história do brasil - pré-vestibular - 1893 - revolta da armada

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Conflitos na História do Brasil - Período Republicano - República Velha Revolta da Armada: 1893-1894 A chamada Revolta da Armada foi um movimento de rebelião promovido por unidades da Marinha do Brasil contra o governo do marechal Floriano Peixoto, supostamente apoiada pela oposição monarquista à recente instalação da República. Desenvolveu-se em dois momentos: A primeira Revolta da Armada Em novembro de 1891, registrou-se como reação à atitude do presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, que, com dificuldades em negociar com a oposição representada pela elite cafeicultora, em flagrante violação da Constituição recém promulgada em 1891, ordenou o fechamento do Congresso. Unidades da Armada na Baía de Guanabara, sob a liderança do almirante Custódio de Melo, sublevaram-se e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, então capital da República. Para evitar uma guerra civil, o marechal Deodoro renunciou à Presidência da República (23 de novembro de 1891). Com a renúncia de Deodoro, passados apenas nove meses do início de seu governo, o vice- presidente Floriano Peixoto assumiu o cargo (1892). A Constituição de 1891, no entanto, previa nova eleição caso a Presidência ou a Vice-Presidência ficassem vagas antes de decorridos dois anos de mandato. A oposição acusou, então, Floriano de manter-se ilegalmente à frente da nação A segunda Revolta da Armada Começou a delinear-se em Março de 1892, quando treze generais enviaram uma Carta-Manifesto ao Presidente da República, marechal Floriano Peixoto. Este documento exigia a convocação de novas eleições presidenciais para que, cumprindo-se o dispositivo constitucional, se estabelecesse a tranquilidade interna na nação. Floriano reprimiu duramente o movimento, determinando a prisão de seus líderes. "Concidadãos, Contra a Constituição e contra a integridade da própria Nação, o chefe do Executivo [Floriano Peixoto] mobilizou o Exército discricionariamente, pô-lo em pé de guerra e despejou-o nos infelizes estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Contra quem? Contra o inimigo do exterior, contra estrangeiros? Não. O vice-presidente armou brasileiros contra brasileiros; levantou legiões de supostos patriotas, levando o luto, a desolação e a miséria a todos os ângulos da República (...). Sentinela do Tesouro Nacional como prometera, o chefe do Executivo perjurou, iludiu a Nação, abrindo com mão sacrílega as arcas do erário público a uma política de suborno e corrupção. (...) Viva a Nação Brasileira! Viva a República! Viva a Constituição! Capital da República, 6 de setembro de 1893. Contra-Almirante Custódio José de Melo" (in: Jornal do Brasil) Em 6 de setembro de 1893, um grupo de altos oficiais da Marinha exigiu a imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. Entre os revoltosos estavam os almirantes Saldanha da Gama, Eduardo Wandenkolk e Custódio de Melo, ex-ministro da Marinha e candidato declarado à sucessão de Floriano. Sua adesão refletia o descontentamento da Armada com o pequeno prestígio

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Page 1: História do Brasil - Pré-Vestibular - 1893 - Revolta da Armada

Conflitos na História do Brasil - Período Republicano -

República Velha

Revolta da Armada: 1893-1894

A chamada Revolta da Armada foi um movimento de rebelião promovido por unidades da Marinha do Brasil contra o governo do marechal Floriano Peixoto, supostamente apoiada pela oposição monarquista à recente instalação da República. Desenvolveu-se em dois momentos:

A primeira Revolta da Armada

Em novembro de 1891, registrou-se como reação à atitude do presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, que, com dificuldades em negociar com a oposição representada pela elite cafeicultora, em flagrante violação da Constituição recém promulgada em 1891, ordenou o fechamento do Congresso. Unidades da Armada na Baía de Guanabara, sob a liderança do almirante Custódio de Melo, sublevaram-se e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, então capital da República. Para evitar uma guerra civil, o marechal Deodoro renunciou à Presidência da República (23 de novembro de 1891).

