hidratação no exercício físico - repositorio-aberto.up.pt · hidratação no exercício físico...

60
Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação: Prof. Doutor Alejandro Santos Co-orientação: Dr.ª Cláudia Afonso, Eng.ª Paula Gomes e Dr. Basil Ribeiro Monografia Porto, 2008

Upload: lamngoc

Post on 05-Oct-2018

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

Hidratação no Exercício Físico

Hydration in Physical Exercise

Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos

Orientação: Prof. Doutor Alejandro Santos

Co-orientação: Dr.ª Cláudia Afonso, Eng.ª Paula Gomes e Dr. Basil Ribeiro

Monografia

Porto, 2008

Page 2: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:
Page 3: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

i

DEDICATÓRIA

(Esta página foi propositadamente deixada em branco)

Page 4: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

ii

AGRADECIMENTOS

Ao longo do desenvolvimento desta tese foram várias as pessoas que, de uma

forma ou de outra, ajudaram a que esta pudesse ser concluída. É com grande

consideração e muita sinceridade que expresso aqui o meu agradecimento a

todos, pelo apoio e dedicação prestados.

Termino com uma frase que, mais que uma filosofia de vida, é um incentivo, uma

mensagem de força para ultrapassar cada obstáculo…

“Se queres chegar a algum lado,

Terás de ser tu a fazê-lo, pois ninguém o fará por ti”

Lisa Armstrong

(Mãe de Lance Armstrong)

Page 5: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

iii

ÍNDICE

DEDICATÓRIA......................................................................................................... i

AGRADECIMENTOS ...............................................................................................ii

LISTA DE ABREVIATURAS.................................................................................... v

RESUMO.................................................................................................................vi

ABSTRACT ............................................................................................................vii

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

DESENVOLVIMENTO DO TEMA ........................................................................... 2

I. Equilíbrio Hidroelectrolítico...................................................................... 2

1.1 A água no organismo ................................................................................ 2

1.2 Equilíbrio osmótico.................................................................................... 3

1.3 Equilíbrio electrolítico ................................................................................ 4

1.4 Regulação hidroelectrolítica ...................................................................... 4

1.5 Necessidades diárias de água .................................................................. 5

II. Desidratação .............................................................................................. 5

2.1 Definição ................................................................................................... 5

2.2 Termorregulação e sua relação com a perda hídrica e electrolítica.......... 7

2.3 Efeitos da desidratação no exercício físico ............................................. 10

2.4 Factores influenciadores ......................................................................... 13

III. Hidratação ................................................................................................ 16

3.1 Definição ................................................................................................. 16

3.2 Será que a sensação da sede é suficiente?........................................... 17

3.3 A importância da palatabilidade da bebida.............................................. 18

3.4 Limitações gastrointestinais à absorção de líquidos ............................... 19

3.5 Avaliação do estado de hidratação ......................................................... 21

Page 6: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

iv

3.6 Cuidados com a hidratação..................................................................... 22

IV. Recomendações para a Correcta Hidratação no Exercício Físico ...... 24

4.1 Antes do exercício físico.......................................................................... 25

4.2 Durante o exercício físico ........................................................................ 26

4.3 Após o exercício físico............................................................................. 28

NOTAS FINAIS......................................................................................................32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................36

ÍNDICE DE ANEXOS ............................................................................................42

Page 7: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

v

LISTA DE ABREVIATURAS

RD – Rendimento Desportivo

EF – Exercício Físico

GEU – Gravidade Específica da Urina

ACSM – American College of Sports Medicine

BJSM –British Journal of Sports Medicine

Page 8: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

vi

RESUMO

A hipertermia é uma consequência natural do exercício físico e é combatida

principalmente pelo processo de sudação, o qual poderá levar à desidratação.

Esta tem consequências ao nível do rendimento desportivo, mas também poderá

ter consequências ao nível da saúde.

A ingestão adequada de líquidos antes, durante e após o exercício físico é

fundamental para a prevenção da desidratação.

Duas questões se levantam quanto à correcta hidratação no exercício físico, a

primeira tem a ver com a quantidade de líquido a ingerir, a qual tem grande

variabilidade individual, e a segunda relaciona-se com a composição da bebida.

Em determinados momentos competitivos, o consumo de bebidas que contenham

glicídeos, electrólitos, proteínas e até mesmo cafeína, pode apresentar uma

vantagem em relação à água simples.

A hidratação adequada deve ser uma prioridade para qualquer atleta em

competição ou em treinos.

PALAVRAS-CHAVE

Hipertermia, Desidratação, Hidratação, Rendimento desportivo.

Page 9: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

vii

ABSTRACT

Hyperthermia is a natural consequence of physical exercise and is fought

mainly by the process of sweating, which may lead to dehydration. This has

consequences in sports performance, but may also have health consequences.

The adequate intake of fluid before, during and after exercise is essential for the

prevention of dehydration.

Two questions arise to obtain an adequate hydration in exercise. The first

relates to the amount of liquid to consume, which has great individual variability,

and the second relates to the drink composition. In competitive seasons the

consumption of beverages containing carbohydrates, electrolytes, protein and

even caffeine, may present an advantage in relation to plain water.

Proper hydration should be a priority for any athlete while training or

competing.

KEY WORDS

Hyperthermia, Dehydration, Hydration, Sports Performance

Page 10: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:
Page 11: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

1

INTRODUÇÃO

Maughan e Burke, citados por Teixeira (1), referem que além dos limites

impostos pela herança genética e das melhorias obtidas pelo treino, nenhum

outro factor desempenha um papel tão importante na performance atlética como a

alimentação. A hidratação é um dos aspectos mais influentes no rendimento e

saúde do atleta (2-4).

O aumento da produção de calor decorrente da contracção muscular provoca

a hipertermia, sendo a sudação o principal processo de arrefecimento corporal (5).

A produção de suor, conduz à perda de água corporal, pelo que a adequada

hidratação é essencial, principalmente nas sessões de treino prolongadas ou em

determinados momentos competitivos. A ingestão de líquidos mantém a

hidratação e ajuda a regular a temperatura corporal, evita a desidratação e

mantém um adequado volume plasmático, sendo extremamente importante para

a manutenção da função cardiovascular e para o rendimento no exercício (6). Da

mesma forma, a reposição de electrólitos também deve ser considerada (7, 8).

Neste sentido, é importante conhecer os efeitos da desidratação, quer na

saúde, quer no rendimento desportivo (RD), a fim de optimizar a hidratação e

assegurar uma adequada reposição de líquidos.

Nesta monografia será abordado o balanço hídrico, analisando os processos

de perda de água corporal, a reposição hídrica e as implicações no rendimento

atlético e prevenção do stresse térmico.

Muitos indivíduos têm dificuldade em manter a hidratação voluntária e

adequada durante os eventos desportivos, e muitas vezes falham na correcta

rehidratação, levando a reduções na água corporal, o que afecta vários processos

fisiológicos e limita a capacidade de exercício (9).

Page 12: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

2

Para a prossecução destes objectivos foi feita a consulta, análise e

interpretação da literatura seleccionada em bases de dados informatizadas e em

livros e revistas científicas especializadas.

DESENVOLVIMENTO DO TEMA

I. Equilíbrio Hidroelectrolítico

1.1 A água no organismo

A água é um dos constituintes fundamentais do corpo humano, sendo

essencial para a homeostasia celular e para a vida. Aproximadamente 60% do

peso corporal total de um indivíduo é água, podendo variar dos 45 a 75% (5).

A massa muscular contem aproximadamente 70 a 75% de água, enquanto

tecido adiposo contem apenas 10 a 40% deste composto (5).

A água intervém no transporte de solutos para as funções celulares, participa

como substrato nas reacções metabólicas e como componente estrutural dando

forma às células. A água é essencial para os processos fisiológicos da digestão,

absorção, e excreção. É um elemento crucial na estrutura e função do sistema

circulatório, e actua como um transportador de nutrientes e de todas as

substâncias do organismo. A água mantém a homeostasia física e química dos

líquidos do meio intra e extracelular e intervém no mecanismo de regulação da

temperatura corporal (10).

A água corporal encontra-se distribuída pelo espaço intracelular (65% da água

corporal total) e pelo espaço extracelular (35% da água corporal total), este último

subdivide-se nos espaços intravascular ou plasmático e intersticial (11).

Page 13: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

3

Existe ainda uma pequena quantidade de água armazenada com o glicogénio

muscular, a qual é necessária para o metabolismo do glicogénio (12).

1.2 Equilíbrio osmótico

A redistribuição da água entre os espaços intra e extracelular é determinada

por diferenças de pressão hidrostática e osmótica, causadas pelo poder osmótico

de várias partículas ou solutos. Devido à selectiva permeabilidade das

membranas que separam os referidos espaços, associada aos processos de

transporte activo de electrólitos, a concentração dos electrólitos nos espaços intra

e extracelulares difere (11). Quanto maior for a concentração de substâncias não

difusíveis de um lado da membrana, menor será a tendência da água a difundir

através dela. A água tenta manter as concentrações estáveis, pelo que tende a

deslocar-se para os locais de maior concentração de soluto (13).

A actividade osmótica dos líquidos corporais está fundamentalmente

determinada pelos electrólitos. No plasma e no líquido intersticial, o sódio e o

cloro são responsáveis pela maior parte da pressão osmótica gerada, da mesma

forma que o são o magnésio e o potássio no líquido intracelular (11).

Manter o equilíbrio osmótico é de vital importância para a homeostasia

corporal. Em situações normais, os líquidos são absorvidos pelo

organismo pela via gastrointestinal e posteriormente distribuídos pelo sangue

para o resto do corpo. Quando o volume de perda de água corporal é mínimo, o

défice hídrico manifesta-se fundamentalmente no espaço extracelular. A esta

perda, segue-se a difusão de água do espaço intracelular para o espaço

extracelular, no sentido de se restabelecer o equilíbrio osmótico (14).

Page 14: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

4

1.3 Equilíbrio electrolítico

Os sais minerais são importantes reguladores metabólicos, bioquímicos e

fisiológicos, assegurando a manutenção da homeostasia orgânica (14).

Exercícios prolongados induzem perdas de electrólitos e de água simples, em

indivíduos com equilíbrio hídrico normal (15). Sanders e col. (16) verificaram que,

durante a realização de exercícios prolongados a perda hídrica pela sudação

intensa, tinha origem nos compartimentos intra e extracelulares, provocando a

hiperosmolalidade plasmática. O aumento da osmolalidade e a diminuição do

volume do plasma levam à redução do fluxo sanguíneo para a pele, permitindo a

hipertermia com eventuais consequências graves (16).

1.4 Regulação hidroelectrolítica

A manutenção do equilíbrio hidroelectrolítico requer a constante integração da

informação originada nos osmorreceptores hipotalámicos e nos barorreceptores

vasculares, para que a reposição de líquidos iguale ou exceda ligeiramente as

perdas de líquidos (17). O balanço de líquidos apropriado mantém o volume

sanguíneo adequado, o qual é necessário para o transporte do calor, produzido

nos músculos, para a superfície cutânea, de modo a regular a temperatura

corporal (17). A regulação hidroelectrolítica no contexto da desidratação é feita por

mecanismos que reduzem a excreção de água e sódio, estimulam a sede e

controlam a ingestão e perda de água e electrólitos (14).

O balanço diário de água corporal depende da diferença entre a perda e

ganho de água (5). Este equilíbrio hídrico encontra-se sistematizado no anexo 1.

Page 15: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

5

1.5 Necessidades diárias de água

As necessidades diárias de água de indivíduos saudáveis são influenciadas

pela actividade física e condições ambientais. Segundo as Dietary Reference

Intakes (DRIs) de 2004, a ingestão adequada de água é igual a 3,7 L/dia e de 2,7

L/dia para os homens e mulheres, respectivamente. A actividade levada a cabo

em ambientes quentes aumenta estas necessidades diárias, podendo atingir e até

mesmo ultrapassar os 6 a 8 litros diários (5). Aproximadamente 20% destas

necessidades provêm da água presente nos alimentos sólidos e os restantes 80%

são fornecidos pelas bebidas, incluindo água, sumos, leite, café, chá, sopa e

bebidas desportivas (10).

II. Desidratação

2.1 Definição

A desidratação refere-se ao processo de perda de água corporal, que no

contexto desportivo acontece principalmente através da sudação. Ocorre com

mais oportunidade no sujeito não aclimatizado e naquele que ignora a hidratação

atempada e os sinais de aviso (18). É um dos problemas nutricionais mais comuns

que ocorrem durante o EF (19).

