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Histórias do homem que completou 90 anos Urbano de Souza Costa Histórias do homem que completou 90 anos Urbano de Souza Costa

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Histórias do homemque completou 90 anos

Urbano de Souza Costa

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Histórias do homemque completou 90 anos

Urbano de Souza Costa

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Histórias do homemque completou 90 anos

Urbano de Souza Costa

Ilustrações:Pablo Gomes

Junho, 20101a edição

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Page 7: História do homem que completou 90 anos

SumárioNo começo foi assim ........................................................................................ 11Saúde ............................................................................................ 14Atividade ............................................................................................ 15Política (I) ............................................................................................ 16Vida social ............................................................................................ 17Esporte ............................................................................................ 18Amor ............................................................................................ 19Ela ............................................................................................ 22Sócio desonesto ............................................................................................ 25Outro sócio desonesto ................................................................................. 28Fato doloroso ............................................................................................ 30Poesia em 7 linhas .........................................................................................32Política (II) ............................................................................................ 33Caçada de tatu ............................................................................................34Caçada de raposa .........................................................................................35Cavalo acidentado .........................................................................................36Minha infância ........................................................................................... 37Futebol ............................................................................................ 40Escola radiofônica ................................................................................... 41Outra raposa ............................................................................................ 42Presépio ............................................................................................ 43Festa no clube ............................................................................................ 44Tratar do gado ............................................................................................ 45Derrota eleitoral ............................................................................................ 46Apartar briga ............................................................................................ 47Novena no camarinho .................................................................................. 48Outra briga ............................................................................................ 49Grupo de jovens ............................................................................................ 50Pescaria ............................................................................................ 51Briga de foice ............................................................................................ 52Festa do algodão ............................................................................................ 53Tocaiar ladrão ............................................................................................ 54A feira ............................................................................................ 55A família ............................................................................................ 56Tratar de saúde ............................................................................................ 57Febre tifo ............................................................................................ 58Poderes............................................................................................ 59Chave da Igreja ....................................................................................... 60Produção de farinha ...................................................................................... 61Vida de estudante na escola Cuieira ............................................................... 62O carnaval ................................................................................................ 63A Sociedade Beneficiente 21 de abril ................................................................ 64Da igreja ............................................................................................ 65

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O autor

Urbano de SouzaCosta, Seu Pirrito, - comoé conhecido pelos amigosnasceu na propriedadeCumatiz em Glória doGoitá, em 4 de Janeiro de1917.

S u a p r i m e i r aprofessora foi D. Enecinacom quem estudou porp o u c o t e m p o , p o i sp r e c i s a v a t r a b a l h a r .Anos mais tarde, já casado, concluiu o Ensino Fundamental.

Foi agricultor, pedreiro, oleiro, comerciante, ambulante efuncionário público. Graças ao seu interesse pelos estudos, sempre leumuito chegando a ser professor alfabetizador de adultos.

Na política, chegou a exercer 3 mandatos como vereador e no períodode julho de 1975 a 31 de janeiro de 1977, na qualidade de vice-prefeito,exerceu o cargo de prefeito do município, uma vez que o prefeitorenunciou. O que fez com muita dedicação e honestidade.

Quem conhece Glória do Goitá, conhece Seu Pirrito, pois ele é umhomem que se destaca como pessoa da igreja, onde fundou a Sociedade deSão Vicente de Paula na década de 1950, é participante ativo de todos osmovimentos da cidade, sejam eles culturais, políticos ou esportivos.

Atualmente é presidente da Sociedade Beneficente 21 de abril, cargoque ocupa desde 1952. É uma sociedade sem fins lucrativos que dáassistência a mais ou menos 1200 sócios.

É torcedor do Náutico e graças ao amor pelo futebol, fundou aAssociação Cultural Atlética Gloriense- ACAG em fevereiro de 1959,sendo presidente por 21 anos.

Em 2006, recebeu o prêmio-homenagem como Mestre de SaberPopular, conferido a artistas da bacia hidrográfica do rio Goitá. Hoje, com90 anos, ainda arranja tempo para fazer versos como esses que irão entretervocê, leitor.

Maria Amélia Costa de Oliveira, professora e filha de Seu Pirrito.

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Apresentação

Urbano de Souza Costa, o Poeta Pirrito

Se queres ser grande,Começa por pintar a tua aldeia.

Liev Tolstói, escritor russo.

Ler é compreender. Toda compreensão permite um maiorenvolvimento do leitor não somente com o texto ou com a sualeitura, mas consigo. Pois ler é encontrar-se. É dessa forma que estaapresentação abre este livro. Afinal, todas as apresentações têm essafunção e é necessário ter linhas firmes para que o leitor não desande.

