guia orientacao para treinamento de tecnicos lab entomologia

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ESTADO DE SANTA CATARINA SISTEMA NICO DE SADE SECRETARIA DE ESTADO DA SADE SUPERINTENDNCIA DE VIGILNCIA EM SADE DIRETORIA DE VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA GERNCIA DE VIGILNCIA DE ZOONOSES E ENTOMOLOGIA

GUIA DE ORIENTAO PARA TREINAMENTO DE TCNICOS DE LABORATRIO DE ENTOMOLOGIA

Santa Catarina, 2008

1 SUMRIO APRESENTAO .................................................................................... 4 1 ENTOMOLOGIA .................................................................................... 5 1.1 Conceito .............................................................................................. 5 1.2 Entomologia em Sade Pblica .......................................................... 6 1.2.1 Objetivos .......................................................................................... 6 2 AGRAVOS E VETORES ........................................................................ 7 2.1 Dengue ................................................................................................ 7 2.1.1 Caractersticas gerais da sua distribuio no Brasil e no mundo ..... 8 2.2 Febre Amarela .................................................................................... 8 2.2.1 Caractersticas gerais de sua distribuio no Brasil e no mundo ..... 8 2.3 Malria ................................................................................................. 9 2.3.1 Caractersticas gerais da sua distribuio no Brasil e no mundo ..... 9 2.4 Doena de Chagas ............................................................................ 10 2.4.1 Caractersticas gerais da sua distribuio no Brasil e no Continente Americano ............................................................................. 11 2.5 Leishmaniose Tegumentar Americana .............................................. 11 2.5.1 Caractersticas gerais de sua distribuio no Brasil e no mundo ... 12 2.6 Leishmaniose Visceral Americana .................................................... 13 2.6.1 Caractersticas gerais de sua distribuio no Brasil e no mundo ... 13 3 CARACTERSTICAS DOS PRINCIPAIS VETORES ........................... 14 3.1 Artrpodes ......................................................................................... 14 3.1.2 Triatomneos .................................................................................. 14 3.1.3 Famlia Culicidae ............................................................................ 16 3.1.3.1 Subfamlia Toxorhynchitinae ....................................................... 17 3.1.3.2 Subfamlia Anophelinae ............................................................... 18 3.1.3.2.1 Gnero Anopheles .................................................................... 18 3.1.3.2.1.1 Subgnero Nyssorhynchus ................................................... 19 3.1.3.2.1.2 Subgnero Kerteszia ............................................................. 19 3.1.3.3 Subfamlia Culicinae .................................................................... 19 3.1.4 Famlia Psychodidade .................................................................... 20 3.1.4.1 Subfamlia Phlebotominae ........................................................... 20 4 NOES SOBRE AEDES AEGYPTI E AEDES ALBOPICTUS ......... 22 4.1 Aedes aegypti .................................................................................... 22 4.1.1 Origem ............................................................................................ 22 4.1.2 Distribuio Geogrfica .................................................................. 22 4.1.3 Desenvolvimento ............................................................................ 22 4.1.3.1 Ovo .............................................................................................. 23 4.1.3.2 Larva ........................................................................................... 23 4.1.3.3 Pupa ............................................................................................ 23 4.1.3.4 Adulto .......................................................................................... 24 4.2 Aedes albopictus ............................................................................... 25 4.2.1 Origem ............................................................................................ 25 4.2.2 Distribuio Geogrfica .................................................................. 25 4.2.3 Desenvolvimento ............................................................................ 26

2 4.2.3.1 Ovo .............................................................................................. 26 4.2.3.2 Larva ........................................................................................... 26 4.2.3.3 Pupa ............................................................................................ 26 4.2.3.4 Adulto .......................................................................................... 27 5 MORFOLOGIA DE AEDES AEGYPTI E AEDES ALBOPICTUS ........ 28 5.1 Aedes aegypti .................................................................................... 28 5.1.1 Ovo ................................................................................................. 28 5.1.2 Larva .............................................................................................. 28 5.1.2.1 Cabea ........................................................................................ 28 5.1.2.2 Trax ........................................................................................... 28 5.1.2.3 Abdmen ..................................................................................... 28 5.1.3 Pupa ............................................................................................... 28 5.1.3.1 Cefalotrax .................................................................................. 28 5.1.3.2 Abdmen ..................................................................................... 28 5.1.4 Adulto ............................................................................................. 28 5.1.4.1 Trax ........................................................................................... 28 5.1.4.2 Abdmen ..................................................................................... 29 5.2 Aedes albopictus ............................................................................... 35 5.2.1 Ovo ................................................................................................. 35 5.2.2 Larva .............................................................................................. 35 5.2.2.1 Cabea ........................................................................................ 35 5.2.2.2 Trax ........................................................................................... 35 5.2.2.3 Abdmen ..................................................................................... 35 5.2.3 Pupa ............................................................................................... 35 5.2.3.1 Cefalotrax .................................................................................. 35 5.2.3.2 Abdmen ..................................................................................... 35 5.2.4 Adulto ............................................................................................. 35 5.2.4.1 Trax ........................................................................................... 35 5.2.4.2 Abdmen ..................................................................................... 36 6 LABORATRIOS ................................................................................ 42 6.1 Organizao dos laboratrios de entomologia no estado ................. 42 6.2 Atividades desenvolvidas nos laboratrios de entomologia .............. 44 6.3 Normas de biossegurana para laboratrios de entomologia ........... 46 6.3.1 Prticas padres ............................................................................ 46 6.3.2 Prticas especiais .......................................................................... 47 6.3.3 Equipamentos de segurana .......................................................... 47 6.3.4 Instalaes laboratoriais ................................................................. 47 7 MICROSCOPIA .................................................................................... 49 7.1 Instrues para uso e limpeza de microscpios ................................ 49 7.1.1 Componentes pticos e mecnicos do microscpio ....................... 49 7.1.2 Tcnicas de utilizao do microscpio ........................................... 51 7.1.3 Cuidados com o microscpio ......................................................... 51 7.1.3.1 Limpeza ....................................................................................... 51 7.1.3.2 Armazenamento .......................................................................... 52 7.1.3.3 Transporte ................................................................................... 52 7.2 Orientaes para montagens e identificao de larvas e pupas ....... 52 7.3 Instrues para montagem de adultos .............................................. 53

3 8 BOLETINS ........................................................................................... 54 8.1 Boletim de foco .................................................................................. 54 8.1.1 Instrues para preenchimento dos boletins de foco ..................... 54 8.2 Boletim semanal ................................................................................ 56 8.2.1 Instrues para preenchimento dos boletins semanais .................. 56 8.3 FAD ................................................................................................... 58 8.3.1 Instrues para preenchimento dos boletins FAD .......................... 62 8.3.1.1 Boletim Dirio (FAD 1) ................................................................. 62 8.3.1.2 Boletim de Armadilha (FAD 3) ..................................................... 63 8.3.1.3 Etiqueta de remessa de espcimes (FAD 2) ............................... 63 8.4 Fluxograma para encaminhamento dos boletins ............................... 64 8.4.1 Boletim de foco ............................................................................... 64 8.4.2 Boletim semanal ............................................................................. 64 8.4.3 FAD ................................................................................................ 65 8.4.3.1 Boletim dirio ............................................................................... 65 8.4.3.2 Boletim de armadilha ................................................................... 65 9 CONTROLE DE QUALIDADE ............................................................. 66 9.1 Procedimentos para controle de qualidade no laboratrio de entomologia ............................................................................................. 66 9.2 Instrues para preenchimento do boletim de remessa de larvas para reviso ............................................................................................. 69 10 SUGESTES ..................................................................................... 70 10.1 Sugestes de sites para pesquisa bibliogrfica............................... 70 10.2 Sugestes de bibliografias .............................................................. 70 11 GLOSSRIO ...................................................................................... 71 12 REFERNCIAS .................................................................................. 73

4 APRESENTAO Este guia destina-se queles que exercem suas atividades em laboratrios de entomologia das Secretarias Municipais de Sade ou Gerncias Regionais de Sade de Santa Catarina. Foi idealizado para ser um instrumento auxiliar aos profissionais que atuam nos laboratrios, na rotina de identificao de larvas e alados de mosquitos (Culicdeos), com nfase nas espcies Aedes aegypti e Aedes albopictus, no Programa de Controle da Dengue no Estado. O mesmo tem por objetivos apresentar o conceito bsico de entomologia, bem como sua importncia em sade pblica e direcionar as prticas de laboratrio de entomologia. Em abril de 2008, foi realizada em Florianpolis reunio com tcnicos da Gerncia de Vigilncia de Zoonoses e Entomologia da Diretoria de Vigilncia Epidemiolgica da SES/SC e dos Laboratrios Regionais de Entomologia, abaixo relacionados, com o objetivo de elaborar este guia. O presente instrumento representa o esforo coletivo dessa equipe, visando oportunizar aos profissionais que atuam nos laboratrios um acesso mais adequado s informaes tcnicas. Participantes:Nome Joo Cezar do Nascimento Joo Goulart Juliana Chedid Nogared Rossi Maria da Graa Teixeira Portes Mathi Alves Rossini Patrcia Aline Ferri Vivian Funo Responsvel pelo Setor de Suporte Laboratorial Tcnico de laboratrio Consultora tcnica Tcnica de laboratrio Tcnica de laboratrio Consultora tcnica Lotao Gerncia de Vig. de Zoonoses e Entomologia / DIVE Gerncia de Vig. de Zoonoses e Entomologia / DIVE Gerncia de Vig. de Zoonoses e Entomologia / DIVE Gerncia de Sade de Joinville Gerncia de Sade de Tubaro Gerncia de Sade de Chapec

5 1 ENTOMOLOGIA 1.1 Conceito Entomologia a cincia que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relaes com o homem, as plantas, os animais e o ambiente. De modo esquemtico, podemos dividir a Entomologia em Aplicada, Industrial e Cientfica: Entomologia Aplicada - se ocupa do estudo dos insetos que possam atingir diretamente o homem ou as suas propriedades e compreende: Entomologia Mdica - estuda e procura mecanismos de controle para os insetos transmissores de doenas ao homem; Entomologia Veterinria - estuda e procura mecanismos de controle para os insetos transmissores de doenas aos animais; Entomologia Agrcola - estuda e procura mecanismos de controle para os insetos causadores de danos agricultura. Entomologia Industrial - se ocupa do estudo da produo, explorao e comercializao de produtos teis fornecidos pelos insetos, como a seda, o mel, a cera, a laca e o carmim. Entomologia Cientfica - se ocupa da pesquisa pura e compreende: Morfologia - estuda a estrutura do corpo dos insetos; Fisiologia - estuda as funes dos rgos dos insetos; Ecologia - estuda os hbitats e as relaes dos insetos com o meio; Comportamental - estudo do comportamento entre os insetos; Gentica - estudo da herana de caracteres e padres genticos; Sistemtica - estuda a classificao e a identificao dos insetos. Para uma melhor compreenso dos prximos captulos deste Guia, faz-se necessrio explorar um pouco mais da sistemtica, no que diz respeito classificao dos seres vivos. Imagine todos os seres vivos do planeta, tanto animais como vegetais. Agora, tente pensar em uma maneira de agrup-los conforme suas caractersticas em comum. Difcil, no ? Mas exatamente isso que um ramo da biologia faz. Existem pessoas que trabalham apenas para identificar e nomear espcies: os botnicos (no caso das plantas) e os zologos (no caso dos animais) e so chamados sistematas. muito importante para a cincia que todos os seres vivos sejam identificados, ou no seria possvel estud-los. A cincia agrupa os seres vivos conforme as caractersticas que eles apresentam em comum. Como num jogo de encaixar, cada grupo possui um subgrupo, o qual possui outro subgrupo, e a cada diviso as similaridades ficam cada vez mais acentuadas. Para agrupar os organismos, houve a necessidade de serem criadas unidades de classificao (ou taxons), sendo que a unidade bsica a espcie. As unidades de classificao bsicas dos seres vivos so, em ordem decrescente: reino, filo, classe, ordem, famlia, gnero e espcie. Um reino formado por filos, que so formados por classes, que so formadas por ordens, que so formadas por famlias, que so formadas por

