higiene e manipulação em pães de queijo 2012

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RENATA GRAÇA PINTO AVALIAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO E DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA NA PRODUÇÃO DE PÃO DE QUEIJO. Faculdade de Farmácia da UFMG Belo Horizonte, MG 2001

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RENATA GRAÇA PINTO

AVALIAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO E DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA NA PRODUÇÃO DE

PÃO DE QUEIJO.

Faculdade de Farmácia da UFMG Belo Horizonte, MG

2001

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RENATA GRAÇA PINTO

AVALIAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO E DA

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA NA PRODUÇÃO DE PÃO DE

QUEIJO

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Ciência de Alimentos.

Orientadora: Profa. Accácia Júlia Guimarães Pereira

Co-orientador: Profo. Roberto Gonçalves Junqueira

Faculdade de Farmácia da UFMG Belo Horizonte, MG

2001

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Ao meu noivo, Thierry, o qual sem a participação direta na realização desta pesquisa, o incentivo, o carinho e a compreensão, este trabalho não existiria;

A minha mãe, Célia, meu exemplo de vida, de garra, e sobre tudo de coragem para lutar pela vida e buscar os ideais,

Dedico

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AGRADECIMENTOS À Thierry pela compreensão e paciência inesgotáveis e pela ajuda na coleta das amostras. Aos meus pais, José Roberto e Célia, e aos meus irmãos, Gustavo e Roberta, pelo carrinho e amizade. Ao meu cunhado, Eduardo, e em especial aos meus sobrinhos, Júlia e Luiz Eduardo, que tanta alegria trouxeram para as nossas vidas. À Eduardo Arrudas Ornelas, bolsista de iniciação científica, cuja ajuda na realização das análises microbiológicas permitiram a realização deste trabalho. À professora Doutora Accácia Júlia Guimarães Pereira, pela orientação, presteza e principalmente pela amizade demonstrada durante a nossa convivência. Ao professor Roberto Gonçalves Junqueira pela ajuda e orientação nas análises dos dados. À professora Marialice Pinto Coelho Silvestre e ao professor Eduardo Souza V. Machado pela participação na banca examinadora e sugestões. À professora Doutora Maria Beatriz Abreu Glória pelo exemplo de profissionalismo e pelas sugestões que engrandeceram este trabalho. Ao professor Doutor Nelson Rodrigo da Silva Martins, do Departamento de Preventiva da Escola de Veterinária da UFMG, pelos preciosos ensinamentos e pela amizade. Aos professores Marcelo Rezende de Souza e Rogério Marcos de Souza, do Departamento de Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal da Escola de Veterinária da UFMG, pela carta de apresentação enviada ao colegiado de pós-graduação da Faculdade de Farmácia da UFMG. Aos colegas da pós-graduação Ana Cristina, Ana Flávia, Cláudia, Cristiane Barbosa, Christiane Maciel, Fábio, Harriman, José Lázaro, Lílian, Marcos Paulo, Poliana e Solange pelo convívio harmonioso e companheirismo demostrado durante nossa convivência. Aos professores do CPGCA pelos ensinamentos. Aos funcionários do CPGCA pela atenção e presteza. Às bibliotecárias e funcionários das bibliotecas da FAFAR-UFMG e da EV-UFMG pelos serviços prestados.

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Ao Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC/MG por ceder as instalações do Laboratório de Microbiologia de Alimentos para realização das análises das amostras, em especial: À Maria Cesarina pelo carinho e contribuição imensurável para o andamento deste trabalho de pesquisa. À Paulo Eustáquio Ferreira pela recepção e valiosas sugestões com respeito às coletas e às análises microbiológicas das amostras. Aos amigos do laboratório de Microbiologia de Alimentos do CETEC: Carlos Alberto, Eduardo, Paulo Gilberto, Karine, Iara, Alexandra e Íris pela recepção calorosa, colaboração e presteza. Aos companheiros do laboratório de Química de Alimentos do CETEC: Mônica, Hilton e Márcia pelo convívio agradável. À Fundação Ezequiel Dias - FUNED em especial: Aos colegas do laboratório de Microbiologia de Alimentos da FUNED: Josélia, Ricardo, Eronilda, Susane, Eunice, Luciana e Talita pelos ensinamentos e apoio na realização deste trabalho. Ao setor de meio de cultura da FUNED em especial à Graça pela presteza e pela colaboração. Ao REDAT pelo apoio financeiro na compra de vidrarias e meios de cultivo. À empresa BIOBRÁS SA pela preciosa colaboração, doando os meios de cultivo para a realização desta pesquisa. Aos funcionários das indústrias visitadas pela colaboração e principalmente aos proprietários que abriram as portas dos seus estabelecimentos para a pesquisa e demonstraram preocupação e vontade de progredir. Ao Sr. Milton Lemos Batista, presidente da associação dos produtores de pão de queijo de Minas Gerais, pela presteza na apresentação às empresas visitadas. Ao CNPq pela concessão da bolsa. Á todas as pessoas que de alguma forma participaram e colaboraram na realização deste trabalho,

Muito obrigada.

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"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem".

(Guimarães Rosa)

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SUMÁRIO

LISTA GERAL DE TABELAS ........................................................................................................... 11 LISTA GERAL DE FIGURAS ............................................................................................................ 12 LISTA GERAL DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................... 14 RESUMO GERAL .................................................................................................................................... 16 GENERAL ABSTRACT ……………………………………................................................................ 17 INTRODUÇÃO GERAL ....................................................................................................................... 18 TRABALHO EXPERIMENTAL ...................................................................................... 19 REVISÃO GERAL DA LITERATURA ......................................................................................... 20 1 O pão de queijo.................................................................................................................................... 20 2 Qualidade microbiológica do pão de queijo..................................................................................... 22 3 Principais fatores que influem na qualidade do pão de queijo....................................................... 23 3.1 Qualidade matérias-primas .................................................................................................................. 23 3.1.1 Qualidade microbiológica do queijo.................................................................................................... 24 3.1.2 Qualidade microbiológica do leite....................................................................................................... 26 3.1.3 Qualidade microbiológica dos ovos..................................................................................................... 28 3.1.4 Qualidade microbiológica da fécula de mandioca............................................................................... 29 3.1.5 Qualidade microbiológica da margarina............................................................................................. 30 3.2 Hábitos higiênicos na manipulação dos alimentos............................................................................... 31 3.3 Higienização das superfícies de contato (equipamentos, utensílios, mesas)........................................ 34 3.4 Higienização ambiental......................................................................................................................... 35 3.5 Processo produtivo................................................................................................................................ 36 4 Fatores que influenciam o crescimento microbiano........................................................................ 37 5 Microrganismos de importância com respeito à qualidade e à segurança do pão de queijo....... 39 5.1 Microrganismos aeróbios mesófilos, bolores e leveduras.................................................................... 40 5.2 Coliformes totais, coliformes fecais e Escherichia coli ....................................................................... 40 5.3 Staphylococcus aureus.......................................................................................................................... 41 5.4 Salmonella sp……………………………………………………………………………………........ 42 5.5 Bacillus cereus……………………………………………………………………………………....... 43 6 Técnicas para avaliação microbiológicas de superfícies e de ambiente......................................... 44 7 Referências Bibliográficas.................................................................................................................. 45 CAPÍTULO I - Levantamento da qualidade microbiológica das massas congeladas

de pães de queijo comercializadas em Belo Horizonte, Minas Gerais.............. 54

RESUMO............................................................................................................................................. 54 ABSTRACT ......................................................................................................................................... 54

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 55 2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................................ 56 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................................ 57 4 CONCLUSÕES................................................................................................................................... 64 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 64 CAPÍTULO II - Avaliação das boas práticas na fabricação de massas congeladas de

pães de queijo em três indústrias localizadas em Belo Horizonte, Minas Gerais...........................................................................................................................................

67

RESUMO............................................................................................................................................. 67 ABSTRACT ......................................................................................................................................... 67

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 68 2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................................ 69 2.1 ELABORAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS......................................................................................... 69 2.2 COLETA DOS DADOS....................................................................................................................... 70 2.3 METODOLOGIA DE ANÁLISE......................................................................................................... 71 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................................ 73 3.1 PESO DOS BLOCOS........................................................................................................................... 73 3.2 PONTUAÇÕES PONDERADA E NÃO PONDERADA.................................................................... 75 3.3 PONTUAÇÃO PONDERADA DAS INDÚSTRIAS VIZITADAS.................................................... 77 4 CONCLUSÕES................................................................................................................................... 89 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 89

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CAPÍTULO III - Análises microbiológicas das matérias-primas utilizadas na fabricação de pão de queijo, das massas intermediárias e do produto acabado, em uma indústria situada na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais...........................................................................................................................................

93

RESUMO.......................................................................................................................................... 93 ABSTRACT. ................................................................................................................................... 94 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 94 2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................ 96 2.1 COLETA DAS AMOSTRAS............................................................................................................ 97 2.2 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS................................................................................................. 99 2.2.1 Preparo das amostras......................................................................................................................... 99 2.2.2 Contagem de coliformes totais e fecais............................................................................................. 100 2.2.3 Contagem de Staphylococcus coagulase positiva.............................................................................. 101 2.2.4 Contagem de Bacillus cereus............................................................................................................ 104 2.2.5 Determinação da presença /ausência de Samonella sp. .................................................................... 104 2.2.6 Contagem de bactérias mesófilas...................................................................................................... 106 2.2.7 Contagem de bolores e leveduras...................................................................................................... 107 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................... 107 3.1 MATÉRIAS-PRIMAS ..................................................................................................................... 107 3.2 MASSAS DE PÃES DE QUEIJO..................................................................................................... 115 4 CONCLUSÕES................................................................................................................................ 120 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 121 CAPÍTULO IV - Avaliação da contaminação das embalagens primárias e da

higienização do ambiente, dos utensílios, dos equipamentos e das mãos dos manipuladores em uma indústria de pão de queijo..................................................

125

RESUMO.......................................................................................................................................... 125 ABSTRACT ..................................................................................................................................... 126

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 126 2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................ 128 2.1 AMOSTRAGEM DO AR AMBIENTE............................................................................................ 129 2.1.1 Coleta das amostras........................................................................................................................... 129 2.1.2 Análise microbiológica...................................................................................................................... 129 2.2 AMOSTRAGEM DAS EMBALAGENS PLÁSTICAS, DAS MÃOS DOS

MANIPULADORES, DOS UTENSÍLIOS, DOS EQUIPAMENTOS E DAS ESPONJAS............ 130

2.2.1 Coleta das amostras........................................................................................................................... 130 2.2.1.1 Mãos dos manipuladores, utensílios, equipamentos e esponjas....................................................... 130 2.2.1.2 Embalagens plásticas........................................................................................................................ 134 2.2.2 Análises microbiológicas................................................................................................................... 134 2.2.2.1 Contagem de bactérias mesófilas...................................................................................................... 135 2.2.2.2 Presença ou ausência de coliformes totais e fecais.......................................................................... 136 2.2.2.3 Presença ou ausência de Staphylococcus coagulase positiva.......................................................... 136 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................... 137 3.1 UTENSÍLIOS, EQUIPAMENTOS E ESPONJAS........................................................................... 137 3.2 MÃOS DOS MANUPULADORES.................................................................................................. 142 3.3 EMBALAGENS PLÁSTICAS......................................................................................................... 144 3.4 AR AMBIENTE................................................................................................................................ 146 4 CONCLUSÕES................................................................................................................................ 149 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 150 CONCLUSÕES INTEGRADAS......................................................................................................... 153 PERSPECTIVAS...................................................................................................................................... 153 APÊNDICE A ............................................................................................................................................. 154

Roteiro de visita para avaliação das boas práticas de fabricação nas indústrias de pão de queijo.... 154 APÊNDICE B ............................................................................................................................................. 171

FIGURA 1 Pontos de coleta das amostras segundo o Fluxograma de produção do pão de queijo (indústria A)..................................................................................................

171

QUADRO 1 Ficha utilizada para a identificação da amostra....................................................... 172 QUADRO 2 Ficha para anotação dos dados das análises microbiológicas.................................. 173 QUADRO 3 Resultados das análises microbiológicas das matérias-primas ............................... 174 QUADRO 4 Resultados das análises microbiológicas dos utensílios .......................................... 175 QUADRO 5 Resultados das análises microbiológicas das mãos dos funcionários...................... 177

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ANEXO .......................................................................................................................................................... 178 QUADRO 1 Número Mais Provável (NMP) e intervalo de confiança a 95% de probabilidade,

para combinações de tubos positivos em séries de cinco tubos. Quantidade inoculada da amostra: 0,1-0,01 e 0,001g ou mL......................................................

178

QUADRO 2 Número Mais Provável (NMP) e intervalo de confiança a 95% de probabilidade, para combinações de tubos positivos em séries de três tubos. Quantidade inoculada da amostra: 0,1-0,01 e 0,001g ou mL......................................................

179

FIGURA 1 Tabela para leitura do meio de cultura IAL............................................................. 180 QUADRO 3 Padrões microbiológicos para o pão de queijo e para as matérias-primas que

entram na fabricação deste produto.......................................................................... 181

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LISTA DE TABELAS TABELA 1.1 Instruções relativas à interpretação e conclusões das análises microbiológicas dos

alimentos segundo os padrões microbiológicos descritos na Portaria SVS/MS nº451-1997.....................................................................................................................................

61

TABELA 2.1 Avaliação do estabelecimento de acordo com a Pontuação Ponderada (PPE)................... 73 TABELA 2.2 Cálculo dos pesos dos blocos.............................................................................................. 74 TABELA 2.3 Cálculo da Pontuação do Estabelecimento (PE e PPE) para a indústria A......................... 77 TABELA 2.4 Percentagem dos itens de cada bloco atendidos, em relação à pontuação máxima do

bloco, nas indústrias A, B e C............................................................................................. 80

TABELA 2.5 Condições apontadas como causas predisponentes à ocorrência de surtos de toxinfecções alimentares e suas percentagens de envolvimento em surtos, segundo diferentes estudos................................................................................................................

82

TABELA 3.1 Análises microbiológicas das matérias-primas e massas.................................................... 99 TABELA 3.2 Resultados das análises microbiológicas da margarina...................................................... 108 TABELA 3.3 Resultados das análises microbiológicas do queijo............................................................ 112 TABELA 3.4 Resultados microbiológicos dos ovos, antes e após a quebra............................................. 115 TABELA 3.5 Resultados das análises microbiológicas das massas intermediárias, do produto acabado

e do pão de queijo assado.................................................................................................... 117

TABELA 4.1 Resultados das análises microbiológicas dos equipamentos............................................... 138 TABELA 4.2 Resultados das análises microbiológicas das esponjas....................................................... 141 TABELA 4.3 Resultados das análises microbiológicas das embalagens plásticas................................... 145 TABELA 4.4 Resultado das análises do ar ambiente................................................................................ 147

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Fluxo compatível com o Lay out para a manipulação correta do alimento........................ 37 FIGURA 1.1 Amostras de pão de queijo, comercializadas em Belo Horizonte - MG, aprovadas e

reprovadas, em análises fiscais realizadas nos anos de 1998 e 1999, segundo a Portaria SVS/MS no451-1997..........................................................................................................

57

FIGURA 1.2 Causas de condenação de amostras de pão de queijo, coletadas em Belo Horizonte-MG, nos anos de 1998 e 1999, segundo os padrões especificados pela Portaria no451-SVS/MS..............................................................................................................................

58

FIGURA 1.3 Amostras de pão de queijo coletadas em Belo Horizonte-MG, nos anos de 1998 e 1999 que atenderam ou não à Resolução ANISA no12-2001.....................................................

58

FIGURA 1.4 Distribuição da freqüência de coliformes fecais nas amostras de pão de queijo aprovadas e reprovadas, de acordo com a Portaria nº451/1997-SVS/MS........................

60

FIGURA 1.5 Amostras de pão de queijo aprovadas e reprovadas, segundo o padrão para coliformes fecais estabelecido na Resolução ANVISA nº12-2001.....................................................

62

FIGURA 1.6 Distribuição da freqüência de Staphylococcus aureus nas amostras de pão de queijo aprovadas e reprovadas em análises fiscais, realizadas nos anos de 1998 e 1999, de acordo com os padrões estabelecidos na Portaria SVS/MS nº451-1997..........................

63

FIGURA 1.7 Amostras aprovadas e reprovadas segundo o padrão para Staphylococcus coagulase positiva estabelecido na Resolução ANVISA nº12-2001..................................................

63

FIGURA 2.1 Comparação entre os peso dos blocos................................................................................. 75 FIGURA 2.2 Contribuição percentual das notas obtidas em cada bloco, para as pontuações

ponderadas (PPE) e não ponderadas (PE) das indústrias A (a), B (b) e C (c).................... 76

FIGURA 2.3 Pontuação ponderada dos blocos, para a indústria A.......................................................... 78 FIGURA 2.4 Pontuação ponderada dos blocos, para a indústria B.......................................................... 79 FIGURA 2.5 Pontuação ponderada dos blocos, para a indústria C.......................................................... 79 FIGURA 2.6 Comparação das Pontuações Ponderadas (PPE) das indústrias A, B e C........................... 86 FIGURA 3.1 Colônias características de Staphylococcus aureus em ágar Baird-Parker......................... 102 FIGURA 3.2 Esquema da formação do coágulo na reação da coagulase................................................. 103 FIGURA 3.3 Reação de coagulase do tipo 4+ (a) para Staphylococcus aureus e controle negativo (b). 103 FIGURA 3.4 Salmonella sp. em meio de cultura XLD............................................................................ 105 FIGURA 3.5 Salmonella sp. em meio de cultura BGA (1) e detalhe da mudança de cor do meio de

cultura após crescimento da cepa (2) ................................................................................. 106

FIGURA 3.6 Amostras das matérias-primas em conformidade com os padrões especificados na Resolução nº12/2001-ANVISA, para os alimentos, e como os especificados na Portaria 1469/2000-MS, para a água................................................................................................

108

FIGURA 3.7 Amostras de queijo em desacordo com a Consulta Pública ANVISA nº5-1999, para coliformes totais, e com a Resolução ANVISA nº 12-2001, para coliformes fecais e S. aureus..................................................................................................................................

110

FIGURA 3.8 Distribuição da freqüência de coliformes totais nas amostras de queijo............................ 113 FIGURA 3.9 Distribuição da freqüência de coliformes fecais nas amostras de queijo............................ 113 FIGURA 3.10 Distribuição da freqüência de Staphylococcus aureus nas amostras de queijo.................. 113 FIGURA 3.11 Distribuição da freqüência de coliformes totais nas amostras de massas........................... 118 FIGURA 3.12 Distribuição da freqüência de coliformes fecais nas amostras de massas.......................... 118 FIGURA 3.13 Distribuição da freqüência de Staphylococcus aureus nas amostras de massas................. 119 FIGURA 3.14 Amostras de massas de pães de queijo em conformidade e em desacordo como os

padrões especificados na Resolução no12/2001-ANVISA................................................. 120

FIGURA 4.1 Utensílios e equipamento amostrados................................................................................. 132 FIGURA 4.2 Meio EMB contendo colônias de coliformes fecais........................................................... 136 FIGURA 4.3 Meio EMB contendo colônias de coliformes totais............................................................ 136 FIGURA 4.4 Percentual de não atendimento aos critérios estabelecidos pela APHA (1992) e por

SILVA JR (1993) para contagem de bactérias mesófila em equipamentos, antes e após a higienização .......................................................................................................................

139

FIGURA 4.5 Aumento da contaminação de uma amostra de equipamento após o procedimento de lavagem, mostrando a contaminação em meio de cultura EMB, antes (a) e após (b) o processo de higienização.....................................................................................................

139

FIGURA 4.6 Distribuição da freqüência de bactérias mesófilas nas amostras dos utensílios.................. 140 FIGURA 4.7 Freqüência de coliformes totais e fecais nos equipamentos, antes e após a higienização,

nos utensílios e nas esponjas............................................................................................... 141

FIGURA 4.8

Freqüência de coliformes totais, coliformes fecais e S. aureus nas mãos dos

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13

funcionários......................................................................................................................... 142 FIGURA 4.9 Distribuição da freqüência de bactérias mesófilas nas mãos dos funcionários................... 144 FIGURA 4.10 Distribuição da freqüência de bactérias mesófilas nas embalagens primárias.................... 145 FIGURA 4.11 Percentual de não atendimento aos critérios estabelecidos pela APHA (1984) e por

ALMEIDA (1995), para contagem de bactérias mesófilas no ambiente............................ 148

Page 14: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

14

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB Ágar batata dextrosado

CAA Bloco controle da água de abastecimento

APPCC Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

BC Ägar seletivo para Bacillus cereus

BGA Ágar verde brilhante-vermelho de fenol lactose-sacarose

BP Ágar baird-parker

BPF Boas Práticas de Fabricação

CGQ Bloco controle e garantia da qualidade

CVB Caldo verde brilhante

D Tempo de redução decimal a uma determinada temperatura

DTA Doenças Transmitidas por Alimentos

EC Caldo Escherichia coli

EMB Ágar eosina-azul de metileno lactose-sacarose

CETEC/MG Centro Tecnológico de Minas Gerais

CME Bloco construção e manutenção da edificação

MEU Bloco tipo e manutenção dos equipamentos e utensílios

CHP Bloco controle e higiene do pessoal na área de produção

I Imprescindível - Item crítico para a proteção contra surtos das doenças alimentares e que necessita de correção imediata quando não atendido

IAL Ágar Instituto Adolfo Lutz

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia

OLS Bloco organização, limpeza e sanitização

LST Caldo lauril sulfato triptose

QMP Bloco qualidade, recepção e armazenamento das matérias-primas

N Necessário - Item menos crítico, ou seja, não essencial para o controle efetivo das doenças causadas por alimentos, mas que contribui para a ocorrência destas, podendo ser dado um tempo maior para a adequação

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Ñ Não - Não atendimento ao item avaliado

ÑA Não Aplicável - Item não pertinente à avaliação do estabelecimento

NMP Número mais provável (coliformes totais e fecais)

PB Pontuação não ponderada de um bloco

PCA Plate count agar ou ágar de contagem padrão ou ágar padrão

PE Pontuação não ponderada do estabelecimento

PPB Pontuação ponderada de um bloco

PPE Pontuação ponderada do estabelecimento

CPR Bloco controle de pragas

CPP Bloco controle do processo produtivo

R Recomendável - Item não crítico para a proteção contra sustos de doenças alimentares, mas que atende ás BPF

S Sim - Atendimento ao item avaliado

SC Caldo selenito-cistina

TT Caldo tetrationato

TTC 2,3,4-cloreto de trifenil tetrazólico

UFC Unidades formadoras de colônias

W Peso dos blocos

XLD Ágar xilose-lisina-desoxicolato

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16

RESUMO GERAL

Este trabalho objetivou determinar as condições higiênico-sanitárias na produção de pão

de queijo para avaliar a possibilidade da implantação do sistema Análise de Perigos e

Pontos Críticos de Controle (APPCC). A partir de laudos fiscais, foi analisada a

qualidade microbiológica do pão de queijo, em Minas Gerais, sendo feita a distribuição

da freqüência relativa de cada microrganismo envolvido na condenação deste produto,

resultando na presença de coliformes fecais acima do limite legal em 55,1% das

amostras analisadas, de Staphylococcus aureus em 41,8% e de Salmonella sp. em

7,1%. Constatou-se contagens de S. aureus e de coliformes fecais superiores a 10 e a

100 vezes o máximo permitido na legislação. Três indústrias localizadas em Belo

Horizonte - MG foram avaliadas quanto ás Boas Práticas de Fabricação (BPF) por meio

de questionários tipo check list sendo duas indústrias classificadas como regulares e

uma como ruim. Destas indústrias, uma foi escolhida para prosseguimento do trabalho,

avaliando a qualidade microbiológica, desde a matéria-prima, até o produto acabado. Os

dados encontrados foram comparados com os padrões legais resultando em 100% das

amostras de água, de ovos e de polvilho e 83% das amostras de leite dentro dos limites

legais. Para o queijo, 93% das amostras estavam fora dos padrões. A qualidade

microbiológica das massas de pães de queijo decaiu após a adição do queijo. Os

utensílios e equipamentos apresentaram contagens elevadas de bactérias mesófilas e

altas percentagens de presença de coliformes totais e fecais, tendo sido observado

aumento da contagem de mesófilas após a higienização, para algumas amostras. As

mão dos funcionários apresentaram contagens elevadas de mesófilas e presença de

coliformes totais, coliformes fecais e S. aureus em 93,1%, 34,5%, e 46,7% das

amostras, respectivamente. O ar apresentou elevadas percentagens de amostras com

contagens de mesófilas superiores ao limite proposto pela APHA e ao padrão empírico

brasileiro proposto por ALMEIDA. Estes resultados permitiram concluir, que não é

possível estabelecer o sistema APPCC em indústrias de pão queijo em condições

semelhantes às das indústrias estudadas, sendo necessário , primeiramente, implantar

às BPF.

Palavras-chaves: Pão de queijo, microbiologia, BPF, APPCC.

Page 17: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

17

GENERAL ABSTRACT

This work had as objective to determine the hygienic-sanitary conditions in the

production of cheese roll in order to evaluate the possibility of the implantation of the

Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP) system. Based on fiscal analytical

forms the microbiological quality of the cheese roll in Minas Gerais it was studied and an

evaluation of relative frequency of the microorganisms involved in the condemnation of

this product was made. Results indicated the presence of fecal coliforms above standard

in 55,1% of the samples, Staphylococcus aureus in 41,8%, and Salmonella sp. in 7,1%.

Counting of S. aureus and of fecal coliforms higher than 10 and 100 times the maximum

allowed in the legislation were observed. Three industries located in Belo Horizonte, MG

were evaluated according to Good Manufacturing Practices (GMP) by means of

checklists, and two of them were classified as regular and one as poor. Among these

industries, one was chosen to continuing the work and the microbiological quality was

then evaluated from raw materials till the finished product. Data found were compared

with to legal standard resulting in accordance of 100% of the samples of water, eggs and

manioc flour, and 83% of milk to the legal standards. As for cheese, 93% of the samples

were out of legal standard. Microbiological quality of cheese roll dough was affected by

addition of cheese. Utensils and equipment presented high mesophylic bacteria counting

and high percentages of presence of total and fecal coliforms, and for some samples it

was observed an increase in mesophylic counting after sanitation. Employees' hands

presented high mesophylic countings and presence of total coliforms, fecal coliforms and

S. aureus in 93,1%, 34,5%, and 46,7% of the samples, respectively. Air presented high

percentages of samples with higher mesophylic counting than standard limit proposed by

APHA and the Brazilian empiric pattern proposed by ALMEIDA. These results lead to the

conclusion that it is not possible to establish the HACCP system in cheese roll industries

following similar conditions of the studied industries, being necessary at first to implant

GMP.

Word-keys: Cheese roll, microbiology, GMP, HACCP.

Page 18: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

18

INTRODUÇÃO GERAL

O pão de queijo, produto tradicional da culinária mineira, é cada dia mais freqüente na

alimentação dos brasileiros devido ao aumento da sua comercialização proporcionado

pelo congelamento da massa. A expansão deste produto no mercado extrapolou as

fronteiras de Minas Gerais, e até mesmo do país, propiciando o surgimento de novos

fabricantes. Hoje, o pão de queijo é produzido em vários países por empresas nacionais,

estrangeiras ou mistas. Com o aumento da produção, houve uma maior preocupação

com a qualidade e sobretudo com a segurança deste produto, buscando atender aos

padrões microbiológicos nacionais e internacionais. Em Minas Gerais, o pão de queijo é

produzido, principalmente, por micro e pequenas empresas que começaram com uma

produção caseira. Esta situação demonstra a necessidade de apoio tecnológico para o

desenvolvimento do setor e, conseqüentemente, para a melhoria da qualidade e

segurança deste produto.

Dada a complexidade dos fatores que afetam a segurança alimentar, esta deve ser

encarada sob o ponto de vista de toda a cadeia de processamento: desde a sua

produção, passando pela industrialização, distribuição, até o consumidor. Para alcançar

um alimento seguro é necessário ter um controle rigoroso sobre a qualidade das

matérias-primas, processos produtivos, meio ambiente e pessoas envolvidas. Das

metodologias adotadas para a melhoria na qualidade quanto à segurança alimentar,

destaca-se a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC. O objetivo

deste sistema é controlar os pontos identificados como críticos na indústria deixando de

lado o tradicional sistema de controle das características do produto final, cujos

resultados são estatisticamente insuficientes para garantir a inocuidade do alimento,

bem como não permitem ações corretivas, já que o produto está pronto. O APPCC é um

sistema dinâmico que permite a tomada de medidas preventivas a partir do controle dos

pontos críticos.

Os princípios gerais para higiene dos alimentos que compõem as Boas Práticas de

Fabricação (BPF) são acatados como pré-requisitos para o desenvolvimento do sistema

APPCC. Desta forma, a primeira etapa para a implantação deste sistema é avaliar o

programa existente para verificar se todos os pré-requisitos necessários são cumpridos.

Page 19: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

19

A necessidade de melhorar a qualidade e a segurança das massas de pães de queijo,

em vista da crescente popularização do consumo deste produto no mercado interno e

da sua aceitação, cada vez maior, em mercados externos, justificou o desenvolvimento

desta pesquisa, que teve como objetivo básico levantar as condições higiênico-

sanitárias do processo produtivo do pão de queijo a fim de avaliar a possibilidade da

implantação do sistema APPCC. Os objetivos específicos deste trabalho foram:

1. Avaliar o emprego das boas práticas de fabricação na produção de pão de queijo em

três indústrias localizadas em Belo Horizonte, Minas Gerais;

2. Realizar um levantamento microbiológico das matérias-primas e das massas em

vários pontos do processo produtivo até a obtenção do produto acabado em uma

indústria de pão de queijo localizada na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais;

3. Avaliar a eficácia da higienização dos equipamentos, dos utensílios, do ambiente, e

das mãos dos funcionários em uma indústria de pão de queijo localizada na cidade

de Belo Horizonte, Minas Gerais; a partir do estudo da contaminação destes pontos;

4. Levantar a qualidade microbiológica das massas de pães de queijo comercializadas

no município de Belo Horizonte, Minas Gerais a partir do estudo dos laudos de

autuação da Vigilância Sanitária Estadual.

TRABALHO EXPERIMENTAL

Os resultados deste trabalho foram divididos em quatro capítulos de acordo com os

objetivos específicos, e estão apresentados sob a forma de artigos científicos. No

CAPÍTULO I foi determinada a freqüência dos microrganismos envolvidos na

condenação das massas congeladas de pães de queijo comercializadas em Belo

Horizonte, Minas Gerais. Para isto, foram utilizados os laudos analíticos emitidos pela

Fundação Ezequiel Dias - FUNED, referentes às amostras coletadas pela Vigilância

Sanitária Estadual, nos anos de 1998 e 1999, para fins de análise fiscal e de

monitoramento da qualidade do pão de queijo.

No CAPÍTULO II é apresentada a avaliação das boas práticas de fabricação em três

indústrias de pão de queijo localizadas em Belo Horizonte, MG. Os dados foram

Page 20: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

20

coletados por observação direta do processo produtivo nas indústrias estudadas e pelo

preenchimento de questionários tipo check list. Os questionários foram agrupados, por

assunto, em nove blocos e foram avaliados quantitativamente atribuindo-se valores aos

itens e pesos aos blocos. Desta forma, cada indústria obteve uma pontuação que

permitiu a sua classificação.

Destas três indústrias, uma foi escolhida para prosseguimento do trabalho, realizando-

se levantamento da qualidade microbiológica das matérias-primas envolvidas na

fabricação de massas congeladas de pães de queijo, das massas intermediárias e do

produto acabado seguindo-se o fluxograma de produção, além de análises do pão de

queijo assado. Os resultados destas análises são apresentados no CAPÍTULO III.

No CAPÍTULO VI é discutida a eficiência do processo de higienização adotado pela

indústria escolhida, a partir da avaliação da contaminação das mãos dos funcionários,

do ambiente, dos equipamentos e dos utensílios. A avaliação da contaminação existente

nas esponjas foi realizada com o objetivo de esclarecer o aumento da contagem

microbiológica observado após a lavagem dos equipamentos e utensílios. Para avaliar a

influência da manipulação na contaminação das embalagens primárias, estas também

foram analisadas.

REVISÃO GERAL DA LITERATURA

1 O pão de queijo

O pão de queijo surgiu nas fazendas no interior de Minas Gerais e hoje é um produto

reconhecido como típico da culinária mineira. Alguns historiadores consideram que o

biscoito de polvilho tenha sido o precursor do pão de queijo, por volta do século XVIII

(RIBAS, 1997). Com mais de dois séculos de existência, a origem deste produto é

imprecisa. De acordo com RIBAS (1997), existem indícios do seu surgimento no

noroeste de Minas Gerais em conseqüência à criatividade dos escravos de origem

angolana no aproveitamento das sobras dos ingredientes da cozinha colonial. Há ainda

quem cite o Triângulo Mineiro (RIBAS, 1997, CHAGAS, 1999), a Zona da Mata ou Ouro

Preto como berço do pão de queijo (CHAGAS, 1999).

Page 21: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

21

Produto de fabricação tipicamente caseira até a década de 80, o pão de queijo é

consumido, atualmente, em países com os mais diferentes hábitos alimentares, tais

como Argentina, Estados Unidos, Peru, Itália, França, Alemanha, Hungria, Portugal,

Espanha, Israel, Japão. A expansão da comercialização deste produto para outros

estados brasileiros e para o exterior ocorreu devido às inovações tecnológicas,

principalmente após o surgimento das massas congeladas que permitem preparo rápido

do alimento adaptando-se bem às condições da vida moderna. A exportação representa

uma perspectiva promissora, mas a atenção está voltada para o comércio interno ainda

pouco explorado, uma vez que o Brasil começou a conhecer o pão de queijo há apenas

duas décadas, quando se iniciou o congelamento em escala industrial (CHAGAS, 1999).

O produto é comercializado cru e congelado em tamanhos que variam conforme a

preferência do consumidor. Não existe regulamentação que defina o produto a ser

vendido sob a denominação "pão de queijo" sendo permitidas inovações por parte dos

fabricantes. Se por um lado este fato permitiu a adequação rápida do produto aos

diferentes mercados consumidores e hábitos alimentares, por outro o produto pode

perder sua identidade original. Embora a maioria dos produtores utilize como matérias-

primas fécula de mandioca (polvilho), leite, água, óleo, manteiga ou margarina, queijo,

ovos e sal, há divergências quanto ao tipo de fécula a ser usada (polvilho doce, azedo,

fécula ou várias proporções de misturas destes) e principalmente quanto ao tipo de

queijo (queijo Minas meia cura, mussarela, provolone, parmesão ou diferentes misturas

destes) (PEREIRA, 1998). Para os mineiros, talvez o sabor do queijo Minas curado seja

a principal característica do produto. Em Janeiro de 2000, a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária adotou a Consulta Pública nº29 com o objetivo de fixar a identidade

e as características mínimas de qualidade a que devem obedecer a massa e as

misturas para preparo de pão de queijo (Padrão de Identidade e de Qualidade - PIQ)

(BRASIL, 2000a).

Implantado em 1999, o programa de desenvolvimento da indústria mineira de pão de

queijo denominado "Pró-pão de queijo" visa disponibilizar tecnologia que viabilize a

oferta de produto inócuo à saúde, padronizado e de qualidade definida. Este programa,

que conta com o apóio de diversas instituições que atuam na área de alimentos, tem

como objetivo atender às exigências do mercado globalizado, possibilitando a

capacitação de pessoal, a implantação das BPF e do sistema APPCC. Outro fato

levantado pelo programa é a obrigatoriedade de trabalhar, também, junto ao setor de

Page 22: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

22

laticínios, já que o queijo é a matéria-prima mais problemática com relação à qualidade

microbiológica. O setor de farináceos, com a oferta regular de fécula, polvilho doce e

polvilho azedo de boa qualidade, também é um problema a ser solucionado por este

programa (FIEMG, 2000).

2 Qualidade microbiológica do pão de queijo

O aumento do consumo do pão de queijo propiciou o surgimento de novos fabricantes,

normalmente micro e pequenas empresas que iniciaram com uma produção caseira e

que enfrentam dificuldades para melhorar a qualidade microbiológica do produto e

atender aos padrões legais.

Denúncias sobre as condições de higiene de algumas marcas de pão de queijo levou o

Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais a solicitar ao

INMETRO análise para verificar a qualidade do produto. Desta forma, em 1999, foram

analisadas onze marcas de pão de queijo: duas foram consideradas como "produto em

condições higiênico-sanitárias insatisfatórias", indicando falta de cuidado com a higiene

no processo de fabricação sem trazerem risco a saúde do consumidor; sete foram

classificadas como "produto impróprio para o consumo", apresentando bactérias em

níveis capazes de causar distúrbios intestinais e apenas duas marcas atenderam aos

padrões da Portaria SVS/MS nº451-1997. Em nenhuma das amostras analisadas foram

encontradas as bactérias Salmonella sp. e clostrídios sulfito redutores em níveis que

pudessem colocar em risco a saúde dos consumidores (INMETRO, 2000c).

Em análises realizadas pela Vigilância Sanitária do Estado de Minas Gerais em 1998 e

1999, em que foram analisadas amostras de pão de queijo comercializadas em Belo

Horizonte, foram encontradas 69,4% do total das amostras em desacordo com os

padrões legais vigentes, revelando como responsáveis pela condenação, os coliformes

fecais (55,1% das amostras), Staphylococcus aureus (44,9% das amostras) e

Salmonella sp. (7,1% das amostras) (PINTO et al., 2000, SOUZA et al., 2000). Em uma

nova avaliação da qualidade deste produto em Minas Gerais, amostras de 61 marcas de

pão de queijo foram analisadas, sendo 20 marcas consideras impróprias para o

consumo. A reprovação foi devida à presença de coliformes fecais e Staphylococcus

Page 23: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

23

coagulase positiva acima do permitido pela legislação, sendo considerados produtos

capazes de causar intoxicação alimentar (ESTADO..., 2001a,b)

Estes resultados evidenciam a existência de marcas de pão de queijo no mercado de

Minas Gerais que não apresentam qualidade satisfatória quanto aos aspectos higiênico-

sanitários e de marcas que representam risco à saúde dos consumidores, sendo

capazes de causar intoxicação alimentar. A falta de cuidado com a higiene no processo

de fabricação, a manipulação incorreta dos alimentos e a falta de controle da qualidade

das matérias-primas são, provavelmente, os principais fatores responsáveis pelos

problemas encontrados (PINTO et al., 2000).

3 Principais fatores que influem na qualidade do pã o de queijo

3.1 Qualidade das matérias-primas

A qualidade da matéria-prima é um dos fatores mais importantes na produção de um

alimento seguro. Matéria-prima de má procedência origina produto de qualidade

comprometida, reduzindo sua vida comercial e depreciando-o perante o consumidor

(ANDRÉ et al., 1999). A qualidade do pão de queijo existente no mercado em Belo

Horizonte não é satisfatória quanto aos aspectos higiênico-sanitários e de acordo com

INMETRO (2000c), a falta de controle da qualidade das matérias-primas é uma das

principais causas deste problema.

A origem das matérias-primas e as condições de recebimento podem representar

pontos críticos que devem ser controlados (IAMFES, 1997). Para controle das matérias-

primas, é importante uma avaliação das condições operacionais dos estabelecimentos

fornecedores, através de visita técnica, como subsídio para a qualificação e triagem

destes estabelecimentos (SÃO PAULO, 2000). Um dos manuais publicados pela SBCTA

propõe medidas que visam a aquisição de matéria-prima segura a partir da avaliação

das BPF nas empresas fornecedoras (SBCTA, 1996). No recebimento da matéria-prima

devem ser observados: a data de validade e de fabricação, as condições das

embalagens, as condições do entregador, os dados da rotulagem, o registro no órgão

competente, o certificado de vistoria do veículo de transporte, a medida e o registro da

temperatura de transporte do alimento, as características sensoriais como cor, sabor,

Page 24: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

24

odor, aparência, textura e os controles microbiológicos e físico-químicos periódicos do

produto recebido (SÃO PAULO, 2000, BRASIL, 2000b, SENAI & SEBRAE, 2000,

SOUZA et al., 1998, SILVA JR, 1997, SBCTA, 1995a,b). As condições de

armazenamento das matérias-primas devem seguir as orientações do produtor,

devendo-se higienizar as embalagens externas dos produtos antes do armazenamento

(SILVA JR, 1997). A disposição dos produtos deve obedecer à data de fabricação de

forma a consumir primeiro os produtos com data de vencimento mais próxima (SÃO

PAULO, 2000, BRASIL, 2000b, SENAI & SEBRAE, 2000, SOUZA et al., 1998, SILVA

JR, 1997, SBCTA, 1995a,b).

3.1.1 Qualidade microbiológica do Queijo

O queijo Minas é produzido no Brasil desde o período colonial. É um produto de massa

crua, obtido por coagulação enzimática do leite ou por coalho. Existem diferentes

variedades deste produto, que são obtidos a partir de variações no tempo e condições

da cura, desde o queijo Minas frescal até o Minas curado. Este último, de sabor

relativamente forte e consistência bastante dura a ponto de poder ser usado ralado

(OLIVEIRA, 1986), é um dos queijos de maior preferência pelos pequenos produtores de

pão de queijo. O queijo parmesão também tem sido usado por ser considerado um

queijo de gosto mais intenso com contribuição marcante para o sabor do produto

(JESUS, 1997).

Um dos pontos de estrangulamento para a fabricação de pão de queijo de qualidade é o

tipo de queijo empregado, queijo Minas, o qual possui grande variação das técnica de

fabricação, resultando na inconstância das suas características sensoriais, além da

precária qualidade microbiológica, uma vez que o produto é fabricado, em sua maioria,

com leite cru e em condições higiênicas inadequadas (PEREIRA, 1980).

