guiÃo de destruição do estado pública aposentados em luta ... · não desistir! resistir!...

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Função Pública Revista do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte Dezembro 2013 · www.stfpn.pt STFPSN Rua Vasco de Lobeira, 47/51 4249-009 Porto T 225574060 F 225507257 M [email protected] GUIÃO De destruição do Estado SECTORES Aposentados em luta! EUGÉNIO ROSA OE2014 FORMAÇÃO Formação Sénior 2013 Não desistir! Resistir! Defender os nossos direitos, defender Abril!

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FunçãoPúblicaRevista do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte

Dezembro 2013 · www.stfpn.pt

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GUIÃO De destruição do Estado

SECTORES Aposentados em luta!

EUGÉNIO ROSA OE2014

FORMAÇÃO Formação Sénior 2013

Não desistir! Resistir! Defender os nossos direitos, defender Abril!

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Índice 2

O3 EDITORIAL ORLANDO GONÇALVES

O4 OPINIÃO VALDEMAR MADUREIRA

06 LEGISLAÇÃO NOVOS DIPLOMAS LEGAIS

07 SECTORES APOSENTADOS

09 ESTUDO EUGÉNIO ROSA

12 PROTOCOLOS NOVOS SERVIÇOS AO SEU DISPOR

13 FORMAÇÃO FORMAÇÃO SÉNIOR 2013

14 TEMA GUIÃO DE DESTRUIÇÃO DO ESTADO

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Uma conturbada vida interna, em consequência de uma gestão de recursos humanos absolutamente in-compatível com o objecto social de um sindicato, a que acresceu uma gestão económica e financeira des-pesista e descontrolada, colocou a necessidade de uma reunião da Direcção visando a discussão da situa-ção do sindicato e, em consequência, a tomada de medidas resultantes das conclusões.

Dessa reunião resultou claro para a unanimidade dos presentes (32 elementos efectivos da Direcção) a existência de um clima interno intimidatório para com funcionários ou mesmo dirigentes não alinhados com a maioria da então comissão executiva, sucessivas amea-ças e mesmo instauração de processos disciplinares, para além de um outro conjunto de atitudes inconcebí-veis em qualquer lado e muito mais se adoptadas por dirigentes de um sindicato relativamente aos seus pró-prios Trabalhadores.

Um aumento significativo dos gastos que estavam orçamentados foi fazendo crescer junto de uma parte da C.E. e de outros elementos da Direcção uma intensa preocupação que originou, por dever de consciência e sentido das responsabilidades, a interrogação sobre certos actos de gestão que em vez de merecerem na-turais esclarecimentos foram sendo rechaçados de forma autoritária.

Neste insustentável quadro, tornou-se inevitável que a Direcção do Sindicato se visse na obrigação de proceder à substituição da Comissão Executiva do Sindicato.

Ainda que o anterior coordenador e cinco mem-bros da destituída comissão executiva lamentavelmen-te não tenham aceite a decisão, a verdade é que a substituição foi confirmada por 100% dos 32 dirigentes na altura presentes na reunião.

A eleição da nova C. Executiva de que sou Coorde-nador foi eleita por voto secreto tendo obtido 97% dos 35 elementos da Direcção presentes no acto (cuja composição e declaração de princípios se apresenta de seguida ao editorial).

Dada a explicação necessária proponho-vos a me-lhor atenção para a nossa declaração de princípios da qual destaco o seguinte parágrafo;

(…) ter como primeira prioridade e preocupação, razão fundamental da nossa existência, a luta em defe-sa dos trabalhadores nossos representados. Constituirá ainda nossa acção principal a direcção, organização e desenvolvimento da luta dos trabalhadores do nosso sector contra a ofensiva de que estão a ser alvo, assim como a luta mais geral dos trabalhadores portugueses. Neste sentido, fazemos o apelo a todos os membros desta direcção para a convergência, envolvimento e unidade na acção.

DECLARAÇÃO DE PRINCIPIOS

Ao apresentar a nossa candidatura afirmamos a presente declaração de princípios. Antes de tudo pug-naremos pelo respeito integral dos estatutos do sindi-cato, questão que estará obviamente sempre presente. No decorrer da nossa intervenção, no quadro das competências e funções da Comissão Executiva, pau-taremos:

1. Por uma particular atenção e vigilância relativamente aos princípios fundamentais a que se refere o Artº. 5º dos Estatutos, designadamente – Liberdade, democrati-cidade, independência sindical, unidade, solidariedade;

2. a) Pelo cumprimento integral da afirmação a que se refere o Artº 6 dos Estatutos, designadamente quanto à filiação nas estruturas do MSU, conforme alíneas: a) Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP/IN); b) Federação Nacio-nal dos Sindicatos em Funções Públicas e Sociais (FNSFPS) e c) Confederação Portuguesa de Quadros Técnicos e Científicos (CPQTC), a que nos manteremos escrupulosamente fieis;

b) De igual modo, manteremos os compromissos as-sumidos com as Uniões Distritais, Inter-Jovem e Inter-Reformados.

3. Pelo respeito e prossecução dos objectivos e atri-buições do STFPSN, conforme alínea a) do Artº. 7º dos Estatutos – Defender, promover e alargar, por todos os meios ao nosso alcance, os direitos e interesses, indivi-duais e colectivos, dos nossos associados;

4. Pelo integral respeito pelo teor do Artigo 69º dos Estatutos – Competências da Direcção.

Rejeitaremos toda e qualquer deriva conducente à apropriação indevida e oportunista de competências alheias, designadamente da Direcção do Sindicato. Rejeitamos e combateremos a concepção com base na prática de que a C. Executiva e, de modo particular, o seu Coordenador, são órgãos do Sindicato;

5. Por garantir a aquisição da consciência de que, enquanto Corpos Gerentes, a C. Executiva se apre-senta em segundo lugar na descrição a que se refere o Artº. 50º;

6. Por ter como primeira prioridade e preocupação, razão fundamental da nossa existência, a luta em defesa dos trabalhadores nossos representados. Constituirá ainda nossa acção principal a direcção, organização e desenvolvimento da luta dos trabalhadores do nosso sector contra a ofensiva de que estão a ser alvo, assim como a luta mais geral dos trabalhadores portugueses. Neste sentido, fazemos o apelo a todos os membros desta direcção para a convergência, envolvimento e unidade na acção.

Orlando Gonçalves Coordenador do STFPSN

Editorial

EDITORIALEditorial3

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Opinião 4

Povo Português vive tempos difíceis, tem-pos em que o presente pode abrir caminhos de esperança ou de regresso a um passado que foi derrotado com a Revolução de Abril.

A ofensiva é tremenda, tudo é posto em causa, mesmo aquilo que considerávamos intocável.

Passo a passo vão sendo destruídos os alicerces da Democracia nascida com o 25 de Abril com o objectivo de ser instituído um regime em que todos eles sejam residuais, o de ordem política apenas com o aspecto formal traduzido na realização de eleições de uns tan-tos em tantos anos mas sempre manipuladas e condi-cionadas.

O Orçamento de Estado para o próximo ano cons-titui mais uma etapa desse percurso. As funções soci-ais do Estado continuam debaixo de fogo.

A Educação sofre um corte de 570 milhões de eu-ros, a Saúde de 848 milhões, a Justiça de 95 milhões. As prestações sociais vão minguando não respeitando os descontos e os direitos de quem trabalhou nem garantindo um mínimo de subsistência digna a quem delas precisa.

Para que a música não mude, a orquestra continua a cortar, poupar ou roubar, que cada escolha o termo que eu já escolhi o meu, nos mesmos de sempre.

Os trabalhadores, entre eles e sobremaneira os da administração pública, e os pensionistas e reformados vão ser novamente, tal como têm sido nos anos anteri-ores, os mais atingidos. Mas também os micro, peque-nos e médios empresários não ficarão imunes a mais este assalto.

Em contrapartida, neste Orçamento de Estado do montante total das medidas de austeridade apenas 4%, sim apenas 4%, incidem sobre a banca, empresas petrolíferas e redes de energia.

Diz a orquestra em que o Governo, o Presidente da República e os comentadores são os músicos, que não há dinheiro e por isso há que exigir sacrifícios a todos e de uma forma equitativa.

Linda melodia, mas a realidade é muito feia e dura.

É que o dinheiro não falta para os bancos, PPP, swaps e grandes grupos económicos. Ainda agora foram mais 3 mil milhões de euros para o Millenium/BCP, embora aos accionistas tenham sido distribuídos em lucros e dividendos 3 300 milhões de euros entre 2004 e 2009, depois dos muitos milhões que foram o BPN, BPI, BANIF e outros.

E não falta aos multimilionários que existem neste país que aumentaram 10,8% relativamente ao ano ante-rior e têm no conjunto 74 mil milhões de euros. Que sacrifícios lhes foram pedidos? Se o foram, temos o direito a ter dúvidas, nada representam em relação aos que foram impostos a quem vive dos rendimentos do trabalho ou das mínguas prestações sociais.

Ele, o dinheiro, falta, isso sim, àqueles que vêm os seus salários, pensões e reformas brutal e abusivamen-te diminuídos. Por isso, enquanto os multimilionários aumentam, aumentam, também, os pobres sendo que estão nesta situação ou no seu limiar 2,6 milhões de portugueses.

Para a orquestra, isto deve ser mais um exemplo da sua política de equidade, aumentam uns, os multimilio-nários, e aumentam os outros, os pobres. Todos au-mentam.

Dentro deste processo de que o OE 2014 é mais uma etapa assume particular importância pelos objec-tivos que propõe a denominada Reforma do Estado apresentada pelo vice-primeiro-ministro Paulo Portas e que constitui o guião ideológico do que têm sido as políticas do governo PSD/CDS-PP e do que pretendem continuar a fazer.

