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Hermes Cramacon @hermescramacon OAB - 2ª fase - Prática Trabalhista PEÇA 02 Em 18 de dezembro de 2008, Marina Silva foi contratada pelo Hospital Santo Rodrigo Ltda. para trabalhar na função de auxiliar de enfermagem, com salário de R$ 1.110,00 e jornada de trabalho de 12 x 36, autorizada em Convenção Coletiva da categoria. Durante todo o período trabalhado, Marina nunca realizou qualquer ato que maculasse sua conduta e jamais faltou em um plantão. Tendo em vista o numero reduzido de empregados no departamento, Marina fazia em média de 20 a 30 minutos de intervalo de refeição e descanso por dia trabalhado. Na data de 25 de maio de 2011, Marina passou mal e foi internada no hospital, descobrindo que estava grávida de 7 semanas. Em ocasião da internação, Marina faltou pela primeira vez no trabalho. No dia seguinte, após a apresentação do atestado médico e comunicação de gravidez, o Hospital dispensou Marina por justa causa sob a alegação de desídia, aos berros em frente de diversos funcionários da empresa, acusando-a de má-fé. Questão: Como advogado de Marina Silva, ajuíze a medida cabível para busca de seus direitos. EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA ... VARA DO TRABALHO DE ... 10 linhas Marina Silva, nome da mãe, data de nascimento, portadora da cédula de identidade RG número..., inscrita no CPF/MF sob o número...,

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Hermes Cramacon

@hermescramacon

OAB - 2ª fase - Prática Trabalhista

PEÇA 02

Em 18 de dezembro de 2008, Marina Silva foi contratada pelo Hospital Santo Rodrigo

Ltda. para trabalhar na função de auxiliar de enfermagem, com salário de R$ 1.110,00

e jornada de trabalho de 12 x 36, autorizada em Convenção Coletiva da categoria.

Durante todo o período trabalhado, Marina nunca realizou qualquer ato que

maculasse sua conduta e jamais faltou em um plantão. Tendo em vista o numero

reduzido de empregados no departamento, Marina fazia em média de 20 a 30 minutos

de intervalo de refeição e descanso por dia trabalhado. Na data de 25 de maio de

2011, Marina passou mal e foi internada no hospital, descobrindo que estava grávida

de 7 semanas. Em ocasião da internação, Marina faltou pela primeira vez no trabalho.

No dia seguinte, após a apresentação do atestado médico e comunicação de gravidez,

o Hospital dispensou Marina por justa causa sob a alegação de desídia, aos berros em

frente de diversos funcionários da empresa, acusando-a de má-fé.

Questão: Como advogado de Marina Silva, ajuíze a medida cabível para busca de seus

direitos.

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA ... VARA DO TRABALHO

DE ...

10 linhas

Marina Silva, nome da mãe, data de nascimento,

portadora da cédula de identidade RG número..., inscrita no CPF/MF sob o número...,

Page 2: Hermes Cramacon @hermescramacon OAB - 2ª fase - Prática ... · Hermes Cramacon @hermescramacon OAB - 2ª fase - Prática Trabalhista PEÇA 02 Em 18 de dezembro de 2008, Marina Silva

número da CTPS e série, número do PIS, endereço completo com CEP, por seu

advogado que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência, propor a presente,

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

pelo procedimento ordinário, com fulcro no artigo 840, § 1º, da Consolidação das Leis

do Trabalho (“CLT”) e artigos 273, inciso I e 282 ambos do Código de Processo Civil

(“CPC”), aplicados subsidiariamente ao processo do trabalho por força do art. 769 da

CLT, em face de Hospital Santo Rodrigo Ltda., pessoa jurídica de direito privado,

inscrito no CNPJ sob o número..., com sede na (endereço completo co CEP), pelos

motivos de fato e de direito a seguir expostos:

DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

Informa o reclamante, que deixou de submeter a

presente demanda à Comissão de Conciliação Prévia, art. 625-D, § 3º, da CLT, em razão

do entendimento cristalizado pelo STF no julgamento das ADINs 2.139-7 e 2.160-5, que

declarou inconstitucional a obrigatoriedade da submissão de qualquer demanda à

Comissão de Conciliação Prévia, motivo pelo qual acessa o autor diretamente a via

judiciária.