6 gneros, que so formados por espcies. Assim, o reino a unidade em que encontramos maior nmero de indivduos, mas o grau de semelhana entre eles pequeno ao contrrio do que ocorre em uma espcie. Espcies semelhantes formam o gnero; gneros semelhantes formam a famlia; famlias semelhantes formam a ordem; ordens semelhantes formam a classe; classes semelhantes formam o filo; filos semelhantes formam o reino. Em muitos casos, h tantas particularidades que estas unidades no so suficientes. Por isso foram criadas algumas subdivises dentro de classe, ordem, famlia, gnero e espcie. No caso da unidade "classe", encontram-se as subclasses. Da mesma maneira ocorre com a unidade ordem, onde existem as subordens, na unidade famlia, as subfamlias, na unidade gnero, os subgneros e na unidade espcie, as subespcies. Essas subdivises so muito comuns no caso dos insetos. 1.2 Entomologia em Sade Pblica responsvel pelo estudo dos insetos transmissores de doenas que afetam a sade e a qualidade de vida do homem. 1.2.1 Objetivos: - Investigao bsica (biologia, comportamento, distribuio de vetores); - Avaliao de indicadores; - Elaborao de metodologia para ao de controle para vetores; - Avaliao do impacto das aes de controle; - Pesquisa operacional para testar as metodologias e as aes de controle; - Monitoramento da suscetibilidade de vetores aos inseticidas.

7 2 AGRAVOS E VETORES Na sade humana, diversos insetos atuam como vetores de agentes infecciosos de vrios agravos como: Dengue, Febre Amarela, Malria, Doena de Chagas, Leishmaniose Tegumentar Americana, Leishmaniose Visceral, e outros. Como exemplo de vetores de agentes infecciosos humanos temos moscas, mosquitos, pulgas, piolhos e barbeiros. 2.1 Dengue uma doena febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo da forma como se apresente: infeco inaparente, dengue clssico (DC), febre hemorrgica da dengue (FHD) (Figura 1) ou sndrome do choque da dengue (SCD). Atualmente, a mais importante arbovirose que afeta o ser humano e constitui srio problema de sade pblica no mundo. Ocorre e dissemina-se especialmente nos pases tropicais, onde as condies do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferao do Aedes aegypti, principal mosquito vetor.

Figura 1: Paciente com FHD O agente etiolgico um vrus. So conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. Os vetores so mosquitos do gnero Aedes. A espcie Aedes aegypti a mais importante na transmisso da doena e tambm pode ser transmissora da febre amarela urbana. O Aedes albopictus, j presente nas Amricas, com ampla disperso nas regies Sudeste e Sul do Brasil, o vetor de manuteno da dengue na sia, mas at o momento no foi associado transmisso da dengue nas Amricas. A transmisso se faz pela picada de fmeas infectadas do mosquito Aedes aegypti. Aps um repasto de sangue infectado, o mosquito est apto a transmitir o vrus depois de 8 a 12 dias de incubao extrnseca. A transmisso mecnica tambm possvel, quando o repasto interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta num hospedeiro susceptvel prximo. No h transmisso por contato direto de um doente ou de suas secrees com pessoa sadia, nem por intermdio de gua ou alimento.

8 2.1.1 Caractersticas gerais da sua distribuio no Brasil e no mundo: A dengue uma das mais importantes arboviroses que atinge principalmente os pases de clima tropical. A Organizao Mundial de Sade estima que trs bilhes de pessoas vivem em reas de risco para contrair dengue no mundo. Estima-se que anualmente 50 milhes de pessoas se infectam, com 500 mil casos de Febre Hemorrgica da Dengue (FHD) e 21 mil bitos, principalmente em crianas. Nas Amricas, a partir de 1963, foi comprovada circulao dos sorotipos 2 e 3 em vrios pases. Em 1977, o sorotipo 1 foi introduzido nas Amricas, inicialmente pela Jamaica. A partir de 1980, foram notificadas epidemias em vrios pases. No Brasil, a primeira epidemia documentada clnica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista - RR, causada pelos sorotipos 1 e 4. A partir de 1986, foram registradas epidemias em diversos estados, com a introduo do sorotipo 1. A introduo dos sorotipos 2 e 3 foi detectada no Rio de Janeiro, em 1990 e 2000 respectivamente. O sorotipo 3 apresentou rpida disperso para 24 estados do pas no perodo de 2001-2003. 2.2 Febre Amarela Doena infecciosa febril aguda, causada por um vrus, que possui dois ciclos epidemiolgicos distintos (silvestre e urbano). Reveste-se da maior importncia epidemiolgica, por sua gravidade clnica e elevado potencial de disseminao em reas urbanas. Na febre amarela urbana (FAU) o homem o nico hospedeiro com importncia epidemiolgica. Na febre amarela silvestre (FAS) os primatas nohumanos (macacos) so os principais hospedeiros do vrus amarlico, sendo o homem um hospedeiro acidental. A transmisso se d atravs da picada de fmeas de mosquitos infectadas com o vrus. No h transmisso de pessoa a pessoa. O mosquito da espcie Aedes aegypti o principal transmissor da febre amarela urbana. Na febre amarela silvestre, os transmissores so mosquitos, com hbitos estritamente silvestres, sendo os dos gneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na Amrica Latina. No Brasil, a espcie Haemagogus janthinomys a que se destaca na transmisso do vrus. Devido a persistncia do vrus em seu organismo por tempo mais longo do que nos macacos, os mosquitos seriam os verdadeiros reservatrios, alm de vetores. 2.2.1 Caractersticas gerais de sua distribuio no Brasil e no mundo encontrada nas regies tropicais da frica e Amrica do Sul. Na frica, onde tem maior disseminao, endmica em 34 pases. Na Amrica do Sul, nos ltimos 20 anos, sua ocorrncia tem sido registrada em 7 pases: Brasil, Bolvia, Colmbia, Equador, Guiana Francesa, Peru e Venezuela. A doena tem carter sazonal, ocorrendo com maior freqncia entre os meses de janeiro a abril, quando fatores ambientais propiciam o aumento da densidade vetorial.

9 No Brasil, no perodo de 1996 a 2006 ocorreram 343 casos com 158 bitos. O maior nmero de registros foi em Minas Gerais (98 casos), seguido do Par (68 casos) e Amazonas (38 casos). Em Santa Catarina, ocorreu, em 1966, no extremo oeste, em quatro municpios fronteirios com a Argentina, um surto epidmico da forma silvestre, com o registro de algumas dezenas de casos. O estado possui 28 municpios situados na rea de transio para Febre Amarela Silvestre, localizados no extremo oeste: Anchieta, Bandeirante, Barra Bonita, Belmonte, Caibi, Cunha Por, Descanso, Dionsio Cerqueira, Flor do Serto, Guaraciaba, Guaruj do Sul, Ipor do Oeste, Iraceminha, Itapiranga, Maravilha, Mondai, Palma Sola, Palmitos, Paraso, Princesa, Riqueza, Romelndia, Santa Helena, So Joo do Oeste, So Jos do Cedro, So Miguel da Boa Vista, So Miguel do Oeste e Tunpolis. 2.3 Malria Doena infecciosa febril aguda, causada por protozorios e transmitida por vetores. Reveste-se de importncia epidemiolgica por sua gravidade clnica e elevado potencial de disseminao em reas com densidade vetorial que favorea a transmisso. Causam considerveis perdas sociais e econmicas na populao sob risco, concentrada na regio amaznica. Os agentes etiolgicos so protozorios do gnero Plasmodium. No Brasil, trs espcies causam a malria em seres humanos: P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Uma quarta espcie, o P. ovale, s encontrado em reas restritas do continente africano. Os vetores so mosquitos do gnero Anopheles. Este gnero compreende mais de 400 espcies. Em nosso pas, as principais espcies transmissoras da malria, tanto na zona rural quanto na urbana, so: Anopheles darlingi, Anopheles aquasalis, Anopheles albitarsis s.l., Anopheles cruzii e Anopheles bellator. A espcie Anopheles darlingi o principal vetor no Brasil, destacando-se na transmisso da doena pela distribuio geogrfica, antropofilia e capacidade de ser infectado por diferentes espcies de plasmdios. Popularmente, os vetores da malria so conhecidos por carapan, murioca, sovela, mosquito-prego e bicuda. A transmisso se d atravs da picada da fmea do mosquito Anopheles, infectada por Plasmodium. Os vetores so mais abundantes nos horrios crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, so encontrados picando durante todo o perodo noturno, porm em menor quantidade em algumas horas da noite. No h transmisso direta da doena de pessoa a pessoa. 2.3.1 Caractersticas gerais da sua distribuio no Brasil e no mundo Estima-se que mais de 40% da populao mundial est exposta ao risco de adquirir malria. No ano de 2006, o Brasil registrou 545.696 casos de malria, sendo a espcie Plasmodium vivax de maior incidncia (73,4%). A Regio da Amaznia Legal concentra 99,7% dos casos de malria, tendo sido identificados nesta regio 90 municpios como sendo de alto risco para a doena. A transmisso nessa rea est relacionada a fatores biolgicos

10 (presena de alta densidade de vetores (mosquitos), agente etiolgico e populao suscetvel); geogrficos (altos ndices de pluviosidade, amplitude da malha hdrica e a cobertura vegetal); ecolgicos (desmatamentos, construo de hidroeltricas, estradas e de sistemas de irrigao, audes); e sociais (presena de numerosos grupos populacionais, morando em habitaes com ausncia completa ou parcial de paredes laterais e trabalhando prximo ou dentro das matas). O estado de Santa Catarina eliminou a transmisso da Malria na dcada de 80. A partir da ocorreram uns poucos casos autctones, isolados e espordicos nos municpios de Gaspar (1 caso em 2003), Indaial (2 casos, 1999 e 2003) e Rodeio (1 caso em 2000). 2.4 Doena de Chagas Doena infecciosa de curso clnico crnico, que se caracteriza por fase inicial aguda, com sinais ou sintomas quase sempre inespecficos, quando presentes, e que pode evoluir para a fase crnica, com comprometimento cardaco ou digestivo. O agente etiolgico um protozorio da espcie Trypanosoma cruzi. Os mais importantes reservatrios so aqueles que coabitam ou encontram-se prximos do homem, como o co, o rato, o gamb, o tatu e at mesmo o porco domstico, encontrado associado com espcies silvestres na Amaznia. A transmisso natural, ou primria, da doena de Chagas a vetorial, que ocorre atravs das fezes de insetos chamados de triatomneos, tambm conhecidos como barbeiros ou chupes. Esses, ao picar o homem, em geral defecam aps o repasto, eliminando fezes contaminadas por Trypanosoma cruzi que penetram pelo orifcio da picada. A transmisso transfusional ganhou grande importncia epidemiolgica nas duas ltimas dcadas, em funo da migrao de indivduos infectados para os centros urbanos e da ineficincia no controle das transfuses, nos bancos de sangue. A transmisso congnita ocorre, mas muitos dos conceptos tm morte prematura, no se sabendo, com preciso, qual a influncia dessa forma de transmisso na manuteno da endemia. Ocorrem ainda a transmisso acidental em laboratrio e a transmisso pelo leite materno, ambas de pouca significncia epidemiolgica. Sugere-se a hiptese de transmisso, por via oral, em alguns surtos episdicos. Recentemente, foi relatado em Santa Catarina casos da doena de Chagas na forma aguda, conseqentes transmisso por via oral aps ingesto de caldo de cana contaminado com fezes de barbeiros. Neste episdio, durante as investigaes entomolgicas, foram coletados, em palmeiras, exemplares da espcie T. tibiamaculata. Das mais de 128 espcies conhecidas de triatomneos, 48 foram identificadas no Brasil, das quais 30 j capturadas no ambiente domiciliar. Dessas, cinco tm especial importncia na transmisso da doena ao homem. Por ordem de importncia: Triatoma infestans, T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata e T. sordida.

