historia caa 1s vol2 2010reduzido

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  • Caro(a) aluno(a),

    Neste Caderno voc ir estudar a Grcia Antiga e suas heranas para as socieda-des posteriores. Ainda hoje a histria da Grcia Antiga fascina muitas pessoas por sua mitologia, suas narrativas e, principalmente, pelo legado cultural que os gregos deixaram para as sociedades ocidentais.

    As contribuies dos gregos foram inmeras e em todas as reas da vida humana, na sociedade, na economia, na poltica, na filosofia e em outras reas do conheci-mento. A prpria histria, como cincia, tem suas origens na Grcia Antiga.

    Quando pensamos nos gregos, no podemos faz-lo de forma homognea, pois a regio da Hlade, como os gregos chamavam a Grcia, era composta de inmeras cidades independentes entre si. As que mais se destacaram, devido a sua importn-cia poltica, econmica, cultural e militar, foram Atenas e Esparta.

    Apesar das diferenas entre as vrias cidades gregas havia tambm muitos fatores comuns, como a mitologia, narrativas que explicam a origem dos povos gregos e os jogos olmpicos.

    Compreender a cultura grega e o modo como ela se espalhou e influenciou a histria do mundo fundamental para entendermos as sociedades atuais. Vamos saber mais?

    Coordenadoria de Estudos e Normas Pedaggicas CENPSecretaria da Educao do Estado de So Paulo

    Equipe Tcnica de Cincias Humanas

  • * Mantida a grafia original utilizada pelo autor.

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    SITUAO DE APRENDIZAGEM 1 OS PRIMEIROS TEMPOS DA DEMOCRACIA GREGA E O REGIME DEMOCRTICO ATENIENSE NA POCA ClSSICA

    !?

    1. Observe no mapa as informaes sobre a formao do territrio grego.

    a) Faa uma pesquisa sobre quem eram os aqueus, os elios, os jnios e os drios e considere as motivaes de sua expanso. Registre-a em seu caderno.

    ARRUDA, Jos Jobson de A. Atlas histrico bsico. So Paulo: tica, 2002. p. 8.

    * Mantida a grafia original utilizada pelo autor.

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    b) Observando o mapa da pgina anterior e analisando os dados coletados na pesquisa rea-lizada, identifique as duas mais importantes cidades-Estado gregas, explicando a forma de go verno dessas cidades no perodo clssico.

    2. Registre, a seguir, as principais caractersticas da democracia, com base nas discusses realizadas em sala de aula.

    Do mesmo modo que voc estudou o significado da palavra democracia para os gre-gos antigos, outras palavras relacionadas ao regime democrtico grego aparecero ao longo das discusses e estudos. Propomos a voc que v atribuindo-lhes significados, construindo, assim, um glossrio a respeito do contedo estudado. Anote as palavras ao final deste Ca-derno onde esto reservados espaos para elas.

    3. Caracterize a sociedade ateniense do sculo V a.C., explicando cada um dos grupos sociais.

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    Definio de democracia

    Vivemos sob uma forma de governo que no se baseia nas instituies de nossos vizi-nhos; ao contrrio, servimos de modelo a alguns ao invs de imitar outros. Seu nome, como tudo depende no de poucos, mas da maioria, democracia. Nela, enquanto no tocante s leis todos so iguais para a soluo de suas divergncias privadas, quando se trata de escolher (se preciso distinguir em qualquer setor), no o fato de pertencer a uma classe, mas o mrito, que d acesso aos postos mais honrosos; inversamente, a pobreza no razo para que algum, sendo capaz de prestar servios cidade, seja impedido de faz-lo pela obscuridade de sua condio. Conduzimo-nos liberalmente em nossa vida pblica, e no observamos com uma curiosidade suspicaz a vida privada de nossos concidados, pois no nos ressentimos com nosso vizinho se ele age como lhe apraz, nem o olhamos com ares de reprovao que, embora incuos, lhe causariam desgosto. Ao mesmo tempo que evita-mos ofender os outros em nosso convvio privado, em nossa vida pblica nos afastamos da ilegalidade, principalmente por causa de um temor reverente, pois somos submissos s autoridades e s leis, especialmente quelas promulgadas para socorrer os oprimidos e s que, embora no escritas, trazem aos transgressores uma desonra visvel a todos.

