aproximadamente no Estado. O rio Araguaia nasce nas vertentes da Serra do Caiapó e corre de sul para norte, formando a maior ilha

fluvial do mundo, a ilha do Bananal e lança suas águas no Tocantins depois de percorrer 1.135 km engrossado por seus afluentes.

O rio Tocantins, nasce na Lagoa Formosa em Goiás a mais de 1.000m de altitude. Ele forma-se depois de receber as águas dos rios das Almas e Maranhão. Sendo um rio de planalto, lança suas águas barrentas em plena baía de Guajará no Pará.

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Concluindo, podemos afirmar que o regime hídrico das bacias Araguaia/Tocantins é bem definido, apresentando um período de estiagem que culmina em setembro/outubro e um período de cheias culminando em fevereiro/abril. Há anos em que as enchentes ocorrem mais cedo, no mês de dezembro, dependendo da antecipação das chuvas nas cabeceiras. (MINTER/1988). Unidades de Conservação

O Estado do Tocantins possui várias Unidades de Conservação de âmbito Federal e Estadual. As Unidades de Conservação Federais são:

Parque Nacional do Araguaia

Área de Proteção Ambiental Serra da Tabatinga

Estação Ecológica Serra Geral

Reserva Extrativista do Extremo Norte do Tocantins

Área de Proteção Ambiental Meandros do Araguaia As Unidades de Conservação Estaduais são:

Parque Estadual do Cantão

Parque Estadual do Jalapão

Parque Estadual do Lajeado

Monumento Natural das Árvores Fossilizadas

Área de Proteção Ambiental Bananal-Cantão

Área de Proteção Ambiental Santa Tereza

Área de Proteção Ambiental Nascentes de Araguaína

Área de Proteção Ambiental Peixe-Angical

Em 5 de abril de 2005, através da Lei Estadual nº 1.560, o Governo do Estado do Tocantins instituiu o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), estabelecendo os critérios e normas para a criação e gestão das unidades estaduais. Economia

O Tocantins, estado mais novo da nação, é conhecido como uma terra nova, de novas possibilidades e oportunidades, atrativa para migrantes e propícia ao aporte de novos investimentos com uma série de incentivos fiscais: a economia tocantinense está assentada em um agressivo modelo expansionista de agroexportações e é marcada por seguidos records de hiper-superávits primários: cerca de 89% de sua pauta de exportação é soja em grão, cerca de 10% é carne bovina e 1% outros, revelando sua forte inclinação agropecuária.

Em 2005, Tocantins exportou 158,7 milhões de dólares e importou 14,3 milhões. Sua indústria é principalmente a agroindústria, centralizada em cinco distritos instalados em quatro cidades-pólo: Palmas, Gurupi, Araguaína e Porto Nacional. Sua indústria é ainda pequena e voltada principalmente para consumo próprio.

Boa parte de suas importações é de maquinário, material de construção, ferro e aeronaves de pequeno porte, produtos que representam a base de um expansionismo econômico. Não se observa a importação de produtos produtíveis em solo estadual: o que representa uma contenção de evasão econômica, garantindo um superávit na balança comercial, retendo mais divisas dentro do estado.

Uma importante ajuda à economia estadual, como ocorre com a maioria das prefeituras do país, consiste no recebimento de verbas federais, principalmente através do FPM – Fundo de Participação dos Municípios. No setor terciário (comércio e serviços) suas principais atividades estão concentradas na capital Palmas e também nas cidades que estão localizadas à beira da Rodovia Belém-Brasília (BR's 153 e 226). Faz-se importante frisar a relevância dessa rodovia para o Tocantins, pois ela corta o estado de norte a sul e possibilita um melhor desempenho no crescimento econômico das cidades localizadas às suas margens, servindo como entreposto de transportes rodoviários e de serviços a viajantes. Além disso, a Rodovia Belém-Brasília também facilita o escoamento da produção do Tocantins para outros estados e para portos no litoral.

Observa-se uma economia, que com sucesso consegue reter capitais com sua pequena indústria (reduzindo a necessidade de importações), uma população com renda per capita em posição mediana, uma potência agrícola em expansão com um PIB cada vez maior e com deficiências principalmente no setor secundário (indústrias).

Cor/Raça Porcentagem

Brancos 25,5%

Negros 4,0%

Pardos 70,2%

Amarelos ou Indígenas 0,3%

Fonte: PNAD (dados obtidos por meio de pesquisa de autodeclaração).

