guia do jornal escolar

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Page 1: Guia Do Jornal Escolar
Page 2: Guia Do Jornal Escolar

Realização

Comunicação e Cultura

Rua Castro e Silva, 121 - 60030.010 - Fortaleza

(85) 3455.2150 - [email protected]

www.comcultura.org.br

Parceria

Secretaria de Educação Básica do Ministério daEducação

Instituto C&A

Comunicação e Cultura

Edição

Daniel Raviolo

Conteúdos

Daniel Raviolo, Marina Mesquita e Andréa Gondim

Projeto Gráfico

Carlos Machado

Capa e contracapa

Gil Dicelli

Revisão de textos

Rafael Rodrigues da Costa, Vânia Monteiro Soares Riose Ana Karla Dubiela

Imagens

Arquivos Comunicação e Cultura

Fortaleza

2011

MAIS EDUCAÇÃO

Ministério daEducação

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GUIA DO JORNAL ESCOLAR

NO PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO

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GUIA DO JORNAL ESCOLAR | 5

Parceria firmada entre a Secretaria de Educação Básica do Ministério

da Educação, o Instituto C&A e a ONG Comunicação e Cultura, viabiliza

o apoio aos professores e monitores do Programa Mais Educação

engajados na publicação de jornais escolares.

A estratégia contempla a distribuição de materiais pedagógicos, a

criação de sequências didáticas e o acompanhamento e formação a

d is tânc ia . Há , a inda, suporte nas áreas de programação v i sua l ,

diagramação eletrônica e impressão.

Informações através do portal www.jornalescolar.org.br ou escrevendo

para [email protected]

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6 | GUIA DO JORNAL ESCOLAR

Código de Ética do Jornal Escolar ............................................................... 07

Visão educativa ........................................................................................... 08

Pergunta estratégica ................................................................................... 08

Introdução ao debate ................................................................................... 09

Produto e processo, uma dicotomia crucial ................................................. 10

O jornal escolar, uma experiência de vida.................................................... 11

Celestin Freinet, uma visão integral do jornal escolar .................................. 13

Projeto Pedagógico para o jornal escolar .................................................... 18

1. A escolha dos conteúdos ......................................................................... 18

A problematização dos conteúdos ............................................................... 19

2. O aprimoramento dos conteúdos ............................................................. 20

O que fazer com os textos de crianças não alfabetizadas .......................... 21

3. Seleção das produções para publicação ................................................. 22

Situações excepcionais de seleção ............................................................ 23

Produção cooperativa .................................................................................. 23

Projeto Editorial passo a passo ................................................................... 25

Decisões básicas ........................................................................................ 25

Como solicitar o orçamento de impressão ................................................... 29

Pré-diagramação ......................................................................................... 30

Oficina de pré-diagramação ......................................................................... 32

Diagramação eletrônica ............................................................................... 34

Sumário

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O jornal escolar promove os direitos humanos edemocráticos em toda sua extensão; ele veicula umavisão de respeito às diferenças culturais, de gênero,sexuais, étnicas, religiosas e outras.

O jornal escolar é pluralista; ele não pratica censuranem oculta informações.

O jornal escolar tem finalidade social; ele não fazpromoção pessoal ou partidária.

Em época de eleições, o jornal escolar não favorecea nenhum candidato, mesmo em eleições de GrêmioEstudantil, direção, associação dos servidores daescola etc.

O jornal escolar não publica textos que atinjam adignidade das pessoas; uma atenção especial é dadaàs piadas, que podem feri-las ou ridicularizá-las,mesmo quando parecem inocentes.

Os textos que contenham críticas são publicadosjunto com a versão da parte criticada, para que elapossa se defender (Direito de Resposta na mesmaedição).

O jornal escolar não publica matérias ou chargesanônimas; todas as produções são assinadas pelosautores.

O jornal escolar publica prestação de contas, casotenha patrocinadores, e declara a tiragem no seuExpediente.

CÓDIGO DE ÉTICADO JORNAL ESCOLAR

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Visão educativaA efetivação do potencial do jornal escolar para a melhoria dos processos de ensino e deaprendizagem, precisa de um pensamento orientador. Com efeito, aplica-se aqui muito bemo ditado popular: "As aparências enganam". O fato de publicarmos um jornal bonito, que aspessoas elogiam, não significa, necessariamente, que ele trouxe algum benefício aos alunos.Pode mesmo acontecer o contrário! Suponhamos, por exemplo, que a vontade de fazer omelhor leve o educador a se exceder na revisão dos textos publicados no jornal, produzindouma expressão escrita distante do que os alunos conseguiriam realizar sem essa intervenção.Os leitores do jornal provavelmente vão aprovar o resultado e parabenizar as crianças, que,involuntariamente, estarão participando de uma pequena fraude e tirando proveito dela noplano da satisfação pessoal... Algo nada bom para a sua formação.

As mídias escolares são qualificadas pelos processos de ensino-aprendizagem dos quaisresultam. Um jornal escolar pode permitir a expressão de crianças e adolescentes ou reforçartendências autoritárias; resultar de processos de ensino e aprendizagem libertadores ou deuma concepção de educação "bancária" (Paulo Freire); servir ao entendimento das dimensõescomunitárias ou expressar uma visão narcisista dos autores; manifestar uma compreensãocrítica do papel da comunicação ou uma visão acomodada e consumista.

Com isso, dizemos que nada está decidido de antemão. Os resultados do jornal escolardependem da coerência pedagógica com que for conduzido. A fidelidade dos educadores aosprincípios da educação libertadora e a visão crítica em relação às práticas são condiçõesnecessárias para o sucesso da proposta. Daí, voltando ao parágrafo inicial, a necessidade deum pensamento orientador.

Pergunta estratégica.

A primeira pergunta que a equipe do jornal escolar deve se fazer é : "Já definimos nossoprojeto pedagógico?"

Entendemos como equipe do jornal escolar no Programa Mais Educação, o monitor que daráas oficinas, o coordenador do programa na escola, o coordenador pedagógico e o diretor.Outros professores podem ser associados a essa discussão, pois, como veremos adiante, épossível publicar também textos produzidos em sala de aula, durante o “turno”.

Um bom debate inicial dará um encaminhamento correto à proposta do jornal. É, portanto,um investimento de tempo altamente recomendável e produtivo.

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Na primeira perspectiva, que chamaremos de JORNAL DA ESCOLA o objetivo principalé a comunicação institucional. Os jornais publicados com essa intenção veiculaminformações para a comunidade escolar e procuram valorizar o trabalho da instituição.Essas características fazem com que sejam vulneráveis ao uso promocional - umavontade de mostrar "tudo bonito". Assim, um acabamento de melhor qualidade épriorizado. A divulgação das produções de alunos neste tipo de jornal é,frequentemente, subordinada à intenção da escola de se mostrar com a melhor cara(daí uma forte "revisão" dos textos publicados).

Os JORNAIS ESTUDANTIS constituem uma segunda categoria. Como seu nome indica,são produzidas pelos estudantes, organizados em Grêmios, Clube do Jornal, gruposculturais etc. O jornal estudantil, a rigor, prescinde da participação dos professorescomo animadores (não como colaboradores, se os estudantes solicitarem), pois ocontrole editorial - isto é, o poder de escolher os conteúdos - fica na mão dos própriosadolescentes. Do ponto de vista da reflexão educativa, o jornal estudantil faz partetanto do campo da educomunicação (educação para a comunicação) como dapedagogia do protagonismo juvenil.

