história do brasil - pré-vestibular impacto - sociedade açucareira ii

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KL 080408 SOCIEDADE AÇUCAREIRA II FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!! PROF. ASSAID Fale conosco www.portalimpacto.com.br VESTIBULAR – 2009 CONTEÚDO A Certeza de Vencer 04 2 A PRODUÇÃO AÇUCAREIRA Antes mesmo da colonização, é possível, de alguma forma, ter havido plantação de cana-de-açúcar no Brasil. É certo que na América espanhola houve. Mas o que diferencia a produção açucareira decorrente da colonização dessas plantações anteri- ores é o caráter sistemático e planejado de uma produção em larga escala, voltada para o mercado internacional. O primeiro engenho construído no Brasil foi na capitania de São Vicente, sob a ordem de Martim Afonso de Souza. Mas on- de o açúcar progrediu, verdadeiramente, foi no Nordeste. O solo fértil, o massapé, aliado à uma boa hidrografia e o clima quente e úmido, criavam condições excepcionais para o plantio da ca- na. Além disso, a proximidade com a Metrópole e a Europa faci- litava a comunicação e o comércio. Em Pernambuco, os primei- ros engenhos funcionaram a partir de 1535. Em 1570 já eram 30. Também na Bahia, com a instalação do Governo Geral, a produção prosperou. Se em 1570 eram 18 os engenhos, esse número pulou para 40 em 1584. No final do século XVI, o Brasil exportava 350 mil A Grande Propriedade Mas, afinal, o que era um engenho? Bem, inicialmente a pa- lavra denominava apenas as instalações onde a cana era trans- formada em açúcar. Com o tempo, passou a denominar toda a propriedade, incluindo as lavouras. Essa propriedade açucareira formava uma estrutura complexa, envolvendo terras, constru- ções, técnicas, escravidão e trabalho livre. A sua forma clássica é a grande plantação, baseada no trabalho escravo. Dentre as suas edificações, destacam-se: Casa Grande: Era a residência do proprietário, servindo tam- bém como fortaleza, alojamento e administração. Feitas em ge- ral de adobe e taipa 1 , possuíam mobiliário muito simples. Podi- am ser construções térreas ou assobradadas, mas eram sempre imponentes. Casa de Engenho: Era onde se fazia o processamento na ca- na-de-açúcar para a produção do açúcar. Em geram, constituía- se em várias edificações interligadas. Havia a moenda, as forna- lhas e a casa de purgar, onde o açúcar era branqueado. Senzala: Era onde habitava os escravos em suas poucas horas de descanso. Em instalações insalubres, sem higiene, os escra- vos eram alojados às dezenas. Os escravos dormiam sobre es- trados com esteiras, às vezes com um travesseiro de palha. Importante é perceber que a senzala era construída junto à casa do senhor, mesmo que isso representasse certos inconvenien- tes, como o odor, provocado pelas condições precárias do local e de vida dos escravos, e o próprio medo. Capela:Podia ou não fazer parte da casa-grande, era o local onde até a vizinhança se reunia aos domingos e dias santos, ou em cerimônias de casamentos, batizados ou funerais. O Canavial O plantio de cana começava junto com as chuvas. E o solo era preparado à base das queimadas e da coivara. A cana culti- vada no Brasil era a “crioula” 2 , que foi a única cultivada aqui até o século XIX. Era colhida após 12 a 18 meses. Devido às condi- 1 Adobe é um tijolo feito de argila. Taipa é uma construção em que o barro preenche espaços entre madeiras cruzadas. 2 Era originária da Índia e na Idade Média foi cultivada na Sicília (Itália). ções naturais no Nordeste, chegava-se a fazer mais de uma co- lheita por ano, sempre obedecendo as fases da lua. A área de plantação ficava longe do “centro” da propriedade. A cana colhi- da era transportada de carro de boi ou de barco para ser moída. Os Tipos de Engenho Os engenhos podiam ser diferenciados pelo tipo de moenda, ou melhor, pelo tipo de força empregada para movê-las. Engenhos Reais: Movidos a água, eram os maiores e mais produtivos, por isso eram chamados “reis” dos engenhos. Eram também os que exigiam grandes investimentos, sendo caríssima a sua montagem. Engenhos Trapiches: Eram movidos por forma animal, bois ou cavalos. Havia ainda engenhos menores, denominados engenhocas, destinados à produção de aguardente e rapadura. A forma de moagem evoluiu com o tempo, mas não muito. Chegou a se utilizar três tambores, onde a cana era passada pa- ra a obtenção do caldo. As rodas, os aros, as engrenagens, co- mo os cilindros dentados, tudo exigia mão-de-obra especializa- da, e até instrumentos vindos da Europa, como algumas ferra- gens. Para o funcionamento da casa-de-engenho utilizava-se muita lenha para alimentar as fornalhas. Isso resultou numa devasta- ção da floresta local. É que no Brasil não se conseguiu utilizar o bagaço da cana como combustível, tal qual ocorria nas Antilhas. A Fabricação do Açúcar Após chegar à moenda, a cana era limpa para a extração do caldo. Daí o caldo era levado à um reservatório, o parol, de onde seguia para o cozimento nas casa das fornalhas. Clarifi- cado em enormes vasilhames de cobre (tachos e caldeiras), es- se caldo, já livre de impurezas, transformava-se em melaço, despejados em espécies de vasos e levados para a casa de purgar, onde era drenado e depois branqueado. Após a seca- gem, desenformava-se e a parte branca era separada da escura (mascava). Esse processo gerava diferentes açúcares que ti- nham preços diferenciados pela qualidade. Agromanufatura açucareira. Nos primeiros tempos do Brasil colo- nial, este era o principal espaço social e produtivo. Este aí é um en- genho real, movido à água. Observe o carro de boi trazendo cana- de-açúcar para a moagem. Vê-se também várias funções do traba- lho escravo, além da presença, importante, de trabalhadores livres em atividades variadas. Os Trabalhadores na Fabricação do Açúcar “E verdadeiramente quem via na escuridade da noite aquelas fornalhas tremendas perpetuamente ardentes (...) o ruído das rodas, das cadeias, da gente toda de cor da mesma noite, trabalhando vivamente, e gemendo tudo ao mesmo tempo, sem momento de tréguas, nem

