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PRPCD 2010-2012 Guião para a Elaboração de Diagnósticos com vista à Implementação de Estratégias Locais de Intervenção

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PRPCD 2010-2012

Guião para a Elaboração de Diagnósticos com vista à Implementação

de Estratégias Locais de Intervenção

PRPCD 2010-2012

Índice

Introdução ....................................................................................................................................................... 3

1. O Diagnóstico no âmbito das ELI ............................................................................................................... 4

2. Equipa técnica responsável pela implementação do Diagnóstico Local .................................................... 7

3. Etapas do Diagnóstico Local ...................................................................................................................... 8

3.1. Etapa 1 - Consulta Inicial ........................................................................................................................ 8

3.2. Etapa 2 – Análise Contextual ............................................................................................................... 10

3.3. Etapa 3 – Análise dos Grupos e dos Contextos ................................................................................... 17

3.3.1. Análise das Consequências para a Saúde.................................................................................... 22

3.3.2. Análise dos Factores de Risco e de Protecção ............................................................................. 24

3.3.3. Análise das Consequências Sociais.............................................................................................. 28

4. Análise das Intervenções .......................................................................................................................... 31

5. Consulta Final ........................................................................................................................................... 33

6. Relatório Final ........................................................................................................................................... 34

7. Métodos..................................................................................................................................................... 35

8. Bibliografia ................................................................................................... Erro! Marcador não definido.

Índice de Figuras

Grelha 1 – Perfil Local ................................................................................................................................... 12

Grelha 2 – Análise da influência dos factores estruturais locais .................................................................. 16

Grelha 3 – Caracterização dos grupos e dos contextos identificados .......................................................... 21

Grelha 4 – Análise das consequências para a saúde .................................................................................. 24

Grelha 5 – Exemplos de factores de risco e de protecção ........................................................................... 25

Grelha 6 – Análise dos factores de risco e de protecção ............................................................................. 27

Grelha 7 – Análise das consequências sociais ............................................................................................ 30

Grelha 8 – Levantamento das intervenções existente .................................................................................. 32

Grelha 9 – Análise das intervenções ............................................................................................................ 33

PRPCD 2010-2012

Introdução

Considerando que na Região se optou pela utilização da metodologia de diagnóstico do Plano

Operacional de Resposta Integradas, do IDT, o presente documento foi elaborado com base no

Guião para Identificação de Territórios – Fase 1 e Guião para o Diagnóstico do Território – Fase 4,

tendo-se procedido a adaptações, pontuais, com vista à sua adequação às Estratégias Locais de

Intervenção (ELI), preconizadas no Plano Regional de Prevenção e Combate às Dependências.

As ELI correspondem a instrumentos de base geodemográfica em que todos os recursos –

públicos, sociais e privados – existentes ao nível local (Ilha, Concelho e ou Freguesia) são

mobilizados num esforço organizado entre os vários parceiros locais, no sentido de promover a

sua mobilização e co-responsabilização no diagnóstico, planeamento, implementação,

acompanhamento e avaliação das intervenções que integram respostas interdisciplinares, no

âmbito da prevenção, do tratamento, da reinserção e da redução de risco e minimização de

danos, com a finalidade de planear e desenvolver uma intervenção integrada nestas áreas.

Para concretizar este objectivo, propõe-se que seja feita uma análise a diferentes níveis:

estrutural, comunitário e individual, tendo como fio condutor a identificação de grupos sociais com

problemas associados ao consumo de substâncias psicoactivas, bem como os respectivos

contextos.

A sociedade actual está em constante transformação sendo que as mudanças conjunturais se

reflectem rapidamente na vida quotidiana dos indivíduos e nos seus modos de vida.

Neste contexto, qualquer forma de intervenção social deve basear-se em conhecimentos

aprofundados e actualizados sobre a situação, na qual se pretende actuar no sentido de potenciar

o sucesso das intervenções.

Uma das formas de adquirir esses conhecimentos é através da realização de um diagnóstico que

se entende ser uma fase essencial e determinante de qualquer intervenção que se pretenda

realizar, com o objectivo de alterar a realidade.

Um “bom diagnóstico é garante da adequabilidade das respostas às necessidades locais e é

fundamental para garantir a eficácia de qualquer projecto de intervenção”. (Guerra, 2000, pág.

131)1, permitindo assegurar alguns aspectos essenciais:

1 GUERRA, Isabel Carvalho (2000). Fundamentos e processos de uma sociologia de acção: o planeamento em ciências sociais.

Cascais: Principia. GUERRA, Isabel Carvalho (2004). Fundamentos e processos de uma sociologia de acção: o planeamento em ciências sociais, 2.ª

Edição. Cascais: Principia.

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• Criar um “perfil” da comunidade local (resultado das representações dos actores sociais

locais);

• Determinar as diferentes áreas geográficas e demográficas da comunidade local (situação

de vulnerabilidade e situação de capacitação);

• Garantir que o tempo e os recursos disponíveis sejam aplicados localmente da forma mais

eficiente e eficaz.

1. O Diagnóstico no âmbito das ELI2

Os problemas associados ao consumo de substâncias psicoactivas, especialmente às ilegais, não

são facilmente aferidos através das fontes tradicionais da saúde ou dos serviços sociais (WHO,

1998), devido ao seu enquadramento jurídico e social e à pluralidade de factores relacionados

com o fenómeno.

Neste âmbito, a OMS criou linhas orientadoras para a elaboração de diagnósticos, que designou

por Rapid Assessment and Response (RAR), aplicável a várias áreas da saúde pública,

principalmente àquelas cujo comportamento individual e de grupo assumem particular importância

(WHO, 2003) e, por conseguinte, às áreas prioritárias de intervenção objecto deste Plano. A

aplicação de um RAR permite obter um quadro real da situação, num curto espaço de tempo,

tendo por objectivo desenhar uma intervenção adequada à realidade. O RAR é utilizado em

situações em que o enfoque não é o conhecimento per si de determinada problemática, mas a

aquisição de conhecimento que permita uma resposta adequada em tempo útil. A mais-valia do

RAR é a sua orientação pragmática e prática, centrada na adequação da intervenção a

implementar.

Com a aplicação da metodologia RAR, é possível realizar um diagnóstico compreensivo que

inclui:

Características de um problema de saúde;

Grupos afectados e contextos (settings);

Consequências adversas para a saúde;

Consequências sociais;

Intervenções existentes.

2 Tendo em conta a abrangência das áreas a diagnosticar, o documento de apoio proposto apresenta apenas os principais itens de

análise e alguns métodos. Poderá ser extremamente útil a consulta de outros diagnósticos RAR implementados noutras áreas e junto de grupos específicos, a análise de outras questões diferentes das propostas, bem como a utilização de outros instrumentos de suporte.

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Recursos existentes e oportunidades de intervenção.

Esta informação é essencial para planear, desenvolver e implementar intervenções adequadas.

No âmbito das ELI pretende-se que os diagnósticos locais sejam efectuados com a participação

da comunidade, tendo por objectivo encontrar áreas lacunares e potencialidades de intervenção

no âmbito da prevenção, do tratamento, da reinserção e da redução de risco e minimização de

danos, com a finalidade de planear e desenvolver uma intervenção integrada nestas áreas (PAI).

Para concretizar este objectivo, propõe-se que seja feita uma análise a diferentes níveis:

estrutural, comunitário e individual tendo como fio condutor a identificação de grupos sociais

com problemas associados ao consumo de substâncias psicoactivas, bem como os respectivos

contextos.