Segundo VARGAS et al. (1998), sabe-se que os queijos artesanais, quando feitos com

leite obtido de ordenha higiênica, oriundo de vacas sadias mantidas em pastos naturais

e de rebanho com higidez certificada, apresentam características de segurança sanitária

para o consumidor mesmo quando o tempo de maturação é bem reduzido e a atividade

de água no produto acabado é elevada. Neste trabalho, dentre outros assuntos

abordados, os autores conceituam "higidez de leite cru", descrevem as medidas que

devem ser tomadas para a obtenção de leite higiênico e propõem limites de tolerância

Page 25: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

25

para microrganismos e padrões físico-químicos para que o leite e os queijos produzidos

a partir deste leite sejam considerados hígidos.

A incidência de microrganismos patogênicos, como Staphylococcus aureus, coliformes

fecais e Salmonella sp. no queijo Minas curado é alta (PEREIRA, 1980, SANTOS &

GENIGEORGES, 1981). Diversos trabalhos mostram uma considerável contaminação

por um ou mais destes microrganismos em queijos Minas ou outros queijos que são

normalmente feitos de maneira artesanal, utilizando leite cru, como o queijo tipo coalho

(BORELLI et al., 2000, LEITE et al., 2000b, SENA, 2000, SENA et al., 1999, SÁ

BARRETO & PEREIRA, 1999, GOMES & GALLO, 1995, GARCIA-CRUZ et al., 1994,

RAIMUNDO et al., 1992, NASCIMENTO et al., 1985, MANDIL et al., 1982, SANTOS &

GENIGEORGES, 1981) inclusive relacionados com surtos de doenças alimentares

(ALTEKRUSE et al. 1998, SABIONI et al., 1994, CARMO & BERGDOLL, 1990, SABIONI

et al., 1988).

A utilização de outros tipos de queijo, como o parmesão de meia cura, tem sido a

alternativa empregada por grande parte dos produtores para melhorar a qualidade e a

segurança do pão de queijo, porém, de acordo com PEREIRA (1998), isto deve ser

melhor discutido de modo a preservar as características do pão de queijo tradicional. O

queijo, por ser um produto que exibe uma flora microbiana natural, deve ser mantido em

temperaturas baixas para diminuir o crescimento microbiano, objetivando manter a

quantidade de bactérias em níveis que não causem risco à saúde do consumidor. Em

análises realizadas em 1999 pelo INMETRO nos queijos prato e Minas frescal; foi

verificado que cerca de 40% dos pontos de venda visitados nos Estados do Rio de

Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo apresentavam amostras acondicionadas em

temperatura acima do limite (10ºC). No Estado de Minas Gerais, a situação encontrada

foi pior, cerca de 60% dos pontos de venda visitados estavam com a temperatura de

refrigeração acima de 10ºC. Em alguns deles, os produtos estavam expostos sobre o

balcão de venda, sem qualquer tipo de cuidado (INMETRO, 2000b). A conservação do

queijo de forma inadequada colabora, com certeza, para a piora da qualidade deste

produto no Brasil. Observou-se, ainda, que as amostras de queijo Minas frescal tiveram

apenas 50% de conformidade com os regulamentos técnicos (INMETRO, 2000b),

mostrando que não são boas as condições de higiene nas quais, os produtos

estudados, foram fabricados, estocados e/ou comercializados. Em análises anteriores,

observou-se que apenas 7% das marcas de queijo Minas frescal estudadas estavam de

Page 26: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

26

acordo com os requisitos legais (INMETRO, 2000d). Apesar de estarem aquém do

desejado, estes dados mostram uma melhoria da qualidade do produto entre os anos de

1997 e 1999. Em estudo realizado por SÁ BARRETO & PEREIRA (1999), analisando

marcas comerciais de queijo Minas comercializadas no município do Rio de Janeiro,

verificaram que 86,36% das amostras estavam em desacordo com a legislação, sendo

que destas 100% estavam contaminadas com coliformes fecais e 31,57% estavam

contaminadas com Staphylococcus aureus.

Os principais problemas quanto ao queijo utilizado como matéria-prima para a produção

de pão de queijo residem em queijos sem padronização das características sensoriais,

de má qualidade microbiológica, queijos sem origem, sem data de validade, expostos

nos balcões dos mercados sem refrigeração e sem película protetora (JESUS, 1997,

PEREIRA, 1998). Além disso, o volume de queijo Minas de boa qualidade no mercado é

insuficiente para atender à demanda, uma vez que este queijo é fabricado por pequenos

produtores que não conseguem manter uma produção estável. Uma alternativa

encontrada pelos produtores de pão de queijo foi adicionar queijo parmesão de meia

cura à fórmula da massa com o objetivo de melhorar a qualidade microbiológica do

produto (PEREIRA, 1998), além de realçar o sabor. Entretanto, em levantamento da

qualidade deste queijo no Brasil constatou-se a presença de E. coli, Streptococcus do

grupo D e Staphylococcus sp. em quantidade superior aos limites legais estabelecidos

em 40% das amostras estudadas. Também foi verificada a presença de Shigella em

10% das amostras (THOMA et al., 1996).

3.1.2 Qualidade microbiológica do leite

O leite é um alimento de alto valor nutritivo que apresenta pH próximo ao neutro e alta

atividade de água, sendo um meio de cultura natural. A contaminação do leite ocorre,

usualmente, na fazenda durante ou após a ordenha devido à deficiência de higiene do

ambiente e dos utensílios, ao armazenamento incorreto do leite, aos hábitos anti-

higiênicos dos ordenhadores e à falta de controle da saúde dos animais. Um dos

principais problemas que envolvem a pecuária leiteira é a alta prevalência de mastites.

Trata-se de sério problema de saúde pública já que muitos dos agentes envolvidos

podem levar a quadros de infecção ou de toxinfecção de origem alimentar (LUCHEIS &

LANGONI, 2000), destacando-se o Staphylococcus aureus que pode produzir

enterotoxina termoresistente, Yersinia enterocolitica ou Listeria monocytogenes que são

Page 27: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

27

bactérias psicrotróficas, Salmonella sp., Campylobacter jejuni e bactérias como

Micobacterium tuberculose e Brucella sp. que constituem zoonoses graves. Desta

forma, qualquer falha na obtenção, beneficiamento ou na comercialização do leite

podem acarretar risco à saúde do consumidor.

LEITE et al. (2000a), estudaram a qualidade microbiológica de duas marcas de leite tipo

"C" pasteurizado comercializado em João Pessoa, Paraíba e encontraram 65,63% das

amostras da marca A e 31,25% da marca B fora do padrão para coliformes totais e

respectivamente 34,35% e 6,25% das amostras das marcas A e B fora do padrão para

coliformes fecais. FRANCO et al. (2000) encontraram na cidade do Rio de Janeiro um

percentual de 33,33% de amostras de leite tipo "C" coletadas no mercado varejista fora

dos padrões legais tanto para coliformes totais quanto para coliformes fecais. BARRETO

et al. (2000), estudando os resultados das análises fiscais de 64 amostras de leite

pasteurizado encontraram 23,44% das amostras em condições impróprias para o

consumo. Análises de 19 marcas comerciais de leite tipo "B" e tipo "C" realizadas pelo

INMETRO em 1997, mostraram, respectivamente, um percentual de 60% e 52% de

amostras fora dos padrões legais vigentes. Os fabricantes dos leites analisados

enviaram laudos comprovando que seus produtos coletados dentro da fábrica estavam

de acordo com os parâmetros estabelecidos na legislação, indicando possíveis

problemas no sistema de distribuição e de comercialização. No entanto, segundo o

código de defesa do consumidor fabricantes, distribuidores e comerciantes são

igualmente responsáveis pelo produto até a compra pelo consumidor final, ficando claro

o descumprimento desta lei por parte do setor leiteiro (INMETRO, 2000a).

ARRUDA et al. (1996), avaliaram a qualidade do fornecimento de gêneros alimentícios

perecíveis por meio de questionários baseados nas boas práticas de fabricação e

concluíram que a qualidade das condições de entrega dos produtos não era satisfatória,

sugerindo falta de qualificação dos fornecedores.

Os resultados citados, demonstram que a qualidade do leite no Brasil não é satisfatória,

fazendo-se necessário estabelecer programas de melhoria desde a ordenha do leite,

passando pelos setores de beneficiamento e distribuição até a comercialização,

conscientizando o papel de cada um destes setores na obtenção de leite seguro à

saúde do homem.

Page 28: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

28

3.1.3 Qualidade microbiológica dos ovos

O problema maior dos ovos está na contaminação por Salmonella sp. EBEL et al. (1993)

estudaram amostras de ovos líquidos recolhidas em 20 plantas de processamento nos

Estados Unidos e encontraram 52% das amostras contaminadas por Salmonella sp.

Segundo SILVA JR (1997), estima-se que nos países desenvolvidos exista 1 ovo

contaminado por esta bactéria para cada 2.000 ovos; não havendo estimativa de

contaminação para o Brasil.

São comuns os surtos de salmonelose envolvendo ingestão de preparados a base de

ovos crus. Em maio de 2000 na cidade de Belo Horizonte - MG, foi notificado um surto

de salmonelose envolvendo consumo de maionese caseira adicionada ao sanduíche

produzido em um trailler de rua. De um total de 31 pessoas entrevistadas, 23 (74,19%)

ficaram doentes, 16 (69,16%) foram hospitalizadas e 1 chegou ao óbito

(PREFEITURA..., 2000). ARAÚJO et al. (1995), estudando a ocorrência de três surtos

de salmonelose: um em restaurante self-service, outro em refeição domiciliar e outro em

uma pequena indústria metalúrgica, todos localizados na cidade de Sorocaba - SP,

observaram a ocorrência de casos de salmonelose acometendo 12% das pessoas que

fizeram refeições no restaurante, 100% das pessoas do domicílio e 95% das pessoas

que almoçaram na indústria, das quais foram hospitalizadas 53,33%, 18,18% e 31,58%,

respectivamente. Vários outros trabalhos revelaram a ocorrência de surtos de

salmonelose relacionados ao consumo de pratos a base de ovos crus no Brasil: JAKABI

et al. (1999), PERESI et al. (1998) e PERESI et al. (1995). HENSON (1997) cita que

entre os alimentos envolvidos em surtos de salmonelose no Reino Unido de julho de

1993 a janeiro de 1994 a carne de aves e derivados aparecem em 50% dos casos, e os

ovos e pratos a base de ovos em 26%.

De acordo com GAST & BEARD (1992), a refrigeração entre 2-8ºC é uma das maneiras

de prevenir a multiplicação deste patógeno nos ovos infectados. Em um trabalho de

revisão realizado por HUMPHREY (1994), foi observado que a mudança da

permeabilidade do ovo permitindo a penetração de Salmonella enteritidis é dependente

da temperatura de armazenamento; para ovos armazenados a 20oC a penetração deste

microrganismo até três semanas é incomum, no entanto em condições que simulam

temperatura ambiente em cozinhas (cerca de 30oC) a Salmonella pode multiplicar dentro

de poucos dias. Porém, SCHOENI et al. (1995), que estudaram a capacidade de

Page 29: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

29

penetração e de multiplicação de Salmonella enteritidis, Salmonella typhimurium e

Salmonella heidelberg em ovos estocados à 4oC, constataram que estas bactérias,

presentes nas fezes, podem penetrar nos ovos e crescer durante a estocagem. Ovos

líquidos não pasteurizados estão freqüentemente contaminados por Salmonella sp.

(EBEL et al., 1993); o processo convencional de pasteurização (3,5 minutos a 60ºC ou

2,5 minutos a 64,4ºC) destrói este agente infeccioso (LEITÃO, 1986). Embora haja uma

tendência para a utilização de ovos líquidos pasteurizados, na indústria de pão de queijo

esta prática ainda não é comum.

3.1.4 Qualidade microbiológica da fécula de mandioca

É conhecido como fécula o produto amiláceo extraído das partes subterrâneas

comestíveis dos vegetais (tubérculos, raízes, rizomas) e como polvilho a fécula extraída

da mandioca (PEREIRA, 1998). A legislação classifica o polvilho em doce, azedo ou

fécula de acordo com o teor de acidez, sendo a fécula o produto não fermentado e o

polvilho doce e o azedo produtos fermentados com teores de acidez máximos de 1mL

de NaOH 1N por 100g e 5 mL NaOH 1N por 100g, respectivamente (SILVEIRA et al.,

2000, PEREIRA, 1998). O polvilho é um produto típico brasileiro de grande consumo,

principalmente nos estados de Minas Gerias e São Paulo. Apesar de ser um produto

aberto à exportação, a falta de uniformidade do polvilho durante o ano, do ponto de vista

qualitativo e quantitativo, representa um problema para o mercado exportador

(SILVEIRA et al., 2000) e até mesmo para o crescente mercado interno.

Os microrganismos envolvidos na fermentação da fécula de mandioca para produção do

polvilho azedo podem ter origem da própria matéria-prima, dos tanques de fermentação

não lavados ou do meio ambiente. A respeito dos microrganismos que fazem parte da

flora de fermentação do polvilho, são citadas as bactérias dos gêneros Escherichia,

Alcaligenes, Micrococcus, Pseudomonas, Bacillus sp (B. subtilis, B. polymyxa, B

macerans, B. circulans, B. cereus, B. licheniformis) e Clostridium além de leveduras

(Saccharomyces) e alguns fungos (Penicillium e Aspergillus). As condições de

fermentação e de secagem do polvilho azedo podem causar contaminação do produto.

A fermentação é um processo natural, conduzido sob uma camada de água por um

período que varia de 30 a 40 dias conforme a região e as condições climáticas. A

secagem é realizada em jiraus de bambu, com panos sobrepostos ou em terreiro batido

Page 30: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

30

ou cimentado, revestido com plástico preto por período de 8 a 14 horas, exposto ao sol

(SILVEIRA et al., 2000).

Não foram encontrados, na revisão da literatura, trabalhos a respeito da qualidade

microbiológica do polvilho quanto à segurança alimentar. Entretanto, embora sejam

precárias as condições de fabricação deste produto, é possível supor que a acidez e a

baixa atividade de água do polvilho sejam eficientes barreiras que impeçam o

crescimento de microrganismos patogênicos. A própria flora fermentativa tende a

diminuir ao final do processo de fermentação devido à injúrias ou lesões letais causadas

nos mesmos pela acidez do meio (ZAPATA et al., 1991 citado por SILVEIRA et al.,

2000).

Para preservar a qualidade do polvilho devem ser tomadas determinadas precauções no

armazenamento do produto, tais como: local de estocagem fresco, seco e arejado, sem

incidência de luz solar direta, empilhamento dos sacos sob estrados de 25 cm de altura,

pilhas afastadas umas das outras e das paredes de forma a permitir correta limpeza e

controle de insetos e roedores (BRASIL, 2000b, SÃO PAULO, 2000, SENAI & SEBRAE,

2000, SOUZA et al., 1998, SBCTA, 1995a,b).

3.1.5 Qualidade microbiológica da margarina

A margarina é uma emulsão água-óleo com alto teor de gordura. A fase aquosa é

formada por micro-gotículas de água de tamanho que variam de 1 a 20 µm dispersos na

fase oleosa. A composição da margarina e principalmente o tamanho das gotículas da

fase aquosa constituem efetivas barreiras que limitam o crescimento da maioria dos

microrganismos, principalmente aqueles que são considerados patogênicos. Quanto

menor é o tamanho das gotículas da fase aquosa maior é a área superficial, porém,

menores são a área interna disponível para o crescimento microbiano e a quantidade

disponível de nutrientes dentro da gotícula, conseqüentemente uma emulsão fina, como

a margarina, limita o número de gerações de uma bactéria. Com relação à formulação, a

presença de até 2% de sal na margarina favorece a redução do crescimento microbiano.

O uso de aditivos, como sorbato, reduz os problemas de deterioração causados por

leveduras e, principalmente, por fungos. Estes últimos, diferentemente das bactérias e

leveduras, têm capacidade de transitar através da fase aquosa, conseguindo expandir a

micela oleosa provocando uma deterioração visível. A microflora deteriorante

Page 31: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

31

predominante é formada por bactérias com capacidade lipolítica tais como

Pseudomonas, Flavobacterium, Micrococci, Zymomonas e Bacillus (DELAMARRE &

BATT, 1999).

VERRIPS & ZAALBERG (1980) concluíram que o crescimento de Enterobacter e

Staphylococcus na margarina não é significativo, quando comparado ao crescimento

obtido em emulsões similares à margarina em temperatura de 20oC. DELLAMARRE &

BATT (1999) relataram dois incidentes envolvendo margarina: um foi a detecção de

enterotoxina estafilocócica em margarina adicionada de manteiga concluindo-se que a

toxina era originada da manteiga acrescentada; o outro foi um caso fatal de listeriose

ocorrido no Reino Unido em 1989, causado pelo consumo de margarina. Estes autores

relataram, ainda, a presença de Listeria em 6,92% de amostras de margarinas

estocadas sob refrigeração. Não foram encontrados dados a respeito da qualidade

microbiológica da margarina produzida no Brasil.

3.2 Hábitos higiênicos na manipulação dos alimentos

As bactérias encontradas na pele são classificadas como residentes ou como

transitórias. A flora residente, formada em sua grande maioria por bactérias gram-

positivas de baixa virulência, apesar de não ser facilmente removida por escovação,

pode ser inativada por anti-sépticos. As bactérias desta flora localizam-se em maior

quantidade em torno e sob as unhas, sendo a maior parte encontrada nas camadas

superficiais da pele. Um percentual de 10-20% localiza-se nas fendas da pele das mãos

ou no interior dos folículos pilosos, onde os lípides e o epitélio superficial estratificado

podem dificultar a sua remoção (ALMEIDA et al., 1995, MINISTÉRIO..., 1989). A flora

transitória é formada por bactérias gram-negativas e pelos estafilococos. Estas

bactérias, por estarem localizadas na superfície da pele junto às sujidades, além de

serem removidas com maior facilidade por lavagem bem feita das mãos com detergente,

apresentam curta viabilidade (MINISTÉRIO..., 1989). Em muitas pessoas os

estafilococos tornam-se parte significativa da microbiota residente (ALMEIDA et al.,

1995). MINISTÉRIO... (1989) cita incidência de 5 a 25% de Staphylococcus aureus na

pele da mão, de 0 a 4% de Staphylococcus pyogenes e a incidência de bactérias da

família Eenterobacteriaceae como incomum.

Page 32: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

32

SILVA JR (1997) recomenda a pesquisa dos seguintes microrganismos nas mãos:

coliformes fecais (indicadores de contaminação fecal), Staphylococcus aureus (indicador

de presença de material nasal e orofaríngeo), Bacillus cereus (indicador de

contaminação ambiental) e Pseudomonas aeruginosa (indicador de utilização

inadequada de produtos anti-sépticos); ressaltando que essas análises são válidas

como monitoramento do processo de higiene apenas quando as amostras são colhidas

após a higienização, considerando satisfatório a ausência de todos estes

microrganismos. Os coliformes totais e os fungos (bolores e leveduras) não são

estudados nas análises convencionais, por não serem bons indicadores de

contaminação, podendo aparecer mesmo após a higienização das mãos (SILVA JR,

1997).

Mãos sujas ou mal lavadas representam um dos principais pontos críticos e primeira via

de contaminação de alimentos (SABINO & SABINO, 1999). Os manipuladores podem

disseminar microrganismos para os equipamentos, utensílios e alimentos processados

de duas formas: entrando em contato com alimentos contaminados ou sendo portadores

(sintomáticos ou assintomáticos) de microrganismos de importância sanitária (FELIPE et

al., 1995). FERREIRA et al. (1984) conseguiram isolar Salmonella em 19,82% dos

funcionários avaliados em restaurantes em Belo Horizonte. ZELANTE et al. (1982),

avaliando a presença de Staphylococcus aureus na boca e no nariz em 130 indivíduos

clinicamente sadios, encontraram 47 (36,15%) pessoas portadoras deste

microrganismo. CASTRO & IARIA (1984) realizaram pesquisa de S. aureus em material

de vestíbulo nasal de 78 manipuladores de alimentos e encontraram 33 (42,3%)

portadores nasais. RADDI et al. (1988) acharam entre 48 manipuladores de alimentos

44,1% e 34,8% de indivíduos portadores de S. aureus em fossas nasais e mãos,

respectivamente.

Os manipuladores representam um dos principais veículos de contaminação chegando a

atingir até 26% das causas de surtos (RIBEIRO, 1998). RIBEIRO et al. (1999) isolaram

S. aureus concomitantemente das mãos de quatro funcionários e do alimento envolvido

em um surto de toxinfecção alimentar e verificaram que as cepas isoladas eram as

mesmas. PEREIRA et al. (1994), estudando um surto atribuído a um bolo de festa,

encontraram a mesma cepa de S. aureus no alimento e no nariz e unhas dos

funcionários. NEVES et al. (1999) estudaram o perfil do manipulador de alimentos no

comércio varejista e constataram falta de hábitos higiênicos e, conseqüentemente,

Page 33: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

33

necessidade de treinamentos para conscientização da importância da higiene no

preparo dos alimentos. Para FELIPE et al. (1995), a melhor forma de prevenir a

disseminação de microrganismos por manipulação incorreta é implantando programas

de treinamento e conscientização do manipulador, bem como aplicando o sistema

APPCC.

Em certos países, a ausência de Staphylococcus aureus na região nasal de indivíduos é

condição imperativa para a sua contratação como manipulador de alimentos (SILVA JR,

1997). No Brasil, a legislação prevê o afastamento apenas do manipulador que

apresenta sintomas (FELIPE et al., 1995). Desta forma, hábitos higiênicos destacam-se

como imprescindíveis para garantir a qualidade e a segurança do alimento. Para isto, o

estabelecimento deve dispor de instalações para lavagem das mãos posicionadas

estrategicamente em relação ao fluxo de produção. Destaca-se ainda como um ponto

importante, o controle da saúde dos funcionários com admissão somente após exames

de rotina exigidos pela legislação; e exames periódicos, principalmente após

afastamento por doenças (BRASIL, 2000b, SÃO PAULO, 2000, SENAI & SEBRAE,

2000, SOUZA et al., 1998, SBCTA, 1995a,b, BRYAN, 1979).

A eficiência da utilização de luvas e máscaras na diminuição da contaminação do

alimento é controvertida. Em caso de necessidade do uso de luvas, estas devem ser

mantidas em perfeitas condições de limpeza não desobrigando a lavagem correta das

mãos (BRASIL, 2000b, SBCTA, 1995a,b). A utilização de máscaras é recomendada em

caso de manipulação direta de produtos sensíveis à contaminação (SBCTA, 1995a).

SILVA JR (1997) cita que a utilização de máscara e de luvas descartável não trouxe

benefícios na diminuição da contaminação do alimento, e conclui que os funcionários

brasileiros não estão adaptados à utilização de tais adereços, sendo mais receptivos

aos treinamentos e conscientização da necessidade de higienização e anti-sepsia das

mãos. Já DEL RIO & PICCOLI-VALLE (2000) mostraram que a utilização de luvas e

máscaras pelos operários durante a manipulação e embalagem de ricota reduziu a

contaminação de coliformes totais, coliformes fecais e Staphylococcus em cerca de dois

ciclos logarítmicos.

3.3 Higienização das superfícies de contato (equipamentos, utensílios, mesas)

Page 34: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

34

SILVA JR (1997) classifica os utensílios de acordo com o risco de causar toxinfecção

como de alto risco, aqueles que são usados no processo de fabricação desde a

recepção da matéria-prima até a sua distribuição, e como de baixo risco os utensílios de

mesa que entram em contato com os alimentos apenas durante o consumo, não

havendo tempo suficiente para reprodução dos microrganismos e nem para a produção

de toxina.

Os alimentos podem contaminar-se mediante contado com equipamentos, utensílios e

superfícies insuficientemente limpos, existindo surtos de doenças alimentares

relacionados à falta de limpeza e desinfecção destas superfícies (HOBBS & ROBERTS,

1997). Dos surtos ocorridos nos Estados Unidos, entre 1973 e 1976, relacionados com a

limpeza deficiente dos equipamentos, 33% foi devido à presença de Vibrio

parahaemolyticus, 21% devido à Salmonella, 3% devido á toxina produzida pelo

Staphylococcus aureus e 2% devido ao Clostridium perfringens (SILVA JR, 1997). O

crescimento de microrganismos em equipamentos e utensílios é influenciado pela

composição do alimento, pela temperatura ambiente e, principalmente, pela presença de

resíduos de alimentos (VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992), constituindo, a

adesão às boas práticas de manufatura, a principal medida de controle da contaminação

e do crescimento microbiano.

Superfícies que entram em contato com os alimentos devem estar praticamente livres

de microrganismos, sendo que a amostragem microbiológica dos utensílios e

equipamentos permite uma avaliação objetiva das práticas de sanitização (SPECK,

1984). O monitoramento da limpeza e desinfecção dos equipamentos e dos utensílios,

pode ser feito por inspeção sensorial (olhar, cheirar e apalpar para verificar a limpeza

dos equipamentos), por inspeção química (medida da concentração e do pH dos

sanitizantes) e por inspeção física (medida da temperatura da água de limpeza)

(VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992, SBCTA, 1995a,b). No entanto, a limpeza

aparente, feita por inspeção, pode induzir a erros, sendo necessário confirmar a

eficiência do processo de limpeza e desinfecção mediante análises microbiológicas

(SILVA JR, 1997).

O serviço de Saúde Pública dos EUA recomenda que equipamentos, adequadamente

limpos e sanitizados, utilizados em indústrias de alimentos não tenham mais do que 100

Unidades Formadoras de Colônias (UFC) por utensílio ou superfície de equipamentos

Page 35: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

35

amostrados por swab (VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992, SPECK, 1984).

Para amostragem de áreas definidas (em cm2), a contagem de resíduos bacterianos não

superior a 2 colônias por cm2 é satisfatória (SPECK, 1984). SILVA JR (1993)

recomendou, para equipamentos e utensílios de preparação, contagem de bactérias

mesófilas menor ou igual a 50 UFC/cm2 e ausência de coliformes fecais, S. aureus, B.

cereus e P. aeruginosa em 50 cm2 da área amostrada.

3.4 Higienização Ambiental

O ar não possui uma microbiota natural própria, a sua contaminação advém de

numerosas fontes como solo, aerossóis, animais, homem, alimentos contaminados,

poeiras geradas de produtos crus, sistema de ar condicionado, sujidades incrustadas

nos equipamento, nos utensílios e nos componentes estruturais da construção do prédio

(SAYEED & SANKARAN, 1990, VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992). No

ambiente, os microrganismos estão, principalmente, sob a forma de esporos (bactérias e

fungos), já que as células vegetativas de muitas bactérias não sobrevivem por muito

tempo no ar. Entretanto, quando o homem é a fonte de contaminação, os principais tipos

de microrganismos são células vegetativas de bactérias, especialmente Staphylococcus,

Streptococus, Micrococcus e outros microrganismos associados ao trato respiratório

humano, cabelo e pele (VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992).

A sobrevivência e o crescimento de microrganismos no ambiente de processamento dos

alimentos podem levar à contaminação do produto acabado reduzindo a sua segurança

e qualidade (VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992, SAYEED & SANKARAN,

1990, SPECK, 1984). A umidade na fábrica favorece o crescimento de patógenos e de

microrganismos deteriorantes que podem ser transferidos diretamente para o produto ou

podem ser carreados para nichos adicionais. Tais nichos (ambientes de crescimento

microbianos) são formados devido ao projeto deficiente da edificação dificultando a

limpeza; à falta de atividades de manutenção e de reparo da construção; ao ambiente

úmido e com presença de sujidades como restos de alimentos; entre outros. Têm sido

citados exemplos de contaminação de alimentos secos, tais como produtos lácteos

desidratados, ovos, farinha de soja, chocolate e manteiga de amendoim, por Salmonella,

como resultado de contaminação ambiental (VANDERZANT & SPLITTSTOESSER,

1992). O ambiente deve ser higienizado com água limpa e potável, sabão ou detergente

Page 36: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

36

e escova própria para cada local de limpeza, e depois deve ser desinfetado com solução

de hipoclorito de sódio. Escovas, baldes, panos de uso na limpeza geral, devem ser

devidamente identificados para não serem utilizados na limpeza de equipamentos,

mesas, utensílios (SILVA JR, 1997).

A análise microbiológica ambiental é útil para averiguar a eficiência do processo de

higienização do estabelecimento, sendo a contagem padrão em placas a análise mais

utilizada (VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992). O exame preventivo dos fungos

presentes no ar não é válido como indicador das condições de higiene devido ao grande

número de saprófitas no ambiente e à impossibilidade de observação dos patogênicos,

principalmente porque a presença de fungos dermatófitos no ambiente ou mesmo nas

mãos dos manipuladores, não implica na ocorrência de infecções micóticas no indivíduo

ou em transmissão de fungos aos alimentos (SILVA JR, 1997).

Um padrão quantitativo e qualitativo de microrganismo por volume de ar deve ser

estabelecido para cada indústria ou tipo de processamento, a partir de dados

experimentais. Estes padrões auxiliam na tomada de decisões relacionadas às

possíveis fontes de contaminação do produto, tais como fluxo de ar, sistemas de

filtração, densidade e atividade do pessoal (VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992,

SPECK, 1984).

3.5 Processo produtivo

A área de fabricação é crítica na elaboração dos alimentos devendo ser mantida em

condições que não levem à contaminação do produto (SBCTA, 1995a). Sua

configuração deve permitir fluxo linear, sem cruzamento de produtos em fases de

processamento diferente, como mostra a FIGURA 1. Deve existir, no mínimo, um local

para pré-preparo e um para preparo final, além de áreas separadas para retorno de

material sujo e para lavagem de utensílios, evitando a contaminação cruzada (SÃO

PAULO, 2000, SILVA JR, 1997, SBCTA, 1995a). A separação física das áreas é

necessária em estabelecimentos com grande produção. Manuais de operações devem

ser elaborados para cada etapa do processamento, sendo, o controle de todo processo

produtivo, primordial para a garantia da qualidade e segurança do produto (SBCTA,

1995a).

Page 37: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

37

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FIGURA 1: Fluxo compatível com o lay out para a manipulação correta do alimento. Fonte: adaptado de SÃO PAULO, 2000.

4 Fatores que influenciam o crescimento microbiano

Os microrganismos necessitam de condições adequadas de umidade, temperatura e pH

para multiplicação. As propriedades inerentes ao alimento com respeito ao pH, água

disponível e temperatura, determinam quais microrganismos entre aqueles inicialmente

presentes têm maior probabilidade de crescimento. O conhecimento dos fatores que

favorecem ou inibem a multiplicação dos microrganismos é fundamental para

compreender os princípios básicos que regem tanto a alteração como a conservação

dos alimentos (FRAHER & WESTHOFF, 1993, SCOTT, 1957). Todos os fatores que são

bacteriostáticos ou bactericidas são barreiras ou obstáculos para o crescimento de

microrganismos e governam muitos processos de conservação dos alimentos

(JAYAPRAKASHA et al., 1997; AQUALAB, 1999). Para o caso específico de massas

alimentícias, LEITÃO (1986) constatou que o pH, o potencial redox, a composição do

alimento e a atmosfera que o envolve são altamente favoráveis para a proliferação da

grande maioria da microbiota contaminante ou patogênica, sendo a atividade de água e

Área para recebimento da matéria-prima

Área para armazenamento da matéria-prima

Área para pré-preparo

Área para preparo Área para higienização dos utensílios e peças

dos equipamentos

Área para lixo

Área para embalagem do produto produzido

Área para armazenamento do produto acabado

Área para expedição do produto final Área para descarte do lixo

Page 38: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

38

a temperatura fatores críticos a serem controlados com o objetivo de assegurar a

obtenção de produtos adequados quanto ao aspecto microbiológico.

As massas cruas de pão de queijo são conservadas mediante o emprego de

temperaturas baixas (congelamento a -18ºC). As temperaturas baixas são usadas para

retardar as reações químicas e a atividade enzimática, bem como para retardar a

multiplicação e a atividade dos microrganismos existentes nos alimentos. Quanto mais

baixa a temperatura, mais lentas são as reações químicas, a atividade enzimática e a

multiplicação de microrganismos. Nas condições sob as quais os alimentos congelados

são armazenados, o crescimento de microrganismos é completamente inibido e a

atividade das enzimas existentes é retardada de forma importante (FRAZIER &

WESTHOFF, 1993).

O congelamento impede a multiplicação da maioria dos microrganismos transmitidos

pelos alimentos, enquanto que a refrigeração apenas diminui a velocidade de

multiplicação (FRAZIER & WESTHOFF, 1993), existindo alguns microrganismos

patogênicos que se multiplicam na temperatura de refrigeração, como Listeria

monocitogenes a 0ºC, Clostridium botulinum a 3ºC, Yersinia enterocolitica a 3ºC,

Salmonella sp. a 6ºC, Vibrio cholerae a 5ºC e Bacillus cereus a 5ºC (SILVA JR, 1997). A

temperatura de congelamento pode exercer efeitos letais ou subletais sobre os

microrganismos, devido à desnaturação e precipitação de proteínas ou como

conseqüência de lesões físicas causadas pela formação de cristais de gelo. As células

danificadas, com tempo suficiente e em meio nutritivo, são capazes de restabelecer sua

integridade celular (FRAZIER & WESTHOFF, 1993). Logo, o congelamento é um

método de controle do crescimento de microrganismos, não sendo um método capaz de

diminuir, significativamente, o número de células contaminantes.

Vários fatores influenciam a resposta dos microrganismos ao congelamento, como a

espécie e a fase de crescimento (bactérias em fase logarítmica de crescimento são mais

sensíveis ao congelamento), a velocidade de congelamento (velocidade mais rápida

tende a ser menos letal), a temperatura de congelamento (temperaturas compreendidas

entre -4 e -10ºC inativam um maior número de microrganismos do que temperaturas

entre -15 e -30ºC), tempo de armazenamento sob a temperatura de congelamento (o

número de células viáveis diminuem com o tempo de armazenamento), tipo de alimento

(presença de maior teor de açúcares, sal, proteínas, gordura exercem efeito protetor e

Page 39: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

39

maior teor de água e pH mais baixo aceleram a destruição das células) e procedimento

de descongelamento (congelamento e descongelamento sucessivos e temperaturas

mais altas de descongelamento aceleram a destruição de microrganismos) (FRAZIER &

WESTHOFF, 1993).

O conhecimento dos efeitos causados pelo congelamento nas células bacterianas é

importante para a especificação de padrões bacteriológicos para alimentos congelados.

Os procedimentos analíticos para contagem de microrganismos neste tipo de alimento,

bem como a interpretação do número de células viáveis, devem levar em conta a

patogenicidade dos microrganismos danificados, que em meio adequado, conseguem

restabelecer sua integridade (FRAZIER & WESTHOFF, 1993).

5 Microrganismos de importância com respeito à qual idade e à segurança do pão

de queijo

Surtos de intoxicação alimentar são bastante freqüentes no mundo todo. As doenças

transmitidas pelos alimentos representam um grau considerável de morbidade e de

mortalidade. Uma das maiores causas de perda econômica em um país é o gasto com

as enfermidades transmitidas por alimentos; o custo real dos gastos com estes tipos de

enfermidades raramente é quantificado, por causa da não notificação e sub-notificação

(ICMSF, 1997), devendo-se levar em conta, não apenas os gastos com hospitais e

medicamentos, mas também, a perda por diminuição da capacidade de trabalho da

pessoa infectada. Outra causa importante de perda econômica é a deterioração

microbiana, cujo custo real, embora represente um gasto considerável, não é

quantificado e é adicionado ao custo do produto final (ICMSF, 1997).

Durante o processamento de alimentos os microrganismos de maior interesse são os

indicadores de condições higiênicas e condições sanitárias (contagem de mesófilos,

contagem de bolores e de leveduras, coliformes totais e fecais) e microrganismos

patogênicos tais como Staphylococcus aureus, Salmonella sp., Bacillus cereus, que são

microrganismos importantes para a Saúde Pública. A presença de microrganismos

patogênicos em alimentos indica condições sanitárias impróprias e possível fonte de

perigo de toxinfecção alimentar (ANDRÉ et al., 1999).

Page 40: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

40

5.1 Microrganismos aeróbios mesófilos, bolores e leveduras

As contagens de bolores, leveduras e aeróbios mesófilos informam as condições

higiênicas vigentes ao longo do processamento, tais como a higiene dos utensílios, dos

equipamentos, das mãos, a qualidade do ar ambiente, das matérias-primas, bem como

indicam condição inadequada de tempo-temperatura de armazenamento ou de

processamento (RIBEIRO, 1998, SOUZA, 1997). Altas contagens de bactérias mesófilas

podem indicar a ocorrência de condições potenciais para o desenvolvimento de

patógenos (SOUZA, 1997, ANDRÉ et al., 1999).

5.2 Coliformes totais, coliformes fecais e Escherichia coli

O grupo dos coliformes totais inclui cerca de 20 espécies, dentre as quais encontram-se

tanto bactérias originadas do trato gastrointestinal de humanos e animais de sangue

quente, como também diversos gêneros e espécies de bactérias não entéricas. Por esta

razão, a enumeração dos coliformes totais em água e alimentos é menos representativa

como indicação de contaminação fecal, do que a enumeração de coliformes fecais.

Porém, a presença de coliformes totais em alimentos processados evidencia práticas de

higiene e sanificação aquém dos padrões requeridos para o processamento de

alimentos (SILVA et al., 1997).

O grupo dos coliformes inclui pelo menos quatro gêneros da família Enterobacteriaceae:

Escherichia, Citrobacter, Enterobacter e Klebsiella, sendo que os três últimos incluem

cepas que não são de origem fecal (JAY, 1994). O representante dos coliformes fecais é

a E. coli; uma espécie perfeitamente definida, que habita o trato intestinal do homem e

animais e, geralmente, não sobrevive por tempo prolongado em outros ambientes. Com

isto, a investigação desta bactéria em alimentos fornece informações seguras a respeito

das condições sanitárias do produto (HOBBS & ROBERTS, 1997, JAY, 1994). A

presença desta bactéria em alimentos indica uma contaminação direta ou indireta de

origem fecal, implicando em possibilidade da presença de outros patógenos entéricos,

como de Salmonella (ICMSF, 1982).

As cepas de E. coli que produzem gastroenterites podem ser enterotoxigênicas (ETEC),

enteroinvasoras (EIEC), enteropatogênicas (EPEC), entero-hemorrágicas (EHEC) ou

enteroagregativas (EAggEC). As cepas ETEC produzem uma ou mais enterotoxinas que

Page 41: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

41

podem ser termolábeis (temperatura de destruição igual a 60ºC / 30 min) ou

termoestáveis (temperatura de destruição superior a 100ºC / 15 min), sendo, nos

Estados Unidos, conhecidas como as responsáveis pela "diarréia dos viajantes". As

cepas EHEC são produtoras das verotoxinas, similares à produzida pela bactéria

Shigella dysenteriae, que danificam severamente às células epiteliais do intestino

delgado causando a doença conhecida como colite hemorrágica que, em casos mais

graves, resulta no quadro conhecido como síndrome urêmica hemolítica. A cepa

EAggEC produz uma toxina termoestável e causa diarréia aquosa por mecanismo ainda

não conhecido. As EPEC estão associadas às diarréias infantis e dos recém-nacidos e a

EIEC invadem as células epiteliais do intestino grosso causando diarréia sanguinolenta

e necrose do tecido epitelial do cólon (ORMENESE et al., 1999, NATARO & KAPER,

1998, JAY, 1994).

5.3 Staphyloccocus aureus

O Staphyloccocus aureus é um microrganismo potencialmente patogênico que cresce

com facilidade em ambientes úmidos, podendo ser encontrado freqüentemente no ar,

fezes, esgotos, alimentos e, principalmente, na mucosa nasal do homem e animais

(CARVALHO & SERAFINI, 1996). Sua presença em alimentos pode indicar manipulação

em condições sanitárias insatisfatórias e possível fonte de perigo de intoxicação

alimentar (RIBEIRO, 1998, ANDRÉ et al., 1999), podendo, a contaminação, originar-se

dos manipuladores, dos utensílios ou dos equipamentos (RIBEIRO, 1998).

O Staphyloccocus aureus é capaz de sobreviver por longos períodos em objetos

inanimados secos e é relativamente resistente ao calor e a altas concentrações lipídicas

e salinas, sendo capaz de crescer em concentrações de sal entre 7 e 10%, e algumas

cepas são capazes de crescerem em concentrações de sal igual a 20% (JAY, 1994).

Alguns sorotipos podem produzir enterotoxinas que, quando ingeridas, causam

intoxicação alimentar em um prazo que varia de 30 minutos à 8 horas, provocando

náuseas, vômitos e diarréia. Além disso, essa bactéria pode causar as feridas,

vulgarmente conhecidas como furúnculos (INMETRO, 2000b). A intoxicação alimentar

causada por esta bactéria deve-se a proteínas imunologicamente distintas com

características de hidrossolubilidade e de resistência térmica. Foram identificados, até o

momento, nove diferentes tipos de enterotoxinas estafilocócicas (SENA, 2000). A

Page 42: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

42

quantidade requerida para produzir sintomas em um indivíduo é variável, podendo ser

de 100 ng a 1000 ng (BERGDOLL, 1990). Alimentos submetidos a tratamento térmico

podem não apresentar células viáveis de S. aureus e ainda assim conter toxinas

estafilocócicas que são bastante termorresistentes. (ICMSF, 1982, JAY, 1994, SILVA et

al., 1997). JAY (1994) cita temperaturas de inativação diferentes, segundo o tipo de

toxina estafilocócica e valores D correspondentes à destruição térmica da enterotoxina

B, variando de D121ºC = 11,4 min a D110ºC = 60 min. A freqüência da intoxicação

estafilicócica nos Estados Unidos é estimada em um a dois milhões de casos por ano,

atribuindo-se, estes casos, à estocagem inadequada ou a falta de higiene na

manipulação do alimentos (BEAN et al., 1990).