Valdemar Madureira Presidente da Assembleia-Geral do STFPSN

Um País com outro regime –

Um Povo que não se ajoelha e luta

O

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Esse guião não pretende melhorar o Estado, é ne-cessário fazê-lo como o é, e sempre será, em qualquer organização, mas pura e simplesmente destruí-lo ade-quando-o à concepção neoliberal que têm para a sua estrutura. Querem menos Estado, melhor Estado ou Estado mais eficaz, dizem eles. Traduzindo, querem as funções sociais do Estado drasticamente reduzidas, talvez apenas para os carenciados, a nova designação dos pobres, querem a economia, melhor os grandes grupos económicos e financeiros, a mandar na política, acham pouco o que já conseguem hoje, querem um melhor Estado com as torneiras mais fluidas no sentido de canalizar os recursos do País e os nossos impostos para os investimentos e aventuras desses grupos com os resultados, se positivos, a irem para o estrangeiro, talvez para um offshore algures existente. Dir-se-á que não será novidade porque hoje já acontece, sim, mas passará a ser uma prática admitida sem estar à espera de um qualquer perdão fiscal.

É verdade, estamos perante uma ofensiva brutal que não olha a meios nem às vítimas que provoca.

Mas o Povo Português e os trabalhadores de todas as áreas estão a demonstrar de uma forma cada vez mais intensa que não se conformam com estas políti-cas.

Ao contrário do governo, permanentemente ajoe-lhado perante os grandes senhores do capital e os promotores da ideologia neoliberal que dirigem a União Europeia, o Povo Português não se resigna e luta.

Luta pelo respeito da sua dignidade e dos seus di-reitos, luta pelo futuro que sabe ser possível e ser justo.

Luta pelo cumprimento da Constituição que ema-nou do 25 de Abril, um documento que os derrotados de há quase quarenta anos desrespeitam e querem banir.

O Povo Português sabe que ao seu lado têm estado, como sempre estiveram na luta pela conquista da De-mocracia, as organizações políticas e sindicais que pri-vilegiam a acção, a coerência, em prejuízo da verbor-reia e do rotativismo que não significa mais do que a mudança de cadeiras ou de moscas.

Estamos a viver um momento muito grave com muito maiores exigências pelo que a luta tem de se intensificar para que o futuro não seja comprometido.

Aos trabalhadores, entre eles os representados pelo nosso Sindicato, resta a luta contra este presente que lhes estão a dar e pelo futuro a que têm direito.

As dificuldades serão vencidas, a luta será intensifi-cada, os humilhados e ofendidos de hoje vencerão.

Como disse o Poeta, ninguém mais cerrará as por-tas que Abril abriu.

“ É verdade, estamos perante uma ofensiva brutal que não olha a meios nem às vítimas que provoca. Mas o Povo Português e os trabalhadores de todas as áreas estão a demonstrar de uma forma cada vez mais intensa que não se conformam com estas políticas.

EDITORIALOpinião5

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Legislação 6

Declaração de Retificação n.º 50-A/2013. D.R. n.º 218, Suplemento, Série I de 2013-11-11

Assembleia da República

Declaração de retificação à  Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, que «Estabelece o regime jurídico das autar-quias locais, aprova o estatuto das entidades intermu-nicipais, estabelece o regime jurídico da transferência de competências do Estado para as autarquias locais e para as entidades intermunicipais e aprova o regime jurídico do associativismo autárquico», publicada no Diário da República, 1.ª série, n.º 176, de 12 de setembro de 2013

Lei n.º 76/2013. D.R. n.º 216, Série I de 2013-11-07

Assembleia da República

Estabelece um regime de renovação extraordinária dos contratos de trabalho a termo certo, bem como o re-gime e o modo de cálculo da compensação aplicável aos contratos objeto dessa renovação

Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 602/2013. D.R. n.º 206, Série I de 2013-10-24

Tribunal Constitucional

Não declara a inconstitucionalidade de diversas normas e declara a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, de várias outras normas do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro, com a redação dada pela Lei n.º 23/2012, de 25 de junho

Decreto Regulamentar n.º 6/2013. D.R. n.º 199, Série I de 2013-10-15

Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança So-cial

Procede à terceira alteração ao Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de janeiro, que regulamenta o Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social

Decreto-Lei n.º 138/2013. D.R. n.º 195, Série I de 2013-10-09

Ministério da Saúde

Define as formas de articulação do Ministério da Saúde e os estabelecimentos e serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com as instituições particulares de solidariedade social, bem como estabelece o regime de devolução às Misericórdias dos hospitais objeto das medidas previstas nos Decretos-Leis n.os 704/74, de 7 de dezembro, e 618/75, de 11 de novembro, atualmente geridos por estabelecimentos ou serviços do SNS

Decreto-Lei n.º 137/2013. D.R. n.º 193, Série I de 2013-10-07

Ministério da Saúde

Procede à quinta alteração ao Decreto-Lei n.º 28/2008, de 22 de fevereiro, que estabelece o regime de criação, estruturação e funcionamento dos agrupamentos de centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde, e à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 81/2009, de 2 de abril, que estabelece as regras e princípios de organi-zação dos serviços e funções de natureza operativa de saúde pública, sedeados a nível nacional, regional e local

Decreto-Lei n.º 133/2013. D.R. n.º 191, Série I de 2013-10-03

Ministério das Finanças

No uso da autorização legislativa concedida pela Lei n.º 18/2013, de 18 de fevereiro, aprova o novo regime jurí-dico do sector público empresarial

Lei n.º 75/2013. D.R. n.º 176, Série I de 2013-09-12

Assembleia da República

Estabelece o regime jurídico das autarquias locais, aprova o estatuto das entidades intermunicipais, esta-belece o regime jurídico da transferência de competên-cias do Estado para as autarquias locais e para as enti-dades intermunicipais e aprova o regime jurídico do associativismo autárquico

Decreto-Lei n.º 131/2013. D.R. n.º 175, Série I de 2013-09-11

Ministério da Economia

Procede à segunda alteração ao  Decreto-Lei n.º 290/2009, de 12 de outubro, alargando a entidades de natureza pública alguns dos apoios para o desenvolvi-mento das políticas de emprego e apoio à qualificação das pessoas com deficiência e incapacidade

Despacho n.º 11540/2013. D.R. n.º 171, Série II de 2013-09-05

Aprova a tabela de designação simplificada das Fre-guesias

15 de Novembro de 2013

Carla Margarida Costa/Jurista STFPSN

NOVEMBRO 2013 LEGISLAÇÃO

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APOSENTADOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTÃO EM LUTA NÃO BAIXAMOS OS BRAÇOS Os Aposentados/Reformados da Função Pública estão conscientes da gravidade da situação politica e social em que vivem e marcaram presença na Marcha contra o Empobrecimento dia 19 de Outubro,

Protestaram contra os roubos nas pensões, contra o aumento do custo de vida, contra o desemprego, em defesa das Funções Sociais do Estado e por aumento das pensões e exigem a demissão do governo.

Comissão de Aposentados/Reformados do STFPSN

Dia 22 de Outubro reuniram no STFPSN os Aposen-tados/Reformados da Função Pública, para elegerem a sua Comissão. A lista proposta foi votada por unanimi-dade. A Comissão de A/R reuniu no Sindicato no dia 22 de Novembro e aprovou o Regulamento e Funciona-mento da Comissão, o Plano do Reforço da Organiza-ção Sindical e elegeu o Secretariado.

No próximo dia 17 de Dezembro vai realizar-se mais uma formação sénior com a Tertúlia Aposentados/Re-formados, continuando a anterior, que se realizou dia 31 de Outubro e que foi aberta à participação dos Refor-mados da IR.

A Comissão de Aposentados Reformados da Fun-ção Pública vai continuar a participar nas lutas que forem necessárias até à demissão do Governo.

EDITORIALSectores7

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Um orçamento imoral que vai prolongar a recessão e agravar ainda mais as desigualdades de rendi-mento e as dificuldades

das famíliaspolítica de austeridade, que se tem traduzido por um enorme aumento de impostos e por cortes brutais na despesa pública, tem fracas-sado no seu objetivo principal. Um dos mais importantes era a redução do défice orça-

mental para assim, primeiro, conter a dívida pública e, depois, reduzi-la. Ora o que tem acontecido como con-sequência da política de austeridade foi precisamente o contrário: a dívida pública disparou com o governo PSD/CDS e “troika”. Segundo o Eurostat, entre 2001 e 2004 (governos de Durão Barroso e Santana Lopes), a dívida púbica cresceu, em média, 3.950 milhões euro por ano; com os governos de Sócrates (2005-2010), a dívida pública aumentou, em média, 9.100 milhões euro por ano; em 2011 e 2012 (governo de Passos Coelho e “troika”) a dívida pública cresceu 25.300 milhões euro por ano, ou seja, a um ritmo 6,4 vezes superior ao veri-ficado durante os governos de Durão Barroso e Santa-na Lopes, e 2,7 vezes superior ao registado durante os governos de Sócrates. É um autêntico descalabro e a prova de que a chamada “política de austeridade” de cortes brutais aos trabalhadores e pensionistas fracas-sou no seu objetivo principal. Em Agosto de 2013, se-gundo o Banco de Portugal, a divida das Administra-ções Públicas atingiu 254.638 milhões euro (155,2% do PIB) e a dívida pública na ótica de Maastricht que não inclui a totalidade da dívida, alcançou 214.880 milhões euro (131,4% do PIB), um valor nunca antes atingido.

Em 2014, o governo pretende fazer um corte nas remunerações dos traba-lhadores da Função Pública atingindo a maioria deles pois aplicam-se a todos com remunerações ilíquidas totais su-periores a 600 euro (apenas está isen-to o subsídio de alimentação, de trans-portes e ajudas de custo). Este corte para além de atingir trabalhadores que estavam isentos nos cortes anteriores (com remunerações inferiores a 1.500 euro), determina um aumento nos cor-tes dos trabalhadores com remunera-ções entre os 1.500 euro e 3.000 euro que chega a atingir 207%. Também contrariamente ao que tem afirmado o governo, muitas pensões de sobrevi-

vência poderão ser atingidas por um duplo corte, e o corte também poderá atingir pensões de sobrevivência de 100 euro ou inferiores como mostramos neste estu-do.

