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1 Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. Autoria: Sociedade Brasileira de Hepatologia Sociedade Brasileira de Infectologia Sociedade Brasileira de Clínica Médica Hepatite B Crônica: Tratamento Elaboração Final: 30 de junho de 2009 Participantes: Strauss E, Sette Jr H, Nobre MRC, Barros MFA, Pessôa MG, Lopes E, Oliveira CPMS, de Mendonça JS, Oliveira MB, Galizzi Filho J, Lopes AC

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Page 1: Hepatite B Crônica: TratamentoHepatite B Crônica: Tratamento 3 Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina INTRODUÇÃO A infecção (hepatite)

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Projeto DiretrizesAssociação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal

de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar

condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas

neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta

a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.

Autoria: Sociedade Brasileira de Hepatologia

Sociedade Brasileira de Infectologia

Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Hepatite B Crônica: Tratamento

Elaboração Final: 30 de junho de 2009

Participantes: Strauss E, Sette Jr H, Nobre MRC, Barros MFA,Pessôa MG, Lopes E, Oliveira CPMS, de MendonçaJS, Oliveira MB, Galizzi Filho J, Lopes AC

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2 Hepatite B Crônica: Tratamento

DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:Pesquisa nas bases de dados do PubMed, EMBASE, LILACS e Cochrane.Utilizados descritores relativos ao paciente quanto à condição de portadorde hepatite B crônica, soroconversão, replicação viral, genótipo, lesão histológicahepática, contraindicações ao tratamento, resistência aos antivirais e prognóstico.Também foram utilizados descritores relativos à intervenção quanto ao usodos antivirais orais, análogos nucleosídeos, análogos nucleotídeos, duraçãodo tratamento e efeito adverso medicamentoso.

GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.C: Relatos de casos (estudos não controlados).D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos

fisiológicos ou modelos animais.

OBJETIVOS: .Oferecer orientação, adaptada à realidade brasileira, destacando a melhorevidência disponível relacionada ao tratamento da hepatite crônica pelo vírusB. Os objetivos específicos do tratamento são: reduzir a progressão da doençahepática, prevenir as complicações da cirrose e reduzir o risco de carcinomahepatocelular.

CONFLITO DE INTERESSE:Os conflitos de interesse declarados pelos participantes da elaboração destadiretriz estão detalhados na página 9.

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INTRODUÇÃO

A infecção (hepatite) pelo vírus B atinge cerca de dois bilhõesde pessoas em todo o mundo pelo reconhecimento de marcadoressorológicos, correspondendo a cerca de 350 milhões deportadores, dois terços delas em países orientais. Tanto naAmérica Latina como na Europa existem focos regionais comaltas prevalências. No Brasil, isto ocorre especificamente naregião amazônica, mas também em áreas do Espírito Santo eno sudoeste de Santa Catarina. Diferentemente da hepatite C,esta infecção viral pode ser prevenida com vacina eficiente e avacinação dos recém-nascidos já é rotina em nosso país. Apesardisso, a demora em se fazer o diagnóstico, associada à falta deinformações corretas sobre a melhor conduta a ser tomada nasdiferentes fases da doença, possibilita a continuidade de suadisseminação, particularmente entre jovens e adultos susceptíveis.Além da aquisição por via (contaminação) sanguínea, a atividadesexual sem preservativo vem se caracterizando como uma formafrequente de disseminação da doença, sendo necessáriascampanhas de informação e vacinação em massa. O impacto dahepatite B vem diminuindo com medidas profiláticas e uso davacina, mas formas crônicas continuam sendo diagnosticadas,com evolução para cirrose e necessidade de transplante do fígado.Além da insuficiência hepática, o surgimento do carcinomahepatocelular é outra evolução possível, exigindo vigilânciaconstante e cuidados imediatos1(D).