A contagem de S. aureus em alimentos é feita para confirmar o seu envolvimento em

surtos de intoxicação alimentar e para o controle da qualidade higiênico-sanitária do

processo de produção, uma vez que este microrganismo serve como indicador de

contaminação durante o processamento ou das condições de sanificação das

superfícies que entram em contato com os alimentos (SILVA et al., 1997).

5.4 Salmonella sp.

Dentre as enfermidades de origem alimentar, as Salmonella sp. tem sido apontadas

como as responsáveis pela maioria dos surtos onde o agente etiológico foi detectado

(BRYAN, 1988). Todas as espécies e estirpes de Salmonella podem ser patogênicas

para o homem e os sintomas da doença, bem como a gravidade, variam de acordo com

o sorotipo (RIBEIRO, 1998). As infecções por Salmonella sp. podem gerar sintomas

como náuseas, vômitos, diarréia, dores abdominais, debilidade e hipertermia. Um

indivíduo que se recupera de salmonelose pode permanecer como portador, excretando

a bactéria nas fezes, por dias ou meses (HOBBS & ROBERTS, 1997).

Alimentos crus de origem animal são as maiores fontes de Salmonella. Se as técnicas

de manipulação e higiene não forem adequadas, o manipulador, ao entrar em contato

com o alimento contaminado, poderá servir como agente disseminador deste

microrganismo aos equipamentos, utensílios e alimentos já processados. Outra forma

de contaminação é através de manipuladores infectados (FELIPE et al., 1995). A

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43

refrigeração adequada é o meio mais seguro de prevenção do crescimento deste

microrganismo em alimentos (SOUZA, 1997).

As Salmonella sp. são bactérias pouco exigentes em nutrientes e são fracas

competidoras (HUI et al., 1994, JAY 1994). A técnica tradicional de detecção de

Salmonella em alimentos é um método cultural clássico, desenvolvido com a finalidade

de garantir a detecção mesmo em situações extremamente desfavoráveis, como é o

caso, por exemplo, da presença de células injuriadas ou da presença de uma microbiota

competidora maior do que a população de Salmonella. A metodologia recomendada

segue basicamente quatro etapas que podem ser aplicadas a qualquer tipo de alimento:

uma etapa de pré-enriquecimento em caldo não seletivo com o objetivo de recuperar

células injuriadas, uma etapa de enriquecimento em caldo seletivo com a finalidade de

inibir a multiplicação da microbiota acompanhante e promover preferencialmente a

elevação do número de células de Salmonella, plaqueamento seletivo diferencial que

promove o crescimento preferencial de colônias de Salmonella, com características

típicas que as distingam das competidoras, para posterior confirmação sorológica e

bioquímica, etapa está denominada confirmatória (SILVA et al., 1997).

5.5 Bacillus cereus

O Bacillus cereus é um microrganismo amplamente distribuído na natureza, podendo

ser encontrado no solo, no ar, nos vegetais, nos cereais, nos pêlos dos animais e nas

águas naturais, como também em leite e derivados (KRAMER & GILBERT, 1989). A

bactéria tem uma temperatura de crescimento mínima ao redor de 4 a 5ºC e máxima de

48 a 50ºC. Seu crescimento foi demonstrado em intervalo de pH 4,9 a 9,3 (JAY, 1994).

O Bacillus cereus forma esporos e está associado a surtos de toxinfecções alimentares.

São citados os seguintes valores D correspondentes à destruição térmica dos esporos

deste microrganismo: D85ºC = 220min, D90ºC = 71 min, D95ºC = 13 min, D100ºC = 8 min. Em

óleos este valor pode chegar a 30 min à temperatura de 121ºC (GOEPFERT et al.,

1972). Este microrganismo apresenta uma grande importância para o pão de queijo uma

vez que espécies do gênero Bacillus são comumente encontrados em cereais e

produtos amiláceos (SENAI & SEBRAE, 2000).

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44

A intoxicação alimentar por B. cereus ocorre após a ingestão de alimentos nos quais

este microrganismo cresceu e formou toxinas. Há dois tipos de intoxicação; um tipo

caracterizado por diarréia ocorrendo em 8-24 horas após a ingestão da toxina diarréica

e outro tipo caracterizado por emese ocorrendo dentro de um curto período de tempo (1-

6 horas) após a ingestão da toxina emética. Nas duas formas de intoxicação, os

sintomas são suaves e a recuperação ocorre dentro de 12-24 horas (ICMSF, 1996). A

toxina diarreica é termolábel, sendo que algumas cepas produzem esta enterotoxina a

4ºC depois de 24 dias, a 7ºC em um prazo de aproximadamente 12 dias e em

aproximadamente 48 horas a 17ºC e em pH neutro. Já a toxina emética é termoestável

e resistente às variações de pH (JAY, 1994).

O quadro patológico caracterizado por diarréia pode ser causado, também, pela

ingestão de grande quantidade de células microbianas (infecção alimentar) (ICMSF,

1996). O processo patológico desencadeado pelo B. cereus somente é evidenciado

quando a bactéria teve oportunidade de multiplicar-se no alimento, atingindo níveis

variáveis entre 106 e 107 células por grama do alimento (GOEPERT et al., 1972, JAY,

1994).

6 Técnicas para avaliações microbiológicas de super fícies e de ambientes

O exame microbiológico das superfícies requer a seleção de um método apropriado. A

comprovação das condições de higiene dos ambientes, equipamentos, utensílios e

mãos dos manipuladores consiste em inspecioná-los quanto à microbiota, após serem

submetidos ao procedimento de higienização (SILVA JR, 1997). O swab e as placas de

contato são as técnicas usuais para amostragem de superfícies. A técnica do swab,

quando comparada a outras técnicas, apresenta maior capacidade de recuperação de

microrganismos para áreas ásperas e irregulares, com fendas e fissuras. A técnica de

placas de contato deve ser utilizada somente para amostrar superfícies planas,

niveladas e impermeáveis que são relativamente de fácil limpeza e desinfecção

(VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992).

Para amostragem dos microrganismos viáveis presentes no ar ambiente, podem ser

utilizados vários métodos quantitativos, tais como sedimentação, filtração, centrifugação,

precipitação eletrostática, entre outras. A técnica de sedimentação baseia-se na

Page 45: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

45

exposição de placas contendo meio de cultivo não seletivo em um ambiente particular.

As partículas viáveis, depositadas por gravidade na superfície do ágar, são contadas

após incubação. Esta técnica é de fácil execução e barata, porem é altamente

tendenciosa em relação às partículas maiores (VANDERZANT & SPLITTSTOESSER,

1992, SPEAK, 1984). Devido à turbulência do ar durante as horas de operação, a

amostragem por métodos volumétricos é mais eficiente e segura do que amostragem

por sedimentação. (SPEAK, 1984).

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Page 54: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

54

CAPÍTULO I

Levantamento da qualidade microbiológica das massas congeladas de pães de queijo comercializadas em Belo Horizonte, M inas Gerais.

RESUMO

Para verificar a qualidade microbiológica das massas congeladas de pães de queijo

comercializadas em Belo Horizonte - MG, foi realizado um estudo dos laudos de

autuação da Vigilância Sanitária Estadual, com o objetivo de avaliar a freqüência relativa

dos microrganismos que estão envolvidos na condenação desse produto. Os dados

foram coletados no Laboratório de Microbiologia de Alimentos da Fundação Ezequiel

Dias - FUNED, onde as análises foram realizadas. Ao todo, foram avaliados 98 laudos.

As amostras foram coletadas nas indústrias nos anos de 1998 e 1999 pelo Serviço de

Vigilância Sanitária do Estado de Minas Gerais e enviados à FUNED para a realização

das análises. Os resultados encontrados mostraram um total de 69,4% das amostras em

desacordo com os padrões legais vigentes, revelando a presença de Salmonella sp. em

7,1% das amostras, coliformes fecais acima do limite permitido em 55,1% e

Staphyloccocus aureus acima do limite permitido em 41,8%. A contagem de clostrídios

sulfito redutores em 16,3% das amostras, resultou na ausência deste microrganismo.

Palavras-chaves: pão de queijo, laudos fiscais, freqüência relativa de microrganismos.

ABSTRACT

In order to verify the microbiological quality of cheese roll frozen dough sold in Belo

Horizonte - MG, a study of fiscal analytical forms of the State Sanitary Surveillance

System was accomplished, with the objective of determining the relative frequency of the

microorganisms involved in the condemnation of that product. Data were collected in the

Food Microbiology Laboratory of Fundação Ezequiel Dias - FUNED, where the analyses

were accomplished. As whole, 98 analytical forms were evaluated. Samples were

collected in the industries during 1998 and 1999 for the Service of Sanitary Surveillance

System of Minas Gerais and send to FUNED for analyses. Results showed a total of

69,4% of the samples in disagreement to the effective legal standards, revealing

Page 55: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

55

presence of Salmonella sp. in 7,1% of the samples, fecal coliforms above the limit in

55,1%, and Staphyloccocus aureus above the limit in 41,8%. Counting of sulfite reducing

Clostridium in 16,3% were also made of the analyzed samples, and the presence of

these microorganisms was not detected.

Word-keys: cheese roll, fiscal analytical forms, relative frequency of microorganisms.

1 INTRODUÇÃO

O pão de queijo surgiu nas fazendas do interior de Minas Gerais e hoje é um produto

reconhecido como típico da culinária mineira. Até a década de 80, a produção de pão de

queijo era inteiramente artesanal (PEREIRA, 1998). Nos últimos dez anos, houve um

grande crescimento em sua produção, devido à introdução do congelamento do produto,

levando ao aumento da oferta e ao abaixamento do preço (RIBAS, 1997). Em 1997 e

1998, existiam em Minas Gerais 78 empresas produtoras de pão de queijo cadastradas,

das quais 57 estavam localizadas no município de Belo Horizonte (CETEC/MG, 2000).

O crescimento da oferta do pão de queijo possibilitou a sua comercialização em todo o

país e no exterior (RIBAS, 1997). Hoje, este produto pode ser encontrado em países

com os mais diferentes hábitos alimentares (CHAGAS, 1999).

A ocorrência de surtos de origem alimentar é preocupação, tanto em países

subdesenvolvidos como em países desenvolvidos, e com a expansão da

comercialização do pão de queijo, cresceu a preocupação com a qualidade do produto e

com a sua inocuidade. Em novembro de 1999, o INMETRO efetuou levantamento em

que foram analisadas onze marcas de pães de queijo, objetivando verificar se as

diversas marcas existentes atendiam aos regulamentos pertinentes. Duas marcas foram

consideradas como "produto em condições higiênico-sanitárias insatisfatórias",

indicando falta de cuidado com a higiene no processo de fabricação, sem trazerem risco

à saúde do consumidor. Sete marcas foram classificadas como "produto impróprio para

o consumo", apresentando bactérias em níveis capazes de causar distúrbios intestinais.

E apenas duas marcas estavam de acordo com o exigido pela Portaria nº451/1997-

SVS/MS. Em nenhuma das amostras analisadas foram encontradas as bactérias

Salmonella sp. e clostrídios sulfito redutores em níveis que pudessem colocar em risco a

saúde dos consumidores (INMETRO, 2000).

Page 56: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

56

Recentemente, foi realizada uma nova avaliação da qualidade do pão de queijo

produzido em Minas Gerais, tendo sido analisadas amostras de 61 marcas, que

dominam o mercado formal no Estado. As amostras de 20 marcas foram consideradas

impróprias para o consumo, por conterem níveis de contaminação por coliformes fecais

e por Staphylococcus coagulase positiva acima do permitido pela legislação

(ESTADO..., 2001a,b).

Estes resultados evidenciaram a existência de marcas de pães de queijo que não

apresentam qualidade satisfatória quanto aos aspectos higiênico-sanitários e outras que

representam risco à saúde dos consumidores. Os problemas encontrados podem estar

relacionados à falta de cuidado com a higiene no processo de fabricação, à manipulação

incorreta dos alimentos e à falta de controle da qualidade das matérias-primas,

principalmente do queijo Minas.

Este trabalho objetivou estudar os principais microrganismos envolvidos na condenação

das massas congeladas de pães de queijo encontradas no comércio, na cidade de Belo

Horizonte, Minas Gerais, usando-se laudos de analises fiscais do produto, bem como

analisar o perigo potencial de ocorrência de toxinfecções por esses microrganismos.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados laudos analíticos emitidos pela Fundação Ezequiel Dias - FUNED,

referentes às amostras de massas congeladas de pães de queijo coletadas pela

Vigilância Sanitária do Estado de Minas Gerais, para fins de análise fiscal e de

monitoramento da qualidade do pão de queijo. A partir do estudo de 98 laudos foram

feitas as distribuições da freqüência relativa da presença de microrganismos no produto

e a relação percentual de cada um com a condenação das amostras de pães de queijo.

As amostras, correspondentes a 22 marcas diferentes de pães de queijo

(aproximadamente 38,6% das marcas de pão de queijo existentes no mercado de Belo

Horizonte, nesta época), foram coletadas diretamente nas indústrias pelo Serviço de

Vigilância Sanitária Estadual, nos anos de 1998 e 1999 e enviadas à FUNED para

análise. Foram efetuadas contagens de coliformes de origem fecal, de Staphylococcus

aureus e pesquisa de Salmonella sp. Realizou-se, também, a contagem de clostrídios

Page 57: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

57

sulfito redutores em 16 das 98 amostras analisadas. As metodologias analíticas

utilizadas foram as recomendadas pelo Americam Public Health Association - APHA

(VANDERZANT & SPLITTSTOESSER, 1992). A Portaria no451/1997- SVS/MS não

determina padrões específicos para o pão de queijo, assim, os dados dos laudos foram

apreciados de acordo com os padrões para "avaliação de alimentos para os quais não

existem padrões específicos", determinados pela referida Portaria. Os resultados

também foram comparados aos padrões para massas congeladas de pães de queijo

especificados na Resolução ANVISA nº12/2001.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 98 amostras fiscais analisadas na FUNED, 69,4% apresentaram-se em desacordo

com os padrões da Portaria SVS/MS no451-1997, conforme ilustrado na FIGURA 1.1.

Os microrganismos envolvidos na condenação das amostras foram coliformes fecais

(55,1%), Staphylococcus aureus (41,8%) e Salmonella sp. (7,1%) (FIGURA 1.2). Pode

ser observada na FIGURA 1.2 que mais de um microrganismo estava envolvido na

condenação de uma mesma amostra, uma vez que a soma das percentagens é superior

a 100%. Foi constatada, ainda, ausência de condenação pela presença de clostrídios

sulfito redutores.

FIGURA 1.1: Amostras de pão de queijo, comercializadas em Belo Horizonte - MG, aprovadas e reprovadas, em análises fiscais realizadas nos anos de 1998 e 1999, segundo a Portaria SVS/MS n o451-1997.

69,4%

30,6%

Aprovados Reprovados

Page 58: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

58

FIGURA 1.2: Causas de condenação de amostras de pão de queijo, coletadas em Belo Horizonte-MG, nos anos de 1998 e 1999, segundo os padrões especificados pela Portaria n o451/97-SVS/MS.

Embora em 1998-1999 a legislação vigente era a Portaria SVS/MS nº451-1997, foi

realizada, neste trabalho, uma comparação entre os dados dos laudos fiscais com a

legislação vigente (Resolução ANVISA nº12-2001), cujos resultados estão apresentados

na FIGURA 1.3. A Resolução ANVISA nº12-2001 estabelece padrões menos rígidos do

que a Portaria SVS/MS nº451-1997, tanto para coliformes fecais como para

Staphylococcus aureus (QUADRO 3 do ANEXO), podendo ser observada, na FIGURA

1.3, uma menor percentagem de amostras reprovadas (57,1%), em comparação com a

Portaria SVS/MS nº451-1997 (69,4%) (FIGURA 1.1).

FIGURA 1.3: Amostras de pão de queijo coletadas em Belo Horizonte-MG, nos anos de 1998 e 1999 que atenderam ou não à Resolução ANVISA n o12-2001.

42,9%57,1%

Aprovados Reprovados

55,1%

41,8%

7,1%0%

20%

40%

60%

1

Fre

qüên

cia

rela

tiva

(%)

Coliformes fecais S. aureus Salmonella sp.

Page 59: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

59

Os microrganismos envolvidos na condenação das amostras dos pães de queijo

analisados (FIGURA 1.2) podem causar surtos de toxinfecção alimentar, quando em

contagens elevadas nos alimentos, e quando em número reduzido, tais microrganismos

são considerados indicadores das condições higiênico-sanitárias sendo o S. aureus

proveniente do nariz, orofaringe e mãos; os coliformes fecais de origem fecal humana e

de animais de sangue quente e a Salmonella sp. oriunda de fezes e carcaças de aves

ou fezes humanas. Contagens altas destes microrganismos, como as encontradas no

presente trabalho (FIGURA 1.2), indicam que as condições de manipulação no

processamento do produto necessitam ser revistas, devendo-se observar as técnicas de

produção, os métodos de higienização, o treinamento do pessoal, entre outros pontos

(SILVA JR, 1997).

A presença de Salmonella sp. em 7,1% das amostras de pão de queijo analisadas

(FIGURA 1.2) pode ter sido originada dos ovos ou do queijo adicionados à massa, uma

vez que vários trabalhos mostram a presença desta bactéria em ovos (HESON, 1997,

SILVA JR, 1997, EBEL et al., 1993) e em queijo Minas (ALTEKRUSE et al., 1998, SILVA

& CASTRO, 1995, GARCIA-CRUZ et al., 1994). Outro fator que pode ser relacionado à

presença de Salmonella nas amostras analisadas, é a manipulação inadequada e

hábitos anti-higiênicos por parte dos manipuladores de alimentos, principalmente devido

à presença de funcionários portadores de salmonelose.

As Salmonella sp. são consideradas microrganismos infectantes e sua presença em 25

gramas do alimento caracteriza produto potencialmente capaz de causar enfermidades

transmitidas por alimentos (BRASIL, 2000). Entretanto, é preciso considerar que,

especificamente para o pão de queijo, um produto congelado que é assado antes da

ingestão, a Salmonella sp. passa a ser menos importante do que as bactérias capazes

de produzir enterotoxinas termoresistentes, como o Staphylococcus aureus.

Na FIGURA 1.4 é apresentada a distribuição da freqüência dos coliformes fecais, em

relação à percentagem de amostras dentro de diferentes faixas de contagem. Pode ser

observado que 8,2% das amostras apresentaram contagem de coliformes fecais igual a

1100 NMP/g, ou seja, acima de dez vezes o limite estabelecido (100 NMP/g) na Portaria

SVS/MS no451-1997, sendo essas amostras consideradas "produto inaceitável para o

consumo" conforme as instruções para interpretação e conclusão das análises

microbiológicas apresentado Na TABELA 1.1. Observa-se, ainda, na FIGURA 1.4, uma

Page 60: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

60

grande percentagem de amostras (28,6%) condenadas pela presença de coliformes

fecais em quantidade superior a 1.100 NMP/g. Estas amostras são consideradas

"produto inaceitável para o consumo", porém, a contagem poderia ultrapassar a 100

vezes o limite estabelecido, uma vez que a contagem superou os limites de leitura da

técnica utilizada e, nesse caso, o produto seria considerado "impróprio para o consumo"

(TABELA 1.1). Este fato mostra a necessidade de realizar maior número de diluições da

amostra para determinar precisamente a contagem desses microrganismos. É

importante ressaltar que 6,1% das amostras analisadas apresentaram NMP de

coliformes fecais igual a 93, bem próximos, portanto, ao valor máximo permitido na

legislação para esses microrganismos (FIGURA 1.4), o que sugere cuidado com o

alimento, uma vez que qualquer descuido no armazenamento, distribuição ou

comercialização do produto causaria aumento da contaminação em nível significativo,

levando à condenação dessas amostras.

FIGURA 1.4: Distribuição da freqüência de coliformes fecais nas amostras de pão de queijo aprovadas e reprovadas, de acordo com a Portaria nº451/1997-SVS/MS.

15,3

8,2

2,0

7,1 6,1 6,1

1,0

9,2 8,2 8,2

28,6

0

5

10

15

20

25

30

35

< 3 11 15 23 43 93 150 240 462 1100 >1100

Coliforme fecal (NMP/g)

Fre

qüên

cia

rela

tiva

(%)

Aprovados Reprovados

Page 61: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

61

TABELA 1.1: Instruções relativas à interpretação e conclusões das análises microbiológicas dos alimentos, segundo os padrões microbiológicos descritos na Portaria SVS/MS nº451-1997:

Classificação Critério Valores obtidos Conclusão Condições higiênicas satisfatórias

Todos os critérios especificados para o alimento estudado

Inferiores ou iguais aos limites estabelecidos

Produtos de acordo com os padrões legais vigentes

Condições higiênicas insatisfatórias

Contagem padrão em placa, coliformes totais, bolores e leveduras

Acima dos valores estabelecidos até, no máximo, 10 vezes este valor

Produtos em desacordo com os padrões legais vigentes

Condições higiênico-sanitárias insatisfatórias

Coliformes fecais, Staphylococcus aureus, B cereus e Clostridium sulfito redutor a 46ºC

Acima dos valores estabelecidos até, no máximo, 10 vezes este valor

Produtos em desacordo com os padrões legais vigentes

Produto inaceitável para o consumo

Contagem padrão em placas, coliformes totais, coliformes fecais, bolores e leveduras

Acima de 10 vezes e até 100 vezes os valores estabelecidos

Produtos em desacordo com os padrões legais vigentes, sendo inaceitável para o consumo

Produto impróprio para o consumo

Coliformes fecais, bolores e leveduras Acima de 100 vezes os valores estabelecidos

Produtos em desacordo com os padrões legais vigentes, sendo impróprio para o consumo

Produto potencialmente capazes de causar DTA1

Staphylococcus aureus, B cereus , Clostrídio sulfito redutor a 46ºC, além de Salmonella sp., Yersinia, enterocolítica, Brucella sp., Campylobacter jejuni e outros patógenos reconhecidos e caracterizados como agentes de infecção alimentar.

Acima de 10 vezes os valores estabelecidos para os três primeiros critérios.

Presença dos patógenos citados.

Produto impróprio para o consumo

Produtos tóxicos Toxina estafilocócica, toxina botulínica. Presença das toxinas biológicas pré-formadas

Produto impróprio para o consumo

Produtos deteriorados

Alterações físicas, químicas, organolépticas

_ Produto impróprio para o consumo

1. DTA = Doenças transmitidas por alimentos

Comparando os dados dos laudos com a legislação vigente (BRASIL, 2001), que

estabelece contagem de coliformes fecais não superior a 5,0 X 102 NMP/g, observa-se

na FIGURA 1.5 que 37% das amostras apresentaram contagem superior a este limite,

enquanto para a Portaria SVS/MS nº451-1997, a percentagem de amostras fora dos

padrões para coliformes fecais foi de 55,2% (FIGURA 1.4).

Page 62: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

62

FIGURA 1.5. Amostras de pão de queijo aprovadas e reprovadas, segundo o padrão para coliformes fecais estabelecido na Resolução ANVISA nº12-2001 .

Na FIGURA 1.6 é apresentada a distribuição da freqüência do Staphylococcus aureus

em relação à percentagem de amostras dentro de diferentes faixas de contagem. Pode

ser observado que 3,1% das amostras apresentaram contagem de S. aureus igual a 104,

ou seja 10 vezes superior ao limite (1,0 X 103 UFC/g) estabelecido na Portaria SVS/MS

no 451-1997, sendo classificadas como "produto em condições higiênico-sanitárias

insatisfatórias" (TABELA 1.1). Entretanto, observa-se que a maioria das amostras

condenadas (38,7%) apresentou contagem igual ou superior a 105 UFC, sendo,

portanto, consideradas capazes de causar toxinfecção alimentar (TABELA 1.1).

A comparação dos resultados dos laudos com o padrão estabelecido para S.aureus (5,0

X 103 UFC/g) na Resolução ANVISA nº12-2001 é apresentada na FIGURA 1.7.

Observa-se uma percentagem de reprovação das amostras de 38,8%, enquanto,

segundo a Portaria SVS/MS nº451-1997, esta percentagem foi igual a 41,8 (FIGURA

1.6).

Coliformes fecais

63%37%

Aprovados Reprovados

Page 63: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

63

FIGURA 1.6: Distribuição da freqüência de Staphylococcus aureus nas amostras de pão de queijo aprovadas e reprovadas em análises fiscais, realizadas nos anos de 1998 e 1999, de acordo com os padrões estabelecidos na Portaria SVS/MS nº451-1997.

FIGURA 1.7: Amostras aprovadas e reprovadas segundo o padrão para Staphylococcus coagulase positiva estabelecido na Resolução ANVISA nº12-2001 .

É preocupante o alto nível de contaminação encontrado nas massas de pães de queijo

analisadas, indicando negligência na utilização das boas práticas de fabricação, sendo

várias as causas que poderiam levar a esta situação. A presença de coliformes de

origem fecal e de S. aureus nas massas de pães de queijo pode significar manipulação

em condições insatisfatórias, sendo que a contaminação pode advir dos manipuladores,

dos utensílios e dos equipamentos mal higienizados ou das matérias-primas

contaminadas, principalmente do queijo Minas. A contaminação deste tipo de queijo por

58,2

0,03,1

20,417,3

1,0

0

10

20

30

40

50

60

70

<1E02 1E03 1E04 1E05 1E06 >1E06

Staphylococcus aureus (UFC/g)

Fre

qüên

cia

rela

tiva

(%)

Aprovados Reprovados

Staphylococcus coagulase positiva

61,2%38,8%

Aprovados Reprovados

< 102 103 104 105 106 >106

Page 64: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

64

essas duas bactérias é citada por vários autores: SÁ BARRETO & PEREIRA (1999),

GARCIA-CRUZ et al. (1994), RAIMUNDO et al. (1992), NASCIMENTO et al. (1985). A

contaminação de alimentos mediante contato com equipamentos, utensílios e

superfícies insuficientemente limpos e citada por SILVA JR (1997), BRYAN (1978, 1979

e 1988), VANDERZANT & SPLITTSTOESSER (1992), JAY (1994), FRAZIER &

WESTHOF (1993), HOBBS & ROBER (1997). Desta forma, não se pode descartar a

possibilidade de contaminação das massas de pães de queijo através de utensílios mal

higienizados.

4 CONCLUSÕES

Das amostras de pão de queijo coletadas no mercado de Belo Horizonte - MG, no

período de 1997 e 1998, 69,4% estavam em desacordo com a legislação vigente.

A presença de Salmonella sp. e a existência de contagens de Staphylococcus aureus e

de coliformes fecais superiores a 10 e a 100 vezes o máximo permitido pela legislação

indicam possibilidade de ocorrência de doença alimentar.

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Page 67: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

67

CAPÍTULO II

Avaliação das boas práticas na fabricação de massas congeladas de pães de queijo em três indústrias localizadas em Be lo Horizonte,

Minas Gerais.

RESUMO:

Neste capítulo discuti-se a avaliação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) em três

indústrias de pão de queijo, localizadas no município de Belo Horizonte, Minas Gerais,

visando a implantação do sistema APPCC. Os dados foram coletados por observação

direta do processo produtivo e preenchimento de questionários tipo check list. Para a

avaliação dos dados, cada item dos questionários foi classificado como recomendável,

necessário ou imprescindível e pontuado (1, 2 e 4 pontos, respectivamente). A cada

questionário (bloco) foi atribuído um peso (W), calculado em função da freqüência

relativa dos itens imprescindíveis. Desta forma, cada indústria obteve uma pontuação

ponderada (PPE) que foi utilizada para classificar a indústria em excelente (96 a 100

pontos), muito boa (89 a 95 pontos), boa (76 a 88 pontos), regular (41 a 75 pontos) ou

ruim (pontuação menor que 41). As indústrias B e C foram classificas como regulares

obtendo as pontuação 52,8 e 51,5, respectivamente, e a indústria A obteve pontuação

40,5 sendo classificada como ruim. Concluiu-se, neste trabalho, que as indústrias

estudadas não atendem aos requisitos básicos primordiais, que compõem as BPF,

impossibilitando a imediata implantação do sistema APPCC.

Palavras-chaves: Pão de queijo, boas práticas de fabricação, questionários tipo check

list, APPCC.

ABSTRACT

This work had as objective the evaluation of three industries of cheese roll, located in

Belo Horizonte, Minas Gerais, according to Good Manufacturing Practices (GMP) aiming

to the implantation of the HACCP system. Data were collected through direct observation

of productive process and filling checklists. For the evaluation of data, each item of the

checklists was classified as advisable, necessary or indispensable and punctuated (1, 2

and 4 points, respectively). In every checklists (block) weight was attributed (W),

Page 68: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

68

calculated in function to relative frequency of the indispensable items. Therefore, each

establishment obtained a pondered punctuation (PPE) which was used to classify the

industry as excellent (96 to 100 points), very good (89 to 95 points), good (76 to 88

points), regular (41 to 75 points) or poor (punctuation smaller than 41). Industries B and

C were classified as regular, obtaining each one the punctuation 52,8 and 51,5,

respectively, and industry A obtained punctuation 40,5, being classified as poor. In this

work, it was concluded that studied industries don't attend basic requirements related to

GMP, which hinders immediate implantation of the HACCP system.

Word-keys: Cheese roll, good manufacturing practices, checklists, HACCP.

1 INTRODUÇÃO

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são um conjunto de normas empregadas em

produtos, processos, serviços e edificações, visando à promoção e à certificação da

qualidade e da segurança do alimento. A Portaria nº1428/93-MS determinou que os

estabelecimentos relacionados à área de alimentos adotassem, sob responsabilidade

técnica, as suas próprias boas práticas de produção e/ou de prestação de serviços e

seus próprios programas de qualidade (BRASIL, 2000a). A Portaria nº326/97-SVS/MS

estabelece os requisitos gerais e essenciais de higiene e de boas práticas de fabricação

para alimentos produzidos para o consumo humano (BRASIL, 2000b).

A adoção das BPF apresenta como benefícios: a)obtenção de alimentos mais seguros;

b)redução dos custos decorrentes do recolhimento do produto no mercado, da

destruição ou do reprocessamento do produto; c)redução do número de análises no

produto final; d)maior satisfação do consumidor com a qualidade; e)maior motivação e

produtividade dos funcionários; f)melhoria do ambiente de trabalho, mais limpo e seguro;

g)atendimento à legislação vigente, nacional e internacional (LOPES JR et al., 2000).

A qualidade da matéria-prima, o lay out dos equipamentos e da construção, as

condições higiênicas do ambiente de trabalho, as técnicas de manipulação, a saúde dos

funcionários, todos esses fatores têm grande importância na epidemiologia das Doenças

Transmitidas por Alimentos (DTA), devendo ser adequados às BPF. A avaliação das

BPF em estabelecimentos de produção ou de comercialização de alimentos a partir da

Page 69: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

69

utilização de questionários apropriados é citada como subsídio para qualificação e

triagem dos fornecedores (ARRUDA et al., 1996, SBCTA, 1996), como base para

vistoria fiscal sanitária (BELO HORIZONTE, 2000a,b, BRASIL, 2000c, SÃO PAULO,

2000c), para a verificação do cumprimento ou adequação às BPF, pelo próprio

estabelecimento (BRYAN, 1979, SILVA JR, 1997), ou como base para estudar a

possibilidade de implantação do sistema APPCC (QUEIROZ et al., 2000).

Os princípios gerais para higiene dos alimentos que compõem as BPF são acatados

como pré-requisitos para o desenvolvimento do sistema APPCC. Na implantação deste

sistema, a primeira etapa é avaliar o programa existente, para verificar se todos os pré-

requisitos necessários são cumpridos (SENAI & SEBRAE, 2000).

Neste trabalho, foram visitadas três indústrias de pão de queijo localizadas no município

de Belo Horizonte, MG, com o objetivo de avaliar a adequação às BPF através do

preenchimento e da análise de questionários tipo check list, visando a implantação do

sistema APPCC.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ELABORAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS

Foram preparados nove questionários (APÊNDICE A) para a avaliação das condições

da estrutura, da higienização e do processamento, procurando englobar todas as

condições de higiene essenciais para a produção de alimentos seguros. As perguntas

dos questionários foram elaboradas com base no exposto por BELO HORIZONTE

(2000a,b), BRASIL (2000a,b,c), BRYAN (1979), SÃO PAULO (2000a,b,c,d), SENAI &

SEBRAE (2000), SBCTA (1995a,b), SBCTA (1996), SILVA JR (1997), SOUZA et al.

(1998), com adaptações para a apreciação de indústrias de pão de queijo; e também

com base na observação direta do processo produtivo nas indústrias estudadas. Os

itens (perguntas) foram organizados de forma lógica, facilitando as anotações das

observações por ocasião das visitas.

Os itens dos questionários foram agrupados, por assunto, em nove blocos : construção

e manutenção da edificação (CME), tipo e manutenção dos equipamentos e utensílios

Page 70: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

70

(MEU), qualidade, recepção e armazenamento das matérias-primas (QMP), controle da

água de abastecimento (CAA), organização, limpeza e sanitização (OLS), controle de

pragas (CPR), controle e higiene do pessoal na área de produção (CHP), controle do

processo produtivo (CPP) e controle e garantia da qualidade (CGQ).

Cada item foi avaliado quanto à sua influência sobre o grau de risco em relação à

qualidade e segurança alimentar, conforme sugerido por BRYAN (1979), sendo

classificados como imprescindíveis (itens críticos para a proteção contra surtos das

doenças alimentares e que necessitam de correção imediata quando não atendidos),

necessários (itens menos críticos, ou seja, não essenciais para o controle efetivo das

doenças causadas por alimentos, mas que contribuem para a ocorrência destas,

podendo ser dado um tempo maior para a adequação) ou recomendáveis (itens não

críticos para a proteção contra surtos de doenças alimentares, mas que atendem às

BPF).

2.2 COLETA DOS DADOS

Os dados foram coletados a partir do preenchimento dos questionários por observação

direta e por indagação aos funcionários e proprietários. Cada pergunta foi dirigida à

mesma pessoa mais de uma vez e também a outros funcionários para certificar a

coerência dos dados relatados. Para a avaliação dos itens envolvendo temperatura de

refrigeração ou de congelamento, as temperaturas foram medidas com um termômetro

de precisão várias vezes no mesmo dia, pela manhã e no período da tarde até a

finalização do processamento do dia, e em todos os dias de visita. Depois foi

determinado um valor médio que foi tomado como o valor de atendimento ou não ao

item avaliado.

Cada indústria foi visitada cinco vezes em um intervalo de duas semanas

acompanhando-se todas as etapas de produção. As visitas não foram feitas em dias

consecutivos para minimizar a ocorrência de alterações na rotina da indústria, não tendo

sido comunicadas as datas das visitas.

Na indústria, cada item, foi computado como: sim (S) - quando o item especificado foi

atendido pelo estabelecimento, não (Ñ) - quando o item ou qualquer característica deste

Page 71: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

71

não foi atendido ou não aplicável (ÑA) - quando o item não foi pertinente à avaliação do

estabelecimento estudado.

2.3 METODOLOGIA DE ANÁLISE

A metodologia empregada para a análise dos dados foi adaptada da Portaria

SMSA/SUS-BH nº18/2000 (BELO HORIZONTE, 2000b) e da Resolução SSE/SP

nº196/1998 (SÃO PAULO, 2000c).

Os itens atendidos (S) ou não aplicáveis ao estabelecimento (ÑA) foram pontuados

conforme a sua classificação, de tal forma que os itens imprescindíveis receberam

pontuação quatro (4), os necessários receberam pontuação dois (2) e os recomendáveis

receberam um (1) ponto. Já os itens não atendidos (Ñ) receberam pontuação zero (0).

O cálculo da pontuação de cada bloco (PB) foi feito somando-se as notas referentes às

respostas sim (TS) e dividindo este valor pela pontuação máxima do bloco (K) subtraído

pela soma dos valores dos itens não aplicáveis (TÑA), como apresentado na equação

(1) adaptada de BELO HORIZONTE (2000b) e SÃO PAULO (2000c).

; Ka ≠≠≠≠ TÑAa

Em que:

PB= Pontuação do bloco

TS = pontuação Total das notas Sim obtidas no bloco

K = pontuação máxima do bloco

TÑA = pontuação Total das notas Não Aplicável obtidas no bloco

a = Bloco

A cada bloco foi atribuído um peso (W), calculado em função da percentagem de itens

imprescindíveis. Para o cálculo do valor W utilizou-se as equação 2a e 2b, e a equação

3 foi utilizada para o cálculo da pontuação ponderada.

TSa PBa =

(Ka - TÑAa)

(1)

Page 72: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

72

Em que:

%I = porcentagem de itens imprescindíveis de cada bloco em relação ao número total de itens do bloco (∑ NTa)

∑ I = total de itens Imprescindíveis do bloco

∑ NT = Número Total de itens do bloco

a = bloco

Em que:

W= Peso do Bloco

%I = porcentagem de itens imprescindíveis de cada bloco

∑ % I = somatória de % I de todos os blocos

Em que:

PPB = Pontuação Ponderada do Bloco

TS = pontuação Total das notas Sim obtidas no bloco

K = pontuação máxima do bloco

TÑA = pontuação Total das notas Não Aplicável obtidas no bloco

W = peso do bloco

a = bloco

A partir da soma das notas obtidas nos blocos foi calculada a Pontuação não ponderada

do Estabelecimento (PE) usando-se a equação 4 e a Pontuação Ponderada do

Estabelecimento (PPE) a partir da equação 5. Para a Classificação da indústria seguiu-

se a avaliação sugerida por BELO HORIZONTE (2000b) apresentada na TABELA 2.1.

Em que:

PE = Pontuação não ponderada do Estabelecimento

PB = Pontuação não pondera do Bloco

a = bloco

Em que:

PPE = Pontuação Ponderada do Estabelecimento

PPB = Pontuação Ponderada do Bloco

a = bloco

% Ia Wa = 100

∑ % I

∑ Ia

% Ia = 100 ∑ NTa

(2a)

PE = PB1a + PB2a + .... + PB9a (4)

PPE = PPB1a + PPB2a + .... + PPB9a (5)

TSa PPBa = Wa

(Ka - TÑAa)

(2b)

(3)

Page 73: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

73

TABELA 2.1. Avaliação do estabelecimento de acordo com a Pontuação Ponderada (PPE): AVALIAÇÃO PONTUAÇÃO PONDERADA DO ESTABELECIMENTO (PPE) Excelente 96 a 100 Muito bom 89 a 95 Bom 76 a 88 Regular 41 a 75 Ruim Inferior a 41 Fonte: adaptado de BELO HORIZONTE (2000b)

O peso reflete a importância do bloco na avaliação da aplicação das BPF e para

quantificar essa importância, foi calculada, a partir das equações 6a e 6b, a contribuição

percentual de cada bloco em relação à pontuação do estabelecimento (PE e PPE).

Em que:

PBa = Pontuação não ponderada do bloco

∑ PB = somatória das pontuações não ponderadas de todos os blocos

Em que:

PPBa = Pontuação ponderada do bloco

∑ PPB = somatória das pontuações ponderadas de todos os blocos

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 PESO DOS BLOCOS

A TABELA 2.2 apresenta o cálculo do peso (W) de cada grupo de parâmetros de BPF

que foram denominados blocos e a FIGURA 2.1 mostra a comparação dos valores W

obtidos para os blocos. Observa-se uma distribuição de pontuação bastante aproximada

entre os cinco blocos de maior peso. O bloco correspondente à qualidade, à recepção e

ao armazenamento das matérias-primas (QMP) obteve peso 14, por apresentar maior

porcentagem de itens imprescindíveis em relação ao número total de itens do bloco,

seguido pelos blocos referentes ao controle da água de abastecimento (CAA), à

organização, limpeza e sanitização (OLS) e ao controle de pragas (CPR) com

pontuação igual a 13 (FIGURA 2,1). O bloco higiene do pessoal vem em seqüência com

peso 12. Estes blocos, com exceção do QMP, estão diretamente relacionados com os

PBa % contribuição = 100 (PE) ∑ PB

PPBa % contribuição = 100 (PPE) ∑ PPB

(6a) (6b)

Page 74: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

74

processos gerais de higiene (utensílios, equipamentos, mãos e ambiente) e o peso alto

atribuído a eles demonstra a importância dos procedimentos de limpeza e desinfecção

na produção de alimentos seguros e de qualidade. O bloco construção e manutenção da

edificação (CME) foi o que recebeu pontuação mais baixa (7 pontos), por conter a

menor proporção de itens imprescindíveis, sendo este o bloco que menos interferiu na

qualidade do produto quando comparado aos demais.

A maioria dos trabalhos que citam a utilização de questionários para a avaliação das

BPF, não comentam a forma de avaliação dos mesmos. Dos trabalhos citados como

base para a metodologia empregada na presente pesquisa, SÃO PAULO (2000c)

atribuiu pesos aos blocos, sem mencionar como o valor foi achado. Já, BELO

HORIZONTE (2000b) não ponderou os blocos.

