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HABILIDADES E COMPETÊNCIAS CARLA ECHABE DE CASTRO As habilidades, quando agrupadas, irão desencadear competências específicas. No mundo globalizado e tecnológico em que vivemos, o bom profissional é aquele capaz de imaginar soluções com base em mecanismos inovadores, de adaptar-se rapidamente a novas realidades e assumir posições eficientes e coerentes perante novos desafios. Para isso, mais do que adquirir o conjunto de conhecimentos já elaborados, é imprescindível ter habilidades e competências que lhe permitam aprender novos conhecimentos e, principalmente, acessá-los. Daqui a quinze anos os diplomas não vão importar mais. A era dos especialistas chegou ao fim. O mundo atual quer pessoas com vasta cultura global. As empresas não querem pessoas que estudaram filosofia, economia, veterinária ou outra área, mas sim, profissionais que sejam versáteis, criativos, intuitivos, que saibam pensar, resolver problemas e lidar com outras pessoas. O ensino, para acompanhar esta tendência, deverá ser mais abrangente, desenvolvendo as habilidades e competências exigidas pelo mercado de trabalho atual. Desta forma, devemos ensinar conceitos, procedimentos e atitudes que desenvolvam habilidades e competências. Definições de competências: - Dicionário Aurélio qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa, capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade; - Vasco Pedro Moretto é um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam, por exemplo, uma função/profissão específica (médico). As habilidades devem ser desenvolvidas na busca da competência e estão associadas ao saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Assim, identificar as variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades. - Philippe Perrenoud é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações, ou seja, o indivíduo deverá ser capaz de enxergar a geografia nas ruas, a matemática no mercado e a língua portuguesa na televisão.

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HABILIDADES E COMPETÊNCIAS

CARLA ECHABE DE CASTRO

As habilidades, quando agrupadas, irão desencadear competências específicas.

No mundo globalizado e tecnológico em que vivemos, o bom profissional é aquele capaz de imaginar soluções com base em mecanismos inovadores, de adaptar-se rapidamente a novas realidades e assumir posições eficientes e coerentes perante novos desafios. Para isso, mais do que adquirir o conjunto de conhecimentos já elaborados, é imprescindível ter habilidades e competências que lhe permitam aprender novos conhecimentos e, principalmente, acessá-los.

Daqui a quinze anos os diplomas não vão importar mais. A era dos especialistas chegou ao fim. O mundo atual quer pessoas com vasta cultura global. As empresas não querem pessoas que estudaram filosofia, economia, veterinária ou outra área, mas sim, profissionais que sejam versáteis, criativos, intuitivos, que saibam pensar, resolver problemas e lidar com outras pessoas.

O ensino, para acompanhar esta tendência, deverá ser mais abrangente, desenvolvendo as habilidades e competências exigidas pelo mercado de trabalho atual. Desta forma, devemos ensinar conceitos, procedimentos e atitudes que desenvolvam habilidades e competências.

Definições de competências: - Dicionário Aurélio – qualidade de quem é capaz de apreciar e

resolver certo assunto, fazer determinada coisa, capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade;

- Vasco Pedro Moretto – é um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam, por exemplo, uma função/profissão específica (médico). As habilidades devem ser desenvolvidas na busca da competência e estão associadas ao saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Assim, identificar as variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades.

- Philippe Perrenoud – é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações, ou seja, o indivíduo deverá ser capaz de enxergar a geografia nas ruas, a matemática no mercado e a língua portuguesa na televisão.

As capacidades são as motoras, emocionais e cognitivas (falar, andar, amar). São exemplos de ensinar capacidades o ensinar o aluno a fazer um caderno, a realizar uma pesquisa, a estudar, a entender as várias maneiras de correr, os diferentes tons de voz, a usar um dicionário e um atlas. Nós ensinamos um aluno a ver televisão? Ver televisão não é selecionar problemas, mas sim, vê-los de forma crítica.

Cabe aos educadores planejarem suas aulas colocando em foco as habilidades que irá desenvolver com as competências devidamente escolhidas.

Um exemplo é que determinado professor escolhe desenvolver, durante um bimestre, a competência no acesso a informação. Para isto se efetive ele terá que desenvolver as seguintes habilidades: buscar e pesquisar a informação em qualquer um dos meios que ela esteja armazenada, de memorizar a informação essencial e de uso constante, de organizar e arquivar a informação e de localizar e recuperar com facilidade e rapidez a informação não memorizada.

