história da fmb no estado de sp

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História da Febre Maculosa no Estado de São Paulo De 1900 à década de 1950 Milena Câmara – Médica Veterinária Quarta-feira, 16 de Outubro de 13

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História da Febre Maculosa no Estado de São Paulo

De 1900 à década de 1950

Milena Câmara – Médica Veterinária

Quarta-feira, 16 de Outubro de 13

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Quarta-feira, 16 de Outubro de 13

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1 – Tifo exantemático, febre maculosa e tifo murino são três riquetsioses que apresentam alguns

sintomas clínicos semelhantes, principalmente quanto ao aparecimento de exantemas.

Considerações para compreender a história da FMB em SP:

I - O cenário das doenças

Quarta-feira, 16 de Outubro de 13

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Febre maculosa

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I - O cenário das doenças

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I - O cenário das doenças

2 – A doença “tifo exantemático” já era uma velha conhecida da humanidade, principalmente na Europa, com diversos nomes diferentes. Porém não

eram conhecidos nem seu agente etiológico, nem sua forma de transmissão.

Primeira descrição médica acurada: Hieronymi Fracastorii. De Contagionibus et contagiosis morbis et eorum curatione. 1546.

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O cenário das doenças

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O cenário das doenças

3 – O tifo exantemático veio para as Américas junto com os colonizadores espanhóis, e foi sendo registrado em diversos países da América Latina

com o passar do tempo.

Pe Augustin Farfan.Tratado Breve de Medicina, y de todas las Enfermedades, que á cada passo se ofrecen. México,

1592.

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I - O cenário das doenças

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I - O cenário das doenças4 – A doença “febre maculosa” era praticamente

desconhecida.

1873Primeiros casos identificados: 2 colonos, em Montana, nas

Montanhas Rochosas

Só foram descritos em investigação retrospectiva,

posterior a 1900

1896 Primeiro registro escrito sobre a doença

Relatório do cirurgião do Quartel Boise, em Idaho

1885 a 1899

63 casos relatados, com 70% de letalidade

Levantamento realizado em investigação retrospectiva,

posterior a 1900

1899 Primeira publicação científica a respeito da doença

Feita por Edward Ernest Maxey, no Medical Sentinel

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I - O cenário das doenças

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I - O cenário das doenças

5 – A doença “tifo murino” era totalmente desconhecida.

Identificação e nomeação do agente etiológico: Wolbach SB, Todd JL. Note sur l'étiologie et l'anatomie pathologique du

typhus exanthématique au Mexique. Ann. Inst. Pasteur (Paris) 1920; 34:153-158.

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I - O cenário das doenças

6 – A doença “tifo exantemático” era constantemente confundida com a “febre tifóide”, pois

esta também apresenta sintomas assemelhados, e aparecimento de sinais cutâneos (roséolas tíficas).

Diferenciação definitiva entre as duas: Gerhard WW. On the Typhus Fever Which Occurred at Philadelphia in the Spring and

Summer of 1836. Am. J. Med. Sc., 20:289, 1837.

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Mesmo depois, permaneceu essa associação dos sintomas das riquetsioses com a febre tifóide.

Média  nesses  22  anos:  7  HD  febre  3fóide  em  17  DF  de  TESP/FMB  (41%)Fonte: Livro de movimento de doentes do Hospital de Isolamento de São Paulo

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Mesmo depois, permaneceu essa associação dos sintomas das riquetsioses com a febre tifóide.

