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Pró-reitoria de EaD e CCDD
Conversa Inicial
Olá!
Na sexta e última aula, verificaremos: como o jornalismo funciona na era
digital, além de perceber o papel dos receptores (que agora também são
produtores) na elaboração e divulgação das notícias; os diversos tipos de
produção jornalística que existem na web e que nos permitem diferentes
experiências com a informação; o jornalismo digital que é produzido não apenas
a partir do jornalista, mas também do público, que participa do processo. Que
tipos de desafios o jornalismo digital nos reserva? Vamos ver?
Contextualização
As tecnologias digitais transformaram nossas formas de ser e estar no
mundo, mudando as interações com o mundo e com os outros. A informação é
gerada e distribuída entre a sociedade de outras e novas formas; ao mesmo
tempo em que todos consomem informação, também são sua fonte. As diversas
tecnologias de hardware (smartphones, tablets, notebooks, etc.), aliadas aos
softwares das plataformas sociais (Facebook, Whatsapp, Instagram, Youtube,
etc.), permitiram uma produção e circulação de informações em tempo real,
inimagináveis até não muito tempo atrás.
O jornalismo também acompanhou essas transformações, ajustando suas
produções ao novo momento da era digital. O jornal impresso oferece sua versão
digital, com um tipo de construção textual e de imagens próprias do meio: links
para assistir videos e maior participação dos leitores. O radiojornalismo digital
também funciona de forma distinta do rádio em sua forma clássica, em Hertz.
Ele permite novas formas de interação com os ouvintes, maior segmentação, e
maior disponibilidade de rádios em alcance mundial. O telejornalismo digital
também se insere nesse modelo de interação e maior participação, em que a
informação compartilhada se torna um grande prática atual, oferecida pelas
atuais possibilidades tecnológicas disponíveis. Essas novas práticas
jornalísticas serão abordadas a seguir, buscando também uma reflexão sobre os
rumos que podem ser vislumbrados para o jornalismo no ciberespaço.
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As atuais formas digitais para o consumo da informação convivem com as
velhas formas. O portal de notícias vive ao lado da revista, do jornal da banca,
do rádio, etc. Uma questão que vem sendo discutida de alguns anos para cá é
sobre o futuro das mídias analógicas. Como continuará acontecendo o consumo
das velhas mídias de massa como o jornal impresso ou o rádio em Hertz? A
televisão no aparelho da sala ou a televisão na web? Haverá uma migração total
para o consumo de informações pelos meios digitais? Ou ainda perdurará o
consumo das mídias clássicas? O que podemos responder, por enquanto, é que
há uma coexistência entre as velhas e as novas mídias, cada uma delas, ao seu
modo, nos traz informações, nos mais diversos lugares, nas mais diversas
situações, de forma complementar. Como ficará, nesse cenário, o papel do
jornalismo, em uma sociedade interconectada, que tem o poder de
avaliação/produção da informação que chega? Não há como saber se haverá
uma hegemonia dos meios digitais para a produção e circulação de informações
no ciberespaço. A seguir, veremos como as atuais formas de jornalismo têm
produzido conteúdos para uma sociedade cada vez mais conectada e
interligada.
Tema 1: O jornal digital
Não é preciso falar sobre a grande importância que o jornal impresso tem
na história da comunicação. A partir da solução da prensa gráfica no século XV
propiciada por Gutenberg, o mundo da comunicação ganha uma nova
possibilidade: a comunicação impressa. Muitas são as transformações sociais
que a comunicação impressa traz para o mundo; dentre elas, podemos destacar
algumas, como a democratização do acesso a informação, a possibilidade de
leitura em língua nativa e, consequentemente, a formação de opinião pública,
que contribuiu com as chamadas revoluções burguesas do século XVIII, como a
Revolução Americana e a Revolução Francesa.
Os jornais trouxeram consigo a possibilidade de informação e
entretenimento para as pessoas, criando uma cultura de leitura diária e também
uma maior participação cidadã.
