historia do design grafico - philip b. meggs

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PHILIP B. MEGGS e ALSTON W. PURVIS tradução cid knipel

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Page 1: Historia Do Design Grafico - Philip B. Meggs

PHILIP B. MEGGS e ALSTON W. PURVIStradução cid knipel

Page 2: Historia Do Design Grafico - Philip B. Meggs

Caro professor

É com grande prazer que apresentamos História do design gráfico, de Phillip B. Meggs e Alston W. Purvis, um dos mais ambiciosos lançamentos da Cosac Naify. Além de um investimento sem pa-ralelo na história da editora, este livro dá continuidade a um dos nossos principais objetivos: traduzir livros fundamentais que cubram as principais lacunas do ensino da área com um padrão de excelência gráfica e editorial.

Referência obrigatória para estudiosos e profissionais desde sua primeira edição em 1983, este livro é o registro histórico mais abrangente já produzido sobre o assunto. Um dos grandes dife-renciais da abordagem de Philip B. Meggs é tomar como ponto de partida não a Revolução Industrial e o conceito moderno de de-sign, mas os primeiros registros da comunicação humana, como as pinturas rupestres de Lascaux. Em edição revisada e atualizada pelo historiador e designer Alston W. Purvis, os 24 capítulos far-tamente ilustrados por 1300 imagens comentadas, que se esten-dem por mais de 700 páginas, percorrem com fluidez, clareza e rigor o vasto arco da comunicação até a era da informação, anali-sando a produção de seus protagonistas mais relevantes.

O livro divide-se em cinco partes, que tratam de períodos de tempo progressivamente mais curtos e adensados. Prólogo ao de-sign gráfico parte dos primeiros sinais produzidos pelo homem, passando pela invenção da escrita e das primeiras técnicas gráfi-cas, chegando aos manuscritos iluminados que permaneceram em produção até o século xv. Um Renascimento impresso relata a chegada das técnicas orientais de impressão à Europa e a re-volução que sofreram nas mãos de visionários como Gutenberg, espalhando-se pela Itália, França, Holanda, Inglaterra e Espanha, produzindo momentos de verdadeira genialidade tipográfica ao longo de mais de quatro séculos. A ponte para o século xx trata das transformações e conflitos impostos pela Revolução Indus-trial, num cenário convulsionado por invenções como a fotogra-fia, a litografia offset e a composição mecânica, de um lado, e pe-los movimentos arts & crafts e art nouveau, de outro. O período modernista traça o percurso que leva dos cubistas, futuristas e da-daístas à depuração formal, produtiva e ideológica que encontrou na Bauhaus a síntese de suas intenções, migrando por força da guerra para o cenário fortemente comercial dos eua. Fechando o volume, A era da informação abre o leque de desdobramentos do modernismo, dos representantes da escola suíça e dos grandes sistemas de identidade corporativa aos dissensos do design pós-moderno e à revolução digital.

Embora o espectro coberto por História do design gráfico seja verdadeiramente monumental, seu discurso é construído com re-latos e exemplos sucintos e cuidadosamente selecionados, pres-

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tando-se tanto à pesquisa conceitual como à investigação factual e de repertório. Uma extensa bibliografia dividida por capítulos facilita o aprofundamento dos temas abordados.

A edição brasileira, integralmente redesenhada pela Cosac Naify, incorporou melhorias das recentes edições norte-americanas (tais como os esclarecedores infográficos cronológico-temáticos que cruzam os conteúdos dos capítulos nas aberturas de cada parte do livro) e incluiu uma abrangente revisão qualitativa das imagens reproduzidas.

El Lissítzki, capa para Wendingen,

n.o 4-1, 1921. Litografia com base

em desenho de sua autoria.

El Lissítzki foi da Rússia para a

Alemanha no final de 1921, e não

existe nenhuma indicação de que

tenha passado pela Holanda antes

do fim de 1922. É possível que o

dr. Adolph Behne, residente em

Berlim e amigo íntimo de Lissítzki,

tenha pedido a Wijdeveld que lhe

confiasse essa encomenda em

virtude dos sérios apuros que o

artista enfrentava

naquele momento.