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Povos indígenas No Tocantins, assim como no restante do País, foram os índios os seus primeiros habitantes, sendo de

assinalar que, após o descobrimento, houve um genocídio da raça indígena, uma vez que eram em número superior a 150 mil os que povoaram especialmente a zona litorânea.

Apinayé

Krahô

Xerente

Xambioá

Karajá

Javaé

Avá-Canoeiro

Krahô-Kanela

Tapirapé

Pankararu Quilombos do Tocantins

Lagoa da Pedra

Mimoso Kalungas

Malhadinha

Córrego Fundo

São José

São Joaquim

Laginha

Redenção

Barra da Aroeira

Cocalinho

Morro de São João

Baviera

Povoado do Prata

Mumbuca

Grotão

Mata Grande Transporte Tocantins possui um aeroporto, Aeroporto de Palmas. A principal rodovia federal é a BR-153. Características Gerais Localização

Região :Norte Estados limítrofes: Maranhão (NE), Piauí (L), Bahia (SE), Goiás (S), Mato Grosso (SO) e Pará (NO) Mesorregiões: 2 Microrregiões: 8 Municípios: 139 Capital: Palmas

Governo 2007 a 2011

Governador(a): Carlos Henrique Amorim (PMDB) Vice-governador(a) Eduardo Machado (PDT) Deputados federais: 8 Deputados estaduais: 24 Senadores João Ribeiro (PR), Kátia Abreu (DEM) Sadi Cassol (suplente) (PT)

Área Total 277.620,914 km² (10º) População 2007 Estimativa 1.243.627 hab. (24º) Densidade 4,5 hab./km² (22º) Economia 2006 PIB R$9.607.000.000,00 (24º) PIB per capita R$7.210,00 (17º)

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Indicadores 2000

IDH 0,756 (2005) [1] (15º) – médio Esper. de vida 70,7 anos (16º) Mort. infantil 28,1/mil nasc. (17º) Analfabetismo 14,9% (17º) Fuso horário UTC-3 Clima Tropical Aw Sigla BR-TO

Turismo

Estado amazônico, o Tocantins reserva grandes surpresas aos seus visitantes. Cachoeiras, rios caudalosos, dunas, praias de rio e monumentos e manifestações culturais seculares contrastando com a arquitetura arrojada da capital, Palmas. O Tocantins espera por você.

1- Região Ilha do Bananal As preocupações e o ritmo alucinante da vida moderna parecem

pertencer a outro mundo à medida que adentramos o território da Ilha do Bananal. Na estação chuvosa, que vai de outubro a março, aproximadamente 80% do seu território fica alagado, formando belíssimos pantanais, transponíveis apenas por embarcações. Nos meses de seca surgem as praias de areia fina e branca, mudando radicalmente a paisagem. Para explorar as belezas da Ilha do Bananal, visite Formoso do Araguaia e Lagoa

da Confusão. Muitas surpresas esperam por você na maior ilha fluvial do mundo. 1.1 Formoso do Araguaia

A Ilha do Bananal, considerada um dos mais importantes santuários ecológicos do Brasil, abriga em suas terras as riquezas da fauna e flora do cerrado, pantanal e mata amazônica. Corvos, veados, capivaras, cachorros do mato, tamanduás, tatus, jacarés, botos, emas, perdizes e tuiuiús são os personagens principais desse grandioso espetáculo natural. Próximo ao rio Araguaia, é reduto da pesca esportiva no Estado, que é praticada durante todo o ano, em suas diversas modalidades. Peixes como o tucunaré, pirarucu, surubim, jaú e caranha tornam a aventura da pesca uma emoção única para os seus participantes.

Os rios Javaé, Formoso e Xavante, além de lagoas naturais e represas, comportam cerca de 300 espécies de peixes, dentre as quais,

quase 50 são considerados esportivos. No período de piracema a pesca está liberada sob restrições (pesque e solte ou cota zero), com o uso de anzóis sem fisga. Além dos exuberantes atrativos naturais, Formoso dá acesso às aldeias indígenas Wari Wari, Fontoura e Santa Izabel do Morro. Como Chegar:

TO-242, pavimentada. Acesso para a Ilha do Bananal a 323 km de Palmas. O que fazer

Pesca esportiva : tucunaré (abundante na região, peixada o ano todo), pirarucu ou pirosca, surubim, fidalgo, barbado, aruanã, jacundá, piau, pacú, cachorra;

