história de israel

47
História de Israel Introdução Para entender um evento precisamos analisar o processo histórico sob o qual se desenvolveu, ou seja, os caminhos percorridos pelas pessoas envolvidas e os fatores que determinaram os acontecimentos. Isto significa que precisamos fazer uma espécie de “desmonte” das informações que nos chegam para tentarmos ver os interesses que estão em jogo. Nenhum fato ocorre sem ligações históricas, sem influências políticas, econômicas, sociais e culturais. Para uma abordagem mais segura da Bíblia precisamos conhecer, ou pelo menos, ter uma visão geral da história de Israel, povo, em torno do qual, giram os relatos bíblicos. Cada livro que compõe a Bíblia foi escrito numa época específica da história. Cada texto nasceu a partir de problemas enfrentados por uma determinada comunidade. Retratam, portanto, as lutas e as esperanças de um povo. Essas comunidades foram confrontadas por problemas como a fome, as guerras, a exploração de sua força de trabalho, a tomada de suas terras, a escravidão, enfim, todos os percalços de um povo que deseja viver a liberdade e a paz prometida por Deus. Desse modo para compreender o texto bíblico é necessário tentar compreender todos esses elementos que compõem o “pano-de-fundo” (a base) de toda a história bíblica. Em primeiro lugar é necessário compreendermos a localização geográfica da Palestina (a terra de Canaã), e o significado dessa localização para o mundo antigo. A Palestina servia de ligação entre a África e a Ásia; entre o Egito, a Mesopotâmia e a Ásia Menor. Por essa razão aquela Região esteve constantemente envolvida em conflitos políticos. As grandes

Upload: oseias-lima-vieira

Post on 28-Oct-2015

33 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: História de Israel

História de Israel

Introdução

Para entender um evento precisamos analisar o processo histórico sob o qual se desenvolveu, ou

seja, os caminhos percorridos pelas pessoas envolvidas e os fatores que determinaram os

acontecimentos. Isto significa que precisamos fazer uma espécie de “desmonte” das informações

que nos chegam para tentarmos ver os interesses que estão em jogo. Nenhum fato ocorre sem

ligações históricas, sem influências políticas, econômicas, sociais e culturais.

Para uma abordagem mais segura da Bíblia precisamos conhecer, ou pelo menos, ter uma visão

geral da história de Israel, povo, em torno do qual, giram os relatos bíblicos.

Cada livro que compõe a Bíblia foi escrito numa época específica da história. Cada texto nasceu a

partir de problemas enfrentados por uma determinada comunidade. Retratam, portanto, as lutas e as

esperanças de um povo. Essas comunidades foram confrontadas por problemas como a fome, as

guerras, a exploração de sua força de trabalho, a tomada de suas terras, a escravidão, enfim, todos

os percalços de um povo que deseja viver a liberdade e a paz prometida por Deus.

Desse modo para compreender o texto bíblico é necessário tentar compreender todos esses

elementos que compõem o “pano-de-fundo” (a base) de toda a história bíblica.

Em primeiro lugar é necessário compreendermos a localização geográfica da Palestina (a terra de

Canaã), e o significado dessa localização para o mundo antigo.

A Palestina servia de ligação entre a África e a Ásia; entre o Egito, a Mesopotâmia e a Ásia Menor.

Por essa razão aquela Região esteve constantemente envolvida em conflitos políticos. As grandes

nações da época (Egito, Assíria, Babilônia, Síria), utilizavam-na como uma espécie de base militar

para daí controlarem o movimento das demais nações e estabelecerem o seu domínio.

As potências políticas e econômicas da época:

1. Egito – manteve o domínio da Palestina antes de Israel lá chegar.

2. Assíria – começa a se expandir no século IX a.C. Domina Samaria em 721 a.C. após uma

derrota para o Egito, é dominada pela Babilônia em 612 a.C. Teglat Falasar, rei assírio tinha como

objetivo obter o controle de todas as vias de acesso ao Egito.

3. Babilônia – ganha notoriedade com Hamurabi no século XVIII a.C. Passa algum tempo sob o

domínio assírio. Emerge novamente em 625 a.C. Invade Jerusalém em 597 a.C., dez anos depois

destrói essa cidade (587 a.C.). Em 538 a.C. a Babilônia é destruída pelos persas.

4. Persas – este povo se impõe como grande potência a partir de Ciro (550 a.C. a 529 a.C.), que

conquista o Oriente Médio e em 330 a.C. são vencidos por Alexandre, O Grande.

Page 2: História de Israel

5. Gregos – Alexandre domina a Palestina em 333 a.C. Dois generais seus mantiveram o domínio

sobre a Palestina de 320 a 198 a.C. (Lágidas do Egito (320 – 198 a.C.) Selêucidas de Antioquia –

198 – 63 a.C).

6. Romanos – O Gal. Pompeu domina as Selêucidas em 63 a.C. ficando a Palestina, a partir de

então, sob o domínio romano. No ano 70 d.C. o Gal. Tito invade e destrói Jerusalém.

Em razão dessas constantes invasões, Israel era sempre tentado a escapar de uma nação fazendo

aliança com outra. A situação geográfica da Palestina, portanto, trouxe várias influências ao povo

palestino no campo cultural, político e mesmo religioso.

O PERÍODO DOS PATRIARCAS DE ISRAEL (1900-1600 A.C)

O ambiente histórico dos patriarcas

Com Abraão tem início a história de um povo. Inicialmente essa história acontece com fatos

relacionados a uma família que dá origem ao povo de Israel, estendendo-se por três gerações.

Em Ur dos Caldeus (Mesopotâmia) Abraão recebe a promessa da terra (Canaã) e de um povo

(Israel). A promessa da terra e da formação de um povo se tornaram elementos de grande

significado para a fé desse povo.

As peregrinações dos patriarcas (Abraão, Isaac e Jacó) acontecem no período das grandes

migrações semíticas, que se dá na Idade do Médio Bronze (2100 – 1600 a.C.) essas peregrinações

acontecem, principalmente, dentro do chamado Crescente Fértil (Ur, Harã, Siquém, Hebron,

Bersabéia). Esta é a área que vai do Golfo Pérsico e, passando pelos rios Tigre e Eufrates, chega ao

vale do Rio Nilo no Egito. É nesse espaço que florescem as grandes civilizações mesopotâmica,

egípcia e suméria.

“Tendo Canaã por centro geográfico (...) a narrativa do Gênesis se inter-relaciona com as

circunvinhanças das duas antigas civilizações, a começar com Abraão na Mesdopotâmia e

terminando com José no egito”1

Os Sumérios

Controlaram a região do eufrates durante uns 400 anos, entre 2800 e 2400 a.C. Foram

hábeis na técnica metalúrgica e no trabalho com ouro e lapidação de pedras preciosas.

O Sumério se tornou a língua escrita clássica no período das civilizações babilônica e

assíria até o primeiro século d.C., mas deixou de ser usado na linguagem oral desde 1800 a.C.

1SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento, p. 19

Page 3: História de Israel

Essa civilização foi bastante próspera tanto na agricultura como no comércio isso

possibilitou que, sob o comando de seu ultimo soberano Lugal Zagisi os limites desse império

fossem estendidos até o Mar Mediterrâneo.

Os Acádios

Às margens do Eufrates emergiu o povo acádio que, liderado por Sargão (2360 2180

a.C., vence o sumérios e domina a região de Ur e daí toda a Babilônia.

A invasão guta

Esse povo caucasiano vindo do norte vence os acádios em 2080 a.C. e se estabelece na

Babilônia. Pouco se sabe desse povo guta. Um século depois, aproximadamente, o domínio guta

chega ao fim pela ação de um líder ereque na Suméria e aí abre caminho para um renascimento da

cultura suméria na região.

O domínio de Hamurábi na Babilônia

Entre 1728 e 1686 a.C. Hamurábi reinou na Babilônia transformando-a num importante

centro comercial. Dominou a região do Eufrates superior e o reino de Samsi-Adade que tinha Assur

como capital. O mais reconhecido feito de Hamurábi foi seu código legal descoberto em 1901 na

região de Susa (Pérsia?).

“ Visto que antigos costumes sumérios haviam sido incorporados nessas leis, é provável que elas

representem a cultura que prevalecia na Mesopotâmia durante os tempos patriarcais.”2

Pesquisadores acreditam que as leis cuja autoria a tradição atribui a Moisés, teriam sido inspiradas

no Código de Hámurábi. Isso se justifica na medida em que o ambiente cultural no qual Moisés

viveu predominava a influencia das leis elaboradas por Hamurábi.

Há uma teoria que identifica o rei Anrafael citado em Gn 14 como sendo Hamurábi,

porém, não existe um consenso sobre essa interpretação.

O Egito

O surgimento do Egito remonta ao ano 5000 a.C. Os historiadores dividiram a História

do Egito em três períodos principais:

1. Antigo Império: 3200-2200 a.C. – Após a unificação promovida por Menés,

os faraós seguintes promoveram a centralização do poder. Revoltas dos nobres que lideravam as

províncias desmontam o poder central.

2. Médio Império: 2000-1750 a.C. – O poder central é restaurado. Nesse

2 SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento, p. 24

Page 4: História de Israel

período os hebreus (a família de Jacó conforme o relato bíblico) chegam ao Egito. Um parte do

egito é conquistada pelos hicsos (amorreus).

3. Novo Império: 1580-1085 a.C. Os hicsos são expulsos e o Egito estabelece

seu domínio sobre a Síria e a Palestina. Nesse período Ramsés II morre e o Novo Império começa a

declinar. É nessa época que os hebreus saem do Egito e ocupam a Palestina.

Canaã

Segundo o Teólogo Samuel J. Schultz o nome Canaã é usado para se referir ao trecho de

terra que ficam entre Gaza, no sul, e Hamate no norte costeando a parte oriental do Mar

Mediterrâneo. Esse nome se originou numa palavra grega que significa “púrpura”(vermelho) devido

a um corante de tecidos que era produzido nessa região.

O nome Palestina foi dado pelos gregos e significa “país dos filisteus”. A Palestina é

uma faixa de terra com cerca de 250 km de comprimento de Dã, ao norte, até Berseba, no sul; com

uma largura média de 64 km alarga-se a 87 km na faixa entre Gaza e o Mar Morto e estreita-se para

45 km na região do Mar da Galiléia. A área total da Palestina é de 9654 km2 entre o Mediterrâneo e

o Jordão. Com a inclusão da região chamada Transjordânia a Palestina chega a 16.090 km2. Essa

área é um pouco maior que estado de Sergipe.

Dados geográficos.

Quatro áreas principais

1. Planície marítima – área situada ao longo da costa do Mediterrâneo. A ausência de

áreas adequadas para instalação de portos favorecia o desvio de atividades comercias para Tiro e

Sidon.

2. Região montanhosa – as altitudes variam entre 600 e 1200 metro acima do nível do

mar. Nessa região fica situada uma das áreas mais produtivas da Palestina, o vale de Jezreel, ou

Esdrelon. Que fica entre as colinas da Galiléia e as de Samaria.

