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Guia Mais Educomunicação Orientações, conceitos e metodologias para subsidiar as ações

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Guia Mais Educomunicação

Orientações, conceitos e metodologias para subsidiar as ações

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Coordenação do projeto: Vânia Correia

Textos e roteiros: Bia Barbosa, Daniele Próspero, Elisangela Nunes, Evelyn Araripe, Paulo Lima, e Vânia Correia

Diagramação: Manuela Ribeiro

Realização: Apoio:

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Guia Mais Educomunicação

Orientações, conceitos e metodologias para subsidiar as ações

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5Guia Mais Educomunicação

O “Mais Educomunicação” é um projeto da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores – Renajoc que conta com o apoio do Instituto C&A. O projeto pretende fortalecer as ações da Renajoc por meio de intervenções em 20 escolas públicas, de diferentes cidades e Estados, preferencialmente, as que aderem ao Programa Mais Educação, do governo Federal, para que os estudantes participem do processo de democratização da comunicação no Brasil, contribuindo com o monitoramento e incidência nas políticas públicas de educomunicação numa perspectiva de adolescentes e jovens.

Com o presente projeto, os jovens e adolescentes se empoderarão, ganharão autonomia e senso de coletividade ao compreender de que forma eles podem buscar, sistematizar e multiplicar seus aprendizados, em um processo de formação de liderança que compreende e respeita as necessidades específicas da comunidade e da cidade, pois parte da percepção dos sujeitos que residem nela.

A proposta é a criação de 20 núcleos de educomunicação dentro de escolas públicas, com uma média de 10 adolescentes participantes. Que participarão de um ciclo de três anos (20123, 2014 e 2015). Estes adolescentes terão encontros quinzenais, no contra-turno escolar, onde terão formações em direito humano à comunicação, educomunicação e produção de conteúdos de comunicação a partir da perspectiva do adolescente e do jovem sobre suas realidades e comunidades. Além de outras atividades de mobilização social.

Ao produzirem sua própria comunicação, a imagem da escola, da comunidade e da cidade também se transformará, ganhando voz e visibilidade não apenas em seu território, mas na sociedade como um todo.

Ao término do projeto espera-se que:

• Ter contribuído para o fortalecimento de uma gestão participativa nas escolas;

• Ter sensibilizado 400 adolescentes para a valorização dos direitos humanos, por meio das atividades de formação educomunicativa;

• Adolescentes e jovens do Mais Educom terem produzido, ao menos, 200 peças/conteúdos de comunicação sobre temas relevantes no universo juvenil e escolar, com potencial de impactar outros atores;

• Adolescentes do Mais Educom sensibilizados para perceber situações de violações de direitos e de oportunidades de reivindicá-los e garanti-los;

1. Apresentação do projeto

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6 Guia Mais Educomunicação

• Adolescentes do Mais Educom terem participado de reuniões, fóruns, conferências, e outras ações destinadas a discutir, monitorar, avaliar ou formular políticas públicas na área da infância, adolescência e juventude;

• Ter realizado 20 ações locais de mobilização social durante o Dia C;

• Ter envolvido diretamente 400 adolescentes nas ações de mobilização do Dia C;

• Ter impactado, indiretamente, 10.000 pessoas, presencial e virtualmente;

• Ter realizado 5 encontros regionais da Renajoc para articulação e planejamento;

• Ter envolvido outras Redes e coletivos nos processos da Renajoc;

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A Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores – Renajoc foi criada em abril de 2008 no I Encontro de Adolescentes e Jovens Comunicador@s promovido pela ONG Viração Educomunicação, que antecedeu a 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude. A Rede já começou com tudo, contribuindo com a Cobertura Jovem que ocorreu durante o evento e, na sequência, criou um Grupo de Trabalho chamado “Mobiliza Rede” para dar continuidade às ações da Rede.

Desde então, a Renajoc participa de ações que buscam unir adolescentes e jovens do Brasil para chamar a atenção para o Direito Humano à Comunicação, fazendo coberturas colaborativas de eventos relevantes para os adolescentes e jovens e integrando debates nacionais sobre adolescência, juventude e comunicação. Foi por isso que a Renajoc criou o “DIA C” – Dia Nacional da Juventude Comunicativa, comemorado em 17 de outubro juntamente fortalecendo o Dia da Democratização da Comunicação.

Em 2012 a Renajoc passou a compor o Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE, onde integra as ações relacionadas às temáticas de juventude e comunicação.

2. Apresentação da Renajoc

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Março a Agosto:Realização de oficinas nas escolas e outras ações de mobilização, a partir de cronograma próprio construído pelas ONGs executoras;

Setembro:Articulações e preparação para o Dia C;

17 de outubro:DIA C – Dia da Juventude Comunicativa;

Abril a Novembro:Realização dos Encontros Regionais, a partir de cronograma próprio construído pelos facilitadores nacionais da Rede;

Novembro:Produção e entrega de relatório final e prestação de contas financeira;

Dezembro:Produção e entrega de Plano de Ação para 2015.

3. Cronograma de ações

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O Programa Mais Educação (Portaria Interministerial nº 17/2007) foi criado como iniciativa do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), com ações efetivas a partir de 2008, visando garantir uma melhor aprendizagem aos alunos e, consequentemente, o aumento dos índices educacionais atuais.

O Mais Educação se caracteriza como um Programa Interministerial envolvendo o Ministério da Educação (MEC) - responsável pelo programa, no âmbito, da Secretaria de Educação Básica; Desenvolvimento Social e Combate a Fome; Ciência e Tecnologia; Esporte; Meio Ambiente; Cultura, além da Secretaria Nacional da Juventude.

A proposta é articular diferentes ações, projetos e programas nos Estados, Distrito Federal e Municípios, em consonância com o projeto pedagógico da escola, ampliando tempo, espaços e oportunidades educativas, através da articulação das políticas setoriais envolvidas e possibilitando a todos o “direito de aprender”.

Para sua implementação nas cidades, o MEC define alguns critérios que devem ser atendidos por municípios3 e também pelas escolas. Desta forma, todos os anos o Ministério lança uma listagem elencando as unidades escolares elegíveis a participar do programa nestas cidades, que são as instituições dadas como prioridades para as ações, ou seja, aquelas que apresentaram IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) abaixo da média nacional.

As escolas participantes recebem recursos complementares para a implantação de uma jornada mínima escolar de sete horas. As atividades para as escolas da área urbana são organizadas em dez macrocampos, com mais de 60 atividades no total. As instituições escolares desenvolvem atividades em pelo menos três entre os dez macrocampos, a saber: Acompanhamento Pedagógico (obrigatório); Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável; Esporte e Lazer; Educação em Direitos Humanos; Cultura, Artes e Educação Patrimonial; Cultura Digital; Prevenção e Promoção da Saúde; Comunicação e Uso de Mídias; Investigação no Campo das Ciências da Natureza e Educação Econômica/Economia Criativa.

A comunicação se apresenta, portanto, com um dos 10 macrocampos que as escolas podem optar para desenvolver atividades visando a promoção da educação integral de seus alunos e aproximação com os saberes comunitários. Neste macrocampo, os estudantes têm a oportunidade participar de atividades de rádio, jornal, fotografia, vídeo e histórias em quadrinhos. O caderno pedagógico do macrocampo “Comunicação e Uso de Mídias” enfatiza os objetivos destas atividades:

Uma nova relação entre educação, educandos e meios de comunicação, que promove o acesso aos veículos de comunicação, estimula a leitura crítica da mídia e a produção de comunicação autêntica por parte dos estudantes. (MEC, 2011, p.5-6).

Crédito: Este texto é parte da pesquisa A comunicação comunitária na promoção da educação integral: a inserção no Programa Mais Educação, realizada por Daniele Próspero, da Universidade de São Paulo.

4. Sobre o Mais Educação

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5. Referencial Teórico

As ações do projeto Mais Educomunicação estão permeadas pelo conceito da Educomunicação. Um campo de intervenção sócio-educativa, que nasce da inter-relação entre os campos da educação e da comunicação e se caracteriza como:

“o conjunto de ações voltadas ao planejamento e implementação de práticas destinadas a criar e desenvolver ecossistemas comunicativos abertos e criativos e, espaços educativos, garantindo, desta forma, crescentes possibilidades de expressão a todos os membros das comunidades educativas1” (SOARES, 2003).

O grande educador Paulo Freire, uma das principais referências teóricas da Educomunicação, nos ensina que a educação só é possível enquanto ação comunicativa, uma vez que, não se trata de pura transmissão de saberes, mas de troca entre sujeitos interlocutores. E ainda que toda comunicação, enquanto produção simbólica, intercâmbio e transmissão de sentidos é, em si, uma ação educativa. Para ele, a comunicação é um componente do processo educativo, muito além do recorte “messiânico tecnológico”. Nesse sentido, a comunicação deixa de ser algo puramente midiático, com função instrumental, e passa a integrar as dinâmicas formativas.

Esse ecossistema comunicativo, de que trata a educomunicação, é caracterizado por uma opção consciente para favorecer o diálogo social, aberto, democrático e criativo, como metodologia de ensino-aprendizagem. A relação dialógica não é dada pela tecnologia adotada, mas pelo tipo de relações estabelecidas.

No seu dia-a-dia, a Viração pratica sua versão de Educomunicação, dialogando com a teoria a partir de experiências concretas. Descobrindo, refletindo e transformando o fazer Educomunicação na prática. Utilizando-se da Educomunicação para fortalecer a participação social e política de adolescentes e jovens, de forma qualificada, autônoma e solidária, pela garantia de seus direitos e pela transformação socioambiental.

