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- 081 - Henri Gaudier-Brzeska 1891-1915 Henri Gaudier-Brzeska, cujo nome verdadeiro era apenas Henri Gaudier, nasceu em Saint Jean-de-Braye, 140 km ao Sul de Paris, no dia 4 de outubro de 1891 e falecido em Neuville-Saint-Vaast, 200 km ao Norte de Paris e quase divisa com a Bélgica, no dia 5 de junho de 1915, foi um dos primeiros escultores abstratos, exponente do Vorticismo, movimento inspirado no Cubismo e no Futurismo e que foi precursor do Concretismo, tendo colaborado para a introdução do estilo na Inglaterra. Se seu nome era simplesmente Henri Gaudier, de onde veio o complemento “Brzeska”, tão estranho ao ouvido dos franceses? Bem, em toda história “cabeluda” há sempre a figura de uma mulher. Como já escrevia Alexandre Dumas (pai) em 1854... “Il y a une femme dans toute les affaires; aussitôt qu'on me fait un rapport, je dis: 'Cherchez la femme'. Pois a mulher apareceu quando ele tinha apenas 18 anos e era a polonesa Sophie Brzesca, uma romancista com o dobro de sua idade e com a qual manteve, pela vida afora, uma relação platônica assentada única e tão somente no respeito mútuo.

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- 081 -

Henri Gaudier-Brzeska

1891-1915

Henri Gaudier-Brzeska, cujo nome verdadeiro era apenas Henri Gaudier,

nasceu em Saint Jean-de-Braye, 140 km ao Sul de Paris, no dia 4 de outubro

de 1891 e falecido em Neuville-Saint-Vaast, 200 km ao Norte de Paris e quase

divisa com a Bélgica, no dia 5 de junho de 1915, foi um dos primeiros escultores

abstratos, exponente do Vorticismo, movimento inspirado no Cubismo e no

Futurismo e que foi precursor do Concretismo, tendo colaborado para a

introdução do estilo na Inglaterra.

Se seu nome era simplesmente Henri Gaudier, de onde veio o complemento

“Brzeska”, tão estranho ao ouvido dos franceses? Bem, em toda história

“cabeluda” há sempre a figura de uma mulher. Como já escrevia Alexandre

Dumas (pai) em 1854... “Il y a une femme dans toute les affaires; aussitôt

qu'on me fait un rapport, je dis: 'Cherchez la femme'. Pois a mulher apareceu

quando ele tinha apenas 18 anos e era a polonesa Sophie Brzesca, uma

romancista com o dobro de sua idade e com a qual manteve, pela vida afora,

uma relação platônica assentada única e tão somente no respeito mútuo.

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Nada de sexo nem um relacionamento definido: ela não era mãe, nem

amante, nem governanta, nem nada, apenas uma amiga, mas a dependência

neurótica entre os dois era profunda, como uma escada de pintor, em que uma

das partes sustenta a outra e mantém a escada em pé.

Pois uma das partes da escada se desprendeu com a morte de Henri, em

1815 e Sophie internou-se em um asilo, onde viria a falecer, dez anos depois.

Uma história à margem do enredo principal e que ninguém explica, pois Sophie

chegava, por iniciativa própria, a contratar prostitutas a Henri, para que a relação

platônica entre os dois não se desfizesse.

Em 1913, em uma de suas raras incursões pela pintura, o escultor Henri

Gaudier retrata sua amiga Sophie Brzeska. O estilo é fauve.

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Fechando o parêntesis, voltemos a Gaudier, que começou a vida, ainda na

adolescência, experimentando se fixar como negociante, mas em 1910, o

mesmo ano em que encontrou Sophie, começou a se interessar por escultura,

depois de tomar contato com o trabalho de Auguste Rodin.

Henri morreu cedo, aos 24 anos e teve apenas quatro anos de sua vida para

aparecer como escultor, mas, surpreendentemente, exerceu grande influência

sobre a arte da época, especialmente, na Grã-Bretanha, onde viveu por pouco

tempo mas implantou o Vorticismo na prática da escultura entre os ingleses.

