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HISTÓRIA DOS HEBREUS Prof. Joiade Lima Adendo: Prof. João Miranda 1

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Page 1: HIST. DOS HEBREUS (1)

HISTÓRIA DOS HEBREUS

Prof. Joiade LimaAdendo: Prof. João Miranda

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HISTÓRIA DOS HEBREUS

FATADEB – FACULDADE DE TEOLÓGIA DA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE BRASÍLIACurso: Bacharel em TeologiaDisciplina: História dos HebreusProfessor: Pr. Joiade Lima dos Santos

INTRODUÇÃO GERAL

A disciplina História dos Hebreus apresenta uma visão sobre o mundo dos hebreus. Descendentes do patriarca Abraão, tiveram uma vida de muitas peregrinações, lutas, fugas e cativeiros, mas procuravam e conseguiram preservar sua cultura. Como era seu modo de vida, política, religião e sociedade e que contribuições deixaram para as próximas civilizações. O termo “hebreu” vem da raiz hebraica ‘a-vár’, que significa “passar, transitar, atravessar, cruzar”. Esse nome denota viandantes, aqueles que ‘passam adiante’. Isto porque os israelitas por um tempo realmente levaram uma vida nômade. Os hebreus eram pastores, e levavam seus rebanhos de lugar em lugar, mudando de pastagem à medida que elas se esgotassem. A primeira referencia bíblica acerca do nome hebreu aparece em Gn 10.21, onde o nome Eber foi aparentemente usado para identificar a região ocupada pelo povo que descendia de Sem através de seu bisneto Eber. Abraão é chamado de o “hebreu” (heb. ivrit), que significa “aquele que vem do outro lado” do rio Jordão, Gn 14.13. O aluno encontrará na Bíblia um registro completo sobre a vida, peregrinação, sua moral, costumes, leis e história religiosa da civilização hebraica. Os hebreus deixaram como herança o monoteísmo, a crença em um único Deus verdadeiro. Podemos dividir a história dos hebreus em seis períodos: dos patriarcas, do êxodo e peregrinação, da conquista e dos juízes, dos reis, do pós-cativeiro e da diáspora.

1 A VIDA DOS HEBREUS NO PERÍODO PATRIARCAL

Na linguagem religiosa e em sentido restrito, o nome patriarca é dado aos três primeiros pais da nação de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. Chama-se de era patriarcal o período de tempo que começa com o nascimento de Abraão na Mesopotâmia e termina com a morte de Jacó no Egito. A história toda compreende uns 300 anos (Gn 12 a 50). Geograficamente, o mundo dos patriarcas está identificado como o do Crescente Fértil, o qual se estende para o norte desde o Golfo Pérsico, ao longo das correntes do Tigre e do Éufrates e suas bacias, e depois para o sudoeste através do Canaã para o fértil Nilo e seu vale, esta zona foi o berço das civilizações pré-históricas. Quando os patriarcas surgem na cena, no segundo milênio a.C., as culturas da Mesopotâmia e o Egito já ostentavam de um passado milenar. Veja o mapa do Mundo Antigo e do Crescente Fértil.

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1.1 O Patriarca Abraão de Ur dos Caldeus a Canaã, Gn 11.26-32; 12.1-9; At 7.2-4; Hb 11.8. Abraão nasceu na cidade de Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia, provavelmente em 2.160 a.C. Era descendente de Sem, o filho primogênito de Noé, Gn 11.10-25. A história das nações gira agora em torno da genealogia dos semitas, a linhagem da promessa divina feita por meio de Noé (Gn 9.26). Depois o horizonte se reduz aos antepassados de Abraão. Prepara-se, assim, o caminho para começar a história do povo escolhido de Deus. A maioria dos estudiosos identifica a cidade natal de Abraão, Ur dos caldeus, com as ruínas de Mukayyar ("montículo de betume") a 225 km ao sudeste de Babilônia. Estava sobre o rio Eufrates e se calcula que possuía aproximadamente 24.000 habitantes. Era a antiga capital da região civilizada e próspera da Sumária, considerada o berço da civilização. Era também o centro do culto imoral aos deuses lunar Nanar-Sin (deus lua) e sua mulher Ningal (deusa lua). Nos templos da deusa Ningal havia câmaras e lugares retirados, atraentes, onde as sacerdotisas mantinham relações sexuais com os adoradores. Além dessas sacerdotisas prostitutas, toda moça, esposa ou viúva, pelo menos uma vez na vida tinha que oficiar nesses ritos de prostituição. Tem sido achados no cemitério da cidade de Ur de Caldeus tesouros que remontam aproximadamente a 3.000 anos. Abraão, portanto, procedia de uma civilização altamente desenvolvida.

No entanto, foi desse ambiente impuro, pecaminoso e idólatra que Deus chamou Abraão e fez dele um instrumento de bênção para todas as nações. Sua primeira prova a qual Deus lhe submeteu foi à separação de sua pátria e de sua família. Tinha de voltar às costas para a idolatria a fim de ter comunhão com Deus. De sua terra natal Abraão segue com sua família até a cidade de Harã (Síria), centro de grande cultura e também de adoração ao deus lua, Gn 11.31. Após a morte de seu pai Terá, em Harã, Abraão segue para a terra de Canaã, tendo chegado nessa cidade provavelmente no ano de 2.091 a.C. Abraão é o personagem mais importante do Gênesis, e um dos mais importantes de toda a Bíblia. As três grandes religiões monoteístas: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo reverenciam-no como o pai de sua fé. A Bíblia chama Abraão de “amigo de Deus”, 2 Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23. Veja no mapa a trajetória do povo hebreu.

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1.1.1 A cidade de Canaã. O nome Canaã significa “Terra Baixa”, Gn 11.31; 12.5; Lv 25.38. Era o nome dado ao neto de Noé, Gn 9.22-27. É uma região abrangendo aproximadamente 25.000 Km2. Ficava situada entre a Síria, ao norte, e o Egito, ao sul. Essa região se comprime entre o Mediterrâneo e o Jordão. A Bíblia diz que Deus colocou Canaã (Jerusalém) no meio das nações, Ez 5.5. Em Canaã se distinguem três zonas: 1) o litoral, que termina ao norte pelo Monte Carmelo, que marca o limite com a Fenícia; 2) o planalto; 3) o vale do Rio Jordão. O litoral era habitado pelos filisteus. O planalto era ocupado, antes da invasão hebraica, pelos cananeus e amalecitas. A leste, para além do vale do Rio Jordão, no deserto, viviam os amonitas e os moabitas. Esses povos aparecem freqüentemente na Bíblia, como inimigos dos judeus. Sob o ponto de vista geográfico, oferece muito interesse o Mar Morto, que fica situado cerca de 400 metros acima do nível do Mediterrâneo, e cujas águas, em que se encontra muito sal e betume, são venenosas. Nessas águas, bem como no litoral do Mar Morto, não há vida vegetal ou animal. Daí o nome que recebeu. Vestígios de convulsões de terreno fazem supor que tenham existido aí as cidades de Sodoma e Gomorra. A área geográfica percorrida pelos três patriarcas Abraão, Isaque e Jacó durante as suas peregrinações em Canaã ficava entre Siquém, Betel, Hebrom e Berseba; portanto, a parte central e do sul, próximo ao Egito. Naquela época da formação pré-tribal dos hebreus, a Palestina estava ocupada por vários povos, uns maiores, outros menores, sendo que o predominante era o cananeu. Veja no mapa as viagens de Abraão, Isaque e Jacó na terra de Canaã.

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1.1.2 Um resumo da vida do patriarca Abraão. Sua ida ao Egito, Gn 12.10-20. Sua separação de Ló Gn 13.5-13. Seu encontro com Melquisedeque e a entrega do dízimo a este, Gn 14.18-20. A incredulidade de Sara, Gn 16.1-16. Aliança entre Deus e Abraão e a mudança do nome Abrão para Abraão, Gn 17.1-14,23-2. O anúncio do nascimento de Isaque, Gn 17.15-19; 18.1-15. A intercessão de Abraão pela a cidade de Sodoma, Gn 18.16 - 19.38. Abraão nega a Abimeleque que Sara é sua esposa, Gn 20.1-18. O nascimento de Isaque e a despedida de Ismael, Gn 21.1-21. O sacrifício de Isaque, Gn 22.1-19. A morte de Sara, Gn 23.1-20. Abraão escolhe uma esposa para seu filho Isaque, Gn 24.1-67. Seu casamento com Quetura, Gn 25.1-6. Depois de cerca de 100 anos de peregrinação na Terra da Promessa, Abraão morreu provavelmente em 1991 a.C., aos 175 anos de idade (Gn 25.7-10) e foi congregado ao seu povo, Gn 25.8,9. Em termos gerais, Abraão foi o maior e o mais venerável dos patriarcas. Era amigo de Deus, pai dos crentes (Rm 4.16,17); generoso, desprendido, um caráter magnífico e um homem cuja fé em Deus não tinha limites. Nele estava o memorial de Deus, Êx 3.15.1.2 A História do Patriarca Isaque, Gn 21 a 35. Depois de Abraão, a liderança patriarcal foi passanda de pai para filho. Isaque, seu sucessor, tinha uma vida quieta e sossegada e muito diferente da de seu pai Abraão. Não se diz muito a respeito de sua vida, além do incidente com Abimeleque e Rebeca, e da contenda a respeito dos poços, Gn 26. Isaque era homem dado à meditação, conciliador, tranqüilo e pacífico. Sua vida parece ser apenas um eco da de seu pai Abraão. Cometeu os mesmos erros do pai, porém buscou a Deus. Com a exceção do capítulo 26, Isaque sempre ocupa lugar secundário no relato de Gênesis. Não obstante, foi um homem de fé e obediência. Cumpriu o propósito de Deus para sua vida sendo guardião de suas promessas e transmitindo-as a Jacó. Foi um elo

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necessário para cumprir o pacto feito com Abraão. Herdou de seu pai os imensos rebanhos e manadas; prosperou e enriqueceu.

1.3 A História do Patriarca Jacó, Gn 25.19 ao cap. 50. De Isaque a liderança foi repassada ao patriarca Jacó. A Isaque nasceram dois filhos, Jacó e Esaú. Esaú foi rejeitado e Jacó foi escolhido como portador da bênção, Gn 25.23. O caráter desses dois filhos revela-se pela atitude ante essa promessa, Gn 25.29-34. Jacó teve um destaque interessante, pois teve seu nome mudado para Israel (Gn 32.22-32). Tivera doze filhos, que deram origem as doze tribos de Israel. José, o filho de Raquel, foi o orgulho e a alegria de Jacó. José é um dos mais atraentes personagens da Bíblia. Era um “idealista prático”, que no início de sua vida teve sonhos que o animaram e guiaram pelo resto de sua existência. Ele manifestou, talvez, o caráter mais cristão de todas as pessoas descritas no Antigo Testamento. Nota-se a importância de José no fato de que a ele é dedicado quase tanto espaço no Gênesis quanto a Abraão. José é importante porque foi o elo entre a vida nômade dos hebreus em Canaã e sua vida sedentária no Egito.

Grande foi o amor de Jacó por José, amando-o até mais do que a seus outros filhos. Era o filho da velhice de Jacó e o primogênito de sua esposa predileta, Raquel. Jacó Expressou abertamente seu favoritismo presenteando a José com uma túnica de cores que lhe chegava até aos calcanhares e mangas que iam até às palmas das mãos, Gn 37.3. Este tipo de vestimenta era usado pelos governantes, sacerdotes e outras pessoas de distinção que não tinham de trabalhar manualmente. A túnica dos operários e pastores não tinha mangas e mal chegava até ao joelho. Os irmãos de José perguntavam entre si: “Não se dará o caso de que nosso pai entregue a primogenitura a José, fazendo-o nosso chefe no culto e na guerra?” Jacó provocou, pois, a inveja de seus filhos mais velhos, Gn 37.4. Esse ódio chegou ao seu auge quando José lhes relatou dois sonhos prognosticando sua exaltação. Isso deixou seus irmãos enfurecidos, a ponto de o venderem José para o Egito (Gn 37.5-36), que a despeitos de muitas adversidades, tentações e anos de espera para o cumprimento da promessa da parte de Deus, foi exaltado e elevado à condição de vice-governador do Egito, Gn 41 – 50.

Faraó apoiava José com a plena autoridade real colocando no dedo de José seu próprio anel de selo com o qual todos os decretos e documentos oficiais eram legalizados e entravam em vigor. Ordenou que todos se ajoelhassem diante de José como se este fosse o próprio Faraó. Jacó em idade avançada desce ao Egito (provavelmente em 1876 a.C) com 70 pessoas de sua família para junto de seu filho José, Gn 46.1-34. A terra de Gósen foi à nova morada de Jacó no Egito, Gn 47.1-6. José teve um abençoado governo no Egito. Antes de sua morte fez com que os filhos de Israel jurassem que não deixaria seu corpo sepultado na terra dos faraós, mas que os seus ossos fossem levados para Canaã, quando chegasse o momento do cumprimento da promessa de Deus em retirar seu povo do Egito para a terra prometida, Gn 50.22-26. A morte de José ocorreu provavelmente em 1.804 a.C.

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2 A VIDA DOS HEBREUS DO EGITO A ÉPOCA DOS JUÍZES

2.1 O Antigo Egito. A antiga terra dos Faraós abrangia o estreito vale do rio Nilo. A agricultura do Egito dependia da regadura do Nilo e do sedimento que suas águas transbordantes deixavam ao retirar-se depois de inundar o vale. Em cada lado deste vale há um deserto desprovido de quase toda a forma de vida. A história do Egito remonta aproximadamente ao ano 3000 a. C., quando o reino do vale do Nilo e o reino do delta foram unificados pelo brilhante rei Menés. Trinta dinastias ou famílias reais reinaram durante os anos 3000 até 300 a. C. A cidade de Mênfis, situada entre o delta e o vale do Nilo,

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foi capital do reino até que se transferiu o governo da região do sul para Tebas na época do Novo Reino (1546-1085 a. C). A época clássica da civilização egípcia chama-se Antigo Reino (2700-2200 a. C). As enormes pirâmides, edificadas como túmulos reais, e a grande esfinge de Gizé foram construídos neste período. Depois houve dois séculos de decadência seguidos pelo Reino Médio (2000-1780 a. C.). A religião do Egito era politeísta. Prestava-se culto às forças da natureza tais como o Sol, a Luz e o rio Nilo e também a certos animais e aves. Deificaram animais como o touro, o gato, o crocodilo, a rã e a serpente. Por seu turno, cada deus tinha uma função. Criam na imortalidade da alma, se uma pessoa levava uma vida boa, poderia ressuscitar, mas primeiro teria de ser julgada pelo tribunal do mundo subterrâneo. Os sacerdotes embalsamavam por um processo complicado os cadáveres de personagens e de pessoas endinheiradas com a esperança de que voltassem a viver no futuro.

2.2 A Vida dos Hebreus no Egito. Entre a morte de José (provavelmente em 1804 a.C) e o início da perseguição de Israel pelos egípcios (Êx 1.11), há um intervalo de quase 300 anos. Nesse intervalo os hebreus multiplicaram-se em centenas de milhares. O povo israelita, outrora objeto do favor de Faraó, é agora escravo temido e odiado do rei egípcio. A situação política mudou radicalmente no Egito. Em 1570 a.C., os hicsos, povo que havia ocupado o país durante dois séculos, cujos os reis eram solidários com os hebreus, foram expulsos do Egito. Uma nova família de Faraós passou a reinar e os serviços que José havia prestado ao país ficaram no esquecimento, Êx 1.8. Assustado com o crescimento populacional dos hebreus, Faraó com dureza os obriga a servir como escravos. O Faraó opressor dos hebreus foi provavelmente Totmés I, que reinou em 1539-1514 a.C. É provável que a data da saída de Israel do Egito ocorreu em 1445 a.C., no reinado de Faraó Amenotepe II (1450-1420 a.C.).

2.3 A Libertação dos Hebreus da Terra do Egito, Êx 1 ao cap. 14. Moisés, nascido no Egito, provavelmente em 1521 a .C., foi chamado por Deus para libertar os hebreus enquanto pastoreava as ovelhas de seu sogro Jetro junto ao monte Horebe ou Sinai, Êx 3.1 - 4.31. Moisés e Arão se apresentaram na sala de audiência de Faraó e lhe comunicaram a exigência do Senhor, Êx 5.1-5. Faraó escarneceu deles dizendo que a única razão pela qual desejavam celebrar a festa era por estarem ociosos, e tornou pesado o trabalho dos hebreus. A atitude de Faraó não somente deixou os hebreus mais desejosos de sair do Egito, mas também os ajudou a perceber que somente o poder de Deus poderia livrá-los. A maneira de Deus fazer os Hebreus saírem do Egito foi o envio das pragas, Êx 7.8 - 11.10. As dez pragas visavam diretamente aos deuses do Egito e tiveram o objetivo de provar a superioridade do Deus de Israel sobre as divindades egípcias. Cada praga foi um golpe mortal aos deuses egípcios e uma censura à idolatria. Após a celebração da Páscoa e da morte dos filhos primogênitos dos egípcios, Deus permitiu a saída dos Hebreus do Egito, Êx 12.1-36. Ele fez com que o Mar Vermelho se abrisse e Israel, a pé enxuto, atravessou as águas do mar, Êx 12.37-51; 14.1-31. A multidão dos hebreus que saíram do Egito é calculada em torno de 2 a 3 milhões de pessoas. O povo de Israel saiu do Egito em completa liberdade como se fosse um exército de conquistadores com seus despojos e não como escravos que fugiam do cativeiro, Gn 15.14; Êx 3.21; 7.4; 12.51.

2.4 A Viagem dos Hebreus ao Monte Sinai, Êx 15.22 – 19.1. A viagem de Israel para o Canaã por via da península do Sinai foi divinamente ordenada. Deus se constituiu em guia de seu povo manifestando-se em uma coluna de nuvem e de fogo. Ele Conduziu Israel a Canaã não pelo caminho mais curto, que era a linha costeira do Mar Mediterrâneo (viagem de uns 15 dias), e sim pela rota do Mar Vermelho e o caminho do deserto. Na jornada do deserto Deus provou o seu povo a fim de que eles estivessem prontos para entrar em Canaã. Em menos de três meses, os hebreus chegaram ao Monte Sinai (Horebe). Ali permaneceram acampados por aproximadamente um ano, Nm 11.10. Veja no mapa a rota da saída dos hebreus do Egito até a terra prometida.

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2.4.1 A religião dos hebreus revelada no monte Sinai, Êx. 19 – 40. O acampamento no monte teve um propósito todo especial. Em menos de um ano, o povo da aliança com Deus se converteu numa nação. A aliança estabeleceu com o Decálogo as leis para uma vida santificada, Êx 19.3-24.8; o lugar para a adoração, Êx 24.9 – 40.38 (o Tabernáculo); a instrução para um viver santo, Lv 1.1 – 27.34 (com a organização do Sacerdócio, a instituição das ofertas e as observâncias das festas e estações do ano). Todo isso capacitava a Israel para servir a Deus de uma forma efetiva. A religião dos hebreus foi uma religião revelada. Durante séculos, os israelitas tinham sabido que Deus fez um pacto com Abraão, Isaque e Jacó, ainda que experimentalmente não tivessem sido conscientizados de seu poder e manifestações feitas em seu nome. Deus realizou um propósito deliberado com esta aliança ao liberar a Israel do cativeiro egípcio e da escravidão (Êx 6.2-9). E foi no monte Sinai onde o próprio Deus se revelou a si mesmo ao povo de Israel. A experiência de Israel e a revelação de Deus naquele acampamento estão registradas em Êxodo 19 até Levítico 27. Veja nos mapa o monte Sinai.