Finalmente há novas disposições introduzidas pela proposta de lei do OE-2014 e pela Lei dos cortes das pensões para as quais queremos chamar a atenção dos trabalhadores da Função Pública, pois têm sido omiti-das pela comunicação social. O fator de sustentabilida-de que em 2013 reduz a pensão de aposentação em 4,78%, e que o governo pretende aumentar arbitraria-mente para 12% em 2014, em relação aos trabalhadores que pedirem a sua aposentação até 31-12-2013, incluin-do os que apresentaram até 2012, mesmo que o despa-cho seja emitido em 2014, o fator de sustentabilidade que se aplica é o de 2013, ou seja, 4,78%. Segundo uma disposição da proposta de lei do OE2014, a atualização da remuneração de 2005, que serve de base de cálculo do P1 (pensão correspondente ao tempo de serviço até 2005) deixa de ser feita com base no aumento do índi-ce 100 da remuneração da Função Pública e passa a ser com base no coeficiente de revalorização utilizado pela Segurança Social, o que aumenta a atualização de 8,2% para 17,12%. O governo revoga a partir de 2014 a boni-

A

Eugénio Rosa Economista

Estudo 8

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bonificação que existia na pensão unificada assim como para as carreiras longas (redução de um ano na idade legal de aposentação por cada conjunto de 3 anos de descontos que o trabalhador tivesse para além de 30 no dia em que fez 55 anos de idade).

O disparar da dívida pública no período do governo PSD/CDS e da “troika”, como revelam os dados do Eurostat constantes do quadro 1, mostra que a política de “austeridade” imposta ao país falhou no seu princi-pal objetivo que era conter e, depois, reduzir a dívida pública.

Dados mais recentes divulgados pelo Banco de Portugal no seu Boletim Estatístico de Outubro de 2013, revelam que a dívida pública portuguesa continu-ou a se agravar em 2013 de forma preocupante. Se-gundo o Banco de Portugal, entre Dez. 2010 e Agosto de 2013, a dívida total das Administrações Públicas aumentou em 68.794 milhões euro (+37%), pois passou de 185.844 milhões euro (107,5% do PIB) para 254.638 milhões euro (155,2% do PIB), enquanto a das empresas privadas diminuiu em 2.119 milhões euro, passou de 306.772 milhões euro para 304.653 milhões euro, e a divida dos particulares (famílias) também desceu em 17.403 milhões euro, já que diminuiu de 178.186 milhões euro para 160.783 milhões euro. Mesmo a dívida públi-ca na ótica de Maastricht, que é a considerada pela União Europeia, que não inclui a totali-dade da divida pública, mas apenas uma parcela dela cresceu, entre Dez. 2010 e Agosto de 2013, de 94% do PIB (162.473 milhões euro) para 131,4% do PIB (214.880 milhões euro. Portanto, apesar de tantos cortes feitos nos rendimentos dos trabalhadores e pensionistas portu-gueses e do enorme aumento de impostos que se mantém em 2014, e incide também fundamentalmente sobre trabalhadores e pensionistas, a divida pública continuou a crescer a um ritmo elevado.

Este crescente endividamento do setor não finan-ceiro (nos dados anteriores não está incluída a dívida das instituições financeiras), foi também acompanhado por um crescente e rápido endividamento ao estrangei-ro, o que torna toda esta questão da dívida mais grave e preocupante relativamente ao futuro, e a uma even-tual saída do euro. Assim, segundo também o Banco de Portugal, entre Dez. 2010 e Agosto 2013, o endivida-mento exterior do setor não financeiro aumentou de 157.855 milhões euro (91,3% do PIB) para 209.443 mi-lhões euro (128,5% do PIB), ou seja, em +32,7%. E de acordo com dados do Banco de Portugal (Posição do Investimento Internacional - Passivo), constantes do boletim referido anteriormente, a dívida ao exterior e a não residentes das Administrações Públicas atingia, em Junho de 2013, 140.860,5 milhões euro tendo aumenta-do, entre Dez. 2010 e Junho de 2013, em 44.603,4 mi-lhões, e a dívida ao exterior das instituições financeiras somava na mesma altura (junho de 2013) 106.850,5 milhões euro. Portanto, Portugal continuava profunda-mente e de uma forma crescente a endividar-se ao exterior, e esse endividamento não parou de crescer, nomeadamente a divida pública

É neste quadro de um total falhanço da política que tem sido seguida, e de agravamento da situação de endividamento do país, e da inutilidade dos sacrifícios que os portugueses têm feito, que o governo e a “troi-

ka” apresentaram a proposta de Orçamento de Estado para 2014, não só insistindo na mesma política mas até agravando-a.

O CORTE NAS FUNÇÕES SOCIAIS DO ESTADO DE 973 MILHÕES EURO EM 2014, E TRANSFERÊNCIA PARA OS SERVIÇOS E OUTRAS ENTIDADES PÚBLICAS DE 473 MILHÕES EURO DE CONTRIBUIÇÕES PARA A CGA QUE ANTES ERAM PAGAS PELO MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

Depois de todos os cortes feitos em anos anteriores na saúde, na educação, na segurança social e nas re-munerações dos trabalhadores e aposentados da Fun-ção Pública, face ao total fracasso da política que têm imposto, como os dados oficiais referidos anteriormen-te mostraram, o governo e troika pretendem fazer no-vos cortes na despesa pública em 2014, a acrescentar aos anteriores. O quadro 2, construído com dados da “Análise à proposta do Orçamento do Estado para 2014”, elaborado pela Unidade Técnica de Apoio Or-çamental (UTAO) da Assembleia da República, mostra a dimensão dos cortes que foram feitos entre 20012 e 2013, e os que se pretendem agora fazer na despesa com as funções sociais do Estado.

No período 2012/2014, o corte nas despesas com a Funções Sociais do Estado atinge 1.104 milhões euro, sendo o corte maior o feito na área da saúde por este governo. No entanto, se analisarmos a proposta de Orçamento de Estado para 2014, conclui-se que, relati-vamente a 2013, o previsto para 2014 representa um corte na “Educação” de 467 milhões euro; na “Saúde” de 271 milhões euro, e na “Segurança Social” o corte atinge os 235 milhões euro; portanto, nas três mais importantes Funções Sociais do Estado o corte em 2014 soma 973 milhões euro. Uma análise mais porme-norizada mostra que em relação ao SNS, as transferên-cias do Orçamento do Estado diminuem em 2014, rela-tivamente às de 2013, em 300 milhões euro; o “Ensino básico e secundário” sofre um corte de 565,2 milhões euro, pois o valor orçamentado diminui, entre 2013 e 2014, de 4.362,2 milhões para 3.797 milhões euro, e a própria “Ciência e o ensino superior” sofrem também um corte no seu orçamento de 70,1 milhões euro, pois o orçamentado diminui de 1.288,5 milhões euro para 1.218,4 milhões euro, conforme consta do quadro III.1.9 do Relatório do OE-2014 (pág. 104). E esta situação é ainda mais grave se se tiver presente que existem en-cargos que antes eram suportados diretamente pelo Ministério das Finanças e que, em 2014, são transferi-dos para os serviços públicos, para os Hospitais EPE, para os estabelecimentos de ensino superior, para as autarquias, etc.. E isto porque, de acordo com o artº 79 da proposta de lei do OE-2014, “Todas as entidades,

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independentemente da sua natureza jurídica e do seu grau de autonomia, contribuem mensalmente para a CGA com 23,75%”. Em 2013, estas entidades contribuí-ram com 20%, sendo o resto suportado diretamente pelo Ministério das Finanças, com transferências diretas para a CGA. Em 2014, o correspondente a 3,75% das remunerações passam a ser suportadas pelos serviços e restantes entidades públicas, o que corresponde a um encargo adicional que estimamos em 473 milhões euro. Entre 2012 e 2014, as contribuições dos serviços e ou-tras entidades públicas para a CGA aumentaram de 15% do valor das remunerações para 23,75%, o que repre-senta um encargo adicional para os seus orçamentos que estimamos em 1.103 milhões euro, que antes eram suportados diretamente pelo Ministério das Finanças. Por um lado, reduz-se significativamente as transferên-cias para os serviços e entidades públicas essenciais e, por outro lado, transferem-se para elas custos adicio-nais sem as compensar pelo aumento de encargos que daí resulta. É evidente que o que se pretende é destruir as Funções Sociais do Estado através do seu estrangu-lamento financeiro para assim abrir caminho a negócios privados, agravando ainda mais as desigualdades soci-ais, pois quem não tiver dinheiro não terá acesso a es-tes serviços fundamentais (saúde, educação segurança social).

NOS GRUPOS PROFISSIONAIS COM MAIS TRABALHADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O AUMENTO DO CORTE NAS SUAS REMUNERAÇÕES, ENTRE 2013 E 2014, CHEGA A ATINGIR 207%

A proposta de OE-2014 apresentado pelo governo PSD/CDS e “troika”, e já aprovada na generalidade pela maioria PSD/CDS, com o voto contrário de toda a opo-sição, em 1-11-2013 na Assembleia da República, agrava de uma forma direta e violenta as desigualdades de rendimentos em Portugal. E isto porque, por um lado, classes com rendimentos baixos que até aqui tinham sido “poupadas” a cortes diretos nos seus rendimentos, são agora atingidas e, por outro lado, criam-se mais desigualdades entre as diferentes classes de rendimen-tos como o quadro 3 mostra em relação aos trabalha-dores da Função Pública.

