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Nada menos que a maior baterista do Brasil em entrevista exclusiva para a Hi Hat Girls Magazine! Fevereiro de 2015

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Hey, drummers!

Chegamos a mais uma edição da Hi Hat Girls Magazine, repleta de matérias incríveis e com a honra de ter entre nossas páginas nada

mais nada menos do que a referência principal para todas as bateristas brasileiras: a virtuosa, sempre solícita e gentil Vera Figueiredo!

Trouxemos também entrevistas e resenhas de workshop de nomes como Nina Pará, Nathália Reinehr entre outras bateristas que a cada dia inspiram mais e mais mulheres a assumirem suas baquetas.

Esta, como todas as outras edições, foi feita com todo o carinho do mundo, e só foi possível graças ao trabalho voluntário e apaixonado de bateristas brasileiras, para bateristas brasileiras.

Impossível não agradecer ao querido JP Carvalho pela colaboração e apoio de sempre. Muito obrigada, querido!

Desejamos uma boa leitura a todos! E que fl ua inspiração das páginas!

Julie SousaEditora-chefe

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Nascida na cidade de São Paulo, Gabi Silvestri, 33 anos, cresceu em um ambiente musical, pois seu

pai sempre foi um grande apreciador de vinis, com isso sua familiarização com a música foi imediata e espontânea.

Seu interesse em aprender a tocar instrumentos sur-giu ainda nos tempos de escola, e então no início de 1994, o pai da Gabi que já não aguentava mais a filha implorando por uma bateria pensando em sossegar a fera, colocou-a numa escola de música para aprender bateria com Christiano Rocha, alegando que era apenas “fogo de palha” e que “essa mania de bateria” ia passar logo. O que ele não sabia era que Gabi levaria jeito para a coisa, pois se dava muito bem com as baquetas. No fim do mesmo ano ele não teve saída, comprou uma bateria para Gabi de presente de Natal. Daí pra frente, ela não parou mais. Logo tratou de arranjar uma banda pra tocar, pois queria mesmo era fazer música. Sua primeira banda se chamava Zelda e era formada apenas por meninas do colégio.

Em 2003, formou-se em Licenciatura Plena em Edu-cação Artística com habilitação em música pela UNESP. Em seguida fez Pós-graduação em Educação Musical pela Faculdade Cantareira.

No mesmo ano Gabi participou do filme nacional de Guilherme de Almeida Prado “Onde anda-rá Dulce Vei-ga?”, onde fez o papel da baterista da banda “Vaginas Dentatas”, liderada por Márcia Felácio (Carolina Die-ckmann). O elenco contava com Maitê Proença, Nuno Leal Maia, Oscar Magrini, Julia Lemmertz, Cristiane Torloni, Eriberto Leão, Cacá Rosset entre outros.

Em 2008, passou a integrar a banda Os poderosos, uma banda fixa do programa “Quem pode mais” apre-sentado pela Daniela Cicarelli, na Tv Band.

Gabi passou por muitas bandas de Rock durante sua trajetória como baterista, sendo elas Zel-da, Kwasar, Rasteira na Cobra R&B, Hypnochicks, Valentine, Exxó-tica, Lyrex entre outras.

Atualmente integra as bandas Calendas e West Ro-cky. Ambas as bandas acabam de gravar material novo para ser lançado em breve.

Com seu conhecimento musical, em 2013 passou a lecionar aulas de bateria e voz na renomeada escola School Of Rock em Moema, zona sul de Sampa.

Conversamos um pouco com a Gabi para saber deta-lhes de sua carreira como

Baterista, conhecer melhor seus trabalhos e trajetória na Música, vamos conferir?

HHGM- Quando e como surgiu a vontade de to-car bateria? Conte para nós os seus primeiros passos na música e acesso ao seu primeiro instrumento.

Gabi Silvestri - Bem eu me lembro de que quando estava na 3ª série eu realmente me voltei bastante pra essa coisa de bandas e instrumentos musicais. Sempre

escutei coisa boa dentro de casa. Meu pai, de vez em quando colocava os vinis dele de música erudita na sala de casa e deixava rolando enquanto lia o jornal. Lembro--me até hoje a capa de um dos que mais rolavam lá em casa, do Tchaicovsky. Paralelamente a isso a minha irmã mais velha sempre escutou música boa bem alto dentro de casa. Lembro-me de escutar Jethro Tull com a minha irmã e ficar fazendo Air Drums.

Na 5ª série eu comprei meu primeiro CD, do Guns’n’Roses. Comecei a comprar um monte de VHS de shows e comecei a ficar maluca pra tocar bateria. Pedia todo dia pro meu pai uma bateria e queria entrar numa aula de bateria. Isso foi em 1992, mas foi só em Fevereiro de 1994 que meus pais me colocaram numa escola de música do bairro. Lá fui eu toda tímida, e me apresentaram o professor de bateria, nada mais nada menos que Christiano Ro-cha, que viria a se tornar referência nacional/mun-dial anos depois. Enfim eu não tinha bateria, mas fazia aula e estudava lá dentro da escola mesmo. No fim do ano de 1994 meu pai viu que não tinha saí-da, entrou numa loja e comprou uma bateria JUGGS Starmaker branca usada. Também comprou um kit de pratos chamado Cambers. A vendedora era a Pat Carr, lendária baterista da banda feminina Ozone. E foi assim que meu pai, sem saber, inaugurou essa nova fase da minha vida que dura até hoje.

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HHGM - No começo de sua carreira, o que ou quem lhe serviu de inspiração/motivação para in-gressar no mundo musical?

Gabi Silvestri - O ambiente familiar sempre foi de muito bom gosto e sensibilidade artística, e isso, em parte, me influenciou. Mas não foi só isso, é claro. Essa Beatlemania que me aconteceu me fez muito curiosa em relação ao universo musical. Foi isso que me apro-ximou da música. Eu ouvia Beatles com um caráter investigativo, tirando cada backing vocal, decorando todas as letras, tirando de ouvido no violão e fazendo airdrums! Então posso dizer que foram os Beatles que fizeram essa divisão de águas. Mas quem me fez deci-dir de vez que eu queria bateria foi, na época, o Steve Adler batera do Guns’n’Roses. Fora que eu me tornei uma devota do meu professor de bateria, Christiano Rocha. Quando ele começava a tocar, eu via aquela técnica toda como algo inalcançável. Ter ele como pro-fessor foi muito bom pra mim.

HHGM - A ideia de estudar e se profissionalizar surgiram desde o início ou foi algo que foi acontecen-do naturalmente com o tempo?

Gabi Silvestri- Acho que foi desde o começo, pois logo percebi que aquilo tudo de tocar bateria e montar uma ban-da tinha uma força imensa sobre as minhas decisões.

Eu comecei a ir mal na escola, porque passava o dia escutando Iron Maiden, conversando com a melhor ami-ga sobre música, vendo vídeos de shows, etc.

Deu pra notar logo no começo que eu tinha um inte-resse acima da média não só por tocar o instrumento em si, mas também por leitura e escrita musical, percepção, teoria, harmonia, história da música e etc.

HHGM - Em que ano você começou a ministrar aulas? Em sua opinião qual é a influencia e trans-formação que a musica traz na criação acadêmica e pessoal de uma criança ou jovem?

Gabi Silvestri- Lecionar bateria eu comecei em 2005. Música dentro de colégio começou em 2001. As duas coisas eu faço até hoje. Não dou aula só para crian-

ças e adolescentes. Tenho alunos adultos também, e é in-teressante observar como o estudo de instrumento tem um impacto totalmente diferente na pessoa, dependendo do momento de vida de cada uma delas. Uma aula de instru-mento bem dada e observando todas as particularidades

inerentes à idade e momentos de vida, sempre vai deixar marcas e sensações boas. Antes de querer ensinar qualquer coisa é preciso OBSERVAR a pessoa. Afinal ele não é só um cliente, um aluno, um usuário. Ele é uma pessoa que antes de entrar na sua sala de batera pode ter passado por um dia medonho.

O ensino da música e o treino do “ouvir” durante toda a idade escolar, ordena os pensamentos da pessoa, agu-ça a sensibilidade não só limitada às questões artísticas, mas essa sensibilidade se estende para as relações inter-pessoais. Gera pessoas mais capazes de olharem pra si e reajustarem as rotas de suas vidas, isto é, proporciona autoconhecimento. Harmoniza as energias e eleva os pensamentos, traz equilíbrio e saúde.

HHGM - Conhecemos bem o poder da mulher em fazer mil coisas ao mesmo tempo, conciliar, trabalho, família, estudos, projetos muitas vezes não é uma ta-refa muito fácil, para você como é conciliar a Gabi mãe, professora, baterista?

Gabi Silvestri- Putz não é nada fácil, viu! Todos os dias bem cedinho da manhã levo meu filho para a escola, que não é do lado de casa! Na maioria das manhãs eu tenho alunos na School of Rock. No meio do dia, sou a responsável por buscar meu filho na escola, levá-lo à casa da minha mãe e almoçar com ele. Na parte da tarde e eventualmente à noite volto ao trabalho. Meu traba-lho hoje em dia consiste em aulas particulares de bateria e fazer direção musical de ensaios na School of Rock, aulas de musicalização infantil (em grupo, dentro do co-légio), shows e ensaios com as minhas bandas. E depois de tudo isso que faço, chego em casa e tem um serzinho de 4 anos na maior pilha, querendo a minha atenção. Altamente cansativo!

HHGM- Qual foi o momento mais marcante na sua carreira como Baterista?