1ª vez que a HD foi FMB

Média  nesses  22  anos:  7  HD  febre  3fóide  em  17  DF  de  TESP/FMB  (41%)Fonte: Livro de movimento de doentes do Hospital de Isolamento de São Paulo

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Considerações para compreender a história da FMB em SP:

II - O Panorama histórico

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II - O panorama histórico

Entrada de imigrantes em São Paulo. 1827-1901

Fonte: Secr. dos Negócios da Agr., Com. e Obras Publicas. Relatório de 1901

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Entrada de imigrantes em São Paulo. 1827-1901

Fonte: Secr. dos Negócios da Agr., Com. e Obras Publicas. Relatório de 1901

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Entrada de imigrantes em São Paulo. 1827-1901

Fonte: Secr. dos Negócios da Agr., Com. e Obras Publicas. Relatório de 1901

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Fonte: Secr. dos Negócios da Agr., Com. e Obras Publicas. Relatório de 1901

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II - O panorama histórico

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Entrada de imigrantes em São Paulo. 1827-1901

Fonte: Secr. dos Negócios da Agr., Com. e Obras Publicas. Relatório de 1901

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1900Primeiro registro médico de um diagnóstico

de tifo exantemático em São Paulo

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Fonte: Diário de trabalho do Dr. Adolpho Luts de 1900. Acervo do Museu do Instituto Adolfo Lutz.

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Fonte: Diário de trabalho do Dr. Adolpho Luts de 1900. Acervo do Museu do Instituto Adolfo Lutz.

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1904Decreto Federal nº 5.156, de 8 de Março

Art. 145. São consideradas molestias de notificação compulsoria:

VII. Typho e febre typhoide

As  próximas  listas  de  no3ficação  compulsória  con3nuaram  trazendo  o  3fo  exantemá3co  até  1961,  quando  foi  suprimido.

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Obs:No município de S. Paulo, a febre maculosa continuou sendo de notificação compulsória até pelo menos 1977

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Municípios com diagnóstico de tifo

exantemático em SP. 1900-1928

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Município Casos AnosCapital 18 1900,  1904-­‐1907,  1911,  1913,  1920,  1924,  1927

Barretos 1 1920Caçapava 1 1908

Campinas    (Sta.  Cruz) 1 1907Capão  Bonito  do  Pardo 1 1915

Dois  Córregos 1 1915Franca 1 1910

JaboPcabal 2 1907,  1909Jahú 1 1913

Mogi  das  Cr.  (Suzano) 1 1920Pedreira 1 1924

Porto  Feliz    (Boituva) 1 1907  ou  1908Santo  Amaro 2 1909

Santos 1 1924S.  Bento  do  Sapucahy 1 1907São  José  do  Rio  Pardo 1 1908

São  Roque 1 1907  ou  1908Sertãozinho 1 1928Socorro 1 1907

Sta.  Adélia 2 1919,  1923Sta.  Bárbara 1 1907

Sta.  Cruz  do  Rio  Pardo 3 1907Sta.  Rita  do  Passa  Q. 1 1922

Tietê 2 1911,  1919Mun

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Progressos no conhecimento sobre as riquetsioses, durante esse período:

1906 a 1909

Howard Taylor

Ricketts

- demonstrou que: a febre maculosa era causada por um agente infeccioso;

- o agente infeccioso não sobrevivia em meios de cultura;

- era retido pelos filtros bacteriológicos (grande);- a febre maculosa era transmitida pela picada de

carrapatos;- pessoas e animais curados tornavam-se imunes;- o carrapato vetor tinha ciclo de vida trioxeno, e

não era apenas um vetor mecânico;- as larvas infectadas mantinham a infecção

durante a fase de ninfa e de adulto.

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Progressos no conhecimento sobre as riquetsioses, durante esse período:

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1909Charles Nicolle

- demonstrou que: o tifo exantemático era causado por um agente infeccioso;

- que o piolho era o vetor do agente infeccioso.

1916

Henrique da Rocha Lima

- isolou o agente etiológico do tifo exantemático no intestino de piolhos;

- verificou que esse agente constituía um grupo especial de bactérias (intracelulares estritas), e propôs-lhe o nome de Rickettsia prowazeki1916

Edmund Weil e Felix Arthur

- desenvolveram a reação de Weil-Felix para diagnosticar o tifo exantemático que atacava os soldados.