Para que ele seja competente para buscar a informação, tenha habilidades para fazer isto, ele deve ser capaz de: pesquisar, memorizar, organizar e classificar.

Exemplo 1 – Em uma determinada avaliação, o professor solicita que os alunos analisem um fato histórico. Como resposta o aluno apresenta uma síntese e o professor considera correto.

Exemplo 2 – na avaliação mensal, o professor solicita uma descrição e o aluno apresenta como resposta uma síntese, e o professor considera correto.

O professor pensa que o aluno sabe o que significa cada uma das habilidades acima, mas muitas vezes esquece-se que eles não têm clareza do significado destas. Eles acreditam que os alunos já aprenderam o que é análise, alguém já ensinou, e que eles não fizeram na avaliação porque não quiseram, mas o resumo foi tão bom que eles consideram correto.

Enquanto isso, o aluno que tinha dúvida com relação a uma síntese ou análise continuou com a dúvida e foi bem na avaliação porque decorou os conteúdos e pronto. E as habilidades como ficaram? Foram retomadas?

Desta forma, os alunos chegam à universidade sem saber fazer uma análise, uma descrição ou uma síntese, uma resenha, então, nem se fala. Pesquisas, um eterno sofrimento.

Para definir as habilidades e competências, a serem desenvolvidas durante um ano letivo, devemos diagnosticar as dificuldades de aprendizagens e as limitações de seus alunos. Não adianta continuar dizendo que os alunos não sabem analisar, não sabem ler, não gostam de

ler, não sabem interpretar textos, não sabem se comunicar oralmente, não sabem, não sabem.

Na análise feita em 2004, com estudantes de 41 países, os estudantes brasileiros ficaram em 40º em matemática, 37º em leitura e em 39º em ciências. Com base nestes dados, os professores estão convidados a fazer a seguinte reflexão:

- Quem ensina os alunos a ler, calcular, raciocinar, analisar, resumir um texto com técnicas adequadas? Quem ensina os alunos a trabalharem em grupo? Normalmente, um faz e os outros ganham a nota;

- quem ensina os alunos a realizarem pesquisas? Normalmente, eles entram na internet, escolhem textos, imprimem, colocam os seus nomes e ganham a nota;

- Quem ensina os alunos a fazerem uma análise, uma comparação, uma síntese? Os alunos escrevem um resumo e ganham a nota;

Se perguntarmos por que isto acontece, poderíamos responder que a maioria dos professores supõe que o colega da série anterior ensinou os alunos a calcular, analisar, comparar, trabalhar em grupo, pesquisar, etc., quando na verdade ninguém ensinou, os alunos fazem tudo de qualquer jeito e acabam sempre ganhando a nota. As coisas são aprendidas pela força da repetição, pela memorização mecânica, sem técnica nem detalhamento.

Alguns aprendem, mas outros não. O conhecimento é considerado como algo pronto, acabado, perfeito, um capital cultural pertencentes apenas aos que detêm inteligência. Com isto acabamos investindo na memorização, na repetição e na imitação. O professor fala o tempo todo e diz o que o aluno deve ou não anotar. O aluno passivo e receptor anota, memoriza e reproduz o que anotou ganhando a nota sem desenvolver habilidades e competências.

Exemplo 1 – para um aluno decidir seu caminho em uma cidade desconhecida terá que ter as capacidades de ler um mapa, localizar-se e pedir informações. E também diversos saberes, como ter noção de escala, elementos de topografia ou referências geográficas.

Exemplo 2 – para um aluno votar, conforme seus interesses mobilizarão as capacidades de se informar e preencher a cédula, bem como o conhecimento de instituições políticas, do processo de eleição, de candidatos, de partidos, de programas de governo, das idéias democráticas, etc.

As necessidades de cada um estão ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais. Os seres humanos não vivem todas as

mesmas situações e as competências devem estar adaptadas ao seu mundo.

