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ROTAS DE UM PATRIMNIO DA HUMANIDADE

GRUPO I: Andr; Anita; Camila; Helga; Raquel; Muanza; Tatiana; Mariana; Joo; Alexandra;

Abertura e Introduo ao Percurso (Andr Santos) Definio de Patrimnio Mundial da Unesco Local de importncia mundial, para a preservao dos Patrimnios histricos e naturais de determinado pas tal como descrito na Conveno da Unesco de 1972

Contextualizao do espao na cidade de CoimbraCoimbra rene um conjunto de edifcios intimamente ligados instituio acadmica, bem como tudo o que esta originou ao longo dos tempos, seja ao nvel da divulgao do conhecimento, como na importante contribuio e divulgao de culturas e tradies. Coimbra tem assim uma rea total de 117 hectares de Patrimnio Mundial, sendo que 81,5 correspondem a uma rea de proteco (local que beneficia do interesse e salvaguarda de bens), 6,5 hectares ocupados pela rua da Sofia e 29 hectares que correspondem alta.

Candidatura e CritriosA candidatura ocorre para entregar humanidade um bem que seu, mas que simultaneamente um bem de todos, e que por tal deve ser devidamente protegido e divulgado. Ao mesmo tempo uma forma de responsabilizao e de colocarmos o mundo como parceiro crtico mas igualmente responsvel por determinado esplio e acima de tudo por uma histria que por si s, irrepetvel. Os critrios aceites para a seleco de Patrimnio da Humanidade revestem-se de extrema importncia, j que e: critrio II testemunhar uma importante troca de influncias, tecnolgicas, arquitectnicas entre outras, numa determinada rea ou perodo (II); critrio IV porque oferecem exemplos nicos em vrios sentidos que ilustram determinados perodos da histria (IV) e por fim critrio VI porque esto associados a tradies vivas, ideias, crenas com relevncia significativa e universal.

Caracterizao das reas inscritas e breve resumo do percursoCoimbra teve um longo percurso at chegar classificao de patrimnio mundial da Unesco. E tal deu-se essencialmente devido histria da universidade e suas influncias, sejam polticas, religiosas, ideolgicas ou culturais. Assim temos 2 plos que fazem parte deste patrimnio.- Sofia, que vem de sabedoria. A Rua da Sofia era na altura a maior do pas e representou no sc XVI uma nova concepo escolar, com a construo de um ncleo dedicado apenas ao ensino e alojamento de estudantes. Situados prximos do Mosteiro de St. Cruz (local onde vamos terminar este percurso) e sede de uma nova forma ou conceito de ensino. - Em 1834 (sc XIX) e com a extino das ordens religiosas, a Rua da Sofia acaba por perder as suas principais funes, acabando por definir a universidade como instituio alm de a fixar na alta da cidade. - A alta da cidade, como devem calcular possui uma riqussima histria, com edifcios e monumentos, que alm de marcarem determinados perodos, captam diversas influncias artsticas entre outras.- A universidade situa-se hoje no local que conhecemos como Pao das Escolas que foi simultaneamente a morada mais antiga do Pao Real. A universidade assim um espelho de vrias tradies antigas da vida estudantil, que a tornam num marco para Portugal. A universidade viveu ainda um perodo conturbado com vrias alternncias entre a cidade de Lisboa e Coimbra, mas em 1537 D. Joo III acabou por a fixar de vez aqui. Mais importante ainda o facto de at 1911 ter sido a nica universidade em Portugal, o que a torna uma das antigas da Europa. Comeamos assim a nossa rota de um Patrimnio Mundial da Humanidade, junto da esttua do fundador da nossa Universidade, D. Dinis em 1290.

D. DINIS (Anita)

Coimbra a mais antiga cidade do pas e a antiga Aeminium dos Romanos. Foi a primeira capital do pas at 1255 (no reinado de D. Joo I) que passou este estatuto para Lisboa por uma questo geogrfica j que era mais central. Foi tambm aqui que D. Afonso Henriques planeou e organizou as suas tropas de bravos guerreiros para a conquista de Santarm, Lisboa e Alentejo ento ocupados pelos Mouros. Supostamente existiam inicialmente duas Coimbras e, segundo os estudos, a Coimbra primitiva onde hoje se situa Condeixa-a-Velha Conmbriga, fundada pelos Galo-celtas em 308 A.C. e pouco mais se sabe enquanto a Arqueologia no lanar luzes sobre este assunto. Onde hoje Coimbra, naquela altura talvez no passasse de um morro do Mondego que os Romanos mais tarde habitaram e desenvolveram: Aeminium.Mas mais coisas se conhecem acerca de Aeminium onde hoje Coimbra e isso comprova-se, por exemplo, por duas grandes referncias:Pela descoberta em 1888 de uma lpide datada de 305-306 (Sc. IV) com uma dedicatria ao Imperador Constncio Cloro feita pelos civitas aeminiensis, isto , pelos habitantes de Aeminium.Por baixo do actual edifcio do Museu Machado de Castro existe uma construo com 2 galerias sobrepostas que serviam para suportar uma grande plataforma artificial a fim de construir o chamado Frum romano (edifcio central de qualquer cidade romana e tinha por exemplo o tribunal e outros rgos administrativos).Contudo, posteriormente surgem as invases brbaras de Alanos, Suevos e Visigodos que passam a dominar a cidade e do-lhe o nome de Eminium. Em meados do Sc.VI, o Bispo de Conmbriga muda-se para aqui e a cidade passa do nome Eminium para Coimbra. Conmbriga comea a desaparecer aos poucos faa cidade rival. Em 711 do-se as invases muulmanas, que fazem de Coimbra uma cidade islmica durante mais de trs sculos, para ser depois recuperada na reconquista crist definitiva pelo Rei de Leo em 1064. Na poca Medieval era tudo cercado por muralhas, e Coimbra no era excepo, sendo tambm ela uma cidade muralhada com 5 portas. As mais conhecidas: a Porta do Sol e a Porta da Almedina onde hoje o Arco da Almedina.Existia a Alcova (ou pao Real) onde moraram os Reis da 1 Dinastia e que foi mais tarde concedido Universidade, por D. Joo III (em 1537) Universidade onde hoje o Pao das Escolas (o espao para l da Porta Frrea). Falando em universidade, esta foi fundada pelo Rei D. Dinis em 1290 em Lisboa (no bairro de Alfama) e uma das Universidades mais antigas da Europa. Transitou entre Coimbra e Lisboa desde a sua fundao em 1290 at 1537 com a sua instalao definitiva em Coimbra por D. Joo III. Aqui se ensinava inicialmente o chamado Estudo Geral Portugus (ou Estudos Gerais) que abrangia as ento faculdades de Artes, Cnones, Leis e Medicina.O Rei D. Dinis (que reinou entre 1279 a 1325) foi o primeiro Rei a saber ler e escrever (O Trovador escreveu principalmente Cantigas de Amor e de Amigo) e necessitava de ter uma escola que renunciasse chamada Organizao do Estado e direito Ptrio, Direito Administrativo e Judicirio para ter sua volta pessoas com esse nvel de doutrina. A esttua foi inaugurada em Maro de 1944 (estado Novo) e feita pelo escultor Francisco Franco. Trata-se de uma pea fundamental neste belssimo cenrio da Cidade Universitria e salta vista de quem sobe as Escadas Monumentais ou os Arcos do Jardim e retrata um Rei que posa descontraidamente com o olhar sonhador fixo no horizonteTrata-se de um homem belo sabe-se que tinha 1,65m (o que era considerado alto para a poca), tinha cabelo e barba ruiva (que no era uma caracterstica comum na Famlia Real Portuguesa e supe-se que herdou esta caracterstica do lado materno) e gozou de excelente sade (tinha a dentadura completa quando morreu, feito que hoje em dia muito no conseguem!). D. Dinis tambm era conhecido pelos seus adultrios, cujos filhos fruto destas relaes extraconjugais foram criados pela sua esposa Isabel de Arago, mais conhecida por Rainha Santa Isabel, tambm ela conhecedora da leitura e da arte de escrever. ele o av de D. Pedro I, conhecido por viver a famosa e belssima histria de amor com D. Ins de Castro, posteriormente assassinada por amar D. Pedro (foi tudo uma questo poltica).Ora, o velho ensino na universidade sofre uma mudana drstica com a introduo da Reforma Pombalina (1772). Marqus de Pombal criticava duramente a qualidade do ensino das cincias exactas e naturais em Portugal pelos Jesutas! Era um ensino muito literrio (aulas tericas) e no experimental (aulas prticas). Portugal encontrava-se estagnado face ao ensino de teorias e descobertas de grandes gnios como Galileu, Newton, Descartes e outros gnios do Sc. XVIII e com grande atraso relativamente ao desenvolvimento cientfico europeu! Passou ento a ser leccionada, por exemplo, Qumica Experimental e Fsica Experimental! Daqui nasceu o Laboratrio Qumico e o Museu da Histria Natural.

