guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - filmes que voam · basta um pouco de atitude. tentar...

22
1 Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos Sugestões de acessibilidade para produtores e distribuidores de cinema, programadores de computador, professores de informática, pais e estudantes com deficiências auditiva e visual. Esta é a a versão de junho 2013. Você pode contribuir para a atualização deste guia escrevendo para [email protected]

Upload: lamdang

Post on 01-Dec-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

1

Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos

Sugestões de acessibilidade para produtores e distribuidores de cinema,

programadores de computador, professores de informática, pais e estudantes com

deficiências auditiva e visual.

Esta é a a versão de junho 2013. Você pode contribuir para a atualização deste guia

escrevendo para [email protected]

Page 2: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

2

Sumário

Introdução .......................................................................................................................... 3

Sugestões para produtores ................................................................................................ 4

Em projetos futuros ........................................................................................................ 5

Cegos e surdos no cinema ................................................................................................ 6

Dicas para lidar com deficientes visuais ......................................................................... 6

Cultura e linguagem dos surdos ..................................................................................... 7

Dicas para lidar com deficientes auditivos ...................................................................... 8

Normas técnicas de acessibilidade na TV .......................................................................... 9

Diretrizes para legenda oculta em texto ......................................................................... 9

Diretrizes para a janela de Libras ................................................................................. 11

Produção de DVD ........................................................................................................ 11

Dicas de um intérprete ................................................................................................. 12

Dicas de um espectador surdo ..................................................................................... 12

Audiodescrição ................................................................................................................ 13

Profissional e informal .................................................................................................. 13

Definições .................................................................................................................... 13

Diretrizes para audiodescrição ..................................................................................... 14

O que é descrição objetiva? ......................................................................................... 15

Dicas de uma roteirista ................................................................................................. 15

Acessibilidade na web ..................................................................................................... 17

Princípio 1: Conteúdo perceptível ................................................................................. 17

Princípio 2: Conteúdo operável .................................................................................... 18

Princípio 3: Conteúdo compreensível ........................................................................... 18

Princípio 4: Conteúdo robusto ...................................................................................... 18

Exemplos de barreiras ao acessar o conteúdo de uma página ..................................... 18

Uma dica de ouro: testar e validar ................................................................................ 19

Fontes de referência ........................................................................................................ 20

Artigos e livros .............................................................................................................. 20

Sites, blogs e podcasts................................................................................................. 20

Legislação, normas e diretrizes .................................................................................... 21

Créditos ........................................................................................................................... 22

Page 3: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

3

Introdução

As sugestões deste guia são fruto de uma experiência profissional em curso no

www.filmesquevoam.com.br e das reflexões de quem vive no cotidiano os desafios

relacionados à acessibilidade – pais, professores, pesquisadores, roteiristas, intérpretes,

programadores.

Optamos por uma abordagem mais prática que teórica, uma síntese técnica atual do que

tem se mostrado eficaz. Para discutir a quantidade de temas que envolvem a fruição de

um filme com os cinco sentidos, desconstruindo uma hierarquia dominada pelos olhos,

seria preciso voltar alguns séculos e estudar várias ciências.

Na teoria fílmica, esta reflexão está ancorada na ideia de sinestesia – a união de planos

sensoriais diferentes –, que não parece interessar muito às produtoras e distribuidoras de

filmes. O "príncipe dos sentidos", como Santo Agostinho definia o olhar, é quem manda.

Poucos se dão conta de que uma pessoa pode "ver um filme" de outros modos.

Esta pessoa, parte do público, pode ser um cego, que vivencia o OUVIR histórias, ou um

surdo que vivencia o LER histórias, de forma similar àquela em que todo indivíduo

RECRIA os espetáculos sensoriais de um filme com a sua imaginação, única e particular.

Quem convive com pessoas com deficiência visual e auditiva constata que o cérebro tem

potencialidades não utilizadas no cotidiano. Por exemplo, quando vê um cego usando o

telefone celular com destreza ou quando observa um surdo desenvolver, com gestos,

ideias sofisticadas e precisas.

Segundo o Censo Brasileiro de 2010, há cerca de 15 milhões de pessoas com

deficiências auditivas e visuais. Esse público poderia ter acesso a filmes brasileiros, se os

produtores, distribuidores e profissionais de comunicação praticassem a alteridade –

colocar-se no lugar do outro.

Hoje é relativamente fácil comunicar-se com pessoas com deficiência. Existem

tecnologias e formas consolidadas. Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos

como um surdo e os ouvidos como um cego. São experiências instrutivas, que estimulam

a criatividade e a inteligência.

Este guia não pretende reinventar a roda. A proposta é organizar recomendações de

forma sintética e disseminá-las para que possam virar uma rotina possível dentro de cada

produtora. Dá para começar de forma simples e direta, evoluindo aos poucos com

pequenas tarefas nos levarão a produzir e distribuir filmes mais acessíveis.

Torcemos para que pessoas capazes – na justiça, na medicina e na ciência, pais,

professores e, permitam-nos acreditar, alguns políticos sensíveis – possam se ocupar do

assunto com honestidade e genuíno interesse.

Ainda há muito a ser desvendado pela neurologia, psicologia e outras áreas de

conhecimento. Novos métodos e ferramentas surgirão. Por isso, estas indicações

precisarão ser atualizadas de tempos em tempos. Mas não no essencial: a convicção de

que qualquer pessoa pode se envolver com a arte e a cultura através dos filmes.

