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GUIA DE CAMPO INSETOS Matéria base para a especialidade Edson Luiz Estudo da Natureza

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Page 1: Guia de campo insetos

GUIA DE CAMPO INSETOS

Matéria base para a especialidade

Edson Luiz

Estudo da Natureza

Page 2: Guia de campo insetos

ABELHA MELÍFERA (Apis mellifera)

INSETOS

Os primeiros insetos viveram há mais de 300 milhões de anos. Estes seres praticamente habitam o mundo todo, desde os desertos, passando por florestas até lugares onde exista neve. Estão presentes em todos os ambientes. P ertencem a Classe Insecta, Filo Arthropoda, Reino Animalia, com cerca de 1 milhão de espécies, sendo a mais numerosa classe.

Uma das principais características externas de identificação imediata dos insetos é que todos possuem cabeça, tórax e abdome distintos e 3 pares de pernas articuladas. São animais invertebrados e possuem uma proteção chamada exoesqueleto. Nessas duas últimas partes, pode-se notar uma segmentação mais evidente. Na cabeça, encontram-se um par de antenas e um par de olhos não-pedunculados, ou seja, diretamente colocados junto à superfície. Esses olhos são compostos, e formam uma imagem "em mosaico". Cada unidade visual chama-se omatídeo.

Junto à boca, estão as peças ou aparelhos bucais, equipamentos especializados nos diversos tipos de alimentação dos insetos. Há aparelhos bucais trituradores, sugadores, mastigadores, picadores, lambedores, etc.

Os insetos são os responsáveis pela polinização de mais de 70% de todas as plantas fanerógamas da terra, ou seja, plantas que possuem flores. Muitos estão diretamente relacionados com a transmissão de doenças para os seres humanos, como a malária, a doença de Chagas, a dengue, a febre amarela e outras. A produtividade agrícola e a estocagem dos alimentos sofrem grandes perdas pela ação destruidora de muitas espécies de insetos que devoram lavouras inteiras, como os gafanhotos, ou transmitem doenças para as plantações.

Pela maneira de viver podemos dividir os insetos em solitários e sociais. Entre os insetos sociais destacam-se as formigas, cupins e abelhas, por serem mais conhecidas.

A ciência que estuda os insetos chama-se ENTOMOLOGIA (entomon = inseto do grego e logia = estudo). Em relação aos homens, muitos insetos são úteis (ex. abelhas), enquanto outros acabam sendo prejudiciais (mosquito).

Apesar de numerosos os insetos são praticamente as primeiras vítimas da degradação ambiental que vem ocorrendo como o desmatamento e principalmente com a aplicação de inseticidas.

Em relação à reprodução, o s insetos apresentam fecundação interna, e as fêmeas depositam os ovos para se desenvolverem fora do corpo. São, portanto, ovíparas. Em muitos insetos, observam-se algumas formas especiais de reprodução: partenogênese , desenvolvimento de um embrião a partir de um óvulo não-fecundado, é verificada em abelhas; pedogênese , desenvolvimento de mais de um indivíduo a partir de uma única larva, ocorre em moscas; poliembrionia , desenvolvimento de múltiplos embriões geneticamente idênticos a partir de um único zigoto, é encontrada em algumas vespas.

Uma característica marcante de muitos insetos é a passagem por estágios larvais e a ocorrência de metamorfose (do grego metabole, "mudança").

A seguir, você poderá conhecer um pouco mais da grande diversidade de insetos existentes no Brasil:

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Características: é a espécie de abelha mais conhecida (abelha do mel). Esta espécie foi introduzida no Brasil em 1839 pelo Padre Antonio Carneiro de colônias vindas do Porto, Portugal. Atualmente esta espécie é encontrada em todo o país. P ertence à Ordem Hymenoptera, mesmo grupo das formigas e vespas. É um dos insetos mais importantes para o homem, pois seus produtos são de grande utilidade como o mel, o própolis, a geléia real e a cera, além de promoverem o importante papel na reprodução das plantas, através da polinização. Habitat: áreas urbanas (forros, postes, árvores, etc), áreas de florestas e cerrados. Ocorrência: em todo o Brasil. Hábitos: a família Apidae, uma das famílias de abelhas, é a única que apresenta espécies com comportamento eusocial ou verdadeiramente social, isto é, as abelhas apresentam três características determinantes como o cuidado com a prole, a sobreposição de gerações e uma casta reprodutiva. Assim, podemos encontrar dentro de uma colônia de