FACULDADES E BIBLIOTECA GERAL (Helga e Camila)

FACULDADESCom a extino das Ordens religiosas em 1834, a ocupao dos Colgios universitrios permitiu adiar o problema de instalaes da Universidade at ao incio do sculo 20. Mas esse adiamento s foi possvel custa de uma enorme disperso dos servios das faculdades por edifcios que iam sendo adaptados. Essa situao, agravada pela reforma dos estudos de 1911, e pelo contnuo aumento do n de alunos, o qual se previa que continuasse a aumentar, conduziram necessidade de uma racionalizao e redistribuio dos espaos fsicos da Universidade. Em 1932 o Estado Novo d um considervel impulso sua poltica urbanstica. Em relao cidade universitria de Coimbra, o ministrio de Duarte Pacheco esperava poder associar a importncia simblica da Universidade e a dimenso da reestruturao necessria, como uma oportunidade para justificar uma obra grandiosa e monumental. Discutiram-se duas hipteses de localizao: ou se construa uma cidade universitria de raiz, apenas possvel com a criao de um novo plo universitrio afastado do centro, ou se remodelava a antiga Alta Universitria. A hiptese de construir de raiz obrigava a um afastamento do centro porque exigia a existncia de um territrio desocupado considervel, e a segunda apenas implicaria uma remodelao, visto que a Alta j tinha na sua origem o carcter de uma verdadeira cidade universitria de enorme importncia simblica. Ainda assim, essa remodelao implicaria o aproveitamento e ampliao dos colgios existentes e envolveria a demolio de reas considerveis da malha urbana que permitissem adapt-los a um funcionamento mais moderno, bem como a uma capacidade estudantil que passou de 1148 estudantes em 1800 para 10342 estudantes durante 1973-74. A 14 de Abril de 1943 comearam as demolies na rua das Parreiras para construir o Arquivo da Universidade. Em Fevereiro de 1944 comearam as demolies na rua Larga. Quase 2 centenas de prdios demolidos e mais de 2 mil desalojados. At 1954 foram construdos os bairros de Celas, da Porcelana, Marechal Carmona (actualmente Norton de Matos), Fonte do Castanheiro, Conchada e Alto de Santa Clara. O primeiro edifcio a ser construdo foi o Arquivo da Universidade, inaugurado em 16 de Outubro de 1948. Deixou disponvel uma rea considervel da ala de S Pedro, no Pao das Escolas. CONSTRUES: Arquivo da Universidade, inaugurao, Outubro de 1948 (arq. Alberto Pessoa) Faculdade de Letras, inaugurado a 22 de Novembro de 1951 (arq. Alberto Pessoa, o projecto final foi apresentado em 1944) Faculdade de Medicina, inaugurado em 29 de Maio de 1956 (arq. Lucnio Cruz) Biblioteca Geral, inaugurao (tambm) em 29 de Maio de 1956 (arq. Alberto Pessoa) Edifcio Matemtica, FCTUC, inaugurado em 17 de Abril de 1969 (arq. Lucnio Guia da Cruz) Dep. de Fsica e Dep. de Qumica, FCTUC, inaugurao 1975 (arq. Lucnio Guia da Cruz) Fora da cidade universitria foi construdo o Observatrio Astronmico, o Estdio Universitrio (Santa Clara), e a sede da Associao Acadmica (Praa de Repblica).