“(...) essa região é vitalmente importante dvido à sua localização estratégica, desde os tempos

bíblicos até os nossos (...) dias.” 3

3. Vale do Rio Jordão – compreende toda a extensão que margeia o Rio Jordão.

Partindo do Monte Hermon a uma altitude de 2.800 metros onde quatro riachos se unem para

formar o Jordão e descendo até o Mar Morto onde o vale chega a seu nível mais baixo 389 metros

abaixo do nível do mar.

4. Platô oriental – divide-se em quatro áreas: Basã, Gileade, Amon e Moabe. Em Gileade

fica o rio Jaboque onde Jacó teve sua marcanet experiência com Deus (Gn 32).

3 SCHULTZ, p. 27.

Page 5: História de Israel

O Êxodo – A saída do Egito (1250 a.C.)

“Os judeus (...) são o único povo no mundo hodierno que possui um registro histórico, ainda que

obscuro em alguns pontos, que lhes permite traçar suas origens num retrocesso a épocas muito

remotas.”

JOHNSON, Paul. História dos Judeus, p. 19

Nas peregrinações dos patriarcas é que a família de Jacó (Israel), forçada pela seca, desceu ao Egito

(Gn 42). Lá, acolhida por José que se tornara Primeiro Ministro do Egito, passam a habitar na

região de Gósen. Após a morte de José subiu ao trono do Egito um Faraó que, segundo a Bíblia,

“não sabia nada a respeito de José” (Ex 1:8).

A situação política do Egito na segunda metade da Idade do Bronze

O Egito tornara-se império na primeira metade da Idade do Bronze (1550-1200 a.C.). Os mentores

desse Império foram os faraós da 19ª Dinastia. O Egito, então, experimentou seu momento de maior

glória e prestígio.

Em 1540 a.C., aproximadamente, o Faraó Amósis derrotou os hicsos, e daí abriu caminho para

avançar sobre a Ásia. Em seguida, sob o comando de Tutmósis I (1507-1494 a.C), os Egípcios se

dirigiram para Norte rumo ao Eufrates. Tutmósis III abateu finalmente os hicsos e alcançou a região

do Eufrates.

Amenófis IV e o monoteísmo

O Império Egípcio se manteve firme até o séc. XIV a.C., quando sob Amenófis IV (1364-1347)

surge uma convulsão interna no Egito devido à instituição, por este Faraó, da adoração a Aten/Aton

(disco solar) que ele declarou ser o único deus que deveria ser adorado no Egito. Se auto-

proclamou sumo sacerdote dessa divindade, mudou o próprio nome para Akhenaten (“o Esplendor

de Aten”) e fundou uma nova capital com seu novo nome. Concentrado nas questões internas do

Império, Akhenaten descuidou-se dos interesses externos do Egito acabando por permitir o

enfraquecimento da defesa do Império na Ásia.

Essa atitude de Amenófis IV em proclamar o monoteísmo parece ter sido um movimento político

para se contrapor ao poder dos sacerdotes do deus Amon em Tebas cujo poder vinha crescendo e

ameaçava o trono colocando em risco a estabilidade política do Egito. Indicativo dessa situação é o

fato de Tutmés IV (1425 -1417 a.C.), “havia atribuído sua ascendência real ao antigo deus-sol, Ré

e não a Amon” (SCHULTZ, p. 44). Acredita-se que essa já era uma tentativa de fechar qualquer

possibilidade dos sacerdotes de Amon usurparem o trono. Amenófis IV tomou uma atitude mais

radical declarando “Aton”, simbolizado pelo disco solar, o único deus que deveria ser adorado no

Egito. Com essa ação Amenófis IV pretendia “negar o poder opressivo dos sacerdotes tebanos”

(SCHULTZ, p.44)

Page 6: História de Israel

A tentativa de Amenófis IV de implantar suas reformas religiosas, não foi bem aceita no Império

causando sérias turbulências internas que quase levaram o Egito ao esfacelamento. Akhenaten é

retirado do poder e em seu lugar é colocado Tut-ankh-aten (nome trocado, depois, para Tut-ankh-

amon)(1347-1338 a.C.) seu genro. A partir daqui inicia-se o abandono às idéias monoteístas de

Akhenaten.

Tentativas de recomposição do Império Egípcio

Sob Setos I (1305-1290 a.C) e Ramsés II (1290-1224 a.C) 4 os faraós da 19ª dinastia se

empenharam em recolocar o Egito no lugar que, anteriormente, ocupara na Ásia. Essa tentativa de

ocupar novamente a Ásia, levou o Egito a entrar em guerra contra os hititas, povo que, também,

disputava o poder na região. Essa guerra durou vários anos e não havendo vencedor, estabeleceu-se

um acordo de paz e é nessa época que o Egito experimentou um dos períodos mais ativos da sua

história quando são realizadas as grandes construções e é empregada, para isso, mão-de-obra

escrava. Dentre esses escravos estavam os descendentes de Jacó. É um tempo de estabilidade no

Egito.

Após a morte de Ramsés II, sobe ao trono seu filho Marniptah que não conseguiu manter as rédeas

do Império. Inicia-se um período de grande confusão que iria atingir toda a Ásia Ocidental com o

Egito se envolvendo em diversos conflitos externos, seu domínio na Palestina enfraquece. Para

alguns historiadores isso teria favorecido o estabelecimento de Israel naquela região.

O Império Hitita, outro interessado em manter o poder na Ásia Ocidental e na Palestina, se

confrontou com Egito. Os hebreus saem do Egito exatamente no período em que se travava o

conflito entre os egípcios e os hititas. Esse confronto que durou mais de uma década, resultou num

esgotamento de ambas as partes. Esse esgotamento levou-os a firmarem um acordo de paz que

estabelecia limites de ação aos dois impérios. Esse fato se constituiu em mais um fator que

contribuiu para o estabelecimento do povo na Palestina já que na época a região ficou sem um

controle externo.

A Palestina na época do êxodo

A Palestina era formada por várias cidades-estado cujos reis eram vassalos do Egito e exerciam

domínio sobre cidades menores e aldeias circunvizinhas. Sem um poder central na região essas

cidades entraram em guerra entre si procurando cada uma ampliar seus domínios. Para isso se

acusavam mutuamente de infidelidade a Faraó, cada uma tentando trazer para si a ajuda do Egito.

Como vassalos esses reis tinham que pagar tributos a Faraó e, com isso as riquezas das cidades-

estado e das áreas que dominavam eram levadas para o tesouro dos faraós. Tal situação tornou a

vida dos camponeses pobres extremamente difícil deixando-os descontentes e predispostos a

promoverem revoltas. Acredita-se que boa parte dessa gente se engajou na marcha dos hebreus pela

conquista da Palestina.

4 Ramsés foi, provavelmente, o faraó sob o qual ocorreu o êxodo e seu antecessor, Setos I, seu pai, possivelmente aquele que iniciou a opressão dos israelitas.

Page 7: História de Israel

A formação do povo

Embora os israelitas tivessem chegado ao Egito como um clã, todos aparentados, quando de lá

saíram, formavam uma grande mistura de indivíduos com tradições religiosas diferentes, que ali se

encontravam em decorrência de várias migrações anteriores, principalmente em épocas de seca na

Palestina (Gn 42). Eram povos nômades, ou semi-nômades, que fugiam para o Egito em busca de

suprimentos e meios para garantir a sobrevivência5, outros, chegaram lá como prisioneiros de

guerra. A multidão que saiu do Egito, portanto, não se compunha apenas de descendentes de Israel

(cf.Ex 11:4; 12:38; Lv 24:10). Na região do Sinai Iahweh entra em aliança com aquele grupo e o

constitui povo (Ex 19 e seguintes).

O termo “hebreu”

É necessário compreender o que seja hebreu já que existem duas palavras muito

parecidas na língua hebraica, mas com origens diferentes e são utilizadas para se referir a grupos

sociais, também, diferentes.

1. A palavra hebreu (‘ibrî ) - “é visivelmente uma derivação popular do nome do

antepassado Héber (Gn 11:14-17)”. (BRIGHT, p. 119)

2. A palavra ‘apiru (hapiru) – “(...) parece que se refere originalmente não a uma unidade

étnica, mas a um estrato da sociedade (...). O termo denotava claramente uma classe de pessoas

sem cidadania, que viviam meio à margem da estrutura social existente, sem raízes ou lugar fixo.”

(BRIGHT, p. 120,121)

Geralmente os estrangeiros se referiam aos israelitas como hebreus (Gn 39:14,17; Ex 2:6; I Sm

4:6,9). E, em outras ocasiões, os próprios israelitas se identificavam como hebreus (cf. Gn 40:15;

Ex 3:18; 5:3).

J. Bright conclui afirmando que “Em vista disso, embora não possamos identificar os antepassados

hebreus com os “apiru” (...) é legítimo pensar que eles pertenciam a esta classe. Assim é que os

outros os viam.” (p.120,121)

A classificação “hebreus” é encontrada em documentos egípcios, heteus e de Ugarit. Nessas

referências o significado atribuído é sempre como um grupo social e não como um povo no sentido

etnológico.

1. O que a Bíblia diz

Na Bíblia estão registradas duas perspectivas sobre a entrada do povo na terra de Canaã:

1.1. Uma, exposta em Js 1-12, afirmando que a entrada na terra teria ocorrido como resultado de

“um esforço concentrado de todo o Israel e foi repentina, sangrenta, e completa.” (BRIGHT, p.

165).

5 Aquela região não dependia de chuva porque o Rio Nilo garantia boas colheitas o ano todo; isso era um grande atrativo para as populações que viviam na Palestina.

Page 8: História de Israel

1.2. A outra, mostrando que a ocupação teria se dado num “processo longo, resultado dos esforços

dos clãs individuais”. (IDEM). Os textos a seguir demonstram que o povo teve dificuldades para se

estabelecer nas planícies e vales, optando inicialmente pelas montanhas pelo fato de serem menos

povoadas e de difícil acesso para os carros de guerra dos cananeus, cf. Jz 1:19; Js 13:2-6; 15:13-

19,63; 17:12,16.

Segundo os historiadores, nesse aspecto, a narrativa de Juízes é mais realista que a de Josué. O texto

de Js 1-12 seria uma idealização do autor e, assim, não teria muito valor histórico.

A partir de Juízes, portanto, “as tribos de Israel ocuparam a Palestina de maneira

pacífica por um processo de infiltração sem derramamento de sangue.” (BRIGHT, p. 166).

Todavia, segundo J. Bright, mesmo aceitando-se o argumento a favor de uma ocupação pacífica não

há como negar que no final do Século XIII a.C., uma grande revolta envolvendo conflitos

sangrentos sacudiu a região, seguida de um tipo de ocupação semelhante ao praticado por Israel.

2. O que a Arqueologia diz

Estudos arqueológicos demonstram que, na segunda metade do Século XIII a.C., – o

exato período em que Israel estava se instalando naquela região - “várias cidades mencionadas na

Bíblia - e também algumas outras - sofreram de fato uma violenta destruição às mãos de seus

inimigos” (BRIGHT, p.169). Historicamente, porém, não se pode afirmar, categoricamente, que

Israel seria um desses inimigos. Também, não se pode descartar essa possibilidade.