Turismo fotográfico (jacarés, emas, capivaras, cervos, tuiuiús, jaburus, entre outros). Atrativos

Ilha do Banana Parque Indígena do Araguaia Projeto Rio Formoso (projeto de irrigação por inundação) Morro Azul Mina (piscinas, pássaros, animais, casa de pedra, praias dos rios Formoso e Jacaré) Pesca esportiva

1.2 Lagoa da Confusão Lagoa da Confusão

Portal de entrada para a Ilha do Bananal e o Parque Nacional do Araguaia, é conhecida também por sua grande e famosa lagoa de mesmo nome. Suas belezas naturais lhe conferem um dos maiores potenciais turísticos do Estado. Banhada pelos rios Urubu, Formoso, Javaé e Araguaia, extremamente piscosos, repletos de aves e animais

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silvestres, favorece a elaboração de projetos voltados para a política de preservação ambiental. A região da Ilha do Bananal abriga aldeias como: Boto Velho, Wari Wari, Fontoura, Santa Izabel do Morro e

Macaúba. As aldeias ainda preservam o típico artesanato indígena e a prática dos rituais Aruanã, relacionado à fertilidade, e Hetohokã, rito de passagem para a puberdade, reservado aos meninos. O acesso para as aldeias de Boto Velho (Javaé) e Macaúba (Karajá) é feito pelo município de Lagoa da Confusão. Como chegar:

Acesso pela BR-153, entrando em Nova Rosalândia e seguindo pela TO-230, que liga Cristalândia a Lagoa da Confusão. O município fica a 232 km de Palmas.

Atrativos Lagoa da Confusão: Uma paradisíaca lagoa natural ladeada por praias de areias finas e águas rasas,

onde uma grande pedra parece flutuar e mudar de lugar conforme o ângulo do qual é vista. Palmeiras de buriti completam o cenário onírico, refletindo-se no grande espelho d’água natural. A lagoa é uma das principais atrações do Estado, recebendo turistas o ano inteiro.

Lagoa dos Pássaros: Lago exótico, lar de centenas de pássaros, é um verdadeiro viveiro de espécies. Os reflexos das árvores e dos pássaros em movimento formam imagens em constante mutação em suas águas, produzindo um espetáculo à parte. O atrativo é temporário, de junho a setembro.

Projeto Quelônios: Na fazenda Praia Alta, sede do Projeto Quelônios, permanecem em berçários os filhotes de tartarugas Tracajá e da Amazônia, até ganharem resistência para serem soltas no rio Formoso, mais resistentes à ação de seus predadores. Turistas de vários países visitam a Fazenda, curiosos com a diversidade da fauna e flora local.

Gruta da Casa de Pedra: É uma caverna de formação calcária do escudo cristalino brasileiro, com 1 km de extensão e vários salões. Sua beleza reside nas formações de estalactites e estalagmites que desenham formas exóticas em seu interior. O lugar tem valor religioso para a população local. Em novembro é celebrada a Missa dos Finados em um dos seus salões. A visita ao atrativo só é possível no período seco quando as águas baixam.

Acesso: Vá pela estrada Lagoa da Confusão/Dueré. Depois, siga por uma estrada que leva às margens da lagoa, e daí, por uma trilha de aproximadamente 500 metros até a caverna. Fica a 3 km de distância da cidade.

2- Região Serras Gerais Nas Serras Gerais, grande parte da memória histórica

do Tocantins está preservada nos casarios, igrejas, ruínas e nos festejos religiosos, temperados pela cordialidade e simplicidade do seu povo. Visite as tradicionais cidades de Dianópolis, Natividade e Peixe. A história do Brasil permanece viva aqui.

2.1 Dianópolis Fundada em 1750, Dianópolis é uma das cidades da

região que ainda possui exemplares de uma arquitetura de traços simples, mas representativa daquele período.

O artesanato local é um dos atrativos da cidade. Do barro, são feitos potes e vasos. Da palmeira do buriti são feitas camas, sofás, quibanos, peneiras, balaios, esteiras e outras peças.

Na gastronomia, o destaque é para o arroz sirigado (carne de sol, arroz e pequi) e a paçoca. Doces caseiros, bebidas e licores também convidam ao pecado da gula.

Como chegar: Acesso rodoviário: TO-220 que liga Dianópolis a Natividade

Acesso aéreo: pista de pouso não pavimentada de 1.200 metros

Turismo Cultural: Os Festejos do Divino acontecem anualmente, entre os dias 10 e 19 de março. As folias do Duro também são tradicionais. Durante 40 dias, percorrem diversos lugares pedindo donativos que serão utilizados na festa de coroação do Imperador. O padroeiro da cidade de Dianópolis é São José.