(Traduzido da Enciclopédia Britânica e da Wikipedia em inglês, com apoio de

outras fontes)

“The Wrestles” (Os lutadores), Baixo-Relevo, 1914

- 084 –

Henri Gaudier-Brzeska ‘Seated Woman’, 1914

- 085 –

Henri Laurens 1885-1954

Henri Laurens, nascido em Paris no dia 18 de fevereiro de 1885 e falecido

na mesma cidade em 5 de maio de 1954, foi um escultor particularmente

envolvido com o Cubismo, tendo efetuado contínuos estudos com a aplicação

do estilo na escultura, especialmente com a figura feminina. Paralelamente,

como acontecia a outros escultores, fez experiência com várias técnicas, como

litografias, desenhos e trabalhos em papel. Não foi artista desde o primeiro

momento, havendo começado a carreira como pedreiro e, depois, como

decorador e seu interesse pela arte, como aconteceu com muitos escultores

contemporâneos, veio do contato com a obra de Auguste Rodin. Trabalhava

isolado de qualquer grupo até se tornar amigo do pintor cubista Georges

Braque, em 1911. A partir daí, começou a traduzir para a escultura as figuras

que anteriormente havia fixando em colagens sobre papel. Sua aproximação ao

restante do grupo de Montparnasse, incluindo Pablo Picasso, Juan Gris e

Fernand Léger acentuou ainda mais sua disposição em fixar-se no estilo

cubista.

Ao início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), vários artistas foram

convocados para as forças armadas, mas Henri Laurens foi dispensado por ter

amputado uma das pernas em 1909, devido a uma ósteo-tuberculose. Artista

multifacetado, prosseguiu no trabalho, produzindo pinturas de posters, colagem,

gravura, design para teatro e, lembrando o início da carreira, também a

decoração. Em 1915, voltou-se momentaneamente para a ilustração,

colaborando nas figuras do livro de um seu amigo, o autor Pierre Reverdy, poeta

surrealista, mas também ligado ao Cubismo, havendo assumido a liderança do

Cubismo na literatura, após a morte de Guillaume Apollinaire.

Em 1938, compartilhou, com Braque e Picasso, de exposições que estes

realizaram pelos países escandinavos e, em 1947, voltou a ilustrar livros. Em

1948, exibiu seus trabalhos na Bienal de Veneza e, no mesmo ano, participou

da Galeria de Arte Moderna em Basel, Suíça. Laurens exerceu influência na

concepção do arquiteto Jørn Utzon, autor do projeto da Casa de Ópera de

Sydney, Austrália, hoje considerada pela Unesco um Patrimônio da

Humanidade. (Traduzido da Enciclopédia Britânica e da Wikipedia em inglês,

com apoio de outras fontes)

- 086 –

Buscando as semelhanças

1) Casa da Ópera em Sidney, projetada pelo arquiteto Jørn Utzon em 1957,

inspirada na obra de escultor Henri Laurens

2) Henri Laurens, “Reclining Woman”, Mulher reclinada, 1921

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- 088 –

Henri Laurens, “L'Adieu” (O Adeus”), 1941

- 089 -

Henri Laurens, Sitting Caryatid, 1929,

Bronze, National Museum of Modern Art,

Georges Pompidou Center, Paris

- 090 -

Henri Laurens, “La Grande Musicienne”,

1938, Rotterdã Holanda

- 091 -

Henri Le Fauconnier

1881-1946

Henri Victor Gabriel Le Fauconnier, nascido em Hesdin, 220 km ao Norte

de Paris, no dia 5 de julho de 1881, e falecido em Paris no Natal de 1946, aos

65 anos, vítima de um ataque cardíaco, foi um dos líderes do grupo de cubistas

de Montparnasse, do qual faziam parte Pablo Picasso e Georges Braque,

sendo também um membro contribuinte da “Seção de Ouro”.

Ele foi um dos participantes do Salão dos Independentes de 1911,

juntamente com Jean Metzinger, Albert Gleizes, Fernand Léger e Robert

Delaunay, causando um tremendo escândalo com a apresentação do Cubismo

à sociedade francesa.

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Sua posição proeminente junto à Vanguarda Europeia (Avant-garde) se

deve ao fato de sempre manter uma estreita comunicação com artistas que

conduziam o movimento fora da França, destacando-se entre estes, Wassily

Kandinsky, nascido em Moscou, mas também de nacionalidade alemã, líder

abstracionista e professor na famosa escola de Bauhaus. Em 1933, o governo

nazista fecha a escola e Kandinsky, aproveitando-se dessa proximidade com

Henri, muda-se para a França, tornando-se igualmente cidadão francês.

Participou do Salão dos Independentes nas edições de 1904 e 1005

A carreira de Le Fauconnier começou a decolar em 1901, quando mudou-

se a Paris, para estudar direito, mas, ao invés disso, participou de classes de

pintura no estúdio do mestre ainda acadêmico Jean-Paulo Laurens, na

Academia Julian. A exemplo de outros franceses, em 1907, passou uma

temporada na Britânia, Noroeste da França, para pintar paisagens, já com

primeiros sinais de adesão ao proto-cubismo, privilegiando tons marrons,

contrastando com o verde, em linhas delimitadas e formas simplificadas.

