herbivoria e atributos foliares em comunidades arbóreas de...

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Herbivoria e atributos foliares em comunidades arbóreas de mussununga e de floresta de mata alta na Reserva Natural Vale, Linhares-ES, Brasil Aline Alves do Nascimento Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical Mestrado em Biodiversidade Tropical Universidade Federal do Espírito Santo São Mateus, Fevereiro de 2012

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Herbivoria e atributos foliares em comunidades

arbóreas de mussununga e de floresta de mata alta na

Reserva Natural Vale, Linhares-ES, Brasil

Aline Alves do Nascimento

Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical

Mestrado em Biodiversidade Tropical

Universidade Federal do Espírito Santo

São Mateus, Fevereiro de 2012

i

Herbivoria e atributos foliares em comunidades

arbóreas de mussununga e de floresta de mata alta na

Reserva Natural Vale, Linhares-ES, Brasil

Aline Alves do Nascimento

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical do Centro

Universitário Norte do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre

em Biodiversidade Tropical.

Aprovada em 29/02/2012 por:

____________________________________________________

Dr. Marcelo Trindade Nascimento – Orientador, UFES

____________________________________________________

Dr. Luis Fernando Tavares de Menezes – Coorientador, UFES

____________________________________________________

Dr. Antelmo Ralph Falqueto, UFES

____________________________________________________

Dr. Eduardo Arcoverde de Mattos, UFRJ

____________________________________________________

Universidade Federal do Espírito Santo

São Mateus, Fevereiro de 2012

ii

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Nascimento, Aline Alves do, 1984- N244h Herbivoria e atributos foliares em comunidades arbóreas de

mussununga e de floresta de mata alta na Reserva Natural Vale, Linhares-ES, Brasil / Aline Alves do Nascimento. – 2012.

94 f. : il. Orientador: Marcelo Trindade Nascimento. Coorientador: Luis Fernando Tavares de Menezes. Dissertação (Mestrado em Biodiversidade Tropical) –

Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Universitário Norte do Espírito Santo.

1. Reserva Natural da Vale do Rio Doce. 2. Inseto. 3. Inseto

florestal. 4. Relação inseto-planta. 5. Mata Atlântica. I. Nascimento, Marcelo Trindade. II. Menezes, Luis Fernando Tavares de. III. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro Universitário Norte do Espírito Santo. IV. Título.

CDU: 502

iii

Dedico esta dissertação a Deus, à

minha família, a Kelyson, à memória

de meu pai, Antonio Evangelista do

Nascimento, meus grandes amores.

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que me guiou e me deu forças em todos os momentos difíceis, me

fazendo acreditar que seria capaz de alcançar meu grande objetivo.

A minha família que sempre me incentivou e me apoiou nas minhas escolhas e soube

compreender a minha ausência durante vários feriados prolongados no período em

que morei em São Mateus. Mãe, a minha vitória e reflexo da sua dedicação e

preocupação em me dar o melhor ensino. Obrigada por tudo que fez por mim, sem

você não teria chegado até aqui! Aos meus queridos irmãos Adriana e Anderson que

sempre torceram por mim e por estarem sempre por perto, zelando pelo bem estar

da nossa mãe.

Ao meu namorado Kelyson que, mesmo quando distante sempre se mostrou

presente na minha vida, por compreender os meus estresses, sempre procurando me

acalmar e me aconselhar nos momentos difíceis e por ter cuidado muito bem da

minha casa e de meu cão na minha ausência, enfim foi e é meu braço direito e quem

eu amo muito!

Ao meu orientador Marcelo Trindade Nascimento por me fazer acreditar que seria

capaz de concluir este estudo, pelas preciosas orientações, amizade e por ter me

incentivado a ir para o CEUNES/UFES.

Ao meu coorientador Luis Fernando Tavares de Menezes que aceitou em coorientar,

pelo apoio logístico na realização deste trabalho e pelas contribuições na correção do

artigo, bem como de toda a dissertação.

A CAPES pela concessão da bolsa de estudos sem a qual seria impossível me manter

longe de casa e da família.

Aos professores do programa de Biodiversidade Tropical pelos conhecimentos

passados e pela convivência.

Aos professores Dr. Antelmo Ralph Falqueto e Dr. Eduardo Arcoverde de Mattos

que participaram da banca e pelas importantes contribuições na correção deste

trabalho. Obrigada Eduardo também por ter me orientado no estágio para análise de

fenóis e a sua aluna Aline Leal que mesmo envolvida com suas atividades de

v

laboratório e aulas, prontamente me ensinou toda a técnica para análise deste

composto. Você foi 10!

A professora Dra. Maria Raquel García e suas alunas Marina e Amanda do

laboratório da Química da UENF pelas importantes contribuições para o meu

aprendizado e pelo apoio nos testes de alcalóides.

Ao professor Dr. Ivoney Gontijo e sua equipe do laboratório de solos e nutrição de

plantas por permitir a utilização do laboratório para a lavagem e secagem do

material vegetal.

A equipe do Laboratório de Prospecção e Gestão da Biodiversidade, alguns alunos

não mais presentes, em especial aqueles que foram ao campo comigo: Igor, Izadora,

Michel, Paula e Thomas, vocês foram meus anjos da guarda!

À Poliana e Mariana que também foram várias vezes ao campo comigo e sempre

foram amigas. Tenho um grande carinho por vocês.

Aos Prof. Dr. Alberto Magno Fernandes e Dr. Ricardo Augusto Mendonça Vieira; e

ao técnico Cláudio Teixeira Lombardi, ambos do Laboratório de Zootecnia e

Nutrição Animal (LZNA) da UENF pelo apoio na determinação das análises

químicas para a determinação de fibras e pelos conhecimentos passados.

Aos amigos do LZNA, em especial a Daniela e Mateus, com quem compartilhei

vários momentos agradáveis e engraçados durante o período das análises.

Aos meus amigos do laboratório de Ciências Ambientais da UENF (LCA), em

especial meu grande amigo Rodrigo, quem tenho um grande carinho.

A equipe da Vale pelo apoio logístico. A equipe dos restaurantes e do hotel pelas

maravilhosas refeições e lanches. Em especial ao Jonacir e ao Geovane pelas valiosas

ajudas de campo, identificação do material botânico. A Ana Carolina, Márcio e

Gilberto que sempre me ajudaram em tudo que precisei.

A todos os meus companheiros da turma de mestrado.

À Michelli, amiga e companheira de turma. Obrigada por muitas vezes me tirar da

solidão dos longos finais de semana em São Mateus e por ser simplesmente minha

grande amiga.

A minha amiga Vanuza companheira de eventos, trabalhos, com que compartilhei

meus estresses do mestrado e desabafos. Amizade para toda a minha vida!

vi

As minhas companheiras de república: Karen, Sávia, Amanda e minha grande amiga

Maralisi. Mara, obrigada por me fazer sorrir quando meu deu vontade de chorar e

pelas conversas e momentos engraçados que compartilhamos. Amiga, torço por

você!

A minha amigona Tatiane de longos anos, companheira de toda hora, com que tenho

um grande apego e a quem sempre recorro nos momentos difíceis.

A todos os meus amigos do herbário UENF, em especial a Karla, Marcelo Paixão e

Irexan.

Ao Jefferson, por ter me ajudado em algumas atividades de laboratório e pela

amizade. Você vai longe!

Ao Clodoaldo, pela convivência agradável, por me ajudar nos trabalhos e pela

amizade.

À Dora Maria Villela por ter me aceitar no estágio da disciplina de Ecologia Vegetal

da UENF e pela amizade.

À Angélica pela agradável amizade. Gosto muito de você!

A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização e finalização

deste trabalho.

vii

“Só é útil o conhecimento que nos torna

melhores”

Sócrates

viii

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. x

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ xiii

RESUMO GERAL................................................................................................................ xvii

ABSTRAT.............................................................................................................................. xix

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO GERAL

1.1. Apresentação........................................................................................................... 1

1.2. Importância das florestas de tabuleiro do Norte do Espírito Santo......................... 2

1.3. Interação Inseto-planta: herbivoria.......................................................................... 4

1.4. Defesas de plantas contra a herbivoria.................................................................... 6

1.5. Aspectos nutricionais das plantas para os insetos herbívoros................................. 7

1.6. Justificativa do trabalho.......................................................................................... 8

CAPÍTULO II - DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

2.1. A Reserva Natural Vale......................................................................................... 9

2.2. Sítios amostrais..................................................................................................... 11

CAPÍTULO III - HERBIVORIA FOLIAR EM COMUNIDADES ARBÓREAS DE MATA

ALTA E MUSSUNUNGA SOB DIFERENTES CONDIÇÕES AMBIENTAIS NA

RESERVA NATURAL VALE, LINHARES, ES, BRASIL

3.1. Introdução............................................................................................................. 16

3.2. Material e Métodos............................................................................................... 19

3.3. Resultados............................................................................................................. 20

3.4. Discussão.............................................................................................................. 24

3.5. Conclusão............................................................................................................. 25

CAPÍTULO IV - HERBIVORIA E CARACTERÍSTICAS FOLIARES DE COMUNIDADES

ARBÓREAS DE MATA ALTA E FLORESTA DE MUSSUNUNGA SOB UMA

PERSPECTIVA FILOGENÉTICA

4.1. Introdução............................................................................................................. 27

4.2. Material e Métodos............................................................................................... 30

4.3. Resultados............................................................................................................. 36

4.4. Discussão.............................................................................................................. 53

4.5. Conclusão............................................................................................................. 60

ix

CAPÍTULO V - EFEITO SIMULADO DA HERBIVORIA FOLIAR EM ESPÉCIES

COOCORRENTES DE DUAS COMUNIDADES ARBÓREAS EDAFICAMENTE

HETEROGÊNEAS

5.1. Introdução............................................................................................................. 61

5.2. Material e Métodos............................................................................................... 62

5.3. Resultados............................................................................................................. 65

5.4. Discussão.............................................................................................................. 73

5.5. Conclusão............................................................................................................. 77

CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 80

x

Lista de Tabelas

Tabela 3.1. Análise de variância (ANOVA) two-way (estação e ambiente) das porcentagens

de herbivoria geral (n=50) e da família Myrtaceae (período seco, n= 22; chuvoso, n= 21)

amostrados nas comunidades de Mata Alta e de Mussununga, p>0,05.

Tabela 3.1. Valores em porcentagem do teor de água e de componentes da fibra (média ±

desvio padrão) em folhas de indivíduos de diferentes espécies (DAP > 10 cm) da família

Myrtaceae no sub-bosque da Mata Alta e da Mussununga na estação seca (n= 22) e chuvosa

(n= 21) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. Componentes da fibra: fibras em

detergente neutro (FDN), fibras em detergente ácido (FDA), celulose (CEL) e lignina (LIG).

Comparação entre florestas, Test t, p significante ao nível de 0,05. * Diferença significativa

dentro do mesmo tipo florestal entre estações, test t, p < 0,05.

Tabela 3.3. Análise de regressão múltipla geral dos valores em porcentagem do teor de água e

de componentes da fibra em folhas de indivíduos da família Myrtaceae no sub-bosque da

Mata Alta e da Mussununga na estação seca (n= 22) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES,

Brasil. Componentes da fibra: fibras em detergente neutro (FDN), celulose (CEL) e lignina

(LIG). Beta= coeficiente de correlação, CP= Correlação Parcial; CS= Correlação Semiparcial;

R2= coeficiente de determinação; EP= Erro padrão de estimativa.

Tabela 3.4. Análise de regressão múltipla dos valores em porcentagem do teor de água e de

componentes da fibra em folhas de indivíduos da família Myrtaceae no sub-bosque da Mata

Alta e da Mussununga na estação chuvosa (n= 21) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES,

Brasil. Componentes da fibra: fibras em detergente neutro (FDN), celulose (CEL) e lignina

(LIG). Beta= coeficiente de correlação, CP= Correlação Parcial; CS= Correlação Semiparcial;

R2= coeficiente de determinação.

Tabela 4.1. Congêneres selecionados nas comunidades de Mata Alta (MA) e Mussununga

(MU) com seus respectivos grupos funcionais (GF). PI: pioneira, SI: secundária inicial, ST:

secundária tardia, CL: clímax de acordo com Jesus & Rolim (2005) e informações obtidas na

Reserva Natural Vale.

xi

Tabela 4.2. Análise de variância (ANOVA) two-way (área e espécie) das porcentagens de

herbivoria, teor de água, MFA (massa seca por unidade de área) e AF (área foliar) dos 9 pares

congenéricos (n= 5 indivíduos/espécie) amostrados nas comunidades de Mata Alta e de

Mussununga.

Tabela 4.3. Análise de variância (ANOVA) two-way (área e espécie) das porcentagens de

herbivoria, teor de água, MFA (massa seca por unidade de área) e AF (área foliar) dos 9 pares

congenéricos (n= 5indivíduos/espécie) amostrados nas comunidades de Mata Alta e de

Mussununga.

Tabela 4.4. Valores dos coeficientes de correlação entre as variáveis relacionadas e os

autovetores das análises de componentes principais (ACP) dos 5 pares congenéricos

coocorrentes nas comunidades de Mata Alta e de Mussununga. AF= área foliar, MFA= Massa

seca por unidade de área, FDN= fibras em detergente neutro, CEL= celulose, LIG= lignina.

Tabela 4.5. Matriz de correlação de Pearson entre as variáveis dos pares congenéricos

amostrados na Mata Alta (n=5) e na Mussununga (n=5) indicando os valores de r para as

variáveis. AF= área foliar, MFA= Massa seca por unidade de área, FDN= fibras em

detergente neutro, CEL= celulose, LIG= lignina.

Tab. 4.6. A análise de regressão multipla Forward stepwise entre herbivoria e características

foliares dos pares congenéricos (n= 5) amostrados nas comunidades de Mata Alta e de

Mussununga.

Tabela 5.1. Média anual de incremento no crescimento em altura (cm), produção e perda de

folhas em mudas de Eriotheca. macrophyllla nas áreas de Mata Alta e Mussununga de

fevereiro a novembro de 2011 na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. NF= número de

indivíduos por tratamento no final do experimento, IA= Incremento anual; TR= Tamanho

médio relativo; N° FP= Número de folhas produzidas; N° FPE= Número de folhas perdidas;

N°FI= número de folhas no início do experimento; N° FF= número de folhas no final do

experimento. As letras representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico

(Anova Kruskall-Wallis) entre os tratamentos para cada área. Comparação de cada tratamento

entre as áreas foi feito através do Teste pareado de Wilcoxon e este mesmo teste foi utilizado

xii

para a comparação do número de folhas entre o início e o final do experimento. Em todas as

análises p significantes ao nível de 0,05.

Tabela 5.2. Média anual de incremento no crescimento em altura (cm), produção e perda de

folhas em mudas de Guapira opposita nas áreas de Mata Alta e Mussununga de fevereiro a

novembro de 2011 na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. NF= número de indivíduos

por tratamento no final do experimento, IA= Incremento anual; TR= Tamanho médio relativo;

N° FP= Número de folhas produzidas; N° FPE= Número de folhas perdidas; N°FI= número

de folhas no início do experimento; N° FF= número de folhas no final do experimento. As

letras representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico (Anova Kruskall-

Wallis) entre os tratamentos para a Mussununga. Comparação de cada tratamento entre as

áreas foi feito através do Teste pareado de Wilcoxon e este mesmo teste foi utilizado para a

comparação do número de folhas entre o início e o final do experimento. Em todas as análises

p significantes ao nível de 0,05.

xiii

Lista de Figuras

Figura 2.1. Localização e vegetação da Reserva Natural Vale, Espírito Santo, Brasil. Fonte:

Peixoto et al. 2008.

Figura 2.2. Foto mostrando o sub-bosque da Mata Alta na Reserva Natural Vale, Linhares,

ES.

Figura 2.3. Foto mostrando a entrada de luz na Mussununga na Reserva Natural Vale,

Linhares, ES.

Figura 2.4. Características pedológicas dos perfis de solo da Mata Alta e Mussununga, na

Reserva Natural Vale, Linhares, ES. A: solo Podzólico; B: solo Podzol. Fonte: Garay et al.

2003.

Figura 3.1. Média da herbivoria foliar e desvio padrão encontrada em indivíduos arbóreos

amostrados nas comunidades de Mata Alta e Mussununga nos períodos seco e chuvoso (n =

50) e para os indivíduos da família Myrtaceae das duas áreas (período seco, n= 22; chuvoso,

n= 21. Não houve diferenças significativas entre os tipos florestais, entre estações e na

interação entre destes dois fatores, ANOVA two-way, p> 0,05.

Figura 4.1. Relações filogenéticas das espécies encontradas nas comunidades de Mata Alta e

Mussununga na Reserva Natural Vale. Fonte: Eduardo Arcoverde de Mattos modificado.

Figura 4.2. Medição da herbivoria em folhas de Eriotheca macrophylla através do programa

ImageJ.

Figura 4.3. Exemplo dos dados brutos referentes à variável área foliar, onde no diagnóstico foi

considerada não normal e com variâncias não homogêneas.

Figura 4.4. Exemplo das alterações na normalidade e homocedasticidade após a

transformação logarítmica dos dados brutos referentes à variável área foliar.

xiv

Figura 4.5. Média e desvio padrão dos valores de herbivoria, teor de água, massa seca por

unidade de área (MFA) e área foliar geral de cada área e dos 9 pares congenéricos (n= 5,

exceto para Eugenia, onde o n foi igual a 10) amostrados nas comunidades de Mata Alta

(MA) e Mussununga (MUS) no final da estação chuvosa (maio/2011). Letras diferentes

indicam diferenças significativas das variáveis dentro dos pares congenéricos e entre as

florestas. Análise de variância (ANOVA) two-way, p significante ao nível de 0,05.

Figura 4.6. Comparações interespecíficas dos valores médios de herbivoria e características

foliares (teor de água, MFA e área foliar) de espécies arbóreas da comunidade de Mata Alta

(média e desvio padrão). N= 5, exceto para Eugenia, onde o n foi igual a 10. As letras

representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico. ANOVA Two-way, p

significante ao nível de 0,05.

Figura 4.7. Comparações interespecíficas dos valores médios de herbivoria e características

foliares (teor de água, MFA e área foliar) de espécies arbóreas da comunidade de Mussununga

(média e desvio padrão). N= 5, exceto para Eugenia, onde o n foi igual a 10. As letras

representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico. ANOVA Two-way, p

significante ao nível de 0,05.

Figura 4.8. Média e desvio padrão da herbivoria entre os grupos funcionais amostrados nas

comunidades de Mata Alta e Mussununga (maio/2011). PI= pioneiras; SI= secundárias

iniciais; ST= secundárias tardias; CL= clímax. Não houve diferenças significativas entre os

tipos florestais, grupos funcionais e na interação entre destes dois fatores, ANOVA two-way,

p> 0,05.

Figura 4.9. Relação entre herbivoria e área foliar dos pares congenéricos (n= 9) amostrados

nas comunidades de Mata Alta (a) e de Mussununga (b) no final da estação chuvosa

(maio/2011).

Figura. 4.10. Média geral e desvio padrão da concentração de fenóis totais e dos 5 pares

filogenéticos (n=5) entre as comunidades de Mata Alta e Mussununga. ANOVA two-way, p

significante ao nível de 0,05.

xv

Figura. 4.11. Comparações interespecíficas das concentrações de fenóis (média e desvio

padrão) dos pares filogenéticos (número de indivíduos= 5) entre as comunidades de Mata Alta

e Mussununga. As letras representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico.

ANOVA two-way, p significante ao nível de 0,05.

Figura. 4.12. Comparação dos componentes da fibra (média em porcentagem e desvio padrão)

dos 5 pares filogenéticos (n=5) entre as comunidades de Mata Alta e Mussununga. ANOVA

two-way, p significante ao nível de 0,05.

Figura 4.13. Padrões interespecíficos dos componentes da fibra (FDN, Celulose e lignina) das

espécies (n= 5) na Mata Alta (média e desvio padrão). As letras representam grupos de

similaridade formados com o teste estatístico. ANOVA two-way, p significante ao nível de

0,05.

Figura. 4.14. Padrões interespecíficos dos componentes da fibra (FDN, Celulose e lignina) das

espécies (n= 5) na Mussununga (média e desvio padrão). As letras representam grupos de

similaridade formados com o teste estatístico. ANOVA two-way, p significante ao nível de

0,05.

Figura 4.15. Detecção de alcalóides após a revelação com reativo Dragendorf. A presença de

alcaloides é indicada pelas setas amarelas. Legenda: A= Mata Alta e B= Mussununga;

Eriotheca (1, 6), Guapira (2, 7), Casearia (3, 8), Neomitranthes (4,9) e Pouteria (5,10).

Figura 4.16. Biplot da análise de componentes principais (ACP) dos 5 pares congenéricos

coocorrentes nas comunidades de Mata Alta e de Mussununga. Legenda: 1= Mata Alta e 2=

Mussununga; Cas_co= Caseria commersoniana, Cas_sp= Caseria sp., Gua_op= Guapira

opposita, Eri_ma= Erioteca macrophylla, Neo_gl= Neomitranthes aff. glomerata, Neo_ La=

Neomitranthes langsdorffii, Pou_hi= Pouteria aff. hispida, Pou_co= Pouteria coelomatica.

Figura 5.1. Dados médios mensais de precipitação pluviométrica e temperatura do ar para o

período de junho de 2010 a novembro de 2011 para o município de Sooretama, ES. Fonte:

INCAPER.

xvi

Figura 5.2. Simulação da herbivoria de 25% (a) e 100% (b) de remoção da área foliar total de

mudas de Eriotheca macrophylla na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil.

Figura 5.3. Média de sobrevivência (%) bimestral de mudas de Eriotheca macrophylla e

Guapira opposita nos ambientes de Mata Alta (M.A.) e Mussununga (M.U.) ao longo do

experimento de simulação da herbivoria foliar (fevereiro a novembro/2011) na Reserva

Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. Cont= controle. Tratamentos 25% e 100%, n=5; Eriotheca

macrophylla controle, n Mata Alta= 12 e Mussununga = 15; Guapira opposita controle, n

Mata Alta= 12 e n Mussununga= 11.

Figura 5.4. Altura relativa acumulada (cm) de mudas de Eriotheca macrophylla e Guapira

opposita nos ambientes de Mata Alta e Mussununga ao longo do experimento de simulação

da herbivoria foliar (fevereiro a novembro/2011) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES,

Brasil. Eriotheca macrophylla (Mata Alta - 25%, n= 5; 100%, n= 3; controle, n= 10; e

Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 15); Guapira opposita (Mata Alta - 25%,

n= 2; 100%, n= 0; controle, n= 6; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 9).

Figura 5.5. Número médio de folhas produzidas de mudas de Eriotheca macrophylla e

Guapira opposita nos ambientes de Mata Alta e Mussununga ao longo do experimento de

simulação da herbivoria foliar (fevereiro a novembro/2011) na Reserva Natural Vale,

Linhares, ES, Brasil. Eriotheca macrophylla (Mata Alta - 25%, n= 5; 100%, n= 3; controle,

n= 10; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 15); Guapira opposita (Mata

Alta - 25%, n= 2; 100%, n= 0; controle, n= 6; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4;

controle, n= 9).