Page 4: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

4

Sugestões para produtores

A primeira coisa que o produtor tem de saber é que não é preciso inventar o

departamento de acessibilidade na empresa, ou cumprir imediatamente todas as

diretrizes e padrões normativos sobre o tema.

Claro que seria melhor entrar de cabeça no assunto e resolvê-lo de uma vez por todas,

mas existem dificuldades, como a necessidade de compreender o assunto, de encontrar

de uma cadeia produtiva equipada, falta de profissionais adequados e, sobretudo,

limitação de orçamento. Por isso, opte pelas atividades mais fáceis para começar.

Grandes emissoras de TV têm sistemas sofisticados para a produção de legendas ocultas

(closed caption), com profissionais e softwares que sintetizam e interpretam as falas, para

a legendagem em tempo real. Mas você não precisa deles porque não tem 24 horas de

programas por dia.

Para começar, se os seus filmes não tiverem legendas, chame o seu assistente de

montagem e peça para ele separar todas as listas de diálogos dos seus filmes, que

podem estar no roteiro e na versão final.

Baixe da internet softwares gratuitos para legendagem e mãos à obra. Tudo o que o

estagiário precisa é de uma versão do filme em baixa resolução e da lista de diálogos.

Você pode salvar e exportar depois as legendas nos formatos indicados para cada mídia.

Muitas pessoas com deficiência auditiva e alfabetizadas não vão se importar se as suas

legendas omitirem indicações de sons (o telefone que toca fora de cena ou a descrição da

música), porque para elas o sentido será facilmente capturado. Mas, certamente, a

legendagem será melhor se você pedir ajuda a um especialista para saber quais ruídos

são importantes e como desenvolver essa legendagem de ruídos.

Depois, instrua o responsável pela distribuição para que nenhum DVD ou vídeo saia sem

a opção de legendas em português. Se o assistente de montagem disser que não existem

as listas, faça. Uma por vez, um filme por dia. Quando for possível. Festivais de cinema

poderiam elaborar sessões específicas de acessibilidade, como faz a Mostra de Cinema

Infantil de Florianópolis.

Page 5: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

5

Em projetos futuros

Inclua três linhas na última página do seu orçamento (aquela que fala em pós-produção):

audiodescrição, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e legendagem. Depois, breves

telefonemas ou pesquisas na internet vão indicar a existência de profissionais

especializados. Inclua a palavra "estimativa" para cada uma das linhas, e um valor na

coluna seguinte.

A estimativa resultante das suas pesquisas vai dar apenas uma base, porque os preços e

o tempo de execução dos serviços variam de acordo com a região onde você está e com

o tamanho do seu filme. Profissionais realmente capacitados ainda são poucos, mas cada

vez mais escolas e instituições preparam gente que pode fazer o trabalho.

A legendagem pode ser feita na própria produtora, com softwares gratuitos baixados da

internet. Eles feram vários formatos, cada um destinado a mídias específicas. O mais

comum é o “srt”.

A versão em Libras precisa de um tradutor/intérprete, da gravação dessa interpretação e

posterior edição. A audiodescrição precisa de roteiristas específicos, narradores e de uma

nova edição de som.

Siga os padrões recomendados para a janela da Libras. É bom que o tradutor receba o

material bem antes, para que possa ensaiar a interpretação. Para gravar, use como som

guia o original. O intérprete vai repetir para a câmera o que ouve no filme. Depois, na ilha

de edição, vai ser mais fácil depois achar os pontos de entrada e saída.

Libras e legendas são maneiras diferentes de se comunicar com deficientes auditivos,

ambas válidas. Você pode escolher uma delas, dependendo do público que busca. Por

exemplo, crianças ainda não alfabetizadas terão facilidade com Libras.

A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu filme. Ela é uma narrativa

objetiva sobre o que se passa na tela. Nas próximas páginas, vamos apresentar

sugestões práticas sobre como tornar as obras visuais acessíveis a esses públicos.

Page 6: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

6

Cegos e surdos no cinema

A formação do gosto pelo cinema começa na infância. Pais, mães e familiares de

crianças surdas, cegas ou com visão subnormal devem oferecer a elas o maior acesso

possível às produções audiovisuais.

Poucos cinemas brasileiros contam com recursos técnicos para audiodescrição, como

cabines que transmitem a voz para aparelhos de rádio com fones de ouvido, ou mesmo

os serviços de dublagem ao vivo e legendagem para surdos.

Tramita no Senado um projeto de lei que torna obrigatória a acessibilidade para filmes

nacionais. Você também pode contribuir, seja como espectador, produtor cultural ou

gestor de empreendimentos.

É muito importante o treinamento dos profissionais que trabalham no cinema. Às vezes,

pequenos detalhes fazem a diferença. Por exemplo, pisos táteis e placas com o nome do

filme em Braille.

Dicas para lidar com deficientes visuais

Estas orientações servem tanto para os profissionais que atuam em salas de cinema,

teatro e espetáculos musicais como para uso em situações cotidianas, como, por

exemplo, o atendimento a cegos no comércio e em serviços públicos.

Identifique-se e faça a pessoa cega perceber que você está falando com ela.

Lembre-se de que a pessoa cega dispõe de todas as demais capacidades,

portanto, trate-a com naturalidade.

Ao guiar um deficiente visual, ofereça o seu antebraço para que ele possa segurar

e acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você se desloca. Não o pegue

pelo braço ou pela bengala.