Eis o terceiro livro de Urbano de Souza Costa. Um livro deversos. Li-o com fome, com voracidade, com talvez a maior dasnecessidades sobre o conhecimento. Folheei os textos como diriaManuel Bandeira: “como quem morre”. E permiti-me adentrar nosversos, embriagar-me deles e sentir a falta que todos eles me fizerama vida toda. Isto porque o livro é confidente. Os poemas sãoconfidentes, pois estão para expressar seus delitos, suas virtudes,seus pecados. O Leitor, em busca da sua compreensão, com certeza,lê-los-á com muita atenção e curiosidade, porque os versos nãoapenas jogam seus problemas para simplesmente conhecermo-los,mas para também participarmos de sua resolução. Resolveremostais problemas? Talvez sim... Não...

No entanto, a fome de leitura que posso garantir terá o leitor,não será apenas a de conhecer e tentar resolver esses problemas. Opoema é muito maior. O livro-poema que temos em mãos é umabrasa em nossas almas. Ela queima nossos sentimentos, mas aflige,desconstrói-nos com uma singeleza que não podemos sequerperceber, porque também vamos rir. Apenas para nos mostrarquão humanos somos: carentes de sentimentos, desprotegidos,fortes, medrosos, perdidos, encontrados, senhores do nosso nariz.

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Ah, poderão me dizer os leitores, “Esse seu Pirrito é mesmoum bom poeta!” Outros poderão identificá-lo como um diplomata.Mas reparando bem, a dádiva que temos em mãos seja bem maior doque uma conversa com o próprio autor (seja quem ele for, se Urbanode Souza Costa ou Seu Pirrito). O que temos em mãos é uma vidainteira concebida em versos, todas as experiências de uma vida quenão é diferente em nada de todas as outras. Porque este livro-poemaé humano. Podemos confundi-lo com um prólogo ou um epílogo,com o Alfa e o Ômega e não seremos pecadores por isso.

Nos outros dois primeiros livros, tínhamos um poetarememorando a Glória do Goitá como se costurasse uma colcha deretalhos; sem respeito à cronologia dos fatos e outros baratos. Masneste livro, o terceiro, não temos Urbano de Souza Costa fazendoisso. Desta vez parece que é Glória do Goitá quem decidiu falar. Nosoutros livros o poeta fala da cidade, aqui a cidade fala do poeta;apresenta-nos nu e cru, sem vaidades e com muita franqueza.Glória do Goitá decidiu desmascarar Urbano de Souza Costa e,pimba! Conhecemos uma vida grande e simples, com seus erros evirtudes, suas dúvidas e, acima de tudo, suas conclusões. Tudo istoilustrado pelo pincel de Pablo Gomes, cujo traço pinta um universomágico e bem humorado; sintonia perfeita com o livro! Quandoterminei de ler estes versos só tive uma frase em mente, se mepermitem compará-lo a outro livro: “Este livro em muito melembra o Eclesiastes”.

Rafael Augusto Costa de Oliveira - Professor e cordelista

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No começo foi assim...

Na propriedade CumatizUm belo casal existiaEle se chamava JoãoEla se chamava MariaEntre eles havia muita pazCompreensão e alegria

Na intimidade tratava de JanjãoE ela de MariquinhaMorava em uma casaQue não era uma casinhaDe um lado havia uma cachoeiraDo outro uma casa de fazer

[ farinha

Deste belo casal17 filhos nasceramPela ordem eu fui o quintoA partir do primeiroDestes só se criaram seteOs demais faleceram

No dia 4 de janeiro de 1917Em uma quinta-feira às 11 horas

[ do diaNaquela casa nasceu uma

[ criançaE foi uma grande alegriaPara pai, mãe e irmãosE todos da família

Uma criança do sexo masculinoQue quando nasceu chorou e deu

[ gritosMas só existia alegriaE ninguém ficou aflitoPor ele ser muito pequeninoA parteira lhe chamou de Pirrito

No dia 18 do mesmo mêsJá assim citadoAntonio Ferreira e sua esposaO levaram para ser batizadoPara se tornar um cristãoFilho do Deus abençoado

Recebeu o nome de UrbanoLá na pia batismalCom as benções de DeusE do padre localQue era João Bezerra de CarvalhoPadre amigo e leal

Uns lhe chamaram de PirritoOutros lhe chamaram UrbanoO que interessa é que sejaUm cristão dinâmico e humanoQue respeita as leis divinasE que não seja um profano

A vida de Urbano na infânciaFoi um pouco prisioneira

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A vida de Urbano na infânciaFoi um pouco prisioneiraSó brincava com os irmãos e dois

