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Hidroeletricidade

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  • Por que a Hidroeletricidade no Mundo e no Brasil ?

    Altino Ventura Filho Secretrio de Planejamento e

    Desenvolvimento Energtico do MME [email protected]

    Aspectos Energticos, Econmicos e Socioambientais

    Artigo publicado no Livro Vises de Brasil

    Frum Nacional / Sesso Especial, Setembro de 2013

    (Reviso Dezembro/2013)

  • 1

    1) Introduo

    Este artigo apresenta consideraes e reflexes sobre o papel da

    hidroeletricidade no atendimento das demandas de energia eltrica no Mundo e no

    Brasil. Diversos aspectos so analisados, em particular, os energticos, econmicos e

    socioambientais, situando a hidroeletricidade no contexto das fontes energticas

    que compem as matrizes de energia e de eletricidade, mundiais e brasileiras.

    Concluses so apresentadas quanto s prioridades de programas de novas

    usinas hidroeltricas, dentro do enfoque do uso eficiente dos recursos naturais do

    planeta, no caso os energticos, das emisses de gases de efeito estufa, das

    mudanas climticas e do desenvolvimento sustentvel.

    2) Fonte Primria hidrulica / Aspectos Gerais

    A Hidrulica ou hidro uma fonte energtica primria, da natureza, na

    forma de energia mecnica existente em um rio com quedas naturais e/ou

    quedas artificiais, proporcionadas pela construo de barragens. Esta energia, na

    forma potencial, disponvel numa determinada quantidade de gua localizada em

    cotas mais elevadas do desnvel ou da queda, se transforma em energia cintica ou

    de movimento, quando a massa dgua cai ao longo da queda natural ou artificial.

    Isto movimenta uma turbina hidrulica que aciona um gerador, que finalmente

    produz a eletricidade. Trata-se do aproveitamento da energia do campo

    gravitacional do planeta, no contexto da lei da fsica, formulada por Isaac Newton

    em 1665, conhecida como a teoria da gravitao universal.

    A energia das quedas dgua tem sido utilizada pela sociedade humana h

    milnios. Com o advento da eletricidade, a partir do sculo XIX, a hidroeletricidade

    surgiu como uma alternativa natural, que teve grande desenvolvimento ao longo do

    sculo XX. Nos Estados Unidos, em torno de 1920, cerca de 40% da energia eltrica

    produzida originava-se de usinas hidroeltricas.

    Na transformao da energia mecnica em eletricidade, no caso hidroeltrico,

    no existe a participao de energia na forma de calor, o que permite o

    aproveitamento da quase totalidade do montante disponvel na fonte primria,

    sendo esta transformao energtica de elevado rendimento. No caso da queima

    dos combustveis fsseis, por outro lado, inevitavelmente ocorre uma reduo

    significativa do montante da energia da fonte primria possvel de ser aproveitada,

    na produo de energia eltrica, devido ao segundo princpio da termodinmica.

  • 2

    A hidroeletricidade uma fonte energtica renovvel e limpa, segundo

    conceito internacional. Renovvel devido ao ciclo chuva / vazes dos rios /

    evaporao / chuva, e limpa por que a transformao energtica, da forma

    mecnica para eletricidade, no polui a atmosfera com emisses de gases (existem

    emisses de metano no circuito da turbina e de CO2 no lago de reservatrio). Neste

    sentido, a hidroeletricidade se insere no contexto do desenvolvimento sustentvel,

    sendo um uso eficiente dos recursos naturais energticos do planeta.

    O aproveitamento do recurso hdrico de uma bacia hidrogrfica ou de um rio

    deve ser planejado e projetado dentro do conceito de uso mltiplo, de forma a

    serem viabilizados outros benefcios, alm da produo de energia, tais como:

    navegao, controle de cheias, abastecimento dgua, irrigao, piscicultura, lazer e

    outros. Desta forma, os benefcios deste aproveitamento hdrico so maximizados,

    devendo ser distribudos, pelos diferentes agentes, os custos dos respectivos

    projetos, que devem ser planejados e projetados de forma integrada. Neste sentido,

    os empreendimentos de aproveitamento de recursos hdricos apresentam uma

    maior viabilidade, tcnica-econmica-ambiental, avaliada atravs de uma anlise de

    benefcios e custos globais.

    Barragens projetadas exclusivamente para produo de energia podem

    apresentar custos unitrios da energia no competitivos com os de outras fontes

    energticas. A considerao de outros usos e benefcios do empreendimento pode

    viabilizar a gerao hidroeltrica, como uma das opes do aproveitamento mltiplo

    integrado. Abastecimento dgua, irrigao e controle de cheias, em situaes

    particulares, podem ser prioritrios, em relao produo de eletricidade.

    As hidroeltricas, ao contrrio das usinas trmicas ou outras, apresentam a

    vantagem de ter um perodo de operao (vida til) muito superior aos 30/50 anos

    adotados nas avaliaes econmicas (no caso brasileiro, diversas usinas j se

    encontram em operao por mais de 50 anos). Uma usina hidroeltrica, com

    investimentos totalmente amortizados, apresenta custos exclusivamente de

    operao/manuteno, de cerca de 20% daquele quando do incio de produo da

    usina, ocasio em que so considerados os custos dos investimentos no

    amortizados, em geral elevados.

    No mdio e no longo prazo, o custo da energia produzida pelo parque

    hidroeltrico apresentar valores decrescentes e em patamares bem inferiores aos

    das demais fontes energticas. Isto j est acontecendo no Brasil, com as usinas

  • 3

    hidroeltricas mais antigas, parcialmente ou totalmente amortizadas. O pas que

    possua um parque gerador hidroeltrico amortizado ter grande vantagem

    competitiva, na medida em que dispor de um suprimento de energia eltrica de

    uma fonte renovvel, por longo perodo, com custos significativamente inferiores a

    qualquer outra opo de gerao.

    3) Hidroeletricidade no Mundo

    3.1) Matriz de Oferta de Energia no Mundo e a Fonte Hidrulica

    A matriz de oferta de energia mundial, apresentada na Figura I, para o ano de

    2012, indica as participaes das seis principais fontes energticas primrias:

    petrleo, carvo mineral, gs natural, outras (lenha, carvo vegetal, demais

    biomassas, geotrmica, elica, solar, resduos slidos, gases de processos

    industriais, etc.), nuclear e hidro.

    A hidro, neste ano 2012, foi a ltima fonte, quanto ao montante de energia

    ofertada no mundo, com uma participao de apenas 2%, valor que tem sido

    mantido nas ltimas dcadas, desde 1980. Em sequncia crescente, vem a nuclear

    com 5%, outras com 12%, o gs natural com 21%, o carvo mineral com 28% e

    finalmente o petrleo com 32%, o maior energtico do mundo atual. A participao

    dos combustveis fsseis de 81% e das fontes renovveis de 14%.