TABELA 2.2: Cálculo dos pesos dos blocos

BLOCOS ∑∑∑∑ I a ∑∑∑∑ Nb ∑∑∑∑ Rc ∑∑∑∑ NTd % Ie Wf

Construção e manutenção da edificação

20 30 23 73 27,4 7

Tipo e manutenção dos equipamentos e utensílios

5 7 2 14 35,7 9

Qualidade, recepção e armazenamento da matéria-prima

13 5 5 23 56,5 14

Controle da água de abastecimento 8 3 4 15 53,3 13

Organização, limpeza e sanitização 31 19 8 58 53,4 13

Controle de praga 10 7 2 19 52,6 13

Controle e higiene do pessoal na área de produção

23 11 13 47 48,9 12

Controle do processo produtivo 25 29 13 67 37,3 9

Controle e garantia da qualidade 7 7 3 17 41,2 10

∑∑∑∑ 406,5 100 a1. ∑ I = total de itens Imprescindíveis do bloco b. ∑ N = total de itens Necessários do bloco c. ∑ R = total de itens Recomendáveis do bloco d. ∑ NT = Número Total de itens do bloco e. % I = porcentagem de itens imprescindíveis de cada bloco (equação 2a) f. W = Peso de cada bloco (equação 2b)

Page 75: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

75

FIGURA 2.1: Comparação entre os pesos dos blocos

3.2 PONTUAÇÕES PONDERADA E NÃO PONDERADA

Os gráficos apresentados na FIGURA 2.2 mostram o efeito da ponderação dos blocos

sobre a pontuação geral do estabelecimento em termos percentuais. Observa-se que,

para todas as indústrias, a contribuição percentual do bloco construção e manutenção

da edificação (CME) apresentou a maior diferença entre as pontuações ponderadas e

não ponderadas, sendo a contribuição percentual maior para a pontuação não

ponderada do estabelecimento (PE), devido ao menor peso desse bloco. Nota-se que

para os blocos de maior peso, recepção e armazenamento da matéria-prima (QMP),

controle da água de abastecimento (CAA), organização, limpeza e sanitização (OLS),

controle de pragas (CPR) e controle da higiene do pessoal (CHP), houve um aumento

da contribuição percentual destes blocos em relação à pontuação geral do

estabelecimento (PPE).

A título de ilustração, o cálculo da pontuação geral do estabelecimento (PE e PPE), para

a indústria A, é apresentado na TABELA 2.3. O mesmo procedimento foi seguido para a

obtenção das pontuações das outras indústrias.

Peso dos blocos (W)

7

9

14

13

13

13

12

9

10

Construção e manutenção da edif icação

Tipo e manutenção equipamentos e utensílios

Quali., recepção, armaz. das matérias-primas

Controle de água de abastecimento

Organização, limpeza e sanitização

Controle de pragas

Controle e higiene do pessoal

Controle do processo produtivo

Controle e garantia de qualidade

BLO

CO

PESO

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76

FIGURA 2.2: Contribuição percentual das notas obtidas em cada bloco, para as pontuações ponderadas (PPE) e não ponderadas (PE) das indústrias A (a), B (b) e C (c).

Indústria A

0

5

10

15

20

% d

e co

ntrib

uiçã

o pa

ra p

ontu

ação

Não ponderada 13,4 9,0 8,1 16,8 8,3 14,4 12,3 8,3 9,5

Ponderada 8,1 7,0 10,1 19,7 9,8 16,7 13,2 6,8 8,6

CME MEU QMP CAA OLS CPR CHP CPP CGQ

(a)

Indústria C

0

5

10

15

20

% c

ontr

ibui

ção

para

pon

tuaç

ão

Não ponderada 12,7 12,6 14,8 14,6 13,1 0,0 14,2 11,9 6,2

Ponderada 7,7 10,0 18,6 17,3 15,5 0,0 15,5 9,8 5,6

CME MEU QMP CAA OLS CPR CHP CPP CGQ

Indústria B

0

5

10

15

20

% c

ontr

ibui

ção

para

pon

tuaç

ão

Não ponderada 13,2 13,2 8,9 13,2 11,5 4,0 13,5 13,2 9,4

Ponderada 8,2 10,8 11,4 15,9 13,9 4,8 15,0 11,2 8,8

CME MEU QMP CAA OLS CPR CHP CPP CGQ

(b)

(c)

Page 77: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

77

TABELA 2.3: Cálculo da pontuação do estabelecimento (PE e PPE) para a indústria A:

% CONTRIBUIÇÃO BLOCO W a Kb TÑAc TSd PBe PPB f PEg PPEh

Construção e manutenção da edificação

7 163 16 71 0,483 3,3 13,4 8,1

Tipo e manutenção dos equipamentos e utensílios

9 36 2 11 0,324 2,8 9,0 7,0

Qualidade, recepção e armazenamento da matéria prima

14 67 2 19 0,292 4,1 8,1 10,1

Controle da água de abastecimento

13 42 14 17 0,607 8,0 16,8 19,7

Organização, limpeza e sanitização

13 170 17 46 0,301 4,0 8,3 9,8

Controle de praga 13 56 10 24 0,522 6,8 14,4 16,7

Controle e higiene do pessoal na área de produção

12 127 12 51 0,443 5,3 12,3 13,2

Controle do processo produtivo 9 171 7 49 0,299 2,7 8,3 6,8

Controle e garantia da qualidade 10 45 10 12 0,343 3,5 9,5 8,6

Pontuação do Estabelecimento - PE 3,6 - PPE 40,4

a. W = Peso do bloco (equação 2b) b. K = pontuação máxima do bloco c. TÑA = pontuação Total das notas Não Aplicável obtidas no bloco d. TS = pontuação Total das notas Sim obtidas no bloco e. PB = Pontuação não ponderada do bloco ( equação 1) f. PPB = Pontuação Ponderada do Bloco (equação 3) g. PE = Pontuação não ponderada do estabelecimento (equação 4) h. PPE = Pontuação ponderada do estabelecimento (equação 5)

3.3 PONTUAÇÃO PONDERADA DAS INDÚSTRIAS VISITADAS

As pontuações ponderadas das indústrias A, B e C, para cada bloco avaliado, são

representadas nas FIGURAS 2.3, 2.4 e 2.5, respectivamente. Sendo a pontuação

ponderada máxima de cada bloco igual ao seu peso, observa-se que, em todas as

indústrias estudadas, nenhum bloco atingiu esta pontuação. A TABELA 2.4 apresenta a

percentagem de atendimento aos itens constantes em cada bloco, em relação à

pontuação máxima do bloco, para as indústrias estudadas. Observa-se na FIGURA 2.3

que a indústria A obteve pontuação baixa para o bloco tipo e manutenção dos

equipamentos e utensílios (MEU) com percentagem de atendimento aos itens deste

bloco igual a 31% (TABELA 2.4). Já para as indústrias B e C as percentagens foram 63

e 57%, respectivamente.

Page 78: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

78

De maneira geral, as indústrias visitadas utilizavam equipamentos constituídos de aço

ferrítico constatando-se a presença de ferrugem na massa, durante o processo

produtivo. Quanto aos utensílios, destacaram-se aqueles constituídos de plástico,

material frágil que em pouco tempo de uso apresentam fissuras, tornando-se difíceis de

higienizar. O baixo percentual de atendimento aos itens do bloco MEU pela indústria A

(31%) é conseqüência da utilização de utensílios em estado de conservação precário,

além de quantidade insuficiente de equipamentos para proteção e conservação dos

alimentos (refrigeradores e congeladores) e congeladores com temperatura superior à

indicada para o alimento armazenado. Em geral, as indústrias visitadas não atenderam

de modo satisfatório às recomendações das BPF que preconizam uso de equipamentos

na linha de processamento conforme as normas de desenho sanitário para manuseio de

alimentos, tais como: de fácil desmontagem, constituídos de material inerte, não

corrosivo e resistente às operações de limpeza, com cantos e bordas arredondados e

superfície lisa de forma a permitir fácil limpeza e desinfecção. Os equipamentos para

proteção e conservação dos alimentos (refrigeradores e congeladores) devem existir em

número suficiente para atender a necessidade da indústria e devem estar em perfeitas

condições de funcionamento e conservação. Os utensílios devem ser atóxicos,

resistentes e fáceis de higienizar, devendo estar em perfeitas condições de conservação

(BRASIL, 2000b, SÃO PAULO, 2000b, SENAI & SEBRAE, 2000, SOUZA et al., 1998,

SBCTA, 1995a,b, BRYAN, 1979).

FIGURA 2.3: Pontuação ponderada dos blocos, para a indústria A

3,5

2,7

5,3

6,8

8,0

4,0

4,1

2,8

3,3Construção e manutenção da edif icação

Tipo e manutenção equipamentos e utensílios

Quali., recepção, armaz. das matérias-primas

Controle de água de abastecimento

Organização, limpeza e sanitização

Controle de pragas

Controle e higiene do pessoal

Controle do processo produtivo

Controle e garantia de qualidade

BLO

CO

PONTUAÇÃO PONDERADA

Page 79: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

79

FIGURA 2.4: Pontuação ponderada dos blocos, para a indústria B

FIGURA 2.5: Pontuação ponderada dos blocos, para a indústria C

4,3

5,7

6,0

7,4

2,5

8,0

5,9

4,6

8,4

Construção e manutenção da edificação

Tipo e manutenção equipamentos e utensílios

Quali., recepção, armaz. das matérias-primas

Controle de água de abastecimento

Organização, limpeza e sanitização

Controle de pragas

Controle e higiene do pessoal

Controle do processo produtivo

Controle e garantia de qualidadeB

LOC

O

PONTUAÇÃO PONDERADA

4,0

5,1

9,5

8,9

8,0

8,0

5,1

2,9

0,0

Construção e manutenção da edificação

Tipo e manutenção equipamentos e utensílios

Quali., recepção, armaz. das matérias-primas

Controle de água de abastecimento

Organização, limpeza e sanitização

Controle de pragas

Controle e higiene do pessoal

Controle do processo produtivo

Controle e garantia de qualidade

BLO

CO

PONTUAÇÃO PONDERADA

Page 80: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

80

TABELA 2.4: Percentagem dos itens de cada bloco atendidos, em relação à pontuação máxima do bloco, nas indústrias A, B e C:

% DE ITENS ATENDIDOS

BLOCOS Indústria A Indústria B Indústria C

Construção e manutenção da edificação 47 61 57

Tipo e manutenção dos equipamentos e utensílios 31 63 57

Qualidade, recepção e armazenamento das matérias-primas

29 43 68

Controle da água de abastecimento 62 65 68

Organização, limpeza e sanitização 31 57 62

Controle de pragas 52 19 0

Controle e higiene do pessoal na área de produção 44 67 67

Controle do processo produtivo 30 66 57

Controle e garantia da qualidade 35 46 29

Observa-se, nas FIGURAS 2.3 e 2.4, que as indústrias A e B apresentaram pontuações

baixas para o bloco qualidade, recepção e armazenamento das matérias-primas (QMP),

com percentagem de atendimento de 29 e 43%, respectivamente (TABELA 2.4). Já a

indústria C atendeu a 68% dos itens deste bloco (TABELA 2.4), sendo a maior diferença

entre esta e as outras duas indústrias, a utilização de queijo com registro no órgão

competente.

Em geral, foi constatado, nas indústrias, o recebimento de matérias-primas em

temperatura inadequada, sem registro no órgão competente e de origem desconhecida,

além de terem sido encontrados contaminantes físicos em alguns ingredientes;

destacando-se o queijo como a matéria-prima mais problemática. Foi observado, na

indústria A, a utilização de matéria-prima com prazo de validade vencido. Geralmente, o

armazenamento foi realizado sem se dar a devida atenção à capacidade do refrigerador,

contrastando com as recomendações de SILVA JR (1997), que destaca a importância

do correto armazenamento das matérias-primas perecíveis, no controle higiênico-

sanitário do produto. Alimentos deste tipo devem ser armazenados em câmaras para

refrigeração ou para congelamento, observando-se a temperatura e o espaçamento que

devem ser suficientes para permitir a manutenção da temperatura adequada ao produto.

Na TABELA 2.5 são apresentadas as percentagens de envolvimento de alguns fatores

em surtos de DTA, segundo diferentes estudos. Pode ser observado na TABELA 2.5

Page 81: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

81

que os principais fatores apontados como causa de surtos alimentares envolvem

armazenamento do alimento em temperatura inadequada. Observa-se, ainda, que a

soma dos itens ultrapassa 100% para todas as pesquisas citadas, indicando o

envolvimento de mais de uma causa com os surtos investigados.

Em regra, foram observadas condições inadequadas na estocagem das matérias-primas

não perecíveis, armazenadas em locais úmidos e pouco arejados, sobre estrados de

altura insuficiente para permitir correta higienização ambiente, ou mesmo em contato

direto com o piso. Os produtos foram armazenados sem a realização prévia de lavagem

das embalagens. Em todas as indústrias, a lavagem externa do queijo e da embalagem

de leite foi realizada durante o processo produtivo, seguindo-se a linha de produção, não

sendo uma prática constante. Os ovos foram lavados apenas na indústria A, utilizando-

se água clorada. Foi observado que a solução de lavagem dos ovos não foi trocada com

freqüência, permanecendo com resíduos e, durante o procedimento de quebra dos

ovos, ocorria gotejamento desta solução no utensílio contendo os ovos líquidos. Para

todas as indústrias foi constatada negligência na lavagem dos recipientes de margarina

e de óleo.

As condições observadas nas indústrias visitadas não atenderam integralmente às

recomendações de diversos autores que destacam como condições ideais de

estocagem: local com iluminação e ventilação adequadas, janelas e aberturas teladas,

prateleiras e/ou estrados para armazenagem afastados do piso e das paredes, de forma

a facilitar a limpeza e reduzir os riscos de infestação e abrigo de pragas, entre outras

condições necessárias para a conservação específica de cada gênero alimentício

estocado (BRASIL, 2000b, SÃO PAULO, 2000b, SENAI & SEBRAE, 2000, SOUZA et

al., 1998, HOBBS & ROBERTS, 1997, SILVA JR, 1997, SBCTA, 1995a,b). O

armazenamento das matérias-primas deve seguir as orientações do produtor, devendo-

se higienizar as embalagens externas dos produtos antes do armazenamento (SILVA

JR, 1997). O controle do estoque deve seguir o sistema "primeiro que entra, primeiro

que sai", organizando o estoque de forma a utilizar primeiro os produtos com

vencimento do prazo de validade, mais próximo (BRASIL, 2000b, SÃO PAULO, 2000b,

SENAI & SEBRAE, 2000, SOUZA et al., 1998, HOBBS & ROBERTS, 1997, SILVA JR,

1997, SBCTA, 1995a). Geralmente, este último item foi cumprido espontaneamente nos

estabelecimentos visitados, uma vez que o estoque era pequeno e renovado a cada

semana.

Page 82: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

82

TABELA 2.5 Condições apontadas como causas predisponentes à ocorrência de surtos de toxinfecções alimentares e suas percentagens de envolvimento em surtos, segundo diferentes estudos:

% DE ENVOLVIMENTO DE CADA ITEM

FATORES ENVOLVIDOS COM OS SURTOS

BRYAN

(1978)

BRYAN

(1988) SVEa, 1 SEMABb, 1 SEMABc,1 CDLd,1

Conservação deficiente - - 47 3,7 70 -

Conservação inadequada do produto elaborado

- - - 51 - -

Armazenamento em refrigeração inadequada

46 41 - - - 19

Armazenamento em temperatura ambiente - 21 - - - 29

Manipuladores portadores de doenças 20 15 22 - - -

Manipulação inadequada - - 2,9 23 25 24

Contaminação cruzada 7,0 3,8 - - 5,0 4,7

Higiene deficiente dos equipamentos e utensílios

7,0 3,8 9,8 3,7 - -

Higiene deficiente (Instalação, equipamentos e utensílios)

- - - - 10 -

Matérias-primas contaminada 5,0 18 33 13 14 4,7

Preparo várias horas antes do consumo 21 25 32 5,6 - 33

Tratamento térmico inadequado (produto pasteurizado ou esterilizado)

16 14 35 13 12 -

Reaproveitamento 4,0 2,5 11 - - 24

Problemas na rede de abastecimento de água

- - - 5,6 - -

Água contaminada - 0,4 - - - -

Transporte inadequado do produto elaborado

- - - 1,8 - -

Acondicionamento inadequado - - - - 11 -

Técnica culinária inadequada - - - - - 9,5

Outros 39 72 11 - 20 -

TOTAL 165 216,5 203,7 120,4 167 147,9 a. Secretaria de Vigilância Epidemiológica de Curitiba b. Secretaria Municipal de Abastecimento - Surtos de DTA no município de São Paulo em 1990 c. Secretaria Municipal de Abastecimento - Surtos de DTA em 1991 d. Central de diagnósticos Laboratoriais - Surtos de DTA em São Paulo entre 1983 e 1990 1. Fonte: SILVA JR (1997)

A indústria A atendeu a 44% dos requisitos avaliados no bloco controle e higiene do

pessoal na área de produção (CHP), enquanto as indústrias B e C atenderam a 67%

(TABELA 2.4). Para todas as indústrias estudadas, constatou-se que os funcionários

foram contratados mediante exames de admissão, não sendo requerido exames

Page 83: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

83

periódicos, contrariando a Portaria SVS/MS nº326-1997 que exige controle de saúde

clínico periódico, sendo obrigatório o afastamento do funcionário que apresentar

sintomas de doenças respiratórias e gastrointestinais. Os funcionários estavam

conscientes da obrigatoriedade da comunicação à chefia em casos de doenças e

disseram ser afastados da função quando acometidos por problemas de saúde.

Os manipuladores das indústrias visitadas não possuíam treinamento para manusear

alimentos e nunca participaram de cursos sobre BPF. Foi constatado que os

funcionários das indústrias B e C apresentavam maior grau de escolaridade e eram mais

informados sobre doenças alimentares, do que os funcionários da indústria A. Este fato

pode ter repercutido na baixa pontuação obtida por esta indústria, para os blocos que

englobam higienização, como organização limpeza e sanitização (OLS), controle e

higiene do pessoal na área de produção (CHP) e controle do processo produtivo (CPP)

(FIGURA 2.3 e TABELA 2.4).

Em todas as indústrias, foi observado que os manipuladores usavam uniforme completo

(calça, jaleco, sapatos), de cor clara e proteção para os cabelos, de acordo com as

recomendações preconizadas por BRASIL (2000b), SÃO PAULO (2000b), SENAI &

SEBRAE (2000), SOUZA et al. (1998), SBCTA (1995a). No entanto, foi verificado,

principalmente na indústria A, atos anti-higiênicos por parte dos funcionários, como não

lavar as mãos após uso do sanitário, permanecer com as mãos na boca e nariz,

uniformes sujos e rasgados, unhas com esmalte, unhas sujas, uso de anéis. Todas as

indústrias possuíam responsável técnico habilitado para aplicar as BPF, como

preconizado pela Portaria nº1428-1993/MS, porém a rotina dos procedimentos dos

manipuladores não foi supervisionada durante o período experimental.

O bloco controle do processo produtivo (CPP) recebeu baixa pontuação na indústria A

(FIGURA 2.5), atendendo a 30% dos requisitos avaliados neste bloco. As indústrias B e

C apresentaram maior percentagem de atendimento: 66 e 57%, respectivamente. Foi

observado inexistência de fluxograma de produção nas indústrias estudadas, resultando

em variações no processo produtivo. O treinamento deficiente dos funcionários foi

constatado a partir de ações como: aproveitamento do produto que entrou em contato

com o piso; manipulação incorreta dos produtos, possibilitando contaminação cruzada;

limpeza ambiental feita concomitantemente com o processamento do alimento e sem

preocupar com o levantamento de poeira e formação de aerossóis, entre outros. Os

Page 84: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

84

manipuladores representam um dos principais veículos de contaminação do alimento,

como pode ser observado na TABELA 2.5, sendo a implantação de programas de

treinamento e de conscientização do manipulador a principal forma de prevenir a

disseminação de microrganismos por manipulação incorreta (FELIPE et al., 1995).

Foram constatados, nas indústrias visitadas, vários pontos de cruzamento de produtos

em fases diferentes de processamento. De acordo com SÃO PAULO (2000b), SILVA JR

(1997) e SBCTA (1995a) o fluxo de produção deve ser unidirecional, com áreas

separadas para pré-preparo e preparo do produto, a fim de evitar a contaminação

cruzada. Deve-se, também, atentar para a higienização dos utensílios e equipamentos e

para a lavagem periódica das mãos. A limpeza ambiente deve ser feita de forma a não

contaminar o alimento que está sendo produzido.

Na FIGURA 2.6 é feita uma comparação entre as pontuações ponderadas obtidas para

cada bloco nas indústrias A, B e C. Observa-se que a indústria A apresentou pontuação

menor para todos os blocos, com exceção do bloco controle de pragas. A indústria C

apresentou pontuação superior a das outras para a maioria dos blocos de peso maior

(CAA, OLS, CHP e QMP), ou seja, de maior relevância para a aquisição de um produto

seguro, com exceção do bloco controle de pragas, no qual esta indústria obteve

pontuação zero. Esta indústria destacou-se com a maior pontuação para o bloco

recepção e armazenamento da matéria-prima.

Observa-se na FIGURA 2.6 que a indústria A, entre as três indústrias estudadas, foi a

que apresentou a maior pontuação para o bloco controle de pragas (CPR), atendendo à

52% dos itens deste bloco (TABELA 2.4), sendo a maior diferença entre esta e as outras

indústrias estudadas a terceirização do serviço de controle de pragas a uma empresa

especializada. As indústrias B e C obtiveram baixa pontuação para este bloco

(FIGURAS 2.4 e 2.5), com índice de atendimento igual a 19 e 0%, respectivamente

(TABELA 2.4).

Nenhum dos estabelecimentos possuía todas as aberturas teladas. As portas,

geralmente, permaneciam abertas durante o processamento, e a indústria B mantinha

animais domésticos (cães e galinhas) com livre acesso dentro do estabelecimento. Foi

constatado, nas três indústrias, armazenamento do lixo na parte externa do

estabelecimento, sem proteção e por período que variou de dois a quadro dias. A

Page 85: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

85

presença de pragas foi observada nas três indústrias, incluindo larva de mosca dentro

da masseira, na indústria A e pássaros dentro da área de processamento, na indústria

C. Estas observações explicam a baixa pontuação para o bloco controle de pragas nas

indústrias estudadas.

É importante citar que não havia documentação, na indústria A, que comprovasse a

execução de controle de pragas por empresa especializada. Para as três indústrias, as

respostas aos itens deste bloco foram baseadas nas afirmações do funcionário

responsável e não por observação direta do processo de controle de pragas. Estas

observações explicam a contradição entre o atendimento à 52% dos itens do bloco CPR

(TABELA 2.4) e as condições observadas na indústria A, inclusive com presença de

larva de mosca na masseira.

Vários autores indicam a contratação de empresa especializada, idônea e legalmente

habilitada para fazer o controle de pragas nas indústrias. Além disso, todas as aberturas

externas teladas, portas de acesso providas de sistema de fechamento automático ou

mantidas sempre fechadas, ralos com sistema de fechamento, anti-câmaras de

proteção, existência de barreiras nas vias de acesso, como tubulações e condutores de

fios, instalação de eletrocultores, captura de animais domésticos e eliminação correta do

lixo constituem medidas indispensáveis para prevenção contra pragas (BRASIL, 2000b,

SÃO PAULO, 2000b, SENAI & SEBRAE, 2000, SOUZA et al., 1998, SBCTA, 1995a,b,

BRYAN, 1979).

Observa-se nas FIGURAS 2.3, 2.4 e 2.5 pontuações baixas para o bloco organização

limpeza e sanitização (OLS) para as três indústrias estudadas, destacando-se a

indústria A com a menor pontuação (4,0 pontos). Na TABELA 2.4, nota-se que as

percentagens de atendimento aos itens deste bloco foi 31% na indústria A, 57% na B e

62% na C. A negligência das práticas higiênicas observada nas indústrias estudadas

pode ser relacionada, principalmente, à falta de treinamento e conscientização dos

funcionários e à ausência de supervisão das atividades dos manipuladores, durante o

processo produtivo, por um responsável técnico. O fato da indústria B ter recebido

pontuação acima de 50%, apesar da presença de animais domésticos no

estabelecimento, é explicado pelo maior nível de informação dos funcionários desta

fábrica, atendendo aos demais itens de organização e limpeza em geral.

Page 86: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

86

FIGURA 2.6: Comparação das Pontuações Ponderadas (PPE) das indústrias A, B e C

Foi observada a existência de roteiros para lavagem e desinfecção geral do

estabelecimento, nas três indústrias, porém, constatou-se que os procedimentos não

foram colocados em prática. Em regra, as indústrias não realizaram, no período

experimental, a limpeza e sanitização dos equipamentos e utensílios antes de iniciar o

processamento. Algumas vezes, a limpeza após o processamento, também, não foi feita

e o resíduo de massa do dia anterior foi incorporado a nova massa. A limpeza ambiental

constou apenas da limpeza do piso e bancadas de fácil acesso, além da limpeza

superficial das instalações sanitárias. A limpeza das paredes, janelas, portas, tetos e

armários, segundo informações coletadas, era realizada apenas quando apresentavam

sujeira aparente. Apesar da existência de recipientes de lixo dotados de tampa, foi

constatada a inexistência de um sistema de abertura sem acionamento com as mãos e

a permanência do recipiente aberto durante o período de processamento.

LEGENDA: CME = construção e manutenção da edificação

MEU = tipo e manutenção dos equipamentos e utensílios

QMP = qualidade, recepção e armazenamento das matérias-primas

CAA = controle da água de abastecimento

OLS = limpeza e sanitização

CPR = controle de pragas

CHP = Controle e higiene do pessoal

CPP = controle do processo produtivo

CGQ = controle e garantia de qualidade

0

2

4

6

8

10

12

CME MEU QMP CAA OLS CPR CHP CPP CGQ

Blocos

Pon

tuaç

ão P

onde

rada

Indústria A Indústria B Indústria C

Page 87: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

87

Nas boas práticas de fabricação são preconizados: existência de roteiro geral para

limpeza e desinfecção ambiental; recipientes coletores de lixo dotados de tampa e

sistema de abertura com acionamento sem uso das mãos, mantidos tampados e com

sacos plásticos coletores; esvaziamento do lixo em intervalos regulares e existência de

central de coleta de lixo; higienização dos equipamentos e utensílios, interna e

externamente, antes de serem usados e depois de cada interrupção de trabalho;

ambiente mantido sempre limpo sem presença de restos de alimentos; pisos mantidos

secos (BRASIL, 2000b, SÃO PAULO, 2000b, SENAI & SEBRAE, 2000, SOUZA et al.,

1998, SILVA JR, 1997, SBCTA, 1995a,b).

Para as três indústrias pode ser observada pontuação acima de 60% para o bloco

"controle da água de abastecimento" (CAA) (TABELA 2.4). Isto é coerente uma vez que

todas as indústrias utilizavam água tratada do serviço de fornecimento público e não

possuíam sistema de aproveitamento ou de uso de água não potável. Foi constatada,

nas três indústrias, a negligência da recomendação das BPF de atestar a potabilidade

da água por meio de análises microbiológicas de seis em seis meses.

Outras recomendações das BPF, que foram parcialmente atendidas pelas indústrias

estudadas, são: dispor de abastecimento abundante de água potável, com um

adequado sistema de distribuição e com proteção eficiente contra contaminação; água

com pressão e temperatura adequadas às operações de limpeza da indústria;

reservatórios mantidos limpos e vedados, sistema eficiente de eliminação de águas

residuais e efluentes (BRASIL, 2000b, SOUZA et al., 1998, SBCTA, 1995b).

Observa-se na FIGURA 2.6 a aproximação entre as pontuações obtidas pelas três

indústrias para o bloco construção e manutenção da edificação (CME). A Vigilância

Sanitária exige pré-requisitos mínimos com relação à construção do estabelecimento

para fornecer o alvará de funcionamento. Além disso, a fiscalização, com relação a este

item, é mais eficiente. Talvez estes sejam os motivos de tal aproximação. Pode ser

observado, através da TABELA 2.4, que as indústrias obtiveram aproximadamente 50%

da pontuação total deste bloco. A indústria A apresentou percentagem de atendimento

menor (47%) por ser um estabelecimento mais antigo e por não ter atividade de

manutenção da edificação.

Page 88: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

88

Em geral, as seguintes recomendações das BPF não foram cumpridas nas indústrias

visitadas: iluminação e ventilação adequadas, existência de antecâmaras nas entradas

principais de pessoal e/ou insumos para a área de processamento, ângulos formados

entre pisos, paredes e bases de equipamentos arredondados para facilitar a limpeza,

vestiários e instalações sanitárias com ventilação adequada e sem acesso direto para a

área de produção, existência de lavatórios providos de sabão, papel toalha e

sanitizantes nas áreas de acesso do pessoal e de fabricação, existência de área

separada para a recepção de matéria-prima e lavagem dos equipamentos e utensílios,

inexistência de aberturas que propiciem a entrada de pragas.

O bloco controle e garantia da qualidade (CGQ) engloba perguntas referentes ao

controle de qualidade do produto produzido, à existência de programa de rastreabilidade

do produto e à existência de programas de garantia da qualidade, tais como BPF e

APPCC (APÊNDICE A). Observa-se nas FIGURAS 2.3, 2.4 e 2.5 a baixa pontuação do

bloco CGQ e na FIGURA 2.6 observa-se uma aproximação da pontuação deste bloco

nas três indústrias estudadas. A percentagem de atendimentos aos itens foram 35, 46 e

29% para as indústrias A, B e C, respectivamente (TABELA 2.4).

Em regra, as indústrias visitadas não atenderam às especificações para correto controle

de qualidade. Segundo as BPF, deve-se seguir um controle do produto final, a partir de

análises microbiológicas, físico-químicas e observações visuais e sensoriais realizadas

para cada lote produzido. Além disso, a indústria deve contar com um sistema de

codificação eficiente, que permita detectar o número de unidades que compõem o lote e

um sistema de mapeamento da entrega, de forma a conseguir localizar, com facilidade,

todas as unidades comercializadas (SENAI & SEBRAE, 2000, SOUZA et al., 1998,

SBCTA, 1995a).

Para todas as indústrias estudadas foi observado o cumprimento do disposto na Portaria

nº1428-1993/MS, que obriga o estabelecimento a conter um manual de BPF específico,

contendo as normas básicas que devem ser empregadas em produtos, processos e

serviços, visando à promoção e certificação da qualidade (BRASIL, 2000a). No entanto,

foi observado que nenhuma das indústrias seguiu as normas do manual. Este fato tem

sua importância aumentada devido à constatação da inexistência de controle dos lotes,

o que permite a colocação, no mercado, de produtos possivelmente capazes de causar

doenças alimentares, uma vez que as normas básicas de higiene não são seguidas

Page 89: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

89

pelos estabelecimentos visitados e não é feito controle do produto final. Além disso, nas

três indústrias visitadas, foi constatada a inexistência de um programa de rastreabilidade

do produto.

Somando-se as pontuações obtidas para cada bloco, a fim de conhecer a Pontuação

Ponderada do Estabelecimento (PPE), observa-se que a indústria A atingiu 40,5 pontos

(FIGURA 2.3), a indústria B recebeu pontuação 52,8 (FIGURA 2.4) e a indústria C

atingiu 51,5 pontos (FIGURA 2.5). A partir desta pontuação, as indústrias B e C foram

classificadas como regulares e a indústria A como ruim, usando-se os critérios

apresentados na TABELA 2.1. Na TABELA 2.4, observa-se que a indústria A obteve

percentagens muito baixas de atendimento aos requisitos avaliados para a maioria dos

blocos, ultrapassando 50% apenas para os blocos controle da água de abastecimento e

controle de pragas, o que justifica a classificação desta indústria como ruim.

4 CONCLUSÃO

As indústrias estudadas não apresentam condições mínimas necessárias à implantação

do sistema APPCC. Nas três indústrias foram constatadas práticas inadequadas que

não atenderam às preconizações das BPF, tais como:

• Falta de treinamento dos manipuladores,

• Sistemas inadequados de limpeza e sanificação de superfícies, instalações,

equipamentos e utensílios, bem como negligência destes processos;

• Ausência de seleção de fornecedores e aquisição de matéria-prima de qualidade

duvidosa e sem selo de fiscalização,

• Inexistência de controle adequado de pragas,

• Ausência de controle da qualidade do produto acabado.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRUDA, G.A., POPOLIM, W.D., FUJINO, H., LEITE, C.L., RIBEIRO, L.C. Avaliação

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Page 90: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

90

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Page 93: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

93

CAPÍTULO III

Análises microbiológicas das matérias-primas utiliz adas na fabricação

de pão de queijo, das massas intermediárias e do pr oduto acabado, em uma indústria situada na cidade de Belo Horizont e, Minas Gerais.

RESUMO

Foram realizadas análises microbiológicas das matérias-primas, das massas

intermediárias e do pão de queijo congelado e embalado (produto acabado), para avaliar

a qualidade dos produtos de uma indústria localizada em Belo Horizonte - MG, com o

objetivo de estudar a influência das matérias-primas na qualidade e segurança do

produto final. Os dados encontrados foram comparados com os padrões legais,

resultando em 100% das amostras de água, de ovos e de polvilho e 83% das amostras

de leite dentro dos limites máximos de microrganismos estabelecidos pela Resolução

nº12/2001-ANVISA. Observou-se um aumento da contaminação por coliformes totais e

fecais, após a quebra dos ovos. A margarina apresentou contagem superior ao limite

determinado para coliformes fecais na Resolução nº12/2001-ANVISA em 17% das

amostras e 100% apresentaram bolores e leveduras em quantidade acima do limite

determinado na Portaria SVS/MS nº451-1997. Noventa e três por cento das amostras de

queijo estavam fora dos padrões legais vigentes, sendo que destas, 76,9%

apresentaram S. aureus em contagem superior ao padrão e todas apresentaram

coliformes totais e coliformes fecais acima do limite. A contagem de bolores e leveduras

nas amostras de queijo também foi elevada, variando de 104 a 106 UFC/g. Observou-se

que a qualidade microbiológica das massas de pães de queijo decaiu após a adição do

queijo, ocorrendo aumento na contagem dos microrganismos presentes nesta matéria-

prima, destacando-a, como um ponto crítico na indústria estudada. O pão de queijo foi

analisado após assamento, ocorrendo uma considerável diminuição da contaminação

inicial. Comparando-se os resultados das análises do pão de queijo assado com os

padrões legais para massas cruas, todas as amostras estudadas estavam em

conformidade, porém, devido às contagens elevadas de S. aureus encontradas nas

amostras cruas, é preciso considerar a provável existência de toxina estafilocócica em

quantidade suficiente para causar doença alimentar.

Palavras-chaves: pão de queijo, microbiologia, matérias-primas, massas.

Page 94: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

94

ABSTRACT

Microbiological analysis of raw materials, of intermediary doughs and frozen doughs of

cheese roll (finished product) were accomplished aiming to evaluate the quality of the

product of an industry located in Belo Horizonte - MG, and to study the influence of raw

materials in the quality and safety of the finished product. Data were compared to legal

standards, resulting in accordance of 100% of the samples of water, eggs and manioc

flour and 83% of milk to maximum limits of established microorganisms in Resolution

nº12/2001-ANVISA. An increase in the contamination was observed after breaking of

eggs in relation to total and fecal coliforms. Margarine presented higher countings than

standard limit determined for fecal coliforms in the Resolution nº12/2001-ANVISA for

17% of the samples and 100% presented molds and yeasts in amount above the

standard limit determined in Resolution nº451/1997-SVS/MS. Ninety three percent of

cheese samples was out of effective legal standards, and among these, 76,9%

presented S. aureus in higher countings than standard, and all samples presented total

and fecal coliforms above the standard limits. The mold and yeast countings in cheese

samples were also high, varying 104 to 106 UFC/g. It was observed that microbiological

quality of cheese roll dough were affected by the addition of cheese, occurring an

increase in countings of the microorganisms present in this raw material. Cheese can be

considered as a critical point in the studied industry. Cheese rolls analyzed after baking

showed a considerable decrease in the initial contamination. Comparing results of the

analyses of baked cheese roll to legal standard for raw dough, all baked samples were in

conformity to the legislation. Due to high countings of S. aureus found in raw samples it

is necessary to consider probable existence of Staphylococcus toxins in sufficient

amounts to result in food-borne disease.

Word-keys: cheese roll, microbiology, raw materials, dough.

1 INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico no processo de conservação da massa de pão de queijo propiciou

sua produção em escala industrial, permitindo aumento do consumo deste produto em

vários Estados brasileiros e no exterior.

Page 95: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

95

Em avaliação da qualidade microbiológica do pão de queijo comercializado na cidade de

Belo Horizonte - MG, realizada em 1999, foram encontradas 81,82% das marcas

analisadas em desacordo com os padrões legais (INMETRO, 2000b). Em janeiro de

2001, foi realizado um novo levantamento, desta vez em âmbito estadual, e constatou-

se a existência de 32,80% das marcas analisadas em desacordo com os padrões

(ESTADO..., 2001a,b). Este resultado, embora melhor, está longe do ideal e demonstra

a necessidade de melhorias no setor. Foi fundado, em 1999, o programa de

desenvolvimento da indústria mineira de pão de queijo, denominado "Pró-pão de queijo".

Este programa visa buscar tecnologia que viabilize a oferta de um produto inócuo à

saúde e para isso pretende possibilitar a implantação das Boas Práticas de Fabricação

(BPF) e futuramente, do sistema de Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle

(APPCC), por meio de divulgação e apoio tecnológico (FIEMG, 2000).

Vários são os fatores que podem contaminar ou aumentar a contaminação de um

alimento processado. Os fatores podem estar ligados ao processo produtivo, como

utensílios, equipamentos e ambiente mal higienizados; manipuladores portadores de

doenças infecciosas e desinformados quanto aos hábitos higiênicos corretos; falta de

controle da qualidade das matérias-primas e da água de abastecimento e inexistência

de programa eficiente de controle de pragas. O aumento da contaminação pode, ainda,

advir dos processos de distribuição e de comercialização do produto. É comum o

desligamento do sistema de refrigeração durante o período noturno com a finalidade de

redução de custos, o que leva à variação da temperatura do produto com possibilidade

de crescimento bacteriano. Em relação à distribuição do alimento, é conhecida a falta de

treinamento dos transportadores de alimentos perecíveis (ARRUDA et al., 1996).

A origem das matérias-primas e as condições de recebimento podem representar

pontos críticos que devem ser controlados (IAMFES, 1997). Matéria-prima de má

procedência origina produto de qualidade comprometida, reduzindo sua vida comercial e

depreciando-o perante o consumidor (ANDRÉ et al., 1999). A qualidade do pão de

queijo existente no mercado em Belo Horizonte não é satisfatória quanto aos aspectos

higiênico-sanitários, destacando-se a falta de controle da qualidade das matérias-primas

como uma das principais causas deste problema (INMETRO, 2000b). Toda a cadeia de

processamento deve ser controlada para garantir a segurança do produto, desde a

matéria-prima, passando pelos processos, meio ambiente, pessoas envolvidas, até a

expedição e distribuição do produto (SOLÍS, 1999).

Page 96: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

96

O leite, o queijo e o ovo destacam-se como as principais matérias-primas veiculadoras

de microrganismos de importância sanitária na produção do pão de queijo. A água e o

polvilho exercem uma menor influência. Trabalhos referentes às condições

microbiológicas do queijo Minas, que é o preferido pelos produtores de pão de queijo,

mostram que as contagens de coliformes, S. aureus e Salmonella sp. podem chegar a

níveis altos de contaminação, podendo causar intoxicção alimentar (BORELLI et al.,

2000, LEITE et al., 2000b, SÁ BARRETO & PEREIRA, 1999, ALTEKRUSE et al. 1998,

GOMES & GALLO, 1995, GARCIA-CRUZ et al., 1994, SABIONI et al., 1994,

RAIMUNDO et al., 1992, CARMO & BERGDOLL, 1990). O problema microbiológico dos

ovos reside na incidência de Salmonella sp., um importante microrganismo associado a

toxinfecções alimentares (PEREIRA, 1998, EBEL et al., 1993, HENSON, 1997).

O desenvolvimento desta pesquisa é justificado pela necessidade de melhorar a

qualidade e a segurança das massas de pães de queijo, em vista da crescente

popularização do consumo deste produto no mercado interno e externo. Os objetivos

deste trabalho foram avaliar a contaminação microbiológica das matérias-primas e das

massas intermediárias, coletadas no decorrer do processamento, até a obtenção do

produto final, visando estudar a influência das matérias-primas e do processo produtivo

na qualidade do pão de queijo.

2 MATERIAL E MÉTODOS

No CAPÍTULO 2 realizou-se a avaliação das BPF em três indústrias de pão de queijo,

localizadas em Belo Horizonte - MG, por meio dos questionários apresentados no

APÊNDICE A, tendo sido escolhida a Indústria "A" para prosseguimento do trabalho. A

escolha desta indústria baseou-se no seu maior volume de produção, maior organização

aparente e na receptividade demonstrada pelos proprietários e funcionários, por ocasião

das visitas para a avaliação das BPF.

Os métodos para amostragem, coleta, acondicionamento, transporte e para as análises

microbiológicas das amostras obedeceram às orientações do Compendium of methods

for microbiological examination of foods (APHA, 1992), em sua última edição, como

indicado pela Resolução RDC-no12/ANVS de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001a). As

amostras foram analisadas no Laboratório de Microbiologia do Centro Tecnológico de

Page 97: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

97

Minas Gerais - CETEC/MG. Foram empregados vidrarias, reagentes e meios de cultura

usuais em laboratórios de microbiologia, sendo as análises realizadas com a assepsia

necessária, dentro de capelas higienizadas e na presença constante de chama próxima

à área de manipulação da amostra. Os meios de cultura utilizados na realização desta

pesquisa foram gentilmente doados pela BIOBRÁS S.A.

2.1 COLETA DAS AMOSTRAS

Para levantamento da qualidade microbiológica, foram coletadas todas as matérias-

primas envolvidas na fabricação de massas congeladas de pães de queijo, com exceção

do óleo e do sal, que não são considerados veiculadores de microrganismos de

importância sanitária. As matérias-primas foram coletadas na própria indústria, dentro de

suas embalagens originais, em uso (abertas), sendo a coleta feita com todos os

cuidados de assepsia necessários.