2.1. Jericó – as informações são escassas sobre essa cidade no período da entrada de Israel na

Palestina. Sabe-se que existia uma povoação na região mas, não foram localizados os muros. As

evidências arqueológicas confirmam que essa cidade caiu no Século XIII a.C., porém, não há sinais

de sua destruição.

2.2. Ai - pesquisas na área de Ai atestam que essa cidade teria sido destruída no Século III a.C. e

que não voltou a ser habitada até o período posterior à chegada de Israel na região. Assim, sugere-

se que a narrativa de Js 8 não se refere a Ai, mas, sim à tomada de Betel (narrada em Jz 1:22-26)

que não consta em Josué.

Diante de tais evidências a conclusão a que se chega é que a ocupação da Palestina por Israel foi um

processo complexo do qual, a narrativa de Josué não oferece todos os detalhes. É razoável, portanto,

aceitar que a ocupação ocorreu numa conjugação de dois procedimentos:

a) “infiltração pacífica de clãs semi-nômades” (BRIGHT, p. 169);

b) “lutas violentas e conquista sangrenta, como a própria Bíblia o declara.” (IDEM)

Para reflexão

Page 9: História de Israel

Como foi possível a um povo pequeno (em relação à população da Palestina), sem armas, sem

treinamento militar, sem conhecimento da região, conquistar as cidades da Palestina que eram

muradas e dispunham de exércitos acostumados a combater? Uma resposta aceitável é que o povo

que saiu do Egito, contou com o apoio de um número elevado de cananeus (os ‘apirus) insatisfeitos

com as condições de vida a que eram submetidos pelos soberanos das cidades-estado.

Sobrecarregados de impostos, escravizados e recrutados à força para as guerras, não hesitaram em

unir-se ao povo que vinha do deserto e lutar a seu lado.

A Época dos Juízes – 1200 – 1025 a.C., aproximadamente

Esse período, que se inicia a partir da morte de Josué, durou 200 anos,

aproximadamente.

Foi uma época de adaptação à vida sedentária. Após a longa caminhada através do

deserto, o povo está se acostumando ao novo ritmo de vida.

Não havia organização estatal (cf. Jz 21:25). As tribos eram formadas pelos clãs (grupos

de famílias). Quando qualquer ameaça pairava sobre alguma das tribos se levantava um líder

carismático – escolhido por Deus – que era reconhecido pelo povo como responsável pela

coordenação das ações de defesa. Esses líderes funcionavam como chefes militares e como

administradores da justiça e aconselhadores do povo (cf. Jz 4:5). Passada a crise cada um voltava às

suas atividades cotidianas.

O elo mais forte entre as tribos era religioso, resultante de assembléia de Siquém (Js 24)

quando as tribos entraram em aliança com Iahweh.

Israel se instalou na região montanhosa (cf. Jz 1:19ss; 6:1-6) exercendo aí um controle

relativo. Já a faixa costeira e a planície do Esdrtelon (Jezreel?) continuaram sob domínio cananeu

(cf. Js 17:16; Jz 1:19). Os carros e armas de ferro dos cananitas foram, possivelmente, as maiores

dificuldades que o povo enfrentou para a ocupação dos vales (cf. Jz 4:3; 10 :1; 12:15)

A situação geográfica composta por montanhas e cortadas por vales profundos favorecia

o isolamento das tribos em suas próprias possessões. Boa parte das tribos não conseguiu expulsar

totalmente os cananitas e teve de conviver com o inimigo por longo tempo, por vezes tendo de

submeter (cf. 1:19ss; 4:3). Além dos conflitos externos, havia tensões entre as próprias tribos (Jz

12:1-6), que, certamente as enfraquecia.

Apesar dessas dificuldades a opção pela monarquia não gozava de consenso entre as

tribos como uma solução para enfrentar os problemas da liga tribal. Para avaliar isso basta ver como

Page 10: História de Israel

Gedeão se recusou terminantemente a ser coroado rei (cf. Jz 8:22). Porém, houve movimentos que

tentaram impor a monarquia porque viam na centralização do poder o único recurso para fazer

frente à contínua ameaça cananita (Jz 9:7-21).

Para refletir:

Compare Juizes 6:1-6 com Rute 1:1,2 e responda: O que esses textos informam sobre a

situação econômica do período dos Juízes?

O que Juízes 21:25 sugere sobre a situação política e religiosa das tribos nessa época?

A implantação da Monarquia – Aula nº 06 - 18.06.06

Os filisteus, (Jz 13:1), concentrados nas margens do Mediterrâneo, se constituíram numa ameaça

constante às tribos. Guerreiros com uma longa experiência em batalhas, eles se utilizavam de armas

de ferro e carros de combate (bigas) (cf. I Sm 17:5-7) e seu objetivo era preservar as rotas

comerciais para o leste que, obrigatoriamente, atravessavam territórios israelitas.

J. Bright afirma que “...tratava-se de soldados disciplinados, cujas armas, em virtude sobretudo do

seu monopólio do ferro, eram superiores. Quando o terreno permitia, eles também faziam uso de

carros de combate.” (p. 239). Foi esse o fator principal que levou os israelitas a aspirar a instalação

de um poder central, pois, reconheceram que a liga tribal, sob a liderança esporádica de um juiz,

com seu exército improvisado e sem armas adequadas, não seria capaz de combater tais inimigos. A

primeira tentativa de estabelecer a monarquia deu-se com Abimelec no grupo do centro (Jz 9:7),

mas não obteve êxito. Posteriormente, as tribos do sul repetem o gesto com Saul. Algum tempo

depois Davi se torna rei pelas tribos do sul e depois pelas do norte; conquista Jerusalém e aí

estabelece a capital do reino.

Os fatores que levaram à monarquia

Os dois fatores decisivos que levaram Israel ao abandono efetivo da liderança carismática dos

juízes, e se voltar para a organização de um governo central foram:

1. A grande derrota sofrida, para os filisteus, na planície costeira próximo de Afec;

2. E o posterior seqüestro da arca da aliança.

(Episódios narrados em I Sm 4)

A partir desse momento os filisteus ocuparam a terra e instalaram guardas em posições estratégicas

nos acessos à região (I Sm 10:5; 13:3ss; 23). Não permitiram que se instalassem oficinas no

território das tribos para impossibilitar a fabricação de armas de ferro, obrigando Israel a uma

dependência total dos ferreiros filisteus (I Sm 13:19-22). Com isso, Israel só foi poder utilizar

amplamente armas de ferro quando Davi ocupou o trono.

Page 11: História de Israel

Apesar de terem devolvido a arca os filisteus continuaram mantendo seu domínio sobre os

israelitas. E é sob essa ameaça filistéia que Samuel exerce seu ministério como juiz, profeta e

articulador da monarquia, apesar de se mostrar contrário àquela instituição, porque entendia que se

tratava de um abandono a Javé (I Sm 8:4-9).

A eleição de Saul

Nas narrativas da eleição de Saul há duas perspectivas:

1. Uma contrária à monarquia, apresentada em I Sm 8; 10:17-27; 12, que mostra

Samuel contestando o apelo do povo por um rei e, ao mesmo tempo, conduzindo uma cerimônia

publica de consagração de Saul (após ter sido convencido por Javé).

2. A outra, favorável à monarquia narrada em I Sm 9:1-10:16, que mostra

Samuel ungindo Saul numa cerimônia particular.

Apesar de Saul ter sido aclamado rei pelo povo os textos que mencionam a sua

consagração não se referem a ele como rei (melek), mas, como líder ou comandante (nagîd). Para J.

Bright isso “pode significar que Samuel e os anciãos da tribo nunca pretenderam elevar Saul à

dignidade de rei no sentido convencional, desejando simplesmente que ele servisse como líder

militar”. (BRIGHT, 246).

Mais tarde a justificativa que é apresentada para o rompimento de Samuel com Saul, e o

imediato cancelamento de sua eleição, foi o fato de Saul não ter se submetido totalmente às ordens

de Samuel. Historicamente, os episódios em que Saul foi acusado de ter usurpado o sacerdócio (I

Sm 13:9-10); e de ter poupado o bens e o rei dos amalequitas contrariando ordens explícitas de

Samuel) (I Sm 15:7-9), teriam sido entendidos por Samuel como uma ameaça à sua autoridade.

Além disso, esses gestos de Saul estariam sinalizando a que caminhos a nova organização política

poderia levar em termos de autonomia do líder, em outras palavras, Samuel estaria temendo perder

o controle da situação. Para o Historiador J. Bright a

“probabilidade é que Samuel, tendo esperado manter a nova ordem subserviente à antiga, temia

que Saul não merecesse confiança para continuar nos velhos moldes de liderança, mas estivesse

usurpando uma autoridade mais ampla. Em virtude disto, aboliu publicamente a nomeação de

Saul!” (BRIGHT, 249)

O Reino de Davi - 1000 – 961 a. C.

O primeiro contato de Davi com Saul ocorre quando este começou a entrar em crise pessoal (I Sm

16:14-21). Ganhou fama a partir da morte de Golias (I Samuel 17:1; 18:5). Os feitos de Davi o

tornaram popular ofuscando a própria figura do rei Saul que passou a cultivar um ciúme doentio

desencadeando contra Davi uma violenta perseguição (I Samuel 18:9-11).

Por uns dois anos Israel teve 2 reis:

Page 12: História de Israel

Isbaal, filho de Saul (II Samuel 2:8) na região da transjordânia, pretendeu governar a

região central; e,

Davi foi feito rei de Judá e Hebrom (II Samuel 2:1-4).

Davi reina sobre todas as tribos

Pouco depois Isbaal é morto e Davi estabelece seu domínio por todas as tribos de Israel (II Samuel

5:1-3). Após sua aclamação como rei, Davi se põe em batalha contra os filisteus e os expulsa da

região montanhosa (II Samuel 5:25; I Cr 14:16). Até então as lutas de Israel, seja contra os

cananitas, seja contra os filisteus, se davam sempre com ênfase da defesa. Davi começa a tomar

iniciativas para também atacar e conduzir a luta para o território filisteu (II Samuel 21:15-22). Com

isso põe fim ao domínio dos filisteus sobre Israel, ocupando a planície costeira (I Reis 4:9-11) e a

região sul, expulsando-os do território israelita e estendendo as fronteiras até adentrar o território

desse forte inimigo. Os filisteus são dominados e reconhecem a força israelita (II Samuel 8:12).

Grupos de guerreiros filisteus acabam se tornando mercenários a serviço de Davi (II Samuel 8:18;

15:18).

“Com rapidez dramática, as conquistas de Davi transformaram Israel na maior potência da

Palestina e da Síria. De fato, naquele momento, Israel foi provavelmente tão poderoso quanto

qualquer potência do mundo d então. Com tudo isto, Israel passava irrevogavelmente para a nova

ordem”. (BRIGHT, 267). Assim, além de vencer os filisteus, Davi conquistou muitas cidades

vizinhas o que o transformou num verdadeiro monarca tendo sob o seu poder um invejável império.