    O carvo mineral foi o mais importante energtico do sculo XIX,

    desempenhando um papel relevante na primeira revoluo industrial, com as

    mquinas a vapor, utilizando este combustvel, substituindo com grande eficincia

    os msculos humanos e dos animais. No sculo XX, o petrleo sustentou a segunda

    revoluo industrial, com os motores a exploso e tornou-se mais importante que o

    carvo. O crescimento mais elevado da oferta e do consumo de carvo mineral, em

    relao ao petrleo, particularmente na produo de energia eltrica no passado

    recente, tendncia que dever ser mantida nos prximos anos, provavelmente far

    com que ele se torne o mais importante combustvel do mundo, nesta primeira

    metade do sculo XXI.

  • 4

    FIGURA I

    MATRIZ DE OFERTA DE ENERGIA / MUNDO (ANO 2012)

    Diversas so as razes para este intenso uso dos combustveis fsseis no

    mundo (81% da energia mundial), sendo as principais as seguintes: abundncia

    destas fontes, vantajosa competividade, viabilidade tcnica e econmica do seu

    transporte, inclusive para grandes distncias (o comrcio de energia um dos

    maiores do mundo), adequada tecnologia, plenamente desenvolvida, para o seu

    diversificado aproveitamento, inclusive como matria prima e/ou elemento qumico

    na indstria e na siderurgia.

    Uma razo adicional, talvez mais importante do que as citadas anteriormente,

    a inexistncia de outras fontes energticas, com disponibilidades suficientes,

    tecnologias desenvolvidas, competitividades favorveis e viabilidade ambiental,

    para substituir quantitativamente, de forma significativa, estes combustveis fsseis

    no suprimento das demandas de energia mundiais.

    O intenso uso destes combustveis explica, em parte, a reduzida participao da

    hidro na matriz mundial de oferta de energia. Vrios pases no possuem potenciais

    hidroeltricos em quantidade suficiente para atender suas demandas, o que os

    conduz s opes do carvo mineral e do gs natural, combustveis que em certas

    circunstncias so adequados para a produo de energia eltrica.

    A hidro evita ou adia o aproveitamento de outras fontes maiores emissoras de

    gases de efeito estufa, como as usinas trmicas a combustveis fsseis. Este aspecto

    privilegia a hidroeletricidade, no que diz respeito reduo de emisses de gases de

    efeito estufa, oriundas do setor eltrico mundial.

    %

    Renovveis: 14%

    Combustveis Fsseis: 81%

    13.260 milhes tep

  • 5

    De fato, caso a totalidade da produo hidroeltrica mundial de 3.600 TWh do

    ano de 2012 fossem substitudas por um misto de gerao a carvo mineral, a gs

    natural e a leo, as emisses adicionais seriam da ordem de 2,6 bilhes de toneladas

    de CO2-eq, o que provocaria uma elevao de 8% nas emisses, devido ao consumo

    mundial de energia naquele ano. Isto considerando os valores mdios de emisso

    das fontes produtoras de energia eltrica da AIE - Agncia Internacional de Energia.

    No Brasil, caso a gerao hidroeltrica do ano de 2012, fosse substituda por

    um misto de gerao a carvo mineral, a gs natural e a leo, as emisses adicionais

    devido ao consumo nacional de energia seriam de 300 milhes de toneladas de CO2-

    eq, o que provocaria um incremento de 70% nas emisses naquele ano. No pas,

    apesar da crescente utilizao de termoeltricas, a grande participao da

    hidroeletricidade na matriz de oferta de eletricidade, faz com que se utilize somente

    12% de combustveis fsseis para produo desta energia, diante do valor mundial

    de 68%.

    Grande parcela da energia primria ofertada, um pouco mais de 70%,

    transformada em fontes energticas secundrias (derivados de petrleo,

    eletricidade, etanol, etc.). Isto permite um uso mais adequado da energia por parte

    dos consumidores, considerando os aspectos tecnolgicos relacionados com a

    produo, o transporte, o armazenamento e os usos finais especficos.

    As duas fontes energticas secundrias mais importantes e utilizadas no

    mundo so os derivados do petrleo e a energia eltrica. O petrleo e seus

    derivados esto presentes em praticamente todos os setores da economia, com

    vantagens em relao s demais fontes, o que explica em parte ser o mesmo o mais

    importante energtico do mundo atual. A sua importncia na indstria qumica

    como matria prima na forma de alguns derivados deve tambm ser destacada.

    A grande presena da eletricidade na sociedade industrial do mundo atual

    deve-se ao fato de ser uma forma nobre de energia secundria, que apresenta

    algumas caractersticas que a diferencia dos demais energticos. A eletricidade pode

    ser produzida a partir de qualquer fonte energtica primria, com tecnologias j

    desenvolvidas, com competitividade favorvel e viabilidade socioambiental. No uso

    final, a eletricidade pode ser tambm transformada em qualquer outra forma de

    energia de interesse mais imediato do consumidor, com tecnologias simples e

    competitivas.

  • 6

    Assim, a energia eltrica pode ser facilmente utilizada na iluminao, na fora

    motriz, no aquecimento e outras, de forma vantajosa em relao s demais opes.

    Alm disto, a tecnologia do transporte da energia na forma de eletricidade atravs

    de linhas de transmisso, inclusive em longas distncias, viabiliza a sua produo em

    determinados locais, como nas hidroeltricas, e o seu consumo se efetivar em

    diversos locais, inclusive os muitos distantes, como cidades e reas de produo

    industrial, de beneficiamento de minrios, em geral grandes consumidores de

    energia.

    3.2) Matriz de Oferta de Eletricidade e a Fonte Hidroeltrica

    O mundo tem vivenciado, nas ltimas dcadas, uma fase de intensa

    eletrificao. De fato, no perodo 1980/2010 de trinta anos, a taxa anual mdia de

    crescimento da oferta de energia eltrica foi de 3,3%, significativamente superior a

    da oferta da energia, considerando todos os energticos de 1,9%. Estas taxas devem

    ser comparadas com as de crescimento da populao de 1,5% e da economia,

    avaliada atravs do Produto Interno Bruto - PIB, de 3,1%. A evoluo da oferta de

    energia situou-se bem abaixo da economia (elasticidade de 0,61), enquanto que a

    da eletricidade ligeiramente superior ao da economia mundial (elasticidade de

    1,06), neste perodo 1980/2010.

    Da matriz mundial de oferta de energia do item 3.1, aproximadamente 35%

    transformada em eletricidade, a partir da hidroeltrica, da nuclear, da elica e de

    parte do carvo mineral, do gs natural, do petrleo, da solar e da biomassa, sendo

    que cerca de apenas 13% so entregues ao consumo final de energia eltrica, devido

    s inevitveis perdas energticas.

    A matriz de oferta de eletricidade mundial do ano de 2012 da Figura II indica as

    participaes dos diferentes energticos. A hidroeletricidade com 16% (na dcada

    de 1980 o valor era de 20%) a terceira fonte dentre as consideradas.

    O carvo mineral o maior energtico na produo de energia eltrica no

    mundo com uma participao de 42%, seguida do gs natural como segunda fonte

    com 22%. As demais fontes em participaes decrescentes depois da hidro

    apresentam os seguintes valores: nuclear 11%, outras 5% e petrleo 4%. A

    participao dos combustveis fsseis de 68% e das fontes renovveis de 21%.