Evite acariciar o cão-guia, para não distraí-lo em sua função.

Dê indicações que sejam claras para quem não enxerga. Por exemplo: “Venha

para a frente e dobre à sua direita”.

Ao entregar pipocas a um cego, pegue na mão da pessoa e dê o saco para ela

segurar.

Lembre-se que o cego não pode pegar o refrigerante com a outra mão. Ele precisa

segurar a bengala e ainda no braço ou mão de outra pessoa. Ofereça ajuda para

transportar o copo.

Pergunte ao deficiente aonde ele prefere sentar. Pessoas com baixa visão às

vezes enxergam em “tubo” e podem achar mais confortável ficar nas poltronas

mais afastadas da tela ou do palco.

Coloque a mão da pessoa no braço ou no encosto da cadeira e deixe que ela se

sente por si mesma.

Quando for embora, avise ao deficiente visual, para que ele não fique falando

sozinho.

Page 7: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

7

Cultura e linguagem dos surdos

Antes de tudo, é importante saber que surdez não é uma condição única, ela varia de

pessoa para pessoa. A perda auditiva pode ser leve, moderada, severa e profunda. Cada

um desses graus tem características específicas que influenciam na acessibilidade.

Quem tem perda auditiva profunda se comunica principalmente usando linguagem gestual

e/ou técnicas de leitura labial. Há também várias classificações da perda de audição: por

bloqueio das partes móveis do ouvido ou dano ao nervo auditivo, por exemplo.

Na perda auditiva de som alto, as vozes femininas são mais difíceis de compreender; e na

perda de som baixo, fica mais difícil entender as vozes masculinas.

Mais que uma condição fisiológica, surdez é um modo de vida. Pessoas com deficiência

auditiva têm um forte grau de pertencimento a uma comunidade, fortalecido pelo

vínculo linguístico. Compreender essa cultura ajuda na comunicação e na acessibilidade.

A linguagem gestual é uma das principais formas de comunicação dos surdos. Elas são

línguas próprias, não equivalentes aos idiomas falados. Há várias versões – por exemplo,

a American Sign Language (ASL), nos Estados Unidos e a Australian Sign Language

(Auslan), na Austrália. No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida

como meio oficial de comunicação entre as pessoas surdas. Em Portugal, usa-se a

Língua Gestual Portuguesa (LGP). Há também variações regionais.

Outra forma de comunicação é a leitura labial, em que os surdos oralizados são

treinados a “ler os lábios” dos interlocutores. Seus defensores argumentam que ela

encoraja as pessoas surdas a fazer parte do conjunto da sociedade. A desvantagem é a

inexatidão – leitores de lábios compreendem de 40% a 60% do que as pessoas dizem.

Tenha em mente que:

Nem todas as pessoas surdas falam a língua de sinais.

Nem todo mundo fala a mesma linguagem gestual.

Para se comunicar em Libras, é preciso combinar configurações de mão, movimentos e

pontos de articulação – locais no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos. Existem

profissionais especializados em traduzir produtos audiovisuais para a língua dos

surdos. Procure os cursos universitários de Letras-Libras ou associações de surdos.

Page 8: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

8

Dicas para lidar com deficientes auditivos

Algumas destas dicas para lidar com deficientes auditivos se aplicam a situações sociais

em geral e também ao ambiente dos cinemas e outros espaços de espetáculos públicos:

Fale diretamente com a pessoa, e não de lado ou atrás dela.

Pronuncie suas frases devagar, mas com naturalidade.

O volume de voz depende da perda de audição da pessoa. Comece falando com o

tom de voz habitual e, se a pessoa solicitar, fale mais alto ou mais baixo.

Faça com que a sua boca esteja bem visível, para permitir a leitura labial.

Não fale mastigando, pois isso torna os lábios ilegíveis.

Para chamar um surdo, faça algum sinal visual ou tátil, como acenar, acender e

apagar uma luz ou até tocar o ombro da pessoa de leve.

Quando falar com uma pessoa surda, tente ficar num lugar iluminado. Evite ficar

contra a luz, pois isso dificulta ver o seu rosto. Se estiver na penumbra da sala de

cinema, use lanterna ou a luz da tela do celular.

As expressões faciais, os gestos e o movimento do seu corpo serão excelentes

indicações do que você quer dizer.

Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual. Se você desviar

o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.

Se for necessário, comunique-se com a pessoa surda através de bilhetes. O

importante é se comunicar.

Quando a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, dirija-se à pessoa

surda, não ao intérprete.

Se você se sentir inseguro, pergunte. Não tenha vergonha de pedir para a pessoa

repetir.

Page 9: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

9

Normas técnicas de acessibilidade na TV

Um documento de referência indispensável para produtores audiovisuais, educadores,

gestores de espaços de cultura e o público em geral é a NBR 15290, Acessibilidade em

Comunicação na televisão, publicada em 2005 pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT).

A Norma estabelece preceitos para viabilizar ao maior número possível de pessoas o

acesso à programação televisiva. Resumimos as principais orientações sobre legendas e

janela de Libras (veja onde baixar a íntegra em Fontes de Referência, ao final deste

Guia):

Diretrizes para legenda oculta em texto

Alinhamentos. Para produção de legenda oculta nos sistemas closed caption

(CC, textos que aparecem opcionalmente na tela do televisor, a partir do

acionamento de dispositivo decodificador), no sistema ao vivo, as legendas devem

ser alinhadas à esquerda; no sistema pré-gravado, o alinhamento deve ser o que

melhor informar o espectador, dependendo da posição do falante.