Já em 1958, Buskirk e col., demonstraram que a desidratação correspondente

a 2 % peso corporal, podia afectar o rendimento durante o EF (20).

Os atletas que começam a competição num estado de desidratação, estão

claramente em desvantagem competitiva (21). Por exemplo, em 1985 Armstrong e

col., efectuaram um estudo em atletas que correram as distâncias de 5.000 e

10.000 metros nas condições de hidratação normal e de desidratação. Quando a

Page 16: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

6

desidratação atingiu aproximadamente 2% do peso corporal (induzida com um

diurético administrado antes do exercício), a velocidade na corrida diminuiu

significativamente (6 a 7%) em ambos os eventos (22). Recentemente, Chevront e

col., confirmaram que o défice de água superior a 2% do peso corporal, leva à

redução do rendimento em exercícios de resistência (23). Este valor de 2% tem

sido citado como o valor de referência a partir do qual os exercícios aeróbios e o

rendimento cognitivo e mental ficam afectados (5, 24, 25).

Saltin e Costill, citados por Maughan (24), Burke e Deakin (19), referem que uma

perda de 5% do peso corporal compromete o rendimento em 30%. Já Nielsen e

col., citados pelos mesmos autores, referem que a perda de líquidos

correspondente a 2,5% do peso corporal resulta na queda de 45% na capacidade

para realizar exercício de alta intensidade. O comprometimento no rendimento

causado pela desidratação depende da percentagem de perda, mas também da

tolerância individual a esta desidratação e da temperatura ambiente (26). A

desidratação de cerca de 3% do peso corporal tem pouca influência sobre a

diminuição do desempenho em exercícios aeróbios se praticados em ambiente

frio (26). No entanto, Shirreffs considera que o indivíduo tolera perdas de água

corporal até 2% do seu peso sem risco significativo para a saúde ou para o

rendimento nos exercícios de resistência aeróbia, isto quando a temperatura

ambiente é baixa (5 a 10ºC) ou temperada (20 a 22ºC). No entanto, quando o EF

é praticado em ambientes quentes (temperaturas iguais ou superiores a 30ºC), a

desidratação correspondente a 2% do peso corporal, prejudica o rendimento no

exercício e aumenta a possibilidade de sofrer agressão térmica (6).

A maioria dos estudos efectuados refere-se ao exercício de características

aeróbias, de resistência. Contudo, foi possível demonstrar que a desidratação

Page 17: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

7

também afecta a força muscular máxima, o pico de potência e a resistência com

cargas altas, sendo este último o tipo de exercício mais afectado (9).

A desidratação é um factor importante a ser considerado quando é importante

maximizar o rendimento muscular em atletas, tendo em conta que esta pode

prejudicar o RD (9) . A perda de água corporal igual a 20% do peso corporal

poderá causar a morte, enquanto a perda de 10% causa perturbações graves (10).

Irving e col., referem o caso de um participante numa ultramaratona de 88 kms, o

qual apresentou anúria após ter perdido 11% do peso corporal (27).

2.2 Termorregulação e sua relação com a perda hídrica e electrolítica

O corpo mantém a temperatura apropriada através da termorregulação. O

calor é gerado no músculo durante a contracção muscular que ocorre no

exercício, sendo depois transferido dos músculos para o sangue e posteriormente

para a superfície cutânea, onde é dissipada para o ambiente. A transferência de

calor do corpo para o meio ambiente é absolutamente necessária para diminuir a

temperatura corporal aquando do esforço físico, porque se tal não acontecesse a

temperatura subiria para níveis incompatíveis com a vida (28).

Segundo Wilmore e Costill, existem quatro mecanismos de regulação

térmica que permitem o arrefecimento corporal (28):

2.2.1 Condução

A condução envolve a transferência do calor de um material para outro pelo

contacto directo entre as superfícies. O calor produzido no interior do corpo, após

ser transportado até à superfície da pele, é conduzido para a roupa ou para o ar

mais frio que está em contacto directo com a pele. Do mesmo modo, se o ar

Page 18: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

8

ambiente está mais quente que a superfície corporal, a transferência por contacto

dá-se em sentido inverso, aquecendo a pele.

2.2.2 Convecção

Envolve a transferência de calor de um local para outro através da

movimentação de um gás ou líquido em contacto com a superfície cutânea.

Quando o corpo humano cede calor a um líquido, estabelece-se uma zona de

gradientes térmicos contínuos nessa interface. Quanto maior a velocidade de

renovação do líquido em contacto com o corpo humano, maiores serão as trocas

térmicas e o arrefecimento resultante será maior.

A convecção é um importante mecanismo de arrefecimento na natação

(imersão na água), no ciclismo (tanto mais eficaz quanto maior a velocidade de

corrida) e no atletismo. Contudo, este mecanismo supostamente protector poderá

tornar-se prejudicial, pois o arrefecimento acentuado leva à situação oposta, isto

é, à hipotermia. Esta será tanto mais rápida e profunda quanto mais baixa for a

temperatura do líquido que rodeia o corpo.

2.2.3 Radiação

Este processo é veiculado pelas radiações infravermelhas que contêm energia

térmica, as quais viajam do corpo humano para o meio ambiente ou vice-versa.

Se o corpo humano está mais quente do que o meio ambiente, irradia calor para

ele. Assim, um atleta em corrida contínua lenta perde calor quando o ar que o

rodeia está mais frio. Por outro lado, se a temperatura envolvente é mais

elevada que a temperatura corporal, haverá absorção calorífica, com aquecimento

corporal global.

Page 19: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

9

2.2.4 Sudação - Evaporação

A sudação está fortemente relacionada com o sistema de arrefecimento

corporal, sendo o principal processo que o corpo humano utiliza para perder calor

em situações de hipertermia (5). Fora do meio líquido, é o principal mecanismo

de arrefecimento corporal. Este mecanismo surge, juntamente com a dilatação

dos vasos sanguíneos superficiais, como reacção à produção de calor derivada

dos processos metabólicos. A produção de calor metabólico aumenta bastante

durante a prática desportiva, podendo exceder 80 Kj/min (20 Kcal/min), havendo

atletas bem treinados que podem suportar este ambiente durante duas horas (24).

O suor depositado à superfície da pele, evapora-se à custa de calor que é

retirado da pele. Por cada litro de suor que se evapora, 580 Kcal são retiradas do

corpo, sendo transferidas para o meio ambiente. Não é a produção de suor em si

mesma que faz arrefecer a pele, mas sim a respectiva evaporação (19, 29).

Por sua vez, as perdas de electrólitos pelo suor dependem das perdas totais

de sudação e da concentração de electrólitos no suor (2). As médias da

concentração de cada electrólito no suor, assim como as variações da sua

concentração, encontram-se no anexo 2.

A regulação da temperatura durante a prática de EF, assenta

fundamentalmente em processos de sudação, cuja intensidade se encontra

relacionada com condicionantes inerentes (28, 30-32):

• ao tipo de EF - duração, intensidade, volume e frequência do exercício,

nível de condição física e requisitos metabólicos.

• ao meio ambiente - temperatura ambiente, exposição à radiação solar,

velocidade de deslocamento do ar envolvente e humidade relativa do ar.

Page 20: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

10

• ao vestuário / equipamento utilizado - o suor tem que ser dissipado para

o meio ambiente, para que a humidade junto à superfície cutânea, não aumente.

A utilização de várias camadas de roupa ou o uso de roupa impermeável,

comprometem a eficácia deste mecanismo, aumentando consideravelmente o

stresse térmico em ambientes temperados a quentes. Mesmo em ambiente frio,

o uso de roupas pesadas ou impermeáveis pode causar altas taxas de sudação.

• ao organismo - predisposição genética, peso e composição corporal

(percentagem de massa gorda e massa magra), sistema cardiovascular, estado

de aclimatização ao calor e eficiência metabólica (economia do indivíduo a fazer

um exercício específico).

Todos estes factores influenciam a taxa de sudação no EF. A tabela que

consta no anexo 3, resume as taxas de sudação observadas numa grande

variedade de desportos, tanto no treino como na competição. As diferenças nas

taxas de sudação entre diferentes desportos e estações do ano mostram a

dificuldade em fazer apenas uma recomendação que esteja adaptada. As taxas

de sudação variam entre 0,5 e 2,0 L/hora. As variações na sudação ocorrem

também no mesmo evento num determinado dia, com grande variação entre os

atletas que estão a participar no mesmo jogo (2). Por exemplo, num jogo de futebol

as taxas de sudação variam de acordo com a posição dos jogadores no campo,

forma de jogar, bem como com o tempo total que está no campo (33).

2.3 Efeitos da desidratação no EF

A desidratação aguda está associada a vários efeitos negativos na saúde e no

bem-estar, assim como são claros os efeitos nefastos no EF (4). Durante a prática

desportiva os atletas poderão desidratar e são comuns grandes défices de fluído

Page 21: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

11

corporal (4, 34), que se não forem corrigidos poderão conduzir ao estado de

desidratação crónica (35).

Moquin e Mazzeo associaram os efeitos da desidratação com a diminuição do

rendimento no EF (36). A desidratação leva ao aumento da temperatura corporal

(hipertermia) (34), quer pela redução da dissipação do calor, quer pela diminuição

da sudação (37).

Os mecanismos fisiológicos envolvidos na desidratação são vários e

complexos. A desidratação leva ao decréscimo da água corporal total, o que inclui

o défice de volume dos líquidos extracelular e intracelular, tal como a redução do

volume de plasma sanguíneo (38).

O decréscimo do volume plasmático leva ao aumento da frequência cardíaca,

à redução do débito cardíaco (39), assim como à diminuição do fluxo sanguíneo

cutâneo (40) e para os músculos esqueléticos (41). O metabolismo do músculo

esquelético também poderá estar alterado, aumentando o esforço fisiológico para

determinada actividade (42), com aumento da utilização do glicogénio e formação

de mais ácido láctico (43), isto é, maior contribuição do metabolismo anaeróbio

para a produção energética. Segundo Astrand e Rodahl, cada vez que a

temperatura corporal se eleva de 1º C, a intensidade dos processos

metabólicos aumenta 13% (44). Em casos extremos, temperaturas corporais

acima dos 40°C, para além de provocarem o choque térmico, afectam a

eficiência de utilização do oxigénio pelo músculo e, acima dos 45°C, as

proteínas tecidulares são destruídas (45).

A desidratação que ocorre pelo suor aumenta a osmolalidade do plasma e

diminui o volume do plasma proporcionalmente à magnitude do défice de água

corporal. A hiperosmolalidade e a hipovolémia, por sua vez, agravam a

Page 22: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

12

hipertermia quando o atleta se expõe ao calor e/ou se envolve em exercícios

prolongados (5).

A desidratação causada por diuréticos, pelo EF ou pela exposição ao calor

leva à perda de sódio, cloro, potássio e magnésio (46, 47) . A perda de minerais e

água, aumenta a ocorrência de cãibras musculares esqueléticas, mas o risco

parece ser maior quando a desidratação é induzida por diuréticos (46). Por outro

lado, a redução da ingestão de alimentos, leva a alterações do conteúdo de

glicogénio muscular e do equilíbrio ácido-base no músculo, o que pode justificar o

aparecimento das cãibras (4).

A desidratação aumenta o risco de lesões por choque térmico (2). Noakes

enumerou vários factores que determinam o risco para o choque térmico, o qual,

não está associado com o nível de desidratação durante o EF mas, mais

importante, com a taxa de produção de calor e a capacidade do ambiente em

absorver este calor (48). A doença surgiria, então, quando a taxa de produção de

calor excedesse a capacidade corporal de perder calor.

A desidratação tem sido associada a alterações do volume intracraniano (49) e

à redução da velocidade do fluxo sanguíneo cerebral (50). Tais alterações levarão

certamente a alterações cognitivas e alterações na resposta motora, onde a

marcha descoordenada é apenas uma das faces visíveis.

A rabdomiólise consiste na destruição muscular aguda, com excreção urinária

da mioglobina (mioglobinúria). O aparecimento desta entidade clínica tem sido

associado à desidratação, com aparecimento e/ou agravamento da insuficiência

renal, especialmente durante o EF extenuante (51).

As respostas normais e aceitáveis ao stresse térmico são a elevação da

temperatura corporal, o aumento da frequência cardíaca e a perda de água pela

Page 23: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

13

sudação. Se ultrapassados certos limites surgirão alterações nefastas, que

poderão conduzir a grande morbilidade e mesmo à morte. No anexo 4

encontram-se sistematizadas as consequências médicas decorrentes da

hipertermia, descrevendo-se os sinais e sintomas, assim como as actuações de

urgência, para cada uma delas (18).