Estes 3 níveis de análise são fundamentais, uma vez que as intervenções no âmbito do consumo

de substâncias psicoactivas requerem mudanças dos comportamentos, dos conhecimentos e das

crenças (nível individual), mudanças junto dos grupos de pares e do contexto social onde os

indivíduos estão inseridos (ao nível comunitário), bem como mudanças ao nível das respostas

institucionais disponíveis localmente (nível estrutural).

CONTEXTOS Nível comunitário

COMPORTAMENTOS LOCAL (Ilha, Concelho, Freguesia) Nível individual Nível estrutural

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O processo de diagnóstico de necessidades no âmbito das ELI deverá não só revelar o problema

do consumo de substâncias psicoactivas na comunidade, mas também os recursos disponíveis

para a resolução do mesmo.

A maioria dos diagnósticos de necessidades começa pela recolha dos dados de incidência e de

prevalência do consumo de substâncias psicoactivas (SAMHSA, 2003). A leitura destes dados

permite descrever, em parte, a origem e extensão do consumo de substâncias psicoactivas e

contribui para uma compreensão geral sobre os problemas relacionados na comunidade (Hartnoll

et al., 1998).

A prevalência mede a taxa ou o número total de utilizadores de substâncias psicoactivas,

normalmente de um determinado grupo, durante um período de tempo específico. Pode medir a

frequência ou nível do consumo. Esta informação pode contribuir para a identificação de padrões

de consumo.

Apesar dos dados de incidência e de prevalência revelarem questões gerais sobre o consumo de

substâncias, não dão informação suficiente sobre as causas dos problemas e o caminho a seguir

em termos da intervenção.

Deste modo, aspectos como a experimentação do consumo de substâncias psicoactivas, cuja

análise dos respectivos indicadores permite aferir a situação de cada local sobre o consumo

experimental, relativamente a várias substâncias legais e ilegais e a identificação dos factores que

podem aumentar ou diminuir o risco do consumo de substâncias, os chamados factores de risco

e de protecção3, são essenciais na elaboração dos diagnósticos. A capacidade de gerar

mudanças positivas depende da compreensão aprofundada e precisa destes factores (SAMHSA,

2003).

Ao longo dos anos, vários estudos têm apontado para a existência de factores de risco e de

protecção em vários domínios, nomeadamente no domínio sociocultural ou comunitário (Hawkins

J. D., Catalano R.F. e Miller, 1992). Entre os vários factores de risco identificados neste domínio,

destacam-se a disponibilidade de substâncias psicoactivas e a privação económica e social

extrema. Existem ainda outros problemas sociais que podem ajudar a compreender a situação

relativa ao consumo de substâncias psicoactivas e a definir a prioridade das intervenções.

Devem ser, ainda, seleccionados outros factores de risco, nomeadamente a prevalência de

doenças infecto-contagiosas, que irá permitir conhecer os consumidores infectados pelo vírus

3 Ver “Análise dos Factores de Risco e Protecção - Grelha 5: Exemplos de factores de risco e protecção.

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do VIH, Hepatite B e C, bem como pela bactéria da Tuberculose, e a ocorrência de situações e/

ou comportamentos de risco vivenciadas directa ou indirectamente pelos indivíduos em

contextos de consumo de substâncias psicoactivas.

Para compreender a dimensão destes factores de risco, devem ser tidos em conta não só dados

quantitativos, como também informação qualitativa de forma a interpretar os dados quantitativos

segundo as características do contexto onde foram recolhidos, como por exemplo, a cultura

local, a natureza das estruturas de apoio ao nível social e de saúde, a história e tradição do

uso de substâncias psicoactivas nas comunidades, etc.

Assim, de acordo com a forma de implementação de respostas integradas e visando a articulação

entre os diferentes eixos de intervenção no âmbito do consumo de substâncias psicoactivas –

prevenção, dissuasão, tratamento, redução de danos e reinserção – indicam-se os seguintes

problemas associados a factores de risco tendo em conta as especificidades de cada eixo, a

saber:

• Experimentação de substâncias psicoactivas;

• Prevalência do consumo de substâncias psicoactivas;

• Disponibilidade de substâncias psicoactivas;

• Privação económica e social extrema;

• Existência de problemas sociais relacionados com substâncias psicoactivas;

• Prevalência de doenças infecto-contagiosas;

• Ocorrência de situações e/ou de comportamentos de risco.

A operacionalização da realização do diagnóstico com as dimensões atrás referidas passa pela

utilização de instrumentos específicos, nomeadamente grelhas de recolha e análise de dados.

2. Equipa técnica responsável pela implementação do Diagnóstico Local

Compete à DRPCD promover a constituição das equipas que integrem técnicos locais das áreas

geográficas em análise, enquanto responsáveis pela elaboração do diagnóstico podendo, face às

carências de pessoal identificadas localmente, nomeadamente em termos de conhecimentos,

experiências e competências diversas, implicar outros elementos e ou desenvolver parcerias para

a mobilização de recursos humanos. É muito importante que se mantenham os mesmos

elementos durante todo o processo.

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Deverão ser mobilizadas para participar activamente neste processo as entidades – públicas e

privadas – que actuam no local em análise, uma vez que detêm informação fundamental

necessária para um bom diagnóstico e que, por outro lado, são parceiros privilegiados para

mobilizar as pessoas da sua comunidade para colaborar.

Considera-se importante dedicar tempo e energias a estes momentos iniciais, onde os actores

devem juntar-se, devem aprender a conhecer-se, fazer uma leitura conjunta da realidade, criar as

regras da parceria e definir a articulação da acção a realizar.

3. Etapas do Diagnóstico Local

As etapas para o diagnóstico são:

1. Consulta Inicial;

2. Análise contextual;

3. Análise dos grupos e contextos;

3.1. Análise das consequências para a saúde (comportamentos de risco e saudáveis);

3.2. Análise dos factores de risco e de protecção;

3.3. Análise das consequências sociais;

4. Análise das intervenções;

5. Consulta final.

Este processo deverá ter a duração máxima de 3 meses.

3.1. Etapa 1 - Consulta Inicial

A consulta inicial é a primeira etapa do diagnóstico local, a qual permite desenhar uma

panorâmica, utilizando para o efeito o conhecimento já existente sobre o mesmo.

A consulta inicial deverá ter a duração de apenas alguns dias e tem como objectivos:

Elaborar as primeiras considerações relativamente ao alcance e enfoque do diagnóstico;

Tomar as primeiras decisões relativas ao planeamento do diagnóstico;

Envolver as pessoas chave da comunidade local.

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Perguntas-chave para a consulta inicial:

1. Qual o nível de conhecimento existente relativamente ao local? (por exemplo: problemas

identificados, populações afectadas, contextos, comportamentos de risco e saudáveis).

2. Quais os indivíduos, organizações e populações que devem ser envolvidas na aplicação

do Diagnóstico?

3. Até que ponto os diferentes informadores-chave têm consciência dos problemas

apresentados e o que pensam sobre eles? (O objectivo é aferir a sensibilidade da

população).

4. Qual o alcance e enfoque do Diagnóstico?

5. Que recursos estão disponíveis?

6. Qual o plano para a elaboração do diagnóstico? (por exemplo: quais as parcerias

privilegiadas, quais as principais fontes e métodos a utilizar em cada etapa e distribuição

de tarefas entre os elementos da equipa).

7. Como é que a comunidade será envolvida no diagnóstico?

8. (…)

Para a concretização desta etapa, propõe-se que sejam realizadas reuniões, dinamizadas pela

equipa responsável, com informadores-chave (por exemplo: representantes das instituições

públicas e privadas) e com outros elementos da comunidade local.