Introdução ao debate.

O jornal escolar é uma tradição iniciada nas primeiras décadas do século XX. O pensamentode Celestin Freinet (1896-1966), que inseriu o jornal escolar dentro de uma pedagogia articu-lada à ideia de aproximar a escola da vida e dos interesses dos alunos, é a principal referên-cia conceitual.

Em 1924, Freinet introduziu a técnica da impressão(tipografia) na escola onde ensinava. Seus alunospassaram a imprimir textos de autoria própria,posteriormente enviados a outras escolas. Essa prática foisistematizada no livro A Imprensa na Escola (1926). Nofinal desta seção publicamos uma longa citação desse livro,para apresentar as vantagens pedagógicas, psicológicase sociais do jornal escolar, segundo esse educador.

O jornal escolar é suporte de uma experiência de vida dacriança, que se mobiliza para comunicar. Nesseengajamento, ela utiliza e desenvolve seu julgamento ecriatividade. Assim, constrói sua autonomia.

A expressão "jornal escolar" passou, no entanto, a designariniciativas com características diversas. É importanteentender essas diferenças, pois equívocos podem nascerda confusão semântica. Vejamos então os três tipos dejornais que acabam recebendo o mesmo adjetivo.

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Os JORNAIS ESCOLARES diferem dos anteriores, pois não têm como objetivo adivulgação institucional e tampouco são iniciativas autônomas dos alunos. Os jornaisescolares têm sua diretriz no projeto político-pedagógico da escola, sendo uminstrumento dessa proposta. Consequentemente, estão focados na aprendizagem doaluno e precisam da mediação de um educador. Isso não quer dizer que o jornal escolarseja autoritário, muito pelo contrário, como veremos a seguir. Esse é o legado deCelestin Freinet e constitui a perspectiva do jornal escolar no Programa Mais Educação.

É possível compatibilizar as três perspectivas?

É legítimo que o grupo responsável pelo jornal escolar, mesmo focado naperspectiva educativa, deseje divulgar também informações institucionaisou do Grêmio Estudantil, por exemplo. Para que isso aconteça sem quehaja “contaminação” entre as diversas lógicas, é recomendável que se criemespaços específicos, claramente identificados, para esses outros assuntos.Trataremos do tema no tópico PROJETO EDITORIAL deste Guia.

Produto e processo, uma dicotomia crucial.

Nas práticas com mídias escolares, existe uma tensão entre a mídia-produto (o jornal impresso,o programa de rádio) e a mídia-processo (o percurso realizado pelo aluno e o professor durantea elaboração do produto).

Nas perspectivas instrumentalistas ou autoritárias, o comando passa por um determinadopatamar de qualidade ou mesmo uma intencionalidade comunicativa, fixados de antemão. Oprocesso é forçado a se adaptar a esse desejo pré-existente, o que provoca diversas distorções.É como se o professor de sala de aula, sentindo-se obrigado a apresentar redações escolaresde qualidade, fizesse por conta própria as correções necessárias, mesmo que o resultado nãotenha relação com a capacidade de produção do aluno.

Na perspectiva de Celestin Freinet, o produto (o jornal, na sua dimensão material) expressasempre o resultado de um processo de aprendizagem, assim como a vivência dos alunos na suaprodução. O aluno produz mídia testando e ampliando, com ajuda do educador, os limites deseus conhecimentos. Freinet alertava contra o fato de se esperar que o jornal escolar seja iguala um jornal de massa (comercial). Nunca poderia ser. A pauta (os assuntos escolhidos) nuncaserá tão diversificada, os textos nunca estarão tão bem escritos nem terão a mesma abordagem,a diagramação jamais será tão profissional, a impressão não terá a mesma qualidade. Veja oque ele falava a esse respeito:

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Os nossos jornais não são imitações nem substitutos de jornais adultos. São umaprodução original que tem a partir de agora as suas normas e as suas leis, que tem, écerto, as suas imperfeições, mas que apresenta também a vantagem histórica deabrir uma nova via de conhecimento da criança e de prática pedagógica de que ofuturo mostrará a fecundidade (O Jornal Escolar, 1926).

O imperativo pedagógico que leva a considerar o jornal como um produto subordinado aoprocesso que o origina, não significa, em nenhuma hipótese, que a escola deva se conten-tar com aquilo que o aluno é capaz de produzir de forma espontânea. A criança sabe queao escrever no jornal estará falando "para os outros". Sabe que esses "outros" vão formaruma ideia sobre o que ele escreveu ou desenhou. Ela participa, portanto, de uma experiên-cia de vida significativa, constrói a si mesma na interação social mediada pelo jornal efica condicionada para uma exploração frutífera ("desejante", diria talvez Paulo Freire) daZona de Desenvolvimento Proximal1, com o apoio do professor. Seria imperdoável, então,desperdiçar a oportunidade educativa propiciada pela disposição do aluno em avançar.Falaremos sobre isso na seção DEFINIÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO deste Guia.

Vejamos, por enquanto, algumas reflexões provocadas por depoimentos de alunos quefazem jornal escolar.

O jornal escolar, uma experiência de vida.Depoimentos à TV Verdes Mares - Fortaleza, da Professora Evania Barroso Ferreira,coordenadora do jornal na Escola Municipal João Cirino Nogueira, da cidade de Maranguape,Ceará, e de alunos do 4o ano dessa escola. Vídeo com os depoimentos disponível no sitewww.jornalescolar.org.br (depoimentos transcritos aqui sem correção).

Escrever no jornal escolar é uma experiência de vida para a criança, um fator de estímuloe motivação que abre um caminho direto para a mobilização interior, necessária ao apren-dizado. Suas opiniões e produções são valorizadas pela circulação na escola, na família ena comunidade. Escrever passa a ter significado pessoal e social.

"Quando eles pegam aquele jornal, eles ficam loucos para ler, para ver logo tudo queestá ali, procurando o que eles escreveram" (professora)

"Acho muito legal, porque é onde a gente coloca as nossas coisas, o que a gente faz. Agente coloca o que a gente gosta também, coloca o que a gente sente" (aluna)

As crianças sentem emoção e orgulho, dois sentimentos poderosos e fortalecedores dapersonalidade. Elas querem dar o melhor de si, pois é sua imagem que está sendo exposta:

"Quando eu comecei a fazer o jornalzinho, tia, eu comecei a melhorar para poder

1 O psicólogo russo Lev Vygotsky (1896 - 1934) definiu como Zona de Desenvolvimento Proximal a distância existente a cada momento entreo nível de desenvolvimento real de uma pessoa (determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda) e seu nível de desenvol-vimento potencial. Para o aluno explorar sua Zona de Desenvolvimento Proximal precisa de uma ajuda externa (educador, pais, pares).

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sair legal, para não ficar erros quando a pessoa for ler não entender. Eu estou lendomais e agora eu estou melhorando muito na escrita e na leitura." (aluna)

A vontade de fazer bem se estende para além da escrita, o que remete à importância queFreinet dava ao jornal no resgate da ideia do trabalho bem feito, da "obra" que dignifica seuautor:

"Tem que ilustrar o jornal que é igual àqueles livros de história infantil clássicos; temque ter ilustração" (aluna)

Escrever para o jornal proporciona à criança uma percepção automática de participação noespaço público. Francisco Alisson, que estava produzindo uma matéria sobre meio ambiente,relatou sua motivação à repórter que o entrevistava:

"Eu faço, passo para o jornal, mostro para os outros e os outros entendem, né?Assim, vai ajudar às pessoas."

