guia exame de sustentabilidade 2011

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Guia EXAME de Sustentabilidade 2011 da Revista EXAME

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  • www.exame.com

    Novembro/2011 | R$ 29,90 2011

    SustentabilidadeBrasil

    temas cruciais na agenda do crescimento sustentvel de 2012

    A lista das 21 empresas-modelo em responsabilidade social corporativa no Brasil

    Unilever /A Empresa Sustentvel do Ano

    negciosGrandes empresas impulsionam os pequenos negcios verdes

    5e mais

    Inovao e economia verdeO futuro da gua

    O desafio da superpopulao

    gu

    ia e

    xa

    me

    2011

    |

    su

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    assinantevenda proibida

    exemplar de

  • 889112-ITAU UNIBANCO S.A.-2_1-1.indd 2 14/11/2011 11:32:22

  • 889112-ITAU UNIBANCO S.A.-2_1-1.indd 3 14/11/2011 17:30:31

  • Sumrio

    10 Carta ao leitor

    18

    EXAME.com

    pesquisa 24 Resultados A sustentabilidade

    est cada vez mais presente

    no dia a dia das empresas

    32 Inovao 91% das empresas

    do Guia incluem a inovao

    no seu planejamento estratgico

    BRasiL 41 Agenda 2012 Cinco temas

    cruciais: Rio+20, cidades, lixo,

    Cdigo Florestal e tica

    66 Polticas pblicas A poltica

    industrial brasileira est aqum

    dos modelos de outros pases

    gesto 74 Engajamento Um nmero

    crescente de empresas

    incentiva os funcionrios

    a adotar hbitos sustentveis

    empResas 80 Indstria qumica Produtos

    banidos no exterior so usados

    livremente no Brasil. Mas

    algumas fabricantes decidiram

    adotar restries voluntrias

    86 Empreendedorismo Pequenos negcios que

    nasceram com o gene verde

    deslancham com a ajuda

    de scios importantes

    negcios gLoBais 96 Demografia Lidar com

    o explosivo crescimento da

    populao mundial um dos

    grandes desafios do sculo

    102 Combustveis Com a

    explorao de reservas

    do subsolo, o mundo entra

    na era de ouro do gs natural

    110 Meio ambiente O fim

    da era de abundncia de gua

    gera novas oportunidades

    de negcios

    aRtigo 116 Ideias A diluio do poder

    no mundo cria a necessidade

    de uma nova governana

    Jose Fuste Raga/keystone41

    Vista do Rio de Janeiro: as cidades brasileiras

    apresentam baixos indicadores de sustentabilidade

  • 893012-BASF S A-1_1-1.indd 5 14/11/2011 12:40:53

  • Sumrio

    96

    pesquisa

    126 Critrios Como foi a escolha

    das 21 empresas-modelo entre

    as 224 companhias inscritas

    na 12 edio do Guia EXAME

    de Sustentabilidade

    empresas-modelo

    130 Unilever

    A Empresa Sustentvel

    do Ano influencia as boas

    prticas de 2 bilhes

    de consumidores espalhados

    por 182 pases

    138 Alcoa

    Um dilogo permanente com

    a comunidade de Juruti, no Par

    140 Anglo American

    A fauna e a flora do cerrado

    preservadas em livros didticos

    142 Aperam

    A troca do carvo mineral pelo

    vegetal reduz o custo do ao

    144 Braskem

    A meta ser lder global

    em qumica sustentvel

    146 Bunge

    O combate informalidade no

    campo envolve os fornecedores

    148 Dow

    Nova embalagem de plstico

    facilita a reciclagem

    150 EDP

    Medidor de energia eletrnico

    permitir controlar o consumo

    152 Elektro

    Tecnologia de ponta melhora

    o atendimento a consumidores

    154 Embraco

    O gasto de energia do principal

    produto cai pela metade

    156 Fibria

    Projetos para combater

    as crticas ao deserto verde

    158 Fleury

    Nova rede do grupo aposta

    em prticas sustentveis

    160 Ita Unibanco

    O banco tenta mudar sua forma

    de vender produtos aos clientes

    162 Kimberly-Clark

    A anlise ambiental pesar

    na escolha do local

    da quinta fbrica no Brasil

    164 Masisa

    Muito perto de atingir a meta

    de 100% de energia renovvel

    166 Mexichem (Amanco)

    Capacitao aumenta a renda

    dos instaladores hidrulicos

    168 Natura

    A linha Ekos ganha embalagem

    reciclvel e diminui resduos

    170 Philips

    Programa recolhe lixo eletrnico

    e aparelhos mdicos obsoletos

    172 Promon

    Nova empresa surge para

    oferecer projetos de

    infraestrutura mais sustentveis

    174 Suzano

    Conselheiros externos opinam

    sobre a estratgia de negcios

    176 Sabin

    Expanso da rede apoiada

    na gesto de recursos humanos

    178 Imagem

    Gideon Mendel/Corbis/latinstoCk

    Movimento de pessoas em Pequim:

    at o final do sculo, a populao mundial deve

    passar de 10 bilhes

  • 895003-IBM BRASIL INDUSTRIA MAQUINAS E SERVICOS LTDA-1_1-1.indd 7 14/11/2011 12:50:41

  • 891481-CAIXA ECONOMICA FEDERAL-2_1-1.indd 8 14/11/2011 12:38:51

  • 891481-CAIXA ECONOMICA FEDERAL-2_1-1.indd 9 14/11/2011 12:38:52

  • 10/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/Novembro 2011

    Cludia Vassallo / Diretora de Redao

    mundo dos negcios pode ser visto como ameaa ou como incentivo. No sejamos ingnuos: o caminho

    para os que decidem fazer diferente cheio de riscos. Nem tudo dar certo em meio a esse cenrio de rupturas. Mas a cada dia parece car mais evidente que a paralisia e a negao da nova realidade so escolhas ainda mais perigosas. Esta 12a edio do Guia EXAME de Sustentabilidade traz os exemplos de 21 empresas instaladas no Brasil que decidiram fazer parte do processo de mudana. Cada uma sua maneira, elas tentam formas novas e mais sustentveis de fazer negcios. Mesmo diante dos enormes riscos de navegar num ambiente novo, essas empresas decidiram encarar o mundo do beb 7 bilhes como um lugar de oportunidades para quem se dispe a fazer diferente.

    O dia 31 de OutubrO de 2011 foi marcado pela celebrao e pelo alerta. Naquele dia, nascia, em algum ponto impreciso, o beb que se transformaria no stimo bilionsimo ser humano vivendo sobre a Terra. A exploso demogrca das ltimas dcadas , inquestionavelmente, fruto de avanos extraordinrios. Nunca na histria vivemos por tanto tempo nem to bem. A tecnologia dilatou existncias e encurtou distncias. A cincia nos fez mais fortes. O beb de nmero 7 bilhes seja ele quem for e esteja onde estiver a prova de nossa vitria como espcie. Mas seu nascimento tambm um sinal poderoso de que, mais uma vez, enfrentaremos a necessidade de adaptao. Em 2050 menos de quatro dcadas frente, portanto seremos 9 bilhes de pessoas habitando um planeta incapaz de expandir sua oferta de recursos na mesma velocidade do aumento de nossa demanda. fcil ver que a conta j no fecha.No h aqui histeria ou catastrosmo em relao ao futuro. As coisas no

    se transformaro de um dia para o outro. E a humanidade j deu provas de seu grande poder de adaptao s mudanas, encontrando brechas em meio s crises, fazendo diferente, mudando padres de comportamento. Estamos em meio a um processo, e no diante de um despenhadeiro. O mundo dos 7bilhes exige inovao, desperta ansiedade, destri zonas de conforto. Tratase de um cenrio que de forma geral e especicamente para o

    AFP Photo/AP/reuters

    Carta ao leitor

    Criar o futuro

    Os candidatos a beb 7 bilhes: celebrao e alerta

    EUA

    Birmnia

    Filipinas

    Dubai

    ndia

    Japo

    Japo

    Rssia

  • 888683-UNILEVER BRASIL LTDA-1_1-1.indd 11 14/11/2011 12:33:34

  • 887941-O BOTICARIO FRANCHISING S A-2_1-1.indd 12 14/11/2011 12:27:38

  • 887941-O BOTICARIO FRANCHISING S A-2_1-1.indd 13 14/11/2011 12:27:44

  • Coordenao Srgio Teixeira Jr. Ana Luiza Herzog

    Edio Ernesto Yoshida Alexa Salomo

    Reportagem Ana Santa Cruz, Andrea Vialli, Antonio

    Carlos Sil, Denise Brito, Eduardo Felipe Matias, Eduardo Nunomura,

    Gustavo Magaldi, Jos Alberto Gonalves Pereira, Katia Simes,

    Maurcio Oliveira, Vladimir Brando

    Assessoria tcnica Centro de Estudos

    em Sustentabilidade da FGV-EAESP (GVces)

    Equipe Mario Monzoni e Roberta Simonetti (coordenao), Adriana Reis, Fernanda Macedo, Fernanda Rocha, Paula Peiro e Raquel Costa (pesquisa)

    Arte Editor de Arte Ricardo Godeguez

    Designers Alexa Castelblanco, Rita Ralha Nogueira

    Fotografia Editor de Fotografia Germano Lders

    Equipe Iara Brezeguello (coordenadora), Gabriel Correa

    Reviso Coordenao Ivana Traversim

    Revisores Eduardo Teixeira Gonzaga, Maurcio Jos de Oliveira,

    Regina Pereira, Rosngela Anzzelotti, Tarcila Lucena

    Tratamento de imagem Coordenao Leandro Fonseca

    Equipe Anderson Freire, Carlos Alberto Pedretti, Julio Gomes,

    Paulo Garcia Martins

    Diretora de Redao: Cludia VassalloRedator-Chefe: Andr Lahz

    Editores Executivos: Cristiane Correa, Jos Roberto Caetano, Srgio Teixeira Jr., Tiago Lethbridge Editores: Alexa Salomo, Carolina Meyer, Cristiane Mano, Eduardo Salgado, Giuliana Napolitano, Marcelo Ragazzi Onaga, Maria Luisa Mendes Reprteres: Ana Luiza Herzog, Andr Faust, Fabiane Stefano, Joo Werner Grando,

    Lucas Amorim, Luciene Antunes, Luiza Dalmazo, Mrcio Kroehn, Mariana Segala, Marianna Arago, Naiana Oscar, Thiago Bronzatto Sucursais: Patrick Cruz (Braslia), Roberta Paduan, Samantha Lima (Rio de Janeiro)

    Reviso: Ivana Traversim (chefe), Eduardo Teixeira Gonzaga (coordenador), Regina Pereira

    Diretora de Arte: Roseli de Almeida Editora de Arte: Karina Gentile Designers: Bruno Lozich, Carolina Gehlen, Maria do Carmo Benicchio, Renata Toscano Tablet: Helton Meschine Costa (editor),