Por meio da Educomunicação aprendemos a*:• Organizar e expressar melhor nossas ideias;

• Trabalhar em grupo, porque o produto é resultado de um trabalho coletivo e colaborativo;

• Perguntar e ouvir as pessoas;

• Pesquisar sobre diversos assuntos, pois precisamos divulgar informações que façam diferença para nossos leitores, ouvintes ou espectadores;

• Lidar com o poder, porque temos condições de influenciar outras pessoas;

1 SOARES, Ismar. Educomunicação: o conceito, o profissional e a aplicação. São Paulo: Paulinas, 2011. p.17

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• Desenvolver um olhar crítico-reflexivo, porque descobrimos como outras pessoas podem usar a comunicação para nos influenciar;

• Trabalhar com tecnologias, o que nos ajuda na vida e na profissão que escolhermos.

(* trecho retirado do fascículo: “Eu comunico, tu comunicas, nós educomunicamos”, do “Guia dos Direitos Sexuais e Reprodutivos”, iniciativa: Unicef, Viração, Bom Parto-Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, em parceria com Segurança Humana)

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Mídias e sociedades democráticas O conceito “direito à comunicação” apareceu pela primeira vez na década de 60 e foi se cristalizando em debates promovidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Nos últimos anos, o direito à comunicação passou a ser referência dos movimentos que atuam neste campo. Afirmar esse direito significa dizer que todo ser humano, individual e coletivamente, tem o direito de ser, além de espectador e leitor, produtor de informações. E que tem o direito de fazer circular estas manifestações.

Qual a base para a afirmação deste direito?Hoje, a comunicação assume um papel fundamental nos processos de compreensão do mundo e de como a humanidade se move nele. Seus veículos são o principal espaço de circulação de informação e cultura e alguns dos mais importantes para a referência de valores e formação da opinião pública. A mídia, portanto, é a grande arena em que os projetos de sociedade são disputados. Sendo assim, é democrático e essencial que todas as pessoas tenham o direito de ocupá-la. Se nenhum grupo ou indivíduo pode ser discriminado em seu direito de falar e ser ouvido – assim como de escrever e “ser lido” – pela sociedade, hoje isso significa garantir que os meios de comunicação sejam um espaço sempre plural e diverso, nunca apropriado por interesses privados ou de governo.

Vivemos, no entanto, num cenário em que muito poucos tem condições de ser produtores e difusores de informação. No Brasil, apenas seis redes privadas nacionais de televisão aberta e seus 138 grupos regionais afiliados controlam 667 veículos de comunicação. Seu vasto campo de influência se capilariza por 294 emissoras de televisão VHF que abrangem mais de 90% das emissoras nacionais. Somam-se a elas mais 15 emissoras UHF, 122 emissoras de rádio AM, 184 emissoras FM e 50 jornais diários.

Por outro lado, os principais artigos da Constituição Federal relativos à Comunicação Social permanecem sem regulamentação – entre eles, o que impediria o oligopólio dos meios de comunicação e o que estabelece o princípio da complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal na radiodifusão. O resultado é as emissoras de rádio e televisão serem majoritariamente controladas por empresas comerciais.

6. Princípios: Direito humano à comunicação e Democratização dos meios

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Paralelamente, rádios comunitárias são perseguidas como criminosas e seu processo de legalização é sujeito a regras que impõem rígidos limites. E, mais recentemente, em virtude da tomada de decisão acerca do padrão de TV e Rádio digitais a ser adotado no país, o Governo Federal cedeu às lobbys do setor privado e, ignorando as pesquisas acadêmicas e a possibilidade de desenvolvimento da indústria nacional, abandonou a oportunidade histórica de incluir mais atores na mídia e democratizar as comunicações.

Ou seja, em vez de atuar ativamente para combater as diferenças econômicas, técnicas, sociais e políticas que fazem tão poucos poderem ser produtores e difusores de informação no país, o Estado brasileiro, historicamente, tem ignorado seu papel.

O outro lado desta moeda é que o Brasil também carece, ao mesmo tempo, de um reconhecimento da própria sociedade do direito à comunicação como um direito humano. E, enquanto não for reivindicado como tal, ele seguirá sendo cotidianamente cerceado e violado no Brasil. Há quem acredite na força e qualidade da imprensa brasileira. Mas garantir o direito à comunicação vai além de ter acesso a uma vasta gama de fontes de informações. É preciso que cada cidadão e cidadã possa produzir e veicular conteúdo em condições mínimas de igualdade em relação às demais informações que já circulam pela mídia.

A busca da não discriminação e o fim da desigualdade no acesso aos meios de comunicação constituem, portanto, em uma visão que coloca o foco no interesse público, coletivo, em detrimento dos interesses dos poucos que hoje controlam a mídia no país.

Um dos maiores desafios na luta por um Estado democrático e para a realização plena de uma sociedade justa, sem opressões, é o resgate do ambiente da mídia como espaço público, desprivatizado mediante a inclusão progressiva de todos os atores sociais.

Este texto é da jornalista e membro do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Bia Barbosa.

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Quando falamos de cultura participativa não estamos dizendo que com isso estamos vivendo uma “panacéia participativa”. Para que essa cultura participativa reforçada pela internet e pela Web 2.0 possa produzir frutos ainda mais surpreendentes e não seja apenas relegada ao plano virtual e de fachada, necessitamos aprofundar o conceito e a prática da participação de crianças e adolescentes como um direito garantido na Convenção Internacional dos Direitos da Infância e da Adolescência, aprovada em 20 de novembro de 1989, o tratado sobre Direitos Humanos assinado pelo maior número de países-membros até hoje, 193.

A garantia do direito de participar depende do reconhecimento e da aceitação do fato de que crianças e adolescentes possuem capacidade e estão em condições de ter opinião, parecer crítico e contribuir aos processos de decisão em temas que dizem respeito a eles.

O direito à participação perpassa e é a base de toda a Convenção. Está presente fundamentalmente no artigo 12, que ressalta a importância de se criar espaços de participação real por parte da família, da comunidade e da sociedade em geral. O direito de participação consiste em se garantir a criança e adolescentes:

• com a capacidade de discernimento

• o direito de exprimir-se livremente

• sobre as questões que lhe respeitem,

• sendo devidamente levadas em consideração as opiniões de crianças e adolescentes,

• de acordo com a sua idade e maturidade.

O direito de participar também está contemplado em outros relevantes artigos da Convenção. No artigo 13, quando aborda a liberdade de expressão, diz que criança e adolescente têm o direito de exprimir os seus pontos de vista, obter informações, dar a conhecer ideias e informações, sem considerações de fronteiras. No artigo 14, quando fala da liberdade de pensamento e consciência, ressalta que o Estado deve respeitar o direito da criança e do adolescente à liberdade de pensamento, consciência e religião, no respeito pelo papel de orientação dos pais. No artigo 15, que defende a liberdade de livre associação e reunião de crianças e adolescentes. E no artigo 17, quando aborda o acesso às informações. O Estado deve garantir à criança e ao adolescente o acesso a uma informação e a materiais provenientes de fontes diversas, e encorajar os meios de comunicação a difundir informação que seja de interesse social e cultural para crianças e

7. Princípios: Direito à participação

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adolescentes. Além disso, o Estado deve tomar medidas para proteger a criança contra materiais prejudiciais ao seu bem-estar.

Esse direito está intimamente ligado ao exercício pleno da cidadania, tal como é entendida por Martín-Barbero. Para o autor, “a cidadania está ligada ao direito de informar e ser informado, de falar e ser ouvido, imprescindível para poder participar das decisões que dizem respeito à coletividade”. Hoje, “uma das formas mais flagrantes de exclusão cidadã” está exatamente “em não possuir o direito de ser visto e ouvido, o que equivale ao direito de existir/contar socialmente, tanto no terreno do individual como do coletivo”.

(Este texto é de Paulo Lima, fundador da Viração, trecho preliminar de uma publicação sobre os 10 anos da organização)

A Política NacionalUm dos eixos da Política Nacional dos Direitos Humanos de Crianças e

Adolescentes é a participação d. Que tem a seguinte diretriz:

“Fomento de estratégias e mecanismos que facilitem a expressão livre de crianças e adolescentes sobre os assuntos a eles relacionados e sua participação organizada, considerando sua condição peculiar de pessoas em desenvolvimento.”

E o seguinte objetivo estratégico:

“Promover a participação de crianças e adolescentes nos espaços de convivência e de construção da cidadania, inclusive nos processos de formulação, deliberação, monitoramento e avaliação das políticas públicas.”

O texto abaixo foi retirado do documento: Construindo a Política Nacional dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes e o Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes2011 – 2020 – Documento Preliminar para Consulta Pública. construído pela Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescecente e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O ECA garante ao cidadão criança e adolescente o direito de se expressar e opinar, bem como de participar diretamente das decisões importantes de sua comunidade, cidade, estado e país. Esse direito está em consonância com o documento Um mundo para as crianças (ONU, 2002).

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A trajetória brasileira aponta que a participação política de crianças e adolescentes é muito recente, em especial pelo “jejum” imposto durante a ditadura militar. Mas a redemocratização trouxe novas perspectivas e o cenário

nacional tem sido marcado por momentos significativos, a exemplo da mobilização dos meninos e das meninas em situação de rua ao final dos anos 80 e do processo de impeachment do presidente Collor e de conquista das liberdades democráticas com os adolescentes e jovens chamados de “caras pintadas”. O ambiente de Internet e os avanços da telefonia móvel têm gerado também novos dispositivos de comunicação on-line e em redes sociais que intensificaram as possibilidades de acesso à informação e de interatividade.

Todavia, na contemporaneidade a mídia de massa e os apelos da sociedade de consumo têm seduzido as crianças e os adolescentes a uma apatia cívica.

Também o isolamento social nas cidades, em áreas fechadas a uma circulação

mais ampla, tais como condomínios, escolas e shoppings impedem a necessária convivência comunitária intra e inter geracional.

Por outro lado, também se coloca o desafio de superar visões adultocêntricas

acerca da participação infanto-adolescente. Isto porque é comum que as escolas, as entidades de atendimento ou, de modo geral, os projetos que têm como finalidade a inserção de crianças e adolescentes não proporcionem experiências de autonomia e tratem esses segmentos apenas como “usuários”. Em outras experiências, eles são convocados a legitimar formalidades de “protagonismo”, em espaços meramente “lúdicos” ou segregados, em que se demarcam de forma preconceituosa os distintos universos, de adultos e de crianças e adolescentes. Também é comum a emergências de “mini-adultos”, apartados de seus grupos geracionais.