E seu colega complementou:

"Eu acho que as pessoas quando leem o jornal vão se conscientizar e vão evitar quei-madas e cuidar mais e melhor das árvores e das plantas."

Escrever no jornal permite que a criança construa a consciência de si, em sua relação com omundo. "Eu faço chegar minha mensagem às pessoas". A criança que escreve no jornal estáse manifestando como cidadã e uma escola habilidosa saberá aproveitar o momento paratrabalhar o surgimento de um imaginário positivo sobre a participação social.

Ao escrever no jornal escolar, a criança percebe de imediato que se tornou uma emissora demensagens. A experiência é inesperada e surpreendente para as crianças, cujas opiniõesraramente são ouvidas e muito menos levadas em conta. Releia-se o comentário do FranciscoAlisson: "Eu faço, passo para o jornal, mostro para os outros e os outros entendem, né?".Entre o fato e a consciência do seu significado não há nenhuma separação, embora essaconsciência se expresse ingenuamente.

Essa vivência tem um grandeimpacto no imaginário da criança,que adquire, de uma vez por todas, apercepção de que, por trás dos meiosde comunicação, produzindoinformações e mensagens, hápessoas de carne e osso, como elamesma. O jornal constitui, assim, umrecurso para a escola desenvolveruma proposta pedagógica quepromova a criticidade de seus alunossobre o mundo da comunicação, essarealidade dominante da culturacontemporânea.

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Celestin Freinet, uma visão integral do jornal escolar.O educador francês Celestin Freinet (1896-1966) constitui a principal referência sobreo jornal escolar. Apresentamos o essencial do seu pensamento, através de citaçõesextraídas do seu livro O Jornal Escolar, publicado originalmente em 1926 (EditorialEstampa: Lisboa, 1974, p. 77 -114).

O jornal escolar é uma tradição educativa nascida durante essa revolução pedagógica quefoi a Escola Nova - também chamada de Escola Ativa. Basicamente, os pensadores queconstruíram essa nova perspectiva pedagógica, nas primeiras décadas do século XX, cons-tataram que a aprendizagem é um processo que não acontece de fora (o meio, o profes-sor) para dentro (o aluno), mas o inverso. É o aluno que aprende, não o professor queensina. Trata-se de uma revolução copernicana, pois inverte a proposição que sustentavaa educação. Daí uma crítica radical à escola tradicional e ao seu autoritarismo, crítica quequestiona o papel do professor, o formalismo, a memorização, o enciclopedismo, a falta deinteratividade entre os alunos.

A Escola Nova propõe aos alunos atividades diversas - intelectuais, artísticas, físicas, tra-balhos manuais, prefigurando o que hoje chamamos de educação integral. Dentro dessaperspectiva, aparecem nas escolas que aderem ao movimento, desde o início do séculoXX, dispositivos de impressão tipográfica (nessa tecnologia, os textos são compostos letrapor letra, o que agregava ao trabalho manual a possibilidade de ensinar a língua) e inicia-se a produção de impressos escolares.

Célestin Freinet introduz na sua prática a técnica da impressão (tipografia) em 1924, quandoseus alunos passam a produzir textos compostos por eles mesmos, que são posteriormen-te enviados a outras escolas, dentro de um processo de intercâmbio de produções.

A importância de Freinet na história do jornal escolar não está em ter sido um precursor- não o foi, como já falamos - mas no fato de ter feito do jornal um ponto de "concentra-ção" e a síntese da uma proposta pedagógica libertadora. Impossível, portanto, ler Freinetsem ter a utopia em mente. Não há nele o menor traço de uma visão instrumental oufuncionalista do jornal escolar.

Com efeito, para Freinet, o jornal escolar é um exemplo vivo da potência da nova pers-pectiva pedagógica.

O jornal é "a expressão das crianças que terão sido os seus principais artesãos. Mas ovalor dos seus textos, o cuidado e a arte postos na apresentação, a humanidade e aespiritualidade que dele se libertam, são justamente os produtos da Escola, os frutos danossa pedagogia", pois "uma escola que edita um jornal escolar não pode continuar atrabalhar segundo as normas habituais. Pela força das coisas, está na via da moderniza-ção e do progresso."

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O jornal escolar "põe-nos no caminho de uma fórmula nova de escola, que já não trabalhasegundo normas intelectualizadas, mas sim com base numa atividade social" (...)"o jornalescolar é um inquérito permanente que nos coloca à escuta do mundo e é uma janelaampla, aberta sobre o trabalho e a vida” (...) “com tais bases [damos] aos nossos alunos aideia, que consideramos decisiva, de que tudo o que lhes é ensinado pode ser reconside-rado, que os pensamentos mais importantes podem e devem ser passados ao crivo da suaprópria experiência, que o conhecimento se conquista e a ciência se faz".

***

Freinet preocupa-se por aproximar a escola da vida: "...ainda hoje (...) se cria uma dualidadelamentável nas funções maiores do indivíduo: a família, a aldeia ou a rua tem as suasnormas, forma de instrução moral e tipos de cultura. A Escola trabalha segundo normasdeliberadamente diferentes, opostas na maior parte das vezes, que lançam a confusão nocomportamento das crianças e contribuem para a sua desadaptação.

Com o nosso método superamos esta dualidade. A criança chega a nossa classe com ossentimentos, preocupações, necessidades e inquietações que pouco a pouco modelam asua personalidade. Não lhe dizemos: 'abandona esse hábito, mesmo que já faça parte deti’... vamos ensinar-te outra coisa, por outros meios, com outros processos!'

Tomamos a criança tal como ela é e, usando técnicas de trabalho semelhantes as do meiofamiliar e social, mas com uma maior riqueza experimental esforçamo-nos por lhe permitirir mais longe e mais alto nos caminhos da verdade e da humanidade."

A expressão livre das crianças articula essa aproximação da escola com a vida:

"Uma parte importante das perturbações de caráter provém igualmente do fato de que acriança na Escola não tem a possibilidade de exteriorizar as suas necessidades, sentimen-tos e tendências.

A Escola, que durante tanto tempo desprezou estes complexos psíquicos obstinando-seem ignorá-los (...) Esquecia que todos nós temos humanamente necessidade de dizer,gritar e cantar as nossas alegrias, esperanças e desgostos.

Utilizando o texto livre e o jornal escolar, alimentamos e exploramos esta necessidade deexteriorização da criança. Tecnicamente, é desta necessidade que partimos para todo otrabalho de instrução e educação que vamos empreender.

(...) "A criança sente a necessidade de escrever, exatamente porque sabe que seu texto,se for escolhido, será publicado no jornal escolar e lido por seus pais e pelos correspon-dentes; por isso sente a necessidade de expandir o seu pensamento por meio de umaforma e de uma expressão que constituem a sua exaltação".

Freinet tranquiliza seus colegas professores - amedrontados pela cobrança das autoridadesda educação francesa sobre o cumprimento dos programas oficiais: "o jornal escolar, motiva-

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ção ideal do nosso método de expressão livre, é o melhor exercício de redação, de ortografiae de gramática vivos (...) Pelos vários inquéritos e intercâmbio escolar, estudamos cuidadosa-mente o meio ambiente, sob o ponto de vista histórico, geográfico, científico e social. Teremosportanto ricos e seguros elementos de base para uma sólida aquisição das noções exigidaspelos programas."