Para o tratamento da hepatite crônica pelo vírus da hepatite Bduas classes de agentes terapêuticos estão aprovadas pela AgênciaNacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Food and DrugAdministration (FDA) e Comunidade Européia: o interferonconvencional2(B), os interferons peguilados α2a3,4(A), α2b5(A) eos análogos nucleosídeos/nucleotídeos lamivudina6(A),adefovir7(A), entecavir8(A), tenofovir9(A) e telbivudina10(A). Aindicação de tratamento é realizada de acordo com as duas formasde evolução da hepatite crônica, a hepatite crônica HBeAg positivoe hepatite crônica HBeAg negativo.

A estratégia atual de tratamento, baseada no entendimentoda interação vírus-hospedeiro, é de supressão máxima dareplicação viral, ou estimulação da resposta de células T, visando

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ao controle imune da replicação viral e remissãoda lesão histológica do fígado1(D).

Para fins de tratamento, a replicação viral écaracterizada por títulos de HBV-DNA iguaisou maiores que 20.000 UI/ml (105 cópias/ml)nos pacientes HBeAg positivos11(C), e iguaisou maiores que 2.000 UI/ml (104 cópias/ml)nos HBeAg negativos, mutantes pré-core12(C).Esses valores de HBV-DNA foram escolhidosarbitrariamente, sem estar claramentedeterminado a partir de qual nível de replicaçãoviral aumenta o risco de progressão dadoença13(B).

O incremento dos níveis do HBV-DNAestá associado a maior incidência cumulativade cirrose14(B), variando de 4,5% a 36,2%, ecarcinoma hepatocelular, variando de 1,3%para 14,9% para pacientes com menos que300 cópias/ml e com mais que 106 cópias/ml,respectivamente13(B).

Dois são os objetivos principais dotratamento: a erradicação da infecção, comconsequente diminuição da disseminação dadoença; e a redução na taxa de progressão dadoença, bem como de suas complicações, comoa cirrose descompensada e o carcinomahepatocelular. Como a erradicação da infecçãoraramente é atingida com as drogas atualmentedisponíveis no mercado, outros benefícios podemser alcançados com o tratamento, como:

• Resposta bioquímica com normalização dasaminotransferases;

• Supressão sustentada da replicação viral(HBV-DNA indetectável);

• Soroconversão do HBeAg em anti-HBe, noscasos HBeAg positivos;

• Resposta histológica com redução daatividade inflamatória e da fibrose.

TRATAMENTO DO PACIENTE HBeAG

POSITIVO

As recomendações15(D) baseiam-sesobretudo nos níveis de carga viral e da alaninaaminotransferase (ALT).

• Se a ALT for normal e o nível de HBV-DNA < 20.000 UI/ml (100.000 cópias/ml), o paciente não deve ser tratado, masdeve ser monitorado a cada 6 ou 12 meses.

• Se a ALT for normal e o nível de HBV-DNA ≥ 20.000 UI/ml, o paciente deve sersubmetido à biopsia hepática, indicando-setratamento se apresentar hepatite crônica ematividade.

• Se a ALT for elevada e o nível de HBV-DNA ≥ 20.000 UI/ml, o paciente deve sertratado, sem a necessidade de biopsiahepática.

O uso de interferons está indicadoparticularmente nos pacientes jovens (< 35anos) com ALT = ou > 3x o valor máximonormal e HBV-DNA igual ou menor a 107

cópias/ml (2.000.000UI/ml).

Nos casos de HBeAg positivo no pré-tratamento devem-se realizar as determinaçõesde HBeAg e anti-HBe a cada 24 semanas,para monitorar resposta terapêutica.

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5Hepatite B Crônica: Tratamento

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TRATAMENTO DO PACIENTE HBeAG

NEGATIVO

As recomendações para o tratamento dahepatite crônica B nos pacientes HBeAgnegativos baseiam-se também nos níveis de cargaviral e de ALT15(D).

• Se a ALT for normal e o nível de HBV-DNA < 2.000 UI/ml (10.000 cópias/ml),o paciente não deve ser tratado, mas deveser monitorado a cada 6 ou 12 meses.Coloca-se aqui o diagnóstico diferencial como “portador inativo”, que manterá tal padrãoevolutivamente.

• Se a ALT for normal e o nível de HBV-DNA ≥ 2.000 UI/ml, o paciente deve serbiopsiado e tratado se apresentar hepatitecrônica em atividade.