FACULDADE DE LETRAS O actual edifcio foi projectado pelo arquitecto Alberto Jos Pessoa, sob a superviso de Cottinelli Telmo e materializa as formas artsticas dos modelos oficiais adoptados para a Cidade Universitria de Coimbra: uma arquitectura baseada num modernismo de forte rigor classicista, eixos fortes, retilinearidade, ordem e grandes massas construdas.O obradouro da Faculdade de Letras comeou em 1946 e a inaugurao do edifcio data de 1951, ano em que tomam lugar as primeiras aulas naquele espao. O desenho do edifcio no recebeu aceitao pacfica, na medida em que o Conselho Superior de Obras Pblicas entendeu que este prdio no fazia a necessria ponte esttica com o espao que o cercava, demonstrando interesse em harmonizar este projecto com a urbanidade e arquitectura envolvente, de cariz tradicional. Cottinelli Telmo, por sua vez, defendia a construo, servindo-se dos aspectos relacionados com a sua funcionalidade e eficincia, facto que viria a prevalecer.Em 1951 apresentava-se ao pblico a Faculdade de Letras que hoje conhecemos, j com as quatro esculturas que Salvador Garvo de Ea Barata Feyo (19021990) idealizou e que intentavam quebrar a densa monotonia da fachada principal, para alm de cumprirem outras funes simblicas. As quatro esculturas que antecedem a entrada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra apresentam a Eloquncia (na pessoa de Demstenes), a Filosofia (na figurao de Aristteles), a Histria (personificada por Tucdides) e a Poesia (representada atravs de Safo, facto que ter gerado alguma polmica na poca). Trata-se de um conjunto de figuras alegricas que nos conduzem Antiguidade Clssica, simbolizando a erudio universal que o Estado Novo intentava unir ao nacionalismo.FACULDADE DE MEDICINAA Faculdade de Medicina surge no edifcio que viria a habitar, grosso modo, no lugar deixado vago pela demolio, em 1942, dos dois grandes Colgios de So Joo Evangelista (ou dos Lios) e o de S. Boaventura. A Faculdade de Medicina, bem como os dos trs departamentos da Faculdade de Cincias e Tecnologia, ficaram a dever-se ao profcuo, mas discreto, Lucnio Guia da Cruz (sob o juzo de Cristino da Silva), o arquitecto que mais desenhou na Cidade Universitria coimbr.As obras de edificao da Faculdade de Medicina arrancaram em 1949 (fundaes), poucos anos antes da inaugurao oficial da Faculdade de Letras, terminando no mesmo ano em que se abria a Biblioteca Geral, em 1956. O grupo escultrico do cunhal da Faculdade de Medicina, representa as Cincias Mdicas, uma obra realizada pelo escultor lisboeta Leopoldo de Almeida (1898- 1975) e um escultor que destacamos aquela que provavelmente todos conhecero: o efmero Padro dos Descobrimentos, em Belm (1939-1940), tambm sobre o plano arquitectnico de Cottinelli Telmo, demolido em 1943 e reerguido em pedra em 1960.ACTUALMENTE:Entretanto, passaram-se os anos. Coimbra alargou-se ainda mais. E depois do 25 de Abril de 1974 a Universidade de Coimbra tenta acertar o passo e procura reestruturar-se. A Universidade procura solues para a vivificao da Alta Universitria, reorganizando espaos e equipamentos, construindo novos edifcios, introduzindo novos programas no exclusivamente universitrios, requalificando a sua imagem patrimonial. As Faculdades deixaram de estar concentradas entre o Botnico e a S Velha, encontrando-se hoje os Plos II e III situados em zonas que o Cdigo da Praxe de 1957 classificava como arrabaldes... por no pertencerem Alta...Alm da praxe e outras inevitvel a referncia s Repblicas. As repblicas estudantis foram criadas pelo diploma rgio de 1309 de D. Dinis, que ordenava a construo de casas na zona de Almedina destinadas a estudantes, mediante o pagamento de uma renda. O valor desta, seria definido por uma comisso nomeada pelo rei e constituda por estudantes e por homens bons da cidade. O primeiro contacto com uma repblica marcado pela ideia de comunidade. Estas casas so geridas pelos prprios estudantes residentes que, democraticamente, decidem as suas questes por unanimidade. Depois de aceite por votao o novo residente fica algum tempo experincia, durante o qual tem o ttulo dePlebeu,Candidato, ou outras consoante a Casa, sendo mais tarde submetido a mais uma votao podendo a ser aceite comoRepblico, ou seja residente permanente.A gesto interna de cada repblica feita pelos Repblicos em questo, porque so todos eles iguais. As Repblicas abandonam a ideia de hierarquizao, ao contrrio da praxe, em prol de um p de igualdade entre todos os residentes. Desta forma acontece uma verdadeira vida comunitria. Existem repblicas que do preferncia a homens, mulheres ou pessoas deslocadas contudo, tal no obrigatrio para a admisso. Alm disto h ainda a referir os comensais aqueles pagam e usufruem das refeies mas no pernoitam. Uma repblica destaca-se das outras casas para estudantes pelo seu objectivo de, alm doestudar para disciplinas,procurar tambm ensinar um saber viver, saber fazer e saber dizer utilizando a vida bomia e convvios para despertar o debate e reflexo por temas mais complexos. Alguns exemplos so: Ay--linda, Prakys-To, Rap-Taxo, Galifes. O somatrio das tradies e costumes acadmicos foi recolhido e codificado no Palito Mtrico (sc.18) escrito em latim macarrnico, alegre e bem humorado- e no Cdigo da Praxe (1957), que legisla as prticas acadmicas presididas pelo Dux Veteranorum no Conselho dos Veteranos.

BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE E CULTURA LITERRIA EM COIMBRA A Biblioteca da Universidade de Coimbra tem uma histria com mais de 500 anos, segundo um documento comprovativo de 1513, que d pela existncia da Casa da Livraria (solicitao da construo de um cano para o escoamento de guas e pedido do inventrio do acervo, que h altura no teria mais de uma centena de exemplares). Casa da Livraria teve origem em Lisboa e foi trazida para Coimbra com a passagem definitiva da Universidade para esta cidade, onde teve vrias localizaes. Hoje tem dois edifcios distintos: a Biblioteca Joanina (mandada edificar por D. Joo V) e a Biblioteca Geral (data de 1962 pela reforma do Estado Novo).

O acervo contabiliza mais de 2 milhes de livros, estando 50 mil na Joanina. Grande parte do acervo foi mandado digitalizar para uma consulta mais eficaz e acessvel esplio que se adapta s novas necessidades contemporneas (Alma Mater). Esta a biblioteca universitria mais extensa do universo lusfono e uma das mais importantes. O esplio passa pela primeira edio de Os Lusadas; manuscritos de Almeida Garrett, especialmente o de Frei Lus de Sousa; uma Bblia hebraica manuscrita de 1450 pertencente a Isaac Abravanel; dicionrios de Tupi-Portugus; e tambm o primeiro livro imprimido no Brasil.

A Biblioteca um reflexo de como Coimbra teve uma importncia literria e cientfica em Portugal ao longo dos sculos. Nesta cidade sempre existiram poetas desde os primeiros trovadores, como foi o caso do rei D. Dinis, e tambm alguns dos maiores humanistas; aqui estudou Cames e tambm aqui se preserva a sua obra. Muitos foram os clssicos, os pr-romnticos e os ultra-romnticos que passaram ou viveram em Coimbra. No sculo XIX foi nesta cidade que os modernistas se comearam a mexer contra o provincianismo da cultura e sociedade portuguesa da altura face a outras naes europeias. Foi pelas vozes de Antero de Quental e de Tefilo Braga, como estudantes de Coimbra, que comearam as exigncias de um novo realismo e de um novo esprito europeu para Portugal movimento descrito como Questo Coimbr por um grupo denominado Gerao de 70.