Monte Sinai, Egito, subida Mosteiro Sta. Catarina no monte Sinai

Veja nessa figuras Moisés recebendo das mãos de Deus a Lei no monte Sinai como também o modelo e a ordem para a construção do Tabernáculo (veja na figura o Sumo sacerdote)

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2.4.2 O calendário e as festas em Israel. O calendário judaico é contado desde 3761 a.C. O Ano Novo judaico, chamado Rosh Hashaná, acontece no primeiro ou no segundo dia do mês hebreu de Tishri, que pode cair em setembro ou outubro. Os anos comuns, com doze meses, podem ter 353, 354 e 355 dias, enquanto os bissextos, de treze meses, 383, 384 ou 385 dias. A vida judaica está repleta de tradição religiosa, e é celebrado um ciclo anual de feriados judaicos. Em 2009 estamos no ano de 5770 a partir da criação do mundo. Os hebreus celebravam e ainda hoje celebram várias festas sagradas no decorrer do ano às quais denominam “santas convocações” (literalmente, “os tempos fixados de reunir-se”). A palavra hebraica traduzida por "festa" tem dois significados: "uma ocasião assinalada" e "festa". No Antigo Testamento, essas festas eram ocasiões de um dia ou mais de duração em que os israelitas suspendiam seus trabalhos a fim de reunir-se jubilosamente com o Senhor. Ofereciam--se sacrifícios especiais segundo o caráter da festa (Nm 28, 29) e se tocavam as trombetas enquanto eram apresentados os sacrifícios de holocausto e de paz. A maioria das convocações relacionava-se com as atividades agrícolas e com os acontecimentos históricos da nação hebraica. Foram instituídas como parte do pacto do Sinai (Êx 23.14-19). Todos os varões israelitas eram obrigados a ir a Jerusalém anualmente a fim de participar das três festas dos peregrinos: Páscoa,

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Pentecoste e Tabernáculos. Tecnicamente falando, nem todas as convocações santas eram festas, porém seis delas eram ocasiões para alegrar-se e desfrutar das bênçãos divinas. Somente uma era celebrada com tristeza (dia do perdão). No Cristianismo também é assim. A vida em Cristo é jubilosa e a ordem apostólica é: “Regozijai-vos sempre no Senhor” (Fp 4.4).

Atualmente as datas das festas religiosas dos judeus são móveis, pois seguem um calendário lunisolar. As principais festas são: 1) Purim - os judeus comemoram a salvação de um massacre elaborado pelo rei persa Assucro; 2) Páscoa (Pessach) - comemora-se a libertação da escravidão do povo judeu no Egito, em 1445 a.C; 3)  Shavuót - celebra a revelação da Torá ao povo de Israel, por volta de 1445 a.C; 4) Rosh Hashaná - é comemorado o  Ano Novo judaico; 5) Yom Kipur - considerado o dia do perdão; 5) Sucót -  refere-se a peregrinação de 40 anos pelo deserto, após a libertação do Egito; 6) Chanucá - comemora-se o fim do domínio assírio e a restauração do tempo de Jerusalém; 7) Simchat Torá - celebra a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés. Veja o calendário anual dos Judeus.

Ano

SagradoMeses

HebraicosAnoCivil

Equivalênciamoderna

MêsBabilônico

EstaçãoAgrícola

1

Abibe (Nisã)1-Lua nova14-Páscoa

15-Sábado–santa

convocatória16-Semana do

pão sem fermento21-santa

convocação

7MarçoAbril

NisanuChuvas fim primavera

Começo da colheita da cevada

2Iyar (Zif)

1-Lua nova8

AbrilMaio

Aiaru Colheita da cevada

3

Siván1-Lua nova

6-7-Festa das Semanas

9MaioJunho

Simanu Colheita do trigo

4Tamuz

1-Lua nova10

JunhoJulho

Duzu

5Abe

1-Lua nova11

JulhoAgosto

Abu Maturação de figos e palmeiras

6Elul

1-Lua nova12

AgostoSetembro

Ululu Estação das vindimas

7

Tishri (Etanim)1-Lua novaDia do Ano

NovoFesta das

Trombetas10-Dia da expiação

15-22-Festa de Tabernáculos

1SetembroOutubro

TashrituAntigas primeiras chuvas

Tempo de arar

8Marcheshvan

(Bul)1-Lua Nova

2Outubro

NovembroArahsamuu Tempo de semear cevada e trigo

9 Chislev (Kisleu) 3NovembroDezembro

Kislimu

10 Tebet 4Dezembro

JaneiroTebetu

11 Sebat 5Janeiro

FevereiroShabatu

12 Adar 6Fevereiro

MarçoAddaru Floração das amendoeiras

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2.4.3 Preparação dos hebreus para sua nacionalidade. Nas redondezas do Monte Sinai, Israel celebrou o primeiro aniversário de sua emancipação. Aproximadamente um mês mais tarde, o povo levantou acampamento, buscando a imediata ocupação da terra prometida. Uma marcha de onze dias os levou até Cades-Barnéia, onde uma crise precipitou o divino veredicto da marcha errabunda pelo deserto. Não foi senão até passados trinta e oito anos mais tarde que o povo chegou às planícies do Moabe (Nm 33.38), e dali ao território de Canaã. Enquanto ainda estavam estacionados no Monte Sinai, os israelitas receberam detalhadas instruções (Nm 1.1-10.10), muitas das quais estavam diretamente relacionadas com sua preparação para continuar a jornada até o Canaã. O acampamento de Israel foi cuidadosamente planejado, com o tabernáculo e seu átrio ocupando o lugar central. Rodeando o átrio, estavam os lugares destinados aos levitas, com Moisés e os sacerdotes de Arão colocados na parte oriental ou frente à entrada. Depois dos levitas, havia quatro acampamentos encabeçados por Judá, Rubem, Efraim e Dã. A cada acampamento foram indicadas outras duas tribos adicionais. O cuidado e a eficiência na organização do acampamento estão indicados pelas designações realizadas nas várias famílias dos levitas: Arão e seus filhos tinham a supervisão sobre a totalidade do tabernáculo e seu átrio; os gersonitas tinham sob seu cuidado as cortinas e cobertas, os coatitas estavam encarregados da mobília, e os meraritas eram responsáveis das colunas e das mesas. O seguinte diagrama indica a posição de cada grupo no acampamento de Israel ao redor do Tabernáculo:

A nação israelita, ao levantar-se o acampamento para a macha, mudava-se a posição das tribos (Nm 10.11-28). Judá e as tribos do leste encabeçavam a marcha e as do norte formavam a retarguarda. A posição proeminente de Judá, diante da porta do tabernáculo no acampamento e à testa da nação quando esta marchava, devia-se em parte à sua superioridade numérica sobre as demais tribos; não obstante, pode ser que a localização de honra ocorresse porque teria sido designada futura casa real na profecia de Jacó (Gn 49.10). A organização de Israel era militar. Cada tribo tinha sua posição no acampamento e possuía seu comandante. A nação inteira estava organizada como um exército sob o comando de Deus que era o Chefe Supremo e tinha sua tenda no meio deles. Ele dirigia os movimentos por meio da nuvem (Nm 9.15-23). Os levitas, que acampavam imediatamente em torno do santuário, eram os guardas de honra e de serviço. Que quadro impressionante! Israel, uma nação de mais de dois milhões de pessoas, começou a marcha em perfeita ordem militar, cada tribo em seu posto, as bandeiras no alto e todos conduzidos pela nuvem. Essa viagem de Israel, sob o comando de Moisés até aos termos de Moabe, na fronteira com Canaã, durou aproximadamente 38 anos.

2.5 Os hebreus e a conquista de Canaã, Js 1.1 - 24.33. O dia tão longamente esperado chegou ao fim. Com a morte de Moisés, Josué foi comissionado para conduzir a nação de Israel à conquista da Palestina. Tinham transcorrido séculos desde que os patriarcas receberam a promessas de que seus descendentes herdariam a terra de Canaã. Nesse ínterim, cada geração sucessiva do povo palestino

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tinha sido influenciada por vários outros povos procedentes do Crescente Fértil. Motivados por interesses econômicos e militares, atravessaram Canaã de vez em quando. A gora a posse da terra era realidade. A experiência e o treinamento tinham preparado a Josué para a missão desafiadora de conquistar Canaã. Após atravessar milagrasosamente o rio Jordão, os israelitas acamparam-se em Gilgal. Acampados em Gilgal, Israel estava realmente preparado para viver em Canaã como a nação escolhida por Deus. durante quarenta anos, enquanto a geração incrédula morria no deserto, a circuncisão, como um sinal da aliança (Gn 17.1-27) não tinha sido observada. Mediante este rito, as novas gerações lembravam dolorosamente a aliança e a promessa de Deus feita para conduzi-los à terra que "manava leite e mel". A entrada naquela terra foi também marcada pela observância da Páscoa e o cesse da provisão do maná. O povo remido se alimentaria desde então dos frutos daquela terra. Josué, não só conquistou a terra prometica, expulsando seus antigos donos (os cananeus) como também dividiu a terra em herança a cada tribo de Israel. Veja no mapa a divisão das tribos.

2.6 Os hebreus e a época dos Juízes, Jz 1.1 – 21.25. Após a morte de Josué, Israel ficou sem um líder nacional por mais de 300 anos. Esse período que vai desde a morte de Josué até os dias de Samuel (1375 - 1050 a.C.), foi em vários aspectos, um período sombrio e agitado. As ameaças eram tanto internas como externas. Idolatria, imoralidade, apostasia e anarquia eram práticas comuns nessa época entre as tribos de Israel. Depois da morte de Josué, houve decadência em Israel, e já não havia governo central. Sem autoridade central, “... cada qual fazia o que parecia bem aos seus olhos”, Jz 17.6; 21.25. As tribos guerreavam isoladamente, e assim se enfraqueciam diante de seus inimigos, a ponto de não conseguir expulsar os habitantes de Canaã. O estado espiritual e moral dos hebreus eram lamentáveis. Enquanto que o livro de Josué fala da conquista de sete nações, o livro de Juízes descreve sete apostasias, sete opressões e sete libertações. A história dos Juízes pode resumir-se em quatro palavras: Pecado, Servidão, Arrependimento e Libertação. O nome Juízes no hebraico é Shophetim e no grego é

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Kritai, ambos significam “líderes executivos”, “magistrados”. A palavra “juiz”, em termos de função, tem dois significados: a) livrar o povo dos seus opressores, na função de líder militar; b) resolver disputas e manter a justiça, na função de líder civil. Quanto às atividades dos juízes é importante saber de quem ele livrou Israel e por quanto tempo ficou no cargo. Vejamos os anos de servidão ou opressão de Israel na época dos Juízes e os anos atribuídos a cada juiz como libertador:

Opressão Anos Juiz libertador Anos de Descanso Mesopotâmica ...... 8 Otoniel, de Judá, Jz 3.7-11. 40 Moabitas ............... 18 Eudes, de Benjamim, Jz 3.12-30 80Filistéia ................. ? Sangar, Jz 3.31 ? Cananéia ............... 20 Débora, de Efraim; Baraque, de Naftali, Jz 4.1 – 5.32 40 5. Midianitas .............. 7 Gideão, de Manassés, Jz 6.1 – 8.35 40 Abimeleque, de Manassés, Jz 9.1-57 3 Tola, de Issacar, Jz 10.1-2 23 Jair, de Manassés (oriental), Jz 10.3-5 22

6. Amonitas ................ 18 Jefté, de Manassés (oriental), Jz 10.6 – 12.1-7 6 Ibsã, de Judá, Jz 12.8-10 7 Elom, de Zebulom, Jz 12.11-12 10 Abdom, de Efraim, Jz 12.13-15 8

7. Filisteus ................. 40 Sansão, de Dã, Jz 13.1 – 16.31 20

3 OS HEBREUS DA MONARQUIA AO PERÍODO DA DIÁSPORA EM 70 d.C.

O povo de Israel rejeitou o governo de Deus. O propósito de Deus era uma teocracia (governo de Deus através de líderes ungidos). O povo olhou para as nações vizinhas e copiou o modelo de governo. Deus acatou o pedido, mas avisou de todas as mudanças que ocorreriam na estrutura social, econômica e política. A Monarquia em Israel é a história dessas mudanças para pior. O que observamos é a ascensão e a queda da Monarquia em Israel. Essa realidade é vista desde o início até a destruição do Reino do Sul pelos babilônicos. A Monarquia durou aproximadamente 500 anos, de Saul a destruição de Jerusalém por Nabucodonozor, rei da Babilônia. O relato da Monarquia de Israel está relado nos livros bíblicos de 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas.

3.1 O Reinado de Saul, Davi e Salomão. O reinado do primeiro rei, Saul (1050 -1010 a.C.), permitiu a transição entre a organização tribal já frouxa e o pleno estabelecimento da monarquia, sob Davi, seu sucessor. O rei Davi (1010-970 a.C.) fez de Israel uma das potências da região através de bem sucedidas expedições militares, entre as quais a derrota final dos filisteus, assim como as alianças políticas com os reinos vizinhos. Ele unificou as doze tribos israelitas num só reino e estabeleceu sua capital, Jerusalém. Davi introduziu em Jerusalém a arca da aliança, símbolo da presença de Deus, 2 Sm 6.1-23. Ele planejou também a edificação do Templo nessa cidade (2 Sm 7.1-29), porém, Deus não lhe perimiu esse feito. Davi mantinha um exército ativo de 24.000 soldados, mudando-os cada mês, 1 Cr 27.1-15. Ao todo o seu exército era algo em torno de 250.000 guerreiros treinados e prontos para sair rapidamente para a batalha. Mas o segredo para tantas vitórias era: “O Senhor dava vitórias a Davi por

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onde quer ele que ia”, 2 Sm 5.10; 8.6, 1 Cr 11.9. Davi foi sucedido no reino por seu jovem filho Salomão (970-931 a.C.) que consolidou ainda mais o reino. Salomão garantiu a paz para seu reino, tornando-o uma das grandes potências da época. O auge do seu governo foi a magnífica construção do Templo de Jerusalém, em 963 a.C. A Monarquia foi o período de apogeu dos hebreus, como símbolo do explendor dessa civilização teve a construção do Templo de Jerusalém. Veja foto do Templo de Salomão como também o mapa da geografia de Israel na época da Monarquia.

Templo de Salomão

Mapa da época da monarquia

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3.2 O Reino de Israel Dividido, 1 Rs 12 – 22. O Reino permaneceu unido cerca de 120 anos. Após a morte de Salomão (930 A.C.) uma insurreição aberta provocou a cisão das tribos do norte e a divisão do país em dois reinos: o reino setentrional de Israel, formado pelas dez tribos do norte, e o reino meridional de Judá, no território das tribos de Judá e Benjamim. O Reino de Israel, com sua capital Samaria, durou mais de 200 anos, e teve 19 reis; o Reino de Judá sobreviveu 350 anos, com sua capital, Jerusalém, e tiveram o total de 20 reis, todos da linhagem de Davi. Com a expansão dos impérios assírios e babilônicos, tanto Israel quanto Judá, mais tarde, acabou caindo sob domínio estrangeiro. O Reino de Israel foi destruído pelos assírios (722 a.C.) e seu povo foi exilado e esquecido. Um pouco mais de cem anos depois (135 a.C), a Babilônia conquistou o Reino de Judá, exilando a maioria de seus habitantes e destruindo Jerusalém e o Templo, em 586 a.C. Houve três invasões da Babilônia em Judá: 1) Em 606 a.C – quando Joaquim era o rei de Judá, Daniel e seus amigos são levados para Babolônia, 1 Cr 24.1-5; 2 ) Em 597 a.C – foi a vez de Ezequiel e mais 10000 judeus foram levados cativos, 1 Cr 24.14; e 3) Em 586 a. C – a destruição total de Jerusalém e do Templo de Salomão por Nabucodonozor, 1 Cr 24.18 – 25.30. Veja que a contagem dos 70 anos de Israel no cativeiro, conforme profetizou Jeremias (Jr 25.11,12; Dn 9.1,2), começa com data da primeira invasão dos Caldeus a Jerusalém, em 606/605 a.C. Deus vela em cumprir sua Palavra, Jr 1.12.

As profecias bíblicas previam que toda a nação israelita seria rejeitada, varrida para fora da sua terra, Lv 28.15-68. Tal como o rio Nilo faz com suas margens, Israel seria órfã e seus filhos atirados ao grande mar das nações. A este respeito, o profeta Amós havia escrito: “Por causa disto não se comoverá a terra? E não chorará todo aquele que habita nela? Certamente levantar-se-á toda como o grande rio, e será arrojada, e se submergirá como o rio do Egito”. (Am 8.8). Mais adiante, o mesmo profeta mostra que Deus, ao castigar Israel por suas transgressões, faria um julgamento seletivo, no qual toda a palha iria perecer, enquanto remanescente fiel se salvaria: “Porque eis que darei ordem, e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações assim como se sacode o grão no crivo, sem que caia na terra um só grão. Todos os pecadores do meu povo morrerão à espada, os que dizem: Não se avizinhará nem nos encontrará o mal”. (Am 9.9,10). Veja a cronologia dos Reis de Israrel e Judá.

Reis de Judá, a.C Prof. de Judá Reis de Israel, a.C Prof. de Israel

Roboão - 931-913 - Mau Jeroboão - 931-910 - MauAbias - 913-911 - Mau Nadabe - 910-908 - Mau Asa - 911-870 - Bom Baasa - 908-886 - MauJosafá - 873 - 848 - Bom Elá - 886-885 - Mau Jeorão - 848-841 - Mau Zinri - 885 (7 dias) - MauAcazias - 841 - Mau Onri - 885-874 - Muito mauAtalia - 841-835 - Demoníaca Acabe - 874-853 - O pior Elias Joás - 835-796 - Quase bom Joel Acazias - 853-852 - Mau EliseuAmazias - 796-767 - Idem Jorão - 852-841 - MauUzias - 791-740 - Bom Isaías Jeú - 841-814 - MauJotão - 740-732 - Bom Miquéias Jeoacaz - 814-798 - MauAcaz - 732-716 - Perverso Jeoás - 798-782 - Mau JonasEzequias – 716-687 - O Melhor Jeroboão II - 782-753 - Mau AmósManassés - 686-642 - O Pior Naum Zacarias - 753-752 - Mau OséiasAmom - 642-640 - O Pior Sofonias Salum - 752 (1 mês) - MauJosias - 640-609 - O Melhor Jeremias Manaém- 752-742 - MauJeoacaz - 609 (3 meses) - Mau Pecaías - 742-740 - MauJeoaquim - 609-597 - Perverso Habacuque Peca - 740-732 - MauJoaquim - 597 ( 3 meses ) - Mau Ezequiel Oséias - 732-722 - Mau

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Zedequias - 597-587 - Mau

3.3 Os Hebreus no Cativeiro Babilônico (586 -538 a. C). A conquista babilônica foi o primeiro estado judaico (período do Primeiro Templo), mas não rompeu a ligação do povo judeu com sua terra. As margens dos rios da Babilônia, os judeus assumiram o compromisso de lembrar para sempre da sua pátria: Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém esqueça-se a minha destra da sua destreza. Apegue-se a língua ao paladar, se não lembrar de ti, se não preferir Jerusalém à minha maior alegria (Sl 137.5,6). O exílio na Babilônia, que se seguiu à destruição do Primeiro Templo, marcou o início da Diáspora Judaica. Lá, o judaísmo começou a desenvolver um sistema e um modo de vida religioso fora de sua terra, para assegurar a sobrevivência nacional e a identidade espiritual do povo, concedendo-lhe a vitalidade necessária para preservar seu futuro como uma nação. A Sinagoga desempenhou papel fundamental na educação religiosa e secular dos Judeus em terras estranhas.

