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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA
O IMPACTO DA PARTICIPAÇÃO MANDATÓRIA DA
PETROBRAS NAS ÁREAS DO PRÉ-SAL SOBRE AS
RECEITAS DO TESOURO: UMA ABORDAGEM
FUNDAMENTADA NA TEORIA DOS JOGOS
GGUUIILLHHEERRMMEE IIZZIIDDOORROO AANNDDRRAADDEE SSIILLVVAA LLEESSSSAA
ORIENTADOR: PROF. DR. OSMANI TEIXEIRA DE CARVALHO GUILLÉN
Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2012.
“O IMPACTO DA PARTICIPAÇÃO MANDATÓRIA DA PETROBRAS NAS ÁREAS
DO PRÉ-SAL SOBRE AS RECEITAS DO TESOURO: UMA ABORDAGEM
FUNDAMENTADA NA TEORIA DOS JOGOS”
GUILHERME IZIDORO ANDRADE SILVA LESSA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Teoria dos Jogos.
ORIENTADOR: PROF. DR. OSMANI TEIXEIRA DE CARVALHO GUILLÉN
Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2012.
“O IMPACTO DA PARTICIPAÇÃO MANDATÓRIA DA PETROBRAS NAS ÁREAS
DO PRÉ-SAL SOBRE AS RECEITAS DO TESOURO: UMA ABORDAGEM
FUNDAMENTADA NA TEORIA DOS JOGOS”
GUILHERME IZIDORO ANDRADE SILVA LESSA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Teoria dos Jogos.
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor Dr. Osmani Teixeira de Carvalho Guillén (Orientador) Instituição: IBMEC / RJ _____________________________________________________
Professor Dr. Jose Valentim Machado Vicente Instituição: IBMEC / RJ _____________________________________________________
Professor Dr. Alexandre Barros da Cunha Instituição: UFRJ
Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2012.
FICHA CATALOGRÁFICA Prezado aluno (a), Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou seja, quando não faltar mais nenhuma alteração a ser feita para o e-mail [email protected], colocando no assunto: FICHA CATALOGRÁFICA - MESTRADO. Enviaremos a ficha catalográfica o mais breve possível para o seu e-mail (se possível em até 72 horas). 1) Nome completo; 2) Título e subtítulo (se houver e separados); 3) Ano da defesa; 4) Área de concentração: 5) Assunto principal (contextualizado); 6) Assuntos secundários; 7) Palavras-chave, e 8) Resumo (se possível) 9) Curso (Mestrado profissionalizante em ...) Ou envie os anexos contendo a página de rosto e a do resumo, além da área de concentração.
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Agnaldo e Rita, por todo incentivo, apoio e ensinamentos, que me proporcionaram chegar aqui e almejar seguir além; à minha avó, Iralina, e minha tia, Adna, pelas orações e incentivo; à minha namorada, Rebecca, por ter permanecido ao meu lado todo o tempo. Aos professores Osmani Guillén e Alexandre Cunha, pelas críticas, sugestões e ensinamentos, fundamentais para a realização deste projeto. Por fim, e não menos importante, à Petróleo Brasileiro SA – PETROBRAS, pela oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional.
iv
RESUMO
O objetivo deste projeto é avaliar como a implantação do Regime de Partilha de Produção
determinado pela Lei 12.351/10 para licitação de áreas do pré-sal e outras áreas estratégicas,
que determina a participação mandatória da Petrobras, impacta a receita do Tesouro. Para tal,
foi construído um modelo de leilão, com base na Teoria dos Jogos e na supracitada Lei, tendo
como participantes a Petrobras e um segundo jogador genérico. Como resultado, concluiu-se
que a magnitude da participação mandatória da Petrobras somente influencia a receita do
Tesouro quando o jogador genérico avalia o objeto do leilão a um valor a maior que a
Petrobras; adicionalmente, concluiu-se que a receita do Tesouro é também impactada pela
magnitude da diferença entre as avaliações do objeto do leilão pelos jogadores, exceto quando
ambos possuem avaliações equivalentes.
Palavras Chave: petróleo; pré-sal; Regime de Partilha de Produção; leilão; Teoria dos Jogos.
v
ABSTRACT
The object of this work is to evaluate how the implementation of the Product Share Model
settled by the Law 12.351/10 to the bidding of pre-salt layers and other strategic areas, that
determines the mandatory participation of Petrobras, impacts the Treasury revenue. For this,
an auction model was made, based on Game Theory and on the mentioned Law, having as
players Petrobras and a second generic player. As a result, was concluded that the magnitude
of the Petrobras’ mandatory participation only influence the Treasury revenue when the
generic player evaluate the auction’s object with a greater value than Petrobras; furthermore,
was concluded that the Treasury revenue is also impacted by the magnitude of the difference
between the players evaluation of the auction’s object, except when both players have the
same evaluation.
Key Words: oil; pre-salt layer; Product Share Model; auction; Game Theory.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Receita do Tesouro – Hipótese 1. ............................................................................39
Figura 2 - Receita do Tesouro – Hipótese 2. ............................................................................40
Figura 3 - Receita do Tesouro – Hipótese 3. ............................................................................42
Figura 4 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 1...................................................46
Figura 5 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 2...................................................47
Figura 6 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 3...................................................49
vii
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.1 (equilíbrio “geral”). ...................19
Tabela 2 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.1 (equilíbrio "excepcional"). ........20
Tabela 3 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.2....................................................21
Tabela 4 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.3 (equilíbrio “geral”). ...................22
Tabela 5 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.3 (equilíbrio “excepcional”). ........23
Tabela 6 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item IV.2.1 (equilíbrio “geral”). ...................29
Tabela 7 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item IV.2.1 (equilíbrio “específico”)............30
Tabela 8 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item IV.2.2....................................................33
Tabela 9 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item IV.2.3....................................................34
Tabela 10 - Histórico de Dividendos da Petrobras (2005 - 2010). ...........................................44
Tabela 11 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 1. ...............................................45
Tabela 12 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 3. ...............................................48
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO...................................................................................................................10
II. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA.............................................................................13
III. UM MODELO SIMPLES ...............................................................................................16
III.1. PREMISSAS................................................................................................................................................... 16
III.2. RESULTADOS OBTIDOS ............................................................................................................................... 18 III.2.1. HIPÓTESE 1 – V MAIOR QUE VA B ........................................................................................................ 18 III.2.2. HIPÓTESE 2 – V E V EQUIVALENTESA B ............................................................................................... 21 III.2.3. HIPÓTESE 3 – V MENOR QUE VA B ....................................................................................................... 22
III.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................................................ 24
IV. ANÁLISE DO PROBLEMA...........................................................................................25
IV.1. PREMISSAS ................................................................................................................................................... 25
IV.2. RESULTADOS OBTIDOS................................................................................................................................ 28 IV.2.1. HIPÓTESE 1 – V MAIOR QUE VA B ........................................................................................................ 28 IV.2.2. HIPÓTESE 2 – V E V EQUIVALENTESA B ............................................................................................... 32 IV.2.3. HIPÓTESE 3 – V MENOR QUE VA B ....................................................................................................... 33
III.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................................................ 35
IV.4. RECEITA DO TESOURO ................................................................................................................................ 36 IV.4.1. FUNÇÃO DA RECEITA DO TESOURO .................................................................................................... 36 IV.4.2. RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 1 ................................................................................................. 37 IV.4.3. RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 2 ................................................................................................. 39 IV.4.4. RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 3 ................................................................................................. 41
V. UM EXERCÍCIO QUANTITATIVO..............................................................................43
V.1. MENSURAÇÃO DAS VARIÁVEIS ..................................................................................................................... 43 V.1.1. MENSURAÇÃO DE ............................................................................................................................... 43 V.1.2. RELAÇÃO ENTRE V e VA B .................................................................................................................... 44
V.2. QUANTIFICAÇÃO DA RECEITA DO TESOURO ............................................................................................... 45 V.2.1. QUANTIFICAÇÃO DA RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 1 ................................................................ 45 V.2.2. QUANTIFICAÇÃO DA RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 2 ................................................................ 47 V.2.3. QUANTIFICAÇÃO DA RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 3 ................................................................ 48
VI. CONCLUSÃO ..................................................................................................................50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................52
ix
I. INTRODUÇÃO
Com a descoberta do pré-sal como área de enormes reservas em potencial de petróleo,
gás natural e outros hidrocarbonetos, o Governo iniciou estudos e discussões para revisão das
regras de exploração de petróleo no país. Como resultado desta revisão, em 22 de dezembro
de 2010, foi promulgada a Lei 12.351, que implementa o Regime de Partilha de Produção
como modelo de exploração para o pré-sal.