Outros estudantes de Coimbra lhe seguiram o exemplo e a eles se associaram: Ramalho Ortigo, Ea de Queirs, Guerra Junqueiro, entre outros. Mesmo sem nenhum movimento literrio associado muitos outros foram os escritores e poetas que passaram por Coimbra e imortalizaram a cidade nos seus escritos: Miguel Torga, Jos Rgio, Antnio Nobre, Manuel Alegre, Trindade Coelho, Vitorino Nemsio, etc.

PAO DAS ESCOLAS (Raquel, Andr e Camila) BIBLIOTECA JOANINAIncio do sculo XVIII para colmatar a falta de espao para o depsito dos livros, e sob a permisso do rei D. Joo V que vivendo a aura iluminista sua contempornea acedeu a este pedido fazendo jus ao seu cognome mandando edificar uma obra magnnima. A construo arrancou em 1717 e alargou-se at 1728, perodo sobre o qual se desconhece o autor do projecto, sendo-se apenas o nome do mestre-de-obras Joo Carvalho Ferreira.

considerada esta biblioteca uma notvel obra de estilo barroco, composta por trs grandes salas que comunicam por arcos de estrutura similar do portal exterior. As paredes esto cobertas por estantes de dois andares, de madeiras exticas e ornamentadas com talha dourada. Lateralmente as estantes so preenchidas com desenhos pintados mo denominados de chinoiserie, reveladores de motivos orientais e identificadores do cosmopolismo evidente do reinado de D. Joo V monarca de um vasto imprio que se estendia por vrios continentes e receptor de quantidades avultadas de ouro vindas do Brasil, que dele faziam um homem riqussimo e poderoso, como poucos no mundo.

Esta biblioteca tem exemplares de todas as grandes obras publicadas na Europa ao longo de vrios sculos (principalmente do que toca ao Direito Civil e Cannico, Teologia e Filosofia). Tambm as vrias salas so organizadas por temas. Sendo a primeira a depsito de livros de histria e literatura; a segunda armazena os livros de cincias naturais; e a terceira alberga as obras de teologia e direitos cannicos que compem as estantes circundantes ao retrato do monarca encomendador do espao.

Para completar a sala como um templo ao estudo, esto dispostas vrias mesas de madeiras tropicais feitas manualmente por um artista italiano, que pelo seu valor inestimvel tm que ser tapadas durante a noite para no serem corrompidas pelos excrementos dos morcegos que habitam a biblioteca. Estes mamferos compem o ecossistema da biblioteca uma vez que comem os insectos capazes de danificar os livros.

A temperatura mantida constante pelas grossas paredes de 2,10m que no permitem amplitudes trmicas. Para alm do que nos visvel nestas trs salas, o esplio da biblioteca estende-se a um piso inferior que alberga grande parte das 55 mil obras ali contidas, que ainda podem ser consultadas caso sejam antecipadamente requisitadas. So estes os principais factores que levaram no ano de 2013 o jornal ingls The Telegraph a considerar a Biblioteca Joanina a mais espectacular do mundo. Um stio sempre orientado e vigiado pelas representaes pictricas da sabedoria, uma figura constante para assegurar que a inscrio acima da porta de entrada levada a srio este um stio onde a mente medita e a pena aponta.

ESTTUA D. JOO IIITrata-se de uma homenagem ao rei (O Pio) que cedeu o espao para a utilizao acadmica, e deslocou a universidade definitivamente para a cidade de Coimbra em 1537.

CAPELA DE S. MIGUELInicialmente mandada construir em 1517 por D. Manuel I - no local onde j estava situada a capela original do pao real - sob um estilo arquitectnico manuelino, mas com vrias alteraes ao longo dos dois sculos posteriores: elementos barrocos ao nvel da decorao sumptuoso rgo do sculo XVIII e azulejos a cobrir as paredes. Pormenor da porta lateral manuelina, em pedra, com os vrios elementos caractersticos (corda, referncias nuticas, esfera armilar, escudo real com a coroa, cruz de cristo e elementos vegetalistas).

TORRE DA UNIVERSIDADE A torre, um dos pontos mais emblemticos da Universidade, uma torre campanria, mandada construir por D. Joo V, com mais de 700 anos constituda por um relgio (sc. XIX) e 4 sinos sendo o mais pequeno, denominado pelos estudantes por cabra e um outro, denominado cabro, com um som mais grave, pois regulava a vida acadmica. S por curiosidade s 7h30m o cabreiro (senhor que tocava os sinos manualmente), subia torre para tocar o sino, chamando os alunos para as aulas e ao final da tarde, voltava a faz-lo desde que o dia seguinte fosse dia de aula, continua a orientar os estudantes, apesar de j no os regular em absoluto (s em termos de horas).A sua forma quadrangular, com 33,5 metros de altura, 190 degraus em escada de caracol, a afunilar, termina um belssimo terrao de onde se avistam o rio Mondego, e toda a cidade. Uma outra curiosidade, se porventura, o sino mais pequeno no tocasse, significava que no iria haver aulas o que aconteceu duas vezes, uma no sculo XIX e outra no sc. XX, alturas em que o seu badalo foi roubado

GERAISSituado na zona prxima Torre. em torno deste claustro, que se encontram as antigas salas de aulas. O aspecto actual deve-se a uma remodelao que decorreu entre 1698 e 1702, durante o reitorado de D. Nuno da Silva Teles. Neste piso do claustro, e onde actualmente decorrem as aulas de Direito e a sala de leitura. Destacam-se o relevo das sobreportas, bem como os azulejos fabricados por Joo da Fonseca, o busto do Doutor S Pinto do escultor Teixeira Lopes no centro do claustro.

VIA LATINAA Via Latina, construda na segunda metade do sculo XVIII, constitui na essncia, um corpo cenogrfico de grandeza, encostado ao alado norte do palcio escolar, como soluo hbil para facilitar os acessos entre o Pao Reitoral (onde viviam os reitores), a Sala dos Capelos (Sala Grande dos Actos) e os Gerais (onde se do as aulas).A sua arquitectura essencialmente cenogrfica, centrada num prtico monumental composto por trs arcos que sustentam um fronto triangular com o escudo real, ladeada por uma colunata jnica, produz um efeito de simetria e monumentalidade da entrada nobre do edifcio escolar. No centro esttua dedicada a D. Jos I, os pilares so interrompidas por duas figuras masculinas, os Atlantes e ladeada por duas figuras femininas que representam a Fortaleza e a Justia.Sabem o porqu de ser chamada Via Latina? Porque s era permitido falar em latim. SALA DOS CAPELOS E SALA DO EXAME PRIVADOA sala grande dos Actos a principal sala da Universidade de Coimbra. tambm conhecida por Sala dos Capelos e o local onde so realizadas as mais importantes cerimnias acadmicas. (doutoramentos, abertura solene do ano, imposio de insgnias, tomadas de posse de reitores)Foi o Salo do Pao, remodelado pelo arquitecto Marcos Pires na segunda dcada de quinhentos e posteriormente remodelada no sc. XVII, decorada com telas representando todos os reis de Portugal, desde D. Afonso Henriques at D. Manuel II.A sala do exame privado integrava a ala real do palcio. Foi cmara real, ou seja, o local onde o monarca pernoitava. Tambm foi nesta sala que se realizou a primeira reunio entre o Reitor D. Garcia de Almeida e os lentes (professores) da Universidade, no dia 13 de Outubro de 1537, data da transferncia definitiva desta instituio para Coimbra.A sala das armas fazia igualmente parte da ala real do antigo pao. Alberga um conjunto das armas (alabardas) da Guarda Real Acadmica, que ainda hoje so utilizadas pelos Archeiros (guardas) nas cerimnias acadmicas solenes.De notar que ainda hoje a policia s pode cruzar a porta frrea com autorizao do reitor.