    TUCDIDES. Histria da Guerra do Peloponeso. Traduo Mario da Gama Kury. Braslia: Editora da Universidade de Braslia, 1982.

    Leitura e Anlise de Texto

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    O trecho destacado no texto relaciona democracia ao poder das maiorias. Que papel ocupariam as minorias nesse regime democrtico? Com base no contedo estudado produza um texto contrapondo os termos maioria e minoria em relao democracia grega, considerando quem ela inclua e quem exclua.

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    leia, a seguir, a definio e a caracterizao de plis e de cidades-Estado. Tire suas dvi-das com o professor e, em seguida, responda s questes.

    Texto 1 Definio de plis

    A cidade plis, em grego um pequeno Estado soberano que compreende uma cidade e o campo ao redor e, eventualmente, alguns povoados urbanos secundrios. A ci-dade se define, de fato, pelo povo demos que a compe: uma coletividade de indivduos submetidos aos mesmos costumes fundamentais e unidos por um culto comum s mesmas divindades protetoras. Em geral uma cidade, ao formar-se, compreende vrias tribos; a tribo est dividida em diversas frtrias e estas em cls, estes, por sua vez, compostos de muitas famlias no sentido estrito do termo (pai, me e filhos). A cada nvel, os membros desses agrupamentos acreditam descender de um ancestral comum, e se encontram liga-dos por estreitos laos de solidariedade. As pessoas que no fazem parte destes grupos so estrangeiros na cidade, e no lhes cabe nem direito, nem proteo.

    FUNARI, Pedro Paulo de Abreu. Grcia e Roma. Vida pblica e vida privada. Cultura, pensamento e mitologia. Amor e sexualidade. 4. ed. 1a reimpresso. So Paulo: Contexto, 2007. p. 25. .

    Texto 2 Especificidades das cidades-Estado

    As cidades-Estado [...] eram muito diferentes entre si: nas dimenses territoriais, riquezas, em suas histrias particulares e nas diferentes solues obtidas ao longo dos sculos, para os conflitos de interesses entre seus componentes. A maioria delas nunca ultrapassou a dimenso de pequena unidade territorial, abrigando alguns milhares de ha-bitantes no mais que cinco mil, quase todos envolvidos com o meio rural. Outras, de porte mdio, chegaram a congregar vinte mil pessoas. Algumas poucas, portos comerciais ou centros de grandes imprios, atingiram a dimenso de verdadeiras metrpoles, com mais de cem mil habitantes e, por vezes, como na Roma imperial, chegaram escala de um milho de pessoas.

    GUARINEllO, Noberto luiz. Cidades-Estado na Antiguidade Clssica. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (Orgs.). Histria da cidadania. 4. ed. 2a reimpresso. So Paulo: Contexto, 2008. p. 30. .

    Leitura e Anlise de Texto

    1. De acordo com os textos, quais seriam as principais caractersticas da plis?

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    2. De acordo com os textos, o que se pode dizer a respeito das principais especificidades das cidades-Estado?