Figura 5.6. Número médio de folhas produzidas de mudas de Eriotheca macrophylla e

Guapira opposita nos ambientes de Mata Alta e Mussununga ao longo do experimento de

simulação da herbivoria foliar (fevereiro a novembro/2011) na Reserva Natural Vale,

Linhares, ES, Brasil. Eriotheca macrophylla (Mata Alta - 25%, n= 5; 100%, n= 3; controle,

n= 10; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 15); Guapira opposita (Mata

Alta - 25%, n= 2; 100%, n= 0; controle, n= 6; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4;

controle, n= 9).

xvii

RESUMO

O estudo foi realizado em dois tipos fisionômicos florestais (Mata Alta e Mussununga)

situados na Reserva Natural Vale. O objetivo principal foi avaliar as relações entre insetos e

plantas em dois ambientes edaficamente distintos, testando as seguintes hipóteses: (1)

indivíduos da Mussununga são mais atacados por insetos herbívoros do que aqueles da Mata

Alta por apresentarem folhas com maiores quantidades de componentes da fibra,

característica de ambientes com maior limitação de recursos; (2) espécies pioneiras, as quais

apresentam menor ciclo de vida, são mais consumidas por insetos herbívoros do que espécies

tardias; (3) espécies filogeneticamente relacionadas apresentam diferenças na expressão dos

mecanismos de defesas entre os ambientes de Mata Alta e Mussununga; (4) altas

porcentagens de herbivoria, através da remoção manual do tecido foliar, diminuem a

sobrevivência, o crescimento de plantas e afeta a produção de folhas; e (5) o efeito da

herbivoria é maior nas plantas de Mussununga do que nas de Mata Alta. Foram avaliadas as

porcentagens de herbivoria e características foliares (teor de água, área foliar, massa foliar por

unidade de área, fenóis totais, fibras em geral e alcalóides) em indivíduos arbóreos das duas

comunidades. Quando sorteamos 50 árvores independentes de quais espécies as mesmas

pertenciam, verificamos que não houve diferença nas porcentagens de herbivoria entre as

comunidades e não houve relação significativa entre herbivoria, teor de água e componentes

da fibra. Ao amostrarmos pares congenéricos nos dois ambientes, não houve um padrão para

os investimentos em fenóis totais e foi verificado que 3 dos 5 pares estudados apresentaram

maiores investimentos em componentes da fibra para os congêneres da Mata Alta, embora a

média geral da maioria destas variáveis não tenha diferido entre os ambientes. Ao analisar a

herbivoria destes pares congenéricos entre as fitofisionomias encontramos que, somente os

valores de herbivoria da Casearia diferiram significativamente entre Mata Alta e

Mussununga, sendo maiores para a Mata Alta. Foram verificadas também relações positivas

significativas entre herbivoria e área foliar para as espécies de ambos os ambientes, sendo

também a herbivoria negativamente relacionada com fibras e lignina para as espécies da Mata

Alta e positivamente relacionada com fibras para as espécies da Mussununga. Quando o foco

foi direcionado para os grupos funcionais, as espécies pioneiras apresentaram maior qualidade

nutricional e menor concentração de defesas do que as plantas de estágio sucessional tardio

nos dois tipos florestais. Entretanto, não foram observadas diferenças significativas nas

porcentagens de herbivoria entre espécies de estágio sucessional inicial e tardio nos dois

xviii

ambientes. Por fim, o impacto da herbivoria foliar simulada em mudas transplantadas para os

dois ambientes mostrou uma redução na sobrevivência e no crescimento de indivíduos de E.

macroplhylla na Mussununga e G. opposita na Mata Alta, quando submetidas à intensa

remoção de área foliar total. O impacto da herbivoria nestas espécies não foi maior na

Mussununga, não corroborando assim a hipótese de Fine. Embora o ataque dos insetos

herbívoros tenha sido de modo geral similar entre os pares congenéricos das duas florestas,

estes influenciaram diferentemente na expressão dos mecanismos de defesas destes pares.

Assim, estudos comparativos mais aprofundados, envolvendo relações filogenéticas, devem

ser realizados para elucidar se os herbívoros influenciam a distribuição das espécies nestes

ambientes com diferentes limitações de recursos.

xix

ABSTRACT

The study was carried out in two forest type (Mata Alta and Mussununga) located in the

Reserva Natural Vale. The main aim was to assess the relationships between insects and

plants in two tree comunities that differ in soil traits, testing the following hypotheses: (1)

plants from Mussununga are more attaked by herbivores than those of Mata Alta due to higher

fiber components in Mussunga leaves, characteristic of environments with more limited

resources; (2) pioneer species, which have a lower life cycle, are more consumed by

herbivores than late secundary species; and (3) species phylogenetically related differ in

plant-defense mechanisms between forest type (Mata Alta and Mussununga); (4) high level of

leaf area removal by manual clipping, decrease plant survival, growth and leaf production;

and (5) herbivory affects more plants from Mussununga than Mata Alta. We evaluated the

percentage of herbivory and leaf characteristics (water content, leaf area, leaf mass per unit

area, total phenols, fiber in general and alkaloids) in individual trees of the two communities.

When considered 50 randomly selected trees independently of which species they belonged,

we found no difference in the percentages of herbivory among communities and there was no

significant relationship between herbivory, water content and fiber components. Analyzing

the congeneric pairs from these two forest types no pattern was found for investment in total

phenols. Three of the five pairs analyzed had higher investment of fiber in Mata Alta,

although the overall average of most of these variables did not differ between forest types. In

examining these congeneric pairs, herbivory differed significantly between Mata Alta and

Mussununga, being higher for the Mata Alta only for one pair. A significant positive

relationship were found between herbivory and leaf area for species of both forest types.

Herbivory was negatively related with FDN and LIG for Mata Alta species and positively

related with FDN for Mussununga species. When the focus was the functional groups,

pioneer species had higher nutritional quality and lower concentration of defenses that plants

of later successional stage in both forests. However, there were no significant differences in

the percentages of herbivory between early and late successional species in both forests.

Finally, the impact of the leaf removal in the transplanted plants showed a reduction in the

survival and growth of individuals of E. macroplhylla in Mussununga and G. oppositain Mata

Alta, when subjected to intense removal of leaf area. The herbivory impact of these species

was not higher in Mussununga, thus the Fine’s hypothesis was not confirmed. Although

herbivory was generally similar between the congeneric pairs of the two forests, these forests

xx

influenced differently the expression of the defense mechanisms of these pairs. Thus, more

detailed comparative studies involving phylogeny, should be conducted to elucidate whether

herbivores influence the distribution of the tree species in these forest habitats that differ in

limiting resources.

CAPÍTULO I

Introdução geral

1.1. Apresentação

A presente dissertação se destaca por ser pioneira no estudo da herbivoria foliar e

defesas químicas em duas comunidades arbóreas fisionomicamente distintas no norte do

Espírito Santo. Apesar de grande parte das florestas desta região ter sido intensamente

explorada e consequentemente destruída, as florestas aqui estudadas estão em bom estado de

conservação, por estarem sob o domínio da Reserva Natural Vale, que embora ainda não

tenha sido reconhecida oficialmente como unidade de conservação, vem adotando medidas

visando à preservação destes remanescentes florestais (Simonelli, 2007).

Esta dissertação foi estruturada em capítulos, onde neste primeiro (Capítulo I) foi feita

uma breve introdução teórica sobre a floresta de tabuleiro, seguida dos temas centrais,

herbivoria e aspectos nutricionais e defensivos das plantas, e encerrando com a justificativa de

desenvolvimento da pesquisa. No Capítulo II foi feita uma descrição da área de estudo e dos

sítios amostrais. O capítulo III refere-se a um levantamento geral da herbivoria, relacionando-

a ao conteúdo de água e fibras de árvores das fisionomias de Mata Alta e Mussununga, sem

levar em consideração as espécies amostradas, destacando apenas a família Myrtacea por ser

bem representativa nestes ambientes florestais. Este capítulo teve como objetivo testar se a

complexidade ambiental influencia nos padrões de herbivoria e se indivíduos da Mussununga

(ambiente mais limitante na seca) apresentam folhas com menores teores de água e maiores

de componentes das fibras do que indivíduos da Mata Alta. O capítulo IV trata-se de um

estudo mais detalhado da herbivoria em pares congenéricos coocorrentes nestas duas

comunidades, bem como comparações interespecíficas em cada ambiente estudado. Além

disso, as porcentagens de herbivoria foram relacionadas às várias características foliares como

área foliar, massa foliar por unidade de área, fenóis, além daquelas já descritas para o capítulo

3, levando em consideração as relações filogenéticas. O Capítulo V retrata o efeito simulado

da herbivoria por insetos em plântulas transplantadas de E. Macrophylla (K. Schum.) A.

Robyns e Guapira opposita (Vell.) Reitz nas duas comunidades arbóreas estudadas com o

objetivo de testar os efeitos da herbivoria no crescimento, produção de folhas e sobrevivência

2

destas espécies. No Capítulo VI buscou-se integrar as principais idéias abordadas ao longo de

cada capítulo.

1.2. Importância das florestas de tabuleiro do Norte do Espírito Santo

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em diversidade biológica, com alto grau

de endemismo e também um dos mais ameaçados do mundo. Hoje, corresponde a cerca de

7% da sua vegetação primária (Myers et al. 2000). No norte do Espírito Santo, a maior parte

dos remanescentes florestais estão altamente fragmentados, distribuídos em manchas de

diferentes tamanhos, estando reduzida a um núcleo florestal, constituído pela Reserva

Biológica de Sooretama e a Reserva Natural Vale, as quais somam 46.000 ha de floresta

contínua, situadas nos municípios de Sooretama e Linhares, respectivamente (Peixoto et al.

2008).

A floresta de tabuleiro é uma das formações vegetais mais importantes do Espírito

Santo, por concentrar alta diversidade da flora, principalmente entre as espécies lenhosas, e

grande quantidade de espécies endêmicas (Peixoto et al. 2008). Ruschi (1950), em um estudo

descritivo sobre esta vegetação afirma que sobre estes terrenos, que são provenientes de

formações do terciário, se encontram os maciços florestais de maior significação. Em virtude

disso, muitos trabalhos têm sido desenvolvidos nos últimos anos, especialmente na Reserva

Natural Vale (RNV), abordando diferentes aspectos ecológicos, tais como composição,

estrutura e funcionalidade deste tipo florestal, onde alguns trabalhos mais recentes são os de

Garay et al. 2003; Mansano & Tozzi, 2004; Jesus & Rolim, 2005; Araujo et al. 2008; Peixoto

et al. 2008; Simonelli et al. 2008; Massad et al. 2011, sendo este último relacionado ao estudo

do efeito da herbivoria sobre o crescimento de mudas visando à restauração florestal. Apesar

de sua importância biológica, a vegetação nativa foi intensamente explorada ao longo dos

anos para a extração de madeira e implantação de projetos agropecuaristas (Simonelli, 1998).

A floresta de tabuleiro no norte do Espírito Santo é influenciada por fatores geológicos

locais e edafico-climáticos, apresentado, portanto características fisionômicas e florísticas

únicas (Peixoto et al. 2008). A listagem florística da RNV contém em torno de 2.400 espécies,

correspondendo cerca de 10% da flora da Mata Atlântica (Simonelli, 2007), sendo rica em

espécies de valor econômico e conservacionistas comprovado, tais como Dalbergia nigra

(Vell.) Allemao ex Benth., Paratecoma peroba (Record & Mell) Kuhlm., Astronium

graveolens Jacq., A. concinnum Schott ex Spreng. e várias espécies de Tabebuia. (Peixoto et

al. 2008). Estes autores afirmam também, que são encontradas espécies produtoras de óleo e

resinas, como a Copaifera langsdorffii Desf., Virola gardneri (A. DC.) Warb., e Protium

3

heptaphyllum (Aubl.) subsp. heptaphyllum; e aquelas usadas na medicinal tradicional (e.g.

Tynanthus elegans Miers, Smilax spp., Piper spp., Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo.

No domínio desta reserva, dois tipos de vegetação estudados neste trabalho se

diferenciam quanto às características florísticas e edáficas, que são a floresta de Mata Alta e a

floresta de Mussununga. A Mata Alta foi caracterizada como floresta densa de cobertura

uniforme (Rizzini & Garay, 2003) e ocorre em ou solos argilosos ou areno-argilosos e a

Mussununga ocorre em bandas de solos arenosos não marinhos (Peixoto et al. 2008). Meira

Neto et al. (2005) considera que a fisionomia de Mussununga varia desde sua forma campeste

até florestais, onde as fisionomias campestres são mais relacionadas floristicamente às

Restingas e o trabalho de Simonelli et al. (2008) indicou que as fisionomias florestais são

mais relacionadas às Florestas Ombrófilas circundantes. Entretanto, a formação campestre é

denominada por Peixoto et al. (2008) como “Nativos”. A fisionomia de Mussununga aqui

estudadas corresponde aquela descrita por Simonelli et al. (2008).

Estudos de Jesus & Rolim (2005) na fisionomia de Mata Alta na RVN, revelaram que

a composição florística foi de 406 espécies e 61 famílias DAP (≥ 10 cm). As famílias que

apresentam maior número de espécies são Myrtaceae, Leguminosae-Faboideae,

Leguminosae-Caesalpinioideae, Leguminosae-Mimosoideae, sendo Eugenia, Pouteria,

Ocotea, Myrcia, Marlierea, Inga e Tabebuia, os gêneros mais ricos em espécies (Jesus &

Rolim, 2005; Peixoto et al. 2008). As espécies de maior densidade foram Senefeldera

multiflora Mart., Dialium guianense, Eugenia cf. ubensis, Hydrogaster trinervis, Quararibea

penduliflora, Ecclinusa ramiflora, Guapira opposita, Eriotheca macrophylla e Schoepfia

oblongifolia, com uma densidade total de 517,2 indivíduos/ha. O índice de diversidade de

Shannon foi igual a 5,04 nats/espécies, estando entre os mais altos já registrados em Florestas

Atlânticas (Jesus & Rolim, 2005).

No estudo de Simonelli et al. (2008) na fisionomia florestal de Mussununga

amostraram 73 espécies arbóreas (DAP ≥ 5cm), pertencentes a 29 famílias, com maior riqueza

de espécies da família Myrtaceae e Lauraceae, sendo os gêneros Ocotea, Eugenia e Myrcia os

que apresentam maior riqueza de espécies. Estes mesmos autores encontraram uma densidade

total de 1.643 indivíduos/ha. As espécies mais comuns foram Guapira opposita (Vell.) Reitz,

Simira eliezeriana Peixoto, Kielmeyera albopunctata Saddi, Manilkara subsericea (Mart.)

Dubard, Aspidosperma pyricollum Müll. Arg., Amaioua intermédia Mart. e Micropholis

venulosa (Mart. & Eichler) Pierre. O índice de diversidade de Shannon-Weaver foi de 3,36

nats/espécies, sendo, portanto, inferior aos obtidos para as áreas de Mata Alta, porém

próximos aos das áreas de restinga (Simonelli et al. 2008).

4

Uma análise de similaridade de espécies utilizando-se o índice de Jaccard e baseada

nos dados de listagem de espécies publicadas por Peixoto et al. 2008; Simonelli, et al. 2008; e

Jesus & Rolim, 2005, indicou que a similaridade de espécies arbóreas encontrada entre a Mata

Alta e a Mussununga é baixa (Sj = 0,067), confirmando que as duas fitofisionomias

apresentam composição florística bem distinta, com 342 espécies exclusivas da Mata Alta, 33

exclusivas da Mussununga e 27 espécies comuns às áreas. A similaridade genérica também

foi baixa (Sj = 0,18), com 175 gêneros exclusivos da Mata Alta, 10 exclusivos da

Mussununga e 41 gêneros em comum.

1.3. Interação inseto-planta: herbivoria

Os vegetais são à base de recurso de toda cadeia alimentar de comunidades terrestres e

a grande maioria destas cadeias é formada de no mínimo três níveis tróficos: plantas,

herbívoros e os inimigos naturais dos herbívoros (Price et al. 1980). Os herbívoros são

altamente diversos, variando desde tamanhos microscópicos a grandes herbívoros terrestres

(Huntly,1991), consumindo, em média, 15% da produção líquida em ecossistemas terrestres

(Crawley, 1989; Cyr & Pace, 1993; Agrawal, 2011; Johnson, 2011). Estima-se que a metade

dos insetos vivente seja mastigador, sugador, galhador ou minador, e mesmo assim, apenas

nove das 30 ordens de insetos existentes são primariamente herbívoros, onde o modo de

alimentação destes fitófagos varia de acordo com os táxons, estando relacionadas às diferentes

estruturas das peças bucais (Gullan & Cranston, 2007).

Estudos de interação entre insetos e plantas trouxeram importantes contribuições

científicas, uma vez que há uma relação íntima entre ambos. Em muitos casos, os insetos

promovem a defesa contra a herbivoria e polinização (Dáttilo et al. 2009; Kaminski et al.

2009), enquanto as plantas fornecem abrigo, sítios de desova e alimentação (Pizzamiglio,

1991; Mello & Silva- Filho, 2002). Entretanto, dependendo do percentual de dano por

herbivoria, o ataque por insetos podem ser extremamente prejudiciais às plantas, podendo

aumentar a suscetibilidade de doenças, alterarem o crescimento dos indivíduos, o sucesso

reprodutivo, o estabelecimento de plântulas e a distribuição espacial dos indivíduos em uma

comunidade (Crawley, 1989; Schowalter & Lowman, 1999).

Estudos compilados por Moles & Westoby (2004) reportam que os herbívoros são os

principais responsáveis pela mortalidade em plântulas em comunidades naturais,

correspondendo a 38% de mortalidade, sendo esta porcentagem superior a outros fatores tais

como: ataque por fungos (20%), seca (35%), danos físicos (4,6%) e competição (1,3%). A

mortalidade de plântulas, em alguns casos, pode estar associada à maior proximidade da

5

planta-mãe. Tal fato foi observado por Blundell & Peart (2004), onde indivíduos jovens

sobreviveram significativamente melhor em áreas com uma menor densidade de adultos da

mesma espécie, corroborando com a hipótese proposta por Janzen (1970) e Connel (1971),

que previram uma alta mortalidade de plântula e sementes perto de árvores adultas, por causa

de predadores de sementes, herbívoros ou patógenos dos hospedeiros específicos das árvores.

Clark & Clark (1985) encontraram que, danos no meristema apical de plântulas foram

positivamente correlacionados com a proximimidade dos indivíduos adultos da mesma

espécie, bem como com densidade de plântulas no local.

Entende-se como herbivoria o consumo de partes dos tecidos das plantas por animais,

incluindo folhas, caule, raízes, flores, frutos, ou sementes. Quando a ação do herbívoro causa

a morte do indivíduo é considerada como predação, tais como, o consumo de plântulas

inteiras ou sementes, uma vez que o consumo total desses indivíduos inviabiliza qualquer

sucesso no desenvolvimento. Entretanto, quando há apenas o consumo parcial sem levá-los a

morte, é considerada como parasitismo (Schowalter & Lowman, 1999; Cornelissen &

Fernandes, 2003; Del-Claro & 2012).

A herbivoria por insetos pode atingir fortemente os processos ecológicos e sua relação

com diversidade de plantas e tem se destacado como tema central nas pesquisas que envolve o

funcionamento da biodiversidade (Schuldt et al. 2010), onde a alta variação na diversidade

genética, biomassa total, riqueza de espécies e abundância relativa das comunidades de

plantas proporciona uma heterogeneidade física e química, que pode afetar fortemente a

interação entre inseto e planta (Agrawal, 2006). Assim, os herbívoros enfrentam uma série de

barreiras para se alimentarem das plantas, tais como: dificuldade de localização da planta

hospedeira entre uma grande variedade de plantas das quais o inseto não pode sobreviver;

risco de dessecação; e principalmente, barreiras físicas e nutricionais oferecidas pelos tecidos

vegetais (Gullan & Cranston, 2007; Rasmann, & Agrawal, 2009).

As relações insetos-plantas têm sido extensivamente estudadas em sistemas agrícolas

(e.g. Andow, 1991; Amaral, et al. 2010), sendo escassos para comunidades florestais com

gradientes de alta diversidade de espécies vegetais (e.g. Schuldt et al. 2010). Além disso,

muitos autores concluem que os herbívoros são responsáveis pela manutenção da

especilização de plantas hospedeiras em áreas heterogêneas (Schowalter & Lowman, 1999;

Fine, et al. 2004 e 2006; Marquis, 2004;). Hipóteses como as de concentração de recursos e

de inimigos (Root, 1973; Tahvanainen & Rott, 1972), têm sido utilizadas para explicar a

redução de herbívoros em comunidades mais diversas (Andow 1991; Tonhasca & Byrne,

1994; Finch & Collier, 2000). Tal fato pode ser explicado pela baixa concentração de recursos

6

vegetais em ambientes mais diversificados, bem como o aumento da abundância de insetos

predadores e parasitóides (Tahvanainen & Rott, 1972; Root, 1973; Brown & Ewel, 1987;

Andow, 1991; Agrawal et al. 2006; Gullan & Cranston, 2007). Todavia, Schuldt et al.(2010)

em estudos recentes em uma floresta subtropical no sudeste da China encontrou uma relação

positiva entre a riqueza de plantas e herbivoria associando tal fato a uma ampla variedade de

alimento para os herbívoros generalistas em decorrência da alta diversidade vegetacional.

1.4. Defesas de plantas contra a herbivoria

As plantas, ao longo da evolução, desenvolveram diferentes mecanismos de defesas

contra a herbivoria, incluindo as defesas físicas (Baur et al. 1991; Cooper & Ginnett, 1998) e

defesas químicas, como a produção de uma série de toxinas e proteínas de defesa (Coley &

Barone, 1996, Howe & Jander, 2008; Mello & Silva- Filho, 2002; Trigo et al. 2012). Além

disso, determinadas plantas emitem substâncias voláteis, as quais atraem predadores de

insetos e assim protegendo-as contra as ameaças futuras. Essas substâncias são sinalizadas

através do reconhecimento de secreções orais do inseto e sinais de ferimento de células

vegetais. Paralelamente, os insetos mais especializados desenvolveram estratégias para

superar as barreiras de plantas, como a desintoxicação de substâncias tóxicas (Edward &

Wratten, 1981; Howe & Jander, 2008; Mello & Silva- Filho, 2002; Schowalter & Lowman,

1999; Trigo et al. 2012).

Algumas classes de metabólitos secundários são consideradas importantes no estudo

de interações inseto-planta como os alcalóides, terpenóides, compostos fenólicos e derivados

de ácidos graxos (Trigo et al. 2012). Com exceção dos alcalóides, os demais compostos são

baseados em carbono. Os alcalóides de forma geral são tóxicos para os insetos e não tem

nenhuma função primária para as plantas. Os terpenóides também podem apresentar toxidez

para os insetos e/ou cumprir outras funções, tais como atrativo para polinizadores, além

desempenharem outros papéis na produção primária (ex. carotenóides) (Agrawal & Konno,

2009). Os fenóis, além de funcionarem como compostos de defesas contra herbivoria

protegem a planta contra a radiação UV. Os derivados de ácidos graxos são responsáveis pela

liberação de compostos voláteis e importantes na ativação da expressão gênica de muitos

mecanismos de defesas, como o aumento dos terpenóides (Trigo et al. 2012). Estas defesas

são geralmente dividas em quantitivas e qualitativas, onde o efeito das primeiras sobre os

insetos herbívoros dependente da quantidade, sendo comumente encontradas em altas

concentrações nas plantas, como por exemplo, ligninas e fenóis, conferindo um alto custo

energético para sua produção, por serem de alto peso molecular. Por outro lado, as defesas

7

qualitativas estão presentes em baixas concentrações nos tecidos vegetais e são menos

custosas para sua produção e são pouco eficazes contra o ataque de insetos herbívoros não

adaptados a elas (Coley et al.1985).