(Abaixo, “Ploumanac'h” (Bretanha), 1908, Commons.

Nessa fase preliminar, conhecida como proto-cubismo, explorou um estilo

pessoal mais chegado a Matisse do que aos seus colegas de Montparnasse,

como Picasso e Braque. A sintonia fina aconteceria nos anos seguintes.

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As novas edições do Salão dos Autônomos, mostrariam que a implantação

de novas ideias não era tão fácil quando esperado. Na edição de 1909, com a

participação de Le Fauconnier, ao lado de Constantin Brâncuși, Jean

Metzinger e Fernand Léger, o público e os críticos se sentiram incomodados.

No Salon de 1910, com Le Fauconnier, Jean Metzinger, Albert Gleizes,

Robert Delaunay e Fernand Léger, o influente crítico Louis Vauxcelles, a

quem se atribui a criação pejorativa dos termos “Fauvismo” e “Cubismo”, gastou

seu Latim ao chamar os Vanguardistas de “geométricos ignorantes,

reduzindo o corpo humano a pálidos cubos”. Ainda não estava sabendo o

que viria em 1911, no Salão dos Independentes... Novo escândalo aconteceria

depois, no Salão dos Autônomos de 1912, com a exibição do quadro

“Montanheses atacados por ursos” (2,41 m x 3,01 m), abaixo reproduzido.

Le Fauconnier viveu os dramas das duas guerras mundiais. Na primeira,

refugiou-se na Holanda para fugir às forças do Kaiser; na segunda, viu seu país

tomado pelos nazistas, com a ajuda dos “colaboracionistas” franceses contra os

combatentes patriotas, na chamada “Resistência Francesa” que, a custa de

muito sacrifício e perdas de vidas humanas, acabou retomando o controle da

situação. O Cubismo, que no período entre guerras, gerou a “Guernica” de

Picasso, ficou nos devendo o registro desse período heroico da Resistência

Francesa. (Traduzido a Wikipedia em inglês, com o apoio de outras fontes)

- 094 –

Henri Le Fauconnier, o acadêmico

- 095 -

Henri Le Fauconnier, o cubista

- 096 -

Henri Le Fauconnier, o abstracionista

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Jacques Lipchitz

1891-1973

Jacques Lipchitz, nascido em Druskininkai, no extremo Sul da Lutuânia no

dia 10 de agosto de 1891 (Calendário Juliano) e falecido na Ilha de Capri, golfo

de Nápoles, ao Leste da Itália, no dia 6 de maio de 1973 (Calendário

Grergoriano), cujo nome verdadeiro era Chaim Jacob Lipchitz, foi um escultor

cubista de origem judia. Na adolescência, estudou engenharia em Vilna, capital

da Lituânia, cidade natal do pintor judeu-lituano-brasileiro Lasar Segall, da

mesma idade que ele. Viajando a Paris, sentiu-se atraído pelas experiências que

vinham sendo feitas pela Vanguarda Europeia (Avant-garde) e começou a

aplicar na escultura os mesmos princípios da pintura cubista. Entre 1912 e 1913,

teve de interromper seus estudos para servir o Exército russo, mas, assim que

recebeu seu certificado de reservista, voltou a París, para iniciar no ponto em

que tinha sido interrompido suas pesquisas.

Nas comunidades artísticas de Montmartre e Monparnasse, ao redor da

capital francesa, restabeleceu contato com a Vanguarda, incluindo Juan Griss,

Pablo Picasso e Amedeu Mogliani, atualizando-se com o que de melhor tinha

acontecido durante sua ausência.

Se conseguiu administrar bem os problemas da Primeira Guerra Mundial

(1914-1918) e do período entre guerras, o mesmo não aconteceu quando da

eclosão da Segunda Grande Guerra (1939-1945), que atingiu em cheio a França,

com a participação dos colaboracionistas, que facilitaram a presença de tropas

inimigas e a formação de um governo nazista em Vichy (L’État Français),

colocando judeus como ele em risco de serem enviados a um campo de

concentração. Com a ajuda do jornalista americano Varian Fry, iludiu a vigilância

nazista e foi para os Estados Unidos, estabelecendo-se em Nova York, onde foi

bem recebido pela comunidade artística, alí residindo e trabalhando até 1963.