Proposta de Agenda para a reunião com os informadores-chave

Apresentação, pela equipa responsável, de informação disponível, relativamente à qual se

tenha feito um levantamento, nomeadamente sobre dados de experimentação, de

prevalência, e de factores de risco dos domínios comunitário, sociocultural e individual

associados ao consumo de substancias psicoactivas, dos objectivos do Diagnóstico e dos

resultados esperados com a reunião;

Apresentação de questões relevantes relacionadas com os temas em análise, por alguns

representantes da comunidade (por exemplo: representantes institucionais ou habitantes

da comunidade local);

Brainstorming e discussão após as apresentações.

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A equipa do Diagnóstico deverá facilitar a discussão do grupo, direccionando para as questões

chave em análise, mas também ter em atenção novas questões, não pensadas anteriormente,

que sejam importantes para o mesmo.

Em suma, esta etapa permite à equipa envolver os informadores-chave da comunidade no

processo e traçar as primeiras linhas de planeamento do diagnóstico. Esta planificação é de

extrema importância e pode incluir a definição de funções, com a clarificação de quem faz o quê

em cada etapa, o estabelecimento de prazos e a selecção dos métodos de recolha de dados a

utilizar.

3.2. Etapa 2 – Análise Contextual

Cada local tem características específicas ao nível social, económico, cultural, religioso e ao nível

dos estilos de vida e hábitos da população. Assim sendo, existem múltiplos factores que

influenciam os problemas e os comportamentos ao nível da saúde. Uma vez que as experiências

das populações afectadas estão relacionadas com o enquadramento estrutural em que vivem, é

necessário identificar os principais factores que influenciam os problemas existentes e a

capacidade de resposta da comunidade e dos indivíduos. É importante perceber que respostas

têm sido dadas mas também se existem alternativas e em caso afirmativo porque não foram

postas em execução.

Perguntas-chave para a análise contextual:

1. Qual o perfil local?

2. De que forma é que o contexto, ao nível estrutural, afecta o consumo de substâncias

psicoactivas e os problemas associados?

A análise contextual prevê uma breve descrição das principais características estruturais do Local

em estudo, incluindo contextos ambientais, demográficos, sociais e económicos. Num primeiro

momento, a descrição do seu perfil, permite:

Interpretar a informação disponível;

Facilitar a familiarização;

Identificar áreas que necessitarão de investigação mais pormenorizada nas etapas

seguintes do Diagnóstico.

Permite, ainda, obter uma breve caracterização sócio-demográfica, a partir da qual será possível

identificar factores que, ao nível estrutural, influenciam:

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A vulnerabilidade ou resiliência de grupos específicos da população;

Problemas sociais e de saúde, em particular os factores que contribuem para o aumento

ou diminuição desses problemas;

Comportamentos ao nível da saúde, em particular os factores que contribuem para o

aumento ou diminuição de comportamentos de risco;

O desenvolvimento de intervenções, em particular os factores que o potenciam ou

dificultam.

Para responder à primeira pergunta 1. “Qual o perfil local?”, é importante analisar as seguintes

questões: condições geográficas e ambientais, caracterização demográfica da população,

educação, infra-estruturas, segurança social, economia e saúde. Neste sentido, sugere-se a

utilização da Grelha 1.

Tendo em conta a especificidade do local em análise, poderá acontecer:

ser necessário acrescentar novas questões;

não ser possível apresentar números exactos, pelo que devem ser utilizados números

aproximados. Na impossibilidade de se apresentar números, pode utilizar-se informação

qualitativa sobre o item em análise;

não ser possível ou necessário utilizar algumas das questões sugeridas.

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Grelha 1 – Perfil Local

1. Condições Geográficas e Ambientais

Fontes: Câmara Municipal, Juntas de Freguesia, Elementos existentes sobre a Tipificação das Situações de Exclusão, INE Censos

Descrição

1.1. Dimensão do local (área: km2; ha)

1.2. Enquadramento (É uma freguesia? Enquadra-se numa freguesia? É

um bairro? Enquadra-se em algum bairro?, Identificação de zonas

limítrofes, ruas, etc.)

1.3. Caracterização das acessibilidades (rede viária, transportes

públicos, situações de isolamento)

1.4. Condições habitacionais (tipo de habitações – prédios, moradias,

barracas, etc.; cobertura de saneamento básico, de electricidade, de

água, etc.)

1.5. Espaços públicos de lazer (Existem? Quais as suas características?)

1.6. Características urbanísticas (existência de iluminação pública,

espaços amplos ou exíguos, ghetos, etc.)

1.7. Representações existentes sobre o local

Comentários

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2. Caracterização Demográfica da População

Fontes: Câmara Municipal, Junta de Freguesia, INE Censos4, Estudos e

ou registos (sobre) Locais

Número

2.1. População total

2.2. Grupos etários

(poderão ser apresentadas mais faixas etárias)

0 – 4

5 – 9

10 – 14

15 – 19

20 – 24

2.3. Existem grupos de várias origens ou etnias? Se

Sim, quais?

Portuguesa

Cabo-Verdiana

Brasileira

Ucraniana

Chinesa

Norte

Americana

2.4. Existem grupos onde se destaca o uso de outras

línguas/dialectos? Se Sim, quais são?

2.5. Existência de mobilidade da população (migrações, turismo) (Informação qualitativa)

Comentários (sobre quais os aspectos mais relevantes) (Informação qualitativa)

4 Dados disponíveis para desagregação até ao nível da freguesia em www.ine.pt/prodserv/censos/index_censos.htm.

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3. Educação

Fontes: Escolas locais, Agrupamentos escolares, INE Censos Descrição

3.1. Níveis de Escolaridade (completos)

Sem saber ler nem escrever

1.º Ciclo

2.º Ciclo

3.º Ciclo

Secundário

Formação profissional (níveis 1 a 3)

Superior

3.2. O abandono escolar é um problema relevante? Se Sim, quais os grupos populacionais mais afectados? Qual a faixa etária? Existem números disponíveis? Quais as principais causas?

3.3. Absentismo – utilizar as questões acima referidas

3.4. Insucesso Escolar – utilizar as questões acima referidas

3.5. Analfabetismo – utilizar as questões acima referidas

Comentários

4. Infra-Estruturas, Segurança Social e Economia

Fontes: Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Associações locais, INE Censos, Forças de Segurança

Descrição

4.1. Existência de infra-estruturas e tipo de serviços prestados

Serviços ao nível de apoio social (Segurança Social, Câmara Municipal, beneficiários do RSI, de pensão social, etc.)

Associações locais (desportivas, culturais, ATL, Comissão de Moradores, Religiosas, etc.)

Instituições Particulares de Solidariedade Social

Forças de Segurança (PSP, GNR)

Equipamentos culturais (biblioteca, teatro, salas de exposição, etc.)

Comércio local

Desempregados (procura 1.º emprego, desempregado de longa duração, de muito longa duração)

4.2. Situação face ao Emprego

Empregados (Principais sectores de actividade)

Comentários

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5. Saúde

Fontes: Centro de Saúde/ USI, Postos de Saúde, Hospital, Clínicas, Farmácias, SRPCBA, Outros

Descrição

5.1. Existência de infra-estruturas e tipo de serviços prestados

Profissionais de saúde, por categoria profissional

5.2. Principais problemas de saúde associados ao consumo de substâncias pscicoactivas

Dependência de substâncias

Lícitas Álcool

Tabaco

Medicamentos

(...)

Ilícitas Heroína

Cocaína

Canabinoides

Ecstasy

LSD

(...)