Para escolher as habilidades e competências temos que partir de uma avaliação diagnóstica da turma. Os passos para o desenvolvimento de habilidades e competências são os seguintes:

1º) avaliações diagnósticas cognitivas e comportamentais – diagnóstico cognitivo (dificuldades de aprendizagem como escrita, leitura, cálculo, interpretação, atenção, concentração, etc.) e diagnóstico comportamental (falta de organização, de limites, regras, baixa auto-estima, ausência de autoconhecimento, autoconfiança);

2º) escolher as competência. Exemplo: a 5ª série demonstra dificuldades na leitura, escrita e

interpretação. Esta avaliação diagnóstica me mostra que eu tenho que desenvolver a competência na comunicação. Para desenvolver esta competência eu necessito desenvolver também as competências na absorção da informação, na transmissão da comunicação, no acesso a informação e na análise da informação.

3º) escolher as habilidades.

Competência Habilidades

Na absorção da informação

De bem utilizar os sentidos, aprimorar a acuidade dos sentidos, aprender a perceber, de entender corretamente e de interpretar a linguagem corporal, de entender a linguagem verbal falada e escrita e desenvolver a capacidade de ler com compreensão e rapidez.

Na transmissão da informação

De se expressar bem em língua materna falada e escrita, de se expressar bem em língua estrangeira e de se expressar bem por meio da linguagem não-verbal (especialmente corporal).

No acesso a informação

De buscar e pesquisar a informação em qualquer um dos meios em que esteja armazenada, de memorizar a informação essencial e de uso constante e de organizar e arquivar a informação e de localizar e recuperar com facilidade e rapidez a informação não memorizada.

Na análise da informação

De analisar criticamente e avaliar a informação textual, numérica, estatística, gráfica, sonora e visual, de raciocinar logicamente, de perceber padrões, conformações, tendências, analogias, sutilezas, ironias, sarcasmo, humor, etc.

Resumindo, as competências e habilidades serão escolhidas de acordo com os diagnósticos cognitivos e comportamentais realizados pela equipe docente. Os livros paradidáticos poderão ser escolhidos de acordo com as dificuldades comportamentais dos alunos. Algumas séries poderão ler obras sobre a importância do respeito e, assim, sucessivamente.

4º) levantamento das estratégias, bibliografia e material de apoio – podem ser usados livros paradidáticos, vídeos, blogs literários, seminários, paródias musicais, teatro, exposições, campanhas, sebo, biblioteca volante, sensibilizações, etc.

Resumindo, as estratégias deverão ser selecionadas pelo corpo docente de acordo com as habilidades e competências escolhidas pela equipe, após o diagnóstico. As estratégias se remetem as ações práticas que são capazes de desenvolver as competências e habilidades escolhidas pela equipe para sanar as dificuldades de aprendizagem dos alunos.

5º) ações práticas – as diversas estratégias escolhidas para o desenvolvimento das habilidades e competências permitem ações práticas dentro e fora da sala de aula e o envolvimento de toda a comunidade escolar. As apresentações orais e escritas, as campanhas, as paródias, o teatro, etc., podem e devem ser levados à apreciação da comunidade como um todo, permitindo uma maior integração da família com a escola.

6º) avaliação múltipla – as diversas estratégias escolhidas para o desenvolvimento das competências e habilidades proporcionam a realização de atividades diversas que devem ser avaliadas durante o processo, remetendo o professor a fazer uma avaliação múltipla de todo o processo de ensino.

Todas as disciplinas comprometidas em desenvolver as mesmas habilidades e competências acabam envolvendo conceitos, procedimentos e atitudes em comum:

- ler, interpretar e resumir diversos tipos de textos e imagens de jornais e revistas; expressar verbalmente diversos tipos de textos; produzir blog literário; produzir murais, cartazes, álbum seriados, vídeos, programas de rádio e TV; participar de dinâmicas de sensibilização; coletar dados por meio de pesquisas e observações; observar e analisar fatos e situações e retratá-los de forma verbal e escrita; levantar hipóteses e discuti-las; produzir diversos tipos de texto; construir maquetes; montar painéis; utilizar a mímica, o sarau, a performance, a dramatização, o teatro como forma de expressão, comunicação e expressão coletiva; elaborar textos com base no autoconhecimento, na auto-estima e na autoconfiança; opinar segundo dados coletados nas pesquisas; ler diferentes tipos de textos: história, charadas, et., compreender a

produção artística como meio de reflexão; desenvolver a autoconfiança e a auto-estima; apreciar a própria produção e de seus colegas; valorizar a troca de idéias e opiniões; desenvolver posicionamentos pessoais em relação aos vários tipos de comportamento; cooperar com os colegas; expressar idéias, sentimentos e respeitar os dos colegas.