DO CONTRATO DE TRABALHO

A reclamante iniciou suas atividades laborativas na

reclamada em 18.12.2008, exercendo as funções de auxiliar de enfermagem, com

jornada de trabalho de 12 x 36, autorizada em Convenção Coletiva da categoria,

recebendo salário de R$ 1.110,00 mensais.

Durante a contratualidade, a reclamante desfrutava de 20

a 30 minutos de intervalo para almoço e descanso.

Em 25 de maio de 2011, após passar mal, a reclamante foi

socorrida ao hospital e descobre que está grávida de 7 semanas, faltando ao trabalho

nesse dia.

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Após apresentar o atestado médico, noticiando o

ocorrido, a reclamante, aos gritos, é demitida por justa causa, sob a alegação de

desídia.

DA ESTABILIDADE DA GESTANTE

Em 25 de maio de 2011, a reclamante descobriu que

estava grávida, com 7 semanas de gestação.

O artigo 10, inciso II, letra “b”, do ADCT, assegura à

gestante, a estabilidade no emprego, desde a confirmação da gravidez até cinco meses

após o parto, sendo vedado ao reclamado a despedida, salvo em caso de justa causa.

Desta forma, tendo a reclamante estabilidade no

emprego, não poderia sofrer despedida arbitrária, devendo a reclamada ser

reintegrada em suas funções.

DA TUTELA ANTECIPADA

Determina o art. 273, inciso, I, do CPC que existindo prova

inequívoca do direito e fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação,

caso o juiz se convença da verossimilhança da alegação, poderá, a requerimento da

parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida.

São requisitos, portanto: a existência de prova inequívoca

que faça convencer da verossimilhança da alegação, isto é, da plausibilidade da

pretensão de direito material afirmado e fundado receio de dano irreparável ou de

difícil reparação.

A prova inequívoca capaz de convencer sobre a

verossimilhança da alegação, no presente caso, consiste no flagrante desrespeito com

a norma positivada no art. 10, II, “b”, do ADCT, que veda a dispensa da empregada

gestante.

O O fundado receio de dano irreparável ou o dano de difícil

reparação, no presente caso, está representado pelo desamparo à gestante, que ficará

à deriva. Deve-se, ainda, proteção ao nascituro.

Desta forma, demonstrado a verossimilhança da alegação

e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, deve ser concedida a

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tutela antecipada, determinando a imediata reintegração ao emprego ou caso não seja

possível ou não recomendável, a conversão em indenização pecuniária, em

conformidade com a súmula 396, I, do TST.

DA CONVERSÃO DA DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA EM SEM JUSTA CAUSA

A reclamante nunca realizou qualquer ato que maculasse

sua conduta e jamais faltou em um plantão. E como dito acima, mesmo após

apresentação do atestado médico foi dispensada por justa causa sob a alegação de

desídia.

Com efeito, desídia é o descaso, a falta de compromisso

na prestação dos serviços, o que resta claro não ter ocorrido por parte da reclamante

que cumpria sempre devidamente com suas funções.

A aplicação da penalidade da justa causa, depende do

preenchimento de requisitos como a gravidade da falta e proporcionalidade da pena.

Nota-se, que a reclamante jamais praticou qualquer ato capaz de macular sua conduta,

não configurando motivo de despedida por justa causa.

Ademais, dado o constrangimento sofrido pela

reclamante que, após a comunicação da gravidez ao seu empregador, foi demitida.

Assim, o empregador cometeu falta grave, tipificada no

art. 483, alínea “e”, da CLT, devendo ser reconhecida a rescisão indireta do contrato de

trabalho.

Desta forma, a despedida por justa causa deverá ser

convertida por demissão imotivada, com o consequente pagamento de todos os

direitos trabalhistas daí decorrentes.