Caracteres. Devem ser de cor branca, para permitir maior eficácia na leitura, e

estar centralizados em relação à tarja, de modo a permitir a acentuação, a cedilha

e a inscrição das letras G, J, P, Q e Y sem alterar o tamanho e o alinhamento

horizontal. Cada linha deve apresentar no máximo 32 caracteres.

Fundo/tarja. Nos sistemas CC ao vivo ou pré-gravado, deve ser de cor preta para

proporcionar ótimo contraste e facilitar a leitura.

Número de linhas. No sistema CC ao vivo, o ideal e utilizar até três das linhas

disponíveis no display da legenda. No CC pré-gravado, pode ser utilizado o

número de linhas que melhor informar ao espectador, dependendo de fatores

como quantidade de caracteres, o número e posição de falantes em cena, etc.

Posicionamento. No sistema CC ao vivo, a legenda deve estar preferencialmente

na parte inferior da tela. Quando houver necessidade de inserção de outros textos

na parte inferior, a legenda deve ir para o alto da tela. No sistema CC pré-gravado,

pode-se posicionar a legenda em diferentes níveis, de acordo com situações

cênicas específicas. A legenda deve estar próxima à pessoa que está falando.

Sinais e símbolos.

o Aspas ( “ ) – devem ser usadas para citações, títulos de livros, filmes,

peças de teatro, palavras ditas de forma errada, etc.

o Início ( >> ) – no sistema CC ao vivo, deve ser usado para informar a troca

da pessoa que está falando.

o Hífens ( -- ) – devem ser usados para indicar interrupção da fala;

o Nota musical – esse símbolo deve ser inserido no começo de uma música,

fundo musical, voz cantada etc., e ficar por algum tempo, retomando tantas

vezes quanto necessário, até entrar o texto.

Sincronia. Ao vivo, o operador ouve antes e depois envia o texto, com atraso

máximo tolerado de quatro segundos. Em sistema CC pré-gravado, a legenda

deve acompanhar o tempo exato do quadro ou da cena (frame).

Page 10: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

10

Efeitos sonoros. Todos os sons não literais, importantes para a compreensão do

texto, devem ser transcritos e indicados entre colchetes. Por exemplo: [Latidos],

[Criança chorando], [Trovoadas], [Porta rangendo].

Falas e ruídos. Quando houver informações simultâneas de fala e sons não

literais, a fala deve estar posicionada próxima ao falante e o som não literal, entre

colchetes.

Identificação dos falantes. Quando a situação cênica não permite a identificação

de quem está falando, ou o personagem está fora de cena (em off), o nome do

personagem ou alguma informação que o identifique deve aparecer entre

colchetes. Ex.: [João]; [Menino]; [Policial].

Itálico. Deve ser usado para identificar falas fora de cena, narração, enfatizar

entonação e para palavras em outra língua.

Música.

o A informação sobre a música (se é fundo musical, rock, trilha de suspense

etc.) deve vir entre notas musicais.

o No caso de transcrição da letra, duas notas musicais seguidas, ao final da

transcrição, devem indicar o seu término.

o Sempre que possível, a letra da música deve ser transcrita.

Onomatopeias. O uso de informação literal do som deve ter preferência. Por

exemplo, [latidos], e não [au-au]. Em programas infantis e cômicos, pode-se dar

preferência às onomatopeias.

Tempo de exposição. Depende de vários fatores, como velocidade da fala,

quantidade de palavras e de cortes de cena. Recomenda-se a seguinte exposição:

o Legendas de uma linha completa: 2 a 3 segundos.

o Legendas de duas linhas: 3 segundos.

o Legendas de três linhas: 4,5 a 5 segundos.

o Legendas para público infantil: 3 a 4 segundos por linha – usar frase

simples e concisas.

Page 11: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

11

Diretrizes para a janela de Libras

Estúdio. O local onde será gravada a imagem do intérprete em Libras deve ter:

o Espaço suficiente para que o intérprete não fique colado ao fundo, evitando

assim o aparecimento de sombras.

o Iluminação suficiente e adequada para que a câmera possa captar, com

qualidade, o intérprete e o fundo.

o Câmera de vídeo apoiada sobre tripé fixo.

o Marcação no solo para delimitar o espaço de movimentação do intérprete.

Janela.

o Os contrastes devem ser nítidos, quer em cores, quer em preto e branco.

o Deve haver contraste entre o pano de fundo e os elementos do intérprete.

o O foco deve abranger toda a movimentação e gesticulação do intérprete.

o A iluminação adequada deve evitar o aparecimento de sombras nos olhos

e/ou o seu ofuscamento.

Recorte ou wipe. Quando a imagem do intérprete de Libras estiver no recorte:

o a altura da janela deve ser, no mínimo, metade da tela do televisor;

o a largura da janela deve ocupar no mínimo a quarta parte da largura da tela

do televisor;

o sempre que possível, o recorte deve estar localizado de modo a não ser

encoberto pela tarja preta da legenda oculta;

o quando houver necessidade de deslocamento do recorte na tela do

televisor, deve haver continuidade na imagem da janela.