Após estes passos, concluindo com os conceitos, procedimentos e atitudes, possivelmente as dificuldades de leitura serão minimizadas. Para facilitar as atividades colocamos uma lista de habilidades que devem ser desenvolvidas ao longo do ensino fundamental.

Lista de algumas habilidades conceituais, procedimentais e

atitudinais:

Identificar Tornar igual, fazer-se reconhecer. Não é um comportamento observável, por isso deve-se evitar o uso deste termo em planejamento e nas avaliações.

Classificar Distribuir em classes e nos respectivos grupos de acordo com o método ou sistema, determinar em que classe, ordem, família, gênero ou espécie pertence e arrumar.

Descrever Representar alguém ou algo por escrito e oralmente, no seu todo ou em detalhes, contar detalhes, oferecer uma descrição objetiva, sistemática e abrangente da estrutura de uma língua.

Comparar Relacionar coisas animadas e inanimadas, concretas ou abstratas, para procurar as relações de semelhança ou disparidade que existem entre elas, equiparar.

Conhecer Perceber e incorporar a memória algo, ficar sabendo, adquirir informações, tomar ou ter consciência. Não é um comportamento observável, cuidar nas avaliações.

Explicar Tornar claro, inteligível, fazer entender, expor, explanar, ensinar, esclarecer, solucionar.

Relacionar Fazer relação de, discriminar causas e efeitos, antecedentes e conseqüências, expor por meio da escrita ou oralmente, estabelecer relações ou analogia entre coisas diferentes.

Situar Colocar-se em determinado lugar, estabelecer-se de forma permanente, assentar, construir, determinar lugar certo, localizar, assinalar, tomar posição.

Lembrar Trazer a memória, guardar ou ter na lembrança, fazer vir ao espírito por associação de idéias, advertir, prevenir, recomendar, memorar.

Analisar Fazer análise de, separar um todo em seus elementos e ou partes componentes, investigar, examinar minuciosamente, criticar, comentar, avaliar.

Generalizar Tornar-se geral, tornar-se comum a muitas pessoas ou em muitos locais, tornar mais amplo, dar maior extensão a, afirmar que algo é verdadeiro em grande parte de situações ou para a maioria das pessoas.

Comentar Tornar inteligível ou interpretar por meio de comentário escrito ou falado, conversar sobre, discutir acerca de, fazer uma apreciação crítica.

Interpretar Determinar o significado preciso de, adivinhar o significado de algo por indução, dar certo sentido a, entender, julgar.

Esboçar Desenhar os contornos de, delinear, tracejar, criar um projeto, planejar, exibir, mostrar de maneira sutil.

Tirar conclusões

Processo ou efeito de levar a termo, finalizar, finalização, resultado final, parte (de uma obra literária, argumentação, aula, etc.) a qual apresenta o essencial daquilo que foi anteriormente exposto ou do que se crê provado ou explicitado, ensinamento que se extrai de um texto ou fato, entendimento, dedução, opinião.

Indicar Fazer com que, por meio de gestos, sinais, símbolos, algo ou alguém seja visto designar, assinalar, mostrar, dar sugestões acerca de, informar sobre, orientar, recomendar com precisão.

Enumerar Contar um a um, designar, indicar por números, relacionar com método, especificar, particularizar, expor de modo esmiuçado, recapitular, resumir, diferenciar por traços especiais, especificar.

Resumir Condensar em poucas palavras, fazer sinopse de, sintetizar, concentrar.

Reunir Reunir, compor conjuntos a partir de elementos, recompor.

Manejar Manobrar, ter autoridade sobre, dirigir, controlar, manipular, conduzir, gerenciar, ter conhecimento de, praticar com facilidade.

Confeccionar Criar, elaborar, fazer.

Utilizar Empregar, aplicar, tornar útil, aproveitar.

Construir Criar algo juntando materiais variados em determinada forma seguindo determinado projeto, fazer um trabalho

de criação mental, elaborar.

Aplicar Sobrepor, por em prática, empregar doutrina ou teoria, adequar, adaptar uma coisa outra, ministrar.

