hedley bull - capítulo viii

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Matéria: Teoria das Relações Internacionais I Texto: A Sociedade Anárquica – A guerra e a ordem internacional Autor: Hedley Bull Capítulo VIII – A guerra e a ordem internacional Pode-se argumentar que tratar a guerra como uma instituição da sociedade dos estados é uma perversão, mas não há dúvidas que é o que ela tem sido e continua ser no presente, isso porque representa um determinado padrão de conduta dirigido para a promoção de metas comuns. Bull considera 3 indagações no capítulo: i) O que é a guerra? ii) Que funções ela tem preenchido com relação à ordem internacional no moderno sistema de estados como categoria histórica? iii) Quais são suas funções na política internacional da atualidade, se é que as tem? 1 – A Guerra A guerra é a violência organizada promovida pelas unidades políticas entre si. A violência só é guerra quando é cometida EM NOME DE UMA UNIDADE POLÍTICA. Dessa forma, a violência exercida em nome de uma unidade política só é guerra se for dirigida contra outra unidade política; a violência empregada pelo estado para eliminar criminosos e piratas não se classifica como guerra porque tem por alvo os inimigos. É necessário distinguir entre a guerra no sentido mais amplo de violência organizada, exercida por qualquer unidade política e a guerra no sentido estrito de hostilidade internacional entre os estados – a violência organizada promovida por estados soberanos. No moderno sistema de Estados, só é legítima a guerra no sentido estrito de guerra internacional. Os Estados soberanos tentam preservar para si o monopólio legítimo do uso da força e esse processo desenvolveu-se em duas etapas: 1) Distinção entre a guerra pública (praticada sob a autoridade pública) e o conflito privado (que é a “guerra” praticada sem tal autoridade). 2) Marcada pela emergência da ideia de que o Estado é a única entidade pública competente para conferir tal autoridade O desenvolvimento do conceito moderno de guerra como violência organizada entre estados soberanos resultou de um processo de limitação e confinamento da violência. No mundo moderno há um habito de contrastar a guerra entre os estados com a paz entre eles, mas a alternativa histórica para a guerra entre os estados era uma violência mais difusa e generalizada. Bull propõe uma diferenciação também entre a guerra no sentido material (hostilidade e violência efetiva) da guerra no sentido legal ou normativo (situação provocada pelo cumprimento de determinados critérios legais ou normativos, por exemplo no reconhecimento ou declaração feita pelas autoridades constituídas). Uma guerra no sentido material pode não corresponder à guerra no sentido legal, mas pode haver guerra legal sem hostilidades efetivas. No sentido legal, a distinção entre guerra e paz é absoluta: daí a doutrina de Grotius de que nada existe entre a guerra e a paz. No sentido material, porém, ás vezes é difícil distinguir a guerra da paz, pois há uma gradação entre as duas situações. Se for possível distinguir a guerra real da ideia da guerra, seria um erro supor que a primeira exista inteiramente à parte da outra. Mas em qualquer conflito efetivo que possamos chamar de “guerra” há normas ou regras, legais ou não, que desempenham certo papel. As pessoas que conduzem essas hostilidades são movidas pela noção de que

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Resumo do Capítulo VIII do livro "A Sociedade Anárquica", de Hedley Bull

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Matria: Teoria das Relaes Internacionais ITexto: A Sociedade Anrquica A guerra e a ordem internacionalAutor: Hedley BullCaptulo VIII A guerra e a ordem internacionalPode-se argumentar que tratar a guerra como uma instituio da sociedade dos estados uma perverso, mas no h dvidas que o que ela tem sido e continua ser no presente, isso porque representa um determinado padro de conduta dirigido para a promoo de metas comuns. Bull considera 3 indagaes no captulo:i) O que a guerra?ii) Que funes ela tem preenchido com relao ordem internacional no moderno sistema de estados como categoria histrica?iii) Quais so suas funes na