Gabi Silvestri - Olha... Apenas um momento mar-

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cante eu não consigo eleger. Alguns episódios foram muito significativos para

mim. Participar de um longa metragem brasileiro (“Onde andará Dulce Veiga”), em 2005, fazendo o papel de ba-terista, ao lado de grandes nomes da dramaturgia muito marcante. Me ver na telona foi um tanto emocionante. A época que fiz TV, em 2008, sendo baterista da banda fixa do programa da Daniela Cicarelli, na Band também foi um grande passo, apesar de ter durado pouco. Algo que me marcou também foi ter tocado fora do país, em 2012 no Peru, com a banda West Rocky.

E muito recentemente, em 2013, me tornar professora de bateria da School of Rock foi uma conquista e tanto!

HHGM - O que você anda lendo, ou ouvindo em relação a musica?

Gabi Silvestri- No momento, estou revisitando gran-des bandas. Estou ouvindo Queen tudo de novo. Ouvin-do muito! Assistindo a shows. Tenho revisitado Depeche Mode, INXS e também muita coisa do Rock Nacional, compreendido entre as décadas de 70 e 80.

Por puro gosto. Nada diretamente ligado ao instrumento.HHGM - O que você ainda não fez que gostaria

muito de fazer? Gabi Silvestri- Eu penso em formar uma dupla. Sim

uma dupla de bateristas. Gostaria de fazer essa dupla

com alguém exatamente como eu: que tivesse como ins-trumento principal a bateria, mas que também cantasse e arranhasse consideravelmente outros instrumentos. Simplesmente para fazer experimentos musicais, com-posições loucas, filmar toda essa doidera e postar no youtube hahahaha!! Eu estou rindo, mas é sério. Quero muito fazer isso!

HHGM- Você possui uma rotina de estudos? Con-te para nós como faz para aperfeiçoar suas técnicas, e o que você busca de novo para aplicar em suas aulas?

Gabi Silvestri- Bem... Eu poderia agora mandar uma bela de uma mentira deslavada, dizendo que tenho uma rotina inabalável de estudos diários. Não, eu não tenho mais como estudar todo santo dia, sossegada, com co-meço meio e fim. Hoje eu estudo sim, mas não todos os dias. Estudo quando dá, quando finalmente tenho um tempo para cuidar disso. E não tenho crise com isso. Não tenho uma rotina definida para isso. Eu nunca mais con-segui ter uma rotina decente de estudos depois que pas-sei a ter uma casa pra cuidar e um filho pra criar. Muda tudo, Tudo. Pra mim, quem diz que não muda nada ates-ta que é péssima mãe. Acontece de tudo. Imprevistos de toda ordem. Filho que se machuca ou adoece, bem naquela semana cheia e enlouquecedora. Faxineira que falta, justamente quando você vai receber pessoas em casa no dia seguinte.

Não é possível ter uma rotina previsível quando se escolhe ser uma mãe presente.

E no meio desse tiroteio todo, preciso estar sempre atualizada na área de educação musical, para que as au-las sejam sempre interessantes e eficientes. Faço cursos para me reciclar, fiz a Pós Graduação em educação mu-sical há dois anos e fico atenta às novas discussões na área. Não trabalho apenas com uma metodologia, tanto nas aulas de instrumento quanto na musicalização. Nin-guém nunca deveria se fixar em apenas uma linha de pensamento para educar alguém. Seria como olhar um quadro apenas de um ângulo.

HHGM - Qual foi a sua maior dificuldade quando optou pela Bateria? O que fez para superar isso?

Gabi Silvestri- Ah eu nunca encarei uma graaande dificuldade. Na verdade a minha

família não aceitou muito bem, pois o meu pai queria mesmo é me ver tocando violino

numa orquestra. Eu até entendo o meu pai. Ele me idealizou de outra maneira, mais calma, mais meiga, sem as tatuagens e sem toda essa impetuosidade.

Me imaginou em ambientes lindos, perfumados e que fecham as portas às 22:30h. E não nos Pubs da vida. Fora isso, não tenho do que reclamar. Sério mesmo.

No geral eu fui vítima de coisas normais, como Curiosidade. As pessoas têm curiosidade em ver como se sai uma mulher tocando bateria. Houve uma época

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que era raríssimo ver isso. Lógico que já ouvi “nossa, essa eu quero ver, quero ver se essa mina toca mesmo”. Resumindo muito, eu sempre procurei fazer bem o que me propus a fazer e pronto.

E isso tem funcionado nos últimos 20 anos.

HHGM - Quais outras experiências musicais, cul-turais e afins te agregou muito como baterista?

Gabi- Silvestri- Poxa muito boa essa pergunta! Aconteceram várias coisas que foram verdadeiros

aprendizados na minha vida musical. O fato de não ter ficado só no universo do Rock me

fez crescer bastante, apesar do rock’n’roll ser líder abso-luto na minha formação.

Uma coisa que me mudou demais para melhor foi o fato de ter sido vocalista, por muitos anos, da Banda Performática, liderada pelo artista multimídia Aguilar.

Ingressei na Performática em 2001 e, cada ensaio, cada show era uma avalanche de aprendizado.Um pre-sente mesmo!

já tinha uma vivência de mais de 10 anos na área da dan-ça, onde nunca atuei profissionalmente, mas sempre fui uma curiosa incansável. Tudo isso bem misturado resul-tou no que sou. E ainda estou mudando. Constantemen-te. Não confio e não acredito em gente que não muda.

HHGM - Gabi, conte para nós quais são seus pro-jetos futuros, planos, trabalhos e etc.

Gabi Silvestri- Um projeto que é mais do que urgen-te pra mim é produzir vídeos meus, to cando bateria e cantando. Isso é um material que me falta. As pessoas que gostam do meu trabalho às vezes me cobram. Eu digo: “quer me ver tocar? Vem pro show! Vem ver ao vivo”. Mas mesmo assim, estou começando a me con-vencer de que preciso produzir esse material. E ainda esse ano, o Calendas está prestes a gravar um novo EP e a West Rocky um DVD ao vivo. Então, tenho muito trabalho pela frente nos próximos meses.

HHGM - Qual o recado, dica, conselho que você daria para as garotas que querem ingressar ou já in-gressaram no mundo baterístico?

Gabi Silvestri - Aconselho que saiam tocando, tratem logo de formarem uma banda e vão pros palcos. Só to-cando bastante ao vivo e nos deparando com imprevistos de toda espécie é que crescemos como artistas. E olha meninas! Bem no comecinho, aceitem tocar em qualquer ocasião: colégio, churrasco do avô, festinha da prima pen-telha etc. Estar tocando pra outras pessoas é sempre um

Com a Banda Performática eu pude atuar no meio profissional pela primeira vez. Profissional no sentido de ser sério, com músicos que estavam na estrada há mui-tos anos, recebendo ao lado deles tratamento adequado e cachês decentes.

Outro episódio significativo foi quando ingressei na banda de Country “West Rocky” em 2011, atuando mais uma vez no ambiente profissional de verdade. Através da West Rocky, entrei em contato com um estilo total-mente diferente, que me exigiu técnicas específicas de bateria, que me colocou em contato com um repertório totalmente novo, com um público totalmente novo. Foi um salto qualitativo na minha vida musical e estou com eles até hoje.

Outra coisa que valorizou a minha carreira e meu currí-culo foi essa participação no cinema nacional e na Tv Band.

A faculdade mesmo foi algo que me marcou demais e me acrescentou muito. Meu olhar mudou. Pra tudo! Lá tive aulas de teatro, artes plásticas e música. E mais im-portante: tí-nhamos acaloradas discussões sobre muitos assuntos ligados ao “fazer arte”. Paralelamente a isso, eu

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aprendizado único e um enorme crescimento.Digo a elas que estudem bastante, e que não se li-

mitem ao estudo puramente rítmico, mas também es-tendam os seus estudos à sensibilização harmônica e melódica. Aconselho que treinem para que adquiram um ouvido apurado e que procurem saber ler partitura de toda ordem, não apenas rítmica. Isso torna o músico mais completo e respeitado.

Baterista é músico sim e precisamos impor esse res-peito, meninas!

HHGM - Em nome da Equipe Hi Hat Girls agra-deço a gentileza em nos ceder essa en-trevista, conte conosco sempre que precisar, ok?! Esse espaço é nos-so, feito de baterista para baterista! Para finalizar, gostaria que você fizesse suas considerações finais,

agradecimentos, deixasse seus contatos, e afins. Gabi Silvestri - Nossa, meninas! Eu que agradeço,

né? Muito bom participar desse espaço super bacana de divulgação dos trabalhos das bateristas! A Hi Hat Girls Magazine veio preencher uma lacuna que existia no uni-verso das mídias sobre bateria. Pois é a primeira do país absolutamente focada nas mulheres bateristas, valori-zando nosso trabalho e sendo uma vitrine importante.Gostaria de agradecer também à Power Click, marca que me apoia nessa vida louca dos palcos.

Para conhecer melhor o meu trabalho é só acessar os sites.: www.saopaulomoema.schoolofrock.com www.calendas.com.brwww.westrocky.com.brGrande abraço à toda equipe e KEEP ON ROCKIN’

girls!!