Requisitos para a interpretação e visualização da Libras. Para boa

visualização da interpretação, devem ser atendidas as seguintes condições:

o a vestimenta, a pele e o cabelo do intérprete devem ser contrastantes entre

si e entre o fundo. Evitar fundo e vestimenta em tons próximos ao tom da

pele do intérprete;

o no recorte não devem ser incluídas ou sobrepostas quaisquer outras

imagens.

Produção de DVD

Ao produzir um DVD, deve-se incluir os seguintes recursos:

idioma original;

dublagem de língua estrangeira para o português;

CC no idioma original;

CC em língua portuguesa;

descrição em áudio de imagens e sons, na língua portuguesa, preservando as

características dos efeitos estéreo e estéreo digital, bem como a qualidade do

áudio;

janela com intérprete de Libras;

suporte de voz para permitir navegação pelos menus.

Page 12: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

12

Dicas de um intérprete

O intérprete de Libras Tom Min Alves dá algumas sugestões e dicas práticas sobre

acessibilidade para surdos em produções audiovisuais e em locais de exibição:

A cor da roupa do intérprete pode variar, para tornar a produção mais dinâmica:

por exemplo, um figurino adaptado a um filme infantil de piratas.

Assim como os ouvintes aprendem uma segunda língua ao ver um filme

estrangeiro com legenda, o surdo poderia desenvolver o seu português se

pudesse visualizar ao mesmo tempo a janela de Libras e a legenda.

Em salas de cinema, pelo menos um dos profissionais que atendem o público

deveria ser razoavelmente fluente em Libras. Também seria interessante a

contratação de alguém com proficiência na Língua de Sinais. Essa pessoa poderia

dar treinamento às equipes de lojas no shopping center, por exemplo.

O cinema que contar com estrutura de acessibilidade aos deficientes pode afixar

cartaz com o símbolo nacional de surdez.

Dicas de um espectador surdo

Algumas sugestões práticas de Germano Dutra, estudante de cinema na UFSC, para a

produção de legendas em produtos audiovisuais:

Dê preferência a descrições objetivas e evite redundância com o que está sendo

visto.

Use linguagem sintética, mas seja fiel ao conteúdo.

Descreva os sons relevantes para a compreensão da história. Por exemplo, em

um filme romântico, quando o casal se encontra, coloque o símbolo de música e

acrescente [Música romântica]

Em comédias, não é preciso dizer quando é hora de rir, exceto quando há claque

de risadas.

Use closed caption em comerciais. Surdo também faz compras.

Evite legendas com corpo muito pequeno. Isso costuma ocorrer em propagandas

políticas.

Quando a voz estiver em off, coloque as letras em itálico.

Indique quando a voz for sussurrada, se isso tiver importância na narrativa.

Page 13: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

13

Audiodescrição

Audiodescrição é um recurso de acessibilidade que permite acesso de pessoas com

deficiência visual, entre outras, ao cinema, teatro, programas de TV, exposições,

espetáculos de dança, passeios turísticos, eventos acadêmicos etc. Ela é fundamental

para a inclusão de milhões de pessoas ao lazer, à cultura e ao conhecimento.

Desde 1º. de julho de 2011, as emissoras de TV no Brasil são obrigadas a exibir pelo

menos duas horas semanais de produções adaptadas para o público com alguma

deficiência visual ou intelectual. Até 2020, as geradoras e retransmissoras devem exibir

20 horas semanais de programação adaptada.

Profissional e informal

Usualmente, a audiodescrição é realizada por atores treinados, a partir de um roteiro que

segue padrões e técnicas específicas. Ela pode ser gravada, ao vivo ensaiada, ao vivo

simultânea e em filmes estrangeiros não dublados. Certas modalidades requerem apoio

técnico e ferramentas como roteiro, cópia do filme com time code para sincronização de

áudio e vídeo, cabines de tradução simultânea e equipamento para edição do áudio.

Muitos deficientes visuais veem filmes com audiodescrição informal, feita por familiares e

amigos. Em geral, ela é improvisada e emotiva, mas nem por isso, menos importante. O

conhecimento das preferências das pessoas deficientes pode ajudar a descrever o que é

mais interessante e necessário para elas. Várias orientações que apresentamos para a

audiodescrição profissional podem ser aplicar também nesses casos.

Definições

Algumas definições e comentários de especialistas ajudam a compreender melhor as

principais características da audiodescrição:

“...é uma atividade de mediação linguística, uma modalidade de tradução intersemiótica

que transforma o visual em verbal,...contribuindo para a inclusão cultural, social e escolar.

Além das pessoas com deficiência visual, ela amplia também o entendimento de pessoas

com deficiência intelectual, idosos e disléxicos”. (Lívia Motta – vercompalavras.com.br)

“...consiste na descrição clara e objetiva de todas as informações que compreendemos

visualmente e que não estão contidas nos diálogos, como, por exemplo, expressões

faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente figurinos, efeitos

especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer

informação escrita na tela”. (Graciela Pozzobon e Lara Pozzobon –

audiodescricao.com.br)

“...é uma forma de leitura reveladora que evoca em seu público uma multiplicidade de

sensações e sentimentos capazes de gerar uma revolução sensitiva muito necessária

para a formação do gosto cinematográfico”. (Bell Machado – Ponto de Cultura)

Page 14: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

14

Diretrizes para audiodescrição

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicou

um estudo com sugestões para o desenvolvimento da audiodescrição no Brasil.1

Sintetizamos algumas delas, acrescidas de um conjunto de diretrizes do American Council

of the Blind (Conselho Americano dos Cegos)2. As sugestões abordam questões como a

linguagem cinematográfica, o grau de detalhamento e as preferências individuais.