Em 2011, 2012 e 2013 não foram aplicados quaisquer cortes aos trabalhadores da Função Pública com remu-nerações ilíquidas totais inferiores a 1.500 euro, en-quanto em 2014 o governo pretende aplicar cortes a todos os trabalhadores com remunerações superiores a 600 euro por mês, cortes esses que variam entre 16 euro e 129 euro. Por outro lado, em relação aos traba-lhadores que sofreram cortes de remunerações em 2013, ou seja, com remunerações iguais ou superiores a 1.500 euro por mês, os aumentos que se verificam nos cortes que o governo pretende fazer em 2014 variam entre 20% nas remunerações mais elevadas (de valor superior a 4.165 euro), e de 207% nas remunerações que rondam os 2000 euro. Se se tiver presente que a remuneração média ilíquida total atual nas Administra-ções Públicas sem o subsídio de refeição é de 1.500 euro, fácil é de concluir que o aumento do corte que sofrerá a maioria dos trabalhadores deverá rondar os 145,7%, um aumento imoral e inaceitável para quem tem sofrido ao longo dos últimos anos congelamentos de salários, cortes e confisco de subsídios. É evidente que, com a sua proposta, este governo e esta “troika”, criam mais desigualdades e injustiças. Para finalizar este ponto, interessa dizer, que de acordo com dados constantes do Relatório do OE2014 (pág. 50), o gover-no prevê apropriar-se, desta forma, de cerca de 643 milhões euro de remunerações dos trabalhadores em 2014.

O CORTE IMORAL DAS PENSÕES DE SO-BREVIVÊNCIA MESMO DE VALOR INFERI-OR A 100 EURO, A DESIGUALDADE DOS CORTES A PENSIONISTAS COM O MESMO RENDIMENTO

No fim de 2012, a CGA pagava pensões de sobrevi-vência a 132.942 pensionistas, e deste total 69% recebi-am pensões inferiores ou iguais a 500 euro, e apenas 1,7% recebiam pensões superiores a 1.500 euro. Em Setembro de 2013, a Segurança Social pagou pensões de sobrevivência a 708.207 pensionistas. Portanto, o número de pensionistas a receber pensão de sobrevi-vência é superior a 840.000. E é a estes pensionistas, muitos deles com pensões extremamente baixas - na Segurança Social o valor da pensão média de sobrevi-vência é inferior a 200 euro por mês e na CGA é de 451

euro por mês – que o governo pretende fazer cortes, em alguns a duplicar e em pensões de qualquer valor.

Se se conjugar as duas propostas das leis já aprovadas (uma apenas na generalida-de pelo PSD/CDS) – a lei do corte das pensões pagas pela CGA e a proposta de lei do OE2014 - conclui-se que a mesma pensão de sobrevivência poderá sofrer um duplo corte, que o corte nas pensões de sobrevivência poderá incidir mesmo sobre pensões inferiores a 100 euro por mês, e que dois pensionistas, com o mesmo ren-dimento, desde que ele tenha como ori-gem duas pensões, poderão sofrer cortes nas suas pensões de sobrevivência muito diferentes, ficando com rendimentos lí-quidos também muito diferentes. É tudo isto que vamos mostrar.

De acordo com a última proposta do governo, a partir de 1 de Janeiro de 2014, os pensionistas que recebam pensões de sobrevivência pagas pela CGA de valor superior a 600 euro (na última proposta apresentada aos sindicatos o valor era apenas 419,20 euro) sofrerão um corte

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nas suas pensões de 10% (artº 7º da lei aprovada apenas pela maioria PSD/CDS). Este corte atingirá, se não for “chumbado” pelo Tribunal Constitucional, cerca de 30.000 pensionistas. Mas além deste corte há outro constante no artº 116º da proposta de lei do OE2014. Segundo este artigo, desde que o pensionista receba mais de uma pensão - a sua e do cônjuge falecido – e desde que a soma dos valores ilíquidos das duas seja superior a 2000 euro, a pensão de sobrevivência tem de ser recalculada com base numa tabela que consta tam-bém do artº 116º da proposta de lei, o que determinará um corte no valor da pensão de sobrevivência que po-derá atingir 17% nas pensões de sobrevivência pagas pela CGA e 21% nas pensões pagas pela Segurança So-cial. E não existe nenhum valor de pensão de sobrevi-vência que esteja isenta de corte, incluindo mesmo pen-sões inferiores a 100 euro.

Alguns exemplos que embora imaginados podem ser reais, para tornar mais claro o carater absurdo e imoral destas disposições. Analisemos, em primeiro lugar o caso de um pensionista que receba uma pensão ilíquida de 1900 euro e uma pensão de sobrevivência ilíquida de apenas 150 euro. Como a soma das duas ultrapassa os 2000 euro, a pensão de sobrevivência sofre uma redução de 12% no caso de ser paga pela CGA, e de 11,7% se for paga pela Segurança Social. Ve-jamos agora o caso de dois pensionistas cuja soma das pensões é, em ambos, de 2.600 euro, mas que um re-cebe uma pensão de sobrevivência de 1.500 euro e o outro de 500 euro. Como a soma das duas pensões é superior a 2000 euro, os dois estão sujeitos a cortes nas suas pensões de sobrevivência. Mas como os valo-res destas pensões são diferentes, os cortes em valor são muito diferentes e, consequentemente, o rendi-mento líquido com que ficam, após os cortes, também são diferentes embora o rendimento ilíquido seja igual (2.600 euro/mês). Fazendo contas e aplicando a tabela constante do artº 116 da proposta de lei OE2014 che-gam-se aos seguintes cortes: o que tem uma pensão de sobrevivência de 500 euro sofre um corte de 100 euro, ficando com 400 euro que somados ao valor da outra pensão – 2100 euro - dá 2500 euro. O segundo que tinha uma pensão de sobrevivência de 1500 euro sofre um corte de 300 euro, ficando com 1.200 euro que somados ao valor da outra pensão – 1.100 euro - dá apenas 2.300 euro. Embora o rendimento ilíquido de ambos os pensionistas seja igual (2.600 euro), no en-tanto por receberem pensões de sobrevivência diferen-tes (500 euro e 1.500 euro), sofrem cortes diferentes (um sofre um corte que é o triplo do corte do outro) o que determina que os seus rendimentos após os cortes sejam também diferentes (2.500 euro e 2.300 euro). Portanto, cria-se uma nova desigualdade violando o princípio que contribuintes (aqui pensionistas) com o mesmo rendimento deviam ser tratados de uma forma igual. Com cortes desiguais desta natureza o governo PSD/CDS e a “troika” pretendem-se apropriar, em 2014, de cerca de 100 milhões euro dos rendimentos dos pensionistas que recebem pensões de sobrevivência.

ALTERAÇÕES NA LEI DA APOSENTAÇÃO IMPORTANTES PARA OS TRABALHADO-RES DA FUNÇÃO PÚBLICA

Para além dos cortes retroativos nas pensões de aposentação, da alteração na fórmula de cálculo da pensão que vai determinar pensões mais baixas para os futuros aposentados, e do aumento eventual da idade de aposentação para 66 anos em 2014, há quatro novas disposições para as quais interessa chamar a atenção dos trabalhadores da Função Pública.

A primeira, consta do artº 77º da proposta de Lei do OE-2014, a qual tem a seguinte redação: “o fator de sustentabilidade a aplicar aos pedidos de aposentação que não dependa de verificação de incapacidade que tenham sido recebidos pela CGA até 31-12-2013, e ve-nham a ser despachados depois desta data, é o que vigorou em 2013”. Em 2013, o fator de sustentabilidade

reduz a pensão do trabalhador em 4,78%, e o governo pretende aumentá-lo em 2014 para 12%. É uma subida administrativa, portanto arbitrária, que não tem qual-quer fundamentação técnica. De acordo com aquela norma, os trabalhadores que apresentem o seu pedido de aposentação até 31-12-2013, portanto inclui os que apresentaram até 31-12-2012, mesmo que o despacho da aposentação seja emitido em 2014 aplica-se o fator de sustentabilidade em vigor em 2013, portanto a redu-ção da pensão será de 4,78% e não 12%.

A segunda alteração na lei da aposentação resultou da luta dos sindicatos da Função Pública e é positiva (na reunião com o Secretário de Estado da Administra-ção Pública, este “acusou-me” diretamente de, com os meus estudos, ter sido o mentor da campanha que le-vou o governo a alterar a lei). Em 2013, através da Lei do OE-2013, a atualização da remuneração de 2005 que serve de cálculo do P1 (pensão correspondente ao tempo de serviço até 2005) deixou de ser feita com base no coeficiente de revalorização que é utilizado pela Segurança Social, que tem como base o aumento de preços, e passou a ser feita com base no aumento do índice 100 de remuneração da Função Pública, o que criou uma grave divergência entre os regimes da Segurança Social e da CGA, com graves prejuízos para os trabalhadores da Função Pública que, por esta via, sofreram uma redução importante na sua pensão de aposentação. Para concluir isso, basta ter presente que, em 2013, para os trabalhadores que apresentaram o seu pedido neste ano e que se aposentem neste ano, a sua remuneração de 2005, utilizada no cálculo do P1, seria aumentada apenas em 8,2%, e se fosse utilizado o coeficiente de revalorização da Segurança Social, ela é já atualizada em 17,12%, portanto a pensão (P1) é supe-rior em quase 9%. Como consequência da denúncia desta injustiça que desde o início fizemos, e como re-sultado da pressão dos sindicatos da Função Pública foi acrescentado, já na Assembleia da República, na Lei do OE-2014 apresentada pelo governo o que está a negro no texto seguinte: “R, (que serve de cálculo para o P1) é 80% da remuneração mensal relevante nos ter-mos do Estatuto da Aposentação, com um limite má-ximo correspondente a 12 vezes o valor do indexante dos apoios sociais (IAS), percebida até 31 de Dezembro de 2005 e revalorizada nos termos do nº 1 do artigo 27º do Decreto-Lei n.º 187/2007”, o que significa que o cálculo do P1 passa a ser feito com base em 80% da remuneração de 2005, e não 90% como era até ao fim de 2013, mas a remuneração de 2005 deixa de ser re-valorizada com base no aumento do índice 100 da Fun-ção Pública, e passa a ser com base no coeficiente de revalorização utilizado pela Segurança Social que inclui o aumento de preços.