Com a renúncia de Deodoro, passados apenas nove meses do início de seu governo, o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu o cargo (1892). A Constituição de 1891, no entanto, previa nova eleição caso a Presidência ou a Vice-Presidência ficassem vagas antes de decorridos dois anos de mandato. A oposição acusou, então, Floriano de manter-se ilegalmente à frente da nação

A segunda Revolta da Armada

Começou a delinear-se em Março de 1892, quando treze generais enviaram uma Carta-Manifesto ao Presidente da República, marechal Floriano Peixoto. Este documento exigia a convocação de novas eleições presidenciais para que, cumprindo-se o dispositivo constitucional, se estabelecesse a tranquilidade interna na nação. Floriano reprimiu duramente o movimento, determinando a prisão de seus líderes.

"Concidadãos, Contra a Constituição e contra a integridade da própria Nação, o chefe do Executivo [Floriano Peixoto] mobilizou o Exército discricionariamente, pô-lo em pé de guerra e despejou-o nos infelizes estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Contra quem? Contra o inimigo do exterior, contra estrangeiros? Não. O vice-presidente armou brasileiros contra brasileiros; levantou legiões de supostos patriotas, levando o luto, a desolação e a miséria a todos os ângulos da República (...). Sentinela do Tesouro Nacional como prometera, o chefe do Executivo perjurou, iludiu a Nação, abrindo com mão sacrílega as arcas do erário público a uma política de suborno e corrupção. (...) Viva a Nação Brasileira! Viva a República! Viva a Constituição! Capital da República, 6 de setembro de 1893. Contra-Almirante Custódio José de Melo" (in: Jornal do Brasil)

Em 6 de setembro de 1893, um grupo de altos oficiais da Marinha exigiu a imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. Entre os revoltosos estavam os almirantes Saldanha da Gama, Eduardo Wandenkolk e Custódio de Melo, ex-ministro da Marinha e candidato declarado à sucessão de Floriano. Sua adesão refletia o descontentamento da Armada com o pequeno prestígio

Page 2: História do Brasil - Pré-Vestibular - 1893 - Revolta da Armada

político da Marinha em comparação ao do Exército. No movimento encontravam-se também jovens oficiais e muitos monarquistas.

A revolta teve pouco apoio político e popular no Rio de Janeiro, onde diversas unidades encouraçadas trocaram tiros com a artilharia dos fortes em poder do Exército. Sem chance de vitória na baía da Guanabara, os revoltosos dirigiram-se para sul do país. Alguns efetivos desembarcam na cidade de Desterro (atual Florianópolis) e tentaram, inutilmente, articular-se com os federalistas gaúchos.

O presidente da República, apoiado pelo Exército brasileiro e pelo Partido Republicano Paulista conteve o movimento em março de 1894, para o que fez adquirir, às pressas, no exterior, novos navios de guerra, a chamada "frota de papel".

Embarcações da Marinha do Brasil

• Encouraçado Aquidabã • Encouraçado Sete de Setembro • Encouraçado Fluvial Javari • Cruzador República • Cruzador Tamandaré • Cruzador Trajano • Cruzador Auxiliar Esperança • Cruzador Auxiliar Pereira da Cunha • Canhoneira Marajó • Torpedeira Araguari • Torpedeira Iguatemi • Torpedeira Marcílio Dias • Navio Transporte Madeira

Embarcações civis incorporadas pelos rebeldes

Estas embarcações foram confiscadas pelas forças rebeldes, a fim de suprir as suas necessidades de combustível, munições e víveres:

• da Companhia Frigorífica Fluminense: o Júpiter o Marte o Mercúrio o Paraíba o Vênus o Uranus

• da Navegación Lage: o Adolpho de Barros o Gil Blas

• da Lloyd Brasileiro: o Meteoro

• da Wilson & Sons: o Luci o Guanabara o Vulcano o Glória o Bitencourt