Nos últimos anos, contudo, várias iniciativas participativas vêm sendo desenvolvidas, como as que organizam adolescentes para incidirem no Orçamento Criança, resultando em conquistas e na fiscalização da sua execução. Sua participação em fóruns de entidades não governamentais, como o Fórum DCA ou espaços associativos, como a ABPMP, torna-se cada vez mais expressiva. Outro exemplo de tais iniciativas é o Relatório ‘participativo’ da sociedade civil sobre os direitos da criança no Brasil, publicado pela ANCED – Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (2009), tendo como autores crianças e adolescentes de sete estados brasileiros. Um total de 23 entidades e movimentos contribuíram na escuta de 404 pessoas, entre crianças e adolescentes com deficiência, afrodescendentes, indígenas, residentes em áreas de conflito armado, ex-abrigados, trabalhadores e sem-terrinhas.

Vale destacar que o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil

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incorporou o protagonismo infanto-juvenil como um dos seus seis eixos, a promoção da participação de crianças e adolescentes pela defesa de seus direitos, bem como no monitoramento da execução desse Plano. No III Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual realizado no Brasil em 2008, mais de 280 adolescentes participaram, representando os 5 continentes. Uma delegação de adolescentes brasileiros contemplou a diversidade do grupo etário no país, incluindo aqueles oriundos de centros urbanos, área rural, comunidades quilombolas e indígenas, entre outros.

Por final, ressalte-se que o processo da 7ª Conferência foi um marco histórico ao assegurar aos adolescentes, pela primeira vez, a condição de delegados, naquela que foi a primeira conferência de caráter deliberativo. Na 8ª Conferência essa delegação representou um 1/3 do total de delegados.

(Este texto foi retirado do Plano Decenal DCA - Eixo de Participação)

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Objetivos Específicos Atividades Principais

1) Promover formação em 20 escolas públicas das 5 regiões do Brasil para a produção de conteúdos mi-diáticos pelos próprios adolescentes e jovens, sobre as temáticas referentes às pautas políticas que dizem respeito ao mundo da educação, da comunicação e outros do universo juvenil;

Ciclo de 10 oficinas em comunicação e humanidades, com adolescentes e jovens das 20 escolas;

Produção de mídias escolares e comunitária sobre temas referentes às pautas políticas que dizem respeito ao mundo da educação, da comunicação e outros do universo juvenil;

Processo de avaliação final das ações, em cada escola;

2) Fortalecer a participação política de adolescentes e jovens nos espaços de monitoramento, discussão e formulação das políticas públicas da infância, adoles-cência e juventude;

Oficinas sobre participação e política;

Produção de mídias escolares e comunitária sobre temas referentes às pautas políticas que dizem respeito ao mundo da educação, da comunicação e outros do universo juvenil;

Cobertura educomunicativa de atividades realizadas nos espaços de discussão e formulação de políticas públicas;

3) Promover atividades de mobilização local e em nível nacional em 20 cidades das 5 regiões em torno do Dia Nacional da Juventude Comunicativa, instituí-do pela Renajoc, 17 de outubro);

Oficinas preparatórias para o Dia C;

Mapeamento e divulgação das ações do Dia C;

Realização de intervenções locais, no Dia C;

4) Promover a interação, em nível local e nacional, com outras redes e articulações de adolescentes e jovens de todo o País, como a dos adolescentes pelo esporte seguro e inclusivo, a dos indígenas e quilombolas.

Planejamento e articulação para a realização dos Encontros;

Encontros regionais da Renajoc;

Processo de sistematização e avaliação dos Encontros;

8. Plano de ação

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9. Roteiro das Oficinas

O cronograma de formação do Mais Educomunicação é composto por um conjunto de onze oficinas. Propomos um roteiro padrão para todas as turmas com seis oficinas que tratam de temas mais gerais ligados ao direito humano à comunicação, aos direitos dos adolescentes e jovens e introdução ao jornalismo colaborativo. Outras quatro oficinas de linguagens, ficarão a critério do educador. Uma última oficina diz respeito à avaliação e ao encerramento das ações.

Parte destas oficinas está relacionada às mobilizações do Dia C, que devem ser planejadas, produzidas e realizadas junto com os estudantes.

A seguir, algumas propostas de roteiros de oficinas, que devem ser adaptadas de acordo com a realidade local, os interesses e as habilidades dos grupos e educadores.

Lembre-se de incentivar os participantes a produzirem, durante e depois das oficinas, conteúdos para serem publicados na Revista Viração e no site da Agência Jovem de Notícias. E nem de incentivá-los a participar de espaços públicos de decisão e acompanhamento das políticas que dialoguem com as agendas da adolescência, tais como educação, cultura, direitos humanos, etc.

Oficina de Acolhida

Na chegada (Produção de crachá + Habilidade / Tema de interesse).

Acolhida e apresentação

• Dinâmica de abertura quebra-gelo (a escolha do educador)

• Apresentar os educadores e o projeto

• Apresentação dos jovens se dará por meio de entrevistas entre as duplas. Para isso, primeiro cria-se um roteiro coletivo de entrevista, levantando com o grupo o que eles gostariam de saber uns dos outros. Em seguida formam-se duplas entre os jovens e eles se entrevistam entre si. Quando terminarem as entrevistas, voltam para o grande grupo e um jovem apresenta o outro.

Intervalo

Criar mural das expectativas

• Cada jovem recebe uma ou duas tarjetas para escrever o que espera do projeto. Depois os educadores podem fazer uma leitura rápida e alinhar as expectativas com os objetivos do projeto.

Acordo coletivo de convivência

• Debate amplo sobre os acordos / regras de convívio do grupo. O educador deve estimular o grupo a levantar essas propostas de acordo, anotar tudo num painel e depois, simbolicamente, convidar todos a assinar o acordo coletivo.

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20 Guia Mais Educomunicação

Oficina de Direito Humano à comunicação

Acolhida: dinâmica do bombom

• Cada jovem deve esticar o braço esquerdo com a mão aberta, onde o/a educador/a coloca um bombom ou bala sem papel. A instrução é que eles coloquem o bombom na boca sem dobrar a mão de modo algum. Depois provoca-se o grupo a fazer relação desse exercício com aspectos do dia a dia, ajudando-os a trazer questões sobre competitividade, individualismo, cooperação, solidariedade, etc.

Mural de ideias

• Sem introduzir nada sobre o tema, os educadores convidam os jovens a escreverem numa tarjeta o que entendem por Direitos Humanos. A ideia é estimulá-los a pensar sobre o assunto e levantar dados para que a discussão possa partir da experiência deles. As tarjetas podem ser coladas na parede ou lousa, formando um mural que pode ser consultada pelo grupo.

Conceituação:

https://www.youtube.com/watch?v=Ka9Y7QY2zTM (30 min)

A partir das ideias do mural, discutir com o grupo alguns conceitos e contextos sobre os DH. Provocar sobre quais são os direitos e ressaltar a comunicação nesse lugar de DH. O vídeo pode ser colocado antes para estimular o debate ou depois para aprofundar os aspectos discutidos com o grupo.

Questões importantes para falar: Como e porque nasce a Declaração Universal dos DH. Conceito de DH (http://conceito.de/direitos-humanos). Universalidade (inerente a toda pessoa humana, independente de raça, religião, classe social, gênero, etc.), Indivisibilidade (Os DH devem ser considerados de forma integral, não isolada, já que todos eles são importantes), Interdependência (Os DH estão relacionados uns aos outros e um pode levar a outros).

Intervalo

O que significa dizer que comunicação é um direito.

Retomar a oficina com o vídeo Levante sua voz do Intervozes: http://www.youtube.com/watch?v=KgCX2ONf6BU

Debate a partir do vídeo

Ajudar o grupo a refletir sobre os principais aspectos do vídeo, principalmente o que se refere ao cenário de concentração dos meios de comunicação e os impactos políticos e sociais que isso representa na sociedade brasileira. As ideias principais do debate podem ser anotadas em um mural para servirem de consulta na atividade da próxima oficina.

Perguntas para animar o debate:

• O que mais chamou atenção no vídeo?

• Os meios de comunicação influenciam o comportamento das pessoas? Como isso acontece?

• Que tipo de valores os meios de comunicação transmitem/reforçam?

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• Em relação à juventude, como ela é representada nos meios de comunicação? A imagem do jovem na mídia corresponde à realidade que vocês vivem?

• Que impactos a concentração dos meios de comunicação podem ter na sociedade?

• De que forma podemos lidar com essa situação e buscar construir novos cenários da comunicação?

Encerramento

Para casa

Que notícia eu gostaria de ler, ouvir ou assistir? (20 min)

Para consulta

http://www.dhnet.org.br/direitos/index.html

Por uma concepção multicultural dos DH (Boa Ventura) http://www.scielo.br/pdf/ln/n39/a07n39.pdf

Oficina O que é ser adolescente e jovem?

Dinâmica de acolhida

Introdução ao tema: O que é? Como é? Ser adolescente e jovem

Dinâmica do Sim e do Não: Construir frases afirmativas sobre: a) adolescência e juventude (idade) b) etapa problemática c) fase preparatória d) ator estratégico do desenvolvimento e) sujeito de direitos. Sugestões:

‘Identifico-me como adolescente e não como jovem’

‘Adolescentes e jovens vivem um momento da vida muito problemática. Eles costumam ser rebeldes, irresponsáveis, imaturos, inconsequentes. A maioria se envolve com drogas, podem ser violentos, consumistas e alienados. No geral, dão muito trabalho para os pais, professores, autoridades. ’

‘Adolescentes e jovens estão num momento de desenvolvimento e preparação para a fase adulta da vida. Essa etapa da vida é basicamente marcada pela preparação para o mundo trabalho e para constituir família própria. Eles são o futuro do nosso país.’