PORTA FRREALocaliza-se no local da primitiva porta forte muulmana (cujas estruturas oculta ainda no seu interior) sucessivamente reformada por D. Afonso IV e D. Manuel I. Construda em 1634, segundo um projecto de Antnio Tavares, assenta sob a forma de um arco triunfal com ornamentao alusiva s quatro faculdades e aos reis D. Dinis e D. Joo III. A sua arquitectura tendencialmente maneirista ( maneira clssico-romana), com um portal de dupla face (na tradio da porta-forte militar), de grande valor histrico-cultural e permite o acesso Universidade de Coimbra. No centro da porta a escultura do rei D. Dinis, o fundador da Universidade de Coimbra do lado de fora e no mesmo local no interior - D. Joo III.A escultura dos nichos centrais representa Minerva (deusa romana das artes e da sabedoria) no exterior, e no interior a Sapincia insgnia da UC. Nos nichos laterais esculturas femininas representando as faculdades existentes na UC at reforma pombalina (Teologia e Leis, Medicina e Cnones). aqui o local onde eram recebidos os novatos. Por curiosidade, os estudantes trajados, s podem passar por esta porta, com a capa cruzada.

MUSEU MACHADO DE CASTRO E S NOVA (Pedro Muanza) MUSEU MACHADO DE CASTROSitua-se no local onde existiu h muito tempo o frum - Centro administrativo poltico e religioso na poca romana. Coimbra nesta altura era denominada de Aeminium. museu desde 1911 e foi classificado como monumento nacional em 1965. Sofreu uma requalificao reabrindo em 2012 a totalidade dos seus espaos 100 anos depois da sua fundao. O nome Machado de Castro oriundo de uma proposta do director fundador, Antnio Augusto Gonalves, como forma de homenagear esse grande vulto da escultura nacional, nascido em Coimbra em 1731. No Machado de Castro podemos assim ver o criptoprtico romano (que na altura serviu como estrutura de suporte para o frum que aqui se situava), retratos imperiais descobertos na escavao, e uma lpide que remonta a 1888 que confirmou a localizao de Aeminium. ainda possvel visitar exposies dedicadas Escultura Portuguesa do sc XI ao sc XVI tendo como exemplo mximo a Capela Renascentista. Tambm visitvel um conjunto escultrio de terracota, de realar a recriao da ltima Ceia por Hodart, um trabalho exemplar a vrios nveis, esculturas de madeira dos sc XVII e XVIII retbulo da nossa Sra. da Conceio.

S NOVAA 16 de Junho de 1910 classificado como monumento nacional, sendo que em 1640 iniciado o culto Jesuta. O Colgio dos Jesutas (tambm conhecido por Colgio das Onze Mil Virgens) foi instalado em 1541. A construo, a cargo do arquitecto Baltazar lvare, iniciou-se em 1598 tendo demorado um sculo a terminar, 1698. Baltazar lvares inspirou-se na Igreja do Mosteiro de So Vicente de fora situado em Lisboa. Em 1722 D. Francisco Lopes Pereira Coutinho argumenta junto do Rei D. Jos a transferncia jurdica da S Velha para a ento Igreja do Colgio da Companhia de Jesus, passando desde essa altura a denominar-se S Nova. Arquitectonicamente comporta duas correntes. A parte inferior marcadamente Maneirista (com linhas fortes nas quais se destacam as quatro esttuas de santos jesutas Incio, Lus de Gionzaga, Francisco de Xavier, Franciso de Borja). A parte superior, s concluda no sc. XVIII barroca e destacam-se as armas da nao e dois santos com o dobro do tamanho natural (S. Pedro e S. Paulo). J o interior constitudo por uma nave nica abobadada, com capelas laterais que comunicam entre si, culminando no topo norte na capela-mor.

S VELHA (Tatiana Ferreira)Foi classificada como monumento nacional em 1910. E desde o ano passado, faz parte da zona que foi classificada como patrimnio mundial da UNESCO aqui em Coimbra. A sua construo inicia-se em 1162, depois da Batalha de Ourique (1139), quando Afonso Henriques se declarou rei de Portugal e escolheu Coimbra para capital do reino. A construo deve-se aco do bispo Dom Miguel Salomo, que nela utilizou os recursos econmicos da S, do Rei e da Nobreza. O arquitecto foi mestre Roberto, influenciado pelas igrejas do caminho de Santiago. Mestre Bernardo e mestre Soeiro dirigiram esta obra. Tem construo paralelepipdica com carcter de fortaleza, que reflecte o ambiente guerreiro vivido naquela poca. Em 1184 inicia-se o culto regular na S. Ao longo dos seculos teve diferentes funes, foi S Episcopal at 1772, pertenceu Misericrdia at 1778, (De 1785 a 1816) foi ocupada pela Ordem Terceira de So Francisco e, passou depois a servir de sede da parquia de So Cristvo. o mais belo e importante monumento romnico portugus, tem aparncia exterior de igreja-fortaleza lembrando um pequeno castelo, com exterior robusto, simtrico, com escassas e estreitas aberturas, coroado por ameias. Construda em calcrio amarelo e implantada a meia encosta. Composto por igreja de planta em cruz com trs naves (cobertas por abbadas), transepto (galeria que separa o coro da grande nave da igreja da igreja e forma os braos da cruz), capela-mor e duas capelas laterais (a capela de S. Pedro e a Capela do Sacramento),obras-primas da renascena Coimbr, muito ricas e com talha dourada. A fachada norte tem dois portais de estilo renascentista, sendo notvel a Porta Especiosa, em calcrio branco, um prtico de trs andares, tipo retbulo. Constitudo no 1 andar por imagens de S Joo Batista e do Profeta Isaas e medalho da senhora com o menino; o 2 andar uma varanda e o 3 andar tem uma imagem de Sta. Ana e os bustos de dois Evangelistas escrevendo. Esta porta dedicada Virgem com o Menino e foi construda na dcada de 1530 pelo arquitecto Joo de Ruo e pelo escultor Nicolau de Chanterenne. Como curiosidade, nas paredes da Se Velha existem inscries ligadas liberdade religiosa, sendo que a mais importante uma inscrio rabe, que se encontra aqui junto porta especiosa, e que diz Escrevi isto como recordao permanente do meu sofrimento. A minha mo perecera um dia, mas a grandeza ficar, por outras palavras, irei morrer mas a minha obra ficar para sempre. Esta inscrio foi aqui deixada, como memria do seu povo, por um escravo que ajudou na construo da S Velha.A Porta de Santa Clara supe-se que seja do arquitecto Joo de Ruo, da primeira metade do sculo XVI. Sendo constituda por um corpo saliente, maneira de cubelo de fortificao.O portal da fachada principal, integrado num corpo saliente, maneira de fortificao, tem no cimo uma grande janela e um patamar de grande influncia Islmica. O Claustro (1218) do sculo XIII foi custeado por D. Afonso II e a primeira obra em estilo gtico a ser realizada em Portugal. formado por quatro galerias com capitis gticos com reminiscncias romnicas, rasgado por vrias capelas laterais. Nele encontram-se vrio tmulos, entre os quais, o de Dom Sesnando, Conde de Coimbra. Em 1772 passaram posse da Universidade que ali instalou a sua imprensa. A S Velha de Coimbra a nica das catedrais portuguesas romnicas da poca da Reconquista a ter sobrevivido relativamente intacta at os nossos dias. Os artistas foram morabes (cristos arabizados que se haviam estabelecido em Coimbra no sculo XII). A S Velha tinha ar de mesquita devido ao seu revestimento de azulejos hispano-rabes comprados em Sevilha em 1503. Estes foram retirados restando apenas alguns azulejos na capela de S. Pedro, em parte da nave esquerda da igreja. Grande parte do seu patrimnio (esculturas, pinturas,) forma primeiro para a S Nova, mas neste momento encontram-se no Museu Machado de Castro. Aqui foram coroados D. Sancho I em 1320 e o D. Joo I (mestre de Avis).