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Forma-se uma cultura de massa, leitora de informações distribuídas diariamente
pelos periódicos, com as mais variadas notícias: política, cultura, esporte,
economia, cidadania, etc., além da publicidade impressa, que também se
desenvolveu juntamente com os jornais. Ao entrar no século XX, o jornal
conviveu com o rádio e, mais tarde, com a televisão, formando uma tríade de
mídias massivas. Todas seguem o modelo de um para muitos, típico formato da
comunicação de massas, em que o conteúdo é elaborado e definido pelo
emissor, para depois ser distribuído para um determinado público receptor, em
uma dinâmica de característica passiva.
Com a era digital e o ciberespaço, temos a comunicação pós-massiva,
que segue o modelo de muitos emissores para muitos receptores. Isso implica
uma maior interação e participação por parte dos receptores, algo que não era
possível no modelo comunicacional anterior. A partir desse momento, aconteceu
ainda com o jornal impresso o que Nóra (2011) chama de “cadernização”, que
seria o fenômeno dos cadernos especializados por assunto, algo trazido com a
segmentação do ambiente digital. No ambiente da web, os jornais se tornaram
multimídia, permitindo não apenas assimilar as notícias através de textos e fotos,
mas também por video, áudio, animações etc. O antigo leitor das versões
impressas se torna, agora, um ator que participa de forma mais ativa,
comentando as notícias, enviando e-mails com reclamações ou sugestões,
acompanhando mais de perto a dinâmica jornalística.
Tema 2: O radiojornalismo digital
Se o jornal precisou se ajustar ao novo ambiente do ciberespaço, não foi
diferente com as mídias eletrônicas de massa, como o rádio e a televisão. No
caso do rádio, também foi necessário todo um processo de adaptação, tanto na
parte técnica quanto na parte de linguagem. O jornalismo radiofônico também
adotou novas práticas, usos de novos gadgets para ajudar e otimizar o trabalho
dos repórteres e dos apresentadores de programas.
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Vale lembrar que, juntamente com a chegada da internet, também houve a
chegada da telefonia celular, fruto de um processo de convergência entre a
telefonia e a informática (a telemática).
A telemática é uma tecnologia que permitiu todo um avanço durante a
primeira década do século XXI, com o incremento de cada vez mais recursos
para os aparelhos, agilizando e facilitando diversas tarefas particulares ou
profissionais. Pela capacidade de realização de tantas tarefas, ganharam o
apelido de smartphones, um grande aliado para reportagens ao vivo para o rádio.
Com eles é possível realizar a captação de áudio, vídeo ou foto em alta
resolução, e enviar para a redação por e-mail ou plataformas sociais, como
Facebook, Instagram, WhatsApp, etc. Os textos das reportagens também podem
ser escritos e enviados pelo mesmo aparelho, de forma rápida e com toda a
mobilidade que a tecnologia oferece. Se antes eram necessários um mundo de
fios e transmissores, com a digitalização dos equipamentos, temos hoje uma
produção de conteúdo muito mais portátil, com alta qualidade de áudio.
O interior das rádios também se transforma com a era digital. A partir dos
anos 1990, as rádios sofreram um processo de digitalização, com aparelhos que
trouxeram maior praticidade no processo de gravação/edição de áudio, como os
minidiscs, fabricados pela japonesa Sony, que substituíram os antigos cartuchos
em fita magnética.
Figura 1
Fonte: Rádio em Revista, 2016.
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Figura 2
Fonte: Minidisc, 2016.
Os softwares para edição de áudio também facilitaram todo o trabalho de
gravação e edição das reportagens veiculadas na programação de uma
emissora. A partir do barateamento dos equipamentos e várias opções de
programas editores de áudio sendo lançados no mercado, a tarefa, antes
demorada e complexa, agora pode ser feita de forma muita mais simples, em um
espaço de tempo muito menor. O levantamento de notícias também foi afetado
com a web, na qual se torna possível acessar as agências de notícias de forma
muita mais prática, acessando seus sites, quando antes era necessário o uso de
telefonemas, fax, correspondência, etc. O radiojornalismo feito hoje aproveita
todas as praticidades que a tecnologia oferece, oferecendo um jornalismo mais
rápido, ágil e participativo para seus ouvintes.