abelhas, também chamada de colméia, operárias, rainha, cria e reprodutores (em algumas épocas do ano). As colônias são constituídas de operárias, que são abelhas fêmeas e estéreis, sendo menores que a rainha. São as abelhas que costumamos ver voando sobre as máquinas de refrigerante ou lixo. Em uma colméia podem ser encontradas de 50 a 80 mil operárias. As operárias são responsáveis por todo o trabalho da colméia tais como sua construção, alimentação da rainha, cuidado com a cria, limpeza e ventilação da colônia, defesa contra inimigos, coleta de pólen, néctar e água, produção de mel, própolis e geléia real. A longevidade de uma operária depende da temperatura e umidade ambiente, mas gira em torno de 30 a 50 dias. E xiste somente uma rainha em uma colônia de Apis. Ela é bem maior do que as operárias e zangões, sendo assim facilmente identificada. Possui movimentos mais lentos e está sempre rodeada por um número considerável de operárias que estão constantemente oferecendo-lhe alimento, a geléia real. Dentro de uma colméia existe somente uma rainha que é responsável pela postura dos ovos. Os ovos fertilizados dão origem às operárias e dos ovos não fertilizados nascem os zangões (machos). Quando uma nova rainha é produzida na colônia a rainha mais velha mata-a, ou uma das duas deixa a colônia (normalmente a mais velha) com um grupo de operárias. Este fenômeno chama-se enxameagem. A rainha mais nova

parte para o vôo nupcial onde é fecundada por vários machos. Depois disso ela não abandona mais a colméia a não ser que enxameie. A longevidade da rainha é longa, podendo viver de 3 a 4 anos. Após o declínio de sua fertilidade as operárias providenciam uma nova rainha, o que se faz alimentando-se uma larva com geléia real. Os machos ou zangões não exercem nenhuma atividade especial dentro da colônia. Eles somente fecundam a rainha morrendo em seguida. Caixas, tambores, buracos nas paredes e forro são abrigos em potencial para as abelhas africanizadas Apis mellifera fazerem colônias e enxames. As árvores também servem de refúgio. Na primavera e no verão, as abelhas estão mais ativas na busca de alimento e na autodefesa. Atraídas por sucos, refrigerantes e doces, elas acabam provocando acidentes no contato com as pessoas. Assim, recomenda-se evitar expor produtos alimentícios contendo açúcares ao ar livre.

Alimentação: néctar e pólen das flores. Reprodução: a colméia é composta por várias células ou favos que as operárias constroem com cera. Em cada célula é colocado um ovo que após a eclosão das larvas é continuamente alimentada pelas operárias. Os ovos fertilizados geram fêmeas. Os machos não têm pai, quer dizer, nascem de ovos não fertilizados. As abelhas-rainhas copulam com muitos machos talvez para garantir a mistura de genes. Na época do acasalamento, a rainha executa o "vôo nupcial", no qual é acompanhada pelo cortejo de zangões. Vários machos fertilizam a rainha, que deposita os espermatozóides em uma cavidade chamada espermateca. Ao retornar para a colméia, inicia a postura dos ovos. Em favos largos, não ocorre a compressão da espermateca, e apenas óvulo é depositado. Nos favos estreitos, a espermateca é comprimida e libera espermatozóides. A fecundação é interna, e um zigoto é depositado no favo. Os ovos fecundados (diplóides) originam as fêmeas, enquanto os não-fecundados desenvolvem-se por partenogênese, formando apenas machos. Todos os machos são férteis, mas a fertilidade dos embriões femininos depende do tipo de alimentação fornecida às larvas. As larvas destinadas a serem operárias recebem uma alimentação menos abundante, constituída principalmente de mel. As larvas das futuras rainhas são alimentadas por operárias mais velhas, e recebem uma alimentação especial, mais abundante e rica em hormônios, chamada geléia real.

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Predadores naturais: pássaros, aves, irara, lagartos.

Ameaças: desmatamento, queimadas e extração indiscriminada. Cuidados - a reação à picada de abelha varia dependendo da sensibilidade do indivíduo atacado. Quando ocorrem poucas picadas a reação limita-se a uma inflamação local, inchaço, dor e calor. Nestes casos não há necessidade de procurar um médico. Em alguns casos pode haver uma hipersensibilidade imediata do indivíduo atacado desencadeando um quadro clínico mais grave com edema de glote acompanhado de choque anafilático. Neste caso o indivíduo deve ser o mais rapidamente possível removido para um hospital. Nos casos em que ocorrem múltiplas picadas (dezenas, centenas ou milhares), o que normalmente acontece com abelhas do gênero Apis, o indivíduo atacado recebe uma grande quantidade de veneno. O indivíduo deve ser removido imediatamente para o hospital. A vítima apresenta sinais de agitação, dor generalizada, muita coceira, podendo evoluir para um estado de torpor. Pode ocorrer insuficiência respiratória, edema de glote e broncoespasmo.