    Jlia Rabetti Giannella (designer) Edies Especiais: Ricardo Godeguez (editor), Rita Ralha Nogueira (designer) CTI: Leandro Almario Fonseca (chefe), Carlos Alberto Pedretti, Julio Gomes,

    Paulo Garcia Martins Fotograa: Germano Lders (editor), Iara Brezeguello (coordenadora), Camila Marques, Gabriel Correa, Natlia Parizotto (pesquisadores)

    EXAME.comDiretora: Sandra Carvalho Editor Snior: Maurcio Grego

    Editores: Daniela Moreira, Gustavo Kahil, Joo Sandrini, Lus Artur Nogueira, Mrcio Juliboni, Renato Santiago de Oliveira Santos Editora Assistente: Talita Abrantes Reprteres: Beatriz Olivon, Camila Lam,

    Cris Simon, Daniela Barbosa, Diogo Max, Eduardo Tavares, Gabriela Ruic, Jacqueline Tiveron Manfrin, Joo Pedro Garcia Caleiro, Julia Wiltgen, Luciana Carvalho, Marcela Ayres, Marcel Salim, Marcelo Poli, Marcio Orsolini,

    Mirella Portugal, Pedro Zambarda, Priscila Zuini, Vanessa Barbosa Desenvolvedores Web: Marcus Cruz, Renato del Rio Infograstas: Beatriz Blanco, Juliana Pimenta Produtores Multimdia: Fbio Teixeira, Gustavo Marcozzi

    www.exame.com.br

    Publicidade Centralizada - Diretores: Marcia Soter, Mariane Ortiz, Robson Monte Executivos de Negcios: Ana Paula Teixeira, Ana Paula Viegas, Caio Souza, Camilla Dell, Claudia Galdino, Cleide Gomes, Cristiano Persona, Daniela Seram, Fabio Santos, Eliane Pinho, Emiliano Hansenn, Heraldo Neto, Marcello Almeida, Marcelo Cavalheiro, Marcio Bezerra, Marcus Vinicius, Maria Lucia Strotbek, Nilo Bastos, Regina Maurano, Renata Mioli, Rodrigo Toledo, Selma Costa, Susana Vieira, Tati Mendes Publicidade Digital - Diretor: Andr Almeida Gerente: Virginia Any Gerente de Estratgia Comercial: Alexandra Mendona Executivos de Negcios: Andr Bortolai, Andr Machado, Caio Moreira, Camila Barcellos, Carolina Lopes, Cinthia Curty, David Padula, Elaine Collao, Fabola Granja, Flavia Kannebley, Gabriel Souto, Guilherme Bruno de Luca, Guilherme Oliveira, Herbert Fernandes, Juliana Vicedomini, Laura Assis, Luciana Menezes, Rafael de Camargo Moreira, Renata Carvalho, Renata Simes Diretores de Publicidade - Regional: Marcos Peregrina Gomez, Paulo Renato Simes Gerentes de Vendas: Andrea Veiga, Cristiano Rygaard, Edson Melo, Francisco Barbeiro Neto, Ivan Rizental, Joo Paulo Pizarro, Mauro Sannazzaro, Ricardo Mariani, Sonia Paula, Vania Passolongo Executivos de Negcios: Adriano Freire, Ailze Cunha, Beatriz Ottino, Camila Jardim, Carolina Louro, Caroline Platilha, Catarina Lopes, Celia Pyramo, Clea Chies, Daniel Empinotti, Henri Marques, talo Raimundo, Jos Castilho, Josi Lopes, Juliana Erthal, Julio Tortorello, Leda Costa, Luciene Lima, Pamela Berri Manica, Paola Dornelles, Ricardo Menin, Samara Sampaio de O. Reijnders Publicidade Ncleo Negcios - Diretora: Ivanilda Gadioli Executivos de Negcios: Andr Cecci, Andrea Balsi, Debora Manzano, Edvaldo Silva, Elaine Marini, Fbio Fernandes, Fernando Rodrigues, Jussara Costa, Sergio Dantas Coordenador: Srgio Augusto Oliveira (RJ) Desenvolvimento Comercial - Diretor: Jacques Baisi Ricardo Integrao Comercial - Diretora: Sandra Sampaio Planejamento, Controle e Operaes - Diretor: Andr Vasconcelos Gerente: Adriana Favilla Consultores: Silvio Fontes, Silvio Rosa Processos: Agnaldo Gama, Cllio Antnio, Dreves Lemos, Valdir Bertholin Marketing e Circulao - Diretor de Marketing: Ricardo Packness de Almeida Gerente de Marketing: Lilian Dutra Gerente de Publicaes Leitor e Digital: Ilona Moyses Gerente de Publicaes Publicitrio: Patrcia Grosso Especialista de Marketing Digital: Edson Lucas Analistas de Marketing: Juliana Fidalgo, Rafael Abicair, Rafael Cescon, Renata Morais Estagirias: Flavia Mattos, Lygia Tamisari, Roberta Begnami Projetos Especiais: Elaine Campos, Edison Diniz Eventos - Gerente de Eventos: Shirley Nakasone Analistas: Bruna Paula, Janana Oliveira Estagirias: Marcela Regina Bognar Gerente de Circulao Assinaturas: Viviane Ahrens Atendimento ao Cliente: Clayton Dick Recursos Humanos - Consultora: Mrcia Pdua

    Editor: Roberto Civita

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    PUBLICAES DA EDITORA ABRIL: Alfa, Almanaque Abril, Ana Maria, Arquitetura & Construo, Aventuras na Histria, Boa Forma, Bons Fluidos, Bravo!, Capricho, Casa Claudia, Claudia, Contigo!, Delcias da Calu, Dicas Info, Publicaes Disney, Elle, Estilo, Exame, Exame PME, Gloss, Guia do Estudante, Guias Quatro Rodas, Info, Lola, Loveteen, Manequim, Mxima, Mens Health, Minha Casa, Minha Novela, Mundo Estranho, National Geographic, Nova, Placar, Playboy, Quatro Rodas, Recreio, Revista A, Runners World, Sade, Sou Mais Eu!, Superinteressante, Tititi, Veja, Veja Rio, Veja So Paulo, Vejas Regionais, Viagem e Turismo, Vida Simples, Vip, Viva!Mais, Voc RH, Voc S/A, Womens Health Fundao Victor Civita: Gesto Escolar, Nova Escola

    IN TER NA TIO NAL AD VER TI SING SA LES RE PRE SEN TA TI VES Coor di na tor for In ter na tio nal Ad ver ti sing: Glo bal Ad ver ti sing, Inc., 218 Oli ve Hill La ne, Wood si de, Ca li for nia 94062. UNI TED STA TES: World Me dia Inc. (Co no ver Brown), 19 West 36th Street, 7th Floor, New York, New York 10018, tel. (212) 213-8383, fax (212) 213-8836; Char ney/Pa la cios & Co., 9200 So. Da de land Blvd, Sui te 307, Mia mi, Flo ri da 33156, tel. (305) 670-9450, fax (305) 670-9455. JA PAN: Shi na no In ter na tion, Inc., Aka sa ka Kyo wa Bldg. 2F, 1-6-14 Aka sa ka, Mi na to-ku, Tok yo 107-0052, tel. 81-3-3584-6420, fax 81-3-3505-5628. TAI WAN: Le wis Intl Me dia Ser vi ce Co. Ltd. Floor 11-14 no 46, Sec. 2 Tun Hua South Road Tai pei, tel. (02) 707-5519, fax (02) 709-8348.

    GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE 2011 (EAN 789-3614-08268-4) uma publi cao anual da Editora Abril S.A. Edies anteriores: venda exclusiva em bancas, ao preo da ltima edio em banca mais despesa de remessa. Solicite ao seu jornaleiro. Distribuda no pas pela Dinap S.A. Distribuidora Nacional de Publicaes, So Paulo. EXAME no ad m i te pu bli ci da de re da cio nal.

    Servio ao Assinante: Grande So Paulo: (11) 5087-2112 Demais localidades: 0800-7752112 www.abrilsac.com Para assinar: Grande So Paulo: (11) 3347-2121 Demais localidades: 0800-7752828 www.assineabril.com.br

    Conselho de Administrao: Roberto Civita (Presidente), Giancarlo Civita (Vice-Presidente), Esmar Weideman, Hein Brand, Victor Civita

    Presidente Executivo: Fbio Colletti Barbosa www.abril.com.br

    IMPRESSA NA DIVISO GRFICA DA EDITORA ABRIL S.A.Av. Otaviano Alves de Lima, 4400, Freguesia do , CEP 02909-900, So Paulo, SP

    Servios EditoriaisApoio Editorial: Carlos Grassetti (arte), Luiz Iria (infograa) Dedoc e Abril Press: Grace de Souza Pesquisa e Inteligncia de Mercado: Andrea Costa Treinamento Editorial: Edward Pimenta

    2011

    Sustentabilidade

  • 894963-VOTORANTIM INDUSTRIAL LTDA-1_1-1.indd 15 16/11/2011 18:11:34

  • 890624-BUNGE FERTILIZANTES S_A-2_1-1.indd 16 14/11/2011 12:36:36

  • 890624-BUNGE FERTILIZANTES S_A-2_1-1.indd 17 14/11/2011 12:36:38

  • 18/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/Novembro 2011

    Acesse EXAME.com e leia reportagens exclusivas para a internet que complementam o Guia de Sustentabilidade

    www.exame.com

    A premiao das empresas-modeloAs 21 empresas-modelo do Guia EXAME de

    Sustentabilidade 2011 receberam seus trofus em

    cerimnia realizada no dia 9 de novembro na Fundao

    Maria Luisa e Oscar Americano, em So Paulo.

    Veja uma galeria de fotos do evento, que destacou

    a Unilever como a Empresa Sustentvel do Ano.

    http://abr.io/1WzL

    O capital humano na economia verdeEm razo de seus

    atributos naturais, o

    Brasil tem potencial

    para se tornar um lder

    global da economia

    verde, afirma Fernando

    Monteiro, especialista

    em gesto de recursos

    naturais. Em artigo,

    ele analisa o perfil dos

    profissionais exigidos

    para o pas alcanar

    essa posio

    nos prximos anos.

    http://abr.io/1WzJ

    Sustentabilidade nas metrpoles brasileirasVeja os principais resultados de um estudo

    exclusivo que mostra os indicadores de

    sustentabilidade em quatro cidades brasileiras:

    So Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife.

    http://abr.io/1WzN

    Voc um consumidor consciente?