Tais mecanismos das plantas citados anteriormente, não são os únicos que estão

envolvidos na redução do impacto da herbivoria, Boege & Marquis (2005) classificaram as

características que estão envolvidas neste processo em três tipos: (1) escape, que são aquelas

que influenciam na probabilidade de ser encontrado por herbívoros (e.g. tamanho da planta e

fenologia da folha); (2) defesas, que são aquelas que reduzem a herbivoria por diminuirem o

teor nutricional do alimento (defesas diretas) ou influenciam a abundância dos herbívoros,

como os inimigos naturais (defesas indiretas); e (3) tolerância, que são aquelas que após o

ataque pelo herbívoro, reduzem o impacto negativo da planta, contribuindo para capacidade

da mesma em se manter no ambiente e perpetuar.

1.5. Aspectos nutricionais das plantas para os insetos

Estudos apontam a qualidade das plantas como um fator importante que influencia na

alimentação dos insetos herbívoros (White, 1984, Schowalter et al. 1986, Cobb et al. 1997),

onde o padrão de herbivoria na comunidade é reflexo da palatabilidade das diferentes espécies

de plantas (Coley et al. 1985). A qualidade nutricional não corresponde somente aos

nutrientes disponíveis para os insetos, mas principalmente pelas características de defesas

(Stamp, 2003), sendo variável entre as espécies e idade das folhas, onde folhas jovens são

mais nutritivas que folhas maduras, em função da alta concentração de nutrientes (nitrogênio

e água) e baixa quantidade de compostos de defesa em folhas jovens (Coley, 1983; Coley &

Barone, 1996; Cornelissen & Fernandes, 2001). Compostos como fibras e ligninas reduzem a

capacidade dos herbívoros consumirem e digerir tecidos foliares (Coley, 1983; Lacerda et al.

1986; Coley, 1987; Coley & Barone, 1996). Entretanto, o aumento na concentração de

nutrientes foliar pode influenciar positivamente no crescimento e reprodução dos insetos

herbívoros (Marquis, 2012).

As mudanças estacionais nos níveis de nitrogênio solúvel ou concentrações de

aminoácidos nas folhas podem apresentar problemas particulares para os insetos menos

especializados (Edwards & Wratten, 1981). Em ambientes pobres em nitrogênio, por

exemplo, a maioria dos tecidos foliares disponíveis pode apresentar baixo valor nutricional,

onde herbívoros mais especializados devem possuir um sistema digestivo eficiente para

conseguir extrair energia e nutrientes, e procurar os tecidos mais nutritivos disponíveis,

acompanhando o período de produção de folhas novas (Mattson, 1980). Isto ocorre porque o

8

nitrogênio é na maioria das vezes, um recurso limitante para o crescimento dos herbívoros,

uma vez que grande quantidade de tecido vegetal deve ser consumida para que os insetos

consigam obter a quantidade de proteínas necessária para o seu metabolismo (Mattson, 1980;

Marquis, 2012). Assim, em ambientes com limitação de recursos, altos níveis de lignina,

celulose, compostos fenólicos, terpenos e outros aleloquímicos não baseados em carbono são

constantemente presentes (Mattson, 1980).

1.6. Justificativa do estudo

Os impactos causados pelo homem na natureza nos últimos anos, como a

descaracterização de florestas e pântanos para formação de extensas pastagens, têm refletido

nas alterações climáticas que podem interferir nas relações interespecíficas e em cadeias

alimentares inteiras. Desta forma, conhecer as interações dentro dos níveis tróficos é de

fundamental importância para compreender os processos regulares e estruturadores das

comunidades naturais e assim, desenvolver mecanismos que visem à conservação da

biodiversidade remanescente (Del-Claro, 2012).

No Brasil, principalmente na Mata Atlântica, estudos relacionados a padrões de

herbivoria enfocando situações amplas, como variações nas defesas de plantas em habitat

edaficamente heterogêneos e com alta diversidade de plantas, são escassos. Tais estudos

podem fornecer informações sobre o papel ecológico das espécies nos diferentes ambientes,

apontando o quanto estável ou vulnerável ao ataque por insetos herbívoros determinada

população ou comunidade se encontra, bem como respostas a perguntas de como as espécies

se comportam em ambientes diferentes e como os compostos químicos e estruturais estão

envolvidos nestes processos. Além disso, estes estudos pode possibilitar a fundamentação de

várias hipóteses exitentes, principalmente aquelas relacionadas ao grau de especialização de

espécies vegetais a condições ambientais de limitação de recursos, como sugerido por alguns

estudos (Fine et al. 2004 e 2006; Fine & Mesones, 2011), onde os herbívoros apresentam um

papel significativo na adaptação das plantas a ambientes com diferentes condições abióticas

ao longo do tempo evolutivo. Tal fato tem associado com a disponibilidade de recurso no

ambiente influenciar na evolução dos diferentes tipos e quantidades de defesas de plantas,

tornando-as mais ou menos vulneráveis a herbivoria (Coley et al. 1985; Bryant et al. 1983).

Logo, estudos desta natureza, que são escassos em Florestas de Tabuleiro na região do norte

do Espírito Santo, podem fornecer informações importantes na geração de subsídios que

contribuam para a tomada de decisões voltadas para a conservação e o manejo da

biodiversidade neste tipo de ecossistema florestal.

9

CAPÍTULO II

Descrição da área de estudo

2.1. Reserva Natural Vale

A RNV está localizada no norte do estado do Espírito Santo. Apresenta uma área de

21.787 ha abrangendo os municípios de Linhares e Jaguaré-ES, entre as coordenadas

geográficas 19°06' e 19°18'S e 39°45' e 40°19'W. A altitude local oscila entre 28 e 65 m e a

área está a 30 km distante do centro de Linhares (Jesus & Rolim, 2005).

Dentro da reserva ocorrem duas províncias geomorfológicas, a planície de tabuleiro, a

qual está instalada sobre os sedimentos de formação Barreiras, caracterizada por interflúvios

de superfície plana com declividade para o mar, sendo os vales muitos largos e com fundos

planos colmatados por sedimentos quartenários; e planície costeira, a qual é corresponde a

sedimentos litorâneos arenosos e depósitos areno-argilosos fluviais, além de zonas baixas

superficialmente turfosas (Sugio et al. 1982). A reserva corresponde, em grande parte, áreas

da planície de tabuleiros do terciário e, em menor parte a planície costeira do quaternário

(Araujo et al. 2008).

Na década de 50, a companhia Vale do Rio Doce comprou 104 propriedades para

formar antiga Reserva Natural da Vale do Rio Doce e até hoje há tentativas de compras de

terras no entorno da reserva (Jesus & Rolim, 2005). O motivo das compras das terras era de

manejar a floresta para a produção de dormentes para a ferrovia Vitória- Minas. Entretanto,

verificou-se que o projeto não era economicamente viável, por haver maior número de

espécies arbóreas que ainda não eram utilizadas para a transformação em dormentes do que

aquela que eram utilizadas. Além disso, o grande número de espécies que as florestas

tropicais fluviais apresentam fez com que os cuidados para o processo de regeneração natural

fossem difíceis e onerosos e também pela tendência das espécies de menor interesse

econômico predominar na floresta secundária (Heinsdijk et al. 1965). Então mantiveram a

floresta como reserva e a cobertura florestal desta permanece bastante conservada.

Dentro do limite da RNV há basicamente quatro fitofisionomias distintas (Peixoto et

al. 2008), que são: a Floresta Alta de Terra Firme (Mata Alta), sendo esta mais representativa

da mata de tabuleiro, Floresta de Mussununga com árvores mais baixas, variando de 7 a 10 m

de altura; Floresta de Várzea, associada a vegetações de áreas alagáveis, constituída por

árvores de esparsas e palmeiras, e solo coberto por vegetação graminóide (cerca de 4% da

10

área); e os campos nativos (cerca de 6% da área), que aparecem como enclaves na floresta e

estão representados por campos abertos com vegetação graminóide ou vegetação arbóreo-

arbustiva em moitas características. Estes autores afirmam que as transições entre estes

quatros tipos de vegetação pode ser aguda ou gradual, sendo possível identificar um ecótono

pela composição de espécies, sendo também associado com canais de drenagem natural ou

aos diferentes tipos de solos (Fig.2.1).

Figura 2.1. Localização e vegetação da Reserva Natural Vale, Espírito Santo, Brasil. Fonte: Peixoto et al. 2008

.

A vegetação nativa do Espírito Santo é classificada como floresta ombrófila densa de

terras baixas (RADAMBRASIL, 1987). Entretanto, alguns estudos a relacionam aos aspectos

funcionais relacionados ao caráter estacional, classificando-a como Floresta Estacional Semi-

Decidual de Terras Baixas ou Floresta Ombrófila Semi-decídua (Peixoto & Gentry, 1990).

Estudos sobre a fenologia de 41 espécies da floresta representativa de Tabuleiro (Mata Alta)

revelou uma proporção igual entre espécies sempre-verde e brevidecíduas (43,9%) e apenas

12,2% de espécies caducifólias classificando-a como Floresta Estacional Perenifólia, uma tipo

11

intermediário entre Floresta Ombrófila densa e Floresta Estacional Semidecidua (Engel,

2001), do sistema de classificação do Veloso et al. (1991).

Dados climáticos de 22 anos (1975-1996) revelaram que o clima da região é marcado

pela sazonalidade, apresentando um clima quente e úmido, com estação chuvosa no verão

(outubro a março) e seco no inverno (maio a setembro), sendo incluída no tipo Aw de

KÖPPEN (Peixoto et al. 2008). Durante o referido período, a precipitação pluviométrica

média anual foi de 1.214 mm, sendo verificada a presença de duas fases: uma fase chuvosa

que durou até 1985, a qual apresentou uma precipitação superior a média, e uma fase seca

(1986-1996), com uma precipitação inferior a média, com exceção do ano 1992, cujas

pluviosidades foram acima da média. A temperatura média foi de aproximadamente 24 ° C,

sendo a média máxima de cerca de 35 °C, e a máxima absoluta de 39,8 °C. A média mínima

foi de aproximadamente 15 °C, enquanto que a média mínima absoluta foi de 8,3 ° C (Peixoto

et al. 2008).

2.2. Sítios Amostrais

O estudo foi realizado em duas áreas com fisionomias distintas localizadas dentro do

domínio da RNV. Em cada área foi utilizada uma parcela permanente de 1 ha cada, sendo

representadas pela Mata Alta (S19°09’14,2” e W040°02’0,004”) e Mussununga

(S19°09’078”e W040°02’19,7”). A escolha dessas áreas foi feita com base em visitas nas

áreas, nos quais foram consideradas as diferentes características dos solos e das

fitofisionomias.

A Floresta de Mata Alta corresponde c. de 70% da área total da Reserva da Vale e

destes apenas 8% é ocupada pela floresta secundária. Quando comparada com as outras

formações integrantes da mata de tabuleiro, destaca-se por apresentar árvores com um dossel

fechado, atingindo até 40m de altura e sub-bosque pouco desenvolvido, sendo considerada a

formação vegetacional com maior riqueza de espécies arbóreas (Peixoto et al. 2008) (Fig.

2.2).

12

Figura 2.2. Foto mostrando o sub-bosque da Mata Alta na Reserva Natural Vale, Linhares, ES.

Os solos da Mata Alta são caracterizados como argilosos ou argilo-arenosos (Peixoto

et al. 2008), classificados como Podzólico Amarelo distrófico ou Argissolo Amarelo,

apresentando como características a diferença de granulometria com a profundidade e a baixa

fertilidade devido às pequenas concentrações de base trocáveis (Garay et al. 2003). De acordo

com Santos et al. (2004a) esta classe de solos é proveniente de sedimentos do terciário (Série

Barreiras), sendo constituída de minerais com horizonte A moderado, presença de B textural,

porosos, bem drenados com textura variando de arenosa a média no horizonte A e média a

argilosa no horizonte B. Além disso, possuem baixa capacidade de troca de cátions e baixa

soma de bases trocáveis (Fig.2.4).

A Mussununga é circundada pela floresta de Mata Alta, formando um enclave dentro

desta e ocupa 7,9% da área da Reserva da Vale (Peixoto et al. 2008). Possui copas menos

densas, permitindo maior penetração de luz para os solos (Figura 2.3). As árvores da

Mussununga possuem em torno de 10m de altura, mas algumas espécies emergentes não

excendo a 20m de altura (Simonelli et al. 2008). Apresenta menor riqueza de espécies quando

comparado com a floresta de Mata Alta e abundância de elementos xerófilos, lianas e

13

bromélias, possuindo características similares as matas de restingas (Garay et al. 2003;

Simonelli et al. 2008). Entretanto, um fator edáfico que diferencia as Mussunungas das

restingas é a ocorrência de uma camada impermeável de laterita (couraça laterítica) que

provoca alagamentos estacionais nas Mussunungas, favorecendo a grande umidade no período

chuvoso (Meira Neto et al. 2005). De acordo com Heinsdijk et al.(1965), a floresta de

Mussununga parece com a floresta de Cerrado, não pela falta de água, mas sim pela condições

do solo ou por causa de fatores edáficos.

Figura 2.3. Foto mostrando a entrada de luz na Mussununga na Reserva Natural Vale, Linhares, ES.

Os solos da Mussununga são arenosos nas diferentes profundidades, classificados

como Podzol (Garay et al. 2003), sendo representada por solos azonais, determinados

essencialmente por uma rocha matriz quase desprovida de elementos finos, argilas e silte, e

pelo lençol freático pouco profundo, que forma uma barreira à lixiviação da matéria orgânica

e dos óxidos de alumínio e ferro, originando as camadas B húmica e férrica (Garay et al.

2003) (Fig.2.4). Estes autores afirmam que a camada orgânica em processo de decomposição

se acumula no primeiro horizonte do solo, sendo a velocidade de decomposição mais lenta

14

quanto comparada com a floresta de Mata alta. Tal fato não se deve às baixas concentrações

de nitrogênio nos aportes foliares, mas sim às características edáficas da área, em função da

procedência dos solos da Mussununga que são formados a partir de sedimentos que recobriam

as encostas dos tabuleiros, sendo, portanto, pobres em elementos finos e nutrientes (Garay et

al. 2003).

Figura 2.4. Características pedológicas dos perfis de solo da Mata Alta e Mussununga, na Reserva Natural Vale,

Linhares, ES. A: solo Podzólico; B: solo Podzol. Fonte: Garay et al. 2003.

Os solos que dominam a região dos tabuleiros são, de modo geral, homogêneos, com

profundidade entre 2 e 4m e de baixa fertilidade, sendo o horizonte superficial arenoso pouco

favorável à retenção de nutrientes. Assim, a matéria orgânica proveniente da vegetação pode

ser fundamental para manutenção da estrutura e fertilidade dos solos (Garay et al. 2003).

15

Esses autores encontraram que a Mata Alta apresenta maior concentração de nitrogênio e

menor razão C/N quando comparada com Mussununga. Revelaram também que a

concentração de C total no horizonte hemiorgânico A12 do solo da Mata Alta da reserva da

Vale foi de 0,72 % e na Mussununga foi de 1,16%, de N foi 0,08% para a Mata Alta e 0,07%

para a Mussununga, sendo a razão C/N de 8,9 para a Mata Alta e 16,9 para a Mussununga.

16

CAPÍTULO III

Herbivoria foliar em comunidade arbórea de duas fisionomias de Floresta

Atlântica de Tabuleiro no norte do Espírito Santo, Brasil

3. 1 - Introdução

Comunidades naturais geralmente sofrem altas porcentagens de herbivoria, as quais

podem afetar negativamente o crescimento, a reprodução, a habilidade competitiva das

plantas e, consequentemente, influenciar a composição de comunidades vegetais (Crawley,

1983; Huntly, 1991; Coley & Barone, 1996; Marquis, 2004). Entretanto, em alguns casos, a

herbivoria pode ser benéfica para as plantas, quando o ataque dos insetos herbívoros provoca

uma série de reações, como aumento do crescimento e produção de folhas (Nascimento &

Hay, 1993; 1994; Cornelissen & Fernandes, 2003).

A intensidade do dano por herbivoria e a eficácia dos componentes de defesas variam

consideravelmente entre as espécies vegetais, sendo a disponibilidade de recurso fundamental

para a manutenção do tipo e quantidade de defesas nas plantas (Coley et al. 1985). Esses

autores argumentam também que o investimento em composto de defesa depende da taxa de

crescimento das espécies. Em ambientes com recursos limitados, as espécies de crescimento

lento investem mais recursos em produção de defesas imóveis, tais como lignina ou fenóis

totais, e apresentam menor taxa de herbivoria (Coley, 1983; Coley et al. 1985). Chapin (1980)

afirma que espécies de árvores adaptadas a estes ambientes possuem menor capacidade de

absorver nutrientes e de realizar fotossíntese, devendo, portando, ser mais custoso para as

plantas repor as partes perdidas do que defendê-las. Coley (1983) avaliou a taxa de herbivoria

em uma floresta tropical e verificou que plantas de sol (espécies pioneiras) foram, em geral,

mais consumidas por herbívoros que espécies tolerantes à sombra. Tal fato foi fortemente

correlacionado ao menor investimento em compostos de defesas em espécies pioneiras.

Outras teorias existentes envolvendo a relação planta e herbívoro enfatizam que estas

interações podem mudar ao longo de gradientes abióticos. Atualmente, duas hipóteses são

muito utilizadas para explicar como as condições abióticas alteram as características das

plantas, tornando-as mais susceptíveis a herbivoria: hipóteses de estresse (PSH - Plant Stress

Hypothesis) e de vigor de plantas (PVH - Plant Vigour Hypothesis).

17

A PSH, proposta por White (1984), prevê que a palatabilidade das plantas aos

herbívoros irá aumentar com o défici hídrico e nutricional, onde o estresse em plantas pode

alterar a qualidade das propriedades das folhas, fazendo com que haja uma maior qualidade

nutricional nos tecidos foliares causadas pela maior mobilização de nitrogênio em resposta ao

agente estressor. White (2009) afirma que o uso desta hipótese deve ser limitado para explicar

os surtos de herbívoros que se alimentam de tecidos senescentes, como os brocadores, em

resposta às mudanças fisiológicas em suas plantas hospedeiras, induzida por estresse

ambiental.

A segunda hipótese (PVH), proposta por Price et al. (1987), prediz que os herbívoros

atacam preferencialmente plantas mais vigorosas. Price (1991) considera que plantas sob

estresse podem ser mais atacadas por herbívoros, mas pode haver uma preferência alimentar

por partes de plantas que crescem vigorosamente. Este autor define o termo “vigor” como o

crescimento de plantas ou ramos da mesma acima do crescimento médio de uma dada

população. Em geral, a maioria dos estudos que testaram esta hipótese foi realizada com

insetos galhadores (e.g. Cornelissen & Fernandes, 2001; Araújo et al. 2003), sendo, portanto,

escassos para insetos mastigadores (e.g. Cornelissen et al. 1997).

Ambientes naturais variam consideravelmente em termos de produtividade,

diversidade de espécies e diversidade intraespecífica, podendo afetar as interações entre

herbívoro-planta (Agrawal et al. 2006). Em geral, a herbivoria é influenciada pela

composição, densidade e diversidade da vegetação circundante (Brown & Ewel, 1987).

Comunidades de plantas mais simples, como sistemas agroflorestais, podem sofrer maior

herbivoria do que comunidades mais diversas, sugerindo que comunidades mais complexas

apresentam maior diversidade de fontes alternativas de alimentos para os herbívoros, maior

riqueza de herbívoros, parasitas e predadores generalistas e consequentemente, menor pressão

por herbivoria (Brown & Ewel 1987; Edwards & Wratten, 1981; Agrawal et al. 2006; Gullan

& Cranston, 2007). Estas predições são explicadas pelas hipóteses de concentração de

Recursos e de Inimigos propostas por Root (1973) e Tahvanainen & Rott (1972), onde a baixa

concentração de recursos vegetais em ambientes mais diversificados dificulta a localização

das plantas hospedeira e a maior abundância e diversidade de inimigos naturais pode resultar

em melhor controle da densidade populacional de pragas. Em uma revisão feita Jactel &

Brockerhof (2007), encontraram, no geral, uma redução significativa da herbivoria em

comunidades mais diversas e concluiu que a composição de espécies vegetais pode ser mais

importante do que a riqueza em si, e que esta relação pode variar de acordo com as

características funcionais das espécies. Estes autores verificaram que a associação de espécies

18

menos semelhantes proporcionou a redução da herbivoria, o que relacionou com formação de

barreiras físicas ou químicas para a localização das plantas hospedeiras para alimentação ou

para a dispersão dos herbívoros.

A coevolução entre insetos e plantas permitiu a evolução de diferentes mecanismos de

defesas (Marquis, 1984; Coley et. al. 1985), incluindo as defesas mecânicas/físicas como

espinhos (Cooper & Ginnett, 1998), tricomas não glandulares (Baur et al. 1991); e defesas

químicas como a produção de uma variedade de toxinas e proteínas de defesa que visam os

processos fisiológicos dos insetos, na tentativa de afastar ou intoxicar os herbívoros (Coley &

Barone, 1996; Mello & Silva- Filho, 2002; Gullan & Cranston, 2007; Trigo et al. 2012). Tais

mecanismos defensivos, juntamente com a quantidade de nutrientes e água nos tecidos

foliares são fatores que influenciam na alimentação dos insetos herbívoros, onde baixo

conteúdo de água e nitrogênio nas folhas tem proporcionado uma redução da preferência e da

performance dos insetos (Coley & Barone, 1996). Espécies vegetais que apresentam folhas

duras, fibrosas e com baixa qualidade nutricional sofrem menos danos foliares por herbivoria

(Coley, 1987). Folhas mais fibrosa (esclerófilas) são típicas de vegetação como a de

Mussununga, a qual cresce em solos arenosos, ácidos e pobres em nutrientes (Garay et al.

2003; Saporetti-Junior et al. 2009; Turner et al. 1995), sendo esta característica foliar é

vantajosa para as plantas, pois contribui para minimizam perda de água e o excesso de luz

sobre elas (Boeger & Wisniewski, 2003).

Embora existam inúmeros estudos envolvendo interações entre insetos e plantas

poucos são aqueles conduzidos em ecossistemas de Mata Atlântica e com variações abruptas

na diversidade da composição florística e nas características físicas e químicas do solo.

Assim, as florestas de tabuleiros no norte do Espírito Santo podem ser entendidas como

formações florestais ideais para estudos da herbivoria e do padrão de produção de defesas

químicas/mecânicas por apresentarem duas fitofisionomias bem distintas e peculiares, sob a

mesma condição climática – a Mussununga com solos arenosos e menos diversa e a Mata Alta

com solos argilosos e mais diversa floristicamente (Simonelli et al. 2008; Peixoto et al. 2008).

Desta forma, os objetivos deste trabalho foram avaliar as porcentagens de herbivoria por

insetos mastigadores, teor de água e de componentes da fibra em folhas de indivíduos

arbóreos de ambiente com limitação de nutrientes no solo (Mussununga) e de ambiente com

maior disponibilidade de nutrientes (Mata Alta); e verificar se as porcentagens de herbivoria

dos indivíduos nos dois ambientes são influenciadas pelos componentes das fibras e pelos

teores de água na estação seca. Assim, espera-se que indivíduos da Mussununga sejam menos

atacados por insetos herbívoros do que aqueles da Mata Alta por apresentarem folhas com

19

maiores componentes das fibras, característica de ambientes com maior limitação de recursos,

do que as dos indivíduos da Mata Alta, sendo, portanto, de menor qualidade nutricional para

os insetos.

