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Hepatites Crónicas Jorge Areias

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Page 1: Hepatites Crónicas

Hepatites Crónicas

Jorge Areias

Page 2: Hepatites Crónicas

Hepatite crónicaDefinição

1. Processo necro-inflamatório do fígado com fibrose, com arquitectura hepática conservada, presente há pelo menos 6 meses.

2. Grupo de doenças que diferem na sua etiologia, história natural e tratamento.

Page 3: Hepatites Crónicas

Hepatites Crónicas Víricas

• Três tipos de vírus podem causar hepatite crónica: Vírus B, C e D.

• Todos invadem o fígado causando inflamação resultando na destruição das células hepáticas.

• Diferem no seu modo de transmissão, evolução e prognóstico.

• Definida biologicamente pela persistência de uma elevação das transaminases por um período superior a 6 meses após uma hepatite aguda.

Page 4: Hepatites Crónicas

Hepatites CrónicasDiagnóstico

1. Todas as idades

2. Ambos os sexos

3. Descobertas fortuitamente:– Constatação analítica de uma elevação

das transaminases, elevação moderada da ALT e AST (1 a 5x normal)

– Presença de AgHBs – rastreio de grávidas, dado de sangue.

Page 5: Hepatites Crónicas

Infecção pelo VHB

• O VHB é um vírus DNA.

• Transmissão: Parentérica, Percutânea, Sexual, Vertical (mãe/filho) ou horizontal (contacto pessoal).

• Constitui um problema de saúde mundial:– 2000 milhões infectados mundialmente.– 300 milhões de portadores crónicos.– É 100 vezes + contagioso que o HIV.

Page 6: Hepatites Crónicas
Page 7: Hepatites Crónicas

Hepatite BGrupos de Risco Convencionais• Toxicodependentes• Homossexuais / Prostitutas• Pessoal de Saúde• Hemodializados / Transfundidos• Presos / Doentes mentais• Doentes imunodeprimidos• Bombeiros / Pessoal camarário• Recém-nascidos filhos de mães portadoras

Page 8: Hepatites Crónicas

Estrutura do vírus da hepatite B

ADN polimerase

Ag HBc

Tubulos16-20 x 20-200 nm

ADN cadeia simples

ADN cadeia dupla

Ag HBe

Ag HBs

Esféricas16-20 nm

Page 9: Hepatites Crónicas

Integração do ADN do VHB nos hepatócitos

ADN VHB

Citoplasma

Núcleo

ADN integrado

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Page 11: Hepatites Crónicas
Page 12: Hepatites Crónicas

Hepatites crónicas víricasTratamento II

Objectivo:Reduzir:– Inflamação– Sintomatologia– Infecciosidade/Replicação

• O interferão recombinante alfa é o único agente anti-vírico com eficácia comprovada.

• Transplante hepático

Page 13: Hepatites Crónicas

Terapêutica da Hepatite Crónica

Vírus da Hepatite B (VHB)

Quadro 1. Outros fármacos antivíricos

Lamivudina Suramina

Famciclovir Lobucavir

ARA-AMP Fialuridina

Foscarnet Isoprinosina

Azidotimidina Interleucina-2

Ganciclovir F. necrose tumoral

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Page 15: Hepatites Crónicas

Hepatite VHBVacinação

As vacinas actualmente disponíveis são altamente imunogénicas induzindo anti-HBs em cerca de 90%

dos casos, em adultos e recém-nascidos:1. Constituição:

As vacinas são produzidas por engenharia genética: contêm AgHBs recombinante produzido em culturas de células.

2. Esquema:3 injecções IM:

0,1,2 meses com reforço ao ano0,1,6 meses

Controlo pós-vacinação: doseamento AcHBsRappel de 5/5 anos

Page 16: Hepatites Crónicas
Page 17: Hepatites Crónicas

Infecção pelo VHC

• O vírus da hepatite C é um vírus RNA.

• Transmissão parentérica: pós-transfusional; presente em 95% dos toxicómanos IV, etc..

• O diagnóstico baseia-se no único marcador serológico, um anticorpo – Ac VHC.

• Só com o AcVHC não distinguimos os indivíduos curados dos que têm infecção crónica.

Page 18: Hepatites Crónicas

Infecção pelo VHC

• Pensa-se que 50% dos indivíduos positivos para AcVHC têm infecção crónica.

• A biópsia hepática é indispensável para o diagnóstico e estadiamento da infecção.

• A viremia, quantificando o RNA do VHC no sangue, estabelece a infecciosidade e juntamente com os achados histológicos a actividade da doença.