3.4 Os Hebreus nos Períodos Persas e Helenísticos (538 – 142 a.C.) . Em consequência de um decreto do Rei Ciro, da Pérsia (em 538 a. C), que conquistou o império babilônico (em 539 a.C), cerca de 50.000 judeus empreenderam o primeiro retorno à Terra de Israel, sob a liderança de Zerobabel, da dinastia de Davi, Ed 1.1 – 2.70; Is 45.11-4. Menos de um século mais tarde, o segundo retorno foi liderado por Esdras, o Escriba. Durante os quatro séculos seguintes, os judeus viveram sob diferentes graus de autonomia sob os domínios persas (538-333 a.C.) e helenísticos - ptolemaico e selêucida (332-142 a.C.). A repatriação dos judeus, sob a inspirada liderança de Esdras, a construção do segundo templo no sítio onde se erguera o primeiro, a fortificação das muralhas de Jerusalém e o estabelecimento da Knesset Haguedolá (a Grande Assembléia), o supremo órgão religioso e judicial do povo judeu, marcaram o início do segundo estado judeu (período do segundo templo).

Como parte do mundo antigo conquistado por Alexandre Magno, da Grécia (332 a.C.), a Terra de Israel continuava a ser uma teocracia judaica, sob o domínio dos selêucidas, estabelecidos na Síria. Quando os judeus foram proibidos de praticar o judaísmo e seu Templo foi profanado, como parte das tentativas gregas de impor a cultura e os costumes helenísticos a toda a população, desencadeou-se uma revolta denominada revolta do Macabeus (166 a.C.), liderada por Matatias, da dinastia sacerdotal dos Hasmoneus, e mais tarde por seu filho, Judá, o Macabeu. Os judeus entraram em Jerusalém e purificaram o Templo (164 a.C), eventos comemorados até hoje anualmente, na festa do Chanuká. Com a independência e o domínio dos Macabeus como reis e sacerdotes, surgem às diversas ramificações do judaísmo da época do Segundo Templo: os fariseus, os saduceus e os essênios

3.5 Os Hebreus no Período Hasmoneus (142- 63 a.C). Após novas vitórias dos Hasmoneus (142 a.C.), os selêucidas restauraram a autonomia da Judéia (como era então chamada a Terra de Israel) e, com o colapso do reino selêucida (129 a.C.), a independência judaica foi reconquistada. Sob a dinastia dos Hasmoneus, que durou cerca de 80 anos, as fronteiras do reino eram muito semelhantes às do tempo do Rei Salomão; o regime atingiu consolidação política e a vida judaica floresceu sob o governo dos reis-sacerdotes macabeus até 63 a.C., quando o general romano Pompeu tomou a cidade de Jerusalém, permitindo, porém, que os macabeus continuassem na posse do trono até 40 a.C. quando Herodes, o Grande, (um idumeu) foi nomeado, pelo senado romano, rei da Judéia. Nesta altura Judéia já não era apenas a antiga área do Reino de Judá, mas Judéia, Samaria, Galiléia, Traconites e Peréia.

3.6 Os Hebreus no Período Romano a Destruição do Templo (63 a.C. – 70 d.C.). Quando os romanos substituíram os selêucidas no papel de grande potência regional, eles concederam ao rei Hasmoneus Hircano II autoridade limitada, sob o controle do governador romano sediado em Damasco. Os judeus eram hostis ao novo regime, e os anos seguintes testemunharam muitas insurreições. Uma última tentativa de reconquistar a antiga glória da dinastia dos Hasmoneus foi feita por Matatias Antígono, cuja derrota e morte trouxeram fim ao governo dos Hasmoneus (40 a.C.). O país tornou-se, então, uma província do Império Romano em 63 a.C. Em 37 a.C., Herodes, genro de

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Hircano II, foi nomeado Rei da Judéia pelos romanos. Foi-lhe concedida autonomia quase ilimitada nos assuntos internos do país, e ele se tornou um dos mais poderosos monarcas da região oriental do Império Romano, porém não conseguiu a confiança e o apoio de seus súditos judeus. Dez anos após a morte de Herodes (4 a.C.), a Judéia caiu sob a administração romana dos três filhos sucessores, dando-se o nome de Tetrarquia a cada divisão territorial da Palestina.

Assim, a Herodes Arquelau – que levou o título de etnarca - foi dada a tetrarquia de Samaria, abrangendo as áreas Samaria, Judéia e Iduméia, Mt 2.19-23; a Herodes Antipas, a tetrarquia da Galiléia, compreendendo a Galiléia e Peréia, Mt 14.1-12; a Herodes Filipe a região de Basã, dividida em cinco distritos: Gaulanites, Batanea, Auranites, Ituréia e Traconites, Lc 3.1; e finalmente a Lisânias, que não era descendente de Herodes, o Grande, coube a tetrarquia de Abilene, localizada entre Líbano e Ante-Líbanos, região pertencente à Palestina nos dias de Salomão, Lc 3.1. Entre 41 e 44 d.C. Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande, com o advento de Calígula ao trono do Império Romano, governou sozinho sobre todo esse vasto território das quatro tetrarquias, com sede em Cesaréia, onde morreu ignominiosamente. (Atos 12). Após a morte de Agripa I, a região recebeu uma nova divisão política, sendo dividida em duas províncias: ao norte, a chamada Quinta Província, que se compunha das tetrarquias de Filipe e de Lisânias, governada por Herodes Agripa II, e a Província da Judéia, abrangendo Judéia, Samaria, Galiléia e Peréia, governada por procuradores romanos, com sede em Cesaréia, sendo Pôncio Pilatos um desses governadores, em 26-37 d.C. Ambas permaneceram até o ano 70 d.C., quando da revolta dos judeus sufocada pelos romanos (66 a.C) sob o comando general de Tito, liquidou de novo o Estado judaico, anexando-o à Síria.

As forças romanas, lideradas por Tito, superiores em número e armamento, arrasaram finalmente Jerusalém (70 d.C.) e posteriormente derrotaram o último baluarte judeu em Massada (em 73 d.C.). A destruição total de Jerusalém e do Templo foi uma catástrofe para o povo judeu. De acordo com o historiador da época, Flavio Josefo, centenas de milhares de judeus pereceram durante o cerco a Jerusalém e em outros pontos do país, e outros milhares foram vendidos como escravos. Um último breve período de soberania judaica na era antiga foi o que se seguiu à revolta de Shimon Bar Kochbá Shimmon Bar-Kosiva e do rabino Akiva (135 d.C.), quando Jerusalém e a Judéia foram reconquistadas. No entanto, dado o poder massivo dos romanos, o resultado era inevitável. Três anos depois, segundo o costume romano, Jerusalém foi sulcada por uma junta de bois? A Judéia foi rebatizada de Palestina e a Jerusalém foi dado o novo nome de Aelia Capitolina.

4 OS HEBREUS DO PERÍODO BIZANTINO A CRIAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL (313-1947/48 d.C)

4.1 Os Hebreus no Domínio Bizantino ((313-646 d.C.). No final do século IV, após a conversão do imperador Constantino ao Cristianismo e a fundação do Império Bizantino, a Terra de Israel se tornara um país predominantemente cristão. Os judeus estavam privados de sua relativa autonomia anterior, assim como do direito de ocupar cargos públicos; também lhes era proibida a entrada em Jerusalém, com exceção de um dia por ano (Tishá be Av - dia 9 de Av), quando podiam prantear a destruição do Templo. A invasão persa de 614 d.C., contou com o auxílio dos judeus, animados pela esperança messiânica da Libertação. Em gratidão por sua ajuda eles receberam o governo de Jerusalém; este interlúdio, porém, durou apenas três anos. Subseqüentemente, o exército bizantino recuperou o domínio da cidade (629 d.C.), e os habitantes judeus foram novamente expulsos.

4.2 Os Hebreus no Domínio Árabe. A conquista do país pelos árabes ocorreu quatro anos após a morte de Maomé (632 d.C.) e durou mais de quatro séculos, sob o governo de Califas estabelecidos primeiramente em Damasco, depois em Bagdá e no Egito. No início do domínio muçulmano, os judeus novamente se instalaram em Jerusalém, e a comunidade judaica recebeu o costumeiro status de proteção concedido aos não-muçulmanos sob domínio islâmico, que lhes garantia a vida, as propriedades e a liberdade de culto, em troca do pagamento de taxas especiais e impostos territoriais. Contudo, a introdução subseqüente de restrições contra os não-muçulmanos (717 d.C.) afetou a vida

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pública dos judeus, assim como sua observância religiosa e seu status legal. Pelo fim do século XI, a comunidade judaica da Terra de Israel havia diminuído consideravelmente.

4.3 Os Hebreus no Domínio das Cruzadas (1099 -1291 a. C). As cruzadas foram movimentos militares organizados pela Igreja Católica Romana com o objetivo de libertar a Cidade Santa (Jerusalém) do poder dos infiéis, isto é, do poder dos maometanos. Houve sete principais Cruzadas que partiu da Europa em direção à Palestina, entre os anos 1095 a 1272 d.C. Nos 200 anos seguintes, a Palestina foi dominado pelas Cruzadas que, atendendo a um apelo do Papa Urbano II (1088-99 d.C), partiram da Europa para recuperar a Terra Santa. Em julho de 1099, após um cerco de cinco semanas, os cavaleiros da Primeira Cruzada e seu exército de plebeus capturaram Jerusalém, massacrando a maioria de seus habitantes não-cristãos. Entrincheirados em suas sinagogas, os judeus defenderam seu quarteirão, mas foram queimados vivos ou vendidos como escravos. Nas poucas décadas que se sucederam, os Cruzados estenderam seu poder sobre o restante do país. Após a derrota dos Cruzados pelo exército de Saladino (1187 d.C.), os judeus passaram a gozar de liberdade, inclusive o direito de viver em Jerusalém. O domínio dos Cruzados sobre o país chegou ao fim com a derrota final frente aos mamelucos (1291 d.C.), que era uma casta militar muçulmana que conquistara o poder no Egito.

4.4 Os Hebreus no Domínio dos Mamelucos (1291-1516 d.C). Mameluco (mamluk), palavra árabe que significa possuído, governado, ou seja, escravo de origem não muçulmana. Os escravos que compunham a instituição mameluca dominante chegaram ao Egito e Síria na qualidade de pagãos, trazidos por mercadores, como os venezianos e genoveses,  para serem vendidos. Os jovens mamelucos comprados pelos sultões aiúbidas recebiam uma esmerada educação islâmica e  boa preparação militar em colégios do Cairo, de onde saíam completamente transformados. Ingressavam no corpo dos mamelucos reais e ganhavam à liberdade, cavalos e equipamentos, além de um pedaço de terra que lhes permitia viver independente. Entre 1240 e 1517, eles criaram um sultanato no Egito e regiões vizinhas, surgindo daí duas dinastias de regentes. Estes ex-escravos de origem não muçulmana, oriundos do sul da Rússia e do Cáucaso, se constituíram em uma milícia (de mais ou menos 12.000 homens), que foi organizada pelo sultão aiúbida, As-Salih Ayub (1240-1249). Entre 1291 e 1517, Jerusalém foi governada pelos mamelucos (com sede de governo em Damasco), que impuseram um pesado imposto anual sobre os judeus e destruíram os lugares sagrados dos cristãos no Monte Sião. O período de decadência sob os mamelucos foi obscurecido ainda por revoltas políticas e econômicas, epidemias, devastação por gafanhotos e terríveis terremotos.

4.5 Os Hebreus no Domínio Otomano (1517-1917 d.C). Em 1517, Jerusalém e região caiu sob domínio Turco Otomano, que permaneceu no controle até 1917. Após a conquista otomana, o país foi dividido em quatro distritos, ligado administrativamente à província de Damasco; a sede do governo era em Istambul, na Turquia. No começo da era otomana, cerca de 1000 famílias judias viviam na Terra de Israel, em Jerusalém, Nablus (Sichem), Hebron, Gaza, Safed (Tzfat) e algumas aldeias da Galiléia. A comunidade se compunha de descendentes de judeus que nunca haviam deixado o país, e de imigrantes da áfrica do Norte e da Europa. Um governo eficiente, até a morte do sultão Suleiman, o Magnífico (1566 d.C.), trouxe melhorias e estimulou a imigração judaica. À proporção que o governo otomano declinava e perdia sua eficiência, o país foi caindo de novo em estado de abandono geral. No final do século XVIII, a maior parte das terras pertencia a proprietários ausentes, que as arrendavam para agricultores empobrecidos pelos impostos elevados e arbitrários. As grandes florestas da Galiléia e do monte Carmelo estavam desnudas; pântanos e desertos invadiam as terras produtivas. O século XIX testemunhou os primeiros sinais de que o atraso medieval cedia lugar ao progresso. Eruditos ingleses, franceses e americanos iniciavam estudos de arqueologia bíblica. Foram inauguradas rotas marítimas regulares entre a Terra de Israel e a Europa, instaladas conexões postais e telegráficas e construída a primeira estrada, entre Jerusalém e Iafo. A situação dos judeus do país foi melhorando, e a população judaica aumentou consideravelmente. Inspirados pela ideologia sionista, dois grandes fluxos de judeus da Europa Oriental chegaram ao país, no final do século XIX e início do século X. Resolvidos a restaurar sua pátria através do trabalho agrícola, estes pioneiros começaram pela

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recuperação da terra árida, construíram novas colônias e lançaram os fundamentos do que mais tarde se tornaria uma próspera economia agrícola. Ao romper a I Guerra Mundial (1914), a população judaica do país totalizava 85.000 habitantes, em contraste com os 5.000 do início do séc. XVI. Em dezembro de 1917, as forças britânicas, sob o comando do General Allemby, entraram em Jerusalém, pondo fim a 400 anos de domínio otomano.

4.6 Os Hebreus no Domínio Britânico (1918-1948). Em julho de 1922, a Liga das Nações confiou à Grã-Bretanha o mandato sobre a região da Palestina (nome pelo qual o país era designado na época). Reconhecendo a “a ligação histórica do povo judeu com a Palestina”, recomendava que a o reino da Grã-Bretanha facilitasse o estabelecimento de um lar nacional judaico na Palestina - Eretz Israel (Terra de Israel). Dois meses depois, em setembro de 1922, o Conselho da Liga das Nações e a Grã-Bretanha decidiram que as estimulações destinadas ao estabelecimento deste lar nacional judaico não seriam aplicadas à região situada a leste do Rio Jordão, cuja área constituía os 3/4 do território do Mandato - e que mais tarde tornou-se o Reino Hashemita da Jordânia.

4.7 Os Hebreus e o Holocausto (1933-1495). O Holocausto Nazista consistiu em por em prática um plano de genocídio da população Judaica. Em 1933 a vida dos Judeus era normal e estável, ou seja, frequentavam à escola, cinema, brincavam, tinham os seus negócios e tudo que um cidadão alemão fazia. No mesmo ano, em 30 de Janeiro, Hitler chega ao poder como Chanceler da Alemanha. Ressentido pela humilhação do Tratado de Versalhes, pois a Alemanha foi obrigada a pagar elevadas indenizações, a perder as colônias, não podia possuir exército e nem qualquer tipo de fortificações e, como qualquer outro país, estava em dificuldades depois da Depressão, Hitler prometeu “rasgar” o Tratado e acreditava na superioridade da raça Ariana. Com a subida de Hitler ao poder estava instalada na Alemanha uma ditadura absoluta, que era alimentada por uma ideologia nazi racista (só existe uma raça superior - a raça ariana. As outras raças era um fator de perturbação na sociedade e haveria que destruí-las ou então teriam de servir a raça superior), com isto começa uma perseguição aos Judeus. As SS haviam sido criadas como guarda pessoal de Hitler e seria a vanguarda do movimento nazista para confirmar o povo alemão como raça superior. O chefe das SS (Himmler) pediu aos alemães que seguissem as teorias genéticas nazistas e melhorassem a raça. O Estado concedia empréstimos para encorajar os casais a terem mais filhos e as mães com muitos filhos recebiam medalhas. Os judeus começam por ser obrigados a registarem-se e a usar uma ligadura com uma estrela de David amarela no braço, para não se confundirem com a raça Alemã e para mais facilmente serem identificados.

Pelas ruas Alemãs vêem-se as primeiras frases contra os judeus como: “Nicht für Juden”, (interdito a judeus) ou “porcos Judeus”. Estes vêem a sua vida a entrar num beco sem saída, pois são constantemente perseguidos, humilhados e mal tratados na rua. Por exemplo, os alemães iam buscar raparigas judias em suas casa e obrigavam-nas a esfregar as ruas, escolhiam homens ao acaso e espancavam-nos à frente de todos os Alemães, que se limitava a assistir. Os judeus que tinham possibilidades tomavam as devidas precauções para conseguir sair do país. Quanto aos outros teriam que se sujeitar ao domínio de Hitler. Em 1933/35 são publicadas as leis raciais e são retiradas às lojas e negócios aos judeus, os médicos são proibidos de exercer a sua profissão, nenhum judeu pode ter um cargo político e é lhes retirado o direito de cidadão, ou seja, não são considerados cidadãos alemães. Em 1938 dá-se a “Kristallnacht”, (Noite de Cristal), mais de 200 sinagogas são destruídas, 7500 lojas fechadas, 30 000 judeus do sexo do masculino enviados para campos de concentração. Neste mesmo ano, foram construídos os primeiros guetos na Alemanha, onde isolavam os judeus do mundo exterior (separados por um muro). Cerca de 600 000 judeus morreram em guetos com fome e doenças. Hitler decide então começar a eliminar em maior número os judeus. Para isso os Einsatzgruppen capturavam e levavam os judeus para valas, onde eram obrigados a despirem-se, para em seguida serem mortos a sangue frio. Nestes momentos a dor, o choro, os gritos e os tiros misturavam-se no ar. É então que em 1941 se encontra a “Solução Final”.

Os Judeus eram capturados e levados em comboios para os campos de concentração. O que ficou mais conhecido foi o de Auschwitz. Mas muitos deles não conseguiam chegar com vida, pois morriam com doenças e fome, porque a viagem era muito longa e as condições higiénicas não eram as

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melhores, visto que viajavam em vagões para o gado, apinhados e só havia um balde para as necessidades. Não havia água nem alimentos. Com isto muitos judeus morriam ou adoeciam. Quanto aos outros (aqueles que aguentavam a viagem) não sabiam para onde iam nem o que os esperava embora lhes tivesse sido dito quando embarcaram nos comboios que iam emigrar para trabalhar no Leste da Europa. Nos campos os judeus eram separados por filas de mulheres, outras de homens e de crianças. Aqueles que estavam em condições físicas iriam trabalhar, (pensando que iriam sobreviver), os outros seriam imediatamente mortos. Os judeus eram levados para as câmaras de gás, onde se despiam e em seguida eram mortos com gás. Depois os corpos eram queimados em crematórios ou então se faziam algumas atrocidades, como: utilização da pele para candeeiros ou experiências médicas com as crianças. Os prisioneiros eram punidos por todas e nenhuma razão, por fazer e por não fazerem. Josef Mengele era um médico do campo e escolheu cerca de 1500 gêmeos para usar como cobaias, servindo um de controle e experimentando no segundo. Matavam muitos só para estudá-los na autópsia. Utilizou também como cobaias sete dos dez anões ciganos que obrigou a dançar nus para as tropas SS. O único que tentou ajudar os prisioneiros foi o bacteriologista Wilhelm Hans Munch, dando-lhes medicamentos e alimentos, correndo assim risco de vida.