    Equipe da Unilever: a Empresa Sustentvel do Ano

    Ciclistas no Rio: mobilidade

    A pegada hdrica do cotidianoO volume de gua gasto na

    produo de diversos itens de

    consumo do dia a dia, como

    uma fatia de po de

    forma e uma xcara de caf.

    http://abr.io/1WzG

    Deixe o iPhone mais verdeVoc no vai salvar

    o mundo com o

    celular, mas pode

    baixar alguns

    aplicativos no iPhone

    e fazer a sua parte

    pa ra uma vida

    mais sus tentvel.

    Veja uma seleo

    de oito aplicativos

    verdes, como o

    que permite calcular

    as emisses dos

    principais modelos

    de carros em

    circulao no pas

    e o que ajuda o

    consumidor

    a conhecer

    o ciclo de

    vida de mais

    de 70 000

    produtos.

    http://abr.

    io/1WzH

    Istockphoto

    flavIo santana

    pedro kIrIlos/rIotur

    voc usa lmpadas econmicas? separa o lixo em materiais reciclveis e orgnicos? descarta pilhas em pontos de coleta especficos? responda a um teste e descubra se voc um consumidor consciente e amigo do meio ambiente.http://abr.io/1WzE

  • 890312-EMPRESA BRASILEIRA DE TECNOLOGIA E ADM. CONVENIO HOM LTDA-1_1-1.indd 19 14/11/2011 12:36:01

  • 889908-CAMARGO CORREA S_A-2_1-1.indd 20 14/11/2011 12:34:40

  • 889908-CAMARGO CORREA S_A-2_1-1.indd 21 14/11/2011 12:34:46

  • 893101-CAIXA ECONOMICA FEDERAL-2_1-1.indd 22 14/11/2011 12:42:29

  • 893101-CAIXA ECONOMICA FEDERAL-2_1-1.indd 23 14/11/2011 12:42:35

  • Do discurso A pesquisa com as empresas participantes do

    Guia EXAME de Sustentabilidade 2011 revela que as prticas de responsabilidade corporativa esto,

    cada vez mais, presentes no dia a dia dos negcios denise brito

    Casas com aquecedor solar de gua em Sorocaba, no interior paulista: economia de mais de 30% na conta de energia eltrica

    PESQUISAResultados

  • Novembro 2011/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/25

    prtica

    Fernando CavalCanti

    M DADO chama a ateno quando se analisam as

    informa es das empresas parti-cipantes do Guia EXAME de Sus-tentabilidade 2011: 99% das compa-nhias que responderam ao questio-

    nrio neste ano se declararam for-malmente comprometidas com o desenvolvimento sustentvel. Dessas empresas, 91% incorporam esse com-

    promisso em seu planejamento estra-tgico 2 pontos percentuais acima do registrado no levantamento do ano anterior. A elevada proporo de em-presas que incluem a sustentabilidade no planejamento estratgico indica que esse compromisso est deixando de ser apenas um discurso para tentar fazer parte do dia a dia dos negcios. No incio, as aes de responsabilidade corporativa se concentravam nas reas de recursos humanos, comunicao e marketing, diz Roberta Simonetti, co-ordenadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundao Getulio Vargas de So Paulo, responsvel pela metodologia do questionrio utilizado por EXAME. O que se v hoje a mi-grao do tema para as reas de neg-cios e para a agenda do conselho de administrao, numa evidncia de que o assunto ganhou importncia e um novo papel nas empresas.

    preciso, no entanto, ver esses n-meros com a devida ressalva. O univer-so da pesquisa formado por 158 em-presas que esto na linha de frente das prticas sustentveis no Brasil num universo mais amplo e genrico, certa-mente o nvel de compromisso com a sustentabilidade seria menor. Alm disso, mesmo entre as companhias de vanguarda, ainda h muito que fazer. preciso diferenciar as aes que en-tram na agenda de sustentabilidade de forma pontual, perifrica, daquelas que buscam atuar na realidade de fato e se aprofundar nas questes sociais, am-bientais e econmicas, diz Jorge Abraho, presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade So-cial. Para ele, muitas companhias ainda investem em iniciativas sustentveis mais preocupadas com a visibilidade

  • 26/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/Novembro 2011

    pesquisa Resultados

    cresceu de 59%, em 2010, para 65%, em 2011. O ndice de empresas que usam material reciclado em suas operaes aumentou de 80% para 89%, numa evi-dncia de que as companhias esto investindo mais em inovao e desen-volvendo tecnologias para reaproveitar resduos que, no passado, seriam des-tinados a aterros sanitrios.A questo ambiental se tornou o fo-

    co das atenes mesmo de empresas que, pela caracterstica de seu negcio, geram um reduzido impacto na natu-reza. Um exemplo a Caixa Econmi-ca Federal. Em parceria com a GTZ, agncia alem de cooperao tcnica, a Caixa passou a nanciar sistemas de aquecimento solar de gua em todas as linhas de crdito e a subsidiar a ado-o desse equipamento em moradias populares o sistema pode gerar uma

    economia de mais de 30% na conta de luz, uma vez que o chuveiro eltrico um dos itens de maior consumo de energia nas residncias. Em 2010, a Caixa nanciou a construo de mais de 43000 habitaes com aquecimen-to solar de gua. Nosso desao de-senvolver mais projetos como esse e evoluir nas dimenses ambiental e econmica, diz Sergio Pinheiro Ro-drigues, vice-presidente da Caixa.Com a inovao sustentvel incor-

    porada estratgia de negcios de um nmero cada vez maior de empresas (veja mais na pg. 32), um dos desaos difundir essa cultura entre os funcio-nrios. Na Intercement, fabricante de cimentos do grupo Camargo Corra, o terreno no parecia muito frtil para a inovao, uma vez que o setor possui processos de produo bastante con-solidados. Mas a empresa identicou a uma oportunidade de diferenciao no mercado e formou grupos de traba-

    Fbrica da Intercement

    em Minas Gerais: a experincia mostrou que projetos de inovao exigem a participao de todos os envolvidos desde o incio

    Uma pesquisa revela que a maioria dos consumidores acredita que

    cabe s empresas, e no ao governo, lidar com questes socioambientais

    da marca e com a repercusso na mdia do que com o contedo das aes e com os avanos que possam gerar.A maquiagem sustentvel cada

    vez mais percebida e rejeitada pe-lo mercado. o que mostra uma pes-quisa feita em 2011 pelo grupo francs de comunicao Havas em 14 pases. Entre os quase 4200 consumidores brasileiros entrevistados, 60% acredi-tam que grande parte das empresas tenta se mostrar responsvel so mente para melhorar a imagem. Ape nas 26% avaliam que as companhias esto co-municando honestamente seus com-promissos e suas iniciativas ambien-tais e sociais. Reetindo uma tendn-cia global, os consumidores do pas esperam um papel cada vez mais ativo das empresas na rea de sustentabili-dade. A pesquisa mostra que os brasi-

    leiros so mais preocupados com questes ambientais e sociais do que os consumidores na Europa e nos Es-tados Unidos 72% dizem que esses assuntos tm um impacto negativo na qualidade de vida. Apenas 10% dos brasileiros acreditam que cabe ao go-verno, e no s empresas, lidar com problemas sociais e ambientais. Em pesquisa similar realizada h dois anos, 23% dos consumidores brasilei-ros atribuam a responsabilidade maior nessas questes ao governo.

    A PEGADA AMBIENTAL

    Entre as companhias participantes do Guia EXAME, nota-se um avano nos compromissos com o desenvolvimen-to sustentvel, em especial na rea am-biental. A proporo de empresas que elaboram inventrio de emisso de ga-ses de efeito estufa, um indicador da preocupao com o impacto gerado por suas atividades no meio ambiente,

  • 28/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/Novembro 2011

    lho com funcionrios de diversas reas para discutir novas formas de fazer as coisas. No ano passado, esses grupos geraram mais de 900 ideias, 53 novas solues e sete prottipos. Um dos prottipos criados foi um kit de cimen-to, areia e pedra para o preparo rpido de concreto em pequenas obras bas-ta acrescentar gua mistura antes do uso. A experincia gerou aprendizados teis. Cometemos o erro de envolver a rea comercial no projeto apenas quando o prottipo precisava ser tes-tado no mercado, e a enfrentamos a resistncia da equipe, que no estava convencida de que o produto seria ca-paz de gerar um bom resultado econ-mico, diz Lvia Gandara Prado, coor-denadora de inovao da Camargo Corra. Aprendemos que funda-

    mental envolver todas as reas relacio-nadas ao projeto desde o incio.Alm dos investimentos em inovao,

    outro tema em alta nas empresas a in-cluso social. Entre as que responderam ao questionrio do Guia EXAME neste ano, 85% armaram que o planejamen-to estratgico inclui medidas para redu-zir a pobreza e ampliar a incluso social ante 65% em 2010. A Conferncia das Naes Unidas sobre Desenvolvi-mento Sustentvel, que acontece no Rio em 2012, vai debater propostas que nos levem a uma economia verde, mais so-lidria e inclusiva, ou seja, propostas que vo alm da agenda ambiental, com a participao da sociedade nas questes de pobreza, desigualdade e qualidade de vida, diz Roberta Simonetti, da FGV. No mundo empresarial, ainda so pou-cas as iniciativas nessa rea. Mas esse quadro tende a mudar.

    Os destaques da pesquisaEm 2011, 158 empresas responderam a todas as questes do Guia E

    pesquisa Resultados

    A empresa, por meio de sua alta administrao, est formalmente comprometida com o desenvolvimento sustentvel?

    De que maneira esse compromisso manifestado?

    A poltica de remunerao varivel de todos os executivos est vinculada ao cumprimento de metas de desempenho da empresa nas seguintes dimenses

    dimensO Geral

    2011

    1%

    2010

    No

    1%

    No

    Ambiental

    2010

    2010

    2010

    2010

    2010

    2011

    2011

    2011

    2011

    2011

    43%

    90%

    43%

    13%

    0%

    37%

    84%

    39%

    4%

    11%

    Econmica

    Social

    Nenhuma das anteriores

    No adota remunerao varivel

    45

    25

    0

    70

    95

    Viso e misso

    2010 2011

    87%

    40%

    45

    25

    0

    70

    95

    Planejamento estratgico

    2010 2011

    89% 91%

    45

    25

    0

    70

    Documento pblico com objetivos e metas de longo prazo

    2010 2011

    55%51%

    Sim Sim

    99% 99%

    Medidas de incluso social fazem parte do

    planejamento estratgico de 85%

    das empresas

  • Novembro 2011/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/29

    EXAME de Sustentabilidade. Veja a evoluo das principais prticas em relao ao ano anterior

    Quais so os temas abordados nessa poltica?

    A empresa elabora inventrio das emisses de gases de efeito estufa?

    A empresa apoia a conservao e o uso racional da biodiversidade, como preconiza a ONU?

    Inovaes que reduzam os impactos negativos das operaes

    Medidas para reduzir a pobreza e ampliar a incluso social

    A empresa utiliza materiais reciclados em suas operaes para reduzir o consumo de recursos naturais?