A centralização do poder político e religioso

Livre dos filisteus, Davi teve condições de expandir o território de Israel e consolidar internamente

seu poder como rei:

Estabeleceu Jerusalém como capital administrativa, conquista várias cidades.

Transportou a arca para Jerusalém e ai estabelece o centro de adoração.

Ao estabelecer Jerusalém como capital administrativa e centro nacional de adoração, Davi deu um

passo significativo na afirmação da monarquia: a centralização do poder político e religioso.

A principal habilidade de Davi era a estratégia militar. Em função disso ele não fez tão grandes

intervenções administrativas como Salomão. Não se tem conhecimento que Davi tenha organizado

um sistema rigoroso de cobrança de tributos sobre o povo de Israel. A manutenção de seu reino era

feita, em parte a partir dos tributos que vinham dos povos vizinhos que Davi havia submetido.

Também, em relação às questões judiciais Davi não estabeleceu um tribunal centralizado. Parece

que essa atribuição jurídica foi deixada a cargo de cada tribo. No entanto, o povo tinha o direito de

recorrer ao rei quando achasse necessário (Cf. II Sm 14:1-24; 15:1-6).

Quanto às questões religiosas J. Bright afirma que a política de Davi foi orientada “pelo

desejo de dar ao Estado legitimidade aos olhos do povo, como verdadeiro sucessor da antiga

ordem de Israel. (...) Os assuntos religiosos eram administrados por dois sumos sacerdotes, que

eram membros do gabinete.” (p.269,270). Davi foi um ardoroso defensor e protetor do culto tendo

Page 13: História de Israel

dado enorme contribuição para torná-lo mais rico, principalmente, no que diz respeito à música.

Para J. Bright se a relação de cidades de Josué 21 se referir ao período de Davi (como se suspeita)

seria um indicativo que Davi tivesse planos para estabelecer grupos de levitas em toda a extensão

do reino. Essa ação teria como objetivo “fortalecer a solidariedade nacional e promover a lealdade

à coroa, através da promulgação do culto oficial em áreas afastadas”. (BRIGHT, p.270)

A corte de Davi

Tinha um tamanho razoável:

Várias mulheres e muitos filhos (II Sm 3:2-5; 5:13-16)

Um corpo de oficiais (II Sm 8:15-18; 20:23-26)

Uma guarda especial com soldados selecionados dentre os melhores de todo o exército (II

Sm 23:24-39). Essa tropa de elite “pode ter servido como uma espécie de conselho militar

supremo” (BRIGHT, p.270).

A corte de Davi não era tão rudimentar como a de Saul e, também, não chegou ao exagero

extravagância daquela que cercou Salomão.

O Reino de Salomão – 961 - 922 a.C.

Textos bíblicos: I Rs 1-11; II Cr 1:1-9:31

A sucessão de Davi foi precedida de conflitos. A pós a tentativa frustrada de Absalão em ocupar o

trono, Adonias se auto proclamou rei apoiado por Joabe e pelo sacerdote Abiatar, além de uma

escolta de cinqüenta guerreiros (I Rs 1:5-9). Esse ato de Adonias teve ampla repercussão em Israel

provocando uma ação rápida da parte de Natã, partidário de Salomão, que imediatamente articulou,

juntamente com Bate Seba, a entronização de Salomão (I Rs 1:11-53)..

As primeiras providências de Salomão como rei

Após assumir o trono Salomão tratou de eliminar todos os elementos que pudessem se

constituir em ameaça à estabilidade de seu reinado. Adonias foi executado, por ter pretendido se

casar com Abisague, concubina de Davi. Isto sinalizava que ele não havia desistido de pleitear o

trono no futuro (cf. I Rs 2:22-25; cf. II Sm 16:21ss). Abiatar foi demitido e mandado para Anatot (I

Rs 2:26,27); Joabe, mesmo tendo se refugiado no templo, foi assassinado por Benaías a mando de

Salomão (I Rs 2:28-32). Simei, parente de Saul que havia amaldiçoado Davi quando Absalão se

rebelou (cf. II Sm 16:5-8), recebeu ordem de não sair da cidade sob pena de ser executado caso

desobedecesse. Na primeira oportunidade Salomão mandou matá-lo se livrando, assim, de todas as

pessoas que, de algum modo, representavam ameaça.

Providências administrativas e militares de Salomão

Page 14: História de Israel

Com um território definido e livre de ameaças externas Salomão teve a tranqüilidade

necessária fortalecer internamente o reino.

Para facilitar a cobrança de impostos Salomão dividiu o reino em doze províncias (I Rs

4:7-19). Cada província recebeu a incumbência de providenciar o suprimento do palácio durante um

mês a cada ano. O sustento diário da corte “consistia de 11 toneladas de farinha de trigo, de mais

de 25 toneladas de carne, de 10 reses cevadas, de 20 vacas engordadas no pasto, de 100 ovelhas,

sem falar noutras caças e aves (veja I Rs 4:22,23)” (SCHULTZ, p. 141). Para dar conta dessa

demanda as províncias trabalhavam arduamente durante os onze meses do ano.

Em termos militares os números também são grandiosos. O exército de Salomão era

composto de “uma força de combate de 1400 carros de guerra e 12 mil cavaleiros” (Schultz, p.

141) cf. II Cr 1: 14-17). A manutenção desse imenso exército implicava um aumento significativo à

já pesada carga de tributos.

A construção do templo

Esse foi o mais ambicioso projeto arquitetônico de Salomão. Para viabilizá-lo Salomão

fez um acordo com Hirão rei de Tiro e Sidom onde este fornecia a Israel, madeira do Líbano e

pessoal especializado (arquitetos e técnicos em construção, marcenaria, etc.) e, em troca, recebia

cereais, vinho e azeite.

“Foi criteriosamente organizada a força de trabalho para a construção do templo.

Trinta mil israelitas foram convocados para que preparassem os cedros do Líbano para o templo.

Sob as ordens de Adonirão, que cuidava desse recrutamento, somente dez mil homens trabalhavam

a cada mês, retornando aos seus lares por dois meses. Dentre os estrangeiros residentes em Israel,

um total de 150 mil homens eram usados como transportadores de cargas (70 mil) e cortadores de

pedras (80 mil), além de 3600 capatazes (veja II Cr 2:17, 18). Em II Cr 8:10, faz-se menção de 250

capatazes israelitas. Com base em I Rs 5:16 e 9:23, vê-se que havia 3.300 capatazes, sobre os

quais havia 550 superintendentes. Aparentemente, 250 dentre eles eram israelitas. Ambos os

relatos dão um total de 3.850 homens, que supervisionavam essa força de 150 mil trabalhadores.”

(SCHULTZ, 141, 142)

O Reino de Salomão (II) – 961 - 922 a.C.

A atividade comercial de Salomão

a) O comércio com os fenícios

Navegadores habilidosos e bons comerciantes os fenícios foram os principais parceiros comerciais

de Salomão. Do Século X ao VIII a. C. os fenícios dominavam boa parte das rotas comerciais no

Mediterrâneo. Com a colaboração desse povo – que dominava a técnica da construção naval –

Salomão construiu uma frota de navios mercantes comercializava, principalmente, no Mar

Page 15: História de Israel

Vermelho e Oceano Índico. A frota fazia viagens regulares a Ofir, no leste da África, região nas

proximidades da atual Somália.

b) O comércio com a Arábia (I Rs 1):1-10; 13)

A visita da Rainha de Sabá é um indicativo dos contatos comerciais de Salomão na Arábia. Essa

não teria sido uma visita de cortesia, mas sim, com o objetivo de se estabelecer acordos comerciais.

Os presentes que a Rainha oferece a Salomão são, na verdade, amostras dos produtos que a região

tinha a oferecer: especiarias, ouro, jóias (I Rs 10:15).

O povo de Sabá estava localizado numa área estratégica em relação às rotas de caravanas que se

dirigiam à Palestina e à Mesopotâmia. Isso lhes possibilitou estabelecer o domínio do comércio de

especiarias e incenso vindos da Arábia. Salomão, assim, aproveitando “o grande uso do transporte

em camelos, estavam começando uma expansão comercial que ia muito além da Arábia.”

(BRIGHT, p. 282).

c) O comércio com a Cilícia e o Egito (cavalos e bigas) I Rs 10:28ss)

Salomão, inicialmente, adquiriu cavalos (da Cílícia) e bigas (do Egito) para suprir as necessidades

de seu próprio exército. Porém, como tinha o domínio de todas as rotas comerciais entre o Egito e a

Síria, resolveu entrar no negócio de cavalos e bigas. Salomão “tornou-se intermediário de lucrativo

comércio, cujas condições eram: cavalos cilícios e bigas egípcias só poderiam ser obtidos através

de sua agência.” (BRIGHT, p. 284). Com isso Salomão estabeleceu o monopólio do comércio

desses artigos. Por se tratar de equipamentos necessários nas guerras e, portanto, fundamentais à

organização da defesa das nações, Salomão, certamente, obteve lucros elevados nesse negócio.

A situação financeira do reino

Apesar dos altos lucros que Salomão obtinha com seus negócios e dos tributos que

recebia de outras nações, isso não era suficiente para suprir as despesas do reino. Para atender às

elevadas demandas do reino Salomão tentou várias saídas:

Dividiu o reino em 12 distritos onde cada um ficou responsável por sustentar a corte durante

um mês por ano.

Estabeleceu a corvéia (trabalho forçado). Vários grupos de homens “foram recrutados e

forçados a trabalhar por turnos em derrubadas de madeira no Líbano (...)” (BRIGHT, p. 291) I Rs

5:13ss).

Foi obrigado a vender algumas cidades ao rei de Tiro. (I Rs 9:10-14)

O Reino dividido – 922 -586 a.C.

Textos básicos sobre o reino dividido: I Rs 11:1-II Rs 25:30 e II Cr 10:1-36:23

Page 16: História de Israel

“Depois da morte de Salomão, o grande reino hebreu cindiu-se em duas partes: o reino

do sul ou de Judá, com Jerusalém por capital, onde permaneceram no trono os herdeiros de Davi;

e o reino do norte ou Israel, cuja capital foi finalmente Samaria, e em cujo trono uma dinastia se

sucedia à outra. Enquanto o reino do sul compreendia unicamente o território da tribo de Judá e

uma parte do de Benjamin – portanto, só uma tribo e meia – o do norte reunia em si dez tribos e

meia, e, sentindo-se o herdeiro legítimo do reino salomônico, deu-se a si próprio a denominação

de Reino de Israel.” ( LAPLE, p. 91).

Os principais motivos para a cisão estavam vinculados ao modelo administrativo instituído

por Salomão:

1. A absoluta centralização do poder no rei tirou a autonomia das tribos. Isso nunca foi

bem administrado pelas lideranças tribais.

