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Guia de Estudos ONU Habitat - POLIONU 2019 1 GUIA DE ESTUDOS ONU HABITAT

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Guia de Estudos ONU Habitat - POLIONU 2019 1

GUIA DE ESTUDOS

ONU HABITAT

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Guia ONU Habitat

“A Crise Ambiental Estabelecida no Processo de Urbanização”

ÍndiceCarta aos Delegados ........................................................................................................................................... 5

Introdução ............................................................................................................................................................ 6

I. Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos ................................................................. 6

II. Conceitos Importantes .................................................................................................................................... 6

a. Sustentabilidade ................................................................................................................................................................................6

I. Tipos de Sustentabilidade .........................................................................................................................................................7

b. Tripé da Sustentabilidade ..............................................................................................................................................................7

III. Planejamento Urbano .................................................................................................................................... 8

c. Transporte e Mobilidade .................................................................................................................................................................8

I. Meios de Transporte e Suas Vias .............................................................................................................................................9

II.Congestionamento ................................................................................................................................................................... 10

d. Arquitetura e Urbanismo ............................................................................................................................................................ 11

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I. Urbanismo Sustentável .......................................................................................................................................................... 11

II. Edifícios Sustentáveis ............................................................................................................................................................. 12

IV. Energia .......................................................................................................................................................... 12

e. Histórico ...13..........................................................................................................................................................................................

I. Recursos e classificações ......................................................................................................................................................... 14

f. Combustíveis fósseis ...................................................................................................................................................................... 14

I. Economia e política ................................................................................................................................................................... 15

II. Impactos ambientais ............................................................................................................................................................... 16

g. Energia nuclear ............................................................................................................................................................................... 18

I. Vantagens .................................................................................................................................................................................... 19

II. Desvantagens ............................................................................................................................................................................ 19

III. Uso mundial .............................................................................................................................................................................. 20

h. Energias renováveis ....................................................................................................................................................................... 20

I. Principais fontes ........................................................................................................................................................................ 21

II. Investimentos ........................................................................................................................................................................... 23

V. Saneamento Básico ....................................................................................................................................... 25

i. Água Potável ..................................................................................................................................................................................... 26

j. Esgoto .................................................................................................................................................................................................. 27

I. Tipos de esgoto .......................................................................................................................................................................... 28

VI. Lixo ................................................................................................................................................................ 29

k. Redução da produção de lixo .................................................................................................................................................... 30

l. Coleta e descarte ............................................................................................................................................................................. 30

m. Países exemplos ............................................................................................................................................................................ 32

VII. Bibliografia .................................................................................................................................................. 33

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Guia de Estudos ONU Habitat - POLIONU 2019 5

Carta aos DelegadosCaros delegados,

Sejam bem-vindos à décima quarta edição do PoliONU e ao comitê ONU Habitat. Neste ano, o tema abordado será “A Crise Ambiental Estabelecida no Processo de Urbanização”.

Recomenda-se que os senhores se aprofundem quanto a suas políticas externas para representarem com excelência suas delegações ou organizações. É válido também que se estude brevemente acerca das outras nações presentes no comitê para que, assim, haja maior fluidez nas discussões.

Vale frisar que não é permitida a citação direta do Guia de Estudos durante as sessões como embasamento para qualquer argumentação. Logo, ele se mantém “inexistente” ao longo dos dias de debate, objetivando-se, com isso, a completa imersão dos delegados no tema e no ambiente diplomático.

Por fim, os senhores devem entregar, individualmente, na primeira sessão, o Documento de Posição Oficial, o DPO, que deve conter expressa a política externa de sua representação com relação ao tema do comitê. Mais orientações para a confecção do DPO encontram-se no Guia de Regras.

Para quaisquer dúvidas, relacionadas a qualquer etapa da sua preparação para os debates, a mesa diretora se põe plenamente disposta a ajudá-los. Esperamos que, a partir dessas orientações, os senhores construam uma simulação rica em novos conhecimentos para que o nosso comitê seja um ambiente de desenvolvimento pessoal e satisfação pelos resultados apresentados.

Desejamos que todos tenham uma excelente simulação.

Atenciosamente,

Erick José Nogueira de Andrade

Isabela Ciol Rodrigues Aveiro

Sophia Santana Arruda

[email protected]

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IntroduçãoEste Guia de Estudos serve aos senhores como um documento para introduzi-los e inseri-los ao tema

que abordaremos no comitê ONU Habitat do PoliONU 2019: “A Crise Ambiental Estabelecida no Processo de

Urbanização”. Recomenda-se que os senhores utilizem outras fontes de pesquisa além do guia, o que será

fundamental para o aprofundamento das discussões sobre o tema proposto. No entanto, a leitura na íntegra

deste material se faz imprescindível visto que nele se encontram as informações básicas e mais importantes

acerca do que será debatido no comitê.

É oportuno que haja o conhecimento acerca do contexto sustentável, político e econômico no qual se

encontram os países e organizações do comitê e, além disso, que se adquira um conhecimento profundo

a respeito da nação que irão representar. Assim, ao conhecer bem sua representação, o comitê no qual

trabalharemos e os desdobramentos da temática abordada, os senhores estarão aptos a debater com eficácia,

tornando as nossas sessões mais envolventes e realistas.

I. Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos

O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT) é uma agência

especializada da ONU dedicada à promoção de cidades mais sociais e ambientalmente sustentáveis, de maneira

que todos os seus residentes disponham de abrigo adequado. Foi estabelecida em 1978, após a primeira

Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos, a Habitat, e tem por sede o escritório regional

das Nações Unidas em Nairóbi, no Quênia.

Dessa forma, o ONU Habitat, órgão de caráter recomendatório dentro da ONU, propõe as medidas a serem

tomadas acerca de uma problemática, e não as impõe. Ao contrário do Conselho de Segurança das Nações

Unidas, comitê mandatório, o ONU Habitat não acata a soberania dos P5 (EUA, Rússia, França, Reino Unido e

China), não possui autorização para o envio de forças militares ou o poder de criar órgãos dentro da ONU; essa

última competência é desempenhada pela Assembleia Geral. Assim, os representantes dentro do ONU Habitat

devem implantar resoluções atuando no desenvolvimento de assentamentos humanos sustentáveis em um

mundo urbanizado. Caso haja necessidade de posições militares ou da criação de órgãos específicos, deve-se

fazer recomendações aos comitês correspondentes.

II. Conceitos Importantesa. Sustentabilidade

O conceito de sustentabilidade nasceu da Conferência de Estocolmo, em 1972, a primeira conferência sobre

meio ambiente realizada pela ONU. Sustentabilidade é a capacidade de sustentação ou conservação de um

processo ou sistema, tratando-se aqui da conservação da natureza. A sustentabilidade é alcançada através do

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desenvolvimento sustentável, que, a partir da Rio-92, começou a ser entendido como o desenvolvimento a

longo prazo, de maneira que não sejam exauridos os recursos naturais utilizados pela humanidade, ou seja, o

recurso natural explorado de modo sustentável durará por muito mais tempo e poderá, também, ser explorado

por gerações futuras.

I. Tipos de Sustentabilidade

Sustentabilidade Ambiental

- Abrange a manutenção e a conservação do meio ambiente, com o intuito de não prejudicar as gerações

futuras. Para que isso aconteça, é de extrema importância a harmonia entre as pessoas e o meio ambiente, para

assim garantir a melhoria da qualidade de vida.

Sustentabilidade Social

- Sugere a igualdade entre indivíduos, baseada no bem-estar da população; é necessária a participação da

população, com o intuito de fortalecer as propostas de desenvolvimento social e o acesso à educação, cultura

e saúde.

Sustentabilidade Empresarial

- A empresa deve ter uma postura de responsabilidade com os valores sociais e ambientais, assim

centralizando suas ações na preservação do meio ambiente e na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Sustentabilidade Econômica

- Fundamentada em um modelo de gestão sustentável, corresponde à capacidade de produção, distribuição

e utilização das riquezas produzidas pelo homem, buscando uma justa distribuição de renda.

b. Tripé da Sustentabilidade

O tripé da sustentabilidade está baseado em três princípios: o social, o ambiental e o econômico. Esses três fatores

precisam estar ligados para que a sustentabilidade ocorra de fato. Sem eles, a sustentabilidade não se sustenta.

I. Princípio Social

- Engloba as pessoas e suas condições de vida, como educação, saúde, segurança, lazer, entre outros.

II. Princípio Ambiental

- Refere-se aos recursos naturais do planeta e a forma como são utilizados pela sociedade, comunidades ou

empresas.

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III. Princípio Econômico

- Relacionado à produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A economia deve considerar a questão

social e ambiental.

III. Planejamento Urbano

c. Transporte e Mobilidade

A procura por transportes que sejam financeiramente acessíveis e ecologicamente corretos faz parte do

Objetivo de Desenvolvimento Sustentável no 11 (ODS11), que propõe “tornar as cidades e os assentamentos

humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

estabelecidos pela ONU. Assim, é de extrema importância que este comitê encontre soluções relacionadas aos

meios de transporte e à mobilidade em paisagens urbanas.

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I. Meios de Transporte e Suas Vias

1.Bicicletas

A bicicleta é considerada, pela ONU, o melhor transporte, tanto em aspectos financeiros quanto ecológicos.

Em muitos países, em sua maioria desenvolvidos, já são muito utilizadas no cotidiano como transporte, ao

contrário de nações em desenvolvimento em que a população restringe a utilização de bicicletas ao lazer e

à prática esportiva. A bicicleta nos países em desenvolvimento é um dos meios considerados mais perigosos,

pois os seus usuários se submetem à falta de infraestrutura (ciclovias e ciclofaixas) e são alvo da negligência

no trânsito urbano. Estas são algumas das justificativas por que a população desses países não a utilizam em

abundância.

Existem outros tipos de meios para a locomoção nas cidades que são similares à bicicleta, sendo estes o

skate, os patins e o patinete, que possuem as mesmas vantagens, desvantagens e problemas de infraestrutura

e espaço que as bicicletas. Esses meios de transporte trazem inúmeros ganhos para o meio ambiente, já que

não poluem, e para a saúde da população, por ser uma forma de exercício físico, mas ainda faltam incentivos

financeiros e educacionais por parte dos governos.

Apesar dos obstáculos existentes para o uso das bicicletas e outros meios de transporte semelhantes,

está havendo um grande avanço em sua utilização com o surgimento de muitas empresas de aluguel de

equipamentos de transporte. Um exemplo é o Mobike, que é a empresa com maior alcance mundial nesse ramo,

viabilizando o aluguel de bicicletas através de um aplicativo, de forma instantânea e eficaz.

2. Carros elétricos e Híbridos

Os carros elétricos e híbridos são transportes que possuem inúmeras vantagens e, também, desvantagens.

Por isso, apesar de ser um ótimo substituto dos carros movidos a gasolina, ainda não se sabe se o uso desse tipo

de veículo vale a pena. A quantidade de poluentes que os elétricos e híbridos produzem é quase nula, e seus

motores, quando em operação, são muito silenciosos, o que ajuda a diminuir a elevada poluição sonora nas

paisagens urbanas.

Especialistas da área de automobilismo evidenciam que esses carros têm alto desempenho, geram menos

problemas mecânicos e apresentam um custo de manutenção mais baixo, já que o valor pago por energia,

na maioria dos países, é menor que o da gasolina comum. Ao redor do mundo, há algumas nações que, para

incentivar a compra de carros elétricos e híbridos, oferecem isenções de impostos para os proprietários desses

veículos.

A implementação deste tipo de transporte tem como uma das consequências um aumento significativo

do uso de energia; portanto, é importante que a fonte de extração seja limpa, o que ainda representa um

problema mundial. Além disso, os carros elétricos são extremamente caros, assim, apenas uma pequena parcela

da população mundial consegue adquiri-los. Um dos grandes problemas em relação ao transporte nas cidades

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é o grande número de automóveis em circulação nas ruas, o que gera engarrafamentos. Deste modo, os carros

elétricos não contribuem para a diminuição dos congestionamentos.

A fabricação dos carros elétricos tem um custo alto e o seu processo emite muitos gases poluentes na

atmosfera, mas, ainda assim, comparando sua vida útil à de um carro movido a gasolina, a quantidade de

poluentes emitidos é menor. A principal matéria-prima da bateria do carro, o lítio, é uma fonte finita, assim

como o petróleo, e, com o aumento de sua procura, seu custo tem aumentado cada vez mais, o que resulta em

um preço ainda mais elevado para o carro elétrico. Já existem muitas pesquisas para a substituição do lítio por

outros materiais, mas, em sua maioria, de qualidade inferior.

II. Congestionamento

Dentro dos maiores centros urbanos ocorre um dos maiores problemas relacionados à mobilidade de

pessoas, que é o congestionamento. Este consiste na alta quantidade de veículos automobilísticos nas ruas,

tornando quase impossível um fluxo constante de veículos a uma velocidade relativamente adequada para a

cidade. A raiz do problema é o desperdício de espaço quando se utiliza apenas uma pessoa por carro; a grande

quantidade de carros também interfere na quantidade de gases que são emitidos na atmosfera.

A utilização intensificada de transportes públicos, como os ônibus, trens e metrôs, faz com que se reduza a

quantidade de engarrafamentos, mas os ônibus e trens são poluidores do ar e emitem poluição sonora, ainda

que a quantidade de gases seja realmente menor, já que são menos veículos nas ruas, ainda assim, não são

ideais para fazer uma cidade mais sustentável e prática. Outro problema dos transportes públicos é o relativo

preconceito quanto a sua utilização, pois em alguns países, geralmente aqueles em desenvolvimento, há a

noção de que quem usa o transporte público são os menos afortunados, dessa forma, não é toda a população

que está disposta a utilizá-los.

Um dos transportes que é considerado uma das melhores opções é o metrô, que não emite gases poluentes,

tem baixa poluição sonora, utiliza um espaço que não interfere no fluxo das ruas e consegue transportar uma

grande quantidade de pessoas por vez, a uma velocidade muito alta. Um dos empecilhos para se utilizar o

metrô é o alto custo de sua construção, que é considerada uma obra muito complexa.

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O gráfico a seguir mostra os preços de uma obra de construção de metrôs.

d. Arquitetura e Urbanismo

I. Urbanismo Sustentável

O urbanismo sustentável resulta na transformação de espaços, a partir de construções e suas respectivas

manutenções, utilizando os avanços da técnica e da arte, de forma a promover qualidade de vida e equilíbrio

ecológico. O planejamento de uma cidade considera tanto que suas ruas devem ter ciclovias e ciclofaixas quanto

a quantidade de área verde necessária para se criar um ambiente melhor.

Em um plano urbanístico, o principal objetivo é promover uma melhor qualidade de vida para seus cidadãos,

portanto deve-se evitar ao máximo prédios e instalações que sejam prejudiciais ao meio ambiente, que logo

são prejudiciais às pessoas que ali habitam e por ali passam, uma vez que um ambiente poluído resulta em

problemas de saúde, a curto prazo, e, a longo prazo, na falta de recursos naturais.

Há uma crescente procura para que o espaço urbano seja mais sustentável, mas ainda assim não é o suficiente;

a quantidade de investimentos em cidades sustentáveis ainda é muito baixa, e há uma falta de iniciativa por

parte de muitas nações por não verem os benefícios que tais recursos podem trazer. O planejamento urbano

sustentável tem custos um pouco mais altos que o urbanismo que geralmente é implantado; apesar disso, ter

uma cidade sustentável traz muitas vantagens.

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II. Edifícios Sustentáveis

Enquanto a tecnologia avança, as construções de casas e edifícios sustentáveis também avançam, com

mais possibilidades e criatividade para construir moradias sem destruir o meio ambiente. Surgem cada vez

mais ideias para instalações ecológicas que reutilizam materiais e que gastam de forma consciente os recursos

da natureza, sem prejudicá-la. Trata-se de questão básica para a Arquitetura proporcionar ao ser humano

condições necessárias à habitabilidade e ao uso racional dos recursos, fazendo com que o produto arquitetônico

corresponda, conceitual e fisicamente, às necessidades e condicionantes do meio ambiente natural, social,

cultural e econômico de cada sociedade.