    O mundo tem reduzido nas ltimas dcadas de forma significativa a utilizao

    de petrleo na gerao de energia eltrica, visto que outros energticos so mais

  • 7

    adequados para a produo de eletricidade, como a hidroeltrica, a nuclear e o gs

    natural. No ano de 1980, o petrleo com seus derivados tinham uma participao de

    20% na matriz mundial de oferta de eletricidade, tendo evoludo para os 4% atuais.

    FIGURA II

    MATRIZ DE OFERTA DE ELETRICIDADE / MUNDO ( ANO 2012)

    A hidroeltrica uma fonte que pode ser considerada de mdio para pequeno

    porte na composio da oferta mundial de eletricidade. A Figura III apresenta os

    montantes mundiais da oferta de energia eltrica de 2012, do potencial

    hidroeltrico e da respectiva parcela aproveitada. O potencial hidroeltrico de

    16.000 TWh caso plenamente aproveitado atenderia somente 69% da demanda

    mundial de eletricidade atual de 23.110 TWh. A parcela j aproveitada de 23% do

    potencial de 3.600 TWh atende 16% das demandas, indicando que existe uma

    expressiva quantidade de usinas hidroeltricas que poderiam ser desenvolvidas nas

    prximas dcadas no mundo.

    FIGURA III

    ENERGIA ELTRICA E HIDROELETRICIDADE / MUNDO (ANO 2012)

    Fonte: IEA; WEC; BP; MME.

    Renovveis: 21%

    Combustveis Fsseis: 68% 23.110 TWh

    %

    TWh

    %

    Oferta de Energia

    Eltrica Mundial Hidroeletricidade

    (*) 23% do Potencial e 16% da Oferta Mundial de Energia Eltrica

    (*)

  • 8

    O potencial hidroeltrico mundial se distribui de forma concentrada em poucos

    pases que apresentam condies geogrficas e topogrficas adequadas para o seu

    aproveitamento. Valores significativos deste potencial ocorrem em pases que

    possuem regies de montanhas em cotas elevadas e com chuvas nestes locais. Isto

    permite o aproveitamento de uma maior queda nos rios at o nvel do mar e

    consequentemente uma maior produo de energia.

    A Figura IV apresenta os recursos hidroeltricos e as respectivas participaes

    dos dez pases que totalizam 64% do mundial. A China possui o maior potencial, com

    16% do mundial, seguido da Rssia com 11% e do Brasil e dos Estados Unidos, com

    valores semelhantes de 8% cada um.

    A Figura V apresenta para os dez maiores pases produtores de

    hidroeletricidade (70% do mundial) os montantes gerados e as respectivas

    participaes em relao aos valores mundiais para o ano 2011.

    A China produziu 20% da gerao hidroeltrica mundial, seguida do Brasil, com

    12%, do Canad com 11% e dos Estados Unidos com 9%, no ano de 2011. Estes

    quatro pases totalizaram mais da metade (54%) da gerao hidroeltrica mundial

    naquele ano.

    FIGURA IV

    POTENCIAL MUNDIAL DE HIDROELETRICIDADE (TWh)

    (Tecnicamente Explorvel)

    Fonte: WEC

    Mundo (Total): 15.955 TWh

    Total dos 10 Maiores Pases em Potencial Hidroeltrico 10.210 TWh (64% do Mundo)

    % TWh

  • 9

    FIGURA V

    GERAO HIDROELTRICA (TWh) / Ano 2011

    Fonte: WEC Mundo (total): 3.490 TWh

    A hidroeletricidade utilizada em 140 pases do mundo. A Tabela I apresenta a

    distribuio destes pases pela participao da hidroeletricidade na oferta interna de

    energia eltrica. Os 26 pases que possuem suprimentos hidroeltricos acima de

    60% so de mercados de pequeno porte, exceto Brasil, Canad e Noruega.

    TABELA I

    DISTRIBUIO DOS 140 PASES QUE UTILIZAM HIDRO

    (Faixa de Participao Hidro na Oferta Interna de Energia Eltrica)

    N de Pases % de Hidro / Hidro Mundial

    De 80 a 100% 14 8,0

    De 60 a < 80% 12 16,6

    De 40 a < 60% 18 17,3

    De 20 a < 40% 18 7,3

    De 0 a < 20% 78 50,8

    Total 140 100,0 Fonte: Agncia Internacional de Energia e MME/Energia no Mundo, Matrizes Energticas, Matrizes Eltricas, Indicadores, Edio 09/10/2012.

    TWh %

    Total dos 10 Maiores Pases Produtores 2.476 TWh (70% do Mundo)

  • 10

    4) Hidroeletricidade no Brasil

    4.1) Histrico

    A hidroeletricidade teve seu incio no Brasil no final do sculo XIX, com a

    inaugurao da primeira usina brasileira, com duas unidades totalizando 250 kW, na

    cidade de Juiz de Fora em Minas Gerais, no dia 22 de agosto de 1889. A usina foi

    denominada Bernardo Mascarenhas, justa homenagem a este ilustre brasileiro, seu

    idealizador e instalador. No ltimo ano do sculo XIX, final de 1900, o Brasil j

    contava com 5,3 MW hidrulicos e 5,1 MW trmicos totalizando 10,4 MW.

    Na primeira metade do sculo XX, o desenvolvimento da indstria da energia

    eltrica foi razoavelmente lento, pois o Pas era essencialmente agrcola com grande

    parcela da populao na rea rural, com reduzidas demandas energticas.

    Adicionalmente ocorriam dificuldades e restries para a realizao dos

    investimentos. Somente em 1937 o Brasil alcanou 1.000 MW de capacidade

    instalada (72% hidro), trinta e sete anos aps o valor de 10 MW. No ano de 2007, 70

    anos aps os 1.000 MW, a capacidade instalada brasileira atingiu 100.000 MW (77%

    hidro).

    Com o processo de industrializao iniciado pelo Presidente Getlio Vargas e

    com a criao da ELETROBRAS em 1962, a prioridade para a expanso hidroeltrica

    foi claramente estabelecida, tendo sido mantida nas dcadas seguintes inclusive na

    atual 2010/2020. Assim, no perodo de 42 anos, de 1970 a 2012, o Brasil passou de

    11 GW de capacidade instalada a 121 GW, taxa de crescimento anual mdia de

    5,9%, com a participao hidroeltrica sempre preponderante, variando de um

    mximo de 87% em 1996 a um mnimo de 70% em 2012.

    4.2) Potencial Hidroeltrico do Brasil e seu Aproveitamento

    4.2.1) Aspectos Gerais

    O potencial hidroeltrico brasileiro de 260 GW, sendo o 3 do mundo,

    juntamente com o dos Estados Unidos, em seguida aos da China e da Rssia. Deste

    total, os estudos de planejamento desenvolvidos no mbito do Plano Nacional de

    Energia 2030 (Plano 2030), instrumento de planejamento estratgico de longo prazo

    concludo em 2007, considerou apenas 180 GW como aproveitvel at o horizonte

    do plano, ano 2030. Os 80 GW no considerados apresentam dificuldades para o seu

    aproveitamento considerando a legislao ambiental nacional.