    2010 2010

    2010

    2010

    2011 2011

    2011

    2011

    Sim Sim Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim Sim Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    No No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    90% 59% 83%

    82%

    69%

    80%

    88% 65% 90%

    84%

    63%

    89%

    10% 41% 17%

    18%

    31%

    20%

    12% 35% 10%

    16%

    37%

    11%

    Dimenso AmbientAl

    A empresa possui uma poltica corporativa de responsabilidade ambiental?

    Uso sustentvel de recursos naturais

    2010

    2010

    2010

    2010

    2010

    2010

    2010

    2011

    2011

    2011

    2011

    2011

    2011

    2011

    83%

    90%

    65%

    85%

    71%

    42%

    48%

    99%

    91%

    85%

    97%

    90%

    66%

    65%

    Uso racional de insumos com foco na reduo da emisso de resduos

    Transparncia e divulgao de informaes

    Proteo ou conservao da biodiversidade

    Mitigao dos impactos das mudanas climticas

    A empresa usa critrios sociais para selecionar e monitorar fornecedores?

    Garante a igualdade de tratamento entre funcionrios e terceirizados?

    Dimenso sociAl

    O planejamento estratgico da empresa contempla

    Dimenso econmicA

    2010

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    2010

    2011

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  • 32/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/Novembro 2011

    pesquisaInovao

    novao e sustentabilidade so dois conceitos praticamente inseparveis. Para atingir suas metas de crescimento sustentvel, as empresas devem buscar novas formas de fazer negcios, o que leva ideia de inovao sustentvel. Em um artigo publicado recentemente na revista Forbes, o ameri-cano Aron Cramer, presidente da Business Social Responsibility, consultoria com foco em sustentabilidade, arma que as companhias que criam produtos e servios para uma economia mais sustentvel sero fundamentais para tirar os Estados Unidos do atual perodo de

    estagnao. O prximo Steve Jobs ser algum que coloca a sustentabilidade no centro da estratgia de inovao de sua empresa, diz Cramer.No Brasil, a pesquisa com as participantes do Guia EXAME de Sustentabilidade

    2011 revela a importncia do tema: 91% delas incluem no planejamento estrat-gico a busca por inovaes que reduzam os impactos de suas operaes e aumen-tem seus benefcios sociais e ambientais. Cabe esclarecer que inovao no se restringe a avanos tecnolgicos que criam algo inteiramente novo. Signica tambm novas formas de fazer as coisas. Pode ser uma mudana na gesto, uma melhoria no processo de produo, um aperfeioamento na logstica ou novos modelos de negcios. A inovao depende, sobretudo, da criatividade e do envol-vimento dos funcionrios, diz Jorge Abraho, presidente do Instituto Ethos. Ela conecta os recursos e o conhecimento disponveis para chegar aos avanos. A seguir, exemplos de empresas que encontraram solues inovadoras em seus negcios.

    velhos problemas, novas soluesNoventa e um por cento das empresas

    participantes do Guia EXAME de Sustentabilidade 2011 incluem no planejamento

    estratgico a busca por inovaes verdes

    i

  • Novembro 2011/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/33

    paulo vitale

    O problema virou negcioNa explorao de uma mina de zinco e chumbo na unidade de Morro Agudo, no municpio de Paracatu, em Minas Gerais, a

    Votorantim Metais gerava at recentemente um resduo perigoso, o p calcrio industrial, que precisava ser descartado em um local apropriado. Para eliminar esse resduo, a empresa iniciou h trs anos melhorias em seu processo de produo. Investiu cerca de 300000 reais em equipamentos e em treinamento da mo de obra e conseguiu reduzir os metais txicos presentes no p calcrio a nveis permitidos

    pela legislao. Com isso, transformou o p calcrio em um produto que pode ser usado para corrigir a acidez do solo e aumentar a produtividade das lavouras. Em julho de 2010, a Votorantim atingiu a meta de zerar a gerao de resduos na mina de Morro Agudo.

    Alm dos benefcios ambientais, a iniciativa proporcionar uma receita anual de 8 milhes de reais com a venda do calcrio agrcola e uma economia de 25 milhes de reais por ano com a eliminao dos custos de manejo dos resduos.

    votorantim metais

  • 34/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/Novembro 2011

    pesquisaInovao

    Telhas e tijolos feitos de sobras de mineraoNo processo de beneciamento do minrio de ferro, gera-se uma grande quantidade de lama, que descartada como rejeito. A Vale encontrou uma soluo para o uso sustentvel desse material. Em Corumb, em Mato Grosso do Sul, onde tem uma mina de mangans e outra de minrio de ferro, a empresa comeou a aproveitar a lama de minerao para fabricar telhas e tijolos de baixo custo para a construo civil. A tecnologia desenvolvida dispensa o uso de argila e aproveita tambm resduos de construo. A Vale requereu a patente da inveno e pretende doar a lama a associaes comunitrias para que produzam telhas para a construo de casas populares.

    vale

  • Novembro 2011/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/35

    V ao supermercado com sua prpria embalagemUma embalagem de papelo retornvel, feita de material reciclado e biodegrad-vel, para substituir as sacolas plsticas. essa a ideia de uma embalagem criada neste ano pela gacha Celulose Irani e que comeou a ser testada em um supermer-cado de Joaaba, em Santa Catarina. Produzida com aparas de papelo ondulado, a embalagem foi projetada para ser facilmente montada e desmontada pelos prprios consumidores, sem uso de cola, grampo ou ta adesiva. Com isso, os consumidores podem reutilizar a mesma embalagem inmeras vezes. Cada embalagem de papelo ondulado pode substituir cinco sacolas plsticas tradicionais.

    celulose IranI

    fabiano accorsi

  • 36/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/Novembro 2011

    PESQUISAInovao

    Reciclagem transforma o CO2 em gs do bem

    A White Martins, empresa que fornece gases para ns industriais e medicinais, est desenvolvendo novas aplicaes para o gs carbnico, um dos viles do efeito estufa. A companhia capta o CO

    2 que as indstrias lanariam na atmosfera,

    recicla o gs e o reaproveita no processo produtivo de diversas empresas. O CO2 reciclado pode ser usado, por exemplo,

    no tratamento de gua e euentes, na fabricao de espumas e na lavagem de polpa da indstria de celulose. Com a tecnologia desenvolvida pela White Martins, 320000 toneladas de gs carbnico deixaram de ser lanadas na atmosfera em 2010.

    white martins

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  • temas cruciais para 2012

    BrasilAgenda 2012

    O BRASIL DEVE SE tORnAR O cEntRO mundial das discusses envolvendo o futuro do planeta em junho de 2012, quando o Rio de Janeiro sediar a conferncia das naes Unidas sobre o desenvolvimento sustentvel, a Rio+20. Entre os assuntos em pauta esto a economia verde e a nova governana global para o crescimento sustentvel, os desaos das cidades para solucionar questes como a mobili-dade urbana e a falta de saneamento bsico, a execuo da Poltica nacional de Resduos Slidos, o novo cdigo Florestal e a busca por conciliao entre preservao ambiental e desenvolvimento do agronegcio, e as estreitas relaes entre tica, negcios e sustenta-bilidade. todos esses temas so discutidos nas pginas a seguir.

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    temas cruciais para 2012

    temas cruciais para 2012

    Rio+20 Cidades Lixo Cdigo Florestal tica

  • 42 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | Novembro 2011

    BrasilAgenda 2012

    Uma nova Copenhague?As grandes expectativas em torno da Rio+20, a conferncia da ONU sobre desenvolvimento sustentvel, podem gerar a mesma frustrao da conferncia do clima de 2009

    Rio+20 / Jos Alberto GonAlves PereirA / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

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    1

  • Novembro 2011 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | 43

    Q. Sakamaki/Redux

    Praia no Rio

    de Janeiro:

    duas dcadas depois, a cidade sediar uma

    conferncia para avaliar os progressos

    desde a Rio 92 e definir os prximos passos

    difcil imaginar que uma conferncia de trs dias possa avanar muito alm das protocolares declaraes pol-ticas assinadas por chefes de Estado e de gover-no. Para evitar o fracasso diante das fortes ex-pectativas criadas em torno da Rio+20 a con-ferncia que a ONU realizar de 4 a 6 de junho de 2012 no Rio de Janeiro , organizaes da sociedade civil e entidades ligadas s empresas correm para formular uma agenda pragmtica para o evento. A perspectiva sombria para a eco-nomia global nos prximos meses a exemplo do que ocorreu na conferncia do clima de Co-penhague, em dezembro de 2009 poder, contudo, virar um balde de gua fria no evento das Naes Unidas caso a Europa e os Estados Unidos no consigam debelar a crise. A seguir,

    veja como a Rio+20 poder inuenciar o mun-do dos negcios nos prximos anos.

    O que ser discutido na Rio+20?A conferncia tem o objetivo de avaliar o pro-gresso dos compromissos aprovados durante a Rio 92, encontro promovido pela ONU duas dcadas atrs, impulsionar a transio para a economia verde e discutir propostas para colo-car o tema do desenvolvimento sustentvel no centro de todas as aes das agncias interna-cionais multilaterais. Para as empresas, mesmo que no seja aprovado nada efetivo e mandat-rio, o encontro ser fundamental para avaliar se os acordos sobre o meio ambiente nos pr-ximos dez anos sero costurados por meio de instrumentos regulatrios globais ou por meio de acordos regionais, setoriais e no mbito de blocos econmicos, tais como o G20.

    O que ser aprovado na Rio+20?At o momento, a nica deciso prevista para o encontro uma declarao poltica, com efeito mais simblico do que prtico, que ser assina-da pelos chefes de Estado e de governo ao nal da conferncia. Existe a expectativa tambm de que a declarao mencione a necessidade de uma organizao mundial do meio ambiente, com peso poltico similar ao da Organizao Mundial do Comrcio.

    Em que medida a declarao poltica da con-ferncia inuenciar os negcios? Para o segmento empresarial mais engajado com a sustentabilidade, uma declarao polti-ca genrica frustraria a forte expectativa depo-sitada na conferncia. No consigo ver um documento nal sem metas e indicadores para avaliar seu cumprimento, diz Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentvel. A entidade que representar a comunidade de negcios na Rio+20 a Business Action for Sustainable Development 2012 divulgou um documento em que recomenda a aprovao na conferncia de um Mapa do Caminho da Economia Verde, com metas mensurveis e prazos para acelerar a transio para uma economia mais sustent-vel e pouco intensiva em carbono.