    Constituio de Atenas - Livro IV

    Assim era, em linhas gerais, a primitiva constituio. Mas, no muito tempo de-pois dos acontecimentos narrados anteriormente, Drcon ps em vigor suas medidas no perodo em que Aristaicmo exercia o cargo de Arconte. Essa constituio tinha a seguin-te forma: os privilgios eram dados a todos aqueles que podiam adquirir equipamentos militares para si mesmos. Nove Arcontes e Tesoureiros eram eleitos entre o grupo que possusse propriedades sem dvidas, e que valessem mais do que 10 minas. Os cargos menos importantes eram dados aos que possussem equipamento militar, e os generais (Estrategos) e os comandantes de cavalaria (Hiparcos), entre os que pudessem declarar propriedades sem dvidas, com valor no inferiores a 100 minas, e que tivessem filhos maiores de 10 anos e nascidos de matrimnio legal. Estes cargos requisitavam a reteno da finana dos Pritanos, Estrategos e Hiparcos do ano anterior, at que suas contas pas-sassem por uma auditoria, tomando-se como garantia quatro pessoas da mesma classe como as que os Estrategos e os Hiparcos pertenciam. Havia tambm um conselho que era constitudo de 401 membros eleitos por sorteio entre os que tinham direitos. Tanto para essa, como para as outras magistraturas, o sorteio era feito somente entre as pessoas com mais de 30 anos, e ningum podia ocupar um cargo duas vezes, antes que todos os ou-tros o tivessem ocupado, depois, ento, eram eleitos de novo por sorteio. Se algum membro do Conselho no comparecia reunio do Conselho ou da Assembleia, ele pagava uma multa no valor de 3 dracmas se fosse um Pentacosiomedmnio; de 2 dracmas se fosse um Cavaleiro; e 1 dracma se fosse um Zeugita. O Conselho do Arepago era o guardio das leis e vigiava os magistrados para garantir que eles exercessem seus cargos de acordo com as leis. Qualquer pessoa que se sentisse lesada podia apresentar sua recla-mao no Conselho do Arepago, declarando qual lei foi infringida pelo dano que ele sofreu. No entanto, os devedores davam como garantia da dvida sua vida, e a terra es-tava nas mos de poucas pessoas.

    ARISTTElES. A Constituio de Atenas. Traduo Patrcia Maciel Bomfim. Disponvel em: . Acesso em: 17 nov. 2009.

    Leitura e Anlise de Texto

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    1. Pesquise o significado das palavras selecionadas a seguir. Para esta pesquisa voc poder utilizar livros didticos, dicionrios, enciclopdias e sites especializados. Poder tambm solicitar ajuda de seu professor de Filosofia.

    a) Arcontes:

    b) Estrategos:

    c) Assembleia:

    d) Arepago:

    2. De acordo com as medidas adotadas por Drcon havia algumas condies para participar da eleio para cargos e funes. Indique as condies necessrias para que um cidado pudesse pleitear os seguintes cargos:

    a) Hiparco:

    b) Arconte:

    3. Segundo Aristteles, havia tambm um conselho que era constitudo de 401 membros eleitos por sorteio entre os que tinham direitos. Que exigncias estavam previstas para que um cidado se tornasse membro do conselho?

    4. Comente, a partir do trecho lido, o que a Constituio dizia a respeito da aplicao da justia.

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    VOC APRENDEU?

    1. A democracia grega antiga um regime em que os cidados exercem um papel importante, se tm acesso s assembleias. O problema que se coloca : Quem cidado na plis grega? Ao se considerar o modelo estudado, da democracia ateniense, poucos so os cidados. A partir dessa constatao e luz dos estudos realizados, desenvolva um texto sobre Os limites da de-mocracia ateniense.

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    2. Sobre Esparta, o estudioso Moses Finley afirmou:

    Ser igual significava compartilhar de um ciclo de vida comum bem definido, incluindo:

    1. uma educao comum, formal e compulsria, destinada a inculcar a obedincia, a coragem, a disciplina e a habilidade militar profissional;

    2. uma nica vocao ou profisso, a de soldado ou a de oficial hoplita;

    3. segurana econmica e independncia quanto s preocupaes de ordem econmica, sendo todos os servios produtivos e auxiliares executados por duas categorias distintas de sditos, os hilotas e os periecos;

    4. uma vida pblica [...] numa comunidade totalmente composta de homens, com o mximo de conformismo e anti-individualismo.

    FINlEY, Moses I. Esparta. In: Uso e abuso da Histria. Traduo Marylene Pinto Michael. So Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 24-179.

    Com base nessas informaes, desenvolva um pequeno texto que retrate as motivaes da mi-litarizao espartana, a diviso do trabalho na sociedade e a vida pblica.

    3. luz da leitura do trecho a seguir e do contedo estudado sobre democracia ateniense, correto afirmar que:

    Vivemos sob uma forma de governo que no se baseia nas instituies de nossos vizinhos; ao contrrio, servimos de modelo a alguns ao invs de imitar outros. Seu nome, como tudo depende no de poucos, mas da maioria, democracia.

    TUCDIDES. Histria da Guerra do Peloponeso. Traduo Mario da Gama Kury. Braslia: Editora da Universidade de Braslia, 1982.