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Romaria da Sucupira: No século XIX, um sertanejo encontrou a imagem de Nossa Senhora do Rosário incrustada no tronco de uma árvore. A partir daí, os camponeses começaram a visitar o local para rezar ou pagar promessas. A imagem da santa fica no sopé da serra.

2.2 Natividade

Natividade ainda guarda as marcas do período da escravidão, quando chegou a ter mais de 40 mil homens em cativeiro, trabalhando na exploração do ouro. De acordo com as lendas do lugar, suas paredes guardam grandes fortunas em ouro, que era abundante na região e que, ainda hoje, é encontrado nas pedras que calçam as ruas. Natividade conserva ruas estreitas e antigos casarões, com arquitetura de influência portuguesa e francesa. Em 1987, seu centro histórico foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Como chegar:

Palmas - Porto Nacional, pela TO-070. Em seguida, Porto Nacional - Silvanópolis, pela TO-050. Silvanópolis - Natividade, pela BR-010.

Turismo Cultural O artesanato é feito à base de palha de buriti (esteiras e chapéus) e barro (potes). Entre as comidas típicas

destacam-se a produção de doces de mamão, caju e buriti. Quibebe de carne seca com mandioca picada, frango cozido com guariroba, frango assado e arroz com pequi são algumas das delícias da região. Também, tradicionais da região, temos o biscoito amor-perfeito, licores de frutas típicas do cerrado e a produção artesanal de jóias.

Entre as principais danças folclóricas destacam-se a sússia e a catira, apresentadas em eventos religiosos e apresentações culturais. Ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos Igreja do século XVIII, construída pelos escravos, que não chegou a ser concluída. Da sua estrutura original restaram apenas as paredes laterais e o arco da entrada principal, totalmente feitos de pedra.

As ruínas encontram-se em bom estado de conservação. Por não possuir teto, o que possibilita um ambiente ao ar livre, a igreja abriga apresentações artístico-culturais da região como, por exemplo, a sússia – dança local típica, herdada dos escravos e que representa um jogo de sedução entre casais.

Igreja de Nossa Senhora da Natividade (Igreja da Matriz) A igreja data de 1759 e apresenta uma arquitetura simples, em estilo colonial. O altar é feito de madeira, pintado de azul e a igreja possui, ainda, dois sinos de cobre.

Centro Bom Jesus de Nazaré (Sítio Jacuba) Destaca-se pelas construções presentes em seu terreno. A sua estrutura é composta por várias formações em rocha, imitando seres humanos, magos, pássaros gigantes e figuras estelares e geométricas. O local é considerado místico por estudiosos e pelos próprios moradores da região,

Romaria do Bonfim É a maior e a mais tradicional festa religiosa do Estado do Tocantins, que recebe uma média de 60 mil fiéis vindos de diversas regiões do Estado. A festa de Nosso Senhor do Bonfim acontece de 7 a 17 de agosto, no povoado de Bonfim, a 24 km de Natividade.

É comum ver os romeiros atravessando, de joelhos, os 24 km revestidos de cascalho que separam o povoado da cidade de Natividade, em uma impressionante demonstração de fé e resignação. A origem da Romaria remonta aos primeiros focos de surgimento de Natividade. O local teria sido um santuário criado por fiéis ou um núcleo missionário dos carmelitas ou dos jesuítas.

Ruínas da cidade velha:A cidade velha foi o núcleo que deu origem à cidade de Natividade, no início do século XVIII. As trilhas que levam às ruínas só podem ser percorridas a pé, com o acompanhamento de um guia, por se tratar de uma região de garimpo de ouro ainda semi-ativo.

Festa do Divino: É realizada há mais de um século. No domingo do Espírito Santo, o grande dia, o Imperador, personagem central da festa é conduzido ao altar da Igreja Matriz, onde assiste a celebração da missa. De lá, parte-se para uma grande festa regada a doces, bolos e bebidas na casa do Imperador. A crença diz que o Divino acaba com a fome, com a guerra e que sua bandeira traz bençãos, fortuna e alegria para a comunidade.