Uma diretriz importante é que a audiodescrição não deve interferir no diálogo

existente. Isso significa que há um tempo limitado no do qual a descrição deverá ser

feita. Logo, nem tudo o que poderia ser descrito, o será. Estudos acadêmicos sugerem os

seguintes procedimentos para uma boa audiodescrição:

Siga do geral para o particular, criando primeiro um contexto (espaço, tempo,

situação) para passar em seguida aos detalhes.

Responda as quatro perguntas básicas: Quando? Onde? Quem? e O quê? As

duas primeiras situam o espectador no tempo e no espaço como dia ou noite,

nublado ou ensolarado. A terceira descreve quem aparece na cena: características

físicas e relacionais do(s) personagem(s), vestuário, se é pai, mãe, namorado, etc.

A última, “o quê”, descreve movimentos e gestos expressivos.

Faça uma descrição objetiva, com linguagem acurada e apropriada.

Escreva com simplicidade, clareza e concisão.

Descreva no tempo presente.

Evite termos técnicos, a menos que seja absolutamente necessário.

Evite a descrição excessiva, que às vezes antecipa a narrativa e desfaz as

ambiguidades propositais do filme, retirando parte de seu encanto.

Leve em consideração a paleta sonora com todas as possibilidades que ela

oferece na construção do sentido. O silêncio, em certas situações, pode ter o seu

valor.

Não use termos ofensivos ou racistas (mas descreva a etnia quando relevante).

Experimente e invente um pouco, para tentar da conta da singularidade de cada

filme.

Envolva os deficientes visuais no processo.

1 DAVID, Jéssica; HAUTEQUESTT, Felipe, e KASTRUP, Virginia. Audiodescrição de filmes:

experiência, objetividade e acessibilidade cultural. Fractal : Revista de Psicologia. Vol.24, N.1, Rio de Janeiro Janeiro/abril 2012. 2 AMERICAN COUNCIL OF BLIND. Guidelines for Audio Description. 2003. Disponível em

http://www.acb.org/adp/guidelines.html.

Page 15: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

15

O que é descrição objetiva?

A descrição “objetiva” tem sido entendida como aquela que não demonstra envolvimento

afetivo ou emocional com o filme. Mas, muitas vezes, a pretensa neutralidade pode

produzir efeitos indesejáveis, com descrições monocórdias e robóticas. A descrição deve

ser integrada à paisagem do filme, sem interpretar nem atribuir juízos de valor, mas com

ritmo e adequação ao contexto.

Dicas de uma roteirista

A roteirista Mônica Magnani faz audiodescrições de filmes e outros produtos audiovisuais

para emissoras de televisão. Ela compartilha algumas dicas práticas:

- Ouça quem entende. É fundamental para o roteirista ter um consultor cego ou de baixa

visão. Caso não seja possível, já que o prazo de entrega é sempre muito curto, conta-se

com o diretor de gravação para fazer os ajustes necessários. Também ajuda participar de

listas de discussão.

- Assista ao filme todo. Este é o primeiro passo do trabalho, para detectar as “clareiras”

de silêncio e as características da obra. Em seguida, passa-se ao roteiro.

- Considere o público-alvo. Se o filme é para crianças, por exemplo, é importante evitar

o vocabulário complexo ou rebuscado.

- Redija com qualidade e rapidez. Roteirizar é um trabalho artesanal meticuloso que

requer correções e ajustes. Também deve ser feito com qualidade e rapidez, pois, em

geral, o roteirista dispõe de poucos dias de prazo.

- Descreva o que vê, sem interpretar nem antecipar situações. Este é um dos maiores

desafios para o roteirista. Alguns cegos classificam, com bom humor, de “audiodestruição”

a audiodescrição que vai além da sua função básica. Exemplos:

- Como NÃO descrever uma cena. “Dois rapazes se cumprimentam com um

abraço efusivo, como se fossem amigos de infância”.

- Como descrever a mesma cena. “Dois rapazes se cumprimentam com um

abraço e sorriem”.

- Atenção ao citar cores. Descreva as cores para ajudar as pessoas com baixa visão a

localizarem o que está sendo descrito e para compartilhar o significado emocional da cor

na produção. Exemplos: mulher de vestido vermelho berrante em um velório; cor branca

como símbolo de “paz”.

- Adote uma narração “branca”. Não apenas o roteirista deve evitar uma carga

interpretativa muito forte, como também o narrador. Mas deve-se buscar um meio termo,

evitando uma linguagem “robótica”.

- Use vozes distintas. Vozes idênticas ou muito parecidas produzem confusão para o

espectador cego. A voz do audiodescritor não deve ser a mesma da dos personagens.

- Nomeie no momento adequado. O ideal é falar o nome do personagem quando o

mesmo for nomeado no filme, o que nem sempre ocorre no início. Depois, não é preciso

Page 16: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

16

voltar a fazê-lo, exceto quando há muita gente falando ao mesmo tempo. Use o bom

senso.

- Economize adjetivos. A adjetivação torna o texto interpretativo e não é apreciada.

Deve-se também evitar o pronome possessivo em excesso (“seu”, “sua”), que pode

provocar ambiguidade.

- Evite a “linguagem vazia” – palavras que não dizem o que se está vendo.