Neste modelo, o Governo atua como proprietário dos campos de petróleo situados na
área do pré-sal, contratando uma sociedade, por meio de leilão, para execução do serviço de
exploração. A sociedade, então, é remunerada com uma parcela da produção realizada. No
entanto, conforme a Lei 12.351, esta sociedade contará com a participação mandatória da
Petrobras, definida anteriormente à contratação da referida sociedade.
Miller (2003) expõe que a adoção de leilões é útil à parte vendedora, pois
automaticamente ajusta o preço de compra com base nos interesses dos compradores. Fiani
(2009), por sua vez, destaca como uma das principais questões quando do desenho de um
mecanismo de leilão a garantia de que o leiloeiro obtenha a maior utilidade possível.
No entanto, no caso em análise, o Governo – leiloeiro – possui participação acionária
na Petrobras, o que gera uma receita adicional ao Tesouro em forma de dividendos. Assim, o
resultado do leilão não é o único fator determinante para o Governo. O objetivo desta
10
dissertação é, portanto, avaliar o impacto da participação mandatória da Petrobras para a
receita do Tesouro quando da exploração de petróleo nas áreas do pré-sal.
Para realização desta avaliação, foi utilizado como ferramental a Teoria dos Jogos,
especificamente o ramo de Teoria dos Leilões. Dixit e Nalebuff (1991), Miller (2003), Fiani
(2009) e diversos outros autores já expuseram de forma bastante clara os diferentes
mecanismos de leilão, bem como as particularidades de cada um destes mecanismos.
O modelo de análise utilizado consiste em um leilão fechado de primeiro preço, tendo
como jogadores um participante genérico e a Petrobras. Importante ressaltar a contribuição de
McMillan (1992) à análise de leilões fechados; em sua obra “Games, Strategies, &
Managers”, o autor expõe os riscos associados à apresentação de lances neste modelo de
leilão.
Para esta dissertação, foram analisadas três hipóteses distintas, decorrentes da relação
entre a valoração do objeto de leilão pelos jogadores. Verificou-se que a magnitude da
participação mandatória atribuída à Petrobras influencia diretamente a receita do Tesouro para
a hipótese em que o jogador genérico avalia o objeto do leilão com um valor superior à
avaliação da Petrobras.
Nas demais hipóteses, referentes à avaliação do objeto do leilão em valor equivalente
por ambos os jogadores e à avaliação em valor inferior pelo jogador genérico, a magnitude da
participação mandatória à Petrobras não influencia a receita do Tesouro diretamente.
O restante desta dissertação está organizado da seguinte maneira: no Capítulo II,
apresenta-se a motivação deste trabalho e as premissas que o permeiam, incluindo as
diretrizes do Regime de Partilha de Produção; no Capítulo III, apresenta-se um modelo
11
simples de leilão fechado, para introdução do mecanismo a ser explorado no Capítulo IV,
onde se trabalha o modelo para análise do problema proposto e apresenta-se o resultado do
leilão para cada hipótese analisada; no Capítulo V, estes resultados são utilizados para
mensuração e comparação da conseqüente receita do Tesouro; por fim, no Capítulo VI, são
apresentadas as considerações finais sobre esta dissertação.
12
II. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
A Constituição Federal estabelece como propriedade da União os recursos minerais
existentes em território brasileiro. Adicionalmente, a Constituição confere ao Governo a
autoridade para determinação da forma de condução da pesquisa e lavra de jazidas de
petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos.
Com isso, em 15 de setembro de 1997, foi promulgada a Lei 9.478, que estabeleceu o
modelo de Regime de Concessão para a atividade de exploração de petróleo no país. Neste
modelo, o petróleo é transferido de propriedade do Governo para um concessionário, entidade
que adquire o direito à exploração de uma determinada área previamente delimitada.
Cabe ao concessionário, então, remunerar o Governo, o que ocorre por meio de três
fontes. A primeira forma de remuneração ocorre anteriormente ao exercício da atividade. Ao
adquirir o direito de exploração de um determinado campo de petróleo, o concessionário paga
ao Governo o chamado bônus de assinatura, em valor definido por meio de leilão.
Posteriormente ao início da produção, o concessionário remunera o Governo por meio
de royalties e de participação especial. Os royalties correspondem a uma parcela obrigatória,
determinada como um percentual da produção do campo. A participação especial, por sua
vez, corresponde a uma parcela adicional aos royalties, somente aplicável a campos de alta
produtividade.
13
No entanto, é válido ressaltar que o cenário da indústria do petróleo em 1997, ano de
implementação da legislação acima. Entre 1995 e 1997, o preço do barril de petróleo tipo
Brent (referência para o mercado europeu) oscilou entre US$ 15 e US$ 20, atingindo, em
dezembro de 1998, o valor de US$ 10.
Em função dos preços e da instabilidade do mercado, a exploração de petróleo neste
período era considerada uma atividade de alto risco e baixo retorno. Dessa forma, a legislação
aprovada pelo Governo buscava gerar incentivos para atração de investimentos para o
desenvolvimento da atividade.
A partir de 1999, a indústria iniciou sua reação, elevando gradativamente os preços do
petróleo e de seus derivados e mantendo o mercado relativamente estável. Apesar da
considerável mudança, somente com a descoberta do pré-sal o Governo brasileiro direcionou
esforços para revisão da legislação vigente.
O pré-sal brasileiro corresponde a uma área de 800 quilômetros de extensão por até
200 quilômetros de largura, que percorre o litoral do Espírito Santo até Santa Catarina. Há a
expectativa, demonstrada nos primeiros testes exploratórios, de que os campos do pré-sal
possuam baixo risco de exploração e petróleo de alta qualidade.
Com isso, em 22 de dezembro de 2010, o Governo Federal promulgou a Lei 12.351,
por meio da qual implementa o modelo de Regime de Partilha de Produção para exploração
do pré-sal e outras áreas consideradas estratégicas. É válido salientar que desde então, e até o
fim de 2011, não houve campos de petróleo licitados sob este modelo.
No Regime de Partilha de Produção brasileiro, o petróleo permanece como
propriedade do Governo, que contrata uma entidade para a execução do serviço de
14
exploração. Assim como para o Regime de Concessão, a contratação da empresa que
executará a atividade de exploração se dará por meio de leilão.
