guia do reciclador - 19_2007 guia prático de equipamentos

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Guia prático para aquisição de equipamentos de reciclagem de cartuchos O que comprar? Como investir? Como saber exatamente o que é viável para nossa empresa? Será que o vendedor está me ludibriando, ou realmente está vendendo um equipamento que me será útil? Estas e muitas outras perguntas nos passam pela cabeça todas as vezes que pensamos em investir em um equipamento, e é exatamente buscando estas respostas que este artigo foi pensado. Via de regra, uma máquina de recarga nada mais é que uma “seringa de luxo” (Desculpem-me os fabricantes, mas esta é a verdade). Todas fazem a mesma coisa, ou seja, colocam tinta dentro dos cartuchos. O que diferencia uma de outra máquina é um conjunto de valores agregados ao equipamento, inclusive a “qualidade” da própria seringa. Estes valores agregados são: qualidade dos materiais empregados, confiabilidade do equipamento e do Fabricante, seriedade do próprio Fabricante, serviços de garantia, assistência técnica e reposição de peças, velocidade de trabalho do equipamento, ciclo diário e mensal de trabalho, dentre outros. Não vamos generalizar equipamentos, nem desvalorizar a pesquisa e desenvolvimento tecnológico dos equipamentos, pois estas melhorias são exatamente os diferenciais entre os equipamentos. Podemos encontrar equipamentos de enchimento com controles simples de volume ou tempo até controles computadorizados e eletro-válvulas de última geração, capazes de efetuar enchimentos cada vez mais precisos. Como veremos neste artigo, quanto menos dependemos de um operador para realizar os procedimentos de trabalho, mais confiável é o serviço. Componentes internos A grosso modo, uma máquina consiste em um mecanismo que retira a tinta de um reservatório, preenche um segundo reservatório menor, este normalmente graduado (as seringas), e envia esta tinta para dentro do cartucho. Sobre este fluxograma temos variações inúmeras, cada qual com sua vantagem: Reservatórios de tinta primários: Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP F. 11-5077-2005

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Guia para el reciclado de cartuchos tanto inkjet como laser

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Guia prático para aquisição de equipamentos de reciclagem de

cartuchos

O que comprar? Como investir? Como saber exatamente o que é viável para nossa

empresa? Será que o vendedor está me ludibriando, ou realmente está vendendo um

equipamento que me será útil? Estas e muitas outras perguntas nos passam pela cabeça todas

as vezes que pensamos em investir em um equipamento, e é exatamente buscando estas

respostas que este artigo foi pensado.

Via de regra, uma máquina de recarga nada mais é que uma “seringa de luxo”

(Desculpem-me os fabricantes, mas esta é a verdade). Todas fazem a mesma coisa, ou seja,

colocam tinta dentro dos cartuchos. O que diferencia uma de outra máquina é um conjunto de

valores agregados ao equipamento, inclusive a “qualidade” da própria seringa. Estes valores

agregados são: qualidade dos materiais empregados, confiabilidade do equipamento e do

Fabricante, seriedade do próprio Fabricante, serviços de garantia, assistência técnica e

reposição de peças, velocidade de trabalho do equipamento, ciclo diário e mensal de trabalho,

dentre outros.

Não vamos generalizar equipamentos, nem desvalorizar a pesquisa e desenvolvimento

tecnológico dos equipamentos, pois estas melhorias são exatamente os diferenciais entre os

equipamentos. Podemos encontrar equipamentos de enchimento com controles simples de

volume ou tempo até controles computadorizados e eletro-válvulas de última geração, capazes

de efetuar enchimentos cada vez mais precisos. Como veremos neste artigo, quanto menos

dependemos de um operador para realizar os procedimentos de trabalho, mais confiável é o

serviço.