A arquitetura sustentável possui muitas vantagens tanto em relação à utilização do espaço de forma

econômica, quanto ao custo baixo e sua durabilidade, que é alta. Os projetos arquitetônicos ecológicos são, em

sua maioria, mais baratos na construção e na utilização de longo prazo, já que o proveito de recursos naturais,

como as instalações de painéis solares em lugares em que há muito Sol, diminui o custo de manutenção de tal

construção. Como citado anteriormente, a arquitetura se molda a cada região e lugar do globo terrestre e pode

sempre ser sustentável, não importa como ou onde.

IV. Energia

A ONU, após a criação da Agenda 30, em 2015, possui como um de seus principais objetivos assegurar a

todos o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia, aumentando substancialmente

a participação de energias renováveis na matriz energética global. De acordo com a organização, de 2000 a

2013, mais de 5% da população mundial obteve acesso à eletricidade. Para os próximos anos, a tendência é

aumentar a demanda por energia barata. Entretanto, combustíveis fósseis e suas emissões de gases provocam

mudanças drásticas na natureza, em especial no clima. Atender às necessidades da economia e proteger o meio

ambiente é um dos grandes desafios para o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, os países membros

da ONU reconhecem a importância ecológica e traçam metas focadas na transição energética, de fontes não

renováveis e poluidoras para fontes renováveis e limpas, com especial atenção às necessidades de países em

situação de maior vulnerabilidade.

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e. Histórico

O ser humano sempre utilizou fontes de energia para suprir suas necessidades básicas de sobrevivência.

A origem da energia atual surgiu na Pré-história. A partir do descobrimento, domínio e utilização do fogo

é que se teve a primeira fonte de energia, fundamental para que o homem iniciasse seu caminho rumo ao

desenvolvimento. Porém, foi com o início do modelo econômico capitalista, baseado num intenso processo de

produção e consumo, que a utilização das fontes energéticas teve um aumento excessivo, pois o setor industrial

depende de energia para o seu funcionamento.

Ao longo da segunda metade do século XVIII, houve a invenção das máquinas a vapor, originando as primeiras

fábricas. Tal fato foi o estopim para variadas transformações socioculturais e econômicas que se sobrevieram

e resultaram na chamada Revolução Industrial. Durante a Primeira Revolução Industrial, limitada à Europa,

principalmente à Inglaterra, outra fonte de energia passou a ser utilizada: o carvão mineral. Altamente poluente,

esse elemento passou a ser um problema para o meio ambiente, ainda que, na época, poucos se importassem

com tal situação.

Já no contexto da Segunda Revolução Industrial, ocorrido principalmente na Inglaterra, França, Estados

Unidos, Alemanha e Itália, foram descobertas novas fontes de energia: os combustíveis fósseis – essencialmente

o petróleo –, a água e o urânio, que revolucionaram ainda mais a produção industrial. Convém ressaltar que a

Dados de matriz energética mundial, Agência Internacional de Energia (2016)

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criação dos motores de combustão aceleraram o desenvolvimento dos veículos, por conta do aumento da sua

velocidade e capacidade. Por outro lado, o uso de combustíveis fósseis acelerou ainda mais alguns problemas

ambientais, notadamente a poluição do ar.

Finalmente, nos dias de hoje, podemos dizer que a evolução da tecnologia moderna se caracteriza por um

aumento e um controle cada vez maior sobre a energia. Com o aumento da consciência ambiental, as pesquisas

sobre novas fontes de energia mais limpas, ou seja, que não sejam tão poluentes, empregam milhões de dólares

todos os anos.

I. Recursos energéticos e suas classificações

São inúmeros os recursos de energia disponíveis no nosso planeta, sendo que essas fontes se dividem em

dois tipos: as fontes de energia renováveis e as não renováveis. Energias não renováveis são aquelas que se

encontram na natureza em grandes quantidades, mas uma vez esgotadas, não podem mais ser regeneradas.

São consideradas energias poluentes porque sua utilização causa diversos danos ao meio ambiente. Entre tais,

cita-se os combustíveis fósseis e a energia nuclear. Essas fontes são extremamente poluidoras e, conforme a

Agência Internacional de Energia (AIE), caso não se reduza a média de consumo registrada nas últimas décadas,

as reservas mundiais de petróleo e gás natural deverão se esgotar em 100 anos, e as de carvão, em 200 anos.

Visando reverter esse quadro para reduzir a dependência da utilização das fontes não renováveis, vários estudos

desenvolveram energias renováveis, ou seja, inesgotáveis na natureza. São consideradas energias limpas, pois

os resíduos deixados na natureza são nulos.

f. Combustíveis fósseis

Os combustíveis fósseis são substâncias resultantes da decomposição de resíduos orgânicos, formados

pelos compostos de carbono. Para ser produzido, são necessários milhões de anos. Logo, são considerados

recursos naturais não renováveis. A energia no mundo atual é, em sua maioria, gerada a partir da queima de

combustíveis fósseis. Isso começou a partir da Revolução Industrial, quando a lenha passou a ser substituída

pelo carvão. No entanto, a partir da segunda metade do século XX, com os combustíveis derivados do

petróleo e o desenvolvimento de motores à explosão, o carvão perdeu lugar, sendo ainda muito usado para a

geração de eletricidade nas usinas termoelétricas. Atualmente, utiliza-se esses combustíveis – particularmente

representados pelo petróleo, gás natural e carvão mineral – para se obter energia elétrica, movimentar veículos

e abastecer indústrias.

O petróleo é o combustível fóssil mais utilizado no presente porque o seu refinamento origina muitas

possibilidades de uso na rotina humana, como a gasolina e o óleo diesel, que são usados como combustíveis; a

querosene e a parafina, utilizadas na fabricação de velas e cosméticos; o asfalto, usado na pavimentação de ruas;

além dos muitos derivados usados na produção de plásticos e borrachas. Segundo a Agência Internacional de

Energia (AIE), em 2013, 63,8% do petróleo produzido foi destinado ao setor de transportes, o que inclui o setor

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aéreo, marítimo e rodoviário. Aproximadamente 25% do petróleo é utilizado pelo setor industrial, sendo que

16,2% é utilizado como subproduto ou matéria-prima.

Já o gás natural é composto principalmente de metano e pode ser encontrado nas jazidas petrolíferas, junto

ao petróleo. Ele é aplicado como combustível e na fabricação de plásticos. Alguns governos incentivam o uso

do gás natural em indústrias para a geração de calor, tendo em vista que ele é menos poluente que os demais

combustíveis fósseis.

Por fim, o carvão mineral é obtido pela fossilização da madeira e é constituído de uma mistura de substâncias

complexas ricas em carbono. A disponibilidade das jazidas de carvão mineral ainda é bastante grande, o que

faz dele um “bom investimento” para aquecer os fornos das indústrias siderúrgicas, na produção de eletricidade

em usinas termoelétricas e também na indústria química, na produção de corantes, explosivos, inseticidas,

plásticos, medicamentos e fertilizantes.

À esquerda, uma mina de extração de carvão mineral. À direita, uma plataforma marinha de extração de petróleo

I. Economia e política dos recursos fósseis

A notável vantagem dos combustíveis fósseis é o fato de que a maioria dos motores de combustão e usinas

elétricas utiliza esse tipo de combustível na forma de gasolina e carvão. A razão pela qual esses combustíveis

se tornaram a fonte preferencial de energia é a sua capacidade de converter energia potencial em energia

mecânica. Eles são capazes de fazer essa transformação a uma taxa muito eficiente e, consequentemente,

empregam menos quantidade de recursos por unidade de energia. Logo, os custos são menores para a geração

de energia, o que afeta a economia das indústrias e empresas de forma menos relevante.

Todavia, a economia petrolífera não é completamente estável. A crise do petróleo teve início quando se

descobriu, na década de 1970, que o recurso natural não é renovável. Em decorrência disso, a OPEP – uma

associação de países fundada por Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela – começaram a controlar o

mercado petrolífero, determinando o valor do combustível fóssil pago aos países produtores. Aproveitando

a circunstância política produzida pela Guerra do Yom Kippur, os países membros da OPEP provocaram, em

1973, um abusivo aumento de mais de 300% no valor pago pelo barril do petróleo. Esse aumento provocou

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uma grave crise mundial. Em razão da tensão, muitos países que dependiam do petróleo importado passaram a

racionar o produto, aplicar recursos no aumento da produção interna e investir maciçamente em outras fontes

energéticas. O preço do petróleo sofreu muitas variações a partir de então, marcando alguns momentos de crise

e categorizando a instabilidade do produto.

A economia global está dependente desses recursos naturais. Por esse motivo, há variâncias no preço do

petróleo, pois se prevê que ele acabe em poucas décadas, o que influencia em grande parte a crise financeira

atual. Outro impacto econômico dos combustíveis fósseis é o fato de que muitos países que são ricos em petróleo

são, em sua maioria, desprovidos de outros recursos naturais. Isso por que eles estão localizados em regiões

extremas, como desertos ou regiões polares, onde a disponibilidade de outros recursos é limitada. Portanto, a

produção dos combustíveis fósseis, muitas vezes, financia os programas sociais e as economias em áreas onde

há poucas oportunidades de aproveitamento de demais recursos locais.

O petróleo se tornou, provavelmente, a mais importante substância negociada entre países e corporações e

tem sido, a partir do século XX, um fator político importante e causador de crises entre governos. Considerando o

aspecto político, pressões governamentais em torno dos combustíveis fósseis acabam culminando em conflitos

entre países, além de mudanças de regime, e até mesmo em guerras, massacres e extermínios. As reservas de

combustíveis estão distribuídas de forma desigual entre os países, gerando problemas geopolíticos quanto ao

acesso a elas. Segundo a revista americana The National Interest, a busca pelo controle dos recursos energéticos,

em especial do petróleo, ocorre desde a Segunda Guerra Mundial. Hitler tinha obsessão em possuir petróleo,

sendo essa uma das razões pela tentativa da Alemanha Nazista de conquistar a União Soviética. Também

podemos destacar a Guerra do Irã e Iraque entre os anos de 1980 e 1988, a invasão do Kuwait pelo Iraque, na

Primeira Guerra do Golfo, bem como a agressão dos Estados Unidos ao Iraque em 2002, além de disputas locais

em países como Argélia, Angola, Sudão, Colômbia e no Delta do Níger, localizado na Nigéria.

II. Impactos ambientais

O consumo de combustíveis fósseis é regido a partir das reações de combustão, resultante da queima

dos recursos naturais. Ao somar o combustível a um comburente, ocorre a liberação de calor ou a produção

de energia. Entre os produtos dessa reação encontram-se alguns gases nocivos ao meio ambiente, que são

liberados à atmosfera.

A utilização em massa das fontes não renováveis gera diferentes danos para o meio ambiente e também

para a saúde dos seres humanos, principalmente aos trabalhadores envolvidos na extração e no transporte dos

combustíveis. O uso dos recursos não renováveis é responsável pelos altos índices de poluição atmosférica.

Logo, são os agentes principais do efeito estufa e do aquecimento global, processos correlacionados. Além

de poluírem a atmosfera terrestre, o consumo de combustíveis fósseis resulta na criação de contaminantes

altamente tóxicos que precisam ser eliminados no processo de refinamento.

A mudança climática é um outro problema ambiental, porém bastante complexo e com consequências

nefastas. As mudanças podem ter causas naturais, como alterações na radiação solar e nos movimentos orbitais

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da Terra ou, nesse caso, podem ser consequência de atividades humanas. O Painel Intergovernamental de

Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas, afirma

que há 90% de certeza de que o aumento de temperatura na Terra está sendo causado pela ação do homem.

Normalmente, parte da radiação solar que chega ao nosso planeta é refletida e retorna diretamente para o

espaço, outra parte é absorvida pelos oceanos e pela superfície terrestre e uma parte é retida por essa camada

de gases, o que causa o chamado efeito estufa.

O verdadeiro problema é gerado pelo agravamento do efeito estufa que, por sua vez, está relacionado ao

aumento da concentração de gases que possuem a propriedade específica de armazenar calor na atmosfera da

Terra. Esses gases permitem a entrada da luz solar, mas impedem que parte do calor gerado durante a irradiação

volte para o espaço. Esse processo de aprisionamento de calor é análogo ao que ocorre em uma estufa – por

isso o nome atribuído a esse fenômeno e também aos gases que possuem essa propriedade, chamados de

gases de efeito estufa –, dentre os quais destacam-se o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). Como muitas

atividades humanas ligadas aos combustíveis fósseis emitem uma grande quantidade de gases formadores

do efeito estufa, essa camada tem ficado cada vez mais espessa, retendo mais calor na Terra, aumentando a

temperatura da atmosfera terrestre e dos oceanos e ocasionando o aquecimento global.

Aquecimento global é o aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar próxima à superfície

da Terra, que pode ser consequência de causas naturais e atividades humanas. As modificações climáticas já

podem ser percebidas: no Ártico, calotas polares estão se reduzindo de forma assustadora, mesmo considerando-

se que as poluições são produzidas a milhares de quilômetros de distância; em áreas de latitudes médias, a

incidência de noites frias teve um significativo decréscimo e, por outro lado, a ocorrência de ondas de calor

aumentou significativamente. Outro ponto notório na alteração do aquecimento está no Oceano Índico e Oeste

do Pacífico, onde foram registradas as maiores temperaturas dos últimos 11,5 mil anos.

A acidificação do oceano, outro impacto humano na natureza, é o aumento da acidez dos oceanos do planeta

causado pela absorção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Os oceanos cobrem três quartos da superfície

terrestre e desempenham um papel decisivo em diversos processos climáticos globais. A manutenção da

temperatura do planeta, por exemplo, é um dos principais fenômenos ligados a esse ecossistema, responsável

por absorver o gás carbônico da atmosfera, transferindo-o para o fundo oceânico. Entretanto, o desequilíbrio

no ar, em contraste com o oceano, causado pela emissão excessiva de CO2 na atmosfera, vem provocando

alterações no pH dos mares, gerando graves consequências para a flora e fauna aquáticas. Esse aumento

da acidez inibe toda a vida marinha – tem um impacto maior sobre organismos menores e, seguidamente,

influencia organismos maiores.

Ainda, quanto aos impactos, devem ser levados em conta os riscos de acidentes com derramamentos de

petróleo que prejudicam de forma intensa e duradoura a vida marinha. A quantidade de vazamentos em

plataformas de exploração petrolífera e gasodutos, juntamente com os derramamentos de navios petroleiros,

variam de algumas centenas de toneladas a várias centenas de milhares de toneladas de petróleo derramado.

Os derrames de petróleo no mar são geralmente muito mais prejudiciais do que aqueles em terra, uma vez

que eles podem se espalhar por centenas de milhas náuticas em uma mancha de óleo, que pode vir a cobrir

praias com uma fina camada de óleo. As manchas de óleo impedem ou diminuem a entrada de luz no mar,

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prejudicando a fotossíntese dos vegetais, sobretudo o fitoplâncton.

Além disso, o óleo impregna as penas das aves, matando-as por hipotermia, entope as vias respiratórias dos

mamíferos e interfere nos quimiorreceptores de animais migratórios, deixando-os desorientados, bem como

afeta as atividades de quem vive da pesca e do turismo. Os despejos de petróleo em terra são mais facilmente

controláveis se uma barragem de terra improvisada for rapidamente construída em torno do local antes que a

maioria do petróleo escape. Além disso, os animais terrestres podem evitar o óleo com mais facilidade. Todavia,

os vazamentos de petróleo em poços terrestres contaminam lençóis freáticos, prejudicando o abastecimento

de água em determinadas regiões.

g. Energia nuclear

A tecnologia nuclear tem como uma das principais finalidades gerar energia elétrica e fabricar bombas nucleares. A energia elétrica é obtida a partir da reação de fissão do urânio ou plutônio, na qual o núcleo do átomo se divide em duas partes, provocando assim a liberação de uma grande quantidade de energia. O calor proveniente da fissão ferve a água de uma caldeira transformando-a em vapor. O vapor movimenta uma turbina, que provoca a partida a um gerador elétrico que produz a eletricidade. Nas usinas termonucleares, as reações acontecem de maneira monitorada, enquanto que nas bombas atômicas a reação se processa integralmente em um tempo muito curto, liberando de modo explosivo toda a energia armazenada. Essa reação nuclear utiliza principalmente átomos de urânio, um recurso mineral não renovável encontrado na natureza, que também é utilizado na produção de material radioativo para uso na medicina. Assim, tanto o material utilizado, assim

como todo entorno, serão fonte de radioatividade e, portanto, tóxicos.