Os ovos inteiros foram coletados dentro das embalagens, no local de armazenamento,

escolhendo-se de forma aleatória seis ovos em diversos pentes. Foram também

coletados após a quebra, imediatamente antes de serem adicionados à massa. O queijo

foi coletado inteiro, fazendo-se um pool de cinco unidades e, também, após a moagem.

Foram colhidas amostras de margarina, de leite e de polvilho, incluindo fécula de

mandioca e polvilho azedo. As amostras de água foram coletadas em dois pontos dentro

da área de produção, sendo uma originada da caixa d'água e outra oriunda da rua. Para

coleta, desprezou-se o primeiro jato, deixando a água escorrer por aproximadamente 20

segundos e coletando diretamente no frasco de vidro esterilizado.

Além das matérias-primas, foram amostradas as massas intermediárias e o produto

acabado, seguindo o fluxograma de produção, como mostra a FIGURA 1 do APÊNDICE

B. As massas intermediárias foram coletadas nos seguintes pontos correspondentes aos

respectivos pontos dentro da linha de processamento (FIGURA 1 da Apêndice B):

• após escaldamento dentro da betoneira - ponto 7

• após amassamento com os ovos antes de misturar o queijo - ponto 8

• após mistura do queijo - ponto 8

• após retirar da masseira e imediatamente antes de colocar na pingadeira - ponto 9

• após modelagem dentro dos tabuleiros - ponto 9

Page 98: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

98

Foi coletada ainda uma sexta amostra que foi denominada massa reaproveitada -

massa congelada com defeito de modelagem que foi separada durante o processo de

embalagem para ser reaproveitada no próximo processamento. A massa congelada foi

coletada após um período mínimo de 24 horas, durante o processo rotineiro de

embalagem do produto, escolhendo-se aleatoriamente dois pacotes de 500g. No

laboratório, foi escolhido um desses pacotes para analisar após prévio assamento. O

cozimento foi feito em forno elétrico de forma semelhante a um assamento doméstico.

As amostras das massas foram retiradas sempre do primeiro lote do dia, fazendo-se um

acompanhamento do fluxo de produção desde a matéria-prima até o produto acabado,

de modo que a matéria-prima amostrada correspondia ao pão de queijo final. Procurou-

se coletar uma quantidade mínima de 200g ou 200 mL de todos os produtos analisados

(matérias-primas e massas). Para auxiliar na coleta foram utilizados colheres, facas,

garfos, conchas ou pinças previamente esterilizados. As amostras foram acondicionadas

em sacos plásticos ou potes de vidro estéreis. As amostras de água foram coletadas em

potes de vidro contendo 0,1mL de tiossulfato de sódio a 10%, para a neutralização do

cloro. Todo o material coletado foi devidamente identificado e armazenado em caixas de

isopor contendo gelo reciclável visando manter as características microbiológicas do

produto durante o transporte até o Laboratório de Microbiologia de Alimentos do

CETEC. As amostras de polvilho foram transportadas em temperatura ambiente. A

identificação das amostras foi feita em uma ficha apropriada (QUADRO 1 do APÊNDICE

B), onde foram anotados dados a respeito da metodologia e do local de coleta, data de

validade e vencimento das matérias-primas, marca do produto coletado, entre outras

informações.

As coletas foram feitas em seis dias durante seis semanas. Ao todo foram coletadas 14

amostras de queijo, 12 amostras de água, de polvilho e de ovos e seis amostras de leite

e de margarina. Para as massas foram coletadas seis amostras de cada ponto de

coleta, com exceção do pão de queijo assado, cujo número de repetições foi igual a

quatro. No laboratório, as amostras foram mantidas refrigeradas até o momento da

análise. Todas as amostras foram analisadas em um prazo máximo de 12 horas. Os

resultados das análises microbiológicas foram anotados em fichas apropriadas, cujo

modelo é apresentado no QUADRO 2 do APÊNDICE B.

Page 99: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

99

2.2 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

Os meios de cultura para as análises microbiológicas foram preparados conforme

indicações constantes nos rótulos das embalagens. Os meios sólidos foram feitos com

antecedência máxima de dois dias e os meios líquidos com antecedência máxima de

uma semana. Os meios de Cultura IAL para identificação de Salmonella sp. foram

adquiridos do setor de meios de cultura da Fundação Ezequiel Dias - FUNED. As

análises realizadas para cada alimento estudado são apresentadas na TABELA 3.1.

TABELA 3.1. Análises microbiológicas das matérias-primas e massas:

MICRORGANISMOS PESQUISADOS

AMOSTRAS Coliformes

Totais Coliformes

Fecais Staphylo. Coag. +

Salmonella sp.

B. cereus

Bactérias mesófilas

Bolores e leveduras

Água tratada X X X

Ovo X X X

Fécula/polvilho X X X X X X

Margarina X X X X

Leite tipo C X X X X

Queijo Minas X X X X X

Massas X X X X X

X = análises realizadas

2.2.1 Preparo das amostras

Os seis ovos inteiros tiveram suas cascas limpas com álcool iodado e foram transferidos

assepticamente para potes de vidro esterilizados. Para uma correta homogeneização, a

margarina foi colocada em Banho Maria a 48ºC para a sua liquefação ante da retirada

da alíquota. Após a homogeneização das amostras e higienização da parte externa das

embalagens com solução de álcool iodado a 2%, uma alíquota de 25g ou mL foi retirada

com auxílio de um utensílio esterilizado e transferida para um recipiente contendo 225

mL de água peptonada tamponada esterilizada. A homogeneização da amostra com a

água peptonada foi realizada por agitação do recipiente, para as amostras líquidas, e

em homogeneizador mecânico, para as amostras sólidas.

Page 100: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

100

A partir desta primeira diluição (10-1), foi preparada a diluição seguinte, pipetando-se de

forma asséptica 10 mL desta diluição e transferindo-a para um frasco contendo 90 mL

de água peptonada tamponada esterilizada (diluição 10-2). As diluições seguintes foram

feitas seguindo-se este mesmo procedimento.

2.2.2 Contagem de coliformes totais e fecais

As análises de coliformes totais e fecais foram baseadas no Número Mais Provável

(NMP) destes microrganismos presentes em um grama ou mililitro da amostra,

constando de um teste presuntivo e testes confirmatórios para coliformes totais e para

coliformes fecais.

Teste presuntivo:

Foram inoculadas alíquotas de 1 mL das diluições seriadas das amostras das matérias-

primas e das massas (10-1, 10-2, 10-3, etc) em três tubos de ensaio para cada diluição

estudada, contendo, cada tubo, 10 mL de Caldo Lauril Sulfato de sódio (LST) e um tubo

de Duhram em posição invertida. Para análise das amostras de água, foram utilizadas

três séries de cinco tubos. Na primeira série de tubos, contendo 10 mL de caldo LST

duplo, foi adicionado uma alíquota de 10 mL da amostra, nas demais séries (10-1 e 10-2)

os tubos, contendo 10 mL de LST simples, foram inoculados respectivamente com

alíquotas de 1 mL e de 0,1 mL da amostra. Em paralelo, como controle, foram

inoculadas cepas de E. coli e Enterobacter sp. nos mesmos meios de cultura citados.

Os tubos foram incubados à 37°C, por 48 horas, e aqueles que apresentaram

crescimento microbiano com produção de gás, identificado pelo aparecimento de bolhas

de ar dentro do tubo de Duhram, foram submetidos às provas confirmatórias.

Testes confirmatórios:

Os tubos contendo LST com resultados positivos foram semeados com o auxílio de alça

de níquel-cromo (uma alça cheia) para tubos contendo 10 mL de Caldo Verde Brilhante

(CVB) - teste confirmatório de coliformes totais e para tubos contendo 3 mL de Caldo

Escherichia coli (EC) - teste confirmativo de coliformes fecais, cada tubo contendo 1

tubo de Duhran. Após o período de incubação - 48 horas em estufa a 37ºC para

coliformes totais e 24 h em banho-maria a 45ºC para coliformes fecais, os tubos foram

observados quanto ao crescimento microbiano com produção de gás.

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101

As amostras de leite e de queijo foram inoculadas diretamente em Caldo Verde

Brilhante, repicando os tubos positivos deste meio para o meio EC. As cepas E. coli e

Enterobacter sp. também foram repicadas para os meios CVB e EC, no intuito de avaliar

a eficiência do meio de cultura e controlar a temperatura de crescimento de coliformes

fecais.

Para o cálculo do NMP, o arranjo mais significativo de tubos positivos das diluições foi

transposto para tabelas estatísticas que informam o NMP/g ou mL da amostra. Foram

consideradas mais significativas as três diluições em série, com a última diluição

apresentando os três/cinco tubos ou pelo menos um tubo negativo. O QUADRO 1 do

ANEXO, que apresenta as combinações para séries de três tubos, foi utilizado para

obter os resultados de NMP para as matérias-primas e massas e o QUADRO 2 do

ANEXO, que mostra as combinações para séries de cinco tubos, foi utilizado para obter

o NMP de coliformes totais e fecais para as amostras de água.

Para a combinação de tubos positivos envolvendo diluições superiores a 10-1, o número

encontrado nas tabelas foi multiplicado por 10 a cada diluição correspondente à décima

parte da diluição 10-1. De forma semelhante, para diluições menores que 10-1 (10, 10-1 e

10-2) o número correspondente à combinação de tubos positivos achado na tabela foi

dividido por 10. Para a água, o resultado final foi expresso em NMP/100 mL da amostra.

2.2.3 Contagem de Staphylococcus coagulase positiva

Alíquotas de 0,2 mL das diluições 10-1, 10-2 e 10-3 foram inoculadas, em duplicata, na

superfície de ágar Baird-Parker (BP) contidas em placas de Petri. O inóculo foi

espalhado uniformemente sobre a superfície do meio, com auxílio de alça de Drigalski,

previamente esterilizada. As placas foram incubadas a 37°C por 48 horas, em posição

invertida e aquelas que apresentaram colônias suspeitas - coloração negra brilhante;

forma arredondada; convexa; bordas regulares; circundadas por um halo opaco e um

outro externo maior, transparente e contrastando com o meio - foram selecionadas para

contagem (FIGURA 3.1).

Page 102: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

102

FIGURA 3.1: Colônias características de Staphylococcus aureus em ágar Baird-Parker

Prova de identificação de Staphylococcus aureus - coagulase positiva:

Para identificação das colônias de Staphylococcus aureus, foram escolhidas as placas

de maior diluição que apresentaram contagem de colônias entre 10 e 150. Um número

de colônias igual ou maior que a raiz quadrada do número de colônias contadas foi

transferido para tubos de ensaio contendo 0,3 mL de caldo Infuso Cérebro Coração

(BHI). A inoculação foi feita com o auxílio de alça de níquel-cromo, transferindo uma

única colônia para cada tubo. Estes tubos foram incubados a 37°C por 24 h e, após este

período, foi adicionado, a cada tubo, 0,3 mL de plasma de coelho liofilizado e hidratado

com solução salina. Novamente os tubos foram incubados a 37°C e examinados

periodicamente, durante um intervalo de, no máximo, seis horas para observação da

ocorrência de reação de coagulação. Com o objetivo de avaliar a eficiência do meio de

cultura e do plasma, paralelamente, foram feitos tubos controle positivo, contendo cepas

de S. aureus, e controle negativo, contendo apenas caldo BHI e plasma de coelho.

Foram consideradas colônias positivas aquelas que na reação de coagulase

apresentaram coágulo do tipo 3+ ou 4+, conforme apresentado na FIGURA 3.2. A

FIGURA 3.3 apresenta uma reação de coagulase tipo 4+.

Staphylococcus aureus

Page 103: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

103

Reação negativa: não formação de coágulo. Reação 1+ : coágulo pequeno e desorganizado. Reação 2+ : coágulo pequeno e organizado.

Reação 3+ : coágulo grande e organizado. Reação 4+ : coagulação de todo o conteúdo do tubo, que não se desprenderá quando o tubo for invertido.

FIGURA 3.2 - Esquema da formação do coágulo na reação da coagulase FONTE: APHA (1992)

FIGURA 3.3: Reação de coagulase do tipo 4+ (a) para Staphylococcus aureus e controle negativo (b)

Cálculo das UFC/g ou mL da amostra

Para o cálculo do número de Unidades Formadoras de Colônias de Staphylococcus

aureus por grama ou mililitros (UFC/g ou mL) da amostra, utilizou-se a seguinte

equação:

(a)

(b)

Page 104: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

104

Sendo:

Colônias isoladas = Total de colônias que foram capturadas para reação de coagulase;

Colônias confirmadas = Quantidade, entre aquelas isoladas, que apresentaram reação positiva;

Fator de correção da alíquota = Valor que corrige o erro da alíquota (0,2 mL) em função do volume da pipeta utilizada para pegá-la (1 mL). Neste trabalho, este valor foi igual a 5 (5 x 0,2 = 1), sendo este um número fixo para todas as amostras;

Fator de diluição da amostra = 10, 100 ou 1000 para diluições 10-1, 10-2 ou 10-3, respectivamente.

Para contagem em que o número de colônias típicas encontrado estava fora do intervalo

de precisão e repetibilidade (10 e 150) foi incluído a designação "por estimativa", através

da abreviatura "est.".

2.2.4 Contagem de Bacillus cereus

Alíquotas de 0,1 mL da diluição 10-1 foram inoculadas, em duplicata, na superfície de

placas contendo 20 mL de Ágar manitol gema de ovo polimixina - ágar seletivo para B.

cereus (BC). O inóculo foi espalhado uniformemente sobre a superfície do meio, com o

auxílio de alça de Drigalski esterilizada. As placas foram incubadas em posição invertida

em estufa a 30°C, por 24 h. Foi feita uma placa controle inoculando-se cepa de B.

cereus, para avaliar a eficiência do meio.

Neste meio de cultura, foram contadas as colônias rodeadas por um halo de

precipitação opaco sobre um fundo róseo, representando a contagem presuntiva. O

crescimento deste tipo de colônia determinou a continuidade das análises com testes

bioquímicos para identificação do microrganismo.

2.2.5 Determinação da presença/ausência de Salmonella sp.

A diluição inicial (10-1) contendo 25g ou mL da amostra em 225 mL de água tamponada

peptonada, devidamente homogeneizada, foi incubada a 37ºC, por 24 h, para um prévio

crescimento de microrganismos presentes na amostra (pré-enriquecimento). Para um

enriquecimento seletivo, aliquotas de 1 mL da diluição de pré-enriquecimento foram

adicionadas aos tubos de ensaio contendo 10 mL de caldo Selenito-Cistina (SC) e aos

tubos contendo 10 mL de caldo Tetrationato (TT). Os tubos contendo SC foram

colônias contadas X colônias confirmadas X fator de diluição X fator de correção da alíquota colônias isoladas

Page 105: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

105

incubados à 37ºC e os contendo TT foram incubados a 43°C, por um período de 24

horas.

Isolamento

Após 24 horas nos meios de culturas para enriquecimento seletivo, foram efetuadas

estrias de isolamento, com auxílio de alça de níquel-cromo (alça vazia), no ágar Xilose-

lisina-desoxicolato (XLD) e no ágar verde brilhante-vermelho de fenol lactose-sacarose

(BGA) contidos em placas de Petri esterilizadas. Estes meios, após inoculação da

amostra, foram incubados a 37°C, por 24 horas. A presença de colônias típicas de

Salmonella sp. (colônias brilhantes com centro negro e rodeadas por uma porção de

aspecto cremoso, de cor rósea-avermelhada transparente, no meio XLD (FIGURA 3.4) e

colônias brilhantes, transparentes, com alteração da cor do meio de cultura, inicialmente

amarela, para a cor rásea-avermelhada, no meio BGA (FIGURA 3.5), determinou a

continuação das análises, prosseguindo com os testes confirmatórios. Paralelamente,

foram inoculados meios XLD e BGA, com cepas de Salmonella thyphimurium, para

controle da eficiência do meio de cultura.

Testes confirmatórios

As colônias típicas foram inoculadas individualmente em meio de cultura denominado

Instituto Adolfo Lutz (IAL), com o auxílio de alça de níquel-cromo. Este meio de cultura

oferece resultados de 9 reações bioquímicas ao mesmo tempo, permitindo a

identificação de Salmonella sp., além de outros microrganismos importantes como

mostra a FIGURA 1 do ANEXO.

FIGURA 3.4: Salmonella sp. em meio de cultura XLD

Salmonella sp

Salmonella sp.

Page 106: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

106

FIGURA 3.5: Salmonella sp. em meio de cultura BGA (1) e detalhe da mudança de cor do meio de cultura após o crescimento da cepa (2)

2.2.6 Contagem de bactérias mesófilas

A partir das diluições das amostras, foram feitas semeaduras em profundidade,

inserindo-se 1 mL de cada diluição estudada em placas de Petri esterilizadas, em

duplicata. Foram escolhidas para inoculação diluições que, possivelmente, resultassem

em contagens de colônias entre 30 e 300 UFC, sendo este o intervalo de precisão e

repetibilidade da metodologia empregada. Após a inoculação, foi adicionado a cada

placa 15-20 mL do meio de cultura Plate Count Agar (PCA), previamente esterilizado e

resfriado, à temperatura de 48-45ºC, adicionado de 1% do corante 2,3,4 cloreto de

trifenil tetrazólio. A homogeneização do inóculo com o meio de cultura foi feita

movimentando-se a placa de Petri em uma superfície lisa desenhando um 8. Após

solidificação do ágar, as placas foram incubadas a 37ºC, por 48 horas, em posição

invertida.

O resultado foi dado em UFC/g ou mL da amostra, multiplicando-se o número de

colônias contadas pelo inverso da diluição correspondente. Quando as diluições

consideradas para contagem apresentaram números de bactérias fora do intervalo de

precisão (<30 ou >300 UFC/g), o resultado final foi acrescido da expressão "por

estimativa" ("est").

(1)

Salmonella sp

(1)

Salmonella sp Meio BGA

(2) (1)

Page 107: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

107

2.2.7 Contagem de bolores e leveduras

Alíquotas de 1 mL das diluições preparadas foram inoculadas no fundo de placas de

Petri estéreis (semeadura em profundidade) em duplicata, utilizando-se, para isto,

pipetas estéreis. A cada placa, foi adicionado 15-20 mL de ágar batata dextrosado (AB),

previamente esterilizado e resfriado a 48-45°C, acidificado com 1% de ácido tartárico a

10%. A homogeneização foi feita através de suaves movimentos em forma de oito, a fim

de obter uma distribuição uniforme do inóculo e, após solidificação do meio, as placas

foram incubadas em estufa a 25°C, por cinco a sete dias.

Foram consideradas para contagem as placas que apresentaram de 10 a 150 colônias e

o cálculo foi feito a partir da média aritmética das placas multiplicada pelo inverso da

diluição correspondente. Os resultados foram expressos em unidades formadoras de

colônias de bolores e leveduras por grama ou mL da amostra (UFC/g ou mL). Para

contagens fora do intervalo de precisão (UFC <10 ou >150), o resultado final foi

acrescido da abreviatura "est.", de estimado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. MATÉRIAS-PRIMAS

Os dados obtidos das análises de todas as matérias-primas estão apresentados no

QUADRO 3 do APÊNDICE B, e a avaliação segundo os padrões legais, na FIGURA 3.6.

Pode ser observado na FIGURA 3.6 que todas as amostras de água, ovos e polvilho e

83% das amostras de leite estavam de acordo com os padrões máximos de

microrganismos determinados na Resolução nº12/2001-ANVISA para os alimentos

(BRASIL, 2001a) e determinado na Portaria nº1469/2000-MS para a água (BRASIL,

2001b) (QUADRO 3 do ANEXO). O leite apresentou contagem de coliformes fecais

superior ao padrão em uma amostra. Observa-se, ainda, na FIGURA 3.6, que 93% das

amostras de queijo estavam em desacordo com os padrões.

Os resultados obtidos nas análises da margarina são apresentados na TABELA 3.2.

Podem ser observadas contagens baixas de coliformes totais e coliformes fecais, além

da ausência de Salmonella sp. Todas as amostras de margarina estavam fora dos

Page 108: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

108

padrões para bolores e leveduras, segundo a Portaria no451/1997-SVS/MS e a Consulta

Pública no5/1999-ANVISA. No entanto, a legislação vigente (Resolução no12/2001-

ANVISA) não estabelece padrão para estes microrganismos na margarina.

FIGURA 3.6: Amostras das matérias-primas em conformidade com os padrões especificados na Resolução nº12/2001-ANVISA, para os alimentos, e com os especificados na Portaria 1469/2000-MS, para a água.

TABELA 3.2: Resultados das análises microbiológicas da margarina:

ANÁLISES MATERIAL COLETADO

Colif. Totais (NMP/g)

Colif. Fecais (NMP/g)

Salmonella sp

Bolores e leveduras (UFC/g)

1 <3,6 <3,6 Aus/25ga 2,0 X 103 2 <3,6 <3,6 Aus/25g 4,0 X 103 3 <3,6 <3,6 Aus/25g >3,0 X 103 est.b 4 <3,6 <3,6 Aus/25g >3,0 X 103 est. 5c 23 9,2 Aus/25g 6,3 X 103

Margarina

6 <3,6 <3,6 Aus/25g >3,0 X 103 est. PADRÃO

Portaria nº451 d - Aus/1g Aus/25g 5,0 X 10 2 Consulta Pública nº5 e - <1 - 102 Resolução nº12 f - 1 - - a. Aus/25g = ausência em 25 gramas do alimento analisado b. est. = estimado c. Amostra Fora do padrão segundo a Resolução nº12/2001-ANVISA d. Fonte: BRASIL (2000b) e. Fonte: BRASIL, (2000a) f. Fonte: BRASIL, (2001a)

No presente trabalho, 17% das amostras de margarina apresentaram contagem de

coliformes fecais acima dos padrões estabelecidos. Segundo DELAMARRE & BATT

100 100 100

83

7

100

0

20

40

60

80

100

Água Ovo Fécula Polvilho azedo Leite Queijo

% d

e am

ostr

as a

prov

adas

Page 109: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

109

(1999), a composição da margarina e principalmente o tamanho das gotículas da fase

aquosa constituem barreiras efetivas que limitam o crescimento da maioria dos

microrganismos patogênicos. Embora não tenham sido encontrados dados a respeito da

qualidade microbiológica da margarina produzida no Brasil, considerando-se o exposto

por esses autores, pode-se supor que a contaminação da amostra de margarina por

coliformes fecais foi advinda do manuseio incorreto deste produto durante o processo

produtivo, uma vez que as amostras foram coletadas diretamente dos potes em uso e

estes ficavam à temperatura ambiente, entreabertos, e o utensílio utilizado para pegar a

margarina permanecia dentro dos potes, além da falta de cuidado na manipulação do

produto.

Neste trabalho, foram encontradas 17% das amostras de leite tipo C com contagens

elevadas de coliformes totais e fecais. Diversos autores mostraram contaminação deste

tipo de leite superior à encontrada no presente trabalho: LEITE et al. (2000a)

encontraram 65,63% de uma marca de leite e 31,25% de outra fora dos padrões para

coliformes totais e 34,35% e 6,25% de amostras de cada marca, respectivamente, fora

dos padrões para coliformes fecais; FRANCO et al. (2000) encontraram 33,33% de

amostras fora dos padrões tanto para coliformes totais quanto para coliformes fecais e

BARRETO et al. (2000), estudando os resultados das análises fiscais de 64 amostras de

leite pasteurizado, encontraram 23,44% em condições impróprias para o consumo.

Análises de leite tipo "C" realizadas pelo INMETRO também mostraram um percentual

alto (52%) de amostras fora dos padrões legais vigentes (INMETRO, 2000a). Os autores

citados fizeram levantamento da qualidade do leite em uma cidade ou em um Estado,

avaliando diferentes marcas comerciais. Já no trabalho atual, foram coletadas amostras

do leite utilizado como matéria-prima na indústria de pão de queijo, não havendo

variação de marcas. Este fato, explica a diferença entre os dados encontrados nesta

pesquisa e os dados dos autores citados.

Foi constatada a utilização de leite com prazo de validade vencido na fabricação do pão

de queijo. É importante salientar que, embora o leite seja aquecido à temperatura de

ebulição fazendo parte do escaldo, vários fabricantes de pão de queijo adicionam leite

não aquecido à massa durante o processo de amassamento, para atingir o "ponto de

modelagem".

Page 110: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

110

Na FIGURA 3.7, são apresentadas as percentagens de amostras de queijo encontradas

na indústria estudada, fora dos padrões, segundo cada microrganismo. Nota-se que, do

total de amostras condenadas, 100% apresentaram coliformes totais e coliformes fecais

em contagens superiores às estabelecidas na Consulta Pública nº5/1999-ANVISA

(BRASIL, 2000a) e na Resolução nº12/2001-ANVISA (BRASIL, 2001a),

respectivamente, e 76,9% apresentaram contagem de S. aureus acima do limite

estabelecido na legislação vigente; não sendo encontrada Salmonella sp. Estes

resultados aproximam-se dos obtidos por SÁ BARRETO & PEREIRA (1999), que

verificaram a existência de 86,36% de amostras de queijo Minas em desacordo com a

legislação, sendo que destas, 100% estavam contaminadas com coliformes fecais e

31,57% estavam contaminadas com Staphylococcus aureus. BORELLI et al. (2000)

encontraram contagem de Staphylococcus coagulase positiva acima do valor máximo

permitido em 80% das amostras de queijos Minas curado analisadas. NASCIMENTO et

al. (1985) encontraram 94,12% de amostras de queijo Minas frescal fora dos padrões e

destas, 90,20% apresentaram contagens superiores ao limite para coliformes fecais e

para S. aureus. Vários outros autores mostram uma considerável contaminação por um

ou mais dos microrganismos pesquisados neste trabalho em queijos Minas (GOMES &

GALLO, 1995, GARCIA-CRUZ et al., 1994, RAIMUNDO et al., 1992, MANDIL et al.,

1982, SANTOS & GENIGEORGES, 1981); inclusive relacionados com surtos de

doenças alimentares (ALTEKRUSE et al. 1998, SABIONI et al., 1994, CARMO &

BERGDOLL, 1990, SABIONI et al., 1988).

FIGURA 3.7: Amostras de queijo em desacordo com a Consulta Pública ANVISA nº5/1999, para coliformes totais, e com a Resolução ANVISA nº12/2001, para coliformes fecais e S. aureus.

76,9

100100

0

20

40

60

80

100

Coliformes Totais Coliformes Fecais Staphylococcus coag.+

% d

e am

ostr

as e

m d

esac

ordo

Page 111: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

111

Em vista dos resultados obtidos, pode-se concluir que a qualidade do queijo é um ponto

crítico na indústria de pão de queijo estudada, confirmando a afirmativa de PEREIRA

(1980): um dos pontos de estrangulamento para a fabricação de pão de queijo de

qualidade é o queijo Minas, o qual é produzido nas fazendas artesanalmente, sem o

mínimo cuidado com a higiene, utilizando leite cru como matéria-prima. O controle da

qualidade deste produto pode ser feito por utilização de queijo de origem conhecida e

fiscalizado pelo órgão competente; por seleção do fornecedor, através de visitas

técnicas para avaliação das BPF e controle periódico da matéria-prima, por meio de

análises microbiológicas.

Os resultados das contagens dos microrganismos nas amostras de queijo, bem como os

padrões estabelecidos na Portaria SVS/MS no451-1997, na Consulta Pública no5/1999-

ANVISA e na Resolução no12/2001-ANVISA são apresentadas na TABELA 3.3. Pode

ser observado que apesar da Legislação Federal não fazer referência à enumeração de

bolores e leveduras e apenas a Consulta Pública nº5/1999-ANVISA fazer referência à

contagem de coliformes totais, essas análises foram realizadas para se obter uma

avaliação da carga bacteriana existente no queijo.

A presença de coliformes totais, bolores e leveduras no alimento pode ser decorrente

das condições higiênico-sanitárias insatisfatórias com relação ao pessoal, aos

equipamentos e utensílios e às condições de conservação e estocagem do produto

(RAIMUNDO et al., 1992). GARCIA-CRUZ et al. (1994) compararam as condições

microbiológicas de queijo Minas frescal de produção industrial e artesanal e

encontraram contagens de bactérias mesófilas, bolores, leveduras e coliformes totais

bastante elevadas para o queijo artesanal.

VARGAS et al. (1998) propuseram como padrões de qualidade microbiológica para

queijos fabricados com leite cru, como é o caso do queijo Minas artesanal, coliformes

fecais 103 NMP/g, Staphylococcus aureus 103 UFC/g, mofos e leveduras 5,0 X 103

UFC/g e ausência de Salmonella em 25g. Pode ser observado pela TABELA 3.3 que

todas as amostras estavam fora dos padrões para mofos e leveduras propostos por

estes autores, indicando condições higiênicas insatisfatórias na produção dos queijos.

É importante salientar que apenas uma amostra estava dentro dos padrões legais

vigentes (Resolução nº12-ANVISA). No entanto, segundo a portaria SVS/MS nº451-

Page 112: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

112

1997, que estava em vigor até início de dezembro de 2000, todas as amostras estavam

fora dos padrões (TABELA 3.3).

TABELA 3.3: Resultados das análises microbiológicas do queijo:

ANÁLISES MATERIAL COLETADO

Colif. Totais (NMP/g)

Colif. Fecais (NMP/g)

S. aureus (UFC/g)

Salmonella sp

Bolores e leveduras (UFC/g)

1 >1,1 X 105 >1,1 X 105 <500 Aus/25ga - 2 3,0 X 104 2,1 X 104 7,6 X 104 Aus/25g >3,0 X104 est.b 3 >1,1 X 105 2,4 X 104 1,2 X 104 Aus/25g >3,0 X104 est. 4 >1,1 X 105 2,4 X 104 1,5 X 106 Aus/25g >3,0 X105 est. 5 >1,1 X 105 >1,1 X 105 8,6 X 105 Aus/25g >3,0, X105 est. 6 >1,1 X 105 1,1 X 105 <500 Aus/25g 3,0 X105 7* 2,4 X 103 2,4 X 103 1,5 X 103 Aus/25g -

Queijo inteiro

8* >1,1 X 105 >1,1 X 105 5,0 X 103 Aus/25g - 1 3,0 X 104 3,0 X 104 1,3 X 104 Aus/25g >3 X104 est. 2 >1,1 X 105 >1,1 X 105 <500 Aus/25g 1,7 X106 3 >1,1 X 105 2,4 X 104 1,7 X 105 Aus/25g >3 X106 est. 4 1,1 X 105 7,5 X 103 1,9 X 105 Aus/25g 9,8 X105 5c 3,8 X 102 3,8 X 102 <500 Aus/25g 9,4 X105

Queijo ralado

6 2,4 X 104 2,4 X 104 8,5 X 103 Aus/25g 1,8 X105 PADRÃO

Portaria nº451 d - 102 103 Aus/25g - Consulta Pública nº5 e 103 102 102 Aus/25g - Resolução nº12 f - 103 103 Aus/25g - *. Queijo com registro (SIF) a. Aus/25g = ausência em 25 gramas do alimento analisado b. est. = estimado c. Amostra dentro do padrão segundo a Resolução nº12/2001-ANVISA d. Fonte: BRASIL (2000b) e. Fonte: BRASIL, (2000a) f. Fonte: BRASIL, (2001a)

Pode ser observado na TABELA 3.3 e na FIGURA 3.8 que a maioria das amostras de

queijo (65%) apresentou contagem de coliformes totais superior a 105 NMP/g, ou seja,

superior a 100 vezes o limite máximo estipulado na Consulta Pública ANVISA nº5/1999

(103 NMP/g) e 21% das amostras apresentaram contagem entre 10 e 100 vezes

superior ao limite (entre 104 e 105 NMP/g).

Para os coliformes fecais, 43% das amostras analisadas apresentaram contagem entre

10 e 100 vezes superior ao limite estabelecido para estes microrganismos em queijo

Minas curado, pela Resolução ANVISA nº12/2001 (103 NMP/g), e foi superior a 105

NMP/g em 36% das amostras (superior a 100 vezes o padrão legal) (TABELA 3.3 e

FIGURA 3.9).

Page 113: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

113

O S. aureus aparece em quantidade superior ao limite determinado na legislação atual

para este microrganismo, em queijo Minas curado (103 UFC/g) até 10 vezes este valor

em 21% das amostras (entre 103 e 104 UFC/g) e, em 50% das amostras, a contagem foi

superior a 10 vezes o limite (superior a 104 UFC/g) (TABELA 3.3 e FIGURA 3.10).

FIGURA 3.8: Distribuição da freqüência de coliformes totais nas amostras de queijo

FIGURA 3.9: Distribuição da freqüência de coliformes fecais nas amostras de queijo

FIGURA 3.10: Distribuição da freqüência de Staphylococcus aureus nas amostras de queijo.

Os resultados encontrados nesta pesquisa foram semelhantes aos obtidos por

NASCIMENTO et al. (1985), que avaliaram a qualidade microbiológica de amostras de

queijo tipo Minas frescal e obtiveram, em 62,75% das amostras analisadas, contagens

65%7%7%

21%

<1E03 NMP/gentre 1E03 e 1E04 NMP/gentre 1E04 e 1E05 NMP/g>1E05 NMP/g

7% 14%

43%

36%

<1E03 NMP/gentre 1E03 e 1E04 NMP/gentre 1E04 e 1E05 NMP/g>1E05NMP/g

<103 NMP/g entre 103 e 104 NMP/g entre 104 e 105 NMP/g > 105 NMP/g

21%

29%

21%

29%

<1E03 UFC/g

entre 1E03 e 1E04UFC/gentre 1E04 e 1E05

<103 NMP/g entre 103 e 104 NMP/g entre 104 e 105 NMP/g > 105 NMP/g

<103 NMP/g entre 103 e 104 NMP/g entre 104 e 105 NMP/g > 105 NMP/g

Page 114: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

114

de coliformes totais entre 105 e 108 NMP/g, de coliformes fecais entre 103 e 106 NMP/g e

de S.aureus entre 105 e 107 UFC/g.

No entanto, os resultados do presente trabalho foram superiores aos relatados por

RAIMUNDO et al. (1992), que encontraram para queijo tipo Minas frescal contagens de

coliformes fecais entre 102 e 103 NMP/g, 103 e 104 NMP/g e superior a 104 NMP/g em 6,

12 e 26% das amostras analisadas, respectivamente, e para S. aureus obtiveram

contagens entre 103 e 104 em 5% das amostras, entre 104 e 105 em 16% e contagens

superiores a 105 em 3% das amostras.

Na TABELA 3.4, são apresentados os resultados das análises microbiológicas das

amostras de ovos (inteiro e após a quebra). Apesar da inexistência de padrões legais

para este alimento com relação à contagem de coliformes totais e fecais, essas análises

foram realizadas no intuito de observar a contaminação advinda da manipulação,

durante o procedimento de quebra dos ovos. Pode ser observado na TABELA 3.4 um

aumento da contaminação do ovo por coliformes totais e por coliformes fecais após a

quebra, podendo ser constatada uma amostra com contagem de coliformes fecais

superior a 103 NMP/g. Este fato mostra a necessidade de adequação do procedimento

de quebra dos ovos às boas práticas, principalmente no que tange à higienização das

mãos dos manipuladores, utensílios e ao gotejamento da solução de lavagem dos ovos

no recipiente dos ovos líquidos, uma vez que, durante o período experimental, esta

solução não foi trocada com freqüência adequada, permanecendo com grande

quantidade de fezes e outras sujidades, levando à diminuição do poder de desinfecção

da solução e servindo como fonte de contaminação.

Page 115: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

115

TABELA 3.4: Resultados microbiológicos dos ovos, antes e após a quebra:

ANÁLISES MATERIAL COLETADO Colif. Totais (NMP/g) Colif. Fecais (NMP/g) Salmonella sp

1 - - Aus/25ga 2* <3,6 <3,6 Aus/25g 3 <3,6 <3,6 Aus/25g 4 <3,6 <3,6 Aus/25g 5 <3,6 <3,6 Aus/25g

Ovo (inteiro e cru)

6 <3,6 <3,6 Aus/25g 1 150 28 Aus/25g 2 4,6 X 103 43 Aus/25g 3 1,5 X 103 1,5 X 103 Aus/25g 4 43 <3,6 Aus/25g 5 240 93 Aus/25g

Ovo (após a quebra)

6 460 9,2 Aus/25g PADRÃO

Resolução nº12 b - - Aus/25g a. Aus/25g = ausência em 25 gramas do alimento analisado b. Fonte: BRASIL, (2001a) *. Matéria-prima com prazo de validade vencido

3.2. MASSAS DE PÃES DE QUEIJO

Na TABELA 3.5 são apresentados os resultados das análises microbiológicas das

massas intermediárias, do produto acabado e do pão de queijo assado. Pode ser

observada uma grande quantidade de amostras com contagens elevadas de coliformes

totais, coliformes fecais e Staphylococcus coagulase positiva. Observa-se ainda, a

inexistência de Salmonella sp. e de Bacillus cereus em contagens superiores aos limites

estipulados pela Resolução no12/2001-ANVISA.

A distribuição da freqüência dos microrganismos em diferentes faixas de contagem,

incluindo todas as amostra de massas, são apresentadas nas FIGURAS 3.11

(coliformes totais), 3.12 (coliformes fecais) e 3.13 (Staphylococcus coagulase positiva).

Observa-se que 69,5% das amostras apresentaram contagens de coliformes totais

superiores a 103 NMP/g (FIGURA 3.11), variando de <3,6 a >1,1 X105 NMP/g (TABELA

3.5), indicando condições higiênicas insatisfatórias no processamento do pão de queijo.

A contagem de coliformes fecais foi superior ao limite estabelecido na Resolução

no12/2001-ANVISA para massas congeladas de pão de queijo (5 X 102 NMP/g), até no

máximo 10 vezes este valor (entre 5 X 102 e 5 X 103 NMP/g), em 25% das amostras. Foi

Page 116: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

116

superior a 10 vezes o limite, até no máximo 100 vezes este valor (entre 5 X103 e 5 X 104

NMP/g), em 11,1% e superior a 100 vezes o padrão legal (>5 X 104 NMP/g), em 27,8%

(FIGURA 3.12).

Quanto à contagem de Staphylococcus coagulase positiva, observa-se na FIGURA 3.13

que 22% das amostras apresentaram contagem superior ao limite determinado para

este microrganismo em massas congeladas de pão de queijo (5 X 103 UFC/g), até 10

vezes este valor (entre 5 X 103 e 5 X 104 UFC/g) e 19,5%, mostraram contagens

superiores a 10 vezes o padrão legal (superior a 5 X 104 UFC/g).

Page 117: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

117

TABELA 3.5: Resultados das análises microbiológicas das massas intermediárias, do produto acabado e do pão de queijo assado

ANÁLISES

MATERIAL COLETADO Ra

Coliformes Totais (NMP/g)

Coliformes Fecais (NMP/g)

Staphylococcus coagulase +

(UFC/g) Salmonella sp (/25g)

B. cereus (UFC/g)

1 <3,6 <3,6 <500 Ausa <100 2 <3,6 <3,6 1,7 X 104 Aus <100 3 7,4 <3,6 <500 Aus <100 4 <3,6 <3,6 <500 Aus <100 5 <3,6 <3,6 <500 Aus <100

Massa escaldada

6 9,2 <3,6 <500 Aus <100 1 240 240 <500 Aus <100

2 <3,6 <3,6 <500 Aus <100 3 23 9,2 <500 Aus <100

Massa após amassamento (antes de colocar o Queijo) 4 120 14 <500 Aus <100

1 1,1 X 105 1,1 X 105 920 Aus <100 Massa após amassamento (após colocar o Queijo)

2 1,1 X 105 1,1 X 105 1,1 X 105 Aus <100

1 >1,1 X 105 >1,1 X 105 3,0 X 103 Aus <100 2 >1,1 X 105 >1,1 X 105 2,4 X 104 Aus <100 3 4,6 X 104 7,5 X 103 1,2 X 104 Aus <100 4 4,3 X 103 930 5,0 X 105 Aus <100 5 43 23 <500 Aus <100

Massa após amassamento (antes de virar na pingadeira)

6 1,1 X 104 2,1 X 103 1,4 X 103 Aus <100 1 >1,1 X 105 >1,1 X 105 3,8 X 103 Aus <100 2 >1,1 X 103 >1,1 X 103 <500 Aus <100 3 9,3 X 103 4,3 X 103 1,0 X 104 Aus <100 4 9,3 X 103 930 3,0 X 105 Aus <100 5 2,4 X 103 240 <500 Aus <100

Massa após Modelagem (dentro tabuleiros)

6 4,6 X 103 240 2,5 X 103 Aus <100 1 1,1 X 105 1,1 X 105 3,8 X 103 Aus <100 2 2,4 X 103 2,4 X 103 <500 Aus <100 3 >1,1 X 105 >1,1 X 105 8,0 X 104 Aus <100 4 1,5 X 104 2,4 X 103 1,3 X 105 Aus <100 5 >1,1 X 105 1,1 X 105 3,7 X 105 Aus <100

Massa reaproveitada (congelada e descongelada para ser misturada à massa nova)

6 2,4 X 104 2,4 X 104 1,1 X 104 Aus <100

1 1,1 X 105 1,1 X 105 4,5 X 103 Aus <100 2 >1,1 X 105 >1,1 X 105 4,3 X 104 Aus <100 3 9,3 X 103 9,3 X 103 3,3 X 104 Aus <100 4 1,5 X 104 930 2,6 X 105 Aus <100 5 4,6 X 104 4,6 X 104 3,6 X 104 Aus <100

Produto acabado (massa congelada e embalada)

6 2,4 X 103 2,4 X 103 4,0 X 103 Aus <100 1 <3,6 <3,6 <50 Aus <100 2 <3,6 <3,6 <50 Aus <100 3 <3,6 <3,6 <50 Aus <100

Pão de queijo assado

4 <3,6 <3,6 <50 Aus <100 PADRÃO

Portaria nº451 b - 102 103 Aus 10 3 Consulta Pública nº5 c - 102 103 Aus 10 3 Resolução nº12 d - 5 X 102 5 X 103 Aus 5 X 10 3 a. R = Repetição b Padrão estipulado para alimentos para os quais não existem padrões específicos. Fonte: BRASIL (2000b) c,d, Padrão estipulado para alimentos embalados e congelados/pães de queijo. c Fonte: BRASIL (2000a) d Fonte: BRASIL (2001a) Resultados em negrito indicam amostras fora dos padrões legais vigentes (Resolução no12).