poltica internacional da atualidade, se que as tem?1 A GuerraA guerra a violncia organizada promovida pelas unidades polticas entre si. A violncia s guerra quando cometida EM NOME DE UMA UNIDADE POLTICA. Dessa forma, a violncia exercida em nome de uma unidade poltica s guerra se for dirigida contra outra unidade poltica; a violncia empregada pelo estado para eliminar criminosos e piratas no se classifica como guerra porque tem por alvo os inimigos. necessrio distinguir entre a guerra no sentido mais amplo de violncia organizada, exercida por qualquer unidade poltica e a guerra no sentido estrito de hostilidade internacional entre os estados a violncia organizada promovida por estados soberanos. No moderno sistema de Estados, s legtima a guerra no sentido estrito de guerra internacional. Os Estados soberanos tentam preservar para si o monoplio legtimo do uso da fora e esse processo desenvolveu-se em duas etapas:1) Distino entre a guerra pblica (praticada sob a autoridade pblica) e o conflito privado (que a guerra praticada sem tal autoridade).2) Marcada pela emergncia da ideia de que o Estado a nica entidade pblica competente para conferir tal autoridade O desenvolvimento do conceito moderno de guerra como violncia organizada entre estados soberanos resultou de um processo de limitao e confinamento da violncia. No mundo moderno h um habito de contrastar a guerra entre os estados com a paz entre eles, mas a alternativa histrica para a guerra entre os estados era uma violncia mais difusa e generalizada.Bull prope uma diferenciao tambm entre a guerra no sentido material (hostilidade e violncia efetiva) da guerra no sentido legal ou normativo (situao provocada pelo cumprimento de determinados critrios legais ou normativos, por exemplo no reconhecimento ou declarao feita pelas autoridades constitudas). Uma guerra no sentido material pode no corresponder guerra no sentido legal, mas pode haver guerra legal sem hostilidades efetivas. No sentido legal, a distino entre guerra e paz absoluta: da a doutrina de Grotius de que nada existe entre a guerra e a paz. No sentido material, porm, s vezes difcil distinguir a guerra da paz, pois h uma gradao entre as duas situaes.Se for possvel distinguir a guerra real da ideia da guerra, seria um erro supor que a primeira exista inteiramente parte da outra. Mas em qualquer conflito efetivo que possamos chamar de guerra h normas ou regras, legais ou no, que desempenham certo papel. As pessoas que conduzem essas hostilidades so movidas pela noo de que esto empenhadas em uma atividade conhecida como guerra, que diferente da paz, e sabem que h uma forma de conduta apropriada a ela. Regras ou normas, embora abstratas, participam tambm da realidade material da guerra, que exige ateno a condutas que se ajustam a regras aceitas.Outra distino da guerra como atividade racional (inteligente, com um objetivo definido) da guerra cega (impulsiva ou habitual). Com muita frequncia a guerra no tem em mira objetivos racionais ou inteligentes. Ao longo da histria ela foi motivada pelo desejo sanguinrio de conquista. A guerra no moderno sistema de EstadosNo moderno sistema de estados as funes da guerra podem ser consideradas a partir de trs perspectivas:i) A do estadoii) A do sistema de estadosiii) A da sociedade de estadosDo ponto de vista do Estado, considerado de maneira individual, a guerra um instrumento poltico, um dos meios para alcanar os objetivos. Mas quando um Estado comea uma guerra, isso nem sempre reflete uma tentativa deliberada de us-la como um meio para atingir um objetivo desejado. H casos em que o Estado entra na guerra por erro de clculo, e outros em que sua motivao o sentimento popular exaltado ou a ira do monarca. Quando os Estados iniciam uma guerra de forma deliberada para atingir um fim concreto e especfico, por vezes o impulso blico transforma os estados beligerantes e seus objetivos e eles perdem de vista as metas originais. Mas a ideia de que a guerra pode servir como um instrumento efetivo da poltica estatal tem prevalecido durante todo o sistema de estados. Do ponto de vista do sistema internacional, o simples mecanismo ou campo de fora representado pelo conjunto dos