11 2.4.1 Caractersticas gerais da sua distribuio no Brasil e no Continente Americano A distribuio espacial da doena est limitada ao continente americano por isso tambm chamada de tripanosomase americana depende da distribuio dos vetores e, alm disso, da distribuio da pobreza e das condies por ela geradas, que determinam o convvio do homem com o vetor, no ambiente domiciliar. Em funo de aes de controle de vetores a partir da dcada de 1980, em 2006 o Brasil recebeu a Certificao Internacional pela Interrupo da Transmisso de Doena de Chagas pelo Triatoma infestans, espcie importada e responsvel pela maior parte da transmisso vetorial no passado. Existem aproximadamente 12 milhes de portadores da doena crnica nas Amricas, cerca de 1.600.000 no Brasil. 2.5 Leishmaniose Tegumentar Americana A leishmaniose tegumentar americana (LTA) uma doena infecciosa, no contagiosa, causada por protozorios do gnero Leishmania, que acomete pele e mucosas (Figura 2). transmitida atravs da picada de insetos vetores chamados de flebotomneos. primariamente uma infeco zoontica, afetando outros animais que no o homem, o qual pode ser envolvido secundariamente.

Figura 2: Leso ulcerada Fonte: Manual de Controle da LTA/SVS H diferentes subgneros e espcies de Leishmania, sendo as mais importantes no Brasil: Leishmania (Leishmania) amazonensis: distribuda pelas florestas primrias e secundrias da Amaznia (Amazonas, Par, Rondnia, Tocantins e sudoeste do Maranho), particularmente em reas de igap e de floresta tipo vrzea. Sua presena amplia-se para o Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais e So Paulo) e Centro-Oeste (Gois). Leishmania (Viannia) guyanensis: aparentemente limitada ao norte da Bacia Amaznica (Amap, Roraima, Amazonas e Par) e estendendose pelas Guianas, encontrada principalmente em florestas de terra firme reas que no se alagam no perodo de chuvas.

12 Leishmania (Viannia) braziliensis: tem ampla distribuio, do sul do Par ao Nordeste, atingindo tambm o centro-sul do pas. Na Amaznia, a infeco usualmente encontrada em reas de terra firme. Os reservatrios tambm variam conforme a espcie da Leishmania: Leishmania (Leishmania) amazonensis: tem como hospedeiros naturais vrios marsupiais e roedores, tais como rato-soi (Proechymis). Leishmania (Viannia) guyanensis: vrios mamferos silvestres foram identificados como hospedeiros naturais, tais como a preguia (Choloepus didactilus), o tamandu (Tamandu tetradactyla), marsupiais e roedores. Leishmania (Viannia) braziliensis: freqente o encontro desta espcie em animais domsticos como o co (CE, BA, ES, RJ e SP), eqinos e mulas (CE, BA e RJ), albergando em proporo expressiva o parasita. Os vetores transmissores da LTA so insetos conhecidos como flebotomneos, de diferentes gneros (Psychodopigus, Lutzomyia), dependendo da localizao geogrfica. Assim como os reservatrios, os vetores tambm mudam de acordo com a espcie de Leishmania: Leishmania (Leishmania) amazonensis: seus principais vetores so Lutzomyia flaviscutellata, Lutzomyia reducta e Lutzomyia olmeca nociva (Amazonas e Rondnia), tm hbitos noturnos, vo baixo e so pouco antropoflicos. Leishmania (Viannia) guyanensis: os vetores so Lutzomyia anduzei, Lutzomyia whitmani e Lutzomyia umbratilis, que o principal vetor, tendo o hbito de pousar durante o dia em troncos de rvores e atacar o homem em grande quantidade, quando perturbado. Leishmania (Viannia) braziliensis: em rea silvestre, o nico vetor demonstrado transmissor foi o Psychodopigus wellcomei, encontrado na Serra dos Carajs, altamente antropoflico, picando o homem mesmo durante o dia e com grande atividade na estao das chuvas. Em ambientes modificados, rural e peridomiciliar, so mais freqentemente implicadas a Lutzomyia whitmani, Lutzomyia intermedia, Lutzomyia neivai e Lutzomyia migonei. 2.5.1 Caractersticas gerais de sua distribuio no Brasil e no mundo A LTA tem ampla distribuio mundial e no continente americano h registro de casos desde o sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina, com exceo do Chile e Uruguai. Em 1909, foi descrita em indivduos que trabalhavam na construo de rodovias no interior de So Paulo. Desde ento, a doena vem sendo descrita em vrios municpios de todos os estados. O Estado de Santa Catarina era considerado indene para LTA at o registro dos primeiros casos no ano de 1987, em municpios da regio oeste (Quilombo e Coronel Freitas) e em 1997 em Piarras, sendo este o nico que manteve transmisso autctone com a ocorrncia anual de casos at 2006. No ano de 2005 ocorreu um surto em Balnerio Cambori com 30 casos. Em 2006 foram registrados casos em novos municpios: Jaragu do Sul, Massaranduba, Corup, Presidente Nereu, Botuver e um surto em Blumenau com 108 casos.

13 2.6 Leishmaniose Visceral Americana A leishmaniose visceral americana (LVA) foi primariamente uma zoonose, caracterizada como doena de carter eminentemente rural. Mais recentemente, vem se expandindo para reas urbanas de mdio e grande porte e se tornou crescente problema de sade pblica no pas e em outras reas do continente americano, sendo uma endemia em franca expanso geogrfica. uma doena crnica, sistmica, caracterizada por febre de longa durao, perda de peso, astenia, adinamia e anemia, dentre outras manifestaes. Quando no tratada, pode evoluir para bito em mais de 90% dos casos. No Brasil, a transmisso se d atravs da picada de insetos (flebotomenos) infectados por protozorios da espcie Leishmania (L.) chagasi. Na rea urbana, o co (Canis familiaris) a principal fonte de infeco. A enzootia canina tem precedido a ocorrncia de casos humanos e a infeco em ces tem sido mais prevalente que no homem. No ambiente silvestre os reservatrios so as raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e os marsupiais (Didelphis albiventris). No Brasil, duas espcies de flebotomneos, at o momento, esto relacionadas com a transmisso da doena, Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. A primeira considerada a principal espcie transmissora da L. (L.) chagasi, mas a Lu cruzi tambm foi incriminada como vetora no estado do Mato Grosso do Sul. So conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquiras, birigui, entre outros. Em nosso pas, a distribuio geogrfica de Lu. longipalpis ampla e parece estar em expanso. Esta espcie encontrada em quatro das cinco regies geogrficas: Nordeste, Norte, Sudeste e CentroOeste. A Lu. longipalpis adapta-se facilmente ao peridomiclio e a variadas temperaturas, podendo ser encontrada no interior dos domiclios e em abrigos de animais domsticos. H indcio de que o perodo de maior transmisso da leishmaniose visceral ocorra durante e logo aps a estao chuvosa, quando h aumento da densidade populacional do inseto. 2.6.1 Caractersticas gerais de sua distribuio no Brasil e no mundo endmica em 65 pases e, no continente americano, est descrita em pelo menos 12. Dos casos registrados na Amrica Latina, 90% ocorrem no Brasil. Em 1913 descrito, por Migonei, o primeiro caso, em necropsia, de paciente oriundo do Porto Boa Esperana, Mato Grosso. A doena, desde ento, vem sendo descrita em vrios municpios brasileiros, apresentando mudanas importantes no padro de transmisso, inicialmente predominando em ambientes silvestres e rurais e mais recentemente em centros urbanos.

14 3 CARACTERSTICAS DOS PRINCIPAIS VETORES 3.1 Artrpodes Os artrpodes podem causar numerosas doenas no homem e em animais domsticos, por sua ao direta ou pela transmisso de agentes patognicos de vrios tipos. Parasitoses como a malria, as leishmanioses e a doena de Chagas causam grande morbidade e mortalidade em vrias regies do mundo. No Brasil, por seu clima variado e predominantemente tropical, ocorrem vrias dessas parasitoses, com grande importncia sanitria e econmica. O filo Arthropoda constitui um grupo muito variado e bem-sucedido em vrios ambientes. O grupo inclui mais de 85% das espcies de animais conhecidas. O filo inclui caranguejos, aranhas, escorpies, carrapatos, insetos etc. A classe Hexapoda uma das muitas do filo Arthropoda e usualmente dividida em 31 ordens. Trs delas (Protura, Collembola e Diplura) constituem os Entognatha, que no tem asas e nem antepassados alados e possuem vrias caractersticas que os distinguem dos insetos propriamente ditos, ou seja, das outras 28 ordens. As outras ordens constituem os Ectognatha e so consideradas como Insecta. As seguintes ordens de Insecta contm muitas espcies de grande importncia mdica e veterinria: Hemptera (percevejos), Siphonaptera (pulgas), Diptera (mosquitos, moscas). Em Hemiptera, a subordem Heteroptera inclui os triatomneos, transmissores de Trypanosoma cruzi, causador da doena de Chagas. Na ordem Diptera, numerosas famlias incluem espcies que causam doenas diretamente ou pela transmisso de parasitos. Na famlia Culicidae h numerosas espcies de mosquitos (culicideos Anopheles, Aedes, Culex) que desempenham importante papel como vetores de parasitos de malria, vrus da febre amarela, dengue, que acometem o homem em vrias regies do mundo. Dentro da famlia Psychodidade, a subfamlia Phlebotominae transmite parasitos de leishmanioses. 3.1.2 Triatomneos Os triatomneos so chamados popularmente de barbeiros, chupes, chupana e outros nomes. A maioria das 128 espcies conhecidas ocorre nas Amricas. Vrias delas podem ocorrer em domiclio e peridomclio, assumindo assim maior importncia na transmisso de parasitos para o homem. Certas espcies, por invadirem o domiclio, podem levar o parasito para este ambiente; outras apenas mantm o parasito na natureza, entre animais silvestres. A maioria das espcies de triatomneos vive em ambientes silvestres, em geral associadas a abrigos de animais. As espcies do gnero Triatoma ocorrem principalmente em abrigos em pedras, as de Panstrongylus em tocas de animais no solo e as de Rhodnius em palmeiras. Algumas espcies dos trs gneros, pela destruio do meio em que vivem, pela construo de casas precrias e por seu potencial de adaptao, passaram a colonizar domiclios. Nestes passam a viver em frestas