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KL 080408

SOCIEDADE AÇUCAREIRA II

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

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A Certeza de Vencer

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A PRODUÇÃO AÇUCAREIRA Antes mesmo da colonização, é possível, de alguma forma,

ter havido plantação de cana-de-açúcar no Brasil. É certo que na América espanhola houve. Mas o que diferencia a produção açucareira decorrente da colonização dessas plantações anteri-ores é o caráter sistemático e planejado de uma produção em larga escala, voltada para o mercado internacional.

O primeiro engenho construído no Brasil foi na capitania de São Vicente, sob a ordem de Martim Afonso de Souza. Mas on-de o açúcar progrediu, verdadeiramente, foi no Nordeste. O solo fértil, o massapé, aliado à uma boa hidrografia e o clima quente e úmido, criavam condições excepcionais para o plantio da ca-na. Além disso, a proximidade com a Metrópole e a Europa faci-litava a comunicação e o comércio. Em Pernambuco, os primei-ros engenhos funcionaram a partir de 1535. Em 1570 já eram 30. Também na Bahia, com a instalação do Governo Geral, a produção prosperou. Se em 1570 eram 18 os engenhos, esse número pulou para 40 em 1584. No final do século XVI, o Brasil exportava 350 mil A Grande Propriedade

Mas, afinal, o que era um engenho? Bem, inicialmente a pa-lavra denominava apenas as instalações onde a cana era trans-formada em açúcar. Com o tempo, passou a denominar toda a propriedade, incluindo as lavouras. Essa propriedade açucareira formava uma estrutura complexa, envolvendo terras, constru-ções, técnicas, escravidão e trabalho livre. A sua forma clássica é a grande plantação, baseada no trabalho escravo. Dentre as suas edificações, destacam-se: Casa Grande: Era a residência do proprietário, servindo tam-bém como fortaleza, alojamento e administração. Feitas em ge-ral de adobe e taipa1, possuíam mobiliário muito simples. Podi-am ser construções térreas ou assobradadas, mas eram sempre imponentes. Casa de Engenho: Era onde se fazia o processamento na ca-na-de-açúcar para a produção do açúcar. Em geram, constituía-se em várias edificações interligadas. Havia a moenda, as forna-lhas e a casa de purgar, onde o açúcar era branqueado. Senzala: Era onde habitava os escravos em suas poucas horas de descanso. Em instalações insalubres, sem higiene, os escra-vos eram alojados às dezenas. Os escravos dormiam sobre es-trados com esteiras, às vezes com um travesseiro de palha.

Importante é perceber que a senzala era construída junto à casa do senhor, mesmo que isso representasse certos inconvenien-tes, como o odor, provocado pelas condições precárias do local e de vida dos escravos, e o próprio medo. Capela:Podia ou não fazer parte da casa-grande, era o local onde até a vizinhança se reunia aos domingos e dias santos, ou em cerimônias de casamentos, batizados ou funerais. O Canavial

O plantio de cana começava junto com as chuvas. E o solo era preparado à base das queimadas e da coivara. A cana culti-vada no Brasil era a “crioula”2, que foi a única cultivada aqui até o século XIX. Era colhida após 12 a 18 meses. Devido às condi- 1 Adobe é um tijolo feito de argila. Taipa é uma construção em que o barro preenche espaços entre madeiras cruzadas. 2 Era originária da Índia e na Idade Média foi cultivada na Sicília (Itália).