Há ainda outras duas disposições introduzidas pelo governo, que têm passado despercebidas à opinião pública pois os órgãos de comunicação social têm ignorado, que revelam também o ódio de classe que este governo tem contra os trabalhadores da Função Pública. A primeira consta do nº2 do artº 8º da Lei de cortes das pensões de aposentação, a qual revoga a bonificação que existe também na Segurança Social por carreira longas (redução de um ano na idade legal de aposentação por cada conjunto de 3 anos de con-tribuições que o trabalhador tivesse para além de 30 anos de descontos no dia em que fez 55 anos de ida-de). A segunda disposição consta do artº 78 da pro-posta de Lei do OE-2014 a qual revoga também a bo-nificação que existe atualmente na pensão unificada e que correspondia a metade da diferença nas pensões obtidas com base na soma do tempo de descontos para a CGA e Segurança Social e com base no tempo de desconto apenas para a CGA. Enquanto se multi-plicam os cortes que atingem trabalhadores e pensio-nistas, o governo e a “troika” multiplicam, mesmo em período de crise os benefícios às grandes empresas. Mas disso falaremos num próximo estudo pois este vai já demasiadamente longo.

EDITORIALEstudo11

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Protocolos 12

Novos protocolos foram estabelecidos, podendo ser consultados no nosso site em www.stfpn.pt – serviços:

PROTOCOLOS RECENTES 2013

SAÚDE

Centro Tesal Termas de Monção Av. das Caldas, s/n 4950-442 Monção T. (+35) 1 251 648 367 F. (+35) 1 251 648 [email protected]

Redução de 30% entre 1 de Novembro e 31 de Maio, (exceptuando Semana Santa), Redução de 15% entre 1 de Junho e 31 de Outubro, nos seguintes Programas: Clube termal, Tratamentos de massoterapia, Tratamentos complementares, Estética facial, Estética Corporal, Depilações, Fisioterapia, (estes descontos não são acumuláveis com outros disponíveis no Centro Tesal Termas de Monção). Redução de 10% em alojamento, no Hotel Bienestar Termas de Monção.

VITACURA, Lda Rua 28 de Janeiro, 350 – F. V-02,4400-335 Vila Nova de GaiaE-mail: [email protected] Telefone: +351 221 450 395Telemóvel: +351 915 499 394 / 409 Redução de 10% nos seguintes serviços: VITACURA SAÚDE (no âmbito dos cuidados continua-dos e paliativos, reabilitação e convalescença, apoio ao cuidador informal, apoio especializado a doentes com demências tipo Alzheimer, Parkinson, entre outros) - Enfermagem − Psicologia − Fisioterapia − Medicina (clínica geral) − Terapia da fala − Podologia VITACURA BEM-ESTAR: − Atividades Básicas e Instrumentais de Vida Diária (A.V.D. e A.V.D.I.) i. Treino de competências funcionais ii. Mobilidade iii. Higiene Individual iv. Acompanhamento − Apoio doméstico i. Higiene ambiente ii. Tratamento de roupa iii. Alimentação iv. Atividades de ocupação v. Tarefas no exterior VITACURA AJUDAS TÉCNICAS – Aconselhamento e orientação na compra e/ou aluguer de ajudas técnicas

EDUCAÇÃO

Sabichão Saltitão Centro de estudos e parque de diversão, Lda Rua da Quintã, Frossos 4700-023 Braga Telef.: 253 673 352 E-mail: [email protected] Site: http://www.sabichaosaltitao.pt

OUTROS

GAP Rua Arquitecto Marques Silva,259 R/c Esq - 4150-484 localidade: Porto Portugal tel: 226 097 171 Telemóvel: 910 494 970 [email protected]

O Gabinete de Apoio Prudente oferece aos seus clien-tes as melhores soluções nas questões de ordem finan-ceira. O GAP disponibiliza uma equipa multidisciplinar consti-tuída por profissionais com larga experiência e forma-ção visando uma análise cuidada da situação, por for-ma a apresentar e resolver de forma célere, idónea e definitiva, soluções para o problema de endividamento pessoal, familiar ou da sua empresa.

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EDITORIALFormação13

FORMAÇÃO PROFISSIONAL 2013 "O MAIOR SABER É A ARTE DE APRENDER"Formação Sénior

No decorrer dos anos de 2012/2013, foram várias as acções de formação realizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, em parceria com a FPCE Universidade do Porto, desti-nadas aos Associados Aposentados STFPSN.

Nestas acções, a que se deu o nome de “Tertúlias”, foram abordados temas sobre o envelheci-mento, nomeadamente:

“Envelhecer e Bem Estar” “O Envelhecimento” “Políticas Sociais – Direitos e Deveres” “Aposentados / Reformados – E agora?” – Parte I “Aposentados / Reformados – E agora?” – Parte II

O parecer geral e os resultados sobre estas inicia-tivas foram extremamente positivos e satisfatórios, quer por parte dos associados, como por todos os re-cursos humanos que integraram esta equipa de forma-ção: dirigentes, formadora, elementos CEFOMAP.

Resultados estes, que surgem como factor de motivação para dar continuidade ao trabalho até então desenvolvido, sendo pretensão do Sindicato realizar novas “Tertúlias”, cujo Público-Alvo será: - Associados Aposentados do STFPSN, - Convidados Aposentados de outras entidades /Instituições.

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Tema 14

ob a denominação «Um Estado Melhor» surge um documento aprovado em Conselho de Ministros que é um documento cientificamen-te nulo, gramaticalmente incorreto, tecnica-mente insuficiente e que serve um só propó-

sito: um marcado pendor ideológico que reflete a mar-ca de classe dos seus autores e subscritores.

De facto, o documento apresentado é um ajuste de contas da direita com as conquistas de Abril, designa-damente com a Constituição da República Portuguesa. Prosseguindo um dos mais antigos objetivos dos go-vernos de direita e de políticas de direita – a reconfigu-ração do Estado – este documento segue a linha ideo-lógica já presente nos anos 80 de entrega aos privados de setores fundamentais da economia portuguesa.

As privatizações do setor produtivo, comunicações, setor energético, do setor agrícola, de serviços públi-cos, são formas bem conhecidas da depauperização do Estado, vendendo por «tostões» ao privado setores que hoje são dos mais lucrativos no quadro da iniciati-va económica privada.

Assim, o que com este Guião se pretende é tão-só continuar o processo de retirada dos direitos dos tra-balhadores da Administração Pública e o seu total desmantelamento com vista à sua destruição e privati-zação. Um caminho já trilhado por vários governos que elegeram os trabalhadores e o serviço público como alvo a abater. Há muitos anos que os trabalhadores da Administração Pública têm vindo a perder direitos, remuneração e os seus postos de trabalho.

Hoje, a intenção é clara e, inclusive, os termos utili-zados demonstram bem o preconceito de classe e a ideologia ultra liberal que lhe subjaz pretendendo mesmo uma verdadeira mudança de regime.

Não existe democracia sem uma Administração Pública de qualidade, ao serviço dos trabalhadores e das populações, que garanta o exercício dos direitos constitucionais de todos e ao mesmo tempo o direito dos seus trabalhadores a um posto de trabalho e a um trabalho digno e com direitos.

A aposta deste governo é o ataque à democracia e aos direitos constitucionais. É o remate das aspirações da direita mais retrógrada. É um verdadeiro ajuste de contas com os trabalhadores e as suas lutas.

Um documento que arrasa o Estado e a Constitui-ção e, por isso, um documento que deve ser inequivo-camente rejeitado pelos trabalhadores, pelas suas or-ganizações de classe e pelo povo português.

I

“Introdução: a emergência financeira e as lições aprendidas” ou do embuste das ra-zões invocadas para a perpetuação das políticas do memorando

A proposta apresentada contém linhas gerais de orientação para a denominada «reforma do Estado», a ser levada a cabo a partir de 2014 para preparação do chamado período «pós-troika».

No fundo trata-se da continuidade das propostas do memorando concretizando aquele é o objetivo cen-tral de sucessivos Governos: a reestruturação e recon-figuração do Estado e destruição das suas funções sociais. Estando uma revisão constitucional vedada ao Governo, a sua revisão pretende fazer-se, por parte do PS, PSD e CDS via lei ordinária e alterações executivas.

S

Um guião de destruição do Estado

(«Um Estado Melhor» Proposta do Governo, aprovada no Conselho de

Ministros de 30 de Outubro de 2013)

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EDITORIALTema15

Depois do PRACE e do PREMAC, cujo resultado se saldou no encerramento de dezenas de serviços públi-cos e na colocação na mobilidade especial de centenas de trabalhadores, privando as populações do acesso ao exercício de direitos fundamentais.

Ora, este Guião é muito claro nos seus objetivos: «Em primeiro lugar, não há qualquer possibilidade de superar a emergência financeira sem reduzir a despesa pública; e não há qualquer possibilidade de reduzir a despesa pública sem ter impacto nos salários das Ad-ministrações Públicas e nas aposentações do Estado.» («Um Estado Melhor», p.11) Isto é, como fito central e primordial, o objetivo do Governo é reduzir os salários na Administração Pública, seja através do en-cerramento de serviços públicos, seja através da alte-ração da legislação laboral, seja através da reconfigu-ração do Estado, reduzindo as suas funções sociais, como se verá adiante.