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A maior baterista brasileira, que dispensa apresentações, conta umpouco sobre sua carreira, o Concurso Batuka! Brasil entre outros

assuntos nesta entrevista exclusiva à Hi Hat Girls Magazine! Por Lary Durante

Publicações nacionais e internacionais destacam a força da música de Vera Figueiredo: “Vera Fi-gueiredo - que levou o som das florestas tropi-

cais brasileiras para os clubes de concerto do mundo – fez uma apresentação com abordagem e frases que deixaram a todos boquiabertos”, escreveu T. Bruce Wi-ttet para a revista Modern Drummer americana, sobre o Montreal Drum Fest (Canadá), no qual a baterista se apresentou. Também a revista inglesa Rhythm fez menção à força da sua música, e em ocasião de uma turnê da baterista pelo Reino Unido, declarou Vera Fi-gueiredoThe Queen of Samba, a Rainha do Samba.

Dedicada a divulgar a música brasileira, tanto no Brasil quanto em terras estrangeiras, Vera Figueiredo já passou pela Escócia, Irlanda do Norte, Inglaterra, País de Gales, México, Chile, Itália, Espanha, Portu-gal, Argentina e Estados Unidos, entre outros países, ministrando workshops, aulas, e apresentando shows e performances.

Vem se apresentando em importantes eventos di-recionados à música da bateria, entre eles Percfest Memorial Naco eDrum Ladies Fest (Itália), The Ul-timate Drummers Weekend (Austrália), Mendoza International Drum Fest (Argentina),PercuSonidos Festival Internacional de Percusiones (México), AGP

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Drum Event (Luxemburgo), Days of Percussion(Sué-cia), Drum Fest - Primer Festival Internacional de Bate-ría y Percusíon (Chile), Cape Breton International Drum Fest(Canadá), Kosa International Drum Event (EUA) e PASIC – Percusive Arts Society Convention (EUA). No Brasil, apresentou-se nos festivais PAS Brazil Chap-ter (Campinas/SP), Salão da Bateria (capital/SP), I En-contro Percussivo REC-PEC (Recife/PE) e Batuka! Bra-sil International Drum Fest (capital/SP)

Em 2011, tocou na Alemanha na Musikmesse Frank-furt, no Dresdner Drum Festival e apresentou um workshop na escola Drumtrainer / PAC – Percussion Art Center (Berlim), ao lado do percussionista Dudu Tucci. Apresentou-se no La Rioja Drumming Festival, na Espanha, junto com Tommy Aldridge, Ray Luzier, Aquiles Priester, entre outros. Tocou em Portugal, jun-to ao baterista Carlos Sobral, e vem ministrando mas-terclasses e workshops por diversas cidades brasileiras, como Ribeirão Preto, Ipatinga, Salto, João Pessoa, São Paulo e Rio de Janeiro.

Como integrante da Orquestra da Avon, acompanhou diversos artistas, entre eles Diana King, Zélia Duncan, Nana Caymmi, Daniela Mercury, Milton Nascimento, Rita Lee, Leila Pinheiro e Margareth Menezes.

Vera Cruz Island, seu terceiro disco, marca um mo-mento de maturidade de Vera como instrumentista e compositora: “Vera Cruz Island é uma espécie de ál-

bum de fotografias da alma de Vera: intenso, com belas imagens e cheio de paixão pela sua arte” – Régis Tadeu (revista Batera & Percussão/ Brasil). “Sua música é po-derosa e repleta de tradição” – Ken Micallef (Modern Drummer magazine – EUA). Baseado neste disco foi lançado, pela editora americana Hudson Music, o play--along, em inglês, Vera Cruz Island – Brazilian Rhy-thms for Drumset, escrito por ela em conjunto com o professor Daniel Oliveira, que conta com distribuição mundial. Seus discos anteriores são: From Brasil (Ca-merati/1995) e Vera Figueiredo & Convidados (Bara-tos Afins/1990).

Vera lançou, em DVD, as aulas Ritmos Afro-Brasi-leiros & Influência Afro-Cubana e Os 40 Rudimentos, ambas pela Aprenda Música. Participou do DVD em co-memoração ao 11° aniversário do The Ultimate Drum-mers Weekend, que também conta com Thomas Lang, John Blackwell Jr., Jimmy DeGrasso, Andrew Gander, Gustavo Meli, entre outros grandes nomes da bateria.

Em 1990, fundou o IBVF - Instituto de Bateria Vera Figueiredo, conceituado centro de estudo da música da bateria, localizado na cidade de São Paulo. O IBVF também é responsável pela realização de eventos, en-tre eles um festival significativo para o cenário musi-cal, o Batuka! Brasil International Drum Fest, do qual já foram realizadas 13 edições, as três últimas (2009, 2010 e 2011) no Auditório Ibirapuera, importante redu-to cultural, situado na capital de São Paulo. A 14ª edi-ção aconteceu em junho de 2013 no Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina.

Vera Figueiredo foi capa e entrevistada da edição #143 da revista Batera & Percussão, assim como da edi-ção #106 da Modern Drummer Brasil, ao lado de Damien Schmitt, Dom Famularo e Robby Ameen, com matéria sobre o Batuka! Brasil International Drum Fest 2011. Em 2012, foi capa e entrevistada da edição #119 da re-vista Modern Drummer Brasil. Também participou do clipe da banda NX4, gravou com o Kroma, um quarte-to instrumental de guitarras formado, entre outros, por Heraldo Paarmann (Ex - Ultraje a Rigor), participou do evento Girls on Drums, em Curitiba (PR) e da tour Sa-bian, em Vila Velha/ES e São Paulo, capital.

Em 2013, apresentou-se na 14ª edição do Batuka! Brasil, no Memorial da América Latina, em São Paulo, com os músicos convidados Chico Oliveira (trompete), Marcos Romera (piano) e Gê Cortes (baixo acústico).

Paralela a sua carreira na música instrumental, apre-sentando-se com a sua própria banda, Vera Figueiredo integra a banda Altas Horas (Globo), do programa ho-mônimo, apresentado por Sergio Groisman.

Contribui regularmente com a revista Modern Drummer Brasil e, atualmente, está trabalhando nas composições para o seu novo disco, o Brasileira.

Vera Figueiredo é patrocinada pelas marcas Ma-pex Drums, Sabian Cymbals, Vic Firth Drumsticks, Evans Drumheads, Audix Microphones e Gope Bra-zilian Percussion

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HHGM -Vamos começar falando um pouco sobre a sua carreira?Vera Figueiredo - Então eu toco desde os meus 08 anos de idade, mas com 02 anos eu já tive contato com as panelas, com os baldes essas coisas assim. Sempre fui interessada pelo ritmo e tal. Vou resumir: estudei piano clássico, me formei, uso o piano para o trabalho, para compor,escrever enfim, e dai fui tendo uma trajetória de vida como musicista, mas eu estudava na escola como qualquer criança, adolescente. E mais ou menos quando eu tinha 14, 15 anos eu sentia muita falta de tocar, quan-do chegava as férias e todo mundo viajava, os amigos que a gente se reunia e tocava, as amigas e tal, então eu pensava assim.. “Puxa vida, eu fico aqui, fico super afim agulhada pra tocar, e cheguei a conclusão que esse pessoal não esta na mesma vibração que eu!” Então eu decidi que eu gostaria mesmo seguir essa carreira. Eu comecei a fazer bailes, festas, casamentos, tudo que vocês podem imaginar dentro da musica, sempre estudando. Sempre estudando piano, me formei, fui estudar percussão na UNESP, não me formei, mas che-guei a ingressar na Orquestra Juvenil do Estado de São Paulo, prestei um concurso, passei em primeiro lugar, eu era a primeira cadeira da percussão, era a timpanista da orquestra , ai eu tocava na noite de SP também de Segunda a Sábado, em um tempo que existia isso, você tocava no mesmo lugar, ainda tem isso dai, eu tenho

uns amigos que tem um restaurante que eu sempre vou que é da família Mancini, o Walter Mancini, eles tem La um esquema de revezamento com 20 músicos, que me remete muito a esse tempo em que eu trabalhava, trabalhava e estudava (risos), estranho né, então de vez em quando eu vou lá dar uma canjinha e tal, matar a saudade.E ai eu fui indo, fui indo, tocando com muitos artistas também, e resumindo cheguei aqui, hoje traba-lho também na tv globo, tenho um instituto de bateria, lancei um play along pela editora americana Hudson Music, a mais ou menos dois anos, estou gravando um disco novo que vem muito que a gente deseja, o que a gente ama fazer.

HHGM -Você citou o seu trabalho na tv Rede Globo, como que rolou a oportunidade de você en-trar para o programa Altas Horas em 2001. Teve um saldo positivo?Vera Figueiredo - Faz 14 anos, esse ano é o meu 14º ano de Altas Horas. Lá aconteceu assim: ligaram no ins-tituto de bateria para procurar baterista e tal, e ai eu falei “ Bom, então eu vou, eu vou lá” e me disseram: “Nossa a gente não estava nem pensando que você gostaria de ir!” Eu falei – “ Não, eu quero ir, quero ver, como é que é,e se eu não for depois vê se o que faz” então eu fui eu fiz um teste, uma entrevista, um teste de vídeo, coisas musical, assim já com uma pré banda ali, que foi ideia do Serginho Groisman apresentador do programa de montar uma banda só de mulheres, então eu estou realmente desde o comecinho, a Gê Cortes que é mi-nha amiga tocou contrabaixo comigo na ultima edição do Batuka!Brasil.