Conceituar Desenvolver conceitos de modo lógico e operacional.

Coletar Recolher e juntar para análise.

Representar Figurar como símbolo, aparecer numa outra forma, encenar, substituir, estar no lugar de, expor verbalmente ou por escrito.

Observar Considerar-se com atenção, estudar, olhar com minúcia buscando chegar a um julgamento, a uma conclusão, atentar para ou fazer atentar para.

Experimentar Ensaiar, ter conhecimento de, avaliar, por em prática, por a prova, tornar-se experiente.

Testar Transmitir, dar testemunha, submeter a teste, por a prova, experimentar, sondar.

Elaborar Preparar com atenção, organizar com grande cuidado, realizar a custa de esforço ou trabalho, aplicar com afinco.

Seriar Ordenar segundo critérios, seriar cronologicamente, seguir seqüências.

Simular Fazer parecer real o que por si não é, representar, imitar, dissimular, reproduzir da forma mais exata possível.

Demonstrar Tornar evidente por meio de provas, comprovar, expressar, expor, mostrar a título de ilustração, fazer ver.

Provar Justificar, esclarecer, defender idéias, ideais, opiniões.

Julgar Avaliar, criticar, apreciar, discutir. Argumentar Expressar idéias, ideais e opiniões com base na análise de

fatos e conhecimentos adquiridos.

Deduzir Compreender relações, justificar, demonstrar.

Induzir Propor hipóteses, comprovar pela experiência, observar, experimentar.

Reconstruir Tornar a construir, formar novamente, reorganizar, reformar, recompor, reconstruir.

Planejar Organizar plano ou roteiro de, programar, ter a intenção de.

Compor Dar forma, alinhar, reproduzir um texto em caracteres tipográficos, juntar letras ou palavras, escrever, harmonizar-se.

Localizar Localizar no tempo e no espaço fenômenos, fatos e situações.

Atitude Posição assumida, postura, maneira de agir em relação à

pessoa, objeto, situação, etc., orientação ou norma de proceder, tomar uma decisão enérgica para mudar uma situação insatisfatória que já pendura há algum tempo.

Respeitar Ter em consideração, demonstrar acatamento ou obediência a, cumprir, observar, não perturbar.

Tolerar Suportar com indulgência, permitir, aturar.

Apreciar Avaliar, julgar, por sob exame, considerar, ponderar, dar valor a, admirar.

Ponderar Examinar com atenção e minúcia, ter atenção sobre, pensar muito sobre, refletir, meditar, mencionar algo em defesa de.

Aceitar Consentir em receber, estar de acordo com, conformar-se com, sujeitar-se a, aderir a, reconhecer, admitir.

Praticar Fazer, realizar, por em prática, exercitar-se, executar rotineiramente, estudar, treinar, ensinar por meio de conversas.

Reagir Exercer reação contra, lutar, resistir, protestar.

Ser consciente

Saber dividir, separar com maestria, ter grande habilidade técnica.

Estar Ter ou apresentar certa condição, marcar presença, comparecer, ficar, permanecer, combinar ou não com outros elementos de um contexto, fazer parte, pertencer, sentir disposição ou inclinação.

Sensibilizar Tornar-se sensível a, tornar receptivo a emoções, ligar por ato solidário, impressionar vivamente, tornar-se emocionalmente consciente e compreensivo.

Preocupar-se Dar ou ter cuidados, tornar-se apreensivo, prender ou ter a atenção, fazer questão de, dar importância a.

Assumir Tomar para si, alcançar, entrar no papel de, revelar, declarar.

Cooperar Atuar juntamente com outros para um mesmo fim, contribuir com trabalhos, esforços, auxílio.

Agir Tomar providências, atuar, fazer, exercer atividade, comportar-se, conduzir-se.

Perceber Adquirir conhecimento por meio dos sentidos, ver, enxergar com bastante nitidez, ouvir em clareza, captar algo com Inteligência, formar idéia a respeito de, conhecer por intuição ou perspicácia psicológica.

Sentir Ter a sensação de, perceber por meio de qualquer órgão dos sentidos, ter ou tornar consciência de uma impressão

íntima, ser sensível a, deixar-se impressionar por, pressentir.