Doenças Infecto-contagiosas

Doenças Sexualmente Transmissíveis

Gravidez

Prostituição

Comentários

Após recolhida a informação e traçado o perfil local, é possível responder à pergunta chave 2: “De

que forma é que o contexto afecta o consumo de substâncias psicoactivas e os problemas

associados?”

É necessário analisar quais as características relativas ao perfil local aos vários níveis – condições

geográficas e ambientais, características sócio-demográficas da população, da educação, das

infra-estruturas, da segurança social, da economia e da saúde – que podem afectar (aumentar ou

diminuir) o consumo de substâncias psicoactivas e os problemas associados no que diz respeito:

a grupos populacionais;

a problemas individuais, sociais e de saúde;

ao desenvolvimento de intervenções.

PRPCD 2010-2012

Podem ser considerados outros aspectos nesta análise que tenham surgido na Consulta Inicial ou

na elaboração do perfil local.

Para a análise da influência dos factores estruturais, propõe-se a Grelha 2 como um instrumento

a utilizar pelos técnicos responsáveis e por outros elementos relevantes nesta análise (técnicos de

entidades locais, informadores-chave, etc.). Todos os participantes desta fase devem ter acesso à

informação recolhida sobre o perfil local.

Grelha 2 – Análise da influência dos factores estruturais locais

Níveis de Caracterização do Local

Grupos Populacionais

Vulneráveis (Quais?)

Problemas (Nível Individual,

Social, Económico, de Saúde, etc.)

No Desenvolvimento de

Intervenções

Que condições geográficas e

ambientais têm impacto5...

Quais as características sócio-

demográficas da população que

têm impacto...

Quais os problemas

identificados ao nível da

Educação que têm impacto...

Quais as condições e respostas

das infra-estruturas identificadas

que têm impacto...

Quais as necessidades e/ou

respostas existentes ao nível da

segurança social que têm

impacto...

Quais as características da

economia que afectam...

Quais as necessidades e/ou

respostas existentes ao nível da

Saúde que têm impacto...

(...)

5 Impacto: conceito utilizado para medir os efeitos – positivos ou negativos – que determinada acção trará a um local.

PRPCD 2010-2012

Possíveis métodos de recolha de dados:

Análise da informação recolhida anteriormente;

Contacto com diferentes instituições para levantamento de dados em falta;

Observação directa (por exemplo: observar a dinâmica da zona, as habitações,

comportamentos específicos e actividades em certos locais e em certas horas);

Entrevistas a informadores-chave (por exemplo: médico do centro de saúde, técnico de

Serviço social que trabalhe no local);

Grupos focais dirigidos a diferentes grupos (por exemplo: técnicos de entidades públicas

locais, de Organizações Não Governamentais (ONG), associações locais, líderes

religiosos);

Inquérito (pode ser necessário mas é um processo mais moroso);

Pequenos questionários de resposta e análise rápida.

Em suma, no final desta etapa está traçado o perfil local e identificados, no âmbito do consumo de

substâncias psicoactivas, os grupos populacionais vulneráveis a vários níveis, bem como a

influência positiva ou negativa dos factores estruturais no desenvolvimento de intervenções.

3.3. Etapa 3 – Análise dos Grupos e dos Contextos

Na Etapa 3 – Análise dos grupos e contextos – importa fazer uma caracterização aprofundada dos

grupos populacionais identificados na etapa anterior, o que levará à identificação de grupos

sociais mais restritos dentro dos grupos populacionais identificados (por exemplo: pode ter sido

identificado um grupo designado “jovens toxicodependentes”, que pode ser subdividido em:

toxicodependentes utilizadores de drogas injectáveis, mulheres toxicodependentes que se

prostituem, etc.).

O objectivo desta etapa é identificar e caracterizar grupos sociais da população e contextos do

local com problemas associados ao consumo de substâncias psicoactivas a vários níveis

(individual, social, económico, de saúde, judicial, etc.), que adoptam comportamentos de risco e

que são vulneráveis a factores de risco e analisar porque é que esses grupos são mais

vulneráveis ou resilientes a esses problemas e comportamentos.

Entende-se que um grupo social é constituído por indivíduos que partilham algumas

características comuns que podem afectar os seus comportamentos. Esta característica pode ser

ocupacional (exemplo: actividade profissional), pode estar relacionada com preferência e

PRPCD 2010-2012

identidade sexual, ou relacionada com um estatuto social específico que identifica o grupo

(cultural, étnico, religioso, etc.).

Entende-se que um contexto social é um espaço partilhado por indivíduos que pode estar

associado a determinados comportamentos de risco ou problemas de saúde. Pode ser o caso de

uma área geográfica específica (por exemplo: um bairro onde existe um elevado tráfico de

drogas), um estabelecimento (por exemplo: uma escola, um bar, uma prisão) ou um espaço

público (uma rua ou um jardim onde é frequente indivíduos consumirem drogas).

Frequentemente, a identificação de grupos está directamente relacionada com os contextos, uma

vez que utilizam determinados espaços com um objectivo comum, pelo que propomos que na

análise dos grupos seja feita uma identificação dos contextos onde se inserem. No entanto,

podem ter sido identificados contextos sobre os quais é necessário conhecer as suas

características, de forma a identificar os grupos existentes a posteriori.

A identificação e caracterização dos contextos é muito importante porque, para além de permitir

conhecer melhor as condições e experiências desses grupos sociais, podem ser escolhidos como

contextos de intervenção para o desenvolvimento das acções.

As experiências dos grupos e as características dos contextos são influenciadas por factores e

comportamentos individuais e sociais (por exemplo: amigos, família, outros elementos da

comunidade e “normas” específicas do território). Estes factores e comportamentos podem

aumentar ou diminuir a adopção de estilos de vida mais saudáveis, aumentar ou diminuir

comportamentos de risco, ou influenciar a existência de contextos facilitadores ou inibidores da

ocorrência de determinados comportamentos.

Principais itens a considerar na caracterização dos grupos:

As características dos grupos sociais identificados;

Os problemas existentes associados ao consumo de substâncias psicoactivas;

Os comportamentos saudáveis e de risco existentes (se possível, a sua dimensão);

Os factores que os tornam mais vulneráveis ou resilientes a situações de risco (factores de

risco e de protecção);

Quais as crenças, percepções e conhecimentos sobre saúde e risco.

PRPCD 2010-2012

Perguntas-chave que podem ajudar na caracterização e análise dos grupos:

1. Qual a natureza das relações e redes sociais em cada grupo?

2. Quais os principais processos de influência, existem líderes nos grupos?

3. Quais os factores que tornam cada grupo mais vulnerável a problemas de saúde

relacionados com o consumo de substâncias psicoactivas?

4. Quais os factores que tornam cada grupo mais vulnerável a comportamentos de risco?

5. Quais os factores que tornam cada grupo mais resiliente a problemas de saúde ou a

comportamentos relacionados com o consumo de substâncias psicoactivas?

6. Quais os recursos que cada grupo tem e que podem ser utilizados para promover a

saúde ou evitar comportamentos de risco?

7. Quais os recursos em falta?

8. Qual a relação do grupo com a comunidade?

9. Qual a relação da comunidade com o grupo?

10. Qual a disponibilidade do grupo para intervenções que mudem a sua saúde e/ou

influenciem os seus comportamentos?

11. Existem normas ou atitudes específicas nos grupos que facilitam ou dificultem a

mudança?