ções naturais no Nordeste, chegava-se a fazer mais de uma co-lheita por ano, sempre obedecendo as fases da lua. A área de plantação ficava longe do “centro” da propriedade. A cana colhi-da era transportada de carro de boi ou de barco para ser moída. Os Tipos de Engenho

Os engenhos podiam ser diferenciados pelo tipo de moenda, ou melhor, pelo tipo de força empregada para movê-las. Engenhos Reais: Movidos a água, eram os maiores e mais produtivos, por isso eram chamados “reis” dos engenhos. Eram também os que exigiam grandes investimentos, sendo caríssima a sua montagem. Engenhos Trapiches: Eram movidos por forma animal, bois ou cavalos.

Havia ainda engenhos menores, denominados engenhocas, destinados à produção de aguardente e rapadura.

A forma de moagem evoluiu com o tempo, mas não muito. Chegou a se utilizar três tambores, onde a cana era passada pa-ra a obtenção do caldo. As rodas, os aros, as engrenagens, co-mo os cilindros dentados, tudo exigia mão-de-obra especializa-da, e até instrumentos vindos da Europa, como algumas ferra-gens.

Para o funcionamento da casa-de-engenho utilizava-se muita lenha para alimentar as fornalhas. Isso resultou numa devasta-ção da floresta local. É que no Brasil não se conseguiu utilizar o bagaço da cana como combustível, tal qual ocorria nas Antilhas. A Fabricação do Açúcar

Após chegar à moenda, a cana era limpa para a extração do caldo. Daí o caldo era levado à um reservatório, o parol, de onde seguia para o cozimento nas casa das fornalhas. Clarifi-cado em enormes vasilhames de cobre (tachos e caldeiras), es-se caldo, já livre de impurezas, transformava-se em melaço, despejados em espécies de vasos e levados para a casa de purgar, onde era drenado e depois branqueado. Após a seca-gem, desenformava-se e a parte branca era separada da escura (mascava). Esse processo gerava diferentes açúcares que ti-nham preços diferenciados pela qualidade.

Agromanufatura açucareira. Nos primeiros tempos do Brasil colo-nial, este era o principal espaço social e produtivo. Este aí é um en-genho real, movido à água. Observe o carro de boi trazendo cana-de-açúcar para a moagem. Vê-se também várias funções do traba-lho escravo, além da presença, importante, de trabalhadores livres em atividades variadas. Os Trabalhadores na Fabricação do Açúcar

“E verdadeiramente quem via na escuridade da noite aquelas for‐nalhas tremendas perpetuamente ardentes (...) o ruído das rodas, das cadeias, da gente toda de cor da mesma noite, trabalhando vivamen‐te, e gemendo tudo ao mesmo tempo, sem momento de tréguas, nem 

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descanso; quem vir enfim toda a máquina e aparato confuso e estron‐doso daquela Babilônia, não poderá duvidar, ainda que tenha visto Et‐nas e Vesúvios, que é uma semelhança do inferno.”      (Padre Antônio Vieira) 

As observações acima dão uma idéia do quão penoso era o trabalho escravo no fabrico do açúcar. A jornada de trabalho era extenuante, podia chegar a vinte horas diárias na safra. As qua-tro horas seguintes eram para a limpeza do equipamento A pro-dução era dividida em tarefas e supervisionados por artesãos especializados. Os trabalhadores eram divididos em dois turnos, destinados à execução das tarefas de moer, cozer, purgar e embalar. Os escravos que trabalhavam na moenda, nas forna-lhas e nas caldeiras eram os que mais sofriam. Às vezes, mãos ou braços eram perdidos nas moendas. Pessoas que presencia-ram essas atividades relatam que sempre havia por perto um pé-de-cabra e um facão ou machadinha, para amputar o mem-bro em caso de acidente. As fornalhas e caldeiras geravam uma temperatura tão alta, que os escravos mais fortes eram escolhi-dos para esse tipo de serviço. As queimaduras eram comuns e, como o jesuíta descreveu acima, era a visão do próprio inferno.

Moagem de cana-de-açúcar e o trabalho nas fornalhas (H. Koster)

Importantíssimo nesse processo foram os trabalhadores li-vres. Em geral, era um técnico especializado em procedimentos desconhecidos dos negros. Dentre eles, destacavam-se o fei-tor-mor (espécie de gerente do engenho) e o mestre-de-açúcar (o mais especializado de todos; de seus conhecimentos resultava a qualidade do açúcar). Havia ainda caldereiros, le-vadeiros (responsáveis pela água que movia a moenda), pur-gador, barqueiro, carpinteiros e outros. Também trabalhado-res não ligados ao trabalho produtivo, como o caixeiro, o co-brador de rendas e o escrivão, por exemplo.