15 de paredes, sob camas, entre objetos amontoados e atrs de quadros e armrios. Os triatomneos sugam apenas sangue de vertebrados. Costumam ser oportunistas, sugando o hospedeiro disponvel. A suco de sangue costuma ser demorada, e a picada usualmente indolor, costumam picar noite. Algumas espcies como o Triatoma infestans, por serem mais atradas pelo CO2 da respirao, tm maior tendncia a picar o rosto, mas os triatomneos podem picar qualquer parte do corpo. Sugam uma quantidade de sangue proporcionalmente grande, com o extremo de 10 vezes o prprio peso e usualmente uma ou duas suces completas so suficientes para uma muda. Voltam para os abrigos para a digesto do sangue, a muda e a postura. Durante e logo aps a suco, eliminam fezes e urina. Os adultos, aps alimentados, pem algumas centenas de ovos, aderidos ao substrato, no caso de insetos originalmente de rvores ou solos. Aps duas a quatro semanas, eclode a ninfa de primeiro instar. As ninfas vo se alimentando e sofrendo mudas, e o ciclo completo pode durar, a depender da espcie, da temperatura e da disponibilidade de sangue, de dois a 24 meses. A sua vida costuma ser longa e, em geral, podem resistir a alguns meses ao jejum, especialmente as ninfas de quinto instar (Figura 3). Costuma voar pouco e a sua disperso para novas localidades ocorre em geral em objetos de uso domstico, lenha, malas, caminhes e trens. Podem ser atrados pela luz e freqente o encontro de adultos perto de postes de luz e lmpadas externas em casas. Os triatomneos podem hospedar Trypanosoma cruzi. Uma vez infectado, o triatomneo pode permanecer assim por toda a vida. Como comum os triatomneos eliminarem fezes e urina durante e logo aps a hematofagia, podem transmitir o parasito T. cruzi sobre a pele ou em mucosas causando a doena conhecida como Doena de Chagas.

Figura 3: Ciclo evolutivo dos triatomneos

16 3.1.3 Famlia Culicidae Na famlia Culicidae h numerosas espcies de mosquitos (culicideos) que desempenham importante papel como vetores de parasitos de malria, de filarioses, de vrus da febre amarela, dengue, que acometem o homem em vrias regies do mundo. Os mosquitos so insetos dpteros conhecidos tambm como pernilongos, muriocas ou carapans. Os adultos so alados, possuem pernas e antenas longas e na grande maioria so hematfagos, enquanto as fases imaturas so aquticas. Seu ciclo biolgico compreende as seguintes fases: ovo, quatro estgios larvais, pupa e adulto. Esta famlia inclui muitas espcies de mosquitos de importncia mdica como as dos gneros Aedes, Anopheles e Culex (Figura 4):

Figura 4: Larvas de mosquitos dos gneros Aedes, Anopheles e Culex Numerosas espcies de mosquitos com hbitos de sugar o sangue do homem e de outros animais incluem-se no rol de insetos de importncia epidemiolgica. O hematofagia precedida da inoculao de saliva com substncias que desencadeiam reaes alrgicas. por ocasio das picadas que as fmeas atuam como transmissoras de organismos patognicos, que determinam vrias enfermidades no homem e em outros animais. A famlia Culicidae engloba trs subfamlias: Toxorhynchitinae, Anophelinae e Culicinae.

17 3.1.3.1 Subfamlia Toxorhynchitinae A subfamlia Toxorhynchitinae formada por um s gnero, o Toxorhynchites. Este gnero conta com cerca de 76 espcies, a maioria nas regies tropicais. As larvas (Figura 5) so vorazes, predadoras de outros mosquitos. Quando na fase adulta so predadoras da fase larvria. Procriamse em ocos de rvores, interndios de bambu e taquara, em axilas de bromlias e em recipientes artificiais, que acumulam gua da chuva, como latas, garrafas e pneus. Ocasionalmente so introduzidas em criadouros para reduzir o nmero de mosquitos vetores. Os adultos so de grande porte. Seu tegumento recoberto por escamas de cores metlicas brilhantes. As fmeas, no sendo hematfagas, no transmitem organismos patognicos.

Figura 5: Larva de mosquito do gnero Toxorhynchites

18 3.1.3.2 Subfamlia Anophelinae A subfamlia Anophelinae rene trs gneros: Chagasia, Bironella e Anopheles. Os mosquitos pertencentes ao gnero Chagasia so silvestres, cujos adultos tm aspecto amarronzado e se concentram ao nvel das copas das rvores. As larvas proliferam em pequenos crregos de gua limpa e dentro destes criadouros protegem-se nas margens entre razes e detritos vegetais. At o momento, nenhuma de suas espcies evidenciou algum interesse epidemiolgico. O segundo gnero, Bironella, com onze espcies, de ocorrncia exclusiva em Nova Guin e na Austrlia. Nenhuma de suas espcies tem importncia sanitria. 3.1.3.2.1 Gnero Anopheles Atualmente, o gnero Anopheles tem cerca de 517 espcies distribudas nas regies tropicais e temperadas do mundo. Deste total, cerca de 70 espcies so vetoras de protozorios da malria humana. No Brasil, contam-se cerca de 54 espcies. Os transmissores da malria em nosso pas esto includos nos subgneros Nyssorhynchus e Kerteszia. Caractersticas gerais dos anofelinos: ovos postos isoladamente na gua e que apresentam flutuadores, larvas no apresentam sifo respiratrio e posicionam-se paralelas superfcie da gua, e adultos so conhecidos popularmente por mosquitos prego, pois pousam com o corpo em linha reta, quase em ngulo reto com o substrato (Figuras 6 e 7).

Figura 6: Larva de mosquito do gnero Anopheles. Observar a posio paralela superfcie da gua.

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Figura 7: Adulto de mosquito do gnero Anopheles. Observar a posio em relao ao substrato. Fonte: CDC, Public Health Image Library (PHIL) 3.1.3.2.1.1 Subgnero Nyssorhynchus O subgnero Nyssorhynchus contm 29 espcies na Regio Neotropical. O subgnero inclui alguns vetores importantes da malria: Anopheles darlingi, Anopheles aquasalis, Anopheles albitarsis, Anopheles deaneorum, Anopheles oswaldoi. So anofelinos de pequeno e mdio porte, com tarsos posteriores completamente brancos. Suas formas imaturas desenvolvem-se em colees lquidas no solo, desde os grandes cursos d`gua at as pequenas poas. As espcies que ocorrem no Brasil so eurigmicas. Machos e fmeas abrigam-se no ambiente silvestre, semi-silvestre ou rural, antes de formarem o vo nupcial. As fmeas de algumas espcies brasileiras podem invadir a habitao humana, mas geralmente no utilizam este ambiente como abrigo, no permanecendo ali prolongadamente. raro o encontro de machos deste subgnero dentro dos domiclios. 3.1.3.2.1.2 Subgnero Kerteszia O subgnero Kerteszia agrupa 12 espcies na Regio Neotropical. O subgnero inclui alguns vetores importantes da malria: Anopheles cruzzi, Anopheles bellator, Anopheles homunculus. Os anofelinos deste subgnero so caracteristicamente bastante delicados, com pernas listradas de branco e preto. Os adultos so eurigmicos. Suas formas imaturas sempre se desenvolvem em criadouro do tipo natural, principalmente em gua que se acumula nas axilas das folhas de bromlias. 3.1.3.3 Subfamlia Culicinae a maior subfamlia, cerca de 3000 espcies distribudas pelo mundo. Esta subfamlia inclui muitas espcies de importncia mdica, em especial, as dos gneros Aedes, Coquillettidia, Culex, Haemagogus, Mansonia,

20 Psorophora e Sabethes. No prximo captulo so apresentadas as principais caractersticas dos mosquitos da espcie Aedes aegypti e Aedes albopictus. 3.1.4 Famlia Psychodidade 3.1.4.1 Subfamlia Phlebotominae No Brasil, os flebotomneos adultos so comumente conhecidos pelos nomes: Asa Branca, Asa Dura, Berebere, Biriqui, Mosquito do rio, entre outros. Os flebotomneos so dpteros holometbolos, cujo ciclo de vida compreende: ovo, quatro estdios larvais, pupa e adultos (Figuras 8, 9 e 10). Os ovos quando postos so brancos e tornam-se escuros aps algumas horas. A postura pode ser de forma isolada ou em pequenos grupos, em solos ricos em matria orgnica e alto teor de umidade, em locais, tais como: entre as razes, embaixo de folhas cadas, tocas de animais, embaixo de pedras, margem de cursos de gua. No peridomiclio, em solo de chiqueiro, galinheiro, entre as razes de rvores frutferas e, em domiclio, entre as frinchas de paredes. Quando sofrem imerso por at dois dias, no sofrem danos, mas por perodos maiores, a taxa de ecloso pode ser afetada. Em condio muito seca ou com incidncia direta do sol, podem secar. As larvas assemelham-se a pequenas lagartas. Movem-se lentamente no 1 estdio e medida que desenvolvem, tornam-se mais ativas sobre o substrato, alimentando-se de matria orgnica. Quando se transforma em pupa, a exvia do 4 estdio permanece presa parte terminal do seu abdmen. No se alimenta, permanece Imvel e presa a um substrato. Entre os adultos, de um modo geral, a ecloso dos machos inicia-se anterior das fmeas. Aps a ecloso, os alados permanecem abrigados em locais que os protejam dos perigos (abrigos naturais), caracterizados por condies climticas que lhes protejam da dessecao, situados prximos aos criadouros, at que haja o enrijecimento das partes moles. Apresentam basicamente dois tipos de vo: movimentos saltitantes sobre a superfcie em que esto pousados e vos continuados para vencer distncias mais longas. Ambos os movimentos so silenciosos o que permite a aproximao sem que o hospedeiro os percebam. Os conhecimentos sobre disperso dos flebotomneos so poucos. Estudos tm demonstrado que a maioria dos espcimes podem se deslocar at 300m. A atividade hematofgica depende de estmulos tais como: proximidade do hospedeiro, temperatura, umidade e luminosidade. A maioria das espcies inicia esta atividade pouco antes do crepsculo vespertino e podem desenvolv-las noite adentro, cessando-a antes do crepsculo matutino. De um modo geral, as formas aladas dos flebotomneos so mais capturadas nas pocas mais quentes e midas do ano. Ambos os sexos necessitam de acares em sua dieta, como fonte energtica. Apenas as fmeas so hematfagas, sendo o sangue a fonte para a maturao dos ovos. Muitas necessitam mais que um repasto sangneo para a maturao dos ovos.

21 A preferncia alimentar varia conforme as espcies. Algumas se alimentam em animais de sangue frio, outras de tatus, mamferos e aves. A quantidade de sangue que uma fmea ingere equivalente ao seu prprio peso, que pode ser obtido de uma nica suco ou mais. Pelo fato de estarem pesadas, elas tendem a no se afastarem muito do local do repasto. A durao da digesto de sangue pode variar de 2 a 10 dias, dependendo da espcie e das condies ambientais. Flebotomneos de vrias espcies podem transmitir ao homem parasitos do gnero Leishmania, que so responsveis pelo desenvolvimento de doenas como a Leishmaniose Tegumentar Americana e a Leishmaniose Visceral Americana.