    Uma OMC do meio ambiente teria peso po-ltico e regulatrio similar ao do rgo que resolve diferenas comerciais?Existem hoje mais de 500 acordos ambientais multilaterais (MEAs, na sigla em ingls). Di-

  • 44 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | Novembro 2011

    BrasilAgenda 2012

    ferentemente do que ocorre na Organizao Mundial do Comrcio ou na Organizao Mundial da Sade, eles esto espalhados em inmeros secretariados e agncias da ONU. parte sua disperso e frgil implementao, os MEAs pecam pela falta de mecanismos pa-ra resolver controvrsias e penalizar quem no os respeita. Uma exceo o bem-suce-dido Protocolo de Montreal, de setembro de 1987, que conseguiu cumprir suas metas de eliminar a produo e o comrcio de CFCs, gases refrigerantes responsveis pela destrui-o da camada de oznio.

    O que a conferncia entende por crescimento econmico?Um relatrio do Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) sobre econo-mia verde, publicado em fevereiro, estima em 1,3 trilho de dlares menos de 2% do PIB global o investimento anual necessrio para transformar a economia marrom em verde en-tre 2011 e 2050. Esse valor inclui o desenvolvi-mento de tecnologias e processos de produo e consumo mais limpos. De acordo com o Pnu-ma, j em 2017 o crescimento do PIB global ser mais elevado no cenrio dos investimentos verdes do que no do business as usual (cen-rio dos negcios como de costume). Mais da metade dos investimentos verdes at 2050 de-ver ser destinada gerao de energias reno-vveis e ecincia energtica.

    Como os subsdios aos combustveis fsseis sero tratados na conferncia?Se vingar a proposta do Mapa do Caminho da Economia Verde, o documento poder incluir metas para a reduo progressiva de subsdios aos combustveis fsseis. Atualmente, segundo a Agncia Internacional de Energia, cerca de 650 bilhes de dlares so injetados no mundo a cada ano para reduzir os preos da gasolina e do diesel e fomentar a produo de petrleo e carvo mineral. Em razo de preos arti-cialmente rebaixados por meio de subsdios, os combustveis fsseis competem no mercado em condio mais favorvel do que as tecno-logias limpas, que demandam pesados inves-timentos em sua fase de maturao. Por isso, alguns especialistas defendem o uso de subs-dios tambm para diminuir a desvantagem de custo das tecnologias verdes, sobretudo no estgio inicial de desenvolvimento. Mas, para no estimular a inecincia, esses subsdios precisariam ter prazo determinado.

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    Recife, So Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre: algumas aes pontuais procuram melhorar a qualidade de vida nos maiores centros urbanos do pas

  • Novembro 2011 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | 45

    a preocupao com a busca de prticas mais sustentveis no se res-tringe ao mbito de atuao das empresas. H um movimento global similar na gesto pbli-ca de centenas de cidades ao redor do mundo. Barcelona, por exemplo, implantou em 2000 uma lei de incentivo ao uso de energia solar trmica e, hoje, 60% da gua em novas cons-trues na metrpole espanhola obrigatoria-mente aquecida por painis solares. Na mesma poca, Copenhague, na Dinamarca, investiu na construo de parques elicos, contribuindo para que, atualmente, 20% da eletricidade do pas seja gerada por cata-ventos. Em Londres, uma experincia com a criao de um bairro ecologicamente correto mostra que possvel reduzir as emisses de gases de efeito estufa nos grandes centros urbanos com o uso de no-vas tecnologias. Os moradores das 100 casas includas no projeto reciclam 60% dos res-duos, diminuram em 64% a distncia percor-rida com seus carros, consomem 58% menos gua e emitem 56% menos gases estufa que o cidado mdio ingls. E as cidades brasileiras, como esto nesse cenrio?

    Para responder a essa pergunta, o Guia EXAME de Sustentabilidade 2011 avaliou quatro das maiores metrpoles do pas: So Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife. Os indicado-res mostram que as maiores cidades brasileiras esto longe de ser sustentveis muito mais longe do que se imagina (veja quadro na prxi-ma pgina). Um quarto da gua tratada vaza por encanamentos envelhecidos ou pinga nas torneiras dos moradores de So Paulo, a maior

    Muito longe do idealA sustentabilidade entrou na agenda das prefeituras de cidades em todo o mundo, inclusive no Brasil. Mas um levantamento exclusivo mostra que as maiores metrpoles brasileiras ainda no conseguem combater decincias bsicas, como a perda de gua tratada e a poluio do ar

    Cidades / alexa salomo e Patrick cruz / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

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  • 46 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | Novembro 2011

    BrasilAgenda 2012

    cidade da Amrica Latina. Em Tquio, esse des-perdcio compromete menos de 4% da gua tratada. De acordo com as Naes Unidas, uma pessoa precisa de 110 litros de gua por dia, mas, em razo do desperdcio, o consumo mdio do brasileiro chega a 200 litros dirios. O volume de resduos slidos reciclados constrangedor: no atinge 1% do total em So Paulo, Rio de Janeiro e at em Porto Alegre, que tem um dos sistemas de coleta seletiva mais organizados do pas. Na cidade americana de So Francisco, o ndice de 77%. Essas trs capitais brasileiras tambm convivem com ndices perigosos de poluio do ar provocada pela emisso de ve-culos: 65% acima do nvel recomendado pela

    ONU. Entre 8% e 18% da populao das quatro metrpoles brasileiras avaliadas vive em fave-las. O levantamento mostra que o nus das disparidades regionais compromete ainda mais a sustentabilidade. Apesar do recente surto de crescimento econmico, Recife est muito aqum das demais cidades analisadas: tem a menor proporo de rea verde (1,4 metro qua-drado por habitante, ante o mnimo recomen-dado de 12 metros quadrados), o maior nme-ro de residncias sem rede de esgoto (45% do total das casas) e o maior volume de perda de gua tratada (64% do total).

    A base do estudo foram 300 indicadores de sustentabilidade urbana criados em agosto pelo

    Perda de gua tratada(% em relao ao total produzido)

    Concentrao de material particulado no ar (1)

    (em microgramas por metro cbico)

    Nmero de homicdios entre jovens de 15 a 29 anos(em 100 000 habitantes)

    Parcela das residncias sem ligao rede de esgoto

    (% em relao ao total)

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    12

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    17

    0 2

    Despreparo urbano Enquanto centenas de municpios ao redor do mundo investem na busca de alternativas para se

    211

    1. M

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    nual

    Rec

    ife

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  • Novembro 2011 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | 47

    O Programa Cidades Sustentveis lanou maisde 300 indicadores para ajudar os prefeitos a avaliar a qualidade de vida nos centros urbanos e traar polticas pblicas mais consistentes

    Programa Cidades Sustentveis, uma iniciativa lanada por ONGs e empresas que defendem a adoo de polticas pblicas voltadas para o de-senvolvimento econmico, social e ambiental mais sustentveis. Os indicadores medem a qua-lidade de servios como transporte, sade, edu-cao e bem-estar da populao, por meio de

    dados como o nvel de poluio do ar e a oferta de parques e de reas de lazer. A proposta que os indicadores sejam usados como ferramentas para ajudar os prefeitos a colocar as cidades brasileiras em linha com os centros urbanos mais modernos do mundo. Intuitivamente, percebemos que as cidades brasileiras no so

    Reciclagem de resduo slido (% em relao ao total produzido)

    Parcela da frota com equipamento para atender pessoas com deficincia (% em relao ao total produzido)

    rea verde por habitante (em metro quadrado)

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    tornarem mais sustentveis, as maiores cidades do pas ainda apresentam deficincias arcaicas

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    sustentveis, mas s com os indicadores pode-remos fazer uma radiograa dos problemas e estabelecer metas para solucion-los, diz Oded Grajew, coordenador do Nossa So Paulo, uma das entidades envolvidas no Programa Cidades Sustentveis. A pedido de EXAME, a Urban Systems, empresa especializada na formulao de estudos demogrcos e de mercado com ba-se em dados municipais, aplicou nas quatro metrpoles escolhidas 20 indicadores selecio-nados pela Nossa So Paulo, entre os mais de 300 existentes. Entre eles esto rea verde por habitante, quilmetros de ciclovias, desperdcio de gua e percentual de residncias ligadas rede de esgoto. Contriburam para a coleta de dados as entidades Rio Como Vamos, Porto Ale-gre Como Vamos e Observatrio de Recife. Os resultados foram comparados com os nmeros de metrpoles que so uma referncia positiva e avaliados por tcnicos do Programa Cidades, da consultoria Deloitte Touche Tohmatsu (veja quadro na pgina anterior).Uma decincia identicada pelo levanta-

    mento a falta de dados consistentes para ela-borar os indicadores. So Paulo a nica cida-de entre as quatro analisadas em que h infor-maes sobre a demanda por creches. Os dados

    sobre a oferta de leitos hospitalares so distor-cidos: somam os pblicos e os privados e no esto organizados por bairro, o que d a falsa impresso de que o nmero de leitos dispon-veis supera a demanda. No se sabe quantas escolas tm quadra esportiva ou qual o acervo de livros infanto-juvenis nas bibliotecas pbli-cas. A falta de informao, a defasagem na di-vulgao de nmeros ociais ou mesmo a dis-toro dos dados so problemas recorrentes mesmo nos maiores municpios, diz Thomaz Assumpo, diretor da Urban Systems. Essa carncia no permite uma leitura clara da rea-lidade e limita a capacidade das prefeituras de estabelecer aes mais ecientes.Seria injusto dizer que o poder pblico tem

    sido aptico diante dos desafios. Iniciativas pontuais importantes foram adotadas em anos

    recentes. So Paulo e Rio de Janeiro zeram diagnsticos sobre emisses e adotaram medi-das para reduzir a poluio gerada pelos vecu-los, que respondem por 40% da liberao dos gases de efeito estufa. Na capital paulista, a fro-ta de nibus comea a receber veculos movidos a etanol e estuda-se a volta dos eltricos. No Rio, o uso da bicicleta tem sido incentivado. A cida-de est instalando uma rede de ciclovias e abrin-do estacionamentos para que os cariocas pos-sam fazer o trajeto da casa para o trabalho as-sociando o transporte pblico e a bicicleta. Em Porto Alegre, foram plantadas 10000 rvores por ano desde 2005 e deu-se incio desconta-minao do rio Guaba, o principal da cidade, com a meta de devolv-lo aos banhistas at 2028. Em Recife, investe-se na ampliao de parques e praas. Hoje est claro que a gesto pblica precisa incluir os quatro fundamentos da sustentabilidade: ser economicamente vi-vel, ecologicamente correta, socialmente justa e culturalmente diversa, diz Marcelo Rodri-gues, secretrio de Meio Ambiente de Recife.H entre os gestores pblicos, no entanto, o

    consenso de que as aes ainda so limitadas, a velocidade das mudanas est longe do ideal e pode-se levar mais tempo do que o desejvel

    para colocar as cidades brasileiras entre as mais sustentveis. Reconhecemos que h uma crise ambiental global e procuramos reverter seus efeitos, mas as mudanas no vo ocorrer da noite para o dia, diz Eduardo Alves Sobrinho, secretrio do Verde e do Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Na avaliao de Claudia Baggio, di-retora da Deloitte, os municpios brasileiros tm uma oportunidade nica para acelerar os investimentos. A coleta seletiva, o tratamento do lixo, a adoo de energias e de transportes ambientalmente amigveis pressupem o uso de novas tecnologias e a criao de novos ne-gcios, diz Claudia. Os investidores estran-geiros esto vidos pelo Brasil e por oportuni-dades ligadas sustentabilidade. Se as prefei-turas se organizarem para aproveitar essa onda, podem recuperar o tempo perdido.