Vilmos Huszár, “As pinturas de

Diego (de la) Rivera”, capa para

Wendingen, n.o 10-3, 1929.

As formas nesta capa são

inspiradas na arquitetura asteca, e

as cores são as da bandeira

nacional mexicana.

Page 4: Historia Do Design Grafico - Philip B. Meggs

1 A invenção da escrita

2 Alfabetos

3 A contribuição asiática

4 Manuscritos iluminados

5 A impressão chega à Europa

6 O livro ilustrado alemão

7 O design gráfico do Renascimento

8 Uma época de genialidade tipográfica

9 O design gráfico e a Revolução Industrial

10 O movimento arts and crafts e seu legado

11 Art nouveau

12 A gênese do design do século xx

13 A influência da arte moderna

14 Modernismo figurativo

15 Uma nova linguagem da forma

16 A Bauhaus e a Nova Tipografia

17 O movimento modernista nos Estados Unidos

18 O Estilo Tipográfico Internacional

19 A Escola de Nova York

20 Identidade corporativa e sistemas visuais

21 A imagem conceitual

22 Visões nacionais em um diálogo global

23 O design pós-moderno

24 A revolução digital e o futuro

A era da informaçãoO DESIGN GRÁFICO NA ALDEIA GLOBAL

Prefácio

Prefácio à primeira edição

Agradecimentos

Epílogo

Bibliografia

Índice remissivo

Créditos das imagens

Sobre os autores

Prólogo ao design gráficoA MENSAGEM VISUAL DA PRÉ-HISTÓRIA À IDADE MÉDIA

Um Renascimento impressoAS ORIGENS DA TIPOGRAFIA EUROPEIA

A ponte para o século xxA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: O IMPACTO DA

NOVA TECNOLOGIA NA COMUNICAÇÃO VISUAL

O período modernistaO DESIGN GRÁFICO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

[ ESTRUTURA DO LIVRO ]

Page 5: Historia Do Design Grafico - Philip B. Meggs

O primeiro historiador do design gráficopor Steven Heller

A primeira vez que vi História do design gráfico, de Philip B. Meggs,foi ao contemplar um mostruário na livraria Doubleday, na Quinta Avenida, em Nova York. O ano era 1983. Eu trabalhava como diretor de arte do New York Times Book Review [o suplemento do jornal New York Times de resenhas literárias], onde rotineiramente recebíamos livros antes de serem lançados, mas não tinha ouvido falar nada da-quele ali. Por que a editora não estava promovendo o livro? Supondo que o Book Review jamais iria resenhá-lo, a editora Van Nostrand Reinhold nem mesmo se deu ao trabalho de enviar-lhe um exem-plar para exame. Nem é preciso dizer que fiquei atônito – pela pri-meira vez via as palavras história e design gráfico reunidas no título de um livro – e, enquanto folheava as páginas, repletas de ilus- trações em preto e branco de cartazes antigos e exemplos de ti-pografia, pensei: “Esse tal Meggs ‘fez história’ ao registrar uma história praticamente desconhecida”. Embora não tivesse ainda lido nenhuma palavra, impulsivamente concluí que se tratava provavelmente do livro sobre design gráfico mais importante até então publicado.

Alguns dias depois insisti junto ao editor do New York Times Book Review para que encomendasse uma resenha do livro, mesmo sa-bendo que dificilmente ele aceitaria a sugestão. “Está bem”, disse ele abruptamente, “desde que você a faça.” Fiquei perplexo. Livros profissionais raramente são resenhados, e o design gráfico nunca havia sido considerado algo importante. Desconfiando daquele assentimento tão rápido – mesmo sendo evidente o seu desin-teresse –, ainda balbuciei algo sobre como aquele livro ia muito além de seu tema, situando o design gráfico como parte da his-tória cultural, antes de seguir apressado até a minha mesa a fim

Fotografias de Philip B. Meggs

por Libby Meggs, 1998.