HHGM – Além de todas as suas atividades profis-sionais na música, você ainda organiza o Festival de Bateria Batuka! Brasil. Vamos falar agora um pouco sobre a última edição do evento? Vera Figueiredo - Claro! Então, eu acho que o que aconteceu na última edição foi super interessante, e eu acho sinceramente que a mulher tem outra maneira de expor a música também, tem um outro jeito e tal, e eu fiquei muito contente com o resultado do Batuka, ape-sar de poucas terem feito a inscrição, mas eu acho que a Ju que foi a vencedora – Ju Souc, de Campo Grande - acho que ela arrasou, foi demais, tocou muito bonito, muito musical, e achei interessante porque eu escolhi aquela música do meu álbum para elas tocarem, e a Ju me telefonou, e falou : “Olha eu tenho uma dúvida e tal” e eu atendo todo mundo, não foi só ela,todo mundo que tem dúvidas sobre qualquer tema que é relacionado ao concurso eu atendo. Então eu falei “Pode falar”, e ela falou: “Olha, eu tenho que tocar igualzinho como está lá?” eu disse que não, absolutamente, que ela teria que seguir o ritmo básico da música, e fica a vontade pra você tocar. Então esse papo nosso eu acho que rendeu uma interpretação da música muito legal, eu quando es-cutei fiquei super feliz, eu falei: “Putz, que bacana!”

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Acho que o Batuka é isso aí, sabe, e mesmo a músi-ca de confronto, que foi uma idéia que surgiu na minha cabeça, (eu falei: “Puxa, tem que ter alguma coisa para diferenciar mais ainda um do outro.” Também a música dos rapazes do Nino Pernambuquinho da Spok Frevo que é super difícil pra tocar, e cada um expôs a música de uma maneira própria, então realmente faz a diferença essa música de confronto e eu fiquei super feliz com o resultado. Acredito que a gente está só no esquenta com esse concurso feminino!

HHGM- Então quais são as expectativas para as próximas edições? Que mais meninas se inscrevam, e procurem participar mais?Vera Figueiredo - Eu acho que sim, porque eu acho que vai ter essa repercussão, vocês estão me dando essa oportunidade de poder falar sobre isso, então eu acho que vai ajudar muito isso, e vai encorajar as outras que pensam: “Eu vou!”. Eu estive em João Pessoa por exem-plo e tinha uma baterista lá que falou: “Olha esse ano Eu vou, eu vou !” Aí eu fiquei esperando, esperando e ela não veio . Eu falei aqui: “Cadê o material dela? ela não mandou!” A gente fica esperando, mas tudo bem , eu acho que valeu muito. Para mim valeu muito.

HHGM - E no Instituto de Bateria, há muitas garotas que procuram ter aulas lá?Vera Figueiredo - É sempre uma minoria. Mas eu acho

que hoje tem muito mais mulheres tocando, eu tenho a Bruna Barone que da aula lá também, a Fabiana Fonse-ca que é outra baterista bacana. A Bruna fez o musical Cabaré com a Claudia Raia, ficou dois anos em cartaz, eu acho muito bacana porque teve essa temporada de São Paulo, e quando o foi para o Rio, geralmente esses musicais eles substituem todos os músicos por músicos locais, por conta de despesas, e coisas desse tipo, pra baratear na verdade o custo todo, e a Claudia falou : “ Não, a Bruna vai comigo!” e então a baterista foi, ela fez questão, porque todo o trabalho que ela teve de mon-tar o espetáculo, escrever as partes, usar a percussão, quer dizer foi um trabalhão para outra pessoal realmente pegar o bonde andando ia ser complicado, esse é um exemplo de capacidade, de habilidade eu achei muito bacana. E a Fabiana Fonseca também é. No 13º Batuka, eu convidei as duas para se apresentar e fazer um duo, e foi bem bacana.

HHGM - Alguma vez na sua carreira você pensou em desistir? Vera Figueiredo - Eu acho que tem essa coisa por exem-plo de vida, que depende muito de onde você nasceu, da sua família, qual é essa história sua, a historia de cada um, como é isso, o que muitas vezes nós que temos alunos, sa-bemos o que nosso aluno, o nosso estudante quer, e que os pais querem também, então as vezes em casa os pais, eles não vão ter esse apoio, os pais estão preocupados que ele

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se formem em alguma outra coisa que vai dar uma base solida e tal. Então eu não acho hoje em dia um emprego numa empresa que você vai trabalha, que você tem uma estabilidade e tal, mas tem um tempo isso também, então eu acho que hoje em dia está todo mundo aí matando esse leão, acho que toda profissão tem seus prós e contras, a nossa é essa. Acho que o importante é quando você tem uma época gorda, você poupar, você guardar, você tem que administrar seu carreira, sua vida, isso dai é uma coi-sa assim super importante pra cada musico.

HHGM - Vera, quais foram suas principais influên-cias? Houve uma parceria, que foi marcante, ines-quecível?Vera Figueiredo - Ah, tenho várias! Com o Dave We-ckl foi uma emoção, Dennis Chambers, VirgilDonati, Mike Stern, de estar gravando com eles, de ser assim realmente um momento de muita emoção, muito baca-na, e mesmo assim de ver alguém tocando muito é pra mim a gente sempre está aprendendo, todo o dia a gente esta aprendendo alguma coisa nova.

HHGM - E como é representar o Brasil internacio-nalmente?Vera Figueiredo – Ah, eu não acho que é tanto assim. Mas eu acho que é muito legal, é muito prazeroso, é uma barra pesada ao mesmo tempo, não é fácil. Desde a primeira tour internacional que eu fiz, ficou

aquela coisa: “Nossa sou eu mesma? Sou eu que vou?”Foi uma coisa assim, eu me concentrei, eu aprendi a me concentrar no meu camarim, ou no meu aparta-mento, no quarto do hotel, a me concentrar no trabalho e focar naquilo que eu vou fazer,e a música brasileira, os ritmos brasileiros são muito contagiantes, o pessoal curte demais, então acho que não me lembro de lugares que eu tenha passado que não tenha sido bacana, talvez uns mui-to mais do que outros, mas é sempre muito bem recebido.

HHGM - Qual o recado que você daria para as ga-rotas que estão iniciando, ou as que já tocam e gos-tariam de se profissionalizar?Vera Figueiredo - O recado é geral independente de sexo, é acreditar! Se você tem essa veia dentro de você, correndo seu sangue , acho que não existe nada que te impeça de ir nesse caminho. Tem obstáculos? Sempre vão existir obstáculos, de repente de você fica desani-mado, mas são coisas que a gente tem que ir superando, realmente você tem que matar um leão por dia, como se diz. Então é bem isso dai, eu acho que é muito impor-tante a gente acreditar em nos mesmo e ir mesmo, não ter medo, sabe encarar .

HHGM - Vera, queria mais uma vez agradecer pela entrevista, e parabéns pelo seu lindo trabalho!Vera Figueiredo - As portas da Hi Hat Girls Magazine estarão sempre abertas a você!

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* Angell MeloHi Girls! É com um

enorme prazer que compar-tilho com vocês um pouco da trajetória de uma guer-reira chamada Karen Aglaé Casseb Guimarães (o nome é grande assim como seu coração para com a música) de Belém do Pará. Graças a um amigo em comum, Alberto Ramos, tive o privilégio de acom-panhar um pouco do traba-lho dessa profissional sim-pática que por onde passa contagia com sua alegria. Segue um bate papo rápido que tive com ela e espero que assim como eu, vocês possam se inspirar. Beijos e Baquetadas!!!

HHGM -Quando e como foi que aconteceu o seu primeiro contato com a música e qual é a sua formação musical?

Karen - Meu contato com a música foi desde a minha infância, na mi-nha família meu pai e ir-mãos são músicos, apren-di olhando um de meus irmãos tocarem e o que me agradava era a bate-ria, só de olhar aprendi. Tinha 14 anos, era muito tímida e esperava a banda de meus irmãos sai e de-pois eu entrava no estúdio e tocava sozinha e em um dos dias, eles retornaram e me pegaram tocando e me incentivaram a ter a minha própria banda, foi muito legal, após tudo isso senti vontade de ter um bom professor que me educasse na técnica e teoria musical, hoje tenho curso básico e técnico de Bateria no Conservatório Carlos Gomes de Belém e percussão tendo formação

do Erudito e popular com professores nacionais e in-ternacionais.

HHGM -Você men-cionou que foi a primeira endorser na sua região e através de muito traba-lho veio essa conquista?! Conte mais sobre isso.

Karen - Através do meio de trabalho na or-ganização de eventos, workshops, organizando festivais de musicas, sho-ws, ministrando aulas e assim por diante. Amo a música e o que faço. Mú-sica é o meu ar e sem ela eu esmoreço, por isso sou muito feliz por essas con-quistas que nunca desisti e a através de muito esforço penso sempre em avançar. Após ser convidada por um amigo também bate-rista, ao primeiro evento de bateria em Belém, cha-

mado “Batuque”, fui apre-sentada no meio do evento a todos na hora de pergun-tas e respostas, onde eu era apenas plateia, e ao fazer as perguntas, não imagina-va quantos patrocinadores e marcas se encontravam no local, também como sempre ousada no término do evento, disse que ti-nham cinco meninas para o “Batuque” edição femi-nina, agradeci a todos e fui embora. Com dois dias depois em minha casa, re-cebi o convite do endor-ser, onde fiquei muito fe-liz por ser uma excelente marca que conheço desde o princípio de minha vida musical, é uma de minhas alegrias.

HHGM -Vi que você foi timpanista em uma Orquestra Sinfônica e agora está trabalhando

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com bateria. Qual foi sua primeira paixão, percus-são ou bateria?

Karen - Bateria foi mi-nha primeira paixão, po-rém a percussão abrangeu a minha visão melódica, rítmica e harmônica.