Page 118: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

118

FIGURA 3.11. Distribuição da freqüência de coliformes totais nas amostras de massas.

FIGURA 3.12. Distribuição da freqüência de coliformes fecais nas amostras de massas.

19,4

5,6 5,6

25,0

16,7

27,8

0

5

10

15

20

25

30

<1E01 1E02 1E03 1E04 1E05 >1E05

Coliformes totais (NMP/g)

Fre

qüên

cia

rela

tiva

(%)

22,2

13,9

25,0

11,1

0

27,8

0

5

10

15

20

25

30

<1E01 5E02 5 E03 5E04 1E05 >1E05

Coliformes fecais (NMP/g)

Fre

qüên

cia

rela

tiva

(%)

Amostas em conformidade Amostra em desacordo

<10 102 103 104 105

>105

< 1 X 10 5 X 102 5 X 103 5 X 104 1 X 105 >1 X 105

Page 119: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

119

FIGURA 3.13. Distribuição da freqüência de Staphylococcus aureus nas amostras de massas.

Na FIGURA 3.14 é apresentada a distribuição de amostras das massas e dos pães de

queijo assados em conformidade e em desacordo com os padrões estabelecidos pela

Resolução no12/2001-ANVISA. Pode ser observado que 100% das massas

reaproveitadas e das massas congeladas de pão de queijo estavam em desacordo com

os padrões legais. Nota-se também, a partir da TABELA 3.5 e da FIGURA 3.14, que até

o momento da adição do queijo à massa, havia uma percentagem elevada de massas

em conformidade com os padrões (83,33%) e que a partir da adição do queijo, ocorreu

um aumento na contagem de coliformes totais, coliformes fecais e de S. aureus;

justamente os microrganismos que apresentaram contagens elevadas nas amostras de

queijo. Este fato confirma que a qualidade do queijo é um ponto crítico.

Pode ser observada, na FIGURA 3.14, uma diminuição da percentagem de

contaminação, de 100% para 83,33% e deste valor para 66,67%, entre as massas antes

de colocar na pingadeira e após a modelagem. Este fato pode ser explicado pela

destruição térmica dos microrganismos. A temperatura do escaldo é de cerca de 100oC

e, após a sua adição à massa, ocorre uma redução progressiva desta temperatura,

permanecendo a uma temperatura capaz de destruir os microrganismos durante um

determinado período de tempo, o que pode explicar a diminuição da percentagem de

contaminação.

36,1

22,2 22

2,8

16,7

0

10

20

30

40

< 5E02 5E03 5E04 1E05 >1E05

Staphylococcus coagulase positiva (UFC/g)

Fre

qüên

cia

rela

tiva

(%)

Amostas em conformidade Amostra em desacordo

< 5 X 102 5 X 103 5 X 104 1 X 105 >1 X 105

Page 120: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

120

Os resultados obtidos para as amostras de pão de queijo assado, quando comparados

aos padrões determinados para massas cruas, apresentou a totalidade das amostras

em conformidade com os padrões, como pode ser observado na FIGURA 3.14,

indicando a destruição dos microrganismos após o assamento. Porém, este fato deve

ser analisado com cautela, uma vez que a toxina produzida pela bactéria S. aureus é

temoestável, possuindo valor D de destruição térmica variando de 60 minutos a 110oC a

11,4 min a 121oC.

FIGURA 3.14. Amostras das massas de pães de queijo em conformidade e em

desacordo com os padrões especificados na Resolução no12/2001-ANVISA.

4 CONCLUSÕES

A água, o polvilho e os ovos utilizados como matérias-primas, na indústria estudada,

tiveram todas as suas amostras em acordo com a legislação vigente.

Dezessete por cento (17%) das amostras de leite e de margarina apresentaram

coliformes fecais acima dos padrões legais.

Os ovos líquidos, utilizados como matéria-prima na indústria, apresentaram contagens

elevadas de coliformes totais e fecais.

100

83,33

100

100

66,67

83,33

16,67

100

0

0

0

16,67

33,33

0

0

100

Pão de queijo assado

Massa congelada (produto acabado)

Massa reaproveitada (congelada e descongelada)

Massa após modelagem (dentro dos tabuleiros)

Massa após amassamento (antes de virar na pingadeira)

Massa após amassamento (após colocar o Queijo)

Massa após amassamento (antes de colocar o Queijo)

Massa escaldada

Pro

duto

am

ostr

ado

% de amostras

% de amostras em desacordo com os padrões% de amostras em conformidade com os padrões

Page 121: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

121

A elevada contagem de coliformes fecais, coliformes totais e Staphylococcus aureus no

queijo utilizado como matéria-prima na indústria estudada, bem como o aumento

acentuado da contaminação das massas por estes mesmos microrganismos, após a

adição do queijo à massa, levou a considerar este produto como crítico.

A baixa contaminação encontrada nos pães de queijo assados não elimina a

possibilidade do produto causar um surto de toxinfecção alimentar, uma vez que a alta

contagem de Staphylococcus aureus indica probabilidade da presença de toxina

termoresistente em quantidade suficiente para causar doenças alimentares.

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Page 125: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

125

CAPÍTULO IV

Avaliação da contaminação das embalagens primárias e da higienização do ambiente, dos utensílios, dos equip amentos e das

mãos dos manipuladores em uma indústria de pão de q ueijo.

RESUMO

Objetivando verificar a eficiência do processo de higienização em uma indústria de pão

de queijo localizada em Belo Horizonte, MG, neste trabalho, foi avaliada a contaminação

existente nas mãos dos funcionários, no ar ambiente, nos equipamentos e nos

utensílios. As esponjas foram amostradas para estabelecer a ligação entre a lavagem

dos equipamentos e o aumento da contaminação. As embalagens primárias foram

amostradas para avaliar a influência da manipulação na contaminação destes

recipientes. Os utensílios e equipamentos apresentaram contagens elevadas de

bactérias mesófilas, e alta freqüência de presença de coliformes totais e fecais. Para

algumas amostras, ocorreu elevação da contagem de bactérias mesófilas após o

processo de higienização. Estes resultados mostraram a ineficiência do processo de

higienização adotado na indústria estudada. As esponjas apresentaram contagens de

bactérias mesófilas superiores a 106 para todas as amostras e presença de coliformes

totais e fecais em 100% e 66,7%, respectivamente, o que permitiu relacionar o aumento

da contaminação dos equipamentos após a higienização com a alta contaminação das

esponjas. Em 59% das amostras das mãos dos funcionários foram observadas

contagens de mesófilas superiores a 105 UFC/mão, além da presença de coliformes

totais em 93,1% das amostras, de coliformes fecais em 34,5% e de S. aureus em

46,7%, indicando processo de higienização inadequado e hábitos anti-higiênicos por

parte dos manipuladores. A contagem de bactérias mesófilas nas embalagens primárias

variaram de 2,5 a >3,0 X 103 UFC/embalagem, indicando manuseio incorreto. O ar

apresentou contagem média de bactérias mesófilas variando de 35,2 a 315

UFC/cm2/semana e de bolores e leveduras variando de 58,2 a 182 UFC/cm2/semana,

sendo encontradas percentagens elevadas de amostras com contagens de bactérias

mesófilas superiores ao limite proposto pela APHA (32 UFC/cm2/semana) e ao padrão

empírico brasileiro de 100 UFC/cm2/semana, indicando má higienização ambiental.

Palavras-chaves: pão de queijo, microbiologia, eficiência da higienização.

Page 126: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

126

ABSTRACT

Objectifying to verify the efficiency of the sanitation process in an cheese roll industry

located in Belo Horizonte, MG, in this work, the existent contamination was evaluated in

employees' hands, air environmental, equipment, and utensils. The bushing were

sampled in order to establish to connection between washing of equipment and increase

of contamination. Primary packing were also sampled to evaluate the influence of the

manipulation in the contamination of these recipients. The utensils and equipment

presented high countings of mesophylic bacteria and high percentages of presence of

total and fecal coliforms. For some samples, elevation of the mesophylic counting was

observed after the sanitation process. These results showed the inefficiency of washing

process adopted in the studied industry. Bushing presented mesophylic counting higher

than 106 for all the analyzed samples and presence of total and fecal coliforms in 100%

and 66,7%, respectively. These results allowed relating increase of the contamination of

equipment after the sanitation with the high contamination of the bushing. In 59% of

employees' hands sampled was observed mesophilic counting high than 105 UFC/hand

and presence of total coliforms in 93,1% of the samples, fecal coliformes in 34,5%, and

S. aureus in 46,7%, indicating inadequate sanitation process and unsanitary habits on

the part of the food handing. Mesophylic bacteria counting in the primary packing varied

of 2,5 UFC to >3,0 X 103 UFC/packing, indicating incorrect manipulation. Air presented

mesophylic bacteria counting varying from 35,2 to 315 UFC/cm2/week and of molds and

yeast varying from 58,2 to 182 UFC/cm2/week, having been found high percentages of

samples with mesophylic counting higher than to the standard limit proposed by APHA

(32 UFC/cm2/week) and to the empiric Brazilian pattern of 100 UFC/cm2/week, indicating

bad environmental sanitation.

Word-keys: cheese roll, microbiology, sanitation efficiency.

1 INTRODUÇÃO

A presença de microrganismos no ambiente de processamento dos alimentos pode

levar à contaminação do produto acabado, reduzindo a sua qualidade. As fontes de

contaminação do meio ambiente incluem alimentos, manipuladores, animais, insetos,

além de equipamentos, utensílios e componentes estruturais do prédio mal higienizados.

Page 127: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

127

O projeto deficiente da edificação, o qual dificulta a limpeza; a falta de manutenção e de

reparo da construção e o ambiente úmido, apresentando resíduos de alimentos criam

condições propícias para o crescimento microbiano (APHA, 1992). O ambiente deve ser

higienizado com água limpa e potável, sabão ou detergente e escova própria para cada

local de limpeza e depois deve ser desinfetado com solução de hipoclorito de sódio.

Escovas, baldes, panos de uso na limpeza ambiente, devem ser devidamente

identificados para não serem utilizados na limpeza de equipamentos, mesas e utensílios

(SILVA JR, 1997).

A adesão às Boas Práticas de Fabricação (BPF) constitui medida efetiva de controle da

contaminação e da multiplicação microbiana (LOPES JR et al., 2000). O ar ambiente, as

embalagens primárias, as mãos dos funcionários bem como os equipamentos e os

utensílios constituem pontos importantes que devem ser ajustados às BPF de forma a

não representarem risco de contaminação para o produto. Mãos inadequadamente

lavadas representam um dos principais pontos críticos e primeira via de contaminação

de alimentos (SABINO & SABINO, 1999), chegando a atingir 26% das causas de

contaminação (RIBEIRO, 1998). Os manipuladores podem ser fontes de contaminação

entrando em contato com alimentos contaminados (contaminação cruzada) ou sendo

portadores de microrganismos.

Hábitos higiênicos, tais como manter as unhas curtas e sem esmalte; tomar banho

diariamente; usar vestimentas limpas; manter os cabelos limpos e presos; não utilizar

adornos como anéis, pulseiras, colares durante o serviço; lavar as mãos sempre que

necessário - antes de iniciar o trabalho, após ir ao banheiro, antes de mudar de

atividade e sempre que estiverem sujas; não fumar; não tossir sobre os alimentos; não

manipular objetos contaminados durante o processamento; evitar tocar os alimentos

com as mãos exceto nos casos de necessidades operacionais e desde que elas estejam

convenientemente limpas; experimentar os alimentos apenas quando estritamente

necessário e não fazê-lo com as mãos; entre vários outros, destacam-se como

imprescindíveis para garantir a qualidade e a segurança do alimento. Para a

manutenção da higiene, o estabelecimento deve dispor de instalações para lavagem das

mãos de uso exclusivo em posição estratégica com relação ao fluxo de produção

providos de pia, sabonete, toalha de papel ou outro sistema higiênico para secagem das

mãos. É recomendado a utilização de solução desinfetante após a lavagem das mãos e

durante as atividades, principalmente na manipulação direta do alimento com as mãos.

Page 128: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

128

Destacam-se também, como pontos importantes, o controle da saúde dos funcionários

com admissão somente após exames de rotina exigidos pela legislação e exames

periódicos após afastamento por doenças (BRASIL, 2000, SÃO PAULO, 2000, SENAI &

SEBRAE, 2000, SOUZA et al., 1998, SBCTA, 1995a,b, BRYAN, 1979). A implantação

de programas de treinamento e conscientização do manipulador é o passo mais

importante para prevenir a disseminação de microrganismos por manipulação incorreta

(FELIPE et al., 1995). CEZARI (1999) destaca a importância da conscientização de

todas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente com os alimentos, na implantação

de sistemas de melhoria da qualidade do produto.

Alguns surtos de doenças alimentares estão relacionados à falta de limpeza e

desinfecção dos equipamentos e utensílios (SILVA JR, 1997, BRYAN, 1988, BRYAN,

1978). As BPF preconizam o uso de equipamentos e utensílios constituídos de material

que não transmita substâncias tóxicas, odores e sabores aos alimentos, que sejam não

absorventes e resistentes às operações de limpeza e com projeto que permita fácil

higienização, além de adequada aplicação de procedimentos para limpeza e

desinfecção (BRASIL, 2000, SENAI & SEBRAE, 2000, SBCTA, 1995a,b).

Objetivando verificar a eficiência do processo de higienização, neste trabalho, foram

avaliadas a carga microbiana existente nas mãos dos funcionários, no ar ambiente, nos

equipamentos e nos utensílios, seguindo-se a linha de processamento do pão de queijo

em uma indústria localizada em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Como objetivos específicos foram amostradas as esponjas utilizadas para a lavagem

dos equipamentos e utensílios para estabelecer a ligação entre a lavagem destes

materiais e o aumento da contaminação. A análise das embalagens primárias também

foi realizada com o objetivo de avaliar se a manipulação durante o processo de

carimbagem, estaria acarretando contaminação destes recipientes.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Avaliações microbiológicas, das superfícies de contato (equipamentos, utensílios e

embalagens plásticas), das mãos dos funcionários e do ar ambiente, foram efetuadas na

indústria A, para avaliar o processo de higienização. A metodologia para coleta,

Page 129: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

129

acondicionamento, transporte das amostras e execução das análises microbiológicas

seguiram as recomendações da APHA (1992). As análises foram realizadas no

Laboratório de Microbiologia de Alimentos do CETEC/MG, empregando-se vidrarias,

reagentes e meios de cultura usuais neste tipo de laboratório. Os meios de cultura

utilizados neste trabalho foram doados pela BIOBRÁS S.A.

2.1 AMOSTRAGEM DO AR AMBIENTE

2.1.1 Coleta das amostras

Para coleta das amostras do ar ambiente, o estabelecimento avaliado foi dividido em

cinco áreas: 1) setor de armazenamento das embalagens plásticas (embalagem

primária) e das caixas de papelão (embalagem secundária), 2) setor de armazenamento

do polvilho 3) setor de quebra dos ovos e de pesagem do óleo e da margarina, 4) setor

de pesagem do queijo e de processamento da massa e 5) setor de embalagem dos

pães de queijo.

As amostras foram coletadas pelo método de sedimentação por exposição de placas de

Petri contendo meio de cultura, por um período de 15 minutos, em cada área estudada.

Foram utilizadas placas de tamanho padrão (90 mm de diâmetro) e meios de cultura

ágar de contagem padrão (PCA), para contagem de bactérias mesófilas e ágar batata

dextrosado (AB), para contagem de bolores e leveduras. Após o período de exposição,

as placas foram fechadas, acondicionadas em sacos plásticos estéreis e imediatamente

refrigeradas. Foi coletada uma amostra a cada semana, para cada grupo de

microrganismo pesquisado, totalizando cinco a seis amostras do ar ambiente por área

estudada.

2.1.2 Análise microbiológica

No laboratório, as placas contendo PCA foram incubadas em posição invertida em

estufa a 37ºC por um período de 48 horas e as placas contendo AB foram incubadas à

25ºC por 5 a 7 dias. A leitura das amostras foi feita contando-se as colônias que

cresceram na superfície do ágar durante o período de incubação e os resultados das

Page 130: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

130

análises foram expressos em Unidades Formadoras de Colônias por centímetro

quadrado por semana (UFC/cm2/sem) utilizando-se a seguinte equação:

2.2 AMOSTRAGEM DAS EMBALAGENS PLÁSTICAS, DAS MÃOS DOS

MANIPULADORES, DOS UTENSÍLIOS, DOS EQUIPAMENTOS E DAS

ESPONJAS

2.2.1 Coleta das amostras

2.2.1.1 Mãos dos manipulados, utensílios, equipamentos e esponjas

As esponjas, utensílios, equipamentos e mãos dos funcionários foram amostrados pelo

método de contato por swab, seguindo-se o fluxograma de produção da indústria, como

mostra a FIGURA 1 do APÊNDICE B. Os swabs foram confeccionados a partir de uma

haste de aplicação de cerca de 15 cm com um chumaço de algodão em uma

extremidade ("cabeça") e um pedaço de papel laminado na outra. Para preparo, os

swab foram acondicionados individualmente em tubos de ensaio com tampas de rosca

contendo 10 mL de solução salina tamponada, com as "cabeças" voltadas para baixo

(em contato com a solução), e foram esterilizados em autoclave a 121ºC por 25 minutos.

Para a coleta das amostras, os swabs foram removidos assepticamente dos tubos de

ensaio com tampas de rosca segurando-se apenas na porção coberta pelo papel

laminado e pressionando-se a "cabeça" contra a parede do tubo para remover o

excesso da solução. Procedeu-se a amostragem mantendo-se a haste em posição que

permitia contato contínuo entre "cabeça" e a superfície amostrada, esfregando-a

lentamente e firmemente, várias vezes, invertendo a direção entre sucessivos

esfregões. Após a amostragem, os swabs foram retornados aos tubos, retirando-se,

previamente, o papel laminado contido na extremidade da haste. Os tubos contendo as

amostras foram mantidos refrigerados para o transporte até o laboratório.

UFC cm2/sem = Colônias contadas X Tempo de exposição (semanas) Área do ágar (cm2)

Page 131: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

131

Os utensílios amostrados (FIGURA 4.1) e os respectivos pontos de coleta, seguindo-se

a alinha de processamento apresentada na FIGURA 1 do APÊNDICE B, foram:

• espátulas - ponto 8, 9, 10

• facas - ponto 2

• colheres - ponto 5

• panelas - ponto 5

• bacias plásticas - ponto 6, 7

• baldes - ponto 9

• tabuleiros - ponto 9

• separadores dos tabuleiros - ponto 9

• caixas de polietileno - ponto 10

• canecas- ponto 0

Os equipamentos amostrados (FIGURA 4.1) e seus respectivos pontos de coleta

(FIGURA 1 do APÊNDICE B), foram:

• moedor de queijo - ponto 4

• betoneira (processo de gelatinização do amido) - ponto 7

• masseira (processo de amassamento com ovos e mistura de queijo) - ponto 8

• pingadeira (processo de modelagem da massa) - ponto 9

As amostras foram coletadas durante seis semanas consecutivas coletando-se, para

cada utensílio e equipamento estudado, no mínimo, uma amostra por semana. Ao todo

foram coletadas 78 amostras dos utensílios e 35 amostras dos equipamentos.

Page 132: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

132

FIGURA 4.1: Utensílios e equipamento amostrados

Masseira

Moedor de queijo Baldes

Bacias massa escaldada

Espátula

Pingadeira

Bacias

Betoneira

Panela Colher

Canecas

Bacias ovos líquidos

Caixa de polietileno

Aparadores dos tabuleiros

Tabuleiros

Moedor de queijo

Page 133: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

133

Procedimento de amostragem por swab

A. Mãos dos manipuladores

Inicialmente, os objetivos e a importância do trabalho foram expostos aos funcionários,

procurando-se vencer a possível resistência com relação à coleta das amostras. As

mãos foram amostradas por passagens sucessivas dos swabs nas regiões palmar,

dorsal, entre os dedos, no leito unguial e por baixo das unhas nas mãos direita e

esquerda de cada funcionário estudado. Ao todo foram coletadas 30 amostras das mãos

dos funcionários, para um total de seis funcionários estudados.

B. Utensílios

Para cada tipo de utensílio estudado, foram escolhidos aleatoriamente quatro, no local

onde estavam guardados. Nos casos em que os utensílios foram lavados antes do uso,

estes foram amostrados novamente após a higienização. Um mesmo swab foi utilizado

para cada grupo de 4 utensílios similares esfregando-se a cabeça do swab sobre uma

superfície significativa de cada utensílio. Entre a amostragem de um e outro utensílio

semelhante o swab foi retornado ao tubo e "lavado" no meio de enxagüe, esgotando-se

a solução antes de amostrar o próximo utensílio do grupo.

As espátulas, facas, colheres e canecas foram amostradas esfregando-se a "cabeça" do

swab na totalidade das áreas interna e externa, sem atingir a parte que entra em contato

com as mãos. Da mesma forma, os separadores dos tabuleiros tiveram toda a sua área

(interna e externa) amostrada. As panelas, bacias, baldes, tabuleiros e caixas de

polietileno foram amostrados apenas internamente movendo-se o swab até cerca de 5

cm antes da borda destes utensílios.

C. Equipamentos

Para cada equipamento foram amostradas cinco áreas de 50 cm2 utilizando-se um único

swab, com exceção do moedor de queijo cuja amostragem foi realizada sem a

demarcação de área. A cada área amostrada, os swab foram "lavados" na solução de

enxagüe removendo-se o excesso de solução entre amostragens de áreas sucessivas

de um mesmo equipamento. Para demarcar a área de amostragem foram feitos dois

moldes de papelão de tamanhos diferentes e áreas iguais a 50 cm2 (2 x 25 cm e 10 x 5

cm), recobertos por papel laminado. Foi escolhido, para a amostragem de cada área, o

molde com formato mais apropriado.

Page 134: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

134

A masseira e a betoneira foram amostradas apenas nas suas superfícies internas

(laterais e fundo) até bem próximo a borda, incluindo, na amostragem, áreas mais

difíceis de higienizar como porcas de parafuso, cantos e fissuras. Procurou-se amostrar

na pingadeira as paredes laterais, a rosca que puxa a massa, o fio que a corta e pelo

menos uma das peças de molde. O moedor de queijo foi amostrado interna e

externamente em todos os locais que entram em contato com o alimento e

diferentemente dos demais equipamentos, não foram amostradas áreas demarcadas

devido à dificuldade de acesso, amostrado-se a área total deste equipamento, de forma

semelhante à utilizada para os utensílios. Os equipamentos, quando higienizados

previamente ao processamento, foram amostrados antes e após a limpeza.

D. Esponjas

As esponjas utilizadas na lavagem dos equipamentos e utensílios foram amostradas

esfregando-se a "cabeça" do swab nas suas duas faces, utilizando-se o mesmo swab.

Ao todo, foram coletadas seis amostras deste material.

2.2.1.2 Embalagens plásticas

As embalagens foram coletadas no local onde ficavam armazenadas, sempre após o

processo de carimbar e foram colocadas em sacos plásticos estéreis e imediatamente

acondicionadas em caixas de isopor contendo gelo reciclável para o transporte até o

laboratório. Foram coletadas quatro embalagens por dia em cinco dias, totalizando 20

amostras.

No laboratório, as embalagens foram amostradas pelo método de lavagem com solução

tamponada, adicionando-se 10 mL de solução salina tamponada esterilizada, em cada

embalagem, e agitando-se a solução, de modo a percorrer todo o recipiente.

2.2.2 Análises microbiológicas

Foram efetuas a contagem de bactérias mesófilas e a verificação da presença de

coliformes totais e fecais nas amostras dos utensílios, dos equipamentos, das esponjas

e das mãos dos funcionários. Nas mãos determinou-se, ainda, a presença de

Staphylococcus coagulase positiva. Para as embalagens plásticas, foi feita apenas

contagem de bactérias mesófilas.

Page 135: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

135

2.2.2.1 Contagem de bactérias mesófilas:

Após agitação vigorosa retirou-se uma alíquota de 2 mL da solução de enxagüe de cada

amostra, inserindo-se 1 mL em uma placa de Petri esteril (amostra direta) e 1 mL em um

tubo de ensaio com tampa de rosca contendo 9 mL de solução salina tamponada

esterilizada (diluição 10-1). As diluições sucessivas (10-2, 10-3, 10-4) foram feitas da

mesma forma.

Em cada placa de Petri contendo 1 mL das diluições seriadas (semeadura em

profundidade), foi colocado 15-20 mL de PCA adicionado de 1% do corante 2,3,4-cloreto

de trifenil tetrazólico (TTC). O inóculo e o meio foram homogeneizandos com

movimentos de rotação em forma de 8. Estas placas foram incubadas em posição

invertida a 37ºC por 48 horas e após este período as colônias que cresceram na

superfície do ágar foram contadas, estabelecendo-se como intervalo de precisão e

repetibilidade da metodologia a contagem entre 30 e 300 UFC. Para as embalagens

plásticas, não foram feitas diluições, sendo preparadas placas em duplicata (placas A e

B) a partir da diluição primária.

Para o cálculo do número de colônias presentes nos equipamentos, expresso em

UFC/cm2, como foi plaqueado 1 mL de um total de 10 mL da solução de enxague, a

amostra direta representou 25 cm2 do equipamento (10 mL = 5 áreas de 50 cm2, logo

1mL =25 cm2). As diluições seriadas tiveram o número de colônias contadas

multiplicadas pelo inverso de suas diluições.

De forma semelhante, o número de colônias presentes em cada utensílio ou esponja

(UFC/utensílio ou esponja) foi calculado tendo como base a alíquota da amostra direta

representando 2,5 unidades do utensílio para a amostragem de quatro unidades

semelhantes (10 mL = 4 utensílios semelhantes, logo 1 mL = 2,5) e as diluições seriadas

foram multiplicadas pelo inverso de suas diluições.

Já para as embalagens plásticas, que foram amostradas individualmente, a leitura do

número de UFC/embalagem foi feita de forma direta, considerando-se a diluição

primária como 10-1 (10 mL = 1 embalagem plástica, logo 1 mL = 10). Para as contagens

em que o número de colônias encontrado estava fora do intervalo de precisão e

Page 136: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

136

repetibilidade (<30 ou >300) foram incluídos nos registros dos resultados finais a

expressão "estimado" através da abreviatura "est.".

2.2.2.2 Presença ou ausência de coliformes totais e fecais

Após a retirada da alíquota para contagem de bactérias mesófilas, o swab foi retirado

assepticamente do tubo com o auxílio de uma pinça estéril e teve o excesso de solução

de enxágue esgotado. Procedeu-se a inoculação por pressão leve da "cabeça" do swab

sobre a superfície do ágar-eosina-azul de metileno-lactose-sacarose (EMB) e pelo

espalhamento do inóculo na superfície do ágar.

As placas foram incubadas a 37ºC por 48 horas em posição invertida. Após este

período, observou-se o crescimento de colônias, considerando características de

coliformes fecais, aquelas de 2-3 mm de diâmetro, não mucóides e de cor verde com

brilho metálico (FIGURA 4.2). O crescimento de colônias mucóides ou outro tipo de

colônias sem brilho verde metálico (FIGURA 4.3) foi considerado como presença de

coliformes totais.

FIGURA 4.2: Meio EMB contendo colônias de coliformes fecais

FIGURA 4.3: Meio EMB contendo colônias de coliformes totais

2.2.2.3 Presença ou ausência de Staphylococcus coagulase positiva

As mãos dos manipuladores de alimentos foram avaliadas quanto à presença ou

ausência de Staphylococcus coagulase positiva, semeando o inóculo na superfície do

ágar Baird-Parker (BP), utilizando-se o próprio swab para inocular e espalhar o inóculo.

Coliformes fecais Coliformes totais

Page 137: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

137

As placas, após incubação por 48 horas a 37ºC, foram observadas quanto a presença

de colônias características de Staphylococos aureus; colônias negras circundadas por

dois halos: um externo transparente e outro interno opaco (FIGURA 3.1). A presença de

colônias deste tipo determinou o prosseguimento da análise com o teste de coagulase

descrito no item 2.2.3 do CAPÍTULO III.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 UTENSÍLIOS, EQUIPAMENTOS E ESPONJAS

Os resultados das análises microbiológicas obtidas para os equipamentos são

apresentados na TABELA 4.1. A grande variabilidade na contagem de bactérias

mesófilas e o menor número de repetições das amostras após a higienização dos

equipamentos, observados na TABELA 4.1, podem ser atribuídos à variação dos

processos de higienização adotado pela indústria estudada. Nota-se, ainda, contagens

altas de bactérias após a lavagem, ocorrendo inclusive um aumento da contagem em

algumas amostras, refletindo a ineficiência do procedimento de higienização dos

equipamentos. Em regra, a higienização foi efetuada utilizando-se água e detergente,

com o auxílio de esponja, e poucas vezes utilizou-se água clorada após a lavagem.

Na FIGURA 4.4, são apresentadas as comparações entre os dados obtidos no presente

trabalho e os padrões propostos pela APHA (1984) e por SILVA JR (1993) para

contagem de bactérias mesófilas nos equipamentos. Como os padrões da APHA são

mais rígidos (contagem não superior a 2 colônias por cm2 ou não superior a 100 UFC

por equipamento ou utensílio amostrado) do que os limites propostos por SILVA JR

(1993) (contagem máxima de bactérias mesófilas igual a 50 UFC/cm2 ou 100 UFC por

equipamento ou utensílio), observam-se percentagens maiores de equipamentos fora

dos padrões da APHA. Pode ser constatada na FIGURA 4.4, a ineficiência do processo

de higienização, uma vez que as percentagens de amostras em desacordo com os

padrões continuaram altas mesmo após sanitização. Para a masseira, 67% das

amostras estavam fora do padrão proposto por SILVA JR antes da lavagem, verificando-

se um aumento para 100% após a lavagem. A FIGURA 4.5 mostra as contagens de

bactérias mesófilas de uma amostra antes e após lavagem sendo observado aumento

da contaminação após este procedimento.

Page 138: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

138

TABELA 4.1: Resultados das análises microbiológicas dos equipamentos: SWAB DOS EQUIPAMENTOS

DIA DA COLETA

COLIFORMES TOTAIS

COLIFORMES FECAIS MESÓFILAS (UFC/cm2)

1 Presente Ausente 46,4 2 Presente Ausente 1,8 X103 3 Presente Ausente 25 4 Presente Presente 530 5a Presente Presente 1,8 X103

Masseira (antes da higienização)

6 Presente Presente 1,8 X103 1b Presente Ausente >1,2 X103 est.d 4c Presente Ausente 1,1 X103 est.

Masseira (após a higienização)

6c Presente Presente 1,7 X104 1 Ausente Ausente 0,08 est. 2 Presente Ausente 6,8 3 Presente Ausente 7,9 4 Ausente Ausente 0,56 est. 5 Presente Ausente 1,1 X103

Betoneira (antes da higienização)

6 Presente Presente 60 1b Ausente Ausente 0,28 est. 4c Presente Ausente >1,2 X103 est.

Betoneira (após a higienização)

5b Presente Presente 8,8 1 Ausente Ausente 8,08 2 Presente Ausente 150 3 Presente Ausente 5,2 4 Presente Presente 170 5 Presente Presente 108

Pingadeira (antes da higienização)

6 Presente Presente 28,4 1b Ausente Ausente 0,04 est. 5b Ausente Ausente 0,48 est.

Pingadeira (após a higienização)

6c Presente Presente >1,2 X103 est. UFC/ MOEDOR

1 Ausente Ausente 9,8 X104. 2 Presente Ausente 3,3 X106. 3 Presente Presente 3,6 X105 4 Presente Presente 9,3 X104 5 Presente Presente 2,6 X106

Moedor de queijo (antes da higienização)

6 Presente Presente 3,1 X105 est. 1c Presente Ausente >3,0 X105 est. Moedor de queijo

(após a higienização) 5b Presente Presente 5,4 X104 PADRÃO

SILVA JR (1997) - Ausência 50 UFC/cm 2 APHA (1984) - - 2 UFC/cm 2 a. Presença de larva de mosca na masseira b. Higienização com água clorada c. Higienização com água, detergente e esponja d. est. = estimado

Page 139: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

139

0

20

40

60

80

100

Amostra

% d

e am

ostr

as

% SILVA 67 100 33 33 50 33 100 100

% APHA 100 100 67 67 100 33 100 100

swab masseira antes

swab masseira após

swab betoneira antes

swab betoneira após

swab pingadeira antes

swab pingadeira após

swab moedor antes

swab moedor após

FIGURA 4.4: Percentual de não atendimento aos critérios estabelecidos pela APHA (1992) e por SILVA JR (1993) para contagem de bactérias mesófila em equipamentos, antes e após a higienização.

FIGURA 4.5: Aumento da contaminação de uma amostra de equipamento após o procedimento de lavagem, mostrando a contaminação em meio de cultura EMB, antes (a) e após (b) o processo de higienização.

Os dados do presente trabalho (FIGURA 4.4) aproximam-se dos obtidos por SILVA JR

(1993) que encontrou em cozinhas industriais 60% dos equipamentos e utensílios,

analisados pela técnica do swab, com contagem de bactérias mesófilas superior a 50

UFC/cm2 e dos encontrados por RIBEIRO et al. (2000) que acharam 100% dos

(a) (b)

(a) (b)

Page 140: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

140

equipamentos e utensílios fora do padrão para bactérias mesófilas proposto pela APHA

(padrão = 2 UFC/cm2) e 85,9% fora do padrão proposto por SILVA JR (padrão = 50

UFC/cm2), em restaurantes tipo self-service.

Os resultados das análises dos utensílios são apresentados no QUADRO 4 do

APÊNDICE B. Na FIGURA 4.6 é apresentada a distribuição da freqüência de amostras

dos utensílios em diferentes faixas de contagem de bactérias mesófilas, podendo ser

observado um grande percentual de amostras (66%) com contagem superior a 105

UFC/utensílio. Do total de amostras analisadas, apenas 7% estavam dentro dos padrões

(100 UFC/utensílio) para contagem de bactérias mesófilas propostos pelo APHA (1984)

e por SILVA JR (1993), para utensílios amostrados por swab (FIGURA 4.6).

Na indústria estudada, observou-se que apenas as bacias plásticas de

acondicionamento dos ovos líquidos, as caixas de polietileno e as canecas foram

lavadas antes da utilização, sendo a higienização dos utensílios feita com água e

detergente com o auxílio de esponja; raramente observou-se a utilização de água

clorada.

FIGURA 4.6: Distribuição da freqüência de bactérias mesófilas nos utensílios.

Os resultados obtidos da contagem de bactérias mesófilas nas esponjas são

apresentados na TABELA 4.2. Podem ser notadas altas contagens de bactérias

mesófilas para todas as amostras, variando de >1,5 X 106 a 6,5 X 107 UFC/esponja.

Estes resultados permitem deduzir que o aumento da contagem de bactérias mesófilas

66%

7% 7%7%13%

< 100 UFCentre 100 e 1.000 UFCentre 1.001 e 10.000 UFCentre 10.001 e 100.000 UFC>100.000 UFC

<102 UFC/ utensílio entre 102 e 103 UFC/ utensílio entre 103 e 104 UFC/ utensílio entre 104 e 105 UFC/ utensílio > 105 UFC/ utensílio

Page 141: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

141

nos equipamentos e utensílios, após o procedimento de higienização, está relacionado à

contaminação das esponjas.

TABELA 4.2: Resultados das análises microbiológicas das esponjas: AMOSTRA Repetição BACTÉRIAS MESÓFILAS (UFC/Esponja)

1 >1,5 X106 est.a 2 >1,5 X106 est. 3 6,5 X107 4 1,3 X107

Esponjas de lavagem dos utensílios, equipamentos e queijos

5 >1,5 X107 est. a. est. = estimado

A freqüência de coliformes totais e de coliformes fecais nas esponjas, nos utensílios e

nos equipamentos antes e após a higienização são apresentadas na FIGURA 4.7. Pode-

se constatar freqüência elevada destes microrganismos, destacando-se as esponjas

com a maior percentagem, tanto de coliformes totais como de coliformes fecais.

Observa-se, também, que a diminuição da percentagem destes microrganismos nos

equipamentos antes e após a higienização foi pouco expressiva.

FIGURA 4.7: Freqüência de coliformes totais e fecais nos equipamentos, antes e após a higienização, nos utensílios e nas esponjas.

0

20

40

60

80

100

Amostras

Fre

qüên

cia

rela

tiva

(%)

Coliformes Totais 83,3 72,7 89,7 100

Coliformes Fecais 45,8 36,4 25,6 66,7

Equipamentos antes da Higienização

Equipamentos após a Higienização

Utensílios Esponjas

Page 142: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

142

A alta contaminação dos utensílios e equipamentos observada no presente trabalho,

demonstra a necessidade de adoção de práticas higiênicas eficientes, pela indústria

estudada. BRYAN (1978, 1988) relaciona a ocorrência de surtos de doenças

alimentares com à falta de limpeza e desinfecção dos equipamentos e utensílios. No

Brasil, SILVA JR (1997) cita vários estudos que mostram as percentagens de surtos

relacionados com a má higienização destes materiais (TABELA 2.5).

3.2 MÃOS DOS MANIPULADORES

Os resultados das análises microbiológicas das mãos dos funcionários são

apresentados no QUADRO 5 do APÊNDICE B e a FIGURA 4.8 apresenta a

percentagem de cada microrganismos encontrado nas mãos dos funcionários. Em

93,1% das amostras, foi observada a presença de coliformes totais, em 34,5%

encontrou-se coliformes fecais e em 46,7% foi notada a presença de S. aureus (FIGURA

4.8). Do total de amostras coletadas 70% foram tomadas após lavagem e 30% sem

qualquer tipo de higienização. No QUADRO 5 do APÊNDICE B, pode ser constatada

grande variação da quantidade de amostras coletadas por funcionário. Esta variação

ocorreu por motivo de demissão, por faltas ao serviço ou por exercício de diferentes

funções por um único funcionário, sendo, neste último caso, amostrado mais de uma

vez.

93,1

34,5

46,7

0

20

40

60

80

100

Coliformes Totais Coliformes Fecais Staphylococcus coag. +

Microrganismo

Fre

qüên

cia

rela

tiva

(%)

FIGURA 4.8: Freqüência de coliformes totais, coliformes fecais e S. aureus nas mãos dos funcionários

Page 143: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

143

Neste trabalho, foi encontrada uma maior freqüência de coliformes fecais nas mãos dos

funcionários (34,5%) (FIGURA 4.8) do que no trabalho realizado por BRUGALLI et al.

(2000) que encontraram ausência de coliformes fecais nas mãos dos funcionários de um

restaurante universitário. Porém, os resultados atuais, foram inferiores aos encontrados

por RIBEIRO (1998) que constatou a presença destes microrganismos em 83,33% das

amostras das mãos dos manipuladores em um restaurante tipo self-service.

No presente trabalho, a freqüência de S. aureus (46,7%) (FIGURA 4.8) nas mãos dos

funcionários foi superior à encontrada por BRUGALLI et al. (2000) que achou 11,1 e

6,67% dos funcionários amostrados em dois períodos distintos, respectivamente. A

presença de S. aureus nas mãos dos operadores pode ser atribuída à falta de

higienização das mesmas, durante o período de trabalho, aos hábitos anti-higiêncos dos

manipuladores e, também, à proporção elevada de pessoas portadoras deste

microrganismo como mostram os trabalhos realizados por ZELANTE et al. (1982),

CASTRO & IARIA (1984) e RADDI et al. (1988).

Neste trabalho, foram encontradas 63,3% das amostras das mãos apresentando

coliformes fecais e/ou S. aureus, sendo a higiene, destas amostras, considerada

insatisfatória de acordo com o critério de SILVA JR (1997) que considera como

satisfatório para higiene das mãos amostradas por swab ausência de coliformes fecais e

de Staphylococcus aureus.

A contagem de bactérias mesófilas presentes nas mãos dos funcionários foi superior a

105 UFC/mão em 59% das amostras analisadas, como pode ser observado na FIGURA

4.9. RIBEIRO et al. (2000) também encontraram uma elevada freqüência de bactérias

mesófilas (45%) com contagem superior a 105 UFC/mão.

A presença elevada de coliformes totais nas mãos dos funcionários analisados (93,1%)

(FIGURA 4.8), assim como a alta contagem de bactérias mesófilas (FIGURA 4.9)

indicam condições higiênicas insatisfatórias e ineficiência do processo de higienização

das mãos, uma vez que 70% das amostras foram coletadas após higienização.

Page 144: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

144

FIGURA 4.9: Distribuição da freqüência de bactérias mesófilas nas mãos dos

funcionários.

Durante o período de coleta de amostras na indústria estudada, observou-se que o

procedimento de lavagem das mãos não foi prática constante, além disso, quando

realizada, a lavagem foi feita sem critério; algumas vezes apenas com água e outras

usando-se detergente. De maneira geral, o tempo de contato das mãos com o

detergente foi curto e não foi utilizada solução desinfetante após a lavagem. Os

resultados obtidos neste trabalho demonstram a ineficiência do processo de

higienização das mãos, representando um ponto crítico na indústria estudada.