• Se a ALT for elevada e o nível de HBV-DNA ≥ 2.000 UI/ml, o paciente deve sertratado.

Embora faltem maiores estudos científicosconfrontando entre si a eficácia dos agentesterapêuticos disponíveis, algumas diferenças emsuas propriedades devem ser destacadas.A lamivudina, que provoca rápida inibição dareplicação viral, produz resistência, que chega a67% em quatro anos de tratamento16(B). Assimsendo, a lamivudina não é mais consideradamedicação de primeira linha para tratamentospor longo prazo, pois dificulta a utilizaçãoposterior de outros análogos nucleosídeos17(D).O adefovir apresenta lenta inibição da replicaçãoe baixa indução de resistência viral. O entecavirapresenta rápida inibição da replicação viral, combaixa indução de resistência, exceto nospacientes lamivudina-resistentes. A telbivudina

com rápida e potente inibição da carga viralapresenta desenvolvimento de resistência, emporcentagens menores do que a lamivudina. Osinterferons convencional ou peguilado, agindotambém sobre o sistema imunológico, devemser utilizados por tempo limitado, produzindobaixos índices de resposta sustentada.

Os diversos antivirais orais estão indicadosno tratamento da hepatite B HBeAg negativopor tempo indefinido, podendo ser suspensossomente após soroconversão para anti-HBs.Quando do tratamento com antivirais orais, seuuso deve ser monitorado em termos de funçãohepática a cada 12 semanas, e quantificação doHBV-DNA a cada 12 ou 24 semanas. A biopsiahepática pode ter papel importante em excluiroutras causas de doença hepática quando a ALTestá elevada em casos HBeAg negativos, masnão é considerada obrigatória15(D).

Foi demonstrado recentemente em estudosrandomizados de fase 3 que o uso do tenofovir,análogo nucleotídeo, é mais eficaz do que oadefovir no tratamento da hepatite Bcrônica18,19(A). A creatinina sérica deve sermonitorada a cada 12 semanas nos pacientesem uso de análogos nucleotídeos, como adefovire tenofovir15(D).

O uso da lamivudina está indicado a curtoprazo, por 3 a 6 meses, em condições especiais,como: a) pacientes em lista de transplante hepático;receptores de enxerto hepático provenientes dedoador HBsAg positivo20(C), b) pacientes comhepatite B inativa ou após soroconversão, sempreque seja iniciado tratamento imunossupressor,particularmente em doenças oncológicas e c)hepatite B no último trimestre da gestação napresença de replicação viral ou quando a gestantetem hepatite B grave21(D).

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CONTRAINDICAÇÕES AO TRATAMENTO

ANTIVIRAL COM IFN E EFEITOS COLATERAIS

RELEVANTES

Na cirrose hepática descompensada, ChildB ou C, não se recomenda o uso de terapia cominterferon1(D), devido ao incremento da respostaimunológica, com descompensação hepática emaiores riscos de infecções bacterianas.Cardiopatia grave, psicose e depressão nãotratadas, consumo atual de álcool ou drogas, eneoplasia recente são outras contraindicaçõesao uso do interferon4(A).

Os pacientes que desenvolvem depressão,descompensação cardíaca, disfunção tireoidianagrave ou diabetes de difícil controle deverãointerromper o tratamento. Nos pacientes complaquetopenia, sugere-se modificar o tratamentoconforme os níveis de plaquetas: < 50.000/mm3

reduzir 50% da dose de IFN e quando <30.000/mm3 interromper o tratamento. Emcasos de neutropenia, sugere-se modificar otratamento conforme os níveis de neutrófilos:< 750/ mm3 - reduzir 50% da dose; quando< 500/mm3 - interromper o tratamento3(A).