Neste Regime, o vencedor da licitação atua na exploração de um determinado campo,
e o petróleo produzido é repartido entre Governo e empresa. Portanto, cabe ao Governo
remunerar a empresa prestadora de serviço, o que ocorre por meio do repasse de uma parcela
da produção, previamente acordada na licitação para exercício da atividade.
O modelo brasileiro, no entanto, apresenta uma característica extremamente relevante
para sua aplicação. Pela Lei 12.351, a empresa Petróleo Brasileiro SA – Petrobras será
operadora de todos os blocos contratados pelo Regime de Partilha, sendo-lhe assegurada uma
participação mínima em cada um dos campos, participação esta não inferior a 30%.
Esta participação atribuída à Petrobras anteriormente à licitação do campo lhe confere
responsabilidade sobre todos os custos e receitas da atividade exploratória. Dessa forma, a
Petrobras terá que corresponder inclusive, e na mesma proporção, os valores negociados pelo
vencedor da licitação para exercício da atividade.
O ponto de motivação deste projeto é, portanto, os impactos decorrentes da atribuição
da participação obrigatória da Petrobras nos campos licitados. Adiante, serão analisados os
reflexos desta característica para o resultado da licitação para exercício da atividade, bem
como para a receita a ser recebida pelo Governo.
15
III. UM MODELO SIMPLES
III.1. PREMISSAS
A análise do problema proposto será iniciada a partir da apresentação de um modelo
preliminar. Por meio deste modelo, serão considerados os mesmos jogadores e estratégias do
jogo principal, a ser explorado posteriormente, porém em meio a uma dinâmica simplificada,
para introdução do mecanismo de leilão.
Este modelo simples consiste em um leilão fechado de primeiro preço. Os jogadores
apresentam seus lances simultaneamente, sem possibilidade de incrementos posteriores. O
jogador com o maior lance é declarado vencedor do leilão, e paga ao leiloeiro o valor de seu
lance. Por simplificação, o jogador B será considerado vencedor em caso de empate de lances.
Com isso, é proposto um jogo composto por 2 jogadores: um jogador genérico,
denotado como jogador A; e a Petrobras, denotada como jogador B. Estes jogadores
participarão de um leilão promovido pelo Governo para aquisição de um dado campo de
petróleo. Cada jogador possui uma avaliação própria deste campo, denotada como Vi.
O conjunto de estratégia de cada jogador i (Si) corresponde às possibilidades de lances
a serem ofertados. Dado que os jogadores são racionais, os lances possíveis dos jogadores são
16
limitados à sua avaliação do campo (Vi). Assim, em notação formal, jogadores e estratégias
podem ser descritos da seguinte forma:
!BA,"#
! $%" AAA SVS ,,,1,0
! $%" BBB SVS ,,,1,0
Para solução do modelo, é necessário definir o equilíbrio do jogo. Neste modelo, será
considerado o Equilíbrio de Nash, definido como o conjunto de estratégias no qual ambos os
jogadores apresentam suas melhores respostas dado o movimento de seu oponente, de forma
que um jogador não possui incentivo para, unilateralmente, alterar sua estratégia.
O payoff do vencedor do leilão é dado pela diferença entre sua avaliação do campo e o
lance ofertado. Uma vez que não são imputados custos de participação no leilão, o payoff do
participante que não vence o leilão é nulo. Em notação formal, as funções de payoff (Ui) dos
jogadores A e B – dados os lances sA e sB – são descritas da seguinte forma:
& '()
(*+
,
-."
BA
BAAA
BAAssse
sssesV
ssU,0
,,
& '()
(*+
,.
-"
BABB
BA
BABsssesV
ssse
ssU,
,0,
Os jogadores possuem incentivos para apresentar um determinado lance somente
quando o payoff obtido por uma eventual vitória for superior que o payoff por uma eventual
17
derrota. Conhecendo a função de payoff dos jogadores, e em virtude da simetria destas
funções, a relação de incentivo pode ser descrita da seguinte forma:
iiii sVsV -/-. 0
Assim, os jogadores somente possuem incentivos para apresentar lances inferiores ao
seu valor de avaliação Vi. O lance equivalente a Vi torna nulo o payoff obtido em caso de
uma eventual vitória, levando o jogador a ser indiferente a participar do leilão.
VB.
Adicionalmente, dado que as funções de payoff são lineares e decrescentes, os ganhos
dos jogadores são maximizados quando vencem o leilão pelo menor lance possível. Com isso,
dado que os jogadores possuem incentivos para apresentar lances menores que seu valor de
avaliação, o equilíbrio do jogo depende estritamente da relação entre os valores VA e VB.
Por esta razão, este modelo será desenvolvido para três hipóteses, decorrentes da
relação entre VA e VB. Na hipótese 1, será considerada a relação VA maior que VB; na
hipótese 2, a igualdade entre VA e VB; por fim, na hipótese 3, a relação VA menor que VB.
III.2. RESULTADOS OBTIDOS
III.2.1. HIPÓTESE 1 – VA MAIOR QUE VB
Sem prejuízo à avaliação, a análise do equilíbrio do jogo será iniciada pelo jogador A.
Conhecendo a função de payoff e as possíveis estratégias do jogador B, o jogador A antecipa
que seu oponente possui incentivo para igualar seus lances até o valor equivalente à (VB – 1).
Também antecipa que o jogador B se torna indiferente ao leilão para o lance equivalente a
18
O jogador B, por sua vez, antecipa que o jogador A possui incentivo para superar
qualquer estratégia sB. Este incentivo é válido inclusive para o lance equivalente a VB, valor
para o qual o jogador B torna-se indiferente ao leilão.
Com isso, verifica-se que o valor VB corresponde ao menor valor no qual apenas um
dos jogadores possui incentivo para apresentar lance. Para demonstração do equilíbrio para a
hipótese 1, será utilizada uma matriz simplificada de estratégias, contendo apenas valores na
vizinhança de VB. Assim, denotando (VA – VB) como Y, tem-se:
Tabela 1 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.1 (equilíbrio “geral”).
Jogador B
VB – 2 VB – 1 VB
VB – 2 (0; 2) (0; 1) (0; 0)
VB – 1 (Y + 1; 0) (0; 1) (0; 0)
VB (Y; 0) (Y; 0) (0; 0)
VB + 1 (Y – 1; 0) (Y – 1; 0) (Y – 1; 0)
Jogador A
VB + 2 (Y – 2; 0) (Y – 2; 0) (Y – 2; 0)
Pela tabela acima, verifica-se que a hipótese 1 do jogo proposto possui um equilíbrio
“geral”. Este equilíbrio é dado por:
& ' & ' .,;1; ** leilãoovenceAjogadoroVVss BBBA 0"
19
Este equilíbrio se encontra denotado como “geral” em razão de o modelo permitir a
ocorrência de um evento excepcional. Se (VA = VB+1), a variável Y assume o valor de 1, o
que leva à ocorrência de dois equilíbrios adicionais, conforme demonstrado abaixo:
Tabela 2 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.1 (equilíbrio "excepcional").
Jogador B
VB – 2 VB – 1 VB
VB – 2 (0; 2) (0; 1) (0; 0)
VB – 1 (2; 0) (0; 1) (0; 0)
VB (1; 0) (1; 0) (0; 0) Jogador A
VB + 1 (0; 0) (0; 0) (0; 0)
Com isso, para a hipótese 1, a relação (VA = VB+1) resulta em 3 equilíbrios. Os
conjuntos de estratégias de equilíbrio são dados da seguinte forma:
& '& '
& '
& '(()
((*
+
0
.