Inclinar-se Desviar-se da linha reta, vertical ou horizontalmente, curvar-se, direcionar-se para baixo, declinar, dar-se por vencido, prosternar-se por respeito ou medo, tornar-se propenso a, ter tendência ou disposição a.

COMPETÊNCIAS:

COMPETÊNCIA NA:

DESCRIÇÃO

Na absorção da informação

Habilidade em bem utilizar os sentidos e de aprimorar a acuidade dos sentidos (aprender a perceber), em entender e interpretar corretamente a linguagem corporal e de entender a linguagem verbal falada e escrita e desenvolvimento da capacidade de ler com compreensão e rapidez.

Na transmissão da informação

Habilidade de se expressar bem em língua materna falada e escrita, de se expressar bem em língua estrangeira e de expressar bem por meio da linguagem não-verbal (especialmente a corporal).

No acesso a informação

Habilidade de buscar e pesquisar a informação em qualquer um dos meios em que esteja armazenada, de memorizar a informação essencial e de uso constante, de organizar e arquivar a informação e de localizar e recuperar com facilidade e rapidez a informação não memorizada.

Na análise da informação

Habilidade de analisar criticamente e avaliar a informação textual, numérica, estatística, gráfica, sonora e visual, de raciocinar logicamente, de perceber padrões, conformações, tendências, analogias, sutilezas, ironias, sarcasmo, etc.

Epistemológica, ética e estética

Habilidade de diferenciar questões que envolvam o verdadeiro, o bom, o certo e o belo e de discernir critérios adequadamente, o verdadeiro do falso, o bom (certo) do mau (errado) e o belo do feio, de aplicar esses critérios no dia-a-dia e de agir e viver coerentemente com os seus princípios.

No relacionamento interpessoal

Habilidade de compreender o funcionamento do mundo físico, o comportamento de seres vivos, de compreender o ser humano, no plano individual e

social, de compreender as manifestações culturais do ser humano e o poder transformador dos sonhos e da utopia.

No plano pessoal

Habilidade de decidir, com base em princípios, e de agir, no momento oportuno, de acordo com as decisões tomadas, de solucionar problemas e de gerenciar mudanças.

No gerenciamento a longo prazo da vida

Habilidade de planejar projetos de vida e as estratégias para alcançá-los, de administrar o tempo, distinguir o importante do urgente, priorizar atividades e de reconhecer erros e aprender com eles.

Segundo Perrenoud, as principais habilidades e competências são: saber identificar, avaliar e valorizar suas possibilidades, seus direitos, seus limites e suas necessidades; saber formar e conduzir projetos e desenvolver estratégias, individualmente ou em grupo; saber analisar situações, relações e campos de força de forma sistêmica; saber cooperar, agir em sinergia, participar de uma atividade coletiva do tipo democrático; saber gerenciar e superar conflitos; saber conviver com regras, servir-se delas e elaborá-las; saber construir normas negociadas de convivência que superem as diferenças culturais.

Os alunos precisam armazenar diariamente uma quantidade imensa de informações, conceitos de diversas áreas para que a aprendizagem aconteça, de forma que nada é aprendido sem o uso da memória. É fundamental aprender e lembrar-se do que aprendeu. Muitas vezes os alunos não têm uma memória ruim e nem falta de memória. O que falta é um método ou estratégia para o registro e resgate de informações. A memória, muitas vezes, trabalha com o registro de imagens e de desenhos e não por palavras. Grifar textos ajuda a desenvolver as habilidades para ser competente na comunicação.

Exemplo: Podemos achar nosso planeta muito importante, porque vivemos

nele. Mas não é bem assim, e tudo isso foi descoberto há muito pouco tempo. A terra. Como os outros planetas, faz parte do sistema solar. É classificado como um planeta de média dimensão e sua órbita é o terceira em relação ao sol.

Já sabemos que o sol não está parado no espaço e desloca-se em direção a um ponto que foi chamado de solstício. A terra, ao acompanhar o sol, desloca-se para esse ponto realizando um movimento indireto, chamado translação, que é movimento que a terra realiza ao redor do sol, criando as estações do ano: primavera, verão, outono e inverno.

Ao resumir o que foi grifado, o aluno chega a este texto: A terra faz parte do sistema solar, é um planeta de média

dimensão. É o terceiro em relação ao sol. A terra acompanha o sol e realiza um movimento indireto chamado de translação que o movimento que a terra realiza ao redor do sol.