Em suma, durante os seis de guerra (1939-1495), foram assassinados pelos nazistas aproximadamente 6.000.000 de judeus - incluindo 1.500.000 crianças - representando um terço do povo judeu naquela época. Esta decisão de aniquilar os judeus, já prevista desde 1924 no livro “Mein Kampf”, de Adolf Hitler, foi uma operação feita com fria eficiência, um genocídio cuidadosamente planejado e executado. Foi única na história em escala, gerenciamento e implementação, e por essa razão recebeu um nome próprio: o Holocausto. Menos de cinqüenta anos depois, grupos racistas de neonazistas e grupos anti-semitas tentam negar que o Holocausto tivesse alguma vez existido, ou afirmam que a escala foi muito menor. Existem algumas causas para esse chamado “revisionismo”, especialmente políticas e anti-semitas. Alguns desejam limpar o nazismo de sua injúria maior; outros acreditam que o Estado de Israel foi estabelecido para compensar os judeus pelo Holocausto, e ao negar o Holocausto estão procurando destituir Israel de seu direito de existir. Este é o motivo pelo qual os que negam o Holocausto têm muito mais suporte nos países árabes. Mas o Holocausto, de fato ele existiu, e isso é afirmado nos testemunhos documentais e pessoais. Diante dessa possível negação do Holocausto, o povo judeu decidiu impedir que o mesmo fosse esquecido, para que, com sua lembrança, fique assegurado que o mundo não permitirá jamais que fatos lamentáveis como esse torne a acontecer com os judeus ou com qualquer outro povo ou grupo na Terra. A negativa da existência do Holocausto é uma abominação e uma ameaça potencial para o mundo inteiro.

Mapa dos Campos de Concentração Nazistas

 

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Veja algumas imagens das atrocidades feitas aos Judeus no período nazista

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5 O RENASCIMENTO DO ESTADO DE ISRAEL (de 1947/48 aos dias atuais).

5.1 Uma Nação aos Cuidados de Deus. No dia 29 de agosto de 1897, no primeiro Congresso Sionista, realizado na cidade suíça de Basiléia, o grande líder Teodor Herzl disse estas proféticas palavras: “Dentro de cinco ou cinqüenta anos, o estado judeu será uma realidade”. Esta predição parecia de todo impossível de cumprir-se. Entretanto, vinte anos mais tarde os ingleses derrotam os turcos otomanos, assumem o controle da Palestina e promete aos judeus uma parte da Terra Santa. A Proclamação Balfour, de 2 de novembro de 1917, entre outras coisas, dizia: “O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento da Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e usará melhores empenhos no sentido de facilitar a realização deste objetivo. 50 anos depois se se cumpre tanto a predição de Herzl como a profecia de Isaías 66. 8, onde lemos: “Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos”. Depois das predições do profeta Isaías vieram às profecias de Ezequiel 37.1-28. Diz a Bíblia: "Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu abrirei as vossas sepulturas, e vos farei sair das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel" (Ez 37.12).

Um fato estarrecedor abalaria o mundo na década de 40: a Segunda Guerra Mundial! Isto serviria de pano de fundo para que Deus pudesse atuar e realizar o maior milagre jamais visto numa nação: o renascimento do Estado de Israel! Deus retira da escória de guerra judaica aquela que seria a nação mais poderosa do Oriente Médio na atualidade! A história foi feita em meio à morte e destruição, desesperança e dor, porém, ali estavam às mãos do Eterno guiando as nações para agirem de acordo com Seus decretos e concretizarem seu maior propósito na história atual: Israel novamente em sua terra! Enquanto a guerra se desenvolvia, Deus agia nos bastidores da história para consolidar seus projetos e aniquilar definitivamente os propósitos daqueles que pretendiam levantar-se contra Israel. Em maio de 1947, a Assembléia Geral da ONU, adotou uma resolução estabelecendo o Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina, integrado por 11 países. O problema da Palestina havia se agravado e a Grã-Bretanha, como potência mandatária, já não tinha condições de manter a paz e a ordem e controlar as agitações e violências que lá irrompiam. Este foi um dos primeiros passos dados pela ONU para que a profecia de Ezequiel e outros profetas, inclusive, Isaías, se cumprissem! O Estado de Israel nasceu no dia 29 de novembro de 1947, na Organização das Nações Unidas, sob a presidência do Chanceler brasileiro Oswaldo Aranha. Foram 33 votos a favor, 13 contrários e 10 abstenções. A Inglaterra, por não cumprir sua promessa aos judeus, se absteve de votar, e nela cumpriu-se a profecia de Gênesis 12.3. De maior império do mundo, declinou até chegar a uma potência de terceira categoria. Mais uma vez a Escritura Sagrada se mostrou fiel.

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Após os primeiros passos serem dados, já no ano de 1948 o Senhor providencia para que, no dia 14 de maio seja proclamado o Estado de Israel! Este foi e continua sendo um milagre que o mundo presenciou e que lhe proporcionou a oportunidade de reconhecer que Deus existe e que continua no governo (controle) da história da humanidade! Não há paralelo na história de tal fato! Somente através da ação minuciosa e precisa de Deus tal coisa seria possível! E aconteceu! O Eterno cuidou para que nenhum detalhe fosse esquecido na restauração do Estado de Israel. Este foi e continua sendo um milagre que o mundo presenciou e que lhe proporcionou a oportunidade de reconhecer que Deus existe e que continua no governo (controle) da história da humanidade. Não há paralelo na história de tal fato. Somente através da ação minuciosa e precisa de Deus tal coisa seria possível e aconteceu. O Eterno cuidou para que nenhum detalhe fosse esquecido na restauração do Estado de Israel. Em primeiro lugar temos Israel recebendo de volta à mesma terra que havia sido dada por Deus aos seus antepassados Abraão, Isaque e Jacó. Em segundo lugar, a língua falada em Israel é também a mesma falada pelos patriarcas e profetas do Velho Testamento: o hebraico. Em terceiro lugar a moeda utilizada em Israel é também a mesma dos tempos bíblicos: o shekel (siclo). Poderíamos citar muitas outras coisas, porém o importante é percebermos que a restauração realizada por Deus foi total. Ele não se esqueceu de nenhum detalhe!

5.2 Os Hebreus e o Retorno Para Sua Pátria. Como Vimos na profecia de Ezequiel 37, o povo que retornaria para recompor a nação de Israel seriam aqueles ressurretos do “vale de ossos secos”. Ezequiel pelo Espírito de Deus contemplou cenas terríveis que podem ser comparadas a do Holocausto com o morticínio de seis milhões de judeus espalhados pelos vales dos campos de concentrações nazistas. Na visão de Ezequiel, naquele vale não havia vida nem sequer a esperança de que aquele quadro fosse revertido. Porém a voz do Senhor lhe diz: “Profetiza sobre estes ossos secos...” (Ez 37.3). O retorno do povo de Israel já estava acontecendo lentamente, mas foi em 1948 com a restauração da nação que a profecia de Ezequiel começou a se cumprir. Muitos judeus profetizaram o retorno de seu povo à Eretz Israel. Foi preciso que o Espírito de Deus se movesse e pusesse nos lábios desses homens uma palavra de esperança: Israel voltará a existir! Eles diziam isso contra todas as possibilidades e muitas vezes foram escarnecidos pelos próprios irmãos que não criam que tal coisa fosse possível. Mas o Senhor havia dito: “Profetiza...” E foi assim que aconteceu. Os primeiros habitantes de Israel foram justamente aqueles que “restaram” do Holocausto. Então se cumpriu também o que fora dito pelo profeta Isaías: “Não temas, pois, porque sou contigo, trarei a tua descendência desde o oriente, e a ajuntarei desde o ocidente. Direi ao norte: entrega; e ao sul: não retenhas; trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra” (Is 43.5,6).

Quando nasceu o Estado de Israel, proclamando sua Independência em 14.05.1948, judeus de pelo menos 87 nações da terra regressaram e ERETZ ISRAEL. O Reaparecimento do Israel significa que o tempo das nações está chegando ao fim. O que até agora estava em baixo - Israel na dispersão, os judeus perdidos entre os povos - está agora vindo para cima. Mas o que estava em cima - todos os povos da terra - afunda para baixo. Um exemplo disso nos é dado pelo agricultor: quando ele ara seu campo, as minhocas escondidas na terra repentinamente ficam em cima. E é justamente isso que Deus o Senhor quer dizer ao afligido povo de Israel. Deus para fazer cumprir sua promessa chama dos quatro cantos da terra a vitória não só da nação de Israel como também a vitória daqueles que crêem em sua Palavra profética. Veja isso na profecia de Isaías 43.5,6:

ORIENTE: Da Índia, Afeganistão, Malásia, China, Iraque (antiga Babilônia). Só do Iraque uma comunidade inteira de 113.000 regressou a Israel em 1959, na operação aérea “Ali Babá” (Is 60.8). OCIDENTE: “Ajuntarei” - uma seleção de judeus do ocidente regressou, enquanto outros permanecem lá, apoiando Israel com suas finanças. NORTE: “Entrega” - Há cerca de 3 milhões de judeus na União Soviética. Por uma ordem divina, todos sairão. No ano de 1990 muitos milhares regressaram a Israel.

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SUL: “Não retenhas” - Do IEMEN uma comunidade de 43.000 judeus iemitas atravessou a Península da Arábia e chegou à Colônia Britânica de Áden, rumo à terra dos seus pais, dizendo ter chegado à hora de partir.

5.3 Os Hebreus na Atualidade. Tudo isso nos mostra como o agir de Deus é profético e está intrinsecamente ligado à Sua Palavra. Todas as coisas que foram ditas pela boca de Deus se cumprirão, pois está escrito: “Assim será a palavra que sair de minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” (Is 55.11). Por esta e outras razões o renascimento de Israel (que em hebraico significa “Príncipe que luta com Deus”) é para nós também um dos marcos que apontam para o retorno de Cristo, tanto para arrebatar sua igreja como estabelecer seu Reino na terra. Agora, o Príncipe do Senhor continua lutando e sempre novamente vencendo, pois a ele (Israel) Deus destinou ser assim: vitorioso! E hoje é fácil de comprovar-se o que estamos dizendo: basta olhar para Israel e ver o que acontece ali. Apesar de todos os problemas enfrentados por eles, esta nação é a maior potência de sua região e em algumas áreas é a Segunda do mundo. Para aqueles que compreendem a Palavra profética os fatos falam por si só e apontam definitivamente para o futuro. Israel voltará a ser a maior potência do mundo em breve e também estará sob o governo de Deus, que já os ressuscitou e agora os guia para serem, de fato, o povo que dará continuidade aquilo que foi iniciado no passado: o restabelecimento da Teocracia na Terra. Atualmente, a população judaica mundial é de aproximadamente 14 milhões. Cerca de 6,7 milhões de habitantes vivem em Israel, sendo 81% da população composta por judeus. A maior população dos Judeus fora de Israel reside nos Estados Unidos, EUA, com cerca de 6.4 milhões. Hoje, a população judaica no Brasil é estimada em 120 mil pessoas, das quais 90% residem em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

6 O ESTADO DE ISRAEL HOJE: POLÍTICA, RELIGIÃO E CULTURA

6.1 A Política em Israel. Israel é uma democracia parlamentar republicana baseada no sufrágio universal e na representação proporcional. A sede da maioria das representações diplomáticas fica em Tel Aviv, não obstante Jerusalém ter sido proclamada capital de Israel em 1950. O sistema de governo de Israel se baseia em várias leis básicas decretadas por seu parlamento, o Knesset. O presidente (chefe de estado) é eleito pelo Knesset para um mandato de sete anos. Desde julho de 2007, este posto é ocupado por Shimon Peres. O primeiro-ministro (chefe de governo) exerce o poder executivo e é escolhido pelo presidente como líder do partido político que estiver mais apto a formar um governo, normalmente de coalizão com outros. Após a escolha presidencial, o primeiro-ministro escolhido tem 45 dias para formar um governo. Nas eleições de maio de 1996, os israelenses pela primeira vez escolheram seu primeiro-ministro por voto direto, mas desde então sua eleição direta não mais ocorreu. Os membros do gabinete como um todo deve ser aprovado pelo Knesset. Os 120 parlamentares são eleitos para um mandato de quatro anos, apesar de o Knesset ter poderes para convocar novas eleições antes do fim do período. As votações são conduzidas usando-se fórmulas de representatividade proporcional de listas partidárias, incluindo o chamado método de Hondt. As eleições gerais são em listas fechadas, ou seja, os eleitores votam apenas nos partidos e não conseguem mudar a ordem dos candidatos dentro das listas previamente elaboradas. Não há voto distrital: todos os eleitores votam exatamente nas mesmas listas partidárias. O sufrágio é universal para os cidadãos israelenses com 18 anos ou mais. Os locais de votação funcionam em Israel e nos demais territórios. Votos para os ausentes do país se limitam ao pessoal diplomático e membros da Marinha Mercante.

Os Principais partidos políticos são: Kadima (centro), Likud (centro-direita), Avoda (centro-esquerda), Shinui (centro laico), Mafdal (religioso) Shas (ultra-religioso), Unidade Nacional (centro), Meretz (esquerda) e Israel Beitenu (direita). O Poder Executivo em Israel é exercido pelo Primeiro-Ministro, eleito pelo Parlamento e escolhido entre o partido ou coalizão que obtenha a maioria das cadeiras no Congresso. A sede do Executivo israelense se encontra em Kiryat Hamemshala, uma colina em Jerusalém. O Poder Legislativo é exercido pela Knesset (Assembléia, em hebraico), um parlamento unicameral e eleito de forma direta, composta de 120 membros. A Knesset é a autoridade responsável pela eleição do governo e do presidente da república. De acordo com a Lei do Retorno,

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pela qual Israel é um refúgio para todos os judeus perseguidos pelo anti-semitismo no mundo, qualquer indivíduo de religião judaica pode imigrar para Israel. A Suprema Corte de Israel é o organismo superior de todo o Judiciário. Com relação a Constituição, por influência histórica do Common Law britânico, Israel não possui Texto Constitucional escrito em documento único e sim normas constitucionais dispersas em onze Leis Básicas que gozam perante a Suprema Corte de Israel de estatura de Diplomas Constitucionais. Tais Leis Básicas protegem os direitos humanos e definem a estrutura essencial do Estado, assim como suas atribuições precípuas. Há uma comissão para a redação da Constituição Oficial. Também em decorrência do Common Law herdado dos tempos em que o atual território israelense se encontrava sob os auspícios do Império britânico, a Suprema Corte exerce relevante papel no aperfeiçoamento de construções teóricas do Direito Constitucional, a exemplo do princípio da proporcionalidade.

6.2 A Religião em Israel. A religiosidade judaica é a maneira com que o judeu expressa seu judaísmo. Ao contrário do que possa parecer externamente, não há uma unidade religiosa judaica. Cada judeu expressa sua forma de religião, de acordo com o pensamento religioso comunitário ao qual adere. A Torá ou Pentateuco, de acordo com os judeus, é considerado o livro sagrado que foi revelado diretamente por Deus. Fazem parte da Torá: Gênesis, o Êxodo, o Levítico, os Números e o Deuteronômio. O Talmude é o livro que reúne muitas tradições orais e é dividido em quatro livros: Mishnah, Targumin, Midrashim e Comentários. O judaísmo é considerado a primeira religião monoteísta a aparecer na história. Tem como crença principal a existência de apenas um Deus, o criador de tudo. Para os judeus, Deus fez um acordo com os hebreus, fazendo com que eles se tornassem o povo escolhido e prometendo-lhes a terra prometida. Atualmente a fé judaica é praticada em várias regiões do mundo, porém é no estado de Israel que se concentra um grande número de praticantes. Vejamos algumas das diversidades da religiosidade judaica:

6.2.1 Judaísmo rabínico. Judaísmo rabínico é o nome dado ao judaísmo tradicional, que aceita o Tanakh como revelação divina e a Torá Oral também como fonte de autoridade. Recebe este nome devido ao fato de dar grande valor aos ensinamentos rabínicos através dos tempos codificados principalmente no Talmud. Suas principais ramificações são:

6.2.2 Judaísmo caraíta (heb. qaraim ou bnei mikra - Seguidores das Escrituras). O judaísmo caraíta se opõe ao judaísmo rabínico ao desconsiderar a Torá Oral e enfatizar apenas o valor da Torá Escrita, o que o leva a desprezar a autoridade advogada por qualquer outra escritura fora do Tanakh, como o Talmud, o Novo Testamento cristão e outros textos. Para os caraítas, apenas o Tanakh tem uma revelação divina e, como tal, nenhuma pessoa pode advogar-se a dar sua interpretação à Torá, como o fazem os estudiosos rabínicos. Sendo assim, os caraítas dão uma grande ênfase ao cumprimento literal da Torá, como pode ser visto por meio do cumprimento de alguns mandamentos. Os caraítas seguem um calendário móvel baseado na Lua Nova, ao contrário dos rabinistas, que seguem um calendário fixo. Desta forma, os caraítas iniciam seu mês com o ínicio da Lua Nova vísivel, e seu ano iniciam-se no mês de Abib, quando a cevada se torna madura nos campos de Israel.

6.2.3 Judaísmo samaritano. O samaritanismo é uma ramificação do Judaísmo praticada pelos judeus samaritanos, que dizem ser descendentes dos antigos habitantes do reino de Israel. Entre as principais diferenças, ainda mantêm as funções dos cohanim, crêem na santidade do monte Gerizim e aceitam unicamente a Torá (conhecida como Pentateuco samaritano) como escritura inspirada.

6.2.4 Ramificações Marginais. Existem alguns grupos que se intitulam judaicos, mas não são reconhecido como tais dentro do judaísmo rabínico. Ainda que existam diversas ramificações como vimos acima, o Judaísmo Rabínico geralmente se atém a princípios básicos que o distinguem de outros grupos religiosos e permitem identificar ramificações que fujam destes princípios.

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6.2.5 Judaísmo messiânico e ebionismo. Entre estes se podemos mencionar o Judaísmo messiânico, o qual adere a práticas do judaísmo, mas crê em Yehoshua ou, em sua forma mais conhecida, Yeshua, como o Messias de Israel, integrando o Novo Testamento nas suas escrituras, dois aspectos que não fazem parte do judaísmo rabínico. Algumas outras seitas de cunho ebionitas que crêem em Jesus como um Messias humano também defendem que sua religião é uma forma de judaísmo, ainda que não sejam aceitos tanto por judeus quanto por cristãos.