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de começar a escrever a resenha. Embora tivesse apenas umas duas centenas de palavras, aquela foi a primeira resenha que fiz para o suplemento. Mas se conhecesse pessoalmente Meggs, eu nunca teria sido incumbido da tarefa – essa era uma regra do jornal. Ainda bem que eu jamais tinha ouvido falar dele, em parte porque, antes de ler História do design gráfico, meu principal inte-resse histórico eram as ilustrações e quadrinhos humorísticos (so-bre os quais havia escrito bastante). Todavia, na altura em que foi publicado o livro de Meggs, eu estava lentamente voltando minha atenção para o design gráfico.

Claro que falei bem do livro, e suponho que tenha ajudado a torná-lo mais conhecido (embora duvidasse que muitos designers lessem o Book Review). Mais importante, após sair a resenha, Meggs e eu nos encontramos e nos tornamos amigos e colegas. Não quero com isso sugerir que escrever resenhas é como publi-car um anúncio pessoal, mas com frequência um autor cujo livro foi resenhado favoravelmente manifesta interesse em se encon-trar (pelo menos para expressar sua gratidão) com o resenhista complacente. Sem dúvida, fui bem mais do que complacente: o livro de Meggs fez com que eu expandisse meu horizonte de pes-quisas, e me estimulou a buscar maneiras diferentes de explorar a história do design de acordo com meus interesses. Em seguida, outros historiadores da área também encontraram seus respecti-vos nichos e, embora a disciplina ainda esteja em formação, hoje existem inúmeras maneiras de contar a história do design gráfico, além da metodologia abrangente adotada por Meggs.

Mesmo assim, todos esses vários caminhos remontam ao livro, aos artigos e às palestras de Meggs. Sem esse trabalho pioneiro, a história do design gráfico não teria surgido – e cer-tamente não existiriam tantos cursos de graduação, colóquios e obras sobre o assunto. Nesse sentido, muitos professores adota-ram o que vou chamar aqui de “o livro” como leitura obrigató-ria, e foi no relato de Meggs que muitos estudantes tiveram seu primeiro contato com nomes como Lissítizki, Cassandre e Rand. Meggs fez mais do que um trabalho de base: ele ergueu um monu-mento ao legado do design gráfico. E ele próprio tornou-se parte desse legado: quando faleceu em 24 de novembro de 2002, após prolongada luta contra a leucemia, mais uma vez tive a oportu-nidade de escrever sobre as suas realizações no New York Times

– dessa vez assinando o seu obituário.Philip B. Meggs nasceu no dia 30 de maio de 1942, em New-

berry, na Carolina do Sul, e no mesmo ano sua família mudou-se para Florence, no mesmo estado. Frequentou a Virginia Com-monwealth University (vcu), pela qual, em 1964, se formou em belas-artes; em 1971 obteve o mestrado na mesma disciplina. Ele iniciou sua carreira de designer na área de identidade e promoção corporativas, na empresa Reynolds Metals; mais tarde, tornou-se diretor de arte da A. H. Robins Pharmaceuticals, onde perma-neceu até 1968, quando passou a dar aulas na vcu. Do seu casa-

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mento com a colega de faculdade Libby Phillip Meggs nasceram dois filhos, hoje adultos. De 1974 a 1987, dirigiu o Department of Communication Arts and Design da vcu; depois continuou a en-sinar ali até que, em 2000, foi obrigado a solicitar licença médica de um ano a fim de travar sua primeira batalha, vitoriosa, contra a leucemia. Meggs era um excelente professor que deixou uma impressão indelével nos alunos (três de meus alunos de gradua-ção consideram um privilégio ter frequentado suas aulas), não apenas por seu domínio da história da disciplina, mas também nos cursos introdutórias de design e tipografia que dava de três a quatro vezes por semana durante mais de três décadas.

O primeiro educador a adotar um currículo de história do de-sign gráfico que não se baseava inteiramente em experiências e lembranças anedóticas, Meggs pesquisava sistematicamente textos sobre arte e design a fim de montar um curso original. Sua narrativa rastreava o avanço linear de um campo que se originou com os tipos móveis e, ao longo do tempo, se difundiu pelos meios de comunica-ção, cultura e comércio. Massimo Vignelli costumava lamentar que o design gráfico só se tornaria uma profissão séria quando fosse objeto de críticas incisivas. Consciente disso, Meggs empenhou-se em criar vocabulários e métodos, tanto originais como inspira-dos em outras disciplinas históricas.