    A falta de informaes conveis e atualizadas impede uma leitura clara da realidade das cidades e limita a capacidade de ao dos governos 3Paulo Fridman/SambaPhoto/Getty imaGeS

  • Novembro 2011 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | 49

    Um impulso ao negcio do lixo A Poltica Nacional de Resduos Slidos comea a gerar novas oportunidades aos empresrios, da reciclagem de materiais e logstica reversa construo e operao de aterros sanitrios

    Lixo / Maurcio oliveira / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

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    Aterro sanitrio

    em So Paulo:

    a construo de instalaes adequadas

    para receber os resduos deve crescer

    com a proibio dos lixes a cu aberto

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  • 50 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | Novembro 2011

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    A DorsAl, empresa de Curitiba especializada em consultoria ambiental, viu a demanda por seus servios disparar desde a entrada em vigor da Poltica Nacional de Res-duos Slidos em dezembro de 2010. Desde en-to, o nmero de contratos que fechou para elaborar planos de gesto de lixo cresceu 150%. Entre os clientes esto desde grandes empresas, como a rede varejista de pneus DPaschoal, at pequenos negcios, como restaurantes e oci-nas mecnicas. Todos esto preocupados em se adaptar legislao, diz o qumico ambien-tal Renato Nakayama, um dos scios da Dorsal, criada h trs anos. Eles temem perder o direi-to de continuar operando por falta de documen-tao ou por descumprir as novas exigncias. Um dos planos da consultoria oferecer seus servios a prefeituras, j que a maior parte dos municpios brasileiros no dispe de equipe tcnica preparada para atender s exigncias da nova legislao s os que cumprirem os re-quisitos, como a apresentao do plano muni-cipal de gesto de resduos at agosto de 2012, podero disputar verbas pblicas federais.Com a nova legislao, o Brasil nalmente

    ganhou um marco regulatrio para o lixo, tema que se arrastou no Congresso Nacional por duas dcadas. Abriu-se, dessa forma, espao para o surgimento de novos negcios ou para

    a expanso dos existentes. Espera-se, por exemplo, que a reciclagem ganhe impulso ago-ra que a lei estabelece uma distino entre os conceitos de resduo e rejeito resduo todo lixo produzido pela populao e pelas empresas, enquanto rejeito a parte desse lixo que no pode ser reciclada com as alternativas tcnicas disponveis. Na situao ideal vislum-brada pela nova poltica, somente os rejeitos podero ser descartados nos aterros sanitrios. Essa determinao dever levar busca de so-lues economicamente viveis para a recicla-gem de vrios outros tipos de produto alm das tradicionais latinhas de alumnio e garrafas PET, os dois nicos produtos, at agora, con-siderados bem-sucedidos no pas, com eleva-dos ndices de reciclagem. Segundo uma esti-mativa do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada, o potencial dos benefcios econmi-cos e ambientais com o aproveitamento de resduos que poderiam ser reciclados, mas ho-je so enviados a aterros e lixes a cu aberto, chega a 8 bilhes de reais por ano.Outro nicho considerado promissor a

    construo e operao de aterros sanitrios. A nova legislao estabelece que os lixes a cu aberto encontrados em metade dos muni-cpios brasileiros devem ser eliminados at 2014. Para erradicar os lixes, um estudo da

    Caambas para coleta de

    entulhos de obras de construo:

    a maior parte desse material, que hoje

    desperdiada, poderia ser usada na pavimentao

    de ruas

    Joel Silva/FolhapreSS

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    Associao Brasileira de Resduos Slidos e Limpeza Pblica (ABLP) estimou que seja ne-cessrio construir 256 aterros sanitrios regio-nais e 192 de pequeno porte, com um investi-mento total de 2 bilhes de reais. Mas isso s o comeo. A construo dos aterros a pri-meira etapa. A fase mais delicada vem depois, com a necessidade de recuperar as reas de-gradadas e de operar corretamente os aterros para evitar novas contaminaes, diz Ario-valdo Caodaglio, diretor da ABLP. Como os lixes so encontrados com mais

    frequncia em cidades menores, que dispem de menos recursos para investimentos, o gover-no federal estimula pequenos e mdios munic-pios a se reunir em consrcios para construir aterros sanitrios que atendam uma populao de pelo menos 150000 pessoas, o que possibili-tar ganhos de escala e reduo de custos. Como um incentivo aos projetos compartilhados de municpios, o governo deniu que os consrcios com regras claras de diviso de responsabili-dades entre os municpios tero mais facili-dade para obter financiamentos na segunda etapa do Programa de Acelerao do Cresci-mento (PAC 2), que reservou 1,5 bilho de reais para obras na rea de resduos slidos.

    PPP do Lixo

    Para tornar os projetos viveis, a ABLP arma que a melhor estratgia formar parcerias pblico-privadas e entregar a construo e a gesto dos aterros iniciativa privada. Nesse modelo, os custos da implantao seriam amortizados ao longo de 20 anos de durao do contrato como ocorre, por exemplo, nas rodovias concedidas gesto privada. A dife-rena que, em vez do pedgio, a remunera-o das empresas se daria com a cobrana da taxa do lixo, j existente em muitas cidades, mas quase sempre com arrecadao insu-ciente para cobrir as necessidades de investi-mentos. Ser preciso, no entanto, superar a mesma diculdade enfrentada na concesso de rodovias: convencer a populao de que vale a pena pagar valores mais altos por ser-vios de melhor qualidade. Uma atividade que deve ganhar fora com

    o novo marco regulatrio a logstica reversa, cuja funo assegurar o retorno dos resduos fonte que os gerou, para que sejam tratados ou reaproveitados. A logstica reversa j apli-cada em produtos como pneus, pilhas e em-balagens de agrotxicos, mas agora deve ser ampliada para outros setores, como o de ele-

    troeletrnicos. O aproveitamento das sobras de construes e reformas tem grande poten-cial. Esse tipo de material desperdiado na maior parte das cidades brasileiras poucas tm programas de aproveitamento de entu-lhos. Se as prefeituras assegurassem uma compra mnima dos entulhos reciclados para utiliz-los em suas prprias obras de pavi-mentao, muita gente poderia apostar em empreendimentos nessa rea, arma Van-derley John, especialista em reciclagem de materiais de construo e professor de enge-nharia da Universidade de So Paulo.Os novos negcios do lixo devem exigir o de-

    senvolvimento de tecnologias para modernizar e aumentar a ecincia dos processos de coleta e reciclagem dos resduos. Em algumas cidades do Rio Grande do Sul entre elas Santa Maria, Caxias do Sul e Rio Grande , parte do lixo nas ruas j recolhida pelo prprio motorista do caminho, que opera um brao telescpico pa-ra fazer a coleta, sem necessidade da ajuda de outros funcionrios. O processo de separao do lixo para reciclagem tambm tem muito a evoluir j h tecnologia para que praticamen-te tudo seja executado de forma automtica. Quem zer primeiro esse tipo de investimen-

    to no Brasil vai car muito frente dos concor-rentes, diz o consultor Fernando Altino. Como ocorre em todos os setores em transformao, o mais difcil na rea dos resduos slidos en-contrar o momento certo de empreender nem cedo demais, a ponto de dar um tiro n'gua, nem tarde demais, a ponto de chegar atrasado disputa por um novo nicho. A enorme distn-cia entre o que ocorre na prtica e o que est escrito na nova legislao abre a perspectiva de uma imensido de negcios. como se a lei determinasse que todo mundo ter de usar black-tie num pas onde metade da populao ainda vive sem roupa, diz Altino, referindo-se ao fato de que metade dos municpios brasilei-ros ainda despeja seus resduos em lixes a cu aberto. Cabe aos empreendedores encontrar o traje certo para fazer parte dessa festa.

    Para construir os aterros sanitrios que vo substituir os lixes a cu aberto, ser preciso investir 2 bilhes de reais

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    BrasilAgenda 2012

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  • Novembro 2011 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | 55

    O cabo de guerra das orestasO novo Cdigo Florestal tem o desao de conciliar a preservao da natureza com o desenvolvimento do agronegcio. Mas o embate entre os ambientalistas e os produtores rurais est longe do m

    Cdigo Florestal / Vladimir Brando / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

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    Um dOs mais importantes temas atualmente em tramitao no Congres-so Nacional, o novo Cdigo Florestal pretende resolver uma questo crucial: conciliar a pro-teo do meio ambiente com o desenvolvi-mento da agropecuria. Isso no deveria ser to complicado no Brasil, um pas que possui 520 milhes de hectares de reas preservadas, o correspondente a 61% de seu territrio, ao mesmo tempo que se tornou uma potncia global do agronegcio ocupando apenas 28% da rea com a atividade. No entanto, mais de 90% dos 5,2 milhes de produtores brasileiros esto atualmente fora da lei, segundo a Con-federao da Agricultura e Pecuria do Brasil (CNA). De algum modo, eles no cumprem o cdigo em vigor, estabelecido em 1965 e, des-de ento, modicado por vrios decretos, por-tarias e medidas provisrias. A situao che-gou a esse ponto devido ao descaso de produ-tores, diculdade de cumprir determinaes pouco razoveis e incapacidade do Estado de realizar a scalizao devida. Por anos o governo prorrogou por decreto o prazo para a adequao s normas, at que a reviso da le-gislao se imps como prioridade. A atuali-zao do cdigo trar segurana jurdica aos produtores rurais, diz a senadora Ktia Abreu (PSD-TO), presidente da CNA.Mais que dar segurana a agricultores e pe-

    cuaristas, a qualidade da lei produzida e a ca-pacidade de adequao do setor ao novo marco legal a partir de 2012 diro ao mundo se o Bra-

    sil possui, de fato, um agronegcio sustentvel e mecanismos modernos para gerir seu patri-mnio natural. O ponto de partida dos grupos que buscam inuenciar o novo cdigo a legis-lao atual. Sobre ela, uns dizem tratar-se de um arcabouo ultrapassado e inaplicvel, uma ameaa no apenas ao crescimento da produo mas tambm sua manuteno nos patamares atuais, alm de inecaz para proteger os recur-sos naturais. Para outros, entretanto, trata-se de uma das legislaes ambientais mais moder-nas do mundo, que foi simplesmente ignorada pelo avano da agropecuria e agora, em vez de se buscar cumpri-la, optou-se por afrouxar as regras e apagar os erros do passado. Assim se delineou uma polarizao feroz entre pro-dutores rurais e ambientalistas. Posto nesses termos, o primeiro round foi

    vencido pelos produtores. O projeto de lei do deputado e atual ministro do Esporte Aldo Rebelo (PCdoB-SP), aprovado com folga pela Cmara dos Deputados em maio, exibilizou as regras para a ocupao de reas de proteo e reservas orestais nas propriedades rurais, entre outras mudanas polmicas que do margem a interpretaes contraditrias. O texto aprovado atende demanda dos produ-tores, principalmente os pequenos, ao mesmo tempo que mantm os instrumentos de con-servao do cdigo atual, diz Rodrigo Lima, gerente-geral do Icone, instituto especializado na anlise do agronegcio. Para Lima, a maior virtude do cdigo aprovado na Cmara a pos-