DURAÇÃO DO TRATAMENTO NA HEPATITE B

Não há estudos que definam com precisão otempo ideal de tratamento da hepatite B crônica,especialmente com os antivirais orais, análogosnucleosídeos e nucleotídeos. Embora muitas dasproposições careçam de melhor validaçãocientífica, sugere-se que a soroconversãoHBeAg/anti-HBe e a indetectabilidade doHBV-DNA no soro por PCR sejam parâmetrosimportantes para definir a continuidade ou asuspensão do tratamento1(D). Devem serconsideradas quatro situações práticas distintas:

1. Pacientes HBeAg positivos: amonoterapia com interferon peguilado α-2a, nadose de 180 µg por semana, via subcutânea,comparada à monoterapia com lamivudina, nadose de 100 µg/dia, por via oral, e a associaçãode lamivudina com interferon peguilado α-2a,durante 48 semanas, mostra taxas desoroconversão AgHBe/anti-HBe, superiores àsduas outras alternativas, 32%, 19% e 27%,respectivamente4(A), sugerindo ser o interferonalfa a droga mais eficaz.

A duração recomendada para o interferon aconvencional, na dose de cinco milhões deunidades ao dia, ou 10 milhões, 3 vezes porsemana, por via subcutânea é de 16 a 24semanas2(B). Para o interferon peguilado α-2a,na dose de 180 µg por semana, e α-2b, na dosede 1,5 mg/kg/semana, a duração é de 48semanas4(A). Não havendo resposta terapêutica,recorre-se aos antivirais orais1(D).

Em relação ao tratamento com antiviraisorais, sugere-se que após a soroconversãoHBeAg/anti-HBe a terapêutica seja mantida atéque o HBV-DNA se torne indetectável e a partirdaí, por mais 6 a 12 meses1(D). Alguns estudospropõem que quanto maior a duração dotratamento, maior a taxa de soroconversãoHBeAg/anti-HBe16(B) e maior a durabilidadeda perda do HBeAg22(C). No entanto, maiorserá também o risco de resistência viral.Pacientes que tenham feito soroconversão, masque continuam com HBV-DNA detectável nosoro, devem ser tratados por mais 6 a 12 meses,como período de consolidação, e submetidos anova averiguação da soroconversão. Caso elapersista, a suspensão da terapêutica deve serconsiderada, acompanhando-se o paciente eretratando se houver recidiva15(D).

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Pacientes que não façam a soroconversãoHBeAg/anti-HBe devem continuar emtratamento, pois o prolongamento daterapêutica aumenta as chances de soro-conversão16(B).

2. Pacientes HBeAg negativos: Paramonoterapia com interferon convencional23(B)ou peguilado3(A), tempo de tratamento maislongo, como de 12 meses, parece superior aperíodos curtos, de 4 a 6 meses, para a finalidadede induzir resposta sustentada após suspensãodo medicamento. Especula-se ainda que oaumento da duração da terapia para 24 mesespossibilita maior taxa de resposta susten-tada24(C).

O tratamento com antivirais orais, tantonucleosídeos como nucleotídeos, deve ser delonga duração, sem limite pré-definido de tempo,até que haja desaparecimento do HBsAg ou surjaresistência viral, que orienta para a troca ouassociação de medicações17(D).

3. Pacientes com resistência aos antivirais:A duração do tratamento, quando de resistênciaviral deve obedecer aos mesmos critériosadotados para pacientes sem tratamento prévio(virgens), quais sejam: a soroconversão HBeAg/anti-HBe e a negativação do HBV-DNA séricodurante mais do que 6 meses para os pacientesHBeAg positivos e a negativação do HBsAg paraos HBeAg negativos1(D).

4. Pacientes com cirrose hepática: secompensados devem ser tratados com antiviraisorais por tempo indeterminado15(D), desde queos níveis de HBV-DNA sejam iguais ousuperiores a 2.000UI. Por outro lado, pacientescom cirrose descompensada devem ser tratados

independentemente dos níveis de carga viral.Sabe-se que, mesmo após a soroconversãoHBeAg/anti-Hbe, esses pacientes podemdesenvolver carcinoma hepatocelular ouprogressão da doença hepática. Sendo osantivirais orais bem tolerados, devem sermantidos até que haja negativação do HBV-DNA por PCR e negativação do HBsAg. Afunção renal deve ser controlada e, se necessário,as doses reajustadas, conforme níveis decreatinina ou clareamento da mesma15(D). Podeser tentada a suspensão do medicamento nosHBeAg positivos 6 a 12 meses após asoroconversão HBeAg/anti-HBe e/oupersistência de HBeAg negativo; nos HBeAgnegativos, quando do início do tratamento,apenas se houver negativação do HBsAg1(D). Sesuspensa a droga, cuidadoso controle deve serfeito, em vista de possíveis recidivas eexacerbações da hepatite crônica.