Bateu, então, a saudade da Europa, mas não retornou nem à sua Lituânia,

agora envolvida na guerra fria entre União Soviética e EUA, nem à França dos

vanguardistas, que lhe dera abrigo o quanto foi possível. Instalou-se sim em

Pietrasanta, ao Noroeste da Itália e, mais tarde, mudou-se para a Ilha de Capri,

no Golfo de Nápoles, onde morou até a morte. (Traduzido da Enciclopédia

Britânica e da Wikipedia em Inglês, com apoio de outras fontes).

- 098 -

Jacques Lipchitz, o autor e a obra

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Jacques Lipchitz, “La dolce” vita em Paris

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Jacques Lipchitz, Refugiado em Nova York

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“Nossa nação, gloriosa em juventute e força, olha o futuro com destemor

e olhos de águia, tão vigorosa quando um jovem disputando uma corrida”

>> Frase do presidente Theodore Roosevelt (1901-1909), usada como mote

para a escultura.

- 102 -

Jacques Lipchitz, últimos anos na Itália

- 103 -

Jacques Villon

1875-1963

Jacques Villon, nascido em Damville, Normandie, 40 km ao, ao Noroeste

de Paris, no dia 9 de junho de 1875 e falecido em Puteaux, na região

metropolitana de Paris, no dia 9 de junho de 1963, cujo nome verdadeiro era

Gaston Émile Duchamp, foi um pintor e impressor francês envolvido com o

Cubismo, participante dos Salões de Arte, a partir do Salon d’Automne, que

ajudou a organizar.

Villon, que adotou esse nome em homenagem ao poeta medieval François

Villon era irmão da pintora dadaista Suzanne Duchamp-Crotti, do escultor

Raymond Duchamp-Villon e do grande mestre Marcel Duchamp, criador do

conceito do “Read Made”. Veio a Paris em 1894 para estudar direito, mas

interessou-se mais pela arte, treinou desenho e passou os próximos 12 anos

contribuindo com ilustrações e cartoons para jornais franceses.

Explicando melhor, a mudança não foi assim traumática, pois matriculou-se

na Faculdade de Direito para agradar aos pais. Além disso, não era um

principiante na pintura, pois, ainda criança, tivera aulas com seu avô materno

Emile Nicolle, que era comerciante e artista amador. Assim, não é culpa dele

se seu talento para a pintura seguiu sempre à frente de seu pouco interesse

pelas leis.

Já o desafio às leis era uma constante, pois suas ilustrações e charges para

periódicos humorísticos de Paris satirizavam a religião, o exército e tantos outros

bastiões da moral conservadora da época. Entretanto, era querido e respeitado

em todos os círculos e ninguém, em tempo algum, interpretou essa liberdade

como um desafio à ordem constituída. (Traduzido da Encicloplédia Britânica,

com apoio da Wikipedia e de outras fontes)

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Jacques Villon, Auto-retrato

- 105 -

Os três irmãos Duchamp (Marcel, Raymond e Jacques),

nos jardins do estúdio, em 1914 (Fonte: Commons)

Jacques Villon, Natureza Morta

- 106 -

Jacques Villon, Petite Peinture Cubiste, 1921

- 107 –

Jacques Villon, Composicion

- 108 –

Jacques Villon, Pássaro em voo livre

Jacques Villon, ”table à manger”

- 109 –

Jean Metzinger

1883-1956

Jean Dominique Antony Metzinger, nascido em Nantes, 380 km ao

Sudoeste de Paris, no dia 24 de junho de 1883, e falecido em Paris no dia 3 de

novembro de 1956, foi um dos mais importantes pintores da Vanguarda

Europeia, não só pelas obras que realizou, mas também por sua atividade como

crítico de arte e teórico do Cubismo, havendo desenvolvido, com Albert

Gleizes, um trabalho registrando os fundamentos desse estilo. Iniciou-se,

entretanto, no Impressionismo, com progressão ao Pontilhismo de Georges

Seurat. De 1901 a 1903, foi pontilhista, entre 1904 a 1907, trabalhou

simultaneamente do o Pontilhismo e o Fauvismo, este último com uma forte

influência das linhas mestras adotadas por Paul Cézanne, em experiências que,

mais tarde, viriam a ser conhecidas como proto-cubismo, ou “anterior ao

cubismo.

- 110 -

Foi a partir de 1908 que a pintura de Metzinger começou a se definir

realmente como cubista e ele, melhor que ninguém, conseguiu antever as

grandes possibilidades no novo estilo, que foi até muito além do se conseguia

visionar no momento, já que o Cubismo, em sua fase experimental estava

envolvido em um turbilhão de experiências descoordenadas e sem uma liga

entre si, gerando vários movimentos que se despregaram do original, formando

outros estilos variados e independentes.