O pensamento de Freinet é conhecido também como Pedagogia do Trabalho. Na sua épo-ca, essa palavra definia uma identidade assumida com orgulho por grandes parcelas dapopulação (a classe trabalhadora) e era também reivindicada no sentido de "obra". Nada aver, portanto, com o ensino profissionalizante, como tendemos a pensar hoje ao ouvir essapalavra na educação. Muito menos com “mercado de trabalho”!

"A qualidade dos progressos, sejam escolares ou extra-escolares, vem sempre da nossasede de conhecer e de agir e do interesse que pomos no nosso próprio trabalho. (...) Pormeio do jornal escolar, despertamos esta curiosidade e este interesse; permitimos queeles se afirmem; damos aos nossos alunos qualidades de gosto, aplicação e minúcia quesão a nobreza de todo bom trabalhador.

E sabe-se bem que, quando as nossas crianças têm este desejo e este gosto pelo traba-lho, quando despertamos os seus interesses e lhes sabemos satisfazer as necessidades,podemos levá-las ao fim do mundo ou, melhor, elas irão ao fim do mundo: basta que assaibamos ajudar técnica, social e moralmente”.

"A Escola deve voltar a dar a esta noção de trabalho todo o seu eminente valor individual,social e humano.

O jornal escolar é o protótipo deste trabalho novo. Para se dedicar a ele, a criança deixade ter necessidade do estimulante das notas, do lucro material ou da atração do jogo."

***

A produção do jornal permite à escola promover a colaboração entre pares.

"O jornal escolar é um trabalho de equipe que faz a preparação prática para a cooperaçãosocial das crianças. O trabalho de cada aluno faz parte de um todo que necessita de dili-gência, aplicação e perfeição.

Em todas as fases do seu processo, a edição e a difusão do jornal escolar são a melhordas preparações para as responsabilidades sociais".

***

O resultado desse rico processo ensino-aprendizagem constitui, para Freinet, "o arquivovivo da aula", que valoriza o trabalho de alunos e professores:

Os "momentos memoráveis da vida da classe são fixados definitivamente (...) Esquecemos

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o que abrangia o programa escolar de uma certa segunda-feira, mas lembramo-nos dopedaço de vida que redigimos e imprimimos, do jornal em que foi incluído (...), das impres-sões trocadas, das interrogações feitas e das respostas obtidas, dos textos lidos e dospoemas saboreados.

O camponês mostra-nos com orgulho o campo rico de erva ou de espigas abundantes (...)o artesão conserva na sua oficina as obras-primas que constituam títulos de nobreza. Oprofessor nada tem na aula que possa testemunhar a sua ciência e devoção. (...) A páginada vida e o jornal escolar constituem exatamente essas obras-primas quotidianas.

Para o professor, assim como para as crianças, cada página do jornal é como um degrauna lenta escalada da educação e da cultura: ela materializa e idealiza o esforço. É a medi-da da Escola."

***

Um dos aspectos mais nobres do pensamento de Freinet é sua solidariedade profundacom os alunos. Para ele, "em todos os domínios, o fracasso é um destruidor de personali-dades. Na criança, está sempre na base de taras graves, desde a hesitação ate à gagueze à anorexia fisiológica e mental.

Por intermédio do jornal escolar, a criança é bem sucedida: triunfa com o seu texto, que setorna uma página definitiva difundida na aldeia e através do espaço: triunfa com a suagravura e os desenhos que dão beleza à obra coletiva.

Realizemos um belo jornal (...). Pouco a pouco na nossa aula e na nossa vida ir-nos-emoshabituando a salientar os êxitos que dão esperança e energia.

Nada é mais desesperante, tanto para os professores como para as crianças, do que cavarsempre o mesmo sulco, sem ver germinar a colheita. Todos temos necessidade de êxitostangíveis. O jornal escolar é um deles".

***

Freinet preocupa-se com a comunicação da escola com o mundo:

"É necessário que fomentemos estes contatos e relações entre a Escola e o meio, entre aEscola, as autoridades de ensino e os pais, mas devemos fazê-lo não apenas na base deum formalismo superficial, mas segundo um processo novo, orgânico e profundo.

A ligação Escola-Pais, mais indispensável do que nunca, é realizada 'tecnicamente' pelojornal escolar que, todos os meses, leva às famílias o aspecto original da vida da aldeia,vista pelos olhos das crianças. (...) Com efeito, o que os pais esperam do jornal escolar,não é tanto as notícias da região - que eles conhecem - mas os aspectos originais dotrabalho dos seus filhos".

Por último, fica a poderosa reflexão de Freinet sobre o papel do jornal escolar na promo-

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ção da recepção crí t ica da mídia - o que hoje chamamos de midia educação oueducomunicação:

"Hoje, o jornal pensa pelos seus leitores. Aquilo que pessoas inteligentes e instruídasescreveram e imprimiram só pode ser a verdade. O público abstém-se de criticar. (...)

Conosco a criança compõe página a página o seu próprio jornal que, como todas as cria-ções humanas, comporta a sua parte de erros e incertezas. Sabe doravante como se fa-zem os inquéritos, como se conduzem as reportagens, como se prepara e se deforma abela profissão de escritor ou de jornalista.

Utilizando o texto livre e o jornal, habituamos os nossos alunos a uma crítica da imprensa,a aceitação e procura dessa crítica. (...) Aprendem, por experiência, a julgar as obras quelhe são apresentadas e rapidamente se tornam aptos a descobrir o que se esconde defalso e contraditório nas imponentes rubricas dos jornais.

No dia em que os cidadãos souberem que o seu jornal pode mentir ou, pelo menos, apre-sentar como definitivas soluções que são apenas um aspecto parcial dos problemas impos-tos pela vida; quando estiverem aptos a discutir com prudência, mas também com ousadia;quando tiverem essa formação de experimentadores e criadores que nos esforçamos porlhes dar, haverá então qualquer coisa de diferente nas nossas democracias.”

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Projeto pedagógico parao jornal escolar

Ao escreverem no jornal, crianças e adolescentes sabem que estarão se expondopublicamente. De maneira muito humana, estarão propensos, nesse momento, a dar omelhor de si e a fazer o esforço necessário para aprimorar sua obra pessoal. Seriaimperdoável um educador não aproveitar essa oportunidade.

Desafios.Falamos a seguir sobre as três principais questões postas aos educadores durante a produ-ção do jornal escolar: como escolher os conteúdos, como aprimorá-los e como selecionar asproduções que serão publicadas.

Do ponto de vista didático, o desafio é responder adequadamente a essas questões semperder de vista os objetivos do jornal escolar, que são:

- a aprendizagem;

- a expressão das crianças e adolescentes;

- o trabalho cooperativo e democrático;

- a leitura crítica do mundo.

A ESCOLHA DOS CONTEÚDOS.

Qual será o conteúdo do jornal escolar? Eis um primeiro tema de reflexão para os educado-res. Tratamos desse tema anteriormente, de modo indireto, ao apresentar nossas reflexõessobre o projeto pedagógico do jornal escolar. Foquemos agora no assunto.

Dentro da coerência proposta por Celestin Freinet, o potencial renovador do jornal desapare-ceria por completo se os conteúdos fossem determinados pela tradição da redação escolar,na qual o professor escolhe o tema sobre o qual se irá trabalhar e o aluno tem de se adaptara uma diretriz que não necessariamente reflete seus interesses e sua vida. Esta forma deescolher os conteúdos está em contradição com um dos fundamentos do jornal escolar, que é

1 A descoberta de que é o interesse da criança que constitui o “motor” da aprendizagem é um dos maiores avanços da pedagogia. Essadescoberta, junto com o conceito de “atividade”, fundamentou o movimento da Escola Nova.