"
.,;1
;,;
;,1;
; **
leilãoovenceAjogadoroVV
leilãoovenceBjogadoroVV
leilãoovenceAjogadoroVV
ss
BB
BB
BB
BA
Este conjunto de estratégias apresenta uma particularidade. Ao adotar a estratégia VB,
o jogador A permite que o resultado do leilão seja definido pelo jogador B. Somente por meio
da estratégia VB + 1, o jogador A torna-se o vencedor do leilão independentemente da
estratégia adotada pelo jogador B.
20
III.2.2. HIPÓTESE 2 – VA E VB EQUIVALENTES
Visto que os jogadores possuem avaliações equivalentes, para a hipótese 2 estas
avaliações serão denotadas como V. Dessa forma, ambos os jogadores possuem incentivos
para apresentar lances até o valor equivalente à (V – 1), uma vez que se tornam indiferentes
ao leilão para o lance equivalente à V.
Com isso, a hipótese 2 não possui valor para o qual apenas um dos jogadores tenha
incentivo para apresentar lance. Assim como aplicado para a hipótese 1, será apresentada uma
matriz simplificada de estratégias, contendo apenas valores na vizinhança de V – que torna os
jogadores indiferentes ao leilão – para demonstração do equilíbrio:
Tabela 3 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.2.
Jogador B
V – 2 V – 1 V
V – 2 (0; 2) (0; 1) (0; 0)
V – 1 (1; 0) (0; 1) (0; 0) Jogador A
V (0; 0) (0; 0) (0; 0)
Pela tabela acima, verifica-se que a hipótese 2 do jogo proposto possui três equilíbrios.
Os conjuntos de estratégias de equilíbrio são dados da seguinte forma:
& '& '
& '
& '(()
((*
+
.
..
"
.,;
;,1;
;,1;1
; **
leilãoovenceBjogadoroVV
leilãoovenceAjogadoroVV
leilãoovenceBjogadoroVV
ss BA
21
Analogamente à hipótese 1, o conjunto de estratégias de equilíbrio para a hipótese 2
também apresenta uma particularidade. Somente o jogador B, por meio da estratégia V, pode
tornar-se vencedor do leilão independentemente da estratégia adotada pelo seu oponente.
III.2.3. HIPÓTESE 3 – VA MENOR QUE VB
Sem prejuízo à avaliação, a análise do equilíbrio do jogo será iniciada pelo jogador A,
que, com base na função de payoff e nas possíveis estratégias do jogador B, antecipa que seu
oponente possui incentivo para igualar qualquer estratégia do conjunto SA. Este incentivo é
válido inclusive para o lance de VA, para o qual o jogador A torna-se indiferente ao leilão.
O jogador B, por sua vez, antecipa que o jogador A possui incentivo para apresentar
lances até o valor equivalente à (VA – 1). Para a estratégia equivalente à VA, o jogador A
torna-se indiferente a participar do leilão.
Com isso, verifica-se que o valor VA corresponde ao menor valor no qual apenas um
dos jogadores possui incentivo para apresentar lance. Assim como aplicado nas hipóteses
anteriores, será utilizada uma matriz simplificada de estratégias, contendo apenas valores na
vizinhança de VA para demonstração do equilíbrio. Denotando (VB – VA) como Z, tem-se:
Tabela 4 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.3 (equilíbrio “geral”).
Jogador B
VA – 2 VA – 1 VA VA + 1 VA + 2
VA – 2 (0; Z + 2) (0; Z + 1) (0; Z) (0; Z – 1) (0; Z – 2)
VA – 1 (1; 0) (0; Z + 1) (0; Z) (0; Z – 1) (0; Z – 2) Jogador A
VA (0; 0) (0; 0) (0; Z) (0; Z – 1) (0; Z – 2)
22
Pela tabela acima, verifica-se que a hipótese 3 do jogo proposto possui dois equilíbrios
“gerais”, dados por:
& ' & '
& '()
(*+ ..
".,;
;,1;1; **
leilãoovenceBjogadoroVV
leilãoovenceBjogadoroVVss
AA
AA
BA
O equilíbrio apresentado acima é válido para quaisquer valores de VA e VB. Ao
contrário do observado na hipótese 1, a hipótese 3 não possui equilíbrios complementares
para o caso simétrico (VA + 1 = VB). Como demonstração, a tabela abaixo apresenta os
payoffs obtidos se (VA + 1 = VB), de forma que a variável Z resulta em 1:
Tabela 5 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item III.2.3 (equilíbrio “excepcional”).
Jogador B
VA – 2 VA – 1 VA VA + 1
VA – 2 (0; 3) (0; 2) (0; 1) (0; 0)
VA – 1 (1; 0) (0; 2) (0; 1) (0; 0) Jogador A
VA (0; 0) (0; 0) (0; 1) (0; 0)
Analogamente às hipóteses anteriores, a hipótese 3 possui apenas um equilíbrio em
que um jogador torna-se vencedor do leilão independente da estratégia de seu oponente. Dada
a vantagem de sagrar-se vencedor em caso de empate, adotar a estratégia VA torna o jogador
B vencedor do leilão independentemente da estratégia adotada pelo jogador A.
Ao adotar a estratégia (VA – 1), o jogador B também torna o jogador A indiferente ao
leilão. Contudo, esta indiferença proporciona ao jogador A um payoff nulo para qualquer
23
estratégia adotada, inclusive para a estratégia VA, que o tornaria vencedor do leilão. Apesar
de este não constituir um equilíbrio para a hipótese 3, percebe-se que a estratégia (VA – 1) não
garante o jogador B como vencedor do leilão.
III.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
As hipóteses analisadas apresentam como resultado diferentes conjuntos de equilíbrio.
No entanto, os conjuntos de equilíbrio encontrados contêm duas características comuns
relevantes para o modelo proposto, que serão discutidas a seguir.
Inicialmente, ressalta-se que o modelo proposto consiste em um leilão, onde os
jogadores competem por um mesmo ativo. Dessa forma, não é esperado que os jogadores
cooperem para que o vencedor do leilão obtenha um maior payoff.
Neste contexto, cada hipótese analisada possui apenas um equilíbrio em que um dos
jogadores pode efetuar um lance que o torna vencedor do leilão independentemente da
estratégia adotada pelo seu oponente. Assim, considerando as características do modelo
proposto, estes conjuntos de equilíbrio são os resultados mais significativos para o leilão.
Adicionalmente, foi verificado que os equilíbrios encontrados situam-se nas
proximidades do menor valor de avaliação dos jogadores. Com isso, a receita do leiloeiro não
é impactada pela a valoração a maior do jogador vencedor do leilão, independente do quão
maior seja esta avaliação.
24
IV. ANÁLISE DO PROBLEMA
IV.1. PREMISSAS
O modelo para análise do problema proposto foi estruturado a partir do modelo
simples apresentado no Capítulo III. O presente modelo também será estruturado como um
leilão fechado de primeiro preço, sem custos de participação. Adicionalmente, será mantida a
característica de considerar o jogador B vencedor em caso de empate de lances.