  • 11

    Grande parcela destes 80 GW adicionais encontra-se localizado em terras

    indgenas, parques nacionais, reservas florestais e de preservao ambiental

    permanente, sendo que em alguns locais no se consegue autorizao para a

    realizao de estudos de inventrio e de viabilidade das usinas identificadas.

    De 2007, ano de concluso do Plano 2030, at 2013 novas exigncias e outras

    restries ambientais surgiram, resultando em maiores dificuldades para obteno

    das licenas ambientais, necessrias para a habilitao dos projetos nos leiles de

    gerao e a sua incluso na programao de obras. Uma nova estimativa da parcela

    do potencial hidroeltrico nacional que pode ser aproveitado de difcil

    quantificao. Isto devido impossibilidade de se estabelecer como evoluir a

    legislao ambiental nacional, com novas consideraes, avaliaes e exigncias

    para a legtima preservao do meio ambiente do Pas, de interesse de toda a

    sociedade brasileira.

    A parcela atual do potencial hidroeltrico nacional que pode ser considerada

    como aproveitvel nas prximas duas dcadas provavelmente no ultrapassar

    150.000 MW. Nesta hiptese, os estudos dos recursos hidroeltricos brasileiros

    deveriam considerar como no aproveitveis para fins energticos, cerca de 110.000

    MW do total de 260.000 MW. Este montante no considerado dever no longo

    prazo ser reavaliado para eventual aproveitamento energtico no contexto

    socioambiental da poca.

    4.2.2) O Planejamento do Aproveitamento dos Recursos Hidroeltricos Nacionais

    O planejamento da expanso da oferta de eletricidade no Brasil foi

    desenvolvido de forma sistmica a partir da dcada de 1960. Foram priorizados os

    recursos hidroeltricos das Regies Sudeste, Sul e Nordeste, onde a infraestrutura

    para o seu aproveitamento era mais favorvel e onde residia a maior parcela da

    populao brasileira com suas respectivas demandas energticas.

    Atualmente a parcela hidroeltrica a ser aproveitada encontra-se

    majoritariamente na Regio Norte, onde se localiza cerca de 40% do total nacional.

    Considerando que os recursos das regies Nordeste, Sudeste e Sul se encontram

    praticamente aproveitados, em operao e/ou em construo, a continuidade do

    programa hidroeltrico brasileiro, a partir da dcada atual, necessita considerar as

    usinas dos rios da Regio Norte. Isto est ocorrendo com os empreendimentos dos

    rios Madeira (Jirau, 3.750 MW e Santo Antnio, 3.560 MW), Xingu (Belo Monte,

  • 12

    11.233 MW) e futuramente na bacia hidrogrfica do Tapajs, no seu trecho mdio,

    no local denominado Complexo Hidroeltrico do So Luiz do Tapajs, com

    capacidade instalada que pode alcanar at 15.000 MW. Com o aproveitamento

    destes empreendimentos da Regio Norte, fica concludo o ciclo de construo das

    grandes usinas brasileiras e o potencial hidroeltrico nacional aproveitvel se

    aproxima do seu pleno desenvolvimento.

    As usinas da Regio Norte devem suprir prioritariamente os mercados locais,

    que em funo das suas reduzidas demandas, apresentam grandes excedentes de

    energia, que podero ser transferidos para as demais regies do Pas.

    Como estas usinas esto distantes dos principais centros de carga do Pas,

    localizados no Sudeste e Nordeste, para sua integrao ao sistema interligado

    nacional, torna-se necessrio a construo de sistemas de transmisso de longa

    distncia, da ordem de 2.500/3.000 km. A alternativa conjunta de

    gerao/transmisso das usinas da Regio Norte para atendimento aos mercados

    dos centros de carga do Sudeste e Nordeste competitiva com outras opes de

    gerao prximas a estes centros.

    O aproveitamento do potencial hidroeltrico da regio Norte deve ser

    planejado de forma diferente dos respectivos das demais regies do Pas, visto que

    suas caractersticas socioambientais e ecolgicas so distintas. Neste sentido, surge

    o conceito de Usinas Hidroeltricas Plataformas para sua aplicao em reas com

    baixa ou nenhuma ao antrpica. Este conceito consiste em uma metodologia

    para planejar, projetar, construir e operar um aproveitamento hidroeltrico ou um

    conjunto de aproveitamentos hidroeltricos situados em espaos territoriais,

    legalmente protegidos, ou aptos a receberem proteo formal e em reas com baixa

    ou nenhuma ao antrpica, de modo que sua implantao se constitua em um

    vetor de conservao ambiental permanente.

    Neste sentido, a usina plataforma ser planejada, projetada, construda e

    operada, considerando que a mesma no e no ser um fator de desenvolvimento

    na rea/regio de sua localizao, com a criao de vilas, reas urbanas, populao

    permanente com suas atividades econmicas. Toda a infraestrutura necessria para

    a sua construo ser considerada como temporria, sendo desmontada no final da

    construo da usina, ocasio em que ser recomposto todo o ecossistema

    anteriormente existente ao redor da usina, tornando-se ela um fator de preservao

    ambiental permanente. A sua operao ser feita com o mximo de automao e

  • 13

    um mnimo de trabalhadores, exclusivamente dedicados s atividades de operao

    e manuteno, em regime de turnos e com uma infraestrutura mnima para

    atendimento destes trabalhadores.

    A produo de energia hidroeltrica est diretamente associada s vazes

    naturais dos rios e capacidade de armazenamento dos reservatrios. Uma anlise

    do histrico das vazes naturais disponveis, desde o ano de 1931, indica que de

    uma maneira geral as condies hidrolgicas so favorveis. Anos isolados de baixas

    vazes naturais nos rios so raros. Anos secos consecutivos com vazes

    significativamente inferiores aos valores mdios so mais raros ainda. Dentro de um

    determinado ano, a hidrologia apresenta uma sazonalidade bem marcante. Cerca de

    4/5 meses de vazes elevadas, poca das cheias, o denominado perodo mido que

    ocorre no inicio do ano e outros 4/5 meses de vazes reduzidas, o denominado

    perodo seco, no segundo semestre, para as principais bacias hidrogrficas e rios

    nacionais.

    Como resultado dessas caractersticas hidrolgicas, associadas viabilidade de

    construo de reservatrios capazes de armazenar grandes volumes de gua a

    baixos custos, o sistema hidroeltrico brasileiro foi planejado e construdo com

    alguns grandes reservatrios de regularizao plurianual, em vrias bacias

    hidrogrficas, de forma a regularizar o sistema de gerao nestes locais por perodos

    de at cinco anos.

    Essa capacidade de regularizao e as interligaes eltricas entre bacias

    hidrogrficas exigem uma avaliao temporal contnua de produo de energia do

    sistema supridor hidroeltrico. A produo num determinado ano est condicionada

    pelo comportamento hidrolgico nos anos anteriores e por sua perspectiva de

    evoluo nos anos seguintes.