Componentes internos A grosso modo, uma máquina consiste em um mecanismo que retira a tinta de um

reservatório, preenche um segundo reservatório menor, este normalmente graduado (as

seringas), e envia esta tinta para dentro do cartucho. Sobre este fluxograma temos variações

inúmeras, cada qual com sua vantagem:

• Reservatórios de tinta primários:

Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP F. 11-5077-2005

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São os reservatórios que contém as tintas, normalmente fora do equipamento. Vamos

desde sistemas simples, onde um tubo com um “pescador” é inserido na garrafa da tinta (muitas

vezes a garrafa do próprio fabricante da tinta), até sistemas complexos, fechados ou

pressurizados, onde a tinta é injetada para dentro do equipamento e consequentemente injetada

sob pressão para o cartucho.

• Reservatórios de tinta secundários: São os reservatórios que contém a tinta previamente retirada dos reservatórios primários,

normalmente graduados, onde em alguns casos podemos definir o volume de tinta a ser injetado

no cartucho. Encontramos de vários materiais, desde seringas plásticas encontradas em

farmácias, até seringas resistentes de policarbonato. Também podemos encontrar, dependendo

do fabricante do equipamento, reservatórios metálicos (alumínio ou latão).

Estes dois primeiros sistemas são encontrados na maioria dos equipamentos do

Mercado, e sua comparação com sistemas manuais de enchimento é inevitável. O que diferencia

estes equipamentos é a tecnologia empregada no movimento da tinta e seu controle – Alguns

equipamentos que trabalham com ar comprimido para movimentar a tinta são capazes de

trabalhar com centenas de cartuchos por hora, usando sistemas eletrônicos de controle de

válvulas e injetores.

• Injeção direta de tinta Também encontramos entre os vários modelos de equipamentos, sistemas de injeção

direta de tinta, utilizando bombas peristálticas (as mesmas usadas em hemodiálise), onde o

líquido é sugado do reservatório primário e imediatamente injetado no cartucho. O controle da

quantidade de tinta injetada no cartucho é feito, neste caso, com a contagem das voltas da

bomba juntamente com o volume injetado a cada volta. Este sistema é muito usado em conjunto

com câmaras de vácuo.

Os locais de enchimento também são dos mais variados modelos:

• HP Série 600 pretos – normalmente adaptadores de enchimento, injetando tinta pelo

labirinto;

• HP Série 800 pretos – injetando tinta pela cabeça do cartucho ou pelo tampão (bola de

aço);

• Cartuchos de esponja pretos – enchimento por agulhas ou adaptadores;

• Cartuchos de esponja coloridos – enchimento por agulhas ou adaptadores;

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• Cartuchos de esponja (Todos) – enchimento ao ar ou em câmaras de vácuo ou com

vácuo interno;

O enchimento em câmara de vácuo ou o enchimento com vácuo interno têm se

mostrado mais eficiente do que os sistemas chamados “tradicionais” (agulha e seringa), pois

diminuem consideravelmente o índice de rejeição de cartuchos por falta de tinta nos ejetores,

vulgarmente chamado de “bolhas de ar”.

Estes sistemas funcionam da seguinte maneira: antes do enchimento, o cartucho é

submetido à um vácuo (ao menos 60% menos da pressão atmosférica), e assim que todo o

sistema se estabiliza, a tinta é vagarosa e controladamente injetada. Assim que o processo de

enchimento se completa, o ar é lentamente reposto à câmara, liberando por fim o cartucho,

pronto para uso. Uma variação deste sistema é a aplicação de vácuo dentro do próprio cartucho,

minimizando assim o tempo gasto para o enchimento. Este sistema é encontrado em algumas

máquinas de ponta.

Custos Temos fabricantes de equipamentos dos mais variados modelos, formas, cores,

tamanhos, gostos e bolsos, mas, como conseguir definitivamente avaliar o investimento do

equipamento, frente ao valor investido inicialmente? Precisamos sempre avaliar nosso plano de

crescimento, para que a área de produção não seja um gargalo em nossa jornada. Comece a

pesquisar os preços, e avalie as características de valor de investimento inicial, custo

hora/cartucho, depreciação do equipamento, manutenção e peças de reposição. Não existe um

valor ótimo para este quesito, porém se usar o bom senso com uma grande quantidade de

informações, sua decisão estará muito bem embasada.