Como fundamentação para as medidas propostas o Guião avança razões que não correspondem a uma análise verdadeira e que são mais um embuste para enganar os trabalhadores, pretendendo fazer crer que a despesa pública, designadamente com os trabalhado-res da Administração Pública, são a razão da crise e da suposta necessidade da tomada de medidas adicionais, que serão a consolidação do Memorando, a transfor-mação das medidas transitórias em permanentes e o avanço de medidas ainda mais prejudiciais para os tra-balhadores.

Assim, justificam-se mais roubos aos trabalhadores e aos aposentados com argumentos falaciosos: «com obrigações de redução do défice que implicam eleva-dos montantes, seria ilusório pensar que as áreas do funcionalismo público e das aposentações públicas, representando diretamente cerca de 30% da despesa, poderiam não ser abrangidas no contributo para o es-forço global. Outro aspeto que reflete a dimensão da emergência financeira é o da sustentabilidade dos pró-prios sistemas públicos. Quando se critica ou objeta, por exemplo, a necessidade de uma convergência entre as regras de formação das pensões na CGA face ao regime geral, esquecem-se frequentemente dados ob-jetivos. Não sendo o regime previdencial português de capitalização, a verdade é que as contribuições recebi-das pela CGA não excedem, anualmente, cerca de 4100ME; mas o nível de pagamentos que têm de ser feitos todos os anos é de cerca de 9200ME. Por sua vez, se compararmos o dispêndio em salários das Ad-ministrações Públicas com o volume de impostos arre-cadados, chegaremos à conclusão de que a totalidade da receita em IRS e IRC – os impostos pagos por traba-lhadores e empresas, excetuando, para efeitos compa-rativos, os que têm origem nos descontos dos funcio-nários públicos – não chegam senão para pagar 90% da folha salarial do Estado.» («Um Estado Melhor», pp.12 e 13)

Em suma: mais roubo nos salários dos trabalhado-res da AP, mais roubos nas pensões e reformas dos aposentados, mais despedimentos.

O congelamento das remunerações dos trabalhado-res da Administração Pública no período 2011-2013 determinará que estes trabalhadores recebam menos 1028 milhões de euros de remunerações como consta do “Documento de Estratégia Orçamental 2011-2015” do Governo. Por outro lado, o corte feito pelo governo do PS nas remunerações dos trabalhadores da Admi-nistração Pública, que PSD e CDS mantiveram e agra-varam, determinou uma redução nas retribuições em 1.190 milhões de euros.

Segundo dados da DGO do Ministério das Finanças, o corte nas despesas com as funções sociais do Estado (educação, saúde e segurança social), entre Janeiro a Agosto de 2011, quando comparado com idêntico pe-ríodo de 2010, atingiu -1.311 milhões de euros a preços correntes e -1.952 milhões de euros em termos reais. Os setores mais atingidos são a educação (-889 milhões de euros em termos reais); a saúde (-1.014 milhões de euros em termos reais) e a segurança social (-897 mi-lhões de euros em termos reais). (http://www.eugenio-rosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2011/40-2011-Trabalhadores-AP-Servi %C3%A7os-Pu-blicos.pdf)

Tomando como base a despesa realizada pelo Es-tado nos primeiros nove meses de 2010 a 2012 verifi-cou-se um corte nas despesas com a educação e saúde superior a 2.500 milhões de euros. (http://www.euge-niorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2012/46-2012-Funcoes-sociais-Estado-D.pdf)

Apesar do total fracasso da política seguida nos últimos dois anos, a proposta de Orçamento do Estado para 2014 prevê mais um corte na Educação de 467 milhões de euros; na Saúde de 271 milhões de euros e na Segurança Social de 235 milhões de euros. Assim, nas três das mais importantes funções sociais do Esta-do o corte em 2014 atingirá, se aprovado o Orçamento, 973 milhões de euros.

Propostas gerais para a Administração Pública

1. Inclusão da chamada “regra de ouro” na Constitui-ção da República Portuguesa, determinando a total subordinação política aos ditames económicos – uma verdadeira suspensão das funções sociais do Estado face a políticas orçamentais;

2. Despedimentos na Administração Pública (“menos funcionários mais bem pagos”);

3. Flexibilização do vínculo do trabalhador em funções públicas, ou seja, tornar a precariedade e a contra-tação a termo como regra;

4. Tornar permanentes os cortes salariais apenas as-sumindo a reposição gradual ou parcial em caso de crescimento económico;

5. Possibilidade da permanência dos programas de rescisão por mútuo acordo;

6. Promoção do trabalho a tempo parcial e possibili-dade de reforma a tempo parcial;

7. Negociação de reformas antecipadas;

8. Fixação de objetivos de redução da despesa através da requalificação, rescisões e reforma a tempo par-cial;

9. Promoção da «renovação e contratação» para ga-rantia de rejuvenescimento, isto é, generalização da contratação a termo e outras formas de contratação com vínculos precários;

10. Estabelecimento de programas de estágio e recru-tamento com vista à utilização de mão-de-obra qua-lificada no período de estágio (sem obrigação de contratação para o Estado) e condicionamento do acesso à AP;

11. Alteração do SIADAP com vista à institucionalização do mérito e do bom desempenho do serviço, apro-fundando a subjetividade e discricionariedade da

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Tema 1612. Estabelecimento prévio de objetivos de contratação para justificação de postos de trabalho;

13. Restrição das acumulações dentro do setor público e entre os setores público e privado.

II “Reformar é diferente de cortar” ou da Reconfiguração do Estado

A destruição das funções sociais do Estado e a sua redução a um mínimo baseado apenas nas funções de segurança e inspeção é um objetivo já anunciado desde a introdução da Lei 12-A/2008 que retirou o vínculo de nomeação à generalidade dos trabalhadores da AP, considerando apenas estas como funções sociais.

A par disto, a destruição dos serviços públicos e a sua privatização são outros dos objetivos claros das propostas do governo: «Reformar o Estado, é continuar a privatizar e, portanto, retirar o Estado de participa-ções empresariais que não fazem parte das suas fun-ções nucleares: EDP, REN e ANA são exemplos de pri-vatizações bem sucedidas, com um nível de receita superior ao estimado, contribuindo para abater dívida pública.» («Um Estado Melhor», pp.29 e 30)

O despedimento de trabalhadores e encerramento de serviços são propósitos claros: «Reformar o Estado, é racionalizar as suas entidades. O primeiro passo foi dado com o PREMAC, que extinguiu, fundiu ou alterou 168 entidades, e diminuiu cerca de 1700 cargos dirigen-tes. Do mesmo modo, fez-se o primeiro censo das fun-dações, e foi criado um quadro jurídico que passou a reger a relação destas instituições com o Estado, sendo efetuadas alterações nos subsídios atribuídos a 132 instituições e eliminadas as transferências financeiras para 193.» Idem, p. 30

Também aqui, para justificar estas medidas, o Go-verno sublinha a implementação das 40 horas como uma medida de convergência com o setor privado e como forma de aumento da eficácia da AP. Contudo, e mais uma vez utilizando o embuste da convergência, à imagem do que faz com as pensões, o Governo omite dados fundamentais que demonstram a falácia desta medida.

De facto, como revelam dados divulgados pelo Banco de Portugal, no fim de 2012, 25,7% dos portu-gueses empregados trabalhavam menos de 35 horas por semana; 49,6% trabalhavam entre 36 horas e 40 horas e 24,7% trabalhavam mais de 40 horas por se-mana. No setor privado, muitos trabalhadores, nomea-damente do setor de serviços, têm um horário inferior a 40 horas.

O aumento de 35 para 40 horas semanais determi-na que os 583.669 trabalhadores da AP sejam obriga-dos a trabalhar mais 11.673.380 horas de trabalho por mês.

Utilizando a remuneração média por hora na AP que é apenas de 10 euros (este valor corresponde à hora singela e não ao valor da hora extraordinária e engloba todos os profissionais), aquelas 11.673.380 ho-ras de trabalho mensalmente realizadas a mais pelos trabalhadores da AP correspondem a 116,7 milhões de euros por mês. Multiplicando por 14 meses, pois tal valor teria de ser incorporado na remuneração base, determinaria, por ano, um valor de 1.640 milhões de euros. (http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugenioro-

sa.com/Documentos/2013/20-2013-Aumento-explora-cao-confisco- AP.pdf)

Toda a enunciação que é feita ao longo do docu-mento para valorizar as medidas de cortes nos salários e pensões, de encerramento de serviços, de desmante-lamento do serviço público enquanto tal, da redução ao máximo das funções sociais do Estado, tem expressões clarificadoras do conceito (e preconceito) sobre o pa-pel do Estado no reconhecer e criar as condições de acesso e exercício de direitos fundamentais.

A título de exemplo, veja-se o que é afirmado no documento sobre a Segurança Social e sistema de pro-teção social: «Se todos sabemos que um Estado com demasiados custos só é financiável por impostos ele-vados, o caminho de reformar o Estado significa, em certo sentido, dar-lhe “cabimento” nos orçamentos familiares. Não é o cidadão que deve suportar os cus-tos exagerados do Estado; é o Estado que tem de se conter e ser financiado por uma carga fiscal mais mo-derada. Esta regra é basilar para acreditar que a exce-cionalidade, ao nível da receita, tem um fim.».

Desta forma justifica-se a redução a um Estado mínimo e a entrega dos serviços públicos ao privado onde apenas os que têm meios financeiros e económi-cos poderão aceder a estes.

III

“Um Estado moderno no século XXI” ou da destruição das funções sociais do Estado

Com o propósito de «abrir um debate nacional so-bre o que devem ser as tarefas do Estado o século e no mundo em que vivemos, implica revisitar as suas fun-ções, distinguir entre a tutela dessas funções e a sua execução em concreto», «o equilíbrio está em validar as funções que o Estado não deve delegar e procurar sustentabilidade naquelas que deve garantir diretamen-te; em simultâneo, defendemos uma cultura de partilha de responsabilidade e iniciativa com a sociedade civil, que permita aumentar a escolha informada dos cida-dãos entre diversas ofertas.»