3.2. Material e Métodos

3.2.1. Área de estudo - Vide capítulo 2

3.2.2. Amostragem e análise química

Indivíduos arbóreos do sub-bosque (n= 50) com até 10 m de altura foram sorteados

para a coleta de folhas sem levar em consideração a qual espécie pertenciam. O sorteio das

árvores marcadas nas duas áreas estudadas foi feito a partir da listagem florística da RNV e

não houve a reposição dos números. De cada árvore foram coletadas de 6 a 10 folhas

maduras em cada fisionomia florestal, tanto na coleta realizada em agosto/2010 quanto na de

fevereiro/ 2011. Considerou-se como folha madura aquela disposta abaixo da quarta folha,

contando do ápice para a base do ramo e com uma coloração verde escura (Nascimento e

Proctor, 2001). Em caso de folhas compostas, considerou-se o folíolo como unidade

amostral. A estimativa do total da área foliar consumida foi medida usando um sistema de

sete classes de porcentagem de dano (1= ausência de danos por herbivoria; 2=]0,5]; 3=]5,10];

4=]10,25]; 5=]25,50]; 6=]50,75]; 7=]75,100]). A herbivoria foliar foi avaliada visualmente

analisando em que classe de dano se encaixava cada folha. A média de herbivoria para cada

árvore foi calculada multiplicando o número de folhas danificadas dentro de cada classe de

herbivoria pelo intervalo médio da classe que elas se encontravam e dividindo pelo total de

folhas amostradas (Nascimento & Proctor, 2001).

Em função de sua representatividade nas florestas da região, após a identificação dos

indivíduos amostrados através da listagem florística da RNV, foi calculada a porcentagem de

herbivoria para indivíduos da família Myrtaceae nos dois tipos florestais (Mata Alta e

Mussununga). Destes indivíduos, as folhas coletadas (6 a 10) tanto na estação seca quanta

chuvosa foram separadas do ramo, acondicionadas em saco plástico e em uma caixa de isopor

e logo levadas para o laboratório e pesadas em uma balança portátil com precisão de 3 casas

decimais. Depois de pesadas, as folhas foram deixadas em estufa de circulação até atingir o

peso constante (105°C ± 1). A porcentagem do conteúdo de água foi obtida pela diferença

entre a massa seca e a massa inicial fresca multiplicado por 100 (Allen, 1989).

20

As análises químicas para determinação de fibras em detergente neutro (FDN), fibras

em detergente ácido (FDA), celulose (CEL) e lignina (LIG) foram realizadas no Laboratório

de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) do CCTA/UENF, segundo o método de Van Soest

et al. (1991), utilizando-se 0,5 g do material vegetal seco e pulverizado, sendo feita através da

análise sequencial. A determinação da lignina foi realizada pelo método do ácido sulfúrico a

72%, seguida por incineração do resíduo obtido a 550°C por 3h e a determinação da celulose

é a diferença entre FDA e Lignina. As fibras em detergente neutro incluem a celulose,

hemicelulose, lignina como os principais componentes, além de proteína danificada pelo calor

e proteína da parede celular e minerais (cinzas). Enquanto que as fibras em detergente ácido

são constituídas, basicamente, de celulose e lignina (lignocelulose), de proteínas danificadas

pelo calor e parte da proteína da parede celular e de minerais insolúveis (cinzas).

3.2.3. Análise de dados

As variáveis não apresentaram distribuição normal (Shapiro-Wilk W, p<0,05) e

sofreram transformações em arcoseno para a normalização dos dados (Zar, 1984). Os valores

de herbivoria, teor de água e componentes da fibra foram comparados através da análise de

variância two-way (ANOVA), onde os dois fatores testados simultaneamente foram área

(Mata Alta e Mussununga) e período (seco e chuvoso). Foram realizadas também análises

utilizando-se, entre os indivíduos amostrados, apenas aqueles pertencentes à família

Myrtaceae que ocorreram nos dois tipos florestais. As análises não foram feitas ao nível

específico devido à baixa amostragem das espécies comuns as áreas de Mata Alta e

Mussununga. O modelo de análise de regressão múltipla padrão (standard) (Zar, 1984) foi

realizado para verificar a relação entre herbivoria, componentes da fibra (FDN, FDA, CEL e

LIG) e teor de água em cada tipo florestal e em cada estação. As altas colinearidades entre as

variáveis FDN e celulose foram excluídas do modelo para as duas áreas e estações. O

programa estatístico utilizado em todas as análises foi o Statistica versão 7.0 (StatSoft, 2004).

3.3. Resultados

A perda de área foliar por herbivoria ao nível de comunidade não diferiu entre Mata

Alta e Mussununga (ANOVA two-way, F= 0,97; p>0,05) e entre estações (F= 0,06; p>0,05).

Também não houve diferença significativa nas interações entre os fatores (F= 0,78; p>0,05)

(Figura 3.1). O mesmo foi verificado para árvores da família Myrtaceae entre as fisionomias

(ANOVA two-way, F= 0,92; p>0,05), entre estação (F= 0,24; p>0,05) e na interação dos

fatores (F= 2,3; p>0,05) (Fig. 3.1; Tab. 3.1).

21

Figura 3.1. Média da herbivoria foliar e desvio padrão encontrada em indivíduos arbóreos amostrados nas

comunidades de Mata Alta e Mussununga nos períodos seco e chuvoso (n = 50) e para os indivíduos da família

Myrtaceae das duas áreas (período seco, n= 22; chuvoso, n= 21. Não houve diferenças significativas entre os

tipos florestais, entre estações e na interação entre destes dois fatores, ANOVA two-way, p> 0,05.

Tabela 3.1. Análise de variância (ANOVA) two-way (estação e ambiente) das porcentagens de herbivoria geral

(n=50) e da família Myrtaceae (período seco, n= 22; chuvoso, n= 21) amostrados nas comunidades de Mata Alta

e de Mussununga, p>0,05.

Herbivoria geral Herbivoria em Myrtaceae

Efeito SS DF MS F p SS DF MS F p

Estação 3,1 1 3,1 0,06 0,79 8,97 1 9,0 0,23 0,63

Área 46,4 1 46,4 0,97 0,32 35,0 1 35,0 0,92 0,34

Interação 37,0 1 37,0 0,78 0,38 86,8 1 87,8 2,39 0,13

Erro 9329,7 196 47,6 3103,9 82 37,8

Quanto ao teor de água nas folhas de árvores da família Myrtacea, foi verificado que

folhas coletadas na Mata Alta apresentavam significativamente (test t= 3,03; df= 42; p=

0,004) maior teor de água que folhas coletadas na Mussununga na coleta realizada na estação

seca. Porém, o mesmo não foi observado para a coleta da estação chuvosa (test t= 0,21; df=

22

40; p>0,05). Houve diferença no teor de água entre as estações somente para a Mussununga

(test t= 2,39; df= 41; p= 0,02), que apresentou maiores porcentagens de água na estação

chuvosa (56,6%) comparativamente à seca (53,1%) (Tab.3.1).

As concentrações de FDN, FDA, CEL e LIG em folhas de indivíduos de Myrtaceae

foram maiores na Mata Alta que na Mussununga (teste t= 5,0; teste t= 2,7; teste t= 3,2; test t=

2,5; respectivamente, df= 40; p≤0,001) na estação chuvosa. Entretanto, para a estação seca,

houve diferença significativa apenas para FDN (teste t= 2,2; df= 42; p= 0,03). Quando as

concentrações destes componentes foram comparadas entre as estações, somente LIG (teste t=

2,0; df= 41; p= 0,05) apresentou maiores valores na estação chuvosa do que na seca na

Mussununga. O mesmo não foi observado para a Mata Alta, onde as concentrações de LIG

não diferiram entre as estações (teste t= 0,08; df= 41; p= 0,94) (Tab. 3.2).

Tabela 3.2. Valores em porcentagem do teor de água e de componentes da fibra (média ± desvio padrão) em

folhas de indivíduos de diferentes espécies (DAP > 10 cm) da família Myrtaceae no sub-bosque da Mata Alta e

da Mussununga no período seco (n= 22) e chuvoso (n= 21) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil.

Componentes da fibra: fibras em detergente neutro (FDN), fibras em detergente ácido (FDA), celulose (CEL) e

lignina (LIG). Comparação entre florestas, Test t, p significante ao nível de 0,05. * Diferença significativa dentro

do mesmo tipo florestal entre estações, test t, p < 0,05.

A regressão múltipla revelou a ausência de relação entre as porcentagens de

herbivoria, as concentrações de componentes de fibra e de água em folhas de árvores de

23

Myrtaceae em ambas as florestas, tanto na estação seca, quanto na estação chuvosa (Tab. 3.3 e

3.4).

Tabela 3.3. Análise de regressão múltipla geral dos valores em porcentagem do teor de água e de componentes

da fibra em folhas de indivíduos da família Myrtaceae no sub-bosque da Mata Alta e da Mussununga na estação

seca (n= 22) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. Componentes da fibra: fibras em detergente neutro

(FDN), celulose (CEL) e lignina (LIG). Beta= coeficiente de correlação, CP= Correlação Parcial; CS=

Correlação Semiparcial; R2= coeficiente de determinação; EP= Erro padrão de estimativa.

Beta CP CS Tolerância R2 t(15) p-valor

Mata Alta

Água -0,31 -0,30 -0,29 0,91 0,08 -1,32 0,20

FDA -0,32 0,18 -0,17 0,28 -0,71 -0,76 0,46

Lig 0,08 0,05 0,05 0,29 0,70 0,22 0,83

R= 0,35; R2= 0,120; R

2 ajustado=- 0,03; F(3,18)= 0,82; p= 0,50; EP= 5,57

Mussununga

Água 0,09 0,08 0,08 0,69 0,31 0,35 0,73

FDA 0,51 0,25 0,25 0,24 0,76 1,14 0,27

Lig -0,70 -0,34 -0,34 0,23 0,77 -1,52 0,15

R= 0,34; R2= 0,11; R

2 ajustado= -0,03; F(3,18)= 0,78; p= 0,52; EP= 7,63

Tabela 3.4. Análise de regressão múltipla dos valores em porcentagem do teor de água e de componentes da

fibra em folhas de indivíduos da família Myrtaceae no sub-bosque da Mata Alta e da Mussununga na estação

chuvosa (n= 21) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. Componentes da fibra: fibras em detergente

neutro (FDN), celulose (CEL) e lignina (LIG). Beta= coeficiente de correlação, CP= Correlação Parcial; CS=

Correlação Semiparcial; R2= coeficiente de determinação.

Beta CP CS Tolerância R2 t(15) p-valor

Mata Alta

Água -0,45 -0,42 -0,39 0,74 0,26 -1,79 0,09

FDA 1,44 0,32 0,28 0,04 0,96 1,29 0,22

Lig -1,11 -0,30 -0,26 0,06 0,94 -1,21 0,25

R= 0,36; R2= 0,13; R

2 ajustado= -0,03; F(3,17)= 0,82; p= 0,50; EP= 4,95

Mussununga

Água 0,02 -0,02 0,02 0,88 0,12 0,07 0,95

FDA -0,52 -0,26 -0,25 0,24 0,76 -1,11 0,28

Lig 0,27 -0,14 0,13 0,22 0,77 0,57 0,58

R= 0,32; R2= 0,10; R

2 ajustado= -0,06; F(3,17)= 0,64; p= 0,60; EP= 6,53

24

3.4. Discussão

Os resultados mostraram que as porcentagens médias de herbivoria das comunidades

arbóreas de Mata Alta e Mussununga, tanto no período chuvoso quanto no período seco, não

foram elevadas (9 – 11%), porém abaixo do limite superior registrado para florestas tropicais

úmidas - em torno de 15% (Gullan & Cranston, 2007, Sterck et al.1992).

Para pequenos mamíferos e talvez insetos, a concentração de componentes da fibra

nas folhas pode funcionar como barreira mecânica para sua utilização como alimento (Coley,

1983; Coley e Barone, 1996). Além disso, o conteúdo de lignina nas folhas pode reduzir sua

palatabilidade e inibir a absorção de nutrientes pelos insetos (Stamopoulos, 1988; de

Bruxelles & Roberts, 2001; Khanam et al. 2006). Diversos trabalhos verificaram relações

negativas significativas entre herbivoria foliar e concentração de fibras, celulose e lignina

(Coley, 1983; Lacerda et al. 1986; Coley, 1987). No presente estudo, as árvores da Mata Alta

apresentaram maiores porcentagens de componentes da fibra que as árvores da Mussununga,

sendo que estas diferenças ocorreram principalmente na estação chuvosa. Entretanto, as

porcentagens de herbivoria foram similares entre os tipos florestais em ambas as estações e

não houve relação significativa entre herbivoria, componentes da fibra e água, sugerindo que

outros compostos químicos podem estar desempenhando um papel mais decisivo na defesa

contra a herbivoria, ou até mesmo, possam estar agindo sinergeticamente com estes

componentes. Resultado semelhante foi observado por Varanda & Pais (2006), ao estudar a

suceptibilidade da Didymopanax vinosum (Apiaceae) à herbivoria em três mosaicos de

cerrado, onde não foi encontrada relação entre a atividade dos insetos herbívoros e a

composição química e física das folhas. Como afirmado por alguns autores, às plantas contêm

dezenas ou até mesmo centenas de compostos secundários que contribuem para resistência

contra o ataque dos insetos herbívoros e interações sinergéticas entre estes podem

proporcionar um maior eficiência da defesa da planta do que a ação de cada composto de

forma independente (Agrawal & Fishbein, 2006; Romeo et al. 1996; Agrawal, 2011).

Alguns trabalhos que envolvem observação (Murdoch et al. 1972; Southwood et al.

1979; Hawkins & Porter 2003) e experimentação (Siemann et al. 1998; Knops et al. 1999)

tem encontrado uma relação positiva entre a riquezas de espécies de plantas e de insetos

artrópodes em comunidades vegetais. Apesar da Mata Alta apresentar maior riqueza e

diversidade florística que a Mussununga e que embora possa haver diferença na composição e

abundância de insetos herbívoros entre estas comunidades, a ausência de diferenças nas

porcentagens de herbivoria entre os ambientes sugere também que a pressão dos insetos

herbívoros sobre as plantas seja semelhante. Brown & Ewel (1987) afirmam que o tamanho e

25

o grau de proximidade das áreas estudadas devem ser considerados na interpretação dos

resultados por permitirem a mobilidade dos herbívoros entre as mesmas. Vale ressaltar que a

comunidade de Mussununga da Reserva da Vale é circundada pela Mata Alta (Peixoto et al.

2008) assim, deve ocorrer dispersão de indivíduos, especialmente de espécies generalistas,

entre os dois ambientes.

Vários autores têm proposto que os herbívoros desempenham um importante papel na

diversidade de florestas tropicais, sendo responsáveis pela especialização de habitats em áreas

edaficamente heterogêneas (Fine et al. 2004 e 2006; Fine & Mesones, 2011). Cabe ressaltar,

que a floresta de Mussununga cresce sob solos distintos, consideravelmente mais arenosos e

pobres em nutrientes que os solos que sustentam a Mata Alta circundante (Garay et al. 2003;

Simonelli et al. 2008). Fine et al. (2004), através de um estudo envolvendo transplante de

mudas de seis gêneros filogeneticamente independentes encontraram que, espécies

especialistas de solos argilosos cresceram significativamente mais rápido que as de solos

arenosos nos dois tipos de solos na ausência de herbívoros. Todavia, na presença de

herbívoros, as espécies especialistas de solos argilosos, dominaram os ambientes de solos

argilosos e o mesmo foi verificado para as espécies especialistas de solos arenosos. Fine et al.

(2006), em um estudo posterior, relatou a existência de um “trade-off” entre taxa de

crescimento e investimento em defesas , onde congêneres especialistas de solos arenosos

investiram mais em defesas que seus respectivos congêneres especialista de solos argilosos.

Além disso, o impacto da herbivoria sobre o crescimento e sobrevivência dos congêneres foi

muito mais forte nos solos arenosos que nos solos argilosos, indicando forte evidência para

seleção de defesas neste tipo de solo. Assim, a similaridade nos valores de danos foliares de

espécies arbóreas encontrada entre indivíduos da Mata Alta e da Mussununga pode estar

relacionada com os diferentes investimentos em compostos de defesa nestes ambientes. Estas

diferenças nos investimento em defesa e assim a suscetibilidade à herbivoria poderiam

explicar também a baixa similaridade de espécies entre os dois ambientes (vide cap.2).

Entretanto, conforme destacado por Marquis (2004) um estudo mais aprofundado envolvendo

transplante de mudas de pares filogenéticos nestes dois ambientes é fundamental para

verificar o real papel dos herbívoros como fator determinante da composição florística destas

fitofisionomias.

3.5. Conclusões

Os resultados indicaram que as porcentagens médias de herbivoria encontrada para as

comunidades de Mata Alta e Mussununga (9 – 11%) estão abaixo do limite superior

26

registrado para espécies arbóreas de florestas tropicais úmidas (15%). Neste estudo não foi

corroborado a hipótese de que os indivíduos da Mussununga apresentem folhas menos

atacadas por insetos herbívoros mastigadores que os da Mata Alta. Embora a Mata Alta

apresente maior riqueza florística que a Mussununga, foi verificada que as porcentagens de

herbivoria foliar entre as comunidades, de modo geral, foram similares e indicando

semelhança na pressão de herbivoria sobre as plantas nestes ambientes. A Mata Alta

apresentou maiores porcentagens de água e fibras que a Mussununga, sendo que estas

diferenças ocorreram, em grande parte, na estação chuvosa. Entretanto, não houve relação

significativa entre herbivoria, teor de água e componentes da fibra sugerindo que outros

compostos químicos possam estar interagindo conjuntamente com estes componentes.

27

CAPÍTULO IV

Herbivoria e características foliares de espécies arbóreas de Mata Alta e

Mussununga sob uma perspectiva de contrastes filogenéticos

4.1. Introdução

Plantas e herbívoros correspondem grande parte da biodiversidade macroscópica do

planeta, sendo suas interações essenciais na manutenção da biodiversidade e função dos

ecossistemas (Endara & Coley, 2011). Os insetos herbívoros selecionam sua dieta alimentar

de acordo com as características funcionais das plantas (e.g. taxa de crescimento), sendo a

qualidade delas influenciadas principalmente pelas condições ambientais, como a

disponibilidade de nutrientes e água no solo, onde estas condições podem modificar a

expressão dos compostos defesa (Bryant et al. 1983; Coley, 1983; Coley et al. 1985).

A produção dos compostos químicos secundários requer matéria e energia, onde a

onipresença e a diversidade dos mesmos têm gerado alguns questionamentos sobre sua

eficácia e custo para a produção (Cornelissen & Fernandes, 2001). A partir disto, algumas

hipóteses foram desenvolvidas ao longo dos anos com o objetivo de prever os efeitos da

disponibilidade de nutrientes do ambiente na expressão fenotípica dos compostos do

metabolismo secundário, sendo aqui, destacadas duas hipóteses: (1) a hipótese do balanço

carbono-nutrientes (BCN), proposta por Bryant et al. (1983); (2) a hipótese de disponibilidade

de recurso (HDR), proposta por Coley et al. (1985).

A hipótese de BCN foi utilizada para explicar os efeitos da adubação e do

sombreamento na variação do metabolismo secundário das plantas. De acordo com esta

hipótese, as concentrações de metabólitos secundários baseados em carbono ou em nitrogênio

são determinadas pelo balanço carbono/nutrientes nos tecidos vegetais, sendo este último

influenciado pela disponibilidade de luz e de nutrientes no solo (Bryant et al. 1983).

Compostos secundários baseados em carbono como fenóis totais, terpenos correlacionam

positivamente com a razão carbono/nutrientes (C/N), enquanto compostos secundários

baseados em nitrogênio, como alcalóides, aminoácidos não protéicos são inversamente

correlacionados com a razão C/N (Bryant et al. 1983). Em solos com um déficit nutricional

moderado, a produção de compostos secundários a base de carbono é uma via metabólica

alternativa viável, uma vez que a menor disponibilidade de nutrientes limita mais o

28

crescimento que a capacidade fotossintética, fazendo com que haja o acúmulo de carboidratos

nos tecidos foliares, sendo o excesso alocado para a produção de tais compostos. Entretanto, o

aumento na concentração de nutrientes no solo provoca uma diminuição na razão C/N, pois a

alocação de recurso para o crescimento faz com que haja um declínio da produção de

compostos secundários baseados em carbono. Quando há excesso de nitrogênio assimilado, a

rota metabólica de produção pode ser desviada para a produção de compostos secundários

baseados em nitrogênio (Bryant et al. 1983).

A HDR prediz que a disponibilidade de recurso no ambiente é o principal fator que

influencia na quantidade e tipo de defesas das plantas (Coley et al. 1985; Endara & Coley,

2011). Em geral, espécies de crescimento rápido adaptadas para crescer em ambientes com

alta disponibilidade de recursos são mais atacadas por herbívoros, por ser menos defendidas

que aquelas de crescimento lento. Em casos de limitação de recursos, as plantas de

crescimento lento são mais favorecidas que aquelas de crescimento rápido (Coley et al. 1985)

por apresentarem um alto investimento em defesas quantitativas incluindo taninos e ligninas,

que reduzem a digestibilidade dos tecidos da planta (Coley et al. 1985). Essas adaptações são

importantes, uma vez que perdas de tecidos para os herbívoros podem resultar em diminuição

da aptidão de plantas (Marquis, 1984; Sagers & Coley, 1995). Além disso, herbivoria pode

reduzir a longevidade das folhas (Risley, 1986; Risley & Crossley-Jr, 1988), resultando em

uma perda elevada de biomassa fotossintética.

Plantas com altas concentrações de carbono (alto conteúdo de celulose e lignina) e

baixas concentrações de nitrogênio são ditas esclerófilas (Mattson, 1980), sendo que a massa

da folia por unidade de área (MFA) pode ser usada como medida de esclerofilia. No entanto,

isso não é necessariamente verdadeiro, pelo fato da MFA ser composta pela densidade e

espessura foliar (Witkowski & Lamont, 1991; Gonçalves-Alvim et al. 2006; Rosado &

Mattos, 2007; Neves et al. 2010). O grau de esclerofilia foliar varia consideravelmente entre

condições ambientais, estando em geral associadas a estresse hídrico e déficit nutricional

(Gonçalves-Alvim et al. 2006; Read et al. 2006), longevidade foliar, onde folhas de árvores

sempre-verdes são mais esclerófilas quando comparadas com folhas de árvores decíduas

(Chabot & Hicks, 1982) e diferentes estágios sucessionais, com espécies de estágio inicial

apresentando maior grau de esclerofilia do que as espécies de estágios mais avançados da

sucessão. A esclerofilia, por ser uma defesa tardia, pode influenciar na preferência alimentar

dos insetos herbívoros, onde que existem informações na literatura que a mesma funciona

como uma barreira física a alimentação dos insetos herbívoros mastigadores (Coley, 1983;

Turner, 1993; Gutschick, 1999; Boeger & Wisniewski, 2003) e pode afetar também a

29

alimentação de insetos sugadores de seiva (Neves et al. 2010). Estudos de Gonçalves-Alvim

et al. (2006) afirmam que a baixa concentração de macronutrientes essenciais no solo, como

N, P, K e Ca podem ser os principais fatores que influenciam na alta esclerofilia, o que pode

explicar a abundância de elementos xeromórficos na floresta de Mussununga como afirmado

por Garay et al. (2003).