2.4 Factores influenciadores

2.4.1 Sexo

Stachenfeld e col., investigaram o balanço de líquidos e a resposta renal após

a desidratação provocada pelo EF em atletas, e constataram que homens e

mulheres têm respostas semelhantes nas primeiras duas horas da fase de

recuperação. Contudo, as mulheres tiveram maior recuperação hídrica nas duas

horas seguintes em relação aos atletas masculinos. Os estrogénios estão

associados a concentrações plasmáticas mais elevadas de hormona anti-diurética

e de aldosterona, o que leva a uma maior reabsorção de água a nível renal (52).

As mulheres têm habitualmente menores perdas de suor e de electrólitos do

que os homens pois têm menor dimensão corporal e menor taxa metabólica

quando realizam um determinado EF (2).

2.4.2 Idade

Atletas mais velhos têm maior risco de desidratação e necessitam de tomar

algumas precauções quando praticam EF (2, 53). A hipohidratação em indivíduos

mais velhos, pode afectar as funções termorregulatórias e circulatórias numa

grande extensão, o que pode ser causado pelo baixo fluxo sanguíneo a nível

cutâneo, levando a um aumento da temperatura. A sensação da sede está

diminuída nos adultos mais velhos, pelo que devem estar educados para a

Page 24: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

14

ingestão atempada e adequada de líquidos antes, durante e após os exercícios,

sem aguardar pela sensação da sede (53). Embora feita de um modo mais lento, a

reposição adequada dos líquidos corporais também é possível nos idosos, desde

que tenham acesso à água e ao sódio durante o tempo necessário (2).

Bar-Or, citado por Casa, refere que as crianças, tal como os adultos, não

bebem o suficiente durante o exercício praticado em ambientes quentes e

húmidos (54). As crianças, para qualquer nível de desidratação, ficam sujeitas a um

maior risco de stresse pelo calor (10).

As crianças antes da puberdade têm taxas de sudação inferiores em relação

aos adultos, e raramente com valores superiores a 400 mL/hora, provavelmente

resultado da menor massa corporal e menor taxa metabólica. O conteúdo de

electrólitos no suor é semelhante ou ligeiramente inferior em crianças do que os

adultos (2).

2.4.3 Alimentação e padrão alimentar

As refeições feitas diariamente são fundamentais para assegurar a plena

hidratação (5). Alguns estudos evidenciaram que comer alimentos conjuntamente

com a ingestão de líquidos promove maior ingestão e retenção de líquidos,

contribuindo deste modo para a maior restituição do peso corporal e do volume

plasmático após a desidratação (5, 55). No entanto, muitos atletas não sentem

vontade de ingerir alimentos sólidos após o EF, daí que a sopa se torna uma

excelente opção, pois fornece água e electrólitos, ao mesmo tempo que conduz à

saciedade (55).

Ray e col., realizaram um estudo para demonstrar a importância do sódio

para a rehidratação quando consumido em bebidas ou nas refeições. Os

participantes apresentavam uma perda de 2,5% do seu peso corporal. Os autores

Page 25: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

15

verificaram maior recuperação no volume plasmático e menores volumes de urina

quando foram ingeridas refeições ricas em sódio, quando comparadas com a

ingestão de água simples ou bebida com hidratos de carbono e electrólitos (55).

Em contrapartida, a composição da refeição em macronutrientes tem pouca

influência nas perdas urinárias, em repouso e durante o esforço físico (5).

2.4.4 Cafeína e Etanol

A cafeína faz parte da composição de numerosas bebidas consumidas

usualmente em ambiente social (café, refrigerantes e outras) (56). Actualmente não

faz parte da lista de substâncias dopantes (57). A cafeína ajuda a manter o RD ao

aumentar a disponibilidade de ácidos gordos livres para o metabolismo

energético, poupando o glicogénio muscular, retardando a fadiga (58, 59). A cafeína

também afecta a contractilidade muscular (10). Del Coso e col. efectuaram um

estudo em ciclistas de elite, tendo demonstrado que a utilização de cafeína,

durante o exercício prolongado, efectuado no calor mantinha a contracção

voluntária máxima do quadricípete e a potência de pedalar máxima (60).

Uma publicação de 1928, referenciado por Ganio e col. (61) referia a

cafeína como um agente diurético, especialmente em administração aguda

com doses superiores a 300 mg. Contudo, vários artigos referenciados por

estes mesmos autores, referem que a administração aguda de cafeína, com

doses até 8.7 mg/kg de peso (61), não altera o estado de hidratação, assim

como não afecta a tolerância ao calor e a termorregulação (59, 61). O ACSM

refere que doses inferiores a 180 mg/dia não aumentam o volume urinário, ou

causam desidratação durante o exercício (2).

Em contrapartida, a ingestão de uma bebida com um teor de etanol de 4%

apresentou tendência para aumentar o débito urinário e diminuir a retenção

Page 26: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

16

hídrica (62). Bebidas com etanol, deverão ser evitadas como bebida hidratante

para repor os líquidos perdidos, imediatamente após o exercício, devido ao seu

efeito diurético (10), estando associado à produção aumentada de 10ml de urina

por cada grama de etanol ingerido (63). O álcool não faz parte da lista de

substâncias dopantes para a quase totalidade das modalidades desportivas (57).

III. Hidratação

3.1 Definição

A alimentação assume um papel fulcral no RD pois, em determinados

momentos competitivos, pode marcar a diferença. A hidratação adequada é talvez

um dos factores mais importantes para a optimização do rendimento dos atletas

(8). Reconhecendo a importância da hidratação, o ACSM elaborou uma directiva

sobre “Prevenção das agressões térmicas nas corridas de longa distância”, em

que considera que a correcta ingestão de líquidos antes, durante e após o

exercício é muito importante para a prevenção e redução do risco de

aparecimento das lesões pelo calor, em atletas a treinar ou a competir em

ambiente quente (64).

Sawka e col., observaram a influência de diferentes níveis de hidratação (hipo

e hiperhidratação) nos líquidos corporais e no rendimento no exercício praticado

em ambiente quente. Os resultados indicaram uma pequena vantagem

termorregulatória na hiperhidratação (65). Estudos demonstraram que a

rehidratação corrige a hipovolémia, melhora a resposta hemodinâmica e reduz a

actividade simpática aumentada decorrente do estado de desidratação (66).

A hidratação adequada minimiza o risco de desidratação e as consequências

que daí podem advir, ajuda a manter a função cardiovascular e a melhorar o

Page 27: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

17

rendimento em actividades físicas intensas. No entanto, as necessidades de

reposição de líquidos variam consideravelmente com o tipo de EF, duração,

condições climatéricas extremas e características individuais do atleta (21).

3.2 Será que a sensação da sede é suficiente?

Aumentar a disponibilidade de líquidos, em quantidade e acessibilidade, é

uma forma de promover o consumo nos diferentes momentos competitivos, isto é,

antes, durante e após o EF (67) . Curiosamente, tem sido documentado que

pessoas fisicamente activas com disponibilidade imediata de líquidos apresentam

diminuição do volume plasmático causada pela desidratação (68). A ausência da

sensação de sede poderá justificar este achado. As directrizes do ACSM

publicadas em 1996 referiam que a sensação fisiológica de sede era um mau

indicador das necessidades hídricas do atleta em esforço físico (69). Bem como a

National Atheletic Trainers’ Association a qual refere que os atletas não ingerem

quantidade suficiente de água para prevenir a desidratação (3). Segundo Broad e

col., os atletas apenas ingerem voluntariamente entre 30 a 70% das perdas (70). Por

sua vez, Adolph e col., (1947), citado por Maughan, referem que os atletas

apenas têm a sensação de sede quando o défice de água corporal atinge 2% do

seu peso corporal, o que implica comprometimento no seu RD, pelo que os

atletas não deveriam ficar desidratados a um nível que afectasse o seu

rendimento (4).

No entanto, em Abril de 2008, Beltrami e col., referiram no British Journal of

Sports Medicine (BJSM), a suficiência da sede para a reposição hídrica voluntária,

sem comprometimento do rendimento físico, apesar da pequena desidratação

involuntária (71). Machado-Moreira e col., partilham da mesma opinião e referem

Page 28: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

18

um estudo de Cheuvront e Haymes, com corredoras femininas a ingerirem

líquidos de acordo com a sede, tendo reposto 60% a 70% das perdas pela

sudorese (cerca de 2% de desidratação), mantendo a temperatura corporal

controlada (72). Também o ACSM nas suas mais recentes recomendações, não

faz qualquer referência à sede como indicador do estado de hidratação, mas

aconselha a adição de sal às bebidas para estimular a sede. Refere ainda que

deve ser tomada particular atenção à reposição de líquidos, particularmente em

exercícios prolongados com duração superior a 3 horas (2).

3.3 A importância da palatabilidade da bebida

Walker e col., referem que a capacidade dos atletas mais jovens para beber o

suficiente não depende da frequência dos intervalos no treino ou do estímulo

dado pelos treinadores mas, acima de tudo, depende da palatabilidade da bebida

disponível (73).

Passe e col., comprovaram que os jovens atletas bebem 90% mais de

bebidas desportivas do que água simples quando lhes era disponibilizada água,

água com sabor ou bebida desportiva (74). Tal acontece porque o sabor e o sódio

das bebidas desportivas estimulam mais as crianças a beber quando se

encontram activas (73). Como se verifica, o consumo de líquidos pode ser afectado

pela palatabilidade. Esta, por sua vez, é influenciada pela temperatura, pelo

conteúdo em sódio e pelo sabor. A temperatura tem um efeito significativo no

volume de líquido ingerido (75). A temperatura preferida da água é entre 15 e 21ºC,

mas tanto esta, como o sabor, variam de indivíduo para indivíduo e entre culturas

(2).

Page 29: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

19

O estímulo que promove a ingestão de algumas bebidas pode dever-se à

interacção entre os glicídeos e o sódio, ou à acção específica do sódio sobre a

palatabilidade (67, 76). Passe e col., estudaram a ingestão de bebidas constituídas

por glicídeos (6,0%) e electrólitos durante o exercício e verificaram que as

bebidas com maior palatabilidade foram preferidas em relação à água, embora a

água fosse a bebida preferida durante actividades sedentárias (77).

Minehan e col., observaram que a manutenção do balanço de líquidos era

melhor e mais fácil quando eram consumidas bebidas com sabor do que quando

era apenas ingerida água simples (78).

A ingestão destas bebidas desportivas tem ainda outras vantagens, permite a

reposição de electrólitos perdidos pelo suor, fornece energia durante o EF,

contém sabor que estimula a ingestão e ajuda a manter o equilíbrio hídrico (54).

3.4 Limitações gastrointestinais à absorção de líquidos

A reposição hidroelectrolítica durante o exercício é influenciada pela taxa de

esvaziamento gástrico e pela taxa de absorção intestinal (79).

3.4.1 Esvaziamento gástrico:

O processo de esvaziamento gástrico e a sua regulação fisiológica têm sido

extensivamente estudados. Os primeiros estudos realizados por Hunt e col., nos

anos 50 e 60, referidos por Maughan e Leiper, concluíram que a velocidade de

esvaziamento gástrico aumenta com o volume de líquido ingerido. Em

contrapartida, a densidade energética, em proporção com o seu conteúdo em

glicídeos, gordura, proteínas e álcool, diminuem o esvaziamento gástrico, tal

como a osmolalidade, mas o efeito da osmolalidade é pequeno quando

comparado com a densidade energética. O pH também poderá prejudicar a

Page 30: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

20

rehidratação, na medida em que marcados desvios da neutralidade, diminuem

a velocidade de esvaziamento gástrico. Exercícios de intensidade superior a 70-

75% VO2 max, reduzem a taxa de esvaziamento gástrico, bem como situações de

acentuado stresse emocional e mental (80).

3.4.2 Absorção intestinal:

A absorção de água, feita fundamentalmente no duodeno e jejuno proximal, é

um processo passivo, orientado pelo gradiente osmótico, e está intimamente

ligada ao transporte activo dos solutos (80).