- Como NÃO descrever uma cena: “Amanhece. Vista aérea da cidade, com os

prédios ao fundo”.

- Como descrever a mesma cena: “Amanhece. Céu em tons de azul e laranja.

Algumas nuvens. Cidade coberta por uma tênue névoa”.

- Inclua um resumo dos créditos. Os cegos gostam de saber quem fez o filme. A

sugestão é citar diretor, roteirista, produtor executivo e atores principais.

Page 17: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

17

Acessibilidade na web

Sintetizamos algumas orientações para quem programa, produz e publica na internet

tornar o resultado do seu trabalho acessível a um amplo grupo de pessoas com

deficiência – cegueira e baixa visão, surdez e baixa audição, dificuldades de

aprendizagem, limitações cognitivas e outras.

Estas recomendações são introdutórias e se baseiam no trabalho do W3C (Word Wide

Web Consortium), comunidade internacional que cria padrões abertos para assegurar o

crescimento de longo prazo da Web. Sugerimos a leitura do documento WCAG 2.0

(Diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo Web) – veja o link ao final deste Guia.

Princípio 1: Conteúdo perceptível

A informação e os componentes da interface devem apresentados aos usuários em

formas que eles possam perceber.

Forneça equivalentes textuais para qualquer conteúdo não textual, de forma a

permitir impressão em caracteres ampliados, Braille, fala (sintetizadores de voz),

símbolos etc. Os elementos não textuais mais comuns são imagens de figuras,

fotografias, botões, animações, mapas, filmes e sons.

o Em código HTML, o atributo “ALT” (alternativo) é útil para fornecer

descrições simples, como legendas de fotos e instruções de botões.

o Para explicações muito longas ou complexas – por exemplo, de um gráfico

–, utilize o ALT para um resumo e também o atributo “LONGDESC”

(descrição longa) ou um “D” link, que permitem aos usuários acessar um

texto em janela separada.

o Evite usar o “ALT” para bombardear o usuário com informações inúteis ou

meramente decorativas, como “um espaçador” ou “uma linha azul”. Nesses

casos, use o valor vazio para o atributo: ALT (alt=“ “). Deixe um espaço em

branco entre as aspas, para que o ALT seja ignorado por leitores de tela.

o Ao dar link para um site externo, acrescente a informação (alt=“site

externo”)

Áudio e vídeo devem ser acompanhados de legendas, audiodescrição ou

tradução em língua de sinais.

Facilite a visualização. A cor não deve ser o único meio visual para transmitir

informações.

Se o som tocar por mais de três segundos, deve estar presente um mecanismo

para pausar, parar e controlar o volume.

O texto deve ser redimensionável e contrastável com o fundo. O ideal é que as

cores do primeiro plano e do plano de fundo possam ser alteradas pelo usuário.

Page 18: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

18

Princípio 2: Conteúdo operável

Toda a funcionalidade do conteúdo deve ser operável através de teclado. Isso

não significa, entretanto, desencorajar a entrada de dados através do mouse ou

outros métodos, em conjunto com o teclado.

O site precisa fornecer tempo suficiente para os usuários lerem e utilizarem o

conteúdo.

Deve-se evitar conteúdo que possa causar ataques epiléticos – com mais de três

flashes no período de um segundo.

Sites acessíveis fornecem meios de ajudar os usuários a navegar, localizar

conteúdos e determinar o local onde estão.

Princípio 3: Conteúdo compreensível

A informação e a operação da interface de usuário devem ter formas de aumentar

a legibilidade, tais como mecanismos para identificar palavras incomuns, jargões,

abreviaturas e pronúncia.

É importante fazer com que as páginas Web surjam e funcionem de forma

previsível. Isso inclui, por exemplo, uma navegação consistente, com os mesmos

mecanismos repetidos na mesma ordem e posição em um conjunto de páginas.

Princípio 4: Conteúdo robusto

É recomendável que o conteúdo seja compatível com os atuais e futuros agentes

de usuário, tais como navegadores, leitores de mídia, plug-ins e tecnologias de

assistência que ajudam a interagir com conteúdos Web.

Exemplos de barreiras ao acessar o conteúdo de uma página

Falta de clareza e consistência na organização das páginas.

Imagens que não possuem texto alternativo.

Imagens complexas. Exemplo: gráfico ou imagem com importante significado que

não possui descrição adequada.

Vídeos que não possuem descrição textual ou sonora.

Tabelas que não fazem sentido quando lidas célula por célula ou em modo

linearizado.

Frames que não possuem a alternativa "noframe", ou que não possuem nomes

significativos.

Formulários que não podem ser navegados com a tecla “Tab” em uma sequência

lógica ou que não estão rotulados.

Navegadores e ferramentas que não têm suporte de teclado para todos os

comandos.

Documentos formatados sem seguir os padrões web que podem dificultar a

interpretação por leitores de tela.

Fontes com tamanhos absolutos, que não podem ser aumentadas ou reduzidas

facilmente.

Uso de linguagem complexa sem necessidade.

Page 19: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

19

Uma dica de ouro: testar e validar

Ao construir um site que ofereça o máximo de acessibilidade aos visitantes, teste-o com

validadores automáticos e com pessoas com deficiência especialistas no assunto.