12. Qual a permeabilidade dos grupos a intervenções, e quais os obstáculos?

13. Qual a percepção das pessoas mais próximas e mais afastadas?

14. (…)

Após a identificação dos vários grupos, é importante conhecer os contextos onde estão inseridos.

É necessário recolher informação sobre normas e regras dos diferentes contextos.

Frequentemente, os comportamentos saudáveis e de risco são influenciados pelos grupos de

pares, por normas da comunidade consideradas socialmente aceites ou por comportamentos

considerados adequados e pelos contextos particulares em que os comportamentos ocorrem. O

comportamento é frequentemente o resultado de uma determinada interacção entre vários

indivíduos e ocorre num contexto de normas e práticas vigentes no grupo.

Principais itens a considerar na caracterização dos contextos:

Problemas a vários níveis (individual, social, económico, de saúde);

PRPCD 2010-2012

Adopção de comportamentos saudáveis e de risco;

Existência de factores de risco e de protecção.

Perguntas-chave que podem ajudar na caracterização e análise dos contextos:

1. Quais as principais características físicas e sociais do contexto?

2. Qual a sua localização, quantas pessoas existem?

3. Como é que as pessoas se dirigem aos espaços e como acedem a eles?

4. Quais são as actividades desenvolvidas e quando acontecem? (por exemplo: horários de

funcionamento de bares; horas de maior afluência).

5. Quais os principais padrões de influência social? (por exemplo: quais os líderes? Existem

pessoas que exercem uma maior influência sobre as outras?).

6. Quais as relações sociais neste contexto? (por exemplo: funcionário/cliente,

professor/estudante, guarda prisional/recluso).

7. O que torna o contexto particularmente saudável ou de risco?

8. Qual a permeabilidade deste contexto para as intervenções, e quais os obstáculos?

9. Percepção das pessoas mais próximas e das pessoas mais afastadas?

10. (…)

Na identificação e caracterização dos grupos sociais e contextos pode ser útil classificá-los

relativamente ao consumo de substâncias psicoactivas, por exemplo:

grupos onde não se verificam consumos;

grupos onde se verifica um consumo não problemático;

grupos onde se verifica um consumo problemático (toxicodependentes).

PRPCD 2010-2012

Para sistematizar a informação recolhida, sugerimos a utilização da Grelha 3:

Grelha 3 – Caracterização dos grupos e dos contextos identificados

Grupos Identificados

N.º de indivíduos

Caracterização qualitativa

Contextos associados

Principais problemas identificados (vários

níveis: individual, social, económico,

saúde, etc.)

Métodos e fontes

utilizados

Utilizadores de

drogas

injectáveis

15 Adultos entre 30-45

anos; > homens;

Toxicodependentes;

Droga principal:

heroína;

Arrumadores; (…)

Centro

histórico

Desemprego, alguns

sem abrigo, não se

dirigem a serviços de

apoio, não existem

estruturas que os

apoiem localmente.

(…)

Observação

Contactos

informais

com a PSP

Adolescentes

que

abandonaram

a escola

(+ ou –) 25 Idades entre os 13 e

16 anos;

Existem mais

rapazes do que

raparigas;

Gostam de andar de

skate.

Parque ao ar

livre

Abandonaram a

escola e não estão

inseridos em nenhuma

actividade.

Frequentam

regularmente o parque

onde andam de skate.

A maioria pertence a

famílias

problemáticas…

Observação

Contactos

com

professores

Quando o ponto de partida para a caracterização é a identificação dos contextos:

Contextos identificados

Caracterização qualitativa

Grupos associados

N.º de indivíduos

que os frequentam

Principais problemas identificados (vários

níveis: individual, social, económico, saúde, etc.)

Métodos e fontes

utilizados

Jardim À noite ocorrem

situações de

violência

Toxicodependentes;

Prostitutas

(+ou-15) Relatos de situações de

violência, criminalidade,

prostituição, tráfico e

consumo de drogas, etc.

Observação

Contactos

informais PSP

PRPCD 2010-2012

Partindo desta identificação e caracterização dos grupos e contextos, nos pontos seguintes é feito

um levantamento e uma análise aprofundada, ao nível do consumo de substâncias psicoactivas,

sobre:

As consequências para a saúde (comportamentos saudáveis e de risco);

Os factores de risco e de protecção;

As consequências sociais.

3.3.1. Análise das Consequências para a Saúde

Na análise dos grupos sociais e dos contextos onde estão inseridos, é importante aferir quais os

grupos que estão mais susceptíveis a determinados problemas de saúde, quais os contextos onde

existe maior probabilidade de ocorrerem e quais os comportamentos saudáveis e de risco

associados (por exemplo: prostituição, crianças de rua, funcionários de bares).

No levantamento das questões da saúde, é necessário reunir informação sobre as características

de um determinado problema de saúde pública associadas ao consumo de substâncias

psicoactivas (por exemplo: infecções sexualmente transmitidas, HIV, tuberculose, materiais de

consumo abandonados na rua).

Idealmente, o principal objectivo é descrever a dimensão e a natureza do problema de saúde, a

sua distribuição social e geográfica, e a sua evolução/mudança ao longo do tempo. No entanto,

devido a dificuldades relacionadas com a monitorização da doença junto da população em geral e

especialmente junto de populações ocultas ou marginais, é difícil recolher esta informação. Neste

sentido, sugere-se que, caso seja possível, se recolha informação sobre a dimensão, extensão

nos grupos em análise e a evolução ao longo do tempo, de doenças específicas relacionadas com

o consumo de substâncias psicoactivas (por exemplo: número de mortes provocadas por doenças

relacionadas com o consumo de tabaco e álcool, o número de infecções por HIV associado ao

consumo de drogas injectáveis).

Perguntas-chave que podem ajudar no levantamento de problemas de saúde junto dos

grupos identificados:

1. Que tipos de problemas de saúde existem?

2. Qual a sua extensão/dimensão e quais as tendências ao longo do tempo? (Dados sobre as

tendências de evolução ao longo do tempo são importantes para perceber se um problema

tem tendência para se agravar ou melhorar).

PRPCD 2010-2012

3. Quais os principais grupos afectados por elas? (Pode existir informação disponível por

grupos específicos – por exemplo, o número de jovens com idade entre 18-25 anos

referenciados com problemas consequentes de consumos...)

4. Quais as causas dos problemas?

5. (…)

Frequentemente, a classificação dos problemas de saúde é limitada, uma vez que se foca no

processo da doença, mais do que nas suas “causas”, isto é, mais do que sobre os aspectos que

poderão ser alvo de intervenção. É importante que a equipa do diagnóstico pense sobre como os

problemas de saúde podem ser prevenidos, sendo útil classificá-los segundo o tipo de factores

que os podem precipitar ou que a eles podem estar directamente associados.

Para além da identificação dos problemas de saúde existentes nos grupos sociais identificados, a

identificação de comportamentos saudáveis e de risco, bem como a identificação de factores de

risco e de protecção assumem particular importância para o planeamento de intervenções no

âmbito do consumo de substâncias psicoactivas.

Entende-se como comportamentos saudáveis os actos individuais ou colectivos que visam

influenciar o estado de saúde (por exemplo: exercício físico, dieta alimentar e outros aspectos

relacionados com o estilo de vida).

Os comportamentos de risco traduzem-se em actos que contribuem tendencialmente para

resultados prejudiciais ao nível da saúde. A redução de comportamentos de risco prevê acções

que diminuem as hipóteses da ocorrência desses prejuízos.

O principal objectivo nesta etapa é identificar a dimensão e a natureza de comportamentos

saudáveis e de comportamentos de risco nos diferentes grupos e contextos identificados.