As características físicas e químicas da bebida afectam a absorção intestinal

de líquidos, onde a presença de glicose e sódio aumentam a absorção intestinal

de água (81). A osmolalidade da bebida tem uma influência significativa na

absorção de líquidos. Soluções de electrólitos e de glicídeos com osmolalidade

levemente hipotónica em relação ao plasma, maximizam a taxa de absorção de

água (80). A osmolalidade é mais influenciada pela quantidade de glícidos do que

de electrólitos (82). A absorção de água é maximizada quando a concentração de

glicose varia de 1 a 3 %, no entanto, a maioria das bebidas desportivas possui

uma quantidade duas a três vezes superior, e não causam sintomas

gastrointestinais adversos (10). A glicose é activamente absorvida no intestino,

aumentando a absorção de sódio e água (82). Estudos realizados por Gonzalez-

Alonso e col., citados por Burke e Deakin comprovaram esta teoria, ao analisar

que uma bebida desportiva contendo 6% de glicídeos e 20 mmol/L de sódio foi

mais efectiva a restaurar os líquidos corporais após desidratação que água

simples (19). No entanto, recentemente, Hill e col., ao analisarem a capacidade de

hidratação de três bebidas desportivas existentes no mercado e da água,

Page 31: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

21

verificaram que a inclusão de glicídeos nas bebidas desportivas, não apresentava

qualquer efeito na absorção intestinal de água (83).

Contudo, é consensual que a inclusão de glicídeos aumenta a capacidade

para o exercício, mantendo altas taxas de oxidação dos glicídeos, prevenindo a

fadiga central e reduzindo a percepção do esforço (82, 83).

3.5 Avaliação do estado de hidratação

A medição da osmolalidade do plasma fornece uma medida precisa do estado

de hidratação corporal, mas não é um método prático para ser utilizado pela

maioria das pessoas. A medição do peso corporal, logo pela manhã após a

primeira micção, em combinação com a medição da concentração da urina, a qual

pode ser feita através da gravidade específica da urina (GEU), osmolalidade ou

cor da urina, deverá permitir sensibilidade suficiente para detectar desvios no

equilíbrio de líquidos (2, 17).

A medição do peso corporal logo pela manhã, depois de urinar, é

relativamente estável e as flutuações diárias são inferiores ou iguais a 1%. Pelo

menos três medições do peso corporal em dias consecutivos devem ser feitas

para estabelecer o valor inicial de referência do peso que traduz a hidratação

normal para os homens activos que consomem alimentos e líquidos sem

restrições, enquanto que para as mulheres são necessárias mais avaliações

diárias do peso corporal para estabelecimento do valor inicial, uma vez que o ciclo

menstrual influencia o nível de água corporal (2).

O uso do peso corporal como método de análise do estado de hidratação

assume que 1 grama de peso corresponde a 1 mL de suor. Para utilizar este

método os atletas são pesados antes e após o exercício, calcula-se a diferença

Page 32: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

22

entre os pesos e corrige-se o valor resultante tendo em consideração as perdas

pela urina e o volume de bebidas ingeridas. Sempre que possível, o peso do

individuo deveria ser calculado sem roupa para excluir o suor retido na roupa (2).

A GEU e a osmolalidade são variáveis quantificáveis. Como indicador do

estado de euhidratação, a GEU deve ser igual ou inferior a 1,020, e a

osmolalidade deve ter valores iguais ou inferiores a 700 mOsmol/kg (2). A cor e o

volume da urina são um método prático para ajudar os atletas, subjectivamente, a

conhecer o seu estado de hidratação. Uma urina escura e um reduzido volume,

são indicativos de um estado de desidratação (2, 17).

Como qualquer método, estas avaliações poderão não dar os valores

correctos, especialmente durante o período de rehidratação. Se a ingestão for só

de água, em grandes volumes, haverá produção abundante de urina muito antes

da euhidratação ter sido restabelecida, a cor da urina será clara e apresentará

valores de GEU e de osmolalidade que reflectem estarem euhidratados quando,

na realidade, a pessoa continua desidratada. Para ultrapassar esta possibilidade

de erro, recomenda-se a análise da amostra da primeira urina da manhã, assim

como de amostras recolhidas várias horas após ter supostamente adquirido o

estado de hidratação (2).

3.6 Cuidados com a Hidratação

Noakes, no seu estudo sobre os perigos da desidratação durante o exercício,

sugere que os atletas devem manter baixos níveis de desidratação, ingerindo

líquidos suficientes, mas não em exagero. Este autor refere que os atletas devem

estar conscientes de que o consumo excessivo de líquidos pode levar a

Page 33: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

23

consequências potencialmente fatais (84). Maughan acrescenta que estas ocorrem,

especialmente se for apenas ingerida água simples, isto é, sem sódio (24).

Apesar da desidratação ser mais comum, os sintomas resultantes do

consumo excessivo de líquidos (hiperhidratação) são mais perigosos (84).

A hiperhidratação apenas com água simples pode levar à diminuição da

osmolalidade (24), à diluição dos níveis de sódio no plasma, aumentando o risco de

hiponatremia (85). A hiponatremia refere-se à situação em que os líquidos

corporais estão diluídos, devido ao excesso de água relativamente ao sódio total

do corpo, não sendo equivalente a défice de sódio corporal, como acontece da

situação de edemas por retenção de líquidos (51). Também aqueles que estão em

menor condição física e que apresentam grandes perdas de sódio através do suor

correm este risco (86, 87).

Noakes observou que baixas concentrações séricas de sódio (inferior a 127

mmol/L) foram responsáveis por alteração das funções cerebrais. Este autor

considerou o excesso de ingestão voluntária como sendo o factor responsável

pela hiponatremia no exercício (86). A hiponatremia caracteriza-se clinicamente por

disfunção neurológica, devida à entrada de água dentro das células cerebrais, em

que o sujeito poderá ficar letárgico, confuso, irritável, paralisado ou comatoso,

assim como podem ocorrer espasmos musculares e convulsões (51). A

hiponatremia severa pode causar edema dos órgãos vitais, cérebro e pulmões (88).

Além disso, a hiponatremia associada ao exercício é cada vez mais comum, e

uma variedade de praticantes de diferentes modalidades têm sido hospitalizados,

com alguns casos fatais (89).

Os sintomas de hiponatremia podem ocorrer quando a concentração de sódio

no plasma cai rapidamente para valores de, aproximadamente, 130 mmol/L ou

Page 34: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

24

inferiores (90). A diminuição da osmolalidade e a diminuição da concentração de

sódio plasmático reduzem o estímulo para a ingestão de líquidos (a sede) e

aumentam o débito urinário que, em conjunto, reduzem o processo de hidratação

(24). Maughan descreve um estudo efectuado em 1988 por Nose e col., os quais

colocaram sujeitos a correr no calor durante 90 a 110 minutos, tendo induzido

uma desidratação média de 2,3% do peso corporal. Após a corrida descansaram

1 hora, começando depois a beber. O volume plasmático demorou 60 minutos a

ficar restabelecido com a ingestão de água simples e cápsulas de um placebo

(sacarose), mas demorou apenas 20 minutos quando as cápsulas continham

cloreto de sódio (solução salina igual a 0.45%). Aquele autor refere ainda que

com as cápsulas de sal, a ingestão voluntária de líquido foi maior e a formação de

urina foi menor (24).

Vrijens e Rehrer investigaram o efeito da ingestão de bebidas sem sódio e as

consequências que estas poderiam ter na concentração de sódio plasmático

quando da realização de corridas longas, efectuadas em condições de calor (91).

Este autor constatou o decréscimo da concentração de sódio no plasma e o

aumento do risco de hiponatremia. Assim sendo, de modo a não comprometer o

RD, é de privilegiar o consumo de bebidas contendo sódio em detrimento da

ingestão de água simples (92).

IV. Recomendações para a Correcta Hidratação no EF

As recomendações mais recentes foram elaboradas pelo ACSM (2), publicadas

em 2007 e apontam para intervenções antes, durante e após o EF, com o

objectivo de manter o atleta o mais hidratado possível.

Page 35: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

25

4.1 Antes do EF

Embora as consequências fisiológicas da desidratação, devido às perdas do

suor que ocorrem durante o EF, tenham sido alvo de muita atenção, tem sido

dado pouco interesse científico aos efeitos de um défice hídrico antes do

exercício. No entanto, ambas as situações são comuns no desporto (4).

Indivíduos que iniciem um EF com um défice hídrico, terão um rendimento

inferior ao que seria de esperar se o iniciassem hidratados (4). A hidratação

adequada antes da prática de EF ajuda a optimizar a resposta fisiológica e

aumenta o rendimento físico (21).

O ACSM considera que a hidratação pré-exercício deverá começar logo a

seguir ao exercício físico acabado de realizar, em que devem ser ingeridas

bebidas suficientes com as refeições (5). Quando os défices causados pela sessão

de EF anterior são muito acentuados, e o tempo que medeia até à realização de

nova intervenção física é curto e insuficiente para a reposição hídrica adequada, é

necessário um programa agressivo de pré-hidratação (2).

A preparação para o EF também começa com a hidratação adequada, a qual

deverá iniciar-se pelo menos 4 horas antes do evento, através da ingestão lenta

de líquidos na quantidade de 5 a 7 mL/kg peso corporal. Se a urina permanecer

escura, ou altamente concentrada, deverá consumir um volume extra de mais 3 a

5 mL/kg peso corporal cerca de 2 horas antes do início do evento (2).

Segundo o ACSM, o líquido a ingerir deverá conter sódio já que aumenta a

palatabilidade e o desejo de beber (68), estimula a sede (93), reduz a produção de

urina, facilitando a retenção de líquidos (86). Assim, recomenda-se a ingestão de

bebidas com 20-50 mmol/L de sódio (2) ou o consumo de refeições com alimentos

ricos em sal e de líquidos simultaneamente (2, 55). Estas recomendações surgem

Page 36: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

26

porque beber um excesso de água antes, é ineficaz a induzir a hiperhidratação. A

água é rapidamente excretada, daí a alternativa passar pela ingestão de soluções

com sódio ou glicerol, o qual é considerado um efectivo agente hidratante (94).

Estas soluções levam à redução na produção de urina e à temporária

retenção de líquidos. No entanto, quando as moléculas de glicerol são removidas,

a osmolalidade do plasma diminui, a produção de urina aumenta e o excesso de

água é eliminado, o que poderá levar a ter que urinar durante a competição (95).

Apesar da controvérsia, na realidade, não existem evidências que a

hiperhidratação induzida pelo glicerol proporcione benefícios fisiológicos ou

melhoria no RD, podendo, inclusivamente, aumentar o risco de hiponatremia (2).

Além disso, a hiperhidratação não proporciona qualquer vantagem

termoregulatória em relação à euhidratação, quando esta é mantida durante o

exercício (2, 96), mas pode, em alguns casos, atrasar o aparecimento da

desidratação, o que pode ser responsável por pequenos benefícios no

desempenho desportivo (2).

Johnson conclui que o comportamento chave para manter o balanço de

líquidos e electrólitos é aquele que alia o consumo simultâneo de água e sódio

(93).

4.2 Durante o EF

Devido à grande variabilidade nas taxas de sudação, concentração de

electrólitos no suor, duração do exercício e oportunidades para beber, o ACSM

nas directrizes de 2007, não dá indicação do volume de líquido a ingerir durante o

exercício físico, referindo que o objectivo da hidratação é evitar a desidratação

excessiva, isto é, perda de peso superior a 2% do peso corporal por défice de

Page 37: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

27

água, assim como, alterações no balanço de electrólitos, para que não haja

comprometimento do RD. Considera que os atletas devem beber periodicamente,

de acordo com as oportunidades que vão surgindo durante o exercício, sobretudo

se é previsível ficarem excessivamente desidratados. Salienta ainda que os

indivíduos deveriam evitar beber mais líquidos do que a quantidade que

necessitam para repor as suas perdas no suor (2).

No entanto, Beltrami e col., referem que a International Marathon Medical

Directors Association (IMMDA) e a USA Track & Field recomendam que os atletas

sigam o seu feed-back fisiológico (sede, náusea, sensação de inchaço, ganho de

peso) como guia individualizado para a ingestão de líquidos, enquanto que a

International Association of Athletic Federations (IAAF) recomenda que os atletas

bebam para além da sensação de sede (71). Almond e col., citados por Machado-

Moreira e col., obervaram que na maratona de Boston de 2002, muitos atletas

beberam quantidades excedentes de líquidos, tendo aumentado o seu peso

corporal ao final do percurso da maratona (72).

Torna-se importante definir ainda a composição da bebida. Apesar da água

simples ser um excelente líquido, a bebida hidratante deverá conter sódio e

potássio, de modo a repor as perdas destes no suor (2, 97). Segundo o ACSM a

concentração de sódio aconselhada é de 20 a 30 mmol/L, enquanto que a

concentração de potássio varia entre 2 a 5 mmol/L (2). O potássio é importante

para alcançar a rehidratação, uma vez que leva à retenção de água no espaço

intracelular (94). O sódio por sua vez, ajuda a estimular a sede (97). Relativamente à

inclusão de outros electrólitos, não existe evidência que suporte essa inclusão (94).