Meggs, contudo, era de uma modéstia a toda prova, e nem sem-pre aceitava o crédito pelo que lhe era devido. “A ideia de que a história e a crítica do design são áreas novas de investigação não é correta”, disse-me ele em certa ocasião. “Ambas vêm sendo prati-cadas desde o início do século xvi. Cada época registra o que con-sidera importante e/ou controverso. As pessoas reagem ao impacto do novo; grande parte da história que escrevi é um simples registro daquilo que horrorizou a opinião consensual, desde o [tipo] Basker-ville até a Bauhaus.”

Embora não tivesse formação de historiador, Meggs deu-se conta da necessidade de tornar viva a história e incumbiu-se dessa tarefa. Como os historiadores da arte rejeitavam as artes comer-ciais, com exceção daquelas dotadas do pedigree modernista ou das vanguardas do século xx, o campo estava completamente inex-plorado. Ao se lançar nessa busca específica, porém, não estava in-teressado em difundir o evangelho para outras artes e disciplinas culturais, mas antes em esclarecer os designers gráficos a respeito de um legado próprio que eles ignoravam. Estava convencido, e com razão, de que a capacidade de um estudante para realizar o seu trabalho cotidiano, para não mencionar a superação de um ní-vel estritamente comercial, estava limitada pela ignorância então vigente do contexto histórico. Por isso empenhou-se em sanar essa situação: “Meu objetivo, como professor de design que passou a ensinar a história do design no começo da década de 1970, foi deli-near o legado dos designers contemporâneos atuantes nos Estados Unidos. Estava convencido de que isso poderia ajudar os designers a entenderem o que estavam fazendo, a compreenderem de que

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modo e onde se desenvolveu seu vocabulário semântico e sintático, e também contribuir para a luta em favor do estatuto profissional da nossa disciplina. A formação em design só tem a ganhar quando, graças ao entendimento da filosofia e dos conceitos que moldaram o design gráfico, os jovens designers passam a ter uma ideia melhor de tudo o que podem realizar”.

Com base em um currículo acadêmico de graduação que se ori-ginou antes mesmo da invenção da imprensa e dos tipos móveis, ele conduziu os estudantes em uma jornada até a época moderna do século xx, com sua abordagem revolucionária da tipografia e da produção de imagens, concluindo com a influência dos computado-res nos métodos e estilos contemporâneos. Suas aulas enfocavam questões formais, teóricas e estéticas através de uma lente crítica que fora em grande parte ignorada na maioria das aulas práticas de design. Em decorrência do êxito inicial desses cursos durante o final da década de 1970, Meggs recebeu uma bolsa do National Endowment for the Arts para realizar uma inusitada série de pales-tras – uma espécie de banquete ambulante de slides e discussões

–, oferecidas gratuitamente a qualquer faculdade ou universidade que se interessasse por suas ideias. Esse trabalho como historia-dor itinerante requereu a montagem de um curso padronizado que mais tarde se tornaria o núcleo de História do design gráfico, uma obra que durante muitos anos (até a publicação em 1994 de Graphic Design: A Concise History, de Richard Hollis) seria o único manual desse tipo, e até hoje continua sendo leitura obrigatória em cursos por todos os Estados Unidos. (Em 2006 foi lançada uma quarta edi-ção póstuma, organizada por Alston Purvis, amigo de Meggs.)