Page 19: Hepatites Crónicas

Hepatite Crónica pelo VHCDiagnóstico

Ac VHC+

Presença de:

Elevação ALT durante 6 meses.

Evidência histológica de hepatite crónica.

Ausência de:

AgHBs

Doença hepática alcoólica

Hepatite crónica auto-imune

Page 20: Hepatites Crónicas

Prevalência Mundial do VHC

Page 21: Hepatites Crónicas

Organização do genoma do VHC

• Membro da Família dos Flaviviridae, género Hepacivirus• Vírus de ARN, cadeia única, positiva• 9400 nucleótidos• Região não codificante altamente conservada na extremidade 5’• Domínio altamente variável no envelope (E1 e E2)

C=Core E=Envelope NS=Regiões não estruturais HVR = Região HiperVariável

Estrutural Não estrutural

NCR

NCR

C E1 E2(NS1)

NS2 NS3 NS4 NS55’ 3’

Houghton M. Fields Virology, 3rd edn. Raven Press 1996; 1035-1058.

HVR1 HVR2

Page 22: Hepatites Crónicas

Hepatite Vírica CHistória Natural e

PrognósticoAssintomática (90%)

Infecção VHC H. crónica (50%)

Sintomática (10%) Cirrose (10%)

CHC

Hepatite aguda H. crónica (10-30 anos)

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Page 25: Hepatites Crónicas

Factores víricos

CONDIÇÕES HEPÁTICAS PRÉ-MALIGNAS

Factores patológicos

VHD

ARN

antigénio

Ag HBs

Page 26: Hepatites Crónicas

Infecção pelo VHD

1. É um vírus RNA.

2. Frequente nas áreas de endemia do VHB como a bacia do Mediterrâneo.

3. Na Europa Ocidental atinge quase exclusivamente os toxicómanos.

4. A transmissão é parentérica, através de sangue contaminado ou derivados.

Page 27: Hepatites Crónicas

Infecção pelo VHD

• Necessita do VHB para se replicar.• A hepatite Delta ocorre como uma co-infecção

(Hepatite simultânea pelos VHB e VHD) ou superinfecção (Hepatite pelo VHD em doente com infecção crónica pelo VHB, AgHBS+).

Com-infecção SuperinfecçãoClínica infecção Variável SeveraagudaCronicidade Rara (2%) Frequente (70-

80%)

Page 28: Hepatites Crónicas

Cirrose HepáticaClassificação morfológica

CIRROSE MICRONODULAR

• Fígado cirrótico no qual todos ou quase todos os nódulos têm menos de 3 mm de diâmetro.

• Regularidade do tamanho do nódulo

CIRROSE MACRONODULAR

• Caracterizado por septos e nódulos que diferem consideravelmente no tamanho, muitos com mais de 3 mm. Alguns podem ter vários cm.

Page 29: Hepatites Crónicas

Cirrose micronodular

Page 30: Hepatites Crónicas

Cirrose macronodular

Page 31: Hepatites Crónicas

Cirrose / Nódulos

Page 32: Hepatites Crónicas

Cirrose HepáticaEtiologia

• Álcool

• Vírus (B, C, D)

• Hepatite autoimune

• Hepatite medicamentosa

• Doenças metabólicas (Wilson, Hemocromatose)

• Doenças vasculares (Budd-Chiari)

• Cirrose biliar (cirrose biliar primária, colangite esclerosante)

Page 33: Hepatites Crónicas

• Icterícia

Page 34: Hepatites Crónicas

• Icterícia

Page 35: Hepatites Crónicas

• Icterícia

Page 36: Hepatites Crónicas

•Atrofias musculares

Page 37: Hepatites Crónicas

•Telangiectasias

Page 38: Hepatites Crónicas

Telangiectasias

Page 39: Hepatites Crónicas

•Ascite •Hérnia umbilical•Rede venosa

colateral superficial

Page 40: Hepatites Crónicas

• Ascite • Hérnia umbilical

Page 41: Hepatites Crónicas

Equimoses

Page 42: Hepatites Crónicas

Aranha vascular

Page 43: Hepatites Crónicas

Unhas brancas

Page 44: Hepatites Crónicas

Contractura de Dupuytren

Page 45: Hepatites Crónicas

Mãos vermelhas

Page 46: Hepatites Crónicas

•Cianose central

Page 47: Hepatites Crónicas

Ginecomastia

Page 48: Hepatites Crónicas

Varizes

Page 49: Hepatites Crónicas
Page 50: Hepatites Crónicas

Cirrose hepáticaComplicações clínicas/ascite

Tratamento• É importante: A acumulação de grandes

quantidades de líquido é não só desconfortável como compromete a ventilação, aumenta o risco de ruptura de hérnias umbilicais, impede o retorno venoso e constituí uma fonte de infecção.