    O papel desempenhado pelo sistema de transmisso na gerao do parque

    hidroeltrico da maior importncia. Alm de transportar a energia gerada para os

    centros de consumo, funo bsica da transmisso, esta permite a otimizao da

    gerao hidroeltrica. De fato, ocorre uma elevao da produo total, atravs da

    transferncia de excedentes de usinas em regies com condies hidrolgicas

    favorveis para outras reas com condies hidrolgicas desfavorveis. A operao

    otimizada do sistema gerador brasileiro resulta numa elevao de cerca de 20% na

    gerao hidroeltrica total, quando comparada com a produo que seria obtida

    atravs de uma operao individualizada das usinas, sem a coordenao de um

  • 14

    despacho centralizado. Isso significativa reduo de custos do sistema gerador e

    uma maior segurana energtica para o Pas.

    4.2.3) Matriz de Oferta de Energia do Brasil e a Fonte Hidrulica

    A matriz de oferta de energia brasileira do ano 2012, apresentada na Figura VI,

    indica as participaes das diversas fontes classificadas pelos principais energticos:

    1) petrleo, 2) derivados energticos da cana-de-acar (etanol e bagao para calor

    e energia eltrica), 3) hidro, 4) outras (lenha, carvo vegetal, geotrmica, elica,

    solar, resduos slidos e gases de processos industriais, etc.), 5) gs natural, 6)

    carvo mineral e 7) nuclear. Esta matriz apresenta a utilizao das fontes primrias

    nacionais e a pequena parcela de importao de energticos.

    A hidro com uma participao de 13,8% a terceira fonte, quanto aos

    montantes de energia ofertada no Pas (na dcada de 1980, esta participao era de

    apenas 10%), em seguida ao petrleo (primeira) com 39,2% (o mundial de 32%) e

    derivados energticos da cana-de-acar (segunda) com 15,4%. Em sequncia

    decrescente, vem outras com 13,2%, gs natural com 11,5%, carvo mineral com

    5,4% e finalmente a nuclear com 1,5%.

    O Brasil tem priorizado as fontes energticas renovveis, o que levou o pas a

    uma situao muito favorvel quando comparado com os valores mundiais.

    Dificuldades relacionadas com a expanso da hidroeletricidade nas ltimas dcadas

    levaram a um aumento significativo da participao de gerao trmica. Apesar

    disso, a participao de fontes renovveis na matriz de oferta de energia nacional

    est no patamar de 42%, diante do valor mundial de apenas 14%. No caso dos

    combustveis fsseis, a situao brasileira tambm favorvel, na medida em que a

    participao nacional de 56%, diante do mundial de 81%. O Brasil, quanto ao setor

    energtico, j apresenta uma economia de baixo carbono quando comparado com o

    mundo.

  • 15

    FIGURA VI

    MATRIZ DE OFERTA DE ENERGIA / BRASIL (ANO 2012)

    4.2.4) Matriz de Oferta de Energia Eltrica e a Fonte Hidroeltrica

    Da matriz brasileira de oferta de energia do item 4.2.3, cerca de 70%

    transformado em fontes secundrias, sendo para energia eltrica 23% (o valor

    mundial 35%, devido a uma menor participao da hidro na sua matriz), e apenas

    15% so entregues ao consumo final de energia eltrica, devido s inevitveis

    perdas energticas.

    A Figura VII apresenta a matriz de oferta de eletricidade brasileira do ano de

    2012 com as respectivas participaes dos diferentes energticos utilizados na

    produo da energia eltrica. A hidroeletricidade alcanou 76,9% do montante

    produzido, sendo a primeira fonte quanto aos valores ofertados no Pas (na dcada

    de 1980 era de 93%). Em sequncia, o gs natural com 7,9%, a biomassa com 6,0%,

    a nuclear e o petrleo com 2,7% cada, outras com 2,7% e finalmente o carvo

    mineral com 1,4%. A participao dos derivados de petrleo na produo de energia

    eltrica tem apresentado uma leve reduo nos ltimos anos, estando atualmente

    em 2,7% diante de 3,8% de 1980. A participao dos combustveis fsseis de 12% e

    das fontes renovveis de 84%.

    O Brasil tem vivido uma fase de intensa eletrificao nas ltimas dcadas. De

    fato, no perodo 1980/2010 de trinta anos, a taxa de crescimento anual mdia da

    oferta de eletricidade alcanou 4,7%, significativamente superior da oferta de

    energia, considerando todos os energticos de 2,9%. Estes crescimentos energticos

    devem ser comparados com a evoluo da populao de 1,6% e da economia,

    avaliada atravs do Produto Interno Bruto - PIB, de 2,4% no mesmo perodo.

    284 milhes tep (2% do Mundial)

    Renovveis : 42%

    Combustveis Fsseis: 56%

    %

  • 16

    Enquanto o crescimento da oferta de energia situou-se ligeiramente acima da

    economia (elasticidade de 1,21), o da energia eltrica evoluiu significativamente

    superior ao da economia (elasticidade de 1,96) no Brasil, neste perodo 1980/2010.

    FIGURA VII

    BRASIL / MATRIZ DE OFERTA DE ELETRICIDADE / ANO 2012

    4.2.5) Sistema Gerador Hidroeltrico Brasileiro / Usinas Sem Reservatrios de

    Regularizao e a Incluso das Usinas a Fio Dgua no Sistema Eltrico Nacional

    A configurao hidroeltrica do sistema gerador brasileiro no final de 2012

    estava composta de 1.064 usinas de todos os portes, grandes, pequenas, mini e

    micro, com uma capacidade mdia por usina de 79 MW.

    As 20 maiores usinas respondem por 55% da capacidade hidroeltrica total e

    por 38% da capacidade nacional, o que evidencia a concentrao em grandes e

    mdias usinas. Isto ocorreu porque o Pas dispe de rios com valores elevados de

    vazes (exemplos, rio Paran 10.000 m3/s em Itaipu, rio Tocantins 11.000 m3/s em

    Tucuru) e com quedas favorveis, da ordem de at 100 m.

    As usinas hidroeltricas brasileiras, quanto s caractersticas dos respectivos

    reservatrios, podem ser consideradas de dois tipos distintos. Usinas com

    reservatrios de regularizao plurianual e usinas a fio dgua (algumas poucas

    esto entre estes dois tipos). Ambas possuem reservatrios, sendo distinto o

    593 TWh (2,6% do Mundial) Renovveis: 84%

    Combustvel Fsseis: 12%

    %

  • 17

    planejamento, o projeto e a operao dos respectivos lagos formados pelas

    barragens, conforme a seguir exposto.

    Nas usinas a fio dgua, o nvel do lago mantido constante, durante a sua

    operao ao longo do tempo, com eventuais pequenas variaes dirias ou

    semanais para facilitar a alocao da gerao nas curvas de carga. Este tipo de

    empreendimento no altera o regime hidrolgico do rio, sendo preservados os

    perodos midos e os perodos secos de todos os anos, conforme as vazes naturais.