HHGM - - O seu in-teresse dentro do campo harmônico possibilita hoje um conhecimento maior para usar nos tim-bres da bateria. Como foi essa transição?

Karen - De acordo com o conhecimento adquirido tive a possibilidade de afi-nações e timbres exatos ao gênero musical que me for pedido.

HHGM -Achei muito interessante a aborda-gem que você fez com um menino que é seu aluno. De como é impor-tante se dedicar aos estu-dos e equilibrar isso com o dia-a-dia. Como surgiu esse interesse em dar au-las e a preocupação que você tem na orientação didática?

Karen - A capacidade do ser humano de desen-volver habilidades é im-pressionante. Dia a pós dia, surge algo novo para espantar e fazer crer que o limite do impossível é mais longe. Para desenvol-ver o potencial de alguém basta uma oportunidade. Uma das várias portas que abrem o caminho para esse

desenvolvimento é a mú-sica. Através desta é pos-sível à transformação de pensamentos, formação de caráter e opinião, grandes descobertas e compreen-são da história construída até hoje. Além de propor-cionar crescimento pes-

soal e mudança de vida, projetos sociais envolven-do música são evidencias claras desse fato maravi-lhoso. A música é um ins-trumento que transforma vidas e gera disciplina, na sala de aula, no palco e em casa até a formação de um cidadão respeitável; tudo é importante. A música assim como todas as áreas culturais, é essencial para construção de uma socie-dade bem estruturada em conjunto com outros pila-res.

HHGM -Com base nesse poder contido na música, transmitido a quem queira, muitos são os que puderam viver e prestigiar a transforma-ção de um sonho em rea-

lidade. Atualmente você está em algum projeto musical?

Karen - Sim, Inte-gro o grupo de percussão Fundação Carlos Gomes, quarteto técnico (FCG), grupo de choro “O Choro da Rosa”, integro na or-questra sinfônica Altino Pimenta (OSAP, UFPA), convidada especial na or-questra preparatória de cordas. A mais de seis anos participo da organização e apresentação na Festa do Ritmo (CCG), partici-po a sete anos do festival internacional de música do Pará. Também já atuei como convidada especial na orquestra Sinfônica do Teatro da Paz (OSTP) e como percussionista no XI festival de Ópera do Teatro da Paz, na interpre-tação das óperas Salomé, Granada, Carmem, Bolero de Ravel e Cavalleria Rus-ticana. Participei da grava-ção do DVD do concerto de encerramento da Ópera Salomé, tendo gravação de Cd com músicos da região Comunidade Cató-lica. Também fundei pro-jetos de música como “Or-questra de Berimbau” com 150 mulheres em Belém, projetos com mulheres ba-teristas e percussionistas de Belém entre outros.

HHGM -Em nome da Hi Hat Girls, gosta-ria de agradecer pela sua disposição em nos responder. E para fina-lizar, qual recado você gostaria de deixar para as meninas que estão co-meçando agora e as que já estão na estrada da batera?

Karen - Por mais difí-cil e árduo que se pareça o caminho da música, não tenham medo, e sim cora-gem e garra para vencer qualquer batalha, com de-dicação e amor se vai ao longe.

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Brasileira, natural da capital de São Paulo, Nina iniciou seu con-tato com a música aos 15 anos, quando começou a tocar guitarra. Ela chegou a fazer aulas com Márcio Okayama. Aos 18 anos, depois de assistir um show do Mike Stern Trio, com Dennis Chambers na bateria, Nina decidiu começar a tocar o instrumento. Desde então passou a estudar, tendo aulas com Jorge Aniello, Ronald Turnbull e mais tarde com Douglas Las Casas e Aquiles Priester. Atualmente estuda com Christiano Rocha e Dom Famularo.

Suas influências sempre rondaram o rock, em especial o heavy metal e o rock progressivo, mas é claro que a música brasileira tam-bém faz parte de sua vida. A baterista iniciou sua carreira tocando em bandas cover de rock nacional, hard rock e heavy metal pelos bares da cidade de São Paulo. Logo foi chamada também para tocar como freelancer. Seu primeiro trabalho foi na banda Barra da Saia, no ano de 2002. Nina tocou em casas de shows e rodeios de várias cidades de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rondônia, Pa-raná, etc.

Tocou em algumas bandas de metal, com destaque para o Illus-tria e Kavla. Gravou o segundo cd do Kavla, Surreal, lançado pela Encore Records em setembro de 2008. Com o Illustria lançou um EP, Demons of War (2009).

A baterista tocou no Lacme de 2006 a 2010, lançou 3 trabalhos, o Reverse e o Reverse Naked (2008), e em 2009 lançaram o EP de

Mantras e Repetições de Rock. O clipe da música Hello Hello foi veiculado no programa Zero Km, do canal Multishow de TV.

Nina também foi baterista freelancer do cantor e compositor Landau, de julho de 2009 a junho de 2011. Nesse trabalho Nina tocou em muitas cidades do interior de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

Atualmente a baterista toca com as seguintes bandas:

CRATS , trio de som instrumental composto por Tatiana Pará, irmã de Nina, e Cláudio Morgado, baixista. O grupo lançou seu primeiro EP em 2011 e o lançamento do cd completo aconteceu em 2013.

Em dezembro de 2010 a baterista entrou na banda RONALDO E OS IMPEDIDOS, que faz rock nacional autoral e conta com o ex-goleiro do Corinthians, o cantor Ronaldo Giovanelli.

Na banda KRIPTONITA a baterista atua como freelancer, reali-zando shows em vários bares e eventos corporativos em São Paulo e interior do Estado.

Nina também realiza workshops. Em São Paulo foram 3, em 2006 e 2007, na loja Seventy Music, em 2010 abriu o evento Girls on Drums 1, em 2011 tocou no Encontro de Bateras, em 2012 no

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Resenha Workshop

Nina Pará

Pearl Day(SP) e no Girls On Drums 3. Em Curitiba foram 3 tam-bém, em 2007, 2010, e 2011. Os dois primeiros a convite do bate-rista Joel Jr, e o último na loja ZeroDb, junto com o percussionista Eduardo Cubano. Participou por 2 vezes do Projeto Alma de Batera, que ensina bateria para pessoas especiais.

Nina dá aulas particulares de bateria e é colunista da Revista Modern Drummer Brasil desde janeiro de 2013. A baterista é patro-cinada pela Pearl, peles Dudu Portes Luen, e pela loja virtual Batera Clube. Tem parceria com o fabricante de bags AleBags.

Discografia: Lacme - Reverse - 2008Lacme - Reverse Naked - 2008Kavla - Surreal - 2008Lacme - Mantras e Repetições de Rock - 2009Illustria - Demons of War - 2009Lucas Bittencourt – 2012

Por Julie SousaHá alguns meses atrás, a ba-

terista Nina Pará esteve na Ci-dade Maravilhosa para mais um super workshop de batera, desta vez com exclusividade para a Escola de Música Diego Scliar, em Copacabana.

Ansiosa para ver a Nina tocando ao vivo, fui uma das primeiras a chegar. Assim, pu-demos bater um papo descon-traído e divertido antes do show. Sempre sorridente e simpática, Nina estava aparentemente re-laxada e contente por estar ali.

Os minutos foram passan-do, e mais gente chegando. Então, Diego Scliar (proprie-tário da escola de música que leva seu nome) anuncia o iní-cio do workshop. Nina fala com os presentes de modo despojado e ao mesmo tempo, dando dicas super importantes desde condicionamento físico até rudimentos.

A baterista ao longo de sua mostra foi executando algumas músicas de seu mais recente trabalho, a Crats, e foi possí-vel perceber todo o talento e virtuosismo da artista, que im-pressionou a todos ali - e prin-cipalmente eu - pela resistên-cia e técnica de manter longos trechos de algumas músicas em pedal duplo, por exemplo (Sou apaixonada por pedal duplo!).

Entre uma música e outra, Nina foi contando um pouco so-bre sua carreira, como começou

Resenha Workshop

Nina Pará

e o que faz hoje, dando oportu-nidade a perguntas do público.

A sensação que eu tive du-rante toda a apresentação da Nina foi a de que para ela, era divertido estar ali, fazendo o que se gosta, o que se empe-nha dia a dia. A meu ver, pro-fissionalismo e descontração, seriedade e talento andaram (e andam) juntos o tempo todo na-quela tarde. E foi muito bom ter estado ali, aprendendo um pou-co mais sobre muitas das possi-bilidades que o instrumento que escolhemos oferece.

Nina, sem demagogia ne-nhuma, você é demais! Espera-mos seu retorno aqui na cidade maravilhosa para breve!

Diego Scliar, obrigada por realizar esse evento e dar es-paço a artistas talentosos e que tem muito a dizer e ensinar.

Setlist:Mississipi’s Mouse - Crats Toro 54 - Crats Peanuts - Crats End of File - Kavla Nothing to Fear - Nina Pará

e Lucas Bittencourt Shiva - Crats

Nina Pará usou:Bateria Pearl Soundcheck,

bumbo de 18, tons 10, 12 e sur-do de 1, pedal duplo power shif-ter eliminator.

Baquetas 5A Vic FirthPeles Dudu Portes by Luen

Local: Escola de Música Diego Scliar Data: 11/11/2013

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* Julie SousaEduarda Henklein, uma pequena baterista de Joinville,

Santa Catarina só tem 4 aninhos e já está dando o que falar!A pequena vem se destacando nas redes sociais e al-

guns programas de TV por fazer drum covers de bandas conhecidas pelo público rock’n roll.