Usinas nucleares

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I. Vantagens da energia nuclear

Uma das grandes vantagens da utilização de energia nuclear para gerar eletricidade é sua não contribuição

para o efeito estufa, comparada à queima de combustíveis fósseis (carvão, gás ou petróleo), que produz elevada

emissão de gases poluentes, levando a uma maior independência dos recursos fósseis. Ademais, as reservas

de energia nuclear são muito maiores que as reservas de combustíveis fósseis. Em comparação com a energia

hidrelétrica, a geração a partir da energia nuclear apresenta a vantagem de não demandar o alagamento de

grandes áreas para a formação dos lagos de reservatórios, evitando assim a perda de reservas naturais ou

de terras agricultáveis, bem como a remoção de comunidades inteiras das áreas que são alagadas, pois são

necessários locais pequenos para a instalação de usinas nucleares. Outra vantagem da energia nuclear é o fato

de que a energia nuclear é imune a alterações climáticas futuras.

II. Desvantagens da energia nuclear

A utilização da energia nuclear levantou diversas questões ao longo das últimas décadas com relação à

sua utilização de forma segura, já que seu uso engloba os riscos de acidentes nas usinas termonucleares, que

podem provocar graves danos semipermanentes à população e ao meio ambiente. Ainda hoje, a inauguração

de centrais energéticas que se utilizam dessa fonte de energia é cercada de polêmica e protestos, devido ao risco

inevitável desse tipo de energia escapar ao controle dos operadores. As tragédias de Chernobyl, na Ucrânia e,

mais recentemente, o ocorrido na usina de Fukushima, cidade japonesa, receberam ampla cobertura e causaram

uma crescente rejeição a essa forma de geração de energia. Depois do desastre em Fukushima – causado por

um terremoto –, ocorreram várias manifestações contra a existência de usinas nucleares. Na Alemanha, por

exemplo, pelo menos uma central nuclear foi encerrada depois das manifestações. Existem, também, outras

desvantagens, como os resíduos radioativos conhecidos como lixo atômico, que, apesar da pouca quantidade

gerada, não têm utilização posterior.

A quantidade de resíduo radioativo das usinas nucleares é baixa, mas representa um problema ecológico,

pois os elementos contidos nos produtos de fissão demoram muito tempo para se decompor por conta da alta

radioatividade, portanto é necessário que eles fiquem confinados em um depósito próprio onde não pode

haver nenhuma interferência humana externa, nem interferência ambiental. Além disso, a geração de energia

nuclear envolve elevados custos de construção e operação das usinas. Por fim, a Agência Internacional de

Energia Atómica alertou que terroristas poderiam vir a comprar resíduos radioativos, por exemplo, de países da

ex-URSS ou de países com ditaduras que usam tecnologias nucleares, como Irã ou Coreia do Norte, e construir

uma chamada “bomba suja”. A “bomba suja” é uma arma que combina material radioativo com explosivos

convencionais. O objetivo da arma é contaminar a área do entorno da explosão com material radioativo. No

entanto, não deve ser confundida com uma explosão nuclear.

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III. Uso mundial

De acordo com a ONG World Nuclear Power, dezesseis países dependem profundamente da energia nuclear.

A França recebe cerca de três quartos de sua eletricidade da energia nuclear; a Hungria, a Eslováquia e a Ucrânia

obtêm mais de metade das usinas termonucleares, enquanto a Bélgica, a República Checa, a Finlândia, a Suécia,

a Suíça e a Eslovênia obtêm um terço ou mais. A Coreia do Sul e a Bulgária normalmente obtêm mais de 30% de

sua eletricidade a partir de energia nuclear, enquanto nos EUA, Reino Unido, Espanha, Romênia e Rússia, cerca

de um quinto da eletricidade é de origem nuclear. O Japão está acostumado a depender da energia nuclear para

mais de um quarto de sua eletricidade e deve retornar a algum ponto próximo desse nível.

h. Energias renováveis

Os efeitos negativos dos combustíveis fósseis e a sua futura extinção alavancaram a procura por fontes

alternativas e duráveis de energia. As fontes renováveis de energia são aquelas formas de produção em que

seus recursos são capazes de se manter disponíveis durante um longo prazo, contando com materiais que se

regeneram ou que se mantêm ativos permanentemente.

Em outras palavras, fontes de energia renováveis são aquelas que contam com recursos não esgotáveis.

Embora essas fontes alternativas não produzam a mesma quantidade de energia, elas permitem uma geração

de energia em larga escala e em diversas localizações geográficas. Essas fontes já se encontram em difusão em

todo o mundo e a sua importância tem aumentado ao longo dos anos, representando uma parte considerável

da produção de energia mundial.

À esquerda, uma fazenda eólica; à direita, uma usina geotérmica

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I. Principais fontes de energia limpa

Energia ondomotriz

O movimento oscilatório contínuo das ondas pode ser capturado e utilizado para gerar energia. Extrair tal

energia das ondas é um grande desafio tecnológico que, nas últimas décadas, despertou o interesse de muitos

pesquisadores. Atualmente, existem várias técnicas diferentes, algumas estão em fase de desenvolvimento e

outras já estão em fase de testes. Uma vez que os oceanos ocupam mais de 70% da superfície terrestre, a energia

das ondas apresenta uma enorme fonte limpa e inesgotável, disponível 24 horas por dia. Países com grandes áreas

costeiras apresentam elevado potencial para o uso dessa fonte, recurso sobre o qual convém realçar a dimensão, já

que existe de 15 a 20 vezes mais energia disponível por metro quadrado em comparação à energia solar ou eólica.

Energia maremotriz

A energia das marés é uma forma de geração de eletricidade obtida a partir das alterações do nível das

marés, através de barragens que aproveitam a diferença de altura entre as marés alta e baixa ou através de

turbinas submersas que aproveitam as correntes marítimas. Seu funcionamento é similar às hidrelétricas.

Algumas grandes instalações no Canadá e na França produzem energia renovável suficiente para abastecer

milhares de casas. No entanto, a captação desse tipo de energia é restrita a poucas localidades, pois o desnível

das marés deve ser superior a 7 metros. Para a instalação de estações de captação de energia são necessários

altos investimentos, que não são compensados por sua eficiência baixa (em torno de 20%). Com relação aos

impactos ambientais, os mais comuns estão relacionados à flora e à fauna. Porém, esses impactos são bem

inferiores se comparados aos ocasionados por hidrelétricas. Outro agravante é a possibilidade de rompimento

das estruturas por furacões, terremotos ou qualquer ocorrência que leve a uma inundação da área costeira.

Energia geotérmica

Em aproximadamente 64 Km da superfície da Terra, há uma camada denominada magma em que a

elevadíssima temperatura ferve a água dos reservatórios subterrâneos. Assim, a energia geotérmica baseia-se na

captação do vapor gerado nesses reservatórios por meio de tubos e canos apropriados. Esse vapor faz as lâminas

de uma turbina girar, e um gerador transforma a energia mecânica em elétrica. A energia geotérmica pode

ser extraída de reservatórios subterrâneos profundos por perfuração, ou de outros reservatórios geotérmicos

mais próximos da superfície. Importante observar que, embora a energia geotérmica seja uma energia menos

poluente, se retirada de maneira irregular, pode causar danos ao planeta, alterando assim sua geologia. Ademais,

os altos custos de implementação e a poluição sonora gerada pelas usinas são outros problemas encontrados

no uso desse tipo de energia. A perfuração do solo é realizada por máquinas muito ruidosas, prejudicando a vida

da população circundante. Apesar de apresentar essas desvantagens, a energia geotérmica está sendo cada vez

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mais utilizada por ser uma boa alternativa na obtenção de energia elétrica. Os três países com maior produção

de energia geotérmica são Estados Unidos, Filipinas e Indonésia. Além deles, outros países têm optado pela

produção de energia geotérmica, tais quais China, Japão, Chile, México, França, Alemanha, Suíça, Hungria e

Islândia. Atualmente, cerca de 25 países do planeta utilizam a energia geotérmica, uma vez que ela é explorada,

em sua maior parte, nos locais do planeta em que ocorrem áreas de transição entre placas tectônicas.

Energia da biomassa

A biomassa pode ser usada para produzir eletricidade ou como combustível para transportes. É obtida

através da decomposição de uma variedade de matéria orgânica, como plantas, madeira, resíduos agrícolas,

restos de alimentos, excrementos e lixo. Através da fotossíntese, as plantas que contêm clorofila transformam o

dióxido de carbono e a água em materiais orgânicos com alto teor energético, os quais servem de alimento para

outros seres vivos. A biomassa, através desses processos, armazena a curto prazo a energia solar sob a forma de

hidratos de carbono. A energia armazenada no processo fotossintético pode ser posteriormente transformada

em calor, liberando novamente o dióxido de carbono e a água armazenados. Esse calor pode ser usado para

mover motores ou esquentar água para gerar vapor e mover uma turbina, gerando energia elétrica. Apesar de

ser considerada limpa, a produção de energia originada da biomassa requer a deflorestação de ecossistemas.

Outras desvantagens são a sua contribuição para a formação de chuvas ácidas e a dificuldade de transporte e

armazenamento da biomassa.

Energia hídrica

Energia hidrelétrica é o aproveitamento da energia cinética contida no fluxo de massas de água. A

energia cinética promove a rotação das pás das turbinas que compõem o sistema da usina hidrelétrica para,

posteriormente, transformar-se em energia elétrica. A energia hídrica é a tecnologia mais avançada e madura

de energia renovável que, de acordo com a American Society of Civil Engineers (ASCE), representa 20% da energia

elétrica mundial e é utilizada em mais de 160 países em todo o mundo. A despeito de ser considerada uma

energia renovável e limpa, a energia hidrelétrica tem um impacto ambiental muito superior às outras fontes,

uma vez que exige a construção de usinas hidrelétricas para sua produção. Nesse sentido, a destruição de

ecossistemas (fauna e flora), os alagamentos, o bloqueio de rios e o deslocamento da população local na área

de instalação da usina, como comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas, dependentes da caça, da pesca

e da terra, são complicações da energia hídrica.

Energia eólica

Sua matéria-prima é o vento captado por uma turbina de duas ou três pás, ou seja, hélices presas a um pilar.

Seu rendimento depende da rapidez e constância dos ventos no território, o que requer uma análise desses

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dados antes da implementação do sistema. As principais vantagens da energia eólica se referem ao menor

impacto ambiental e ao baixo custo da geração de energia. Infelizmente, apesar de reduzidas, também há

desvantagens, como os impactos ambientais na instalação das usinas, acarretando ameaças aos pássaros, se

instaladas em suas rotas de migração. Outra desvantagem é o excessivo tamanho das fazendas eólicas e dos

aerogeradores, o que impede que populações residem próximo ao local devido ao intenso ruído provocado

pela passagem do vento por suas pás. No Brasil, essa fonte de energia renovável está crescendo cada vez mais e

já começa a fazer diferença na matriz energética brasileira, tornando-a mais sustentável. Além do Brasil, China,

Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Índia, Reino Unido, Itália, França, Canadá, Portugal, Dinamarca e Suécia são

os líderes na produção de energia eólica.

Energia solar

A energia solar é uma forma de energia renovável e sustentável criada a partir da luz solar, ou do calor do

Sol. A energia do Sol é convertida em energia elétrica ou usada para aquecer o ar, a água ou outros líquidos. O

potencial da energia solar é inconcebivelmente grande: estima-se que se toda a energia solar fosse aproveitada,

ela seria suficiente para gerar 1800 vezes a quantidade de energia elétrica consumida no mundo. A energia

solar fotovoltaica converte a luz solar diretamente em eletricidade usando células fotovoltaicas. Sistemas

fotovoltaicos podem ser instalados em telhados, para produzir energia elétrica para autoconsumo, em regiões

isoladas, e até mesmo em veículos elétricos, como barcos e carros movidos a energia solar. A energia solar

fotovoltaica também é utilizada em grandes centrais fotovoltaicas para gerar energia limpa a milhares de

consumidores; ela se caracteriza também por seu potencial de utilização em qualquer localidade em que

haja incidência de luz solar. Um sistema fotovoltaico padrão para residências de médio porte, em 20 anos de

funcionamento, irá produzir energia renovável suficiente para evitar a emissão de 99.000 kg de gás carbônico,

um dos principais gases do efeito estufa, o equivalente ao plantio de 320 árvores ou à retirada de 100 carros

de circulação. A garantia do gerador de energia solar limpa e renovável é de 25 anos, mas, se bem manipulado,

pode durar até 40 anos, com um baixo custo de manutenção. As desvantagens estão ligadas ao fato de que

é necessário extrair e processar silício para produzir os painéis solares, o que gera uma poluição controlada.

Outrossim, o custo continua elevado, todavia, à medida que essa tecnologia avança, ela torna-se cada vez mais

viável economicamente.

II. Investimentos em energias renováveis

É indispensável a busca por soluções energéticas inteligentes que forneçam eletricidade segura e acessível,

não comprometam a saúde pública ou o meio ambiente e contribuam para uma progressiva economia de

energia. O mercado de energias limpas vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Segundo relatório

da Bloomberg New Energy Finance, no ano de 2017, foram 3% de aumento ao redor do mundo, em relação ao

ano anterior. Novas iniciativas no setor surgem todos os dias e os investimentos na área só tendem a aumentar.

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Alguns países foram pioneiros nesse mercado de energias renováveis. Outros voltaram seu olhar para ele

somente ao longo dos anos em que as iniciativas começaram a se concretizar . Hoje, porém, muitos são destaque

no que tange ao tema.

A China, por conta da sua alta demanda, tem procurado superar as metas oficiais em busca de eficiência

energética e da maior participação de fontes limpas na sua matriz de energia. Atualmente, o país é o maior

investidor do mundo no setor de energias renováveis. No início de 2017, anunciou o investimento de US$ 360

bilhões em energia alternativa até o ano de 2020. A agência reguladora de energia do país também lançou

novas medidas para reduzir a dependência em relação ao carvão e informou o fim do plano de construção de

85 usinas dessa fonte não renovável. Ademais, a China vem reduzindo gradativamente a poluição do ar em seu

território.

Os Estados Unidos já ocuparam a primeira posição entre os maiores líderes de investimentos em energias

renováveis. Em 2011, investiram US$ 48 bilhões no setor, o que representou 21% do total do G20 – grupo das 20

maiores economias do mundo. Na matriz energética norte-americana, a energia eólica teve destaque na ordem

de importância para o país. Após a reunião sobre mudança climática, em 2015, em Paris, o Congresso norte-

americano aprovou a extensão dos subsídios federais para energias renováveis até 2020, o que aqueceu ainda

mais o mercado do setor. A União Europeia estabeleceu, em 2018, o pacto que estabelece que 32% de toda a

energia final consumida em 2030 deve ser de origem renovável. O acordo também inclui, segundo fontes do

Parlamento Europeu, a criação de um fundo de desenvolvimento de energias renováveis para ajudar as regiões

dependentes do carvão como fonte energética, como a Espanha. Outro aspecto importante do acordo é a meta

de 14% de energia renovável no setor de transportes, para 2030, o que deve servir para impulsionar a fabricação

de veículos elétricos.

Após o desastre nuclear de Fukushima, o Japão aumentou para 23% seu investimento em energias renováveis,

no ano de 2011. Com o consequente distanciamento da fonte de energia nuclear e o crescimento das iniciativas

no segmento de energia alternativa, um crescimento sustentável futuro mais intenso é esperado, caracterizado

por estudos sobre o assunto e investimentos. Em 2017, o Ministério do Meio Ambiente do Japão implantou

metas ambiciosas, como o aumento do uso de energias renováveis e a produção de 90% do total da energia

elétrica usada no país a partir de fontes de baixa emissão de carbono até 2050.

A Índia é considerada um dos mercados mais promissores no que tange a energias renováveis em âmbito

mundial. Entre os anos de 2010 e 2011, os investimentos no setor, nesse país, cresceram 54%, um salto considerável

uma vez que foi a 6ª maior expansão entre os integrantes do G20. O país possui como objetivo cumprir sua

Missão Solar Nacional, que busca a implantação de 20 GW instalados, até 2020. Uma meta ambiciosa para um

país que hoje atua com 0,4 GW, mas considerada alcançável aos olhos do setor devido ao nível de crescimento

que o país tem apresentado. O projeto é importante não somente para a Índia, mas para todas as nações. Como

terceiro maior emissor mundial de gases do efeito estufa, a Índia é um país sedento por energia e dependente

do carvão, onde mais de 300 milhões de pessoas, segundo estimativas oficiais, vivem sem eletricidade e outras

milhões têm acesso apenas a um atendimento limitado da rede.