    A vazo afluente usina liberada a jusante pelos circuitos hidrulicos das turbinas,

    produzindo energia eltrica e pelo vertedouro quando ocorrem vazes afluentes

    superiores ao engolimento mximo das respectivas turbinas. Este tipo de usina

    no contribui para a regularizao do rio, no sendo possvel a transferncia de gua

    dos perodos midos para os secos, em termos anuais ou plurianuais, ao longo da

    operao da usina, pela sua incapacidade de estocar gua no seu reservatrio.

    A populao que reside nas proximidades destas usinas a fio dgua usufrui de

    outros benefcios do recurso hdrico distintos da produo de energia eltrica. O

    lago com nvel constante facilmente viabiliza usos relacionados com abastecimento

    dgua, pesca, lazer, praias e outros. Benefcios como controle de cheias e

    navegao no rio jusante no podem ser proporcionados por este tipo de usina.

    As usinas a fio dgua, em geral, possuem reas inundadas inferiores as das

    usinas com reservatrios de regularizao, existindo excees como Itaipu, que a

    fio dgua (podendo ter alguma variao do nvel do lago) com uma rea inundada

    de 1.300 km2.

    As usinas com reservatrios de regularizao plurianual, por outro lado, alm

    de produzir energia eltrica, adicionalmente promovem a transferncia de gua dos

    perodos midos para os secos dos rios, operando os reservatrios e utilizando o

    estoque de gua armazenada ao longo dos meses e anos. Isto proporciona vazes

    nas usinas jusante com menores variaes em relao ao regime natural do rio,

    elevando a disponibilidade de gua nos perodos secos resultando numa produo

    energtica mais uniforme, durante todos os meses do ano. A energia eltrica, neste

    caso, estocada ou armazenada na forma de gua nos reservatrios.

    Estas usinas de regularizao, em geral, necessitam de reservatrios com

    grandes volumes e reas inundadas, de forma a armazenar uma quantidade de gua

    compatvel com a regularizao do rio. Na sua operao o nvel do lago varia

    significativamente ao longo dos meses do ano, o que dificulta o uso do recurso

  • 18

    hdrico pela populao residente nas proximidades da usina. De fato, o lago pode se

    distanciar da sua margem por vrios quilmetros com a operao de

    deplecionamento dos reservatrios para gerar energia nas usinas jusante nos

    perodos secos.

    As usinas hidroeltricas de regularizao plurianual so importantes e

    fundamentais para permitir um melhor aproveitamento do recurso hdrico de um

    rio. desejvel que uma bacia hidrogrfica ou rio tenha pelo menos uma usina

    deste tipo.

    O planejamento do aproveitamento dos recursos hdricos nacionais priorizou a

    incluso de usinas hidroeltricas com reservatrios de regularizao plurianual para

    maximizar os benefcios do uso mltiplo do recurso hdrico. Desta forma, o rio So

    Francisco foi regularizado, com o reservatrio de Sobradinho, o mesmo ocorrendo

    com os rios da bacia hidrogrfica do Paran, como o rio Grande, com Furnas, o rio

    Araguari, com Nova Ponte, o rio Paranaba, com Emborcao e o rio Paran, com

    Itumbiara.

    Os rios da Regio Sul, Iguau e Uruguai no possuem reservatrios de

    regularizao plurianual. Isto resultou da inexistncia de locais adequados para este

    tipo de empreendimento. Destaca-se que, na dcada de 1980, quando do

    planejamento do aproveitamento energtico destes rios da Regio Sul, no existiam

    restries ambientais semelhantes s atuais para a construo de grandes

    reservatrios. A no considerao deste tipo de empreendimento nestes rios deve-

    se exclusivamente a inexistncia de locais adequados para sua considerao e

    construo.

    O rio Tocantins, por outro lado, est parcialmente regularizado pelo

    reservatrio da usina de Serra da Mesa. Sua localizao, muito a montante, cobrindo

    uma parcela reduzida da rea de drenagem da sua bacia hidrogrfica, no viabiliza a

    regularizao plurianual do rio, cujas usinas a jusante so a fio dgua exceto a usina

    de Tucuru. Esta, apesar do seu grande reservatrio, o segundo maior volume til

    das usinas brasileiras, no suficiente para regularizar o Tocantins neste local, pela

    inexistncia de reservatrios a montante e pelas caractersticas hidrolgicas do rio

    Tocantins.

    Os rios da Regio Norte, em particular o Madeira, o Xingu e o Tapajs,

    possuem declividades que os caracterizam como rios de plancie. Assim, torna-se

    difcil planejar e construir usinas hidroeltricas com grandes reservatrios de

  • 19

    regularizao plurianual pela inexistncia de locais adequados sem implicar em

    reas inundadas excessivas, com profundidades mdias reduzidas. Por esta razo o

    planejamento da hidroeletricidade na Regio Norte considera usinas a fio dgua,

    como Jirau, Santo Antnio, Belo Monte e futuramente as do Complexo do So Luiz

    do Tapajs.

    A Tabela II apresenta as usinas hidroeltricas brasileiras que possuem

    individualmente reas inundadas superiores a 400 km2. O maior lago o de

    Sobradinho com 4.200 km2, seguido de Balbina com 2.530 km2 e de Tucuru com

    2.430 km2. Quanto dimenso do volume til, aquele utilizado na operao do

    reservatrio para regularizar o rio, o maior o de Serra da Mesa com 43.250 X 106

    m3, seguido de Tucuru com 32.000 X 106 m3 e de Sobradinho com 29.000 X 106 m3.

    As Usinas de Itaipu e de Estreito, com reas inundadas acima de 400 km2, so a fio

    dgua.

    Tabela II

    Usinas Hidroeltricas com Reservatrios com reas Inundadas Superiores a 400 km2

    Usina rea Inundada

    (km2) Capacidade Instalada

    (MW) Volume til

    (106 m3)

    Sobradinho 4.200 1.050 28.669

    Balbina 2.530 250 10.224

    Tucuru I e II 2.430 4.200 32.013

    Porto Primavera 2.140 1.540 5.600

    Ilha Solteira / Trs Irmo 1.955 4.252 9.965

    Serra da Mesa 1.783 1.275 43.250

    Furnas 1.443 1.312 17.212

    Itaipu Binacional 1.350 14.000 0

    Trs Marias 1.060 396 15.278

    Itaparica 816 1.500 3.548

    Itumbiara 797 2.280 12.454

    So Simo 665 1.710 5.540

    gua Vermelha 644 1.396 5.169

    Estreito 590 1.087 0

    Emborcao 478 1.192 13.056

    Nova Ponte 442 510 10.380

  • 20

    4.2.6) Perspectivas de Desenvolvimento da Hidroeletricidade

    No final de 2012 cerca de 84.000 MW de usinas hidroeltricas estavam em

    operao. Considerando o valor de 150.000 MW como a parcela aproveitvel do

    potencial hidroeltrico nacional nas prximas duas dcadas, o Pas dispe de cerca

    de 66.000 MW para considerao na programao de obras de gerao hidroeltrica

    a partir de 2013. Parcela importante deste montante est programada para os

    prximos dez anos, conforme o Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 (Plano

    2022), que indica a necessidade de 37.000 MW de novas hidroeltricas no perodo

    2013/2022. A capacidade instalada hidroeltrica atingiria 121.000 MW, para um

    valor total, incluindo os demais tipos de usinas de 198.000 MW, no final de 2022. A

    hidroeletricidade participaria com 61% deste total.