SERENATA NA S VELHAA Serenata um concerto vocal ou instrumental executado de noite, ao ar livre, dirigido, directa ou indirectamente, a uma mulher. Deste modo a Serenata de Coimbra enquadra-se nesse esprito. Nela o estudante, cantando acompanhado pela guitarra e pela viola, exprime os seus sentimentos moa eleita. A Serenata Monumental marca a abertura das festas acadmicas nomeadamente da Queima das Fitas, que considerada a maior festa estudantil da Europa acontecendo todos os anos no incio do ms de Maio. Nela os participantes esto envoltos na velha capa negra. O cantor traa a capa de modo que apenas fica visvel e realada a sua cabea. So os estudantes que, com a sua criatividade, compem as letras e msicas e divulgam a Serenata pelo mundo fora.

ZECA AFONSOZeca Afonso nasceu a 2 de Agosto de 1929 em Aveiro. Frequentou o Liceu Nacional D. Joo III e a Faculdade de Letras de Coimbra, integrou o Orfeo Acadmico de Coimbra e a Tuna Acadmica da Universidade de Coimbra. Era um intrprete especialmente dotado no Fado de Coimbra. Comea a cantar serenatas como bicho, designao da praxe de Coimbra para os estudantes liceais (Jos Afonso andava no 5. ano do liceu). Era conhecido como bicho-cantor, o que lhe permitia no ser rapado pelas trupes. Em 1948 completa o Curso Geral dos Liceus, aps dois chumbos. A partir 1967, torna-se smbolo da resistncia democrtica, como independente de partidos e muito devido sua msica de interveno, em grande parte originria das influncias africanas de seus pais. Em 1971 edita Cantigas do Maio, no qual surge Grndola, Vila Morena. Inspirada numa actuao feita na Sociedade Musical Fraternidade Operria Grandolense anos antes. Foi preso pela PIDE. Os militares do MFA (movimento das foras armadas) escolhem Grndola para senha da Revoluo e derrube do regime ditatorial. Um ms depois d-se o 25 de Abril. Em 1983 a cidade de Coimbra atribui-lhe a Medalha de Ouro da cidade e no final desse ano -lhe atribuda a Ordem da Liberdade pelo Presidente da Repblica (general Ramalho Eanes), distino que recusa. Faleceu em Setbal a 23 de Fevereiro de 1987.

QUEBRA-COSTAS (Mariana Rosa)

Em 2011, o Fado, foi considerado pela UNESCO como Patrimnio Imaterial da Humanidade. Sendo este uma msica tradicional urbana de Lisboa e Coimbra, so fados significativamente diferentes. O Fado de Coimbra fala exclusivamente dos encantos da cidade e da saudade que os estudantes sentem dela, sendo cantado em Serenatas e exclusivamente por Homens devidamente trajados. Enquanto que o Fado de Lisboa centra-se na fatalidade da vida e pode ser cantado por homens como por mulheres.O Fado de Coimbra est ligado mulher de Coimbra a Tricana. em honra dela que os estudantes escrevem poemas para depois serem cantados em Serenatas, nascendo assim o Fado de Coimbra! Nas serenatas pode entrar no s o fado mas tambm todas as outras formas musicadas pelos estudantes de Coimbra.Em homenagem Tricana, perpetuada a sua imagem na esttua de bronze de Alves Andr, uma figura mtica e emblemtica da cidade de Coimbra desde os finais do sc. XIX. Apresentando-se sentada com o cntaro pousado e os chinelos soltos pelo cho, parece at que est a descansar um pouco antes de voltar s lides domsticas. O seu traje era caracterizado com saia, um pequeno avental, blusa, leno na cabea, e xaile traado ao ombro. Actualmente a imagem da Tricana reavivada pelos grupos folclricos da regio.Eram consideradas mulheres do povo mas que no pertenciam Universidade contudo, eram Musas inspiradoras do Fado de Coimbra, tanto na sua verso erudita (fado cantado pelos estudantes) como na sua verso futrica (fado cantado pelos homens do povo); estas tambm ajudavam os estudantes na lide domstica e vendiam gua. Para alm disso, forneciam as casas senhoriais levando po, ovos, legumes, flores, roupa lavada e, cuidavam das casas como criadas.Elas alimentaram durante sculos a fantasia e os impulsos amorosos dos estudantes que a cidade acolhia, pois era uma mulher bonita, graciosa, com porte altivo, mulher de trabalho e que desafiava a vida. Havia tambm algumas zaragatas entre os estudantes e os futricas, por causa das tricanas, normalmente nas fogueiras de Santo Antnio, So Joo e So Pedro. Contudo, o amor de estudante pela tricana tinha a morte anunciada com a entrada da mulher na Universidade. O amor do estudante tinha-se transferido definitivamente das tricanas para as colegas.As letras das msicas que se cantavam e danavam nas fogueiras chegaram at ns em livros da poca e, algumas delas aparecem tambm em fados de Coimbra que ainda hoje se cantam. primeira vista parecem quadras soltas, sem qualquer sequncia. Mas, numa observao mais cuidada fica evidente as tenses existentes no tringulo amoroso "estudantes tricanas futricas".Como nota final, alguns exemplos: O amor do estudante No dura mais que uma hora Toca o sino, vai pr aula Vm as frias, vai-se embora... ... claramente uma provocao ou um aviso de um futrica para uma tricana. Perante o desafio, respondea tricana: O meu amor estudante Estudante de Latim Se ele se chegar a formar Ningum tenha d de mim... ... ainda que no deixe de confessar quanto o amor do estudante a traz cativa e a faz sofrer: Amor como o de estudante No h outro no h no Leva toda a nossa vida Rouba o nosso corao.E quandoo estudante se procura justificar perante a cidade: cidade de Coimbra Arrasada sejastu Com beijinhos e abraos No te quero mal nenhum...... logo um futrica, despeitado, contra-ataca e deita uma acha mais para a fogueira: As tricanas todo o ano Vo plantar os seus amores L no jardim do engano: No corao dos doutores. A batalha aquece. O verniz est quase a estalar. Mas o estudante no desarma e vira-se para a tricana com voz insinuante: Eu vim a Coimbra ao estudo Com tenes de me formar Apenas vi os teus olhos Nunca mais pude estudar...... e quando a tricana se solta, ardente e graciosa: amor d-me os teus braos Que eu dou-te o meu corao Ando louca por abraos Fogueiras de S. Joo...... a desordem est armada. Sai murro seco entre os homens, enquanto o mulherio acode pelos de fora e se delcia com o espectculo.