De Pink Floyd a Iron Maiden, Duda vem mostrando que nasceu pra ser batera – e batera de Rock!

Fomos conversar com seu pai, Marcos Maia para sa-bermos mais sobre quando a batera substituiu as bone-cas dessa mini baterista.

HHGM - Primeiramente, muito obrigada por nos conceder esta entrevista. É muito bom saber de ta-

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lentos como o da Duda. Sei que vocês são uma família musical (risos) e

queremos saber quando exatamente vocês percebe-ram o interesse da Duda pela bateria?

Marcos Maia: A Eduarda , desde bem pequena, an-tes de aprender a andar já mostrava um grande interesse pela música, sempre cantarolando e batucando e procu-rando tirar um timbre de alguma coisa, da mesa, brin-quedos, parede, o tempo todo.

Compramos uma bateria pra ela de brinquedo quando ela tinha um ano e meio e ela brincou por algum tempo e logo a deixou esquecida no canto do quarto e raras vezes ela pegava a bateria para brincar.

Porem, no dia 15 de fevereiro de 2014 eu (Mãe) vi

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que a bateria estava no meio da sala de estar e logo perguntei, Quem co-locou a bateria na sala? ela ( Duda ) pronta respon-deu: fui eu mãe, agora eu vou tocar bateria (risos).

O Pai Marcos foi lá e pediu pra ela: então faz um ritmo pro papai ver, e ela logo começou a fazer e ele foi pedindo a ela, faz assim: e ela repetia exata-mente igual, ficamos ad-mirados e começamos a gravar a façanha, como vo-cês podem ver na fan page dela, colocamos todos os videos desde esse inicio para quem quiser conferir.

HHGM - É muito legal ver que vocês a apoiam e incentivam. A Eduarda estuda música ou é uma mini baterista nata?

Marcos Maia - Obriga-do, o apoio dos familiares é fundamental em qualquer carreira e ainda mais que elá é uma criança. Sim ela é um talento nato.

Após ela começar a tocar, percebemos a ne-cessidade de coloca-la em uma escola de musi-ca, para que ela pudesse aprender da melhor for-ma possível, porem devi-do a pouca idade apenas 4 aninhos, as escolas não aceitavam, apenas com 7 anos, então enviamos um vídeo dela tocando para uma escola e após vê-lo eles a chamaram para uma avaliação e em seguida foi matriculada, então ela começou a ir as aulas de bateria entre a terceira e quarta semana em que ela começou a to-car bateria, tendo apenas uma aula por semana de 45 minutos a uma hora.

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HHGM - A Duda tem apenas 4 aninhos, é uma fo-fura que já demonstra talento com as baquetas. Vo-cês pretendem colocá-la em uma escola de música, para que a Eduarda siga a carreira de baterista ou encaram o interesse da pequena como uma brinca-deira passageira de criança?

Marcos Maia - Ela realmente tem muito talento, é é claro vamos continuar incentivando-a, colocando em escolas e o que for necessário para que ela possa crescer na musica e dentro do meio musical para que ela possa se tornar uma grande musicista .

HHGM - Conheci a Eduarda através dos vídeos postados por vocês no youtube. Como tem sido a re-percussão dos vídeos da Eduarda e o que vocês espe-ram alcançar através deles?

Marcos Maia - Postamos os videos sem esperar nada em troca, apenas por que achamos muito lindo e achávamos que ela estava tocando direitinho, não espe-rávamos esta repercussão, pois com apenas um mês um vídeo feito por um celular já chega ultrapassar a 146.mil visualizações, com uma semana que o vídeo foi posta-do as emissoras de TVs locais e estaduais a chamaram para entrevistas e a após três semanas foi convidada a ir em rede nacional no programa Mais Você de Ana Maria Braga, que no qual foi um grande sucesso, sem contar que foi convidada para participar no Girls On Drums 5 no Teatro Paiol em Curitiba no dia 06 de Junho de 2014.

É muito gratificante e fico sem palavras para expres-sar o orgulho que isso nos trás.

HHGM - Foi muito bom ter vocês aqui na Hi Hat Girls Magazine, principalmente poder mostrar o talento e a fofura da Eduarda! Esse espaço agora é de vocês, pode deixar contatos, mandar um alô pra quem quiser, enfim, esse espaço é de vocês!

Marcos Maia - Nós também adoramos estar aqui com vocês para falar um pouco da nossa ferinha da ba-teria, obrigado pela oportunidade que a revista Hi Hat Girls esta dando para a Eduarda Henklein.

Queremos agradecer a todos os familiares, a maninha Ruth Larissa que sempre esteve cuidando da Duda desde que ela nasceu beijos mana.

A loja Graves e Agudos que esta nos dando suporte em instrumentos para que ela possa ensaiar e a escola de Bateristas Ta Tum Dum, que aceitou a Eduarda para suas primeiras aulas.

Aos amigos, e a todos os fãs da Eduarda que a cada dia deixam seus lindos e fofos recados nos videos, nas fotos, na Fan Page dela e as mensagens particulares que recebemos enfim, muito obrigado a todas as mensagens positivas que nos deixam, isso nos motiva a cada dia a incentiva-la.

Acesse a fan page da Eduarda:www.facebook.com/eduardabateraFone para contato (47) 3473-8512 / 9140-2525E-mail: [email protected]

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Por: Bya de PaulaE aí bateras!! A Hi-Hat

além de entrevistas e infor-mações também é história!! Como nosso enfoque aqui é a figura da mulher na batera e como eu também sou curio-sa por saber desde quando a mulherada se interessa pelos tambores, resolvi criar então esta coluna fazendo um apa-nhado geral contando histó-rias de bateristas femininas ao longo da história do mun-do, espero que curtam!!

Bom, curiosamente algu-mas coisas são associadas à gêneros, como exemplo a pró-pria bateria, que sempre foi associada à figura masculina. Porém, não é o que conta a his-tória do instrumento! Como o instrumento é antiqüíssimo, não sabemos ao certo a data de sua criação e quem a inven-tou, possivelmente os homens das cavernas, por se tratar de um instrumento tribal, com associações á cultos religio-sos, forma de comunicação e também a musicalidade em si. Contudo, o que sabemos é que nas inscrições rupestres mais antigas com desenhos de al-guém tocando tambores, tem a figura feminina executando os mesmos!

Desde os tempos mais remotos a musica é utilizada

Bateria eHistória!!

em rituais religiosos. Na ci-vilização mediterrânea, por exemplo, a crença era que uma deusa é quem transmi-tia ao homem o dom de fazer música. Em certas épocas da história algumas civilizações eram matriarcais, ou seja, quem era chefe de família eram mulheres. Na cidade--estado de Ur em 2380 ac, Lipushiau era uma importan-te líder e a primeira baterista que se tem notícia na histó-ria! Além de líder religiosa, era uma chefe administrativa e financeira do templo mais importante para eles na épo-ca, chamado Ekishnugal. Para os povos antigos, a per-cussão servia principalmente para se conectar às forças da natureza. A figura da sa-cerdotisa era o intermediário entre os reinos divinos e hu-manos. Lindo isto, não?

Como comentei logo no início, esta sessão irá contar história de bateristas femi-ninas ao longo dos tempos. Depois deste apanhado his-tórico, voltamos aos dias atuais. Não poderíamos co-meçar sem falarmos da Srª Viola Smith!! Vou apresen-tá-la: Viola Smith é a bate-rista mais veterana que se tem notícia nos dias de hoje e que este ano completa 102

anos (vida longa às bateris-tas!). Nos anos 20 emergiu no mundo artístico fazendo parte de musicais, orquestras e diversas bandas. Mais tar-de um pouco nos anos 40, até fez algumas pontas em filmes e trabalhou em grupos mu-sicais de programas de TV. Viola vem de uma família bem musical. Seu pai tinha um salão de dança, enquanto que ela e cada uma de suas oito irmãs aprenderam a to-car algum instrumento desde cedo. Logo, quando Viola ti-

nha 12 anos, formaram uma banda, as “Irmãs Smith”. Após algum tempo, algumas delas tomaram caminhos di-ferentes e, Viola junto com uma das irmãs, cria uma or-questra só de garotas a “The Coquettes“ inicialmente para um programa de talen-tos de uma rádio. Tocou em outros programas de rádio e até quando já estava na casa dos 60 anos, foi chama-da novamente à Broadway para fazer parte da “Kit Kat Band,”no projeto “ Caberet” que ela mesma já havia par-ticipado na primeira versão do espetáculo nas primeiras décadas do século passado.Hoje em dia, Viola ainda dá aulas de bateria e diz que deve a sua energia e longe-vidade à música e aos 2 co-pos de vinho que toma todos os dias desde os anos 40! Na internet se encontra mui-to material da carreira da Viola Smith. Assisti alguns vídeos e achei realmente incrível independente da época, a performance dela era sensacional, tocando em kits de baterias desde os mais comuns até os mais incrementados sempre usan-do muitos tambores, vale a pena conferir!

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Por Simone Del Ponte

HHGM - Como começou a carreira da Paula Nozzari? Como surgiu a paixao pela bateria?

Paula Nozzari - Antes de iniciar as aulas de ba-teria, eu tocava piano e dançava Ballet . Depois da aula de Ballet, havia aula de sapateado que era dada com BATERIA e foi então “amor à primeira vista!” Na mesma época, aos 12 anos, fui ao primeiro show de rock da minha vida: “Os Cascaveletes” no Teatro Renascença...e tudo isso então despertou ainda mais meu interesse.