    O mercado na dcada aps 2022 dever apresentar incrementos anuais

    superiores aos da dcada atual, em funo das taxas anuais de crescimento serem

    semelhantes s atuais, com eventuais pequenas redues. Isto implica em

    incrementos anuais da capacidade instalada do Pas crescentes ao longo do tempo.

    Este comportamento pode ser verificado, quando se analisa o perodo histrico

    1970/2010 e a evoluo prevista at 2020. No perodo de trinta anos 1970/2000, a

    expanso do sistema gerador brasileiro, em termos de capacidade instalada, em

    funo do baixo crescimento das demandas na dcada de 80, registrou uma

    evoluo de 2.000 MW/ano. Na dcada 2000/2010, a evoluo foi de 3.900

    MW/ano, quase dobrando o valor anterior. Na dcada atual, o patamar dever

    novamente quase dobrar, conforme o Plano 2022, que indica uma necessidade de

    cerca de 7.000 MW/ano, incluindo a autoproduo.

    Assim, restaria para aproveitamento a partir do ano 2022, cerca de 30.000 MW

    hidroeltricos, que seriam incorporados ao sistema gerador nacional at o

    quinqunio 2025/2030, juntamente com outras fontes de gerao, trmicas, elicas

    e solares para assegurar um adequado suprimento do mercado.

    Neste quinqunio, a parcela do potencial hidroeltrico nacional, aqui

    considerada como aproveitvel nas prximas duas dcadas, estaria praticamente

    desenvolvido. Isto significa que, a partir do quinqunio 2025/2030, o Brasil ter que

    expandir o seu sistema gerador majoritariamente com usinas trmicas (gs natural,

    nucleares, carvo mineral e biomassa do bagao-de-cana) e, de forma

    complementar, com elicas e solares.

  • 21

    Uma reavaliao de diversas usinas da parcela de 110.000 MW do potencial

    hidroeltrico, considerado no aproveitvel nas prximas duas dcadas, dever ser

    realizada no futuro, considerando o contexto energtico e socioambiental da poca,

    dentro do conceito de uso mltiplo do recurso hdrico e de desenvolvimento

    sustentvel.

    No longo prazo, cerca de 25/30 anos, com o parque hidroeltrico parcialmente

    ou plenamente amortizado, o Brasil ter um suprimento energtico de eletricidade

    bastante competitivo, com grande vantagem comparativa com os demais pases, na

    medida em que as suas usinas hidroeltricas tero apenas custos de operao e

    manuteno, em geral baixos. Uma avaliao expedita indica que cerca de 50% do

    mercado de energia eltrica nacional poderia ser atendida por estas usinas

    hidroeltricas amortizadas no longo prazo.

    Quanto competitividade da opo hidroeltrica, no caso brasileiro, os custos

    de referncia dos estudos de planejamento so de 80 a 120 R$/MWh, dependendo

    do porte, caractersticas e localizao geogrfica da usina. Neste patamar de custos

    unitrios, a hidro a fonte mais competitiva para produo de energia eltrica no

    Brasil.

    Quanto s questes ambientais, relacionadas com as emisses de gases de

    efeito estufa e mudanas climticas, considerando as fases de extrao mineral, de

    fabricao dos equipamentos e de operao das diversas opes de gerao, as

    usinas hidroeltricas so baixas emissoras de gases de efeito estufa. De fato, de

    acordo com os estudos considerados na formulao dos indicadores do IPCC

    Intergovernmental Panel on Climate Change de 2011, as hidroeltricas emitem

    cerca de 20 gramas de CO2-eq/kWh. Estas emisses da hidro so inferiores s da

    gerao a partir da biomassa e da solar fotovoltaica e superiores s da gerao a

    partir da nuclear e da elica (a menor emissora). As trmicas a combustveis fsseis

    emitem valores muito superiores aos das hidroeltricas, sendo da ordem de 470

    para o gs natural, 840 para os derivados de petrleo e 1.000 gramas de CO2-

    eq/kWh para o carvo mineral.

    As grandes usinas a fio-dgua da regio Norte: Jirau, Santo Antnio, Belo

    Monte e o Complexo Tapajs tero um regime de operao anual de elevada

    gerao de base no perodo mido das cheias de 4/5 meses dos rios amaznicos e

    de pouca gerao no perodo seco de 4/5 meses. Estas caractersticas vo exigir

    mudanas significativas no planejamento do sistema gerador/transmissor, na

  • 22

    operao do sistema eltrico e no enchimento/esvaziamento dos grandes

    reservatrios.

    Neste contexto, o sistema gerador hidroeltrico nacional deve necessitar no

    futuro de usinas hidroeltricas reversveis, de operao diria e sazonal, com trs

    objetivos principais: 1) armazenar gua no reservatrio superior, nos perodos de

    cheias dos rios amaznicos, para utilizao nos perodos secos (neste sentido

    desempenha um papel semelhante aos reservatrios de regularizao plurianual); 2)

    evitar ou reduzir vertimentos nas madrugadas dos dias teis, nos sbados, domingos

    e feriados dos perodos de cheias dos rios amaznicos; 3) ofertar gerao de ponta

    nos perodos de seca dos rios amaznicos, quando ocorre uma reduo significativa

    da potncia garantida destas usinas hidroeltricas da Regio Norte.

    5) Concluses

    1) Na matriz de oferta de energia mundial, considerando todas as fontes

    primrias, a hidro participa com apenas 2% do suprimento das demandas

    energticas globais. As demais fontes participam, em ordem decrescente de

    importncia quantitativa, com os valores a seguir indicados: petrleo 32%, carvo

    mineral 28%, gs natural 21%, outras 12% e nuclear 5%. A participao das fontes

    renovveis de 14% e dos combustveis fsseis de 81%. O carvo mineral dever

    provavelmente ultrapassar o petrleo em participao at o final da dcada atual,

    tornando-se ento o mais importante energtico, em termos de oferta e consumo

    no mundo, nesta primeira metade do sculo XXI.

    2) Da matriz de oferta de energia mundial do item 1 aproximadamente 35%

    transformada em eletricidade. Nesta matriz de oferta de eletricidade mundial, a

    fonte hidroeltrica apresenta uma participao de 16% no suprimento das

    demandas de energia eltrica. As demais fontes tm as seguintes participaes, em

    ordem decrescente de importncia quantitativa: carvo mineral 42%, gs natural

    22%, nuclear 11%, outras 5% e petrleo 4%. A participao das fontes renovveis

    de 21% e a dos combustveis fsseis de 68%. O carvo mineral continuar a elevar

    sua importncia, caracterizada pela produo de quase metade da eletricidade do

    mundo.