‘Adolescentes e jovens são dinâmicos, cheios de energia e criatividade. São, por natureza revolucionários e podem, portanto, transformar nosso país, tornando-o justo e próspero’.

‘Adolescentes e jovens são sujeitos de direitos. O que significa dizer que são que podem e devem participar do processo político e histórico no qual estão inseridos. Eles vivem um momento peculiar de desenvolvimento e construção de autonomia.’

Discussões em grupos

Separar em 3 grupos: cada um vai desenhar o contorno de um corpo e a partir da

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discussão do grupo sobre o que é ser jovem e adolescente, como eles veem e vivem essa fase da vida, fazer colagens, frases e pinturas.

Intervalo

Apresentação e discussão dos trabalhos

Encerramento

Se houver tempo aqui, pode-se fazer uma espécie de enquete com os jovens, comparando as respostas deles com a da pesquisa nacional Perfil da Juventude Brasileira. Seria interessante destacar apenas algumas perguntas como: Quais as melhores coisas de ser jovem? Quais as piores coisas? O jovem pode mudar o mundo? Quais as principais preocupações dos jovens? Quais os sonhos dos jovens? Etc.

Vídeo para o início ou para o final do debate em grupos.

http://www.youtube.com/watch?v=9H-D5KJ0BZ0

http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n05-06/n05-06a04.pdf

Oficina Redação e cobertura jornalística

Dinâmica de abertura

Introdução ao tema: Gêneros jornalísticos

Explicar que assim como na literatura os textos jornalísticos também são classificados em gêneros (ou seja, conjunto de textos que possuem características semelhantes). No jornalismo existem dois principais gêneros: opinativo e informativo. Pode-se dar recortes de textos para os jovens para que eles leiam brevemente e tentem classificar. Depois apresenta-se, brevemente, os principais subgêneros:

Informativo (reportagem, notícia, entrevista) Opinativo (crônica, artigo, editorial) Editorias

Refletir com o grupo a importância de identificarmos as diferenças dos gêneros, para fazer uma leitura crítica dos meios. Também é preciso dizer que os conteúdos informativos não são neutros. A verdade é sempre contata a partir de uma visão de mundo e isso, no jornalismo, se expressa na escolha de fontes, termos, hierarquização da informação, etc. A diferença é que um texto informativo é objetivo e não quer influenciar diretamente a opinião do leitor.

Intervalo

Dinâmica da Chapeuzinho Vermelho

A partir daqui a oficina se concentrará na produção de texto informativo.

Explicar o conceito de pirâmide invertida.

Modelo copiado do jornalismo estadunidense. Pensando em otimizar o tempo de leitura,

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ao contrário do que acontece na literatura tradicional, o texto jornalístico traz para o início as informações mais importantes. Num romance, por exemplo, o desfecho da história, quem morre, a prisão do vilão, o casamento dos mocinhos, sempre acontece no final. No jornalismo, as informações mais relevantes têm que aparecer no primeiro e segundo parágrafos, no que chamamos de lead.

Lead é uma expressão em inglês que significa o que vem à frente. É um grupo de perguntas que devem ser respondidas ao leitor, já no começo do texto. Juntas elas compõem as informações fundamentais para o leitor saiba as informações mais importantes do fato noticiado. Não há ordem para responder as perguntas. O que? Quem? Onde? Quando? Como? Por que?

Pesquisas mostram que a maioria dos leitores abandonam o texto depois de ler título, linha fina e lead. Sendo assim, o escritor tem dois desafios:1. Fazer um texto que seduza e convença o leitor a ir até o final. 2. Fazer um bom lead para, caso o leitor abandone o texto, ele tenha informações suficientes sobre o fato noticiado.

Pode – se fazer o exercício de construir coletivamente um lead sobre alguma notícia do dia ou dar um texto para que os jovens leiam e identifique as questões do lead.

Mostrar a estrutura de um texto informativo, a partir do desenho de um boneco

Exercício de redação

Escrever uma notícia sobre a história da chapeuzinho, considerando que ela seja um FATO. Reforçar que não é para reescrever o conto é pra transformá-la em um lead. (Em grupos mistos ou duplas)

Apresentação + debate + leitura do texto chapeuzinho na imprensa

Oficina Mapeando os Direitos

A ideia é potencializar o sentido de pertencer a comunidade e observar quais os diretos da criança e do adolescente são garantidos ouviolados no bairro.

ECA + olhar a comunidade (produção)

Conhecer a região

Acolhida

Conhecendo a região

Conseguir um mapa da região onde o grupo atua e convidar cada jovem a desenhar o mapa do percurso deles na comunidade, aprontando os espaços mais significantes e o porque.

Explorando a comunidade

Convidar o grupo para um passeio pela comunidade a partir do mapa construído por eles. Pedir para que eles observem quais os serviços públicos existem lá e tirar fotos desses espaços, vale tudo nesse passeio, pode entrevistar e produzir um jornal mural, fanzine, foto legenda sobre os espaços de direitos na comunidade, etc.

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Encerramento

Os jovens podem partilhar como foi a exploração pela comunidade.

Oficina Preparação do Dia C - Dia da juventude comunicativa

Você já parou pra pensar quanto à comunicação é importante em nossas vidas? Afetando diretamente nosso modo de pensar, agir, hábitos alimentares e moda, e a maneira como vemos o mundo? É preciso refletir sobre essas perguntas e tentar buscar as respostas.

Para isso, a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicador@s – RENAJOC, realiza junto com um conjunto de organizações, em 17 de outubro, o Dia Nacional da Juventude Comunicativa ou Dia C. A data foi criada em 2009 como parte do processo de participação de adolescentes e jovens na Conferência Nacional de Comunicação. Desde então, esse é o momento em que a sociedade civil, em especial adolescentes e jovens, mostram sua cara e realizam diversas atividades de mobilização, articulação e proposição pelo direito humano à comunicação, não apenas para ter acesso, mas também disseminar conteúdos produzidos por pessoas e comunidades. É preciso democratizar os meios de comunicação e para garantir uma verdadeira democracia ao país.

A proposta dessa oficina é estimular a produção de idéias, opiniões, propostas para ação do dia C.

É importante levar diversas matérias falando sobre ações anteriores do dia C.

Chuva de ideias

O facilitador distribui em media 5 tarjetas para cada participante, pincel atômico (cores fortes), 1 por participantes, fita crepe .algumas tarjetas de cor diferenciada para colocar títulos). O facilitador inicia o procedimento explicando as regras para escrita na tarjeta (Procurar escreve com letra legível e grande para visualização de todos os participantes),o numero de tarjetas e pelo numero de perguntas, ao fazer a pergunta é importante da um tempo para todos responderem, recolher as tarjetas misturando. Em conjunto todos os participantes, iniciar a leitura e organização das idéias.

E importante antes de desenvolver a oficina pensar nas perguntas norteadoras para montar o Dia C

Importante!

Levantar o que precisa para dia

Dividir tarefas

Produzir material divulgação

Pensar a Mobilização e divulgar

Precisa de ajuda e ideias? Acesse o Manual do DIA C: http://bit.ly/manualdiac

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Por dentro dos direitos: o ECA!

Acolhida: uma dinâmica de quebra-gelo

Sensibilizando:

Construção coletiva da história de um personagem. O educador convida o grupo a construir uma história, para isso precisaremos pensar no nosso personagem. A única exigência é que seja criança ou adolescente. Vamos lá: é menino ou menina? Qual o nome? Onde mora? É negro, branco, indígena? Tem quantos anos, tem pai e mãe, tem irmãos, do que gosta. Se alguém quiser, pode construir o desenho desse personagem. E depois vamos pensar em como ele/a vive: vai a escola? Trabalha? Como é o lugar onde mora? Como é a relação com a família? Etc.

Depois, o desafio do educador é pensar em aspectos de garantia e violação de direitos nessa história. Por exemplo, o personagem não ia a escola, discute-se isso. Se ia, também se discute: ir a escola é um direito, porque? Todas as crianças e adolescentes têm esse direito garantido? Por que não? Evita-se usar exemplos de pessoas da turma. A ideia é ter uma história a partir da qual se possa sensibilizar o olhar para os direitos e deveres dos adolescentes e também sobre as violações que existirem.

Conhecendo:

O educador explica a existência de uma lei específica sobre os direitos de crianças e adolescentes. Pode-se começar perguntando ao grupo, quem conhecem ou o que sabem sobre o ECA.

É interessante explicar o que é o ECA, como ele surge, sua importância etc.

Em seguida dividi-se a turma em subgrupos. Cada um deve ter uma cópia do ECA. Eles deverão procurar e discutir o que o ECA diz sobre determinados direitos. Se for possível relacionar os direitos que surgiram na história anterior, caso contrário, escolha alguns dos direitos: convivência familiar, proteção, saúde, educação, esporte e lazer e tal.

Cada grupo deve encontrar uma forma lúdica de apresentar o que discutiu: teatro, música, cartaz, etc.

Após a apresentação é importante o educador falar sobre como acessar o sistema de garantia de direitos e, se possível, trazer casos recentes de repercussão da mídia (se possível no município) para aproximá-los de situações reais.

Participação

Sensibilizando:

Começar o encontro com a dinâmica “fotografia humana”:

O educador convida dois ou mais participantes voluntários e cria (moldando suas posturas corporais) uma cena de violação de direito (ex.: um policial agredindo um manifestante; ou uma mulher sendo submissa ao homem). Não deve falar para a turma do que se trata. Os participantes devem ficar em cena congelada. Em seguida, o

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educador pede para que a turma observe a cena, identifique o caso e proponha uma solução ao problema. Atenção: a/o jovem que propor a mudança deverá alterar de alguma forma a cena, modificando a postura do colega e se incorporando à cena. A ideia é que faça só uma mudança pontual e não altere a cena por completo, para que outros possam participar (por isso o educador deve pensar na complexidade da cena criada). O exercício se repete até que a cena se transforme em alguma situação de garantia de direito, amizade, solidariedade, etc.