Meggs exerceu profunda influência sobre estudantes e tam-bém sobre designers veteranos. “Em toda a minha vida, ele foi a primeira pessoa que ouvi falar sobre a história do design de uma forma que juntava o presente e o passado de modo fluido, caloroso e elegante”, disse Paula Scher. “Ele me fez sentir parte de um movi-mento de minha época, e não uma profissional irrelevante produ-zindo coisas triviais para corporações burocráticas.” E, de fato, o ar-tigo que ele publicou em Print, “The Women Who Saved New York” [“As mulheres que salvaram Nova York”], sobre Scher, Louise Fili, Lorraine Louie e Karin Goldberg, que então exploravam linguagens tipográficas “retrô” (foi Meggs quem, na verdade, cunhou o termo), era um relato do modo como os designers contemporâneos redefi-niam estilos passados a fim de evidenciar o Zeitgeist, o espírito de sua própria época. Dessa maneira, Meggs insuflava vida na história ao vinculá-la rotineiramente às práticas vigentes. O empenho de Meggs em identificar pioneiros, movimentos e estilos esquecidos, expresso em uma série de artigos na revista Print voltados para o design editorial progressista e os perfis de designers contemporâ-neos, é um dos fundamentos cruciais para as pesquisas mais apro-fundadas no campo.

Confesso aqui que ele e eu estávamos empenhados em uma competição amistosa para ver quem descobria os designers mais

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esquecidos e os arquivos mais obscuros. Muitas vezes conversáva-mos sobre quem iria explorar qual território (ou dominar o mundo) de modo a não duplicarmos as nossas investigações. Mas sempre o considerei um tanto mais metódico do que eu, talvez porque desde a infância sempre tenha sido desafiado pela família (sobretudo por seu irmão gêmeo, Bill, um cientista) a se apoiar em fatos com-prováveis. Ele seguia um método rigoroso de pesquisa e análise, e nos colóquios de que participávamos, era comum vê-lo tomando notas copiosas. Dada a sua mente racional, quase científica, ele se orgulhava em elaborar teorias sobre o design, as quais em seguida tentava laboriosamente confirmar por meio de documentos ainda desconhecidos e artefatos que outros poderiam considerar despro-vidos de interesse.

Meggs se recusava a aceitar fosse o que fosse pelas aparências. “Descobri que havia uma abundância de material; mas este se encontrava todo disperso”, comentou a respeito do processo de pesquisa. “Revistas e livros sobre tipografia publicados desde o início do século xix até o começo do xx e guardados na Biblioteca do Congresso sempre incluíam questões de design, e até mesmo reproduziam e comentavam obras que remontavam aos incuná-bulos e ao Renascimento. Infelizmente, há também muitas in-formações contraditórias e imprecisas, por isso sempre procurei confirmar os dados recorrendo a pelo menos duas fontes. Não há nada mais constrangedor do que descobrir que utilizamos uma fonte pouco confiável.”

Com o pós-modernismo e o desconstrutivismo em ascensão em instituições acadêmicas como a Cranbrook e a Cal Arts, a história eurocêntrica e de viés masculino praticada por Meggs passou a ser cada vez mais alvo de críticas. No âmbito de alguns rincões aca-dêmicos, “o livro” era considerado limitado por sua aceitação (ou sistematização) de um “cânone”. Todavia, História do design gráfico era um organismo vivo e em expansão, várias vezes afirmou que o subtítulo indicava explicitamente que o livro “não era uma enciclo-pédia do design gráfico mas um apanhado conciso para uso de de-signers e estudantes de design contemporâneos”. Ele se esforçou para que cada uma das três edições (traduzidas para o espanhol, o coreano, o japonês, o hebraico e o chinês) fosse mais abrangente do que a anterior – um testemunho de suas incansáveis pesquisas. Como parte desse processo, Meggs também acabou prefigurando as atuais obras colaborativas, como os wikis. Quando alguém suge-ria designers ou obras a serem acrescentados ao livro, Meggs pedia que escrevessem um parágrafo conciso justificando a relevância de-les. E algumas dessas colaborações acabaram sendo incorporadas em suas revisões.