Pretende-se analisar porque é que as pessoas adoptam comportamentos saudáveis e de risco,

isto é, aquilo que fazem para aumentar ou diminuir os riscos associados ao consumo de

substâncias psicoactivas.

Nesta análise também é importante aferir se os comportamentos de alguns indivíduos colocam

outros em risco, para além dos próprios.

Para organizar a informação relativa aos problemas de saúde e comportamentos associados,

propõe-se a utilização da seguinte grelha:

PRPCD 2010-2012

Grelha 4 – Análise das consequências para a saúde

Colunas preenchidas na Grelha 3

Grupos Identificados

N.º de indivíduos

Caracterização qualitativa

Contextos associados

Problemas de saúde

identificados

Comportamentos de risco

identificados

Comportamentos saudáveis

identificados

Métodos e fontes

utilizados

Utilizadores de

drogas

injectáveis

15 Adultos entre 30-45

anos; > homens;

Toxicodependentes;

Droga principal:

heroína;

Arrumadores; (…)

Centro

histórico

Abcessos,

características

físicas que

apontam para

patologias

hepáticas (ex:

olhos

amarelos),

subnutrição,

etc.

Partilha de

material de

injecção

Ainda não

identificados

Contacto

com alguns

utilizadores

e Hospital

3.3.2. Análise dos Factores de Risco e de Protecção

Ao longo dos últimos 20 anos, vários estudos tentaram determinar as origens e os percursos para

o abuso de drogas e a adição – como o problema começa e como ele evolui. Têm sido

identificados muitos factores que ajudam a diferenciar quem estará sujeito a situações que

poderão levar a uma maior propensão para o abuso de drogas, daqueles que estão menos

vulneráveis. (NIDA, 2003).

Os factores que potenciam o consumo de substâncias psicoactivas são denominados factores de

risco, enquanto que, aqueles que estão associados à redução desse potencial são denominados

factores de protecção.

No levantamento e análise de factores de risco e de protecção, é necessário ter em conta os

seguintes aspectos (OEDT, 2005):

A maioria dos indivíduos em situações de risco de abuso de drogas não começam a

consumir drogas nem se tornam consumidores problemáticos;

Alguns destes factores são susceptíveis a mudanças culturais e a sua relevância é maior,

menor ou nenhuma em diferentes culturas, pelo que as especificidades de cada local e os

diferentes contextos assumem particular importância;

Alguns factores são relevantes apenas na presença de outros;

PRPCD 2010-2012

Alguns factores passam de risco a protectores como resultado da sua interacção com

outros factores;

A combinação de vários factores de risco aumenta o risco (Newcomb et al., 1986). A

presença de apenas um factor de risco normalmente não é relevante.

Um factor de risco para uma pessoa pode não o ser para outra.

Na análise dos factores de risco e de protecção, mais importante do que a identificação dos

factores de risco é a identificação dos factores de protecção, com o objectivo de serem

desenvolvidas intervenções adequadas.

Existem vários modelos teóricos baseados numa grande multiplicidade de factores de risco e de

protecção. Devem ser consultadas várias fontes de informação, de acordo com as características

específicas do local em análise e com os grupos e contextos previamente identificados, de forma

a elaborar uma análise adequada.

Na tabela seguinte é apresentada uma lista com exemplos de factores de risco e de protecção,

organizados em quatro domínios: Individual/pares; Família; Escola; Comunidade. (NIDA, 2003 e

SAMHSA, 2003).

Grelha 5 – Exemplos de factores de risco e de protecção

Domínios Factores de Risco Factores de Protecção

Individual / Pares Comportamento anti-social precoce e

persistente;

Início precoce de consumo de

substâncias psicoactivas;

Atitudes favoráveis quanto ao

consumo de substâncias psicoactivas;

Relação com pares que consomem

substâncias psicoactivas, que se

envolvem em comportamentos

problemáticos, delinquentes, etc.;

Susceptibilidade à pressão (negativa)

de pares;

Relações negativas com adultos.

(…)

Atitudes negativas sobre o consumo de

drogas;

Oportunidades de envolvimento pró-

social e reconhecimento das

actividades desenvolvidas;

Relação com pares envolvidos na

escola, em actividades recreativas ou

outras actividades organizadas;

Resistência à pressão negativa de

pares;

Relações positivas com adultos.

(…)

PRPCD 2010-2012

Família Famílias com comportamentos de

elevado risco, como por exemplo, pais

toxicodependentes;

Violência na família;

Inexistência de regras consistentes e

adequadas;

Fraco vínculo entre pais e filhos;

Falta de acompanhamento e de

supervisão por parte dos adultos;

(…)

Forte vínculo afectivo entre pais e

filhos;

Dinâmicas familiares positivas;

Aplicação de regras de forma

consistente e adequada à idade dos

filhos;

Capacidade da família para resolver os

seus conflitos;

Acompanhamento e supervisão por

parte dos adultos;

(…)

Escola Absentismo e abandono escolar;

Fraco compromisso com a escola.

Comportamento anti-social precoce e

persistente;

(…)

Ambiente institucional positivo;

Boa relação e acompanhamento por

parte dos professores e profissionais

com os alunos;

Sucesso no aproveitamento escolar;

Cooperação entre professores e pais

dos alunos;

(…)

Comunidade Disponibilidade de drogas;

Privação económica e social extrema;

Fraca ligação ao bairro e

desorganização da comunidade;

Discriminação;

Desemprego e emprego não

qualificado.

(…)

Oportunidades de participação

enquanto elementos activos na

comunidade;

Diminuição do acesso às substâncias;

Normas culturais que definam

expectativas elevadas relativamente

aos jovens;

Existência de redes de trabalho social e

sistemas de suporte na comunidade.

(…)

É importante ter em conta que alguma da informação pode já ter sido recolhida.

Para organizar a informação relativa aos factores de risco e de protecção identificados junto dos

grupos, propõe-se a utilização da seguinte grelha:

PRPCD 2010-2012

Grelha 6 – Análise dos factores de risco e de protecção

Colunas preenchidas na Grelha 3

Grupos Identificados

N.º de indivíduos

Caracterização qualitativa

Contextos associados

Factores de Risco identificados

Factores de Protecção

identificados

Métodos e fontes utilizados

Adolescentes

que

abandonaram

a escola

(+ ou –) 25 Idades entre os 13

e 16 anos;

Existem mais

rapazes do que

raparigas;

Gostam de andar

de skate.

Parque ao

ar livre

Atitudes favoráveis

quanto ao consumo

de substâncias

psicoactivas;

Relações negativas

com adultos (pais,

professores);

(…)

Inseridos em famílias;

Abandonaram a

escola recentemente;

Apesar de terem

abandonado o ensino,

gostavam de

permanecer no

espaço escola;

(…)

Grupos focais:

- Elementos do

grupo de jovens;

- Antigos

professores da

escola secundária;

(…)

Possíveis métodos de recolha de dados:

Análise da informação recolhida anteriormente ou existente;

Contacto com diferentes instituições para levantamento de dados estatísticos em falta

(nomeadamente no levantamento de dados sobre os problemas de saúde);

Observação directa (por exemplo: observar os contextos identificados e os

comportamentos dos indivíduos que o frequentam);

Entrevistas a informadores-chave (por exemplo: médico do centro de saúde, proprietário

de cafés, ou outras pessoas-chave). As entrevistas qualitativas individuais, dirigidas a

elementos dos grupos alvo, podem ser extremamente úteis para a identificação e

descrição de comportamentos de risco e contextos em que ocorrem);

Grupos focais dirigidos a diferentes grupos (por exemplo: alguns elementos dos grupo

identificados);

Inquérito (poderá ser necessário mas é um processo mais moroso);

Pequenos questionários de resposta e análise rápida, utilizando a metodologia de “bola de

neve”.