ABELHAS NATIVAS

No Brasil existem centenas de abelhas nativas, todas elas muito importantes nos ecossistemas, como polinizadoras de diversas plantas. Muitas destas plantas, entrariam em extinção, caso estas abelhas não realizassem este trabalho.

Os nomes comuns variam de região para região e podemos citar alguns: abelha-cachorro, Jatai, irapuá, arapuá, mombuca, moçabranca, mandaçaia, uruçu, jandaíra, mirim, mirim-preguiça, abelha limão, mosquito, entre outros.

Algumas abelhas não possuem ferrão e pertencem à família Meliponidae. Muitas espécies são criadas para a retirada de produtos como a abelha Jataí. Algumas das abelhas que amedrontam pessoas são as mamangabas, grandes e peludas. As espécies brasileiras são, na maioria das vezes, de coloração negra com áreas amareladas no corpo.

Com o estabelecimento da Lei n o 5197, de 03/01/67, Lei de Proteção à Fauna foi estabelecida a proibição da sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha, portanto fica proíbido o extermínio de abelhas nativas, pois estão protegidas por lei. O DECRETO No 3.179, DE 21 DE SETEMBRO DE 1999, dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

As abelhas nativas são bem menores que a abelha melífera ( Apis mellifera ). Elas são muito importantes para o meio ambiente, pois coletam o néctar e o pólen das flores possibilitando a fecundação. Desta forma, muitas plantas só se reproduzem, ou seja, produzem flores e frutos graças às abelhas. Sem elas muitas espécies de plantas entrariam em extinção. Estas espécies nativas não produzem tanto mel quanto a Apis mellifera , mesmo assim têm sua importância econômica e ecológica. Espécies como a jataí, mandaçaia, urucu e jandaíra, são criadas por meliponicultores de várias regiões do Brasil, observando-se o hábitat de cada uma das espécies. O mel produzido por essas abelhas, apesar de ser em menor quantidade, apresenta qualidades medicinais e sabores diferenciados, o que garante a comercialização do produto com valor muito superior em relação ao mel da abelha melífera. O interesse por estas abelhas vem crescendo muito, o que incentiva a produção artificial de colônias com valores considerados. Também, por não apresentarem qualquer perigo para o homem, as abelhas sem ferrão vêm sendo utilizadas para educação ambiental nas escolas.

A seguir, apresentamos algumas espécies de abelhas nativas sem ferrão:

ABELHA CACHORRO (Trigona spinipes)

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Características: da família dos meliponídeos a abelha cachorro, também conhecida como arapuá ou irapuá, possui coloração negra e mede cerca de 5,0 a 6,5 mm de comprimento.

Habitat: cerrado, matas, pomares em áreas rurais e urbanas. Ocorrência: em todo o Brasil. Hábitos: Seus ninhos são aéreos, de formato oval, apoiados em forquilhas de árvores ou em cupinzeiros abandonados . A entrada é ampla e oval com lamelas internas de cerume. No ninho destaca-se a presença de uma consistente massa composta de materiais diversos, tais como: restos de casulos, abelhas mortas, excrementos e resinas. Pode conter até três agrupamentos de células de cria grandes no mesmo ninho. É

espécie agressiva podendo atacar outras abelhas sem ferrão principalmente nas flores. Destrói botões florais de algumas plantas. Para fazer seus ninhos elas utilizam fibras de vegetais. Costuma ser um problema para os produtores de citros. Elas atacam flores e folhas novas e até a casca do tronco da planta para retirar resina para a construção de seus ninhos. Quando as plantas estão em flor o prejuízo é maior, pois a irapuá faz um orifício nos botões florais prejudicando a frutificação. O crescimento das plantas também é retardado devido ao ataque destas abelhas. Além dos citros atacam também bananeiras, jabuticabeiras, jaqueiras, mangueiras, pinheiro-do-paraná, entre outros.