Dentre os países em desenvolvimento que mais consomem energia renovável no mundo, o Brasil é um

exemplo com mais de 80% de toda a sua capacidade proveniente de fontes renováveis, principalmente das

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hidrelétricas. O aumento da participação de energias renováveis na matriz brasileira tem atraído cada vez mais

investimentos nos últimos anos. No final do ano passado, o BNDES (Banco Brasileiro de Desenvolvimento)

anunciou a captação de 180 milhões de dólares a serem destinados a projetos de eficiência energética e energias

renováveis, em especial, solar e eólica. No presente, o volume de energia solar no país é capaz de abastecer cerca

de 500 mil residências, margem que coloca o Brasil em posição privilegiada dentre os países consumidores de

energia renovável, mas ainda muito abaixo do seu potencial.

A competição saudável entre países no setor de energias renováveis contribui para o barateamento das

iniciativas e, consequentemente, gera bons resultados para a população. O crescimento sustentável das fontes

de energia deve continuar, o qual será foco de diversas nações aptas a aderir a novas fontes e recursos. Já não se

pode mais falar em geração de energia sem o foco nas fontes limpas. Elas fazem parte do presente. E com certeza,

do futuro. Porém, convém lembrar a dificuldade de se chegar a essa realidade nos países subdesenvolvidos.

V. Saneamento Básico

O acesso a água limpa e segura e ao saneamento básico foi previsto como essencial para a vida e para a

concretização de todos os direitos humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Também é o 6º dentre os

objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS): “Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da

água e saneamento para todos”. Esse direito garante que o acesso a esses elementos seja:

I. Suficiente

- O acesso à água e ao saneamento para cada pessoa deve ser o suficiente para usos domésticos e pessoais.

II. Seguro

- A água deve ser segura, sem nenhum organismo ou substância que prejudique a saúde.

- Todos têm o direito a um saneamento seguro e adequado.

III. Aceitável

- A água deve ter cor, sabor e odor aceitáveis para consumo doméstico e pessoal.

- Serviços de água e saneamento devem ser culturalmente aceitos, respeitando requisitos de gênero, ciclo

de vida e privacidade.

IV. Fisicamente acessíveis

- Os serviços de água e saneamento devem ser fisicamente acessíveis dentro ou nas proximidades do lar,

local de trabalho e instituições de escola ou de saúde.

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V. Preços razoáveis- Instalações e serviços de água e saneamento devem ter preços razoáveis a todos, até mesmo aos mais pobres.

i. Água potável

A vida humana, assim como a de todos os seres vivos, depende de água. Água potável é toda água própria para consumo; em termos biológicos, seria aquela água popularmente chamada de pura, devendo ser incolor, insípida (sem sabor) e inodora (sem cheiro), não contendo nenhum organismo ou substância prejudicial, mas contendo sais minerais essenciais para a saúde.

A água cobre cerca de 70% do planeta Terra, sendo somente 2,5% água doce, ou seja, própria para consumo. Porém, desses 2,5%, a maior parte (1,8%) se encontra em forma de gelo ou geleiras, restando para consumo somente 0,7%. Segundo dados da Organização das Nações Unidas, 3 em cada 10 pessoas no mundo não têm acesso à água potável, um total de 2,1 bilhões de pessoas. Segundo dados da Unesco, esse número pode aumentar para 9,1 bilhões até 2050.

No mundo, muitos países já estão com problemas de falta d’água e estão sendo obrigados a consumir água imprópria. Nações do Oriente Médio, a China, a Índia e o continente africano são exemplos de locais em que já há dificuldade de encontrar água potável. Por ano, 1,5 milhão de crianças de até cinco anos morrem em decorrência da ingestão de água não potável, que deixa o organismo muito suscetível ao desenvolvimento de doenças.

Regiões áridas do Oriente Médio e do Norte da África são as mais afetadas pela escassez hídrica; um mapa exposto pela revista Época mostra a quantidade de meses por ano em que os países enfrentam falta de água. Quanto mais forte o tom de vermelho, maior é o número de meses durante os quais determinada região enfrenta alta escassez de água.

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Uma pesquisa feita por holandeses aponta que as principais causas para a escassez hídrica são a alta densidade populacional e o uso intensivo de agricultura de irrigação, o que corresponde a 73% do consumo de água. Isso explica, por exemplo, a crise de escassez que a Índia e a China enfrentam.

Porém, é de extrema importância lembrar que a distribuição de água pelo mundo é desigual, seja pelos diferentes níveis de pluviosidade ou pelo próprio acesso à água potável. A China é um exemplo; com 20% da população mundial em seu território, contém somente 7% de recursos hídricos. Toda essa carência de água compromete não só a população, mas também a produção de alimentos e a preservação da biosfera.

Além desses fatores, a urbanização e a industrialização também aumentam a necessidade de água.

Assim como a zona rural depende de poços, prédios e residências urbanas dependem de água encanada. A

industrialização requer o consumo de ainda mais água, pois uma maior concentração de pessoas traz uma

demanda maior de indústrias de alimentos, por exemplo.

Pode-se assim concluir que, se os governos não tomarem medidas cabíveis para o controle populacional e a

produtividade hídrica, a falta de água se transformará em falta de alimentos.

j. Esgoto

O sistema de coleta e tratamento de esgoto são importantes para a saúde pública, pois evita a contaminação

das pessoas e a transmissão de doenças, além de preservar a natureza. O esgoto não tratado contém

microrganismos, resíduos tóxicos, bactérias e fungos. O despejo do esgoto não tratado, nas águas dos rios,

provoca a destruição do ecossistema, com a mortandade dos peixes e a destruição da flora.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o saneamento básico é o conjunto de serviços, instalações

operacionais e infraestrutura de manejo das águas pluviais, drenagem, tratamento de resíduos sólidos, limpeza

urbana, esgoto sanitário e abastecimento de água potável. Existe uma relação direta entre a falta de saneamento

e a taxa de mortalidade da população, causada por diarreia, hepatite, cólera, dengue, infecção na pele, entre

outras doenças. As doenças são transmitidas pela ingestão de água contaminada, pelo contato da pele com o

solo contaminado ou através de parasitas e mosquitos transmissores de doenças.

Algumas culturas consideram alguns rios como sagrados, como é o caso do rio Ganges. O rio Ganges é

considerado um rio sagrado para os hindus, que o veneram na forma da deusa Ganga. Alguns hindus acreditam

que uma vida não é completa sem um mergulho no Ganges pelo menos uma vez na vida. Muitas famílias hindus

conservam um frasco com água do rio em suas casas, para que pessoas à beira da morte possam beber de sua

água; muitos hindus acreditam que o Ganges pode limpar uma pessoa de todos os seus pecados, e poderia até

mesmo curar a doença. O rio oferece também aos moradores de sua região suprimento de comida e água fresca.

Muitas criaturas nativas, incluindo o crocodilo gavial, vivem às suas margens.

Porém, o Ganges também é um dos cinco rios mais poluídos do mundo; as condições da água do rio e seus

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afluentes têm ficado abaixo das consideradas aceitáveis pela OMS, já que o despejo irregular de esgoto tem

aumentado. A poluição do Ganges tem afetado aproximadamente 400 milhões de pessoas, que vivem próximas

de suas águas. A poluição ameaça não somente os seres humanos, mas também as mais de 140 espécies de

peixes, 90 de anfíbios e o golfinho-do-ganges, todos ameaçados de extinção. Outro problema é o ritual de

cremação dos mortos em suas margens; dependendo da casta e da situação econômica da família, muitas vezes

os corpos não são cremados corretamente e/ou jogados inteiros no rio, contaminando-o.

A situação do saneamento básico no mundo é algo muito inferior ao ideal: atualmente, são aproximadamente

2,4 bilhões de pessoas no mundo vivendo sem serviços básicos de tratamento de água e coleta de esgoto. A falta

desses serviços expõe a população a diversos riscos à saúde, além de outros setores ainda mais prejudicados,

como: educação e, principalmente, o desenvolvimento do país, tanto na esfera social, quanto econômica.

I. Tipos de esgoto

I. Esgoto Doméstico

Vem das residências, é destinado para o escoamento da água do banho, da lavagem de roupas, de louças e

da descarga do vaso sanitário.

II. Esgoto Industrial

Formado pelos resíduos das indústrias. Assim como o esgoto doméstico, o esgoto industrial necessita de

tratamento em estações próprias, para que, no fim do processo, a água apresente condições de voltar à natureza.

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III. Esgoto Pluvial

Coleta a água da chuva e direciona para as galerias pluviais, que são os sistemas de dutos subterrâneos

destinados à captação e escoamento das águas pluviais coletadas pelas bocas coletoras ou sarjetas. As galerias

evitam acúmulos de água nas vias públicas e levam a água até os rios, córregos e mares.

VI. Lixo

O aumento populacional nas cidades, aliado a uma sociedade extremamente consumista, resulta em vários

problemas ambientais. O lixo urbano é um desses problemas. Ele pode ser de origem domiciliar, industrial,

hospitalar ou tecnológica. Como previsível, uns dos Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU tem

como foco “assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”, por meio de metas que incluem reduzir

pela metade o desperdício mundial de alimentos per capita; alcançar o manejo ambientalmente saudável dos

produtos químicos e todos os resíduos e reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção,

redução, reciclagem e reuso.

Em mensagem para o Dia Mundial do Habitat, Maimunah Sharif, a chefe do Programa das Nações Unidas

para Assentamentos Humanos (ONU Habitat), cobrou mudanças nos padrões de consumo para combater o

excesso de lixo nas cidades. Por ano, são produzidas mais de 2 bilhões de toneladas de resíduos no mundo. De

acordo com o organismo da ONU, 99% dos produtos que compramos são descartados dentro de seis meses.

Para acomodar os 7,6 bilhões de moradores do mundo, suprir o uso de recursos e absorver o lixo gerado, seria

necessário 70% de outro planeta Terra. “O volume de lixo no mundo é enorme. Uma parte é reciclada, mas muito

(dele) é simplesmente descartado, causando problemas de saúde para as pessoas, seus animais e poluindo

nosso meio ambiente. A quantidade de lixo produzido por indivíduos, comunidades, empresas, instituições,

mercados e fábricas continua a crescer tremendamente”, alertou Sharif.

I. Poluição marinha

Poluição marinha é aquela caracterizada pela presença de lixos sólidos e poluentes líquidos nas águas dos

mares e oceanos, que resultam da atividade humana. Os principais poluentes são os lixos materiais, como

plásticos, vidros e ferros. Estima-se que 0,6 bilhões de toneladas de lixo material sejam despejadas no oceano

todos os anos. Além disso, há os combustíveis e outros produtos químicos provenientes de vazamentos de

navios, acidentes em oleodutos ou de descartes propositais. Para solucionar tal problemática, é necessário

muito mais do que somente o aumento da fiscalização marinha para coibir o lançamento de lixo nos mares e a

aplicação de multas elevadas ou outras punições aos que poluem as águas dos oceanos.

O descarte de resíduos sólidos como sacolas plásticas e redes de pesca constitui um problema persistente

nos oceanos. A formação de ilhas de lixo, áreas oceânicas que apresentam alta concentração de lixo flutuante

em decomposição, representam uma das principais consequências do acúmulo desses materiais em zonas

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marinhas ao redor do planeta. Atualmente, duas ilhas de lixo foram identificadas, uma ao Norte do Oceano Pacífico,

com aproximadamente 696 mil km2 de extensão, e outra no Oceano Atlântico, descoberta em 2010. Esse tipo de

poluente, insolúvel e com baixo potencial para biodegradação, afeta a vida marinha, provocando lesões e até

mesmo a morte de diversos animais, além de causar prejuízos à saúde humana e às navegações marítimas.

O descarte de sacolas plásticas, por exemplo, pode bloquear vias respiratórias e a passagem de alimento pelo

estômago de várias espécies marinhas, especialmente tartarugas e alguns mamíferos como baleias e golfinhos,

que confundem esse material com seu alimento. Além disso, anéis plásticos utilizados nos gargalos de bebidas

também podem ficar presos no bico e pescoço de aves marinhas, sufocando-as até a morte. Os resíduos sólidos

também podem retornar ao continente através de correntes e marés, poluindo praias e outros hábitats costeiros.

O lixo marinho é o causador da morte anual de cerca de 100 mil mamíferos marinhos e 1 milhão de aves marinhas.

k. Redução da produção de lixo

Para reduzir a produção de lixo, é preciso que novas atitudes sejam tomadas pelo governo e setor industrial.

Após o início da Revolução Industrial, a humanidade começou um processo de valorização de bens de consumo

não duráveis, o que fez com que as pessoas gerassem cada vez mais resíduos diários. Nas últimas décadas, a

quantidade de lixo acumulado triplicou, com toneladas de descarte espalhadas em lixões, sem o tratamento

adequado.

A regra dos cinco “Rs” da sustentabilidade é muito usada para quem tem como objetivo diminuir a produção

de lixo de forma qualificada e eficaz. Eles representam as palavras reduzir, reutilizar, reciclar, recusar e repensar,

já que é preciso iniciar o mais rápido possível uma mudança de hábitos na sociedade. Outra medida radical que

deve ser apoiada por governos mais aptos à mudança brusca na produção de lixo é o conceito do “zero waste”

(lixo zero). Segundo o conceito estabelecido pela ZWIA – Zero Waste International Alliance – Lixo Zero é “uma

meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vida e suas práticas

de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, em que todos os materiais são projetados para permitir sua

recuperação e uso pós-consumo”. A adoção do conceito Lixo Zero é uma maneira rápida e rentável de contribuir

para a redução das mudanças climáticas, proteção da saúde pública, criação de empregos verdes e promoção

da sustentabilidade e do desenvolvimento local sustentável.

l. Coleta e descarte adequado do lixo

Estima-se que mais de dois bilhões de pessoas em todo o mundo ainda não tenham acesso a serviços

adequados de coleta de lixo. Estes devem ser fornecidos em caráter de urgência. A coleta de lixo deve ser feita

de forma correta e por uma empresa especializada; esse serviço é oferecido pelas prefeituras municipais ou

por empresas especializadas. A coleta deve ser feita de uma forma adequada, na qual os profissionais devem

estar devidamente equipados e o veículo utilizado deve ser apropriado. A coleta de lixo é fundamental para

que não haja acúmulo de lixo e, assim, evite-se riscos para a saúde. As bactérias encontradas no lixo podem

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ser transmitidas para qualquer pessoa, e animais como ratos e baratas podem se propagar com o acúmulo. A

prefeitura de cada cidade tem o dever de oferecer a coleta de lixo para a população. Normalmente, essa coleta

é feita da forma mais conhecida, quando a empresa coleta o lixo e leva para os aterros. Porém, as empresas que

fazem a coleta de uma forma seletiva estão ganhando espaço.

A coleta de lixo seletiva, faz com que o lixo que pode ser reciclado seja reaproveitado. Para começar com

essa iniciativa e mudar o cenário atual em que vivemos, é importante que se promovam iniciativas de educação

ambiental. A população pode começar a separar os lixos, por metal, plástico, orgânico e vidro, o que contribui

para a reciclagem e, consequentemente, para a preservação do meio ambiente. Se você possuir dúvidas em

relação à coleta de lixo ou separação de lixo reciclável, entre em contato com a Resiclean. A empresa possui foco

em implementar a coleta seletiva, oferecendo o serviço de Assessoria Ambiental, além de prover o transporte

adequado para a realização da coleta.

1. Lixões

Os lixões não controlados das grandes cidades são um dos maiores problemas urbanos, capazes de causar

danos ambientais, sociais e políticos de grandes dimensões. Nesses locais, o lixo é despejado pelos caminhões

de coleta diretamente no solo, que não recebe nenhuma proteção ou tratamento técnico. O ato parece ser

inofensivo, mas transforma o local atrativo para insetos e roedores, capazes de transmitir muitas doenças graves,

como dengue, febre amarela, febre tifoide, cólera, disenteria, leptospirose, malária, esquistossomose, giardíase,

peste bubônica, tétano e hepatite A. Porém, é na decomposição da matéria orgânica jogada no solo que reside

o seu principal dano. O lixo produz, com o tempo, um líquido ácido e fétido chamado chorume, que se infiltra

no solo e subsolo, atingindo as águas subterrâneas e contaminando de modo irreversível toda a região. O lixo

também é capaz de produzir o gás metano que, além de contaminar o solo, é um dos principais agentes do

efeito estufa e vinte e uma vezes mais nocivo ao ar que o gás carbônico.