Progressos no conhecimento sobre as riquetsioses, durante esse período:

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1920(4  anos  após  o  desenvolvimento  da  técnica)  

Primeiro  diagnós3co  de  3fo  exantemá3co  pela  técnica  de  Weil-­‐Felix  na  capital  de  SP

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1920(4  anos  após  o  desenvolvimento  da  técnica)  

Primeiro  diagnós3co  de  3fo  exantemá3co  pela  técnica  de  Weil-­‐Felix  na  capital  de  SP

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Progressos no conhecimento sobre as riquetsioses:

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1919Simeon Burt

Wolback

- demonstrou o agente da febre maculosa, descreveu suas características e propriedades, e propôs o nome de Dermacentronexus ricketsi.1920

Wolback e todd- propuseram o nome de Dermacentronexus

typhi, para o agente causador do tifo murino.

1922Emile Brumpt

- defendeu que o agente da febre maculosa pertencia ao gênero das riquétsias, e propôs o nome de Rickettsia ricketsii.

1924Spencer e Parker

- desenvolveram a primeira vacina contra febre maculosa.

1928Herman Mooser

- demonstrou que o tifo exantemático e o tifo murino podiam ser claramente diferenciados.

Progressos no conhecimento sobre as riquetsioses:

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S. Paulo, dia 28 de setembro de 1929

MHM, 24 anos, solteira, começou com uma ligeira indisposição à tarde.

Dia 29 – fortes dores no estômago e cabeça, mialgia intensa e náuseas. Médico da família suspeitou de infecção intestinal.

Dia 30 – Febre de 40ºC.Dia 01/10 – erupção cutânea generalizada. Médico mudou a

suspeita para escarlatina. O serviço sanitário fez o isolamento domiciliário.

Dia 06 – grande piora do quadro. O médico da família estava ausente da cidade. O Dr. José de Toledo Piza foi chamado para atendê-la, passando a suspeitar de tifo exantemático.

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Assim começou aquilo que foi considerado

um surto epidêmico de tifo exantemático e

que, até 1931, computou 61 casos

com 72% de letalidade.

Divisão administrativa dos municípios ao redor de São Paulo na década de 1930

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1930Um dos casos foi do Instituto Biológico

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1930Um dos casos foi do Instituto Biológico

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Ações de combate ao tifo exantemático começaram a ser

feitas em São Paulo, principalmente voltadas contra

os piolhos e as pulgas:

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Ações de combate ao tifo exantemático começaram a ser

feitas em São Paulo, principalmente voltadas contra

os piolhos e as pulgas:

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O Dr. José de Toledo Piza, médico do Hospital de Isolamento de São Paulo acompanhou e estudou todos estes

doentes, que estiveram internados naquele hospital.

Com o acúmulo das observações passou a considerar que essa doença não era

propriamente o tifo exantemático, devido a algumas diferenças clínicas, aspectos

epidemiológicos e comportamento experimental.

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1931O  Ins3tuto  Butantã,  principalmente  através  do  Dr.  Lemos  Monteiro,  se  envolveu  nas  pesquisas  desta  “nova”  doença.

1932  –  Demonstrou  a  capacidade  vetorial  do  A.  cajennense1932  –  Demonstrou  que  haviam  duas  doenças  diferentes:  uma  

mais  letal,  que  se  manifestava  nas  localidades  rurais  e  peri-­‐rurais,  e  outra  mais  benigna,  que  se  manifestava  em  áreas  urbanizadas  com  presença  de  roedores  e  suas  pulgas.

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Dr.  Lemos  Monteiro1932  –  Propôs  as  seguintes  designações:

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Dr.  Lemos  Monteiro1932  –  Propôs  as  seguintes  designações:   Rickeasioses  -­‐    para  as  doenças  chamadas  “typhus”;   R.  mooseri  –  para  o  agente  e3ológico  do  “typho  mexicano”;   R.  brasiliensis  –  para  o  agente  e3ológico  do  “typho  

exanthema3co  de  São  Paulo”  (TESP);   R.  ricke2sii  –  para  a  febre  maculosa  das  Montanhas  

Rochosas.1932  –  Iniciou  experiências  para  desenvolvimento  de  uma  

vacina  contra  a  nova  doença

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Novembro de 1933O  Diretor  do  Departamento  de  Saúde  do  Estado  de  São  Paulo  nomeou  uma  comissão  para  estudar  o  TESP  e  sugerir  medidas  

profilá3cas.  Par3cipavam  dela  os  drs.  Piza,  Salles  Gomes,  Lemos  Monteiro,  e  Meyer.