Após a dinâmica, discutir com os jovens o conceito de participação, a possibilidade de intervir na realidade e a importância de ouvir opiniões diferentes e chegar a uma solução de forma coletiva. Com isso, levantar com eles os espaços de convivência possíveis de participação (na família, comunidade, na escola, igreja). É importante pedir para eles relatarem essas experiências.

Dando continuidade, leve a discussão para os espaços públicos da cidade (conselhos, prefeitura, câmara municipal, conferências). Questione se eles sabem como acessar esses locais e se conhecem leis e projetos conquistados por meio da participação da sociedade.

É importante falar sobre as diferentes formas de participação existentes no nosso país. Quais são? Quais são suas potências e as limitações? De que outras formas gostaríamos de participar da vida pública? É legal falar sobre exemplos recentes como a lei da Ficha Limpa, as jornadas de junho e a derrubada do aumento das tarifas, etc. Também sempre problematizar questões relacionadas aos espaços (ou falta deles) de participação do adolescente.

Se houver tempo, pode-se separar em grupos para que cada um produza uma mídia sobre participação de adolescentes: fanzine, mural, spot...

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10. Como se faz!

Separamos diversos manuais publicados na seção ‘Como se faz’, da revista Viração, sobre a produção de diferentes mídias, estratégias em comunicação e intervenção. Aproveite, escolha aquelas com as quais se identifica e trabalhe com os adolescentes do projeto.

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Jornal humano ambulante

Um jeito animado, interativo e criativo de coletar opiniões

Elisangela Nunes Cordeiro, da Redação

O Jornal Mural Ambulante, ou Jornal Humano Ambulante, foi uma ideia que a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (Renajoc) teve durante a cobertura da 2ª Conferencia Nacional de Juventude, que aconteceu em Brasília, em dezembro de 2011. Os jovens se inspiraram nos homens-placa, profissionais que vestem anúncios diversos e circulam nos centros de grandes cidades.

Em uma reunião de pauta, um dos jovens sugere: “Que tal sair pela conferência de homem placa com uma pergunta? Vamos nos vestir em um papel craft”. Os mais tímidos usaram máscaras, também feitas de craft, para sair circulando com canetões em mãos.

A intervenção chamou a atenção e passou a ser replicada em outros eventos e contextos. Com ele, foi possível a produção rápida de uma matéria e contou com a participação dos jovens presentes na conferência, que responderam perguntas como: “O que é ser jovem?”, “O que você traz na mala?”.

O grupo sempre escolhia o horário do almoço para a atividade. Era nesse momento que os jovens deixavam sua opinião em diferentes formatos: poesias, frases, palavras, desenhos... Saiba como produzir um jornal humano ambulante para você coletar opiniões na sua escola e em outros locais!

Passo a passo

1. Começando: Recrute amigos que possam colaborar e fazer a discussão do tema de interesse do grupo.

2. Pensando a temática: Elabore uma pergunta, de forma clara e direta. Pense qual será a utilidade do jornal ambulante e a quem vai se destinar. Isso é importante para elaboração da pergunta.

3. Produção da arte: Recorte o papel craft ou cartolina em formato de uma grande camiseta. Pegue um bom pedaço do papel, dobre-o ao meio e recorte uma gola, por onde vai passar sua cabeça. É importante tirar a medida nas pessoas que forem vestir. Você pode ainda decorar sua camiseta de craft com desenhos e colagens. A pergunta pode ser escrita a mão ou colada, com letras recortadas de jornais e revistas. Lembre-se de deixar espaço para as pessoas responderem.

4. Hora da intervenção: Defina com o grupo o local e o melhor horário para circular com jornal humano em lugares públicos como praças, escolas, estações de trens, aeroporto, rodoviárias ou eventos. É importante sempre pensar a pergunta relacionada ao público.

5. O contato: Na hora da intervenção busque interagir com as pessoas para que elas possam convidar seus amigos a participar

6. Finalização: Ao final digite as respostas e publique-as com fotos da atividade no seu facebook, blog ou fanzine!

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Jornal mural

Veículo de visibilidade, o Jornal Mural pode ser alternativa para uma escola melhor

Juliana Araújo, Jumara Araújo, Roseline Silva e Verônica Muniz, do Virajovem Salvador (BA), com a colaboração da Redação e do Guia de Educomunicação da Viração

Instrumento de comunicação rápida e imediata, o jornal mural atende a um grande número de pessoas por ser um veículo exposto em locais estratégicos. Eficiente em escolas, informa de modo rápido e prático sobre agendas culturais, datas comemorativas, vagas de estágio e emprego etc. O seu diferencial está na visibilidade que dá às informações, que ficam expostas num mural, em locais de grande circulação, justamente para que muitos possam ter acesso ao seu conteúdo.

Nas escolas, o jornal mural é feito para chamar a atenção de estudantes e professores sobre o que se passa no ambiente escolar. Pode ser utilizado por educadores como forma de estimular a leitura e a produção de texto. Sem contar que também incentiva o debate sobre diversos assuntos, quando permite a participação de todos.

Participação Um dos desafios de qualquer veículo de comunicação, e não apenas do jornal mural, é promover a participação de seus leitores, de forma que eles também possam produzir notícias. Nesse sentido, uma simples caixa ao lado do jornal convidando à participação pode atrair a atenção do leitor e incentivá-lo a também colaborar com opiniões, poesias, ilustrações e informações de

utilidade pública.

Passo a passo

1. Defina uma equipe: recrute amigos que possam colaborar com ideias e conteúdo. Procure chamar pessoas que curtam escrever, desenhar, fotografar, recortar e colar. Essa diversidade é fundamental para que o jornal mural seja rico em conteúdo e visualmente bonito.

2. Pensar no objetivos: pense em conjunto sobre a utilidade do seu jornal mural. Para quê ele serve? A quem se destina? Sobre o que vai tratar?

3. Pensar no formato: pode-se fazer jornal mural de vários materiais, como cortiça madeira, papel, tela de galinheiro. Pode ainda ter diversas cores e tamanhos.

4. Processo de Produção: como em qualquer veículo, o jornal mural segue alguns passos como reunião de pauta, apuração, redação, elaboração de layout (organização dos conteúdos no espaço do jornal mural), edição, revisão, fechamento e divulgação.

5. Fechamento: em conjunto, escolham pessoas no grupo responsáveis pela revisão e edição dos conteúdos, e fixe-os no mural apenas depois que tudo tiver sido corrigido.

6. Lembre-se da acessibilidade: o jornal deve ficar numa altura que todos possam ler, inclusive os cadeirantes. As letras dos textos devem ser maiores que a de um veículo impresso, para garantir que todos leiam de uma distância razoável.

7. Apelos visuais: é importante lembrar que o jornal mural precisa chamar a atenção das pessoas que passam por ele diariamente. Isso significa que você deve ser criativo, usar e abusar de desenhos, imagens e colagens.

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Fanpage

Divulgue seu projeto, criando uma página nas redes sociais

Maria do Socorro Costa, do Virajovem São Luís (MA)

As fanpages, ou apenas páginas, são espaços nas redes sociais, como o Facebook, destinados a empresas e organizações. Nelas não há limite para números de amigos, como nos perfis. O interessante é que elas apresentam um sistema de monitoramento sobre o número de pessoas que curtem a página, posts mais curtidos e seu potencial para marketing viral. Gráficos e outras informações são apresentados em forma de relatório, que mostra como está a situação da página, dando indicadores relacionados ao alcance por região e países, e a quantidade de pessoas que falam sobre suas postagens.

Na página também é possível curtir outras páginas, realizar posts, enquetes, enviar mensagens, criar eventos. É possível ainda promovê-la por meio de anúncios pagos.

Embora a página (fanpage) seja indicada para organizações, há pessoas que a utilizam para divulgação de seus trabalhos, geralmente artistas (atores, músicos, bandas). Para criá-la é necessário já ter um perfil no Facebook. Confira como fazer uma fanpage para os seus projetos!

Passo a passo

1. Abra a página do Facebook com o e-mail da organização ou outro que queira usar. Abaixo do formulário de cadastro, escolha a opção “criar página” ou “criar fanpage”;

2. Depois você escolhe a classificação de sua página. Após a escolha, serão solicitadas informações sobre o seu empreendimento, causa, comunidade, banda ou outro projeto. Preencha as informações solicitadas, leia e marque que aceita os termos, e clique em começar;

3. Dê as informações solicitadas de e-mail e crie uma senha. Transcreva o código de segurança, marque que aceita os termos de uso e a política de privacidade;

4. Clique na opção “Entre já”. Depois entre no seu e-mail e confirme seu endereço por meio da mensagem de confirmação enviada pelo Facebook;

5. Clique no link da mensagem de confirmação;

6. Você será direcionado para configurar sua página em três passos: incluir foto de perfil, informações sobre a organização, projeto ou causa que deseja divulgar e o último para habilitar anúncio ou pular;

7. Após habilitar ou pular, você será direcionado para o painel administrativo. Sua página já foi criada! Agora basta postar mais informações e convidar amigos para curtir a página. Caso queira incluir outros administradores, convide as pessoas primeiro para curtir, depois vá à opção “Editar página”, “Cargos administrativos”. Digite o e-mail da pessoa no espaço destinado e salve.

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Fanzine

Na primeira edição de Como se faz, saiba o que é e para que serve um fanzine

Andresa Carvalho, Juliana Araújo e Jumara Araújo, do Virajovem Salvador (BA), e Bruno Ferreira da Redação

A palavra “fanzine” surgiu da junção das palavras inglesas fanatic (fã) e magazine (revista). Essa expressão foi usada pela primeira vez em 1941 por Russ Chauvenet, para designar as publicações alternativas que surgiam nos Estados Unidos, com textos de ficção científica e curiosidades.