Tema 3: O telejornalismo digital
A era digital também atingiu o universo das mídias audiovisuais, como o
cinema e a televisão. O jornalismo televisivo precisou se adaptar a esse novo
modo de produção de conteúdo, com uma participação muito maior do
espectador. Com o surgimento e popularização da televisão, a partir da segunda
metade do século XX, vimos o surgimento de uma sociedade muito mais visual
em relação aos efeitos que o cinema vinha provocando. O cinema, no caso, se
trata de uma experiência mais sazonal, enquanto que a televisão se torna uma
experiência diária.
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Com a herança de sua grade de programação vinda do rádio, que envolve
produtos como telenovelas, programas infantis, de esporte, entrevistas, também
temos os telejornais, oferecendo notícias e informações para os telespectadores.
Durante muito tempo, o tipo de conteúdo que era produzido levava em
conta um espectador passivo do outro lado, assistindo os noticiários sem
nenhum tipo de participação na elaboração do que assistia. Com a chegada da
TV digital, houve todo um processo de adaptação dos conteúdos ao novo modelo
participativo dos espectadores. Com os telejornais digitais, não foi diferente: eles
foram elaborados com o espectador sob um papel de coprodutor dos conteúdos,
enviando vídeos, fotos, textos, etc., que podem entrar na edição a ser exibida,
diferente do modelo anterior. Graças ao chamado canal de retorno, o
telespectador tem um contato muito mais próximo com quem produz o conteúdo,
tornando-se o próprio espectador um produtor também.
O canal de retorno é o recurso que permite uma emissão de conteúdo por
parte de quem consome a TV digital no modelo TVDI (TV digital interativa), algo
que ainda está para funcionar planamente no Brasil. Há uma aproximação muito
maior entre a emissora e o espectador, criando uma interação direta no modelo
um-um, apesar de a televisão digital ter, em seus produtos, um modelo
comunicacional que simula o todos-todos. Os níveis de interatividade na TV
digital seriam 7, em que, a partir do nível 5, já temos o canal de interatividade,
sendo o nível 7 o de maior interatividade, similar ao que ocorre na internet. Um
dos desafios que apontam para o jornalismo na TV digital é como criar uma
harmonia no conteúdo apresentado, em que há uma participação da própria
equipe jornalística de uma emissora de TV, aliado ao conteúdo que vem dos
espectadores. São desafios para novas formas de produção e consumo de
conteúdo.
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Figura 3
Fonte: Startup7, 2016.
Tema 4: Os portais de notícias
Se o jornalismo televisivo digital leva em conta uma participação dos
telespectadores, a dinâmica dos portais de notícia não é diferente. Com a
popularização da internet no Brasil, a partir do início dos anos 2000, começam a
surgir os portais de notícia, espaços virtuais de informações para serem
compartilhadas, construídos também a partir de um processo muitas vezes
coletivo. Em alguns momentos, eles competem com as redes sociais e os blogs
como fontes de informação e possuem uma característica de conteúdo mais
jornalístico, oferecendo informações sobre os mais diversos temas.
Seguindo o modelo de um jornalismo open source (“fonte aberta”), prática
característica do ambiente do ciberespaço, muitas vezes, os assuntos diários
que são divulgados são feitos por não jornalistas, porém com um jornalista para
acompanhar o fechamento das pautas. Esse tipo de produção também pode ser
chamado de jornalismo colaborativo ou jornalismo cidadão, que seria um
contraponto ao velho modelo do jornalismo, feito por uma mídia de massa, tida
como o único emissor do conteúdo. Com a internet, temos o que Pierre Lévy
chama de quebra do polo de emissão, situação em que quem recebe conteúdo
também produz. Nesse modelo, não há mais a verticalização tradicional das
mídias de massa, passando para uma dinâmica muito mais horizontalizada.
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Os portais de notícia se tornaram, ao longo desse início de era digital,
uma alternativa muito utilizada como fonte de informações para muitas pessoas,
talvez pela rapidez do acesso, pela diversidade de notícias e também pela
possibilidade do leitor também poder ser um produtor desse conteúdo.