Em 2001, o Art Director’s Club de Nova York reconheceu as rea-lizações de Meggs ao lhe conceder o prêmio especial para educado-res e inclui-lo em sua Galeria da Fama. Ele deveria receber o prêmio no outono daquele ano, depois de ter constatado a remissão de um surto anterior da doença. No entanto, o atentado ao World Trade

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Center obrigou ao adiamento de um ano na entrega dos prêmios. Embora estivesse planejando comparecer à cerimônia prevista para o outono de 2002, uma semana antes soube que a leucemia havia reaparecido e teria de iniciar a quimioterapia na noite do evento. Ele não voltou mais a Nova York. Em 2003, após o seu falecimento, fui ingênuo ao achar que História do design gráfico seria simplesmente preservada em sua derradeira versão, como um objeto no mítico mu-seu histórico do romance A máquina do tempo, de H. G. Wells, que registrava as realizações humanas até o momento em que o mundo chegava ao fim por causa de uma guerra nuclear. Não me ocorreu que a genialidade do livro é a solidez de seus fundamentos, sobre os quais uma quantidade ilimitada de relatos pode ser acrescentada.

2008 Steven Heller

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Design na Cosac Naify

BIBLIOGRÁFICO: 100 LIVROS CLÁSSICOS SOBRE DESIGN GRÁFICO

Jason Godfrey

BiblioGráfico reúne uma seleção de cem títulos que marcaram

a produção editorial e o design gráfico nos séculos xx e xxi,

desde monografias recentes de designers destacados até

preciosidades há muito esgotadas e totalmente inacessíveis

ao público brasileiro.

Prefácio Steven Heller | Tradução Cid Knipel

224 páginas | 610 ilustrações

ABC DA BAUHAUS

Ellen Lupton e J. Abbott Miller (orgs.)

Este é um dos volumes críticos mais importantes e polêmicos

sobre a herança visual da Bauhaus, a escola de design

mais influente do século xx. Reúne ensaios que investigam

a construção e a atualidade de um dos principais pilares

teóricos do ensino da Bauhaus – a noção de linguagem visual.

Tradução André Stolarski

72 páginas | 112 ilustrações

NOVOS FUNDAMENTOS DO DESIGN

Ellen Lupton e Jennifer Cole Phillips

Este volume oferece uma nova abordagem dos principais

fundamentos da linguagem visual. Aqui a questão não é

como fazer design gráfico, mas de que elementos o design

gráfico é feito.

Textos curtos e diretos que exploram sua essência

conceitual e prática, com dezenas de exemplos altamente

criativos e inusitados.

Tradução Cristian Borges

248 páginas | 563 ilustrações

PENSAR COM TIPOS

Ellen Lupton

Pensar com tipos é uma excelente porta de entrada para o

mundo da tipografia. O livro vai do átomo básico da letra à

organização de palavras em sistemas flexíveis. Cada seção

abre com um ensaio sobre as questões culturais e teóricas

que alimentam o design tipográfico seguido por páginas

demonstrativas que não apenas exemplificam como a

tipografia se estrutura, mas por que ela o faz, reforçando

as bases funcionais e culturais dos hábitos e convenções

do design.

Apresentação e tradução André Stolarski

184 páginas | 166 ilustrações

GRID: CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO

Timothy Samara

Leitura fundamental para a área de projeto, este livro põe em

foco o princípio unificador do grid, oferecendo um panorama

histórico e análises atentas e consistentes sobre diversas

manifestações visuais.

Tradução Denise Bottmann

208 páginas | 329 imagens

ELEMENTOS DO ESTILO TIPOGRÁFICO

Robert Bringhurst

A obra reúne e discute em profundidade todos os

conhecimentos que a história da tipografia ocidental

transformou em tradição ao longo dos últimos 600 anos.

Respaldado por uma linguagem acessível, este livro

tornou-se uma unanimidade entre os designers gráficos

do mundo inteiro.

Tradução André Stolarski

336 páginas | 500 imagens

OBJETOS DE DESEJO: DESIGN E SOCIEDADE DESDE 1750

Adrian Forty

O autor traça um retrato da sociedade capitalista por

meio da análise dos objetos que ela produziu com

exemplos que vão de máquinas de costura a vagões

de metrô.