Estudos ecológicos utilizando pares congenéricos têm sido extensivamente realizados

em comparações de características de plantas de formações florestais distintas (Hoffmann &

Franco, 2003; Fine et al. 2004; Fine et al. 2006; Rossatto et al. 2009). Hoffmann & Franco

(2003) destacam a importância da consideração da filogenia nestes estudos comparativos,

onde a variação de características entre plantas de cerrado e floresta só foram diferentes entre

os ambientes quando analisadas as espécies em gêneros. As fisionomias de Mata Alta e

Mussununga aqui estudadas são formações vegetacionais ideais para estas comparações por

serem fitofisionomicamente distintas e com baixa similaridade de espécies (Simonelli et al.

2008; Peixoto et al. 2008), sugerindo que as diferentes condições ambientais impõem fortes

restrições sobre a distribuição das espécies entre os ambientes. Assim, estes estudos

comparativos podem permitir uma análise das diferentes adaptações através de uma

perspectiva evolutiva de espécies filogeneticamente relacionadas. Tais informações são

importantes para determinar se as espécies são semelhantes por causa da evolução

convergente em função da pressão ambiental ou por causa da descendência de um ancestral

comum (Hoffmann et al. 2003).

Espécies de plantas estreitamente relacionadas compartilham mais características ou

associações ecológicas que espécies de maior distância filogenética, como previsto pela

hipótese de conservadorismo filogenético, sendo verificado o domínio de classes de defesas

químicas em determinadas famílias de plantas (e.g. os glicosinolatos entre espécies de

mostardas da família Brassicaceae) (Agrawal, 2006). Entretanto, alguns fatores podem alterar

ou coordenar a taxa de metabólitos secundários, tais como: sazonalidade, temperatura,

disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta, nutrientes, altitude, poluição atmosférica,

indução por estímulos mecânicos ou ataque de patógenos e herbívoros (Lindroch, et al. 1987;

Bundy et al. 2009).

Os vegetais não são protegidos por apenas uma característica de defesa, mas sim por

um arsenal de características defensivas contra os insetos herbívoros, existindo interações

sinergéticas entre elas, os quais proporcionam um aumento da eficácia da defesa (Stapley,

1998; Agrawal & Fishbein, 2006, Marquis, 2012). Este resistência contra a herbivoria é um

processo caro, e proporciona um impacto no desempenho total dos indivíduos de uma

30

comunidade, uma vez que a perda de tecido foliar é prejudicial para a planta, onde esta deve,

portanto, evitar o ataque por herbívoros ou compensar o tecido perdido através do aumento

das taxas de crescimento após o dano (Herms & Mattson, 1992; Sagers & Coley, 1995). De

acordo com Coley et al. (1985), a produção de defesas em plantas só é favorecida pela seleção

natural quando o custo para produzi-las é menor que o benefício do aumento de proteção

contra os insetos herbívoros.

Assim, este estudo teve por objetivos: (1) avaliar as porcentagens de herbivoria e

características foliares (defesas químicas e físicas, área foliar e teor de água) das espécies

amostradas nas comunidades de Mata Alta e Mussununga; (2) comparar os valores de

herbivoria e características foliares entre os pares congenéricos coocorrentes nos ambientes de

Mata Alta e Mussununga; e (3) verificar se existe uma relação entre herbivoria e

características foliares em cada fitofisionomia estudada. Através destes objetivos, foram

testadas as seguintes hipóteses: (1) espécies pioneiras, as quais possuem menores ciclos de

vida, são mais consumidas por insetos herbívoros, devido aos menores investimentos em

compostos de defesa, o que tornam suas folhas mais palatáveis do que as plantas de

crescimento lento, onde estas possuem a estratégia de investir mais em defesa e menos em

crescimento, como proposto pela hipótese de disponibilidade de recurso; (2) espécies

filogeneticamente relacionadas, embora apresentem tipos de defesas semelhantes, estas devem

apresentar diferenças na expressão dos mecanismos de defesas entre os ambientes de Mata

Alta e Mussununga em função de diferenças nos fatores ambientais como intensidade de luz,

temperatura e disponibilidade de nutrientes no solo, fazendo com que os pares congenéricos

apresentem diferentes respostas fisiológicas e metabólicas, sendo mais propenso de serem

diferenças quantitativas que qualitativas, pela existência de controle genético, onde

geralmente os pares congenéricos compartilham características genéticas de um mesmo

ancestral comum.

4.2. Material e Métodos

4.2.1. Área de estudo - Vide capítulo 2

4.2.2. Seleção das espécies e amostragem de folhas

Em maio de 2011 foram coletados em torno de 50 folhas maduras de 5 indivíduos

arbóreos de cada espécie com até 10m de altura, sendo nove pares coocorrentes nas

fisionomias de Mata Alta e Mussununga. As espécies amostradas são de diferentes grupos

31

funcionais e bem representativas nas duas fitofisionomias (Tab.4.1), sendo nove pares

congenéricos por área. Para os nove pares congenéricos foram feitas medidas de herbivoria,

teor de água, área foliar total e massa seca por unidade de área (MFA). Em cinco pares

congênericos dos nove totais, foram feitos também análises de defesas químicas, tais como:

componentes da fibra (FDN, celulose e lignina), fenóis totais, e teste de alcalóides. A escolha

destes congêneres foi baseada na filogenia, onde observou-se a formação de cinco grandes

grupos e as porcentagens de herbivoria e características foliares foram analisadas levando em

consideração a distância filogenética do parente mais próximo de todas as espécies (Fig. 4.1).

Tabela 4.1. Congêneres selecionados nas comunidades de Mata Alta (MA) e Mussununga (MU) com seus

respectivos grupos funcionais (GF). PI: pioneira, SI: secundária inicial, ST: secundária tardia, CL: clímax de

acordo com Jesus & Rolim (2005) e informações obtidas na Reserva Natural Vale.

32

Figura 4.1. Relações filogenéticas das espécies encontradas nas comunidades de Mata Alta e Mussununga na

Reserva Natural Vale. Fonte: Eduardo Arcoverde de Mattos modificado.

4.2.3. Teor de água

Para a determinação do conteúdo de água nas folhas foi utilizado os mesmos

procedimentos do capítulo 3 (ítem 3.3.2).

4.2.4. Avaliação pontual da herbivoria foliar

Das 50 folhas coletadas, dez folhas foram sorteadas para análise da herbivoria. A área

foliar foi medida através da obtenção de imagens por meio de uma câmera digital com

resolução de 1600 x 1200 pixels a uma distância padrão de 30cm. Foi utilizada uma placa fina

de vidro transparente para deixar as superfícies foliares totalmente estendidas. As imagens

foram analisadas utilizando-se o programa ImageJ (http://rsb.info.nih.gov/ij/) (Fig.4.2). A

porcentagem de herbivoria para cada folha foi determinada através da divisão da área

consumida pela área total da folha (cm2) multiplicado por cem. Foram quantificados somente

33

danos causados por herbívoros mastigadores, pela facilidade de identificação, ficando o

desenho exato do dano provocado.

Figura 4.2. Medição da herbivoria em folhas de Eriotheca macrophylla através do programa ImageJ.

4.2.5. Massa seca por unidade de área (MFA)

Nas folhas utilizadas para análise da herbivoria foram feitas também medidas de

esclerofilia, sendo esta determinada pela massa seca por unidade de área (MFA).

Comparações dos valores das MFAs permitem informar quais espécies apresentam maior

resistência física contra a herbivoria. As folhas foram secas em estufa à 60ºC por 72 horas

para obtenção da massa seca em uma balança (Ohaus TP4000, Germany, 03 casas decimais).

A MFA (g/m2) foi calculada através da razão entre a massa seca e a área foliar (Witkowski &

Lamont, 1991) obtida através da fotografia das folhas.

4.2.6. Determinação de Fibras

Para a determinação dos componentes da fibra nas folhas foi utilizado os mesmos

procedimentos do capítulo 3 (ítem 3.3.2).

4.2.7. Determinação de Fenóis totais

A determinação de fenóis totais nos extratos EtOH de folhas das espécies estudadas

foi feita segundo o método de Phillips & Henshaw (1977), sendo a concentração de fenóis

obtida através da curva padrão do ácido gálico em concentrações de 50 a 175 µg/mL, com a

interpolação da absorbância das amostras (760 nm) contra curva de calibração. Nestes

padrões, foram adicionados os mesmos reagentes utilizados nas amostras. O reativo de Folin-

Ciocalteau, quando na presença de compostos fenólicos mudam sua coloração de amarela

para azul e a intensidade da coloração azul é maior quanto maior a quantidade de compostos

34

fenólicos na solução. Todas as amostras de folhas foram realizadas em réplicas, nos casos de

discordância de valores, uma nova análise foi realizada. A equação da curva de calibração

obtida para o ácido gálico foi:

Espécies da Mata Alta: y = 556,24x - 12,634 (r2= 0,96)

Espécies da Mussununga: y = 563,06x - 40,788 (r2= 0,98)

Onde, x = concentração do ácido gálico, r2 = coeficiente de regressão.

4.2.8. Teste químico para a detecção de alcalóides

Os extratos utilizados para a determinação de fenóis foram usados também para o teste

de alcalóides. Este teste constituiu em aplicar uma alíquota de extrato em uma placa de

cromatografia de camada delgada em sílica, utilizando o sistema 100% de acetato de etila (4

mL). Em seguida, aplicou-se o reagente de Dragendorf sobre a cromatofolha (Matos, 1997) e

a presença de coloração amarelo-alaranjada indicou reação positiva para alcaloides.

4.2.9. Análise dos dados

Antes da realização dos testes estatísticos, foram feitos boxplots para verificar a

presença de valores extremos que representariam erros de amostragem ou no processamento

dos dados, o que não foi observado. As variáveis que na análise de resíduos, realizada no

programa R (versão 2.15.0), foram detectados problemas de normalidade e

homocedasticidade de variâncias (herbivoria, área foliar, fenóis e lignina) sofreram

transformações em logarítmica (Fig. 4.3 e Fig. 4.4) para a normalização dos dados. Os

indivíduos do gênero Eugenia de cada fitofisionomia foram agrupadas formando um único

grupamento em cada área para análises entre os pares congenéricos. A análise de variância

two-way seguida de teste Tukey foi utilizada para comparações das variáveis (herbivoria, área

foliar, MFA, FDN, CEL, LIG, fenóis), onde os dois fatores testados simultaneamente foram

área (Mata Alta e Mussununga) e espécies, utilizando o programa R. Esta mesma análise foi

utilizada para comparações dos valores de herbivoria dos grupos funcionais entre as áreas.

Através da análise de componentes principais (ACP) utilizando a distância Euclidiana, feito

no programa PC-ORD versão 4.14 (Mccune, & Mefford, 1999), foram selecionadas as

características foliares e de defesas de maior importância, com maior peso (loadings) na

combinação linear dos primeiros componentes principais, que são os mais importantes do

ponto de vista estatístico (Neto & Moita, 1998). Para esta análise foram utilizados os valores

transformados (log (x)) para normalização dos dados e todas as variáveis utilizadas foram

35

padronizadas pela amplitude para que recebessem aproximadamente o mesmo peso na

análise. Nas variáveis de maior peso foi empregado o modelo de regressão múltipla forward-

stepwise (Zar, 1984) para relacionar os valores de herbivoria (variável resposta, y) com as

características foliares e de defesas (variáveis preditoras) para cada área, sendo este feito no

programa Statistica 7.0 (StatSoft, 2004). Foram excluídas do modelo as variáveis preditoras

que apresentaram problemas de colinearidade. Correlações de Pearson foram empregadas para

verificar a relação entre as características foliares em geral, bem como a relação destas

características com as porcentagens de herbivoria, sendo estas análises feitas para cada tipo

florestal utilizando o programa Statistica.

Figura 4.3. Exemplo dos dados brutos referentes à variável área foliar, onde no diagnóstico foi considerada não

normal e com variâncias não homogêneas.

36

Figura 4.4. Exemplo das alterações na normalidade e homocedasticidade após a transformação logarítmica

dos dados brutos referentes à variável área foliar.

4.3. Resultados

4.3.1. Herbivoria dos pares filogenéticos

A perda de área foliar por herbivoria das espécies, de modo geral, não diferiu

significativamente entre as comunidades arbóreas de Mata Alta (10,0% ± 2,0) e Mussununga

(9,0% ± 2,0 ) (Anova two-way, F= 0,90; gl=2; p>0,05). Porém, houve diferenças entre as

espécies (Anova two-way, F= 2,02; gl=8; p= 0,05). Através da análise da interação área e

espécie (Anova two-way, F= 3,4; gl= 8; p<0,01) foi verifica diferenças significativas entre os

pares filogenéticos encontrados nas duas fitofisionomias somente para o gênero Casearia (p=

0,01), com maiores porcentagens de herbivoria para os indivíduos da Mata Alta (14,9 ± 6,5)

do que para os indivíduos da Mussununga (2,4 ± 2,1). As porcentagens de herbivoria dos

demais congêneres não diferiram entre os ambientes (p>0,05) (Fig. 4.5a; Tab. 4.2). A partir

de análises interespecíficas foi observado que as espécies da Mata Alta apresentaram

porcentagens de herbivoria similares (p>0,05) (Fig. 4.6a). O mesmo resultado não foi

observado para as espécies da Mussununga, onde Caseria sp. foi a espécie que apresentou

menores porcentagens de herbivoria, formando um grupamento único, sendo os valores desta

espécies similares aos valores encontrados para G. opposita, M. Subsericea, N. aff. glomerata

37

e O. neesiana, enquanto que E. macrophylla, Eugenia., I. aff. cylindrica, e P. coelomatica

foram as espécies mais atacadas por insetos herbívoros, sendo os valores similares entre si

(Fig. 4.7a).

4.3.2. Características foliares

Teor de água

A média geral do conteúdo de água nos tecidos foliares das espécies de modo geral

não diferiu significativamente entre as comunidades de Mata Alta e Mussununga (Anova two-

way, F= 3,59; gl=1; p>0,05; Tab. 4.2). Porém, houve diferença significativa entre espécies

(Anova two-way, F= 13,9; gl=8; p<0,05; Tab. 4.2). Já na interação destes dois fatores, a

diferença não foi estatísticamente significativa (Anova two-way, F= 0,78; gl= 8; p<0,05; Tab.

4.2). Embora, não tenha ocorrido diferenças significativas dos valores de água entre os pares

congenéricos amostrados nas duas comunidades estudadas (p>0,05) (Fig. 4.5b), o conteúdo de

água diferiu significativamente entre as espécies da Mata Alta (p<0,05) e entre as espécies da

Mussununga (p<0,05). A espécie com menor concentração de água na Mata Alta foi P. aff.

hispida, enquanto que a E. macrophylla apresentou os maiores valores desta variável (Fig.

4.6b). Na Mussununga a O. neesiana foi a espécie que apresentou menor teor de água que

todas as outras espécies, enquanto E.macrophylla e G. opposita foram as que apresentaram os

maiores valores desta variável (Fig. 4.7b).

Massa seca por unidade de área (MFA)

A média geral dos valores de MFA das espécies diferiram significativamente (Anova

two-way, F= 24,98; gl=1; p<0,001; Tab. 4.2) entre as áreas de Mata Alta e Mussununga, com

maiores valores de MFA para as espécies da Mussununga. Também houve diferenças

significativas entre as espécies (Anova two-way, F= 7,59; gl=8; p<0,001) e na interação

espécies e área (Anova two-way, F= 2,60; gl=8; p=0,014). Nas análises dentro dos pares

congenéricos foi observado que somente indivíduos de Pouteria apresentaram diferenças no

investimento em massa por unidade de área entre os ambientes (p<0,001), com maiores

valores para os indivíduos amostrados na Mussununga (Fig. 4.5c). Não verificado diferenças

significativas nos valores de MFA entre as espécies da Mata Alta (Fig. 4.6c), somente entre as

espécies da Mussununga. Na Mussununga, Casearia sp., G. opposita e Inga aff. cylindrica

foram as espécies que apresentaram os menores valores de MFA, não diferindo entre elas,

38

enquanto que os maiores valores foi os de Eugenia e P. coelomatica, sendo similares entre si

(Fig. 4.7c).

Área foliar (AF)

A média geral dos valores de AF das espécies diferiu significativamente (Anova two-

way, F= 32,70; gl=1; p<0,001; Tab. 4.2), entre as áreas de Mata Alta e Mussununga, entre as

espécies (Anova two-way, F= 34,63; gl= 8; p<0,001; Tab. 4.2) e na interação destes dois

fatores (Anova two-way, F= 22,86; gl= 8; p<0,001; Tab. 4.2). Quando as análises foram feitas

entre os congêneres coocorrentes na duas fitofisionominas, os gêneros Caseria e Inga

apresentaram significativamente (p< 0,001; p= 0,04, respectivamente) maiores valores de AF

para indivíduos da Mata Alta do que para os indivíduos da Mussununga. Resultado contrário

foi verificado para o gênero Pouteria, o qual apresentou menores valores de AF para os

indivíduos da Mata Alta do que seus respectivos congêneres da Mussununga (p<0,001) (Fig.

4.5d). Comparações interespecíficas revelaram que as espécies de ambas as áreas investem

diferentemente em área foliar, sendo estatísticamente significativo para as espécies da Mata

Alta e Mussununga (p<0,05). O. pluridomatiata se destacou por apresentar menores valores

de área foliar na Mata Alta, separando-se de todos os demais grupos de similaridade e a E.

macrophylla apresentou maior valor desta variável (Fig. 4.6d). Na Mussununga, E.

macrophylla também apresentou maior área foliar como na Mata Atla, além da P.

coelomatica, porém N. aff. glomerata possuiu menor área foliar, sendo similar aos valores de

Casearia sp. (Fig. 4.7d).

39

Tabela 4.2. Análise de variância (ANOVA) two-way (área e espécie) das porcentagens de herbivoria, teor de

água, MFA (massa seca por unidade de área) e AF (área foliar) dos 9 pares congenéricos (n= 5

indivíduos/espécie) amostrados nas comunidades de Mata Alta e de Mussununga.

Variável Fonte de

variação

Soma dos

quadrados

Grau de

liberdade

Quadrado

Médio F P

Her

biv

ori

a

Área 64,49 1 64,49 0,901 0,093

Espécie 475,37 8 59,420 2,025 0,012

Interação 734,53 8 91,820 3,387 <0,001

Residual 1831,82 82 22,340

Teo

r de

água

Área 154,7 1 154,65 3,59 0,061

Espécie 4806,1 8 600,76 13,95 <0,001

Interação 267,7 8 33,46 0,78 0,624

Residual 3530,2 82 43,05

MF

A

Área 8723,4 1 8723,4 24,9781 <0,001

Espécie 21203,7 8 2650,5 7,5892 <0,001

Interação 7259,1 8 907,4 2,5982 0,014

Residual 28637,8 82 349,2

AF

Área 3,188 1 3,188 32,698 <0,001

Espécie 27,009 8 3,376 34,626 <0,001

Interação 17,834 8 2,229 22,864 <0,001

Residual 7,995 82 0,097

40

Figura 4.5. Média e desvio padrão dos valores de herbivoria, teor de água, massa seca por unidade de área

(MFA) e área foliar geral de cada área e dos 9 pares congenéricos (n= 5, exceto para Eugenia, onde o n foi igual

a 10) amostrados nas comunidades de Mata Alta (MA) e Mussununga (MUS) no final da estação chuvosa

(maio/2011). Letras diferentes indicam diferenças significativas das variáveis dentro dos pares congenéricos e

entre as florestas. Análise de variância (ANOVA) two-way, p significante ao nível de 0,05.

0

Figura 4.6. Comparações interespecíficas dos valores médios de herbivoria e características foliares (teor de água, MFA e área foliar) de espécies arbóreas da comunidade de

Mata Alta (média e desvio padrão). N= 5, exceto para Eugenia, onde o n foi igual a 10. As letras representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico.

ANOVA Two-way, p significante ao nível de 0,05.

1

Figura 4.7. Comparações interespecíficas dos valores médios de herbivoria e características foliares (teor de água, MFA e área foliar) de espécies arbóreas da comunidade de

Mussununga (média e desvio padrão). N= 5, exceto para Eugenia, onde o n foi igual a 10. As letras representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico.

ANOVA Two-way, p significante ao nível de 0,05.

43

A partir da ANOVA two-way foi verificada que a perda de área foliar por herbivoria

dos grupos funcionais de estágios sucessionais iniciais (pioneiras e secundárias iniciais) e

tardios (secundárias tardias e clímax) não diferiu significativamente entre Mata Alta e

Mussununga (gl= 1; F= 0,80; p>0,05), entre os grupos funcionais (gl= 1; F= 2,58; p>0,05) e

na interação destes fatores (gl= F= 0,48; p>0,05) (Figura 4.8).

Figura 4.8. Média e desvio padrão da herbivoria entre os grupos funcionais amostrados nas comunidades de

Mata Alta e Mussununga (maio/2011). PI= pioneiras; SI= secundárias iniciais; ST= secundárias tardias; CL=

clímax. Não houve diferenças significativas entre os tipos florestais, grupos funcionais e na interação entre

destes dois fatores, ANOVA two-way, p> 0,05.

Relação entre herbivoria e características foliares

A regressão múltipla Forward stepwise (remoção de variáveis) utilizada para verificar

a relação entre herbivoria e características foliares dos 9 pares congenéricos (teor de água,

MFA e área foliar) revelou que cerca de 70% da herbivoria registrada para as espécies da

Mata Alta foram explicadas pela variação na área foliar, sendo esta relação positiva (r2= 0,74;

F1,8= 22,49; p= 0,001). Na Mussununga 40% da herbivoria também foram explicadas

positivamente pela variação na área foliar (r2=

0,40; F1,8= 5,30; p= 0,05) (Fig. 4.9).

44

Figura 4.9. Relação entre herbivoria e área foliar dos pares congenéricos (n= 9) amostrados nas comunidades de

Mata Alta (a) e de Mussununga (b) no final da estação chuvosa (maio/2011).

4.3.3. Compostos químicos secundários dos 5 pares filogenéticos

Fenóis totais

A média geral da concentração de fenóis totais das espécies não diferiu

significativamente entre as comunidades de Mata Alta e Mussununga (Anova two-way, F=

0,137; gl= 1; p<0,713; Tab. 4.3). Houve diferença entre as espécies (Anova two-way, F=

29,52; gl= 4; p<0,001; Tab. 4.3) e na interação espécie e área (Anova two-way, F= 16,147;

gl= 4; p<0,001; Tab. 4.3). Nas análises entre os pares filogenéticos, E. macrophylla e

Pouteria apresentaram maiores concentrações de fenóis para indivíduos da Mussununga do

que para os indivíduos da Mata Alta (p=0,006; p= 0,04, respectivamente). Todavia, o gênero

Neomitranthes apresentou valores de fenóis mais altos para os indivíduos da Mata Alta (p<

0,001). Os valores de fenóis para os demais congêneres coocorrentes não diferiram

estatisticamente entre os ambientes (p>0,05) (Fig. 4.10).

45

Figura. 4.10. Média geral e desvio padrão da concentração de fenóis totais e dos 5 pares filogenéticos (n=5) entre

as comunidades de Mata Alta e Mussununga. ANOVA two-way, p significante ao nível de 0,05.