O fanzine consagrou-se como uma publicação relacionada às artes: cinema, música, quadrinhos, poesia, literatura, entre outras. Graças à popularização da informação e ao baixo custo de reprodução, hoje os fanzines proliferam e têm sido cada vez mais um veículo de comunicação alternativo ideal para aqueles que não têm acesso à grande imprensa. No Brasil, desde a década de 1980 até hoje, os “zines” (como também são chamados) são mais usados pelos movimentos Punk e Anarquista.

O fanzine na educação A utilização do fanzine na sala de aula é como uma nova ferramenta de ensino e aprendizagem para a produção de textos. Sua livre expressão desperta nos estudantes o interesse em exercer um papel na sociedade.

Propor aos estudantes a produção de texto em uma situação em que a escrita cumpra sua função social é um desafio para o educador. É importante tornar público o texto dos estudantes. O resultado final do processo de trabalho é: comunicar, desenvolver, convencer, explicar, ou seja, fazer com que o texto seja lido.

Um fanzine é um veiculo simples de ser feito, com um baixíssimo custo de produção e um forte potencial de comunicação. O estudante que aprende a produzir um fanzine aprenderá a se expressar não apenas para a comunidade escolar como um todo, mas também para a comunidade extraescolar.

Passo a passo

1. Definir tema: é importante, antes de mais nada, saber sobre o que vai tratar o seu fanzine, para depois definir de que forma o tema será trabalhado.

2. Definir conteúdo: o fanzine pode ser informativo, com entrevistas, textos e gráficos. Para isso, é necessário fazer pesquisas e conversar com pessoas. Mas você pode dar preferência a desenhos, histórias em quadrinhos e fotos.

3. Definir o visual: seu fanzine pode ser como uma revista, com várias páginas, ou em formatos mais simples, com uma folha de sulfite dobrada ao meio, para ser uma espécie de folheto de quatro páginas. Pode ainda ter um formato mais criativo, com dobras diferentes.

4. Diagramação: é a hora de organizar o conteúdo! Isso pode ser feito de modo artesanal, com recorte, colagem e textos escritos à mão, ou no computador, em programas de edição de imagens como o Photoshop.

5. Reprodução: os fanzines geralmente são xerocados em preto e branco. A ideia é que muitas pessoas tenham contato com o seu trabalho sem que você gaste muito!

6. Distribuição: ofereça ou venda o seu fanzine a baixo custo.

7. Conheça outros fanzines: procure trabalhos de outros zineiros para aprimorar suas técnicas!

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Estêncil

Expresse suas ideias nas ruas e em camisetas

Rones Maciel, Virajovem de Fortaleza (CE)

Preto e branco ou colorido, ele toma parte da cidade, seja em muros, paredes ou nas camisetas como uma forma de manifestação popular. O estêncil (do inglês stencil) é uma técnica usada para aplicar um desenho ou ilustração que pode representar números, letras, símbolos ou qualquer outra forma ou imagem figurativa ou abstrata, através da aplicação de tinta aerossol (spray) por meio do corte ou perfuração do desenho em papel ou acetato. Ele também é uma forma muito popular de graffiti, de aplicação rápida e simples.

A produção de um estêncil pode ser um momento muito divertido. Além de integrar a galera, possibilita troca de experiência, exposição de ideias, criação. Mas, quem ainda é criança ou adolescente é necessário pedir auxílio de uma pessoal adulta para ajudar no uso de materiais cortantes como tesoura e estilete, e até mesmo da tinta em aerossol, que se for inalada por causar problemas de saúde.

Um pouco de história Com o surgimento do movimento Hippie nos anos 1960, nos Estados Unidos, países do terceiro mundo, não só passaram a se utilizar da lata de tinta spray para reparos domésticos, mas também para expressar palavras de ordem em oposição à situação política vigente em seus países, em manifestações de rua.

O spray também chega ao Brasil na mesma década e passa a ser empregado como mais um material para a propagação de palavras de ordem nas principais cidades, anunciando o possível golpe de Estado que estaria por vir, retroagindo politicamente e violando as liberdades democráticas.

Passo a passo

1. Escolher a imagem que será usada

2. Reproduzir o desenho na papel (cartão, papelão ou acetato)

3. Fazer o corte com estilete nas partes que serão preenchidas de tinta

4. Escolher a base (parede, muro, camiseta)

5. Fixar bem o desenho na base que receberá o graffiti

6. Aplicar a tinta ou spray

7. Colocar para secar

Mão na massa

Com a imagem já escolhida é preciso ter cuidado nesse processo de produção. Após reproduzir a imagem sobre o papel-cartão, papelão ou acetato, você deve recortar um molde com auxílio de um estilete ou tesoura com ponta, formando as partes que serão preenchidas por spray ou tinta. Esses espaços recortados são chamamos de vazados, que darão forma ao desenho. Cuidado para não exceder o uso do spray ou tinta, pois a imagem poderá ficar borrada ou escorrida. Após aplicar a tinta sobre o desenho na base, que pode ser uma parede, muro ou camiseta, é só deixar secar. Na internet é possível encontrar diversos desenhos e ideias de estêncil. Mas você também pode criar os seus. Boa criatividade!

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Podcast

Aprenda a fazer programas de rádio para soltar a voz na web

Mariana Rosário, Virajovem de São Paulo (SP); e Gutierrez de Jesus Silva, da Redação.

Para quem gosta de compartilhar novidades na internet, mas não fica só nas redes sociais, o blog é um bom aliado. Um grande atrativo para blogs é o podcast, um arquivo de mídia que pode ser executado no próprio blog ou ser baixado e ouvido pelo celular, mp3, ipod. O termo podcast foi criado no ano de 2005 por Adam Curry, na época VJ da MTV. A palavra é a junção de “Ipod”, produto da Apple, e “Broadcast”, termo inglês referente à transmissão de vídeo e áudio, que é gratuito e acessível a um grande número de pessoas.

Ao contrário de vídeos e textos, não é preciso ficar com a página aberta para saber o que o podcaster tem a dizer. Enquanto você checa suas redes sociais, manda um e-mail, ou se arruma para sair, o podcast vai rolando. A praticidade do acesso é uma das vantagens de usar esse tipo de mídia, e além de fácil de ouvir ele é fácil de ser criado.

Para fazer seu podcast você pode se inspirar em programas de rádio, ou em áudios da galera que navega na rede. Existem até sites onde só se postam arquivos desse tipo para serem compartilhados. Com apenas alguns passos você consegue tirar o projeto do papel. É importante ter uma boa ideia ou saber ao menos qual assunto que você quer falar no seu podcast.

Passo a passo

1. Escreva num papel tudo o que você quer falar. Isso te ajuda a não ficar gaguejando enquanto você grava.

2. Para gravar você pode usar desde um microfone e um gravador digital até o seu próprio celular. Para gravadores portáteis como os de celulares e aparelhos de mp3 é importante prestar atenção na distância entre sua boca e o microfone, para que o som não fique com chiados.

3. Evite gravar em banheiros e ambientes que possam ter eco, o ideal é procurar um local silencioso com o mínimo de ruído possível.

4. É legal fazer uma “chamada” de inicio se apresentando e contando qual o tema do podcast. Pode ser acompanhado de música, criando uma espécie de vinheta de abertura. E no final não se esqueça de fazer uma conclusão do assunto e de se despedir do seu ouvinte.

5. A edição pode ser feita em um programa simples de computador, ou você pode optar por uma versão sem cortes. Caso queria editar o áudio, há vários programas gratuitos na internet. Um dos mais conhecidos é o Audacity.

6. O arquivo depois de pronto e fechado tem que ser convertido para mp3, porque é o formato mais acessível para download e mais fácil para hospedar em sites.

7. Um dos sites que possibilita a postagem de arquivos em áudio é o Soundcloud, no qual é possível postar arquivos com até duas horas de duração. Nele, é possível fazer download, e com o código disponível no site, implementar o podcast numa publicação de blog.

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Foto em lata

Com criatividade, lata de leite e furo de agulha viram câmera fotográfica

Vinícius Souza, do Programa Quarto Mundo; e Ingrid Evangelista, da Redação

Pinhole é um processo alternativo de se fazer fotografia sem a necessidade do uso de equipamentos convencionais. O nome em inglês pode ser traduzido como “buraco de agulha” e trata-se de uma câmera fotográfica que não possui lentes, tendo apenas um pequeno furo (de agulha) que funciona como lente e diafragma fixo no lugar de uma objetiva.

Sua câmera artesanal pode ser construída facilmente utilizando materiais simples e de poucos elementos, onde o raio de luz passa pelo buraco de agulha e reflete no papel de sais de prata, que começa a fixar a imagem que ele está recebendo pelo furo.

Os materiais necessários para fazer uma foto em lata são: lata de leite em pó vazia, tinta preta fosca ou cartolina preta, prego grosso, papel de alumínio tipo “rochedo”, cola, fita isolante preta, agulha de costura e papel fotográfico.

Passo a passo

1. Pinte a lata de leite ou a forre internamente com papel preto.

2. Faça um furo com o prego no centro do fundo da lata e cole nele um pedaço de papel de alumínio, que deve vedar bem o furo.

3. Com uma agulha faça um pequeno orifício no centro do papel de alumínio.

4. Pelo lado de fora da lata, vede o furo com uma fita isolante ou com um pedaço de cartolina preta para fazer uma portinha.

5. Na tampa da lata, no lado de dentro, coloque o papel fotográfico, e tampe a lata.

6. A máquina fotográfica está pronta. Basta escolher um lugar ou paisagem para fotografar.

7. Coloque sua lata no chão ou sobre algo reto, para evitar que a foto saia tremida.

8. Abra a portinha feita de cartolina, e conte o tempo para a imagem ser formada.

Se estiver fazendo sol, conte 25 segundos. Mas se estiver nublado, conte três minutos.

Revelando a foto

A revelação deve ser feita no escuro, com apenas uma luz vermelha como auxilio. Prepare três bacias com os líquidos para revelação: revelador, interruptor e o fixador.