2. Os altos tributos cobrados (I Rs 4:7-20-23; 5:13,14) levaram a um quase esgotamento

das possibilidades econômicas do povo.

A divisão do reino produziu um inevitável enfraquecimento da nação que voltou a se tornar alvo da

cobiça das nações vizinhas que estavam emergindo com aspirações imperialistas naquele período.

Poucos anos após a divisão o Faraó Sesaque desferiu um ataque surpresa a Jerusalém e seqüestrou

os utensílios o templo (I Rs 14:25,26; cf. II Cr 12:1-9).

A invasão Assíria: o Reino do Norte é deportado

No Século IX, a Assíria passou a se projetar como nova potência imperialista. Nessa

época um grupo de pequenos reinos na Palestina se articulou para oferecer resistência aos Assírios,

porém, não obtiveram êxito.

Sob o comando de Tiglatpileser III (745-727 a.C.) uma nova investida foi feita contra

Israel e uma parte de seu território foi tomada (II Rs 15:29).

Após a morte de Tiglatpileser III, Oséias, rei de Israel (733-725) se torna aliado do Egito

numa tentativa de revolta contra a Assíria (II Rs 17:4). Salmanasar V (727-722 a.C.) assume o

trono na Assíria, ataca Samaria e ai estabelece um cerco que durou três anos (II Rs 17:5).

No reinado de Sargon II, (722-705 a.C.) a Assíria consegue invadir a fortaleza de Samaria,

(722 a.C.) A população de Israel é levada cativa para Nínive e o Reino do Norte desaparece. O

Reino do Sul, Judá, escapou de ser também levado nessa época em função de lutas internas que

começaram a acontecer na Assíria pela ocupação do trono. Isso obrigou Sargon II a retornar a seu

País para tomar as providências necessárias.

A invasão babilônica: Judá (Reino do Sul) é deportado

Page 17: História de Israel

Em 705 a.C., os reis da Babilônia, do Egito e de Judá – na época Ezequias - se articularam para

enfrentar a Assíria. Porém, “com uma (...) série de vitórias sem precedentes, o novo soberano

assírio, Senaquerib derrotou a coalização, devastou e despovou Judá e cercou Jerusalém, até que a

imprevista irrupção de uma epidemia obrigou-o à retirada (II Rs 18:13-19:36)” (LAPLE, 94). Cf.

II Cr 32:1-32:23. Sob as ameaças do rei assírio Senaqueribe e seus oficiais Ezequias pede socorro

ao Senhor e o reino de Judá é poupado de forma surpreendente (II Rs 19:14-19, 35,36)

Na Babilônia Nabopalassar fez uma aliança com os medos, derrotou Nínive – a capital

Assíria - em 612 a.C. e começou a recompor o império caldeu ou neobabilônio.

Enquanto Nabopalassar se ocupava com batalhas contra Nínive, o Faraó Necao II

(Egito) aproveitou-se desse afrouxamento da vigilância na Palestina e procurou impor seu domínio

sobre aquela Região. Assim, em 609 a.C., esse Faraó derrotou o rei Josias (de Judá) em Meguido.

Pouco depois Nabucodonosor, filho de Nabopalassar, enfrenta o Egito e o expulsa definitivamente

da Palestina e Judá se torna tributário da Babilônia.

Nabucodonosor, em função da morte de seu pai, foi obrigado a retornar à Babilônia.

Nesse momento Joaquim, rei de Judá, viu aí a oportunidade para tentar libertar-se do jugo da

Babilônia, todavia essa tentativa fracassou e Joaquim é morto nos combates. Joaquim seu filho

ocupa o trono em Judá. Em 586 a.C. Os babilônios cercam Jerusalém, saqueiam o tesouro do

templo, deporta para Babilônia o rei, suas mulheres e seus oficiais e todos os príncipes, famílias

importantes e artesãos especializados (cf. II Rs 24:12-16). Em Judá Nabucodonosor nomeia

Matatias (que teve o nome mudado para Zedequias) para substituir Joaquim no trono, é claro, como

vassalo da Babilônia (II Rs 24:17). Assim se cumpre a profecia de Jeremias 25:11: o povo passou a

viver no exílio em Babilônia e aí permaneceu por aproximadamente 70 anos.

O Exílio na Babilônia e a vida em Judá –597 -539 a.C.

O povo de Israel foi alvo de vários exílios, porém, o exílio na Babilônia (Século VI a.C.) é o

mais conhecido e foi o mais significativo na vida do povo. Inicialmente, dois pontos precisam ficar

claros.

Primeiro, é que somente uma parte da população foi levada e não todo o povo de Judá como dá a

entender os autores de Esdras, Neemias e Crônicas. Segundo Milton Shcwantes, os autores desses

livros escreveram mais de 200 depois do exílio. Tal visão, diz o Teólogo, “não corresponde aos

acontecimentos históricos. Corresponde mais a uma certa interpretação”. (p.19).

Em segundo lugar, o povo não teria sido levado de uma só vez, mas em três levas:

1. Em 597, foi levado o rei e sua corte (altos funcionários, militares, sacerdotes, num total

aproximado de 10 mil pessoas). Essas pessoas foram instaladas junto à corte como se fossem reféns.

2. Em 587, foi levado mais um grupo de mil pessoas, aproximadamente, que foram

assentadas nas regiões próximas ao rio Quebar e Tel-Aviv (Ez 1:3; 3:15; cf. Sl 137).

Page 18: História de Israel

3. E, em 582, possivelmente teria havido uma nova leva em torno de mil pessoas. “Em

suma, em 597, em 587 e em 582 terão sido levadas para a Babilônia (...) umas 15 mil pessoas,

oriundas basicamente da população de Jerusalém. (...) O exílio da Babilônia é, pois,

principalmente um exílio dos ‘cidadãos’ da capital” (SCHWANTES, p, 29).

Como viviam os exilados?

1. Exceto o rei e seu pessoal que ficaram na corte, os demais exilados ficaram juntos numa

mesma região. Isto favoreceu a manutenção de seus costumes, língua e religião o que possibilitou a

preservação de sua identidade.

2. Mantiveram sua fé em Javé. A prática de sua religião foi o mais poderoso fator de unidade

para os exilados. O culto, porém, sofreu algumas modificações: o sacrifício deixou de ser praticado

e “o culto da palavra – a profecia e os cânticos – passou a desempenhar papel central”

(SCHWANTES, p. 29). Nesse novo ambiente eles precisaram recriar sua maneira de cultuar o seu

Deus.

3. No exílio ocuparam-se principalmente da agricultura cultivando cereais, provavelmente.

Isso também foi uma mudança significativa na vida dos exilados, pois, tratava-se da elite de Judá

(sacerdotes, generais, artesãos especializados) acostumada a um estilo de vida confortável em

Jerusalém, onde eram servidos pelo trabalho dos camponeses.

4. Vivia-se um tipo de escravidão, mas, muito diferente daquela que conhecemos (cf. Is 42:1;

44:2) Foram retirados à força de sua terra, perderam a autonomia política e não podiam circular fora

da área onde estavam assentados. Considerando-se estes aspectos viviam como escravos. Porém,

esses “deportados ainda estão longe de ser escravos no sentido moderno do termo. A eles por certo

era permitida a livre circulação dentro dos acampamentos. Aí podiam praticar seus costumes,

língua e religião. Até mesmo me parece que produziam autonomamente, dentro de uma divisão de

tempo e de tarefas por eles escolhida.” (SCHWANTES, p. 30). A concepção de um modelo

econômico baseado na mão-de-obra escrava - como o que foi imposto às populações africanas nos

séculos XVI a XIX - não era conhecida na Babilônia nesse período.

Quem eram os remanescentes?

Na Palestina ficou a maioria da população, em torno de 100 mil pessoas,

predominantemente famílias camponesas pobres. Os babilônios fizeram uma espécie de reforma

agrária em Judá dividindo as terras entre os pobres (cf. II Rs 25:12; Jr 39:10).

“O texto de II Reis dava a impressão de que os pobres tivessem sido feitos uma espécie

de meeiros ou parceleiros dos babilônios. As terras lhes teriam sido cedidas. O texto de Jeremias já

dá um passo a mais. Para ele, as terras foram dadas aos pobres. Houve uma ampla distribuição do

solo entre os necessitados. E tudo isso é obra dos babilônios, gente não crente em Javé Estes

Page 19: História de Israel

alcançam fazer o que os reis davídicos não haviam conseguido! Surpreendente!” (SCHWANTES,

p.31).

Entre os que permaneceram na Palestina estavam, também, muitos cantores que, antes

da catástrofe, participavam da liturgia do culto no templo em Jerusalém. Depois da invasão

babilônia eles passaram a se reunir junto aos destroços do templo onde “realizavam celebrações

cúlticas de penitência e lamentação”. (SCHWANTES, p. 31).

Durante o exílio há indícios de que a Babilônia tenha abandonado Judá retirando daí

suas tropas. A partir disso Milton Schwantes afirma: “Daí concluo que, após a desmilitarização e

desurbanização, Judá foi retribalizada. Os camponeses viviam aldeados dentro dos padrões e dos

costumes clânico-tribais.” (SCHWANTES, p. 32).

O domínio dos persas e repatriamento dos judeus - 538- 331-a.C.

Sob o comando de Ciro a Pérsia começou a se projetar com aspirações conquistadoras. Por volta de

550 a.C. Ciro impõe seu domínio à Assíria e outras áreas do Crescente Fértil, causando perturbação

o rei Nabonido da Babilônia. Depois de ampliar suficientemente seu poder na região Ciro enviou

tropas que invadiram a Babilônia em 539 a.C. e, em outubro do mesmo ano Ciro entrou triunfante

como conquistador da Babilônia e colocou a Pérsia como novo império.

O decreto de Ciro

Tendo dominado a Babilônia, a Pérsia assumiu o controle das nações conquistadas pela

Babilônia e, no ano seguinte (538 a.C), emitiu o decreto que autorizava o retorno dos exilados

judeus a Jerusalém (Ed. 1:2-4; 6:3-5).

A autorização dada por Ciro para a restauração do templo e do culto a Javé era resultado

da política de “tolerância” religiosa adotada pelos persas. Porém, é bom que se diga, essa

“tolerância” só se manifestava até o ponto em que não oferecesse resistência aos interesses

imperialistas daquele povo.

A Pérsia, naquele período, estava ainda em fase de expansão e seu objetivo era alcançar

o Egito. Para isso manter Jerusalém sob controle era fundamental. Assim, o decreto que autorizava

os judeus voltar para sua terra tem que ser compreendido, históricamente, no contexto das

aspirações da Pérsia em conquistar o Egito. Milton Schwantes afirma que “O decreto de Ciro de

538 tem a ver com a pretendida invasão do Egito, efetivada em 525 a.C.” (SCHWANTES, p. 120).