Através da ANOVA two-way foi verificado também que as espécies investem

diferentemente na concentração de fenóis totais. E. macroplhylla, G. opposita foram as

espécies que apresentaram menores valores de fenóis na Mata Alta, enquanto que C.

commersoniana e N. langsdorffii foram as que apresentaram os maiores valores desta

variável. E. macroplhylla e G. opposita amostradas na Mussununga apresentaram menores

concentrações de fenóis como verificado para Mata Alta e apresentaram similaridade com N.

aff. glomerata. Casearia sp. também se manteve com altos valores deste composto e não

diferiu estatísticamente de P. coelomatica (Fig. 4.11).

46

Figura. 4.11. Comparações interespecíficas das concentrações de fenóis (média e desvio padrão) dos pares

filogenéticos (número de indivíduos= 5) entre as comunidades de Mata Alta e Mussununga. As letras

representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico. ANOVA two-way, p significante ao nível

de 0,05.

Componentes da Fibra

As concentrações médias geral de FDN, CEL e LIG das espécies diferiram

significativamente (Anova two-way: F= 44,031, gl= 1, p<0,001; F= 20,733, gl= 1, p<0,001;

F= 102,713, gl= 1, p<0,001; respectivamente) entre os ambientes de Mata Alta e

Mussununga, entre as espécies (F= 17,048, gl= 4; F= 32,557, gl= 4; F= 48,286, gl= 4;

respectivamente, sendo p<0,001), e havendo diferenças entre os fatores somente para lignina

(F= 8,193; gl= 4, p<0,001) (Fig. 4.12). Através das comparações entre os pares congenéricos

entre os ambiente foi revelado que indivíduos de Eriotheca só diferiram nos valores de lignina

(p= 0,008), sendo maiores para os da Mata Alta. Neomitranthes apresentou maiores

concentrações de FDN (p= 0,005) e LIG (p<0,001) para os indivíduos da Mata Alta.

Resultado simular foi observado para Pouteria, que também apresentou maiores

47

concentrações de FDN (p= 0,022) e lignina (p< 0,001) para os indivíduos da Mata Alta. Os

componentes da fibra de Guapira e Casearia não diferiram significativamente entre os

ambientes (p>0,05), exceto para os valores de celulose de Casearia (p= 0,006), sendo maiores

para os indivíduos da Mata Alta (Fig. 4.12).

Figura. 4.12. Comparação dos componentes da fibra (média em porcentagem e desvio padrão) dos 5 pares

filogenéticos (n=5) entre as comunidades de Mata Alta e Mussununga. ANOVA two-way, p significante ao nível

de 0,05.

Através de comparações interespecíficas foi verificado que no geral C. commersoniana

e G. opposita da Mata Alta foram as espécies que apresentaram menores concentrações dos

componentes da fibra, com exceção dos valores de celulose para a C. commersoniana e E.

macrophylla apresentou menores concentrações de lignina em seus tecidos foliares. Todavia,

P. aff. hispida foi a que apresentou maiores concentrações de FDN e lignina (Fig. 4.13).

Resultado parecido foi verificado para os respectivos pares congenéricos da Mussununga,

onde Caseria sp. apresentou menores concentrações de FDN e celulose, E. macrophylla com

menores valores somente para lignina como verificado para esta espécie na Mata Alta e G.

opposita apresentou menores concentrações somente para celulose. P. coelomatica também se

destacou na Mussununga, apresentando maiores concentrações para FDN e lignina (Fig.

4.14).

48

Figura 4.13. Padrões interespecíficos dos componentes da fibra (FDN, Celulose e lignina) das espécies (n= 5) na

Mata Alta (média e desvio padrão). As letras representam grupos de similaridade formados com o teste

estatístico. ANOVA two-way, p significante ao nível de 0,05.

Figura. 4.14. Padrões interespecíficos dos componentes da fibra (FDN, Celulose e lignina) das espécies (n= 5) na

Mussununga (média e desvio padrão). As letras representam grupos de similaridade formados com o teste

estatístico. ANOVA two-way, p significante ao nível de 0,05.

49

Tabela 4.3. Análise de variância (ANOVA) two-way (área e espécie) das porcentagens de herbivoria, teor de

água, MFA (massa seca por unidade de área) e AF (área foliar) dos 9 pares congenéricos (n=

5indivíduos/espécie) amostrados nas comunidades de Mata Alta e de Mussununga.

Variável Fonte de variação Soma dos

quadrados

Grau de

liberdade

Quadrado

Médio F P

Fen

óis

tota

is

Área 0,017 1 0,017 0,137 0,713

Espécie 14,441 4 3,610 29,515 <0,001

Interação 7,900 4 1,975 16,147 <0,001

Residual 4,893 40 0,122

FD

N Área 956,94 1 956,94 44,031 <0,001

Espécie 148,08 4 370,52 17,048 <0,001

Interação 104,59 4 26,15 1,203 0,324

Residual 869,34 40 21,73

CE

L

Área 140,88 1 140,878 20,733 <0,001

Espécie 884,92 4 221,230 32,557 <0,001

Interação 47,70 4 11,925 1,755 0,157

Residual 271,80 40 6,795

LIG

Área 1,772 1 1,772 102,713 <0,001

Espécie 3,331 4 0,833 48,286 <0,001

Interação 0,565 4 0,141 8,193 <0,001

Residual 0,690 40 0,017

Alcalóides

Através da metodologia adotada, foi detectada a presença de alcalóides somente para

C. commersoniana da Mata Alta, enquanto que para a Mussununga estes compostos foram

encontrados em indivíduos de Casearia sp., N. Langsdorffii e P. coelomatica. (Fig. 4.15).

50

Figura 4.15. Detecção de alcalóides após a revelação com reativo Dragendorf. A presença de alcaloides é

indicada pelas setas amarelas. Legenda: A= Mata Alta e B= Mussununga; Eriotheca (1, 6), Guapira (2, 7),

Casearia (3, 8), Neomitranthes (4,9) e Pouteria (5,10).

Relação das espécies com as características foliares

A análise dos componentes principais (ACP) explicou nos dois primeiros eixos mais

de 60% da variação total dos dados. A variável mais fortemente correlacionada com o

primeiro eixo foi água, seguido de fenóis e lignina, enquanto que no segundo eixo foi FDN,

seguido de celulose e AF. O eixo 1 explicou 32,11% da variância e evidenciou relação

negativa com água e positiva com fenóis e lignina. O segundo eixo explicou 30,96 da

variância, sendo relacionado positivamente com FDN, lignina e AF (Tab. 4.4). Não foi

verificada a presença de uma característica responsável por separar os pares congenéricos

entre os ambientes de Mata Alta e de Mussununga, o que pode estar relacionado com a

presença de outros fatores mais relevantes não abordados no estudo que caracterizam melhor

a distribuição das espécies nestes ambientes (Fig.). Entretanto, foi verificado que algumas

características foram responsáveis por separar G. opposita e E. macrophylla das demais

espécies, onde estas duas espécies apresentaram maiores AF e conteúdos de água, porém

menores concentrações de defesas em geral (Fig. 4.16). Pou_hi1 e Pou_co2 apresentou maior

concentração de FDN e LIG, enquanto que Neo_la1 apresentou maior concentração de fenóis

e menos LIG. Neo_gl2 e Cas_sp2 não se associaram a nenhuma característica foliar.

51

Tabela 4.4. Valores dos coeficientes de correlação entre as variáveis relacionadas e os autovetores das análises de

componentes principais (ACP) dos 5 pares congenéricos coocorrentes nas comunidades de Mata Alta e de

Mussununga. AF= área foliar, MFA= Massa seca por unidade de área, FDN= fibras em detergente neutro, CEL=

celulose, LIG= lignina.

Parâmetros Autovetores

1 2 3

Água -0,89** -0,02 -0,14

AF -0,32 0,68* 0,27

MFA 0,30 0,23 0,81**

Fenóis totais 0,82** 0,01 0,25

FDN 0,07 0,92** -0,34

Lig 0,65* 0,51 -0,54

Celulose -0,38 0,73** 0,28

Porcentagem total da variância explicada 32,11 63,07 81,68

Transformação das características foliares usando log (x). *P ≤ 0,05; **P ≤ 0,01

Figura 4.16. Biplot da análise de componentes principais (ACP) dos 5 pares congenéricos coocorrentes nas

comunidades de Mata Alta e de Mussununga. Legenda: 1= Mata Alta e 2= Mussununga; Cas_co= Caseria

commersoniana, Cas_sp= Caseria sp., Gua_op= Guapira opposita, Eri_ma= Erioteca macrophylla, Neo_gl=

Neomitranthes aff. glomerata, Neo_ La= Neomitranthes langsdorffii, Pou_hi= Pouteria aff. hispida, Pou_co=

Pouteria coelomatica.

52

Relação entre todas as variáveis

Através da correlação de Pearson foi verificado que as porcentagens de herbivoria das

espécies da Mata Alta foram positivamente correlacionadas com os valores de AF e

negativamente correlacionadas com as concentrações de FDN e lignina. Além disso, os

valores de AF foram negativamente correlacionados com as concentrações de LIG nos tecidos

foliares, indicando que espécies com folhas maiores investem menos em lignina e assim, são

mais atacadas por insetos herbívoros (Tab. 4.5). Na Mussununga, apesar de também ter

ocorrido uma correlação positiva entre herbivoria e AF, esta primeira variável foi

positivamente correlacionada com FDN e CEL. Estes resultados indicam que na Mussununga

os insetos consumiram folhas maiores, porém mais fibrosas (Tab. 4.5).

Tabela 4.5. Matriz de correlação de Pearson entre as variáveis dos pares congenéricos amostrados na Mata Alta

(n=5) e na Mussununga (n=5) indicando os valores de r para as variáveis. AF= área foliar, MFA= Massa seca

por unidade de área, FDN= fibras em detergente neutro, CEL= celulose, LIG= lignina.

Área Parâmetros Herbivoria Água AF MFA Fenóis FDN CEL

Mat

a A

lta

Teor de Água 0,63

AF 0,81* 0,70

MFA -0,23 0,09 -0,30

Fenóis totais -0,07 -0,60 -0,42 0,43

FDN - 0,86* -0,23 -0,42 0,15 -0,37

CEL -0,20 0,10 0,40 -0,00 -0,38 0,57

LIG -0,96** -0,75 -0,92** 0,27 0,29 0,70 0,00

Muss

unung

a

Água 0,15

AF 0,82* 0,17

MFA 0,72 -0,54 0,53

Fenóis -0,01 -0,69 0,37 0,43

FDN 0,93** -0,08 0,89** 0,77* 0,31

CEL 0,84* 0,18 0,80* 0,68 0,11 0,74

LIG 0,16 -0,70 0,23 0,43 0,67 0,46 -0,17

Transformação das características foliares usando log (x). *P ≤ 0,05; ** P ≤ 0,01

A regressão múltipla Forward stepwise utilizada para verificar a relação entre

herbivoria e características foliares (teor de água, MFA, área foliar, fenóis totais, FDN, CEL e

53

LIG) dos 5 pares congenéricos revelou que 71% da herbivoria registrada para as espécies da

Mata Alta foram explicadas negativamente pela variação na concentração de lignina e 37% na

concentração de FDN nos tecidos foliar. Porém, na Mussununga 94% da herbivoria foram

explicadas positivamente pela variação na concentração de FDN (Tab. 4.6).

Tab. 4.6. A análise de regressão multipla Forward stepwise entre herbivoria e características foliares dos pares

congenéricos (n= 5) amostrados nas comunidades de Mata Alta e de Mussununga.

Coeficiente Beta Erro padrão (Beta) t p

Mata Alta

LIG -0,71 0,09 -8,33 0,01

FDN -0,37 0,09 -4,29 0,05

R múltipla= 0,996; R2= 0,992; R

2 ajustado= 0,984; F(2,2)= 125,7; p= 0,008; EP=0,03

Mussununga

FDN 0,94 0,21 4,55 0,02

R múltipla= 0,93; R2 = 0,87; R

2 ajustado= 0,83; F(1,3)= 20,75; p= 0,02; EP= 0,25

4.4. Discussão

Os resultados obtidos no presente estudo mostram que as porcentagens médias de

herbivoria das comunidades arbóreas de Mata Alta (10 ± 2,0 %) e Mussununga (9 ± 2,0 %)

estão dentro dos limites mínimos e máximos (3-15%) verificados para as florestas tropicais

úmidas (Sterck et al. 1992; Gullan & Cranston, 2007).

Estudos apontam que plantas com arquitetura muito complexas suportam maior

riqueza e abundância de insetos do que aquelas mais simples (Lawton, 1983; Loyola Jr. &

Fernandes, 1993), onde diferenças na forma e no tamanho das folhas de espécies vegetais em

um ambiente podem reduzir a possibilidade das mesmas serem reconhecidas pelos insetos

herbívoros. Folhas muitos pequenas ou muito divididas reduzem a eficiência no

forrageamento destes fitófagos (Brown et al. 1991), ao contrário de folhas maiores, que

apresentam maior superfície para a oviposição, construção de moradias, conferindo aos

insetos maior quantidade de recurso alimentar, podendo aumentar a sobrevivência de uma

única larva (Bultman & Faeth, 1986; Godfray, 1986, Kagata & Ohgushi, 2001; Kagata &

Ohgushi, 2002). Entretanto, a maioria destes estudos foi realizada para insetos minadores,

sendo escassos para insetos mastigadores.

54

Variações no formato e tamanho de folhas estão associadas aos ajustes evolutivos e

ecológicos como intensidade luminosa, temperaturas, umidade, velocidades dos ventos e

disponibilidade hídrica e de nutrientes nos solos (Parkhurst & Loucks, 1972), sendo

determinados também pela pressão de insetos herbívoros ou vertebrados (Brown & Lawton,

1991, Bowen & Vuren, 1997). Os resultados observados para a Mata Alta corroboram esta

questão, tendo sido encontrado uma relação muito forte entre herbivoria e área foliar das

espécies arbóreas da Mata Alta. Além disso, espécies com folhas maiores na Mata Alta

apresentaram menor concentração de lignina, indicando que os insetos preferiram se alimentar

de folhas maiores, porém com menores quantidades de lignina. Correlações negativas entre os

níveis de fibras, incluindo celulose e lignina, e herbivoria têm sido observadas em vários

estudos, indicando que maiores concentrações destes componentes nas folhas proporcionam

uma barreira física à alimentação e digestão dos tecidos foliares pelos insetos herbívoros

(Lacerda et al. 1986; Coley, 1987; Coley & Barone, 1996; Marquis, 2012). Estudos têm

mostrado também que a lignina é altamente tóxica e possui ação repelente contra os insetos

(Stmapoulos, 1988; Khanam et al. 2006). No presente estudo a correlação negativa forte entre

herbivoria e lignina (p= 0,006) e FDN (p= 0,05) para as espécies da Mata Alta pode estar

relacionado não apenas as propriedades estruturais das folhas, mas também com o grau de

toxidez destas. Na Mussununga, o fato da regressão múltipla ter revelado uma relação fraca

positiva entre herbivoria e área foliar pode estar indicando que espécies com folhas menores

na Mussununga devem apresentar outros tipos de defesas ou as defesas serem mais eficientes

do que as das folhas maiores. Neste caso, pode estar relacionada à presença de alcalóides em

espécies com folhas menores desta área. Cabe frisar que em três espécies das cinco analisadas

da Mussununga, esta classe de compostos foi detectada, ao contrário da Mata Alta que só foi

verificada a presença da mesma em uma única espécie. Bogacheva (2002) afirma que a

seleção de tamanhos de folhas para a alimentação dos insetos fitófagos pode variar em

diferentes espécies, na mesma espécie em diferentes áreas ou anos devido à composição do

tecido foliar ser complexa e variável. Além disso, neste mesmo ambiente, houve uma relação

positiva muito forte e inesperada entre herbivoria e FDN, o que pode estar relacionado com

possibilidade das folhas terem sido consumidas ainda verdes. Folhas mais jovem são

fisiologicamente menos fibrosas, pelo fato da fibra ser um dos constituintes foliares que limita

a expansão foliar (Aide, 1993), sendo pode ser justificado pela relação positiva entre área

foliar e fibras (FDN e CEL).

A ausência de diferenças nas porcentagens de herbivoria entre as comunidades parece

estar mais relacionada com a existência de estratégias de defesas semelhantes nas duas

55

fitofisionomias. Apesar de algumas espécies apresentem características de defesas

particulares, as condições ambientais nitidamente diferentes entre as duas florestas (e.g.

diferenças nas características nutricionais dos solos e intensidade luminosa no sub-bosque)

parecem não exercerem fortes influências na qualidade nutricional e na concentração de

compostos de defesas, que de modo geral foram similares nas duas comunidades.

Os investimentos em compostos de defesas variam interespecificamente, sendo

atualmente relacionado com a disponibilidade de recurso no ambiente (Coley et al. 1985;

Endara & Coley, 2011). As variações das concentrações de fenóis totais das espécies das

comunidades arbóreas da Mata Alta (17 a 112 µg/mL) e da Mussununga (26 a 118 µg/mL)

são consideradas altas, quando comparadas com as concentrações obtidas para algumas

espécies de florestas tropicas, as quais variam entre 5 a 20 µg/mL (Neves, 2011). Já

concentrações de FDN (51-69%) e celulose (16-27%) das espécies da Mata Alta, e de FDN

(45-59%) e celulose (13-25%) das espécies da Mussununga estão dentro das variações

observadas para florestas tropicais (Coley, 1987), exceto para as concentrações de lignina (18

a 39% na Mata Alta e 12 a 25% na Mussununga) que são próximas ao limite superior ou

superiores a variação encontrada para florestas tropicais – 3 a 20 % (Coley, 1987).

A hipótese de a herbivoria seria maior em espécies de crescimento rápido como

destacada pela hipótese de disponibilidade de recurso proposta por Coley et al. (1985),

revisada por Endara & Coley (2011) e citada também por Coley (1987) e Stamp (2003) como

hipótese da taxa de crescimento não foi corroborada. Espécies de crescimento rápido

(pioneiras e secundárias iniciais) de modo geral apresentaram menores concentrações de

defesas quantitativas, principalmente fenóis e lignina, e maiores conteúdos de água, sendo,

portanto, de maior qualidade nutricional para os insetos herbívoros do que aquelas de

crescimento lento (secundárias tardias e clímax) tanto no ambiente de Mata Alta quanto no de

Mussununga. Entretanto, não houve diferença nas porcentagens de herbivoria entre os grupos

funcionais, indicando que a concentração de defesas não influenciou diretamente na

porcentagem de herbivoria para os grupos funcionais de ambas fitofisionomias. Coley et al.

(1985) afirma que espécies de crescimento rápido, apesar de possuírem menores

concentrações de defesas quantitativas, apresentam uma diversidade de compostos químicos

qualitativos e estes são eficazes contra os herbívoros em baixas concentrações, além de

exigirem um baixo custo para sua produção. Apesar de não ter sido detectado a presença de

alcalóides em folhas de E. macrophylla e G. opposita (secundárias iniciais), estas espécies na

comunidade de Mata Alta e de Mussununga devem estar investindo em uma série de defesas

qualitativas, além de alcalóides, as quais são móveis e têm altas taxas de rotatividade nas

56

plantas (Coley et al. 1985), fazendo com que as porcentagens de herbivoria sejam niveladas

entre os grupos funcionais. Não existem informações sobre a fitoquímica de E. macrophylla e

G. opposita, e foi encontrado somente um estudo sobre a química de folhas de Guapira noxia,

onde verificou-se a presença de esteróide, terpenos, compostos fenólicos, flavonóide,

saponinas e não foi detectado a presença de alcalóides, corroborando com o presente estudo

(Severi, 2007).

A hipótese de que espécies filogeneticamente relacionadas devem apresentar

diferenças na concentração de defesas entre os ambientes de Mata Alta e Mussununga foi

corroborada. As análises entre os pares congenéricos coocorrentes nas comunidades de Mata

Alta e Mussununga revelaram que não houve um padrão para os investimentos na

concentração de fenóis entre os ambientes. Quanto aos componentes da fibra (FDN, celulose e

lignina), foi verificado que 3 pares dos 5 estudados apresentaram maiores investimento destes

componentes para os congêneres da Mata Alta, sugerindo a ocorrência de evolução

convergente, já que este padrão foi verificado para espécies filogeneticamente independentes.

A ausência de diferenças para os dois outros congêneres pode esta relacionada com as

restrições filogenéticas (ancestralidade comum) serem mais determinantes na concentração

destes compostos do que a influência do ambiente. Entretanto, verificou-se que somente as

porcentagens de herbivoria do gênero Caseria diferiram entre as fitofisionomias, sendo

maiores para os indivíduos da Mata Alta. Assim, apesar das concentrações de alguns

constituintes terem diferido entre os pares congenéricos, a não ocorrência de diferenças nas

porcentagens de herbivoria dentro destes pares sugere que outros compostos químicos devem

estar atuando, fazendo que com que a perda de área por herbivoria entre eles sejam

balanceadas. No caso do Neomitranthes, por exemplo, a maior concentração de compostos

baseados em carbono (componentes da fibra principalmente) nos indivíduos da Mata Alta

pode ter sido balanceada pela presença de alcalóides nos indivíduos da Mussununga. Apesar

de não existir trabalhos fitoquímicos para este gênero, a detecção de alcalóides no presente

estudo confirma esta associação. É sabido que as espécies não são protegidas por apenas uma

característica defensiva, mas sim de uma série de características, as quais proporcionam um

aumento da eficácia da defesa da planta como um todo (Stapley, 1998; Agrawal & Fishbein,

2006, Marquis 2012, Agrawal, 2011). A fitoquímica para o gênero Pouteria (Sapotaceae) tem

revelado ocorrência de algumas classes de composto que estão envolvidas na interação inseto-

planta que são flavonóides (Silva, 2007; Silva et al. 2009), triterpenóides (Vieria et al. 1996;

Montenegro et al. 2006; Silva, 2007; Silva et al. 2009) e a presença destes alcalóides (Silva,

57

2007) sugere que o grupo apresenta conservadorismo filogenético (Liscombe et al. 2005;

Agrawal, 2006).

A diferença nos valores de herbivoria observada para o gênero Casearia indica que

para este gênero em particular, o ambiente deve estar influenciando na seleção de diferentes

estratégias defensivas, com maiores concentrações de defesas para os indivíduos da

Mussununga. Neste caso pode ser diferenças na concentração de alcalóides ou de outros

compostos químicos não abordados neste estudo, uma vez que não foram encontradas

diferenças significativas para a concentração de metabólitos secundários quantitativos como

fenóis totais, FDN e lignina entre os congêneres. Todavia, houve uma diferença para a

concentração de celulose, sendo maiores para indivíduos de Casearia da Mata Alta,

apontando que a mesma não funcionou como barreira física contra ataques de herbívoros. O

fato de alguns insetos serem capazes de explorar o valor nutritivo da celulose é bastante

discutido, com alguns estudos atribuindo este fato à existência de diferentes mecanismos de

digestão da celulose (Martin et al. 1991; Treves & Martin, 1994; Idowu et al. 2009). Martin et

al. (1991) afirmam que a digestão deste composto nos insetos tem sido explicada pelas

seguintes proposições: a presença de protozoários ou bactérias com capacidade celulolítica no

intestino dos insetos; dependência de celulases fúngicas, originárias dos alimentos que

permanecem ativas no intestino após a ingestão; e secreção de um sistema de celulase

completo pelos insetos, sendo este último ainda um pouco controverso. Estes mesmos autores

afirmam que tem sido documentada a ocorrência da digestão da celulose para 78 espécies de

insetos de 20 famílias, os quais estão inseridos dentro de oito ordens, incluindo as famílias

dentro das ordens Coleoptera e Orthoptera. Assim, sugere-se que maiores investimentos em

nutrientes e celulose, e menores investimentos em outros tipos de defesas nos tecidos foliares

de Casearia podem estar agindo sinergeticamente na palatabilidade das folhas para os insetos

herbívoros da Mata Alta.