2. Aterro

Nos aterros sanitários, o lixo residencial e industrial é depositado em solos que receberam tratamento

para tal, ou seja, que foram impermeabilizados, o que inclui uma preparação com o nivelamento de terra e a

selagem da base com argila e mantas de PVC. Os aterros sanitários também possuem sistema de drenagem

para o chorume – líquido preto e tóxico que resulta da decomposição do lixo –, que é levado para tratamento

e, em seguida, devolvido ao meio ambiente sem risco de contaminação. Os aterros sanitários são cobertos com

terra e compactados com tratores, o que dificulta o acesso de agentes vetores de doenças e a proliferação de

determinadas bactérias. Há também poços de monitoramento abertos próximo aos aterros para que se avalie

constantemente a qualidade da água e haja verificação de eventuais contaminações. Entretanto, apesar de

apresentar esses aspectos positivos e de ser economicamente viável, os aterros sanitários têm vida curta – cerca

de 20 anos – e, mesmo depois de desativados, continuam produzindo gases e chorume. Se não forem bem

preparados, podem resultar nos mesmos problemas que os lixões a céu aberto. Assim, os aterros sanitários

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necessitam de controle e manutenção, o que nem sempre é feito.

3. Incineração

Outro destino para os resíduos sólidos é a incineração, que tem a vantagem de diminuir muito o volume do

lixo, destruir substâncias e materiais perigosos, além de produzir energia. A técnica da incineração, concebida

com a finalidade de reduzir a quantidade de lixo, vem sendo amplamente utilizada e aperfeiçoada desde o

seu surgimento na Inglaterra do século XVIII. Esse processo consiste na queima dos resíduos a temperaturas

elevadas (acima de 900 ºC), em um ambiente rico em oxigênio, por um período determinado, resultando na

redução de sua massa e volume e na sua transformação em material inerte. Durante esse processo complexo,

são produzidos diversos gases, como dióxido de carbono e vapor d’água, além de substâncias tóxicas, como

metais pesados e poluentes, que são cancerígenos e extremamente resistentes à degradação. Diferentemente

da simples queima de resíduos, a incineração é realizada em fornos especiais — que variam conforme as

características dos resíduos — dotados de filtros que evitam que os gases tóxicos sejam liberados na atmosfera.

Hoje em dia, os incineradores estão sendo construídos de forma a aproveitar a energia liberada na queima dos

resíduos para diversos fins, como a produção de eletricidade ou calor e energia combinados.

m. Países exemplos

Alemanha: Líder mundial em tecnologias e políticas de resíduos sólidos, a Alemanha quer alcançar, até

o final desta década, a recuperação completa e de alta qualidade dos resíduos sólidos urbanos, zerando a

necessidade de envio aos aterros sanitários. Desde junho de 2005, inclusive, a remessa de lixo doméstico sem

tratamento, ou da indústria em geral, para os aterros está proibida. Em 2011, de acordo com o Eurostat, agência

de estatística da União Europeia, 63% de todos os resíduos urbanos foram reciclados na Alemanha, contra uma

média continental de 25%. Se entre seus vizinhos, 38% do lixo acaba em aterros sanitários, na Alemanha a taxa

é virtualmente zero, graças, em grande parte, ao fato de que 8 em cada 10 quilos de lixo não reaproveitado são

incinerados, gerando energia.

Japão: Junto com o crescimento econômico do país, a partir da década de 1960, o Japão se viu diante do

desafio de encontrar um destino para o lixo. Como a área territorial é pequena, se comparada à população (127

milhões de pessoas vivem em 372 mil km², uma densidade de 337 hab/km², a terceira maior entre os países com

grande população), reduzir o volume de resíduos sólidos levados aos aterros é essencial. Graças a uma série de

iniciativas, algumas já com meio século, o Japão é um dos países mais avançados nesse campo. Desde 1997, as

emissões de dioxinas e outros poluidores de usinas de incineração foram reduzidas em 98%. São mais de 1,2 mil

usinas em atividade, a maioria adaptada ao conceito de alto controle de poluição e alta eficiência energética.

Uma dessas usinas, por exemplo, fica no populoso distrito de Shibuya, em Tóquio, e processa 200 toneladas

diárias de lixo, gerando energia usada na própria cidade. Garrafas pet são produzidas no Japão a partir de 100%

de resina reciclada, reduzindo em 90% o uso de novos plásticos e em 60% as emissões de dióxido de carbono. A

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resina é usada também em materiais de construção, móveis, equipamentos e utensílios.

Suécia: A Suécia, país rico e desenvolvido, tem uma geração relativamente alta de lixo (1,6 kg por dia per capita).

Por isso, a gestão de resíduos sólidos vem sendo encarada, há décadas, como prioridade pelas autoridades. Na

capital Estocolmo, onde 100% dos domicílios contam com coleta seletiva, as residências atendidas pelo sistema

nacional dispõem de lixeiras conectadas a uma rede de tubos que conduzem os resíduos a uma área de coleta.

Um sensor instalado percebe quando a lixeira está cheia. Por vácuo, o lixo é sugado e transportado para o local

de acumulação de resíduos, onde é realizada a coleta seletiva. Sacos de lixo podem ser depositados, a qualquer

momento, nos coletores de recicláveis e não recicláveis. Pela sucção, os sacos viajam a uma velocidade de 70 km/h

pela rede subterrânea de tubos. Ao chegaram à central, são separados e compactados em contêineres, de onde

seguirão para reaproveitamento, compostagem, incineração etc. O ar que circula no sistema de tubos passa por

filtros antes de retornar à atmosfera. O Envac, sistema sueco de coleta de lixo, também pode ser visto pelas ruas

de Estocolmo e de outras cidades importantes, atendendo prédios comerciais e áreas públicas. Atualmente,

são mais de 700 sistemas instalados em diversos países, atendendo locais como hospitais, aeroportos, cozinhas

industriais e fábricas.

Estados Unidos: A meta traçada pela cidade californiana de São Francisco é ambiciosa: zerar, até 2020, a

remessa de resíduos sólidos para os aterros sanitários. Essa jornada, iniciada em 1989, incluiu estratégias

essenciais. A prefeitura investiu na educação ambiental – ensinando a todos, das crianças aos comerciantes,

como separar o lixo e as técnicas de reciclagem – e na pesquisa por novas tecnologias que permitam o

reaproveitamento dos materiais descartados pela população. A cidade também implantou programas para

reciclagem e compostagem de quase todo o resíduo produzido, introduzindo incentivos econômicos (quem faz

mais compostagem paga menor taxa de lixo). As sacolas de plástico foram proibidas no comércio.

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GUIA DE ESTUDOS

GUIA DE REGRAS

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Guia de Regras - POLIONU 2019 3

Guia de Regras

SumárioIntrodução ......................................................................................................................................................................................................5

I. Institucional .......................................................................................................................................................6

1. Histórico ...............................................................................................................................................................................................6

2. Organização e comitês ....................................................................................................................................................................6

3. Deveres da organização ..................................................................................................................................................................7

II. Preparando-se para Simular ............................................................................................................................7

1. Pesquisa ................................................................................................................................................................................................7

2. Oratória ...............................................................................................................................................................................................10

3. Negociação diplomática ...............................................................................................................................................................10

4. Códigos ...............................................................................................................................................................................................11

4.1. Código de conduta ................................................................................................................................................................11

4.2. Código de vestimenta ..........................................................................................................................................................11

5. Documento de Posição Oficial (DPO) ......................................................................................................................................12

III. Regras Gerais de Simulação..........................................................................................................................15

1. Quórum e maiorias .........................................................................................................................................................................16

2. Discursos ............................................................................................................................................................................................16

3. Questões procedimentais ............................................................................................................................................................17

3.1. Questões ...................................................................................................................................................................................17

3.2. Moções .......................................................................................................................................................................................18

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4. Questões substanciais ...................................................................................................................................................................19

5. Tabela de precedência de questões e moções .....................................................................................................................20

IV. Documentos ...................................................................................................................................................22

1. Documento de Posição Oficial (DPO) ......................................................................................................................................22

2. Documento de trabalho ...............................................................................................................................................................23

3. Carta Oficial .......................................................................................................................................................................................24

4. Correio diplomático .......................................................................................................................................................................25

5. Press Releases e notícias da imprensa .....................................................................................................................................25

6. Proposta de resolução ...................................................................................................................................................................25

6.1. Introdução da proposta de resolução ............................................................................................................................29

7. Processo de votação de propostas de resolução e emenda............................................................................................30

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Carta aos Delegados

Introdução

Prezadas Senhoras e Senhores participantes do PoliONU. Sejam bem-vindos à décima quarta edição do

evento. Nesses quatro dias os senhores se encontrarão em um ambiente propício para o desenvolvimento de

opiniões, questionamentos e principalmente de um cidadão engajado e com o conhecimento preambular para

se pensar em como mudar sua realidade.

Ao longo da simulação é necessário um comportamento diplomático dos participantes, pois dessa maneira

será possível um ambiente verossímil com o das Nações Unidas. Deve-se enfatizar o empenho para em seguir a

política externa de sua representação dentro do comitê e respeitar os participantes e responsáveis pelo evento.

Para compreensão íntegra do evento e seu decorrer, é imprescindível a leitura deste guia de regras, uma vez

que contém todas as informações procedimentais das sessões, além de orientações a respeito do regimento de

diversos documentos necessários durante a simulação. Reintegra-se que este documento deve ser lido por todos

os participantes, mesmo os que já tiveram experiência prévia com o PoliONU, já que o guia sofreu alterações em

relação à edição anterior.

Desejamos a todos uma ótima simulação!

Cordialmente,

Ayrton Gusson

Secretário-Geral Executivo

Gabriela Pestana Gomes da Silva

Secretária-Geral Administrativa

Lara Cigagna de Godoy

Secretária-Geral Acadêmica

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I. Institucional

1. Histórico

A primeira edição do PoliONU aconteceu em 2006, e vem, desde então, despontando como a maior simulação interna do Brasil. Com quatro dias de evento, evoluiu de, aproximadamente, cem delegados e cinco comitês na primeira edição para mais de setecentos em sua décima quarta edição. Ao longo desses dias, discutimos e buscamos soluções para problemas atuais e de relevância mundial.

O evento visa, a partir do debate, do discurso e da pesquisa, complementar a formação do participante aguçando seu senso crítico e sua visão de mundo. O PoliONU ajuda na criação de uma juventude consciente de sua cidadania e de seu protagonismo nas mudanças da sociedade.

2. Organização e comitês

A equipe do evento é alterada anualmente, com escolha direta entre os membros da organização.

Secretariado: é formado por secretário-geral executivo, secretário-geral acadêmico e secretário-geral administrativo.

O secretário-geral executivo e o secretário-geral acadêmico são responsáveis por comandar os trabalhos, como exemplo a confecção dos guias dos comitês, e supervisionar o evento como um todo, sendo peças-chave para a integração de toda a organização.

O secretário-geral administrativo é encarregado de toda a execução administrativa, por exemplo, da festa, e planejamento necessários para um bom evento. É também responsável pelas esferas logística e financeira da simulação, juntamente com a coordenação do Colégio Poliedro.

Os três secretários, independente da função, estarão disponíveis para sanar possíveis dúvidas, e auxiliar os participantes antes e durante o evento. São responsáveis pela elaboração do Guia de Regras e auxiliam desde a organização das atividades até a preparação dos diretores e delegados. Durante o evento, supervisionam o andamento e os acontecimentos nos comitês e também acompanham a avaliação dos alunos ao final das conferências.

Diretoria: são os alunos que coordenam os comitês. É da responsabilidade dos diretores a formulação do tema e a produção dos guias de estudo. Nos dias do evento, atuarão como mesa diretora moderando os debates. Ademais, são responsáveis pelo contato mais próximo com os delegados de forma a garantir o desenvolvimento dos alunos e auxiliar em suas dificuldades dentro das sessões dos comitês.

Observação: Durante as sessões, os diretores representam a neutralidade no tema debatido, devendo iniciar e encerrar cada sessão; conferir o quórum; abrir espaço para questões ou moções; manter o decoro; conceder o direito de voz; decidir acatar ou não determinadas questões e moções; moderar o debate imparcialmente (a escolha da delegação ou juiz que irá se pronunciar será uma decisão a ser tomada pela Mesa, de acordo com a relevância para o debate no momento, porém todos terão direito de voz) e apresentar questões e moções à votação.

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3. Deveres da organização

Tratar a todos cordialmente, mantendo o comportamento diplomático e dedicação máxima em todas as suas atividades, sendo responsável pelas consequências de suas decisões.

Observar o cronograma das atividades, buscando a pontualidade.

Zelar pela conservação do local do evento.

Atender aos delegados com simpatia, eficiência e imparcialidade.

Não abusar de sua posição de soberania.

Ser transparente quanto às suas funções e realizar todos os seus compromissos.

Estar ciente de todas as regras do evento.

Estar disponível para atender aos participantes em qualquer situação, mantendo-se imparcial.

II. Preparando-se para SimularPara tornar a experiência de simular em um Modelo ONU ainda mais especial, é preciso estar preparado.

Portanto, seguem algumas dicas:

Leitura do Guia de Estudos.

Estudo aprofundado do tema: é interessante que os delegados procurem reportagens, filmes, sites e livros que tratem do assunto – quanto maior a sua quantidade de informações extra, melhor será sua atuação dentro do comitê.

Não hesitar em contatar os diretores de seu comitê, uma vez que são eles os idealizadores do Guia de Estudos. Seguindo essas dicas, teremos debates mais ricos, evitando discussões tediosas e circulares.

1. Pesquisa

A pesquisa é fundamental para garantir que sua participação no comitê seja a melhor possível – delegados bem preparados tornam a simulação mais rica e dinâmica.

Visando sua boa participação, os senhores devem conhecer o funcionamento, funções, atribuições do comitê e o histórico de sua representação nele.

Avalie a situação política, econômica e social do seu país, tente relacionar as condições atuais de sua nação com a temática do comitê e das discussões. Isso inclui o conhecimento de tradicionais aliados e de seus antagonistas conhecidos, além de todas as questões que orbitam ao redor do tema a ser debatido e à política externa atual oficial de seu país em relação ao problema.

Verifique a área de atuação e atribuições de seu comitê, evitando dessa forma resoluções que, por mais efetivas que sejam, não podem ser realizadas devido ao órgão que foram propostas.

No caso de comitês históricos, é preciso saber bem a época que os senhores estarão simulando. Afinal, dias

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ou meses podem ser cruciais para determinar o posicionamento dos países nos comitês, além de saber o que pode ser discutido para evitar anacronismos.

O Guia de Estudos auxilia em muitos desses aspectos e, após a conclusão de sua leitura, quaisquer dúvidas sobre o conteúdo devem ser encaminhadas aos diretores (e-mails no site). Lê-lo na sua completude, por mais extenso que seja, é fundamental para que se consiga debater conscientemente o tema. O guia, nos estudos dos senhores, é exatamente o que o nome sugere: uma introdução ao tema, na atualidade e em uma visão histórica, aos conceitos fundamentais e às regras do comitê, um norteamento para os estudos ainda por vir.

Uma vez lido o guia, as pesquisas devem começar. De início, é importante salientar que conhecimento básico ou médio de línguas estrangeiras (como inglês e espanhol, por exemplo) é de grande utilidade para aumentar o alcance e qualidade da pesquisa – no entanto, qualquer ajuda é válida, inclusive tradutores on-line, apesar da imprecisão. Além da bibliografia indicada nos guias de estudos, os senhores devem também se aventurar na internet por conta própria – algum site interessante pode sempre escapar do crivo dos diretores. Contudo, navegar em vão ou por páginas não confiáveis pode comprometer as discussões do comitê. Por isso, elaboramos uma lista de sites que podem ajudá-los substancialmente em suas pesquisas on-line:

Sites das organizações: ajudam no trabalho de conhecer as funções e atribuições do órgão e instância que serão simulados, assim como o papel do delegado em seu comitê, sendo representante de um país. Algumas organizações também possuem notícias, discursos, pronunciamentos e press releases que ajudam muito a ter maior noção do tema. Saber as funções e atribuições dos senhores e do comitê, enquanto representantes, significa estar ciente do que pode ser discutido e de quais compromissos podem ser tomados dependendo de seu nível diplomático (embaixador, diplomata, ministro, presidente etc.) quanto à celebração das discussões, de tratados ou acordos de paz perante a comunidade internacional. Normalmente, os sites das organizações são suficientes para solucionar as questões quanto ao comitê. É fundamental que você localize os acordos e resoluções já ratificados pertinentes ao tema, para compreender melhor o posicionamento de seu país.