Alimentação: néctar e pólen Predadores naturais: aves, pássaros, lagartos e irara

ABELHA JATAÍ (Tetragonisca angustula)

Características: mede aproximadamente 5mm, com coloração dourada. As colônias apresentam 2.000 a 5.000 indivíduos. Abelha mansa, de mel fino e delicioso. Tem a cera branca e de excelente valor na iluminação, sendo muito viva a sua luz. Seu mel é empregado principalmente para fins medicinais.

Habitat: floresta, cerrados e áreas urbanas (muros, postes, etc.). Os locais de nidificação são: ocos variados em muros de pedra, tijolos vazados, cabaças, ocos de árvore. Bem adaptada à vida urbana, seus ninhos podem ser encontrados por mais de 35 anos no mesmo local. Assim, podemos dizer que os ninhos são perenes mas as rainhas são trocadas periodicamente. A jataí constrói sua colméia no oco dos paus, nas locas de pedras, nas gretas das paredes de velhas igrejas e casas residenciais. Ocorrência: todo o Brasil.

Hábitos: a entrada da colônia é constituída por um tubo de cerume rendilhado com base firme. Nos ninhos novos ou fracos, essa entrada é fechada durante a noite. É característico a presença de abelhas guardas ou sentinelas que ficam voando nas proximidades do tubo, formando uma pequena nuvem. As abelhas campeiras apresentam movimento bem diferente, pois entram e saem do ninho rápida e constantemente. Elas podem entrar carregando pólen nas patas ou néctar no abdome. Ninho com invólucro de cerume abundante, com várias camadas finas. O alimento é armazenado em potes ovóides. O mel é de excelente qualidade. As jataís constroem as células de cria em forma de favos, geralmente dispostos paralelamente. As células de cria são construídas simultaneamente, em bateria, de modo que ficam prontas para receber o alimento larval todas de uma vez. Muitas vezes as operárias botam ovos tróficos para a rainha, redondos e grandes. A rainha se alimenta desses ovos antes de colocar os seus. Alimentação: néctar e pólen Predadores naturais: aves, pássaros, lagartos e irara

Ameaças: destruição do habitat e extração indiscriminada.

ABELHA MANDAÇAIA (Melipona quadrifasciata)

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Características - mede aproximadamente 11mm. As colônias são pouco populosas, por volta de 300-400 indivíduos. A entrada típica apresenta ao seu redor raios convergentes de barro, construídas pelas abelhas. Só passa uma abelha de cada vez. Essa espécie apresenta favos de cria horizontais ou helicoidais (em caracol). Não apresenta células reais. O invólucro que protege os favos de cria possui diversas membranas de cerume. Os potes de alimento são ovóides com 3-4cm de altura.

Habitat: Floresta Atlântica em ocos de troncos ou galhos. Ocorrência: Sudeste do Brasil Hábitos: mais ativa na parte da manhã e final da tarde.

Alimentação: néctar e polén

Predadores naturais: aves, pássaros, lagartos e irara Ameaças: destruição do habitat e extração indiscriminada