3.3 EMBALAGENS PLÁSTICAS

Os resultados das análises microbiológicas das embalagens primárias são apresentadas

na TABELA 4.3. As contagens de bactérias mesófilas variaram de 2,5 a >3,0 X 103

UFC/embalagem, sendo que em 15% das amostras esta contagem foi superior a 100

UFC, em 45% permaneceu entre 10 e 100 UFC e em 40% a contagem foi inferior a 10

UFC/embalagem (FIGURA 4.10).

30%

0%

11%59%

<1000entre 1.001 e 10.000 UFCentre 10.001 e 100.000 UFC>100.000 UFC

<103 UFC/ mão entre 103 e 104 UFC/ mão entre 104 e 105 UFC/ mão > 105 UFC/ mão

Page 145: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

145

TABELA 4.3: Resultados das análises microbiológicas das embalagens plásticas:

AMOSTRAS REPETIÇÕES BACTÉRIAS MESÓFILAS

(UFC/embalagem) 1 4 est.a 2 2,5 est. 3 >3,0 X103 est. 4 30 est. 5 15 est. 6 585 7 35 est. 8 15 est. 9 <5 est. 10 <5 est. 11 <5 est. 12 5 est. 13 >3,0 X103 est. 14 100 est. 15 15 est. 16 15 est. 17 5 est. 18 60 est. 19 10 est.

Swab das embalagens plásticas

20 <5 est. a. est = estimado

FIGURA 4.10. Distribuição da freqüência de bactérias mesófilas nas embalagens primárias.

Indústrias de pão de queijo, de porte semelhante ao do estabelecimento avaliado, em

que o empacotamento é feito manualmente, geralmente, apresentam intensa

manipulação das embalagens, o que pode ter ocasionado as contagens elevadas de

bactérias para algumas amostras analisadas. Na TABELA 4.3, nota-se uma grande

45%

15% 40%

< 10 UFCentre 10 e 100 UFC> 100 UFC

<10 UFC/ embalagem entre 10 e 102 UFC/ embalagem > 102 UFC/ embalagem

Page 146: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

146

variação dos dados obtidos ao longo do experimento. A inexistência de uma rotina

estabelecida para o manuseio das embalagens, acarretando grande variação na forma

do manuseio, pode ter levado à esta variação dos dados.

3.4 AR AMBIENTE:

Na TABELA 4.4 são apresentados os dados obtidos para as análises do ar ambiente,

bem como os padrões para contagem de bactérias mesófilas. Observa-se maiores

valores médios, tanto para contagem de bactérias mesófilas quanto para contagem de

bolores e leveduras, no setor de processamento da massa, o que pode ser atribuído à

intensa movimentação do pessoal neste setor. As contagens médias de bactérias

mesófilas e de bolores e leveduras foram menores para o setor de armazenamento das

embalagens plásticas, provavelmente por ser este um setor que apresenta separação

física em relação aos outros setores e por apresentar uma menor movimentação de

pessoas no ambiente. Estes dados estão de acordo com os de SAYEED & SANKARAN

(1990) que encontraram picos de contagem microbiológica coincidentes com as

atividades de produção ou com as operações de limpeza da fábrica, devido à maior

movimentação do pessoal durante a execução destas atividades.

A análise de bolores e leveduras foi efetuada no intuito de fazer um levantamento da

contaminação total do ar. É interessante observar, na TABELA 4.4, uma relação positiva

entre os dados obtidos para as contagens de bactérias mesófilas e de bolores e

leveduras, ou seja, o setor que apresentou a menor contagem média de bactérias

mesófilas no ar foi também o que apresentou a menor contagem média de bolores e

leveduras (setor de armazenamento das embalagens). Isto pode indicar que a contagem

de bolores e leveduras está diretamente relacionada com a contagem de mesófilas e,

possivelmente, possa ser usada como base para o estudo da limpeza ambiente, embora

o exame micológico do ar ambiente seja citado como não expressivo por SILVA JR

(1997).

Page 147: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

147

TABELA 4.4: Resultado das análises do ar ambiente

RESULTADOS DAS ANÁLISES AMOSTRAS DO AR

AMBIENTE Nº DE

REPETIÇÕES BACTÉRIAS MESÓFILAS

(UFC/cm2/sem.) BOLORES E LEVEDURAS

(UFC/cm2/sem.) 1 48 108 2 84 138 3 233 138 4 74 74

Setor de embalagem das massas de pão de queijo congeladas

5 170 21 MÉDIA 122 95,8

1 555 206 2 254 158 3 242 296 4 269 74 5 285 158

Setor de processamento da massa de pão de queijo

6 285 201 MÉDIA 315 182

1 158 211 2 116 147 3 179 211 4 0 147 5 63 170

Setor de armazenamento do polvilho

6 74 100 MÉDIA 98,3 164

1 48 11 2 43 63 3 116 170 4 74 74 5 52 116

Setor de quebra dos ovos e pesagem do óleo, da margarina e do sal

6 43 52 MÉDIA 62,7 81,0

1 48 79 2 11 74 3 11 43 4 74 63

Setor de armazenamento das embalagens (primárias e secundárias)

5 32 32 MÉDIA 35,2 58,2

PADRÃO ALMEIDA (1995) - 100 UFC/cm 2/Semana - APHA (1997) - 32 UFC/cm 2/Semana -

Na TABELA 4.4, observam-se contagens médias de bactérias mesófilas iguais a 35, 63,

98, 122 e 315 UFC/cm2/semana para cada um dos setores estudados, enquanto

RIBEIRO et al. (2000) relataram contagens de mesófilas iguais a 45, 72, 89, e 130

UFC/cm2/semana em cada área estudada em um restaurante tipo self-service.

As contagens encontradas no presente trabalho são coerentes com as condições

observadas na indústria estudada que não possuía separação física entre os diferentes

setores analisados, com exceção do setor de armazenamento do polvilho. A ventilação

e a aeração eram deficientes o que favorecia a manutenção de altas temperaturas na

área de processamento. As temperaturas elevadas, além de criar desconforto ambiental,

Page 148: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

148

favorecem o crescimento microbiano na estrutura da edificação, nos equipamentos, nos

utensílios e nas matérias-primas e massas mantidas sem refrigeração.

Na FIGURA 4.11 são apresentadas as percentagens de amostras do ar ambiente fora

dos padrões segundo APHA (1984) (padrão-32 UFC/cm2/sem) em comparação com a

percentagem de amostras fora do padrão empírico (padrão-100 UFC/cm2/sem) proposto

por ALMEIDA (1995) para cozinhas industriais no Brasil. Para o setor de processamento

da massa, todas as amostras do ar ambiente estavam fora dos padrões determinados

pela APHA e por ALMEIDA. Para os setores de quebra dos ovos e de embalagem do

produto final, todas as amostras coletadas estavam fora dos padrões segundo a APHA.

Já, segundo os padrões propostos por ALMEIDA, 17% das amostras estavam fora dos

padrões no setor de quebra dos ovos e 40% no setor de embalagem do pão de queijo.

Para o setor de armazenamento das embalagens, não foram encontradas amostras fora

dos padrões propostos por ALMEIDA, porém, segundo a APHA, 40% das amostras

deste setor estavam fora dos padrões.

FIGURA 4.11: Percentual de não atendimento aos critérios estabelecidos pela APHA (1984) e por ALMEIDA (1995), para contagem de bactérias mesófilas no ambiente.

100

100

83

100

40

0

50

17

40

100

0 20 40 60 80 100 120

Setor de embalagem das massas congeladas

Setor de processamento da massa

Setor de armazenamento do polvilho

Setor de quebra dos ovos

Setor de armazenamento das embalagens

Áre

as a

mos

trad

as

% de amostrasem desacordo com os padrão da APHA (1984)

em desacordo com os padrão de ALMEIDA (1995)

Page 149: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

149

4 CONCLUSÕES

Os utensílios e equipamentos apresentaram contagem elevada de bactérias mesófilas e

alta freqüência de coliformes totais e fecais, indicando a possibilidade de contaminação

das matérias-primas e massas de pão de queijo a partir dos utensílios e equipamentos

mal higienizados.

A alta contagem de microrganismos nos equipamentos e utensílios e o aumento da

contagem de bactérias mesófilas após a lavagem, evidenciaram a ineficiência do

processo de higienização.

As esponjas utilizadas na lavagem dos equipamentos e utensílios apresentaram

contagem elevada de bactérias mesófilas e alta freqüência de coliformes totais e fecais,

indicando que o aumento da contaminação observado após a lavagem destes materiais

está relacionado à contaminação das esponjas.

As mãos dos manipuladores de alimentos apresentaram contagens elevadas de

bactérias mesófilas e alta freqüência de coliformes totais, fecais e Staphylococcus

aureus, mostrando a ineficiência do procedimento de lavagem das mãos e hábitos anti-

higiênicos por parte dos funcionários da indústria estudada, representando um ponto

crítico de contaminação da massa.

A inexistência de uma rotina estabelecida para o manuseio das embalagens durante o

processo de carimbagem, possivelmente, levou à variação dos resultados obtidos para

contagem de bactérias mesófilas e às altas contagens observadas para algumas

amostras.

O ar ambiente apresentou maior contagem de bactérias mesófilas e de bolores e

leveduras nas áreas de maior movimentação. Foi observada uma elevada percentagem

de amostras com contagem de mesófilas acima dos padrões, indicando má higienização

ambiental.

Page 150: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

150

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 153: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

153

CONCLUSÕES INTEGRADAS

Foi constatada a existência de marcas de pães de queijo no mercado de Belo Horizonte

- MG com contagens de Staphylococcus aureus e de coliformes fecais superiores a 10 e

a 100 vezes o máximo permitido pela legislação, além da presença de Salmonella sp.

Das três indústrias avaliadas quanto ao emprego das boas práticas de fabricação, duas

foram classificadas como regulares e uma como ruim.

O queijo utilizado como matéria-prima, as massas intermediárias e as massas

congeladas apresentaram elevada contaminação microbiana.

A higienização dos utensílios, dos equipamentos, do ambiente e das mãos dos

funcionários foi inadequada.

As condições observadas na indústria avaliada impossibilitam a implantação imediata do

sistema APPCC.

PERSPECTIVAS

Estudo de um sistema viável de melhoria da qualidade do queijo Minas curado

artesanal.

Avaliação da presença da toxina estafilocócica em de pão de queijo assado.

Adequação, das indústrias estudadas, às BPF visando corrigir fatores básicos

primordiais que são pré-requisitos para o sistema APPCC e implantação deste sistema.

Page 154: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

154

APÊNDICE A

ROTEIRO DE VISITA PARA AVALIAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NAS

INDÚSTRIAS DE PÃO DE QUEIJO

Data da Visita ___/___/___

I. DADOS SOBRE A INDÚSTRIA

IDENTIFICAÇÃO DA INDÚSTRIA: RAZÃO SOCIAL_______________________________ NOME DE FANTASIA: ____________________________

ENDEREÇO: ___________________________________________BAIRRO/MUNICÍPIO: ____________________

ESTADO: _______________________ CEP__________________-______ TEL/FAX_________________________

NOME DO RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES/GARGO: ________________________________________

PRODUÇÃO MENSAL DE PÃO DE QUEIJO: __________________

II. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ESTRUTURA, HIGIENIZAÇÃO E PROCESSAMENTO

BLOCO 1

CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO DA EDIFICAÇÃO:

ATENDIMENTO CLAS1 ITENS AVALIADOS S2 Ñ3 ÑA4

1 ÁREA EXTERNA R 6 1.1 Plantio de árvores em áreas externas obedecem a distância mínima de 10 m

das edificações de armazenamento e de processamento?

N 7 1.2 Acesso direto e independente, não comum a outros usos como habitação? N 1.3 As vias de acesso internas e áreas utilizadas para circulação dentro do

estabelecimento são de superfície dura ou pavimentada (área externa, não construída, calçada ou gramada ou coberta de pedregulhos)?

R 1.4 Estas vias dispõem de escoamento adequado (declividade de 1%)? N 1.5 Existe uma calçada de pelo menos um metro de largura contornando os

prédios?

R 1.6 Esta calçada possui uma declividade de 1% para fora, afim de evitar acúmulo de água?

2 EDIFÍCIOS E INSTALAÇÕES: 2.1 ESTRUTURA FÍSICA N 2.1.1 Há uma área separada para recepção das matérias-primas, isolada da área

limpa?

N 2.1.2 Há uma área para quarentena ou para Controle de Qualidade do Produto Final (área onde o produto é armazenado por um período mínimo igual ao período do prazo de validade de cada lote produzido, para controle e garantia de qualidade do produto)?

N 2.1.3 Há uma área separada para refeições (refeitório)? N 2.1.4 Refeitórios, lavabos, vestiários e banheiros de limpeza do pessoal estão

separados dos locais de manipulação de alimentos e possuem acesso independente e sem comunicação com estes locais? (Devem ser construídas ante-câmaras nas entradas principais de pessoal e/ou insumos para a área de processo)

R 2.1.5 Existência de pedilúvio nas entradas que dão acesso à área de processo? N 2.1.6 Os pedilúvios têm suas solução sanitizante trocada toda vez que houver

excesso de matéria orgânica?

Page 155: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

155

N 2.1.7 Escadas, elevadores de serviço, monta-cargas e estruturas auxiliares, como plataformas, escadas de mão, rampas, localizadas e constituídas de modo a não serem fontes de contaminação?

2.2 PISOS (ÁREA DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS) N 2.2.1 Pisos adequados, de material liso, ante-derrapantes, resistentes ao transito e

às operações de limpeza, impermeáveis, laváveis, de fácil limpeza e desisfecção?

N 2.2.2 Pisos em bom estado de conservação (livres de defeitos, frestas, rachaduras, trincas e buracos)?

N 2.2.3 Providos de ralos e com declividade suficiente (no mínimo 1%) para escoamento de águas residuais de modo a impedir formação de poças? Obs.: (os ralos devem ser evitados nas áreas de produção e manipulação de alimentos; se necessários, devem permitir livre acesso para limpeza e ser dotados de sistema de fechamento)

2.3 FORROS / TETOS (ÁREA DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS) N 2.3.1 Constituídos de material impermeável, lavável, de cor ou tonalidade clara e

de acabamento liso?

N 2.3.2 Em bom estado de conservação (livre de trincas, rachaduras, umidade, bolor, descascamentos)?

2.4 PAREDES / DIVISÓRIAS (ÁREA DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS)

N 2.4.1 Paredes e divisórias de acabamento liso e sem frestas, revestidas de material impermeável e lavável, de fácil limpeza e desinfecção até uma altura mínima de 2 metros, em todas as áreas operacionais, e de cor ou tonalidade clara?

N 2.4.2 Em bom estado de conservação (livre de falhas, rachaduras, umidade, bolor, descascamentos)?

R 2.4.3 Os ângulos formados entre as paredes, o teto, o piso e entre o piso e as bases de equipamentos são abaulados para facilitar a limpeza?

2.5 PORTAS E JANELAS (ÁREA DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS) R 2.5.1 Constituídas de material não absorvente e de fácil limpeza e com superfície

lisa de forma a evitar acúmulo de sujeira?

R 2.5.2 Em bom estado de conservação (ajustadas aos batentes, sem falhas de revestimento)?

2.6 EXISTÊNCIA DE PROTEÇÃO CONTRA INSETOS E ROEDORES I 8 2.6.1 Todas as aberturas são teladas (telas milimétricas)?

Obs.: As janelas devem ser fixas; usadas apenas para iluminação. Quando usadas para ventilação devem ser dotadas de tela

N 2.6.2 As telas são de fácil remoção para limpeza e mantidas em bom estado? R 2.6.3 Portas externas ou de isolamento com fechamento automático? I 2.6.4 Portas externas ou de isolamento mantidas fechadas? N 2.6.5 Portas externas ou de isolamento com abertura máxima de 1,0 cm do piso

ou com proteção inferior?

I 2.6.6 Existência de barreiras nas vias de acesso como tubulações, condutores de fios, etc.?

I 2.6.7 Ralos dotados de sistema de fechamento? 2.6.8 Conta com um ou mais dos seguintes sistemas instalados nas entradas que dão acesso à área de

produção? R 2.6.8.1 Ante-câmaras de proteção ou cortinas de ar? R 2.6.8.2 Instalação de eletrocultores estrategicamente localizados? (Para controle de

moscas)

R 2.6.8.3 Substituição de lâmpadas fluorecentes por lâmpadas de luz amarela (sódio) nas áreas externas, para evitar atração de insetos noturnos?

2.7 ILUMINAÇÃO E INSTALAÇÃO ELÉTRICA (ÁREA DE MANIPULAÇÃO) N 2.7.1 Iluminação adequada? (Sem ofuscamento, reflexos fortes, sombras,

contrastes excessivos)

N 2.7.2 Em bom estado de conservação? N 2.7.3 As lâmpadas possuem sistema de segurança contra explosão e quebras

acidentais?

R 2.7.4 Estão instaladas fora da linhas de produção e de transporte de matérias-primas ou produtos?

Page 156: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

156

N 2.7.5 Instalações elétricas embutidas ou exteriores e, neste caso, perfeitamente revertidas por tubulações isolantes e presas à paredes e tetos, sem fiação elétrica solta?

2.8 VENTILAÇÃO (ÁREA DE MANIPULAÇÃO) I 2.8.1 Ventilação capaz de garantir o conforto térmico e o ambiente livre de

bolores, gases, fumaça e condensação de vapores?

2.8.1.1 Temperatura ambiente: N 2.8.2 Ventilação provida de proteção (filtro) para evitar a entrada de agentes

contaminantes, com renovação freqüente do ar ambiente através de equipamentos de insuflação e exaustão, devidamente dimensionados?

I 2.8.3 Inexistência de corrente de ar passando de uma área suja para uma área limpa?

2.9 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS E VESTIÁRIOS N 2.9.1 Dotados de antecâmara? R 2.9.2 Separados por sexo? R 2.9.3 Vasos sanitários com tampa? N 2.9.4 Mictórios e lavatórios íntegros? I 2.9.5 Servidos de água corrente e conectados à rede de esgotos ou fossa

aprovada?

N 2.9.6 Pisos, paredes, forros, portas e janelas adequados (de forma a permitir fácil limpeza) e em bom estado de conservação?

I 2.9.7 Dotados de pias e de produtos destinados à higienização das mãos: sabão líquido e toalhas descartáveis (ou outro sistema higiênico seguro para secagem)?

R 2.9.8 Dotados de chuveiros em número suficiente (um chuveiro para cada cinco funcionários)?

R 2.9.9 Com água fria e quente? R 2.9.10 Instalações sanitárias em número suficiente? N 2.9.11 Com ventilação adequada? R 2.9.12 Dotados de armários individuais exclusivos para guarda de roupas,

uniformes e objetos pessoais?

2.10 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E CAIXAS D'ÁGUA I 2.10.1 Abastecimento de água potável ligado à rede pública?

2.10.2 Existência de sistema de captação própria (poço raso - cisterna ou poço artesiano ou captação de águas superficiais): (caso a água não seja ligada à rede pública)

I 2.10.2.1

Sistema de captação próprio protegido e revestido de forma a impedir a contaminação por águas residuais e água da chuva, tratado e localizado de forma a impedir a contaminação da água (distante das fossas e em nível mais elevado em relação a estas)?

I 2.10.3 Encanamento em estado satisfatório, ausência de infiltrações e interconexões?

R 2.10.4 As tubulações seguem os padrões de cor estabelecidos pela ABNT para água, gás e vapor?

I 2.10.5 As canaletas, que devem existir somente quando estritamente necessário e em número mínimo, são lisas, possuem cantos arredondados, são providas de grades de aço inoxidável ou plástico e declive mínimo de 2% para o sifão e são estreitas (largura suficiente apenas para permitir o escoamento de água)?

2.11 INSTALAÇÕES PARA LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

N 2.11.1 Instalações para lavagem e desinfecção de equipamentos e utensílios separada das áreas de processamento?

I 2.11.2 Dotada de produtos adequados (detergentes e desinfetantes)? N 2.11.3 Com área compatível ao volume de produção e tamanho dos utensílios? 2.12 INSTALAÇÕES PARA LAVAGEM DE MÃOS NAS ÁREAS DE PRODUÇÃO I 2.12.1 Existência de lavatórios dentro da área de manipulação de alimentos

exclusivos para lavagem das mãos?

R 2.12.2 Instalação de torneiras acionadas com pedal ou outro sistema não manual? R 2.12.3 Lavatórios em posição estratégica em relação ao fluxo de produção e

serviço?

Page 157: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

157

I 2.12.4 Dotados de água corrente, sabão líquido e toalha de papel ou outro sistema higiênico para secagem das mãos?

R 2.12.5 No caso de uso de toalha de papel, há dispositivos de acionamento e de descarte (lixo) das toalhas que não necessite de acionamento manual?

I 2.12.6 Ainda, dotados de desinfetantes para as mãos? 2.13 ELIMINAÇÃO DE ÁGUAS SERVIDAS, ESGOTO E LIXO I 2.13.1 Rede pública de esgoto ou fossa aprovada? I 2.13.2 Com fossa (quando for o caso) e caixas de gordura em bom estado de

conservação e funcionamento (não deixar odores desagradáveis dentro da área de produção ou do lado de fora da indústria)?

N 2.13.3 Tubos de escoamento (incluindo o sistema de esgoto) suficientemente grandes para suportar cargas máximas?

I 2.13.4 Tubos de escoamento construídos de forma a evitar a contaminação da água de abastecimento?

N 2.13.5 Efluentes e poluentes atmosféricos e do solo sofrem tratamento adequado? I 2.13.6 Áreas de guarda de lixo isoladas e exclusivas para este fim, construídas

preferivelmente com plataforma que permita o estacionamento de veículos, com pisos e paredes laváveis, dotadas de dispositivos para impedir o ingresso de pragas?

Page 158: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

158

BLOCO 2

TIPO E MANUTENÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

ATENDIMENTO CLAS ITENS AVALIADOS S Ñ ÑA

1 UTENSÍLIOS E MÓVEIS I 1.1 Utensílios em material que não transmita substâncias tóxicas, odores e

sabores, que sejam não absorventes e resistentes à corrosões e à repetidas operações de limpeza e desisfecção (aço inoxidável ou materiais inertes, sempre evitando madeira)?

I 1.2 Utensílios lisos e em bom estado de conservação, sem rugosidade e frestas ou imperfeições que sejam fontes de contaminação?

N 1.3 Utensílios em tamanho e forma que permitam fácil limpeza? R 1.4 Móveis (bancadas, mesas, carrinhos, etc) em número suficiente? N 1.5 Móveis em material inócuo, resistente, liso e impermeável? N 1.6 Móveis, que entram em contato com o alimento, com superfícies íntegras

(sem rugosidade e frestas) e em bom estado de conservação?

R 1.7 Possui armários ou outros dispositivos apropriados para a guarda de vasilhame e demais utensílios?

2 EQUIPAMENTOS/MAQUINÁRIO I 2.1 Os equipamentos da linha de processamento (contato direto com o

alimento) são de fácil limpeza e desinfecção, seguindo as normas de desenho sanitário para manuseio de alimentos tais como: fácil desmontagem; materiais inertes que não transmita substâncias tóxicas, odores e sabores ao alimento; não corrosivo e resistente às operações de limpeza; sem cantos ou bordas de difícil acesso para limpeza ou que permitam acúmulo de resíduos; superfícies lisas e soldas polidas?

N 2.2 Ausência de vazamento ou excesso de óleo lubrificante ou graxa nos equipamentos?

N 2.3 Tampas e/ou partes de equipamentos sem parafusos ou porcas que possam cair no produto?

I 2.4 Os equipamentos encontram-se em bom estado de funcionamento e de conservação (sem rugosidades e imperfeições que possam servir de fonte de contaminação)?

N 2.5 Equipamentos para proteção e conservação dos alimentos (freezer, geladeira, etc) em número suficiente para atender a necessidade?

I 2.6 Equipamentos para conservação dos alimentos em bom estado de funcionamento, capazes de manter a temperatura exigida para a conservação dos produtos?

2.6.1 Medida da temperatura média dos freezers e/ou câmaras frias: Freezers ou câmara fria de congelamento - Freezers ou câmara fria de armazenamento do produto final - Temperatura do refrigerador para armazenamento do leite e do queijo -

N 2.7 Equipamentos de refrigeração e de aquecimento dotados de termômetros?

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159

BLOCO 3

QUALIDADE, RECEPÇÃO E ARMAZENAMENTO DAS MATÉRIAS-PRIMAS

ATENDIMENTO CLAS ITENS AVALIADOS S Ñ ÑA

I 1 Existência de Boas Práticas para o transporte das matérias-primas, de forma a impedir a contaminação ou a proliferação de microorganismos, alterações ou danos às embalagens, etc.?

1.1 Medida da temperatura do leite ( ºC) e do queijo ( ºC)ao ser recebido pelo estabelecimento R 2 Há registro das boas práticas no transporte das matérias-primas? I 3 O depósito de matérias-primas atende aos requisitos de condições, de

estrutura física e de higiene para armazenamento das mesmas?

R 4 Na recepção das matérias-primas as cargas são inspecionadas visualmente antes do descarregamento para verificação de anormalidades?

N 5 As matérias-primas são de procedência conhecida? I 6 Possuem registro no órgão competente? I 7 São analisadas no recebimento ou recebidos com certificado da qualidade? I 8 As matérias-primas estão dentro do prazo de validade? I 9 São armazenadas dentro das embalagens originais ou transcrevendo as

informações constantes no rótulo para etiquetas conforme o critérios de identificação das matérias-primas adotado pelo estabelecimento?

R 10 Mantêm os alimentos devidamente protegidos após a abertura de suas embalagens originais?

N 11 É seguido uma correta rotatividade: primeiro que entra é o primeiro que sai? I 12 As características da matéria-prima se apresentam normais, em cor, odor,

consistência e aspecto; sem alterações?

I 13 Estão aparentemente isentas de contaminantes físicos tais como pêlo, cabelo, pedaços de vidro ou de metal, etc.?

I 14 Matérias-primas (Polvilho, óleo, margarina e sal) são armazenadas sobre estrados e prateleiras de material de fácil limpeza, liso e íntegro e com altura regulamentada e nunca em contato com o chão?

R 15 Prateleiras e estrados com afastamento mínimo de 45 cm em relação as paredes e entre pilhas de forma a permitir fácil higienização e melhor arejamento?

R 16 Dá-se preferência para armazenar os ovos sob refrigeração por até 25 dias? I 17 Os ovos, quando armazenado sob temperatura ambiente, são observadas as

condições do local de armazenagem que deve ser seco e arejado para um prazo de validade de 15 dias?

I 18 As matérias-primas perecíveis são armazenadas em freezers ou refrigeradores de modo a possibilitar a livre circulação do ar frio, evitando a sobrecarga do equipamento? As matérias-primas encontram-se dentro do limite de temperatura recomendado pelo fabricante? (Matérias-primas perecíveis devem ser mantidas à temperatura de congelação (≤-18ºC), refrigeração (≤4ºC) ou acima de 65ºC de acordo com o tipo de alimento)

18.2 Temperatura do leite armazenado ( ºC) e do queijo armazenado ( ºC) N 19 As matérias-primas perecíveis são armazenadas em freezers ou refrigeradores

em recipientes rasos para permitir o rápido resfriamento do alimento?

N 20 As matérias-primas armazenadas em refrigeradores estão devidamente embaladas?

N 21 São armazenadas em geladeiras para armazenamento exclusivo de matérias-primas e separado por tipo?

I 22 Matérias-primas perecíveis mantidas expostos à temperatura ambiente por, no máximo, duas horas?

I 23 Matérias-primas protegidas contra pó, saliva e insetos?

Page 160: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

160

BLOCO 4

CONTROLE DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO

ATENDIMENTO CLAS ITENS AVALIADOS S Ñ ÑA

N 1 Abastecimento de água Ligado à rede pública ou Ligada através de captação própria (poço raso - cisterna ou poço artesiano ou captação de águas superficiais trados) com potabilidade atestada através de laudos laboratoriais oficiais, contendo no mínimo análise de coliformes totais e fecais, com comprovantes dessas análise (validade de 6 meses)?

N 2 É realizada análise de dureza e alcalinidade da água, presença de excesso de sais de ferro, etc, com comprovante das análises?

I 3 Dispõe de algum sistema de proteção contra a contaminação (cloração da água na caixa d'água, existência de processo de filtração, outros)?

R 4 Existência de processo de aquecimento da água utilizada para limpeza do ambiente e dos utensílios e equipamentos a uma temperatura adequada?

R 5 Água com pressão adequada para permitir um processo de limpeza mais eficiente?

I 6 A água recirculada e reutilizada dentro do estabelecimento é tratada e mantida em condições tais que seu uso não representa um risco para a saúde? Transportada por tubulações completamente separadas e identificadas através de cores e sem interconecções transversais com as tubulações que conduzem água potável?

I 7 Há controle para a utilização da água recirculada com eficiência comprovada e prevista nas boas práticas adotadas pelo estabelecimento?

I 8 Em caso de utilização de água não potável, para produção de vapor, no sistema de refrigeração, controle de incêndio e outros fins não relacionados com o alimento, existe um sistema de transporte, dessa água, por tubulações completamente separadas e identificadas através de cores e sem interconecções transversais com as tubulações que conduzem água potável, aprovado pelo órgão competente?

9 RESERVATÓRIO DE ÁGUA I 9.1 Caixa d'água em perfeitas condições de higiene, livre de resíduos na

superfície ou depósitados?

I 9.2 Caixa d'água dotada de tampa? I 9.3 Em perfeitas condições de uso, livre de vazamentos, infiltrações e

descascamentos, com atividade de conservação?

I 9.4 Execução de limpeza periódica (6 meses) das caixa d'água por pessoa habilitada (funcionário do estabelecimento) ou empresa credenciada?

R 9.5 Existe rotina escrita dos procedimentos de limpeza e sanificação (quando realizado por funcionário do próprio estabelecimento)?

R 9.6 Existe registro (comprovantes) dos procedimentos de limpeza e sanificação das caixas d'água?

N 9.7 Reservatórios de água com volume correspondente às necessidades tecnológicas operacionais?

Page 161: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

161

BLOCO 5

ORGANIZAÇÃO, LIMPEZA E SANITIZAÇÃO

ATENDIMENTO CLAS ITENS AVALIADOS S Ñ NA

1 ORGANIZAÇÃO I 1.1 Utensílios armazenados ordenadamente e protegidos contra contaminação? I 1.2 Equipamentos dispostos ordenadamente e protegidos contra contaminação,

com distância mínima entre eles e entre estes e o piso de 30 cm e distância de 60 cm dos equipamentos em relação às paredes, de forma a permitir correta higienização?

N 1.3 Ausência de objetos em desuso e/ou alheios às atividades? I 1.4 Ausência de produtos alheios ao processo produtivo (refrigerante, pães,

manteiga, marmitas, etc.); que devem estar guardados em locais ou vasilhames adequados e separados da área produtiva, não representando risco de contaminação para os produtos produzidos pelo estabelecimento?

N 1.5 Ausência de pessoas estranhas ao processo produtivo, na área de processamento, sendo permitido a entrada de visitantes somente mediante a utilização de paramentos adequados, que devem ser disponibilizados pelo próprio estabelecimento?

2 LIMPEZA E SANITIZAÇÃO 2.1 ELIMINAÇÃO DE LIXOS R 2.1.1 As lixeiras estão identificadas? I 2.1.2 Acondicionamento do lixo, dentro da área de produção, em recipiente

lavável e dotado de tampa?

N 2.1.3 Com sacos plásticos coletores? N 2.1.4 Localização dos recipientes coletores de lixo, dentro da fábrica, em

posições estratégicas e de forma a evitar riscos de contaminação do ambiente e dos produtos?

N 2.1.5 Os subprodutos resultantes da elaboração, que servem como veículo de contaminação, são retirados da área de produção tantas vezes quantas forem necessárias (no mínimo 1 vez por dia), evitando acúmulo?

N 2.1.6 Após a remoção do lixo, os recipientes utilizados para o seu armazenamento são limpos e desinfetados (mínimo- 1 vez ao dia)?

I 2.1.7 Lixo orgânico e/ou refugo acondicionado em equipamento de refrigeração exclusivo, e devidamente embalados, isolados e identificados?

N 2.1.8 Resíduos sólidos descartados sem causar incômodo à vizinhança ou danos ao meio ambiente?

N 2.1.9 Pátios externos mantidos com grama aparada, áreas pavimentadas limpas e sem amontoamento de entulhos e sucatas?

2.2 ÁREAS DE PROCESSAMENTO I 2.2.1 Pisos em perfeitas condições de higiene, mantidos secos? I 2.2.2 Paredes e/ou divisórias e interruptores em perfeitas condições de higiene? I 2.2.3 Forros/tetos em perfeitas condições de higiene? I 2.2.4 Janelas e telas limpas e higienizadas? I 2.2.5 Portas limpas e higienizadas? I 2.2.6 Luminárias e tubulações (atrás, do lado, debaixo, por cima) limpas? I 2.2.7 Instalações sanitárias em perfeitas condições de higiene? I 2.2.8 Vestiários em perfeitas condições de limpeza e organização? I 2.2.9 Refeitórios limpos e higienizados? I 2.2.10 Lavatórios, dentro da área de produção, limpos e higienizados? I 2.2.11 O chão da aérea de manipulação, são limpos cuidadosamente

imediatamente após o término do trabalho ou quantas vezes for conveniente?

I 2.2.12 São tomados os cuidados necessários quando a limpeza do piso é feita durante a fabricação e/ou embalagem do produto, evitando-se respingos de água, levantamento de poeira, etc? (deve ser evitado o uso de vassoura a seco)

I 2.2.13 Equipamentos para proteção (freezers, câmara fria, etc) e conservação dos alimentos em boas condições higiênicas?

Page 162: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

162

I 2.2.14 Equipamentos envolvidos no processamento do alimento em boas condições higiênicas (por trás, nas laterais, debaixo e por cima)?

I 2.2.15 Utensílios em adequadas condições de higiene? I 2.2.16 Bancadas, armários, prateleiras, etc em bom estado de higiene? I 2.2.17 A limpeza dos utensílios e equipamentos industriais é feita diariamente

após o término do trabalho?

N 2.2.18 No ato de limpeza dos utensílios e equipamentos, leva-se em conta não apenas a parte interna destes mas, também, a parte externa?

I 2.2.19 E quanto à desinfecção dos utensílios e equipamentos? Esta é feita diariamente, no mínimo, antes de iniciar o trabalho?

N 2.2.20 São seguidas as etapas de limpeza e sanificação como se segue: remoção de resíduos, pré-lavagem, lavagem, enxágüe, sanificação e enxágüe

N 2.2.21 É evitado o uso de escovas de metal, lãs de aço e outros materiais abrasivos que soltem partículas?

I 2.2.22 No caso de utilização de buchas para lavagem dos utensílios e dos equipamentos e peças destes, estas são mantidas sem resíduos de alimentos?

N 2.2.23 As buchas permanecem imersas em solução de cloro à concentração de 10 ppm de cloro livre?

I 2.2.24 Quando há a utilização de panos de limpeza e/ou para secagem dos utensílios, bancadas, etc., estes estão em prefeitas condições de higiene e de conservação (deve-se evitar a utilização de panos principalmente para secagem dos utensílios e equipamentos)?

I 2.2.25 Existência de tanques para lavagem de panos de limpeza exclusivos para essa finalidade e nunca no mesmo tanque de lavagem dos utensílios?

I 2.2.26 Os materiais de limpeza são utilizados corretamente separando-se aqueles que são utilizados para limpeza do chão daqueles que são utilizados para limpeza de utensílios e equipamentos?

I 2.2.27 Peças de equipamentos, equipamentos portáteis ou utensílios (colheres, espátulas, pás, cortadores), após a limpeza, são colocados sobre estantes/carrinhos (nunca próximo ao piso)?

N 2.2.28 É seguido um roteiro de limpeza das paredes, portas, janelas e teto com estabelecimento da periodicidade da limpeza para cada área do estabelecimento (área de processamento, de armazenamento, refeitório, vestiários e sanitários, etc.)?

R 2.2.29 Existem procedimentos escrito para lavagem e desinfecção para cada equipamento (fogão, masseira, ralador de queijo, pingadeira, etc.) e para cada tipo de utensílio envolvido no processo produtivo (bacias, facas, abridores de lata, espátulas, etc.)?

N 2.2.30 Estes procedimentos são seguidos? R 2.2.31 Os roteiros estão disponíveis aos funcionários: sanitização dos utensílios,

equipamentos, móveis, instalações físicas, etc.?

N 2.2.32 A qualidade do processo de higiene e sanitização é monitorada pelo responsável técnico?

R 2.2.33 As mangueiras de limpeza são dotadas de fechamento automático e quando não estão em uso, são mantidas enroladas e guardadas penduras para não entrarem em contato com o piso?

I 2.2.34 O armazenamento dos produtos de limpeza e higiene em geral (papel higiênico, toalha de papel, sabonete para uso pessoal, vassoura, rodo, panos de limpeza, desinfetantes etc.) se faz em local separado da área de armazenamento de matérias-primas e da área de processamento?

R 2.2.35 Estes produtos estão sobre estrados e prateleiras de material de fácil limpeza, liso, íntegro e com altura regulamentada?

I 2.2.36 Ë utilizado, no processo de desinfecção de utensílios, móveis, equipamentos e ambientes, soluções (detergentes e desinfetantes) aprovadas e registradas no Ministério da Saúde? Elas estão em embalagens adequadas, com rótulos e dizeres de rotulagem de acordo com a legislação (identificação do produto)?

I 2.2.37 Substâncias perigosas como saneantes e domissanitários, inseticidas, detergentes e desinfetantes são utilizados adequadamente, de forma a evitar a contaminação do alimento, das superfícies dos equipamentos e do ambiente?

Page 163: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

163

N 2.2.38 A conservação dos detergentes e desinfetantes se faz em boas condições de higiene, de tempo e de temperatura para que se garanta a qualidade dos mesmos?

N 2.2.39 São utilizados soluções desinfetantes em concentração adequada e em tempo mínimo necessário para a atuação do agente saneante empregado?

N 2.2.40 Existe rotina escrita para preparo e utilização dos produtos? N 2.2.41 Existe controle da concentração e do tempo de atuação do principio ativo

presente nas soluções desinfectantes?

R 2.2.42 Há registros do processo de verificação da concentração da solução? R 2.2.43 Existem cartazes alusivos à higiene (inclusive higiene pessoal) e sanitização

afixados em pontos estratégicos?

R 2.2.44 Há registros dos procedimentos de lavagem da fábrica?

Page 164: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

164

BLOCO 6

CONTROLE DE PRAGAS

ATENDIMENTO CLAS ITENS AVALIADOS S Ñ NA

1 AÇÃO PREVENTIVA (PROGRAMA DE CONTROLE) N 1.1 Executa exame visual com ênfase às dobras e interior de pilhas de sacarias na

área de estocagem e locais críticos onde podem existir atividade de roedores e insetos?

I 1.2 São evitados fatores que propiciem a proliferação de pragas: resíduos de alimentos, água estagnada, materiais amontoados em cantos e pisos, armários e equipamentos contra a parede, acúmulo de pó, sujeiras e buracos nos pisos teto e paredes, mato, grama não aparada, sucatas amontoadas, desordem de material fora de uso, bueiros, ralos e acessos, má sanitização das áreas de lixo?

2 AÇÃO CORRETIVA (PROGRAMAS DE COMBATE) I 2.1 Ausência de pragas nas áreas externas? I 2.2 Ausência de pragas (insetos, cupins, roedores, pássaros, formigas, morcegos

e outros animais) e de seus indícios (fezes, etc) nas áreas de produção e armazenagem?

I 2.3 Realiza captura de cães, gatos ou qualquer outro animal levando-os para longe do estabelecimento?

N 2.4 Controle de pássaros: fechamento adequado das aberturas das instalações, instalação de tiras plásticas nas portas e eliminação periódica de ninhos em áreas adjacentes?

N 2.5 Combate de formigas, efetuado através da aplicação, diretamente no formigueiro, de inseticidas piretróides, fosforado, brometo de metila ou iscas formicidas próprias?

I 2.6 Dentro do estabelecimento, quando são usados para controle de ratos, ratoeiras com iscas ou armadilhas físicas, respeita-se a proibição da utilização de venenos contra ratos?

N 2.7 Os raticidas, quando utilizado nas áreas externas, são colocados em porta-iscas adequados e mapeados?

I 2.8 Existe um programa eficaz e contínuo para controle de pragas (desinsetização e desratização) feita por empresa credenciada?

R 2.9 Existe relatório de monitoramento sobre as atividades de controle emitido periodicamente (comprovantes dos serviços de desinsetização e desratização)?

N 2.10 É realizado um controle contínuo de pragas feito pela própria fábrica com utilização de algum praguicida?

I 2.11 Os inseticidas utilizados nas áreas internas da fábrica são de baixa toxidade (piretróides), tomando o cuidado de não usar sobre equipamentos, utensílios, matérias-primas e produtos, inseticidas que deixam resíduo (fosforados) e jamais utilizar inseticidas clorados?

R 2.12 Praguicidas só são usados nos processos de desinsetização e desratização quando não é possível aplicar com eficácia medidas preventivas?

I 2.13 Lotes de matérias-primas, onde foi detectada infestação, são separados e isolados para imediata destruição ou tratamento com fosfina ou brometo de metila?

I 2.14 Toma-se o cuidado de proteger todos os alimentos, equipamentos e utensílios antes da aplicação de praguicidas?

I 2.15 E após a aplicação os equipamentos e utensílios contaminados são cuidadosamente limpos, retirando os resíduos dos praguicidas?

N 2.16 Os praguicidas (veneno) são armazenados em área separada ou em armários fechados com chave, implementando um sistema de controle de entrada e saída dos praguicidas?

N 2.17 Os equipamentos utilizados para a aplicação de praguicidas são identificados e guardados em área separada e são lavados depois de usados e mantidos em boas condições de operação e conservação?