6.3 A Cultura em Israel. Israel possui uma cultura muito diversa devido à diversidade de sua população: os judeus de todo o mundo trouxeram suas tradições culturais e religiosas com eles, criando um caldeirão de crenças e costumes judaicos. Israel é o único país no mundo onde a vida gira em torno do calendário hebraico. Férias de trabalho e escolas são determinadas pelas festas judaicas, e o dia oficial de descanso é o sábado, o shabat. A substancial minoria árabe, também deixou a sua impressão sobre a cultura israelense em áreas como arquitetura, música e culinária. As principais festas judaicas estão associadas ao ciclo da natureza. As comemorações ligadas às primícias, às colheitas transformaram-se em datas de aniversário de acontecimentos da história de Israel.

6.3.1 Rosh Hashaná - Festa do Ano Novo. Dias um e dois de Tishri (Setembro) festejam a criação do Homem, o começo do ano. Também chamado Dia do Julgamento, Deus abre três livros: um para os justos, outro para os iníquos, e outro para os que se desviam desta categorização. Tocam o shoffar convidando os homens a lembrar-se do seu passado, a arrepender-se dos pecados, a penitenciar-se. Durante os festejos, consomem alimentos escolhidos pelo seu simbolismo: comem a cabeça de um animal para viverem o ano com a cabeça; o pão que habitualmente molha em sal, é mergulhada em mel, juntamente com um pedaço de maçã para que o ano novo seja doce. À tardinha, numa cerimónia chamada Tashlich (deitarás fora) deslocam-se a um local (rio, mar) onde haja peixe e atiram-lhes migalhas de pão que representam os pecados.

6.3.2 Yom Kippur - Dia de expiação, do perdão. É a celebração mais solene do calendário judaico. Comemora a dez de Setembro, marca o culminar dos dez dias de penitência iniciados em Rosh Hashaná. Os judeus adultos abstêm-se de comer durante vinte e quatro horas. Consagram o tempo à oração, ao ascetismo, ao arrependimento. A liturgia começa com o Kol Nidré: rogam a Deus pelo incumprimento dos votos e promessas feitos durante o ano. Oram também pelos parentes falecidos, ouvem a leitura do Torá, do livro de Jonas. É o dia de reconciliação entre judeus. Devem perdoar-se os males e repará-los.

6.3.3 Sukot - Festa das cabanas. Ligada à antiga festa das colheitas, celebra-se durante oito dias, entre quinze e vinte e dois de Tishri (Setembro/Outubro). Lembra-te o tempo em que o povo de Israel errou pelo deserto, depois da saída do Egito. É costume cada família construir uma cabana com ramos e flores, simbolizando a condição nômade do povo hebreu.

6.3.4 Simhat Torá - Alegria da Lei. É a festa de exaltação da Lei revelada por Deus ao povo escolhido no monte Sinai.  É celebrada a quando da leitura da última das 54 secções da Torá. Na Sinagoga há manifestações de alegria; os rolos do livro da Lei são retirados do Arón (armário sagrado) e transportados pelos fiéis em procissão, dando sete voltas em torno do recinto sagrado. Cantam e dançam. Os personagens principais da festa são o hatán Torá (noivo da Lei) e o hatán bereshit (noivo do Gênesis), ou seja, os homens da comunidade a quem compete ler a última secção do livro de Deuteronómio e a primeira secção do Gênesis. São os noivos, porque afinal a Torá, a Lei, é a esposa do povo de Israel.

6.3.5 Hanuká. Tem lugar em Kislev (Novembro/Dezembro) e dura oito dias. Festa das luzes comemora a vitória dos irmãos Macabeus em 165 a.C., sobre Antíoco Epifanes, o governador grego que havia proibido a prática do judaísmo e pretendia helenizar os judeus. Os Macabeus quiseram reinaugurar o templo judaico e reacender a menorá (candelabro de sete braços); porém, tinham um só

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recipiente de óleo kasher (puro). Milagrosamente o óleo que seria suficiente para vinte e quatro horas ardeu durante oito dias, o tempo necessário para o fabrico de óleo adequado. Desde então, em cada casa, vão se acendendo oito luzes, uma a uma, em cada dia, nas hanukias, candelabros especiais que simbolizam milagre.

6.3.6 Tu Bishevat. Comemora-se aos quinze dias de Shevat (Janeiro/Fevereiro). Festa menor é conhecida como o ano novo das árvores. Depois do Inverno a natureza começa a ressurgir. E os judeus comem frutas, adornam a mesa com flores, entoam cânticos em louvor do renascer da natureza.

6.3.7 Purim. Dia catorze de Adar (Fevereiro/Março) tem lugar à celebração de Purim. Esta festa Lembra à história narrada no livro bíblico de Ester, ela que ocultou a sua identidade religiosa a ponto de encantar o rei persa Assuero. O tio, Mardoqueu, desencadeia a ira de Amã, conselheiro do rei, porque se recusa a prostrar-se à sua passagem.

6.3.8 Pessah – Páscoa. Entre quinze e vinte e dois de Nissan (Março/Abril), os judeus comemoram a saída do Egito, liderados por Moisés. Festa do cordeiro, dos ázimos, da Primavera é uma das festividades mais relevantes do judaísmo. É o tempo do reafirmar da consciência judaica. A casa é purificada; todos os utensílios usados para a alimentação são escaldados ou lavados em água corrente. Há famílias que possuem recipientes para usar exclusivamente durante esta festividade. Anualmente é lido o relato da saída do Egito e o filho mais novo deve perguntar ao chefe da família: “Em que se distingue esta noite?” A refeição ritual do Seder permitirá a explicação. Na mesa  deverá haver lugar para o profeta Elias (cadeira e cálice), vêem-se três Masot (pães sem fermento) relembrando a partida precipitada dos judeus e simbolizando a busca do povo pela liberdade; Um osso de cordeiro representando o sacrifício no Templo; um ovo cozido, mergulhado em água salgada simbolizando o nascimento e a morte, a fugacidade da vida terrena, as lágrimas e os sofrimentos dos judeus; o Maror, ou ervas amargas lembrando a amargura que os antepassados sofreram no Egito e que todos os escravizados sentem; Harroset, uma pasta feita de frutos secos, figos, tâmaras, canela e mel representando a argila com que os judeus efetuavam as obras do Faraó. Ao lado, um recipiente com água salgada e vinagre, no qual se molham as ervas amargas e se recorda a travessia do mar Vermelho, na fuga para a terra prometida. No decorrer da cerimônia, bebem quatro copos de vinho especial e recitam a Hagadá, o relato da saída do Egito. A Páscoa é, também, o período mais fortemente marcado pela luta de separação entre a fé judaica e cristã. É tempo de definição de linhagens de religiões que se dividiram a partir de uma crença essencial: para os cristãos o Messias é Jesus Cristo, que realizou a sua missão; os judeus continuam a sua espera messiânica pelo reino de Deus, de Paz e de Amor.

6.3.9 Shavuot - Festa das colheitas. Celebra-se a seis e sete do mês de Sivan (Maio/Junho), sete semanas depois da Páscoa. Festa de colheitas tem um sentido agrícola e comemora a entrega das Tábuas da Lei a Moisés no Monte Sinai. Festa de agradecimento pela benesse das colheitas, na Sinagoga é feita a leitura do livro de Rute cujo cenário é a farina agrícola. Entoam cânticos de louvor a Deus por haver outorgado a Lei a Israel.

6.3.10 Tishá Beab - Destruição do Templo. É o dia mais triste da História Judaica. Data de luto por excelência, situa-se a nove do mês de Av (Julho/Agosto). Um jejum rigoroso lembra os acontecimentos infelizes que ocorreram, nesse dia, em várias épocas. Os hebreus fugidos do Egito ouvem a proibição de entrar na Terra Prometida; o primeiro e o segundo Templo são destruídos ocasionando a Diáspora; a cidade de Béthar foi tomada pelos romanos em 135. Associaram, por isso, a esta data todas as desgraças que aconteceram ao povo judaico - Inquisição, Perseguições, Nazismo -, bem como a cada judeu. O livro de Lamentações de Jeremias, o livro de Jó e os relatos sobre a destruição do Templo são as leituras do dia.

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6.3.11 O Ciclo Vital. Cerimônias religiosas assinalam as idades da pessoa. Na verdade, "... as fases fisiológicas da vida humana e, acima de tudo as crises e a morte, constituem o núcleo de inúmeros ritos e crenças". É assim com o nascimento, a adolescência, o casamento e a morte.

6.3.12 A Circuncisão. É um dos preceitos fundamentais do judaísmo. É o mohel (circuncidador) que procede à remoção do prepúcio. Durante a cerimônia, a criança é colocada na cadeira de Elias, o profeta, cuja presença os crentes invocam. O pai, o padrinho (sandak) que segura a criança durante a operação, a mãe, familiares, participam nesta festa que inclui um banquete. Durante a cerimônia é atribuído um nome ao filho.  

6.2.13 Bar Mishvá - Filho do Preceito. Ao atingirem a maioridade religiosa, os treze anos, os jovens devem cumprir todos os preceitos, participar nas cerimônias e integrar o miniám (quorum de dez homens necessários à celebração religiosa). É altura de festa para familiares e amigos. Nesse dia o jovem é chamado para ler a Torá. A bath mishvá (filha do preceito), a cerimônia correspondente para as jovens, não é festejada nas comunidades ortodoxas. Porém aos doze anos a mulher é obrigada a cumprir os mandamentos que lhe estão destinados.

6.3.14 O casamento. Celebra-se na Sinagoga. Debaixo da hupa (pálio nupcial), que quatro jovens solteiros seguram, colocam-se os noivos. O rabi benze um copo de vinho e dá a beber aos noivos: utilizam o mesmo copo como símbolo da partilha a que se compromete. Depois o noivo coloca um anel de ouro na mão da noiva, garantia de que irão conviver seguindo a Lei de Moisés. Segue-se a leitura da Ketubá, contrato matrimonial, que especifica as obrigações dos noivos e o dote da noiva. As sete bênçãos são, então, recitadas e, no fim, o noivo parte um copo com o pé, recordando a dolorosa destruição do Templo de Jerusalém. Seguem-se cânticos e música em redor dos noivos até que a alegria e a felicidade transpareçam no rosto de ambos. A festa continua com uma boda oferecida aos convidados.

6.3.15 A Morte e o Luto. As comunidades judaicas, quando morre uma pessoa, realizam um ciclo de complexas cerimônias, durante um ano. A purificação inicia-se com a lavagem do corpo e o do homem deve ser envolvido num tallit, xaile de oração,  ao qual se cortou um canto. A sepultura é unipessoal e contém, habitualmente, um pouco de terra de Sião. Feita a inumação do corpo é lida a oração fúnebre - Kadish. Os parentes próximos devem abster-se do consumo de carne e vinho durante sete dias; também não trabalham. Um sinal de luto é usado pelos parentes: um pedaço de pano preto rasgado em cima de uma peça de vestuário. A memória do defunto deve ser honrada com a distribuição de esmolas e orações. Nos trinta dias que se seguem ao falecimento, os familiares não participam em atos festivos. É ainda costume quando da visita do túmulo, colocar uma pedra na sepultura.

6.4 Símbolos de Israel. Há vários símbolos usados no judaísmo. É importante que o aluno aprenda quais são estes símbolos e o significado deles para que pudessem usá-los como um ponto de contato ou método de aproximação.

6.4.1 A estrela de Davi. . A Estrela de Davi é o símbolo mais comum associado ao Judaísmo. Tem a função de representar o escudo do Rei Davi. Este símbolo foi estudado por inúmeros investigadores entre eles está Franz Rosenzweig, que atribui um significado teológico ao símbolo. Diz que o triângulo que

tem sua extremidade no cimo é relativo a Deus, enquanto que o triângulo ao contrário representa o mundo real. A sua união representa a aliança entre Deus e os homens. Durante a história, os judeus sempre estiveram ligados a este símbolo, principalmente durante a época da Alemanha Nazista, onde eram identificados com a estrela. Hoje em dia, a estrela de David, está cada vez mais presente na vida dos judeus, nas portas das sinagogas, até na bandeira de Israel. Na linguagem oriental, estrela ou cetro significa emblema real, de governo, de autoridade, conforme Nm 24.17 (Jesus é a Estrela e o

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Cetro que procede de Jacó), Dn 8.10 (aonde estrelas apontam para reis e governos), 2 Pe 1.19b e Ap 22.16. Sobre a estrela na bandeira de Israel, os dois triângulos são duas peças separadas que sobrepostas formam uma estrela chamada de Maguen de Davi, estrela ou escudo de Davi. Como já relatado, o triângulo com a ponta virada para cima fala da busca humana de Deus, o triângulo com a ponta virada para baixo fala da busca divina do homem, e o conjunto aponta para a proteção completa do povo de Israel. O embrião da idéia da estrela como escudo está em Gênesis 15.1, quando Deus disse a Abrão: “Não temas: Eu sou o Teu escudo”. O vocábulo no hebraico significa escudo ou estrela. Segundo a tradição rabínica, a estrela de seis pontas era usada como símbolo no anel de Salomão, daí também ser chamada de  “Selo de Salomão”.

6.4.2 A Menorah. Também chamada de candelabro, castiçal, ou ainda candeeiro, simboliza a unidade e a integridade da história do povo judeu. Anos a fio de brutais perseguições não extinguiram as suas chamas, e os judeus, ao final, sobreviveram. A Menorah sempre recebia todos os cuidados necessários e acompanhava os judeus aonde quer que eles fossem. Primeiramente foi a coluna de fogo que conduziu Israel na peregrinação egípcia pelo deserto (Êx 13.21), depois a

Menorah como símbolo do fogo eterno que nunca se apaga acompanhou o povo judeu em suas gerações. Uma Menorah bem elaborada foi colocada no centro do tabernáculo de Moisés, e era o primeiro objeto que se via no Santo Lugar, juntamente com a mesa dos pães e o altar de incenso (Hb 9.2). Ela era de ouro puro (Nm 8.4), não era uma peça fundida, mas forjada a martelo por um hábil ourives, partindo-se de um talento de ouro (Êx 25.39). Para se chegar ao produto final, era continuamente golpeada. A haste principal e o seis braços formavam uma só peça maciça, que davam suporte a sete lâmpadas de azeite, as quais forneciam a luz naquela escuridão. As lâmpadas eram cheias de azeite de oliva puro, não de óleo comum (Êx 27.20). Cada lâmpada recebia cuidados especiais: a parte queimada do pavio não emitia luz. Cabiam aos sacerdotes, todas as tardes, remover a sujeira e por  em ordem as lâmpadas. Baseado no candeeiro de sete braços do templo de Herodes, O Libertador de Israel construiu a sua própria e bem elaborada Menorah, com cerca de 1,5m de altura, para ser utilizada em ocasiões muito especiais. A diferença entre elas está na base: aquela gravada no Arco de Tito tem um pedestal octogonal maciço com relevos de animais, e a do Libertador está firmada sobre um pedestal dividido em dois hexágonos (totalizando doze lados), com os nomes das tribos de Israel em hebraico.

6.4.3 Chanukiá - pronunciado “ranuquiá”. É um candelabro de nove pontas usado durante os oito dias do feriado judaico de Chanukiá, também chamado de Festa das Luzes. Tem espaço para oito velas e um espaço adicional por cima dos outros. Esse último espaço abriga o shamash (a vela “serva”), que é usada para acender as outras velas. Ao acender a chanukiá o povo judeu dá testemunho para as nações de que a única luz nesse mundo é a que Deus faz brilhar. Parte da proposta de acender a chanukiá é

tornar público o milagre de Chanucá e compartilhá-lo com o mundo. Nesta celebração, os judeus de todo o mundo comemoram a libertação do Templo de Jerusalém do domínio dos Gregos no século II a.C. sob a liderança dos Macabeus e o milagre do azeite que havia numa botija - que duraria um dia só - e que queimou no candelabro do Templo por oito dias. Este é o motivo dos nove braços da Chanukiá, sendo o braço do meio, conforme já relatado, mais proeminente, denominado Shamash (servente), pois a vela que é colocada neste braço é usada para acender as velas que são colocadas nos outros oito braços.

4.4.4 A bandeira de Israel. História do design: A bandeira do Estado de Israel inclui duas faixas azuis sobre um fundo branco com o escudo (Estrela) de Davi (em hebraico: Maguen Davi) no centro. Este design foi apresentado pela primeira vez em Rishon

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LeZion, em 1885, e também foi usado no Primeiro Congresso Sionista, em 1897 (Enciclopédia Judaica, 1971). Ela foi inspirada na tallit (xale de orações com listas azuis, usado pelos judeus durante as orações) como um símbolo. A Estrela de Davi é o símbolo comum do Povo de Israel desde os tempos bíblicos. A bandeira foi adotada oficialmente em 28 de Outubro de 1948 (Tishre 25, 5709) pelo palestrante do Conselho de Estado Provisório. Especificações da Bandeira Padrão: Dimensões: 220 cm x 160 cm, em fundo branco. Duas faixas azuis horizontais de 25 cm de largura cada, estampadas a 15 cm das bordas. O Escudo de Davi, composto de dois triângulos eqüilaterais intercruzados, fica localizado no centro da bandeira. Ele tem 69 cm de cima a baixo, tendo cada lado 60 cm de comprimento. A cor das faixas e da estrela pode variar de azul a azul-escuro.

6.4.5 Brasão de armas de Israel. A imagem usada no Brasão de Armas de é baseada na menorah do Arco de Tito. O Brasão de armas de mostra uma menorá rodeada por um ramo de oliveira em cada lado, e a inscrição "ישראל" (hebraico para Israel) abaixo dele. O Estado de Israel adotou seu brasão de armas após um concurso de desenho que aconteceu em 1948. O desenho é baseado na proposta vencedora inscrita por Gabriel e

Maxim Shamir, com elementos inspirados em outras propostas, como a de Oteh Walisch e a de W. Struski e Itamar David e a de Yerachmiel Schechter. Um brasão inscrevendo três figuras, duas iguais com detalhes que indicam os valores de interesse astro-numerológico pré-pactuados. Inclui ao centro um menorah com sete lâmpadas guarnecido em ambos os lados com dois ramos de oliveira cada um com uma folha cercada por ambos os lados com outras seis folhas que somam um total de treze folhas por ramo, lembram as treze estrelas ou treze nações independentes da América que deram inicio aos USA. A imagem que parece ter sido tirada do Livro de Zacarias (4.2-3): "Vejo um candelabro todo de ouro, tendo na ponta um reservatório de azeite e sete lâmpadas nos sete bicos que há na extremidade. E junto dele vejo também duas oliveiras, uma à direita e outra à esquerda". Contudo, não está claro se esta semelhança é intencional ou meramente uma coincidência. Os irmãos Shamir não mencionaram esta passagem de Zacarias como fonte de seu desenho, mesmo eles tendo dado informações detalhadas de seu trabalho em uma entrevista ao Maariv (16 de fevereiro de 1949). A menorah tem sido um símbolo do judaísmo por quase 3000 anos. Foi usada no antigo Templo de Jerusalém. Os ramos de oliveira simbolizam a paz. O Brasão de Armas de Israel é grafado na capa do passaporte israelense.