Figura 8: Ovos de Flebotomneo Foto de Geofray e M.Kili Kendrick

Figura 9: Larva de Flebotomneo Fonte: WHO

Figura 10: Exemplar adulto de Flebotomneo Fonte: Manual de Controle da LTA/SVS

22 4 NOES SOBRE AEDES AEGYPTI E AEDES ALBOPICTUS 4.1 Aedes aegypti 4.1.1 Origem Existem evidncias de que tenha se originado na frica, vivendo em ambientes silvestres, nos tocos das rvores e escavaes em rochas. Esta espcie se diferenciou adaptando-se aos centros urbanos, onde as alteraes provocadas pelo homem propiciam sua proliferao. Nas Amricas somente tem sido encontrada a variedade domstica, que se acredita tenha sido transportada em barris que vinham dos navios de exploradores e colonizadores. 4.1.2 Distribuio Geogrfica Vive na faixa tropical e subtropical da Terra, limitada pela temperatura em torno de 10 C, na altitude aproximada de 1000 metros. Foi registrada em todos os pases das Amricas, com exceo do Canad. No Brasil esta espcie detectada em todo o territrio. 4.1.3 Desenvolvimento O mosquito, at completar seu desenvolvimento, passa pelas fases de: ovo, larva, pupa e mosquito adulto (Figura 11). As fases larva e pupa ocorrem na gua.

Figura 11: Ciclo de desenvolvimento do Aedes aegypti e Aedes albopictus

23 4.1.3.1 Ovo As fmeas de Aedes aegypti colocam seus ovos fixando-os em paredes midas, prximas ao nvel da gua. Em contato com a gua as larvas eclodem. O tamanho varia entre 0,6 a 0,7mm. Estes ovos suportam grandes perodos de seca (podem persistir na natureza por aproximadamente 18 meses), sem sofrer nenhum dano. 4.1.3.2 Larva As larvas (Figura 12) vivem na gua se alimentando e vindo superfcie para respirar. Mudam de tamanho 4 vezes (o que chamamos de estdios). A atividade alimentar intensa e rpida. Alimentam-se de algas e partculas orgnicas dissolvidas na gua. No resistem a longos perodos sem alimentao. No toleram guas poludas e luz intensa. A larva composta de cabea trax e abdmen. No final do abdmen encontra-se o segmento anal e o sifo respiratrio. O sifo curto, grosso (quando comparado aos mosquitos do gnero Culex) e mais escuro que o corpo. Para respirar, a larva vem superfcie, onde fica em posio quase vertical. Movimenta-se em forma de serpente, fazendo um S em seu deslocamento. Quando h movimentos bruscos na gua e sob feixe de luz desloca-se com rapidez para o fundo do depsito demorando a retornar superfcie. Aps o 4 estdio as larvas se transformam em pupas (3 a 4 dias).

Figura 12: Larvas de Aedes aegypti 4.1.3.3 Pupa Durante esta fase no se alimentam, utilizando a energia armazenada na fase larvria. A pupa (Figura 13) dividida em cefalotrax (cabea + trax) e abdmen tendo o formato de uma vrgula. Tem um par de tubos respiratrios ou trombetas, que atravessam a gua e permitem a respirao. Nesta etapa, sofrem as ltimas transformaes para a formao do adulto. Aps 2 a 3 dias, emerge o adulto.

24 O tempo total de ovo at a fase adulta leva em mdia 7 a 8 dias. Dependendo da temperatura, por exemplo, temperaturas abaixo de 20C, este perodo de desenvolvimento pode ser mais extenso.

Figura 13: Pupa 4.1.3.4 Adulto Necessitam de um perodo de vrias horas para endurecimento do esqueleto externo e das asas. Dentro de 24 horas podem voar e acasalar. As fmeas se alimentam freqentemente de sangue, de preferncia humano. Na falta deste, pode se alimentar de sangue de outros animais. Machos, e tambm fmeas, alimentam-se de sucos vegetais, fontes de carboidratos, para os processos metablicos para a manuteno bsica da vida. O repasto sanguneo (refeio) das fmeas fornece protena para maturao dos ovos, acontecendo geralmente durante o dia, com picos de maior atividade ao amanhecer e pouco antes do entardecer. Quando o repasto no completo, pode alimentar-se mais de uma vez entre duas posturas, principalmente quando so perturbadas durante o repasto. Em condies timas o intervalo entre o repasto e a oviposio (postura dos ovos) de trs dias. As oviposies ocorrem geralmente no final da tarde. A fmea grvida atrada para recipientes escuros, sombreados, midos ou com gua, com superfcies speras nas quais depositam os ovos. Preferem gua limpa ao invs de gua poluda ou com muita matria orgnica. Em cada postura a fmea distribui seus ovos em vrios recipientes de preferncia artificiais como pneus, latas, garrafas, floreiras que acumulam gua da chuva. Costuma invadir caixas dgua e cisternas mal vedadas ou piscinas, aqurios mal cuidados, vasos com gua no interior de residncias e nos cemitrios. Tanto no Brasil quanto em outros pases americanos o Aedes aegypti tem sido surpreendido criando-se em recipientes naturais como bromlias, buracos em rvores, escavao em rocha e bambu. Escavaes no solo com fundo argiloso ou forrado de cimento ou pedra, tambm so empregadas por esse mosquito para se criar. Tais encontros so muito raros em comparao com os criadouros preferenciais.

25 A tendncia do Aedes aegypti permanecer onde nasceu, abrigado dentro das habitaes. Quando a quantidade de mosquito muito grande (densidade alta), ele se espalha para diversos pontos (dispersa) num vo em torno de 100 metros. A fmea grvida, quando no encontra depsitos para oviposio, pode se deslocar atravs do vo at 1000 metros. Vive em mdia 30 a 35 dias na natureza, podendo ser maior este perodo no laboratrio. Deposita em mdia 400 a 600 ovos durante a vida. Seu tamanho mdio de 5 mm. Possuindo cor amarronzada, com anis brancos nas pernas e um desenho prateado em forma de lira na parte dorsal do trax e escamas branco-prateadas no corpo (Figura 14).

Figura 14: Exemplar adulto de Aedes aegypti Fonte: bvsms.saude.gov.br 4.2 Aedes albopictus 4.2.1 Origem Acredita-se que o Aedes albopictus seja originrio de floresta tropical do sudeste Asitico, nos ocos de rvores, bambus, axilas de folhas, onde vive com muitas outras espcies. Alterando essa caracterstica selvtica, passou a criar e alimentar nas margens dos bosques adaptando-se ao ambiente urbanizado, em reas abertas com vegetao em torno das habitaes, procriando-se tambm em recipientes artificiais. No Brasil encontrado com maior freqncia em cidade e reas prximas a elas (reas suburbanas) com presena de vegetao. 4.2.2 Distribuio Geogrfica Tem ampla distribuio na sia e no Pacfico, Estados Unidos, Repblica Dominicana e Honduras, nas regies temperadas e tropicais. Recentemente foi encontrado na Itlia, frica do Sul e Nigria.

26 No Brasil esta espcie est presente em diversos Estados, apenas seis no registraram seu encontro: Amap, Acre, Piau, Roraima, Sergipe e Tocantis. J foi encontrado a uma altitude de 1800m e resiste bem a baixas temperaturas. 4.2.3 Desenvolvimento O Aedes albopictus passa pelas mesmas fases de desenvolvimento do Aedes aegypti (Figura 11). 4.2.3.1 Ovo As fmeas de Aedes albopictus colocam seus ovos tambm em paredes midas, de preferncia prximas gua. Escolhe como hbitat para desenvolvimento das formas imaturas, tanto recipientes artificiais como naturais. Quanto aos primeiros, podem ser mencionados os pneus e todos os possveis artefatos e dispositivos capazes de armazenar gua, seja de forma temporria, seja permanente, desde que contenham microorganismos ou matria orgnica em decomposio. Em relao aos recipientes naturais o mosquito utiliza-se de tocos de bambus, ocos de rvores, axilas de plantas e bromlias. O tamanho do ovo de aproximadamente 1 mm. Estes ovos suportam longos perodos de seca, aproximadamente 243 dias sem sofrer nenhum dano. Em contato com a gua as larvas eclodem do ovo. 4.2.3.2 Larva As larvas de Aedes albopictus tambm vivem na gua alimentandose de microorganismos e matria orgnica existente nos depsitos, vindo superfcie para respirar. A respirao feita pelo sifo respiratrio existente no final do abdmen. Ficam em posio quase vertical em relao gua e se movimentam em forma de serpente fazendo um S. So sensveis a movimentos bruscos na gua, afundando e demorando a retornar superfcie e no suportam muita luminosidade (fotofobia). A fase larvria (4 estdios) dura em torno de 5 a 10 dias, quando se transforma em pupa. 4.2.3.3 Pupa Durante esta fase no se alimentam. So divididas em cefalotrax e abdmen e tem um formato de vrgula. Possuem um par de trompetas respiratrias no cefalotrax que atravessam a gua e permitem a respirao. Nesta etapa ocorrem as ltimas transformaes para emergncia do adulto, aps 2 dias sob condies ideais.

27 4.2.3.4 Adulto Os machos emergem primeiro que as fmeas. Abrigam-se nas partes externas das habitaes, geralmente em locais midos sombreados e na vegetao. As fmeas se alimentam de sangue e, juntamente com os machos, de sucos vegetais. As fontes primrias de alimentos so os bovinos e eqinos, ficando o homem como fonte secundria. Observou-se que o Aedes albopictus tem uma fonte de alimentao (sangue) muito variada. Possui hbito oportunista, sugando o sangue daqueles animais de sangue quente, inclusive aves, que se aproximam at um raio de 4 a 5 metros do seu abrigo na vegetao. As fmeas podem fazer vrios repastos sanguneos entre duas posturas. O intervalo entre alimentao (repasto) e a oviposio de aproximadamente 72 a 84 horas. As oviposies ocorrem geralmente ao final da tarde. A fmea grvida atrada para recipientes escuros, sombreados, midos ou com gua, com paredes rugosas (speras) nas quais depositam seus ovos. Preferem depsitos com gua limpa e com condies prximas daquelas existentes nos depsitos naturais como ocos de rvores. Aedes albopictus possuem uma capacidade de disperso atravs do vo em torno de 200 metros. Vivem em mdia 45 a 50 dias. Estudos em laboratrio demonstram que uma fmea pode ovipor 950 ovos durante a vida. So de cor preto piche, patas com anis prateados, no meio e ao longo do dorso possuem uma seta prateada e seu corpo apresenta escamas tambm branco-prateadas (Figura 15).

Figura 15: Exemplar adulto de Aedes albopictus Foto de: Susan Ellis Courtesy - InsectImages.org um vetor de difcil controle pela diversidade de depsitos naturais e artificiais onde colocam seus ovos; pela maior tolerncia ao frio e pela quantidade de ovos que depositam.