«O objetivo é tornar as Administrações Públicas menos pesadas, visando, ao mesmo tempo, reforçar o poder dos cidadãos, das famílias, das empresas e das instituições.»

«As chamadas funções de soberania foram, são e serão isso mesmo: funções do Estado essenciais para garantir a independência nacional, a prossecução do interesse nacional, a ordem pública e aplicação da lei num Estado de Direito. No plano concetual e também no plano operacional, nenhuma das quatro funções tradicionais – diplomacia, defesa, justiça e segurança – é delegável. Mais: não tem o Estado qualquer interesse em delegá-las. À exceção de certas funções residuais e da natureza mais industrial, qualquer destas áreas de soberania do Estado recorre fundamentalmente aos seus serviços.» («Um Estado Melhor», pp.43, 44 e 54)

Ficam, desta forma, claros os objetivos finais: a re-dução das funções sociais do Estado à defesa, justiça, soberania e segurança desresponsabilizando-o das restantes num processo de transferência das suas competências em matéria de segurança social, cultura, educação, saúde, poder local à iniciativa de solidarie-dade social ou particular, num processo progressivo de privatização.

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Veja-se, pois, as propostas por área com impacto na AP.

Serviços Centrais:

1. Redução do atual número de 12 secretarias-gerais começando pela agregação de serviços comuns, designadamente os pagamentos;

2. Integração gradual da função jurídica e contenciosa prevendo-se também uma agregação de todos es-tes serviços e a sua centralização;

3. Centralização dos gabinetes de estudo e planea-mento;

4. Concentração dos departamentos de relações inter-nacionais dos Ministérios sectoriais;

5. Reforma do sistema inspetivo do Estado com a agregação de alguns serviços inspetivos e reforço dos seus poderes de autoridade;

6. Reforço da gestão centralizada das compras, dos serviços partilhados e da gestão dos serviços co-muns, que, comprovadamente apenas têm servido para destruir postos de trabalho e aumentar os cus-tos com a compra e gestão dos materiais e serviços;

7. Reforço dos instrumentos e programas de racionali-zação do património imobiliário do Estado, visando a alienação de imóveis, a poupança de rendas e a racionalização de espaço dos serviços públicos (com levantamento dos espaços não utilizados).

Organismos do Estado:

1. Preparação em 2014 de um PREMAC 2, dirigido tan-to à Administração direta como à indireta do Esta-do, incluindo o Setor Empresarial do Estado, tendo por objetivo fazer uma avaliação custo-benefício dos organismos e entidades que possam ser extin-tos ou melhor enquadrados, isto é, mais encerra-mentos de serviços públicos em toda a AP, incluindo as administrações regionais e locais;

2. Sinalizar os serviços que possam ser descentraliza-dos, desconcentrados ou sujeitos a um regime de prestação ou controlo simplificado ou digitalizado, promovendo, consequentemente o despedimento de trabalhadores e o recurso a vínculos precários;

3. Preparar a reforma dos Laboratórios de Estado através da sua agregação.

Municípios:

1. Dando continuidade à extinção de freguesias, es-tender idêntico processo aos municípios com vista à sua extinção (a chamada agregação);

2. Preparar novo processo de transferência de compe-tências da Administração Central para os municípios e as entidades intermunicipais. As transferências incidirão sobretudo em áreas como a educação, ainda sob responsabilidade central, serviços locais de saúde, contratos de desenvolvimento e inclusão social, cultura, participação na rede de atendimento público dos serviços do Estado, transportes e polici-amento de trânsito onde se justifique;

3. Concluir, publicitar e colocar em discussão o estudo sobre a racionalização de serviços e equipamentos do Estado pelo território, isto é, mais encerramen-tos.

Funções de Soberania:

1. A adaptação e racionalização das Forças Armadas de regime profissional a conceitos, missões, disposi-tivo e estruturas próprios de um Estado-Nação pací-fico através da redução do peso das componentes do pessoal nos orçamentos – com aposta maior na operação e manutenção -, a redução gradual do efetivo das Forças Armadas para 30 a 32 mil milita-res, e a continuação da reforma da saúde e ensino militares;

2. A escolha, preparação e formação dos diplomatas portugueses, acentuando a componente económica e empresarial;

3. No plano da justiça, levar a cabo no terreno a políti-ca de objetivos para os tribunais;

4. d)  A definição dos valores processuais de referên-cia para os juízes, em função da especialidade e da complexidade dos processos;

5. O conceito da gestão do tribunal, através da equipa que o dirige; a formação específica dos profissionais para este efeito; A introdução de critérios de produ-tividade e gestão na Justiça prejudicará sobremanei-ra os cidadãos que a ela recorrem que passam a estar inseridos em meras estatísticas ficando os juí-zos de mérito sobre as causas seriamente prejudi-cados. A gestão por objetivos de um Tribunal levará a que este, funcionando por metas, tenha mais ou menos financiamento consoante o número de dili-gências, litispendências, casos julgados, acelerando a justiça de uma forma enganosa porque indepen-dentemente das decisões em causa, os trabalhado-res e os tribunais estarão sempre sujeitos a uma avaliação de resultados numéricos e não a uma ponderada avaliação e diagnóstico de meios huma-nos e técnicos necessários para um melhor serviço de acesso ao direito e aos tribunais.

6. Anúncio da reforma da arquitetura institucional do sistema judicial através de encerramento gradual dos tribunais e a aposta nos meios de resolução extrajudicial de conflitos o que acentua de foram muito grave a justiça de classe e as dificuldades das camadas trabalhadoras acederem à defesa dos seus direitos por esta via;

7. Compatibilização da necessidade de renovação de efetivos com a política de reserva e aposentações;

8. Desmaterializar, descentralizar ou rever inúmeras tarefas de tipo administrativo, judiciário ou até eco-nómico e social, que são pedidas às Forças de Segu-rança sublinhando prevenção e repressão da crimi-nalidade;

9. Reflexão sobre algumas áreas que carecem de me-lhor repartição de competências – por exemplo, a ASAE -, entre forças e serviços com competências de investigação (isto é, dotar determinadas entida-des com mais carácter repressivo e dissuasor).

Funções de regulação, supervisão e inspeção:

1. Reduzir o número de entidades reguladoras e, con-sequentemente, reduzir a intervenção sobre práticas monopolistas de grandes setores económicos;

2. Garantir o escrutínio democrático da atividade regu-ladora, o que deixa antever a intromissão do Gover-no na atividade das entidades reguladoras;

3. Abertura dos mercados e da não proteção das em-presas incumbentes;

4. Evitar a permanência ou constituição de monopóli-os, públicos ou privados, medida que, conjugada com os objetivos apenas poderá significar a privati-zação de mais setores estratégicos;

5. Correção de condições para uma supervisão finan-ceira eficiente no quadro da União Bancária, medida que determinará a preva-lência de regras europeias sobre as leis nacionais.

Educação:

1. Lançamento de concursos públicos para que as au-tarquias e associações de várias autarquias a “con-cessões de escola”, alargando gradualmente a sua responsabilidade a novos ciclos de ensino;

2. Aumentar e generalizar os contratos de autonomia das escolas, aumentado o poder de definição do seu projeto escolar;

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3. Criação de “escolas independentes” – isto é, conces-sionadas a privados – mediante procedimento concur-sal dirigido a professores com um projeto de escola específico, de propriedade e gestão dos próprios pro-fessores, mediante a contratualização com o Estado do serviço prestado e do uso das instalações;

4. Criação de novo ciclo de contratos de associação em territórios em que as instituições educativas, continua-damente, apresentam resultados escolares com maio-res dificuldades e níveis de insucesso. Afirma o Gover-no que, «como é sabido, globalmente, as escolas com contrato de associação respondem bem nos ranking educativos»;

5. A regulamentação e efetiva aplicação do novo Esta-tuto do Ensino Particular e Cooperativo;

6. Aplicação do chamado “cheque ensino”, para que a escolha de estabelecimentos privados, em detrimento da Escola Pública, seja financiada pelo Orçamento do Estado;

7. Desenvolvimento do ensino profissionalizante e da sua vertente dual, isto é, da associação entre escolas e empresas na formação técnica dos jovens com uma meta proposta a breve prazo de 50% dos estudantes do ensino secundário no ensino profissionalizante «que permitam o acesso direto a uma profissão útil e neces-sária à sociedade», numa clara política de classe e de elitização marcada no acesso ao Ensino Superior;

8. Reorganização do ensino politécnico, com a adequa-da verificação da procura, empregabilidade dos respe-tivos cursos e impacto no território; reforma do Ensino Superior com vista a reforçar a qualidade da oferta universitária, consolidar a oferta politécnica e criar, com início em 2015, um novo modelo de ensino superi-or de ciclo curto, muito próximo da realidade do mer-cado de trabalho, mantendo «o sistema de compartici-pação dos estudantes no custo da educação»;

9. Densificar a qualidade do Sistema Científico e Tecno-lógico Nacional e as instituições de I & D e reforçar a sua articulação com o tecido empresarial, medida que, de uma leitura conjugada, deixa antever a possibilidade de utilização de mão-de-obra altamente qualificada (ex.: bolseiros de investigação científica), cujos custos são suportados pelo Estado, mantendo-a como traba-lhadores com vínculos precários e sem proteção social e ao serviço do setor privado.