Page 165: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

165

BLOCO 7

CONTROLE E HIGIENE DO PESSOAL NA ÁREA DE PRODUÇÃO:

ATENDIMENTO CLAS ITENS AVALIADOS S Ñ NA 1 VESTUÁRIO I 1.1 Os funcionários utilizam uniformes? R 1.2 Uniformes adequado: aventais fechados ou macacões de cor ou tonalidade

clara, sem bolsos acima da cintura, inteiriço ou substituindo os botões por velcro?

N 1.3 Para evitar a possibilidade de certos objetos caírem no produto, é proibido ao funcionário carregar canetas, lápis, termômetros, pinças, alfinetes, presilhas, etc., especialmente da cintura para cima?

N 1.4 Troca mínima dos uniformes diariamente? I 1.5 Jamais utiliza o mesmo uniforme (roupas e sapatos) usado para manipular

alimentos após fazer a limpeza do ambiente externo ou das instalações sanitárias?

R 1.6 Uso de botas e avental plástico quando a atividade exigir grande quantidade de água?

I 1.7 Uso de sapatos fechados e limpos (nunca chinelos)? R 1.8 Uso de máscaras tampando no mínimo a boca que é recomendável para os

casos de manipulação direta de produtos sensíveis à contaminação (de preferência a máscara deve tampar a boca e nariz)?

R 1.9 E, para os homens, tampando a barba e o bigode? I 1.10 Uso de gorros que contenham todo o cabelo? R 1.11 Vestuário em bom estado de conservação (nunca com costuras desfeitas,

faltando botões, rasgado ou manchado)?

I 1.12 Vestuário em perfeitas condições de higiene? R 1.13 Os uniformes são lavados em lavanderias (responsabilidade do próprio

estabelecimento)?

R 1.14 Existem orientações escritas para a lavagem dos mesmos (lavanderias existentes no estabelecimento)?

2 ASSEIO PESSOAL N 2.1 Boa apresentação e asseio corporal? I 2.2 Mãos limpas? I 2.3 Unhas curtas e sem esmalte? N 2.4 Sem adornos (pulseiras, anéis, brincos, colares etc) ? N 2.5 Os manipuladores (homens) encontram-se barbeados, com cabelo e bigodes

aparados? Em caso de uso de bigodes e costeletas, são seguidas as seguintes condições: Bigode- pode se estender até a borda externa da boca, não ultrapassando exageradamente os cantos da boca; Costeletas- devem ser aparada até o comprimento máximo da parte inferior da orelha?

2.6 HÁBITOS HIGIÊNICOS: I 2.6.1 Lavagem das mãos antes da manipulação de alimentos? I 2.6.2 Lavagem das mãos após qualquer interrupção do trabalho I 2.6.3 Lavagem das mãos após o uso dos sanitários? I 2.6.4 Lavagem dos antebraços concomitantemente com a lavagem das mãos? R 2.6.5 Lavagem das mãos, dedos e antebraços com o auxilio de uma escova para

retirar resíduos?

N 2.6.6 No caso de utilização de escova para lavagem das mãos, esta permanece imersa em solução de cloro à concentração de 10 ppm de cloro livre?

I 2.6.7 Cuidados como: não espirrar sobre os alimentos, não cuspir, não fumar, não mexer nos cabelos, não assoar o nariz, não mexer nos ouvidos, não falar sobre os produtos ou efetuar qualquer prática anti-higiênica?

I 2.6.8 Cuidados como: não manipular dinheiro e outros objetos que possam contaminar o produto que está sendo preparado?

I 2.6.9 Cuidados como: não manipular de forma inadequada os utensílios que entram em contato com o alimento, procurando sempre, evitar a contaminação destes?

Page 166: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

166

I 2.6.10

Cuidados como: não comer, não mascar chicletes ou manter na boca palitos, fósforos, balas ou similares. Não manter lápis, caneta, cigarros atrás das orelhas?

R 2.6.11

Os procedimentos e rotinas para lavagem correta das mãos estão escritos e disponíveis à todos os funcionários da área de processamento?

R 2.6.12

E quanto aos procedimentos de cuidados de higiene na manipulação dos alimentos, estão escritos e disponíveis aos funcionários?

I 2.6.13

Quando há o emprego de luvas, estas são perfeitamente limpas e higiênicas e os manipuladores têm consciência da continuidade da obrigatoriedade da lavagem cuidadosa das mãos?

I 2.6.14

Ao manipular alimentos utilizando-se luvas, toma-se o cuidado de não contaminá-las e/ou de passar solução desinfetante sobre elas?

R 2.6.15

Ao dar entrada no estabelecimento, os funcionários são obrigados a tomar banho? E é cumprido esta obrigatoriedade?

R 2.6.16

É realizado a lavagem dos cabelos ao tomar banho?

3 ESTADO DE SAÚDE I 3.1 Os manipuladores encontram-se em boas condições de saúde, sem afecções

cutâneas, feridas e supurações?

N 3.2 Ferimentos são cobertos com material à prova d’água? N 3.3 Os funcionários são orientados quanto ao tratamento odontológico adequado

e não são portadores de dentes estragados, quebrados ou com raiz aparente?

I 3.4 Sem sintomas de doenças respiratórias, gastrointestinais e ocular? I 3.5 Os manipuladores estão orientados a comunicar á gerência o aparecimento de

qualquer ferida, lesão de pele ou outro tipo de doença, principalmente as do aparelho respiratório (gripes, resfriados), aparelho digestivo, acompanhadas ou não de diarréias e vômito? Os funcionários são afastados em caso de doenças?

I 3.6 Os manipuladores têm exames admissionais? I 3.7 É feita a supervisão periódica do estado de saúde dos manipuladores?

Também após afastamento por enfermidade?

4 TREINAMENTO DO PESSOAL I 4.1 Pessoal qualificado: os manipuladores foram devidamente treinados nas

funções que desempenham no processo produtivo, com conscientização das Boas Práticas de Fabricação? Demonstram conhecimento em medidas de prevenção de doenças transmitidas por alimentos?

R 4.2 Há registros dos treinamentos? N 4.3 Há cursos periódicos de boas práticas de fabricação para todos os

funcionários envolvidos com a manipulação do produto?

N 4.4 Há responsável técnico habilitado para aplicar as Boas Práticas de Fabricação e Controle dos Pontos Críticos?

N 4.5 É feita a supervisão da atuação dos manipuladores quanto à rotina dos procedimentos, etc. pelo responsável técnico da empresa?

Page 167: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

167

BLOCO 8

CONTROLE DO PROCESSO PRODUTIVO

ATENDIMENTO CLAS ITENS AVALIADOS S Ñ NA 1 CONTROLE DO FLUXO DE PRODUÇÃO E DA MANIPULAÇÃO D O PRODUTO R 1.1 Há um fluxograma bem detalhado, elaborados para cada etapa do processo

produtivo, desde a recepção da matéria-prima, armazenamento, processos de fabricação, envasamento, rotulagem, encaixotamento, armazenamento e transporte do produto final, de acordo com cada tipo de produto produzido (coquetel, lanche, etc.), e segundo as Boas Práticas de Fabricação; especificando a quantidade e a ordem de adição dos ingredientes, assim como o tempo de mistura, temperatura (se necessário) e outros pontos críticos de controle?

R 1.2 O fluxograma encontra-se afixado em local acessível aos funcionários envolvidos com o processo produtivo?

N 1.3 Locais para o pré-preparo ("área suja") e preparo ("área limpa") isolados (a separação física é necessária em estabelecimentos com grande produção)?

I 1.4 Fluxo do alimento produzido ocorre em sentido único, sempre da área suja (produto em fase inicial de processamento) para a área limpa (produto em fase mais avançada do processamento) de forma a impedir o cruzamento de produtos em fases diferentes do processamento?

I 1.5 A manipulação é mínima e higiênica, evitando tocar com as mãos as matérias-primas, produtos em processo e produto terminado, exceto nos casos de necessidades operativas e desde que as mãos estejam convenientemente limpas?

I 1.6 Possui dispositivo apropriado para pegar alimentos, evitando tocá-los diretamente com as mãos?

I 1.7 São tomados cuidados quanto à higiene dos utensílios retornando-os à lavagem e desinfecção ao sofrerem qualquer interferência que pode contaminá-los como, por exemplo, cair no chão?

I 1.8 E quanto ao produto (pão de queijo) e á matéria-prima, estes são jogados fora quando, acidentalmente, entram em contato com o piso ou outra superfície contaminada?

I 1.9 Em hipótese alguma, a massa que já foi congelada é reprocessada e embalada novamente para comercialização?

I 1.10 O manipulador que se encontra trabalhando em uma determinada etapa do processamento, ao manipular produtos de fases mais avançadas de elaboração, efetua prévia lavagem e desinfecção das mãos (evitar contaminação cruzada)?

R 1.11 Bem como troca da roupa protetora que foi utilizada durante a manipulação de matérias-primas e produtos semi elaborados, colocando outra roupa protetora limpa?

I 1.12 Ausência da execução das funções de manipulação do produto e de limpeza da área de produção ou de equipamentos e utensílios concomitantemente, feitas pelo mesmo funcionário?

I 1.13 Equipamentos e utensílios contendo matéria-prima ou produto intermediário ou acabado mantidos fechados com tampas para proteção do produto?

R 1.14 Existem instrumentos adequados para controle do processo produtivo (termômetros, gráficos, etc)?

2 PESAGEM DAS MATÉRIAS-PRIMAS N 2.1 As embalagens são lavadas antes da utilização das matérias-primas? (leite,

queijo, óleo, margarina)

R 2.2 Os ovos são retirados da embalagem externa – caixa de papelão, e são mantidos em seus pentes, tomando-se cuidado para não levar sujidades para a área de processamento?

N 2.3 Os ovos são inspecionados antes da quebra para retirada daqueles que apresentam trincas na casca?

R 2.4 Os ovos, são colocados em solução clorada antes da quebra destes (tempo de contato deve obedecer ao tempo de atuação do produto)?

Page 168: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

168

I 2.5 Esta solução é trocada sempre que necessário para não ser um foco de disseminação de microrganismos?

N 2.6 Não reutiliza-se as embalagens de ovos, nem utiliza-se para outras finalidades?

R 2.7 Há uso de filtros, malhas e detectores de metais na operação de incorporação de matérias-primas ao produto em processo e nas etapas finais do processo?

R 2.8 Os abridores de lata são limpos e afiados para prevenir que partículas metálicas e sujeira contaminem o produto?

N 2.9 As balanças são aferidas regularmente? N 2.10 As balanças utilizadas para pesagem de matérias-primas e para pesagem de

produto acabado são individuais? Se é utilizada uma só balança para pesagem, está é corretamente higienizada entre pesagens de materiais diferentes, principalmente antes da pesagem do produto acabado?

N 2.11 São utilizados ralos para queijo com acionamento elétrico e luvas e/ou utensílios para pegar o queijo e coloca-lo no ralo?

N 2.12 Para controle da qualidade do produto, há um sistema de medida da quantidade (peso ou outro tipo de medida) das matérias-primas utilizadas? (deve ser evitado a subjetividade no controle da qualidade)

3 ESCALDAMENTO DO POLVILHO N 3.1 Utiliza-se algum sistema para agilizar a resfriamento da massa após o

escaldamento, sendo este um sistema que não traga risco de contaminação ao produto?

I 3.2 A massa escaldada é mantida tampada até o momento do amassameto? 4 AMASSAMENTO I 4.1 O amassamento é feito mecanicamente? N 4.2 Há um sistema contínuo (esteira) ligando os maquinários de forma a evitar o

contato da massa com as mãos ou utensílios no momento da transferência de um para outro equipamento?

R 4.3 Há controle do tempo de amassamento? 5 MODELAGEM DOS PÃES DE QUEIJO I 5.1 A modelagem dos pães de queijo é feita mecanicamente? I 5.2 O transporte das massas modeladas até o local de congelamento destas, e das

massas congeladas para o local de embalagem é realizado de forma a eliminar a possibilidade de que material estranho caia no produto?

6 CONGELAMENTO DA MASSA DE PÃO DE QUEIJO I 6.1 As massas modeladas são armazenadas em freezers de modo a possibilitar a

livre circulação do ar frio, evitando a sobrecarga do equipamento?

I 6.2 As massas modeladas são armazenadas em freezers dentro de recipientes rasos, que permitam o rápido resfriamento do alimento?

N 6.3 Os recipientes utilizados para colocar os pães de queijo no Freezer são adequados (aço inoxidável, liso, de fácil limpeza, com ângulos arredondados, lisos e sem costuras ou soldas aparentes)?

I 6.4 Os tabuleiros que são utilizados para colocar os pães de queijo modelados no freezer/câmara fria de congelamento estão limpos?

I 6.5 Ë os aparadores dos tabuleiros, estão limpos? N 6.6 Utensílios tais como tabuleiros para congelamento das massas modeladas,

espátulas, facas, etc. em número suficiente de forma a permitir a correta rotatividade para lavagem e desinfecção destes utensílios, antes de utilizá-los novamente?

I 6.7 Caso não exista número suficiente de alguns destes utensílios, há um processo eficiente de limpeza que permita uma higienização dos mesmos, tal como colocação de sacos plásticos e/ou burrifação de água clorada?

I 6.8 Bem como um processo eficiente para limpeza e sanitização dos aparadores de bandejas (aparadores utilizados para separar uma bandeja da outra permitindo colocá-las umas sobre as outras)?

N 6.9 O congelamento é feito em Freezers exclusivos e higienizados? N 6.10 O congelamento é feito imediatamente após a modelagem? N 6.11 As portas dos equipamentos de refrigeração e congelamento somente são

abertas quando necessário e pelo menor tempo possível?

R 6.12 Utiliza-se processo de congelamento rápido do produto (nitrogênio, por exemplo)?

Page 169: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

169

7 EMBALAGEM E EMPACOTAMENTO N 7.1 O empacotamento do produto é feito mecanicamente? R 7.2 É utilizado sistema de empacotamento a vácuo? I 7.3 Caso seja feita manualmente, são seguidas as normas de boas práticas de

fabricação, evitando colocar as mãos no produto e realizando desinfecção das mãos sempre que necessário?

N 7.4 Embalagens vazias armazenadas em local adequado, seco, sobre estrados de altura regulamentada ou prateleiras, dispostos de forma que permitam a limpeza e impeçam a contaminação?

I 7.5 As embalagens, no ato de carimbar (validade), são manuseadas de forma higiênica sendo a manipulação mínima possível? São colocadas sobre superfície limpa?

I 7.6 As embalagens são íntegras, higiênicas e próprias ao alimento, conferindo apropriada proteção contra a contaminação?

N 7.7 As embalagens são resistentes e adequadas ao encaixotamento, manipulação e transporte?

N 7.8 Rotulagem adequada: dizeres na rotulagem com identificação clara do nome do produto, marca, fabricante, endereço do fabricante, endereço do distribuidor, conteúdo (volume ou peso), número de registro no Ministério da Saúde, número do lote, data de fabricação e/ou de validade, informações úteis ao consumidor (modo de conservação do produto, modo de preparo, etc)?

N 7.9 As embalagens são inspecionadas antes do uso, para verificar sua segurança? N 7.10 Em casos específicos, é feita a lavagem e desinfecção das embalagens antes

do envase?

8 ARMAZENAMENTO DO PRODUTO ACABADO I 8.1 Produto acabado protegido contra pó, saliva, insetos e roedores? N 8.2 Armazenados em câmaras frias sobre estrados, afastados da parede com

blocos de estrados menores possível e afastadas uns dos outros (afastamento de 45 cm) e com ausência de condensações nas embalagens?

N 8.3 Armazenados em freezers, distribuídos de forma a permitir a circulação do ar frio e manutenção do produto na temperatura adequada, com ausência de condensações nas embalagens?

N 8.4 Local de armazenamento do produto acabado, livre de material estranho ou estragado? (por exemplo, matérias-primas, produto não acabado, outros produtos)

N 8.5 Câmara fria e freezers sem acúmulo de gelo e obstrução dos difusores de ar com programa de descongelamento, limpeza e manutenção?

9 TRANSPORTE DO PRODUTO N 9.1 O transporte do produto final é feito em veículos exclusivos para este

fim?(não comum ao transporte, de produtos tóxicos, químicos, de higiene, de limpeza ou produtos de perfumaria ou ainda de transporte de passageiros e/ou animais)

N 9.2 Compartimento de carga limpo, sem frestas ou buracos que permitam a passagem de poeira?

I 9.3 Compartimento totalmente livre de qualquer evidência da presença de insetos, roedores, pássaros, vazamentos, materiais e odores estranhos?

N 9.4 Os veículos dotados de sistema de refrigeração possuem termômetros para verificar a manutenção da temperatura adequada?

N 9.5 Existência de Boas Práticas para o transporte do produto final, de forma a impedir a contaminação ou a proliferação de microorganismos, alterações ou danos às embalagens?

R 9.6 Há registros das Boas Práticas para o transporte? R 9.7 O veículo para transporte possui Certificado de Vistoria emitido pela

Vigilância Sanitária?

Page 170: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

170

BLOCO 9

CONTROLE E GARANTIA DA QUALIDADE

ATENDIMENTO CLAS ITENS AVALIADOS S Ñ NA 1 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO E APPCC I 1.1 O estabelecimento dispõe de um Manual de Boas Práticas de Fabricação que

oriente o seu processo de Fabricação?

I 1.2 Os manipuladores têm disponíveis o manual das Boas Práticas de Fabricação do seu setor?

R 1.3 O estabelecimento dispõe de estudos de APPCC para todo o processo e estes estão bem descritos e são aplicados a cada linha de produtos e às suas variações, como formato, sabor, etc.

N 1.4 Os Pontos Críticos de Controle identificados são devidamente controlados e há registros disponíveis?

I 1.5 Existem instrumentos de mensuração dos Pontos Críticos de Controle (termômetros, manômetros, potenciômetros, medidores de quantidades, balanças, etc.)?

N 1.6 Há procedimentos para aferições e calibrações dos equipamentos de mensuração dos Pontos Críticos de Controle (termômetros, manômetros, potenciômetros, medidores de quantidades, balanças, etc.)?

R 1.7 Há registros desses procedimentos? 2 CONTROLE DE QUALIDADE DOS LOTES I 2.1 A identificação dos lotes do produto é feita por um código adequado que

permite detectar a data de fabricação e o número de recipientes que contém aquele lote?

N 2.2 É feita quarenta de no mínimo 15 dias? N 2.3 Após a quarentena é feito o controle final de qualidade para a aprovação do

lote e rotulagem (programa de monitorização da qualidade) por meio de analises laboratoriais aprovada?

I 2.4 Há registros anotados em formulários adequados e disponíveis para consulta, de todos os dados relativos ao controle de qualidade a cada lote produzido e outros procedimentos para a segurança do produto?

R 2.5 Os registros dos processos de cada lote são armazenados em um período de um ano a mais que o prazo da data de validade?

I 2.6 As analises microbiológicas são feitas com freqüência adequada (todos os lotes produzidos são analisados)?

N 2.7 O controle de qualidade do produto final (produto embalado) é feito a partir de análises microbiológicas feitas, no mínimo, mensalmente?

I 2.8 São cumpridos os métodos de análises físico-químicas para controle e garantia de qualidade do produto?

N 2.9 E os métodos de análises visuais (peso bruto e peso líquido, vácuo (quando for o caso), espaço livre, número de pedaços, etc.)?

N 2.10 É feito um controle da produção diária separando por tipo de produto, quantidade produzida (kg ou pacotes ou caixas) data de fabricação, etc., além de um controle da saída do produto (local e data de fabricação do produto) de forma a ter um mapa indicativo da entrega de todo o lote produzido?

1. CLAS. = Classificação 2. S = Sim 3. Ñ = não 4. ÑA = Não Aplicável

5. PONT = Pontuação 6. R = Recomendável 7. N = Necessário 8. I.= Imprescindível

Fonte: adaptado de BELO HORIZONTE (2000a,b), BRASIL (2000f,g,h), BRYAN (1979), SÃO PAULO (2000a,b,c,d), SENAI

& SEBRAE (2000), SBCTA (1994a,b), SBCTA (1996), SILVA (1997), SOUZA et al. (1998)

Page 171: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

171

APÊNDICE B

FIGURA 1: Pontos de coleta das amostras segundo o fluxograma de produção do pão de queijo (indústria A).

Pesagem do polvilho (polvilho azedo e

fécula de

Medida do óleo, da água, do

leite da margarina e do

Imersão dos ovos em solução

Pesagem do queijo

(2)

Moagem do queijo

Quebra e pesagem dos ovos

(6)

Adição da mistura aquecida ao polvilho (gelatinização do

polvilho) (7)

Amassamento (polvilho gelatinizado+ ovos + queijo)

(8)

Congelamento lento (24

Modelagem mecânica (9)

Armazenamento na

Embalagem manual (10)

Expedição

Aquecimento à

temperatura

Matérias-primas (1)

Amostras: (1) Queijo, ovos, polvilho, leite, água, margarina, ar ambiente (2) facas (3)ar ambiente (4) moedor de queijo (5) panelas, colheres (6) bacias plásticas, ar ambiente (7) equipamento (betoneira), bacias plásticas, massa, ar ambiente (8) massa, espátula, mãos do manipulador, equipamento (masseira) (9) massa antes e após a modelagem, equipamento (pingadeira), espátula, tabuleiros, separadores dos

Page 172: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

172

QUADRO 1: Ficha utilizada para a identificação da amostra:

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA

Número da amostra:

Natureza da amostra:

Data da coleta:

/ /00

Local da coleta:

Nome da fábrica:

Observações quanto à coleta da amostra:

Resultados das Análises

Conformidade com a legislação

Microrganismos Valor Sim Não Pesquisa de Salmonella: Pesquisa de S. aureus: Pesquisa de B. cereus: Contagem de Bolores e leveduras:

Contagem de bactérias mesófilas:

Determinação de coliformes Totais:

Determinação de coliformes fecais:

Pesquisa de E. coli:

Conclusões:

Page 173: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

173

Quadro 2: Ficha para anotação dos dados das análises microbiológicas Número da amostra: Natureza da amostra: Local de coleta:

Data de coleta: Data de início das análises: Data de término das análises: Temperat.: ______ºC

PESQUISA DE BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORMES: PESQUISA DE Colif. Fecais CONTAGEM PADRÃO EM PLACA

LST CVB (Colif.Totais) EC (45,5ºC - Colif. Fecais) Ágar eosina-azul metileno Ágar PCA (Plate Count Agar)

Resultado (+ ou -) Resultado (+ ou -) Resultado (+ ou -) Presença (+) ausência (-) Controle: Dilui

-ção 1 2 3 4 5 Dilui-

ção 1 2 3 4 5

Dilui

ção 1 2 3 4 5

Dilui

ção Col. T Col. F RESULT. Dilui A B Media RESULT.

10-1 10-1 10-1 10-1 10-1

10-2 10-2 10-2 10-2 10-2

10-3 10-3 10-3 10-3 10-3

10-4 10-4

RESUL.

(NMP/g)

10-4 10-4

10-4

(UFC/g)

10-5 10-5 10-5

RESULT.

(NMP/g)

10-5 10-5

PESQUISA DE Salmonella sp. PESQUISA DE B. cereus

IAL (reaçãop + ou -) Meio BC (Nº colôn) Caracterização Gram =

Tubo LTD H2S Gas Lis Ind Sac Gli Ure Mot Dilui A B Glic anaerob

1 10-1 Red nitrato

2 10-2 Motilidade

3 10-3 Red tirosina

4

RESULT.

(Pres/Aus)

10-4 Cresc 0,01% lisoz

5 RESULTADO (UFC/g) VP

PESQUISA DE Staphylococcus COAGULASE POSITIVO Hemólise

Meio BP Coagulase (+) ou (-) (5 colonias)

RESULTADO

(UFC/g)

CONTAGEM DE BOLORES E LEVEDURAS (ágar batata)

Nº Colon TP Nº Colon ATP Colon TP Colon ATP Diluição A B Média Dilui -ção A B A B A B A B 10-1 10-1 10-2

Placa controle

10-2

10-3 RESULTADO: (UFC/g)

/ / /

Page 174: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

174

Quadro 3: Resultados das análises microbiológicas das matérias-primas

Análises

Material coletado Colif. Totais Colif. Fecais Staphylo coag. +

Salmonella sp B. cereus Mesófilas

Bolores e leveduras

1 <2,0 <2,0 - - - <10 est.1 - 2 <2,0 <2,0 - - - 0,5 est. - 3 <2,0 <2,0 - - - 4,5 est. - 4 <2,0 <2,0 - - - 18 est. - 5 <2,0 <2,0 - - - 5 est. -

Água Tratada da caixa d'água

6 <2,0 <2,0 - - - <1 est. - 1 <2,0 <2,0 - - - <10 est. - 2 <2,0 <2,0 - - - 0,5 est. - 3 <2,0 <2,0 - - - 2 est. - 4 <2,0 <2,0 - - - 19 est. - 5 <2,0 <2,0 - - - 9,5 est. -

Água tratada direto da rua

6 <2,0 <2,0 - - - 106 - 1 - - - aus - - - 2 <3,6 <3,6 - aus - - - 3 <3,6 <3,6 - aus - - - 4 <3,6 <3,6 - aus - - - 5 <3,6 <3,6 - aus - - -

Ovo inteiro cru

6 <3,6 <3,6 - aus - - - 1 150 28 - aus - - - 2 4600 43 - aus - - - 3 1500 1500 - aus - - - 4 43 <3,6 - aus - - - 5 240 93 - aus - - -

Ovo após a quebra

6 460 9,2 - aus - - - 1 <3,6 <3,6 <50 aus <100 - 100 est. 2 <3,6 <3,6 <50 aus <100 - 150 est. 3 <3,6 <3,6 <50 aus <100 - 50 est. 4 <3,6 <3,6 <50 aus <10 - 40 est. 5 <3,6 <3,6 <50 aus <10 - 200 est.

Fécula

6 3,6 <3,6 <50 aus <100 - 690 1 23 <3,6 <50 aus <100 - 1350 est. 2 <3,6 <3,6 <50 aus <100 - 100 est. 3 <3,6 <3,6 <50 aus <100 - 2000 4 <3,6 <3,6 <50 aus <10 - 60 est. 5 <3,6 <3,6 <50 aus <10 - 20 est.

Polvilho azedo

6 <3,6 <3,6 <50 aus <100 - 10 est. 1 >110000 >110000 <50 aus - - - 2 29000 21000 76000 aus - - >30000 est. 3 >110000 24000 12000 aus - - >30000 est. 4 >110000 24000,0 1500000 aus - - >300000 est. 5 >110000 >110000 860000 aus - - - 6 >110000 110000 <50 aus - - - 7* 2400 2400 1500 aus. - - -

Queijo Minas curado

8* >110000 >110000 5000 aus. - - - 1 29000 29000 13333 aus - - >30000 est. 2 >110000 >110000 <500 aus - - 1700000 3 >110000 24000 170000 aus - - >3000000 est. 4 110000 7500 190000 aus - - 980000 5 380 380 <500 aus - - 940000

Queijo após ralado

6 24000 24000 8500 aus - - 180000 1 0,74 0,36 - aus - 1050 est. - 2 0,36 <0,36 - aus - 50 est. - 3 0,92 0,36 - aus - 1400 - 4** <0,36 <0,36 - aus - 515 - 5 >110 4,3 - aus - >30000 est. -

Leite pasteurizado tipo C

6** <0,36 <0,36 - aus - >30000 est. - 1 <3,6 <3,6 - aus - - 1910 2 <3,6 <3,6 - aus - - 4000 3 <3,6 <3,6 - aus - - >3000 est. 4 <3,6 <3,6 - aus - - >3000 est. 5 23 9,2 - aus - - 6300

Margarina

6 <3,6 <3,6 - aus - - >3000 est. 1. est. = estimado *. Queijo com registro (SIF) **. Matéria-prima com prazo de validade vencido

Page 175: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

175

QUANDRO 4: Resultados das análises microbiológicas dos utensílios: SWAB DOS UTENSÍLIOS

DIA DA COLETA

COLIFORMES TOTAIS

COLIFORMES FECAIS

MESÓFILAS (UFC / Utensílio)

1 Ausente Ausente 2,1 X103 2 Presente Ausente >1,0 X105 est.a 3 Presente Ausente 6,7 X104 4 Presente Presente 1,1 X104 5 Presente Presente 1,1 X105 6 Presente Ausente 1,2 X106 est.

Espátulas

7 Presente Ausente 1,4 X104 1 Ausente Ausente 110 est. 2 Presente Ausente >1,5 X105 est. 3 Presente Presente 1,7 X105 est. 4 Presente Presente >3,0 X106 est. 5 Presente Presente 4,9 X103

Facas

6 Presente Ausente 3,9 X104 1 Ausente Ausente 35 est. 2 Presente Ausente 118 3 Presente Ausente - 4 Presente Presente 1,4 X104 5 Presente Ausente >7,5 X105 est.

Panelas

6 Presente Ausente >7,5 X105 est. 1 Ausente Ausente <10 est. 2 Ausente Ausente 230 est. 3 Ausente Ausente 60 est. 4 Presente Presente 250 est. 5 Presente Ausente 480

Colheres

6 Presente Ausente 2,5 X103 1 Presente Presente - 2 Presente Ausente 8,6 X106 est. 3 Presente Ausente 7,9 X105 4 Presente Ausente 1,3 X106 5 Presente Presente 2,9 X107

Bacias plásticas (massa escaldada)

6 Presente Ausente 5,5 X106 1 Presente Ausente - 2 Presente Ausente >1,5 X106 est. 3 - - - 4 - - - 5 Presente Ausente 1,5 X104 6 Presente Ausente >7,5 X105 est.

Bacias plásticas (ovos quebrados) (antes de lavar)

7 Presente Ausente >7,5 X106 est. 1 - - - 2 - - - 3b Presente Ausente 3,0 X105 est. 4c Presente Ausente 1,2 X103 5 - - - 6b Presente Ausente 2,4 X105

Bacias plásticas (ovos quebrados) (após lavar)

7 - - - 1 Presente Ausente - 2 Presente Presente 2,0 X105 3 Presente Ausente 3,5 X105 4 Presente Ausente >7,5 X106 est. 5 Presente Presente >7,5 X106 est. 6 Presente Ausente 7,0 X106

Baldes

7 Presente Ausente >1,5 X105 est.

Page 176: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

176

Continuação do QUADRO 4

1 Presente Ausente 5,6 X104 2 Presente Presente 8,7 X106 est. 3 Presente Presente 3,8 X105 est. 4 Presente Presente 3,2 X105 5 Presente Presente 2,3 X105 6 Presente Presente 2,2 X105

Tabuleiros

7 Presente Presente 3,.0 X105 1 Ausente Ausente 1,4 X103 2 Presente Ausente >7,5 X105 3 Presente Presente 1,6 X105 4b Presente Ausente 7,0 X105 5 Presente Presente 1,4 X106 6 Presente Presente 1,8 X106

Separadores dos tabuleiros

7 Presente Presente 3,7 X106 1 Presente Ausente >1,5 X105 est. 2 Presente Ausente >1,5 X106 est. 3 Presente Ausente 1,1 X107

Caixas de polietileno (Antes de lavar)

4 Presente Presente 3,9 X106 1 Presente Ausente 2,6 X104 2 - - - 3 Presente Ausente >1,5 X105 4 Presente Ausente - 5d Ausente Ausente <5 est.

Caixas de polietileno (Após lavar)

6 Presente Presente - 1 Presente Ausente 1,2 X105 2 Presente Ausente >1,5 X105 est. 3 Presente Ausente 8,5 X105 est.

Canecas (Antes de lavar)

4 Presente Ausente 1,7 X105 1 Presente Ausente 1,0 X105 2 - - - 3 Presente Presente >1,5 X105 est. 4 Presente Ausente - 5 Presente Presente -

Canecas (Após lavar)

6d Presente Ausente 55 est. PADRÃO

SILVA JR (1997) - Ausência 100 UFC / utensílio APHA (1997) - - 100 UFC / utensílio

a. est. = estimado b= Higienização com água , detergente e bucha c= Higienização com bucha e sabão bem feita d = Higienização com água clorada

Resultados em negrito indicam amostras dentro dos padrões

Page 177: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

177

QUADRO 5: Resultados das análises microbiológicas das mãos dos funcionários;

ANÁLISES

AMOATRAS REP. COLIF. TOTAIS

(NMP/g) COLIF. FECAIS

(NMP/g) Staphylococcus COAG + (UFC/g)

MESÓFILAS (UFC/mão)

Funcionário 1 1 Presente Ausente Ausente 2,5 X105 2a Presente Presente Ausente >3,0 X105 est.b 3 Presente Presente Ausente 1,9 X104 est. 4a Presente Presente Presente 1,8 X105 est. 5a Presente Presente Presente 1,2 X105 6a Presente Ausente Ausente 4,5 X105

Funcionário 2 1 Presente Ausente Presente 3,9 X105 2a Presente Ausente Presente 1,8 X105 3 Presente Ausente Presente >3,0 X105 est. 4a Presente Ausente Presente 1,7 X104 5a Presente Ausente Presente 3,3 X103 6 - - Presente 3,3 X103 7a Presente Ausente Presente 2,6 X105 8a Presente Ausente Presente >3,0 X105 est. 9a Presente Presente Presente - 10 Presente Ausente Presente 5,0 X105 est.

Funcionário 3 1 Presente Ausente Ausente >3,0 X105 est. 2 Presente Presente Presente 1,8 X105 est. 3 Presente Ausente Ausente 6,6 X105

Funcionário 4 1a Presente Ausente Ausente 1,5 X103 2a Presente Ausente Ausente 6,7 X103 3a Presente Presente Presente -

Funcionário 5 1a Ausente Ausente Ausente 1,7 X103 est. 2a Presente Ausente Ausente 1,0 X104 3a Presente Presente Ausente 1,9 X105 4a Presente Presente Ausente 8,9 X103 5a Presente Ausente Ausente - 6a Presente Ausente Ausente >3,0 X105 est.

Funcionário 6 1a Presente Presente Ausente 3,7 X104 2a Ausente Ausente Ausente 1,3 X103

a. Higienização das mãos b. est. = estimado

Page 178: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

178

ANEXO QUADRO 1: Número Mais Provável (NMP) e intervalo de confiança a 95% de probabilidade, para

combinações de tubos positivos em séries de cinco tubos. Quantidade inoculada da amostra: 0,1-0,01 e 0,001g ou mL:

3 tubos por diluição Combinação de tubos positivos

por diluição Limite de confiança de 95% 10-1 10-2 10-3 NMP/g Inferior Superior 0 0 0 <3,6 - 9,5 0 0 1 3,0 0,15 9,6 0 1 0 3,0 0,15 11 0 1 1 6,1 1,2 18 0 2 0 6,2 1,2 18 0 3 0 9,4 3,6 38 1 0 0 3,6 0,17 18 1 0 1 7,2 1,3 18 1 0 2 11 3,6 38 1 1 0 7,4 1,3 20 1 1 1 11 3,6 38 1 2 0 11 3,6 42 1 2 1 15 4,5 42 1 3 0 16 4,5 42 2 0 0 9,2 1,4 38 2 0 1 14 3,6 42 2 0 2 20 4,5 42 2 1 0 15 3,7 42 2 1 1 20 4,5 42 2 1 2 27 8,7 94 2 2 0 21 4,5 42 2 2 1 28 8,7 94 2 2 2 35 8,7 94 2 3 0 29 8,7 94 2 3 1 36 8,7 94 3 0 0 23 4,6 94 3 0 1 38 8,7 110 3 0 2 64 17 180 3 1 0 43 9 180 3 1 1 75 17 200 3 1 2 120 37 420 3 1 3 160 40 420 3 2 0 93 18 420 3 2 1 150 37 420 3 2 2 210 40 430 3 2 3 290 90 1000 3 3 0 240 42 1000 3 3 1 460 90 2000 3 3 2 1.100 180 4100 3 3 3 >1.100 420 -

Fonte: FDA (1998)

Page 179: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

179

QUADRO 2: Número Mais Provável (NMP) e intervalo de confiança a 95% de probabilidade, para combinações de tubos positivos em séries de três tubos. Quantidade inoculada da amostra: 0,1-0,01 e 0,001g ou mL:

5 tubos por diluição 5 tubos por diluição Combinação de tubos positivos

por diluição Limite de confiança de

95%

Combinação de tubos positivos

por diluição Limite de confiança de

95% 10-1 10-2 10-3 NMP/g Inferior Superior 10-1 10-2 10-3 NMP/g Inferior Superior 0 0 0 <2,0 - 6,8 4 0 3 25 9,8 70 0 0 1 1,8 0,09 6,8 4 1 0 17 6,0 40 0 1 0 1,8 0,09 6,9 4 1 1 21 6,8 42 0 1 1 3,6 0,7 10 4 1 2 26 9,8 70 0 2 0 3,7 0,7 10 4 1 3 31 10 70 0 2 1 5,5 1,8 15 4 2 0 22 6,8 50 0 3 0 5,6 1,8 15 4 2 1 26 9,8 70 1 0 0 2,0 0,1 10 4 2 2 32 10 70 1 0 1 4,0 0,7 10 4 2 3 38 14 100 1 0 2 6,0 1,8 15 4 3 0 27 9,9 70 1 1 0 4,0 0,7 12 4 3 1 33 10 70 1 1 1 6,1 1,8 15 4 3 2 39 14 100 1 1 2 8,1 3,4 22 4 4 0 34 14 100 1 2 0 6,1 1,8 15 4 4 1 40 14 100 1 2 1 8,2 3,4 22 4 4 2 47 15 120 1 3 0 8,3 3,4 22 4 5 0 41 14 100 1 3 1 10 3,5 22 4 5 1 48 15 120 1 4 0 11 3,5 22 5 0 0 23 6,8 70 2 0 0 4,5 0,79 15 5 0 1 31 10 70 2 0 1 6,8 1,8 15 5 0 2 43 14 100 2 0 2 9,1 3,4 22 5 0 3 58 22 150 2 1 0 6,8 1,8 17 5 1 0 33 10 100 2 1 1 9,2 3,4 22 5 1 1 46 14 120 2 1 2 12 4,1 26 5 1 2 63 22 150 2 2 0 9,3 3,4 22 5 1 3 84 34 220 2 2 1 12 4,1 26 5 2 0 49 15 150 2 2 2 14 5,9 36 5 2 1 70 22 170 2 3 0 12 4,1 26 5 2 2 94 34 230 2 3 1 14 5,9 36 5 2 3 120 36 250 2 4 0 15 5,9 36 5 2 4 150 58 400 3 0 0 7,8 2,1 22 5 3 0 79 22 220 3 0 1 11 3,5 23 5 3 1 110 34 250 3 0 2 13 5,6 35 5 3 2 140 52 400 3 1 0 11 3,5 26 5 3 3 180 70 400 3 1 1 14 5,6 36 5 3 4 210 70 400 3 1 2 17 6,0 36 5 4 0 130 36 400 3 2 0 14 5,7 36 5 4 1 170 58 400 3 2 1 17 6,8 40 5 4 2 220 70 440 3 2 2 20 6,8 40 5 4 3 280 100 710 3 3 0 17 6,8 40 5 4 4 350 100 710 3 3 1 21 6,8 40 5 4 5 430 150 1100 3 3 2 24 9,8 70 5 5 0 240 70 710 3 4 0 21 6,8 40 5 5 1 350 100 1100 3 4 1 24 9,8 70 5 5 2 540 150 1700 3 5 0 25 9,8 70 5 5 3 920 220 2600 4 0 0 13 4,1 35 5 5 4 1600 400 4600 4 0 1 17 5,9 36 5 5 5 >1600 70000 - 4 0 2 21 6,8 40

Fonte: FDA (1998)

Page 180: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

180

FIGURA 1: Tabela para leitura do meio de cultura IAL

Page 181: Higiene e manipulação em pães de queijo 2012

181

QUADRO 3. Padrões microbiológicos para o pão de queijo e para as matérias-primas que entram na fabricação deste produto:

Microrganismos (limite máximo tolerável para amostra indicativa)

Alimento

Bolores e

leveduras Mesófilas

Coliformes

Totais

Coliformes

Fecais

Staphylococcus

coag. +

Salmonella

sp.

L.

monocytoges B. cereus 1 — — — 5x102/g 5x103/g Aus/25g — 5x103/g 2 — — — 102/g 103/g Aus/25g — 103/g

Pão de

queijo

congelado 3 — — — 102/g 103/g Aus/25g — 103/g 1 — — — 103/g 103/g Aus/25g Aus/25g — 2 — — — 5x10/g 102/g Aus/25g — —

Queijo

Curado 3 — — 103/g 102/g 102/g Aus/25g — — 1 — — — 4/mL — Aus/25mL — — 2 — 3x105/mL 10/mL 2/mL — Aus/25mL — —

Leite

pasteurizado 3 — — — 2/mL — Aus/25mL Aus/25g — 1 — — — — — Aus/25g — — 2 — — — — — Aus/25g — —

Ovo inteiro

Cru 3 — — — — — Aus/25g — — 1 — — — 103/g — Aus/25g — 103/g 2 104/g — — 10/g 5x102/g Aus/25g — 103/g

Farinhas,

amidos,

féculas 3 3x103 — — 10/g — Aus/25g — 3x103/g

1 — — — 1/g — — — — 2 5x102 — — Aus 1/g — Aus/25g — —

Margarina

3 102/g — — <1/g — — — —

Água tratada 4 — 5x102/mL Aus/100mL Aus/100mL — — — —

1. Padrões especificadas na Resolução - RDC nº 12 de 2001 - Fonte : BRASIL, 2001a 2. Padrões especificadas na Portaria nº 451/MS-1997 - Fonte: BRASIL, 2000 3. Padrões especificadas na Consulta Pública nº 5 de 1999 - Fonte : BRASIL 2000 4. Padrões especificadas na Portaria nº 1469 de 2000 - Fonte: BRASIL, 2001b