A inclusão de glicídeos na bebida é importante e poderá ser benéfica para

manter o rendimento durante os exercícios de elevada intensidade com duração

Page 38: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

28

igual ou superior a uma hora, tal como nos exercícios de menor intensidade mas

de maior duração (2). Estes, quando ingeridos à taxa de 30 a 60 g/hora mantêm a

glicemia, o rendimento no EF (79, 98) e diminuem a fadiga (79). Murray e col.,

investigaram o efeito dos glicídeos no exercício, tendo constatado que a

concentração de 8% a 10% atrasa o esvaziamento gástrico, reduz a absorção de

líquidos e compromete a função fisiológica, mas as bebidas contendo 6% de

sacarose levam ao aumento do rendimento (99).

O ACSM refere que o aporte adequado de glicídeos, para manter o

rendimento físico, deverá ser ingerido de meio litro a um litro de uma bebida

desportiva, que contenha 6 a 8% (30 a 80 g/hora) de glicídeos (2). Os melhores

valores de glicídeos são alcançados com a mistura de açúcares (glicose,

sacarose, frutose e maltodextrinas) (2, 100), mas a necessidade destes compostos

(glicídeos e electrólitos) irá depender da duração e intensidade do exercício e das

condições de temperatura. Estes componentes podem ser consumidos em géis,

barras ou outros alimentos (2).

Outras medidas adicionais, legais e seguras podem ser usadas durante o

exercício (59). A inclusão de cafeína nas bebidas desportivas poderá ser uma

opção (2, 59). Estudos recentes, mostram que não altera o estado de hidratação

durante o exercício (2, 59, 61) e, além disso, ajuda a manter o RD (58, 59, 101). Walker

mostrou ainda que a ingestão simultânea de cafeína e glicídeos tem uma

fantástica influencia na resposta imunoendocrina em exercícios prolongados (101).

4.3 Após o EF

Quando da prática de exercício físico regular, qualquer défice de líquidos que

tenha ocorrido durante a sessão de exercício, poderá comprometer a sessão de

Page 39: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

29

exercício seguinte se uma adequada reposição de líquidos não ocorrer. Assim, na

recuperação após o EF importa repor qualquer défice de líquidos e electrólitos.

Deverá ser tanto mais precoce quanto mais próxima ocorrer a nova sessão de EF

(2). O consumo de bebidas imediatamente após a realização do EF em ambiente

quente, contribui para repor os líquidos e electrólitos corporais, e deve ser usado

quando o objectivo é a rehidratação rápida (76), para que o atleta possa treinar e

competir bem e com segurança (102) e não comprometer a sessão seguinte (94). O

volume a ingerir depende naturalmente da quantidade de líquido perdido durante

o EF, a qual pode ser estimada pela diferença de peso corporal verificado antes e

após a conclusão da sessão de exercício. Para uma efectiva restauração do

balanço hídrico, o consumo de um volume de líquidos em excesso relativamente

às perdas no suor, e a reposição das perdas de electrólitos, particularmente

sódio, será necessário. Vários estudos mostraram que se o objectivo é uma

rápida recuperação é importante ingerir um volume de líquidos equivalente a

150%, isto para compensar as perdas urinárias obrigatórias que se seguem,

distribuído por várias e pequenas tomas regulares (2, 3, 94, 103, 104). Contudo, este

valor é contestado por alguns autores, pois referem que a ingestão de tal volume,

de água simples ou de bebida desportiva, causará a diluição da concentração de

sódio plasmático e facilitará, a cada vez maior, incidência de hiponatremia

relacionada com o exercício físico (71). Noakes, citado por Beltrami e col., refere a

morte de duas pessoas, devido à hiponatremia, na Maratona de Boston em 2002,

por excesso de ingestão de líquidos, apesar de terem bebido apenas bebidas

desportivas (71).

A composição da bebida a consumir neste período também é importante,

sobretudo se toda a ingestão que ocorre é na forma líquida (94). A água simples

Page 40: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

30

não é a melhor bebida para ser consumida depois do EF com objectivo de repor

as perdas de água e electrólitos, particularmente o sódio (17), isto porque a água

simples diminui a natremia e aumenta o volume sanguíneo e a sua diluição, com

diminuição da sensação de sede e aumento da produção de urina, o que poderá

levar à desidratação (94, 97).

Foi demonstrada a maior eficácia de bebidas com sódio na rehidratação,

quando comparadas com a água simples, pelas razões anteriormente citadas.

Além disso, torna-se importante neste período, em particular, pois repõe as

perdas de sódio (10, 97) e previne a hiponatremia (2, 89, 97). Esta reposição será tanto

mais rápida, quanto maior a concentração de sódio (55). Nas situações onde

ocorra sudação abundante, a adição extra de sal não é prejudicial, desde que o

volume seja reposto e a função renal seja normal (94). Assim, Shirreffs recomenda

uma ingestão de sódio superior à do suor (20-80mmol/L), ligeiramente superior ao

existente na maioria das bebidas desportivas (10-25mmol/L) (94). O consumo de

refeições ricas em electrólitos, às quais se poderá adicionar algum sal,

acompanhadas de hidratação abundante, são eficazes na reposição

hidroelectrolítica após o EF (5, 94). Maughan e col., têm a mesma opinião, após

compararem os efeitos da ingestão de líquidos, com o efeito do consumo

simultâneo de líquidos com uma refeição. Eles concluíram que a reposição de

líquidos no pós-exercício também pode ser conseguida através da ingestão de

uma refeição rica em electrólitos acompanhada da ingestão de água em volume

suficiente. O consumo de sopa tem a vantagem de fornecer líquidos e electrólitos

(76). Ray e col., mostraram ainda que o consumo de refeições ligeiramente

salgadas com água, poderá ser ainda mais eficiente a rehidratar que a ingestão

de bebidas desportivas, água, ou ambas (55).

Page 41: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

31

A normalização do volume plasmático também pode ser feita por via

endovenosa, pela administração dos vários tipos de soro, mas esta via não tem

apresentado vantagens em relação à via oral (2, 94). Contudo, quando haja sessões

de EF no mesmo dia ou desidratação grave, maior que 7% do peso corporal (2) em

que a ingestão de grandes volumes de líquidos podem causar desconforto

gastrointestinal, a via endovenosa pode ser usada simultaneamente com a via

oral (94).

Apesar do ACSM não referir qualquer adição de proteína à bebida,

recentemente, Seifert e col., efectuaram um estudo com o objectivo de averiguar

se a adição de proteína a uma bebida desportiva com açúcar influenciaria a

retenção de líquidos no corpo comparativamente à ingestão de água simples e de

outra bebida apenas com glicídeos. Os autores concluíram que a adição de

proteína causou retenção de líquido 15% superior em relação à bebida com

glicídeos e 40% superior em relação à água (105).

A utilidade do leite como bebida de rehidratação no pós-exercício, tem sido

investigada. O leite magro (0,2% de gordura) é uma bebida adequada para

reverter a desidratação ligeira induzida pelo EF comparativamente à água simples

e a uma bebida desportiva comercial (104). Além disso, a proteína poderá ter um

efeito adicional na síntese proteica e no balanço proteico positivo, importante para

a reparação e aumento da massa muscular. De acordo com Wilkinson e col., o

leite magro induziu maior síntese proteica (106), o mesmo acontecendo após

exercício musculação, sendo adequado para ingeri-lo durante a recuperação (107).

Finalmente, um estudo efectuado em ciclistas demonstrou que o leite

achocolatado pode ser considerado uma boa alternativa à água e à bebida com

glicídeos na recuperação de um esforço físico levado até à exaustão (108).

Page 42: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

32

NOTAS FINAIS

São vários os estudos que descrevem com perícia o impacto negativo da

desidratação nas funções fisiológicas, no rendimento e saúde dos atletas. Estes

estudos demonstram exaustivamente que a prevenção da desidratação pela

ingestão regular de líquidos é uma medida importante para assegurar o bem-estar

físico e mental. Especialmente no estádio de grande desidratação, observam-se

efeitos adversos no rendimento e na saúde do atleta, demonstrados em imagens

televisivas de eventos de longa duração, como é o caso da maratona.

Infelizmente, passaram-se muitos anos sem que fosse reconhecido o valor da

reposição regular de líquidos durante o EF. Durante esse período, muitos foram

aqueles que sofreram as consequências da hipertermia, ou até mesmo morreram

devido à desidratação.

O reconhecimento da necessidade de reposição de líquidos, fez com que

prestigiadas instituições criassem directrizes sobre a hidratação desportiva. O

ACSM publicou as mais recentes, em 2007, as quais resultaram da análise e

reflexão de largas dezenas de publicações científicas, constituindo um documento

de referência impar neste contexto.

A ingestão regular e adequada de líquidos antes, durante e após o EF é

essencial para manter o equilíbrio de água e electrólitos, assim como a

manutenção da temperatura corporal ideal que favoreça o RD. Apesar deste

conceito ser, aparentemente, simples e óbvio, é frequente os atletas iniciarem o

EF na situação de desidratados e, depois, já durante o esforço físico, a ingestão

voluntária de líquidos é inadequada.

A ausência de períodos de pausa para hidratar e a sua utilização para

correcções técnicas ou por razões sociais ou familiares, assim como a

Page 43: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

33

desidratação voluntária justificam certamente a eventual menos boa hidratação

durante os treinos. Por outro lado, a falta da sensação da sede, poderá levar a

que os atletas não ingiram líquidos voluntária e regularmente. Contudo, opiniões

recentes de alguns autores vêm referir que a sede é um bom indicador fisiológico

do estado de hidratação durante o exercício físico, ou seja, é aceitável a ingestão

voluntária como estratégia de reposição de líquidos. No entanto, penso que os

atletas devem ser educados, no sentido de aproveitarem as oportunidades que

vão surgindo durante o exercício para beberem.

A avaliação do peso corporal e a análise sumária da urina (cor e cheiro), são

os métodos mais práticos para avaliar o estado de hidratação e a eficácia da

estratégia hidratante adoptada, sendo muito importantes para o controlo diário do

estado de hidratação. A pesagem deveria ocorrer antes e depois do EF, prática

que é levada a cabo por alguns atletas. A urina pode apresentar três tonalidades:

cor de sumo de maça (estado de desidratação), cor amarelo limão (estado de

euhidratação) e sem cor (estado de hiperhidratação), mas nem sempre é possível

ou conveniente urinar no intervalo do jogo, por exemplo, por causa do eventual

controlo anti-doping no final do jogo. Por outro lado, a análise da urina depois do

jogo poderá não ser fiável, pois os atletas após o esforço físico intenso e

prolongado, ao beberem grandes volumes de água simples provocam aumento

súbito do volume plasmático, que originará forte diurese e, consequentemente,

uma falsa reposição de líquidos. É frequentes os futebolistas apresentarem no

controlo anti-dopagem a urina muito clara, frequentemente com concentrações

urinárias inferiores a 1.010. A pesagem matinal para estabelecer um valor base

que indique o estado de euhidratação, assim como a observação da primeira

Page 44: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

34

urina da manhã e várias horas após ter supostamente adquirido o estado de

euhidratação, são métodos controladores adequados.

A composição da bebida é importante e depende do momento da sua

ingestão. A ingestão de grandes quantidades de água simples poderá ser

prejudicial, pois a não compensação das perdas de sódio pelo suor, pode

conduzir ao estado de hiponatremia e à diminuição da osmolalidade plasmática,

com diminuição da sensação de sede e aumento da produção de urina. Ingerir

apenas água simples será correcto, se as refeições forem adequadas no

fornecimento de electrólitos. Daí ser importante aconselhar o consumo de

refeições ligeiramente salgadas com água, tendo em conta que poderá ser ainda

mais eficiente a rehidratar que a ingestão de bebidas desportivas, água, ou

ambas, e de maior facilidade de aplicação para alguns.

Os glicídeos também podem ser associados, pois a reposição energética

durante e após o EF é necessária. Aproveitando este processo de hidratação

após a realização do EF, existem autores que preconizam a adição de proteína,

pois além de levar a uma maior retenção dos líquidos ingeridos, é importante para

a reparação e aumento da massa muscular. Beber 200 ml de leite achocolatado

após o treino ou jogo é uma boa opção, tendo em conta a dificuldade de alguns

atletas em consumir alimentos sólidos neste período. Além de hidratar, fornece

glicídeos e proteína, fundamentais neste período.