ARCO DA ALMEDINA (Joo Ricardo)A cidade de Coimbra possua uma cerca de muralhas, que remonta ao sc. XI, guarnecida de diversas torres de vigia. Durante a invaso rabe da cidade, as muralhas estendiam-se por 2 km formando um poderoso sistema defensivo no qual est includo a Torre e o Arco de Almedina que faziam parte da antiga muralha da cidade.

A Porta de Almedina era uma das principais entradas da cidade, franqueando o acesso ao Bairro Alto da povoao. A cintura defensiva possua, no entanto, outras entradas: a Porta de Santa Sofia, a da Portagem, a de Belcouce, a da Genicoca, ou Arco da Traio, a Porta do Castelo, ou do Sol, e a Porta Nova.O Arco de Almedina e a torre de vigia altaneira faziam parte do complexo de defesa desta entrada, que possua urna outra cortina de muralhas mais avanada, a barbac, de construo posterior, de que hoje resta O Arco Pequeno de Almedina tambm conhecido por Arco da barbac, na subida da Rua Ferreira Borges para a Alta.Durante o sc. XIV e XV a Torre de Almedina transforma-se em centro do poder poltico municipal. Passa a ser a Casa de Audincia da Cmara, nela tendo lugar as reunies da Vereao chamada tambm de Torre da Vereao, e Torre da Relao.No cimo da Torre de Almedina ainda hoje se conserva o velho sino que soava anunciando as sesses da Cmara, dava as horas de manha e noite ao abrir e encerrar das portas da cidade. No sc. XVI e XVII a Torre de Almedina aparece apresentando a configurao que se lhe reconhece ainda hojeO local escolhido para recriao pela cmara foi a Torre de Almedina, edifcio histrico classificado em 1910, como monumento nacional e a necessitar de urgentes obras. Estas obras fazem alteraes na Torre dando-lhe o aspecto actual. Em 1978 a Cmara decide instalar nesse edifcio o seu Arquivo Histrico Municipal.

MOSTEIRO DE STA. CRUZ E ENCERRAMENTO (Alexandra Gomes) O Mosteiro de Santa Cruz: importncia, histria e principais caractersticasD. Afonso Henriques, 1 Rei de Portugal, mandou fundar o Mosteiro de Santa Cruz. A construo teve incio em 1131 e a vida monstica comeou um ano depois. A partir da o Mosteiro foi sofrendo vrias obras e alteraes ao longo do tempo (principalmente no sculo XVI, quando sofreu uma grande renovao). Este Mosteiro foi, a par de Alcobaa, o grande centro cultural e intelectual do reino ao longo de vrios sculos. Foi tambm, como vamos ver, um importante centro acadmico. A nvel religioso a sua importncia era igualmente grande: foi a casa-me da congregao monstica dos Crzios (que chegou a incluir 30 mosteiros), e, alm disso, os Crzios assumiram vrias parquias em Coimbra e, por exemplo, Leiria (Ftima).

O Mosteiro foi construdo fora das muralhas da cidade, no local onde estavam localizados os Banhos do Rei e uma pequena ermida ou capela denominada de Santa Cruz. Afectos a este espao monstico estavam vrios terrenos e edifcios. Se houvesse problemas, havia uma porta da muralha (Porta Nova) que os monges podiam usar para fugir para o seu interior e ficar protegidos. Esta zona ficava quase beira-rio, dado que o Mondego era um rio navegvel nessa poca.

Do edifcio romnico inicial, construdo pelo arquitecto Roberto (o mesmo das Ss de Coimbra e de Lisboa), j resta muito pouco, e o que hoje se v fruto de vrias alteraes ao longo do tempo, em especial das obras patrocinadas por D. Manuel no incio do sculo XVI (e nas quais trabalharam os melhores artistas do reino). Por exemplo, a fachada actual medieval e foi construda entre 1507 e 1513. O portal igualmente do sculo XVI, e foi concebido pelo arquitecto Diogo de Castilho, com esculturas de Nicolau de Chanterrene: a sua construo foi realizada entre 1523 e 1525. Depois de 1530 foram l colocadas as trs esculturas (de Joo de Ruo) que esto sobre a porta de entrada: a Virgem, um Profeta e o Rei David. J o arco triunfal que aqui se v, da autoria de Joo do Couto e do sculo XIX. L dentro, a decorao renascentista e , em parte, da autoria de Joo de Ruo, e tem algumas peas importantes, como o plpito feito por Nicolau de Chanterrene (considerado por alguns especialistas como a mais notvel obra de escultura renascentista de todo o renascimento portugus).

A estrutura que se v hoje (principalmente a igreja monstica) apenas uma pequena parte do que existia inicialmente e do que foi aqui existindo ao longo dos sculos. O Mosteiro era dotado de tudo o que permitia o seu normal funcionamento: dormitrios, refeitrio, fontes, claustros (hoje um que podemos visitar sem entrar o Claustro da Manga) Teve um hospital para os necessitados, uma enfermaria, uma capela dos ossos, uma escola de escribas e estudos e outros espaos. Em 1530 o Mosteiro chegou a ter uma tipografia instalada, na qual foi impresso o primeiro livro de Coimbra (um brevirio para uso da congregao).