Pedi uma bateria e a família primeiro foi contra! Então depois, a condição foi que eu começasse a es-tudar, pois todos pensavam que logo eu desistiria. A pessoa que sempre me incentivou mais foi a minha mãe! Eu tinha 13 anos na época que comecei de fato a fazer aulas e depois disso, nunca mais parei. Profis-sionalmente, minha carreira começou quando eu tinha

17 anos, quando gravei o primeiro disco.

HHGM - Com tantos shows, turnes, teve algum momento marcante na tua carreira? daqueles que tu vai lembrar pra sempre?

Paula Nozzari - Tiveram com certeza muitos mo-mentos marcantes e TODOS lembrarei pra sempre com muito carinho!! A banda de blues só de meninas “Flora Almeida & Kosmic Blues”, “Os Argonautas”, a “Penélope”...considero que todos os trabalhos que participei foram oportunidades de aprendizado não só na área musical...conheci muitas pessoas que sou ami-ga até hoje e conheci lugares incríveis também. Acho que cada coisa aconteceu no momento certo e teve a sua devida importância. Foi através da música que conheci o mundo!! Eu toquei com o Defalla em duas fases, com formações diferentes. Com eles, na época do Tonho Crocco no vocal, gravamos um disco em Belo Horizonte e foi a primeira vez que eu saí de Por-

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to Alegre para trabalhar. Com a Cidadão Quem, tive o privilégio de conhecer o “mainstream”, trabalhei pela primeira vez com uma equipe grande, com muita in-fra-estrutura, hoteis 5 estrelas, mídia...gravamos pela Warner Music com produção do Tom Capone e tocar no Rock in Rio ao lado de Foo Fighters e Beck foi muito marcante!! Ter participado com o Canja Rave do DFEST em Tulsa, Oklahoma e ter sido entrevista-da logo depois do Cake foi emocionante também...ter gravado em Detroit com o Jim Diamond, produtor dos dois primeiros discos do White Stripes foi incrível...sensacional. Gravar em Berlim com o premiadíssimo Alvaro Alencar, pessoa maravilhosa e um profissional que já coleciona 11 Latin Grammys foi com certeza muuuuito marcante...e finalmente um momento que eu lembrarei para sempre como algo muito especial é a tour de 2010 com Canja Rave, quando fizemos 60 shows em 3 meses e rodamos mais de 25 mil km de costa a costa dos Estados Unidos!!! Essa experiência valeu por 10 anos de carreira!

HHGM - Com esse teu baita curriculo de par-

ticipaçoes em bandas, em gravaçoes, em projetos, teve algum momento em que, por tu ser mulher, te trouxe alguma situação complicada?

Paula Nozzari - Já fui barrada em porta de camarim pelos seguranças porque imaginaram que eu era uma fã. Alguns técnicos de som às vezes tinham dificuldade

em fazer o que eu pedia.. Mas a situação mais cons-trangedora e engraçada acho que foi uma vez com a Cidadão Quem. Fomos participar do “Pograma H” na Band TV em SP e no mesmo dia, participou a banda “O Surto”. Não sei se a banda ainda existe, mas na época tinham uma música que tocava de 5 em 5 minutos nas rádios. Como em qualquer programa de tv, fui para a maquiagem, me arrumei, todos sabem que toco de sal-to e para os preconceituosos talvez eu não tenha “cara de baterista”. Segundo o próprio vocalista da banda, o “BOLO”, ele me criticou ao me ver, me chamou de “patricinha”, disse que eu estava de salto e pela minha roupa eu não deveria tocar um “ovo”...bla bla bla. Mas ele falou tudo isso na frente de todos os outros artis-tas que ali estavam, enquanto nós tocávamos ao vivo e éramos entrevistados. Papo vai e papo vem, o Otaviano Costa, apresentador do programa na época, perguntou se eu poderia fazer um solo de bateria...e eu fiz o que ele havia pedido, ao vivo, em rede nacional. Resultado: quando eu saí do palco, o Bolo ajoelhou-se aos meus pés e me pediu em casamento!!! Se desculpou milhões de vezes de joelhos e eu sem entender NADA!! Foi quando ele explicou ter ficado muito envergonhado por ter feito tantos comentários maldosos e machistas...ain-da mais porque todo mundo viu e ouviu. Depois disso, nos encontramos algumas vezes e ele sempre me cha-mava para uma pizza hehehe. Tomara que tenha de al-guma forma servido para ele ter menos preconceitos...

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HHGM - Quais instrumentistas te inspiram? Quais músicas te inspiram?

Paula Nozzari - Puxa, gosto de muitas coisas...os clássicos como Led Zeppelin, Beatles, Elvis, Jonny Cash, Bob Dylan, Nina Simone, Frank Sinatra...entre os bateristas John Bonham, Sheila E., Cindy Black-man, Marco da Costa, Alexandre Fonseca, Adal Fon-seca, Billy Cobham, Alexandre Loureiro, Alexandre Barea, Gene Krupa, Felipe Drago e muito mais...

HHGM - O que mais te motiva a fazer música?Paula Nozzari - Cada música marca algum momen-

to, uma época, uma experiência. Uma música sempre é uma forma de eternizar essas sensações e vivências.

HHGM - Quais as experiencias que a Canja Rave, tua atual banda, esta tirando e tirou dessa turne pela Europa?

Paula Nozzari - Acho que não é exatamente uma turnê pela Europa...nós estamos morando aqui há 3 anos. Fiquei dois anos e meio em Berlim e agora estou morando em Coimbra onde faço um Mestrado em Psi-quiatria Social e Cultural da Faculdade de Medicina. A banda sempre teve como característica viajar muito e antes já tínhamos tido a oportunidade de tocar em al-guns países como a Inglaterra, Espanha, França, Itália, Noruega, Holanda...mas estando aqui, pudemos tocar em mais cidades desses países que já tínhamos ido e ainda tocar em outros como: Suíça, País de Gales, Por-tugal, Irlanda, República Tcheca, etc...

Mas falando em termos de mercado europeu, logo que chegamos sentimos a necessidade de gravar um dis-co em inglês. Como cada um agora está em um país, pois o Chris continua na Alemanha, por enquanto esta-mos nos encontrando nos lugares onde há os shows...

HHGM - Li em alguma entrevista tua, que tu cuida da tua alimentação, faz exercicios. Ha algu-ma preparação que tu faz antes dos shows?

Paula Nozzari - Já fiz muito exercício físico para me preparar para os shows. Especialmente em traba-lhos que exigiam muito do meu condicionamento fí-sico. Para tocar no Canja Rave, precisei me adaptar a tocar e “cantar” ao mesmo tempo, o que exige mais fôlego...Um trabalho aeróbico ajuda. Com o Defalla, na época do “Fire”, era um show onde eu tocava com um set up adaptado...não havia bumbo, eu utilizava vários tambores, duas caixas, vários pratos e tocava em pé!! Havia uma trilha eletrônica e eu fazia levadas tribais em cima..sem parar, pois não havia intervalos entre as músicas, não havia tempo nem para um gole de água. Fora isso, usávamos um figurino “sadoma-sõ”. Eu corria e fazia musculação quase todos os dias para previnir tendinites e também para “entrar” no fi-

gurino. Era algo estético também.Já na época da Cidadão Quem, eu pedia para a pro-

dução uma academia nas cidades onde tinham os sho-ws e sempre gostava de dar uma corridinha e fazer alguns alongamentos para ficar mais disposta. Houve uma época que eu praticava Yoga no dia dos shows no meu quarto de hotel. Mas acho que na época da tour de 2010 com o Canja Rave, onde além de tocar todos os dias durante 3 meses, carregar tudo, montar e desomtar o palco, eu ainda dirigia, foi a fase que estive com um condicionamento melhor. Em relação a alimentação, acho que sempre fui um pouco regra-da, nunca fui de excessos e doces, gosto de comidas leves e bebo bastante água. Aliás após os shows, em geral, bebo 3 garrafas de água, principalmente se eu penso em beber alguma coisa de alcool depois. Os bateristas as vezes esquecem que quase sempre sua-mos como numa academia durante as apresentações e o alcool desidrata ainda mais. Então, muuuuita água após os shows e antes da cervejinha!! Seu corpo agra-decerá.

HHGM - Tu trabalhas com Musicoterapia.

Quais os beneficios da bateria na Musicoterapia?Paula Nozzari - Sim, sou musicoterapeuta desde

2007 e já trabalhei em diversas áreas. Na Musicotera-

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pia utilizo vários recursos como violão, instrumentos de percussão, teclado, voz, corpo, música gravada e não apenas a bateria. Depende do caso, dos objetivos e do interesse do paciente/cliente. No Brasil, trabalhei na área geriátrica e com crianças. Em Portugal, traba-lho na área de saúde mental no Hospital Universitário de Coimbra e tenho uma parceria com a Associação Olhar 21. Através da associação, faço alguns aten-dimentos individuais com crianças, jovens e adultos com Sindrome de Down no Conservatório de Músi-ca de Coimbra. No que se refere a bateria, é um ins-trumento excelente para desenvolver a coordenação motora, a lateralidade, a motricidade, atenção, me-mória, etc. Além disso, através da bateria, as pessoas podem fazer uma descarga de energia de uma forma socialmente aceitável, o que pode ser um recurso óti-mo quando trabalhamos com pessoas agressivas, por exemplo. A música de uma forma geral tem regras, o que possibilita trabalhar alguns limites em crian-ças com problemas de comportamento. Fora isso, a música é por si só organizadora! Através de baquetas com espessuras e materias diferentes podemos esti-mular a percepção tátil e a motricidade ampla e fina. Os tambores e pratos com medidas diversas também estimulam a percepção auditiva. Outra vantagem da bateria é que é um instrumento de “retorno imedia-to”, como costumo dizer. Diferentemente de outros instrumentos, em qualquer parte que a pessoa toque,

sai som. Quando o objetivo é utilizar os instrumentos como um canal de comunicação, os instrumentos de percussão são bastante recomendáveis também.