Peixe A influência dos colonizadores à procura de ouro deixou costumes, lendas e tradições marcantes na cidade

de Peixe. A comida típica é um dos pontos altos da cultura da cidade, com destaque para o arroz sirigado, o arroz com pequi, a caranha ensopada e a paçoca. Os moradores do município são devotos de Nossa Senhora da Abadia, cuja imagem que chegou à cidade é considerada de autoria do mais famoso santeiro goiano, Veiga Vale.

Como chegar: Acesso rodoviário: rodovia TO-220, que liga Peixe a Gurupi. Acesso aéreo: pista de pouso não pavimentado de 1.200 metros. Distante 310 km da capital, Palmas.

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Ecoturismo Praia da Tartaruga: Faixa de areia banhada pelo rio Tocantins. Além da beleza natural, a praia é um

ponto de grande concentração de tartarugas. Na alta temporada, em julho, a praia é estruturada para receber turistas de todo o Brasil.

Acesso: Pela estrada de rodagem até Porto do Peixe, descendo-se rio abaixo. A duração do percurso fluvial demora cerca de 15 minutos.

Arquipélago do Tropeço: Um conjunto de 366 ilhas e ilhotas, formando um belíssimo arquipélago fluvial no rio Tocantins, com grande potencial para a pesca esportiva. O local impressiona pela beleza, porém oferece perigo a quem não souber se guiar entre os canais convencionados à navegação. A presença de um guia nos passeios é fundamental.

Acesso: Estrada de rodagem que vai de Gurupi a Peixe (TO-220), seguindo-se de barco, a partir do Porto de Peixe, pelo rio Tocantins acima, num trajeto de 5 km até o Arquipélago do Tropeço.

Rio da Conceição

Pequeno município, agraciado pela natureza, é cercado de cachoeiras e rios, em contraste com a paisagem árida do cerrado. Rio da Conceição se localiza a 25 km de Dianópolis.

Como chegar: Pela TO-050 até Natividade, segue pela TO-280 até Porto Alegre do Tocantins, segue pela TO-040 até Dianópolis, segue pela TO-476 até Rio da Conceição.

Cachoeira do Cavalo Queimado: Ótima para banho, a cachoeira é uma das mais freqüentadas da região. Tem grande volume de água e a vegetação à sua volta, típica do cerrado, completa o espetáculo.

Acesso: Pela TO-476, sentido Dianópolis, o acesso é fácil. Distância da sede municipal: 3,4 km.

Balneário da Conceição: Área de lazer de águas límpidas, banhada pelo Rio Manoel Alves. Possui boa infra-estrutura, com 12 cabanas de palha, bancos e mesas, campo de futebol, quadra de vôlei, duchas e três churrasqueiras coletivas. Os meses de maior freqüência são junho, julho e agosto.

3.0 Região Serras e Lagos A região turística Serras e Lago está no centro do

Estado. Aqui, percebe-se o encontro de culturas de todos os cantos do Brasil para contribuir com a construção de Palmas, a capital do Tocantins. Os municípios estão cercados por serras e pelo Lago da Usina de Lajeado. São eles Palmas, Lajeado, Porto Nacional, Paraíso do Tocantins, Brejinho de Nazaré e Ipueiras.

Imagine passear por uma cidade bicentenária, com ruas estreitas e arquitetura colonial, onde os moradores ainda se sentam às portas das casas ao entardecer, para contar histórias. Essa é a encantadora Porto Nacional. E para os admiradores da História, tem o fascínio das pinturas rupestres nas cavernas de Lajeado, atrações deixadas pelo homem pré-histórico.

Diversão e lazer o ano todo: Um céu limpo e o sol brilhando quase o ano todo. Ideal para curtir as praias permanentes, inúmeras cachoeiras, trilhas e esportes de aventura. Adeptos das trilhas, do rapel, do mountain bike e vôo livre deliciam- se com o relevo acidentado da região, em que vales e rios são encontrados em surpreendente abundância.

Pesca Esportiva: Para os praticantes da pesca esportiva, o Tocantins tem centenas de ilhas, rios e lagos cheios de tucunarés, surubins, pirarucus, piaus, dourados e outras espécies fazendo a alegria do pescador. Destaque para as inúmeras formas de preparo do tucunaré. Impossível experimentar todas em uma única viagem.

4.0- Região Jalapão

Está no Tocantins uma das últimas regiões onde a natureza se mantém praticamente intocada. É o Jalapão, onde a beleza da paisagem desértica, combinada ao calor e aos oásis de águas cristalinas, podem fazer você duvidar do que seus olhos vêem.