estados em virtude de sua interao recproca, a guerra aparece como um determinante fundamental da forma assumida pelo sistema em qualquer tempo. a guerra e a ameaa da guerra que ajudam a determinar a sobrevivncia ou a eliminao de certos estados. A guerra e a ameaa da guerra no so os nicos determinantes da forma do sistema internacional, mas so de tais modos fundamentais que at mesmo os termos usados para descrever o sistema (grandes e pequenas potncias, alianas e esferas de influencia, equilbrio de poder e hegemonia) s podem ser plenamente inteligveis se os relacionarmos com a guerra ou a ameaa de guerra. Do ponto de vista da sociedade internacional, ou seja, do ponto de vista das instituies, das regras e valores aceitos pelo sistema de estados em conjunto, a guerra apresenta duas faces. De um lado, ela uma manifestao da desordem da sociedade internacional, trazendo consigo a ameaa da sua dissoluo, criando uma situao de pura e geral inimizade, de guerra de todos contra todos. Dessa forma, a sociedade dos estados preocupa-se em limitar a guerra, mantendo-a dentro das regras estabelecidas pela prpria sociedade internacional. De outro lado, como instrumento de poltica do estado e um determinante bsico da forma do sistema internacional, a guerra um meio que a sociedade internacional sente a necessidade de explorar para atingir seus objetivos. Da perspectiva da sociedade internacional, a guerra um meio de implementar o direito internacional, de preservar o equilbrio do poder e possivelmente de promover mudanas na lei consideradas, de modo geral, como justas. As regras e instituies desenvolvidas pela sociedade internacional refletem a tenso entre a percepo da guerra como ameaa a sociedade internacional, que precisa ser contida, e como instrumento a ser utilizado para que ela alcance seus objetivos.A sociedade internacional compelida a restringir o direito dos Estados de fazer a guerra, pois se eles guerreassem por qualque motivo isso significaria que eles no so regidos por regras e instituies comuns. Assim, tem-se restringido a quatro modos o direito de fazer a guerra:i) A guerra s pode ser feita contra estados soberanos.ii) H restries sobre o modo como a guerra pode ser conduzida (por meio de regras tradicionais).iii) Procurou-se restringir a difuso geogrfica das hostilidades, mediante as leis da neutralidade, que estabelecem os direitos e deveres recprocos dos estados neutros, assim como dos beligerantes.iv) Procurou-se restringir as razes legtimas para se recorrer guerra. Embora a sociedade internacional tenha sido levada a restringir e conter a guerra, ela procurou tambm atribuir a algumas modalidades de guerra um papel positivo na manuteno da ordem internacional: i) Considerando a guerra um meio de implementao do DI com a inexistncia de uma entidade supranacional, o direito internacional s pode ser implementado por certos estados com condies e vontade de usar sua fora nesse sentido. Essa concepo de guerra como implementao da lei s tem a ver com a hiptese de guerra de autodefesa de um estado cuja soberania territorial foi violada. ii) Pelo menos desde o incio do sculo XVIII a sociedade internacional considera a guerra um meio de manuteno do equilbrio de poder. A preservao de um equilbrio geral de poder tem sido vista como essencial para a sobrevivncia do sistema de estados e a guerra com o objetivo de preserv-lo exerce uma funo positiva.iii) possvel argumentar que, de modo geral, a sociedade internacional tem considerado que a guerra preenche tambm uma funo positiva quando feita no em favor da ordem legal internacional ou do equilbrio de poder, mas para produzir uma mudana justa. Falta ordem internacional um mecanismo de mudana pacfica e ela depende da guerra como um agente de mudanas justas. A Guerra na AtualidadeO ponto de vista de que a guerra deixou de preencher as funes esboadas acima decorre principalmente da ideia de que, dada a existncia de armas nucleares, a fora tornou-se politicamente inutilizvel pelos Estados. Assim, a guerra no mais a continuao da poltica por outros meios na concepo do Estado, mas representa seu fim e dissoluo. E a fora e sua ameaa deixariam de serem determinantes fundamentais do SI. No haveria tambm a concepo de guerra justa em prol do direito internacional, pois a mesma pode ser causa de aniquilao. bvio que se a guerra for conduzida sem limitaes por estados equipados com armas nucleares, ela no pode mais servir como um instrumento de poltica exterior, pois ela levaria destruio no s do estado inimigo, mas tambm do estado hostil, mas isso no significa que a guerra tenha perdido toda sua utilidade poltica. 