1

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justamente permitir a expressão dos autores (o que converge com os objetivos da educaçãointegral, no que diz respeito à promoção da cidadania).

Na definição dos conteúdos do jornal escolar, o educador tem quatro opções legítimas doponto de vista de uma visão respeitosa dos interesses e da personalidade do aluno:

1. Texto livre.

É um enfoque totalmente respeitoso dos interesses1 dos alunos, pois cada um escrevesobre o tema que quiser, escolhendo também o gênero textual.

2. Conteúdo livre, dentro de gênero predefinido.

O educador determina o gênero textual, ficando os alunos livres para escolheremo tema sobre o qual desejam escrever.

3. Conteúdo direcionado para área temática, sem gênero predefinido.

Neste enfoque, há um direcionamento para uma determinada área temática quedeverá ser suficientemente ampla e genérica, para possibilitar diversas abordagens(exemplos: cultura na comunidade, papel da escola, aquecimento global). A escolhade uma área predefinida deve ser problematizada junto aos alunos (veja abaixo).

4. Área temática e gêneros predefinidos.

É o enfoque de maior risco do ponto de vista da expressão do aluno, que fica presoa dois condicionantes do educador (gênero textual e área temática). Não é impos-sível trabalhar desse modo, mas a vigilância deve ser redobrada na problematizaçãoda área temática, para que o jornal não se afaste da vida dos alunos, perdendoseu sentido pedagógico.

O jornal escolar permite combinar vários desses enfoques. Por exemplo, determinada parteda publicação fica disponível para gêneros textuais e conteúdos livres, outra parte temorientação temática ou de gênero textual. Como se pode ver na seção DEFINIÇÃO DO PROJETOEDITORIAL deste Guia, é possível que o jornal escolar tenha um número suficiente de páginaspara que isso aconteça.

Problematização.A problematização permite escolher os conteúdos das mídias escolares a partir da investiga-ção e da reflexão sobre o contexto sociocultural dos alunos. A problematização ocorre atra-vés do diálogo entre educando, educador e mundo (Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido).

Passos da problematização:

1. Investigação e reflexão, por parte do professor, de temas relativos à realidade dos alunos;

2. Estímulo para os alunos expressarem seus interesses e conhecimentos sobre essa reali-dade, dialogando sobre as situações expostas pelo educador;

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3. Seleção do(s) tema(s) gerador(es) da produção a partir das situações apresentadas - essaescolha é realizada pelos alunos de forma participativa;

4. Incentivo para os alunos investigarem sobre a temática escolhida, por meio de pesquisasem livros, revistas, jornais, internet e entrevistas com pessoas ligadas ao assunto.

O respeito à liberdade de expressão dos alunos pode criar situações delicadas, quandoeles tocam em assuntos que a direção ou os professores prefeririam não ver abordados.O pior reflexo, nesses casos, é a censura, que destrói o próprio projeto da educaçãointegral. Aconselha-se respeitar a liberdade de expressão e de pensamento dos alunos,condicionada a algumas normas básicas, como a obrigação de "ouvir o outro lado" emesmo conceder direito de resposta. É claro que, em nenhuma hipótese, a liberdadede expressão pode ser entendida como direito de difamar, caluniar ou invadir aprivacidade de outras pessoas.

APRIMORAMENTO DOS CONTEÚDOS.

A revisão e correção da produção do aluno é essencial em dois aspectos:

Não existe progressão, se a pessoa não trabalha para ampliar seus limites, revisando eaprimorando aquilo que já consegue fazer em determinado momento do seu desenvolvi-mento. A cada fase, abre-se uma Zona de Desenvolvimento Proximal (Vygotsky) que oindivíduo explora com a ajuda do educador.

A escola não pode divulgar produções que vulnerabilizem o aluno, expondo-o a piadinhase mesmo a reprimendas. Isso seria um contra-senso no plano moral e educativo. Afinal, aprodução de mídia escolar está fundamentada em uma Pedagogia do Sucesso (Freinet)que enaltece as vitórias dos alunos.

Assim, recomenda-se que o educador organize sucessivas revisões e correções das produções,com o objetivo de aprimorá-las. Com efeito, não existe melhor momento para a compreensãoda utilidade da revisão e da correção que no momento em que o aluno envia seu texto para ojornal. É quando ele percebe a visibilidade que irá adquirir na sua comunidade e se motivapara realizar um bom trabalho.

É possível fazer autorrevisão, revisão coletiva, revisão em pequenas turmas - nos dois últi-mos casos, a participação dos pares é um valor agregado - ou exercícios individuais com omonitor (muito útil para o trabalho com alunos que precisam de mais atenção). Cabe aoeducador escolher e combinar essas possibilidades. O apoio do coordenador do ProgramaMais Educação na escola, ou mesmo do Coordenador Pedagógico, pode ser importante paraorientar o monitor nessa revisão, caso este não tenha formação ou vivência para tanto.

É importante enfatizar que a revisão de um texto não é o momento final. Esse é um trabalhoconstante, feito a cada momento em que se volta ao texto, cuja produção está sempre emandamento por meio dessas reescritas. Planejar, escrever e revisar não são atividades

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sucessivas e rígidas. Elas se fundem no momento em que se volta a olhar para um textotrabalhado em um instante anterior, pois toda produção pode ser modificada pela crítica epela criatividade.

O que fazer com textos de crianças não alfabetizadas?Quando os textos são publicados na forma manuscrita - que é usualmente o caso de produ-ções das pessoas não alfabetizadas - o fato de a escrita ser hesitante indica que o autor éuma pessoa que ainda não domina os códigos da escrita. Isso modifica totalmente a percep-ção do que seja um "erro", por parte do leitor. Para reforçar uma percepção tolerante, essasproduções podem ser reunidas em uma seção especial do jornal, com o aviso "Esta seçãopublica textos de alunos em fase de alfabetização" ou frase parecida.

Limite

A revisão e a correção dos textos, dinamizadas pelo educador,têm um limite intransponível, que é o respeito das ideias e dacapacidade de expressão do aluno. Não se trata deinventar uma capacidade de produção inexistente.O texto, mesmo simples, é válido e expressa oesforço máximo do aluno, ainda que com a ajudado educador.

A invenção de um texto fora da possibilidade deexpressão do aluno é uma pequena fraude, da qualo aluno participa involuntariamente...

Por outro lado, é necessário distinguir imperfeiçãoe erro. Uma produção pode não ser perfeita, masnão deve apresentar erros (de ortografia, deinformação etc.). Imperfeições podem seraceitas, como limitação inerente ao momentoda aprendizagem e/ou ligada à capacidadeexpressiva do aluno; erros não.

A aplicação dessas duas recomendaçõesprecisa de uma apreciação subjetiva doeducador.

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SELEÇÃO DAS PRODUÇÕES PARA PUBLICAÇÃO.

Frequentemente é difícil, se não impossível, divulgar a produção de todos os alunos no jornalescolar. Em um programa com grande número de alunos escritores, o melhor que se podefazer é publicar um texto a cada duas edições. Isso só é viável, contudo, se a publicação tiverum número relativamente grande de páginas (felizmente isso é possível com o apoio doPrograma Mais Educação: veja DEFINIÇÃO DO PROJETO EDITORIAL neste Guia).