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Essas  medidas  profilá3cas  foram  postas  em  prá3ca  pela  Inspectoria  de  Prophylaxias  das  Doenças  Infectuosas:

-­‐ Combate  aos  carrapatos  por  meio  de  queima  e  rotação  de  pastagens,  banheiros  carrapa3cidas  para  o  gado  e  animais  domés3cos,  controle  do  trânsito  intermunicipal  de  animais,  extermínio  de  roedores  e  animais  silvestres,  estudo  de  possíveis  parasitas  de  carrapatos  e  seus  inimigos  naturais,  medidas  de  defesa  individual  contra  picadas,  etc

-­‐ Vacinação  preven3va

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Dr.  José  Lemos  Monteiro

1933  –  Apresentou  uma  técnica  que  desenvolveu  para  a  produção  de  vacina  contra  o  TESP,  u3lizando  A.  cajennense  no  cul3vo  das  riquétsias.

1933-­‐34  –  Realizou  uma  série  de  experiências  para  testar  as  relações  imunológicas  do  TESP  com  febre  maculosa  das  Montanhas  Rochosas,  e  com  casos  de  3fo  endêmico/epidêmico  originários  da  Argen3na,  Chile  e  Bolívia.

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Dr.  José  Lemos  Monteiro

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Dr.  José  Lemos  Monteiro1935  –  Após  trabalhos  conjuntos  e  correspondência  com  o  Dr.  

Parker  (EUA),  Lemos  Monteiro  publicou  o  parecer  de  que  o  combate  ao  carrapato  só  é  viável  em  determinadas  condições,  fora  das  quais,  é  impra3cável  e,  se  for  tentado,  mesmo  com  sucesso,  não  compensará  as  despesas.

  Apresentou  como  medidas  profilá3cas  efe3vas:-­‐ Medidas  para  evitar  a  infestação  pessoal  por  carrapatos,  ou  

para  removê-­‐los  o  mais  depressa  possível,  e-­‐ Vacinação  preven3va  das  pessoas  residentes  ou  que  tenham  

contato  com  áreas  infestadas.

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Dr.  José  Lemos  Monteiro

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Dr.  José  Lemos  Monteiro19  de  outubro  de  1935  –  preparando  a  primeira  par3da  da  

vacina  contra  a  febre  maculosa  (nas  novas  instalações  do  Ins3tuto  Butantã  des3nadas  a  essa  produção),  sofreu  um  acidente  durante  a  trituração  dos  carrapatos  contaminados  e,  juntamente  com  seu  auxiliar-­‐técnico  Edson  de  Andrade  Dias,  se  infectou  com  alta  carga  de  riquétsias  por  via  aérea.

24  de  outubro  –  Edson  Dias  apresentou  os  primeiros  sintomas,  falecendo  em  31  de  outubro.

31  de  outubro  –  Lemos  Monteiro  apresentou  os  primeiros  sintomas,  falecendo  em    6  de  novembro.

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Produção  de  vacinas  no  InsPtuto  Butantã

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Produção  de  vacinas  no  InsPtuto  Butantã

1936  –  J.  Travassos  assumiu  a  con3nuação  do  trabalho  de  Lemos  Monteiro  na  produção  industrial  da  vacina  contra  o  TESP.

Ele  priorizou  a  criação  ar3ficial  de  A.  cajennense  em  grande  escala  para  a  obtenção  das  riquétsias  em  alta  concentração.

1944  –  J.  Travassos  e  A.  Vallejo-­‐Freire  publicam  ar3go  divulgando  o  protocolo  de  produção  industrial  da  vacina  que  já  estava  instalada  e  funcionante  no  Ins3tuto  Butantan.