O etanol pelo seu efeito diurético deverá ser evitado como bebida hidratante

após a realização do EF. Aproveitando este efeito, alguns atletas bebem cerveja

aquando do controlo anti-dopagem para promover a diurese.

A cafeína tem a particularidade de aumentar o RD e não aumenta a excreção

urinária, não leva à perda de líquidos em exercícios prolongados, não alterando

Page 45: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

35

assim o estado de hidratação. Deste modo, tem interesse a sua inclusão nas

bebidas desportivas.

A experiência colhida ao longo do período de estágio junto de futebolistas

profissionais, permite-me concluir que os atletas ainda não valorizam

adequadamente o processo hidratante, e não são criteriosos na selecção e nos

momentos de ingestão dos líquidos. A educação neste tema é fundamental, e

passa pela elaboração e distribuição de brochuras e sessões de educação nos

clubes. Quando se trabalha com jogadores de futebol, e eventualmente de outras

modalidades, mais importante que divulgar directrizes, é sobretudo, ter nos

treinos e jogos líquidos disponíveis, com agradável palatabilidade, pois estimulam

a ingestão voluntária.

Finalmente, o mercado fornece uma grande variedade de possibilidades de

hidratação, com composições muito diferentes, pelo que interessa fazer um

estudo analítico exaustivo, no sentido de indicar quais a bebidas mais

equilibradas para a hidratação nos diferentes momentos competitivos e nos

diferentes tipos de exercício.

A observação e estudo de todos estes aspectos suscitaram o meu interesse

pelo tema. O acompanhamento nutricional é crucial para permitir o bom estado

nutricional, assim como uma correcta hidratação dos atletas e, deste modo,

possibilitar a optimização do RD e a preservação da saúde.

Page 46: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Teixeira VH. Nutrição e Performance Desportiva. In: Silva PA, editor. Fadiga e desempenho uma perspectiva multidisciplinar. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana. Divisão das Relações Externas e Edições; 2006. 2. Sawka MN, Burke LM, Eichner ER, Maughan RJ, Montain SJ, Stachenfeld NS. American College of Sports Medicine position stand. Exercise and fluid replacement. Med Sci Sports Exerc. 2007; 39(2):377-90 3. Casa DJ, Armstrong LE, Hillman SK, Montain SJ, Reiff RV, Rich BSE, et al. National Athletic Trainers' Association Position Statement: Fluid Replacement for Athletes. Journal of Athletic Training. 2000; 35(2):212-24 4. Maughan RJ. Impact of mild dehydration on wellness and on exercise performance. Eur J Clin Nutr. 2003; 57 Suppl 2:S19-23 5. Institute of Medicine, Food and Nutrition Board. Dietary Reference Intakes for Water, Sodium, Cholride, Potassium and Sulfate. Washington: National Academy Press; 2004. 6. Shirreffs SM. The importance of good hydration for work and exercise performance. Nutr Rev. 2005; 63(6 Pt 2):14-21 7. Bergeron MF. Nutrition and performance: Do we still need to stress hydration? Curr Sports Med Rep. 2003; 2:181-82 8. Position of the American Dietetic Association, Dietitians of Canada, and the American College of Sports Medicine: Nutrition and athletic performance. J Am Diet Assoc. 2000; 100(12):1543-56 9. Judelson DA, Maresh CM, Anderson JM, Armstrong LE, Casa DJ, Kraemer WJ, et al. Hydration and muscular performance: does fluid balance affect strength, power and high-intensity endurance? Sports Med. 2007; 37(10):907-21 10. Mahan LK, Escott-Stump S. Krause´s food, nutrition and diet therapy 12th ed. Philadelphia W.B. Saunders; 2008. 11. Guyton AC, Hall JE. Textbook of Medical Physiology. 11th ed. Philadelphia: W.B. Saunders; 2006. 12. Sherman WM, Plyley MJ, Sharp RL, Van Handel PJ, McAllister RM, Fink WJ, et al. Muscle glycogen storage and its relationship with water. Int J Sports Med. 1982; 3(1):22-4 13. Nguyen K, Ira K. Quantitative interrelationship between Gibbs-Donnan equilibrium, osmolality of body fluid compartments, and plasma water sodium. 2007; 14. Rehrer NJ. Fluid and electrolyte balance in ultra-endurance sport. Sports Med. 2001; 31(10):701-15 15. Mallie JP, Ait-Djafer Z, Saunders C, Pierrat A, Caira MV, Courroy O, et al. Renal handling of salt and water in humans during exercise with or without hydration. Eur J Appl Physiol. 2002; 86(3):196-202 16. Sanders B, Noakes TD, Dennis SC. Sodium replacement and fluid shifts during prolonged exercise in humans. Eur J Appl Physiol. 2001; 84(5):419-25 17. Murray B. Fluid, Electrolytes and Exercise. In: Dunford M, editor. Sports Nutrition: A Practice Manual for Professionals. 4th ed. Washington, DC: American Dietetic Association 2006. 18. Bernard TE. Environmental Considerations: Heat and Cold In: ACSM's, editor. Resource Manual for Guidelines for Exercise Testing and Prescription. 3rd ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 1998.

Page 47: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

37

19. Burke L, Deakin V, editores. Clinical Sports Nutrition. 3rd ed. Sidney: McGraw-Hill Australia; 2006. 20. Buskirk ER, Iampietro PF, Bass DE. Work performance after dehydration: effects of physical conditioning and heat acclimatization. 1958. Wilderness Environ Med. 2000; 11(3):204-08 21. Dunford M. Sports Nutrition: A Practice Manual for Professionals. 4th ed.; 2006. 22. Armstrong LE, Costill DL, Fink WJ. Influence of diuretic-induced dehydration on competitive running performance. Med Sci Sports Exerc. 1985; 17(4):456-61 23. Cheuvront SN, Montain SJ, Sawka MN. Fluid replacement and performance during the marathon. Sports Med. 2007; 37(4-5):353-7 24. Maughan RJ. Fluid and electrolyte loss and replacement in exercise. In: Harries M, Williams C, Stanish W, Micheli L, editores. Oxford textbook of Sports Medicine New York: Oxford Medical Publications; 1994. 25. Casa DJ, Clarkson PM, Roberts WO. American College of Sports Medicine roundtable on hydration and physical activity: consensus statements. Current sports medicine reports. 2005; 4(3):115-27 26. Cheuvront SN, Carter R, Castellani JW, Sawka MN. Hypohydration impairs endurance exercise performance in temperate but not cold air. J Appl Physiol. 2005; 99(5):1972-6 27. Irving RA, Noakes TD, Burger SC, Myburgh KH, Querido D, van Zyl Smit R. Plasma volume and renal function during and after ultramarathon running. Med Sci Sports Exerc. 1990; 22(5):581-7 28. Wilmore JH, Costill DL. Physiology of Sport and Exercise Champaign, IL: Human Kinetics; 1994. 29. Naghii MR. The significance of water in sport and weight control. Nutr Health. 2000; 14(2):127-32 30. Waller MF, Haymes EM. The effects of heat and exercise on sweat iron loss. Med Sci Sports Exerc. 1996; 28(2):197-203 31. Saunders AG, Dugas JP, Tucker R, Lambert MI, Noakes TD. The effects of different air velocities on heat storage and body temperature in humans cycling in a hot, humid environment. Acta Physiol Scand. 2005; 183(3):241-55 32. McCullough EA, Kenney WL. Thermal insulation and evaporative resistance of football uniforms. Med Sci Sports Exerc. 2003; 35(5):832-7 33. Shirreffs SM, Aragon-Vargas LF, Chamorro M, Maughan RJ, Serratosa L, Zachwieja JJ. The sweating response of elite professional soccer players to training in the heat. Int J Sports Med. 2005; 26(2):90-95 34. Buono MJ, Wall AJ. Effect of hypohydration on core temperature during exercise in temperate and hot environments. Pflugers Arch. 2000; 440(3):476-80 35. Horta L. Nutrição no Desporto. 3rd ed. Lisboa: Caminho; 1996. 36. Moquin A, Mazzeo RS. Effect of mild dehydration on the lactate threshold in women. Med Sci Sports Exerc. 2000; 32(2):396-402 37. Montain SJ, Latzka WA, Sawka MN. Control of thermoregulatory sweating is altered by hydration level and exercise intensity. J Appl Physiol. 1995; 79(5):1434-9 38. Nielsen B, Sjogaard G, Bonde-Petersen F. Cardiovascular, hormonal and body fluid changes during prolonged exercise. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1984; 53(1):63-70

Page 48: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

38

39. Gonzalez-Alonso J. Separate and combined influences of dehydration and hyperthermia on cardiovascular responses to exercise. Int J Sports Med. 1998; 19 Suppl 2:S111-4 40. Kenney WL, Tankersley CG, Newswanger DL, Hyde DE, Puhl SM, Turner NL. Age and hypohydration independently influence the peripheral vascular response to heat stress. J Appl Physiol. 1990; 68(5):1902-8 41. Gonzalez-Alonso J, Calbet JAL, Nielsen B. Muscle blood flow is reduced with dehydration during prolonged exercise in humans. J Physiol (Lond). 1998; 513(3):895-905 42. Montain SJ, Coyle EF. Influence of graded dehydration on hyperthermia and cardiovascular drift during exercise. J Appl Physiol. 1992; 73(4):1340-50 43. Hargreaves M, Dillo P, Angus D, Febbraio M. Effect of fluid ingestion on muscle metabolism during prolonged exercise. J Appl Physiol. 1996; 80(1):363-6 44. Astrand P, Rodahl K. Précis de physiologie musculaire. 3rd ed. Paris: Masson; 1994. 45. Brooks G, Fahey T, Baldwin K. Exercise physiology: human bioenergetics and its applications. 4th ed. New York: MacMillan Publishing Company; 2004. 46. Watson G, Judelson DA, Armstrong LE, Yeargin SW, Casa DJ, Maresh CM. Influence of diuretic-induced dehydration on competitive sprint and power performance. Med Sci Sports Exerc. 2005; 37(7):1168-74 47. Nielsen B, Kubica R, Bonnesen A. Physical work capacity after dehydration and hyperthermia. A comparison of the effect of exercise versus passive heating and sauna and diuretic dehydration. Scandinavian Journal of Sports Sciences. 1981; 3(1):2-10 48. Noakes T. Fluid replacement during marathon running. Clin J Sport Med. 2003; 13(5):309-18 49. Dickson JM, Weavers HM, Mitchell N, Winter EM, Wilkinson ID, Van Beek EJR, et al. The effects of dehydration on brain volume - Preliminary results. Int J Sports Med. 2005; 26(6):481-85 50. Carter R, Cheuvront SN, Vernieuw CR, Sawka MN. Hypohydration and prior heat stress exacerbates decreases in cerebral blood flow velocity during standing. J Appl Physiol. 2006; 101(6):1744-50 51. Griggs RC. Approach to the patient with neuromuscular disease. In: Wilson JD, Braunwald E, Isselbacher KJ, Petersdorf RG, Martin JB, Fauci AS, et al., editores. Harrison’s Principles of Internal Medicine. 12th ed. New York: McGraw-Hill, Inc; 1991. 52. Stachenfeld NS, Gleim GW, Zabetakis PM, Nicholas JA. Fluid balance and renal response following dehydrating exercise in well-trained men and women. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1996; 72(5-6):468-77 53. Baker LB, Munce TA, Kenney WL. Sex differences in voluntary fluid intake by older adults during exercise. Med Sci Sports Exerc. 2005; 37(5):789-96 54. Casa DJ, Yeargin SW. Avoiding Dehydration Among Young Athletes. ACSM's Health & Fitness Journal 2005; 9(3):20-23 55. Ray ML, Bryan MW, Ruden TM, Baier SM, Sharp RL, King DS. Effect of sodium in a rehydration beverage when consumed as a fluid or meal. J Appl Physiol. 1998; 85(4):1329-36 56. Pena A, Lino C, Silveira MI. Survey of caffeine levels in retail beverages in Portugal. Food Addit Contam. 2005; 22(2):91-6