Assistência Técnica Toda empresa deve manter uma assistência técnica ao seu equipamento, ao menos

seguindo as normas estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor. Tempos aceitáveis

são em torno de 1 ano de garantia contra defeitos de fabricação. Fiquem atentos também com

relação ao uso do equipamento. Fazendo contas, um equipamento que possui capacidade de

produção por hora de 5 cartuchos, em um dia de trabalho (6 horas) fabrica 30 cartuchos, em um

mês (20 dias úteis) fabrica 600 e em 12 meses pode fabricar 7200 peças, enquanto outro,

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usando as mesmas proporções, fabrica 40 por hora, 240 por dia, 4800 em um mês e perto de

57.600 peças por ano, cerca de 8 vezes mais. Pergunta que deve ser feita aos fabricantes: Tais

equipamentos possuem peças internas capazes de trabalhar com ciclos tão longos? A

experiência mostra que poucas empresas possuem realmente capacidade para este trabalho.

Neste quesito também encontramos dificuldades ao se solicitar peças para reposição.

Alguns equipamentos só podem ser reparados na fábrica, o que dificulta e encarece a logística.

A manutenção do equipamento deve ser algo simples e confiável.

A Manutenção preventiva do equipamento também deve ser algo simples, porém deve

sempre ser realizada, para que a longevidade da máquina seja mantida e não se tenha

problemas ou paradas não programadas de manutenção. Normalmente este processo é simples,

bastando lavar o sistema por onde a tinta tem contato sempre ao final do expediente, para que

depósitos de tinta se formem e seus componentes internos não sejam prejudicados.

Confiabilidade Um equipamento grande e imponente pode não ser tão confiável quanto um

equipamento pequeno e compacto. O que devemos sempre prestar atenção é com relação a se

o equipamento cumprirá exatamente o que é proposto pelo fabricante, e principalmente não

quebrará ou deixará de funcionar quando você mais precisa. A confiabilidade do equipamento

não está somente nas peças usadas, que podem ser de alta ou baixa “ciclagem”, ou seja,

preparadas para altos ou baixos níveis de esforço, mas também a presteza do fabricante em lhe

dispor de uma peça defeituosa o mais rápido possível.

Trabalhabilidade

Podemos medir a trabalhabilidade de um equipamento pela quantidade de cartuchos

feitos por hora.

Este é realmente um ponto extremamente importante, e deve ser muito bem pesado na

escolha do seu equipamento. Veja o exemplo:

Equipamento A – 5 cartuchos/hora ou 1 cartucho a cada 12 minutos

Equipamento B – 40 cartuchos/hora ou 1 cartucho a cada 1 minuto e 30 segundos.

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Em 6 horas de trabalho (aproximadamente um dia de trabalho, o equipamento A nos dá

30 cartuchos cheios)

Este valor pode entrar no cálculo de custo da mão-de-obra, ou custo homem-máquina-

hora. Um técnico ganhando R$ 600,00 mensais, tem de custo para a empresa R$ 1.200,00

(incluindo todos os encargos), trabalhando em média 120 horas por mês, e portanto tendo um

custo por hora de R$ 10,00. Voltando aos equipamentos, temos o seguinte cálculo do custo de

mão-de-obra para cada cartucho:

Equipamento A – 5 cartuchos/hora, portanto cada cartucho custa R$ 2,00 para ser feito.

Equipamento B – 40 cartuchos/hora, portanto cada cartucho custa R$ 0,25 para ser feito.

“- Sim, porém nem todos os recicladores fazem 200 cartuchos por dia, e portanto um

equipamento que faça poucos cartuchos por hora atente plenamente minhas necessidades” Esta

é uma frase comum de se ouvir em empresas que investiram em equipamentos, porém estas

mesmas pessoas se esquecem que vão expandir seus negócios e que principalmente estas

mesmas pessoas que operam os equipamentos exercem outras funções, como seleção, testes

ou embalagens.

Aqui cabe uma avaliação do estado presente da empresa mas principalmente uma

análise séria dos planos de expansão da própria empresa.