Selecionar o que será publicado é um ato delicado, pois um encaminhamento errado podegerar frustrações e mesmo conflitos dentro do grupo. De início, deve ficar claro que o caminhomais fácil - a seleção feita pelo próprio educador - é também o caminho menos produtivo.Com efeito, mesmo sendo uma seleção "justa", compromete um aspecto fundamental dojornal escolar, que é a aprendizagem da cooperação. No momento da seleção das produções,esta aprendizagem acontece por meio dos debates e mesmo de votações entre os alunos,para a escolha das produções a serem divulgadas. Quando a seleção final dos textos e apaginação (edição do jornal, propriamente dita), é feita apenas pelo educador ou um pequenogrupo de alunos, a proposta volta a se inserir na tradição "verticalista" da escola e dacomunicação hegemônica, perdendo boa parte de seu potencial transformador.

Já a proposta da seleção cooperativa abre um novo campo. Nesta segunda via, de início, oeducador deve esclarecer aos alunos o problema enfrentado: não há, objetivamente, espaçopara todas as produções e terá de haver uma seleção. Um bom Combinado (acordo de traba-lho) permite guiar essa discussão:

- todos os alunos terão chances iguais de divulgação;

- as produções serão escolhidas democraticamente;

- os mesmos alunos não poderão ser sempre selecionados;

- as produções indicadas passarão por processo de aprimoramento, no qual todos os alunospoderão fazer recomendações;

- o professor poderá ter uma cota de produções para indicação própria (veja item seguinte).

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Situações excepcionais de seleção.É legítimo que o educador tenha direito a uma cota de indicações, para garantir a divulgaçãode produções que considere importantes. Pode-se imaginar facilmente uma situação em quedeseje publicar um texto de um aluno com necessidade de reforçar sua autoestima, sejaporque está passando por um momento difícil em sua vida pessoal ou porque aquela produ-ção representa uma conquista dentro de sua aprendizagem e merece ser valorizada.

Se essa possibilidade for esclarecida desde o início e fizer parte dos acordos, certamente nãohaverá nenhum problema de aceitação por parte dos demais alunos. Transparência é funda-mental nesse processo.

Aliás, é importante o educador manter-se crítico a respeito do significado da palavra "quali-dade" em educação. O texto de melhor qualidade de uma turma, para um bom educador, éaquele que expressa o maior avanço e a maior superação dos alunos - e não o que é "melhor"em relação a parâmetros externos e absolutos.

Produção cooperativa.Para reduzir os problemas colocados pela seleção, uma possibilidade é realizar produçõescooperativas, nas quais vários alunos trabalham ao mesmo tempo.

A produção cooperativa não é uma obrigação, pois é possível trabalhar com produções indivi-duais, revisões pelos pares (entre alunos) e seleção democrática dos textos publicados nojornal escolar, da forma vista anteriormente. Não obstante, para jornais com pequeno núme-ro de páginas e escolas com muitos alunos participantes, a produção cooperativa pode serum caminho necessário.

A cooperação pode ser mais ou menos completa. Na produção coletiva, todos os alunos partici-pam de todas as etapas de determinada produção. O tema do texto é escolhido de comum acordo,a redação e a ilustração são feitas em conjunto. O grande desafio é manter a identidade individu-al, algo mais fácil se os grupos de trabalho forem pequenos (não mais do que 4 ou 5 alunos).

A produção coletiva é exigente para o monitor que, dentre outras condições, tem de evitar acentralização. O excesso de vontade de liderança ou as desigualdades nas competênciascomunicativas podem fazer com que alguns alunos realizem o essencial das atividades, en-quanto a maioria fica quase na posição de observador, sem aprendizagem. Quanto maior foro grupo, maior o risco de tais problemas acontecerem.

Uma solução que apresenta menos dificuldades técnicas é a divisão de tarefas. Um alunofica encarregado do título, outro da redação, um terceiro da ilustração. Ou dois alunosfazem a pesquisa, outros dois a redação. As possibilidades são muitas.

Na divisão de tarefas, o aluno pode ficar frustrado pelo fato de não constituir o mesmodesafio, nem gerar a mesma satisfação, produzir o título e a matéria do jornal. O educadorpode, porém, guiar a constituição dos grupos, de modo que as tarefas sejam desafiadoraspara todos, considerando o momento e a aprendizagem de cada um. Este esquema é muitoútil quando existem no grupo alunos com diferentes graus de domínio da escrita e mesmonão alfabetizados.

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AutoriaÉ muito importante que a autoria seja reconhecida. O elogio de uma pessoa queridaa um artigo ou desenho publicado no jornal escolar é um estímulo que pode fazer adiferença em toda a história de aprendizagem do aluno.

Para que isso ocorra, os textos devem ser assinados com nome, idade e série doautor. Ao assinar com seu nome, entre outras coisas, estaremos também ensinandoà criança algo importante no mundo da comunicação: a necessária responsabilidadecom o que se escreve e com o que se diz.

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O PROJETO EDITORIAL se constitui a partir das definições sobre questões práticas comoperiodicidade, tamanho, tipo de impressão, número de páginas, tiragem, forma de distri-buição, dentre outras.

O PROJETO EDITORIAL complementa o PROJETO PEDAGÓGICO, pois as questões técni-cas têm influência na inserção do jornal na comunidade escolar e mesmo no seu rendi-mento como instrumento pedagógico, como se verá a seguir.

Dedicar algum tempo e atenção à definição do Projeto Editorial é uma boa decisão. Apre-sentamos a seguir um passo a passo que facilitará essa reflexão.

Pense no Projeto Editorial ideal. Depois é só checar se o custo de impressão cabeno orçamento (veja ponto 8). Deixe eventuais adaptações para depois dessachecagem. O Programa Mais Educação facilita a impressão dos jornais.

Decisões básicas.

1 O jornal só acolhe produções dos alunos do Mais Educação?

Uma das vantagens do jornal escolar, do ponto de vista prático, é permitir a participaçãode um grande número de alunos. Basta, para tanto, contar com a quantidade suficiente depáginas.

A publicação pode reservar um espaço para os alunos que não participam do Mais Educação,acolhendo produções espontâneas, realizadas por grupos organizados (Grêmio, Grupo deTeatro) ou realizadas em sala de aula, em trabalho orientado pelos professores. Assim, ojornal realizado dentro do Programa Mais Educação passa a ser um fator de unidade na esco-la. Trata-se de um valor agregado muito importante.

2 A direção e os professores terão um espaço no jornal?

No ponto anterior (Definição do Projeto Pedagógico) alertamos sobre o desvio que acontecequando a visão da comunicação institucional se sobrepõe à visão educativa. Este é o maiorrisco que corre o jornal escolar, pois atinge sua própria natureza.

Porém, se a publicação tiver um número suficiente de páginas é possível se criar uma seçãoespecífica para a direção e mesmo os professores escreverem seus informes, sem prejuízopara a visão educativa. Para manter o equilibro, recomenda-se dedicar a este tipo de conteúdonão mais de um oitavo (1/8) da publicação e identificar claramente o espaço com um títulocomo “Direção Informa” ou similar.

Projeto Editorial passo a passo

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3 Qual é a periodicidade do jornal?