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    a) em Atenas, a maioria da populao tinha acesso s discusses acerca das questes polticas da cidade, com direito ao exerccio do voto. Essa maioria inclua os estrangeiros, mas exclua os escravos.

    b) do regime democrtico ateniense estavam excludos homens e mulheres menores de 21 anos, que s podiam votar a partir dessa idade.

    c) dela estavam excludos escravos, mulheres, crianas e estrangeiros, que no tinham direito participao poltica para soluo das questes da cidade.

    d) garantia a todos o acesso participao e ao voto nas discusses relacionadas vida da cidade.

    4. leia o trecho a seguir:

    Depois que o povo estabelecer o santurio de Zeus Silnio, distribuir-se em tribos, e tiver estabelecido um conselho (gersia) de trinta [ancios], incluindo os reis, que se rena de estao a estao para a festa de pelas. Que os ancios apresentem ou rejeitem propos-tas, mas que o povo tenha a deciso final. No entanto, se o povo se manifestar de forma incorreta, que os ancios e os reis rejeitem [o que o povo tiver decidido].

    Grande Rectra. Apud: FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Grcia e Roma. Vida pblica e vida privada. Cultura, pensamento e mitologia. Amor e sexualidade. 4. ed. 1a reimpresso. So Paulo: Contexto, 2007. p. 30. .

    Esse trecho refere-se a um documento grego do sculo VI a.C., denominado Grande Rectra, que representativo de reformas dos primrdios da plis espartana. A seu respeito pode-se afirmar que:

    a) o poder do povo era superior ao dos ancios.

    b) o poder dos ancios se sobrepunha deciso do povo.

    c) as decises do povo eram contestveis.

    d) as propostas em assembleias podiam ser feitas pelo povo, mas a deciso a seu respeito cabia aos ancios.

    5. De Atenas e de Esparta, sucessivamente, pode-se dizer que seus regimes polticos eram:

    a) aristocrtico e democrtico.

    b) tirnico e democrtico.

    c) oligrquico e democrtico.

    d) democrtico/oligrquico e aristocrtico.

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    Livros

    CARDOSO, Ciro Flamarion. A cidade-Estado Antiga. 3. ed. So Paulo: tica, 1990. (Princpios). Em linguagem simples e didtica esse livro analisa a cidade-Estado na Antiguidade Clssica, contemplando aspectos ligados sua origem, formao e desen-volvimento. Atenas e Esparta no mundo grego e Roma na Pennsula Itlica.

    FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Grcia e Roma. Vida pblica e vida privada. Cultura, pensamento e mitologia. Amor e sexualidade. 4. ed. 1a reimpresso. So Paulo: Con-texto, 2007. . Esse livro, de carter introdutrio e comparativo, analisa diferentes aspectos da vida pblica e privada, da cultura, do pensamento e da mitologia, do amor e da sexualidade de gregos e romanos.

    GUARINElO, Norberto luiz. Imperialismo greco-romano. So Paulo: tica, 1991. (Princpios). Tambm de carter introdutrio, em linguagem simples e didtica, esse livro analisa o imperialismo antigo, propondo uma reflexo em torno da prpria ter-minologia utilizada. Investiga as relaes estabelecidas entre poltica e economia na formao dos imprios ateniense e romano.

    PARA SABER MAIS

    SITUAO DE APRENDIZAGEM 2 OS lIMITES DA DEMOCRACIA GREGA: MUlHERES, ESCRAVOS E ESTRANGEIROS OS ExClUDOS DO REGIME DEMOCRTICO

    !?

    1. Na Antiguidade e no mundo contemporneo, quem so e que lugares ocupam os excludos do regime democrtico?

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    A seguir so disponibilizados dois documentos antigos (um fragmento textual e uma imagem). Com base no contedo estudado, estabelea relaes entre o fragmento de texto e a imagem, analisando a figurao feminina em Atenas.

    Fragmentos de A sucesso de Pirro, de Isaios (360-350 a.C.)