Os grupos de repatriados

Segundo o Historiador Paul Johnson o retorno se deu em quatro grupos. Sob a liderança de

Sesbazar em 538 teria retornado o primeiro grupo levando os utensílios do templo que que

Nabucodonosor havia saqueado (Ed 1:7-11). Segundo o Historiador Paul Johnson esse “primeiro

Page 20: História de Israel

retorno (...) foi um fracasso, pois os judeus pobres, que haviam sido deixados para trás, (...)

opuseram-lhe resistência, e em conjunto com samaritanos, edomitas e árabes, impediram os

colonizadores de construírem as muralhas.” JOHNSON, p. 91).

Um segundo grupo teria retornado com Zorobabel com o apoio de Dario, filho de Ciro, em 520 a.C.

(Ed 2:1,2). Zorobabel, que era descendente de Davi, teve sua autoridade fortalecida ao ser nomeado

governador persa de Judá. O livro de Esdras registra que este grupo era composto por 42.360

pessoas, sem contar os escravos (cf. Ed 2:64-70. Apesar desse registro em Esdras, há autores que

contestam esses números afirmando que essa quantidade teria sido bem menor. Segundo Milton

Schwantes, por exemplo, muitos exilados teriam se integrado de tal maneira à sociedade babilônica

que nem pensaram em voltar a Jerusalém. Lá se instalaram e constituíram famílias e lá ficaram.

Poucos, de fato, teriam retornado.

Em 458 a.C. sob o comando de Esdras, “um sacerdote e escriba de grande erudição e autoridade”

(JOHNSON, p. 92), seguiu uma terceira leva de retornados (Ed 7:1,6-8,10,11).

Finalmente, em 445 a.C. um quarto grupo partiu de Babilônia liderados “por um judeu de liderança

e um proeminente oficial público persa chamado Neemias, a quem foi dado o cargo de governador

de Judá e a autoridade para constituí-lo em uma unidade política independente do império.”

(JOHNSON, p.92), (cf. Ne 1:1-4; 2:1-8).

A reconstrução do templo

O projeto inicial dos retornados foi a reconstrução do templo. Zorobabel e Josué

supervisionaram as obras. Os utensílios foram devolvidos aos exilados por Ciro, e Sesbazar,

príncipe de Judá foi incumbido de transporta-los para Jerusalém.

Houve ferrenha oposição dos de Samaria, mas também de alguns dos judeus que

permeceram na terra, à reconstrução. Assim, através de hostilidades abertas e de denúncias feitas ao

rei da Pérsia conseguiram embargar as obras por vários anos, chegando até o reinado de Dario (Ed

4:4,5; 24). Provavelmente, foi nesse período que o povo se dedicou à construção de suas próprias

casas o que provocou a repreensão do Profeta Ageu (Ag 1:4,8).

No reinado de Dario (520 a.C.), com o estímulo dos profetas Ageu e Zacarias, as obras

do templo foram retomadas ainda sob a liderança de Zorobabel e Josué, o Sumo Scaerdote. Dario se

opôs aos que contestavam as obras e liberou a construção fornecendo ajuda material para a

continuidade que, em 515, foi concluída.

O domínio dos gregos - 331 - 167 a.C.

No seu processo de expansão a Pérsia tentou conquistar a Grécia, mas, não obteve êxito.

Apesar de ter um exército gigantesco com milhares de soldados a mais do que o dos gregos, a

Pérsia foi derrotada ao ter seus navios atraídos para uma armadilha num canal estreito e cheio de

pedras, onde sofreu uma grande derrota para os gregos.

Page 21: História de Israel

O surgimento de Alexandre da Macedônia

Governada pelo rei Felipe II, a Macedônia era um reino que se localizava ao norte da

Grécia. Enquanto as cidades gregas brigavam entre si, Felipe II articulava a unidade da Macedônia

com o objetivo de estender seu domínio a toda a Grécia. Assim, enfraquecida pelas contínuas lutas

internas, a Grécia se tornou presa de Felipe II em 338 a.C. Felipe, no entanto, morreu dois anos

depois dessa conquista e seu filho Alexandre assumiu o comando.

Aos vinte anos Alexandre da Macedônia – que ficou conhecido na história como

Alexandre, o Grande – consolidou a união da Macedônia com a Grécia e a partir de 334 a.C. iniciou

a construção de seu vasto império. Dominou a Ásia Menor, invadiu a Pérsia, ocupou a Fenícia, a

Palestina e o Egito, estendendo seus domínios até o limiar da Índia.

As conquistas militares de Alexandre da Macedônia espalharam a cultura grega por vários países

do Oriente. O encontro das culturas orientais com a cultura grega produziu a cultura helenista. O

helenismo foi uma continuação da cultura grega.” (SCHMIT, Nova história crítica - 5ª série - p.

148)

Além de sua inegável capacidade militar, Alexandre é lembrado como estadista. Suas

conquistas abriram caminho para a fusão do Ocidente com o Oriente.

Através da propagação do idioma grego, (...) o mundo capacitou-se para a comunicação. A cultura

grega quebrou as barreiras raciais, sociais e nacionais. A miscigenação das raças estimulou um

espírito de cosmopolitanismo, um sincretismo religioso e um interesse no indivíduo. (HALE, p.12).

Ptolomeus e Selêucidas

Após a morte de Alexandre aos 32 ou 33 anos, o seu império foi dividido entre seus

generais mais poderosos depois de acirradas batalhas:

Selêuco apossou-se da Pérsia, da Mesopotâmia e da Síria; Lisímaco assumiu o controle

da Ásia Menor e da Trácia; Cassandro estabeleceu-se na Macedônia; e Ptolomeu acrescentou a

Fenícia e a Palestina a seu primitivo domínio, o Egito. (BURNS, p.126).

Como se pode ver a Palestina passou a ser domínio dos Ptolomeus. Mas, os selêucidas sempre

estiveram interessados em dominar a região da Palestina por ser rica em ferro e outros minerais.

Assim, em 198 a.C. Antioco III (rei selêucida) marchou contra Ptolomeu Epifânio e o venceu. A

Palestina passou, então, a ser possessão dos selêucidas.

Tempos depois, em confronto com os romanos, Antioco III sofreu grave derrota e foi

obrigado a pagar uma pesada indenização que quase provocou a total falência de seu reino. Além,

disso, um de seus filhos, Antioco IV (Epifânio), foi feito refém pelos romanos.

Selêuco IV herdou, portanto, o trono de um reino às raias da falência. Em 175 a.C. foi

assassinado pelo próprio tesoureiro que tentou se tornar rei. Não consumou seu desejo porque

Page 22: História de Israel

Antioco IV (Epifânio) – o irmão de Selêuco que havia sido seqüestrado pelos romanos – foi

libertado a tempo de conseguir intervir e substituir seu irmão.

Antíoco IV (Epifânio) passara doze anos em Roma como refém. Ele foi saturado com a cultura

grega e o legalismo romano. Ao voltar, determinou unificar o Império, estabelecendo o politeísmo

grego como religião estatal. Ele não iria tolerar nenhuma oposição aos seus planos. O único curso

de ação, para ele, era forçar o povo, por todo o seu domínio, a aceitar a cultura grega. Através do

sumo sacerdócio corrupto, em Jerusalém, os judeus mais influentes a princípio estavam bem

simpáticos à helenização. (Hale, p. 13).

Antioco IV tentou dominar o Egito, mas, não obteve êxito. Ao retornar dessa campanha

frustrada por causa da intervenção de Roma a quem o Egito havia se aliado, Antíoco atribuiu aos

judeus a culpa de seu fracasso na tentativa de dominar o Egito. Irado, entrou em Jerusalém e, no

altar do templo sacrificou um porco. Além disso, mandou erguer no interior do templo um altar a

Zeus e autorizou a destruição de todas as cópias da lei que fossem encontradas. Determinou que

quem fosse encontrado com uma cópia da lei ou praticasse a circuncisão fosse condenado à morte.

A guarda do sábado foi proibida e em dezembro de 168 a.C. o sacrifício do Templo cessou. A

abominação da desolação referida em Daniel 9:27 ocorrera. (Hale, p. 14).

O período dos Macabeus - 167 - 63 a.C. -

Esse período pode ser dividido em duas partes: a primeira começa em 167, com o movimento de

resistência armada dos judeus contra a tirania de Antioco Epifanes IV e seus sucessores, e vai até

142 a.C. A segunda, se inicia em 142 a.C., com a independência política dos judeus conquistada por

Simão Macabeu. Nessa época começa a dinastia dos Asmoneus que governou a Palestina até 63a.C.

Após ter profanado o templo em Jerusalém Antíoco Epifanes IV, rei grego quis forçar

os judeus a adotar os costumes e a cultura dos gregos (BÍBLIA EDIÇÃO PASTORAL, p. 575).

Alguns sacerdotes se corromperam e passaram a se submeter às idéias de Epifanes. Porém, à

medida que a perseguição se intensificava contra aqueles que não se dobravam ao arbítrio do rei, o

sentimento de indignação foi crescendo entre os judeus até que se levantou uma rebelião armada.

O desenrolar dessa história está narrado nos livros de I e II Macabeus que não fazem

parte das bíblias utilizadas pelos evangélicos. Isso ocorre porque esses livros foram considerados

não inspirados pelos intérpretes protestantes. Mas, esses livros, juntamente com todos os demais

nessa condição, têm um reconhecido valor histórico que justifica sua leitura.

A humilhação se transforma em luta aramada – A Revolta dos Macabeus

Liderada por Matatias sacerdote descendente de Asamoneu ou Asmoneu, a revolta,

inicialmente tinha como objetivo apenas o restabelecimento da liberdade religiosa do povo judeu.

Page 23: História de Israel

Com a morte de Matatias, Judas, seu filho – que ficou conhecido como Judas Macabeu

(Martelador) – assumiu a liderança da revolta. Depois de uma série de brilhantes vitórias, ele

entrou em Jerusalém e rededicou o templo, em 25 de dezembro de 165 a.C. (HALE, p. 14).

Estimulado por essa vitória, Judas incorporou ao objetivo inicial de lutar pela liberdade religiosa,

também a luta pela independência política. De início o objetivo da luta era a libertação religiosa,

mas, aos poucos, se transformou em busca de independência política (BÍBLIA EDIÇÃO

PASTORAL, p. 575). Essa atitude o fez perder o apoio dos hasidim (Zelotes) que recuaram por

terem achado o plano de Judas muito ambicioso. Além disso, o seu pedido de ajuda a Roma causou

mal estar entre os judeus. Assim, com seus soldados reduzidos a seiscentos homens, Judas morreu

em 161 a.C. na batalha de Elasa.

Jônatas e Simão Macabeu

Jônatas, irmão de Judas, passou a liderar a revolta e, através de uma série de

articulações políticas aliadas à ação armada, conseguiu o cargo de sumo sacerdote e a liberdade

religiosa de seu povo. Foi nomeado sumo sacerdote por Alexandre Balas reconhecido por Demétrio

II e confirmado por Antíoco VI (A BIBLIA DE JERUSALÉM, p. 785).

Após a morte de Jônatas, Simão – irmão mais velho de Jônatas, passou a liderar a

revolta e, também a ocupar o lugar de sumo sacerdote. Em 142 a.C., a astuta política diplomática

de Simão foi recompensada com independência política completa (HALE, p. 14). De 142 a.C. a 63

a.C. os judeus voltaram a experimentar o gosto da independência política.