IMPORTÂNCIA DA QUANTIFICAÇÃO DO

HBV-DNA NO TRATAMENTO DA HEPATITE B

A quantificação de HBV-DNA é útil paradeterminar se há replicação viral em portadorescrônicos de HBsAg, para decidir na indicaçãode tratamento, bem como monitorizar suaresposta. Os ensaios de nova geração sãocapazes de detectar limites muito baixos deHBV-DNA, entre 250 e 1000 cópias/ml (50-200 UI/ml). O PCR em tempo real é capaz dedetectar desde limites muito baixos, como 10UI/ml, até muito altos, como 9 logarítimos de10 (109 UI/ml). Deve-se levar em consideraçãoque pacientes HBeAg negativos com baixareplicação viral, ou com níveis flutuantes deHBV-DNA, podem ser diagnosticadoserroneamente como portadores inativos e,portanto, devem ser acompanhados com

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medições consecutivas, pelo menos duas vezesao ano, antes de serem classificados comoverdadeiramente inativos.

Estudos de história natural têm apontadopara níveis de replicação viral como fatorprognóstico ou de descompensação da cirrose,ou ainda para desenvolvimento de carcinomahepatocelular. Dois desses estudos avaliandomais de três mil pacientes portadores de hepatitecrônica B investigaram o papel da replicação dovírus da hepatite B como fator preditivo deprogressão de doença. Nos dois, foi demonstradauma relação direta entre a carga viral e aprogressão para cirrose e carcinomahepatocelular14(B). Consequentemente, aquantificação do HBV-DNA vem se tornandouma ferramenta importante no manejo dospacientes com hepatite crônica B. O risco decarcinoma hepatocelular começa a crescersignificativamente a partir de 10.000 cópias/ml (2.000UI), nível menor que o consideradocomo de importância clínica25(C).

A quantificação do HBV-DNA é a melhorforma de monitoramento do tratamento comantivirais. Evidências clínicas sugerem quesupressão máxima e rápida da replicação viraldurante o tratamento seja fator importante parasoroconversão do HBeAg, como também naprevenção do desenvolvimento de resistência aosantivirais26(C). Um estudo demonstrou que ataxa de resistência à lamivudina foisignificativamente menor nos pacientes comHBV-DNA inferior a 103 cópias/ml (13%) quenaqueles que permaneceram com viremia maiorque 103 cópias/ml (62%), no sexto mês detratamento, chamado recentemente de respostavirológica inicial27(B). Seguimento prospectivode pacientes HBeAg positivos evidenciou que onível de HBV-DNA basal é fator preditivo de

resposta virológica no tratamento cominterferon α, quanto mais baixo, melhor aresposta, porém o mesmo não foi observado comanálogos nucleosídeos28(B).

O aumento abrupto de HBV-DNA, superiora um logaritmo, em pacientes sob tratamentoantiviral pode sugerir desenvolvimento de resistênciaà droga utilizada. Por outro lado, a suspensão dotratamento quando da primeira determinação deHBV-DNA indetectável pode levar aoreaparecimento de cepas selvagens, com eventualdesenvolvimento de quadro clínico grave29(C).

A determinação do HBV-DNA qualitativotem pouca utilização na prática clínica, a nãoser na determinação na infecção oculta pelo vírusda hepatite B30(D).

IMPORTÂNCIA DOS GENÓTIPOS NA

HEPATITE B

Existem na hepatite pelo vírus B oito tipos degenótipos, de A a H, considerada a divergênciaentre grupos igual ou maior que 8% na sequêncianucleotídica completa. No Brasil, os genótiposencontrados foram: A, B, C, D e F nas frequênciasde 49,5%, 2,9%, 13,6%, 24,3% e 9,7%,respectivamente31(C). Alguns estudos sugerem queo genótipo possa estar associado com a progressãoda forma aguda para a forma crônica32(C).