É de conhecimento na literatura que a família a qual Casearia pertence,

(Flacourtiaceae, atualmente Salicaceae), se caracteriza por conter alcalóides, conferindo um

alto poder como inseticida natural (Nee, 1999), sendo verificada a presença deste composto

em folhas de Casearia sylvestris (Simões, et al. 1995 apud Sakae et al. 2005; Güntzel, 2008)

conforme observado no presente estudo. Entretanto, outros estudos não detectaram alcalóides

em folhas desta espécie (Luz et al. 1998; Thadeo et al. 2009). Esta controvérsia pode ser em

função de alguns fatores alterarem a taxa deste metabólito como: local de coleta,

sazonalidade, temperatura, disponibilidade hídrica entre outros (Lindroth, et al.1987; Bundy

et al. 2009). Em folhas de C. sylvestris também podem ser extraídos outros compostos

58

secundários que estão relacionados com herbivoria que são saponinas, flavonóides e

compostos fenólicos, tanino e curaminas (Luz et al. 1998; Güntzel, 2008; Thadeo et al. 2009).

Estudos apontam que existe uma relação positiva entre a diversidade de insetos e

plantas em comunidades naturais (Murdoch et al. 1972; Southwood et al. 1979; Hawkins &

Porter 2003), sendo portanto, um importante fator que pode influenciar no quantidade de

tecidos foliares consumidos pelos insetos. Além disso, a baixa umidade do ar de ambientes

mais aberto pode afetar negativamente a longevidade e a oviposição de muitos insetos (Gullan

e Cranston, 2007). Logo, a maior herbivoria verificada para Casearia amostrada na Mata Alta

pode estar relacionada também com a maior diversidade de insetos herbívoros que se

alimentam deste gênero na Mata Alta, visto que este ambiente apresenta maior diversidade de

plantas que na Mussununga. Ademais, o ambiente mais diverso e sombreado da Mata Alta

pode estar proporcionando melhores condições microclimáticas e diferentes nichos para o

desenvolvimento de espécies de insetos que são intolerantes a altas temperaturas e intensidade

luminosa, e consequentemente pode estar aumento à riqueza de insetos nesta fitofisionomia.

Modificações da expressão fenotípica de defesas em determinadas espécies em função

das condições ambientais, primeiramente testada por Bryant et al (1983) através da hipótese

do BCN, tem sido apoiada por vários autores (Coley, 1983; Denslow et al. 1990, Sagers &

Coley, 1995; Coley & Barone, 1996; Stamp, 2003). Coley & Barone (1996) afirmam que

testar esta hipótese entre as espécies é um equívoco e inadequado porque ao comparar as

concentrações de defesas químicas entre espécies de sol e tolerantes a sombra pode gerar

resultados conflitantes sobre as tendências genéticas e fenotípicas. Quando as comparações

são feitas dentro dos pares coocorrentes, estudos têm apontado níveis similares ou maiores de

concentrações de compostos fenólicos nas espécies de ambientes ensolarados (Coley, 1983;

Denslow et al. 1990; Coley & Barone, 1996), já que espécies congenéricas compartilham

características genéticas de um mesmo ancestral comum (Coley & Barone, 1996; Agrawal,

2006). As concentrações de fenóis totais dos congêneres foram similares ou maiores para os

indivíduos da Mussununga no estudo em questão, com exceção do Neomitranthes, que

apresentou menores concentrações de fenóis nesta mesma área. Coley & Barone (1996)

afirmam que o “padrão de defesas exibidas pelos congêneres não pode ser ótima para os seus

habitats atuais, especialmente quando eles não refletem padrões comuns vistos em espécies

ecologicamente semelhantes, mas independentes”. Os valores dos componentes da fibra

(FDN, celulose e lignina), tanto das espécies pioneira quanto das tardias, foram de modo geral

maiores para os congêneres da Mussununga.

59

Embora essas previsões de Bryant et al. (1983) serem fundamentadas na correlação

das defesas com a razão C/N dos tecidos foliares e esta não ter sido especulada na pesquisa

em questão, as maiores concentrações de compostos baseados em carbono, principalmente

componentes da fibra, para alguns congêneres da Mata Alta do que seu respectivos pares

congenéricos da Mussununga encontradas neste estudo pode estar relacionada com a

longevidade foliar. De acordo com alguns trabalhos (Chabot & Hicks, 1982; Grubb, 2002) a

longevidade foliar está relacionada com o ganho de carbono, onde as folhas das árvores

podem ser, por exemplo, sempre-verde ou caduca, dependendo da estratégia de ganho de

carbono. Estudos de Engel (2001) na comunidade de Mata Alta da Reserva Natural Vale

verificou uma proporção igual de espécies sempre-verdes e breve-decíduas (43,9%) e 12%

como caducifólia. Apesar de não haver estudos fenológicos comparando a longevidade foliar

das espécies entre os ambientes, sugere-se que as espécies da Mata Alta apresentem maior

longevidade foliar quando comparados com as da Mussununga. Embora a esclerofilia tenha se

mostrado uma característica comum em ambos os ambientes, folhas de maior longevidade

fixam mais C por unidade de N investido e possuem baixas taxa fotossintética do que folhas

menos longevas, onde as primeiras apresentam estruturas morfológicas mais reforçadas e

maior dureza (Coley, 1988, Medina & Francisco, 1994; Reich et al. 1992; Grubb, 2002;

Rizzini & Garay, 2003). Além disso, folhas mais longeva apresentam maior concentração de

defesas imóveis (e.g. fibra e lignina) do que folhas de árvores menos longevas (Coley, 1988;

Coley et al. 1985; Coley & Barone, 1996, Endara & Coley, 2011). Assim folhas de curta

duração, por apresentarem menor dureza e alta capacidade fotossintética são mais palatáveis

para os insetos herbívoros (Coley, 1988; Coley et al. 1985; Coley & Barone, 1996).

Embora a amostragem de folhas dos congêneres tenha sido realizada no sub-bosque de

ambos os ambientes (5 a 10m de altura), na Mata Alta a menor entrada de luz no sub-bosque

pode ter contribuído por apresentar folhas mais longevas neste ambiente e, consequentemente,

maiores investimentos em defesas quantitativas como fibras em geral, já que dentro das

espécies, os indivíduos ou folhas que crescem em ambientes sombreados utilizam

eficientemente a baixa intensidade de luz e investem em longevidade foliar e alguns casos, as

plantas que produzem muitas folhas ao mesmo tempo podem causar um auto-sombreamento,

contribuindo para ineficiência no ganho de carbono (Reich et al.1992; Kikuzawa, 1995;

Mediavilla & Escudero, 2003; Reich et al. 2009). Na Mussununga, ao contrário da Mata Alta,

por possuir um dossel relativamente descontínuo, que permite maior penetração de luz

alcançando o solo (Simonelli et al. 2008), se destacou com baixa concentração de

componentes da fibra, o que não seria comum de se esperar para ambientes com menor

60

disponibilidade de água e nutrientes (Chabot & Hicks, 1982; Aerts & Chapin, 2000). Assim,

um estudo aprofundado sobre a fenologia das folhas de espécies das comunidades de Mata

Alta e Mussununga envolvendo fatores bióticos (herbivoria) devem ser realizados para a

confirmar esta questão.

4.5. Conclusões

Os resultados indicaram que as porcentagens médias de herbivoria encontrada para os

pares congenéricos das comunidades de Mata Alta e Mussununga estão dentro dos limites

mínimos e máximos registrados para espécies arbóreas de florestas tropicais úmidas. Apesar

da Mata Alta possuir maior riqueza florística que a Mussununga, as porcentagens de

herbivoria foliar entre os pares congenéricos, de modo geral, foram similares e indicam que a

pressão de herbivoria sobre as plantas seja semelhante nestes ambientes.

Em relação à hipótese de que espécies pioneiras são mais atacadas por insetos

herbívoros que espécies tardias, esta não foi corroborada. As espécies pioneiras apresentaram

maior qualidade nutricional e menor concentração de defesas quantitativas do que as plantas

de estágio sucessional mais tardio de ambos ambientes, entretanto os grupos funcionais da

Mata e da Mussununga não diferiram nas porcentagens de herbivoria.

A hipótese de que espécies filogeneticamente relacionadas devem apresentar

diferenças na concentração de defesas entre os ambientes de Mata Alta e Mussununga foi

corroborada, sendo as concentrações de defesas geralmente maiores para os congêneres da

Mata Alta.

Somente as porcentagens de herbivoria de Casearia diferiram significativamente entre

as fitofisionomias, sendo maiores para a Mata Alta, sugerindo que para este gênero em

particular, maiores concentrações de defesas para os indivíduos da Mussununga. Pode

diferenças na concentração de alcalóides e/ou de outros compostos não analisados neste

estudo, por não ter sido encontrado diferenças para a concentração de fenóis, FDN e lignina.

61

CAPÍTULO V

Efeito da herbivoria foliar simulada em espécies coocorrentes de duas

comunidades arbóreas de Floresta de Tabuleiro edaficamente distintas:

Mata Alta e Mussununga

5.1. Introdução

O estágio inicial de estabelecimento vegetal é em geral a fase mais crítica, ocorrendo

uma grande mortalidade de plântulas. Diversos fatores afetam a sobrevivência e o crescimento

destas, sendo a herbivoria um dos fatores mais importantes (Clark e Clark, 1985; Maron,

1997; Moles e Westoby 2004). Fenner (1987) destaca que em ambientes desfavoráveis ou

limitantes, a mortalidade de plântulas é provocada por fatores abióticos principalmente (e.g.

alta temperatura e intensa radiação solar), enquanto que em ambientes mais amenos, os

fatores bióticos (e.g. competição, predação e herbivoria) são os que apresentam maior

importância na mortalidade delas. Embora a herbivoria e a desfolha não implique diretamente

na morte da plântula, a remoção de área fotossintética pode afetar na longevidade foliar

(Coley, 1988), crescimento e produção de folhas (Crawley, 1989; Howe, 1990; Nascimento &

Hay, 1993 & 1994, Marquis, 1984), reprodução (Marquis, 1984; Crawley, 1989; Lehtilä e

Strauss, 1999) e sobrevivência (Clark e Clark, 1985; Crawley, 1989; Sullivan, 2003) de

espécies em comunidades naturais.

O número de insetos herbívoros em comunidades naturais pode variar de ano para ano,

lugar para lugar, entre estações e espécies (Coley e Barone, 1996; Barbosa et al. 2005). Vários

autores afirmam que a herbivoria pode variar de acordo com intensidade luminosa e

concentração de nutrientes nos solos (Coley et al. 1985; Bryant et al. 1983). Assim, a pressão

por herbivoria pode contribuir para uma alta diversidade vegetal em ambientes edaficamente

distintos. Tal fato tem sido relacionado à existência de um trade-off entre as taxas de

crescimento e investimentos em defesas, sendo um importante mecanismo pelo qual os

herbívoros podem promover a especialização de espécies a habitat diferentes. Estudos

certificaram que espécies especialistas de solos arenosos e argilosos desenvolvem estratégias

de defesas divergentes (Fine et al. 2004 e 2006; Fine & Mesones, 2011). Fine et al.(2006)

mostrou que todas as plantas transplantadas para solos de areia branca apresentaram alta

mortalidade quando tiveram 100% de desfolhação experimental do que as transplantadas para

florestas de solos argilosos, tal fato foi atribuído ao tipo de solo (arenoso), que apresenta

62

menor capacitade de retenção de nutrientes e água, sendo dificil para as plantas repor o tecido

perdido por herbivoria neste ambiente (Coley, 1987; Craine et al. 2003).

As florestas tropicais incluem uma diversidade de habitats, o que levou muitas plantas

se especializarem a determinado ambientes e produzirem diferentes tipos de defesas anti-

herbívoros (Fine et al. 2006). Os efeitos do ataque de insetos herbívoros em plântulas de

comunidades de florestas tropicais com alta diversidade de espécies tem sido pouco

documentado, sendo a maioria dos estudos realizados em florestas temperadas (Marquis,

2004, Fine, 2004). Marquis (2004) afirma que transplante de mudas de pares congenéricos

em ambientes heterogêneos é o método mais adequado para testar o efeito dos herbívoros na

distribuição de plantas nestes ambientes.

Assim, este trabalho reporta os efeitos da herbivoria simulada em mudas

transplantadas de Erioteca macrophylla (K. Schum.) A. Robyns e Guapira opposita (Vell.)

Reitz nas comunidades de Mata Alta e Mussununga situadas na Reserva Natural Vale. Visou-

se testar as seguintes hipóteses: (1) altas porcentagens de herbivoria, através da remoção

manual do tecido foliar, diminuem a sobrevivência, o crescimento e a produção de folhas de

mudas das duas espécies em ambos os ambientes; (2) o impacto negativo da herbivoria na

sobrevivência, crescimento e produção de folhas destas espécies será maior na Mussununga,

por ser mais difícil para as mudas desta área repor o tecido perdido por herbivoria.

5.2. Material e Métodos

Para avaliar o efeito da herbivoria no crescimento e mortalidade de mudas de G.

opposita e E. macroplylla foi implantado um experimento no qual, através da remoção parcial

(25%) e total (100%) do tecido foliar, simulamos o dano provocado por lagartas de

Lepidopteros, larvas de besouros ou formigas cortadeiras (Nascimento e Hay, 1994). O estudo

foi realizado em duas áreas com fitofisionomias distintas, situadas dentro do domínio da

Reserva Natural Vale (RNV), localizada em Linhares, ES, Brasil. As áreas estão situadas em

uma parcela de 1 ha cada, sendo representadas pela Mata Alta e Mussununga. Os dados

climáticos referentes ao período do presente estudo (junho de 2010 a novembro de 2011)

revelaram que a pluviosidade anual foi de 1.344 mm (Fig. 5.1), sendo, portanto, superior à

média verificada para os períodos de 1975 a 1996, com uma temperatura média de 23°C.

(para maiores detalhes, ver capítulo 2).

63

Figura 5.1. Dados médios mensais de precipitação pluviométrica e temperatura do ar para o período de junho de

2010 a novembro de 2011 para o município de Sooretama, ES. Fonte: INCAPER.

As duas espécies (G. opposita e E. macroplylla) foram selecionadas por serem bem

representativas nas matas, pela disponibilidade de mudas no viveiro da RNV e por serem

espécies sucessionais iniciais, sendo naturalmente encontradas em menor densidade na Mata

Alta quando comparada com a Mussununga, sendo 7,3 árvores/ha para E. macrophylla e 8,4

árvores/ha para G. opposita na Mata Alta (Jesus & Rolim, 2005) e na Mussununga as

densidades destas espécies são de 14,0 árvores/ha e 296,8 árvores /ha, respectivamente

(Simonelli et al. 2008).

Em dezembro de 2010, cinquenta mudas de E. macrophylla (idade estimada em 32

meses) e de G. opposita (idade estimada em 7 meses) doadas pelo viveiro de mudas da RNV

foram transplantadas para as áreas de Mata e Mussununga em dezembro de 2010, sendo vinte

e cinco indivíduos de cada espécie por área. O padrão de substrato utilizado para o cultivo das

mudas no viveiro apresentou a seguinte composição: 4 partes de solo argiloso + 1 parte de

casca de café (em decomposição) + 1 a 2 Kg da mistura de adubos químicos / m³ de substrato

(formada por 8 partes de superfosfato simples + 2 partes de sulfato de amônia + 1 parte de

cloreto de potássio). (Rossmann, N., técnico do viveiro da RNV, comunicação pessoal).

Cinco mudas por espécie foram plantadas alternadamente, dentro de cada uma das

cinco sub-parcelas (5x5m), com um espaçamento de no mínimo um metro entre uma planta e

outra, sendo as sub-parcelas localizadas no centro e nas quatro extremidades de uma parcela

64

de 100x100m (1 ha). Na data do plantio, os indivíduos apresentavam altura média (cm) de 19,

8 ± 4,1 para G. opposita e 16,1 ± 3,6 para E. macrophylla e com o número de folhas presentes

de 16,0 ± 4,0 e 6,0 ± 4,0, respectivamente. Passado dois meses do transplante

(fevereiro/2011), cerca de 10% das mudas de G. opposita morreram em ambas as áreas,

porém para E. macrophylla houve apenas uma morte na Mata Alta. Das mudas sobreviventes

de E. macrophylla das duas áreas (n Mata Alta= 14; n Mussununga= 15) e de G. opposita (n

Mata Alta= 12; n Mussununga= 11) foram utilizados como controle do experimento e cinco

indivíduos de cada espécie por área foram utilizados para cada tratamento (remoção de 25% e

remoção de 100% da área foliar total), sendo um indivíduo de por tratamento em cada sub-

parcela (Fig. 5.2). O número de folhas de cada plântula foi contado e a proporção

correspondente à classe tratamento foi retirada com auxílio de uma tesoura.

Acompanhamentos bimestrais (março a novembro de 2011) foram realizados para medições

de altura e quantificação de folhas totais e folhas produzidas. Assim, os meses apresentados

nos resultados correspondem ao mês da coleta de dados, representando, portanto, os eventos

que ocorreram no bimestre anterior. A mortalidade de plântulas também foi registrada e

quando a morte foi causada por queda de árvores ou galhos, estas foram excluídas das

análises e não houve a substituição dos indivíduos. A altura relativa acumulada foi calculada

através da razão entre a altura no final do experimento e altura inicial das mudas.

A

Figura 5.2. Simulação da herbivoria de 25% (a) e 100% (b) de remoção da área foliar total de mudas de

Eriotheca macrophylla na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil.

Através da análise de resíduos realizada no programa R (versão 2.15.0), foi verificada

que as variáveis apresentaram problemas de normalidade e homocedasticidade, mesmo após a

transformação dos dados em log (Ln (x+1) e em raiz quadrada (x+0,5). Assim, foram

empregadas estatísticas não paramétricas. As comparações dos valores médios entre os

a) b)

65

tratamentos 25%, 100% de remoção de área foliar e controle foram feitas através da análise de

variância (ANOVA) kruskal-Wallis, seguida de teste de comparações múltiplas em cada

espécie e para cada área, utilizando o programa R (versão 2.15.0), exceto para as comparações

de G. opposita para a Mata Alta. Para esta última, não foi realizada análises estatísticas

devido à insuficiência amostral para o tratamento 25% (n= 2) e 100% (n= 0) de herbivoria

simulada no final do experimento, sendo apenas comparado o tratamento controle entre os

ambientes através do teste pareado de Wilcoxon. Este mesmo teste foi utilizado para os

demais tratamentos entre as áreas para cada espécie. Comparações entre o número de folhas

no início (fevereiro/2011) e no final (novembro/2011) do experimento também foram

realizadas através do teste pareado de Wilcoxon para as espécies dentro de cada tratamento

em ambas as áreas (exceto G. opposita na Mata Alta).

5.3. Resultados

As curvas de sobrevivências de mudas de E. macrophylla indicam que a mortalidade

ocorrida para a espécie na Mata Alta não teve relação com a perda de área foliar dos

indivíduos, pelo fato de que tanto os indivíduos do tratamento de 100% de perda de área foliar

quanto os do controle tiveram uma redução na porcentagem de sobreviventes semelhantes

(Fig. 3). Entretanto, para a Mussununga foi observado um padrão distinto, com diminuição na

porcentagem de sobreviventes dos indivíduos desta espécie com 100% de remoção de área

foliar, não tendo sido observado mortalidade para os tratamentos de 25% de remoção de área

e controle, indicando que intensa herbivoria simulada prejudicou a sobrevivência de

indivíduos de E. macrophylla na Mussununga (Fig. 3).

Para as mudas de G. opposita na Mata Alta, foi observado que o tratamento 100% de

remoção de área foliar sofreu mortalidade ao longo do experimento, ocasionando uma

redução de 100% na sobrevivência desta espécie. Para os indivíduos dos tratamentos com

25% de remoção de área foliar e controle foi verificada uma porcentagem de sobrevivência ao

final do experimento de 40% e 50% respectivamente, sendo que no primeiro houve uma

tendência a continuar a diminuir, enquanto que o segundo tendeu a estabilização. A

sobrevivência de G. opposita na Mussununga não foi afetada pela herbivoria, já que não

houve mortalidade para indivíduos do tratamento 25% de remoção de área foliar e ocorreram

valores similares na sobrevivência de indivíduos dos tratamentos controle e 100% de remoção

de área foliar com aproximadamente 80% de sobrevivência (Fig. 3).

66

Figura 3. Média de sobrevivência (%) bimestral de mudas de Eriotheca macrophylla e Guapira opposita nos

ambientes de Mata Alta (M.A.) e Mussununga (M.U.) ao longo do experimento de simulação da herbivoria foliar

(fevereiro a novembro/2011) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. Cont= controle. Tratamentos 25% e

100%, n=5; Eriotheca macrophylla controle, n Mata Alta= 12 e Mussununga = 15; Guapira opposita controle, n

Mata Alta= 12 e n Mussununga= 11.

O crescimento relativo acumulado das mudas de E. macrophylla da Mata Alta foram

semelhantes em todos os tratamentos (Fig. 4) e não foi encontrada uma diferença significativa

no incremento anual entre os tratamentos neste mesmo ambiente (ANOVA kruskal-Wallis,

p>0,05) (Tab.1). Entretanto, na Mussununga houve diferenças entre os tratamentos (ANOVA

kruskal-Wallis, H= 7,014; gl= 2; p= 0,03), onde mudas de E. macrophylla do tratamento

controle cresceram mais do que as mudas do tratamento 100% de remoção ao longo do

experimento (Fig. 4). As mudas do tratamento 25% de remoção também cresceu mais do que

aquelas do tratamento 100%, porém, não houve diferença significativa entre o tratamento

controle e 25% de remoção. O tamanho médio relativo no final do experimento foi similar

entre os indivíduos de todos os tratamentos em ambas as áreas (ANOVA kruskal-Wallis;

p>0,05) (Tab. 1). Quando o incremento anual de E. macrophylla foi comparado entre as áreas

de Mata Alta e Mussununga, encontramos que tanto os tratamentos 25% e 100% de remoção

de área foliar e controle não diferiu significativamente entre as áreas (Teste pareado de

67

Wilcoxon, p>0,05). O mesmo foi verificado para o tamanho relativo médio relativo no final

do experimento para todos os tratamentos entre as áreas (Teste pareado de Wilcoxon, p>0,05)

(Tab. 1).

