história do brasil - pré-vestibular - 1904 - revolta da vacina

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  • 8/14/2019 Histria do Brasil - Pr-Vestibular - 1904 - Revolta da Vacina

    1/1

    Conflitos na Histria do Brasil- Perodo Republicano -

    Repblica Velha

    Revolta da Vacina: 1904

    A chamada Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de Novembro de 1904 na cidade do Rio deJaneiro, no Brasil. No incio do sculo XX, a cidade do Rio de Janeiro, como capital da Repblica,

    apesar de possuir belos palacetes e casares, tinha graves problemas urbanos: rede insuficiente de

    gua e esgoto, coleta de lixo precria e cortios super povoados. Nesse ambiente proliferavam

    muitas doenas, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a hansenase. Alastravam-se, sobretudo,

    grandes epidemias de febre amarela, varola e peste bubnica. Decidido a sanear e modernizar a

    cidade, o ento presidente da Repblica Rodrigues Alves (1902-1906) deu plenos poderes ao

    prefeito Pereira Passos e ao mdico Dr.Oswaldo Cruz para executarem um grande projeto sanitrio.

    O prefeito ps em prtica uma ampla reforma urbana, que ficou conhecida como bota abaixo, em

    razo das demolies dos velhos prdios e cortios, que deram lugar a grandes avenidas, edifcios e

    jardins. Milhares de pessoas pobres foram desalojadas fora, sendo obrigadas a morar nos morros

    e na periferia. Oswaldo Cruz, convidado a assumir a Direo Geral da Sade Pblica, criou asBrigadas Mata Mosquitos, grupos de funcionrios do Servio Sanitrio que invadiam as casas para

    desinfeco e extermnio dos mosquitos transmissores da febre amarela. Iniciou tambm a

    campanha de extermnio de ratos considerados os principais transmissores da peste bubnica,

    espalhando raticidas pela cidade e mandando o povo recolher o lixo.

    A revolta popular

    "Tiros, gritaria, engarrafamento de trnsito, comrcio fechado, transporte pblico

    assaltado e queimado, lampies quebrados pedradas, destruio de fachadas dos edifcios

    pblicos e privados, rvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o

    projeto de vacinao obrigatrio proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz" (Gazeta de

    Notcias, 14 de novembro de 1904).

    A resistncia popular, quase um golpe militar, teve o apoio de positivistas e dos cadetes da Escola

    Militar. Os acontecimentos, que tiveram incio no dia 10 de novembro de 1904, com uma

    manifestao estudantil, cresceram consideravelmente no dia 12, quando a passeata de

    manifestantes dirigia-se ao Palcio do Catete, sede do Governo Federal. A populao estava

    alarmada. No domingo, dia 13, o centro do Rio de Janeiro transforma-se em campo de batalha: era a

    rejeio popular vacina contra a varola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina, mas que

    foi muito alm do que isto. Para erradicar a varola, o sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a

    Lei da Vacina Obrigatria (31 de Outubro de 1904), que permitia que brigadas sanitrias,

    acompanhadas por policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina fora. A populao estavaconfusa e descontente. A cidade parecia em runas, muitos perdiam suas casas e outros tantos

    tiveram seus lares invadidos pelos mata-mosquitos, que agiam acompanhados por policiais. Jornais

    da oposio criticavam a ao do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina.

    Alm disso, o boato de que a vacina teria de ser aplicada nas "partes ntimas" do corpo (as mulheres

    teriam que se despir diante dos vacinadores) agravou a ira da populao, que se rebelou. A

    aprovao da Lei da Vacina foi o estopim da revolta: no dia 5 de Novembro, a oposio criava a

    Liga contra a Vacina Obrigatria. Entre os dias 10 e 16 de novembro, a cidade virou um campo de

    guerra. A populao exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou

    trilhos, quebrou postes e atacou as foras da polcia com pedras, paus e pedaos de ferro. No dia 14,

    os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha tambm se sublevaram contra as medidas baixadas

    pelo Governo Federal. A reao popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina ea declarar estado de stio (16 de Novembro). A rebelio foi contida, deixando 30 mortos e 110

    feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre. Ao reassumir o

    controle da situao, o processo de vacinao foi reiniciado, tendo a varola, em pouco tempo sido

    erradicada da capital.