Os diferentes genótipos do vírus da hepatiteB têm sido relacionados com maior ou menorresposta da hepatite crônica ao tratamento como uso de interferon convencional em diversosestudos internacionais. Estudos asiáticosobservaram que pacientes com genótipo Bapresentaram maiores índices de soroconversãodo HBeAg comparados aos portadores dogenótipo C33(C). Estudo alemão aponta alto

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índice de soroconversão do HBeAg para ogenótipo A em comparação ao genótipo D34(C).

Assim, a determinação do genótipo A-H, comotem sido verificado, vem a ser um importante fatorpreditivo de resposta, particularmente nosportadores de hepatite crônica HBeAg positivos etratados com interferon35(D). Em resumo, adeterminação dos genótipos na hepatite B não estáainda totalmente estabelecida. Salienta-se,entretanto, que o genótipo A parece respondermelhor ao uso de interferons quando comparadoaos outros genótipos33(C).

INDICAÇÃO DE BIOPSIA HEPÁTICA PARA OTRATAMENTO DA HEPATITE B

O Quadro 1 resume a conduta recomendadafrente às variáveis: quantificação do HBV-DNA

e ALT, incluindo a necessidade ou não de biopsiahepática1(D).

SITUAÇÕES ESPECIAIS

O tratamento da hepatite B em situaçõesespeciais, como coinfecções com HIV, HCV ehepatite Delta; gestação, pacientes oncológicos,imunossuprimidos, renais crônicos, transplantehepático e hepatite aguda grave, será objeto deoutra diretriz.

CONFLITO DE INTERESSE

Strauss E: recebeu financiamento paraviagens ao exterior para comparecer a congressosinternacionais de Hepatologia nos últimos cincoanos das empresas Shering-Plough, Roche eGlaxo Smith Kline. Sette Jr H: recebeu

Quadro 1

Indicação de biopsia hepática para o tratamento da hepatite B

1 UI/ml = 5,6 cópias/ml.

AgHBe HBV-DNA(UI/ml) ALT Recomendação

- < 2000 normal Observar (tratar se hepatopatia avançada conhecida)

- > 2000 normal Biópsia

- > 2000 elevada Tratar(obs: dispensar a biopsia, desde que excluídas

outras causas de elevação da ALT)

+ <20.000 normal Observar (tratar se hepatopatia avançada conhecida)

+ > 20.000 normal Biopsia (particularmente se > 35 – 40 anos)

+ > 20.000 elevada Tratar(obs: dispensar a biopsia, desde que excluídas

outras causas de elevação da ALT)

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10 Hepatite B Crônica: Tratamento

honorários por participação em estudos comoinvestigador principal das empresas BristolMyers-Squibb, Roche e Shering Plough; éconsultor científico da Bristol Myers-Squibbdesde 2007. Pessôa MG: recebeu honoráriospara pesquisa das empresas Roche, BristolMyers-Squibb e Novartis; recebeu honorárioscomo consultor e palestrante das empresasRoche, Bristol Myers-Squibb, Glaxo Smith-Kline e Novartis. Lopes EPA: recebeuhonorários por participação em estudos comoinvestigador principal das empresas Bristol-Myers Squibb, Roche e Schering-Plough;

recebeu reembolso por comparecimento acongressos das empresas Bristol-Myers Squibb,Roche e Schering-Plough. Oliveira MB:recebeu honorários para inscrição em cursos econgressos da especialidade das empresas Roche,Schering-Plough, Novartis, Bristol-MyersSquibb e Medley. Galizzi Filho J: recebeuhonorários como palestrante na 1ª ConferênciaNacional de AIDS e Hepatites Virais da empresaBristol-Myers Squibb e em eventos das empresasRoche e Schering-Plough. de Mendonça JS:recebeu honorários como consultor das empresasBristol-Myers Squib e Glaxo Smith Kline.

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