Foi aqui que D. Afonso Henriques escolheu ser sepultado, bem como o seu filho D. Sancho I. Os seus tmulos ainda c esto e, por essa mesma razo, este mosteiro tambm Panteo Nacional. Os tmulos iniciais no so os que podemos ver hoje; eram muito mais humildes e menos decorados. No entanto, no sculo XVI, D. Manuel achou que no eram tmulos dignos dos reis que fundaram Portugal e deu ordem, em 1502, para a construo de novos tmulos. Muitos consideram que estes so os tmulos mais importantes existentes em Portugal.

Com a elevao da Igreja a Panteo, facto a que se foi juntando o crescimento do movimento popular e estudantil nesta zona da cidade, o movimento dentro desta igreja foi aumentando, perturbando o normal funcionamento monstico. Assim se reservou, no sculo XVI, a igreja do Mosteiro ao uso quotidiano e exclusivo dos frades Crzios, tornando-a numa igreja monstica. Desta forma o culto popular passou a ser realizado numa nova igreja paroquial, construda para o efeito, ao lado da primeira.

Esta igreja paroquial comeou a ser construda em 1530, sob a orientao de Diogo de Castilho e com a colaborao de Joo de Ruo. Ficou conhecida como Igreja de So Joo Baptista de Santa Cruz (ou Igreja de So Joo das Donas) e servia toda a freguesia de S. Joo da Cruz. Apesar da extino das ordens religiosas em 1834, esta igreja manteve-se aberta ao culto at ser dessacralizada. Desde ento teve vrios usos: armazm de ferragens, esquadra de polcia, armazm de canalizaes, casa funerria, estao de bombeiros e, finalmente, em 1923, caf-restaurante. Hoje o caf Santa Cruz conserva uma decorao em estilo manuelino e integra a Rede de Cafs Histricos de Portugal. Para quem no conhece e quer provar, ali faz-se, desde 2012, um doce de razes monsticas: o crzio.

Ligao do Mosteiro Universidade

O Mosteiro de Santa Cruz sempre esteve, desde o incio, muito ligado produo cultural em Portugal. Nos sculos XII e XIII, por exemplo, era um dos principais centros de produo de manuscritos do reino portugus. Foi a escola que forneceu a todo o reino as normas de cultura, antes da criao dos Estudos Gerais. No sc. XVI era a principal escola para o estudo das Artes, dos Cnones, do Grego, Latim e Hebraico, da Teologia e estudos da Sagrada Escritura. Desde o sculo XVI at ao sc. XVIII, a msica foi tambm aqui cultivada com grande esplendor.

Quando a Universidade para c veio, os Crzios mantiveram a sua liderana sobre o ensino: mantinham uma actividade cultural ligada a vrios colgios e tinham sob a sua alada, por exemplo, o colgio de Todos-os-Santos e o de So Miguel (futuro espao do Tribunal do Santo Ofcio) neste contexto deve-se mencionar especialmente o Colgio de Santo Agostinho, construdo mais perto da universidade (em vez de c em baixo), o que denota a preocupao dos crzios em ganhar protagonismo e manter poder no domnio da educao; alm disso, eram eles que contratavam os docentes para os colgios, escolhendo-os entre os melhores representantes da inteligncia peninsular; e preocupavam-se em fornecer a sua livraria/biblioteca com a mais ousada e actualizada literatura da poca.

A praa onde nos encontramos, hoje chamada de Praa 8 de Maio, j foi conhecida por outros nomes: Terreiro de Santa Cruz, Sanso, Terreiro de Sanso, Praa de Sanso e Largo de Sanso. Assim era por aqui existir um chafariz com esttua de Sanso ao centro (1592), uma das fontes a que as Tricanas vinham buscar gua, e que acabou por ser destruda em 1838. A ttulo de curiosidade e porque as Tricanas tinham tudo a ver com os estudantes, conforme vimos: de notar, neste ponto, a proximidade deste largo com a vida estudantil da cidade Inicialmente as aulas universitrias eram feitas em casas particulares, e no colgio do Convento de Santa Cruz (onde se acomodavam as faculdades de Teologia e Artes). As restantes aulas (ex.: jurisprudncia e medicina) eram dadas numa casa que um dos Reitores, D. Garcia, ofereceu para o efeito, sendo que estas aulas, bem como as casas dos estudantes se localizavam da zona da Porta de Almedina para cima.

Este largo importante porque considerado o ponto gerador de uma rua especial no contexto do Patrimnio Mundial classificado c em Coimbra: a Rua de Sofia.

Rua de Sofia, a sabedoria concentrada num plo universitrio na Baixa de Coimbra

Esta rua foi rasgada em 1535 de propsito para abrigar os Colgios da Universidade, numa altura em que o Rei D. Joo III tinha decidido instalar definitivamente a Universidade em Coimbra. Tem o nome de Sofia, pois em grego esta palavra significa cincia/sabedoria, e a sua construo seguiu o modelo da Rua de Sorbonne (Paris), uma rua universitria, embora se tivesse duplicado as suas dimenses em termos de cumprimento e largura. Assim, sob o traado de Frei Brs de Barros, e com o objectivo de ser uma cidade universitria em linha, a Rua de Sofia tem 460m de cumprimento e 12,5m de largura. No sculo XVI esta era a rua maior da Europa.

Durante sculos esta rua funcionou, portanto, como Plo Universitrio e foi uma rua nobre, que esteve longe do bulcio e confuso da cidade, afastada dos ritmos urbanos tradicionais, pois albergava alguns colgios e em seu redor mantinha-se um bairro ocupado por estudantes. S no sculo XIX foi aberta ao comrcio vulgar, aps a extino das ordens religiosas (1834) e a transferncia de todas as funes estudantis para a Alta da cidade.

Na Rua de Sofia foram, ento, eregidos 7 Colgios com as suas Igrejas: Carmo, Graa, So Pedro, So Toms, So Bernardo, So Boaventura e o Colgio das Artes. As suas construes e/ou adaptaes para este efeito tm todas datas de incio a partir de 1540. A maioria destes colgios j no existe hoje e pouco resta deles. Por exemplo, o Colgio de So Toms hoje o Palcio da Justia. O Colgio das Artes transformou-se em Tribunal do Santo Ofcio (Inquisio) em 1566 e desde ento tem sofrido vrias alteraes (incluindo uma demolio parcial); hoje funciona l o Centro de Artes Visuais. O Colgio do Carmo hoje um lar de idosos, mas j foi tambm um hospital (1845-1851). O Colgio da Graa encontra-se parcialmente devoluto e desde 2004 pertence Universidade (esto l a construir o Centro de Documentao 25 de Abril). Outros colgios hoje foram transformados em edifcios residenciais, comerciais ou escritrios.

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