1) A maior parte dos conflitos internacionais no envolve diretamente as potncias nucleares. Em conflitos entre Estados no nucleares, a guerra e a ameaa da guerra continuam sendo elementos polticos. O curso dos acontecimentos muito influenciado pela presena de armas nucleares, que expande um temor de guerra nuclear por todo o mundo. Esse temor, no entanto, no impede os estados de explorarem a fora militar de que dispem, embora o contexto se modifique.2) Quando uma potncia nuclear se envolve diretamente em um conflito internacional, pode acontecer que o seu oponente no disponha de armas nucleares. Nesse tipo de confrontao, muitas vezes se julgar que o uso das armas nucleares estar implicando custo poltico e moral desproporcional ao objetivo e, assim, parece improvvel que uma potencia nuclear decida-se a recorrer ao emprego das armas nucleares sem sofrer graves repercusses na opinio pblica mundial, o que pode anular a vantagem militar. A medida que isso percebido, o recurso deixa de ser convincente. Porm, se a potencia nuclear tem muito a ganhar, sua ameaa pode ter credibilidade. 3) Mesmo quando as duas partes em uma disputa internacional tm acesso a foras nucleares, e existe a possibilidade imediata de destruio recproca, as possibilidades de explorao poltica dessas foras so considerveis. Isso significa que a utilidade persistente da fora na era nuclear no s uma caracterstica da presente distribuio imperfeita das armas nucleares, mas poderia continuar a existir mesmo se essas armas de destruio macia se tornassem amplamente disponveis. Quando em conflito, as potncias no se encontram necessariamente em conteno mtua; cada parte precisa de uma fora nuclear capaz de sobreviver a um primeiro ataque e produzir uma resposta de efeito destrutivo. Os dois lados precisam acreditar na capacidade e vontade de produzir esse efeito. As potncias j chegaram, no passado, a tal confrontao sem estar em situao de empate. A partir dos anos 50, havia uma concordncia geral a respeito da existncia de um impasse nuclear e quando esse existe, no necessariamente estvel, mas pode ser desfeito por desenvolvimentos tecnolgicos que possibilitem a defesa ou um ataque preventivo contra foras de revide; tambm pode ser instvel por mudanas polticas ou psicolgicas.Em casos de conteno, a explorao da fora para fins de poltica externa ser muito limitada. H duas sadas:i) Emprego limitado da fora a perspectiva de sofrer danos inaceitveis causados pelo inimigo pode conter mutuamente as potencias nucleares de recorrer a qualquer emprego da fora, ou restringi-las apenas de entrar em um conflito ilimitado. ii) Ameaa de recorrer a essa fora embora os dois antagonistas possam ter a fora suficiente para causar danos inaceitveis ao opositor, pode haver uma diferena entre elas na demonstrao de sua vontade de empregar a fora. A superioridade na chamada brinkmanship, a administrao de crises, pode provocar uma maior determinao de um dos lados de enfrentar a hiptese de uma guerra, conseguindo assim uma vitria diplomtica, como aconteceu com os EUA na crise dos msseis de Cuba. A guerra, portanto, no perdeu suas funes polticas tradicionais meramente pela existncia de armas nucleares ou tecnologia militar avanada e no se poderia mesmo esperar que essas funes polticas desaparecessem de todo em consequncia da difuso de armas nucleares. Na verdade, o papel da guerra na poltica mundial hoje parece mais limitado do que antes do fim da 2GM. A gama dos objetivos polticos que podem ser obtidos com a guerra tornou-se mais estreita e aumentou o custo de recorrer fora. Do ponto de vista dos estados, a guerra continua a ser um instrumento da poltica, mas ele s pode ser usado a um custo mais alto e com uma variedade de objetivos mais limitada. Quando h