Terra de extremos, o Jalapão surpreende a cada instante. Áridas estradas de areia e terra vermelha levam a rios cristalinos e

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caudalosos. Vôo livre, rafting e outras modalidades desafiam os amantes de esportes radicais a testarem seus limites, tendo como moldura a beleza de um dos lugares mais fascinantes do Brasil. 4.1- Mateiros

O nome da cidade se deve à grande quantidade de veados mateiros encontrados na região. O município é referência na produção do artesanato do capim dourado, cujo núcleo está localizado na comunidade Mumbuca, composta por descendentes de quilombolas.

Mateiros concentra a maior parte dos atrativos consagrados do Jalapão. As estradas não são pavimentadas e possuem trechos de difícil acesso. O percurso tem que ser feito com veículo de tração 4x4. Os inúmeros atrativos naturais e a beleza ímpar da paisagem parecem feitas sob medida para compensar o esforço do visitante. Ecoturismo

Cachoeira da Velha: A mais famosa cachoeira do Jalapão fica no Rio Novo, com aproximadamente 15 metros de queda, que produz um barulho estrondoso. A cachoeira impressiona pelo volume de água e pelo formato em ferradura dupla, que se estende por toda a largura do rio, com aproximadamente 100 metros de uma margem à outra.

Cachoeira do Formiga: Famosa pelas águas cristalinas em tons de azul e verde esmeralda, fundo de

areia branca e a presença de peixinhos, é um verdadeiro aquário natural. Sua queda pequena e forte esculpiu pedras em formato anatômico, perfeita para uma relaxante sessão de hidromassagem.

Camping do Vicente: Localizado próximo à Cachoeira do Formiga, é um ótimo local para camping. As

águas do rio Formiga formam pequenos poços perfeitos para banho, com águas de temperatura mais elevada que os demais rios da região.

Prainha da Cachoeira da Velha: Um dos cartões postais do Jalapão, ela é cercada por mata virgem e

encanta pela simplicidade. Acesso à praia por escadaria de madeira e pilares de concreto. Tem sanitários instalados próximos ao estacionamento.

Corredeiras do Rio Novo: O Rio Novo é um dos últimos rios de água potável do mundo. As ondas,

corredeiras, pequenas ilhotas e pedras do percurso proporcionam uma boa dose de emoção aos praticantes de rafting, que, de junho a setembro, deslocam-se de todo o Brasil para desafiar as águas velozes do rio.

Dunas: Principal cartão postal do Jalapão, quem passeia pelas Dunas vivencia sensações únicas diante

da dimensão e beleza do lugar. Localizada ao pé da Serra do Espírito Santo, as dunas chegam a 40 metros de altura e são cercadas por lagoas cristalinas e refrescantes, como verdadeiros oásis em meio ao deserto. O cenário inóspito, a dimensão das dunas de areias e as lagoas dão o clima exótico à região.

Fervedouro: O Fervedouro reserva aos visitantes uma das experiências mais incríveis no Jalapão.

Cercada por bananeiras, uma nascente de águas cristalinas forma um poço com aproximadamente 6 metros de diâmetro. A força da água que emerge permite que as pessoas flutuem no poço. Mesmo que queiram elas não conseguem afundar. A temperatura morna e o efeito borbulhante do fenômeno dão a sensação de se estar em uma piscina de hidromassagem natural.

Parque Estadual do Jalapão: O Parque Estadual do Jalapão abriga as maravilhas naturais de Mateiros.

São 150 mil hectares de cerrado, dunas, serras, vales, veredas e cachoeiras que formam uma das paisagens mais peculiares do Brasil. A diversidade da vegetação é enorme e a fauna abriga espécies raras e ameaçadas de extinção, como o pato mergulhão e a águia cinzenta. Visitar o Parque é entrar em contato com uma natureza intocada, onde o turista vai muito além do esporte de aventura, praticando o respeito à natureza e à vida como um todo.

Serra do Espírito Santo: Cartão postal da região, é uma elevação imponente que, através do processo de

erosão (chuvas e ventos), dá origem às dunas que ficam aos seus pés. A caminhada de 1 hora pela Serra leva o turista ao mirante, de onde se tem uma vista privilegiada de toda a região. O topo da Serra é um grande plano, dando-lhe a forma de uma chapada e lembrando uma grande mesa elevada. É o local ideal para apreciar as paisagens e horizontes do Jalapão.