Abra a lata fotográfica e coloque o papel primeiro na bacia que contém revelador e deixe por aproximadamente um minuto. Você vai notar que a imagem começa a aparecer. Se ficar muito escura é porque o tempo de exposição, (os 25 segundos que o furinho ficou aberto) foi muito longo.

Neste caso, deve-se fazer outra tentativa com tempo menor. Por outro lado, se demorar muito para aparecer a imagem, um novo teste deve ser feito, aumentando a exposição.

Uma vez feito isso, passe o papel fotográfico para o interruptor, onde deve ficar por dois minutos. Depois é a vez do fixador, onde deve ficar por cinco minutos.

Em seguida lave a foto em água corrente por alguns minutos para tirar o excesso de química e deixe secar. Sua foto está pronta! Gostou?

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Transmissão online

Formações e reuniões podem ser feitas à distância, até mesmo pelas redes sociais, com transmissão online

Alessandro Muniz e Carolina Cunha Lima, do Virajovem Natal (RN)

Você não está mais limitado ao lugar em que mora, nem às pessoas que vê na rua, escola, universidade ou trabalho. Não está mais limitado pelo espaço, pela diferença de culturas, pela possibilidade de estar presente. Agora você pode participar de algo que acontece a muitos quilômetros de você, tudo graças à internet, que nos permite transmitir ao vivo, via streaming (Streaming em português significa “fluxo de mídia”. Já em “tecnologês”, é uma maneira de permitir que informações sejam enviadas por meios de pacotes de dados, que chegam aos computadores através da internet), em tempo real, o que quisermos, de uma reunião, uma palestra, um evento, apresentação cultural, tudo.

Passo a passo

No Facebook há a opção “Iniciar chamada por vídeo com alguém” na janela de chat com um amigo, exatamente como no MSN Messenger. A estudante Emy Gallant, que está em intercâmbio no Brasil, sempre mantém contato com seus amigos e familiares que estão no Canadá por meio do MSN Messenger. “É melhor se comunicar através do vídeo. Ele aproxima quem está do outro lado”, conta.

Na Twittcam, oferecido pelo Twitter, é possível realizar uma transmissão para muitas pessoas através de um link. No site twitcam.livestream.com, você se conecta com seu usuário e clica em Broadcast Live (transmitir ao vivo!). É super fácil compartilhar o link de sua transmissão através da própria rede e das demais redes sociais, ampliando a divulgação. A ocupação da Câmara Municipal de Natal por 11 dias, realizada pelo Movimento #ForaMicarla, transmitia via twitcam muitas das atividades da ocupação, Até 500 pessoas chegavam a se conectar na transmissão!

O Skype, que pode ser baixado gratuitamente no www.skype.com, é um programa e serviço que lhe permite realizar chamadas telefônicas a partir do seu PC (pagando) e chamadas de áudio e vídeo para outros PCs (gratuito). É simples. Instalando o Skype no seu computador, você cria um usuário e começa a adicionar os seus amigos (como nas redes sociais) e sempre que eles estiverem online, você pode falar com eles.

No site www.ustream.tv, realizando um cadastro gratuito, você pode criar canais (channels), nos quais você transmite o que quiser. A rede de comunicação alternativa Articulação Vira Nordeste (AVN) criou o canal www.ustream.tv/channel/intercambioavn para transmitir várias viagens que fará pelo Nordeste conhecendo iniciativas de Comunicação e Educação Alternativas.

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Vídeo de bolso

Use e abuse dessa mídia acessível em todos os sentidos

Do Guia de Educomunicação da Vira

O termo “vídeo de bolso” está sendo bastante usado por uma galera que trabalha com comunicação, no campo do audiovisual. Esse formato “de bolso” traz a ideia de utilizar ferramentas digitais, portáteis e fáceis de manusear para produção de vídeos diversos.

O diferencial desse jeito de se fazer vídeos é a praticidade do processo de gravação dos quadros e das cenas. Se você quiser fazer uma gravação de qualidade, não precisa de uma super aparelhagem de luz ou de uma câmera profissional. Precisará apenas de um roteiro legal, uma situação que te inspire, um tema interessante e o principal: libertar a sua criatividade!

Você pode capturar imagens com telefones celulares, computadores de bolso, tocadores de vídeos portáteis, tocadores MP4, câmeras fotográficas digitais, câmera de vídeo digital ou analógica e webcam.

Passo a passo

1. Capture o vídeo com alguma ferramenta que esteja ao seu alcance. O material gravado ficará na memória interna ou no cartão de memória.

2. Transfira os arquivos capturados pelo cabo USB, Bluetooth, infravermelho ou pelo cartão de memória para um computador.

3. Faça uma edição simples.

4. Se for um vídeo, selecionar o trecho a ser publicado e fazer alguma alteração, se necessário.

5. Visualize e compartilhe o vídeo.

Editando

Para editar o material, o ideal é fazer uma edição direta, ou seja, durante a gravação da cena, você deve se preocupar com a qualidade do áudio. Verifique se não há ruídos no local onde está sendo gravado o material e mantenha-se atento à estabilidade da mão para que a cena não fique tremida. Prefira os cortes de cena com a opção “pause” do aparelho, em vez de finalizar cada uma com “stop”. Isso só vai gerar mais arquivos, que depois deverão ser todos juntados no computador na hora da edição.

Caso queira inserir músicas, legendas, fazer cortes diferenciados ou inserir outras imagens e vídeos, é necessário baixar algum programa de edição de vídeos, como o VideoPad Video Editor 2.11 e o Windows Movie Maker, que são fáceis de usar e leves para o computador.

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Cortina Mídia

Uma cortina criativa pode chamar a atenção para uma questão ou causa social

Elisangela Nunes Cordeiro, da Redação

Minha internet caiu... Nas mãos das teles. Foi com essa tag que a turma da Viração realizou sua primeira cortina mídia. Todos estavam envolvidos na campanha Banda Larga é um Direito Seu e era preciso dar visibilidade à ela. Na época, estava sendo organizando um grande twitaço com o objetivo de popularizar e trazer maior transparência às discussões que envolviam o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

A turma da Vira realizou uma chuva de ideias, da qual surgiu a proposta de se usar as janelas da sede da organização como uma espécie de outdoor na Rua Augusta, um local bastante conhecido e badalado de São Paulo.

O objetivo da cortina mídia é transmitir mensagens para o público externo. É ideal para uma ação de mobilização e sensibilização para uma causa. Para a produção de uma cortina mídia, você pode usar tecidos ou até mesmo cartolina, dependendo da janela em que você pretende expor a sua mensagem.

Passo a passo

1. Defina o tema e local: converse com grupo e escolham o tema, escolham uma janela que tenha visibilidade ao público de interesse de vocês. Vale a janela do seu quarto, de sua casa, da escola.

2. Escolha frases de impacto: pesquise sobre o tema escolhido e, com o seu grupo, faça uma chuva de ideias para escolher uma frase que chame atenção das pessoas. Lembre-se que a frase precisa ser escrita de forma criativa e bem destacada na janela para ser vista pelas pessoas que passam na rua.

3. Produção da cortina: vocês podem usar tintas fáceis de limpar para escrever a frase no vidro da janela, ou então produzir a arte em um tecido ou cartolinas que serão afixados no lugar de uma cortina convencional. Lembre-se que a sua mensagem deve ficar do lado de dentro da janela. Se seu grupo decidir fazer um cartaz ou uma produção com colagem, tenha cuidado para fixá-la com uma fita firme. Lembre-se das cores para causar impacto visual.

4. Divulgue: tire uma foto de sua janela, poste nas redes sociais e convide sua rede de amigos para divulgar a sua cortina mídia.

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Blog

Crie sua página pessoal na internet e publique textos, vídeos e fotos

Érika Pereira, Marcelo Igor e Sheila Manço, do Virajovem Goiânia(GO)

O blog é uma abreviação do inglês de weblog que no português significa um tipo de “diário na web”, um sistema de publicação rápida e fácil onde você encontra ferramentas que permitem publicar o que desejar: noticias, fotos, links comentados, resenhas de cinema, artigos, poesias, reflexões filosóficas, vídeos, audios. Não só o dono do blog pode fazer comentários ou postar algum coisa, mas todos que tiverem acesso a ele, se a dono aceitar.

O blogueiro é o responsável pelas publicações do blog. É ele quem define o que deve e como deve ser escrito no blog. Qualquer pessoa que tenha um computador ligado a internet à disposição tem a possibilidade de criar um blog.

O blog na educação O blog pode ser utilizado na educação de diversas maneiras. Umas vezes é usado para mobilizar manifestações em prol de direitos. Um exemplo, neste caso, é o blog da casa da juventude Cultivar o Bem Viver (http://juventudecaju.blogspot.com.br/2012/02/cultivar-o-bem-viver.html). Há pessoas que o utilizam para publicar seus livros, já que imprimi-los demanda muito dinheiro e online acaba saindo quase sem custo.

Para finalizar, há ciclos de debates acadêmicos que são feitos por meio de blogs, unindo pessoas do Brasil e do resto do mundo, sem nenhum gasto. Um exemplo é o blog Ciclo de Debate do Imaginário do Medo (http://nelimufg.blogspot.com.br/).

Passo a passo

1. Escolha a plataforma: seu blog é uma página que será hospedada por uma plataforma. As mais comuns são: Blogger e Wordpress.com (veja reportagem na edição nº 83). Nele, você deverá criar um login e senha para as futuras postagens.

2. Definir o tema: para fazer um blog é necessário que você defina o tema que será desenvolvido nele. Se você preferir, o conteúdo pode ser variado, com textos pessoais sobre diversos assuntos, poesias, vídeos e fotografias.

3. Definir o perfil editorial: você escolhe, por exemplo, se o blog terá espaços para comentários, lugares específicos para postar imagem, divulgação do perfil dos seguidores etc.

4. Definir o visual: a aparência do blog deve estar de acordo com o tema. Você pode personalizar um, produzindo um template ou escolhendo um disponível na plataforma de sua escolha.

5. Conheça outros blogs: para você se aperfeiçoar como um blogueiro, lembre-se de visitar outros blogs e construa referências.