Page 51: Hepatites Crónicas

Cirrose HepáticaComplicações clínicas /Ascite

Tratamento

• Tratamento da hiponatemia:– Cirrose avançada em conjunto com terapêutica médica para

mobilizar ascite complica-se frequentemente da hiponatremia.– Restrição hidrica e suspender diuréticos até que o sódio sérico

seja de 130 mEq/ml.

DiuréticosAldosterona

50 mg/dia

Se 300 mg insatisfatório (Cirrose hepática grave)

Aumentar 50 mg

cada 3-4 diasPESO

TA

Ascite

refractáriaNão responde Adicionar

Furosemida 20-40 mg/diaAumentar furosemida

Page 52: Hepatites Crónicas

Cirrose hepáticaComplicações

clínicas/encefalopatia

Tratamento1. Tratar factor precipitante: HAD, infecção,

etc..2. Restricção proteica: manter pelo menos 70

g de proteínas na dieta.3. Agentes que diminuem a absorção

intestinal de produtos nitrogenados:– Lactulose (oral/clister): 30-120 ml com o

objectivo de 2-4 dejecções/dia.– Neomicina: 1-2 g/dia 4xdia com ou sem lactulose

Page 53: Hepatites Crónicas

Hipertensão portalFluxos/Pressões

VEIA HEPÁTICAFluxo 1600 mL

Pressão 4 mmHg

VEIA PORTAFluxo 1200 mL

Pressão 7 mmHg

ARTÉRIA HEPÁTICAFluxo 400 mL

Pressão 100 mmHg

FÍGADOBAÇO

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Page 55: Hepatites Crónicas
Page 56: Hepatites Crónicas

Factores de risco do Hepatocarcinoma

Vírus da Hepatite BEstudos caso-controlo (AgHBs e CHC)

População Nº indivíduos AgHBs+ RR RA

CHC controlos CHC controlos

Risco elevado

Senegal 165 238 61,2 11,3 12,4 56,3

África Sul 289 213 61,6 11,3 12,6 56,7

Hong Kong 107 107 82,0 18,0 21,3 78,5

Rep. China 50 50 86,0 22,0 17,0 77,9

Filipinas 104 84 70,0 18,0 10,8 63,9

Page 57: Hepatites Crónicas
Page 58: Hepatites Crónicas

Cirrose hepáticaClassificação morfológica

Cirrose micronodular• Fígado cirrótico no

qual todos ou quase todos os nódulos têm menos de 3 mm de diâmetro.

• Regularidade do tamanho do nódulo.

Cirrose macronodular• Caracterizado por septos

e nódulos que diferem consideravelmente no tamanho, muitos com mais de 3 mm. Alguns podem ter vários cm.

Page 59: Hepatites Crónicas

Cirrose hepáticaComplicações

clínicas/encefalopatia

A encefalopatia é uma doença neuropsiquiátrica que se caracteriza por alterações da personalidade,

função motora e nível de consciência.A encefalopatia hepática subclínica é a forma mais

comum e ocorre em 50% dos cirróticos.

Importante identificar os factores precipitantes:1. Hemorragia digestiva2. Infecção (peritonite bacteriana expontânea?)3. Excesso de proteínas na dieta.4. Obstipação, diuréticos (baixa potássio), sedativos.

Page 60: Hepatites Crónicas

Hepatites crónicas víricasTratamento III

Interferão VHB VHC

recombinante

alfa sub-cutâneo

Dose 5 UM/3xS 3MU/3xS

5MU/3xS

Duração 6 meses a 1 ano 6 meses a 1 ano

ALT 1,3 x N 1,5 x N

Serologia AgHBs+ Ac VHC+

AgHBe+

Viremia DNA + RNA +

Page 61: Hepatites Crónicas

Cirrose hepáticaComplicações clínicas/ascite

Peritonite bacteriana expontânea• É uma complicação frequente da asctite cirrótica

com uma elevada mortalidade (40% mortalidade hospitalar).

• A recivida é frequente no primeiro ano.• Define-se como uma infecção do líquido ascítico

sem qualquer evidência de foco infeccioso intra-abdominal.

• Geralmente só um organismo está envolvido sendo os mais frequentes, a Escherichia Coli, Klebsiella.

• Febre, dor abdominal, ascite, leucocitose, icterícia.• Análise do líquido ascítico é diagnóstica: leucócitos

>500 com mais de 50% de neutrófilos.