28 5 MORFOLOGIA DE AEDES AEGYPTI E AEDES ALBOPICTUS 5.1 Aedes aegypti 5.1.1 Ovo Os ovos so elpticos de cor varivel, de marrom a negra, com desenhos formados por elementos alongados e fusiformes (Figura 16). 5.1.2 Larva 5.1.2.1 Cabea Antenas cilndricas e curtas, a cerda antenal curta e simples. Cerdas 5, 6 e 7 simples (Figura 17). 5.1.2.2 Trax Espinhos laterais fortes, grandes e quitinizados, no meso e metatorax (Figura 17). 5.1.2.3 Abdmen O pcten do 8 segmento abdominal formado por fileira nica com nmero varivel de pentes, que tem forma de espinho agudo central acompanhado de outros menores de ambos os lados. Sifo respiratrio curto, o pcten sifonal constitudo por elementos alongados, espiniformes, serrilhados na poro basal (Figura 17). 5.1.3 Pupa 5.1.3.1 Cefalotrax Trompetas respiratrias curtas e escuras (Figura 18). 5.1.3.2 Abdmen Cerda n. 1 do primeiro segmento com tufo de pelos simples ou bfido. Cerda n. 9 do oitavo segmento em forma de penacho com poucos pelos; palheta natatria com pelos curtos em sua borda (Figura 18). 5.1.4 Adulto 5.1.4.1 Trax Mesonoto recoberto de escamas escuras e escamas brancoprateadas, dispostas em linhas longitudinais formando o desenho classicamente comparado a uma lira. As faixas externas so constitudas por escamas largas e as cordas so formadas por um par de linhas finas e as escamas branco-prateadas so mais estreitas. As pernas so escuras com

29 manchas claras nas articulaes; os artculos tarsais possuem anis claros na extremidade basal, maiores nos tarsos posteriores principalmente no 5 que pode ser totalmente branco, nos tarsos anteriores e mdios essa marcao menor. A asa tem suas veias recobertas de escamas escuras (Figuras 19 e 20). 5.1.4.2 Abdmen O abdmen tem os tergitos recobertos de escamas escuras e a partir do 2 segmento existem faixas basais e basolaterais de escamas claras (Figuras 19 e 20).

Figura 16: Ovo de Aedes aegypti

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Figura 17: Larva de Aedes aegypti

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Figura 18: Pupa de Aedes aegypti

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Figura 19: Macho adulto de Aedes aegypti

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Figura 20: Fmea adulta de Aedes aegypti

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35 5.2 Aedes albopictus 5.2.1 Ovo So de cor negra, possui pequenas projees em forma de gro ao redor de todo o seu corpo (Figura 21). 5.2.2 Larva 5.2.2.1 Cabea Antena longa e lisa com a cerda antenal simples, cerdas n 5, 6, e 7 bifurcadas (Figura 22). 5.2.2.2 Trax Os espinhos laterais do meso e metatorax so curtos e hialinos (Figura 22). 5.2.2.3 Abdmen Pctem do 8 segmento abdominal com dentes longos e dispostos em uma s fileira, apresentam aspectos caractersticos de um espinho longo com base serrilhada. Sifo respiratrio curto dotado de um pcten (Figura 22). 5.2.3 Pupa 5.2.3.1 Cefalotrax Trompetas respiratrias curtas e escuras (Figura 23). 5.2.3.2 Abdmen Cerda n1 do primeiro segmento com grande quantidade de pelos dicotomizados. Cerda n. 9 do 8 segmento simples com pequenos pelos laterais. Palheta natatria com franja de pelos longos em toda sua borda (Figura 23). 5.2.4 Adulto 5.2.4.1 Trax Mesonoto com uma faixa mediana longitudinal de escamas brancoprateadas estendendo-se da parte anterior at o nvel da base da asa. Asa recoberta de escamas escuras. Pernas com marcao branca nas articulaes. Tarsos do par posterior com anis branco basal do 1 ao 4; 5 totalmente branco. Os tarsos dos pares mdios e anteriores com anel branco basal somente no 1 e 2 (Figuras 24 e 25).

36 5.2.4.2 Abdmen Tergitos abdominais recobertos de escamas negras, faixas basais de escamas brancas do 2 ao 8 segmento (Figuras 24 e 25). Tabela 1: Principais caractersticas morfolgicas diferenciais Fase Evolutiva Ovo Larva Cabea Trax Espcie Aedes aegypti Crio com desenhos Aedes albopictus Crio com projees granulosas Cerdas 5, 6 e 7 bifurcada Meso e metatorax com espinhos laterais curtos e hialinos Pcten do 8 segmento com dentes longos em forma de espinho com base serrilhada

Abdome

Cerdas 5, 6 e 7 simples Meso e metatorax com espinhos laterais grandes e fortemente quitinizados Pcten do 8 segmento com dentes em forma de espinho agudo central acompanhado de outros menores de ambos os lados

Pupa Abdome

Cerda n 1 do primeiro O tufo da cerda n 1 do segmento com tufo de pelos primeiro segmento com simples ou bfido grande quantidade de pelos com dicotomia Cerda n. 9 do oitavo segmento em forma de penacho com poucos pelos. Palheta natatria com pelos curtos em sua borda Cerda n. 9 do oitavo segmento simples com pequenos pelos laterais

Palheta natatria com franja de pelos longos em toda borda Mesonoto recoberto de escamas escuras com uma faixa mediana longitudinal de escamas brancoprateadas

Adulto Trax

Mesonoto recoberto de escamas escuras com desenho em forma de lira de escamas brancoprateadas

Figura 21: Ovo de Aedes albopictus

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Figura 22: Larva de Aedes albopictus

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Figura 23: Pupa de Aedes albopictus

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Figura 24: Macho adulto de Aedes albopictus

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Figura 25: Fmea adulta de Aedes albopictus 41

42 6 LABORATRIOS 6.1 Organizao dos laboratrios de entomologia no estado A Diretoria de Vigilncia Epidemiolgica responsvel por gerenciar uma rede de laboratrios de entomologia que tem a funo de desenvolver atividades relacionadas aos vetores de doenas. Atualmente, esto assim distribudos (Figura 26): - 1 laboratrio de entomologia central (DIVE); - 12 laboratrios de entomologia regionais (localizados nas Gerncias Regionais de Sade de Blumenau, Canoinhas, Chapec, Cricima, Itaja, Joaaba, Joinville, Lages, Rio do Sul, So Jos, So Miguel do Oeste e Tubaro); - 3 laboratrios de entomologia municipais (Joinville, Jaragu do Sul e Blumenau). Essa rede de laboratrios conta com uma equipe de 41 profissionais, entre eles: bilogos, bioqumicos, veterinrio, tcnicos de laboratrio e agentes de sade. Os laboratrios esto tecnicamente subordinados ao Setor de Suporte Laboratorial da DIVE, hoje sob responsabilidade de um entomologista. Esse setor responsvel por coordenar as aes necessrias vigilncia dos vetores envolvidos na cadeia de transmisso de agravos como Dengue, Febre Amarela, Leishmaniose, Malria, Doena de Chagas, Febre Maculosa, entre outras.

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Figura 26: Organizao dos laboratrios de entomologia do estado de Santa Catarina

SUPORTE LABORATORIAL / DIVE

Laboratrio Central/ DIVE

Lab. Ento. Gesa Blumenau

Lab. Ento. Gesa Canoinhas

Lab. Ento. Gesa Chapec

Lab. Ento. Gesa Cricima

Lab. Ento. Gesa Joaaba

Lab. Ento. Gesa Joinville

Lab. Ento. Gesa Lages

Lab. Ento. Gesa Rio do Sul

Lab. Ento. Gesa So Jos

Lab. Ento. Gesa SMO

Lab. Ento. Gesa Tubaro

Lab. Ento. SMS Blumenau

Lab. Ento. SMS Joinville

Lab. Ento. SMS Jaragu do Sul

Lab. Ento. SMS/REG Itaja

44 6.2 Atividades desenvolvidas nos laboratrios de entomologia

Atualmente, as atividades de rotina desenvolvidas nos laboratrios de entomologia so: Laboratrios municipais e regionais: -Identificao de larvas e adultos de mosquitos para o Programa de Controle da Dengue; -Triagem de triatomneos; -Digitao de boletins (Semanal, Foco e Remessa de espcies); -Preenchimento de boletins (Semanal, Foco, Remessa de espcies e FADs); -Controle de qualidade; -Envio de insetos para o laboratrio da DIVE; -Participao em atividades educativas; -Limpeza e conservao dos microscpios; -Emisso de resultados de focos para as SMS, GESA e DIVE; -Lavagem de tubitos e distribuio para as SMS. Laboratrio do nvel central (DIVE): - Identificao de ixodides (carrapatos), anofelinos, outros culicdeos, flebotomneos, triatomneos e outros insetos de importncia para vigilncia epidemiolgica; - Coleta de vetores (culicdeos, exceto Aedes, flebotomneos e triatomneos); - Manuteno de uma coleo entomolgica; - Reviso de amostras para Controle de Qualidade; - Colaborao na identificao de larvas para as Gerncias de Sade; - Realizao de treinamentos e palestras. Para o bom desenvolvimento das atividades acima relacionadas necessrio que os tcnicos trabalhem com os seguintes materiais (Tabela 2): Tabela 2: Material de consumo utilizado, por laboratrio, no desenvolvimento das atividades de entomologia. MATERIAL lcool 70 GL Algodo Bacia plstica Balde Bloco de anotaes Borracha Caneta vermelha e azul CONSUMO ANUAL 12L 12 pacotes de 100g 1 unidade 1 unidade 20 unidades 12 unidades 2 caixas de cada cor

45 Cartucho de tinta para impressora CD Clips Coletor para resduos hospitalares Corretivo lquido Detergente Elstico de dinheiro Envelopes diversos tamanhos Esponja de espuma para limpeza Etiquetas auto adesivas Fita adesiva durex Grampo para grampeador Lminas para microscopia Lamnulas 2x2 Lmpada 25W para armrio estufa Lpis Leno de papel yes Lixeira Luvas descartveis Papel A4 Papel toalha Pinas Pincis para pintura artstica n 0 Pipetas Pasteur descartveis Pissetas Placas de Petri Saco de lixo Tesoura Tubitos Vidro relgio 50mm de dimetro 6 unidades preto 1 caixa 1 caixa de cada tamanho 4 unidades 2 unidades 12L 20 pacotes 100 unidades de cada tamanho 12 unidades 1 rolo 3 rolos 3 caixas 1 caixa 1 caixa 4 unidades ms 24 unidades 24 caixas 2 unidades 2 unidades para cada tcnico por dia 4 resmas 12 pacotes 2 unidades ano para cada tcnico 3 unidades ano para cada tcnico 50 unidades 2 unidades ano para cada tcnico 2 unidades ano para cada tcnico 1 por dia 2 unidades 100 unidades 2 unidades ano para cada tcnico

46 6.3 Normas de biossegurana para laboratrios de entomologia Biossegurana definida como: Conjunto de aes voltadas para a preveno, minimizao, ou eliminao de riscos inerentes s atividades de pesquisa, produo, ensino, desenvolvimento tecnolgico e prestao de servios, as quais possam comprometer a sade do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos (Hirata e Filho, 2002). Considerando as normas de boas prticas de laboratrio, em especial quanto adoo de medidas de biossegurana, a fim de prevenir a ocorrncia de doenas nos tcnicos ou a disseminao delas atravs do laboratrio, foram estabelecidos nveis de risco, denominados nveis de biossegurana. A estes nveis foram determinadas formas de conduta e critrios quanto estrutura fsica desses espaos com a finalidade de evitar a ocorrncia dos riscos acima. De acordo com os tipos de organismos que os nossos laboratrios recebero e a forma destes serem manipulados, a classificao do grupo de risco ser de nvel de biossegurana 2 (NB2): baixo risco individual e baixo risco para a comunidade, ou seja, um agente patognico que costuma causar doenas em humanos ou em animais, sob circunstncias normais, porm, no chega a ser um perigo srio para pessoas que trabalham com animais de laboratrio. Atualmente, os nossos laboratrios de entomologia no esto planejados para manter colnias de insetos. No entanto, a atividade de identificao e exame parasitolgico de triatomneos, que ser implantada num futuro prximo, implica em receber insetos vivos que, aps os exames, sero sacrificados. Assim, as seguintes prticas padres e prticas especiais, equipamentos de segurana e instalaes devero ser aplicados: 6.3.1 Prticas padres - O acesso ao laboratrio dever ser limitado ou restrito de acordo com a definio do tcnico responsvel pelo laboratrio; - As pessoas devero lavar as mos aps o manuseio de materiais viveis, aps a remoo das luvas e antes de sarem do laboratrio; - No permitido comer, beber, fumar, manusear lentes de contato, aplicar cosmticos ou armazenar alimentos para consumo nas reas de trabalho. Os alimentos devero ser guardados fora das reas de trabalho em armrios ou geladeiras especficos para tal fim; - Todos os procedimentos devem ser realizados cuidadosamente a fim de minimizar a criao de borrifos ou aerossis; - As superfcies de trabalho devem ser descontaminadas, pelo menos, uma vez ao dia e sempre depois de qualquer derramamento de material vivel.