Page 49: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

39

57. Instituto do Desporto de Portugal I.P.: IDP; Cop. 2008. [citado em: 2008 Jun]. Substâncias Proibidas. Disponível em: http://www.idesporto.pt/conteudo.aspx?id=35&idMenu=7. 58. Doherty M, Smith PM. Effects of caffeine ingestion on exercise testing: a meta-analysis. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2004; 14(6):626-46 59. Millard-Stafford ML, Cureton KJ, Wingo JE, Trilk J, Warren GL, Buyckx M. Hydration during exercise in warm, humid conditions: effect of a caffeinated sports drink. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2007; 17(2):163-77 60. Del Coso J, Estevez E, Mora-Rodriguez R. Caffeine effects on short-term performance during prolonged exercise in the heat. Med Sci Sports Exerc. 2008; 40(4):744-51 61. Ganio MS, Casa DJ, Armstrong LE, Maresh CM. Evidence-based approach to lingering hydration questions. Clin Sports Med. 2007; 26(1):1-16 62. Shirreffs SM, Maughan RJ. Restoration of fluid balance after exercise-induced dehydration: effects of alcohol consumption. J Appl Physiol. 1997; 83(4):1152-8 63. Maughan RJ. Alcohol and football. J Sports Sci. 2006; 24(7):741-8 64. American College of Sports Medicine position stand on the prevention of thermal injuries during distance running. Med Sci Sports Exerc. 1987; 19(5):529-33 65. Sawka MN, Francesconi RP, Young AJ, Pandolf KB. Influence of hydration level and body fluids on exercise performance in the heat. JAMA. 1984; 252(9):1165-9 66. Below PR, Mora-Rodriguez R, Gonzalez-Alonso J, Coyle EF. Fluid and carbohydrate ingestion independently improve performance during 1 h of intense exercise. Med Sci Sports Exerc. 1995; 27(2):200-10 67. Mack GW. Recovery after exercise in the heat--factors influencing fluid intake. Int J Sports Med. 1998; 19 Suppl 2:S139-41 68. Benardot D. Timing of energy and fluid intake: new conceps for weight control and hydration. ACSM’s Health & Fitness Journal. 2007; 11(4) 69. Convertino VA, Armstrong LE, Coyle EF, Mack GW, Sawka MN, Senay LC, Jr., et al. American College of Sports Medicine position stand. Exercise and fluid replacement. Med Sci Sports Exerc. 1996; 28(1):i-vii 70. Broad EM, Burke LM, Cox GR, Heeley P, Riley M. Body weight changes and voluntary fluid intakes during training and competition sessions in team sports. Int J Sport Nutr. 1996; 6(3):307-20 71. Beltrami F, Hew-Butler T, Noakes T. Drinking policies and exercise-associated hyponatraemia: Is anyone still promoting overdrinking? Br J Sports Med. 2008; 72. Machado-Moreira C, Vimieiro-Gomes A, Silami-Garcia E, Rodrigues L. Exercise fluid replacement: is thirst enough? REv Bras Med Esporte. 2006; 12(6) 73. Walker SM, Casa DJ, Levreault ML, Psathas E, Sparrow SL, Decher NR. Children Participating in Summer Soccer Camps are Chronically Dehydrated. Med Sci Sports Exerc. 2004; 36(5):180-81 74. Passe DH, Horn M, Murray R. Palatability and voluntary intake of sports beverages, diluted fruit juice, and water during exercise. Med Sci Sports Exerc. 1999; 31:322 75. Lee JKW, Shirreffs SM. The influence of drink temperature on thermoregulatory responses during prolonged exercise in a moderate environment. J Sports Sci. 2007; 25(9):975-85

Page 50: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

40

76. Maughan RJ, Leiper JB, Shirreffs SM. Restoration of fluid balance after exercise-induced dehydration: effects of food and fluid intake. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1996; 73(3-4):317-25 77. Passe DH, Horn M, Murray R. Impact of beverage acceptability on fluid intake during exercise. Appetite. 2000; 35(3):219-29 78. Minehan MR, Riley MD, Burke LM. Effect of flavor and awareness of kilojoule content of drinks on preference and fluid balance in team sports. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2002; 12(1):81-92 79. Coombes JS, Hamilton KL. The effectiveness of commercially available sports drinks. Sports Med. 2000; 29(3):181-209 80. Maughan RJ, Leiper JB. Limitations to fluid replacement during exercise. Can J Appl Physiol. 1999; 24(2):173-87 81. Murray R. The effects of consuming carbohydrate-electrolyte beverages on gastric emptying and fluid absorption during and following exercise. Sports Med. 1987; 4(5):322-51 82. Byrne C, Lim CL, Chew SA, Ming ET. Water versus carbohydrate-electrolyte fluid replacement during loaded marching under heat stress. Mil Med. 2005; 170(8):715-21 83. Hill RJ, Bluck LJ, Davies PS. The hydration ability of three commercially available sports drinks and water. J Sci Med Sport. 2008; 11(2):116-23 84. Noakes TD. Dehydration during exercise: what are the real dangers? Clin J Sport Med. 1995; 5(2):123-8 85. Chorley J, Cianca J, Divine J. Risk factors for exercise-associated hyponatremia in non-elite marathon runners. Clin J Sport Med. 2007; 17(6):471-7 86. Noakes T. Hyponatremia in distance runners: fluid and sodium balance during exercise. Curr Sports Med Rep. 2002; 1(4):197-207 87. Frizzell RT, Lang GH, Lowance DC, Lathan SR. Hyponatremia and ultramarathon running. JAMA. 1986; 255(6):772-4 88. Ayus JC, Varon J, Arieff AI. Hyponatremia, cerebral edema, and noncardiogenic pulmonary edema in marathon runners. Ann Intern Med. 2000; 132(9):711-4 89. Hew-Butler T, Ayus JC, Kipps C, Maughan RJ, Mettler S, Meeuwisse WH, et al. Statement of the Second International Exercise-Associated Hyponatremia Consensus Development Conference, New Zealand, 2007. Clin J Sport Med. 2008; 18(2):111-21 90. Twerenbold R, Knechtle B, Kakebeeke TH, Eser P, Muller G, von Arx P, et al. Effects of different sodium concentrations in replacement fluids during prolonged exercise in women. Br J Sports Med. 2003; 37(4):300-3; discussion 03 91. Vrijens DM, Rehrer NJ. Sodium-free fluid ingestion decreases plasma sodium during exercise in the heat. J Appl Physiol. 1999; 86(6):1847-51 92. Roberts WO. Hyponatremia in marathon runners. Clin J Sport Med. 2006; 16(5):450-1 93. Johnson AK. The sensory psychobiology of thirst and salt appetite. Med Sci Sports Exerc. 2007; 39(8):1388-400 94. Shirreffs SM, Armstrong LE, Cheuvront SN. Fluid and electrolyte needs for preparation and recovery from training and competition. J Sports Sci. 2004; 22(1):57-63 95. O'Brien C, Freund BJ, Young AJ, Sawka MN. Glycerol hyperhydration: physiological responses during cold-air exposure. J Appl Physiol. 2005; 99(2):515-21

Page 51: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

41

96. Sawka MN, Montain SJ, Latzka WA. Hydration effects on thermoregulation and performance in the heat. Comp Biochem Physiol A Mol Integr Physiol. 2001; 128(4):679-90 97. Noakes TD. Sports drinks: prevention of "voluntary dehydration" and development of exercise-associated hyponatremia. Med Sci Sports Exerc. 2006; 38(1):193; author reply 94 98. Coyle EF. Fluid and fuel intake during exercise. J Sports Sci. 2004; 22(1):39-55 99. Murray R, Seifert JG, Eddy DE, Paul GL, Halaby GA. Carbohydrate feeding and exercise: effect of beverage carbohydrate content. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1989; 59(1-2):152-8 100. Saris WHM, Goodpaster BH, Jeukendrup AE, Brouns F, Halliday D, Wagenmakers AJM. Exogenous carbohydrate oxidation from different carbohydrate sources during exercise. J Appl Physiol. 1993; 75(5):2168-72 101. Walker GJ, Finlay O, Griffiths H, Sylvester J, Williams M, Bishop NC. Immunoendocrine response to cycling following ingestion of caffeine and carbohydrate. Med Sci Sports Exerc. 2007; 39(9):1554-60 102. Bergeron MF. Nutrition and performance: do we still need to stress hydration? Curr Sports Med Rep. 2003; 2(4):181-2 103. Shirreffs SM, Maughan RJ. Volume repletion after exercise-induced volume depletion in humans: replacement of water and sodium losses. Am J Physiol. 1998; 274(5 Pt 2):F868-75 104. Shirreffs SM, Watson P, Maughan RJ. Milk as an effective post-exercise rehydration drink. Br J Nutr. 2007; 98:173-80 105. Seifert J, Harmon J, DeClercq P. Protein added to a sports drink improves fluid retention. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2006; 16(4):420-9 106. Wilkinson SB, Tarnopolsky MA, Macdonald MJ, Macdonald JR, Armstrong D, Phillips SM. Consumption of fluid skim milk promotes greater muscle protein accretion after resistance exercise than does consumption of an isonitrogenous and isoenergetic soy-protein beverage. Am J Clin Nutr. 2007; 85(4):1031-40 107. Elliot TA, Cree MG, Sanford AP, Wolfe RR, Tipton KD. Milk ingestion stimulates net muscle protein synthesis following resistance exercise. Med Sci Sports Exerc. 2006; 38(4):667-74 108. Karp JR, Johnston JD, Tecklenburg S, Mickleborough TD, Fly AD, Stager JM. Chocolate milk as a post-exercise recovery aid. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2006; 16(1):78-91

Page 52: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

42

ÍNDICE DE ANEXOS

AAnneexxoo 11:: EEqquuiillííbbrriioo hhííddrriiccoo.....................................................................................a1

AAnneexxoo 22:: CCoonncceennttrraaççããoo ddooss pprriinncciippaaiiss eelleeccttrróólliittooss nnoo ssuuoorr ...................................a2

AAnneexxoo 33:: OObbsseerrvvaaççõõeess ddaass ttaaxxaass ddee ssuuddaaççããoo,, iinnggeessttããoo vvoolluunnttáárriiaa ddee fflluuiiddooss ee

nníívveeiiss ddee ddeessiiddrraattaaççããoo eemm vváárriiooss ddeessppoorrttooss..........................................................a3

AAnneexxoo 44:: CCoonnsseeqquuêênncciiaass mmééddiiccaass ddeeccoorrrreenntteess ddaa hhiippeerrtteerrmmiiaa.............................a4

Page 53: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

a1

AAnneexxoo 11

Anexo 1: EEqquuiillííbbrriioo hhííddrriiccoo

Page 54: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

a2

AAnneexxoo 22

Anexo 2: CCoonncceennttrraaççããoo ddooss pprriinncciippaaiiss eelleeccttrróólliittooss nnoo ssuuoorr

Page 55: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

a3

AAnneexxoo 33

AnexOObbsseerrvvaaççõõeess ddaass ttaaxxaass ddee ssuuddaaççããoo,, iinnggeessttããoo vvoolluunnttáárriiaa

ddee fflluuiiddooss ee nníívveeiiss ddee ddeessiiddrraattaaççããoo eemm vváárriiooss ddeessppoorrttooss

Page 56: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

a4

AAnneexxoo 44

Anexo 4: CCoonnsseeqquuêênncciiaass mmééddiiccaass ddeeccoorrrreenntteess ddaa hhiippeerrtteerrmmiiaa

Page 57: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

Qu

adro

1:

Eq

uilí

bri

o h

ídri

co. (

Ada

ptad

o: In

stitu

te o

f Med

icin

e, F

ood

and

Nut

ritio

n B

oard

. Die

tary

Ref

eren

ce In

take

s fo

r W

ater

, Pot

assi

um, S

odiu

m, C

hlor

ide,

an

d S

ulfa

te.

Was

hing

ton:

Nat

iona

l Aca

dem

y P

ress

; 200

4.)