Em  1983  as  vacinas  ainda  eram  produzidas  no  Butantan

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1937Samuel  Libânio,  catedrá3co  da  Universidade  de  Minas  Gerais  propôs  que  a  enfermidade  verificada  tanto  em  S.  Paulo  como  

em  Minas  Gerais,  fosse  denominada  FEBRE  MACULOSA  BRASILEIRA

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Page 82: História da fmb no estado de sp

Vacinação  contra  a  febre  maculosa

Houve  ocasiões  em  que  a  produção  das  vacinas  pelo  Ins3tuto  Butantan  foram  insuficientes  para  atender  à  demanda.  Há  

registro  de  termos  recebido  gratuitamente  dos  EUA,  em  1943,  6.000  doses  de  vacina  contra  a  febre  maculosa,  para  suprir  

essa  deficiência.

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Vacinação  contra  a  febre  maculosa

Houve  ocasiões  em  que  a  produção  das  vacinas  pelo  Ins3tuto  Butantan  foram  insuficientes  para  atender  à  demanda.  Há  

registro  de  termos  recebido  gratuitamente  dos  EUA,  em  1943,  6.000  doses  de  vacina  contra  a  febre  maculosa,  para  suprir  

essa  deficiência.

As  vacinações  con3nuaram  nas  áreas  de  ocorrência  de  surtos  até  à  década  de  1980,  no  Estado  de  São  Paulo.

Quarta-feira, 16 de Outubro de 13

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Vacinação  contra  a  febre  maculosa

Lemos  Monteiro  e  Edson  Dias  haviam  recebido  vacinação  há  menos  de  2  anos  antes  de  sua  morte.  Isso  demonstrou  que  a  vacina  contra  o  TESP  não  determinava  imunidade  muito  

duradoura.

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Vacinação  contra  a  febre  maculosa

Lemos  Monteiro  e  Edson  Dias  haviam  recebido  vacinação  há  menos  de  2  anos  antes  de  sua  morte.  Isso  demonstrou  que  a  vacina  contra  o  TESP  não  determinava  imunidade  muito  

duradoura.

Estabeleceu-­‐se  o  seguinte  esquema  de  vacinação  preven3va:3  doses  por  via  subcutânea,  sendo  que  a  dose  para  menores  

de  10  anos  era  de  1ml  e  para  maiores,  2  ml.A  revacinação  com  1  ou  2  doses  deveria  ser  feita  no  mínimo  

anualmente,  mas  de  preferência  semestralmente.

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1947-1948Trabalhos publicados nos EUA demonstram

experimentalmente que o cloranfenicol é de real proveito no tratamento das riquetsioses.

1948Wong e Cox demonstraram a eficiência da aureomicina (tetraciclina de 1ª geração) no

tratamento das riquetsioses.

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Casos de FMB diagnosticados no

Hospital de Infectologia de SP no período de

1929 a 1950

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MUNICÍPIO  ATUAL ÓbitosCapital 177

Santo  André 21Mogi  das  Cruzes 10

Itapecerica  da  Serra 6São  Bernardo  do  Campo 6

São  Caetano  do  Sul 6Ribeirão  Pires 5

Caieiras 3Guarulhos 4

Itaquaquecetuba 3Osasco 3Suzano 3CoPa 1Mauá 2

Franco  da  Rocha 1Jandira 1

Vargem  Grande  Paulista 2

Casos de óbito por FMB diagnosticados no Hosp. de Infectologia de SP no período de 1929 a 1952(1)

Fontes:    livros  de  movimento  de  doentes  do  Hospital  de  Infectologia  de  S.  Paulo  (acervo  do  Museu  de  Saúde  Pública),Piza  JT,  Meyer  JR,  Gomes  LS.  Typho  ExanthemaPco  de  São  Paulo.  Soc.  Impressora  Paulista,  1932.

(1)  Excluídos  os  meses  de  janeiro  a  setembro  de  1929,  e  julho  a  dezembro  de  1952

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OBRIGADA !!!

Milena [email protected]

Foto:  Cortesia  da  Dra.  Ester  DainovskasQuarta-feira, 16 de Outubro de 13