Inicialmente, os conjuntos de jogadores e estratégias e o conceito de Equilíbrio
permanecem inalterados. Em notação formal, mantêm-se representados conforme abaixo:
!BA,"#
! $%" AAA SVS ,,,1,0
! $%" BBB SVS ,,,1,0
As funções de payoff, no entanto, sofrem alterações decorrentes da incorporação da
variável , que representa o percentual de participação do jogador B no campo a ser leiloado.
Dessa forma, o objeto do leilão passa a ser a participação de (1 – ) do ativo.
25
Com isso, o payoff do jogador A em caso de vitória é dado pela razão (1 – ) da
diferença entre seu valor de avaliação e o valor ofertado. Em caso de derrota, o jogador A
obtém payoff nulo. Em notação formal, a função de payoff do jogador A é descrita da seguinte
forma:
& '& '& '
()
(*+
,
-.."
BA
BAAA
BAAssse
sssesV
ssU,0
,1,
1
O jogador A possui incentivo para apresentar um determinado lance somente quando o
payoff obtido por uma eventual vitória for superior ao payoff por uma eventual derrota. Com
isso, esta relação de incentivo pode ser descrita da seguinte forma:
& '& ' AAAA sVsV -/-.. 01 1
Assim, o jogador A somente possui incentivos para apresentar lances inferiores ao seu
valor de avaliação VA. O lance equivalente a VA torna nulo o payoff do jogador A em caso de
uma eventual vitória, levando o jogador a ser indiferente a participar do leilão.
O jogador B, por sua vez, passa a ter participação integral no campo leiloado em caso
de vitória. Assim, o payoff recebido será dado pela diferença entre sua avaliação do campo e o
lance ofertado. Em caso de derrota, o payoff do jogador B é dado pela razão da diferença
entre o valor de avaliação e o valor ofertado pelo jogador A, então vencedor.
Com isso, a função de payoff do jogador B é descrita da seguinte forma:
& '& '
()
(*+
,.
-."
BABB
BAAA
BABsssesV
sssesVssU
,
,,
1
26
Assim como seu oponente, o jogador B possui incentivo para apresentar um
determinado lance somente quando o payoff obtido por uma eventual vitória for superior ao
payoff por uma eventual derrota. Com isso, esta relação de incentivo pode ser descrita da
seguinte forma:
& ' ABABAABB VVsssVsV 111 .2./.-.
Dado que as funções de payoff dos jogadores são lineares e decrescentes, os jogadores
maximizam seu payoff ao vencer o leilão pelo menor lance possível. Como o jogador B possui
a vantagem do empate, o menor lance necessário para a vitória é o lance equivalente a
estratégia adotada pelo jogador A.
Dessa forma, igualando a estratégia dos jogadores, a relação acima pode ser descrita
da seguinte forma:
& '11
11..
2/.2.1
ABBABBB
VVsVVss
Assim, o jogador B somente possui incentivos para apresentar lances inferiores ao
limite demonstrado na equação anterior. Caso este valor corresponda a um número inteiro, e,
portanto, pertencente a seu conjunto de estratégias, apresentar um lance equivalente a este
valor torna o jogador B indiferente a participar do leilão.
Dados os valores para os quais os jogadores possuem incentivos para apresentar
lances, nota-se que o equilíbrio do jogo depende da relação entre os valores de avaliação (VA
e VB) de cada jogador. Portanto a análise do problema ora proposto será desenvolvida para
27
três hipóteses: hipótese 1, será considerada a relação VA maior que VB; na hipótese 2, a
igualdade entre VA e VB; por fim, na hipótese 3, a relação VA menor que VB.
IV.2. RESULTADOS OBTIDOS
IV.2.1. HIPÓTESE 1 – VA MAIOR QUE VB
Sem prejuízo à avaliação, a análise do equilíbrio do jogo será iniciada pelo jogador A.
Conhecendo a função de payoff e as possíveis estratégias do jogador B, o jogador A antecipa
que seu oponente pode obter um payoff não nulo mesmo quando não vence o leilão.
Assim, o jogador B somente possui incentivo para empatar estratégias sA quando este
movimento lhe proporcionar um maior payoff que em caso de derrota. Em função de , VA e
VB, o jogador A antecipa que seu oponente possui incentivo para empatar somente as
estratégias que atendam a condição abaixo:
& '& '1
11
..
2/.-.1
ABAAAAB
VVssVsV
A variável & '1
1..
1AB VV
pode não ser um número inteiro, e, portanto, uma estratégia
válida para os jogadores. Assim, para prosseguimento da análise desta hipótese, este valor
será denotado como L. Também serão consideradas as notações LT, para o inteiro
imediatamente superior à L; e LP, para o inteiro imediatamente inferior à L.
Dessa forma, o jogador A antecipa que seu oponente possui incentivo para igualar seus
lances até o valor equivalente à LP. Também antecipa que o jogador B se torna indiferente ao
leilão para o lance equivalente a L, caso esta estratégia seja válida para seu oponente.
28
O jogador B, por sua vez, antecipa que o jogador A possui incentivo para superar
qualquer estratégia sB. Este incentivo é válido inclusive para a estratégia L, para a qual, caso
válida, o jogador B torna-se indiferente ao leilão. Importante ressaltar que, a partir da
estratégia LT, o próprio jogador B não possui incentivo para ganhar o leilão.
Para demonstração do equilíbrio, será apresentada uma matriz simplificada de
estratégias. Serão considerados os valores para os quais os jogadores possuem incentivos para
apresentar lances, na vizinhança do valor para o qual o jogador B se torna indiferente ao
leilão. Denotando (VA – VB) como Y, e (1 – ) como !, tem-se:
Tabela 6 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item IV.2.1 (equilíbrio “geral”).
Jogador B
LP – 1 LP L
LP – 1 33
4
5
66
7
80 2;0
91Y
334
5667
801;0
91Y
334
5667
891Y
;0
LP 334
5667
800 1
91
9Y
Y ; 33
4
5
66
7
801;0
91Y
334
5667
891Y
;0
L 33
4
5
66
7
8
91Y
Y ; 33
4
5
66
7
8
91Y
Y ; 33
4
5
66
7
8
91Y
;0
LT 334
5667
8.. 1
91
9Y
Y ; 334
5667
8.. 1
91
9Y
Y ; 33
4
5
66
7
80. 1
91
9Y
Y ;
Jogador A
LT + 1 33
4
5
66
7
8.. 1
91
9 2;2Y
Y
33
4
5
66
7
8.. 1
91
9 2;2Y
Y
33
4
5
66
7
8.. 1
91
9 2;2Y
Y
29
Assim, verifica-se que, considerando L uma estratégia válida para os jogadores, a
hipótese 1 do jogo proposto possui dois equilíbrios “gerais”. Estes equilíbrios são dados por:
& ' & '
& '()
(*+
".,;
;,;; **
leilãoovenceAjogadoroLL
leilãoovenceAjogadoroLLss
T
P
BA
Este conjunto de estratégias apresenta uma particularidade. Ao adotar a estratégia L, o
jogador A permite que o resultado do leilão seja definido pelo jogador B, que é indiferente a
empatar o lance. Somente por meio da estratégia LT, o jogador A elimina o incentivo do
jogador B a empatar o lance apresentado.
No entanto, como ressaltado anteriormente, a estratégia L pode não ser uma estratégia
válida para os jogadores. Analisando esta hipótese com a exclusão do lance L, tem-se:
Tabela 7 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item IV.2.1 (equilíbrio “específico”).