Cultura:

1. Realização de mais parcerias, com uma maior des-centralização, com a colaboração com as autarquias, empresas e sociedade civil; e investimento na cola-boração com as indústrias criativas, o turismo e a educação, encarando a cultura não como um direito mas como um produto;

2. Desmaterialização no acesso arquivístico e docu-mental e o alargamento ao livro e leitura, impedindo o acesso a bens culturais por parte de quem não dispõe de suportes informáticos e responsabilização da abertura do acesso à cultura de todos os cida-dãos e entidades públicas e privadas;

Segurança social:

1. Realização de nova reforma deve estabelecendo um “plafonamento” das contribuições e das futuras pensões, segundo um modelo de adesão individual e voluntária, com expressa manifestação de vontade dos contribuintes; deve operar para futuro e apenas a partir de um certo limite de rendimentos, a definir consensualmente, mantendo-se apenas até esse limite a obrigatoriedade do desconto para o sistema público, descapitalizando desta forma o sistema público de Segurança Social, diminuindo o orçamen-to para o pagamento das prestações sociais e abrindo caminho à privatização do sistema;

2. Estabelecimento de um valor máximo para as pen-sões que o Estado paga, ignorando as contribuições para o sistema público de Segurança Social;

3. Determinar somente um o princípio de atualização anual das pensões mais mínimas;

4. O Governo afirma, numa perspetiva xenófoba e re-veladora da sua conceção da Segurança Social que «a subsidiodependência é um abuso» legitimando desta forma o corte de prestações não contributivas e «subsídios gratuitos», atribuídos a pessoas em idade ativa mas sem ocupação fixa, «comparando com o rendimento médio dos trabalhadores menos qualificados que as não recebem, mas pagam os seus impostos» por forma a estabelecer ainda mais limites nas acumulações;

5. Privilegiar a chamada «economia social» dando pre-ferência na aplicação dos fundos comunitários;

6. Avaliação da eficácia do sistema de oferta, aceita-ção ou recusa de ofertas de emprego, isto é, fiscali-zar as faltas e reforçar a vigilância nas «recusas in-justificadas de emprego e impedir que oportunida-des razoáveis se desperdicem» demonstrando uma vez mais o preconceito contra os desempregados e o objetivo de reduzir cada vez mais o subsídio de desemprego e retirá-lo aos desempregados;

7. Substituir o Estado e o IEFP por empresas de recur-sos humanos, com gestão por objetivos, empresas que têm servido para aumentar as situações de con-tratação ilegal e de proliferação da precariedade em todos os setores;

8. Oferta às empresas que contratam desempregados, do remanescente – total ou parcial – que os empre-gados receberiam se continuassem na situação de desemprego, isto é, ao invés de aumentar o salário mínimo nacional trata- se de financiar as entidades patronais com dinheiro do Orçamento para que cumpram a lei, mantendo o nível baixo de salários;

9. Aplicar a fórmula descrita na alínea h) na colocação de desempregados nas empresas que prestam ser-viços contratualizados com o Estado;

10. Contratualização das funções de solidariedade numa lógica de Rede Local de Intervenção Social, que envolva uma vasta parceria do Estado com o setor solidário, que o Governo justifica com a seguinte afirmação «o investimento feito nesta rede é larga-mente mais eficiente do que a intervenção centrali-zada e de maior burocracia do Estado central»;

11. Conclusão da concessão de equipamentos sociais;

12. Aplicar a gestão coordenada da CGA e do regime geral da Segurança Social.

Saúde:

1. Criação de condições para a sustentabilidade das unidades prestadoras de cuidados de saúde;

2. Promoção da «investigação e o desenvolvimento; excelência de cuidados e a excelência na gestão da informação»;

3. Aposta em «recursos humanos capacitados, com o objetivo de fazer mais e melhor com os meios exis-tentes, clarificar com maior precisão o papel de cada profissional na cadeia de valor da sua institui-ção e encontrar uma matriz de avaliação que permi-ta medir a produtividade e o empenho de cada pro-fissional, bem como o desenvolvimento de instru-mentos de fidelização e de atracão de profissionais para regiões onde se verifique carência de recursos», isto é, a avaliação de desempenho dos profissionais de saúde ficar diretamente ligada a questões de produtividade, acentuando a tónica da saúde não como um direito mas como um negócio;

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4. Redução das iniquidades de acesso aos cuidados de saúde primários, bem como o reforço da oferta de cui-dados continuados, com prioridade para as regiões do país atualmente menos capacitadas e «reduzir a pres-são que os denominados “casos sociais” exercem sobre os cuidados de saúde - muitas vezes gerando interna-mentos hospitalares de duração desadequada à gravi-dade da situação clínica desencadeante», revelando bem a perspetiva preconceituosa deste Governo face às necessidades e dificuldades das populações, preten-dendo, também na saúde, restringir de forma inaceitá-vel o acesso a este direito;

5. Concretizar a Reforma Hospitalar, assegurando a continuidade da execução das iniciativas estratégicas propostas pelo Grupo Técnico para a Reforma Hospita-lar, isto é, prosseguir com o encerramento de equipa-mentos com o consequente despedimento de traba-lhadores, facilitando a privatização da saúde;

6. Celebração de acordos estáveis e transparentes com o sector privado e social, nomeadamente através da avaliação de novos formatos de parceria, designada-mente na cessão de exploração de algumas unidades do atual parque hospitalar; da redução das barreiras à entrada de novos operadores de MCDT, nomeadamen-te através da desburocratização do licenciamento e da liberalização do acesso a novas convenções, facilitando desta forma todos os caminhos que levem à privatiza-ção dos serviços;

7. Continuar a reforma da política do medicamento;

8. Redução da carga de doença através da «formação, capacitação e responsabilização dos cidadãos», medida que indica que os cuidados de saúde poderão mesmo ser negados aos cidadãos;

9. Reordenamento da Saúde Pública, com a incorpora-ção das funções essenciais desta, tal como propostas pela UE e OMS;

10. Alteração das missões da Direção Geral de Saúde (DGS), Instituto Nacional de Saúde Pública Doutor Ri-cardo Jorge, I.P., (INSA) e departamentos de saúde pública das atuais Administrações Regionais de Saúde, I.P., (ARS), tendo em vista a melhor gestão das atribui-ções conferidas aos Agrupamentos de Centros de Saú-de (ACES) no domínio da saúde pública, promovendo a gestão centralizada;

11. Internacionalizar o setor da saúde, com três eixos estratégicos: i) crescer no exterior, ii) atrair investimen-to estrangeiro e iii) conquistar novos mercados, abrin-do portanto o setor público não só à gestão privada e/ou privatização como fazendo-o na perspetiva de en-trada de capital internacional;

12. Instituição da gestão coordenada da ADSE com o SNS e concluído o processo referente à ADM e SAD, mediante a clarificação prévia das responsabilidades e visando harmonizar as condições junto dos prestado-res;

13. Criação de uma entidade para a concentração de competências que se encontram residentes na Admi-nistração Central do Sistema de Saúde (ACSS) no do-mínio do financiamento das entidades prestadoras de cuidados de saúde e demais institutos públicos.

Serviços Administrativos:

1. Realização de programa global de redução da buro-cracia com intervenção Ministério a Ministério, para verificação de todos os procedimentos relacionados com a atividade económica, em especial os que afe-tam, direta ou indiretamente, os processos de inves-timento;

2. Estabelecimento de objetivos de redução de, pelo menos, 1/3 das intervenções obrigatórias podendo obrigar à opção por um por um decisor principal;

3. Redução dos prazos de avaliação e previsão de san-ções para as entidades incumpridoras;

4. Em caso de incumprimento dos prazos de resposta tempestiva, estabelecer a regra do deferimento táci-to;

5. Eliminação de legislação obsoleta ou desnecessária;

6. Determinação de processos expeditos de regulação dos conflitos de competências entre entidades do Estado com competências no processo. Findo o prazo que se fixar para esse entendimento, a deci-são deve ser política – violando claramente o princí-pio de separação de poderes.

Simplex 2:

1. Consagração universal da opção pela administração eletrónica dos serviços públicos (princípio Digital por Regra), afastando cada vez mais os serviços dos cidadãos e potenciando o desemprego massivo na AP;

2. Massificação do uso dos serviços públicos eletróni-cos;

3. Adoção de um novo paradigma de atendimento (atendimento digital assistido) que, aproveitando a digitalização universal dos serviços públicos e a ge-neralização de parcerias entre Administração Cen-tral, autarquias locais e sociedade civil, permitindo a desresponsabilização do Estado na prestação de serviços públicos e fomentando o desemprego na AP com o encerramento de serviços;

4. Racionalizar na organização e funcionamento do próprio Estado e, onde possível, centralizar a gestão dos investimentos em tecnologias de informação, com objetivos de poupança e transparência.

Em traços gerais, são estas as propostas para a total reconfiguração do Estado. Com particular destaque para a Saúde, Educação e Segurança Social, setores onde se prevê a total destruição do serviço público e universal, determinando o seu desmantelamento quer através do encerramento de serviços e sua informati-zação, quer, sobretudo, através da entrega da sua ges-tão a privados ou total privatização, provocando segu-ramente o maior número de despedimentos de que há memória, o Governo deixa claro o objetivo de destrui-ção das funções sociais do Estado e de acentuação do seu caráter repressivo e policial.

Apenas considerando como funções sociais as inspeti-vas e de segurança, o Governo propõe-se a acabar não só com o sistema de Segurança Social como com as prestações sociais, reconduzindo o Estado a uma ver-tente assistencialista cuja intervenção de subsume apenas às situações de extrema pobreza ou fome. Também na saúde se pretende impedir (ainda mais) o acesso geral e universal às populações e na educação o objetivo é claramente a destruição da Escola Pública com a agravante de colocar o próprio Estado a financi-ar a iniciativa privada.

Não restam dúvidas sobre estas propostas: estas re-presentam a destruição do Estado como definido pela Constituição da República Portuguesa, o desmante-lamento e privatização dos serviços públicos, a des-truição de direitos fundamentais dos cidadãos e uma verdadeira política de classe, orientada para a lógica economicista e da obtenção do lucro através da des-truição da Administração Pública e da total retirada dos direitos e dos postos de trabalho dos seus traba-lhadores.

Para este Governo, melhor Estado significa nenhum Estado, nenhuma Constituição.

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