    Queimada em rea agrcola prxima

    mata preservada em Mato Grosso:

    o Congresso Nacional discute a lei que vai

    regular a explorao da terra no Brasil

    RodRigo Baleia/latinContent/getty images

  • 56 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | Novembro 2011

    BrasilAgenda 2012

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    sibilidade de adequar o ordenamento jurdico realidade do pas algo que seria hoje im-possvel, como sugere o descumprimento da lei em larga escala. Aumentar as exigncias sem considerar aspectos socioeconmicos dos produtores, como tem sido feito nos ltimos anos, no trouxe resultados prticos para a conservao, arma Lima.Agora est em curso o segundo round do

    embate. O Senado se debrua sobre o texto aprovado na Cmara, revisando seu contedo em comisses e analisando novas propostas. Nessa etapa, espera-se que sejam incorporadas algumas demandas dos ambientalistas. Ainda d para salvar o cdigo no Senado, mas com o corao partido pelas perdas irreversveis. Perdemos a oportunidade de criar uma lei ino-vadora e moderna, diz Miriam Prochnow, da ONG catarinense Apremavi, uma das coor-denadoras do Comit em Defesa das Flores tas, frente que rene a Ordem dos Advogados do Brasil, a Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil e diversas ONGs. Os ambientalistas veem no texto da Cmara um enorme retro-cesso, pois, entre outras coisas, ele admite a consolidao de atividades agropecurias em reas de proteo permanente, as APPs ter-

    renos sensveis, como margens de rios, encos-tas ngremes e topos de morros , benecian-do quem descumpriu a lei e punindo, portan-to, quem cumpriu. O texto tambm isenta um grande nmero de propriedades da recupera-o da reserva legal, rea destinada manu-teno de vegetao natural e que varia de acordo com o bioma ela deve ocupar 80% das propriedades na Amaznia, 35% no cerra-do e 20% em outros biomas. O novo texto abre, por exemplo, a possibilidade de compensar reserva legal em outra rea, ainda que distan-te, desde que no mesmo bioma por exemplo, o dono de uma fazenda em Gois poder ar-rendar uma rea no sul do Maranho, tambm no cerrado, e mant-la como reserva.O Senado deve colocar o texto do novo cdi-

    go em votao no plenrio em novembro. De-

    pois, os deputados voltam a analisar o texto. Em seguida, o cdigo vai para a sano da presiden-te Dilma Rousse, o que pode acontecer at o m do ano. At o fechamento desta edio, a expectativa era que o Senado ajustasse alguns pontos do texto aprovado na Cmara, como a possibilidade aberta consolidao de qualquer atividade agropecuria em APPs, e inclusse aspectos relativos ao ordenamento urbano, as-sunto praticamente ignorado pela Cmara. Tambm precisamos adotar mecanismos eco-nmicos para premiar quem cumpre a lei e para incentivar a recuperao e a conservao, diz Raul do Valle, do Instituto Socioambiental. Ele se refere ao conceito de pagamento por ser-vios ambientais, cujo princpio o de que a natureza presta servios fundamentais, como regulao do clima e reteno de carbono, e quem a protege deve receber por isso. Essa uma agenda positiva, que converge interesses de ambientalistas e produtores rurais.Ainda assim, a aprovao do cdigo no sig-

    nicar o m do embate. Para sairmos dessa guerra, todo mundo tem de ganhar, seno to-dos saem perdendo, diz Lima, do Icone. Se o texto no for equilibrado a ponto de atender aos anseios dos interessados, poder haver

    uma enxurrada de aes judiciais que atravan-caro o processo. Se tudo correr bem, comea em 2012 o desao de implantao da nova le-gislao. O poder pblico precisar se estrutu-rar para criar um cadastro ambiental que for-nea informaes dedignas sobre a situao de APPs e reservas legais em cada propriedade, pea-chave para uma gesto eciente do espa-o rural. Os governos federal e estaduais deve-ro estabelecer regras de programas de regu-larizao ambiental para que as propriedades possam aderir e se enquadrar na nova legisla-o, e fontes de recursos tero de ser criadas para o pagamento por servios ambientais. J os produtores devero realizar as mudanas necessrias regularizao das propriedades. A aprovao do cdigo s o primeiro passo para o ordenamento do setor, diz Lima.

    Se tudo correr bem, comea em 2012 o desao de implantar o novo cdigo. Uma das tarefas do governo criar um cadastro ambiental convel Silvi

    a Zamboni\FolhapreSS

  • Novembro 2011 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | 57

    5Economicamente incorretoPara o escritor Eduardo Giannetti da Fonseca, o meio ambiente no tratado de forma tica porque a natureza vista como um bem de consumo sem nus ou custo algum

    tica / Eduardo NuNomura / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

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    Eduardo Giannetti da Fonseca no

    jardim de sua casa: Precisamos

    de indicadores de progresso que no

    sejam a mtrica monetria cega

  • 58 | GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE | Novembro 2011

    BrasilAgenda 2012

    muito complicado aceitar fazer sacrifcios agora pelo bem de geraes futuras. Somos a primeira gerao a ter de pensar seriamente nisso

    O ecOnOmista, lsofo e escritor Eduardo Giannetti da Fonseca no tem carro, vai a p at a padaria, pensa duas vezes antes de pedir uma sacola plstica no supermercado e tem a meta de reduzir o con-sumo de carne a ponto de virar vegetariano. Mas est convencido de que, por mais aes ticas que os indivduos pratiquem no seu dia a dia, elas so insucientes para equacionar a distoro no atual sistema de preos, que no leva em conta os custos ambientais no valor da mercadoria. A natureza consumida como se no tivesse um nus. E no se pode esperar, segundo Giannetti, pelas decises polticas de curto prazo, j que as solues devem ser pen-sadas no horizonte de algumas dcadas fren-te. Mineiro de Belo Horizonte e professor do Ibmec So Paulo, Giannetti reete na entre-vista a seguir sobre as questes ticas que o tema da sustentabilidade provoca ou deve-ria provocar na sociedade.

    O relatrio nal da Rio 92 dizia que o modelo hegemnico de desenvolvimento na poca era ecologicamente predatrio, socialmente per-verso e politicamente injusto. O relatrio da Rio+20 parece j estar pronto...O que h de errado, seriamente errado, com o modelo econmico vigente? Ele est calcado no sistema de preos, o grande balizador para pro-dutores e consumidores, determinando o que vale e o que no vale a pena fazer. O sistema de preos extraordinariamente eciente como alocador de recursos, direcionando-os para se-tores nos quais sejam mais demandados. E se mostrou enormemente superior ao modelo de planejamento central, adotado na Unio Sovi-tica durante 80 anos e com resultado desastroso. No entanto, o que se percebe hoje que o siste-ma de preos padece de uma falha muito sria, porque deixa de sinalizar de maneira adequada os custos reais envolvidos nas nossas escolhas tanto ao produzir quanto ao consumir.

    um modelo economicamente incorreto?Sim. Se uma comunidade possui gua potvel em abundncia e no precisa trabalhar para adquiri-la, isso no entra no sistema de preos e na contabilidade econmica. Se essa comuni-dade polui todas as fontes de gua e passa a ter de puric-la, engarraf-la, distribu-la, o que acontece com o PIB? Aumenta. Os consumido-res vo ter de remunerar os fatores de produo, trabalhar um pouquinho mais para ter gua potvel, e o PIB cresce. Mas um crescimento

    com sinal errado, porque a qualidade de vida piorou. Tem algo errado na contabilizao. Pre-cisamos de indicadores de avano e progresso que no sejam essa mtrica monetria cega.

    Indicadores que no mascarem custos como se eles no existissem.A voc est chegando ao ponto. Vamos supor que estou na China, e o pas precisa consumir mais eletricidade, porque a demanda explo-siva. Tenho duas opes: uma termeltrica a carvo ou uma elica renovvel. O preo do quilowatt-hora da termeltrica cerca de 70% menor que o da energia elica. Evidentemente, os chineses vo fazer a termeltrica a carvo. Mas e todo o CO

    2 emitido pela queima do car-

    vo nessa termeltrica? O sistema de preos no sinaliza o impacto ambiental dessa escolha.

    Pensando na origem do problema, na perspec-tiva da histria econmica, por que o ambien-te nunca tratado de forma tica?Porque a natureza tratada como um bem livre que, portanto, pode ser consumida vontade, sem nus e custo algum. Quando pego um avio para cruzar o Atlntico, estou emitindo mais CO

    2 do que um indiano no meio rural durante

    um ano. Estou pagando equipamento, combus-tvel, servio de bordo, aeroporto, mas o custo ambiental no est no preo da passagem.

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    BrasilAgenda 2012

    O que aconteceria se recalculssemos os pre-os levando em conta o ambiente?Os preos relativos vo mudar. Talvez a energia elica, dependendo do valor que voc atribuir para o CO2 emitido, seja mais interessante para a sociedade do que a termeltrica a carvo. Se for proibitivamente caro eu pegar meu carro para andar dois quarteires, vou pensar duas vezes e posso preferir caminhar ou pegar minha bicicleta. A economia regida pelo sistema de preos revelou uma fragilidade que talvez seja da mesma ordem de gravidade que as falhas do modelo de planejamento central.

    O fato de a escassez provocar o desenvolvimen-to de novos produtos que geram aumento do PIB no faz com que os governos considerem isso uma soluo e no um problema?Estamos perigosamente perto de uma ruptura no equilbrio ambiental do planeta. A imagem que tenho usado a de um fumante inveterado que descobre que tem um ensema pulmonar. Ou ele muda enquanto tempo ou isso vai virar um cncer com sequelas dramticas. A humani-dade est nesse limiar. Ou muda de vida ou ento vai caminhar para uma situao sem retorno.