Jogador B
LP – 1 LP
LP – 1 334
5667
80 2;0
91Y
334
5667
801;0
91Y
LP 334
5667
800 1
91
9Y
Y ; 33
4
5
66
7
801;0
91Y
LT 334
5667
8.. 1
91
9Y
Y ; 334
5667
8.. 1
91
9Y
Y ;
Jogador A
LT + 1 33
4
5
66
7
8.. 1
91
9 2;2Y
Y 33
4
5
66
7
8.. 1
91
9 2;2Y
Y
30
Pela tabela acima, verifica-se que, considerando L um valor não pertencente ao
conjunto de estratégias dos jogadores, a hipótese 1 do jogo proposto possui apenas um
equilíbrio “específico”. Este equilíbrio é dado por:
& ' & ' .,;; ** leilãoovenceAjogadoroLLss PTBA "
De forma semelhante ao equilíbrio “geral”, o equilíbrio “específico” identificado
ocorre com o jogador A apresentando a estratégia LT. Por meio desta estratégia, o jogador A
elimina o incentivo do jogador B a empatar o lance apresentado.
Adicionalmente, destaca-se que as estratégias dos jogadores são definidas como um
conjunto de números positivos. Com isso, para que L seja uma estratégia válida, além de ser
um número inteiro é necessária a observação à seguinte condição:
& '1
11
:/:..
/:A
BAB
V
VVVL 0
10
Para 12A
B
V
V, a composição das variáveis , VA e VB, se dá de forma que o jogador B
não possui incentivo para empatar qualquer estratégia definida no conjunto SA. Com isso,
basta o jogador A efetuar o lance mínimo de uma unidade para tornar-se vencedor do leilão.
Assim, para definição da estratégia de equilíbrio relevante para o modelo, o conjunto
de estratégia deve considerar as restrições apresentadas à variável L. Dessa forma, a estratégia
de equilíbrio relevante para o modelo pode ser descrita da seguinte forma:
31
((((
)
((((
*
+
;:
<:
2
"
((
)
((
*
+
:
2
"
AA
B
AA
BP
A
B
B
A
BT
A
B
A
SLeV
VseL
SLeV
VseL
V
Vse
s
V
VseL
V
Vse
s
,
,
,0
,
,1**
IV.2.2. HIPÓTESE 2 – VA E VB EQUIVALENTES
Visto que os jogadores possuem avaliações equivalentes, para a hipótese 2 estas
avaliações serão denotadas como V. Adicionalmente, sem prejuízo à avaliação, a análise do
equilíbrio do jogo será iniciada pelo jogador A.
O jogador A antecipa que seu oponente pode obter um payoff não nulo mesmo quando
não vence o leilão. Assim, o jogador B somente possui incentivo para empatar estratégias sA
quando este movimento lhe proporcionar um maior payoff que em caso de derrota. Em função
de , VA e VB, esta condição pode ser expressa da seguinte forma:
! " ! "! "
VsV
ssVsV AAAA #$%%
#$%&%
1
1
O jogador B, por sua vez, antecipa que o jogador A possui incentivo para apresentar
lances até o valor equivalente à (V – 1). Adicionalmente, verifica que ambos os jogadores
tornam-se indiferente ao leilão para o lance equivalente a V.
Com isso, a hipótese 2 não possui valor para o qual apenas um dos jogadores tenha
incentivo para apresentar lance. Assim como aplicado para a hipótese 1, será apresentada uma
matriz simplificada de estratégias, contendo apenas valores na vizinhança de V – que torna os
jogadores indiferentes ao leilão – para demonstração do equilíbrio:
32
Tabela 8 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item IV.2.2.
Jogador B
V – 2 V – 1 V
V – 2 (0; 2) (0; 1) (0; 0)
V – 1 (1 – ; ) (0; 1) (0; 0) Jogador A
V (0; 0) (0; 0) (0; 0)
Pela tabela acima, verifica-se que a hipótese 2 do jogo proposto possui três equilíbrios.
Os conjuntos de estratégias de equilíbrio são dados da seguinte forma:
! "! "
! "
! "''(
'')
*
%
%%
+
.,;
;,1;
;,1;1
; **
leilãoovenceBjogadoroVV
leilãoovenceAjogadoroVV
leilãoovenceBjogadoroVV
ss BA
Analogamente à hipótese 1, o conjunto de estratégias de equilíbrio para a hipótese 2
apresenta uma particularidade. Somente ao adotar a estratégia V, o jogador B elimina o
incentivo de seu oponente para superar o lance ofertado, garantindo sua vitória em razão de
possuir a vantagem de empate.
IV.2.3. HIPÓTESE 3 – VA MENOR QUE VB
Sem prejuízo à avaliação, a análise do equilíbrio do jogo será iniciada pelo jogador A.
Conforme apresentado na hipótese 1, o jogador A antecipa que o jogador B possui incentivos
para empatar qualquer estratégia sA que atenda a condição abaixo:
33
! " %%
#1
ABA
VVs
No entanto, para a hipótese 3, o jogador B possui incentivo para empatar inclusive a
maior estratégia possível para o jogador A, dada por VA. Conforme demonstrado abaixo, esta
relação é válida para todos os casos englobados pela hipótese 3, independente do valor de VA:
! "! " BAABA
ABA VVVVV
VVV ,$%,%$
%%
,
11
O jogador B, por sua vez, antecipa que o jogador A possui incentivo para apresentar
lances até o valor equivalente à (VA – 1). Para a estratégia equivalente à VA, o jogador A
torna-se indiferente a participar do leilão.
Com isso, verifica-se que o valor VA corresponde ao menor valor no qual apenas um
dos jogadores possui incentivo para apresentar lance. Assim como aplicado nas hipóteses
anteriores, será utilizada uma matriz simplificada de estratégias, contendo apenas valores na
vizinhança de VA para demonstração do equilíbrio. Denotando (VB – VA) como Z, tem-se:
Tabela 9 - Matriz Simplificada de Estratégias - Item IV.2.3.
Jogador B
VA – 2 VA – 1 VA VA + 1 VA + 2
VA – 2 (0; Z + 2) (0; Z + 1) (0; Z) (0; Z – 1) (0; Z – 2)
VA – 1 (1 – ; ) (0; Z + 1) (0; Z) (0; Z – 1) (0; Z – 2) Jogador A
VA (0; 0) (0; 0) (0; Z) (0; Z – 1) (0; Z – 2)
34
Pela tabela acima, verifica-se que a hipótese 3 do jogo proposto possui dois equilíbrios
“gerais”, dados por:
! " ! "
! "'(
')* %%
+.,;
;,1;1; **
leilãoovenceBjogadoroVV
leilãoovenceBjogadoroVVss
AA
AA
BA
Analogamente às hipóteses anteriores, o conjunto de estratégias de equilíbrio para a
hipótese 3 apresenta uma particularidade. Somente ao adotar a estratégia VA, o jogador B
elimina o incentivo de seu oponente para superar o lance ofertado, garantindo sua vitória em
razão de possuir a vantagem de empate.
Caso o jogador B adote a estratégia (VA – 1), o jogador A também se torna indiferente
ao leilão. No entanto, a indiferença proporciona ao jogador A um payoff nulo para qualquer
estratégia adotada, inclusive para a estratégia VA, que o torna vencedor do leilão. Apesar de
este não constituir um equilíbrio para a hipótese 3, percebe-se que a estratégia (VA – 1) não
garante o jogador B como vencedor do leilão.
III.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
As hipóteses analisadas apresentam como resultado diferentes conjuntos de equilíbrio.