o envolvimento de armas nucleares, esse custo pode incluir o risco da destruio da sociedade, caso os limites no sejam respeitados. Mesmo sem armas nucleares, a guerra pode implicar destruio fsica para uma sociedade industrializada que traz consequncias poltica, econmicas e sociais que a tornam impensvel. H custos tambm posio do pas na poltica mundial. Os obstculos legais no so extraordinrios em si mesmos, mas expressam o temor coletivo da guerra, que pode consistir em um elemento de coibio. Historicamente, os Estados recorrem a guerra com um ou mais entre trs objetivos: 1) as guerras tem sido usadas na busca de ganhos econmicos (ouro, monoplios comerciais, acesso mercados, matrias primas e oportunidades de investimento.2)as guerras tm sido motivadas por razes de segurana, para resistir a alguma ameaa externa integridade ou independncia do estados. 3) tem havido guerras para promover objetivos ideolgicos, baseados em crena religiosa ou poltica. H dvidas sobre se a guerra pode garantir ganhos econmicos, pelo menos nos casos de conquista territorial. As guerras ainda so feitas para promover objetivos ideolgicos e, no perodo de ps-guerra, foram dirigidas para a expanso do comunismo, assim como para liberar os povos do domnio colonial. Tipicamente, o recurso guerra para difundir uma ideologia tem assumido a forma de interveno em um conflito interno. A conquista militar de um territrio estrangeiro no pode mais produzir ganhos econmicos ou promover uma ideologia e, do mesmo modo, no devemos prever que essas funes da guerra no podero ressurgir sob outras formas h sinais de que a escassez de recursos naturais, ou a crena na escassez de recursos, pode reviver o interesse pelo uso da fora para ganhar ou preservar o acesso a esses recursos. Atualmente, os estados relutam em fazer guerra, exceto por motivos de segurana segurana pode abranger a segurana econmica, o patrocnio de ideologias favorveis junto a governos estrangeiros. Atualmente, porm, pareceria que s consideraes de segurana poderiam levar os governos dos pases desenvolvidos a concluir que vale a pena pagar o custo de uma guerra. Pareceria que s a segurana, atualmente, poderia levar os governos dos pases desenvolvidos guerra. A guerra continua a ser um determinante fundamental do formato do sistema, mas o que determina essas relaes entre as potncias a ameaa de guerra. A conteno recproca tem sido um meio de soluo de disputas.Houveram trs mudanas importantes em relao ao sistema internacional anterior a 1945: 1) nos lugares onde antes houve confronto direto entre foras armadas, nenhuma potncia recorreu guerra para resolver o conflito; 2) fora do mbito das grandes potncias, o papel da guerra tem ocorrido de forma a respeitar as regras de relacionamento mtuo (grandes potencias apoiando lados opostos); 3) ) os obstculos que dificultam o recurso guerra estimularam as tendncias violncia dentro dos estados soberanos. As principais mudanas ocorreram pela violncia civil, que compromete mais a integridade territorial dos estados que a violncia externa. A primeira, porm, no deixa de estar associada ao sistema internacional, atravs das intervenes internacionais e do contgio que deriva da inspirao comum e da emulao. Grupos revolucionrios se tornam ameaas segurana internacional. A guerra mantm, portanto, seu duplo aspecto de ameaa a ser contida e um instrumento para alcanar objetivos, mas o primeiro prevalece. A sociedade internacional reluta em considerar a guerra como forma de implementar o direito, exceto para a autodefesa. Grotius colocava trs causas justas: autodefesa, recuperao da propriedade e punio. O papel positivo que a sociedade internacional ainda atribui guerra est agora sujeito necessidade de limitar a conduo da guerra. Houve certo xito em conter a guerra entre estados dentro dos limites consistentes com a sobrevivncia do SI. Porm, a guerra promovida por outras unidades polticas alm do estado tem sido mais incidente. As faces civis e a liberdade dos grupos revoltosos foram dramatizadas pelo Conselho de Segurana da ONU, mas no h muito a ser feito. A sociedade internacional no poder permitir que essas novas formas de guerra permaneam fora do mbito de suas regras.