DA DESCONSIDERAÇÃO DO ACORDO

O reclamante fazia regime de compensação de jornada de

trabalho no regime de 12 x 36, autorizada em Convenção Coletiva da categoria.

Contudo, o reclamante habitualmente laborava em horas

extraordionárias, na medida em que não gozava de intervalos para repouso e

alimentação.

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Nesse sentido, o Tribunal Superior do Trabalho,

solidificou entendimento que a prestação de horas extras habituais descaracteriza o

acordo de compensação de jornada, é o que se extrai da súmula 85, IV, do TST.

Desta forma, requer o pagamento das horas que

ultrapassarem a jornada semanal normal, como horas extraordinárias.

DO INTERVALO INTRAJORDADA

No curso do contrato de trabalho a empregada sempre

usufruiu em média de 20 a 30 minutos de intervalo.

Ocorre que, o art. 71, § 4º, da CLT, em qualquer trabalho

contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um

intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora.

Nessa linha, a não-concessão total ou parcial do intervalo

intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, em conformidade com o

entendimento cristalizado pelo Tribunal Superior do Trabalho (“TST”), na OJ 307 da SDI

1, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no

mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.

Desta forma, a reclamante faz jus ao recebimento de uma

hora extra diária, com o adicional de 50%, consoante determina o artigo 71, § 4º da

CLT.

Em razão de o intervalo ser verba de natureza salarial,

como bem destaca a OJ 354 da SDI-1 do TST, requer seus reflexos nas parcelas

salariais.

DOS DANOS MORAIS

Importante salientar que com a Reforma do Judiciário em

virtude da Emenda Constitucional 45/2004, a Justiça do Trabalho é competente para

julgar as ações de indenização por dano moral decorrentes da relação de trabalho, nos

moldes do artigo 114, inciso VII da CF, bem como a súmula 392 do TST.

Pois bem, no dia 26.05.2011 o reclamado dispensou a

reclamante por justa causa aos berros em frente de diversos funcionários da empresa,

acusando-a de má-fé.

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Além de ser dispensada injustamente a peticionaria

passou por uma incomensurável vergonha e humilhação.

O artigo 5º, incisos V e X, da CF ensina serem invioláveis a

intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de

indenização pelo dano moral decorrente de sua violação.

Nesse sentido, dispõe o artigo 186 do Código Civil (“CC”),

aplicado subsidiariamente ao Processo do Trabalho por força do artigo 8º, parágrafo

único, da CLT, que aquele que, por ação ou omissão voluntária, violar direito e causar

dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Nessa mesma linha, o artigo 927 do mesmo diploma legal

ensina que aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Dessa forma, face o manifesto constrangimento sofrido

pela reclamante requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização a

ser arbitrada por esse eminente juízo.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a reclamante:

a) A concessão de tutela antecipada, determinando a imediata reintegração da

empregada ao emprego..................................................................................... a apurar

b) Caso não seja possível a reintegração, a conversão em indenização

compensatória......................................................................................................a apurar

c) 1 hora extra pela não concessão do intervalo intrajornada, acrescida de 50%

(cinquenta)............................................................................................................a apurar

d) horas extras pela descaracterização do regime de compensação....................a apurar

d) Reflexos das horas extras nas verbas e rescisórias...........................................a apurar

e) Conversão da Justa Causa em Sem Justa causa..........................................inestimável;

f) Indenização por danos morais...........................................................................a apurar

DOS REQUERIMENTOS

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Requer provar o alegado por todos os meios de prova em

direito admitido, especialmente através de perícia.

Requer, ainda, a notificação postal da reclamada para, em

querendo, comparecer à audiência e apresentar resposta.

Requer, por fim, seja a presente ação julgada totalmente

procedente, condenando a reclamada à integralidade dos pedidos, além de suportar as

custas e demais custas processuais.

Dá-se à causa o valor de R$ ... (acima de 40 salários

mínimos).

Nesses termos,

pede deferimento

Local e data

Nome e assinatura do Advogado

OAB nº ...