Facilidade de operação Tenho por conceito que um equipamento deve trabalhar para nós, e não nós

trabalharmos para ele, pois se assim fosse, por que ter um equipamento? Sendo assim, uma das

características a serem analisadas é a quantidade de operações a serem realizadas desde a

instalação do cartucho no local de enchimento até sua retirada, cheio e pronto para uso. O ideal

é que instalemos o cartucho, ajustemos o volume de tinta, apertemos um botão, e, enquanto

tomamos um café ou um copo de água, o cartucho é automaticamente enchido, sendo retirado

da estação de enchimento pronto para ser testado. Equipamentos com várias operações,

principalmente de aberturas e fechamentos de válvulas, são passíveis de falhas ou

esquecimentos na seqüência de trabalho, causando frequentemente “acidentes”, ou lindas

manchas “psicodélicas” de tintas nas paredes ou teto.

Agora, por que este quesito é importante? Principalmente porque os equipamentos muito

dependentes de decisões humanas são passíveis de erros, a não ser que os procedimentos

sejam rigorosamente escritos e seguidos, o que é infelizmente difícil para a maioria das

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empresas de pequeno porte, bem como colaboradores podem “faltar”, e neste caso, como as

operações de recarga frequentemente estão nas mãos de um só operador, sua falta pode

paralisar a produção de cartuchos neste dia. Um equipamento de mais simples operação, ou

com menor número de passos para completar o cartucho, pode ser operado por qualquer pessoa,

bastando saber apertar um botão.

Novamente uma comparação pode ser feita:

Equipamento A: Instala um cartucho, abre manualmente válvula de vácuo enquanto fecha outra

válvula. Com um tempo subjetivo, fecha a primeira e abre uma terceira válvula. Espera um

tempo X (subjetivo também), até que o cartucho “vaze”, quando daí se fecha a segunda válvula.

Imediatamente depois se abre uma terceira válvula e aguarda outro tempo subjetivo para fechar

esta mesma válvula e retirar o cartucho, normalmente sujo de tinta.

Equipamento B: Instala o cartucho em um reservatório, ajusta o volume de tinta, aperta um botão,

e aguarda enquanto o equipamento sozinho cria o vácuo, injeta a tinta e volta o reservatório à

pressão normal.

É possível notar a diferença e a quantidade de operações realizadas pelo equipamento

A? Notaram a quantidade de passos totalmente dependentes do julgamento do operador?

Mercado para os dois equipamentos existe? Sim, é claro que existe. Porém, neste caso,

o que se deve levar em conta é o próprio operador, bem como pessoas outras habilitadas na

operação destas máquinas, e principalmente, operar com PROCEDIMENTOS muito bem

definidos e testados.

Mais importante – Planejamento de crescimento e vendas.

O mais freqüente neste Mercado é o “investidor”, em sua maioria, um demissionário de

uma empresa, junta seu fundo de garantia, vislumbra (na realidade sonha) com uma grande

oportunidade de negócios, pesquisa pouco e adquire um equipamento lindo, porém pouco

funcional. Em pouco tempo este novo empresário não consegue seguir em sua jornada, perde

seu investimento e acaba por vender seu equipamento para um ferro-velho, ou para outro

vislumbrado.

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O que está errado neste ciclo? O Mercado de recondicionamento de cartuchos é

realmente interessante, porém a pessoa não investe com segurança. Investe sem critérios, sem

conhecer todas as opções, e principalmente sem avaliar seu próprio negócio.

Existem ao menos 20 fabricantes nacionais de equipamentos, alguns deles anunciantes

desta revista, e seguramente um que se encaixe perfeitamente em suas necessidades. Porém, o

mais importante é que avalie conscientemente TODOS os quesitos postados neste artigo.

Fazendo isso, seguramente seu investimento estará garantido.

No Próximo número tem mais. Enviem um e-mail para [email protected] com

sugestões para os próximos artigos, de jato ou laser. A sugestão escolhida ganhará uma apostila

de recondicionamento de cartuchos.

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