HHGM - Que recado tu deixaria pras gurias que estao começando na bateria?

Paula Nozzari - Em primeiro lugar eu diria: Para-béns!!! :)

Independentemente do instrumento que você esco-lheu, principalmente no início, seja dedicada. É funda-mental ter alguma disciplina, mas acima de tudo tem que ser divertido, pois não aprendemos se não hou-ver prazer. Procure tirar músicas das bandas que você gosta. Experimente montagens de baterias diferentes para ver qual você se sente mais confortável...e procu-re logo parceiros com quem você possa compartilhar. Além de tocar sozinha, praticar com outras pessoas e fundamental. Um baterista, mesmo que extremamente técnico, precisa saber tocar o que a música pede!!!

Canja Rave: www.canjarave.comCanja Rave - “Ducks”: http://www.youtube.com/

watch?v=k9Cm8WKbwzMCidadão Quem - “Dia Especial”: http://www.you-

tube.com/watch?v=JbEMu-aAJO0facebook: https://www.facebook.com/paula.no-

zzarihttps://www.facebook.com/canjarave?ref=br_rs

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Nathália Reinehr

* Julie SousaHHGM - Há quanto tempo você toca bateria e o

que a levou a escolher este instrumento? Natália - Há 17 anos comecei a tocar. Tive uma rea-

ção de “amor a primeira vista” com a bateria. Rs. Meu pai tocava violão e minha família quase toda tocava ins-trumentos de percussão. Um dia, fui à casa dos meus tios para uma festa e meu primo tinha ganhado uma ba-teria de presente. Na ocasião nunca tinha visto uma ba-teria em minha vida. Meu pai resolveu experimentá-la, e como meu pai sempre foi um ótimo músico e tocava vá-rios instrumentos, as pessoas da festa começaram a jun-tar ao redor dele. Eu, que estava brincando do outro lado da festa, quis ver o que estava acontecendo. Foi só ver meu pai tocando e apaixonei. Disse que queria aprender a tocar e que era pra ele me ensinar naquela hora! Rs. Meu pai, que sempre aprendeu música sozinho, falou: “decora o som das peças, ouve as músicas e faz igual!” Rs. Depois disso, comecei a tirar músicas “de ouvido”, e em seguida a fazer bandas com amigos. Ao passar no vestibular da Universidade de Brasília-UnB pra Medi-cina Veterinária, ganhei as aulas de bateria no Bateras Beat e posteriormente passei no teste para estudar na tão sonhada Escola de Música de Brasília. Hoje, tenho minha própria escola de música, o Instituto Laboratório Musical e também leciono no Bateras Beat. Nunca parei

Nathália Reinehr

de estudar e dar aulas. Acredito que pra um músico o estudo nunca deve acabar, tem sempre novidades para se aprender. E quando se ensina, aprende-se junto com os alunos.

HHGM - Quando falamos em mulher baterista, ainda há um certo estranhamento por parte de algu-mas pessoas que relacionam o instrumento à força física e, conseqüentemente, à masculinidade. Na sua opinião, ainda há um certo tabu que relaciona mu-lher com bateria? O que tem sido feito, no seu ponto de vista, para mudar isso?

Natália - Existe sim esse estranhamento, e o precon-ceito infelizmente não desapareceu. Já ouvi algumas vezes a frase “Nossa, você toca muito bem, toca que nem homem!” Ou... “Com esses bracinhos finos você consegue tocar desse jeito e por tantas horas? Deve tá doendo!” Uma coisa que nem sempre é compreendida é que pegada não é força. Pegada é um misto de precisão, técnica e um som bem definido. A força não é determi-nante para se tocar bem ou mal. Acredito que as bate-ristas estão se profissionalizando cada dia mais e se im-pondo nesse mercado tão complicado que é o da música. As mulheres estão mudando isso. Estão se impondo não somente na bateria, mas também em outros mercados de trabalho que eram predominantemente masculinos. E a divulgação por parte dos jornais, revistas, internet e outros meios de comunicação também são responsáveis por essa mudança.

HHGM - Você leciona música. Tem notado mais procura pela bateria, por parte das meninas?

Natália - Com certeza. Antigamente éramos poucas. Hoje, a procura por elas vem crescendo cada vez mais. Aproximadamente 34% dos meus alunos são mulheres e a procura desde que comecei a dar aulas em 2007 até hoje só vem crescendo. E venho percebendo uma facili-dade de coordenação motora por parte de muitas mulhe-res que também costumam estudar mais e a se dedica-rem mais ao instrumento.

HHGM - Enquanto musicista, quais as suas prin-cipais referências e de que modo estas foram impor-tantes para seu crescimento musical?

Natália - Minhas principais referências são: Mike Portnoy, Neil Pearl, Tico Torres, Ian Paice, Brad Wilk, Vinny Appice, Carlos Bala, Vera Figueiredo e vários ou-tros. Gosto de estilos musicais variados e de tocar um pouco de tudo, porém o Hard Rock e o Progressivo que

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fazem meu coração bater mais forte. Rs. Esses bateras me trouxeram inúmeros aprendizados, e não somente eles. Aprendi muito tentando tocar os chamados covers. Qual batera não teve uma música que sempre quis to-car mas não conseguia? Os desafios nos movem, nos fazem estudar pra conseguir fazer o que o cara faz. E quando conseguimos é uma satisfação sem palavras pra explicar. Sem falar que eles nos dão base pra perceber o que fica legal, o que não fica, onde deve ou não colocar certos elementos. São professores que ensinam sem pre-cisar dizer uma única palavra. Só tocando e mostrando como se faz.

HHGM - Sobre sua banda, como surgiu, quem são os outros membros e o que podemos esperar para 2014? Muitos shows, projetos...?

Natália - O Sound`n`Rage veio como um presente pra mim. Estava tocando em

outros projetos, mas ao ouvir as músicas gostei logo de cara. A banda começou com outra formação, com outro baterista e mais um vocalista. Após a saída do baterista James Miateli e do vocalista Nico Brutaro, a maravilhosa baixista Zane Galvão, que já tocava comi-go na Foxy Lady e no projeto She Shakes the Earth; me chamou para entrar na banda que também conta com o renomado guitarrista Fabrício Moraes e com a gran-

de vocalista Jéssica Elhke. No momento as expectati-vas são as melhores possíveis. Estamos fechando com grandes parceiros como a True Metal Press, iniciaremos nossa turnê do CD Deal with Your Hate, e já estamos em processo de composição do novo álbum.

Além disso, tenho outros projetos como a banda Unhead, que pretende lançar o primeiro CD ainda esse ano e bandas tributo como a Trouble (Tributo a Whites-nake e outros clássicos do Rock) e a The Heaven (Tri-buto a Dio, Black Sabath e Deep Purple). Estou sempre participando de projetos e trabalhos variados. Acredito que quanto mais experiência tiver, melhor vai ficar sua sonoridade e desempenho musical.

Além disso faço gravações e os shows Freelancer.HHGM - Como você vê a cena Rock e Heavy metal

da região Centro-Oeste? Há muitas mulheres na cena ou é majoritariamente masculina, como temos visto?

Natália - Ainda é majoritariamente masculina, mas isso já está mudando. O projeto She Shakes the Earth- SSE é a prova disso. É um projeto idealizado pela Zane Galvão que conta com cerca de 20 mulheres tocando Heavy Metal. Estou nesse projeto desde que começou no ano de 2009. No inicio, me lembro que foi compli-cado juntar tantas mulheres, algumas que não tocavam a muitos anos, outras tinham outros focos naquele mo-mento. Depois disso, as pessoas começaram a conhecer melhor o projeto que foi crescendo em estrutura e tendo maior procura. Algumas mulheres inclusive passaram a estudar música com intuito de um dia poder participar do projeto que também era uma grande diversão para nós. Rs. Antes disso eu não fazia ideia que haviam tantas musicistas por ai, muitas vezes escondidas, sem mostrar seu talento musical.

Os shows do SSE sempre estão cheios, porém isso é exceção. A cena no DF não está das melhores. Faltam casas de shows de qualidade que respeitem os músicos. A música autoral então é ainda mais difícil. Muitos saem da capital pra tentar mostrar seu trabalho em outros es-tados como São Paulo ou Rio de Janeiro. A frustação é muito grande e a maioria tem que ter outros empregos para conseguir se sustentar.

HHGM - Suas considerações finaisNatália - Em primeiro lugar agradeço a Julie Souza

e toda equipe pela entrevista e todo o trabalho de vocês com a Hi Hat Girls. É muito bom estar sempre acessan-do a página da Hi Hat Girls e vendo bateristas do Bra-sil e do mundo mostrando seus ótimos trabalhos. É um incentivo enorme para todas nós. Vocês estão mudando tudo. Essa luta de vocês realmente vale a pena e é de grande ajuda à todas nós.

Também gostaria de falar para as mulheres que plane-jam tocar. Não desistam dos seus sonhos! Dificuldades sempre irão aparecer. Mas não há instrumento melhor que a bateria! Rs.

Obrigada!!!

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