Sites oficiais dos países: quanto às representações, pode-se consultar sites de governos, consulados ou embaixadas que também podem ajudar a ter uma noção consciente de seu país – saber se é uma república, monarquia, democracia ou ditadura, bem como a situação econômica em linhas gerais, o que faz diferença na discussão e nos compromissos que os senhores poderão firmar no comitê. Os sites oficiais dos governos normalmente possuem links para suas políticas de relações exteriores, nos quais se pode entender quais são os posicionamentos oficiais do país frente a questões relevantes, que podem ser futuramente citados dentro das sessões. Pesquise também nos sites específicos dos Ministérios de Relações Exteriores dos países.

www.consulados.com.br (site com endereço e telefone de embaixadas e consulados no Brasil).

ww.cia.gov/library/publications/the-world-factbook (The World Factbook, o livro de fatos da CIA – Central de Inteligência Americana – com diversos dados sobre os países do mundo).

Sites das missões oficiais: é a fonte primária de discursos oficiais e pronunciamentos dos representantes do país nas organizações por meio de missões diplomáticas. No entanto, nem todos os países possuem tais sites ou, se possuem, a maioria não é atualizada frequentemente.

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Dag Hammarskjöld Library e un.org: a Biblioteca Virtual da ONU, apesar de não atender a todos os comitês da simulação, é simplesmente a maior fonte de documentos, discursos, pronunciamentos, relatórios oficiais e resoluções da internet. Para os comitês fora das Nações Unidas, ela ainda é útil, pois seus documentos possibilitam o estabelecimento de ligações temáticas, encontrando o posicionamento de seu país em relação a outras questões que podem interferir no andamento do comitê. O site da ONU oferece informações, resoluções e pronunciamentos oficiais em relação aos comitês sob a sua instância – nada que, no entanto, não possa ser encontrado pela biblioteca. Além disso, o site do PoliONU possui o tópico ‘’pesquisa’’, contendo vários sites oficiais dos órgãos da ONU.

- www.un.org/depts/dhl (Dag Hammarskjöld Library). www.un.org (ONU).

Sites de comunidades de nações: sites como o Mercosul, União Africana, União Europeia e outros ajudam a entender políticas regionais adotadas por grupos de países.

- www.mercosur.int (Mercosul).

- www.au.int/en (União Africana).

- www.europa.eu/index_pt.htm.

ONGs (Organizações Não Governamentais): algumas ONGs, atuantes em crises internacionais ou de refugiados, fazem relatórios detalhados, ainda melhores que os próprios governos locais, que são base para diversas discussões e até resoluções em órgãos importantes como o Conselho de Segurança da ONU. Temos como principais exemplos a Anistia Internacional (Direitos Humanos), a MSF (Médicos sem Fronteira) em saúde, a Oxfam, o HRW (Human Rights Watch) e a Cruz Vermelha.

- www.br.amnesty.org

- www.oxfam.org

- www.msf.org

- www.hrw.org

- www.cruzvermelha.org.br

- www.icrc.org

Agências de notícias: como fontes extra oficiais de informação, podem ser menos confiáveis, porém não passam pelo “filtro político” das fontes oficiais das organizações, postando notícias polêmicas ou com boas análises políticas e de política externa. Muitas informações relevantes podem estar exclusivamente disponíveis em outros idiomas, como o inglês ou o espanhol, por isso recomenda-se que sejam consultadas outras agências, além das brasileiras. Procurem também fugir das mais comuns (BBC, CNN), e aventurar-se nas agências orientais para noticiar eventos ou detalhes ignorados pelos ocidentais. Também é fundamental pesquisar em alguma agência de notícia do país que os senhores representam e de alguma do local onde está concentrado o comitê. É importante frisar ainda que as agências de notícias divergem em suas análises. Isso se dá pois várias das agências adotam uma corrente política, fato ao qual os participantes, em especial os jornalistas, devem se

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atentar. Por isso é preciso estar ciente da orientação política de suas fontes e estudar a partir de textos de mídias orientadas a partir das mais diversas posições do espectro político.

Revistas especializadas: existem diversas revistas especializadas em política externa e relações internacionais que são importantes em suas análises político-econômicas dos assuntos em questão nos comitês.

Artigos acadêmicos: embora sem acesso fácil e muitas vezes mediante pagamento, os artigos acadêmicos são extensos e repletos de informações confiáveis assinadas pelos especialistas no assunto. No entanto, em questões que dependem de acontecimentos atuais, é mais difícil encontrar publicações, já que sua produção demanda tempo. Uma base de dados de acesso a diversos artigos é a JSTOR (www.jstor.org), que, além de produções acadêmicas, possui artigos de jornais especializados. Outra fonte interessante é a página Google Acadêmico (scholar.google), em que os senhores podem achar, de uma maneira mais fácil, artigos acadêmicos.

Wikipédia: É preciso muita cautela ao fazer pesquisas pela Wikipédia – em especial sobre posicionamentos e política externa de países – pois essa enciclopédia é um site de livre colaboração que pode ser alterado por qualquer pessoa, a qualquer momento. No entanto, é praticamente uma tentação utilizar essa ferramenta pela abundância e variedade de informações que ela oferece. Caso resolva consultá-la, uma possibilidade é utilizar o site em inglês (https://en.wikipedia.org/wiki/Main_Page), pois essa apresenta maior número de artigos e, muitas vezes, textos mais completos do que a versão em português. Uma boa dica é checar as fontes utilizadas no artigo (encontram-se no rodapé da página), elas trazem mais credibilidade ao artigo e podem direcionar a ótimas fontes de pesquisa sobre o tema. Ademais, é interessante utilizar a Wikipédia como um ponto de partida para as pesquisas, procurando artigos sobre definições, momentos históricos e pessoas.

2. Oratória

A oratória é tão importante quanto os outros pontos apresentados nesta seção. A qualidade de seu discurso será determinante para uma boa participação no evento – pela capacidade de convencimento e pela clareza dos pontos de vista no debate, garantindo uma negociação mais fluida e menos tediosa. É importante tomar cuidado para não se expressar mais que o essencial e não usar palavras informais. Expor suas ideias de maneira clara, em voz alta, evitar repetições, praticar o discurso antes do evento, ser coeso e coerente garantem uma boa oratória na simulação.

3. Negociação diplomática

Durante o evento, a negociação será constante e fundamental; assim, é importante estar bem preparado para ela. Um bom negociador deve ser receptivo às diversas partes, capaz de lidar com os mais diversos temperamentos psicológicos, ter firmeza no estabelecimento de sua posição ideológica e de seus limites de negociação – isto é, até quando pode ceder e o que pode garantir. É importante que o acerto final entre as partes atenda às exigências da maioria delas e não infrinja gravemente a política externa de nenhum dos lados. Para o negociador, é importante ser amistoso e criativo, uma vez que o direcionamento da negociação está sujeito a elementos subjetivos – como a cortesia, gerada na cordialidade entre negociadores.

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Muitas vezes, o debate pode chegar a um impasse – normalmente devido a pontos divergentes ou de difícil acordo. Quando isso acontecer, deve-se procurar qual o motivo de tal entrave. Pode-se sugerir que as partes conflitantes proponham alternativas menos prejudiciais às suas políticas externas – ou seja, que cedam, procurando uma posição intermediária ou negociando os itens críticos. Assim, a proposta apresentada poderá ser aceitável pelos governos das diversas partes.

Perguntar aos outros delegados o que os incomoda em cada uma das diferentes opções também irá ajudar os senhores a determinar os interesses e os limites de seu interlocutor. Tais limites são os pontos não negociáveis – esses tópicos geralmente são protegidos por estarem diretamente ligados a setores suscetíveis na estrutura (econômica, política ou social) dos países representados.

Os intervalos, coffee breaks ou debates não moderados são ambientes ideais e instrumentos valiosos no processo de negociação, por apresentarem menos burocracia e aproximarem os delegados. Nesses momentos, as partes podem revisar os tópicos discutidos, agendar e criar bases para novos acordos e alianças.

4. Códigos

É preciso frisar que, ao representarem diplomatas ou juízes em um ambiente como o PoliONU, os participantes devem reproduzir, da forma mais autêntica possível, a atmosfera real de negociações e debates das Nações Unidas – incluindo nos debates, além da norma culta da língua, as questões

relativas à vestimenta e à conduta.

4.1. Código de conduta

É dever dos participantes:

Tratar a todos respeitosamente, mantendo o comportamento diplomático.

Estar inteirado sobre assuntos de seu comitê, tópico e representação.

Observar o cronograma de atividades, buscando a pontualidade.

Zelar pela conservação das dependências do local do evento.

Respeitar as decisões da organização.

Advogar interesses de seu país com fidelidade máxima e manter o decoro apropriado a cada uma das formas de interação com os demais participantes.

Ter consciência de que a Mesa Diretora é soberana dentro do comitê.

Evitar sair durante as sessões.

4.2. Código de vestimenta

Durante todas as atividades, exceto nas festas e atividade programadas, serão obrigatórios os trajes sociais.

São considerados trajes sociais:

Camisa e Calça Social; Blazer; Paletó; Terno; Tailleur; Smoking; Vestidos; Saias; Sapatos Sociais; Sapatos de Salto Alto; Sapatilhas e Mocassins e Docksides.

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Lembrando que Vestidos e Saias devem estar, no máximo, três dedos acima do joelho.

Qualquer dúvida relacionada ao código de vestimenta pode ser enviada aos membros da organização.

5. Documento de Posição Oficial (DPO)

Todos os delegados, obrigatoriamente, terão de entregar um Documento de Posição Oficial de sua representação. Países que possuem representação dupla (dois delegados) no comitê, deverão entregar apenas um DPO. Esse documento deverá ser entregue no ato do credenciamento e deverá conter em seu texto:

No cabeçalho do texto deverá constar:

o brasão oficial do país;

o nome oficial do comitê;

o tema/ tópico do comitê;

o nome oficial da representação (exemplo: República Popular da China em vez de China);

o(s) nome(s) do(s) delegado(s) do comitê.

No corpo do texto:

a política externa de seu país, em linhas gerais;

o posicionamento do país perante o problema a ser discutido no comitê;

os principais acordos, inclusive a participação em blocos econômicos e geopolíticos, que eventualmente seu país possua com outras nações.

Ao final do texto:

a assinatura do delegado, conforme a sua representação oficial, se houver.

o(s) nome(s) do(s) delegado(s) do comitê;

representação oficial e o comitê.

Observação: não se trata da bandeira do país, e sim do brasão. Caso o país não possua um, deverá ser colocado o brasão do Ministério das Relações Exteriores. A função do documento de posição é explicar aos outros delegados do seu comitê qual a posição que seu país defende na questão discutida. Faz-se necessário determinar a política externa geral da representação (como suas prioridades e seus princípios) e relacionar a questão tratada – como ela influencia o seu país, o que tem sido feito para resolvê-la e como o problema é visto por você na função de representante – no seu país (sendo esta a parte mais importante). Fique atento para que o seu DPO disponibilize aos leitores uma visão clara e objetiva do posicionamento de seu país em relação ao tema discutido no comitê – evite inserir informações não relevantes à discussão.

Todos os Documentos de Posição Oficial estarão disponíveis para consulta de qualquer delegado ou delegação durante as sessões no comitê. Veja a seguir um exemplo de Documento de Posição Oficial que pode ser tomado como parâmetro para a construção do DPO dos senhores:

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Exemplo I

( Documento de posição oficial para delegação.)

Alto Comissariado das Nações Unidas

“A questão dos refugiados palestinos”

República da Áustria

(Nome do Delegado)

A República da Áustria, membro do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR),

reconhece que, desde a criação do Estado de Israel, a Questão dos Refugiados Palestinos é um tema recorrente

no cenário internacional. Por considerar a causa justa, a Áustria votou a favor do reconhecimento do Estado da

Palestina na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, pois, assim, é possível ouvir um representante

legítimo dos palestinos.

O povo austríaco, marcado dolorosamente pelo Holocausto, sabe que a intolerância é um grande mal e

acredita que a incomplacência para com os refugiados, dentro e fora de Israel, deve ser combatida. Além disso,

considera que o Artigo I da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão – o qual declara que “Os homens

nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.”

– deve ser sempre respeitado. Desse modo, assegura-se a não repetição dos erros cometidos por diversos

governos.

Ao ratificar a Convenção de 1951 para Refugiados, a nação austríaca provou estar interessada e engajada na

busca de uma solução para os problemas dos que vivem em exílio. Entretanto, visto que a República da Áustria

está envolvida na questão dos refugiados sírios, afegãos e paquistaneses, é improvável que possamos ofertar

condição digna aos refugiados palestinos.

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Tendo em vista que as populações judaica e muçulmana crescem a cada dia dentro do território da República

da Áustria, a situação atual dos refugiados palestinos preocupa diretamente uma parcela dos austríacos. Assim,

esperamos contribuir para que seja encontrada uma solução que satisfaça ambos os lados.

Visando uma solução pacífica para o problema, a Áustria pede aos países que possam oferecer condições

dignas aos refugiados para colocarem-se a disposição. Além disso, o Estado de Israel e o Estado da Palestina

devem se preocupar em trazer a paz à região, a fim que os palestinos possam retornar de forma pacífica à parte

que lhes cabe dentro do território.

O governo da Áustria, dedicando-se a assegurar sempre o cumprimento da Declaração Universal dos

Direitos Humanos, coloca-se a disposição para auxiliar, dentro do que for possível, na resolução do problema.

O povo austríaco está e sempre estará disposto a defender causas humanitárias, respeitando a soberania dos

outros países.

Atenciosamente,

(Assinatura)

Nome do delegado

Representante da Áustria no Alto Comissariado das Nações Unidas

Exemplo II:

(Documento de Posição Oficial para Organizações Não Governamentais e outros órgãos)

Anistia Internacional

UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes“O Narcotráfico e suas Coligações em meio a Guerrilhas”

(Nome do Delegado)

Embasada no Artigo III da Declaração Universal dos Direitos Humanos — segundo o qual “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. ” —, a Anistia Internacional compromete-se em levantar questões, fomentar o debate e continuar a luta em prol da defesa dos Direitos Humanos.

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Segundo os pilares de minha organização, quando o direito de um indivíduo é desrespeitado, o de todos os outros está em risco. Por isso, faz-se necessário discutir e buscar soluções para a questão do narcotráfico e suas coligações em meio a guerrilhas, uma vez que milhares de pessoas são vítimas diariamente de truculência de milícias e grupos paramilitares que sobrevivem graças à comercialização de drogas.

Além do problema da violência, é necessário que o UNODC e os respectivos membros desse comitê promovam políticas que auxiliem a população, como tratamento para dependentes químicos. Outro ponto importante é a questão do HIV, cujos casos ligados ao uso de drogas – segundo a pesquisa realizada pelo UNODC em parceria com a UNAIDS, 12, 9 milhões de pessoas utilizam narcóticos injetáveis – crescem cada vez mais.

Assim, a Anistia Internacional, reconhecida mundialmente como grande defensora da sociedade civil e guardiã dos Direitos Humanos em âmbito internacional, sente-se honrada em poder participar dessa reunião e declara-se à disposição deste comitê para debater e buscar possíveis soluções para essa questão que afeta grandemente o mundo atual.

Atenciosamente,

Representante da Anistia Internacional

III. Regras Gerais de SimulaçãoTais regras conseguintes regem todos os comitês do PoliONU, devendo ser respeitadas por todos e a todo

momento durante o evento. O português será o idioma oficial do PoliONU 2018, com exceção do comitê Disarmament and International

Security Committee (DISEC), onde os debates serão conduzidos exclusivamente em inglês.

Não será permitido o consumo ou a posse de álcool, tabaco ou substâncias ilícitas, independentemente da faixa etária do(s) participante(s).

Cada país será representado por um delegado em cada comitê, exceto o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), o Disarmament and International Security Committee (DISEC), a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Assembleia Geral Histórica (AGH), onde cada país será representado por dois delegados. Ressalta-se que a ausência de um delegado, em qualquer comitê, é grave e deverá ser informada com antecedência aos organizadores.