A dinastia dos Asmoneus

Com a independência política estabelecida foi concedido a Simão Macabeu o título de

príncipe o que deu origem à Dinastia dos Asmoneus no governo da Palestina (142 a 63 a.C.).

Depois da morte de Simão começaram a surgir uma série de problemas e conflitos

internos que trouxeram grandes dificuldades aos soberanos asmoneus. A situação se agravou após a

morte de Alexandra Salomé. Seus dois filhos e sucessores Aristóbulo II (67-63 a.C.) e Hircano II

(63-40 a.C.) passaram um longo período em luta pela soberania na Palestina sem conseguirem

chegar a um acordo. Como nenhum dos dois demonstrou ter força suficiente para se impor e

dominar a situação recorreram ao General romano Pompeu para solucionar a questão.

A dinastia dos Asmoneus

142-134 - Simão

134-104 - João Hircano I

104-103 - Aristóbulo I

103-76 - Alexandre Janeu

76-67 - Alexandra Salomé (viúva de Aristóbulo I)

67-63 - Aristóbulo II

63-40 - Hircano II

40-37 - Antígono

Page 24: História de Israel

Israel hoje: o conflito Árabe – Judeu

Segundo a Socióloga Helena Salem o conflito entre árabe e judeus em torno do território palestino é

especificamente uma questão política e não religiosa como, geralmente se pensa. Além disso, é um

problema recente que surge entre o final do século XIX e início do XX.

Com base no pequeno livro de Helena Salem “O que é questão palestina”, segue abaixo

um resumo dos desenvolvimentos históricos que desembocaram na criação do Estado de Israel e,

consequentemente, na questão palestina.

Judeus na diáspora

Em meados do século XIX a maioria dos judeus vivia espalhada pela Europa Oriental (leste

europeu): Polônia (ai viviam em torno de um milhão de judeus); Lituânia, Rússia, Hungria. Eram

pequenos comerciantes que negociavem produtos de luxo para a nobreza e seus reis, além de

emprestarem dinheiro a juros. Esses negociantes se tornaram concorrentes diretos da burguesia que

emergia nessa época na região.

Com a Revolução Industrial muitos camponeses migraram do campo para as cidades

fazendo surgir contingentes de desempregados de desempregados e miseráveis que buscavam

oportunidade de trabalho. As classes dominantes (burgueses) sobretudo na Rússia e na Polônia

começaram a se sentir pressionadas por esse movimento que exigia uma solução. Então,

aproveitaram a oportunidade para transferir aos judeus a culpa daquela situação e incitaram a

população contra os judeus. É claro que isso não era verdade. A situação tinha a ver com

desenvolvimentos do próprio sistema capitalista e, neste caso, os próprio burgueses tanto da Polônia

quanto da Rússia – que estavam também enriquecendo – eram tão culpados quanto os judeus. O

fato é que os burgueses poloneses e russos queriam se livrar da concorrência judia.

Debaixo de intensa perseguição os judeus começaram a emigrar, aos milhares, para a

Europa Ocidental, EUA e América Latina.

Ao chegar na Europa Ocidental esses milhares de judeus à procura de trabalho vão se

constituir em concorrentes do povo da terra num mercado já bastante saturado incapaz de absorver a

todos os que necessitavam. Assim, os judeus passam, novamente, a ser alvo de perseguição.

Essa situação começou a incomodar judeus ricos que já estavam bem integrados na

Europa Ocidental, principalmente na França e na Inglaterra. Foi nesse ambiente que surgiu o

movimento sionista cuja proposta era a organização de uma nação judaica, uma pátria onde os

judeus pudessem ser acolhidos. Assim, diversos intelectuais judeus se puseram a pensar na

articulação de um Estado Judeu.

A proposta mais bem elaborada vei de um jornalista judeu da Áustria chamado Theodor

Herzl que sugeriu a fundação do Estado judeu na região da Palestina. Para atrair o apoio de países

Page 25: História de Israel

da Europa Ocidental a proposta de Theodor apresentava o pretenso Estado como uma sentinela

contra a barbárie no Oriente. O Estado judeu seria uma espécie de “vigia” em favor do mundo

ocidental, um posto avançado do Ocidente no Oriente Médio. Tal proposta foi rejeitada por alguns

países, mas, aceita pela Inglaterra que viabilizou o projeto.

A articulação do movimento sionista

A emigração sionista começou em meados do século XIX. Nessa época a Palestina, ao

lado da Jordânia, Líbano e Síria formavam a chamada “Grande Síria”. As fronteira da Palestina

ainda não haviam sido definidas e somente entre 1906 e 1922, após vários acordod entre as

potências mundiais da época, é que foram estabelecidas.

Em 1882, foram instaladas as primeiras colônias agrícolas judaicas com o apoio do

magnata judeu Barão de Rotschild, “que financiou a aquisição e formação de 19 colônias e uma

escola agrícola” (SALEM, p.18).

Em 1897, foi realizado, na Basiléia (Suiça), o I Congresso Sionista com a participação

de 204 membros que resultou na fundação da Organização Sionista Mundial cujo objetivo era

estimular a volta dos judeus à Palestina.

À medida que iam se instalando na Palestina o judeus iam comprando terras e

substituindo a mão-de-obra árabe por trabalhadores judeus. Isso foi promovendo uma exclusão

natural dos árabes. Como não poderia ser diferente, os conflitos começaram a ocorrer. Afinal os

árabes, que já estavam na terra, sentiram que os judeus estavam se tornando senhores da região.

A Organização Sionista Mundial, após intensas negociações, conseguiu o apoio da

Inglaterra para a instalação dos judeus na Palestina. Com esse aval cada vez mais judeus retornaram

para a Palestina despertando, naturalmente, o nacionalismo árabe.

A partir de 1938, começaram a surgir grupos terroristas judeus de extrema direita que

eram usados para afirmar a posição judia na região.

A inglaterra nessa época fragilizada pela II Guerra e sem possibilidade de dominar os

conflitos anuncia sua sua retirada da área, passando o problema à ONU.

“A 29 de novembro de 1947, sem consultar a população árabe da Palestina, a ONU

votou um plano de partilha da Palestina em um Estado judeu e outro árabe, com Jerusalém

recebendo status internacional” (SALEM, p. 27). Assim, em 14 de maio de 1948 foi proclamada a

criação do Estado de Israel.

Indignados os árabes declararam guerra a Israael no que foram apoiados pela Inglatera

enquantos os judeus, desta vez, receberam o apoio da Rússia.

As guerras árabe-israelenses

Em 1947 havia 1.300.000 palestinos e 600.000 judeus na palestina. A divisão

estabelecida pela foi de 57% do território para os judeus e 43% para os palestinos. Essa partilha foi

recusada pelos palestinos e pela Liga Árabe (Egito, Síria, Líbano e Jordânia), gerando a primeira

guerra entre árabes e judeus por causa do território (1948-1949).

Page 26: História de Israel

Os judeus venceram e se estenderam ainda mais no território aumentando sua posse

para 75 % das terras. O que sobrou foi ocupado pela Jordânia que anexou a Cisjordânia e o Egito

que ocupou a faixa de Gaza. Nessa época 900.000 palestinos fugiram das áreas ocupadas e esse

evento deu origem à chamada Questão Palestina.

A segunda Guerra Árabe-Israelense ficou conhecida como guerra do Suez (1956), pois

o motivo foi a nacionalização do Canal de Suez. Israel, com o apoio da França e da Inglaterra

atacou o Egito e ocupou a Península do Sinai. Por pressão dos EUA e da URSS, Israel recuou a sua

fronteira original estabelecida pela ONU em 1949.

A terceira Guerra entre árabes e judeus foi em 1967, logo após a saída das tropas da

ONU da fronteira Israel/Egito e ficou conhecida como a Guerra dos seis dias. Israel, novamente,

vitorioso sobre os países árabes (Egito, Síria e Jordânia) e ocupou as planícies de Golan (da Síria); a

península do Sinai (do Egito); a Faixa de Gaza (do Egito); e a Ciscjordânia (ja Jordânia). Como isso

o número de palestinos que fugiram da região aumentou para 1.600.000 refugiados.

A quarta guerra envolvendo árabes e judeus ocorreu em 1973 e ficou conhecida como a

Guerra do Yom Kippur (para os judeus) e Ramadã (para os árabes). O Egito e a Síria atacaram

simultaneamente a Israel na data religiosa do dia do perdão (yom Kippur). Nesse conflito os árabes

conseguiram retomar a margem oriental do Canal de Suez. Com a interferência dos EUA Israel e

Egito assinaram um acordo de paz, porém a violência continou na área entre Israel e OLP.

PARA REFLETIR:

1. Você entende das ações de um sistema opressor justificariam uma resistência armada?

2. Como podemos resistir ao atual sistema que exclui tantas pessoas das condições necessárias para

uma vida digna?

3. Sobre a participação política é um caminho legítimo para se buscar soluções aos problemas

sociais?

4. Enquanto comunidade cristã que ações poderemos desenvolver para ajudar a resolver tantos

problemas sociais em nossa cidade?

Page 27: História de Israel

Mapas

1. Monte Ararate Local tradicional onde a arca de Noé aportou (Gên. 8:4). O local exato é desconhecido.

2. Ur Primeira residência de Abraão, onde ele quase foi vítima de um sacrifício humano, viu o anjo de Jeová

e recebeu o Urim e Tumim (Gên. 11:28–12:1; Abr. 1; 3:1). (Observar também um possível local alternativo

para Ur no norte da Mesopotâmia.)

3. Babilônia, Babel (Sinar) Colonizada no início por Cuxe, filho de Cão e por Ninrode. Área de origem dos

jareditas na época da Torre de Babel nas campinas de Sinar. Tornou-se posteriormente a capital provincial da

Babilônia e a residência dos reis babilônicos, incluindo Nabucodonosor que levou muitos judeus cativos para

esta cidade depois da destruição de Jerusalém (587 a.C. ). Os judeus permaneceram cativos na Babilônia

durante 70 anos até a época do rei Ciro, que permitiu que os judeus retornassem a Jerusalém para reconstruir

o templo. Daniel, o profeta também residiu aí durante os reinados de Nabucodonosor, Belsazar e Dario I

(Gên. 10:10; 11:1–9; II Reis 24–25; Jer. 27:1–29:10; Eze. 1:1; Dan. 1–12; Ômni 1:22; Éter 1:33–43).

4. Susã Capital do Império Persa dos o reinado de Dario I (Dario o Grande), Xerxes (Assuero), e Artaxerxes.

Residência da rainha Ester, cuja coragem e fé salvaram os judeus. Daniel e posteriormente Neemias serviram

aí (Nee. 1:1; 2:1; Est. 1:1; Dan 8:2).