Destes, as hipóteses 2 e 3 contêm características semelhantes. A hipótese 1 contém resultados
críticos, em comparação com as demais hipóteses e com o modelo simples, apresentado
inicialmente.
Inicialmente, ressalta-se que o modelo proposto consiste em um leilão, onde os
jogadores competem por um mesmo ativo. Dessa forma, não é esperado que os jogadores
cooperem para que o vencedor do leilão obtenha um maior payoff.
35
Neste contexto, cada hipótese analisada possui apenas um equilíbrio em que um dos
jogadores pode efetuar um lance que elimina os incentivos de seu oponente a participar do
leilão. Assim, considerando as características do modelo proposto, estes conjuntos de
equilíbrio são os resultados mais significativos.
Na hipótese 1, o equilíbrio encontrado corresponde a uma composição das variáveis ,
VA e VB. Esta composição resulta em um valor menor que VB, que, para a hipótese, é o
menor valor de avaliação dos jogadores. Adicionalmente, o leiloeiro possui autonomia para
influenciar o equilíbrio do modelo, por meio da determinação .
Nas hipóteses 2 e 3, assim como observado no modelo simples, os equilíbrios
encontrados situam-se nas proximidades do menor valor de avaliação dos jogadores. Com
isso, a receita do leiloeiro não é impactada pela a valoração a maior do jogador vencedor do
leilão, independente do quão maior seja esta avaliação.
IV.4. RECEITA DO TESOURO
IV.4.1. FUNÇÃO DA RECEITA DO TESOURO
Em um leilão genérico, a receita do leiloeiro é dada pelo valor efetivamente pago pelo
jogador vencedor. No entanto, no modelo proposto, o Governo, como leiloeiro, recebe uma
receita adicional, em forma de dividendos, decorrente de sua participação acionária na
Petrobras – jogador B.
As hipóteses analisadas para o modelo proposto contêm, cada, apenas uma estratégia
de equilíbrio na qual um dos jogadores elimina os incentivos de seu oponente para participar
36
do leilão. Apenas estes conjuntos serão considerados para cálculo da receita do Tesouro, uma
vez que, para o leilão, não é esperada a cooperação entre os jogadores.
Neste modelo, será denominado ! o percentual do lucro da Petrobras destinado ao
Governo em forma de dividendos. Em notação formal, a receita obtida pelo Governo será
dada pela seguinte função:
BVG UsU -.+
Onde,
/ 0BAV sss ,max+
IV.4.2. RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 1
A hipótese 1 corresponde à relação VA maior que VB, único caso para o modelo
proposto em que o jogador A se torna vencedor do leilão. Com isso, a estratégia adotada pelo
jogador vencedor é dada conforme abaixo:
/ 0
''
(
''
)
*
1
#
+$+
A
BT
A
B
VBAV
V
VseL
V
Vse
ssss
,
,1
,max
Para fim de estimação da receita do Tesouro em função de , VA e VB, será
considerado que a variável L, equivalente à ! "
%%
1AB VV
, assume um valor inteiro, de forma que
LT é dado por (L + 1). Assim, a estratégia de equilíbrio do jogador A pode ser descrita como:
37
! "''(
'')
*
1.%%
#
+
A
BAB
A
B
V
V
Vse
VV
V
Vse
s
,11
,1
A partir desta estratégia, é possível calcular o payoff do jogador B, valor para o qual há
incidência de dividendos. Este payoff é dado da seguinte forma:
! " ! " ! "! "
! "! "'
'(
'')
*
1%%%
#%
+$&%+
A
BBA
A
BA
BABBAAABAB
V
Vse
VV
V
VseV
ssUsssesVssU
,1
,1
,,,
Substituindo os valores encontrados na função da receita do Tesouro, obtêm-se os
seguintes resultados:
! " ! "! "'
'(
'')
*
1%.%
%%%
#%.
+ -
- -
- -
A
BAB
A
BA
G
V
Vse
VV
V
VseV
U
,11
1
,1
Nota-se que, para a hipótese 1, a receita obtida pelo Governo é dependente de , !, VA
e VB. Nestas condições, o Governo possui autonomia para influenciar o payoff recebido por
meio da definição de .
O gráfico a seguir apresenta o potencial de receita do Tesouro em razão de , VA e
VB. Serão esboçadas duas curvas de receita do Tesouro. A primeira considera ! com o valor
de zero, correspondente à ausência de dividendos e, portanto, a remuneração mínima do
Tesouro. A segunda considera ! com o valor de 1, correspondente o repasse integral de
dividendos e, portanto, a remuneração máxima. O gráfico proposto resulta na seguinte forma:
38
Figura 1 - Receita do Tesouro – Hipótese 1.
IV.4.3. RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 2
A hipótese 2 corresponde ao caso em que os jogadores possuem avaliações
equivalentes para o campo a ser leiloado. Nesta hipótese, o jogador B se torna vencedor do
leilão, de forma que a estratégia adotada pelo jogador vencedor é dada conforme abaixo:
/ 0 Vssss VBAV +$+ ,max
A partir desta estratégia, é possível calcular o payoff do jogador B, valor para o qual há
incidência de dividendos. Este payoff é dado da seguinte forma:
39
! " ! " 0,,, +%+$,%+ VVssUsssesVssU BABBABBBAB
Substituindo os valores encontrados na função de receita do Tesouro:
VUVU GG +$2%+ 0-
Dessa forma, para a hipótese 2, a receita do Tesouro é uma função apenas do valor de
avaliação do campo a ser leiloado pelos jogadores. Importante ressaltar que os valores de e
! são indiferentes para a receita do Tesouro.
Com isso, para a hipótese 2, a receita do Tesouro é um valor constante. Esboçando a
curva de receita do Tesouro em razão de e V, obtém-se:
Figura 2 - Receita do Tesouro – Hipótese 2.
40
IV.4.4. RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 3
A hipótese 3 corresponde à relação VA menor que VB. Assim como no caso anterior,
na hipótese 3 o jogador B se torna vencedor do leilão. Com isso, a estratégia adotada pelo
jogador vencedor é dada conforme abaixo:
/ 0 AVBAV Vssss +$+ ,max
A partir desta estratégia, é possível calcular o payoff do jogador B, valor para o qual há
incidência de dividendos. Este payoff é dado da seguinte forma:
! " ! " ABBABBABBBAB VVssUsssesVssU %+$,%+ ,,,
Substituindo os valores encontrados na função da receita do Tesouro, obtêm-se os
seguintes resultados:
! " ! " BAGABAG VVUVVVU --- .%+$%.+ 1
Dessa forma, para a hipótese 3, a receita do Tesouro é uma função dependente de ,
VA e VB. Assim como na hipótese anterior, o valor de é indiferente para a receita do
Tesouro.
Serão esboçadas duas curvas de receita do Tesouro. A primeira considera ! com o
valor de zero, correspondente à ausência de dividendos e, portanto, a remuneração mínima do
Tesouro. A segunda considera ! com o valor de 1, correspondente o repasse integral de
dividendos e, portanto, a remuneração máxima do Tesouro. O gráfico proposto resulta na
seguinte forma:
41
Figura 3 - Receita do Tesouro – Hipótese 3.
42
V. UM EXERCÍCIO QUANTITATIVO
V.1. MENSURAÇÃO DAS VARIÁVEIS
O modelo proposto esboça a receita do Tesouro para o leilão de campos do pré-sal em
função de , !, VA e VB. A fim de observar o comportamento desta receita para diferentes
combinações das variáveis, a seguir será realizado um exercício quantitativo.
