história do brasil - pré-vestibular - 1893 - canudos

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Conflitos na História do Brasil - Período Republicano - República Velha Guerra de Canudos: 1893-1897 A Guerra de Canudos, revolução de Canudos ou insurreição de Canudos foi um movimento político-religioso brasileiro que durou de 1896 a 1897, ocorrida na cidade de Canudos no interior do Estado da Bahia. No sertão da Bahia, no final do século XIX, travou-se a Guerra de Canudos, uma das mais sanguinárias revoltas populares da história brasileira. Movimento de cunho religioso, adquiriu coloração política, passou a ser considerado subversivo pelo governo e se alastrou em áreas socialmente carentes e miseráveis. Canudos era um arraial do interior da Bahia, área isolada e de difícil acesso. Na região se instalou a partir de 1893 o beato Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro. Antes, o beato percorrera o sertão pregando transformações, profetizando o fim do mundo e despertando a ira das autoridades e do clero católico, que o consideravam e a seus seguidores uma ameaça ao establishment. Conselheiro comandou uma queima de editais de cobrança de impostos e, em seguida, refugiou-se com seus adeptos em Canudos. A partir daí, seu exército, uma grande massa de pobres e maltrapilhos, só cresceu, chegando a uma população de 30 mil pessoas. Ao mesmo tempo, Conselheiro desenvolveu uma das primeiras experiências socialistas no mundo: em Canudos, cada família entregava metade de suas posses para o conjunto da comunidade, mantinha roças e criações familiares, vivia desse trabalho e sustentava os desvalidos que iam chegando. Conselheiro seguia princípios da igreja católica e impunha regras religiosas rígidas a seus seguidores, obrigados a rezar terços todas as noites. A perseguição à comunidade aumentou após relatório de frades capuchinhos que apontavam Conselheiro e seus beatos como adeptos de seita político-religiosa lastreada em superstições e fanatismo. Aos poucos, o movimento adquiriu caráter de oposição à República instalada anos antes no país. O governo do estado começou a despachar tropas para destruir o arraial e estas eram irremediavelmente dizimadas pelo bando de beatos. Mas, a morte de um coronel do Exército mudou o curso dos combates. Em 1897, na quarta incursão de tropas governamentais à região, os militares incendiaram Canudos, mataram toda a população e degolaram os prisioneiros Na Guerra de Canudos os revoltosos contestavam o regime republicano recém adotado e a sua liderança, exercida por Antônio Conselheiro, baseava-se na motivação religiosa. Todo o conflito foi retratada no livro "Os Sertões" de Euclides da Cunha, que a presenciou como repórter do jornal O Estado de S. Paulo. Uma referência importante para entender a Guerra de Canudos é o romance "A Guerra do Fim do Mundo" de Mario Vargas Llosa. Nesta obra, Llosa descreve os fatos como que num romance, o que faz o leitor sentir toda a dimensão da tragédia que foi esta guerra, que, no Brasil, perde em dimensões somente para a Guerra do Contestado. A Guerra de Canudos propriamente dita durou um ano e, segundo a história, mobilizou ao todo mais de dez mil soldados oriundos de 17 Estados brasileiros, distribuídos em quatro expedições militares. Calcula-se que morreram ao todo mais de 25 mil pessoas, culminando com a destruição total da cidade palco da guerra. A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave

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Page 1: História do Brasil - Pré-Vestibular - 1893 - Canudos

Conflitos na História do Brasil - Período Republicano -

República Velha

Guerra de Canudos: 1893-1897

A Guerra de Canudos, revolução de Canudos ou insurreição de Canudos foi um movimento político-religioso brasileiro que durou de 1896 a 1897, ocorrida na cidade de Canudos no interior do Estado da Bahia. No sertão da Bahia, no final do século XIX, travou-se a Guerra de Canudos, uma das mais sanguinárias revoltas populares da história brasileira. Movimento de cunho religioso, adquiriu coloração política, passou a ser considerado subversivo pelo governo e se alastrou em áreas socialmente carentes e miseráveis.

Canudos era um arraial do interior da Bahia, área isolada e de difícil acesso. Na região se instalou a partir de 1893 o beato Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro. Antes, o beato percorrera o sertão pregando transformações, profetizando o fim do mundo e despertando a ira das autoridades e do clero católico, que o consideravam e a seus seguidores uma ameaça ao establishment. Conselheiro comandou uma queima de editais de cobrança de impostos e, em seguida, refugiou-se com seus adeptos em Canudos. A partir daí, seu exército, uma grande massa de pobres e maltrapilhos, só cresceu, chegando a uma população de 30 mil pessoas.

Ao mesmo tempo, Conselheiro desenvolveu uma das primeiras experiências socialistas no mundo: em Canudos, cada família entregava metade de suas posses para o conjunto da comunidade, mantinha roças e criações familiares, vivia desse trabalho e sustentava os desvalidos que iam chegando. Conselheiro seguia princípios da igreja católica e impunha regras religiosas rígidas a seus seguidores, obrigados a rezar terços todas as noites. A perseguição à comunidade aumentou após relatório de frades capuchinhos que apontavam Conselheiro e seus beatos como adeptos de seita político-religiosa lastreada em superstições e fanatismo.

Aos poucos, o movimento adquiriu caráter de oposição à República instalada anos antes no país. O governo do estado começou a despachar tropas para destruir o arraial e estas eram irremediavelmente dizimadas pelo bando de beatos. Mas, a morte de um coronel do Exército mudou o curso dos combates. Em 1897, na quarta incursão de tropas governamentais à região, os militares incendiaram Canudos, mataram toda a população e degolaram os prisioneiros

Na Guerra de Canudos os revoltosos contestavam o regime republicano recém adotado e a sua liderança, exercida por Antônio Conselheiro, baseava-se na motivação religiosa. Todo o conflito foi retratada no livro "Os Sertões" de Euclides da Cunha, que a presenciou como repórter do jornal O Estado de S. Paulo. Uma referência importante para entender a Guerra de Canudos é o romance "A Guerra do Fim do Mundo" de Mario Vargas Llosa. Nesta obra, Llosa descreve os fatos como que num romance, o que faz o leitor sentir toda a dimensão da tragédia que foi esta guerra, que, no Brasil, perde em dimensões somente para a Guerra do Contestado. A Guerra de Canudos propriamente dita durou um ano e, segundo a história, mobilizou ao todo mais de dez mil soldados oriundos de 17 Estados brasileiros, distribuídos em quatro expedições militares. Calcula-se que morreram ao todo mais de 25 mil pessoas, culminando com a destruição total da cidade palco da guerra.

A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave

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problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego.

O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.

Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.

Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças.

Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de nosso país.

Conclusão : Esta revolta, ocorrida nos primeiros tempos da República, mostra o descaso dos governantes com relação aos grandes problemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as revoltas que reivindicavam melhores condições de vida ( mais empregos, justiça social, liberdade, educação etc), foram tratadas como "casos de polícia" pelo governo republicano. A violência oficial foi usada, muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que lutavam por direitos sociais e melhores condições de vida.

Essa série de acontecimentos gerou uma série de livros, filmes e materiais relacionados, como o livro “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que presenciou toda a guerra; o filme “Canudos” e muitos outros. Site sobre a Guerra de Canudos http://canudos.portfolium.com.br/