Todos os delegados terão direito de voz e voto em questões procedimentais nos comitês e todos os países membros dos órgãos simulados também terão direito a voto em questões substanciais.

Os delegados não poderão fazer uso de documentos e discursos oficiais como se fossem próprios ou escrever uma carta como chefe de Estado. Tais procedimentos não serão aceitos, pois se caracterizam como plágio.

A Mesa Diretora será soberana e imparcial perante o comitê, tendo precedência no direito à palavra sobre os delegados, e suas decisões serão inapeláveis. Os diretores poderão, no curso da discussão de qualquer tópico, propor ao comitê a limitação ou ampliação do tempo de discurso de cada delegado, o encerramento do debate do tópico em discussão, bem como a suspensão ou o adiamento da sessão.

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O secretariado ou os seus representantes poderão se pronunciar a qualquer momento, por escrito ou oralmente, bem como permitir o pronunciamento de alguma outra representação, sobre qualquer tópico.

Perante situações emergenciais ou de crise, o comitê deverá permanecer reunido até que as questões sejam resolvidas, não sendo permitido o contato com qualquer meio externo. Após uma resolução ser adotada sobre a situação de crise, o debate retornará ao momento em que foi interrompido.

Nenhum delegado ou representante deverá dirigir a palavra ao comitê sem antes haver sido previamente autorizado pela Mesa Diretora.

1. Quórum e maiorias

O denominado “Quórum” refere-se ao número total de delegações presentes e credenciadas dentro de um comitê. Havendo o inteiro igual ou acima de um terço das delegações credenciadas, os diretores conferirão o quórum por meio de chamada e poderão declarar aberta a sessão. Na conferência do quórum, que ocorrerá no início de cada sessão do comitê, os delegados poderão declarar-se como presente ou presente e votante – se o delegado se declarar presente e votante, ele não terá o direito de abster-se nos processos de votação realizados durante a sessão. Os delegados que se declararem somente presente poderão abster-se na votação de questões substanciais.

Durante as sessões, haverá questões procedimentais e questões substanciais que requerem aprovação das delegações; algumas são aprovadas por meio de maioria simples, outras mediante maioria qualificada. A seguir, a diferença entre as duas:

Maioria simples: correspondente ao primeiro inteiro acima da metade do quórum presente.

Maioria qualificada: corresponde ao inteiro igual ou imediatamente acima de dois terços ( ) do quórum presente.

A exceção cabe ao Conselho de Segurança (CSNU, CSH e HSC), no qual a maioria qualificada é o inteiro igual ou imediatamente acima de três quintos ( ) do quórum.

2. Discursos

Os delegados terão duas formas de pronunciarem seus discursos em momentos e com objetivos diferentes.

Discurso inicial: O discurso inicial será realizado no início da primeira sessão dos comitês, com o tempo máximo definido em três minutos, e terá como objetivo dar a oportunidade para as delegações apresentarem suas posições, a fim de complementar o DPO (Documento de Posição Oficial). O discurso inicial pode ser apenas a leitura do DPO, a leitura de um texto previamente escrito, ou até mesmo um discurso decorado ou proferido a partir de anotações tomadas anteriormente, contanto que cumpra seu papel de complementar o DPO, reforçando a posição da delegação. É imprescindível que o discurso esteja de acordo com a norma culta da língua portuguesa, utilizando de vocabulário formal.

Discurso à grega: O discurso à grega é uma forma de debate moderado. As delegações que desejarem se

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pronunciar têm de deixar suas placas na posição vertical e esperar pelo reconhecimento da Mesa Diretora, que é livre para escolher a próxima delegação a se pronunciar, mesmo que fora de ordem, de acordo com a relevância para o debate naquele momento, porém sempre mantendo a imparcialidade.

O tempo de discurso será determinado pela Mesa Diretora, todavia os delegados podem propor sua alteração por meio de uma moção. Os diretores indicarão o final do tempo de um discurso com o uso do martelo da Mesa – com uma batida, faltam dez segundos para o fim do tempo; com duas, o tempo estará encerrado e a voz passa para a Mesa.

A Mesa concederá a palavra ao delegado subsequente à sua escolha, após tratar de acatar ou pôr à votação questões ou moções com precedência propostas pelos delegados, dar recomendações gerais aos delegados, ou reconhecer novos delegados ou membros do secretariado. No discurso à grega todos devem ser reconhecidos pela mesa antes de iniciarem seu discurso ou apresentar uma moção ou questão.

Se o delegado tiver concluído seu discurso e restar-lhe tempo, é necessário que esse seja cedido, podendo fazê-lo de três maneiras:

Para a Mesa: o delegado encerra seu discurso, passando o tempo restante para as pronunciações da Mesa Diretora. É uma maneira polida de encerrar o discurso.

Para outro delegado: caso o último aceite, ele terá o tempo restante do discurso do primeiro delegado para proferir seu discurso, após ser identificado pela Mesa.

Não há cessão de cessão, isto é, não serão permitidas duas ou mais sessões de tempo durante apenas um tempo de discurso. Também não é possível ceder seu tempo quando lhe faltarem dez segundos ou menos de discurso.

3. Questões procedimentais

São classificadas como procedimentais as questões ou moções que tratam de interferências ou modificações no debate em si, sem modificar as decisões do comitê.

Para questões procedimentais que exigem votação, é obrigatório votar “a favor” (favorável) ou “contra” (contrário), ou seja, todas as delegações presentes ou presentes votantes, devem votar. A mesa, visando uma melhor utilização do tempo, pode aprovar ou reprovar uma moção por contraste visual, ou seja, quando a maioria visível dos delegados concorda.

3.1. Questões

As questões são pontos levantados pelos delegados e que são submetidos apenas à apreciação da Mesa, sem processo de votação.

Questão de privilégio pessoal: será empregada quando o delegado experimentar qualquer desconforto físico ou for pessoalmente ofendido. É essencial empregar o bom senso e a ética ao fazer uso dessa questão, pois ela é o único procedimento que pode interromper um discurso. O delegado pronunciará sobre seu desconforto ou a ofensa à sua pessoa após ser reconhecido pela Mesa, que decidirá os procedimentos a serem tomados. Em

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caso de desconforto físico, a Mesa deverá tomar as medidas cabíveis para repará-lo – por exemplo, desligar o ar-condicionado; se algum delegado não concordar com essa questão, deverá levantar outra questão de privilégio pessoal, e o resultado será definido pelos diretores. No caso de uma ofensa, a Mesa decidirá como agir, reconhecendo a ofensa e repreendendo o acusado da forma que julgar necessária ou não reconhecendo a acusação e repreendendo a delegação que empregou a moção fora de contexto ou desrespeitosamente, da forma que julgar necessária.

Questão de ordem: essa questão deve ser levantada quando qualquer um dos delegados notar equívoco da Mesa Diretora em relação às regras e procedimentos estabelecidos neste guia ou à condução dos debates. Caso a questão proceda, os erros devem ser imediatamente reparados pela Mesa.

Questão de dúvida: deve ser levantada caso algum delegado queira obter quaisquer informações da Mesa Diretora em relação aos trabalhos do comitê ou às regras e procedimentos de debate.

3.2. Moções

As moções são pontos levantados pelos delegados em relação a alguma modificação no curso normal dos debates, podendo ser submetidas à apreciação da Mesa e/ou à votação.

Moção para debate não moderado: propõe que o debate à grega seja temporariamente suspenso para que os delegados possam negociar e redigir documentos sem a articulação dos diretores. É preciso apresentar uma justificativa para a não moderação e o tempo total de tal debate. Para sua aprovação, é necessário o voto favorável da maioria simples e a aprovação da Mesa, que poderá propor tempos de debate mais razoáveis. No entanto, apesar da não moderação, esse modelo de debate requer responsabilidade e bons modos, uma vez que haverá outros comitês no local do evento e o barulho excessivo poderá atrapalhar as negociações, tanto do próprio comitê quanto de outros.

Moção para alteração do tempo de discurso: o tempo de discurso poderá ser alterado por uma moção levantada por qualquer delegado; tal moção será submetida primeiro à Mesa Diretora, mediante justificativa do delegado requerente, e depois à votação. É necessária maioria simples para aprovar tal moção. A Mesa pode propor uma alteração caso observe que o tempo não está sendo aproveitado por completo pelos delegados.

Moção para leitura de documento: qualquer delegado poderá propor uma moção para leitura de um documento que esteja em posse de todos os delegados, ou seja, documentos de trabalho, cartas oficiais e press releases. Essa moção não é votada, cabendo apenas à Mesa Diretora aprová-la ou não, após a justificativa do delegado que requereu essa moção e o anúncio da duração de tal leitura. Os Diretores podem propor a observância de um tempo para leitura de documento e também alterar o tempo requerido.

Moção para consulta geral: é proposta por um delegado que deseja conhecer a opinião dos demais delegados acerca de um tema, sem a burocracia dos discursos à grega. O delegado que fizer uso dessa moção deverá apresentar a pergunta primeiramente a mesa, que julgará se acata ou não a moção. Uma vez acatada, o delegado deve repetir a pergunta e os delegados deverão responder levantando suas placas, todos ao mesmo tempo. A pergunta proposta deve poder ser respondida pelo levantamento de placas, portanto, deve ser relativa a quantos delegados concordam com determinada afirmação ou uma pergunta de “sim ou não”.

Moção para introdução de proposta de resolução: é proposta pelos signatários de tal documento,

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sendo necessário que todos os delegados possuam conhecimento do conteúdo da proposta de resolução. Essa moção é automaticamente aprovada e, a seguir, é preciso que um dos signatários a leia em voz alta para o comitê. Em sequência, inicia-se o debate paralelo acerca a proposta.

Moção para introdução de proposta de emenda: pode ser proposta por qualquer delegado e a partir do momento em que cada delegado tiver conhecimento do conteúdo da proposta de emenda, é acatada automaticamente pela Mesa. Então, a proposta será lida e a Mesa estará aberta somente para questões substanciais.

Observação: após a introdução de uma proposta de resolução ou emenda, são permitidas modificações de caráter ortográfico e gramatical no texto do documento ou ainda modificações substanciais,por meio de uma emenda. O novo texto, modificado, deverá ser lido para o comitê novamente, ou apenas as partes modificadas.

Moção para adiamento da sessão: essa moção, se aprovada, implica na suspensão temporária dos debates, que serão retomados no horário agendado para a próxima sessão. Essa moção não procede antes de quinze minutos do término da sessão e requer o voto favorável da maioria qualificada para ser aprovada.

Moção para encerramento do debate: na última sessão, essa moção propõe o definitivo e imediato encerramento dos debates, não sendo permitido nenhum pronunciamento oficial após sua aprovação. É preciso que a proposta de resolução final já esteja aprovada para essa moção entrar em ordem.

4. Questões substanciais

São moções que tratam de decisões do comitê, especialmente ligadas ao processo de votação para algum documento de caráter substantivo. É necessário o quórum mínimo correspondente ao primeiro inteiro acima da metade das delegações credenciadas para a procedência de tais questões.

Cada delegação terá direito a um voto nos processos de votação, podendo votar “a favor” (favorável), “contra” (contrário) ou, para as delegações que se declararam somente “presente” no início da sessão, também “abster-se” (voto de neutralidade, sem opinião favorável ou contrária). As delegações que se declararam presentes e votantes não poderão abster-se. Representantes observadores não votarão em questões substanciais, mas têm o direito de observar o processo.

Moção para votação da proposta de resolução: a proposta de resolução, caso essa moção seja aprovada, deverá seguir à votação definitiva. É necessário que a maioria simples dos delegados seja favorável ao início do processo de votação do documento – e não necessariamente ao documento em si – para que o processo de votação se inicie. É necessário, ainda, um discurso contrário antes de votar a moção para a votação da proposta de resolução. Se aprovada, essa moção desencadeia o processo de votação por chamada.

Moção para votação de proposta de emenda: moção para dar início ao processo de votação da proposta; aprovada pela maioria simples dos delegados. Caso aprovada, essa moção é sequenciada por debate paralelo acerca da emenda.

Moção para divisão da proposta: essa moção, aprovada mediante maioria simples, é a via pela qual um delegado propõe que as cláusulas operativas de uma proposta de resolução ou emenda sejam votadas em grupos separados, a serem definidos por cada parte requerente da moção. Caso haja mais de uma moção para divisão em ordem, aquela que tiver o maior número de divisões terá precedência para a votação para aprovar ou não a moção – e não o documento em questão. Se aprovada a moção para divisão da proposta,

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as cláusulas do projeto serão votadas grupo a grupo (ou uma por uma), exigindo maioria qualificada para cada grupo ser aprovado. Após as cláusulas terem sido votadas em separado, de acordo com a divisão da proposta, o documento modificado será lido novamente e haverá uma votação final com o conjunto de todos os grupos de cláusulas aprovados, exigindo maioria qualificada para a aprovação da proposta. Não será permitida a reconsideração de propostas que já tiverem sido votadas. Caso o documento final contenha cláusulas que se referem ou que dependem de outras que foram excluídas do projeto, poder-se-á ser feita uma revisão da proposta com o consentimento de todos os signatários e favoráveis ao projeto, antes da votação do documento por inteiro.

Observação: veja os processos de votação dos diversos documentos na seção “Documentos”.

5. Tabela de precedência de questões e moções

No caso de mais de uma moção e/ou questão serem levantadas aos diretores ao mesmo tempo (no mesmo intervalo entre os discursos), estabelecer-se-á a precedência em sua apreciação ou votação de acordo com a tabela a seguir. Uma vez aprovada uma moção ou questão precedente, as demais que a seguiriam devem ser feitas após o processo de efetuação desta.

Precedência Questão/ moção Maioria necessária Condições

1 Questão de privilégio pessoal N/A —

2 Questão de ordem N/A —

3 Questão de dúvida N/A —

4 Moção para introdução de proposta de resolução N/A

Seis signatários; todas as delegações com conhecimento do

conteúdo da proposta

5 Moção para leitura de documento N/A —

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6 Moção para adiamento da sessão QualificadaNão antes de quinze minutos do término previsto da sessão.

7 Moção para debate não moderado Simples —

8 Moção para consulta geral Simples —

9 Moção para alteração do tempo de discurso Simples —

10 Moção para introdução de proposta de emenda N/A

Três signatários; todas as delegações com conhecimento da

proposta de emenda

11 Moção para votação de proposta de emenda Simples —

12 Moção para votação de proposta de resolução Simples Dois discursos contrários

13 Moção para divisão da proposta Simples —

14 Moção para votação por chamada Simples —

15 Moção para encerramento do debate Qualificada —

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IV. Documentos

Todos os documentos distribuídos aos delegados deverão ser previamente aprovados pela Mesa Diretora. Um signatário de um documento, que não seja documento de posição oficial (DPO) ou carta oficial, não é obrigado a concordar com seu conteúdo, apenas suporta que ele seja discutido.

1. Documento de Posição Oficial (DPO)

Todos os delegados, obrigatoriamente, terão de entregar um Documento de Posição Oficial de sua representação. Países que possuem representação dupla (dois delegados) no comitê, deverão entregar apenas um DPO. Este documento deverá ser entregue no ato do credenciamento e deverá conter em seu texto:

No cabeçalho do texto deverá constar:

o brasão do país;

o nome oficial do comitê;

o tema/ tópico do comitê;

o nome oficial da representação (exemplo: República Popular da China em vez de China);

o(s) nome(s) do(s) delegado(s) do comitê.

No corpo do texto:

a política externa de seu país, em linhas gerais;

o posicionamento do país perante o problema a ser discutido no comitê;

os principais acordos, inclusive a participação em blocos econômicos e geopolíticos, que eventualmente seu país possua com outras nações.

Ao final do texto:

a assinatura do delegado, conforme a sua representação oficial, se houver;

o(s) nome(s) do(s) delegado(s) do comitê;

representação oficial e o comitê.

Observação: não se trata da bandeira do país, e sim do brasão. Caso o país não possua um, deverá ser colocado o brasão do Ministério das Relações Exteriores. A função do documento de posição é explicar aos outros delegados do seu comitê qual a posição que seu país defende na questão discutida. Faz-se necessário determinar a política externa geral da representação (como suas prioridades e seus princípios) e relacionar a questão tratada – como ela influencia o seu país, o que tem sido feito para resolvê-la e como o problema é visto por você na função de representante – no seu país (sendo esta a parte mais importante). Fique atento para que o seu DPO disponibilize aos leitores uma visão clara e objetiva do posicionamento de seu país em relação ao tema discutido no comitê – evite inserir informações não relevantes à discussão.