    Estruturas familiares ticas

    V-se o caso de filhas que, casadas por seu pai e vivendo j com seu marido e quem, melhor que o pai, poderia decidir sua situao? e que, entretanto, casadas nessas condies, se seu pai morre sem deixar irmos legtimos, segundo os termos da lei, so atribudas ao parente mais prximo. Muitos maridos, vivendo com suas esposas, foram, desta forma, separados. Assim, as filhas casadas pelo pai so, pelas nuanas da lei, neces-sariamente submetidas reivindicao. A lei declara, explicitamente, que se pode dispor, com liberdade, de seus bens, na ausncia de filhos legtimos do sexo masculino. Se h filhas, deve dispor-se delas ao mesmo tempo. Para decidir-se sobre o destino das filhas, pode doar-se e legar-se seus bens. No se pode, contudo, sem dispor as filhas legtimas, adotar e legar nenhuma parte de seus bens.

    ISAIOS, A sucesso de Pirro. Traduo Pedro Paulo Abreu Funari. Apud: FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Antiguidade Clssica: a histria e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da Unicamp, 2002.

    Leitura e Anlise de Texto e Imagem

    2. No mundo contemporneo, que formas de excluso social transcendem as barreiras impostas pelo poder aquisitivo?

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    Releia o fragmento e apresente dois argumentos que explicitem a submisso da mulher ao homem, na Grcia Antiga.

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    nfora grega com pintura de um gineceu.

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    Hoje estamos ss, desembaraados da palha. Sim, que os metecos constituem a palha dos cidados, ao que penso.

    ARISTFANES, Acarnenses, 502-508. Apud: FERREIRA, Jos Ribeiro. A democracia na Grcia Antiga. Coimbra: livraria Minerva, 1990. p. 258.

    Nas proximidades do outono daquele ano os atenienses em massa, recrutados entre os cidados e os residentes estrangeiros, invadiram o territrio de Mgara.

    TUCDIDES, Histria da Guerra do Peloponeso II, 31. Traduo Mario da Gama Kury. Braslia: Editora da Universidade de Braslia, 1982.

    [...] a cidade tem necessidade dos metecos devido ao grande nmero de profisses e da frota.

    xENOFONTE, Repblica dos atenienses, I, 10-12. Apud: CASSIN, Brbara; lOURAx, Nicole; PESCHANSKI, Catherine. Gregos, brbaros, estrangeiros. A cidade e seus outros. Traduo Ana lcia de Oliveira e lcia Cludia leo. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.

    Exerccios

    1. Escravido e democracia, termos aparentemente incompatveis nas sociedades contemporneas, no o eram na sociedade ateniense. Por qu?

    2. Com base nos excertos a seguir e no contedo tratado em sala de aula faa uma caracterizao dos metecos.

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    VOC APRENDEU?

    1. Pode-se afirmar que escravos, mulheres e estrangeiros estavam excludos do regime democrtico ateniense e que essa excluso pode ser entendida como um de seus limites? O que voc pensa a esse respeito? Nas sociedades contemporneas, experimentamos alguma forma de excluso de grupos dos regimes democrticos? Quais?

    2. leia o texto a seguir:

    Nos primeiros tempos da guerra, suportamos com a pacincia habitual aquilo que vs, homens, combinveis. Alis, quem nos deixava abrir a boca? No que isso nos agra-dasse! Mas compreendamos-vos bem: muitas vezes, embora fechadas em casa, conseguamos saber que estveis a tramar um grande sarilho. Ento, ocultando a nossa mgoa, pergun-tvamo-vos com um sorriso: o que decidistes hoje, na assembleia? Que mais h para se fazer a paz?, A ti que te importa, dizia ele, que o marido: Pensa em estar calada!. E eu calava-me. [...] Vnhamos a saber de um plano ainda mais louco? Ento, perguntvamos: Marido meu, andais a fazer das boas. Por qu?, ele fulmina-te com o olhar: Vai fiar, e tem cuidado com a cabea! Cabe aos homens tratar da guerra.

    ARISTFANES, lisstrata, 506-20. Apud: REDFIElD, James. O homem e a vida domstica. In: VERNANT, J.-P. O homem grego. Traduo Maria Jorge Vila de Figueiredo. lisboa: Editorial Presena, 1994. p. 157.