PRPCD 2010-2012

3.3.3. Análise das Consequências Sociais

Os danos relacionados com problemas de saúde associados ao consumo de substâncias

psicoactivas, com a adopção de comportamentos de risco e com a existência de factores de risco

não se resumem exclusivamente a consequências para a saúde.

Os problemas neste âmbito têm um impacto e um custo alargado que ultrapassa a necessidade

de disponibilizar serviços ou cuidados de saúde. Por exemplo, as pessoas podem precisar de

apoio adicional social e económico, apoio ao nível habitacional, ou de recorrer a pessoas

próximas (amigos e familiares).

O levantamento das consequências sociais pode influenciar as estratégias de intervenção.

Frequentemente, é necessário procurar ultrapassar ou ter em consideração alguns aspectos

sociais (por exemplo, ao nível das necessidades básicas - alimentação, higiene, etc.) antes dessa

população ser contactada e alvo de uma intervenção eficaz, e de se desenvolverem acções para

reduzir situações de risco e acções de promoção da saúde. Nesta análise pretende-se aferir,

relativamente aos grupos identificados, quais são as consequências sociais dos problemas

associados ao consumo de substâncias psicoactivas.

No levantamento das consequências sociais, deverá ser considerada a percepção da comunidade

local e a forma como lida com os grupos identificados (por exemplo, verificar se existem

fenómenos de estigmatização ou de marginalização), o estatuto ou papel dos grupos na

comunidade e o seu acesso a recursos materiais ou financeiros. Este levantamento também

deverá incluir as consequências sociais dos problemas associados ao consumo de substâncias

psicoactivas junto de pessoas próximas (por exemplo: parceiros sexuais, família e rede de pares).

Principais itens a considerar no levantamento das consequências sociais:

Problemas sociais associados ao consumo de substâncias psicoactivas;

Tipo de consequências sociais relatadas pelos grupos identificados;

Dimensão e frequência das diferentes consequências sociais;

Percepção dos grupos sobre os factores que potenciam ou reduzem/minimizam as

consequências sociais.

PRPCD 2010-2012

Perguntas-chave que podem ajudar no levantamento das consequências sociais:

1. As pessoas são estigmatizadas ou marginalizadas devido aos seus problemas de saúde

ou comportamentos, ou devido à pertença a determinados grupos? (por exemplo:

afastamento dos serviços existentes, não utilização dos recursos institucionais disponíveis)

2. Os seus problemas afectam o seu papel social e económico na sociedade?

3. Os seus problemas de saúde levam a uma maior necessidade de recursos como prestação

de cuidados de saúde, habitação, segurança social ou oportunidades de emprego?

4. Existem pessoas envolvidas em actividades ilegais? Elas ou outros sofrem consequências

devido a isso?

5. Existem consequências ao nível das suas relações interpessoais com a família (por

exemplo: filhos) e amigos?

6. (…)

Para organizar a informação relativa às consequências sociais identificadas, propõe-se a

utilização da seguinte grelha:

PRPCD 2010-2012

Grelha 7 – Análise das consequências sociais

Grupos identificados

Problemas sociais Consequências

sociais identificadas

Factores que potenciam ou inibem

as consequências sociais identificadas

Métodos e fontes

utilizados

Utilizadores de

drogas

injectáveis

Desemprego, alguns

sem-abrigo, não se

dirigem a serviços de

apoio, não existem

estruturas que os

apoiem localmente.

(…)

Situação económica

extremamente

precária; recurso a

furtos, mendicidade,

sem apoio familiar.

Alguns têm

qualificações

profissionais, estão

receptivos a apoio

social e a mudanças

de comportamentos de

risco (por exemplo:

troca de material de

injecção)

Inexistência de

estruturas de

proximidade

Grupo focal:

Elementos do

grupo em

análise

Adolescentes

que

abandonaram

a escola

Abandonaram a

escola e não estão

inseridos em

nenhuma actividade.

Frequentam

regularmente o

parque onde andam

de skate.

A maioria pertence a

famílias

problemáticas (…)

Dificuldades

acrescidas no ingresso

no mercado de

trabalho – não têm

habilitações nem

qualificação

profissional.

Aumento de situações

de conflito com os

pais.

Existe uma área de

interesse (skate) que

poderá ser

explorada…

As famílias estão

preocupadas com a

situação e receptivas a

colaborar e receberem

apoio nesse sentido.

O gosto pelo espaço

da escola que

frequentavam também

pode ser explorado.

Os responsáveis pela

escola não estão

sensibilizados para o

problema.

Grupo focal:

Elementos do

grupo em

análise;

Pais e

familiares;

Responsáveis

da escola e

professores

PRPCD 2010-2012

Possíveis métodos de recolha de dados:

Análise da informação recolhida anteriormente ou existente;

Contacto com diferentes instituições para levantamento de dados;

Entrevistas a informadores-chave (por exemplo: técnico de serviço social responsável pelo

local em análise, técnicos do Centro de Emprego, da CPCJ, etc.);

Grupos focais (por exemplo: alguns elementos dos grupos identificados, de IPSS e de

associações locais);

4. Análise das Intervenções

Pretende-se nesta etapa fazer o levantamento das intervenções existentes localmente e analisar

quais as dirigidas aos grupos ou contextos problemáticos.

Uma intervenção é uma actividade que tem por objectivo actuar junto de um grupo problemático,

mudar um contexto pouco saudável, reduzir um problema de saúde ou um comportamento de

risco. Uma intervenção pode:

Contribuir para a mudança de comportamentos dos indivíduos (nível individual);

Contribuir para a mudança das comunidades ou das organizações (nível comunitário);

Alterar um contexto mais vasto onde os problemas ocorrem (nível estrutural).

Deve ser aferida a adequabilidade e a eficiência das intervenções existentes e sugerir algumas

mudanças necessárias. Deve, ainda, ser aferida a necessidade de se desenvolverem novas

intervenções.

Deste modo, o principal objectivo é a análise:

Da extensão e natureza das intervenções que estão direccionadas aos grupos e contextos

identificados;

Da adequabilidade e eficiência das intervenções existentes;

Do desenvolvimento de novas intervenções ou a necessidade de mudança das existentes;

Da possibilidade real de se avaliarem os resultados e monitorizarem as intervenções.

Principais itens a considerar no levantamento das intervenções a decorrer:

Tipo e objectivos das intervenções;

PRPCD 2010-2012

Estratégias e métodos utilizados;

Abrangência e acessibilidade das intervenções;

Pertinência da intervenção;

Viabilidade, eficácia e limitações das intervenções;

Factores que inibem ou que promovem a eficácia das intervenções;

Visibilidade da monitorização e resultados.

Principais itens a considerar no levantamento das futuras intervenções:

As alterações necessárias para a melhoria das intervenções existentes;

Novas intervenções a desenvolver.

Perguntas-chave que podem ajudar no levantamento das intervenções existentes:

1. Quais as intervenções a decorrer relacionadas com o consumo de substâncias

psicoactivas? (por exemplo: no âmbito da saúde, das câmaras municipais, da segurança

social, de associações da comunidade);

2. As intervenções a decorrer são adequadas e eficientes? (por exemplo: desenvolvimento de

projectos locais, serviços de porta aberta, respostas institucionais…);

3. Das intervenções existentes, quais necessitam de ser alteradas?

4. Quais são as novas intervenções necessárias?

5. O que se pretende desenvolver é monitorizável e avaliável?

6. (…)

Para sistematizar a informação propõe-se a utilização das seguintes grelhas:

Grelha 8 – Levantamento das intervenções existentes

Intervenções a Decorrer

Descrição e a Quem se

Dirige Objectivos

São Abrangidos Grupos ou Contextos

Identificados? Se Sim Quais?