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Turismo Cultural

Mumbuca: Mais uma vez, o Jalapão surpreende: neste minúsculo vilarejo, uma comunidade singela produz um dos artesanatos mais belos do Brasil: a arte do capim dourado. Os moradores daqui são descendentes de escravos que, por volta de 1900, saíram da Bahia em busca de novas terras.

As artesãs trabalham a matéria-prima que dá vida a chapéus, caixas, bolsas, fruteiras e finas bijouterias. As técnicas são passadas de geração a geração e encantam visitantes de todo o mundo. Brincos, pulseiras e outros adornos parecem feitos de ouro, tamanho o brilho e a intensidade da cor que emana das fibras do capim. 4.2- Ponte Alta do Tocantins

Ponte Alta do Tocantins é o portal de entrada do Jalapão. A região oferece diversos passeios e belezas naturais, como cachoeiras e canyons, e está próxima a outros atrativos do Parque Estadual do Jalapão. Possui infra-estrutura básica de hospedagem, alimentação e condutores. Ecoturismo

Praia do Tamburi: Praia de areias brancas, é um dos atrativos mais populares do município. Durante a temporada - de junho a agosto vira palco de festas, shows, atividades esportivas e recreativas.

Pedra Furada: Formação rochosa em arenito, esculpida pela ação do vento e das águas. Com aproximadamente 400 metros de extensão e presença de duas aberturas de um lado a outro do morro.

Cachoeira do Soninho: A queda d’água, com 10 metros de altura e 7 de largura, tem volume e força impressionantes. O poço de águas cristalinas completa a beleza do lugar.

Cachoeira da Fumaça I : A Cachoeira da Fumaça I impressiona pela sua força e beleza, com 35 metros de altura por 45 de largura. A força da água que bate nas rochas provaca nuvens de vapor, que sobem e se espalham sobre a copa das árvores. Em seu curso há ótimos locais para banho.

Cachoeira da Fumaça II: Bem menor que a primeira, mas tão bela quanto. Tem um ótimo poço para banho. Para chegar até ela, o turista percorre uma trilha dentro da mata fechada. A sensação é única.

Sussuapara: O pequeno riacho cruza a estrada e esconde-se por baixo das pedras para, logo à frente, despencar por aproximadamente 5 metros em uma espécie de canyon com cerca de 2 metros de largura.

Artesanato: Ponte Alta do Tocantins apresenta produção artesanal rica e diversificada, com trabalhos manuais feitos por artesãos locais. As matérias-primas utilizadas são a madeira, o barro, a palha, o capim dourado e o algodão.

Aventura

Rally dos Sertões: Um dos maiores do mundo em sua categoria, acontece anualmente com passagem pelo Jalapão. Um desdobramento desse evento é o surgimento na cidade de aventureiros que possuem veículos de tração 4x4 e seguem os passos dos participantes do rally.

4.3- Novo Acordo A cidade é portal de entrada norte para a região do Jalapão a e está à margem direita do rio Tocantins, o que

lhe proporciona recursos hídricos em abundância. É banhada também pelos rios Sono, Soninho, Vermelho e Peixinho. Novo Acordo também é conhecida por ostentar a Serra do Gorgulho com interessantes formações montanhosas esculpidas.

Serra do Gorgulho: A Serra do Gorgulho possui solo arenítico, o que facilita a formação de verdadeiras esculturas rochosas erodidas pela ação da água e do vento. A vegetação típica de cerrado funciona como moldura natural, com a presença de veredas, campos sujos, matas de grotão, buritizais e riachos de águas cristalinas. Destaque para a existência de uma antiga estrada, que no passado servia de ligação entre os municípios de São Félix do Tocantins e Novo Acordo. Imperdível para os adeptos de trekking e mountain bike.

4.3- São Félix do Tocantins

Assim como Mateiros, o município também se destaca pela produção de artesanato em capim dourado, realizado pela comunidade do Povoado Prata. Ecoturismo

Fervedouro do Alecrim: Nascente de águas cristalinas, cercada por uma mata, forma um poço em que a força da água que brota do solo impede que as pessoas se afundem. Os turistas experimentam a sensação da flutuação sem o uso de bóias.

Cachoeira do Jalapinha: Mais uma das tantas maravilhas do Jalapão o local é perfeito para banho e contemplação. Queda d’água com 2,5 metros por toda extensão do Rio Sono (aproximadamente 25 metros). Destaque para o volume e transparência da água.