Há diversas etapas na produção do jornal: escolha dos temas, produção dos textos (quecompreende pesquisa, escrita, revisão, reescrita), seleção das produções, ilustração, pré-diagramação, diagramação eletrônica, impressão, distribuição e avaliação. Por isso,recomenda-se trabalhar com a meta de uma edição do jornal a cada dois meses ou a cada45 dias, no máximo. Periodicidades menores impõem um ritmo de "correria" nada benéficopara os resultados educativos.

.

(*) Uma folha A3, dobrada ao meio, forma uma brochura com 4 páginas tamanhoA4. Por isso, quem imprime com esse tamanho de papel usa múltiplos de quatropara calcular o número de páginas do jornal. Quem imprime com folhas A4utiliza múltiplos de dois.

4 Quantas páginas são necessárias?

Idealmente, o jornal deveria publicar pelo menos um textode cada aluno do Mais Educação a cada duas edições.

Em uma página A4 é possível inserir 10,5 textos dotamanho que consta no boxe ao lado (são 651caracteres, mais título e assinatura) considerado comotamanho médio - alguns textos poderão ser maiores,outros menores. Está impresso em Times New Roman10, entrelinha 12. Supondo, ainda dentro do exemplo,que sejam publicadas ilustrações que ocupam 20% doespaço, a quantidade de textos que cabem em umapágina se reduz para 8,5.

Vamos considerar esse parâmetro (8,5 textos porpágina) para calcular quantas páginas são necessáriaspara que todos os alunos do Mais Educação publiquema cada duas edições (a fórmula aplicada é: número de alunosdividido por 2; dividido por 8,5).

Páginas necessárias

80

120

160

200

240

280

320

4 ou 6

8

10

12

14

16 ou 18

20

4 ou 8

8

12

12

16

16 ou 20

20

Alunos(matricula) Arredondando para múltiplo de

2 - impressão em folhas A4Arredondando para múltiplo de 4- impressão em folhas A3 (*)

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5 Qual a tiragem do jornal?

Uma vantagem do jornal escolar é a facilidade de circulação. A única limitação nesse sentidoestá nos recursos disponíveis para impressão e a capacidade de distribuição.

Recomenda-se que o jornal seja distribuído em sala de aula, com um exemplar por aluno (ficabem fácil de organizar e se garante que todos os alunos recebam). Exemplares podem sercolocados para retirada em locais estratégicos da comunidade - cabeleireira, comércios, postosde saúde.

Pense também na possibilidade de trocar jornais com outras escolas do município ou mesmodo Brasil. Essa é uma tradição do jornal escolar.

6 Qual a qualidade de impressão necessária?

A qualidade de impressão influi na percepção do jornal. Jornais com cópias apagadas tendema ser desvalorizados, tanto pelos redatores como pelos leitores. O mesmo acontece comjornais compostos por folhas grampeadas.

Isto quer dizer que é necessário imprimir colorido? A resposta é não.

O vínculo dos leitores com o jornal escolar é construído a partir da efetividade, como já foidito. A qualidade gráfica necessária para que esse vínculo se estabeleça pode perfeitamenteser conseguida com impressão em preto e branco. Se impressão colorida cabe no orçamento,ótimo. Se não cabe, preto e branco dá conta do recado (nesse caso existe mesmo apossibilidade de se imprimir em papel jornal, o que agrega um charme à publicação).

Melhor um jornal com mais páginas, que permite mais participação dos alunos, impresso empreto e branco, que um jornal com menos páginas, colorido.

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7 Preparando o Projeto Editorial.

Tomadas as decisões sobre os assuntos precedentes, é possível sistematizar o Projeto Edito-rial. Depois é só conferir o custo de impressão (Ponto 8) e fazer ajustes, se necessários.

8 Calculando o custo de impressão.

A escola que tiver escolhido a atividade Jornal Escolar recebe recursos do MEC para aplicarna compra de tinta e papel ou em serviços de impressão (recomendado). Quem escolheuLetramento e quer fazer um jornal, pode investir os recursos do item “Custeio, para aquisiçãode materiais de consumo ou contratação de serviços”.

A parceria SEB/MEC, Instituto C&A e Comunicação e Cultura oferece impressão a preço decusto: há 18 anos, a ONG Comunicação e Cultura tem uma gráfica que imprime para todo oBrasil (impressão em papel jornal ou branco, em folhas A3, em preto e branco).

A escola envia o arquivo do jornal via internet e recebe de volta pelo correio, com nota fiscal.No link http://jornalescolar.org.br/imprima-seu-jornal-2/é possível fazer uma simulação deorçamento, incluindo frete, que serve como referência para comparar preços.

Tiragem:

Tipo de papel – branco ou jornal (1):

Impressão – colorida ou preto e branco (1):

Periodicidade:

(1) Estes itens podem ficar em aberto, pedindo-se às gráficas orçamentos para as duas opções.

Quantidade de páginas para os textos produzidos pelos alunos do Mais Educaçãodurante as oficinas.

Quantidade de páginas para outros textos produzidos pelos alunos do MaisEducação, em produção independente, fora das oficinas do jornal (opção)

Quantidade de páginas para as produções dos outros alunos da escola(espontâneas, de entidades estudantis ou realizadas em sala de aula).

Espaço para a direção, Conselho Escolar, professores.

Total de páginas

Total de páginas arredondadas para múltiplo de 2 ou de 4 (impressões em folha A4ou A3, respectivamente)

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Como solicitar o orçamento de impressão

O FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, exige que a escola apresentetrês orçamentos de fornecedores, para qualquer tipo de serviço ou compra de insumos.

Veja um modelo de solicitação de orçamento de serviços de impressão do jornal escolar:

Solicitamos orçamento para impressão de ..... exempla-

res do jornal escolar, com ... páginas de tamanho A4.

A impressão deve ser feita em folhas A3, frente e verso,

preto e branco [ou quatro cores], em papel jornal [ou papel

branco]. O orçamento deve incluir a recepção dos materi-

ais do jornal, a orientação pertinente para a escola, a cor-

reção de erros de editoração eletrônica e a entrega do jor-

nal dobrado.

A validade do orçamento deve ser de seis meses, indican-

do a modalidade de impressão proposta (offset, xerox ou

duplicador digital com resolução mínima de 600 x 600 dpi).

Esclarecimentos sobre a solicitação de orçamento:

Quantidade de exemplares: colocar a tiragem desejada do jornal.

“Quatro cores” é a expressão utilizada no meio gráfico para impressão colorida.Tambémpode ser de “duas cores” (preto + uma cor)

A3 e A4. As folhas A3, dobradas ao meio, formam quatro páginas com tamanho A4. Quan-do contamos o número de páginas do jornal, contamos essas páginas A4. A gráfica sabeque, para uma publicação com quatro páginas, terá de imprimir uma folha A3, frente everso.

Validade do orçamento: em tempos de inflação estável, não há problemas em solicitar umorçamento válido por seis meses.

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Pré-diagramaçãoA diagramação consiste no ordenamento dos textos e ilustrações, a escolha do tipo e tamanhodas letras etc. Ela é feita no computador, o que dificulta a participação de muitas pessoas.

A solução é fazer uma PRÉ-DIAGRAMAÇÃO, que é a preparação das instruções para os diagramadores,sem uso do computador. Muitas pessoas podem participar, como acabamos de ver.

A condição é saber quantos textos entram na página, o que é feito através do procedimento quesegue:

Digite as matérias em Times New Roman tamanho 11, em páginas formatadas com margenslaterais de três centímetros. Siga esse padrão rigorosamente.

Conte quantas linhas tem cada texto digitado da maneira indicada. Desconsidere o título.