    O trecho foi extrado de uma comdia grega, na qual o autor, Aristfanes, ironicamente simula um dilogo entre um homem e uma mulher gregos, quando a mulher busca envolver-se com as questes entendidas como dos homens. luz dos conhecimentos estudados, desenvolva uma reflexo (entre dez a quinze linhas) sobre a condio social das mulheres em Atenas.

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    Para o estudioso Moses I. Finley: ...com raras excees, no havia atividade, lucra-tiva ou no lucrativa, pblica ou privada, agradvel ou desagradvel que no fosse execu-tada por escravos em algum momento e em algum lugar no mundo grego. A exceo era, naturalmente, a poltica: nenhum escravo tinha um cargo pblico ou assento nos rgos deliberativos ou judiciais (embora os escravos fossem empregados habitualmente no ser-vio civil, como secretrios e escriturrios, como policiais e guardas das prises.

    FINlEY, Moses I. Economia e sociedade na Grcia Antiga. Traduo Marylene Pinto Michael. So Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 105.

    3. A cidade grega foi tradicionalmente entendida como um clube de homens e como um clube de cidados. Por que comumente se associa, ao se tratar de democracia grega, o destino de escravos e mulheres?

    a) Porque, assim como as mulheres, os escravos tambm habitavam a cidade grega.

    b) Porque as mulheres gregas possuam direitos, mas os escravos no.

    c) Porque, entendida como clube de homens e clube de cidados, a cidade grega exclua as mulheres e os escravos de seus quadros decisrios.

    d) Porque escravos e estrangeiros possuam os mesmos direitos na cidade.

    4. leia o trecho a seguir:

  • Histria - 1a srie - Volume 2

    19

    Segundo o texto, na Grcia Antiga os escravos:

    a) no tinham direitos polticos, pois eram cidados de segunda categoria.

    b) desenvolviam diferentes atividades, podendo exercer, inclusive, alguns cargos polticos, mas isso era exceo.

    c) tinham poucos direitos polticos.

    d) jamais participavam das instncias decisrias a respeito dos problemas das cidades, porque no tinham nenhum direito.

    5. So categorias excludas da vida poltica da cidade ateniense os(as):

    a) hoplitas, escravos e mulheres.

    b) mulheres, escravos e arcontes.

    c) mulheres, estrangeiros e escravos.

    d) estrangeiros, hoplitas e escravos.

    Msica

    A respeito da condio feminina em Atenas voc pode ouvir a msica Mulheres de Atenas de Chico Buarque e Augusto Boal, cuja letra convida as mulheres da atualidade a toma-rem como referncia de comportamento as mulheres de Atenas Antiga. A letra da cano possibilita, ainda, fazer uma reflexo sobre o papel social desempenhado pelas mulheres na Antiga Atenas e a maioria das mulheres das sociedades ocidentais contemporneas.

    Site

    Hoje, no Brasil, diferentes estudiosos desenvolvem pesquisas relacionadas ao mundo grego antigo, sobretudo relacionadas aos grupos aqui tratados (mulheres, escravos e estrangeiros). Alm das leituras j indicadas anteriormente, uma outra possibilidade poder ser buscada na consulta a esses pesquisadores, muitos deles reunidos em torno do Grupo de Pesquisa em Histria Antiga, da Associao Nacional dos Pesquisadores de Histria. O Grupo man-tm uma lista de discusses e, para que voc se associe a ela, basta acessar o site. Disponvel em: . Acesso em: 18 nov. 2009. Nessa lista, voc po-der obter informaes sobre pesquisas de um grande nmero de especialistas que estudam os temas tratados nesta Situao de Aprendizagem. lembre-se sempre de dizer sua condio de aluno do Ensino Mdio, para que as orientaes a serem dadas levem isso em questo.

    PARA SABER MAIS

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    SITUAO DE APRENDIZAGEM 3 DEMOCRACIA E ESCRAVIDO NO MUNDO ANTIGO E NO MUNDO CONTEMPORNEO

    !?

    Observe as afirmaes a seguir e, na sequncia, luz dos contedos estudados, analise cada uma delas e responda s questes que seguem:

    Os negros escravizados no Brasil foram trazidos do continente africano.

    No Brasil, as mulheres tm direito a voto desde 1932.