Com o tempo e a maior intimidade com o processo de pro-dução, várias dessas tarefas passaram a ser feitas por escra-vos. Há registros de escravos trabalhando até de mestres-de-açúcar.

Muitos engenhos contavam com trabalhadores índios não escravos. Eles exerciam funções que iam de mariscadores até cortadores de lenha. Mas era o trabalho de “capitães do mato”, responsável pela busca de escravos fugitivos, que acabava cri-ando uma situação de antagonismo com os negros, que, nesse caso, identificavam esses índios como inimigos.

SOCIEDADE E MENTALIDADES Em textos anteriores, foi analisada a sociedade tupi-guarani.

E em texto futuro, vai ser melhor observada a organização social dos negros no Brasil do açúcar, visto que eram atingidos direta-mente pela condição de escravos. Daí que este texto vai ser di-recionado aos grupos e indivíduos brancos, de origem portugue-sa. Mas sem deixar de lado as suas vinculações com índios e negros. Mesmo porque a escassez de mulheres brancas por aqui, nos primeiros tempos de colonização, levou uma boa quantidade de colonos a juntar-se a índias, e não eram inco-muns relações entre brancos e escravas.

Os estudos sobre a chegada e fixação dos portugueses no Brasil são vários; as abordagens e os objetos de análise são múltiplos e as conclusões são diversas. Mas, no geral, pode-se

dizer que num ponto os eles concordam, os portugueses tive-ram que adaptar hábitos e costumes a uma nova realidade: a vida na colônia.

Ora, como toda sociedade, a que vai se formar no Brasil é cheia de contradições e diversidades. Ela foi moldada com forte influência dos valores, religião e moralidade portuguesa. Mas, ao mesmo tempo, houve uma frouxidão desses valores, pela própria sensação de liberdade aqui existente. Além disso, gran-de parte dos colonos vinha para cá sozinhos, pois viam a Colô-nia como um local para se ganhar dinheiro e de-pois retornar ao seu país de origem, daí que não pensavam em reproduzir aqui uma unidade famili-ar. A já citada falta de mulheres brancas muito contribui para essa situa-ção, pois as uniões aca-bam acontecendo com as índias, que não tinham a mesma moral sexual dos europeus. No século XVI, alguns religiosos, como o jesuíta Manoel da Nóbre-ga, chegaram a pedir que a Coroa enviasse mulhe-res brancas para cá, “mesmo as de mau pro-ceder”.

Famílias Coloniais Dois dos mais impor-

tantes estudiosos da sociedade brasileira, Gilberto Freire e Sér-gio Buarque de Holanda, por caminhos diferentes, consideraram que a tradição patriarcal portuguesa, aliada ao meio rural e es-cravista da colônia, está nas raízes do patriarcalismo brasileiro. Esse poder, em geral, é associado aos grandes proprietários de terras e escravos que, além de impor seu comando sobre sua mulher, filhos, empregados, agregados e escravos, estendia sua autoridade, muitas vezes, sobre áreas vizinha. Aí está uma das características da família senhorial, ela é extensa, agrupan-do a família nuclear (pai, mãe e filhos) parentes, filhos de criação, filhos bastardos, além dos já citados empregados e os escravos que trabalhavam na casa-grande, que era onde viviam essas pessoas.

Entretanto, esse é apenas um modelo familiar dentre os i-números tipos de famílias existentes à época. Havia famílias mais simples, compostas apenas de pais, mães e filhos. Além de solteiros e famílias lideradas por viúvos e viúvas. Isso mes-mo, famílias lideradas por mulheres, em geral resultantes de ausência, abandono ou morte do marido.

“(...) o próprio caráter de uma sociedade estratificada, na qual a condição legal e racial dividia os indivíduos entre brancos e negros, livres e escravos, dificulta a tentativa de buscarmos de norte a sul do país, no mundo urbano e rural e ao longo de qua-se quatro séculos, padrões semelhantes de vida e de organiza-ção familiar, até mesmo no interior de uma determinada camada da população.“3

Outro aspecto que a historiadora chama a atenção é para o fato de que famílias nem sempre compartilhavam um domicílio. Se havia lares em que as famílias eram extensivas, com todos os agregados e parentes próximos, havia também aqueles em que a família nuclear compartilhava o espaço com um ou dois escravos. Sem falar dos padres que, por vezes, conviviam com suas concubinas e escravas.

Como se vê, existe uma multiplicidade de organizações fami-liares, que podem variar conforme a região ou a composição so-cial dos indivíduos, por exemplo.

3- ALGRANTI, Leila Mezan. Famílias e Vida Doméstica. in Histó-ria da Vida Privada no Brasil. São Paulo, Cia. das Letras.1997