Veja na tabela abaixo quantas dessas linhas entram em cada página do jornal (linhas digitadasda maneira indicada no ponto 1, voltamos a dizer). Perceba que a quantidade varia, confor-me haja outros conteúdos na página.

Selecione os textos, conforme a quantidade de linhas que cabem na página.

Envie ao diagramador os arquivos com os conteúdos(textos e ilustrações) e uma folha indicando a localizaçãode cada um, assim como outras instruções - “colocardentro de um quadro”, “esta é a matéria principal” etc.Pode também fazer um esboço (veja na página seguinte).

OUTRAS INDICAÇÕES:

- Revise a digitação! Isso não é tarefa do diagramador.

- Textos manuscritos e desenhos devem ser feitos ourepassados com tinta preta. Letras ou detalhes pequenosnão terão boa visibilidade. Os desenhos devem sernumerados.

- As fotos não devem ser tiradas a muita distância. Numeretambém.

Pré-diagramação comtextos manuscritos

Cada aluno conta quantoscaracteres tem seu texto,incluindo o espaço entre aspalavras. Divide por 100. Oresultado é igual ao númerode linhas que o texto teria sefosse digitado no padrãotécnico da pré-diagramação.Abaixo do texto, registra oresultado do cálculo.O resto do procedimento éidêntico.

75 linhas

63 linhas

56 linhas

47 linhas

37 linhas

32 linhas

50 linhas

42 linhas

Página semdesenhosou fotos

1/4 ocupadopor desenhose fotos

1/2 ocupadopor desenhose fotos

1/3 ocupadopor desenhose fotos

Conteúdo da página Número de linhas que entram

Tem cabeçalho ourodapé de 4 cm de altura

Não tem cabeçalho,nem rodapé

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DUAS FORMAS DE REPASSAR AS

INSTRUÇÕES AO DIAGRAMADOR (*)

Identifique os textos eilustrações de cada páginado jornal.

11111○

Faça um esboço,indicando a posiçãoque cada produçãodeverá ocupar napágina.

○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

22222

(*) As instruções são repassadas ao diagramador junto com os arquivos dos textos, desenhos e fotos.Enviar os originais de desenhos e fotos, caso não estejam digitalizados.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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OBJETIVOFazer a pré-diagramação do jornal (determinar em que página será publicado cada texto eilustração).

PREPARAÇÃO

Ler o Plano de Aula e conteúdo da página 30 (Pré-diagramação) Trazer para a oficina os textos escolhidos pelas diferentes turmas já digitalizados e impressos

(se não conseguiu fazer isso, veja na página 30 como trabalhar com textos manuscritos) Contar e anotar a quantidade de linhas ao lado de cada texto. Trazer os desenhos e ilustrações escolhidos para esses textos (grampeados aos textos

respectivos).

SÍNTESESeleção de textos e ilustrações para cada página.Preparação do esboço da diagramação de cada página.

10 min

30 min

PLANO DE AULAAtividade Duração Material

INTRODUÇÃO.

O educador explica ao grupo o trabalho do dia (pré-diagramação).

SELEÇÃO PARA A PRIMEIRA PÁGINA

- No primeiro momento, cada aluno recebe dois ou três textos eseleciona aquele que quer publicar na primeira página (devolvepara o educador o que sobrou).

- A seguir, os alunos se juntam em trios e escolhem apenas umdos três textos que cada um selecionou no momento anterior(devolvem o que sobrou para o educador).

O educador pode dispensar o primeiro momento e ir diretamentepara os trios.O alunos podem solicitar a publicação de mais de um texto, casoconsiderem que eles são igualmente importantes.

OBSERVAÇÃO: o educador deve evitar que sejam selecionadosapenas textos de própria turma que está fazendo a pré-diagramação(“panelinha”).

Sequência Didática Notícia

Oficina de pré-diagramação

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SEGUNDA FASE.

O educador organiza os alunos em dois grupos.

Grupo A. Cinco alunos vão trabalhar na primeira página. Elesrecebem os textos escolhidos na atividade anterior e os desenhosou fotos correspondentes:

- verificam se os textos cabem na primeira página (o educadorinforma quantas linhas eles devem ter, veja página ao lado); casosobrem textos, repassam para o grupo B;

- escolhem as ilustrações que desejam publicar (deverão subtrairda área disponível para textos o espaço que elas ocupam);

- fazem o esboço de diagramação (o professor dedicará algunsminutos a explicar como se faz, com a ajuda dos modelos dapágina 42).

OBSERVAÇÃO: Os autores dos textos selecionados para a primeirapágina não participam deste grupo.

Grupo B. Demais alunos:

- inicialmente, agrupam os textos que sobraram por temas afins;

- a seguir escolhem as páginas onde esses textos serãopublicados;

- determinam onde serão publicados os textos "soltos" (aquelesnão agrupados por temas).

OBSERVAÇÃO: o educador deve acompanhar o trabalho destegrupo, para evitar que se coloque uma quantidade excessiva de textosem uma página e poucos em outra.

TERCEIRA FASE.

1. O educador forma um grupo por página (excluindo a primeira,que já foi finalizada).

2. Cada grupo recebe os textos escolhidos para a sua página;também recebe os desenhos/fotos correspondentes.

3. Os grupos repetem o procedimento realizado pelo grupo daprimeira página na atividade anterior.

4. Os textos que sobram são devolvidos ao educador.OBSERVAÇÃO: Se a quantidade de alunos for muito grande, oeducador pode dispensar os alunos que participaram do grupoda primeira página e já tiveram a experiência completa da pré-diagramação.

20 min

20 min

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Diagramação eletrônica.

A diagramação eletrônica é feita no computador, por isso é difícil realizá-la de maneiracoletiva.

Havendo no grupo alunos com conhecimentos adequados de informática (programas deeditoração), eles poderão fazer a diagramação eletrônica, constituindo uma equipe comno máximo quatro ou cinco integrantes.

A diagramação eletrônica poderá ser feita também pelo monitor do Mais Educação ou porqualquer outra pessoa com domínio de programas de editoração.

Quem realizar a tarefa, segue as indicações da pré-diagramação, feita de maneira coleti-va, como acabamos de ver.

Para as escolas onde não há quem saiba usar algum programa de editoração, o Comuni-cação e Cultura criou um Tutorial de Diagramação (sequência de aprendizagem guiadapasso a passo). Ele ensina a utilizar os programas Publisher e BROffice (este último, gra-tuito), e roda tanto em Windows como em Linux.

Além desses recursos, estão disponíveis modelos de jornais e um Guia de ProgramaçãoVisual.

As escolas que aderem àparceria SECAD, InstitutoC&A e Comunicação eCultura recebem um CDcom todos esses materiais,além dos programasBROffice e descompactadorde arquivos 7 Zip. O conjuntoestá também disponível paradownload no portalwww.jornalescolar.org.br

DICA

Caso não exista na escola alguém disponível, capacitado ou com vontade de se capacitarpara fazer a diagramação eletrônica, existem outras possibilidades:

- Parceria com pessoa ou empresa que presta serviços de computação gráfica. Pode-se conseguir um patrocínio para pagar esse serviço. Por exemplo: um comerciantecoloca sua propaganda no jornal com custo de R$ 50; esse valor é repassado aodiagramador.

- O jornal é diagramado pela própria Secretaria de Educação (deve-se, porém, recorrera este plano só em último caso, pois é possível que o jornal acabe atrasando).

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