Por meio deste exercício, pretende-se avaliar como a escolha de , de autonomia do
Governo, afeta a receita a ser paga. Assim, será considerada a quantificação dos resultados
para diferentes valores de .
Com isso, será estimado um valor para !, correspondente aos dividendos pagos pela
Petrobras ao Governo. Adicionalmente, será estabelecida uma relação entre VA e VB,
correspondentes aos valores de avaliação dos jogadores.
V.1.1. MENSURAÇÃO DE
Para estimação de !, serão considerados os valores pagos pela Petrobras ao Governo
no período de 2005 a 2010. Estes valores, apresentados na tabela a seguir, correspondem ao
percentual aplicado sobre o lucro básico da Companhia distribuído ao Governo na forma de
dividendos:
43
Tabela 10 - Histórico de Dividendos da Petrobras (2005 - 2010).
Exercício (Ano-Base) Percentual de Dividendos
2005 31,80%
2006 31,27%
2007 31,44%
2008 29,04%
2009 30,53%
2010 35,00%
Média Aritmética 31,51%
Variância 0,0197
Desvio Padrão 0,0004
Fonte: Relatórios de Análise Financeira e Demonstrações Contábeis da
Petrobras para os exercícios de 2005 a 2010. Disponíveis em
http://www.petrobras.com.br/ri/.
Na tabela acima, observa-se baixa dispersão dos valores pagos como dividendos pela
Petrobras. Para efeito da análise da receita do Tesouro, neste modelo a variável ! será adotada
como o valor equivalente a 0,31.
V.1.2. RELAÇÃO ENTRE VA e VB
A relação entre VA e VB estabelecida nas hipóteses analisadas considera apenas o
posicionamento destas variáveis, independente da magnitude do valor assumido por elas. Para
fim de quantificação dos resultados, será estabelecida uma medida para esta magnitude.
Assim, será introduzida ao modelo a variável ", correspondente à diferença da variável
VA em relação à variável VB. Dessa forma, a relação entre estas variáveis passa a ser descrita
da seguinte forma:
3.++ VVVV AB ;
44
V.2. QUANTIFICAÇÃO DA RECEITA DO TESOURO
V.2.1. QUANTIFICAÇÃO DA RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 1
Como descrito anteriormente, a receita do Tesouro para a hipótese 1 é uma função
dependente de , !, VA e VB. Efetuando as substituições listadas anteriormente, para
quantificação do resultado, a função de receita do Tesouro para a hipótese 1 é dada da
seguinte forma:
! "! "
! "! " ! "'
'
(
''
)
*
1.%
%.%
#.
.%.
+
3
3
3
3
V
VseV
V
VseV
UG
,1
69,0131,0
,1131,0
Para verificação dos resultados estritamente em valores numéricos, a variável V será
definida arbitrariamente como assumindo o valor de 100. Dessa forma, o quadro abaixo
apresenta a receita do Tesouro para a hipótese 1 em função de e ":
Tabela 11 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 1.
UG
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 99%
5 100,6 100,1 99,4 98,6 97,4 95,6 92,7 87,0 69,7 32,9
50 97,1 92,3 86,1 77,9 66,3 49,1 33,3 38,0 42,6 46,7
100 93,3 83,7 71,3 54,9 31,8 38,0 44,2 50,4 56,5 62,1
150 89,5 75,1 56,5 31,9 39,6 47,3 55,0 62,8 70,5 77,4
200 85,6 66,4 41,8 38,1 47,3 56,6 65,9 75,2 84,4 92,8
"
500 62,6 38,1 56,7 75,3 93,8 112,4 131,0 149,6 168,1 184,8
45
Pela tabela acima, verifica-se que a receita do Tesouro é inicialmente decrescente com
o aumento de , mantendo-se " constante. Contudo, a curva de receita é decrescente apenas
enquanto a condição #BV
AV for verdadeira. Quando esta relação passa a ser 1B
AV
V, a curva
torna-se crescente, apresentando maiores valores de acordo com o aumento de ".
O gráfico abaixo demonstra os resultados obtidos. Ressalta-se que, de acordo com a
legislação, a participação equivalente à não será inferior a 30%.
Figura 4 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 1.
46
V.2.2. QUANTIFICAÇÃO DA RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 2
Como descrito anteriormente, a receita do Tesouro para a hipótese 2 é uma função
dependente apenas do valor comum de avaliação dos jogadores. Com isso, para a hipótese 2, a
receita do Tesouro é um valor constante, conforme abaixo:
VUG +
Assim como considerado para a hipótese 100, para construção do gráfico será
considerado que a variável V assume arbitrariamente o valor de 1. Dessa forma, tem-se:
Figura 5 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 2.
47
V.2.3. QUANTIFICAÇÃO DA RECEITA DO TESOURO – HIPÓTESE 3
Como descrito anteriormente, a receita do Tesouro para a hipótese 3 é uma função
dependente de !, VA e VB. Efetuando as substituições listadas anteriormente, para
quantificação do resultado, a função de receita do Tesouro para a hipótese 3 é dada da
seguinte forma:
331,0.+VUG
Para verificação dos resultados estritamente em valores numéricos, a variável V será
definida arbitrariamente como assumindo o valor de 100. Dessa forma, o quadro abaixo
apresenta a receita do Tesouro para a hipótese 3 em função de ":
Tabela 12 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 3.
UG
-1 99,7
-5 98,5
-10 96,9
-25 92,3
-50 84,5
"
-100 69,0
Pela tabela acima, verifica-se que a receita do Tesouro é crescente com o aumento de
", e independente de . O gráfico abaixo demonstra os resultados obtidos:
48
Figura 6 - Quantificação da receita do Tesouro - Hipótese 3.
49
VI. CONCLUSÃO
Esta dissertação teve como objetivo identificar o impacto da participação mandatória
da Petrobras nas áreas do Pré-Sal sobre as receitas do Tesouro, no cenário do Regime de
Partilha de Produção. Para tal, foi utilizado um modelo de leilão, considerando as premissas
do Regime de Partilha de Produção, previstas na Lei 12.351/10.
O modelo, composto por 2 jogadores, um jogador genérico e a Petrobras, foi analisado
para três hipóteses distintas, decorrentes da forma com que os jogadores precificam o objeto
do leilão. Para cada hipótese, verificaram-se diferentes projeções sobre a receita do Tesouro.
Importante ressaltar que as hipóteses analisadas consideram que os jogadores
participantes do leilão buscam apenas a maximização de seus lucros. Não são consideradas
eventuais questões estratégicas e/ou de mercado para os jogadores, bem como outras
premissas além da lucratividade.
Para a hipótese 1, foi considerado que o jogador genérico avalia o objeto do leilão a
um valor maior que a Petrobras. Neste caso, a receita do Tesouro é inicialmente decrescente
com o aumento de ; contudo, com o aumento do valor de avaliação do jogador A, a curva é
revertida, apresentando resultados crescentes.
50
Para a hipótese 2, foi considerado que os jogadores avaliam o objeto do leilão
igualmente. Neste caso, a receita do Tesouro é constante, independente do valor atribuído a .
Para a hipótese 3, foi considerado que o jogador genérico avalia o objeto do leilão a
um valor menor que a Petrobras. Neste caso, a receita do Tesouro é crescente conforme o
valor de avaliação do jogador genérico aproxima-se do valor de avaliação da Petrobras.
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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