    Um estrangeiro naturalizado pode votar nas eleies no Brasil.

    1. Quem eram os escravizados na Grcia Antiga?

    2. Que diferenas podemos apontar entre a escravido na Grcia Antiga e a que ocorreu no Brasil at o final do sculo xIx?

    3. Quais critrios garantiam o direito de voto na Grcia Antiga?

    4. Quais critrios garantem hoje o direito de voto no Brasil?

  • Histria - 1a srie - Volume 2

    21

    Os trs itens a seguir podem ser percebidos, de modo diferente, na histria da Grcia Antiga e na histria do Brasil. Pesquise e desenvolva uma anlise comparativa a esse respeito.

    a) Escravido:

    b) Participao feminina na sociedade:

    c) Insero poltica dos estrangeiros:

    lIO DE CASA

  • Histria - 1a srie - Volume 2

    22

    1. Estabelea uma anlise comparativa entre os direitos das mulheres na Grcia Antiga e aqueles que as mulheres possuem hoje no campo da poltica.

    2. Descreva uma situao em relao histria do Brasil que, a seu ver, represente valores an-tagnicos no que se refere situao de escravos, mulheres ou estrangeiros na Grcia Antiga.

    3. Diz-se que o nmero de escravos em Atenas pode ter sido de 100 mil, 200 mil ou 400 mil, con-tudo, um nmero pequeno faria da escravido um mal menor? Para Moses Finley no h validade num sistema tico que sustente tal questo e que justifique que a escravido foi um tumor benig-no ou maligno no corpo poltico da cidade antiga. O argumento utilizado por Finley em sua crtica o de que:

    a) no importa o nmero de escravos em Atenas, pois a escravido era necessria naquela poca.

    b) a escravido foi necessria e justificvel no mundo antigo, assim como no mundo moderno.

    VOC APRENDEU?

  • Histria - 1a srie - Volume 2

    23

    c) independente do nmero de escravos, seja na Antiguidade Clssica ou na poca moderna a escravido injustificvel.

    d) a escravido foi um fato que ocorreu apenas na Antiguidade Clssica, injustificvel apenas naquela poca.

    4. Qual dos itens a seguir representa a condio das mulheres na Grcia Antiga e no Brasil antes de 1932?

    a) Em ambos os contextos as mulheres tinham direito ao voto.

    b) Em ambos os contextos as mulheres no tinham direito ao voto.

    c) Em ambos os contextos as mulheres eram responsveis pela educao de seus filhos at os 14 anos.

    d) Em ambos os contextos as mulheres podiam ser eleitas para cargos polticos.

    5. leia o texto a seguir:

    Para o autor do texto, a noo de plebe ociosa posterior Antiguidade, data do sculo xVIII d.C. e representativa de temores da burguesia nascente em relao ao aumento de camponeses que se dirigiam para as cidades e que eram vistos como uma ameaa ordem. Em conformi-dade com o texto, correto afirmar que:

    a) sempre houve uma viso negativa da democracia como governo do povo.

    b) a ideia de massa ociosa, quando se trata da sociedade ateniense antiga, teve incio no final do sculo xVIII, sendo embasada numa leitura que justificava valores presentes naquele perodo.

    A experincia da democracia ateniense serviu de inspirao para aqueles que, mui-tos sculos depois, em diversos momentos histricos, defenderam a liberdade poltica e o governo do povo. Entretanto, por muito tempo, para alguns prevaleceu uma viso negativa do governo do povo e do exemplo de Atenas. Desde fins do sculo xVIII d.C, nutriu-se uma tradio historiogrfica que viu, na sociedade ateniense, uma massa ociosa, responsvel, em ltima instncia, pelo fim do regime democrtico, a partir do sculo IV a.C. De acordo com esta interpretao, os pobres ociosos foram incentivados a participar da vida poltica, tomando parte nas assembleias graas a uma ajuda mone-tria. Isto acabou levando demagogia, ou seja, ao domnio das assembleias populares por lderes manipuladores e inescrupulosos, porque os pobres seriam ignorantes, ocio-sos que s estavam interessados no pagamento que recebiam por participar.

    FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Grcia e Roma. Vida pblica e vida privada. Cultura, pensamento e mitologia. Amor e sexualidade. 4. ed. 1a reimpresso. So Paulo: Contexto, 2007. p. 40. .

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    Livros

    Muitos estudos sobre democracia e escravido hoje contemplam uma dimenso com-parativa desses temas no mundo antigo e no mundo contemporneo. H um estudo clssico chamado Escravido antiga e ideologia moderna, de Moses I. Finley, publicado no Brasil pela Editora Graal, cujo primeiro captulo tem o mesmo ttulo e bem repre-sentativo das discusses a esse respeito. Um livro mais simples e de carter introdutrio e didtico Escravismo Antigo, de Mrio Maestri, publicado pela editora Atual. Esse livro analisa as sociedades escravistas da Antiguidade Clssica oferecendo uma comparao com as sociedades escravistas na modernidade.

    PARA SABER MAIS

    c) tanto na Antiguidade quanto no mundo contemporneo, a plebe sempre foi ociosa.

    d) a ideia de plebe ociosa j existia na Antiguidade.

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    SITUAO DE APRENDIZAGEM 4 O IMPRIO DE AlExANDRE E A FUSO CUlTURAl ENTRE O ORIENTE E O OCIDENTE

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    1. Faa uma pesquisa sobre as reas de contribuio da cultura helenstica (Filosofia, Cincias ou Arte), segundo a indicao de seu professor. Desenvolva, a seguir, os resultados da pesquisa empreendida por voc.

    rea da pesquisa:

    Resultado da pesquisa:

    PESQUISA INDIVIDUAl

  • Histria - 1a srie - Volume 2

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    2. Com base nas discusses realizadas em sala de aula acerca das trs grandes reas de influncia da cultura helenstica, preencha o espao a seguir com informes das duas reas no pesquisadas por voc.

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    VOC APRENDEU?

    1. Qual a distino entre cultura helnica e cultura helenstica?

    2. Cite algumas das principais contribuies da cultura helenstica.

    3. Sobre os termos helnico(a) e helenstico(a) relacionados cultura, pode-se afirmar que so, respectivamente:

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    a) adjetivo que se refere cultura grega /adjetivo utilizado por estudiosos contemporneos, para se referirem ao perodo que vai das conquistas de Alexandre at o domnio romano sobre a Grcia.

    b) adjetivo utilizado por estudiosos contemporneos para se referirem ao perodo que vai das conquistas de Alexandre at o domnio romano sobre a Grcia /adjetivo que se refere cultura grega.

    c) termos com o mesmo significado.

    d) adjetivo que designa como ficou conhecido o perodo de Pricles /adjetivo que se refere cultura grega aps a dominao romana.

    4. Em relao civilizao helenstica correto afirmar que, na relao entre gregos e no gregos, no perodo helenstico, houve:

    a) predomnio da cultura grega sobre as demais.

    b) predomnio das culturas locais dos povos conquistados sobre a dos conquistadores.

    c) diferentes trocas culturais entre gregos e no gregos.

    d) trocas culturais somente no que se refere literatura.

    5. Assinale algumas caractersticas da expanso do Imprio Macednico de Alexandre, o Grande:

    a) globalizao das instituies romanas como a repblica e o papado.

    b) criao de um verdadeiro intercmbio entre as culturas dos povos anexados ao imprio.

    c) crucificao de todos os opositores e proibio de lutas nas arenas romanas.

    d) proibio de toda manifestao cultural que no fosse grega.

    Filme

    Alexandre (Alexander). Direo: Oliver Stone. EUA, 2004. 175 min. 14 anos. No deixe de comentar suas dvidas e impresses sobre o filme com seu professor. lem-bre-se: os filmes so produes artsticas e no tm um compromisso absoluto com os acontecimentos histricos, ainda que possam ser verossmeis.

    PARA SABER MAIS

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    Este espao foi reservado para que voc possa organizar os conceitos relativos aos temas estudados neste Caderno, atribuindo-lhes significados. Privilegie as suas palavras no momento de elaborar as definies, destacando as principais caractersticas de cada termo, exercitando sua capacidade de sntese. Bom trabalho!

    Glossrio

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