Todos os Documentos de Posição Oficial estarão disponíveis para consulta de qualquer delegado ou delegação durante as sessões no comitê. Veja alguns exemplos em: “Preparando-se para Simular.”

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2. Documento de trabalho

O Documento de Trabalho é a forma oficial para introduzir um material no comitê, pois qualquer informação que um delegado queira dividir com todos os membros do comitê, ou qualquer resolução advinda dos debates entre os delegados, deve ser escrita para distribuição entre os participantes. Nesse contexto, os documentos de trabalho podem ser comunicados, declarações, cartas oficiais, discursos dos líderes, artigos de jornal e outros que possam servir para subsidiar os debates e reforçar a posição dos países signatários, pois só poderão ser mencionados em debate os documentos que já estiverem à disposição de todos os delegados.

A Mesa avaliará o conteúdo destes “Documentos de Trabalho” antes de enviá-los para distribuição. É necessário que um documento de trabalho possua pelo menos um signatário.

Seguem dois exemplos de Documento de Trabalho:

Exemplo I

Os Estados Unidos da América apresentam este documento para informar a todas as nações presentes a respeito de seu crescimento econômico frente às demais regiões. As considerações a respeito do gráfico serão feitas a posteriori.

Exemplo II

Os países signatários, visando a garantia dos Direitos Humanos, comprometem-se a desenvolver uma logística especializada para o transporte de refugiados, mesmo em nações distantes geograficamente, e, assim, impedir a ação de contrabandistas no Mediterrâneo e garantir a segurança dos requerentes de asilo.

Signatários: Reino Unido, África do Sul e Estados Unidos da América.

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3. Carta Oficial

As Cartas Oficiais são o meio de comunicação entre o delegado e qualquer instituição ausente no comitê – entre o delegado e seu governo, ou vice-versa, para definir uma posição a ser tomada em alguma polêmica dentro do comitê, por exemplo: Os diretores intermediarão essa comunicação.

A seguir, dois exemplos de Cartas Oficiais:

Moscou 15/6/2009

Prezado senhor representante da nação russa no Conselho de Segurança das Nações Unidas,

Gostaríamos de informar-lhe que a Agência de Espionagem Militar (GRU) de nossa grandiosa nação demonstrou um excelente trabalho ao nos comunicar sobre a descoberta da continuidade dos financiamentos bélicos pela OTAN à Ossétia do Sul.

A informação acarreta-nos em considerar como países não negociáveis aqueles membros do órgão militar citado anteriormente e recomenda-se o veto de qualquer proposta apresentada por eles ou por aliados que possa incentivar tais práticas de financiamento, interferência direta da OTAN no conflito ou nossa própria participação.

Atenciosamente, Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa

Exemplo III

NovaYork 5/7/1995

Ao Ministério da Defesa da República Federal da Alemanha, A representação alemã nas discussões do Conselho de Segurança das Nações Unidas

para a questão da guerra da Bósnia gostaria de saber a disponibilidade dos nossos órgãos competentes na participação do projeto de fiscalização das ações da Iugoslávia na Bósnia.

Ao nosso parecer, qualquer ajuda para restabelecer a estabilidade na região seria extremamente vantajosa para nossa nação politicamente e também para que as ações do Conselho de Segurança sejam efetivas.

Agradecendo a colaboração, Representantes alemães no Conselho de Segurança das Nações Unidas

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4. Correio diplomático

Para evitar que o barulho tome conta da sala e para manter um ambiente organizado com a moderação da Mesa, é pedido que os delegados se comuniquem por meio de bilhetes de conteúdo livre e inviolável, chamados de “correio diplomático”. Sendo de caráter informal, não é preciso signatários. Os correios diplomáticos podem ser passados de “mão em mão” entre os membros do comitê ou com a ajuda de um staff.

5. Press Releases e notícias da imprensa

Press release é uma forma das representações se comunicarem com a imprensa; caso uma ou mais delegações queiram enviar um press release em seus nomes, basta enviar à Mesa Diretora com as devidas assinaturas – deve haver ao menos um signatário. O comitê pode concordar em enviar press releases, documentos que informarão o público geral sobre os debates ocorridos no comitê. Press releases podem ser liberados para saber a aceitação de certa medida que os chefes de Estado desejam tomar, bem como apenas para informar a imprensa e o mundo das decisões tomadas pelo comitê, caso achem isso proveitoso para o debate. A Mesa Diretora deve verificar se há maioria simples que concorde em soltar o press release, o qual será também publicado em um ou mais dos jornais do comitê. Os jornais, distribuídos pela imprensa em determinados momentos do evento, serão automaticamente reconhecidos pela mesa, que estipulará um tempo para a leitura do documento. Os jornais também estarão disponíveis pela internet, o endereço será divulgado pela mesa.

6. Proposta de resolução

Propostas de resolução são documentos normativos de alta formalidade que contêm o que foi acordado nos debates, as decisões alcançadas na reunião, devendo estar compatíveis com as regulamentações do comitê. São divididas entre cláusulas preambulares – que contêm as considerações e princípios iniciais das discussões, iniciadas com verbos no gerúndio ou adjetivos em itálico e operativos – que dizem respeito às ações que o comitê decidiu tomar sobre o assunto debatido, iniciadas por verbos no presente do indicativo e sublinhadas.

As resoluções são documentos de caráter final e por isso deve-se sempre buscar o consenso entre as delegações do comitê, ou um documento de comum acordo entre vários países – sendo quase sempre necessário que as partes façam concessões para garantir que a resolução adotada tenha o respaldo da comunidade internacional e/ou que seja respeitada e seguida pelos países membros das Nações Unidas. Essa busca por um consenso é importante em especial no Conselho de Segurança (CSNU), no qual cinco países possuem poder de veto. É fundamental garantir que uma resolução proposta será aprovada – uma vez recusada por votação, uma proposta de resolução não pode ser introduzida novamente.

Normalmente, a cada reunião de cada comitê, é aprovada uma única resolução. Porém, é possível aprovar mais de uma resolução durante o evento caso o tópico seja extenso e os delegados decidam por aprovar uma resolução para cada tópico do tema da reunião; ou caso ocorra uma situação emergencial ou de crise que exija uma rápida definição do comitê para a questão.

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A seguir, dois exemplos de propostas de resolução que podem ser utilizados como molde na confecção de resoluções em seus comitês.

Exemplo I

Questão de graves violações de direitos humanos no Território Palestino ocupado – Conselho de Direitos Humanos (CDH)

Recordando sua resolução S-9/1 de 12 de janeiro de 2009,

Recordando também sua decisão de expedir uma missão internacional de fact-finding urgentemente, a ser apontada pelo Presidente do Conselho, para investigar todas as violações da Lei internacional dos direitos humanos e da Lei humanitária internacional pela potência ocupante, Israel, contra o povo palestino no Território Palestino ocupado, particularmente na Faixa de Gaza, devido à última agressão, e que o Conselho convoque Israel a não obstruir o processo de investigação e a cooperar inteiramente com a missão.

Exprimindo com pesar que a resolução S-9/1 ainda não foi inteiramente implementada,

1. Solicita que o Presidente do Conselho continue seus incansáveis esforços para apontar a missão internacional e independente de fact-finding;

2. Convoca a potência ocupante, Israel, a cumprir suas obrigações sob a Lei internacional, a Lei humanitária internacional e a Lei internacional de direitos humanos;

3. Exige que a potência ocupante, Israel, coopere plenamente com todos os titulares de mandatos de procedimentos especiais relevantes no exercício de seus mandatos;

4. Exige ademais que a potência ocupante, Israel, facilite e forneça livre acesso aos membros da missão internacional independente de fact-finding;

5. Decide continuar ciente do assunto.

Signatários: Reino Hachemita da Jordânia, Estado do Catar, Reino do Bahrein, República da Índia, Federação Russa, República da África do Sul, Reino da Arábia Saudita, República Árabe do Egito.

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Exemplo II

Consolidação da paz pós-conflitos – Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)

O Conselho de Segurança das Nações Unidas, Recordando a resolução 1645 (2005) e em particular seu parágrafo 27, Reafirmando a importância do trabalho de consolidação da paz exercido pelas Nações

Unidas, e a necessidade de um auxílio consistente e recursos adequados a este trabalho, Reconhecendo o papel da Comissão para a Consolidação da Paz como um conselho

consultivo intergovernamental em visar às necessidades dos países emergindo de conflitos para construir uma paz sustentável,

1. Acolhe o relatório apresentado pelos co-facilitadores intitulado “A Revisão da Arquitetura da Construção da Paz das Nações Unidas”, como estabelecido no documento S/2010/393, que é baseado em consultas extensivas com os países membros e outros participantes;

2. Solicita que todos os atores internacionais das Nações Unidas levem adiante, através de seus mandatos e conforme o caso, as recomendações do relatório com o objetivo de melhorar ainda mais a eficácia da Comissão para a Consolidação da Paz;

3. Reconhece que o trabalho de consolidar a paz das Nações Unidas requer um auxílio sustentável e recursos adequados para cumprir os desafios;

4. Clama por uma revisão ainda mais abrangente cinco anos após a adoção da presente resolução seguindo o procedimento como estabelecido no parágrafo 27 da resolução 1645 (2005).

Para auxiliar os senhores na confecção das palavras iniciais das cláusulas de uma proposta de resolução, segue uma lista com os verbos mais usados para este fim e sinônimos. Lembre-se que adjetivos (como consciente, preocupado etc.) também podem ser usados para substituir os verbos nas cláusulas preambulares.

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Guia de Regras - POLIONU 2019 28

Aclamar

Aconselhar

Acreditar

Agradecer

Almejar

Ambicionar

Apetecer

Aplaudir

Apontar

Aprovar

Aspirar (a)

Buscar

Clamar

Cobiçar

Conclamar

Condecorar

Condenar

Confiar

Congratular Considerar Contemplar

Crer

Criar

Decidir

Declarar

Deliberar

Demonstrar

Desejar

Destacar

Determinar

Efetuar

Elogiar

Encaminhar

Encorajar

Endossar

Enfatizar

Esperar

Estabelecer

Estimular

Estipular

Evidenciar

Exaltar

Exigir

Exortar

Expressar

Exprimir

Formar

Fundar

Gerar

Guiar

Incentivar

Incitar

Indicar

Instituir

Lamentar

Louvar

Manifestar

Mostrar

Nortear

Notar

Observar

Oferecer

Orientar

Parabenizar

Pedir

Perceber

Precisar

Propor

Querer

Reafirmar

Realizar

Receitar

Reclamar

Recomendar

Reconhecer

Refutar

Requerer

Ressaltar

Revelar

Salientar

Sublinhar

Sugerir

Urgir

Ver

Visar (a)

Pôr em evidência

Estar ciente de

Estar consciente

Tomar nota

Ter em vista

Ter a intenção de

Levar em conta

Levar em consideração

Partir do princípio

Notar com grande preocupaçãoVer com preocupação

Dar origem a

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Guia de Regras - POLIONU 2019 29

6.1. Introdução da proposta de resolução

É importante frisar que só é possível dar início a tal processo caso o comitê esteja com a proposta de resolução, a ser aprovada, em mãos.

Primeiro passo: Pede-se moção para introdução de proposta de resolução, que é automaticamente aceita pela Mesa Diretora.

Segundo passo: Um signatário da proposta lerá a proposta que já estará projetada na tela.

Terceiro passo: Entra-se em debate paralelo, no qual discute-se apenas acerca da proposta.

- Dentro do debate paralelo, pode-se pedir Moção Para Introdução de Proposta de Emenda (substitutivas, excludentes, aditivas ou “amigáveis”, ou seja, a fim de consertar erros ortográficos ou gramaticais). O delegado deve enviar uma emenda para a mesa, que irá projetá-la e reconhecerá debate acerca da emenda. Algum delegado deve pedir Moção para votação de emenda – tal votação ocorrerá por levantamento de placas.

Quarto passo: Para se encerrar o Debate Paralelo e iniciar a votação da proposta, é pedida a Moção para votação de Proposta – ocorre por maioria simples e é relacionada à vontade de se votar a proposta e não sobre o teor do documento. Antes da votação desta moção, são necessários dois discursos contrários ao início da votação da proposta (delegados que desejam continuar no debate paralelo). Caso não haja discursos contrários, recomenda-se que dois delegados, mesmo que sejam favoráveis à votação, se pronunciem de forma contrária a fim de cumprir formalidades para dar início à votação.

Quinto passo: Antes do início automático da votação real da proposta, a mesa deve pedir “Alguma questão ou moção?”, esperando que possam ocorrer dois caminhos:

- Divisão da Proposta: Votação por maioria simples para ver se a proposta será dividida. Se existir mais de uma divisão, é votada primeiro aquela com maior número de divisões. A votação por grupos/cláusulas carece de maioria qualificada. Termina-se a divisão e o conjunto deve ser novamente votado.

- Votação por chamada: A Favor, Contra, A favor com direitos, Contra com direitos. Se o delegado passar, quando voltar ele perde seus “direitos”.

Sexto passo: Pede-se moção para encerramento do debate, sendo necessária maioria qualificada.

Caso surja a necessidade, por parte de alguma delegação, de alterar a proposta de resolução em debate naquele momento, ela deve submeter uma proposta de emenda para que a Mesa Diretora o acate. Reitera-se que não há emendas a propostas de emenda. Para ser introduzida e reconhecida pelos Diretores, serão necessários três signatários à proposta. Existem três tipos de emendas:

Aditiva: adiciona uma ou mais cláusulas ao texto da proposta de resolução.

Substitutiva: altera a redação de uma ou mais cláusulas.

Excludente: exclui uma ou mais cláusulas ou tópicos do texto da proposta de resolução.

As propostas de emenda, depois de distribuídas, introduzidas e lidas, poderão ser votadas após a aprovação de uma moção para votação dessa proposta por maioria simples; a emenda é aprovada mediante maioria qualificada e, então, torna-se parte da proposta de resolução. Uma proposta de emenda recusada por meio de votação não poderá ser reintroduzida.

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Guia de Regras - POLIONU 2019 30

Uma moção para introdução da proposta de emenda só pode ser levantada antes da aprovação de uma moção para votação da proposta de resolução a qual a emenda modifica.

7. Processo de votação de propostas de resolução e emenda

Na votação, a proposta de resolução ou de emenda, por inteiro ou por grupos de cláusulas (caso uma moção para divisão da proposta seja aprovada), pode ser votada por levantamento de placas, que é o procedimento padrão, caso não haja nenhuma moção contrária. Dessa maneira, é possível votar apenas “a favor”, “contra” e “abster-se”. Porém, caso uma moção para votação por chamada seja aprovada, fica permitido: votar “a favor”, “contra”, “a favor com direitos”, “contra com direitos”, “passar” ou “abster-se”.

Seguem as definições de cada voto:

A favor: indica simplesmente que a delegação é favorável ao documento.

Contra: indica simplesmente que a delegação é contrária ao documento.

A favor com direitos: vota-se a favor, mas tem-se o direito de justificar o voto por trinta segundos; é usado quando, por exemplo, tal posicionamento não é o adotado anteriormente.

Contra com direitos: um voto contrário ao documento, porém, com uma justificativa da delegação votante por trinta segundos.

Passar: permite que a delegação não se declare no momento em que for chamada e sim quando todas as delegações já houverem votado. Caso mais de uma delegação use esse recurso, a primeira delegação a declarar “passar” será a primeira a votar. Se um delegado passar, ele não poderá votar “a favor com direitos”, “contra com direitos” ou “passar novamente”.

Abster-se: indica que a delegação não possui uma opinião favorável nem contrária ao documento, sendo o voto da neutralidade. Ao se abster da votação, o voto da delegação não é computado e o quórum que define as maiorias simples e qualificada é decrescido de um. Reitera-se que a delegação que se pronunciou “presente e votante” no início da sessão não poderá se abster da votação.

Observação I: no Conselho de Segurança (CSNU), os “P5” (Estados Unidos da América, Federação Russa, República Popular da China, República Francesa e Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte) têm poder de veto, isto é, quando qualquer um destes se declara “contra” ou “contra com direitos” em uma votação de proposta de resolução ou emenda, impede sua aprovação, não importando o placar final da votação, excluindo esses cinco.

Observação II: As demais regras específicas ao comitê jurídico poderão ser encontradas no guia de estudos de tal comitê.

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