6.4.6 Tallit. Do hebraico Thalliyt, manto de orações utilizadas comumente pelos judeus ortodoxos e messiânicos. Existem dois tipos: 1) Tallit gadol, um manto branco com faixas azuis que os homens vestem para as orações; 2) Tallit qathan, de menor tamanho, também chamada “quatro cantos”, deve ser usada sempre sob a roupa. A Tallit é a vestimenta mais importante na cultura judaica e está fundamentada na Bíblia (Nm 15.37-

41). Seu uso tem uma finalidade: fazer o judeu lembrar-se da Lei de Deus. Esta veste foi criada para ser vestimenta sacerdotal e para conter as Tzitzit (franjas). Os judeus utilizam a Tallit em todos os serviços religiosos matutinos, exceto em 9 de tisha-b’av, o dia da destruição do templo de Jerusalém. Curiosidade: Por que as mulheres não usam Tallit? As chamadas vestimentas quadradas nas quais se prendiam franjas eram consideradas originalmente de uso masculino e, como a Bíblia proíbe que uma

mulher vista roupas de homem (Dt 22.5), as mulheres não utilizavam Tallit.

6.4.7 Tzitzit. Do hebraico Tziytziyt. Trata-se de quatros fios duplos de lã, linho ou seda, que pendem dos quatro cantos da Tallit. No uso antigo essas franjas eram postas nos quatro cantos de todas as vestimentas. Mas como as roupas atuais são bem

diferentes e como não se vestem mais mantos quadrados, amarra-se a tzitzit ao xale branco que os homens vestes para as orações.

6.4.8 Kipah. Significa: “há alguém acima de vocë”. Não teve a mesma importância da Tallit, mas com o passar do tempo a Kipah integrou a sociedade judaica. É costume judaico desde os primórdios o homem manter sua cabeça coberta o tempo todo,

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demonstrando com isso humildade perante Deus. É como se, apontando para sua cabeça, ele dissesse: até aqui é comigo e apontando mais para o alto, reconhecesse: a partir daí é com Deus! É proibido para o judeu tradicional entrar numa sinagoga, mencionar o nome divino, estudar a Torah, se aproximar do Muro das Lamentações ou realizar qualquer serviço religioso de cabeça descoberta. O homem foi criado “à imagem de Deus”. Portanto ele deve vestir-se com dignidade. A cabeça como fonte de moral, representa a parte mais importante no corpo humano. Cobrindo a cabeça somos lembrados da onipresença divina, e conscientizamo-nos de que a humildade é a essência da religião. A verdade que ninguém sabe ao certo como, quando e porque surgiu o costume. Durante muito tempo, as autoridades religiosas não consideravam obrigatório o uso do Kipá.

6.4.9 Shofar. Trata-se de um chifre de carneiro bem primitivo, considerado o instrumento de sopro mais antigo ainda em uso (Gn 31.27). Era um chifre longo com uma extremidade virada, considerada a trombeta nacional dos israelitas. O chifre normalmente usado era o de carneiro ou de cabra montesa, por serem curvados, mas poderia ser feito

também de antílope ou gazela, mesmo porque todos esses animais eram aceitáveis como sacrifícios. Já bezerro e touro eram exceções, uma vez que eram automaticamente ligados ao episódio da idolatria do bezerro de ouro (Êx 32).O som produzido pela Shofar é alto e estridente. Na verdade está mais para barulho do que música! Nos tempos antigos o propósito da Shofar era anunciar as fantásticas intervenções de Deus (Js 6.8; Ap 8.6). Passados sete anos sabáticos (passados quarenta e nove anos), o qüinquagésimo ano devia ser anunciado, no dia da expiação, pelo som das trombetas em todas as partes da terra. Toca-se a Shofar no primeiro e segundo dias de Ro’sh HaShanah (o dia do ano novo) como mitz’vah (preceito). Nas sinagogas ela é soada cem vezes ao dia, em quatro tipos de toques diferentes: Taquoá (buzina); Teruah (alarme); Shevarim (notas quebradas); Taquoá g’dullah (a grande buzina).

6.4.10 Mezuzá. É um símbolo da fé judaica, merecedor de grande respeito. A Mezuzá é uma caixa tubular de madeira, vidro ou metal, em geral de 3 a 4 polegadas de comprimento, contendo um pedaço pequeno de pergaminho, no qual em 22 linhas estão escritas passagens bíblicas que fazem parte do “Shemá” (oração da unicidade de Deus) - (Dt 6. 9; 11. 20). Tem uma pequena abertura na parte superior com a palavra Shadai (um dos nomes de Deus), impressa no verso do pergaminho. É pregada numa posição inclinada na parte superior da ombreira direita da residência. Costuma-se beijá-la quando se sai ou entra em casa, tocando-a com as pontas dos dedos, e em seguida apertando-os contra o lábio. O significado religioso mais profundo do seu simbolismo seria lembrar ao homem a unicidade de Deus e induzi-lo a amá-lo. Base bíblica para uso da Mezuzá: “E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.”(Dt 6.9).

6.4.11 Tefilin. O Tefilin ou filactério representa um símbolo proeminente da religião judaica. O homem judeu devoto, durante gerações, ao cumprir o rito diário de colocação do Tefilin, cada vez que pronunciadas as orações matutinas recebia assim um reforço para permanecer consciente de seus deveres religiosos e de sua identidade judaica como um grupo. O Tefilin era para ele um símbolo de dedicação pessoal ao seu Deus e à Torá. A obrigação de usá-los foi exposta em um dos mandamentos do Livro de Êxodo. Eles

consistem em duas caixas separadas, cujas bases, têm em geral, de 4 a 6 cm. Em cada cubo acham-se depositadas tiras de pergaminho, nas quais estão escritas quatro passagens bíblicas em hebraico. São feitos de couro negro. Um se destina à cabeça, e o outro à mão esquerda, presos por meio de tiras, nós, e alças de couro. O Tefilin usado na cabeça é amarrado na testa de forma a ficar sugestivamente perto do cérebro; o que está no braço esquerdo fica numa posição mais próxima do coração. Esse arranjo é interpretado como significando que o judeu, quando adora a Deus, faz com todo o seu coração e com todos os seus pensamentos. O uso do Tefilin é obrigatório para todos os homens adultos judeus desde a

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época em que celebram o Bar-Mitzvá (13 anos). São colocados antes de iniciar o recitativo das orações matutinas todo dia. Há exceções, como no Shabat e nos dias de festa, uma vez que os dias santos já são por si só símbolo da identidade religiosa judaica. “Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os teus olhos.” (Dt 6.8; 11.18).

ADENDO HISTÓRIA DOS HEBREUSHISTÓRIA DOS HEBREUS

I) O INÍCIO DA CRIAÇÃOA) Texto bíblico correspondente – Gn 1-11B) A criação da humanidade – Gn 1-3.C) A deformação da humanidade – Gn 3.1-5.32.D) Os juízos de Deus – Gn 6.1-11.32.E) A regeneração da humanidade – com a chamada de Abrão para a formação de um povo santo

(Israel). Lembramos que a Igreja é o Israel de Deus no Novo Pacto.

II) A ESCOLHA DE ABRAÃOA) Texto bíblico correspondente – Gn 12.1-20.18.B) Os filhos de Noé:

1) Jafé – formou os povos do norte e da Europa.2) Cão – formou os povos da África, e de Canaã.3) Sem – formou os povos da Assíria (de onde veio Abrão) e do extremo oriente.

C) A chamada de Ur dos Caldeus - Como é do conhecimento de todo o estudante da Bíblia, Deus tomou um caldeu, Abraão, no sul da Babilônia, de origem semita, para dele constituir um povo Seu que viesse beneficiar todas as demais raças com a revelação que lhe daria do seu caráter, sua natureza e seu propósito (Gn 12.1-3). A data do nascimento de Abraão não é possível determinar com precisão, mas a época geralmente aceita é 2.000 a.C. Com 75 anos de idade o patriarca deixou a sua cidade natal, Ur dos Caldeus, ambiente idólatra e politeísta.

D) Abraão, descendente de Sem – Gn 11.10-32.E) Arfaxade formou, entre outros povos, os caldeus, possivelmente, Abrão era de um povo

denominado amorreu (Ez 16.3).F) A parada de Abraão em Harã – Abrão emigrou em companhia de seu pai e seu sobrinho Ló para

Canaã, detendo-se em Arã, mais tarde conhecida como Síria, localizada no noroeste da Mesopotâmia. Algum tempo depois, morrendo seu pai Terá, Abraão deixa Arã e com sua mulher Sara, e seu sobrinho Ló, partem para Canaã ou Palestina, a sudoeste de Arã, terra que Deus havia prometido ao patriarca e sua descendência por herança perpétua (Gn 11.10; 12.9). Não sabemos em que tempo também Naor, irmão de Abraão, fixou-se em Arã, mas tudo faz crer que foi ali que Abraão mandou buscar esposa para seu filho Isaque – Filho da Promessa, encontrando-a na pessoa de sua sobrinha-neta, Rebeca, ou seja, neta de seu irmão Naor.

G) A peregrinação até Siquém – Gn 12.6.

III) A HISTÓRIA DOS FILHOS DE ABRAÃOA) Texto bíblico correspondente – Gn 21.1-50.26.B) Isaque – Gn 21.1-26.35.C) Jacó – Gn 27.1-35.29.D) Judá – o capítulo 37 de Genesis trata de um episódio da vida de Judá e é muito importante para

entendermos a história da sua descendência e a história da Redenção efetuada por Jesus Cristo. De Judá veio o Salvador Jesus Cristo.

E) José – Gn 38.1-50.26.F) A geração dos descendentes de Deus - Mais tarde o neto de Abraão, Jacó, encontra na mesma

parentela e no mesmo lugar as suas duas esposas, Leia e Raquel, filhas de Labão, irmão de Rebeca. Destas duas uniões e mais duas com as concubinas, Bila e Zilpa, que eram servas das suas esposas, nasceram a Jacó doze filhos, cujas famílias deram origem às doze tribos de Israel.

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Depois de cerca de 100 anos de peregrinação na Terra da Promessa, Abraão morreu aos 175 anos de idade. Seu filho Isaque, seu neto Jacó e os doze bisnetos com as respectivas famílias, habitaram na mesma terra, porém sem possuí-la durante mais ou menos 215 anos, quando a tribo de Jacó desceu para o Egito onde já estava José, filho de Jacó, como primeiro ministro de Faraó. Nesta altura eram 70 os descendentes de Jacó em sua tribo. A área geográfica percorrida pelos três patriarcas durante as suas peregrinações na Palestina ficava entre Siquém, Betel, Hebrom e Berseba; portanto, a parte central e do sul, próximo ao Egito. Naquela época da formação pré-tribal dos hebreus, a Palestina estava ocupada por vários povos, uns maiores, outros menores, sendo que o predominante era o cananeu.

G) Isaque gerou Jacó, que gerou 12 filhos – 27.1-35.29.H) De Judá veio o Salvador Jesus Cristo – Gn 37.1-30.I) José – Gn 37.1-50.26.

IV) ISRAEL NO EGITOA) Textos bíblicos correspondentes – Gn 46.1 a Exodo 12.37.B) Israel no primeiro momento de liberdade e influência no Egito - Durante a permanência dos

israelitas (como são chamados os filhos de Israel ou Jacó), no Egito que durou 430 anos segundo (Êx 12.40). As tribos cresceram e se tornam num grande povo que o tempo do Êxodo deve ter chegado a cerca de três milhões de pessoas, segundo os cálculos dos entendidos.

C) Israel escravizado no Egito.

V) ISRAEL NO DESERTOA) Texto bíblico correspondente - Êxodo 12.1 a Josué 5.15.B) As jornadas de Israel.C) A vida espiritual de Israel.

1) O livro de Êxodo - a instituição e formação do Tabernáculo de Deus, e.2) O livro de Êxodo - as leis de Deus dadas a Israel no Sinai – princípios fundamentais de

Deus para a nação. = Amor a Deus (do 1º ao 4º mandamento).= Amor ao próximo (do 5º ao 10º mandamento).

3) O livro de Levíticos - as leis de Deus para a vida espiritual de Israel. A ênfase é a santidade de Israel como nação separada para o serviço e glória de Deus.

4) O Livro de Números – Israel sendo treinado por Deus no deserto= No deserto – 1.1-22.1.= O caso de Balaão – 22.1-25.1.= Preparação para a entrada em Canaã – 25.1-36.13.

5) O Livro de Deuteronômio - a repetição das leis de Deus para Israel, com ênfase na vida experimental do povo hebreu; lembranças das experiências com Deus no deserto.

VI) ISRAEL CONQUISTANDO CANAÃA) Texto bíblico correspondente – Josué 3.B) Este povo, que junto do Sinai foi constituído em nação, entrou em Canaã praticamente com o

mesmo número de almas (comparar Nm 1. 46 e 26. 51). A área conquistada por Josué somada àquela que na Transjordânia já fora conquistada por Moisés, juntas não representavam mais que uma sexta parte da área prometida por Deus a Abraão, que era desde o Egito até o rio Eufrates (Gn 15.18). Não foram conquistadas a Filistia, a Fenícia, a terra de Emate (Síria) e nem as partes de Edom e Moabe ao sul e leste do Mar Morto.

VII) ISRAEL NA POSSE DA TERRA PROMETIDAA) Texto bíblico correspondente – Josué 6.1-24.33.B) Conquistas ao centro.C) Conquistas ao norte.D) Conquistas ao sul.

VIII) ISRAEL COM OS JUÍZESA) Texto bíblico correspondente – Juízes 1.1 a I Samuel 10.27.

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B) Uma vez encerradas as campanhas da conquistas, Josué repartiu a terra entre as doze tribos da seguinte maneira: a tribo de Levi não teria herança, mas teria 48 cidades entre as demais tribos por todo o território conquistado. (Js 21.41). Porém a parte de José, filho de Jacó, seria dividida entre os seus dois filhos, Efraim e Manassés, perfazendo, assim, outra vez o número de 12 as heranças na terra conquistada, dividimos a distribuição delas em dois grandes agrupamentos: Tribos da Palestina Oriental, ou Transjordânia e tribos da Palestina Ocidental, ou Canaã propriamente dita.1) Tribos da Palestina Oriental ou Transjordânia. Estas são duas e meia:

= Ruben, logo ao norte de Moabe e ao leste do Jordão;= Gade, ao norte de Ruben e ao leste do Jordão;= meia Tribo de Manassés ou Manassés Oriental, ao norte de Gade e ao leste do Jordão e do Mar da Galiléia.

2) Tribo da Palestina Ocidental, ou Canaã. Estas podem ser divididas em três grupos: = grupo do Norte – Naftali, Aser e Zebulon, entre a Fenícia, Mediterrâneo e Jordão, ou Galiléia;= grupo do Centro – Issacar, Manassés Ocidental (a meia tribo de Manassés). Efraim, Benjamim e Dã, ou mais tarde Samaria;= grupo do Sul – Judá e Simeão, posteriormente conhecidos como Judéia.

C) Durante o período de Juizes sta divisão permaneceu praticamente a mesma, porém com menos precisão devido às misturas dos elementos das tribos pelo casamento e emigração de área mais desertas para as mais propícias à agricultura e pecuária, como no caso da tribo de Simeão que se confundiu com a de Judá.

IX) ISRAEL NA MONARQUIA UNIDAA) Texto bíblico correspondente – I Samuel 11.1 até I Reis 12.25; I e II Crônicas; Salmos;

Provérbios; Eclesiastes e Cantares.B) O rei Saul – I Sm 11.1-31.13; I Cr 10.1-14.C) O rei Davi – II Sm 1.1 até II Rs 2.11; I Cr 11.1-29.30.D) O rei Salomão – I Rs 2.12-11.41; II Cr 1.1-9.31.E) O rei Reoboão – I Rs 12.1-14.31; II Cr 10.1-12.16.F) Neste período a Palestina possuía a sua maior área em toda a sua história, ou seja, aquela que

fora prometida por Deus a Abraão. Foi quando, devido às conquistas de Davi e Salomão, o território do império hebreu estendeu-se desde Filistia, Berseba e o Golfo de Acaba (ou cidades de Ezion-Geber e Élate ao Sul), até a Babilônia ao leste, abrangendo Edom, Moabe e Amom, até Hamate e Damasco, ou Síria no Norte. (II Sm 8).

G) Depois da queda do Reino do Norte, o Reino de Judá permaneceu mais cerca de 135 anos em seu território bastante reduzido e como tributário da Assíria durante maior parte desse período. Porém com a ascensão da Babilônia sobre a Assíria veio o cativeiro de Judá pela Babilônia, ao tempo de Nabucodonozor. A invasão ocorreu em 605 a.C., quando o rei de Judá era Joaquim. Judá foi reduzido a um estado de vassalagem e a maioria dos habitantes – entre eles Daniel – foi levada em cativeiro para Babilônia. De modo que aquela data assinala o começo dos 70 anos de cativeiro babilônico, embora a queda definitiva do reino só ocorresse em 587 a.C., com a destruição de Jerusalém. Nos capítulos 32 a 36 de II Crônicas, o estudante pode encontrar um resumo dos acontecimentos deste período e assim perceber as circunstâncias em que se deu o término do estado judeu na Palestina.

X) ISRAEL DIVIDIDOA) Texto bíblico correspondente – I Reis 12.16-17.41; II Reis; II Crônicas; Isaías; Jonas; Oséias;

Amós; Joel; Miquéias; Naum; Sofonias; Jeremias; Lamentações; Hababuque; Zacarias.B) O reino do norte continuou sendo chamado de IsraelC) O reino do sul passou a chamar-se JudáD) Reis e profetas do reino do norte (Israel) – de Jeroboão até Oséias (975 a 730 a.D).E) Reis e profetas do reino do sul (Judá) – de Roboão até Zedequias (975 até 587 a.D).F) Como sabemos, após a morte de Salomão o reino hebreu cindiu-se em dois: 1°) O Reino do

Norte ou de Israel, com a capital inicialmente em Siquém e depois em Samaria, integrado pelas 34

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HISTÓRIA DOS HEBREUS

áreas ocupadas por 10 tribos, a saber: Dã (no extremo norte, ao pé do Hermon, para onde havia emigrado do sul devido à pressão dos filisteus e cananeus nos dias dos Juizes), Aser, Naftali, Issacar, Zebulon, Manassés Ocidental (meia tribo), Efraim e uma parte de Benjamim, a oeste do Jordão, e Manassés Oriental (meia tribo), Gade, Ruben a leste do Jordão. Recorde-se que a tribo de Levi não recebeu herança territorial na divisão da terra conquistada por ser tribo sacerdotal, mas 35 de suas 48 cidades que foram dadas aos levitas estavam localizadas na área do Reino do Norte. Com o culto idólatra estabelecido por Jeroboão – primeiro rei do Reino do Norte – em Dã e Betel, muitos dos levitas retiraram-se para Judá. E devido à incapacidade dos reis, às barreiras naturais – como o vale Jordão e montanhas nas vastidões territoriais – que impediam o desenvolvimento de uma unidade política sólida, os reinos de Damasco, Hamate, Amon e Moabe sacudiram o jugo hebreu e um após outro recuperaram a sua independência. Assim os limites do território de Israel na parte norte voltaram ao que eram antes da época davídica. 2°) O Reino do Sul, ou Reino de Judá, com a capital em Jerusalém, abrangendo o território das tribos de Judá, Simeão e parte de Benjamim. Como se vê, a área deste reino era muito menor e mais pobre que a do norte. As partes anteriormente subjugadas por Davi, como algumas cidades dos filisteus e o reino de Edom, voltaram à sua independência, reduzindo-se, assim, a extensão territorial da parte sul do antigo Reino Unido.