Experimente o uso de diversos navegadores, como o Webvox, Lynx, Firefox, Opera,

Internet Explorer e Safari. Revise a linguagem para deixá-la clara e simples. Revise o

código para eliminar erros e adequá-lo aos padrões Web. Deixe as páginas ajustadas ao

tamanho das letras em todo o site. Imagine-se no lugar dos usuários e tente antecipar

suas dificuldades. E esteja sempre pronto(a) a aprender.

Page 20: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

20

Fontes de referência

Artigos e livros

ARAÚJO, Vera Lúcia Santiago, e ADERALDO, Marisa Ferreira, orgs. Os novos rumos da

pesquisa em audiodescrição no Brasil. Editora CRV, 220 p., 2013.

DAVID, Jéssica; HAUTEQUESTT, Felipe, e KASTRUP, Virginia. Audiodescrição de

filmes: experiência, objetividade e acessibilidade cultural. Fractal : Revista de Psicologia.

Vol.24, N.1, Rio de Janeiro Janeiro/abril 2012. Disponível em http://www.scielo.br.

WebAIM. Tipos de deficiência auditiva. Disponível em http://www.brasilmedia.com/tipos-

de-deficiencia-auditiva.html. Tradução do original em inglês Types of Auditory Disabilities,

disponível em http://webaim.org/articles/auditory/auditorydisabilities.

WebAIM. A cultura dos surdos. Disponível em http://www.brasilmedia.com/cultura.html.

Tradução do original em inglês Deaf Culture, disponível em

http://webaim.org/articles/auditory/culture.

Sites, blogs e podcasts

Acessibilidade legal

Site sobre acessibilidade e usabilidade na Web, com artigos técnicos e conceituais. Traz

também informações sobre padrões Web e tecnologias assistivas.

http://www.acessibilidadelegal.com

Audiodescrição

Site da atriz, roteirista e professora Graciela Pozzobon, pioneira em audiodescrição no

Brasil com trabalhos realizados em mais de cem filmes.

http://www.audiodescricao.com.br

Cantinho do educador infantil

Dicas no trato com deficientes visuais e auditivos.

http://www.ensinar-aprender.com.br

Desculpe, não ouvi!

Blog da fotógrafa Lak Lobato sobre temas relacionados à deficiência auditiva.

http://desculpenaoouvi.laklobato.com/

Rapaduracast

Podcast do site Cinema com Rapadura. Jurandir Filho, Maurício Saldanha, Sarah B.

Marques e Lucas Radaelli conversaram sobre cultura pop e os cegos. Gravado ao vivo

em São Paulo durante o Campus Party 2012. Duração: 77 minutos.

http://www.cinemacomrapadura.com.br/rapaduracast/rapaduracast-270-cegos-e-o-

cinema/

Ver com palavras

Artigos, pesquisas, debates e informações sobre cursos, serviços e eventos. No site está

disponível para download o livro Audiodescrição: transformando imagens em palavras,

organizado por Lívia Maria Villela de Mello Motta e Paulo Romeu Filho.

http://www.vercompalavras.com.br

Page 21: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

21

Legislação, normas e diretrizes

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15290: Acessibilidade em

comunicação na televisão. Rio de Janeiro, 1995. Disponível em

http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br. Acessado em 28 de maio de 2013.

AUDIO DESCRIPTION INTERNATIONAL. Guidelines for Audio Description. 2003.

Disponível em http://www.acb.org/adp/guidelines.html. Acessado em 28 de maio de 2013.

BRASIL, Ministério das Comunicações. Portaria 310, de 27 de junho de 2006. Aprova a

Norma 001/2006 – Recursos de acessibilidade, para pessoas com deficiência, na

programação veiculada nos serviços de radiodifusão de sons e imagens e retransmissão

de televisão. Disponível em http://www.mc.gov.br

BRASIL, Presidência da República – Casa Civil. Decreto 5.296, de 2 de dezembro de

2004. Regulamenta as Leis 10.048, de 8/11/2000, que dá prioridade de atendimento às

pessoas que especifica, e 10.098, de 19/12/2000, que estabelece normas gerais e

critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm

__. Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 10.436, de 24 de abril

de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o artigo 18 da Lei

10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm

W3C. Word Wide Web Consortium. Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) 2.0. 11

December 2008. Disponível em http://www.w3.org/TR/WCAG20/

W3C. Word Wide Web Consortium. Recomendações de Acessibilidade para Conteúdo

Web (WCAG) 2.0. 11 de dezembro de 2008. Disponível em

http://ilearn.com.br/TR/WCAG20/

Page 22: Guia de cinema e vídeo para cegos e surdos - Filmes Que Voam · Basta um pouco de atitude. Tentar usar os olhos ... A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o seu

22

Créditos

Coordenação editorial: Chico Faganello

Pesquisa, entrevistas e redação: Dauro Veras

Assistência: Marino Mondek

Montagem de vídeos: Fernanda Mello

Colaboração: Ariel Grubert Abella, Fabiane Chaves, Germano Dutra, Jairo da Silva,

Maurício Sá, Mônica Magnani, Tatiane Gonzaga, Tom Min Alves

Agradecimentos: ACIC – Associação Catarinense para Integração do Cego; Mostra de

Cinema Infantil de Florianópolis; UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

Obra sob licença Creative Commons. Você tem a liberdade de copiar, distribuir e

transmitir o texto, sob as seguintes condições: atribuição de crédito, uso não comercial e

sem alteração do conteúdo.

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/deed.pt_BR

Sugestões e comentários são bem-vindos: [email protected]