Tradução Pedro Maia Soares

352 páginas | 272 imagens

O MUNDO CODIFICADO

Vilém Flusser

Esta coletânea do único filósofo a tematizar

sistematicamente o design é referência obrigatória para

entender a encruzilhada entre a materialidade temporal e a

imaterialidade eternizada à qual cultura do designer parece

estar chegando.

Introdução Rafael Cardoso | Tradução Raquel Abi-Sâmara

224 páginas

DESIGN VISUAL – 50 ANOS

Alexandre Wollner

Toda a trajetória de Alexandre Wollner, cujo o nome se

confunde com a própria história do design moderno no

Brasil, está contemplada neste volume autobiográfico.

Textos e imagens analisam seu processo criativo.

336 páginas | 500 imagens

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ALEXANDRE WOLLNER E A FORMAÇÃO

DO DESIGN MODERNO NO BRASIL

Entrevista a André Stolarski

Este livro-documentário, inclui dvd com 85 minutos de entrevista

e baseia-se em testemunhos de Wollner sobre a história do

design, além de projetos e documentos originais existentes em

seu escritório. O volume contém glossário e o catálogo completo

– e inédito das marcas projetadas pelo designer.

112 páginas | 249 imagens

O DESIGN BRASILEIRO ANTES DO DESIGN

Rafael Cardoso (org.)

Com uma coletânea de 9 estudos de casos situados no

período de 1870 a 1960, este livro propõe o recuo do marco

zero na historiografia do design brasileiro abordando temas

como os rótulos litografados do século xvii e o trabalho de J.

Carlos e Santa Rosa.

360 páginas | 225 imagens

O DESIGN GRÁFICO BRASILEIRO: ANOS 60

Chico Homem de Melo (org.)

A partir de um panorama da cena mundial, cujas rupturas

marcaram a história das décadas seguintes, o livro retrata e

discute o período da consolidação do design gráfico no Brasil.

A edição tem ainda a preocupação de fazer um levantamento

e documentação iconográfica inéditos.

304 páginas | 514 imagens

OUTROS TÍTULOS DE INTERESSE

ERA UMA VEZ UMA CAPA

Alan Powers

Nesta história ilustrada da literatura infantil, Alan Powers

destaca os principais ilustradores, autores e editores que

contribuíram para mudar a história do livro para crianças.

Tradução Otacílio Nunes

144 páginas | 403 imagens

EU QUE FIZ

Ellen e Julia Lupton

102 atividades feitas por crianças ilustradas e explicadas

passo a passo. O livro incentiva, no contrapé do

consumismo, a criação de objetos de maneira artística,

empregando materiais presentes no dia a dia.

Tradução Cristian Borges

152 páginas | 272 ilustrações

NA NOITE ESCURA

Bruno Munari

Um marco na história da edição e referência em publicações

para crianças, o designer italiano Bruno Munari reinventa

a relação sensorial com o livro.

Tradução Nilson Moulin

54 páginas | 33 ilustrações

PEQUENO 1

Ann e Paul Rand

Neste livro é possível conhecer o lado singelo e bem-humorado

do mais importante designer norte-americano, autor da

identidade visual de grandes empresas como a ibm.

Tradução Alípio Correia de Franca Neto

36 páginas | 17 ilustrações

VEM AÍ

GEOMETRIA DO DESIGN

Kimberly Elam

Traçando relações entre a beleza e a matemática, Kimberly

Elam nos introduz ao universo da geometria e, a partir dele,

analisa a estrutura subjacente a obras que vão de cartazes de

Jan Tschichold à cadeira Barcelona de Mies van der Rohe e o

Novo Fusca da Volkswagen.

CARTAZES MUSICAIS

Kiko Farkas

Este livro reproduz um conjunto de 128 cartazes

desenvolvidos para a Orquestra Sinfônica do Estado de

São Paulo, comentados pelo autor, por Paula Scher, Arthur

Nestrovski e João de Souza Leite.

CONVERSAS COM PAUL RAND

Uma entrevista e uma discussão com alunos compõem este

livro no qual é possível entender o significado do design

para um de seus monstros sagrados, autor de projetos

emblemáticos como a identidade visual da ibm, ups, abc e

Westinghouse.