47 6.3.2 Prticas especiais - O tcnico responsvel pelo laboratrio dever assegurar a capacitao da equipe em relao s medidas de biossegurana; - Deve-se sempre tomar uma enorme precauo em relao a qualquer objeto perfurocortante, incluindo lminas, tubitos, vidros quebrados, lancetas, agulhas. Vidros quebrados no devem ser manipulados diretamente com a mo, devem ser removidos por outros meios, tais como vassoura e p de lixo e pinas. Os objetos devem ser descartados em coletores para resduos hospitalares. 6.3.3 Equipamentos de segurana - No interior do laboratrio, os freqentadores devero utilizar jalecos, aventais ou uniformes prprios, para evitar contaminao ou sujeira de suas roupas normais. Antes de sair do laboratrio para reas externas, a roupa protetora deve ser retirada e deixada no laboratrio; - Recomenda-se o uso de luvas para os casos de rachaduras ou ferimentos na pele das mos. Luvas descartveis no podero ser lavadas, reutilizadas ou usadas para tocar superfcies limpas (teclado, telefones, etc.) e no devem ser usadas fora do laboratrio. 6.3.4 Instalaes laboratoriais - Os laboratrios devero possuir portas para o controle de acesso; - Cada laboratrio dever conter uma pia para lavagem das mos; - O laboratrio deve ser projetado de modo a permitir fcil limpeza. Carpetes e tapetes no so apropriados para laboratrios; - recomendvel que a superfcie das bancadas seja impermevel gua e resistente ao calor moderado e aos solventes orgnicos, cidos, lcalis e qumicos usados para a descontaminao da superfcie de trabalho e do equipamento; - Os laboratrios devero ser construdos em salas prprias, afastados de passagens pblicas e reas de atendimento a pacientes; - Paredes, teto e chos devem ser lisos, sem juntas, para fcil limpeza e desinfeco, alm de resistentes a produtos qumicos. No caso de manipular insetos vivos, superfcies sem juntas facilitam a captura. Revestimentos sugeridos para piso: alta resistncia resinado; parede: alvenaria de tijolo ou de concreto celular revestida com pintura acrlica; divisrias em gesso acartonado revestidas com pintura acrlica; teto: gesso com pintura acrlica, laje de concreto ou pr-moldada e argamassa com pintura acrlica, gesso acartonado com pintura acrlica; - Teto, cho e paredes devem ser claros, para facilitar a visualizao e captura de insetos que porventura escapem; - Devero ser seladas quaisquer perfuraes no teto, parede e piso a fim de serem evitados locais de esconderijo para os insetos, as portas devem ter fechamento automtico e os cantos das paredes devem ser arredondados; - A digitao dos boletins deve estar localizada fora dos laboratrios. No necessita sala exclusiva. Caso for instalada na sala ao lado dos laboratrios, poder ser feita porta de passagem na parede;

48 - O piso do laboratrio no deve possuir ralo, pois pode servir como local de postura ou fuga para os insetos; - As instalaes eltricas e hidrulicas devem ser posicionadas de forma a no facilitar o surgimento de esconderijos (canos preferencialmente embutidos nas paredes).

49 7 MICROSCOPIA 7.1 Instrues para uso e limpeza de microscpios 7.1.1 Componentes pticos e mecnicos do microscpio Existem diversos tipos de microscpios, dependendo da funo para a qual se destinam. Para o exame de larvas o mais utilizado o tipo bacteriolgico, binocular, com sistema de iluminao incorporado e regulvel. O microscpio tem uma parte mecnica com os seguintes componentes: brao ou estativa, ao qual esto ligados o mecanismo coaxial e bilateral de focalizao macro/micromtrica (parafuso de correo diptrica), o revlver ou porta-objetivas, o corpo binocular com ajuste interpupilar, o diafragma-ris, o parafuso do condensador, o parafuso de avano lateral-frontal do carro ou charriot, o porta-filtro, a presilha ou garra de lmina, a platina e a base ou p do equipamento (Figura 27). H uma parte situada acima da platina e que corresponde ao sistema para aumento e resoluo, composta por prismas, lentes oculares e objetivas. Outra parte, abaixo da platina, serve para a iluminao, possuindo fonte de luz incorporada e regulvel ou sistema convencional com espelho. Geralmente, o microscpio equipado com um ou dois pares de lentes oculares para ampliao de 10 vezes (10x) e/ou 7x. O corpo binocular possui prismas que, aps realizado o ajuste da distncia interpupilar, levam a imagem ao observador. As objetivas formam a imagem dos objetos aumentada pelas lentes oculares, adaptadas numa pea circular chamada revlver. So em nmero de quatro e proporcionam aumentos de 4x, 10x, 40x e 100x (este ltimo necessita de imerso em leo adequado). A ampliao final da imagem o resultado do produto das ampliaes produzidas pelas oculares e objetivas. Por exemplo, 7x (na ocular) multiplicado por 4x (na objetiva) gera uma ampliao de 28 vezes.

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Figura 27: Componentes do microscpio

Oculares de campo amplo Ajuste interpupilar Cabeote binocular de observao Revlver ou porta objetivas Prismas Estativa

Objetivas Platina Condensador Diafragma de abertura Ajuste vertical do condensador Lmpada de baixa voltagem

Garra de lmina Charriot

Boto macromtrico Boto micromtrico

Base

Interruptor principal

Controle deslizante para variao da intensidade de luz

51 7.1.2 Tcnicas de utilizao do microscpio - Colocar a lmina entre as presilhas da platina mecnica, verificando se ficou firmemente presa barra mvel da mesma; - Ajustar a posio da lmina de modo que uma rea do material coincida com o orifcio de iluminao da platina; - Regular o sistema de iluminao do microscpio, fechando um pouco o diafragma-ris ou abaixando o condensador. Regular a intensidade da luz atravs do reostato ou do balo de vidro, se for o caso; - No momento de observao das larvas, inicie sempre pela objetiva de menor aumento. Mova o boto macromtrico para obter a imagem, assim que a imagem aparecer, complete a focalizao com o boto micromtrico. 7.1.3 Cuidados com o microscpio 7.1.3.1 Limpeza - No manusear o equipamento com as mos sujas ou molhadas; - Jamais comer ou beber prximo ao equipamento; - Na rotina de limpeza, ater-se apenas s partes de fcil acesso, que no necessitam o uso de ferramentas para serem abertas. Oculares e objetivas no devem ser desmontadas, mesmo as que so montadas apenas por sistema de rosca; - Limpar freqentemente as oculares com leno de papel fino, pois o contato com os clios e mesmo poeira podem suj-las. Nunca toque as lentes com os dedos, pois gordura atrai poeira; - Para limpeza de eventuais manchas de gordura, dedos, limpar as lentes com soluo de limpeza 50% ter sulfrico PA, 50% clorofrmio PA. Umedecer um cotonete com soluo de limpeza, e iniciar a aplicao pelo centro da lente, fazendo-se um movimento em espiral, tomando cuidado para no inundar as lentes; - Caso as lentes estejam com fungo, utilizar gua oxigenada 10 volumes, executando-se o mesmo procedimento citado no item anterior; - Para retirar poeira da face posterior da objetiva, usa-se um pincel de plo muito macio; - No utilizar a soluo de clorofrmio e ter em plsticos, pois isto ir danifica-los, Alguns microscpios possuem filtros e lentes de plstico ou acrlico; - No utilizar solventes como lcool, xilol, toluol e acetona, pois esses podem infiltrar-se entre as lentes e dissolver o verniz utilizado para colar as lentes; - A parte mecnica pode ser limpa com flanela. A lubrificao dos sistemas mecnicos feita com vaselina, no sendo recomendvel utilizar leo; - recomendvel uma manuteno preventiva por ano, a qual deve ser feita por tcnicos especializados.

52 7.1.3.2 Armazenamento O microscpio, quando no est em uso, merece cuidados especiais para evitar a formao de fungos: - Aps o uso do microscpio, conserv-lo sob uma capa protetora, que no devero ser de plstico, pois estas retm a umidade, mas sim de pano ou qualquer outro tecido que permita a aerao do aparelho e que no solte fiapo; - A utilizao de estufas de madeira, dotadas de lmpada de 25 W constantemente acesa, mais eficiente que o uso de capas protetoras. 7.1.3.3 Transporte - Transportar sempre o microscpio pelo brao, com apoio da mo sob a base, e nunca pelos parafusos; - Nunca desloque o aparelho com a lmpada acesa ou logo aps ter sido apagada; - Em caso de transportes mais longos colocar o aparelho em sua caixa original (madeira ou isopor). 7.2 Orientaes para montagens e identificao de larvas e pupas do Programa de Controle da Dengue - Separar os boletins FAD dos tubitos, conferir nmero de amostras com nmero de etiquetas; - Retirar o algodo do tubito, com espeto ou agulha de croch, colocar as larvas e ou pupas na placa de Petri com lcool 70%; - Com um pincel fino, colocar larva por larva (ou pupa) na lmina, o mais prximo possvel uma das outras, sempre com um pouco de gua para no secar e danificar, sendo no mximo 10 exemplares por lmina. No necessrio colocar lamnula; - Colocar esta lmina na posio que, ao se visualizar as larvas no microscpio, as mesmas estejam com a cabea para cima e o sifo respiratrio para baixo, para facilitar a identificao dos seus aspectos morfolgicos; - Aps a identificao, se for outros ou Aedes albopictus, eliminar a amostra, mas antes anotar o resultado no boletim FAD e na etiqueta de remessa de espcimes, caso esta amostra no seja selecionada para o controle de qualidade; - Quando o resultado for Aedes aegypti, anotar o resultado com caneta vermelha no boletim FAD e na etiqueta, separar a amostra para reviso e preencher o boletim de foco. Quando as fases imaturas estiverem no primeiro e segundo estdios, recomenda-se colocar a lamnula sob a larva e observar na objetiva de 40x. Para facilitar a identificao, as mesmas podem ser fixadas com esmalte incolor para unhas. Para a fixao as larvas devem estar secas. Para larvas que apresentam colorao escura de difcil visualizao ao microscpio, recomenda-se, com o auxlio de estilete entomolgico ou agulha de insulina, fazer um corte no stimo segmento abdominal, separando este segmento do restante da larva (Figura 28). Fazer uma leve presso com a agulha para retirar a sujeira do segmento, retirar o excesso de umidade com

53 leno de papel, coloc-lo na lmina e fix-lo com esmalte incolor e recobrir com a lamnula, fazendo uma leve presso para distribuio homognea do esmalte. Aps seca e montada a lmina j est pronta para ser levada ao microscpio.