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Flash mob

Surpreenda pessoas com uma intervenção inusitada em locai públicos

Ana Luíza Vastag, Virajovem de São Paulo (SP)

Pode ser uma guerra de travesseiros, um desfile de pessoas caracterizadas como zumbis ou uma grande dança coreografada com guarda-chuvas em meio a uma avenida movimentada. É cada vez comum, e mais divertido, encontrar milhares de pessoas mobilizadas para uma intervenção pública, os chamados flash mobs.

De acordo com definição encontrada na web, flash mobs representam “aglomerações instantâneas de pessoas em certo lugar para realizar determinada ação inusitada previamente combinada, dispersando-se tão rapidamente quanto se reuniram.” Ok. Mas, como se faz?

Antes de tudo, é preciso entender que o flash mobs pode ter uma finalidade tanto de entretenimento como político. A manifestação causa uma confusão inofensiva e, muitas vezes, é usada para satirizar algo que o público deverá entender imediatamente. Mas, atenção: flash mobs não são desculpas para o uso da violência ou depredação de espaços públicos.

Um artigo publicado na comunidade wikiHow ensina, passo a passo, como realizar um Flash Mobs de sucesso. Você vai precisar de artistas dispostos a participar e, para isso, pode fazer bom uso de recursos online. Redes sociais, e-mails, mensagens de texto e sites são ótimas ferramentas para você encontrar pessoas para o seu flash mobs. Aproveite as dicas e boa sorte!

Passo a passo

1. Forneça instruções claras para o seu grupo. O sucesso do seu flash mobs exige que os participantes saibam exatamente o que fazer. O ideal é ter um ensaio de antemão, mas se isso não for possível, pelo menos, forneça instruções muito claras sobre como o que vestir, onde estar, a que horas e o que fazer quando chegar ao local.

2. Organize quaisquer adereços ou figurinos necessários. É melhor pedir aos participantes para levarem os seus próprios adereços e trajes, mas, às vezes, você precisa resolver as coisas para todo mundo. Na hora de planejar, opte por roupas simples e itens que as pessoas já tenham em seus guarda-roupas.

3. Locais públicos são mais fáceis e menos problemáticos. Faça uma verificação adequada da área que está propondo para realização do flash mobs. Pense na segurança do local e nos limites legais para a utilização do espaço. Oriente os participantes sobre o que fazer caso a polícia ou qualquer outra autoridade intervenha na manifestação.

4. Filme e capture a reação das pessoas. Organize uma videografia de qualidade para o evento. Vale a pena filmar todo o flash mobs e depois subir para o YouTube. Quem sabe pode até se tornar viral!

5. É hora de fazer acontecer! Faça todo o possível para que o flash mobs saia de acordo com o planejado e se jogue na execução!

6. Prepare-se para finalizar o evento. Assim que o flash mobs terminar, os participantes devem misturar-se com a multidão. Saia andando como se nada tivesse acontecido.

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Web rádio

Pela internet, é possível fazer e veicular programas de rádio sem sair de casa

Carolina Cunha Lima, do Virajovem Natal (RN)

A Web Rádio é um meio pelo qual transmissões radiofônicas são feitas com conexão via internet. Para que essas transmissões aconteçam, é necessário que seja usado um programa que forneça dados para um servidor, onde a difusão acontece ao vivo.

O único pré-requisito para uma Web Rádio entrar no ar é que esteja conectado a um computador que tenha acesso à internet e um microfone. Para uma melhor qualidade do áudio, é interessante que a internet seja de uma velocidade considerável. Não é nada muito formal, nada muito complicado. A partir disso, qualquer pessoa pode transmitir a sua voz de seu próprio computador.

A equipe de uma Web Rádio é, geralmente, formada apenas por locutores, sendo esses moradores da mesma cidade ou não, que fazem a transmissão ao vivo e tem toda liberdade para acrescentar sua marca pessoal ao programa que comanda. Eles aprendem por conta própria a melhor forma de usar o programa para a transmissão. “Qualquer dúvida a gente tira entre os próprios colegas, mas no geral é um programa muito simples”, conta Octávio Dias, locutor da Rádio Blast! de 2006 a 2009.

Os estilos de programas transmitidos são os mais diversificados. Na Rádio Blast! – que tem sua programação voltada para a cultura japonesa –, por exemplo, havia karaokê, noticiários, programas sobre moda, cinema, e humorísticos. Tudo isso com muita música. “Cada rádio tem a sua política, a dessa era de sempre ter música”, conta Octávio. Também há várias formas de contato com o público. Os ouvintes podem participar ao vivo de várias formas, seja pedindo música, fazendo piadas, ou deixando seu recado.

Quem é tímido também pode usar a rádio como uma forma de se soltar, ficar mais eloquente e adquirir tranquilidade na hora de falar e organizar os pensamentos. Octávio deixa a dica: “Para quem quer ficar mais a vontade com grandes públicos essa é uma ótima experiência. Não só isso, como também é extremamente divertido e desestressante. Recomendo para todo mundo”.

Passo a passo

1. Para os internautas que desejam começar uma Web Rádio, o primeiro passo é ter um computador com acesso à internet e microfone.

2. Em seguida, é necessário criar uma conta em servidores. Existem alguns que são grátis, como o ShoutCast e o Listen2MyRadio.

3. Feito isso, será preciso baixar programas como o Sam Broadcaster ou o SimpleCast, que permitem a transmissão do áudio via internet. Com esses programas, você pode colocar as músicas para tocar online e falar ao vivo pelo microfone.

4. Depois, é só montar uma grade de programação com músicas e outros programas, chamar os amigos para participar, e divulgar a rádio na rede.

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11. Modelo de relatório de atividades semestral

Relatório de atividades do Mais Educomunicação Sistematizar as atividades que desenvolvemos é um grande desafio e é fundamental para criarmos memória das nossas ações, acumularmos conhecimento e também no processo de prestação de contas junto a parceiros, apoiadores e financiadores. Por isso, a produção de relatórios periódicos será uma das atividades do educomunicador do projeto. Onde ele deverá registrar as atividades, os desdobramentos, histórias, impressões, enfim, tudo que for importante para mensurar os impactos do projeto. Além disso, o registro fotográfico também é muito importante. Ao final do projeto deverá ser entregue um relatório de atividades e/ou outros períodos, de acordo com a necessidade identificada. Nessas ocasiões serão disponibilizados instrumentais específicos.

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12.Modelo de instrumental de avaliação

Na perspectiva da Educomunicação, a avaliação deve ser uma prática contínua dentro do processo de formação, pois possibilita a participação de todos os envolvidos na construção, melhoria, criação das atividades desenvolvidas. Portanto, é importante considerar a necessidade de abrir espaços para avaliação coletiva das atividades, além de estar atento às demandas e reflexões que o grupo possa trazer durante o processo.

Ao final do percurso, será fundamental termos um momento dedicado só a avaliar o projeto. Isso permitirá verificarmos se os objetivos foram alcançados e nos indicará os caminhos mais acertados para ações futuras. Para isso dispomos de um modelo de instrumental de avaliação que deve ser aplicado aos adolescentes do projeto e pode também ser adaptado para educadores da escola. Este instrumental permitirá fazermos uma avaliação quantitativa e qualitativa do projeto como um todo, somando os dados de todas as cidades onde foi executado. Será disponibilizado na finalização do projeto ou quando solicitado pelos educadores à coordenação.

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13. Orçamento

Orçamento previsto para execução das ações no período de Janeiro a Dezembro/2014.

Rubrica Total P/ONG Mensal

Arte Educador R$ 20.000,00 R$ 1.000,00 R$ 166,67

Serviços de Oficineiros em linguagens específicas R$ 10.000,00 R$ 500,00 R$ 83,33

Locação de Equipamentos R$ 10.100,00 R$ 505,00 R$ 84,17

Equipamentos e insumos eletrônicos R$ 4.800,00 R$ 240,00 R$ 40,00

Materiais diversos para atividades pedagógicas (Papel, tesoura, cola, canetas, pincéis, etc.)

R$ 10.000,00 R$ 500,00 R$ 83,33

Cópias e Encadernações R$ 2.400,00 R$ 120,00 R$ 20,00

Camisetas, blusas e assemelhados R$ 3.000,00 R$ 150,00 R$ 25,00

Serviço de impressão R$ 9.000,00 R$ 450,00 R$ 75,00

Internet (Articulação/participação) R$ 4.000,00 R$ 200,00 R$ 33,33

Telefone fixo e móvel (Articulação/participação) R$ 2.000,00 R$ 100,00 R$ 16,67

Passagens de ônibus local para oficinas e reuniões R$ 7.000,00 R$ 350,00 R$ 58,33

Alimentação para oficinas com adolescentes R$ 4.000,00 R$ 200,00 R$ 33,33

Passagens de ônibus intermunicipais e estaduais e aéreas para Encontros Regionais *

R$ 10.000,00 - -

Totais: R$ 96.300,00 R$ 4.315,00 R$ 719,17

* Essa rubrica não será repassada para as ONGs, pois será gerida pelos facilitadores nacionais que organizarão os encontros regionais. As despesas de transporte, alimentação e estadia de adolescentes do Mais Educom que participarem dos Encontros serão cobertas com este recurso e rateio de outros editais da Renajoc.

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14. Instruções para prestação de contas

Remanejamento de rubricas:

Os remanejamentos devem ser avisados anteriormente com a coordenação do projeto. Ao final do projeto deve-se entregar uma planilha com indicações das alterações que foram feito.

Recibos:

Despesas que não puderem ser comprovadas com Nota Fiscal poderão ser com Recibo. Especialmente despesas com transporte e recursos humanos.

Envio de documentação:

A documentação de prestação de contas deve ser enviada ao final, junto com o relatório técnico de atividades. Os repasses serão mensais, em parcelas de R$ 719,00, para tanto será necessária a assinatura de recibos.

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15. Contatos

Vânia Correia

Email: [email protected]

Telefone: 11 3567 8687

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