[ amigosNa sombra daquelas jaqueirasCorrendo de cavalo de pauE outras brincadeiras

Os colegas de infânciaJosé Grilo e Antonio CaféJosé, filho de Biu PintoE Antonio, sobrinho de Joana

[ MiguelEles rodavam com a gente em

[ burricaFeita de um coqueiro de catolé

Joana Miguel e Biu PintoTrabalhavam para meu paiRaspando mandioca na casa de

[ fazer farinhaE fazendo outras coisas maisAntonio e José também

[ trabalharamJá querendo ser rapaz

José Grilo era brincalhãoAntonio era pouco caladoJosé morreu ainda moçoAntonio, velho e casadoEu guardo na lembrançaOs colegas do passado

Meu irmão JoséEra inteligente e popularEle fazia os brinquedosPara a gente brincarFazia burrica, papagaio e piãoCarro, bodoque para caçar

Tinha a vovó TetêQue se sentava no chãoQuando terminava o papelãoEla voltava atrásSão os trabalhos do passadoQue hoje não fazem mais

Com sete anos de idadeComecei a estudarA professora se chamava EnecinaSenhora de bem e popularMantinha a ordem na classeSabia bem ensinar

Na escola havia uma palmatóriaE uma régua de madeiraNão havia recreioNem outras brincadeirasA disciplina era rígidaDa segunda a sexta-feira

Com doze anos de idadeEu deixei de estudarMeu pai tirou-me da escolaE colocou-me pra trabalharPois eu já sabiaLer, escrever e contar

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Não fui uma criança muito[ doente

Porém não tinha muita saúdeSofri tanta mazelaQue disse Deus que me ajude!Mas nunca dei fracassoPorque tinha muita virtude

Na minha infância sofriDe pereba, creca e coceiraTive sarna e sarampoE também sofri papeiraTive uma ferida na pernaQue não foi brincadeira

Sofri panarício, unheiro eRachadura nos calcanhares.Sofri impigem na cabeçaO cabelo quase cai.Graças a Deus que não sofri a ocaQue é doença de animais...

Sofri doença nos olhos,Dor de ouvido e dor de denteQuando passou tudo issoEu estava muito contentePois fiz uma cirurgia na próstataQue foi muito eficiente

Sofri cobreiro e erisipelaE também me saiu uns sinaisMas recebi muitos carinhosDe minha mãe e de meu paiIsto são coisas da vida de quemMorre, não sofre mais.

Minha mãe tinha um canteiroCom muitas plantas medicinaisErva-cidreira, alecrim, malva-rosaArruda, hortelã, salva, agrião

[ e trançagemPepaconha, batata de purga

[ e quina-quinaEla conseguiu nas matas porintermédio de meu pai

Minha mãe foi a melhor médicaQue eu conheci na infânciaDava-me remédio e carinhoSempre com muita bonançaSão coisas do passadoQue me ficou na lembrança!

Saúde

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Sou católico praticanteCom muita dedicaçãoParticipo da missa dominicalQue é o dever do cristãoLeio a bíblia todos os diasRezo o terço da Virgem MariaCom muita devoção

Nos anos de 1964 a 1985Eu já tinha quase como

[ obrigaçãoDe arrecadar dinheiroPara festa da ConceiçãoEu junto com a comissão pediaE o povo contribuíaCom muita devoção

O grupo de jovens, ambos os[ sexos,

Formavam uma comissãoTodos entusiasmadosCom muita dedicaçãoA gente fazia uma boa coletaPara comemorar uma festaDa Virgem da Conceição

Completei 90 anosMe senti muito felizPor participar de uma missaCelebrada aqui em nossa MatrizCelebrada por Dom LucianoQue me desejou mais alguns anosEm cima dos que eu já fiz

O bispo de CaruaruVeio aqui celebrar o aniversárioDe Padre Severino FernandesQue era nosso vigárioEu senti muita alegriaDe ter com minha famíliaCelebrado junto o meu aniversário

No fim me prestaram uma[ homenagem

Que eu chorei de emoçãoCom tantos parabéns e abraçosDe uma grande populaçãoMuito obrigado meus amigosE a todos que vivem comigoObrigado, meus irmãos!

Agradeço ao meu Bom DeusSenhor da criaçãoAgradeço a Jesus CristoE à Virgem da ConceiçãoAgradeço a todos os meus parentes

[ e amigosA todos que trabalham comigoA quem eu amo de coração

Da igreja

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Glória do Goitá, dezembro de 2008Urbano de Souza Costa

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Capa, projeto gráfico e ilustrações:Pablo Gomes

Este livro foi composto em BeowolfSerifNo formato -----cm x ------cm

Capa em ----- gm2 e miolo _____ gm2Impresso em __________

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