Figura 28: Corte no segmento abdominal 7.3 Instrues para montagem de adultos Um pequeno tringulo de cartolina branca colocado em um alfinete entomolgico com auxlio de um suporte de isopor ou cortia. Coloca-se ento uma pequena gota de esmalte de unhas incolor na ponta livre do tringulo. A seguir encosta-se, com cuidado, essa ponta no trax do mosquito, de maneira que a maior parte das pernas fique posicionada na direo do alfinete.

54 8 BOLETINS Nas atividades de rotina dos laboratrios de entomologia so utilizados os boletins de foco, semanal e FAD 1, 2 e 3. 8.1 Boletim de foco Quando identificada, pelo tcnico de laboratrio, uma larva ou adulto de Aedes aegypti, dever ser preenchido, na data da identificao, o Boletim de Foco (Lab 1) (Figura 29). 8.1.1 Instrues para preenchimento dos boletins de foco Gerncia de Sade de: preencher, por extenso o nome da Gerncia a qual o laboratrio de entomologia pertence; Municpio: anotar o nome do municpio ao qual pertence a amostra positiva para Aedes aegypti; Localidade: anotar o nome do bairro pertencente ao municpio onde foi encontrada a amostra positiva para Aedes aegypti; Endereo: anotar o endereo onde foi encontrada a amostra positiva; Q.: anotar, em algarismos arbicos, o nmero do quarteiro onde foi encontrada a amostra positiva; Tipo imvel: anotar o tipo de imvel onde foi coletada a amostra positiva; Tipo dep. : anotar o tipo de depsito em que foi coletada a amostra positiva; Data ent. : dia, ms e ano em que a amostra entrou no laboratrio; Data exame: dia, ms e ano em que o tcnico examinou a amostra; Data coleta: dia, ms e ano em que a amostra foi coletada em campo; N. de F. AQ. : anotar, em algarismos arbicos, o nmero de exemplares de Aedes aegypti examinados, que se apresentam na fase larvria e na fase pupa; N. de AD. : anotar, em algarismos arbicos, o nmero de exemplares de Aedes aegypti examinados, que se apresentam na fase adulta; Data: dia, ms e ano em que os exames foram feitos; Tcnico: nome do(s) tcnico(s) responsvel(eis) pelo exame; Assinatura: assinatura do(s) tcnico(s) responsvel(eis) pelo exame;

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Figura 29: Boletim de FocoESTADO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA SADE SISTEMA NICO DE SADE SUPERINTENDNCIA DE VIGILNCIA EM SADE DIRETORIA DE VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA GERNCIA DE VIGILNCIA DE ZOONOSES E ENTOMOLOGIA

RELATRIO DIRIO DE FOCOS DE Aedes aegypti 200_

GERNCIA DE SADE DE:MUNICPIO LOCALIDADE ENDEREO Q.TIPO IMVEL TIPO DEP. DATA ENT. DATA EXAME DATA COLETA

N DE F. AQ. AD.

DF IN TERM

1 CICLO IN TERM

2 CICLO IN TERM

LAB. 01 TCNICO:DATA: ____/____/_________ ASSINATURA: ____________________________

56 8.2 Boletim semanal Para acompanhamento da produo laboratorial, pelo nvel central, os tcnicos devem preencher o Boletim Semanal (Lab 2) (Figura 30). O mesmo preenchido, ao final de cada semana epidemiolgica, com o nmero total de tubitos, formas aquticas e ou adultos examinadas por municpio por dia. 8.2.1 Instrues para preenchimento dos boletins semanais Gerncia de sade de: preencher, por extenso o nome da Gerncia a qual o laboratrio de entomologia pertence; Semana epid: preencher em algarismos arbicos o nmero da semana epidemiolgica correspondente ao perodo em que foram feitas as identificaes. Consultar o Calendrio de Notificao para o ano corrente; Data: dia, ms e ano em que os exames foram feitos; Municpio: anotar o(s) nome(s) do(s) municpio(s) que tiveram tubitos analisados naquela data; N. tubitos ex: preencher o nmero correspondente ao total de tubitos que foi examinado daquele municpio, naquela data; Fase aqutica: corresponde aos exemplares examinados que se apresentam na fase larvria e na fase pupa; EX: anotar o nmero de exemplares da fase aqutica (larva + pupa) examinados. Contar cada indivduo contido no tubito. No utilizar o recurso de mdia, estimativa ou porcentagem para expressar essa quantidade; AEGY: preencher o nmero de exemplares examinados e identificados como Aedes aegypti; ALB: preencher o nmero de exemplares examinados e identificados como Aedes albopictus; ADULTO: corresponde aos exemplares examinados na forma adulta; EX: anotar o nmero de exemplares adultos examinados; AEGY: anotar o nmero de exemplares adultos examinados e identificados como Aedes aegypti; ALB: anotar o nmero de exemplares adultos examinados e identificados como Aedes albopictus; Total: somar o total da semana do nmero de tubitos e do nmero de exemplares examinados; Tcnico: nome do(s) tcnico(s) responsvel(eis) pela atividade.

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Figura30: Boletim SemanalESTADO DE SANTA CATARINA SISTEMA NICO DE SADE SECRETARIA DE ESTADO DA SADE SUPERINTENDNCIA DE VIGILNCIA EM SADE DIRETORIA DE VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA GERNCIA DE VIGILNCIA DE ZOONOSES E ENTOMOLOGIA

RELATRIO SEMANAL DAS ATIVIDADES DO LABORATRIO DE ENTOMOLOGIA - 200_ GERNCIA DE SADE DE:DATA MUNICPIO N DE TUBITOS EX FASE AQUTICA AEG ALB EX

SEMANA EPID:ADULTOS AEG ALB

TOTAL LAB 02TCNICO:_____________________________________________

58 8.3 FAD No Programa de Controle da Dengue, para a descrio das informaes coletadas nas atividades de campo, so utilizados os boletins FAD (Febre Amarela e Dengue). Dependendo do tipo de atividade existe um boletim especfico: Boletim dirio (FAD 1): para atividades de PE (Ponto Estratgico) e PVE (Pesquisa Vetorial Especial), DF (Delimitao de Foco), Li + T (levantamento de ndice + tratamento) (Figura 31); Boletim de armadilha (FAD 3): para atividades de pesquisa em armadilhas (Figura 32). Em caso de encontro de larvas e ou adultos de mosquitos, em algumas dessas atividades, os boletins (FAD 1 , FAD 3) so encaminhados ao laboratrio de entomologia, juntamente com as amostras armazenadas em tubitos, para identificao, e a etiqueta de remessa de espcimes (FAD 2) (Figura 33). Aps o preenchimento dos boletins as informaes so digitadas em um banco de dados informatizado chamado SISFAD (Sistema de Informao Febre Amarela e Dengue).

Figura 31: Boletim Dirio (FAD 1) - frente

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Figura 31: Boletim Dirio (FAD 1) - verso 60

Figura 32: Boletim de Armadilha (FAD 3)

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Figura 33: Etiqueta para remessa de espcimes (FAD 2) 8.3.1 Instrues para preenchimento dos boletins FAD 8.3.1.1 Boletim Dirio (FAD 1) No boletim dirio o tcnico de laboratrio responsvel por preencher os itens do campo Resumo do Laboratrio que se encontra no verso: N. e seq dos quarteires com Aedes aegypti: preencher com o nmero do(s) quarteiro(es) e as seqncias com presena do Aedes aegypti; N. e seq dos quarteires com Aedes albopictus: preencher com o nmero do(s) quarteiro(es) e as seqncias com presena do Aedes albopictus; N. depsito com espcimes por tipo: preencher com a soma dos depsitos positivos por espcimes e por tipo de depsito; N. de imveis com espcimes por tipo: preencher com a soma dos imveis positivos por espcime por tipo de depsito; N. de exemplares: preencher com o nmero de exemplares de larvas, pupas e adultos por espcime; Data da entrada: dia, ms e ano da entrada do material no laboratrio; Data da concluso: dia, ms e ano da realizao do exame; Laboratrio: preencher com o nome do laboratrio onde foi realizado o exame da amostra; Assinatura: preencher com a assinatura do tcnico que realizou os exames.

63 8.3.1.2 Boletim de Armadilha (FAD 3) Os seguintes itens do boletim devero ser preenchidos pelo tcnico de laboratrio: Laboratrio Quantidade Ovos: no preencher este item; Laboratrio Quantidade Larvas: preencher com a quantidade de larvas do tubito correspondente; Laboratrio Espcie Aeg.: preencher com a quantidade de larvas de Aedes aegypti do tubito correspondente; Laboratrio Espcie Alb.: preencher com a quantidade de larvas de Aedes albopictus do tubito correspondente; Laboratrio Espcie Outras: preencher com a quantidade de larvas de outras espcies do tubito correspondente; Total de ovos: no preencher este item; Total de larvas: preencher com nmero total de larvas correspondente a todos os tubitos; Total de aeg.: preencher com o nmero total de larvas, identificadas como Aedes aegypti, correspondente a todos o tubitos; Total de alb.: preencher com o nmero total de larvas, identificadas como Aedes albopictus, correspondente a todos o tubitos; Total de outras: preencher com o nmero total de larvas, identificadas como sendo de outras espcies, correspondente a todos os tubitos; Assinatura do laboratorista: preencher com a assinatura do tcnico que realizou os exames. 8.3.1.3 Etiqueta de remessa de espcimes (FAD 2) Os itens a serem preenchidos pelo tcnico de laboratrio so: Aedes aegypti Larvas: preencher com o nmero de larvas identificadas como Aedes aegypti, do tubito correspondente; Aedes aegypti Pupas: preencher com o nmero de pupas identificadas como Aedes aegypti, do tubito correspondente; Aedes albopictus Larvas: preencher com o nmero de larvas identificadas como Aedes albopictus, do tubito correspondente; Aedes albopictus Pupas: preencher com o nmero de pupas identificadas como Aedes albopictus, do tubito correspondente;

64 Outras Larvas: preencher com o nmero de larvas identificadas como sendo de outra espcie, do tubito correspondente; Outras Pupas: preencher com o nmero de pupas identificadas como sendo de outra espcie, do tubito correspondente; Aps ser preenchida envolv-la no tubito correspondente caso seja encaminhada para o controle de qualidade. 8.4 Fluxograma para encaminhamento dos boletins 8.4.1 Boletim de foco O mesmo dever ser encaminhado imediatamente aps o preenchimento, via fax, ao municpio de origem da amostra e Diviso de Vetores Reservatrios e outros Hospedeiros (DVRH) at s 19h (Figura 34). 8.4.2 Boletim semanal O mesmo dever ser encaminhado ao trmino de cada semana epidemiolgica, na segunda-feira subseqente, via malote, Diretoria de Vigilncia Epidemiolgica/GEZOO/DVRH (Figura33). Figura 34: Fluxograma para encaminhamento dos boletins semanal e de foco

RELATRIO DIRIO DE FOCOENCAMINHAR NO