Corredeiras Rio Sono: Com leito de pedra e diversas corredeiras, a paisagem do rio apresenta beleza cênica e há presença de mata preservada nas margens. Distância da sede municipal: variável entre 8 km e 35,8 km.

Serra da Catedral: A forma deste atrativo remete ao formato arquitetônico de uma Catedral religiosa. A frente da escarpa é um espelho do corpo rochoso de arenito, com sinais visíveis de erosão. No paredão de

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frente da Serra se pode ver uma imensa cabeça voltada para Leste, esculpida pela natureza como um portal destinado a servir como guardião. Essa região foi antigamente abrigo dos índios Acroás, grupo étnico extinto.

Datas Cívicas Datas cívicas regionais

Tocantins: 1º de janeiro – Instalação do Estado do Tocantins e da capital, Palmas Data da instalação do Tocantins, em 1989; e de Palmas, em 1990.

18 de março – Dia da Autonomia Nessa data, em 1809, a capitania de Goiás foi dividida em duas comarcas (regiões): a Comarca do Sul e a Comarca do Norte - fato que é considerado o primeiro passo do movimento pela emancipação do Tocantins.

8 de setembro – Dia de Nossa Senhora da Natividade, padroeira do Estado 5 de outubro – Criação do Estado do Tocantins Data da promulgação da Constituição Federal em 1988,

que cria o Estado. Palmas: 20 de maio – Aniversário de Palmas Data em que foi lançada a pedra fundamental para a

construção da cidade, em 1989.

19 de março – Dia de São José (Padroeiro de Palmas)

5.0- Emancipação O Estado do Tocantins foi criado pela Constituição de 1988, mas já vinha sendo sonhado desde o século

XVII. Seduzidos pelo canal de transporte que o rio Tocantins representava para o desenvolvimento do interior do Brasil, os franceses, liderados pelo fidalgo La Planque, engajaram-se numa expedição pelas águas do Tocantins.

O sonho passou também pela disputa política, quando D. João VI cria a Comarca de São João das Duas Barras, inaugurada por Joaquim Theotônio Segurado em 1815, que mais tarde (1821) se tornaria chefe do governo provisório da Província de São João da Palma. Em 1873 e 1879, o Visconde de Taunay, deputado por Goiás, batalha e cria a Província de Boa Vista do Tocantins e, depois, estabelece a Província do Tocantins.

O brigadeiro Lysias Rodrigues também foi um dos primeiros a plantar essa semente, construindo aeroportos nas principais cidades do Norte goiano e criando a rota Belém -Tocantins. Nesta época, o processo seguia acelerado. Em 1940, Lysias elabora um anteprojeto constitucional e uma carta geográfica do Território Federativo do Tocantins. Motivados pela iniciativa de Lysias, políticos do norte de Goiás, em 10 de dezembro de 1943, assinam o Manifesto ao Povo do Vale do Tocantins, um documento levado ao presidente Getúlio Vargas, propondo a criação do território tocantinense.

Foi na metade do século passado que os sentimentos de luta pela criação do novo Estado tornaram-se sonhos e desses sonhos o idealismo que deu força ao povo daquele norte goiano para lutar pela emancipação do Tocantins. Os estudantes criaram a Cenog - Casa do Estudante do Norte Goiano -, instituição bastante atuante no movimento. Vale lembrar o trabalho de José Maia Leite, o primeiro presidente da instituição, José Cardeal dos Santos, Edmar Gomes de Melo e Totó Cavalcanti, dentre outros tantos que passaram a idéia da mente para o coração e lutaram pela criação do Tocantins.

Nesta época, o então deputado por Goiás, José Wilson Siqueira Campos, abraçou a idéia dos estudantes em 1971 e apresentou a proposta de divisão do Estado por três vezes na década de 70. Em 1981, contou com o apoio da criação da Conorte - Comissão de Estudos dos Problemas do Norte -, com a atuação de Antônio Maia Leite e de José Carlos Leitão.

Em 1985, o projeto esbarrou no veto do presidente José Sarney. Por causa da pressão popular, incluindo a greve de fome de Siqueira Campos e um plebiscito com mais de 100 mil assinaturas pedindo a criação do Estado, Sarney forma a Comissão de Redivisão Territorial.

Em 27 de julho de 1988, parlamentares aprovam a criação do Tocantins em segundo turno, mas somente em 5 de outubro de 1988 a Constituição Federal foi promulgada, constando no artigo 13 das Disposições Constitucionais Transitórias da nova Carta Magna a criação do Estado do Tocantins.