Para ativar a memória um conteúdo deve ter coerência. A memória é ativada quando existem três aspectos reunidos, ou seja, coerências (valor), motivação (querer aprender) e emoção (tudo que é desprovido de emoção leva a uma breve retenção na memória). Sendo assim, a sala de aula deve ser um local de trocas, de afeto, de alegria, espontaneidade, respeito às diferenças individuais, serenidade, os conteúdos não devem ser transmitidos em períodos muito longos.

O aluno tem uma capacidade curta de atenção, ou seja, em média um minuto e meio para cada ano de vida. Uma criança de dez anos tem uma capacidade de concentração efetiva de, mais ou menos, quinze minutos. Mas a aula dura de 40 a 50 minutos? Para isto devemos segmentá-la em espaços curtos variando as atividades, usando palavras chave e estratégias mnemônicas (pistas). O aluno não joga para o seu cérebro aquilo que pode ser jogado para a agenda ou para o caderno.

O aluno deve ter as seguintes habilidades no contexto escolar: - participar ativamente de grupos, ajudar os outros na solução de

problemas, resolver problemas pelos seus próprios meios, procurar ajuda das pessoas e em outros materiais, usar estratégias convencionais e criativas na resolução de problemas, justificar suas respostas e registrar e socializar seus conhecimentos;

- expor com facilidade idéias e conhecimentos, expõe sínteses de jornais, revistas e livros, formular perguntas e respostas com clareza, expor e defender suas idéias em público, ler em voz alta, saber a hora certa de falar e agir, concentrar-se em quem fala, ouvir histórias;

- identificar em materiais escritos o texto, título, autor, gênero e ilustração, usar inferência, socializar sua leitura, perceber a intencionalidade dos autores, identificar semelhanças e diferenças nos diferentes contextos, ter domínio da ortografia, gramática e pontuação, distinguir narrador de personagem, caracterizar personagens e ambientes, empregar esquemas temporais básicos, segmentar textos em parágrafos e empregar mecanismos básicos de concordância nominal e verbal.

De acordo com as inteligências múltiplas, as habilidades e

capacidades necessárias são:

Inteligência Capacidade Habilidade

Espacial Perceber formas e objetos, imaginar movimentos, regular o sentido de lateralidade e direcionalidade, aperfeiçoar a coordenação motora e a percepção do corpo no espaço.

Localizar-se no espaço e tempo, comparar, observar, deduzir, relatar, combinar, transferir.

Físico-cinestésico

Usar o próprio corpo de maneira diferenciada e hábil para propósitos específicos, manusear objetos e envolve a motricidade.

Comparar, medir, relatar, transferir, demonstrar, interagir, sintetizar, interpretar, classificar.

Interpessoal Perceber e compreender os sentimentos e desejos dos outros e sentir empatia pelo outro.

Interagir, perceber e autoconhecer-se.

Intrapessoal Auto-estima e automotivação. Interagir, perceber e autoconhecer-se.

Lingüística Codificar e decodificar um código lingüístico, entendendo sua mensagem, relacionar significante ao significado, contextualizando-os, ordenar palavras e dar sentido as descrições e narrações.

Descrever, narrar, avaliar, concluir, observar, comparar, relatar, sintetizar, relacionar.

Lógico-matemática

Facilidade para o cálculo, para a percepção da geometria espacial e prazer para resolver problemas, charadas, senhas e jogar xadrez.

Enumerar, seriar, deduzir, medir, comparar, concluir, provar, relacionar, seqüenciar, ordenar.

Musical Identificar diferentes sons percebendo a sua intensidade e direcionalidade, reconhecer sons naturais, perceber a diferença entre som, melodia, ritmo, timbre e freqüência.

Observar, identificar, relatar, reproduzir, conceituar, combinar.

Naturalista Observar o meio ambiente com suas diferenças e semelhanças e diferentes

Relatar, demonstrar, selecionar, diferenciar, levantar hipóteses,

espécies de fauna e flora. classificar e revisar.

Pictórica Expressar-se pelo traço, desenho, caricatura, dar movimento e beleza para desenhos e pinturas e desenvolver a função visual.

Observar, desenhar, pintar, refletir, reproduzir, transferir, criticar e concluir.