G) Com ascensão da Assíria, o Reino do Norte caiu nas mãos deste império e o povo foi levado em cativeiro em 722 a.C. (II Rs 17.6) para nunca mais voltar às suas herdades. Em lugar do povo de Israel os reis assírios colocaram populações de outras áreas conquistadas do seu império (II Rs 17. 21- 31), especialmente em Samaria e seus arredores (áreas de Efraim e Manassés) de cuja mescla com os remanescentes judeus originou-se a raça dos samaritanos; raça esta que evoluiu para uma seita que adotava a penas o Pentateuco, com variantes samaritanas, e cujo centro religioso era o templo construído no Monte Gerizim, formado um sincretismo religioso sempre hostilizado pelos judeus (II Rs 17.33).

XI) ISRAEL EXILADOA) Texto bíblico correspondente – II Rs 17.4-41; Salmo 137; Ester; Ezequiel; Daniel.B) O reino do norte (Israel) foi transportado para a Assíria – II Rs 17.23.C) O reino do sul (Judá) foi transportado para Babilônia – II Rs 24.1.D) Durante os 70 anos do cativeiro babilônico e palestina como tal deixou de existir, senão como

uma província da Babilônia subdividida em setores de influência de governos fantoches das áreas da Síria, da Samaria e de Judá. Os tributos pesados imposto pela Babilônia e a insuportável influência das populações pagãs alienígenas a modificar os costumes judaicos e a pureza racial entre os remanescentes (exceto na área de Judá no que diz respeito à miscigenação das populações), fizeram com que muitos judeus que ficaram na Palestina emigrassem mais tarde, como refugiados, para o Egito, pois temos referências bíblicas e descobertas arqueológicas que indicam este fato (Tafnes, Migdol, Nofe ou Mêmfis e Patros, referida em Jeremias 44.1, e Ilha Elefantina). O cativeiro babilônico cessou com a supremacia da Pérsia sobre o mundo antigo. Quando o rei persa, Ciro, subjugou o rei da Babilônia, decretou no mesmo ano uma lei pela qual foi dada permissão aos judeus que quisessem voltar para a tua terra, Judéia, reconstruir o seu templo em Jerusalém e restaurar o seu culto (II Cr 36. 22 e 23). Isto aconteceu em 538 a.C, quando, então começou o longo e penoso período da restauração do estado judeu na Palestina, ou mais propriamente nos limites reduzidos do antigo Reino de Judá. O panorama geográfico da nova comunidade judaica, restaurada sob a proteção persa e administrada por governadores nomeados pela Pérsia – como o foram Zorobabel e Neemias – era muito insignificante. O seu limite setentrional começava na margem ocidental do rio Jordão pouco acima de Jericó, e passando ao norte de Babel findava em Jope, na costa do mediterrâneo. O limite do flanco oeste partia de Jope e em direção sudeste até o Hebrom. Ao sul o limite era uma linha entre Hebrom e o Mar Morto na Direção leste. E ao leste o seu limite era a costa ocidental da parte noroeste do Mar Morto a e margem ocidental do rio Jordão até um ponto pouco ao norte de Jericó. Entretanto, o fator importante era a cidade de Jerusalém, a antiga capital, no centro desta área. A sua reconstrução (notadamente o Templo e os muros da cidade) requereu muito sacrifício, polarizando as futuras esperanças pelo ressurgimento da vida nacional na Terra da Promessa.

E) Profetas que atuaram durante o cativeiro babilônico:35

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HISTÓRIA DOS HEBREUS

1) Jeremias – profetizou durante o cativeiro junto ao povo de Israel que ficou na terra santa, em Jerusalém.

2) Ezequiel – profetizou durante o cativeiro junto ao povo de Israel exilado em Babilônia.3) Daniel – profetizou durante o cativeiro junto à corte real.

XII) ISRAEL RETORNANDO À TERRA SANTAA) Texto bíblico correspondente – Esdras; Neemias; Ageu; Zacarias; MalaquiasB) Israel (reino do norte) voltou muito misturado, com outras nações, para sua terra.C) Dessa mistura surgiram os samaritanos – II Rs 17.24-41.D) Judá (reino do sul) retornou à sua terra (Jerusalém, especialmente), sem nenhuma mistura com

outros povos.E) Israel no período do império grego - a dominação grega secundou a persa em 331 a.C. com a

marcha de Alexandre, o Grande, sobre Jerusalém. Porém, a situação político-geográfica da Palestina não se alterou muito. Com a morte do grande conquistador macedônio as áreas conquistadas passaram às mãos dos seus quatros generais, dos quais, dois –Ptolomeu e Seleuco, respectivamente reis gregos do Egito e da Síria – passaram a disputar a Palestina. Por 122 anos, isto é, de 320 a 198 a.C., a Palestina permaneceu sob os Ptolomeus do Egito. Durante este período, por força da política helenizadora dos Ptolomeus, os judeus aos poucos iam se fixando em outras áreas da Palestina, como Galiléia, Peréia (ou Transjordânia), etc. Na guerra entre Egito e Síria, em 198 a.C., Antioco, o Grande, que era o 6° rei selêucida da Síria, arrebatou a Palestina ao Egito. Porém a política de Helenização dos selêucidas foi muito mais violenta que a dos Ptolomeus.

F) Alias, a dos Ptolomeus era apenas persuasiva, ao passo que a dos selêucidas foi de uma violência cruel. Como resultado da tirania sacrílega dos gre-sírios eclodiu a revolta dos Macabeus da família dos Hasmoneus, que em 167 a.C., saiu vitoriosa da luta. Seguiu-se, então, um período de independência sob o governo dos reis-sacerdotes macabeus até 63 a.C., quando o general romano Pompeu tomou a cidade de Jerusalém, permitindo, porém, que os macabeus continuassem na posse do trono até 40 a.C. quando Herodes, o Grande, (um idumeu) foi nomeado, pelo senado romano, rei da Judéia. Nesta altura Judéia já não era apenas a antiga área do Reino de Judá, mas Judéia, Samaria, Galiléia, Traconites e Peréia.

XIII) ISRAEL RECONSTRUÍDOA) Textos bíblicos correspondenes – Esdras; Nemias; Ageu; Zacarias; Malaquias.B) Esdras reconstruiu o templo de Jerusalém (a vida religiosa reconstruída).C) Neemias reconstruiu os muros (a vida social e política reconstruída).D) Ageu, Zacarias e Malaquias foram usados por Deus durante a reconstrução de Jerusalém,

especialmente do Templo.

XIV) ISRAEL NO TEMPO INTERTESTAMENTÁRIOA) O período dos macabeus.

1) As visões de Daniel – no capítulo 7 há uma abordagem sobre o anticristo escatológico. O anticristo que reinará durante a grande tribulação.

2) No capítulo 8 há uma abordagem sobre o anticristo histórico (Antíoco Epifâneo).3) O pequeno chifre do capítulo 8 é um personagem do passado para nós.4) Trata-se de Antíoco IV (chamado Antíoco Epifaneo), que reino na Síria de 175 a 163 a.C.5) Este ímpio rei impôs nova religião aos judeus fundamentada na idolatria, e os que

desobedecessem pagariam com a morte.6) Estima-se que mais de 100.000 judeus morreram durante o seu reinado.7) Ele fez cessar os sacrifícios no templo.8) Saqueou o templo de Jerusalém em 169 a.C.9) Mudou o nome do Templo para Templo de Júpiter Olímpico.10) Colocou uma imagem sua no Templo.11) Sacrificou uma porca no templo e mandou borrifar o sangue no santuário.12) Obrigou os judeus a comerem carne de porco.13) Antíoco Epifaneo foi morto repentinamente quando tentava saquear o templo de Diana em

Elimancia, na Pérsia. 36

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HISTÓRIA DOS HEBREUS

B) O império romano - como sabemos, em 63 a.C. Pompeu tomou a cidade de Jerusalém. Com este feito a Judéia dos macabeus passou a ser uma província romana. Porém, só em 37 a.C., quando Herodes, o Grande passou a governa a Judéia em nome de Roma, é que o domínio romano como tal se fez sentir. Herodes superintendia toda a área da Palestina dos tempos de Israel, inclusive a região de Decápolis. No ano 4 A.D., após a morte de Herodes, toda esta região foi dividida com os seus três sucessores, dando-se o nome de Tetrarquia a cada divisão territorial. Assim, a Herodes Arquelau – que levou o título de etnarca - foi dada a tetrarquia de Samaria, abrangendo as áreas Samaria, Judéia e Iduméia; a Herodes Antipas, a tetrarquia da Galiléia, compreendendo a Galiléia e Peréia; a Herodes Filipe a região de Basã, dividida em cinco distritos: Gaulanites, Batanea, Auranites, Ituréia e Traconites; e finalmente a Lisânias, que não era descendente de Herodes, o Grande, coube a tetrarquia de Abilene, localizada entre Líbano e Ante-Líbanos, região pertencente à Palestina nos dias de Salomão. Entre 41 e 44 A . D. Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande, com o advento de Calígula ao trono do Império Romano, governou sozinho sobre todo esse vasto território das quatro tetrarquias, com sede em Cesaréia, onde morreu ignominiosamente. (Atos 12). Após a morte de Agripa I, a região recebeu uma nova divisão política, sendo dividida em duas províncias: ao norte, a chamada Quinta Província, que se compunha das tetrarquias de Filipe e de Lisânias, governada por Herodes Agripa II, e Província da Judéia, abrangendo Judéia, Samaria, Galiléia e Peréia, governada por procuradores romanos, com sede em Cesaréia. Ambas permaneceram até o ano 70 A.D., quando da revolta dos judeus sufocada pelos romanos, sob o comando general de Tito, liquidou de novo o Estado judaico, anexando-o à Síria.

XV) ISRAEL NO TEMPO DO SALVADOR JESUS CRISTOA) Textos bíblicos correspondentes – Mateus, Marcos; Lucas, João.B) Os Evangelhos tratam da popularidade, rejeição e crucificação do Salvador Jesus Cristo.

XVI) ISRAEL DISPERSOA) O apóstolo Pedro escreve aos crentes dispersos por causa da destruição de Jerusalém – Primeira

Epístola de Pedro – (I Pe).

XVII) ISRAEL RENASCIDOA) Textos bíblicos correspondentes – Ezequiel 37; Isaías 66.8.B) Isaías 66.8 – “Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer

nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos.

XVIII) ISRAEL HOJEA) História de Israel até hoje - depois do ano 70 da nossa era, destruído o Templo e arrasada a

cidade de Jerusalém, devastadas as cidades e povoações de área da Judéia reduzidas a escravos fugitivos ou cadáveres, a Palestina deixou de ter qualquer importância política. Só depois no ano 323 A.D., quando o Imperador Constantino abraçou o Cristianismo e cessaram as perseguições aos judeus e cristãos, é que a Palestina gozou de alguma importância, porém, antes por tratar-se de berço do Cristianismo do que por ser a terra dos Judeus. Mas com a decadência do império romano (476 A.D) a Palestina foi relegada a um longo esquecimento até quase o fim da Primeira Guerra Mundial, quando os aliados invadiram e libertaram a Palestina do Império Otomano abrindo em seguida, com a famosa Proclamação de Balfour (1917), as portas do país à imigração judaica em ampla escala.

B) Desde a queda do império romano ocidental até as dias atuais a Palestina esteve sob a mais variadas influencias políticas, cujo quadro cronológico segue abaixo:

C) De 476 a 634 – A Palestina é uma província longínqua e insignificante do Império Romano Oriental com sede em Constantinopla.

D) De 634 a 750 – É governada pelos califas (soberanos muçulmanos) do reino de Damasco, conquistado pelos árabes.

E) De 750 a 960 – Torna-se parte do governo Sírio dos domínios árabes.F) De 1095 a 1187 – Período das Cruzadas para libertar a Terra Santa das mãos dos muçulmanos.

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HISTÓRIA DOS HEBREUS

G) De 1187 a 1250 – A Palestina torna-se parte do Império Muçulmano sob a chefia de Saladino.H) De 1250 a 1517 – Governam a Palestina os mamelucos egípcio (forças militares egípcias

formadas pelos escravos).I) De 1517 a 1914 – A Palestina faz parte do Império Otomano, estabelecido pelo sultão Selim I.J) De 1914 a 1918 – Após a invasão da Palestina pelos aliados, a Inglaterra, atendendo às

aspirações do movimento sionista em todo o mundo (Sociedade de Amigos de Sião, organização judaica que desde 1869 começou a promover a colonização da Palestina pelos judeus), emite uma declaração oficial em 2 de novembro de 1917, pelo secretário do Exterior Lord Balfour, apoiando “a criação, na Palestina, de um lar para o povo judeu e que envidará o máximo esforço para conquista desse objetivo”, declaração esta que passou a ser conhecida como a Declaração de Balfour. Já em 1918 incrementou-se consideravelmente a imigração dos judeus para a Palestina.

K) De 1918 a 1948 – Por delegação da Liga das Nações, a Inglaterra assume, em 1922, o Mandato da Palestina, cujo conteúdo responsabiliza “a Potência Mandatária por colocar a pais em condições políticas administrativas e econômicas que garantam a instalação do lar nacional judeu e o desenvolvimento de instituições autônomas”. No mesmo Mandato foram delimitadas as fronteiras do país, excluindo a Transjordânia da Palestina. O mandato terminou em 15 de Maio de 1918, com a retirada da administração britânica que o cumpriu procurando restaurar o país com a colaboração da Agência Judaica, que foi a própria organização sionista.

L) De 1948 a 1949 – A 29 de Novembro de 1947 a Assembléia das Nações Unidas, sob a presidência do eminente brasileiro Oswaldo Aranha, votou a resolução que recomendava o estabelecimento, na Palestina, de um Estado Judeu e de um Estado Árabe. Os árabes palestinos, não conformados com a partilha, logo deram início a uma série de hostilidade contra a população judaica que resistiu heroicamente, liquidando, em poucos meses, a provocação. E a 14 de Maio de 1948 foi proclamado o Estado de Israel com a estrutura de república democrática, o primeiro governo autônomo judaico em mais de 2000 anos. No dia seguinte, exatamente quando terminara o Mandato inglês na Palestina, os Estados da Liga Árabe – Jordânia, Síria, Líbano, Iraque, Egito e Arábia Saudita – invadiram o território do Estado de Israel com o propósito de liquidá-lo. Estava deflagrada a Guerra Israelense de Independência, que só terminou em 1949 com a assinatura de armistícos, em separado, com Egito, Jordânia, Líbano e Síria, depois de varridas as forças atacantes nas três frentes, resultando em uma “ampliação de área do Estado além das fronteiras propostas pelas Nações Unidas” na chamada Resolução da Partilha.

M) De 1949 a 1967 – Já em 1955 voltaram a registrar-se incursões de bandos armados egípcios no território israelense, saqueando bens e matando centenas de judeus, provocação que resultou na invasão da península do Sinai por Israel em outubro de 1956, terminando por vencer o inimigo e destruir suas bases de penetração. As Nações Unidas constrangeram as forças israelenses a se retirarem às suas fronteiras anteriores, sob promessas de levantar o bloqueio egípcio à entrada do Golfo de Acaba, que impedia a navegação com o porto de Eilat no extremo sul do país, guarnecer, com força internacional neutra, a fronteira com Egito para fazer cessar as incursões provocadas. Terminou assim, a chamada Guerra do Sinai. De fato as promessas foram cumpridas, mas dez anos depois, a pedido o Egito, (aliado da Síria, provocadora da tensão) as forças internacionais foram retiradas da fronteira israelense e em 5 de junho de 1967 Israel foi invadida pelos quatros países árabe simultaneamente – Síria, Jordânia, Egito e Argélia, arrastando consigo mais oito estados árabes. Israel enfrentou os inimigos em três frentes – Síria, jordaniana e egípcia – destruindo o poder beligerante dos mesmos em cerca de 100 horas e ocupando todas as áreas ao ocidente do Jordão e quase toda a Península do Sinai. Mediante um apelo das Nações Unidas, no sentido de cessar fogo, a luta terminou com grandes vantagens para Israel que, sozinho, derrotou uma aliança de nações. Por proposta da União Soviética a ONU apelou para que as forças israelenses voltassem às posições anteriores ao inicio do conflito, mas Israel respondeu que só aceitaria quaisquer discussões de condições de paz definitiva, direta e separadamente com seus vizinhos.

A) Vida em Israel (religiosa, social, política, econômica).

RESUMO DA DISPERSÃO DO POVO HEBREU.38

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HISTÓRIA DOS HEBREUS

As profecias bíblicas previam que toda a nação israelita seria rejeitada, varrida para fora da sua terra. Tal como o rio Nilo faz com suas margens, Israel seria órfã e seus filhos atirados ao grande mar das nações. A este respeito, o profeta Amós havia escrito: “Por causa disto não se comoverá a terra? E não chorará todo aquele que habita nela? Certamente levantar-se-á toda como o grande rio, e será arrojada, e se submergirá como o rio do Egito”. (Am 8.8).

Mais adiante, o mesmo profeta mostra que Deus, ao castigar Israel por suas transgressões, faria um julgamento seletivo, no qual toda a palha iria perecer, enquanto remanescente fiel se salvaria: “Porque eis que darei ordem, e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações assim como se sacode o grão no crivo, sem que caia na terra um só grão. Todos os pecadores do meu povo morrerão à espada, os que dizem: Não se avizinhará nem nos encontrará o mal”. (Am 9.9,10).

Cerca de duzentos e cinqüenta anos depois da divisão do Reino de Israel, em Reino do Norte e Reino de Judá e aproximadamente meio século depois das profecias de Amós, o Reino do Norte foi destruído pelos assírios, que invadiram Samaria, a capital. O fato, ocorrido em 721 a.C., é assim descrito na Bíblia: “No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e transportou a Israel para a Assíria; e fê-lo habitar em Hala e em Habor, junto ao rio de Goza e nas cidades dos medos. Pelo que o Senhor muito se indignou sobre Israel, e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão só a tribo de Judá. E o rei da Assíria trouxe gente de Babel, Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim e fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e tomaram a Samaria em herança e habitaram nas suas cidades”. (II Rs 17.6,18,24). Do Reino de Israel restou tão-somente Judá.

No ano 701 a.C., portanto 20 anos depois da queda de Samaria, com um poderoso exército, os assírios ameaçam Jerusalém, capital do Reino de Judá, Ezequias, segundo o que a Bíblia registra em II Reis 18.15 e 16, havia já enviado a Senaqueribe, da Assíria, todo o tesouro de Jerusalém, chegando mesmo a raspar o ouro das colunas do templo, tudo para evitar que a capital da Judéia fosse sitiada. Mas Senaqueribe, ávido por riquezas e mais conquistas, enviou seus exércitos sob o comando de Tartã, Rabe-Saris e Rabsaqué. Este último dizia a Ezequias e a todos os anciãos de Jerusalém: “Que é feito dos deuses de Hamate e de Arpade? Que é feito dos deuses de Sefarvaim, Hena e Iva? Porventura livraram a Samaria da minha mão?” (II Rs 18.34).

Ezequias, sem condições de enfrentar as soldados de Senaqueribe, levou o problema a Deus em oração, na qual diz: “Incline, Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos, e olha; e ouve as palavras de Senaqueribe, que enviou a este (Rabsaqué), para afrontar o Deus Vivo”. (II Rs 19.16).

A resposta de Deus a Ezequias, levada pelo profeta Isaías foi de um poderoso livramento: “Sucedeu, pois que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram corpos mortos”. (II Rs 19.35).