Indivíduos de G. opposita cresceram pouco na Mata Alta, incluindo os controles, os

quais apresentaram valores negativos em maio de 2011 (Fig. 4). Não foi possível realizar

análise estatística dos valores de crescimento relativo acumulado e incremento anual entre os

tratamentos controle e 25% de herbivoria simulada devido ao baixo n amostral ao final do

experimento para o tratamento 25% de herbivoria. Este resultado indica que esta espécie não

cresce bem neste ambiente, e vale ressaltar que intensa simulação da herbivoria levou à morte

dos indivíduos desta espécie (Tab. 2). Na Mussununga os indivíduos controle, de março a

julho de 2011, apresentaram maiores valores de crescimento relativo acumulado do que os

indivíduos dos demais tratamentos. Em novembro de 2011, os tratamentos com 25% e 100%

de remoção de área foliar apresentaram valores de crescimento próximo aos valores

observados para o tratamento controle (Fig. 4). Os valores médios de incremento anual e

tamanho relativo não diferiram estatisticamente entre os tratamentos (ANOVA kruskal-

Wallis, p>0,05), indicando que apesar do crescimento variar ao longo do ano, a perda total e

parcial de área foliar não influenciou no crescimento final das mudas desta espécie na

Mussununga (Tab. 2). Comparações do incremento anual e do tamanho relativo no final do

experimento para os indivíduos de G. opposita entre as áreas, realizadas somente para o

tratamento controle indicou a não existência de diferenças significativas entre os ambientes

(Teste pareado de Wilcoxon, p>0,05) (Tab. 2).

68

Figura 4. Altura relativa acumulada (cm) de mudas de Eriotheca macrophylla e Guapira opposita nos ambientes

de Mata Alta e Mussununga ao longo do experimento de simulação da herbivoria foliar (fevereiro a

novembro/2011) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. Eriotheca macrophylla (Mata Alta - 25%, n= 5;

100%, n= 3; controle, n= 10; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 15); Guapira opposita (Mata

Alta - 25%, n= 2; 100%, n= 0; controle, n= 6; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 9).

Mudas de E. macrophylla em todos os tratamentos apresentaram produção de folhas

sazonal, com as folhas sendo produzidas no período chuvoso, tanto para os indivíduos da

Mata Alta quanto para os indivíduos da Mussununga. Indivíduos de G. opposita produziram

folhas tanto no período chuvoso quanto no seco em todos os tratamentos, sendo mais

marcante para os indivíduos da Mussununga e nesta mesma área houve maior pico de

produção no período chuvoso (Fig. 5). A média de folhas produzidas ao longo do experimento

foi similar entre os tratamentos (ANOVA kruskal-Wallis; p>0,05), tanto para os indivíduos de

E. macrophylla em ambos os ambientes, quanto para os indivíduos de G. opposita na

Mussununga (Tab. 1; Tab. 2). Cabe destacar que não foi realizada análise estatística entre os

tratamentos para os indivíduos de G. opposita na Mata Alta (Tab. 2). Plantas de E.

macrophylla na classe de 100% de remoção de área foliar recuperaram cerca de 70% e 40%

69

do número original de folhas nas áreas de Mata Alta e Mussununga, respectivamente e não

houve diferença significativa entre o número de folhas do início e final do experimento para

os tratamentos 25% remoção de área foliar desta espécie nas duas áreas (Teste pareado de

Wilcoxon, p>0,05). Indivíduos de G. opposita dentro da classe de tratamento 100% de

remoção de área apresentaram em torno de 40% do número de folhas original ao final do

experimento na Mussununga e houve diferença significativa entre o número de folhas do

início e final do experimento somente para esta classe de tratamento (Teste pareado de

Wilcoxon, W= 0; p= 0,02), indicando que estas plantas estão recuperando ainda o número de

folhas perdidas. Além disso, para os indivíduos de G. opposita na Mata Alta, houve diferença

significativa entre o número de folhas do início e do final do experimento para o tratamento

controle (Teste pareado de Wilcoxon, W= 0; p= 0,005). Vale destacar que todos os indivíduos

desta espécie do tratamento 100% de herbivoria simulada morreram, confirmando novamente

que esta espécie não se desenvolve bem neste ambiente. Porém, em comparação com o

número de folhas das plantas controle ao final do experimento, a área foliar recuperada

representou cerca de 50% para os indivíduos de E. macrophylla da Mata Alta e 40% para os

indivíduos da Mussununga. Para G. opposita da Mussununga representou em torno de 50%

do número de folhas do tratamento controle ao final do experimento. Comparações do número

de folhas produzidas de E. macrophylla entre as áreas revelaram que não houve diferença

significativa de todos os tratamentos entre os ambientes (Teste pareado de Wilcoxon, p>0,05)

(Tab. 1). Já para Guapira opposita houve uma tendência de diferenças entre as áreas para o

tratamento controle, com maior produção de folhas para os indivíduos da Mussununga (Teste

pareado de Wilcoxon, W= 1,15; p= 0,06).

70

Figura 5. Número médio de folhas produzidas de mudas de Eriotheca macrophylla e Guapira opposita nos

ambientes de Mata Alta e Mussununga ao longo do experimento de simulação da herbivoria foliar (fevereiro a

novembro/2011) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. Eriotheca macrophylla (Mata Alta - 25%, n= 5;

100%, n= 3; controle, n= 10; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 15); Guapira opposita (Mata

Alta - 25%, n= 2; 100%, n= 0; controle, n= 6; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 9).

Houve diferença no número de folhas perdidas entre os tratamentos para os indivíduos

de E. macrophylla da Mata Alta, sendo estatisticamente significativo (ANOVA kruskal-

Wallis, H= 9,47; gl= 2; p= 0,009), onde plantas do tratamento 25% de remoção de área foliar

perderam mais folhas do que aquelas do tratamento controle e 100% de remoção. Apesar dos

indivíduos com 100% de herbivoria terem produzido folhas após a simulação, estas

permaneceram presentes durante ao longo de todo o experimento, não sendo registrada queda

de folhas para estes indivíduos. Todavia, na Mussununga não foi verificado diferenças

significativa na perda de folhas desta espécie entre os tratamentos (ANOVA kruskal-Wallis;

p>0,05) (Fig. 6; Tab. 1). Entretanto, para os indivíduos de G. opposita da Mussununga houve

diferença do número de folhas perdidas entre os tratamentos (ANOVA kruskal-Wallis, H=

7,52; gl= 2; p=0,02), onde o número de folhas perdidas dos indivíduos com 100% de

71

herbivoria simulada foi bem inferior ao número dos demais tratamentos e os tratamentos

controle e de 25% de herbivoria apresentaram perda de folhas similares e não foi realizada

esta mesma análise para os indivíduos da Mata Alta (Fig. 6; Tab. 2).

Com relação ao número de folhas perdidas entre os ambientes, não foi verificada

diferença significativa para os indivíduos de E. macrophylla de todos os tratamento entre os

ambientes (Teste pareado de Wilcoxon, p> 0,05) (Tab. 1). Já o número de folhas perdidas

para os indivíduos de G. opposita do tratamento controle não diferiu significativamente entre

as áreas (Teste pareado de Wilcoxon; p>0,05) (Tab. 2).

Figura 5.6. Número médio de folhas produzidas de mudas de Eriotheca macrophylla e Guapira opposita nos

ambientes de Mata Alta e Mussununga ao longo do experimento de simulação da herbivoria foliar (fevereiro a

novembro/2011) na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. Eriotheca macrophylla (Mata Alta - 25%, n= 5;

100%, n= 3; controle, n= 10; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 15); Guapira opposita (Mata

Alta - 25%, n= 2; 100%, n= 0; controle, n= 6; e Mussununga - 25%, n= 5; 100%, n= 4; controle, n= 9).

72

Tabela 5.1. Média anual de incremento no crescimento em altura (cm), produção e perda de

folhas em mudas de Eriotheca. macrophyllla nas áreas de Mata Alta e Mussununga de

fevereiro a novembro de 2011 na Reserva Natural Vale, Linhares, ES, Brasil. NF= número de

indivíduos por tratamento no final do experimento, IA= Incremento anual; TR= Tamanho

médio relativo; N° FP= Número de folhas produzidas; N° FPE= Número de folhas perdidas;

N°FI= número de folhas no início do experimento; N° FF= número de folhas no final do

experimento. As letras representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico

(Anova Kruskall-Wallis) entre os tratamentos para cada área. Comparação de cada tratamento

entre as áreas foi feito através do Teste pareado de Wilcoxon e este mesmo teste foi utilizado

para a comparação do número de folhas entre o início e o final do experimento. Em todas as

análises p significantes ao nível de 0,05.

73

Tabela 5.2. Média anual de incremento no crescimento em altura (cm), produção e perda de folhas em mudas de

Guapira opposita nas áreas de Mata Alta e Mussununga de fevereiro a novembro de 2011 na Reserva Natural

Vale, Linhares, ES, Brasil. NF= número de indivíduos por tratamento no final do experimento, IA= Incremento

anual; TR= Tamanho médio relativo; N° FP= Número de folhas produzidas; N° FPE= Número de folhas

perdidas; N°FI= número de folhas no início do experimento; N° FF= número de folhas no final do experimento.

As letras representam grupos de similaridade formados com o teste estatístico (Anova Kruskall-Wallis) entre os

tratamentos para a Mussununga. Comparação de cada tratamento entre as áreas foi feito através do Teste pareado

de Wilcoxon e este mesmo teste foi utilizado para a comparação do número de folhas entre o início e o final do

experimento. Em todas as análises p significantes ao nível de 0,05.

*comparações somente para o tratamento controle entre Nº FI e N°FF e das demais variáveis deste tratamento

entre os ambientes

5.4. Discussão

A herbivoria pode provocar vários efeitos negativos na planta, diminuindo o

crescimento, reprodução e a habilidade competitiva das espécies (Coley & Barone, 1996,

Crawley, 1989). Vários estudos têm mostrado um impacto negativo da herbivoria na

sobrevivência de plântulas ou mudas (Clark & Clark, 1985; Crawley, 1989; Dalling &

Hubbell, 2002; Sullivan, 2003; Moles & Westoby 2004; Fine et al., 2006). Nossos resultados

revelaram que apenas indivíduos de E. macrophylla totalmente desfolhados da Mussununga

apresentaram um decréscimo considerável no número de sobreviventes, indicando que intensa

herbivoria prejudica a sobrevivência de indivíduos desta espécie na Mussununga, como

previsto por Fine et al. (2006). A sobrevivência de plântulas de G. opposita neste mesmo

ambiente parece não ter sido afetada pelas altas porcentagens de herbivoria simulada,

indicando que a mortalidade ocorrida parece ter sido relativa a outros fatores, tais como: alta

74

radiação e déficit hídrico ou doenças. Nascimento & Hay (1994) em seus estudos sobre

herbivoria simulada em indivíduos jovens de Metrodorea pubescens encontraram que a

mortalidade observada para plantas de tamanhos menores (5-50 cm) não foi associada com a

porcentagem de desfolhação e também concluiu que outros fatores podem ser mais

importantes na mortalidade de plântulas desta espécie, como por exemplo, déficit hídrico.

Fenner (1987) afirma que em função da diversidade de causas de mortalidade em plântulas,

sendo imprevisível para a maioria dos ambientes, a plasticidade individual pode proporcionar

uma melhor estratégia de sobrevivência do que as adaptações para os fatores de mortalidade

específicos.

No ambiente de Mata Alta, a intensa herbivoria simulada para os indivíduos de E.

macrophylla parece não ser o único fator responsável pela morte das plântulas, onde outros

fatores podem estar desempenhando um papel mais decisivo ou contribuindo

sinergeticamente para a redução da sua sobrevivência. A Mata Alta por ser um ambiente mais

complexo e de condições microclimáticas mais amenas, onde o dossel fechado cria um

ambiente mais sombreado, com menor incidência da radiação no sub-bosque quando

comparados com a Mussununga (Jesus & Rolim, 2005; Simonelli et al. 2008), proporciona

maior competição por recurso, podendo influenciar na mortalidade de plântulas (Fenner,

1987; Moles & Westoby 2004), visto que E. macrophylla é secundária inicial (Santos et al.

2004b; Jesus & Rolim, 2005) e, portanto, pode ser substituída neste ambiente sombreado, por

competição, por espécies tolerantes a sombra (Araújo et al., 2005; Higuchi et al. 2006).

Assim, indivíduos adultos de E. macrophylla encontrados naturalmente em maior densidade

na Mussununga quando comparados com a Mata Alta (Jesus & Rolim, 2005; Simonelli et al.

2008) corrobora com esta afirmação, indicando que eles estão melhores adaptados ao

ambiente de maior radiação solar e menor disponibilidade hídrica (Mussununga). Plântulas

desta espécie neste ambiente devem apresentar maior concentração de defesas químicas, já

que a reposição do tecido perdido representa um elevado custo para estas plantas na

Mussununga (Coley, 1987; Craine et al. 2003). Apesar de não ter sido feito análise das

defesas químicas nestas plântulas, os indivíduos adultos de E. macrophylla apresentaram

maiores concentrações de compostos fenólicos neste ambiente, embora tenha sido observado

maiores investimentos em lignina para os indivíduos da Mata Alta (vide cap. 4). Todavia, G.

opposita mostrou-se mais vulnerável à herbivoria na Mata Alta. Este resultado parece explicar

em parte o porquê da densidade de adultos (indivíduos com DAP ≥ 5 cm) desta espécie na

Mussununga ser 35 vezes maior do que na Mata Alta (Jesus & Rolim, 2005; Simonelli et al.

2008). Assim, a pressão por herbivoria pode ser um fator regulador desta população.

75

Entretanto, a redução do número de sobreviventes para o tratamento controle que tendeu à

estabilização no final do experimento indica que a competição pode estar influenciando

conjuntamente nos resultados, já que G. opposita também é uma espécie de estágio

sucessional inicial (Jesus & Rolim, 2005) e, portanto necessita de luz para se desenvolver.

Vários estudos de simulação da herbivoria têm mostrado um efeito negativo no

crescimento de plântulas de espécies arbóreas em florestas tropicais (Nascimento & Hay,

1994; Howe, 1990). Entretanto, outros autores têm sugerido a ocorrência de um maior

crescimento após o ataque dos herbívoros, como resposta compensatória (McNaughton, 1983;

Cornelissen & Fernandes, 2003). Neste estudo foi verificado que a herbivoria simulada com

remoção total e parcial da área foliar dos indivíduos de E. macrophylla na Mata Alta não

afetou negativamente seu crescimento neste ambiente. Os resultados encontrados para esta

espécie na Mussununga apontaram que, embora a herbivoria parcial (25%) não tenha afetado

o crescimento dos indivíduos e que no final do experimento o tamanho relativo foi similar

entre os tratamentos, àqueles que foram totalmente desfolhados (100%) apresentaram menor

incremento médio quando comparados com o tratamento controle. Vale ressaltar que é

altamente custoso para as plantas repor os tecidos perdidos por herbivoria em ambientes com

limitação de recursos, devendo, portanto, investir em defesas foliares em detrimento dos

investimentos em crescimento (Coley, 1987). Este resultado parece corroborar a hipótese de

Fine et al. (2004; 2006) de que especialização habitat pode ser influenciada pela presença de

herbívoros. O crescimento para os indivíduos de G. opposita na Mussununga não foi afetado

pela herbivoria simulada de 100%, confirmando que a mesma não seja um fator regulador

para a G. opposita neste ambiente e vale destacar que na Mata Alta a remoção da área foliar

total acarretou na morte dos indivíduos desta espécie como abordado anteriormente.

Embora altas porcentagens de herbivoria aumentem a incidência de morte da E.

macrophylla na Mussununga e G. opposita na Mata Alta, a primeira espécie apresentou uma

recuperação substancial da área foliar em ambos ambientes após uma intensa desfolhação

simulada, enquanto que a segunda está recuperando ainda o número de folhas perdidas neste

tipo de tratamento, mas apenas para os indivíduos da Mussununga, já que todas os indivíduos

de G. opposita da Mata Alta com 100% de desfolhação morreram ao longo do experimento.

Essa recuperação mais lenta para G. opposita na Mussununga parece estar relacionada com

menor disponibilidade de nutriente no solo como proposto por Coley, 1987 e Craine et al.

2003. Nascimento & Hay (1994) verificaram uma rápida recuperação dos indivíduos jovens

de Metrodorea pubescens totalmentes desfolhados, onde após um ano mais de 70% do

número incial de folhas estavam presentes e concluiu que rápida produção de folhas após

76

intensa desfolhação seria um importante mecanismo de renovação para ganho de carbono.

Neste estudo foi verificado que E. macrophylla e G. opposita não apresentaram queda de

folhas (E. Macrophyllla nas duas áreas) depois das mesmas serem produzidas (tratamento

100%), ou a queda muito pequena (G. opposita na Mussununga).

Plantas de ambientes sob a influência de forte sazonalidade podem promover a

abscisão foliar durante, ou antes, do período de menor disponibilidade de água no solo

provocado pela seca (Wright & Cornejo, 1990; Waddell et al., 2001; Morellato et al. 1989,

Justiniano & Fredericksen, 2000). Além disso, a prematura abscisão foliar em resposta a

intensa herbivoria pode ser um mecanismo importante na eliminação de organismos

prejudiciais, sendo, portanto, um fator que pode influenciar na mortalidade de insetos,

principalmente, minadores e galhadores, os quais não se locomovem entre uma folha e outra

(Risley, 1986; Risley & Crossley-Jr, 1988; Preszler & Price, 1993; Waddell et al. 2001). Este

fato só foi observado para a E. Macrophylla da Mata Alta, já que indivíduos com 25% de

herbivoria simulada apresentaram significativamente maior perda de folhas comparativamente

o tratamento controle. A ausência de diferença significativa na queda de folhas entre estes

tratamentos (25% e controle) para os indivíduos de E. macrophylla da Mussununga e G.

opposita das duas áreas sugere que a queda foliar seja regulada não pela herbivoria, mas sim

por fatores tais como o déficit hídrico durante a estiagem. A queda de folhas ou diminuição

no tamanho foliar permite a minimização da perda de água por transpiração e maior

investimento em biomassa para as raízes, maximizando a captação de água (Wright &

Cornejo, 1990; Waddell et al., 2001; Justiniano & Fredericksen, 2000; Pedrol et al., 2000).

Cabe ressaltar que as mudas permaneceram grande parte do experimento sob baixa

precipitação (maio a setembro de 2011). Assim, além da perda de folhas, sugere-se também

que as mudas tenham investido em crescimento radicular durante a estação chuvosa para

maximizar a captação de água para a manutenção de suas funções vitais.

A hipótese de que o impacto da herbivoria é maior na Mussununga em função dos

solos desta área ser mais arenosos, sendo, portanto, mais custoso para as mudas deste

ambiente repor o tecido perdido por herbivoria, quando comparado com os solos mais

argilosos da Mata Alta, não foi corroborada. A sobrevivência de E. macrophylla não diferiu

entre as áreas e G. opposita sofreu maior mortalidade na Mata Alta contrariando a hipótese

inicial. Os resultados mostraram também que o incremento anual e o número de folhas

produzidas não foram mais afetados na Mussununga do que na Mata alta, ocorrendo o

inverso, E. macrophylla e G. opposita, em geral, se desenvolveram melhor na Mussununga.

Todavia, estes resultados devem ser visto com cautela, pois pelo fato das mudas terem sido

77

adubadas podem ter mascarado as diferenças relacionadas aos diferentes tipos de solo. Além

disso, os resultados encontrados parecem estar relacionados à maior disponibilidade de luz na

Mussununga, indicando que a luz solar seja um fator limitante para o desenvolvimento destas

espécies na Mata Alta, principalmente por serem espécies de estágios iniciais da sucessão. O

estudo de Fine et al. (2006), ao comparar o impacto da herbivoria entre áreas edaficamente

distintas, baseou-se nas características nutricionais dos solos, não sendo informada a

existência de diferenças na disponibilidade de luz entre os ambientes.

5.5. Conclusão

A hipótese de que altas porcentagens de herbivoria diminuem a sobrevivência e o

crescimento de plantas foi corroborada apenas para os indivíduos de E. macrophylla da

Mussununga e G. opposita da Mata Alta, já que a sobrevivência e o crescimento foram

afetados negativamente pela herbivoria simulada. O número de folhas nos indivíduos ao final

do experimento demonstra que houve efeito da remoção de área foliar destas espécies em

ambos os ambientes, já que embora E. macrophylla tenha apresentado uma recuperação

substancial da área foliar após a simulação de 100% de remoção de área foliar, mostrou que

apresentam 50% e 40% do número de folhas do controle para os indivíduos da Mata Alta e

Mussununga, respectivamente e 70% e 40% do número de folhas iniciais, para estes mesmos

indivíduos respectivamente. Para G. opposita, a recuperação esta ainda mais lenta, com o

número de folhas perdidas por este tipo de tratamento alcançando somente 50% das folhas do

controle e 40% do número inicial.

Com relação à segunda hipótese, de que o impacto da herbivoria será maior na

Mussununga, esta não foi corroborada, pois a sobrevivência de E. macrophylla não diferiu

entre as áreas e G. opposita sofreu maior mortalidade na Mata Alta contrariando a hipótese

inicial. Além disso, os resultados mostraram também que o incremento anual e o número de

folhas produzidas não foram mais afetados na Mussununga quando comparados com a Mata

alta.

78

CAPÍTULO VI

Conclusões Gerais

O presente estudo desenvolvido nas fitofisionomias de Mata Alta e Mussununga

situadas na Reserva Natural Vale revelou que as porcentagens de herbivoria para estas

comunidades apresentaram (9-11%) valores próximos ao limite máximo (15%) encontrados

para as comunidades de florestas tropicais úmidas e também que a complexidade ambiental

(Mata Alta mais diversa do que a Mussununga) não influenciou os valores de herbivoria entre

as comunidades. Além disso, a Mata Alta apresentou maiores porcentagens de água e fibras

que a Mussununga, sendo que estas diferenças ocorreram em grande parte na estação chuvosa.

Quando as análises foram feitas entre os pares congenéricos dos dois ambientes, não houve

um padrão para os investimentos em fenóis totais e foi verificado que 3 pares dos 5 estudados

apresentaram maiores investimento destes componentes para os congêneres da Mata Alta,

embora a média geral destas variáveis não tenha diferido entre os ambientes. Ao analisar a

herbivoria dos pares congenéricos entre as fitofisionomias encontramos que, somente os

valores de herbivoria da Casearia diferiram significativamente entre Mata Alta e

Mussununga, sendo maiores para a Mata Alta.

Outro ponto que merece destaque é que, quando o foco foi direcionado para os grupos

funcionais, as espécies pioneiras apresentaram maior qualidade nutricional e menor

concentração de defesas do que as plantas de estágio sucessional mais tardio de ambos

ambientes de modo geral. Entretanto não diferiram nas porcentagens de herbivoria entre os

grupos funcionais de ambas fitofisionomias.

Por fim, o estudo do impacto da herbivoria foliar simulada mostrou uma redução na

sobrevivência e crescimento de indivíduos de E. macroplhylla na Mussununga, quando

submetidas à intensa pressão por herbivoria simulada. Para o número de folhas produzidas até

o final do experimento foi observado uma recuperação do número de folhas para o tratamento

de 25 % de remoção de área foliar nesta espécie em ambos ambientes, porém para o

tratamento de 100% de remoção de área foliar em E. macrophylla foi observado uma

recuperação, embora substancial da área foliar, de 50% e 40 % do número de folhas do

controle para os indivíduos da Mata Alta e Mussununga, respectivamente. Para G. opposita, a

recuperação esta ainda mais lenta, com o número de folhas perdidas por este tipo de

79

tratamento alcançando somente 50% das folhas do controle e 40% do número inicial. O

impacto da herbivoria nestas espécies não foi maior na Mussununga (solos mais pobres em

nutrientes) e assim não corroborou a hipótese de Fine et al. (2004; 2006). Assim, estudos

comparativos mais aprofundados, envolvendo relações filogenéticas, devem ser realizados

para elucidar como ecologia evolutiva de defesas das plantas contra os herbívoros influenciam

a distribuição das espécies em ambientes com diferentes limitações de recursos.

.

80

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