    De certa maneira, parece que estamos apos-tando no cncer...Esse modelo ocidental no transitivo. A exis-te um problema de equidade internacional. Com que autoridade vamos bloquear o acesso a esses confortos da vida moderna que foram vendidos h sculos para pases emergentes como sendo a modernidade e o bem-estar? A boa notcia que os estudos sobre bem-estar, a partir de um nvel de renda mdio, indicam que no h nenhuma evidncia de que acrs-cimos da renda per capita se traduzam em ga-nhos de bem-estar subjetivos. Quando voc parte de baixo, at chegar a certo patamar, o crescimento da renda per capita acompanha-do de um aumento do bem-estar subjetivo. A partir desse ponto, a renda per capita continua crescendo, mas o bem-estar subjetivo para de crescer. No faz sentido apostar no crescimen-to do bem-estar ilimitado. Com o agravante de que continuar nesse caminho coloca em risco o equilbrio ambiental do planeta.

    Seu livro O Valor do Amanh criticava a lgi-ca de que antecipar custa e retardar rende, que faz com que nos orientemos pelas questes imediatas, muitas vezes danosas ao ambiente. Por que agimos assim?

    Quanto vale a pena a atual gerao se sacricar pelo bem das geraes futuras? Alguns argu-mentam que as geraes futuras sero muito mais ricas que ns e, portanto, no faz sentido incorrermos no sacrifcio agora porque ele no necessrio. Muita gente aposta que a tecno-logia vai avanar e dar respostas em tempo hbil para os dilemas e as armadilhas de hoje. Considero esses dois argumentos perigosos e temerrios. Estamos numa trajetria que pe em risco o bem-estar de geraes futuras, a biodiversidade e a prpria viabilidade do ecos-sistema planetrio. Eu no apostaria na tec-nologia como a tbua de salvao. Mas mui-to complicado aceitar sacrifcios agora em nome de geraes futuras e situaes hipot-ticas. A humanidade nunca teve de fazer esse exerccio. A primeira gerao que teve de pen-sar seriamente nisso a nossa, e no estamos acostumados a pensar num horizonte de 50 a 100 anos frente. No entanto, a tecnologia de que j dispomos e os danos que j causamos cumulativamente nos obrigam a pensar nesse horizonte de tempo.

    O senhor parece sugerir que faamos uma es-colha tica, em que a maximizao dos lucros no menor espao de tempo no paute as eco-nomias. Isso possvel?Infelizmente, no podemos contar com a boa vontade para corrigir o sistema de preos. Isso vai ter de ser feito de maneira geral. H uma experincia muito interessante da companhia area British Airways, que, a certa altura do cla-mor na Inglaterra sobre a questo das mudanas climticas, resolveu oferecer aos clientes a op-o de pagar pela compra do crdito de carbono correspondente ao trajeto do bilhete adquirido. Isto , voc paga para que seja compensada a emisso de CO2. A adeso foi de 3%, muito bai-xa. Por qu? um pouco a histria de Agostinho nas Confisses, quando ainda no era santo: "Dai-me, Senhor, a castidade e a virtude, mas no j". No podemos contar com a boa vontade, a boa conscincia das pessoas.

    Lentamente, vemos empresas incentivando a reduo do consumo de sacolas plsticas, o uso de madeira certicada...Essa uma questo complicada. Fui a um evento de embalagens e um especialista eu-ropeu disse que a proibio do fornecimento de sacolas plsticas por lojas e supermercados em alguns pases na Europa aumentou o con-sumo do produto. Antes as pessoas usavam as

    O Paradoxo

    de Jevons:

    em alguns pases da Europa,

    a proibio do fornecimento

    de sacolas plsticas em lojas e supermercados

    aumentou seu consumo

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    sacolas para colocar lixo e para guardar coi-sas. Com a proibio, tiveram de comprar as sacolas. o chamado Paradoxo de Jevons, do m do sculo 19, criado pelo economista bri-tnico Willian Stanley Jevons. O argumento dele: se a ecincia energtica na produo siderrgica melhorasse, no sculo 19, o que iria acontecer? Voc precisaria de menos car-vo por tonelada de minrio de ferro, mas aumentaria o consumo total de carvo. Por qu? Quando se melhora a ecincia energ-tica, cai o custo de produzir ferro. Ao cair es-se custo, aumenta a rentabilidade da siderr-gica. Isso vai atrair mais capital para o setor, o que vai aumentar a capacidade de produo e a oferta, o que far o preo cair e a demanda por ferro aumentar.

    uma lgica perversa, porque o desenvolvi-mento se torna vilo da sociedade.Quer ver um exemplo atual acachapante disso? Ar-condicionado. Em 1960, 80% dos domiclios americanos no tinham ar-condicionado. Ho-je, 84% das casas tm ar-condicionado e a maior parte central. Entre 1993 e 2005, a e-cincia energtica do ar-condicionado aumen-

    tou 20%, mas o consumo mdio por aparelho subiu 37%. Ficou to barato que as pessoas dei-xam ligado. S o ar-condicionado domiciliar equivale hoje ao consumo de eletricidade da economia americana inteira do m dos anos 50. Essa conta no fecha. A China est entran-do hoje nisso e j produz um tero dos apare-lhos de ar condicionado do planeta. Voc pode aplicar isso a automvel, geladeira...

    As lutas ecolgicas parecem restritas esfera do Estado e do mercado. Mas muitos no acreditam que os polticos tenham capacidade de lidar com essas grandes questes.Esse o problema da democracia representa-tiva. O horizonte do poltico a prxima elei-o e o incentivo dele maximizar as chances de sucesso eleitoral. uma viso muito estrei-ta para o tipo de problema que estamos discu-tindo. Assim como no sistema de preos, a democracia como arranjo institucional no mais adequada para oferecer as respostas. Co-mo vamos mudar os incentivos para que os polticos mirem as solues de longo prazo que so relevantes? No tenho a resposta.

    Em seu outro livro, Nada Tudo, o senhor falava em investir melhor no bem-estar do futuro. Isso pressupe tomar decises difceis hoje. Do ponto de vista da tica, quais decises teriam de ser tomadas j?Corrigir o sistema de preos fundamental. fundamental ter um bom Cdigo Florestal, que compatibilize o crescimento do agronegcio com a preservao do patrimnio ambiental. Seria timo contar com consumidores etica-mente mais capazes de viver altura em ter-mos de prudncia e responsabilidade ambien-tal. Muitas vezes, a pessoa tem para si uma boa conscincia, mas seu comportamento no cor-responde ao que ela imagina. No dia a dia, ela pega o automvel, come carne, usa saco pls-tico vontade, joga lixo na rua, pega avio.

    E como o senhor age pessoalmente?Dentro dos meus limites, tento pautar minhas aes pelo que acredito ser o melhor. Penso duas vezes antes de pedir um saco plstico no supermercado. No tenho carro e gosto de an-dar a p. Estou diminuindo muito meu consu-mo de carne, no virei vegetariano, mas pre-tendo caminhar para isso. Estou trazendo o meu dia a dia mais para perto do que conside-ro ideal. Sempre sabendo que, por mais que eu melhore, ainda vai faltar.

    O ar-condicionado cou mais eciente em consumo de energia,

    mas o gasto mdio por aparelho aumentou. Ficou to barato que

    todos deixam ligado

    BrasilAgenda 2012

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    BRASILPolticas pblicasgermano lders

    A menos de um Ano de sediAr a Rio+20, conferncia das Naes Unidas que tratar de temas como a economia verde e o desenvolvimento sustentvel, o Brasil ainda tem diculdades para colocar questes ligadas sustentabilidade no centro de suas polticas setoriais. Um exem-plo contundente foi o anncio, em agosto, da nova poltica industrial brasileira. Batizado de Plano Brasil Maior, o pacote de estmulo competitividade na inds-tria frustrou aqueles que esperavam por incentivos inovao com foco em tecno-logias limpas, no uso sustentvel da biodiversidade e no combate s mudanas climticas. Contemplados em linhas de crdito voltadas para a inovao, esses pon-tos esto longe de ser o motor da poltica industrial do governo de Dilma Rousse.

    O pacote traz medidas como a deso-nerao da folha de pagamentos para setores fragilizados em razo do cmbio valorizado e da concorrncia com a Chi-na, como as indstrias de calados, con-feces, mveis e software. Contempla tambm redues tributrias que devem atingir 25 bilhes de reais nos prximos dois anos est prevista a prorrogao da reduo do IPI sobre bens de capital,

    Linha de produo de carros da Nissan: os incentivos tributrios poderiam ter como contrapartida os investimentos em eficincia de combustveis

  • Novembro 2011/GUIA EXAME SUSTENTABILIDADE/67

    material de construo, caminhes e veculos comerciais leves. No campo da inovao, as principais medidas so a concesso de crdito do BNDES Fi-nanciadora de Estudos e Projetos (Fi-nep), no valor de 2 bilhes de reais, com taxas de 4% a 5% ao ano, e a criao de programas no mbito do Fundo Clima uma parceria entre o Ministrio do Meio Ambiente e o BNDES para nan-

    ciar projetos que reduzam as emisses de gases de efeito estufa. So boas aes, diz Jlio Gomes de Almeida, economista do Instituto de Estudos pa-ra o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Mas elas no anulam o carter restriti-vo do plano. A sustentabilidade no en-trou no DNA da poltica industrial. um caminho diferente do percor-

    rido por pases como a Alemanha, uma

    das naes pioneiras no fomento eco-nomia verde, um movimento intensi-cado sobretudo a partir das dcadas de 80 e 90. Leis ambientais rigorosas e o apoio governamental, na forma de subvenes, estimularam o nascimen-to de uma slida indstria de tecnolo-gias ambientais. Os alemes tambm adotaram critrios de sustentabilidade nas compras governamentais, o que

    Apesar de tocar pontualmente em inovao e sustentabilidade, a nova poltica industrial

    brasileira est aqum dos modelos bem-sucedidos de outros pases AndreA ViAlli

    Oportunidade perdida?

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    BRASILPolticas pblicas

    Painis de energia solar no Parlamento alemo, em Berlim:

    o uso de critrios ambientais nas compras do governo incentivou

    a indstria de energias renovveis

    Maquete de uma cidade projetada para gastar menos energia: tecnologia ambiental uma das reas de pesquisa prioritrias na Coreia do Sul

    ajudou a garantir escala para inds-trias como a de painis solares, desen-volvimento de tecnologias de despo-luio de gua, ltros para indstrias pesadas e tratamento de resduos sli-dos. Na rea de energias renovveis, a Alemanha se tornou uma potncia em energia solar fotovoltaica e em elica graas a um sistema de incentivos que inclui, entre outros pontos, nancia-mentos a juros baixos e as chamadas tarifas feed-in mecanismo que per-mite ao produtor vender energia reno-vvel a um preo fixo garantido em contrato por um perodo determinado.

    O KfW, banco de desenvolvimento ale-mo, a instituio que mais nancia energias renovveis no pas, com taxas de juro inferiores s do mer