5. Campo de Dura Sadraque, Mesaque e Abednego foram atirados na fornalha de fogo ardente quando se

recusaram a adorar uma imagem de ouro criada por Nabucodonosor; o Filho de Deus preservou-os e eles

saíram ilesos da fornalha (Dan. 3)

6. Assíria Asshur foi a primeira capital da Assíria, seguida por Nínive. Os governantes assírios Salmaneser

V e Sargon II conquistaram o Reino do Norte de Israel e levaram as 10 tribos cativas em 721 a.C. (II Reis,

14–15, 17–19). A Assíria foi uma ameaça a Judá até 612 a.C., quando a Assíria foi conquistada pela

Babilônia.

Page 28: História de Israel

7. Nínive Capital da Assíria. A Assíria atacou a terra de Judá durante o reinado de Ezequias e o ministério do

profeta Isaías. Jerusalém, a capital de Judá, foi salva milagrosamente quando um anjo matou 185.000

soldados assírios (II Reis 19:32–37). O Senhor disse ao profeta Jonas que chamasse essa cidade ao

arrependimento (Jon. 1:2; 3:1–4).

8. Harã Abraão estabeleceu-se aqui temporariamente, antes de partir para Canaã. O pai e o irmão de Abraão

aqui permaneceram. Rebeca (esposa de Isaque) e Raquel, Lia, Bilha e Zilpa (esposas de Jacó) vieram dessa

região (Gên. 11:31–32; 24:20; 29:4–6; Abr. 2:4–5).

9. Carquêmis O Faraó Neco foi derrotado aqui por Nabucodonosor, que eliminou o domínio egípcio sobre

Canaã (II Crôn. 35:20–36:6).

10. Sidom Essa cidade foi fundada por Sidom, neto de Cão e é a cidade que fica ao extremo norte de Canaã

(Gên. 10:15–20). Foi o lar de Jezabel, que introduziu a adoração a Baal em Israel (I Reis 16:30–33).

11. Tiro Foi uma importante cidade comercial e porto marítimo na Síria. Hirão, rei de Tiro enviou cedro,

ouro e servos para ajudar Salomão a construir seu templo (I Reis 5:1–10, 18; 9:11).

12. Damasco Abraão salvou Ló próximo daqui. Foi a principal cidade da Síria. Durante o reinado do rei

Davi, os israelitas conquistaram a cidade. Elias ungiu Hazael para ser o rei de Damasco (Gên. 14:14–15; II

Sam. 8:5–6; I Reis 19:15).

13. Canaã Abraão e seus filhos receberam esta terra como possessão perpétua (Gên. 17:8).

14. Monte Sinai (Horebe) O Senhor falou a Moisés de uma sarça ardente (Êx. 3:1–2). Moisés recebeu a Lei

e os Dez Mandamentos (Êx. 19–20). O Senhor falou a Eliseu em uma voz mansa e delicada. (I Reis 19:8–

12).

15. Eziom-Geber O rei Salomão construiu “naus” em Eziom-geber (I Reis 9:26). Foi provavelmente nesse

porto que a rainha de Sabá, ouvindo a respeito da fama de Salomão, aportou para vê-lo (I Reis 10:1–13).

16. Egito Abraão viajou para cá devido à grande fome que havia em Ur (Abr. 2:1, 21). O Senhor disse a

Abraão que contasse aos egípcios o que Ele lhe havia revelado (Abr. 3:15). Os irmãos de José venderam-no

como escravo (Gên. 37:28). José tornou-se o administrador da casa de Potifar. Ele foi atirado na prisão.

Interpretou o sonho do Faraó e recebeu um cargo de responsabilidade no Egito. José e seus irmãos foram

reunidos. Jacó e sua família mudaram-se para cá (Gên. 39–46). Os filhos de Israel habitaram em Gósen

durante o tempo que permaneceram no Egito (Gên. 47:6).

Os israelitas multiplicaram-se “e foram fortalecidos grandemente”; depois eles tornaram-se cativos dos

egípcios (Êx, 1:7–14). Depois de uma série de pragas, o Faraó permitiu que Israel deixasse o Egito (Êx.

12:31–41. Jeremias foi levado ao Egito (Jer. 43:4–7).

17. Caftor (Creta) O antiga terra dos minoanos.

Page 29: História de Israel

1. Dã (Laís) Jeroboão fez um bezerro de ouro

para que o Reino do Norte adorasse (I Reis

12:26–33). Dã ficava na fronteira ao norte da

antiga Israel.

2. Monte Carmelo Elias desafiou os

sacerdotes de Baal e abriu os céus para que

chovesse (I Reis 18:17–40).

3. Megido Um local onde muitas batalhas

ocorreram (Juí. 4:13–16; 5:19; II Crôn.

35:20–23; II Reis 23:29). Salomão fez subir

uma leva de gente para construir Megido (I

Reis 9:15). O rei Josias de Judá foi

mortalmente ferido em uma batalha contra o

Faraó Neco do Egito (II Reis 23:29–30). Na

Segunda Vinda do Senhor, um conflito

grandioso e final ocorrerá no vale de Jizreel

como parte da batalha de Armagedom (Joel 3:14; Apoc. 16:16; 19:11–21). O nome Armagedom é

uma transliteração grega do hebraico Har Megiddon, ou Montanha de Megido.

4. Jizreel O nome de uma cidade no maior e mais fértil vale de Israel, que possuía o mesmo nome.

Os reis do Reino do Norte construíram um palácio aqui (II Sam 2:8–9; I Reis 21:1–2). A iníqua

rainha Jezabel viveu e morreu aqui (I Reis 21:2; II Reis 9:30).

5. Bete-Seã Israel enfrentou os cananeus aqui (Jos. 17:12–16). O corpo de Saul foi afixado no muro

dessa fortaleza (I Sam. 31:10–13).

6. Dotã José foi vendido como escravo por seus irmãos (Gên. 37:17, 28; 45:4). Elias teve a visão da

montanha cheia de cavalos e carruagens (II Reis 6:12–17).

7. Samaria A capital do Reino do Norte (I Reis 16:24–29). O rei Acabe construiu um templo a Baal

(I Reis 16:32–33). Elias e Eliseu ministraram (I Reis 18:2; II Reis 6:19–20). Em 721 a.C. os assírios

conquistaram-na, completando a captura das 10 tribos (II Reis 18:9–10).

8. Siquém Abraão edificou um altar (Gên 12:6–7). Jacó viveu próximo a esse local. Simeão e Levi

mataram todos os homens da cidade (Gên. 34:25). O incentivo de Josué para “[escolher] hoje...”

servir a Deus ocorreu em Siquém (Jos. 24:15). Aqui, Jeroboão estabeleceu a primeira capital do

Reino do Norte (I Reis 12).

9. Monte Ebal e Monte Gerizim Josué dividiu Israel nesses dois montes—as bênçãos da lei foram

proclamadas do Monte Gerizim, enquanto que as maldições foram proclamadas do Monte Ebal

(Jos. 8:33). Posteriormente, os samaritanos construíram um templo em Gerizim (II Reis 17:32–33).

10. Peniel (Penuel) Nesse local, Jacó lutou toda a noite com um mensageiro do Senhor (Gên.

32:24–32). Gideão destruiu uma fortaleza midianita (Juí. 8:5, 8–9).

11. Jope Jonas navegou desse local rumo a Társis para fugir de sua missão em Nínive (Jon. 1:1–3).

Page 30: História de Israel

12. Siló Durante a época dos juízes, a capital de Israel e o tabernáculo ficaram nesse local (I Sam.

4:3–4).

13. Betel (Luz) Nesse local, Abraão separou-se de Ló (Gên. 13:1–11) e teve uma visão (Gên 13; 

Jacó teve a visão de uma escada que chegava ao céu (Gên. 28:10–22). O tabernáculo ficou em Betel

por algum tempo (Juí. 20:26–28). Jeroboão preparou um cordeiro de ouro para que o Reino do

Norte o adorasse (I Reis 12:26–33).

14. Gibeom Os heveus desse lugar usaram de astúcia para fazer um tratado com Josué (Jos.9). O sol

deteve-se enquanto Josué ganhou uma batalha (Jos. 10:2–13). Esse foi também um local temporário

do tabernáculo (I Crôn. 16:39).

15. Gaza, Adode, Asquelom, Eglom, Gate (as cinco cidades dos filisteus) Partindo dessas

cidades, os filisteus freqüentemente guerreavam contra Israel.

16. Belém Raquel foi enterrada perto dessa cidade (Gên. 35:19). Rute e Boaz viveram nela (Rute

1:1–2; 2:1, 4). Era chamada cidade de Davi (Lc. 2:4).

17. Hebrom Abraão (Gên 13:18), Isaque, Jacó (Gên. 35:27), Davi (II Sam. 2:1–4), e Absalão (II

Sam. 15:10) viveram aqui. Foi a primeira capital de Judá sob o rei Davi (II Sam. 2:11). Acredita-se

que Abraão, Sara, Isaque, Rebeca, Jacó e Lia estejam enterrados aqui na Cova de Macpela (Gên.

23:17–20; 49:31, 33).

18. En-Gedi Davi escondeu-se de Saul e poupou a vida de Saul (I Sam. 23:29; 24:1–22).

19. Gerar Abraão e Isaque viveram nesse local durante algum tempo (Gên. 20–22, 26).

20. Berseba Abraão cavou um poço e fez um convênio com Abimeleque (Gên. 21:31). Isaque viu o

Senhor (Gên. 26:17, 23–24), e Jacó viveu aqui (Gên. 35:10; 46:1).

21. Sodoma e Gomorra Ló decidiu viver em Sodoma (Gên. 13:11–12; 14:12). Deus destruiu

Sodoma e Gomorra devido à sua iniqüidade (Gên 19:24–26). Jesus posteriormente usou essas

cidades como símbolos de iniqüidade (Mt. 10:15).

Page 31: História de Israel

Referências

A BÍBLIA DE JERUSALÉM, São Paulo: Edições Paulinas, nova edição revista, 3ª impressão,

Outubro, 1987.

BIBLIA SAGRADA EDIÇÃO PASTORAL, São Paulo, Paulus, 47ª impressão, Agosto, 2002.

ARENHOEVEL, Diego. Assim se formou a Bíblia: para você entender o Antigo Testamento.

São Paulo: Edições Paulinas, 1978.

BRIGHT, J. História de Israel. São Paulo, Edições Paulinas, 1978. (Nova Coleção Bíblica)

BURNS, Edward Mcnall. História da civilização ocidental. 41ª ed. São Paulo: Editora Globo,

2001.v. 1.

HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. Rio de Janeiro: JUERP,

1986.

LÄPLE, Alfred. A Bíblia hoje: documentação de História, Geografia, Arqueologia. São Paulo,

Edições Paulinas, 1984 (Coleção Entender a Bíblia)

JOHNSON, Paul. História dos Judeus. Rio de Janeiro, Imago, 1989.

SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo, Edições Vida

Nova, 1988.

SCHWANTES, Milton. Sofrimento e esperança no exílio: história e Teologia do povo de Deus

no século VI a.C. São Paulo: Sinodal/Paulinas, 1987 (Coleção Temas Bíblicos).