A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM E DO TEMPLO.

Judá não ficou sem seu castigo. Cerca de 130 anos depois da tomada de Samaria pelos assírios, Jerusalém foi destruída e o povo levado em cativeiro para Babilônia, por ter continuamente cometido todas as abominações citadas em II Crônicas 36. 13 e 14, e rejeitado as repreensões do Senhor, como se vê nos versículos 15 e 16, e ainda por haver desobedecido à ordem divina de dar descanso à terra. Assim a Judéia foi assolada, durante 70 anos, pela ausência de chuvas, esterilidade do solo e fome. Jeremias escreveu: “E toda terra virá a ser um deserto e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, visitarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz o Senhor, castigando a sua iniqüidade, e a da terra dos caldeus; farei deles uns desertos perpétuos”. (Jr 25.11 e 12).

O mandamento do descanso da terra, cujo não cumprimento foi uma das causas da desolação de Judá, está em Levítico 25. 2-4; “Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: quando tiverdes entrado na terra, que eu vos dou, então a terra guardará um sábado ao Senhor. Seis anos podarás a tua vinha, e colherás a sua novidade; porém ao sétimo ano haverá sábado de descanso para a terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo e nem podarás a tua vinha”. Tudo indica que o povo de Israel deixou de guardar este mandamento desde que Saul iniciou seu reinado, pois o cativeiro de Judá corresponde aos 70 anos sabáticos dos 490 anos compreendidos entre a coroação de Saul, no ano 1095 a.C., e o início do cativeiro babilônico, em 605 a.C. A Bíblia é clara, quando diz: “Para que se agradasse dos seus sábados: todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram” (II Cr 36.21).

Mais tarde, já na Era Cristã, cumprem-se plenamente, as profecias da dispersão total da Casa de Israel. Daniel e Jesus predisseram essas calamidades, ocorridas a partir do ano 67: “E depois das sessenta e duas

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HISTÓRIA DOS HEBREUS

semanas será tirado o Messias, e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações” (Dn 9. 26). “Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada”. (Mt 24.2). “Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos; Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados; E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação”. (Lc 19. 42-44).

Vespasiano e seu filho Tito tentaram impedir que o suntuoso templo de Herodes fosse destruído, mas nada conseguiram. As palavras de Daniel e de Jesus tiveram cabal cumprimento. Mais tarde, entre 132 e 135 d. C., perto de 600 mil judeus morreram na revolta contra os romanos, liderados pelo falso messias Bar Cochba. Então, o imperador Adriano proibiu a prática do judaísmo, sob pena de morte; mudou o nome de Jerusalém para Aélia Capitolina, proibiu os judeus de morrerem nessa cidade, e deu o nome de Síria Filistia à Judéia.

A TRAGÉDIA DO POVO JUDEU.

As profecias acerca da dispersão dos judeus afirmam claramente que eles seriam lançados de um lugar para outro, entre as nações. A história registra o fiel cumprimento dessas predições bíblicas. Os judeus foram expulsos da ilha de Chipre em 115; foram expulsos da França em 1254, por “São” Luiz; foram expulsos da Inglaterra em 1290; foram expulsos da Hungria entre 1349 e 1360; foram expulsos da Áustria em 1421; foram expulsos da Espanha em 1492; foram expulsos da Lituânia em 1495; foram expulsos de Portugal em 1496; foram expulsos da Sicília a da Sardenha em 1497; foram expulsos do Reino de Nápoles em 1541; foram expulsos de Berlim em 1573; foram novamente expulsos da Áustria em1670; foram expulsos de Praga em 1745; foram novamente expulsos da Rússia em 1747; foram novamente expulsos de Moscou e São Petersburgo em 1891; e, finalmente, têm sido expulsos, em massa, dos países árabes, desde 1948.

A Bíblia também previu que,enquanto os filhos de Israel vivessem entre as nações, seriam humilhados e perseguidos, conforme Levítico 26. 33, onde o próprio Deus afirma:“E espalhar-vos-ei entre as nações, e desembainharei a espada atrás de vós; e a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas”. A História registra fartamente esses sofrimentos:

Em 613, é decretada na Espanha a conversão compulsória dos judeus ao Catolicismo Romano.Nos anos 640, 721 e 873 os judeus do Império Bizantino são forçados a converter-se ao cristianismo.Em 1084, ocorre o primeiro, confinamento dos judeus numa cidade, em Speyer, na Alemanha.Em 1096, os cruzados alemães exterminam diversas comunidades judaicas.Em 1099, os judeus de Jerusalém são massacrados pelos cruzados.Em 1113, ocorreu o primeiro pogrom, ou massacre, da história na cidade Kiev, Ucrânia.Em 1146 e em 1391, os judeus espanhóis são forçados a converter-se ao Catolicismo.Em 1251, o Concílio de Latrão impõe aos judeus trajes diferentes e uma mancha amarela.Em 1266, o Concílio de Breslau tenta implantar os guetos na Polônia.Em 1348, a epidemia da Peste Negra, cuja causa foi atribuída aos judeus, marca o extermínio de

numerosas comunidades judaicas na Europa.Em 1355, 12 mil judeus de Toledo, na Espanha, são assassinados.Em 1420, a comunidade judaica de Toulosa é aniquilada.Em 1481, iniciam-se, na Espanha, os primeiros “autos-de-fé” da Inquisição.Em 1502, todos os judeus de Rodes são forçados a se converterem ao Catolicismo, sob ameaça de

expulsão e escravatura.Em 1516, milhares de judeus são exterminados em Lisboa. Neste mesmo ano é criado o gueto de

Veneza.Em 1556, o papa Paulo IV estabeleceu um gueto em Roma.Entre 1648 e 1650, 200 mil judeus são massacrados na Polônia.Em 1838, a comunidade judaica de Meshed é forçada a converter-se ao Islã.Entre 1871 e 1921, em quase todos os municípios da Rússia os pógrons eliminam centenas de milhares

de judeus.Em 1894, o processo Dreifus, em Paris, assinala o anti-semitismo dos franceses.Em 1939, a Inglaterra proíbe a entrada de judeus na Palestina.

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Entre 1939 e 1945, 6 milhões de judeus são exterminados pelos nazistas em diversos campos de concentração.

Todavia, haveria de chegar o tempo em que as humilhações dos dispersos de Israel chegariam ao fim. Deus prometeu trazer seu povo de volta à sua antiga pátria.“E há de ser que naquele dia o Senhor tornará a pôr a sua mão para adquirir outra vez o remanescente do seu povo, que for deixado, da Assíria, e do Egito, e de Patros, e da Etiópia, e de Elã, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar”. (Isaías 11.11). “Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu tomarei os filhos de Israel dentre os gentios, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra”. (Ezequiel 37.21). “E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto”. (Amós 9.14).

Entretanto, o profeta Daniel, quando trata da profecia das 70 semanas de anos, dá a entender que haveria um longo tempo entre a dispersão e o retorno de Israel: “E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações”. (Daniel 9.26).

Durante o tempo em que a Judéia ficaria assolada, os judeus, embora perseguidos, não perderiam sua identidade e nem se esqueceriam do seu Deus: “Ainda que os espalhei por entre os povos, eles se lembrarão de mim em lugares remotos; e viverão com seus filhos, e voltarão”. (Zacarias 10.9).

Convém salientar que o atual retorno dos judeus à Palestina é inconfundível com o retorno de Babilônia dos dias de Esdras e Zorobabel. O texto de Isaias 11, versículo 11, é claro: “O Senhor tornará a estender a sua mão, para adquirir outra vez os resíduos do seu povo”. Notem bem o tornará e o outra vez. Isaías também aponta os lugares de onde os judeus voltariam: da Assíria, que hoje compreende parte do Iraque, do Irã e da Turquia; do Egito e de Patros, ou seja, do Baixo e do Alto Egito; da Etiópia; do Elão, que corresponde à Pérsia, ou ao moderno Irã; De Sinear, que é Babilônia, no atual Iraque; de Hamate, que corresponde ao país dos sírios e, finalmente, das ilhas, ou costas do mar que vêm a ser o restante do mundo banhado pelos oceanos. Nos últimos 50 anos, o povo de Israel tem retornado de mais de 90 nações diferentes, de todos os continentes.

Através do profeta Jeremias, Deus diz: “Eis que os trarei da terra do norte, e os congregarei das extremidades da terra; entre os quais haverá cegos e aleijados, grávidas e as de parto juntamente; em grande congregação voltarão para aqui”. (Jeremias 31.8). Esta profecia tem sido cumprida de forma literal, principalmente quando cerca de 700 mil judeus foram expulsos em massa dos países muçulmanos no primeiro ano de Estado de Israel.

RENASCE O ESTADO DE ISRAEL.

No dia 29 de agosto de 1897, no primeiro Congresso Sionista, realizado na cidade suíça de Basiléia, o grande líder Teodor Herzl disse estas proféticas palavras: “Dentro de cinco ou cinqüenta anos, o estado judeu será uma realidade”. Esta predição parecia de todo impossível de cumprir-se. Entretanto, vinte anos mais tarde os ingleses derrotam os turcos otomanos, assumem o controle da Palestina e promete aos judeus uma parte da Terra Santa. A Proclamação Balfour, de 2 de novembro de 1917, entre outras coisas, dizia: “O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento da Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e usará melhores empenhos no sentido de facilitar a realização deste objetivo.

Trinta anos depois se cumpriam, tanto a predição de Herzl como a profecia de Isaías capitulo 66 versículo 8, onde lemos:“Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos”.

O Estado de Israel nasceu no dia 29 de novembro de 1947, na Organização das Nações Unidas, sob a presidência do Chanceler brasileiro Oswaldo Aranha. Foram 33 votos a favor, 13 contrários e 10 abstenções. A Inglaterra, por não cumprir sua promessa aos judeus, se absteve de votar, e nela cumpriu-se a profecia de Gênesis 12, versículo 3. De maior império do mundo, declinou até chegar a uma potência de terceira categoria.

Mais uma vez a Escritura Sagrada se mostrou fiel.

Para que a nova nação viesse à luz, Sião teve de sofrer profundas dores de parto. Estas dores foram o extermínio de seis milhões de judeu durante a Segunda Guerra Mundial.

Estabelecidos novamente em sua terra, os judeus não mais seriam arrancados de lá. Por isso venceram milagrosamente todas as guerras que lhes moveram os árabes, cumprindo-se à risca, a palavra do próprio Deus,

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que diz pela boca do profeta Amós: “E plantá-los-ei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o SENHOR teu Deus”.

O Senhor Jesus, ao comparar Israel a uma figueira, alertou seus discípulos: “E disse-lhes uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores; Quando já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. Assim também vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto”. (Lc 21. 29-31).

ISRAEL, UNIÃO DAS DOZE TRIBOS.

Há um aspecto importante nas profecias acerca de Israel que passou despercebido ao próprio Teodor Herzl. É o que diz respeito ao nome do país. Herzl falou e escreveu muito sobre o Estado Judeu, certamente ignorando muitas passagens do Antigo Testamento, acerca desse futuro país, das quais menciono estas três: “E desterrar-se-á a inveja de Efraim (Casa de José; ou Reino das Dez Tribos ou Samaria), e os adversários de Judá serão desarraigados; Efraim não invejará a Judá e Judá não oprimirá a Efraim”. (Isaías 11.13) “E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles; e nunca mais serão duas nações, nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos”. (Ez 37.22). “E os filhos de Judá e os filhos de Israel juntos se congregarão e constituirão sobre si uma única cabeça, e subirão da terra; porque grande será o dia de Jizreel” (Os 1.11). Devo salientar que a expressão “Efraim”, no texto de Isaías, corresponde ao Reino do Norte, também conhecido por Casa de José, Reino das Dez Tribos e Samaria.

Por estas passagens percebemos que todos os israelitas, no seu retorno final à Palestina formariam uma só nação. No dia 14 de maio de 1948, já às vésperas da proclamação da independência, não se sabia ainda como se chamaria o novo país. Entre os vários nomes propostos, quase que o de Judéia foi escolhido, mas, no último momento, a eleição indicou Israel, nome que demonstra uma nação unida. Isto é muito significativo, porque, se houvesse sido chamado Judéia, estaria perpetuada a antiga divisão entre as tribos de Israel.

Na passagem de Ezequiel, já referida; o próprio Deus promete que um Rei será de todos eles. Esta promessa está repetida nos versículos 24 e 25, do mesmo capítulo 37, que diz: “E meu servo Davi reinará sobre eles, e todos eles terão um pastor e andarão nos meus juízos, e guardarão os meus estatutos, e os observarão. E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos para sempre, e Davi eu servo, será seu príncipe eternamente”. O rei indicado nestas passagens é o Senhor Jesus Cristo, que inaugurará aqui na Terra um reino que não passará a outro povo, mas será estabelecido para sempre.

A IMPORTÂNCIA PROFÉTICA DO RETORNO DE ISRAEL.

Com o cumprimento das profecias, Deus está nos mostrando sua fidelidade a Israel, e à Igreja, fidelidade que deve induzir todos os povos a temê-lo. Por isso o salmista registrou: “Tema toda terra ao Senhor, temam-no todos os moradores do mundo. Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu. O Senhor desfaz o conselho das nações, quebranta os intentos dos povos. O conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração. Bem-Aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que Ele escolheu para sua herança”. Notem que “o Senhor desfaz o conselho das nações, quebranta o intento dos povos”. Nenhuma das muitas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra Israel prosperou ou prosperará, pois o Senhor frustra todas decisões que contrariem sua Palavra. Também têm sido quebrantados os maus intentos dos inimigos de Israel, como o Egito de Nasser, a União Soviética, o OLP (Organização para Libertação da Palestina), etc.

A fidelidade de Deus não cessa, nem mesmo diante da infidelidade de Israel. O próprio Deus afirma; “Não quebrarei o meu concerto, não alterarei o que saiu dos meus lábios” (Sl 89.34).

A Bíblia também registra que Deus é soberano no estabelecimento das nações: “Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Arão uns dos outros, pôs os termos dos povos, conforme ao número dos filhos de Israel. Porque a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a corda da sua herança” (Dt 32. 8 e 9)

Deus chama Israel de primeira das nações, chefes das gentes, cabeça dos povos, etc.O retorno final de Israel, a reconstrução das suas cidades antigas e o reflorestamento do país indicam

que estamos vivendo nos últimos tempos. A Bíblia diz que a Palestina seria assolada até o fim (Dn 9.26), mas 42

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que ao término do cativeiro, os israelitas reedificariam as cidades assoladas e nelas habitariam, plantariam vinhas, beberiam o seu vinho e fariam pomares e lhes comeriam o fruto”. (Amós 9.14). O número de cidades em Israel aumentou, de 300 em 1948 para cerca de 800, em 1973. Também o número de árvores aumentou de maneira impressionante; de quatro milhões em 1948, para mais de 103 milhões em 1977. E com esse grande reflorestamento cumpre-se Ezequiel 34. 26 e 27. “E delas e dos lugares ao redor do meu outeiro, farei uma bênção; e farei descer a chuva a seu tempo; chuvas de bênção serão. E as árvores do campo darão o seu fruto, e a terra dará a sua novidade, e estarão seguras na sua terra; e saberão que eu sou o Senhor, quando eu quebrar as ataduras do seu jugo e as livrar da mão dos que se serviam delas”.

Convém salientar que muitas profecias bíblicas só poderiam cumprir-se após o estabelecimento de Israel como nação na sua própria terra, como, por exemplo, a invasão da Palestina por Gogue, a manifestação do Anticristo, a Grande Tribulação, a batalha do Armagedom, à volta de Cristo com poder e grande glória para estabelecimento do reino milenar aqui na Terra, e o julgamento das nações no que diz respeito ao seu trato com Israel.

Concernente a esse julgamento, embora seja humilhante para algumas grandes potências, a Bíblia afirma que se elas não servirem a Israel, todas pereceram: “Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas” (Is 60.12).

RESPONSABILIDADE DA IGREJA.

“Porque assim diz o Senhor: Cantai sobre Jacó com alegria, e exultai por causa do chefe das nações; proclamai, cantai louvores, e dizei: Salva, Senhor, ao teu povo, o restante de Israel”. (Jr 31.7). Por falar na 3ª pessoa, o profeta certamente dirige-se à Igreja verdadeira, a única que pode interceder por Israel e louvar a Deus por tudo que ele tem feito em favor da descendência natural do patriarca Abraão. É bom salientar que o Vaticano não reconhece o Estado de Israel, e que o Concílio Mundial de Igrejas tem adotado diversas resoluções contrárias ao país dos judeus. Por isso somente a Igreja fiel pode atender ao apelo de Deus. Devemos então, interceder, dizendo: “Salva, Senhor, o resto do teu povo!” Deus já manifestou sua intenção, porém espera que oremos. Nós somos cooperadores de Deus! Ele nos convoca à intercessão, o que representa para nós um elevado privilégio.

CONCLUSÃO

Visitar Israel é um sonho acalentado por milhões de pessoas em cada geração. Raízes étnicas, históricas e religiosas ligam essa terra e esse povo a toda a humanidade. O mundo islâmico reconhece a necessidade de contatar com JERUSALÉM para contemplar as terras palmilhadas, num passado remoto, pelo inesquecível profeta e apóstolo da fé, ABRAÃO.

O mundo cristão jamais poderia dissociar a Palestina de sua própria história, posto que foi o lugar escolhido pelo Criador para que seu filho ministrasse aos homens a mensagem do Evangelho, do bem, do amor e do perdão. Também foi nas cercanias de Jerusalém que Ele se ofereceu, num sacrifício sem par, para resgatar os homens de seus pecados. Jesus Cristo amou Jerusalém, chorou sobre ela, morreu contemplando-a, nunca lhe perdeu de vista.

Israel é um milagre da história, um milagre de fé, Israel é um milagre de Deus. Em Israel está um pouco do próprio coração de Deus. Por isso, muitas emoções nos causam o estudo da História, desse povo que foi escolhido, guardado, castigado e restabelecido pelo próprio Deus.

SALMO 122.

SL 122:1 - ALEGREI-ME quando me disseram: Vamos à casa do SENHOR. SL 122:2 - Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalém. SL 122:3 - Jerusalém está edificada como uma cidade que é compacta. SL 122:4 - Onde sobem as tribos, as tribos do SENHOR, até ao testemunho de Israel, para darem graças ao nome do SENHOR. SL 122:5 - Pois ali estão os tronos do juízo, os tronos da casa de Davi. SL 122:6 - Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam.

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SL 122:7 - Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios. SL 122:8 - Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Paz esteja em ti. SL 122:9 - Por causa da casa do SENHOR nosso Deus, buscarei o teu bem.

BIBLIOGRAFIA: Breve História do Povo Judeu = Ed. Biblos Ltda – 1963 – A . J . A Panorama do Mundo Bíblico = Ed. Juerp – A . N . M Assim Vive Israel = Ed. CPAD – A . A. Geografia Bíblica = Ed. Juerp - O. R.

Copilada pelo Pr Levimar de Araújo Faria. 26/10/2008.

Observações:1ª) Apostila fornecida pela FATADEB – Faculdade de Teologia das Assembléias de Deus de Brasília.2ª) Reestruturação dos tópicos e acréscimos efetuados pelo Pr. João Antonio de Miranda (CGADB 11.540), em maio de 2009.3º) Daniel, um homem amado no céu – Hernandes Dias Lopes (Ed. Hagnos).

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