Tema 5: Convergência e depois
Como foi possível vermos aqui, muitas foram as transformações que cada
mídia causou na sociedade, cada uma em seu momento, com suas
características próprias. Foram transformações tanto no processo
comunicacional quanto social, no sentido de novos valores, hábitos e atitudes
sociais. Com o universo da produção de notícias, não foi diferente. Vimos as
várias mídias em surgimento ao longo do século XX, por exemplo, e os efeitos
transformadores que elas causaram. Observamos como a produção de notícias
se apropriou das novas mídias, trazendo novas formas de comunicar noticias
para as pessoas. O jornal impresso, o rádio, o cinema e a televisão, cada uma
dessas mídias teve (e tem) seu papel transformador na sociedade, desenhando
o formato do século XX.
Ao entramos na era digital, essas mídias ise apresentam de formas
renovadas, com novas possibilidades, para uma nova sociedade, conectada e
participativa, onde a produção de notícias abandona o velho formato um-muitos.
As formas de interação com as informações se transformam, com uma
possibilidade mais intensa de interatividade. Agora, não apenas lemos a matéria
ou vemos a foto, mas podemos assistir a um vídeo, abrir um link, mandar uma
mensagem ou dialogar com outras pessoas que também viram o mesmo
conteúdo. A própria produção dos conteúdos já é feita como fruto da
convergência, pensando nos desdobramentos que possam acontecer. A matéria
lida em um jornal impresso pode se desdobrar em um site, assim como o assunto
visto em um portal de notícias pode seguir para um livro impresso.
Como vimos nessa e nas outras aulas, as tecnologias digitais alteraram a
sociedade do século XXI de forma radical e irreversível.
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As relações entre pessoas e entre pessoas e a informação foram remodeladas,
em uma nova dinâmica, mais rápida e intensa do que jamais foi em outras
épocas. O controle da informação não pertence mais aos antigos produtores de
conteúdo, como as rádios ou os canais de TV. O conhecimento agora está
acessível a todos, e as hierarquias se modificam no momento em que qualquer
pessoa com conexão pode ter acesso a uma informação. Os desdobramentos
dessa nova dinâmica social e sua relação com a informação são muitos, a partir
do que podemos ver hoje como efeito das tecnologias digitais. O que nos
espera? Como as informações serão produzidas e distribuídas entre as
pessoas? De que forma elas serão consumidas? São perguntas como essas que
nos mantêm curiosos e fascinados sobre o porvir no mundo da informação.
Síntese
Como vimos, o jornalismo tem muitos desafios pela frente, mas vimos
também que a atividade de preparar e divulgar notícias para as pessoas sofreu
várias mutações ao longo dos últimos dois séculos, e que as novas perspectivas
que a era digital apresenta contam como mais uma etapa dentro do jornalismo.
Os produtos jornalísticos radiofônicos, impressos e televisivos estão em
processo de adaptação – alguns mais avançados, outros nem tanto –, em
adequação ao modo de criação e divulgação de notícias através do ciberespaço.
Vimos que as mudanças não foram apenas no campo da tecnologia, com
novos equipamentos e softwares, que tornaram o processo de elaboração e
produção dos materiais jornalísticos mais prático e fácil do que nunca, mas
também percebemos que a própria natureza da informação se transforma com
a era digital. O modelo de mídia massiva, que segue o esquema um-muitos, é
quebrado através da grande participação de não jornalistas na elaboração dos
conteúdos que fecham as atuais pautas de programas jornalísticos, dentro ou
fora da web. Os canais abertos de televisão contam com as imagens que
chegam de telespectadores para os seus noticiários, e os programas de rádios
também seguem a mesma prática.
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Essas colaborações se tornam fundamentais, não apenas para gerar uma
relação mais próxima, mas pela possibilidade de transmitir imagens, fotos, áudio
sobre fatos que só poderiam ser captados pelas pessoas comuns que
testemunham o ocorrido e o registram em seus gadgets (smartphones, tablets
etc.). O jornalismo não está alheio a esse novo momento, a essas novas práticas;
ele se atualiza a cada momento, como um reflexo das transformações sociais
que ele mesmo relata para todos através de suas produções.
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