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História do Brasil “A Primeira Missa no Brasil”. Victor Meirelles, 1860.

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Page 1: História do Brasil A Primeira Missa no Brasil. Victor Meirelles, 1860

História do Brasil

“A Primeira Missa no Brasil”. Victor Meirelles, 1860.

Page 2: História do Brasil A Primeira Missa no Brasil. Victor Meirelles, 1860

“Carta a El Rei D. Manuel,

Senhor, posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer!

Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu...”

Carta ao Rei D. Manuel, Porto Seguro, 1 de maio de 1500.

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“(...) houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!

(...) Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de papagaio...”

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“ (...) Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali.

Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam

pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. (...) Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não

gostaram dele nada, nem quiseram mais. (...) Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem,

e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo.

Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender, por que lho não havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas”

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Michel de Montaigne (1533-1592)“ Esses povos não me parecem, pois, merecer o

qualitativo de selvagens somente por não terem sido senão muito pouco modificados pela ingerência do espírito humano... É um país, diria eu a Platão, onde não há comércio de qualquer natureza, nem literatura, nem matemáticas; onde não se conhece sequer de nome um magistrado; onde não existe hierarquia política, nem domesticidade...Em matéria de trabalho, só sabem da ociosidade;... O vestuário, a agricultura, o trabalho dos metais aí se ignoram...”

MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. São Paulo: Abril Cultural, Col. Os Pensadores, 2001, p.106.

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“Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade (antropofagia), mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos. (...) É pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé... Podemos qualificar esses povos como bárbaros dando ouvidos apenas à inteligência, mas nunca se os compararmos a nós mesmos, que os excedemos em toda sorte de barbaridade”

• Montaigne retoma que cada qual chama de bárbaro o que não se pratica em suas terras

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012006000200001&script=sci_arttext

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• Conceito de alteridade:• al.te.ri.da.de

sf (lat alter+dade) Estado ou qualidade do que é outro, distinto, diferente.

• Necessidade de explicar o outro, dificuldade com o outro.

• Problema da tradução: o mundo em que se conta e o mundo que se conta, comparação, analogias para explicação do outro.

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Expansão Marítima Européia• Decadência do feudalismo com o Renascimento comercial, a

burguesia mercantil acumulou capital comercial;• Expansão Ultramarina: Portugal e Espanha:1. Desenvolvimento tecnológico (bússola, astrolábio, caravela).

Objetivo: busca de novos mercados e ampliação da atividade comercial

2. Especiarias (ouro, prata, pedras preciosas, marfim, açúcar, pimenta) = reduzido volume e alto valor unitário.

3. Busca por especiarias diretamente na fonte produtora4. Desde o final do século XV e durante todo o XVI o Estado Português

está inteiramente voltado para uma política mercantil ultramarina;5. Portugueses dominam totalmente o comércio ultramarino europeu

com lucros imensos. Portugal transformou-se no mais rico país da Europa durante a metade do século XVI.

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Portugal• A riqueza era mais aparente do que real: quase toda ela

escoava para o exterior.1. Agricultura interna pobre e sem manufaturas, Portugal era

obrigado a importar quase tudo o que consumia pagando com as especiarias obtidas no ultramar;

2. A conquista e manutenção do império ultramarino absorviam parte considerável dos lucros comerciais: desperdícios sustentando o luxo da corte, enormes doações à nobreza e ao clero (dois grupos sociais parasitários que viviam luxuosamente às custas do Estado)

Em meados do XVI, Portugal já se encontrava em processo de decadência, o que influenciou a colonização do Brasil, iniciada nessa época.

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Mercantilismo • mer.can.ti.lis.mo

sm (mercantil+ismo) 1 Tendência para subordinar tudo ao comércio, ao ganho, ao interesse. 2 Predomínio do interesse ou do espírito mercantil. 3 Econ polít Doutrina consolidada no século XVIII, segundo a qual a riqueza e o poder de um país consistiam na posse de metais preciosos.

• Princípios Mercantilistas:1. Comercialização de mercadorias domina e controla a

produção de mercadorias;2. A comercialização é mais lucrativa do que a produção;3. É fundamental para um país que suas exportações sejam

maiores do que suas importações;4. Um país deve acumular as maiores reservas possíveis de

ouro e prata (princípio do metalismo);

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Período Pré-Colonial (1500-1530): o Brasil não interessava tanto

• Foco no lucro do comércio de especiarias no Oriente

• Falta de homens para povoar todas as regiões descobertas e a escassez aparente de metais

• Preocupação de garantir a posse: envio de expedições exploradoras e guarda-costas para retirar pau-brasil (corante nas manufaturas têxteis)

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• Exploração do pau-brasil: atividade nômade e predatória (destruição de grande parte das florestas nativas)

• Trabalho realizados pelos nativos na forma de escambo (troca) por todo o litoral, nos limites do Tratado de Tordesilhas, foram construídos depósitos de madeira chamados feitorias.

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• Presença constante de estrangeiros, sobretudo franceses, progressiva crise do comércio com as Índias e o fracasso das feitorias fizeram com que a Coroa Portuguesa enviasse a primeira expedição colonizadora sob o comando de Martim Afonso de Souza em 1530. Sua função era percorrer e patrulhar boa parte da costa brasileira, fundando o primeiro núcleo de colonização efetiva do Brasil, a Vila de São Vicente.

• Distribuição de sesmarias (lotes de terra) a particulares que se dispusessem a cultivá-las e iniciou a produção de cana de açúcar construindo o primeiro engenho na colônia.

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• Coroa Portuguesa recorreu ao cultivo de cana-de-açúcar e à mão-de-obra escrava para viabilizar seu projeto de ocupação e de povoamento do Brasil, em função da experiência agrícola bem-sucedida nas regiões conquistadas da costa africana (Açores, Cabo Verde, São Tomé) e em razão da alta lucratividade do tráfico negreiro.

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Caracterização Colonial

• O que é uma Colônia?

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• co.lô.niasf (lat colonia) 1 Povoação de colonos. 2 Grupo de pessoas da mesma nacionalidade que vive em uma região limitada de outro país. 3 Sociol Território controlado politicamente por um Estado e povoado por emigrantes procedentes desse mesmo Estado metropolitano, justapostos ou sobrepostos a uma população indígena.

• Resumindo:• Território não independente, ou seja, local que não possui

governo próprio, pois pertence a uma metrópole.• Além disso, o que define um país ou região colonial ou

colonizada são determinadas características de sua estrutura econômica, social, política e cultural:

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Função Econômica da Colônia

• A metrópole apropria-se das mercadorias produzidas na colônia, encarregando-se de comercializá-las na Europa.

• Dessa forma a metrópole reduz suas importações e aumenta as exportações. Nesse processo, a metrópole aumenta suas reservas de ouro.

• Esta divisão de trabalho (a colônia se dedica à produção e a metrópole à comercialização) dá-se o nome de Pacto Colonial

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• Em termo econômicos, o Brasil era uma colônia porque:• O açúcar destinava-se ao mercado externo, e não ao

interno;• A produção açucareira visava satisfazer os interesses de

Portugal e não os do Brasil;• Dedicando-se apenas à produção, o Brasil deixava a parte

mais lucrativa (a comercialização) com a metrópole;• Grande parte da renda obtida pela Colônia acabava sendo

desviada para Portugal,pois, como o Brasil produzia quase que somente açúcar, tinha que importar praticamente todos os outros produtos aqui consumidos;

• Monopólio comercial: obrigava o Brasil a fazer todo o seu comércio exterior através de Portugal, reforçou ainda mais a subordinação da Colônia à Metrópole