  • 23

    3) O potencial hidroeltrico mundial tecnicamente aproveitvel de cerca de

    16.000 TWh e caso plenamente considerado atenderia apenas 75% da atual

    demanda de eletricidade no mundo. A parcela em operao de cerca de 3.600 TWh

    atende apenas 16% das demandas mundiais de eletricidade. Considerando que

    esto aproveitados atualmente somente 23% deste potencial, existe uma expressiva

    quantidade de novas hidroeltricas que poderiam ser construdas no mundo, nas

    prximas dcadas. Este programa hidroeltrico estaria localizado

    predominantemente na Amrica Latina, na frica e na sia.

    4) Na matriz de oferta de energia brasileira, considerando todas as fontes

    energticas primrias nacionais e a parcela de importao de energticos, a fonte

    hidro participa com 13,8%, valor significativamente superior ao mundial de 2%. As

    demais fontes possuem as seguintes participaes em ordem decrescente de

    importncia quantitativa: petrleo 39,2%, superior ao valor mundial de 32%,

    derivados energticos da cana-de-acar (etanol e bagao para calor e eletricidade)

    15,4%, existente somente no Brasil, outras 13,2%, gs natural 11,5%, carvo

    mineral 5,4% e nuclear 1,5%. A participao das fontes renovveis de 42% e dos

    combustveis fsseis de 56%, valores significativamente favorveis, em relao aos

    mundiais, de 14% e 81% respectivamente. O Brasil, quanto ao setor energtico, j se

    encontra numa economia de baixo carbono, quando comparado com o mundo.

    5) Da matriz brasileira de oferta de energia do item 4 aproximadamente 70% (o

    valor mundial 35%) transformado em eletricidade. Nesta matriz de oferta de

    eletricidade nacional, a fonte hidroeltrica participa com 76,9%, valor

    significativamente superior ao mundial de 16%. As demais fontes possuem as

    seguintes participaes, em ordem decrescente de importncia quantitativa: gs

    natural 7,9%, biomassa 6,0%, nuclear e petrleo, 2,7% cada, outras 2,4% e

    finalmente o carvo mineral 1,4%. A participao das fontes renovveis de 84% e a

    dos combustveis fsseis de 12%, bastantes favorveis em relao aos valores

    mundiais de 21% e 68% respectivamente.

    6) Do potencial hidroeltrico nacional de 260.000 MW, a parcela aproveitvel

    dificilmente ultrapassar 150.000 MW nas prximas duas dcadas, devido s atuais

    e futuras restries socioambientais para a sua considerao. Este montante dever

    se esgotar no quinqunio 2025/2030, ocasio em que o Pas passar a expandir o

    seu sistema de gerao majoritariamente com um misto de usinas trmicas (gs

  • 24

    natural, nuclear, carvo mineral e biomassa), complementado com elica e solar. O

    valor de 110.000 MW no considerado como aproveitvel nas prximas duas

    dcadas dever ser reavaliado no futuro, considerando o contexto energtico e

    socioambiental da poca, dentro do conceito de uso mltiplo do recurso hdrico e

    do desenvolvimento sustentvel.

    7) O papel da transmisso entre as usinas das diversas bacias hidrogrficas no

    Brasil fundamental para a otimizao da gerao hidroeltrica, incrementando-a

    em cerca de 20%, devido ao melhor aproveitamento da diversidade e

    complementariedade hidrolgica existente entre os diversos rios do Pas.

    8) As usinas hidroeltricas da Regio Norte, em rios que podem ser considerados

    de plancie, esto sendo planejadas a fio dgua, devido inexistncia de locais

    adequados para a construo de grandes reservatrios de regularizao plurianual,

    sem implicar em reas inundadas excessivas e com profundidades mdias reduzidas.

    A incorporao destas usinas a fio-dgua ao sistema interligado nacional vai exigir

    mudanas significativas no planejamento do sistema gerador/transmissor, na

    operao do sistema eltrico e no enchimento/esvaziamento dos grandes

    reservatrios. O sistema gerador brasileiro deve considerar no futuro usinas

    hidroeltricas reversveis dirias e sazonais. Elas sero necessrias, para permitir

    uma melhor alocao da gerao hidrulica nas curvas de carga dirias, semanais e

    mensais. Isto assegurar um suprimento seguro para as demandas horrias de todos

    os dias do ano.

    9) O aproveitamento dos recursos hdricos deve ser planejado e projetado dentro

    do conceito de uso mltiplo, dividindo benefcios e custos entre os distintos

    agentes, com uma viso de um projeto integrado. Isto resultar num melhor

    aproveitamento dos recursos hdricos nacionais.

    10) O Brasil, nos prximos 25/30 anos, ter uma grande vantagem competitiva com

    os demais pases do mundo, na medida em que o seu parque gerador hidroeltrico

    estar parcialmente ou plenamente amortizado, com custos apenas de

    operao/manuteno, o que resultar num suprimento bastante competitivo.

  • 25

    11) As hidroeltricas planejadas e projetadas dentro do conceito de uso mltiplo

    do recurso hdrico so as mais competitivas para produo de energia eltrica no

    Brasil e provavelmente no Mundo, em relao s demais fontes energticas.

    12) As hidroeltricas, quanto s emisses de gases de efeito estufa e mudanas

    climticas, se situam em patamares muito favorveis, em relao a trmicas a

    combustveis fsseis, sendo inferiores a biomassa e a fotovoltaica e superiores a

    nuclear e elica.

    A resposta pergunta Por que a Hidroeletricidade no Mundo e no Brasil ? ,

    ttulo do artigo, a seguinte:

    A usina hidroeltrica, quando cuidadosamente planejada, projetada,

    construda e operada no contexto do uso mltiplo do recurso hdrico, a fonte

    energtica mais adequada para produzir energia eltrica no Brasil e

    provavelmente no Mundo, considerando os aspectos tecnolgicos, energticos,

    econmico/financeiros, socioambientais - inclusive das emisses de gases de

    efeito estufa e as mudanas climticas - e finalmente de desenvolvimento

    sustentvel.

    As principais razes para esta afirmao so as seguintes:

    a. Fonte renovvel

    b. Vantajosa competitividade

    c. Favorvel viabilidade socioambiental

    d. Tecnologia simples e amplamente dominada

    e. Longo perodo de utilizao, mais de 100/200 anos

    f. Baixa emissora de gases de efeito estufa

    g. Uso mltiplo do recurso hdrico

    Para finalizar, uma reflexo: no Brasil, no ano de 2013, existiam mais de 1.000

    usinas hidroeltricas de todos os portes grandes, mdias, pequenas, mini e micro,

    em todas as regies do Pas, muitas delas em operao por vrias dcadas. Na

    grande maioria delas, o balano de benefcios e custos, inclusive para as

  • 26

    comunidades que vivem nas proximidades destas usinas, considerando todos os

    aspectos socioambientais, favorvel. Isto pode ser comprovado nestas usinas,

    destacando-se o exemplo de Itaipu, uma grande usina hidroeltrica a fio-dgua

    junto a diversas comunidades urbanas, que proporciona vrios benefcios para a

    populao residente nas suas proximidades. Diante desta realidade como explicar a

    oposio nacional e internacional construo de usinas hidroeltricas no Brasil de

    forma a concluir o aproveitamento da parcela do potencial nacional

    ambientalmente vivel e competitivo com outras opes de gerao.

  • 27

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