Ing

estã

o

Águ

a si

mpl

es, á

gua

pres

ente

nas

beb

idas

e á

gua

com

o pa

rte

dos

alim

ento

s G

anh

o d

e

águ

a

corp

ora

l M

etab

olis

mo

A

pro

duçã

o de

águ

a m

etab

ólic

a é

prop

orci

onal

à e

nerg

ia g

asta

na

oxid

ação

de

hidr

atos

de

carb

ono,

gor

dura

e p

rote

ína

Gas

tro

inte

stin

al

Hab

itual

men

te p

eque

na, a

men

os q

ue h

aja

diar

reia

e v

ómito

s ab

unda

ntes

Exc

reçã

o r

enal

A fo

rmaç

ão d

a ur

ina,

reg

uláv

el p

ela

acçã

o da

hor

mon

a an

ti-di

urét

ica,

é d

eter

min

ada

pelo

flux

o sa

nguí

neo

rena

l . A

pro

duçã

o di

ária

é ce

rca

de 1

a 2

L/d

ia, m

as p

ode

atin

gir

20L/

dia,

qua

ndo

são

cons

umid

as g

rand

es q

uant

idad

es d

e flu

idos

. Dur

ante

o e

xerc

ício

em

ambi

ente

que

nte

sob

stre

sse

térm

ico,

o fl

uxo

sang

uíne

o re

nal e

a fi

ltraç

ão g

lom

erul

ar s

ão m

arca

dam

ente

red

uzid

os, r

esul

tand

o no

decr

ésci

mo

acen

tuad

o da

exc

reçã

o ur

inár

ia

Res

pir

ação

A q

ua

ntid

ad

e d

e á

gu

a p

erd

ida

pe

la r

esp

ira

ção

é d

epe

nd

en

te d

o v

olu

me

ve

ntil

ató

rio

e d

o g

rad

ien

te d

e p

ress

ão

do

vap

or

de

ág

ua

, se

nd

o e

ste

mo

difi

cad

o p

ela

tem

per

atu

ra a

mb

ien

te,

hum

ida

de

e p

ress

ão

ba

rom

étr

ica.

O v

olum

e v

entil

atór

io é

aum

enta

do p

elo

EF

, hi

poxi

a e

hipe

rcáp

nia. A

s pe

rdas

diá

rias

de

água

pel

a re

spir

ação

pod

erão

se

r de

250

a 3

50 m

l/dia

par

a

pess

oas

sed

entá

rias

, m

as p

oder

ão a

umen

tar

para

500

a 6

00 m

l/dia

par

a p

esso

as a

ctiv

as, e

nq

ua

nto

qu

e a

res

pir

açã

o d

e a

r

qu

en

te e

sec

o d

ura

nte

a a

ctiv

ida

de

fís

ica

po

de

rá a

ume

nta

r a

s p

erd

as d

e á

gu

a p

ela

re

spir

açã

o ce

rca

de

12

0 a

30

0 m

L/d

ia

Per

da

de

águ

a

corp

ora

l

Su

daç

ão

Est

e pr

oces

so a

ssum

e-se

com

o o

prin

cipa

l mec

anis

mo

de r

egul

ação

da

tem

pera

tura

cor

pora

l e a

per

da d

e ág

ua p

or e

sta

via

enco

ntra

-se

fort

emen

te c

ondi

cion

ada

por

vário

s fa

ctor

es. A

s pe

rdas

pel

o su

or d

e um

adu

lto,e

m c

ondi

ções

nor

mai

s, s

ão d

e

apro

xim

adam

ente

450

ml/d

ia. N

o en

tant

o, e

m c

limas

que

ntes

, pod

erão

aum

enta

r pa

ra v

ário

s lit

ros

Page 58: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

Quadro 2: Concentração dos principais electrólitos no suor.

(Adaptado: Sawka MN, Burke LM, Eichner ER, Maughan RJ, Montain SJ,

Stachenfeld NS. American College of Sports Medicine position stand. Exercise

and fluid replacement. Med Sci Sports Exerc. 2007; 39(2):377-90)

Electrólito Média Variação

Sódio 35 mmol/L 10-70 mmol/L

Potássio 5 mmol/L 3-15 mmol/L

Cálcio 1 mmol/L 0,3-2 mmol/L

Magnésio 0,8 mmol/L 0,2-1,5 mmol/L

Cloro 30 mmol/L 5-60 mmol/L

Page 59: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

Tax

a d

e su

daç

ão

Ing

estã

o v

olu

ntá

ria

de

líqu

ido

s

Des

idra

taçã

o (

% P

C)

(L

/h )

(L/h

) (=

var

iaçã

o n

o P

C)

Des

po

rto

C

ircu

nst

ânci

a M

édia

V

aria

ção

M

édia

V

aria

ção

M

édia

V

aria

ção

T

rein

o (m

ascu

lino)

0.

29

[0.2

3-0.

35]

0.14

[0

.09-

0.20

] 0.

26

[0.1

9-0.

34]

lo a

qu

átic

o

Com

petiç

ão (

mas

culin

o)

0.79

[0

.69-

0.88

] 0.

38

[0.3

0-0.

47]

0.35

[0

.23-

0.46

] T

rein

o no

Ver

ão (

fem

inin

o)

0.72

[0

.45-

0.99

] 0.

44

[0.2

5-0.

63]

0.7

[+0.

3-1.

7]

Net

bal

l C

ompe

tição

no

Ver

ão (

fem

inin

o)

0.98

[0

.45-

1.49

] 0.

52

[0.3

3-0.

71]

0.9

[0.1

-1.9

] N

ataç

ão

Tre

ino

(mas

culin

o e

fem

inin

o)

0.37

0.38

0 (+

1.0-

1.4

kg)

Tre

ino

no V

erão

(m

ascu

lino)

1.

98

(0.9

9-2.

92)

0.96

(0

.41-

1.49

) 1.

7 (0

.5-3

.2)

Rem

o

Tre

ino

no V

erão

(fe

min

ino)

1.

39

(0.7

4-2.

34)

0.78

(0

.29-

1.39

) 1.

2 (0

-1.8

) T

rein

o no

Ver

ão (

mas

culin

o)

1.37

[0

.9-1

.84]

0.

80

[0.3

5-1.

25]

1.0

[0-2

.0]

Bas

qu

eteb

ol

Com

petiç

ão n

o V

erão

(m

ascu

lino)

1.

6 [1

.23-

1.97

] 1.

08

[0.4

6-1.

70]

0.9

[0.2

-1.6

] T

rein

o no

Ver

ão (

mas

culin

o)

1.46

[0

.99-

1.93

] 0.

65

(0.1

6-1.

15)

1.59

[0

.4-2

.8]

Fu

teb

ol

T

rein

o no

Inve

rno

(mas

culin

o)

1.13

(0

.71-

1.77

) 0.

28

(0.0

3-0.

63)

1.62

[0

.87-

2.55

] F

ute

bo

l Am

eric

ano

T

rein

o no

Ver

ão (

mas

culin

o)

2.14

[1

.1-3

.18]

1.

42

[0.5

7-2.

54]

1.7

kg (

1.5%

) [0

.1-3

.5 k

g]

Com

petiç

ão n

o V

erão

(m

ascu

lino)

1.

6 [0

.62-

2.58

] ~

1.1

1.

3 [+

0.3-

2.9]

C

ompe

tição

no

Ver

ão (

fem

inin

o)

[0

.56-

1.34

] ~

0.9

0.

7 [+

0.9-

2.3]

2.

60

[1.7

9-3.

41]

1.6

[0.8

0-2.

40]

Tén

is

Com

petiç

ão n

o V

erão

(h

omen

s pr

open

sos

a cã

ibra

s)

S

qu

ash

C

ompe

tição

(m

ascu

lino)

2.

37

[1.4

9-3.

25]

0.98

1.28

kg

[0.1

-2.4

kg]

M

eia

Mar

ato

na

Com

petiç

ão In

vern

o (m

ascu

lino)

1.

49

[0.7

5-2.

23]

0.15

[0

.03-

0.27

] 2.

42

[1.3

0-3.

6]

Co

rta-

mat

o

Tre

ino

no v

erão

(m

ascu

lino)

1.

77

[0.9

9-2.

55]

0.57

[0

-1.3

] ~

1.8

C

lima

tem

pera

do

(m

ascu

lino

e fe

min

ino)

Pro

va d

e na

taçã

o

1

kg

(+0.

5-2.

0 kg

) P

rova

de

cicl

ism

o 0.

81

(0.4

7-1.

08)

0.89

(0

.60-

1.31

) +

0.5

kg

(+3.

0-1.

0 kg

) P

rova

de

corr

ida

1.02

(0

.4-1

.8)

0.63

(0

.24-

1.13

) 2

kg

(+1.

5-3.

5 kg

)

Tri

atlo

iro

nm

an

Tot

al d

a pr

ova

0.71

(0

.42-

0.97

) 3.

5%

(+2.

5-6.

1 %

) +

= G

anho

Pes

o C

orpo

ral (

PC

); ^

não

cor

rigid

o pa

ra v

aria

ções

de

PC

que

oco

rrem

em

pro

vas

long

as d

evid

o a

outr

os fa

ctor

es q

ue n

ão a

per

da d

e flu

idos

(ex

. per

das

pelo

met

abol

ism

o en

ergé

tico)

Qu

adro

3:

Ob

serv

açõ

es d

as t

axas

de

sud

ação

, in

ges

tão

vo

lun

tári

a d

e líq

uid

os

e n

ívei

s d

e d

esid

rata

ção

em

vár

ios

des

po

rto

s. V

alor

es s

ão a

m

édia

mai

s o

inte

rval

o de

var

iaçã

o ou

95%

do

inte

rval

o de

ref

erên

cia

(Ada

ptad

o: S

awka

MN

, B

urke

LM

, E

ichn

er E

R,

Mau

ghan

RJ,

Mon

tain

SJ,

S

tach

enfe

ld N

S. A

mer

ican

Col

lege

of S

port

s M

edic

ine

posi

tion

stan

d. E

xerc

ise

and

fluid

rep

lace

men

t. M

ed S

ci S

port

s E

xerc

. 200

7; 3

9(2)

:377

-90)

Page 60: Hidratação no Exercício Físico - repositorio-aberto.up.pt · Hidratação no Exercício Físico Hydration in Physical Exercise Autora: Andreia Filipa Cardoso Santos Orientação:

Alt

eraç

ão

Cãi

bra

s: o

corr

em a

pós

exer

cíci

o pr

olon

gado

, com

suda

ção

abun

dant

e, e

atin

gem

prin

cipa

lmen

te o

s m

úscu

los

da

pern

a e

os m

úscu

los

abdo

min

ais

Sín

cop

e p

elo

cal

or:

pod

e re

sulta

r

da d

esid

rata

ção

ou d

a

acum

ulaç

ão d

e sa

ngue

nos

mem

bros

infe

riore

s, a

pós

a

perm

anên

cia

dem

orad

a ao

sol

e

em p

é

Exa

ust

ão p

elo

cal

or:

oco

rre

no

suje

ito n

ão a

clim

atiz

ado

e qu

e

não

resp

eite

as

regr

as d

a

hidr

ataç

ão

Ch

oq

ue

térm

ico

: em

ergê

ncia

méd

ica,

agr

avad

a pe

la in

gest

ão

de á

lcoo

l e d

roga

s

Sin

ais

cont

racç

ões

mus

cula

res

dolo

rosa

s, s

obre

tudo

no

abdó

men

e p

erna

s

desm

aios

lige

iros

ou p

ré-d

esm

aio,

tem

pera

tura

nor

mal

taqu

icar

dia,

sud

ação

abu

ndan

te,

hipo

tens

ão a

rter

ial,

mar

cha

inse

gura

, fac

e pá

lida,

col

apso

e

tem

pera

tura

cor

pora

l nor

mal

ou

ligei

ram

ente

ele

vada

face

ver

mel

ha, e

ufor

ia,

deso

rient

ação

, com

port

amen

to

errá

tico,

col

apso

, inc

onsc

ient

e,

conv

ulsõ

es, f

asci

cula

ções

,

tem

pera

tura

cor

pora

l > 4

0ºC

Sin

tom

as

dor

mui

to in

tens

a no

s m

úscu

los

esqu

elét

icos

visã

o tu

rva

(tom

cin

zent

o),

sens

ação

de

desm

aio

fadi

ga, f

raqu

eza,

vis

ão tu

rva,

cefa

leia

s, d

esor

ient

ação

arre

pios

, agi

taçã

o,

Pri

mei

ra

Inte

rven

ção

repo

usar

em

am

bien

te fr

esco

,

inge

rir s

al, m

assa

gem

com

gel

o,

alon

gam

ento

s es

tátic

os

deita

r em

am

bien

te fr

esco

,

bebe

r ág

ua

deita

r em

am

bien

te fr

esco

,

bebe

r ág

ua, d

esap

erta

r a

roup

a

arre

feci

men

to im

edia

to e

agre

ssiv

o

Qu

adro

4: C

on

seq

uên

cias

méd

icas

dec

orr

ente

s d

a h

iper

term

ia. (

Ada

ptad

o: B

erna

rd T

E. E

nviro

nmen

tal C

onsi

dera

tions

: Hea

t and

Col

d In

: AC

SM

's,

edito

r. R

esou

rce

Man

ual f

or G

uide

lines

for

Exe

rcis

e T

estin

g an

d P

resc

riptio

n. 3

rd e

d. B

altim

ore:

Will

iam

s &

Wilk

ins;

199

8.)