Metzinger ainda fauve – “Le Chemin À Travers Les Champs”, 1908

Em seus primeiros ensaios, rudimentares, Metzinger já antevia a

importância de uma chamada “nova dimensão”, que permitisse mostrar os

objetos, ao mesmo tempo, de ângulos diferente, como nenhum outro artista

jamais imaginara e, se por acaso imaginasse, não teria ousadia de tentar. Pois

agora, estava aí, à vista de todos, uma quarta dimensão. Metzinger, pela primeira

vez, instou seus companheiros a sair da tela plana, que limitava a perspectiva,

para ousar novos e inimagináveis ângulos além da visão humana, rompendo

com os limites de tempo e espaço, sob o argumento de que um e outro estão

presentes na obra, ainda quando não mostrados de forma objetiva. Essas

estruturas do Cubismo, que abalaram os conceitos da arte, foram desenvolvidas

no “Tratado do Cubismo”, escrito a quatro mãos por Jean Metzinger e Albert

Gleizes que recebeu o título original “Du Cubisme”.

- 111 -

Basicamente, Metzinger defendia que a visão clássica do universo era uma

representação incompleta dos objetos, assentada num igualmente incompleto

conjunto de leis físicas, postulados e teoremas, já que a impossibilidade de ver,

com as limitações de nossos olhos, os diferentes ângulos de um objeto, não

significava que esses ângulos tivessem desaparecido, muito pelo contrário, eles

estavam ali, fora dos limites de nossa visão. Ninguém discute a real presença

deles, mas apenas a impossibilidade momentânea de visualizá-los, a menos que

o artista os traga os coloque, também, no primeiro plano, criando uma nova

dimensão.

Foi sob inspiração de Metzinger, que o físico dinamarquês Niels Bohr,

pesquisador e um dos teóricos da física quântica, pendurou em seu próprio

escritório o quadro de Metzinger “La Femme au Cheval” (Mulher ao cavalo), um

exemplo vívido da perspectiva móvel, ou da simultaneidade. Traduzido da

Wikipedia em inglês, com apoio de outras fontes)

- 112 -

Jean Metzinger, 1911-12, “La femme au cheval” (Mulher ao cavalo),

óleo sobre tela, 1,62 m × 1,30 m

- 113 –

Jean Metzinger: “Nu aux Hortensias”, 1935,

Quase três décadas após, um pintor amadurecido

- 114 -

Jean Metzinger, 1916, “Fruit and a Jug on a Table” (Frutas e

jarro na mesa, Óleo e areia sobre tela, 115 x 81 cm

- 115 -

Juan Gris 1887-1927

Juan Gris, nascido em Madri no dia 23 de março de 1887 e falecido em

Boulogne-sur-Seine, subúrbio de Paris, no dia 11 de maio de 1927, batizado

como José Victoriano González, colaborou na progressão do movimento

cubista para sua segunda fase, denominada de Cubismo Sintético. A formação

inicial de Gris estava voltada para a engenharia, mas, com dois anos de

Universidade, começou a se desinteressar dos estudos e, ao invés disso, passou

a fazer desenhos para jornais, com enfoque na então badalada Arte Nouveau,

muito em voga na virada do Século XIX para o Século XX. Em 1906, mudou-se

a Paris, escolhendo viver em Bateau-Lavoir, nas proximidades da morada de

seu patrício Pablo Picasso, e foi assim que tomou contato com as novas

propostas de pintura, com o desenvolvimento do Cubismo Analítico (A

primeira fase do movimento). Se coube a Picasso e Braque a criação do

movimento cubista, deve-se dar crédito a Juan Gris por sua intensa participação

na evolução do estilo para o Cubismo Sintético (Segunda Fase). Antes, os

objetos eram simplesmente decompostos, na segunda fase, eles foram também

despidos de suas cores, ganhando mais em simplicidade.

- 116 -

Juan Gris morreu cedo, aos 40 anos, mas teve uma vida marcante. A partir

de 1912 passou a viver, com intensidade, o movimento cubista, dando

preferência pessoal para a natureza-morta, mas sem abandonar outros gêneros,

incluindo o retrato.

“Retrato de Pablo Picasso”, 1912, marca a entrada de Juan Griss para o

movimento cubista, onde permaneceria até a morte, 15 anos depois

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Juan Gris, “La liseuse”, (A leitora), 1926, óleo sobre tela

- 118 -

Juan Gris, , 1925, “Nature morte devant une fenêtre

ouverte” (Natureza-morta, diante de uma janela aberta)

- 119 -

Juan Gris, 1927, “Mulher com cesto”

uma de suas últimas pinturas

- 120 –

Juan Gris, 1915, “Garrafa, jornal e travessas”