Benefícios Desvantagens Métodos e

Fontes Utilizados

PRPCD 2010-2012

Grelha 9 – Análise das intervenções

Grupos Identificados

Contextos Identificados

Necessidades Identificadas

Intervenções a Decorrer

6

Alterações Necessárias às Intervenções a

Decorrer

Novas Intervenções Necessárias

Neste ponto, deverão ser analisadas possíveis intervenções que estejam a decorrer localmente.

Para tal, deverão ser aferidas as respostas existentes e, caso necessário, planear novas

respostas a implementar, de acordo com as necessidades dos grupos e contextos identificados,

assegurando sempre a integração e coordenação com as novas intervenções necessárias.

Métodos de recolha de dados:

Levantamento de informação em relatórios ou documentos relacionados com a

intervenção;

Reuniões/entrevistas com os representantes das intervenções.

5. Consulta Final

Nesta etapa, os objectivos são:

Devolver às pessoas consultadas os resultados da recolha dos dados para a qual

contribuíram;

Apresentar as recomendações para possíveis estratégias de acção;

Recolher as suas opiniões e sugestões, isto é, conhecer a sua sensibilidade face a

possíveis estratégias de acção;

Perceber o nível de implicação e envolvimento da comunidade nas possíveis estratégias

de acção.

O envolvimento da comunidade é determinante para o sucesso das futuras intervenções. Neste

sentido é importante aferir se existe uma mobilização para a acção.

6 Incluir as intervenções que não dão resposta aos grupos e contextos mas que poderão dar.

PRPCD 2010-2012

Perguntas-chave para se perceber se a comunidade está mobilizada para a acção:

Os membros da comunidade têm consciência do problema e da necessidade da

intervenção?

Os membros da comunidade estão motivados para agir, estão interessados em fazer algo

para mudar a situação actual?

Os membros da comunidade têm capacidade para agir, utilizando as suas forças e

disponibilizando os seus recursos?

Os membros da comunidade participam na tomada de decisão, avaliam os resultados e

responsabilizam-se pelos sucessos e fracassos?

Quando os recursos da comunidade são insuficientes, procuram apoio fora?

Sugere-se a realização de uma reunião envolvendo as pessoas da consulta inicial, incluindo

outros intervenientes que foram consultados ao longo das várias etapas e ainda pessoas chave da

comunidade.

Proposta de Agenda para a Consulta Final:

Apresentação, pela equipa responsável, do processo de diagnóstico, metodologia utilizada

e dificuldades sentidas;

Apresentação dos resultados do Diagnóstico;

Consulta dos participantes quanto à sua opinião/sensibilidade/disponibilidade face à

intervenção necessária;

Consulta dos participantes quanto ao nível de envolvimento e aceitação da comunidade

face à intervenção necessária.

6. Relatório Final

Toda a informação analisada deverá ser traduzida num relatório final que, sempre que possível,

deve ser elaborado à medida que se vão concluindo etapas do processo.

Compete à equipa responsável pela elaboração do diagnóstico a redacção do relatório.

Este relatório deverá conter toda a informação necessária ao desenvolvimento das intervenções,

isto é, deve responder aos itens e perguntas–chave colocadas em cada etapa.

Sugere-se um limite de 25 páginas.

PRPCD 2010-2012

Proposta de estrutura:

i) Resumo: principais conclusões e recomendações do Relatório;

ii) Metodologia: organização do processo; equipa Técnica; Métodos e fontes utilizadas;

constrangimentos ou obstáculos encontrados.

iii) Resultados:

Análise contextual;

Grupos e contextos locais;

Problemas de saúde (comportamentos de risco e saudáveis);

Factores de risco e protecção;

Consequências sociais;

Intervenções existentes e a desenvolver.

iv) Conclusões e recomendações:

Com base nos dados obtidos serão apresentadas as principais conclusões e

recomendações sobre intervenções a desenvolver;

v) Bibliografia

7. Métodos

São vários os métodos que podem ser utilizados para recolher informação relativa às populações

e aos contextos. Este capítulo sugere alguns métodos que podem ser utilizados no âmbito do

Diagnóstico.

Usar a informação existente

Utilizar toda a informação disponível ao nível local: dados estatísticos, informações recolhidas com

os parceiros, entre outra.

Pequenos questionários

A utilização de pequenos questionários possibilita a recolha de informação quantitativa, sem a

morosidade inerente à aplicação de um inquérito. Podem ter um número de questões reduzido, de

resposta e análise rápida.

PRPCD 2010-2012

Entrevistas

São utilizadas para explorar um determinado fenómeno ou para obter mais informações para

ajudar a compreender o que está a acontecer. As entrevistas podem ser estruturadas ou não

estruturadas.

Frequentemente, utilizam-se entrevistas semi-estruturadas, em que se utiliza um guião com

questões abertas. Nas entrevistas estruturadas utilizam-se fundamentalmente perguntas fechadas

com hipóteses de resposta pré-definidas. São utilizadas para aferir tópicos específicos e verificar

se alguns pressupostos ou informações recolhidas anteriormente se confirmam ou não. As

entrevistas podem ser aplicadas a indivíduos ou a grupos. Para elaborar entrevistas é necessário:

ter um guião bem estruturado, com as respectivas questões;

uma estimativa do tempo a despender;

no caso de entrevistas de grupo, ter um relator que assegure o registo da informação ao

longo de toda a sessão;

fazer um registo áudio ou vídeo da entrevista.

Grupos focais

A principal diferença entre uma entrevista de grupo e um grupo focal é que o objectivo do último é

promover a discussão no grupo sobre determinados assuntos, enquanto que, numa entrevista de

grupo, os indivíduos limitam-se a responder às perguntas colocadas. Os participantes são

seleccionados devido aos conhecimentos ou experiências específicas que detêm sobre

determinado tema. Frequentemente são informadores-chave, isto é, pessoas cujo conhecimento

ultrapassa a sua experiência profissional.

É um bom método para produzir muita informação rapidamente e identificar e explorar crenças,

atitudes e comportamentos, para formular hipóteses, para verificar informação e encontrar

explicações através de opiniões divergentes. A principal desvantagem, comparativamente à

entrevista, é o facto de se ter menos controlo. Os dados podem não permitir obter a frequência de

crenças ou de comportamentos e o grupo pode ser dominado por um ou dois participantes que

podem influenciar os outros elementos do grupo.

No entanto, considera-se que este pode ser um método muito útil para o diagnóstico devido às

suas vantagens. Para ultrapassar eventuais problemas, deverá existir um cuidado acrescido por

parte dos técnicos responsáveis pela dinamização do grupo, a elaboração de um bom guião, uma

PRPCD 2010-2012

definição do tempo de funcionamento, cuidado no número de participantes (entre 6 a 10

elementos), garantir a presença de um relator e, sempre que possível, gravar a sessão (áudio ou

vídeo).

Observação

O principal objectivo é explorar. Pode ser mais útil nas primeiras fases do diagnóstico para

recolher informações sobre os locais e os grupos. A informação recolhida poderá ser classificada

e codificada de acordo com os itens em análise ou os elementos mais importantes.

Pode ser útil para verificar a existência de comportamentos não esperados inicialmente.