BARATA

Características: são os insetos mais comuns ao convívio humano, no entanto, das cerca de 4.000 espécies existentes, a sua maioria é silvestre. Apenas menos de 1% busca o convívio com o homem, devido às condições propícias relacionadas à disponibilidade de alimento, abrigo e água. Estas espécies são chamadas de baratas domésticas. Assim, baratas domésticas são aquelas que vivem dentro de residências (domicílios ou outras estruturas construídas pelo homem), no peridomicílio (ao redor de estruturas) e seus anexos, tais como caixa de gordura, esgoto, bueiros e outros locais úmidos e escuros. Estudos de fósseis de baratas demonstram que estes animais mudaram muito pouco nos aproximadamente 300 a 400 milhões de anos que existem na face da terra. Por isso, a barata é considerada uma das espécies de maior capacidade de adaptação e resistência do reino animal, podendo adaptar-se às mais variadas condições do meio ambiente. Baratas são insetos de pequena importância médica, quando comparados a outros insetos transmissores de doenças, tais como a dengue, malária, etc. Não há evidência de que as baratas causem doenças ou zoonoses por transmissão direta (não são vetores). Possuem corpo ovalar e deprimido. Seu tamanho pode variar de alguns milímetros a quase 10 centímetros, tendo em geral coloração parda, marrom ou negra. Existem, no entanto, espécies coloridas.O formato e o tamanho variam dependendo da espécie, sendo que, genericamente podemos dizer que: machos são menores que as fêmeas; quando diferem pelas asas, os machos tem asas mais desenvolvidas que a fêmea; em algumas espécies os machos são alados e fêmeas ápteras. A cabeça é curta, subtriangular, apresentando olhos compostos grandes e geralmente dois ocelos (olhos simples).As antenas encontram-se inseridas entre os olhos compostos, apresentando formato filiforme e podendo atingir o dobro do comprimento do corpo. Elas desempenham um papel fundamental na sobrevivência da barata servindo não apenas como elemento de direção, mas também podendo captar vibrações no ar ou ainda cheirar alimentos ou feromônios.O aparelho bucal é mastigador, possibilitando roerem papéis, roupas sujas de alimento (cola, doces, etc.), pelos, pintura, mel, pão, carne, batatas, gorduras, lombadas dos livros e os seus dourados. Algumas se alimentam de madeira (celulose), sendo tal alimento digerido por microrganismos como sucede entre os cupins. O tórax apresenta o seu primeiro segmento bem desenvolvido, com o pronoto largo, achatado, cobrindo a cabeça. As pernas são ambulatórias, tornando as baratas andarilhas excepcionais. Apresentam coxa grande, fêmures e tíbias com espinhos e, em geral, têm tarsos pentâmeros. O abdome é séssil, alargado e deprimido, apresentando em geral 10 segmentos. Apresenta um par de cercos no último urômero, acrescido de um par de estilos nos machos. São insetos hemimetábolos, ou seja, apresentam metamorfose gradual ou parcial (simples) em três estágios: ovo, ninfa e adulto. As mais comuns no Brasil são a Barata alemã (Blatella germanica) e a Barata-de-esgoto (Periplaneta americana). As baratas não são bons insetos voadores, sendo que o meio de disseminação mais comum é propiciado pelo próprio homem. As baratas escondem-se em engradados, caixas e sacos, atingindo o mundo todo.

Habitat: ambientes com pouca luminosidade e úmidos.

Ocorrência: cosmopolitas, encontrando-se nos mais diversos ambientes ao redor do mundo (menos nas calotas polares). A maior parte das espécies é de origem tropical ou subtropical, havendo referências de serem procedentes do continente africano. Popularmente, as baratas são consideradas veiculadoras de doenças causadas por disseminação mecânica de patógenos diversos tais como esporos de fungos, bactérias, vírus, etc., nas pernas e corpo, adquiridas quando percorrem esgotos e lixeiras ou outros lugares contaminados. Hábitos: hábitos noturnos, sendo mais ativas à noite, quando saem do abrigo para alimentação, cópula, oviposição,

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dispersão, vôo. O hábito noturno das baratas pode ser explicado através do mecanismo de seleção natural. Durante sua evolução as baratas que se mantinham ativas à noite sobreviviam, ao contrário daquelas que tinham hábitos diurnos. Estes insetos passaram assim a predominar no ambiente, transmitindo a seus descendentes este comportamento chamado de fototropismo negativo, significando que elas procuram sempre a escuridão ao invés da luz. Durante o dia ficam abrigadas da luz e da presença de pessoas, algumas condições especiais contribuem para o seu aparecimento diurno, tais como: excesso de população; falta de alimento ou água (stress). Embora não sejam animais sociais, como as abelhas, cupins e formigas, as baratas são gregárias, sendo comum ocorrerem em grupos. Alimentação: onívoras, ou seja, comem de tudo que tenha algum valor nutritivo para elas. São particularmente atraídas por alimentos doces, gordurosos e de origem animal. No entanto, podem se alimentar de queijos, cerveja, cremes, produtos de panificação, colas, cabelos, células descamadas da pele, cadáveres, matérias vegetais. Reprodução: a postura dos ovos é feita dentro de uma cripta genital em uma capsula denominada ooteca, em forma de bolsa fechada, a qual contém duas fileiras de ovos justapostas e separadas por uma membrana. O número de ovos varia com a espécie podendo variar de 4 a 50 ovos. A ooteca é colocada, pela maioria das espécies, em um lugar seguro, próximo à uma fonte de alimentos, cerca de dois dias após sua formação. Apenas a Barata alemã (B. germanica) carrega a ooteca até cerca de 24-48 horas antes da eclosão dos ovos. As próprias ninfas rompem a ooteca na maioria das espécies, à exceção da Barata-de-esgoto (P. americana) onde as formas jovens são liberadas com o auxílio da mandíbula materna. As formas jovens (ninfas) parecem-se com as adultas. Um casal de B. germanica pode produzir em condições ideais no período de um ano, cerca de 10.000 indivíduos considerando-se a primeira e segunda gerações. Predadores naturais: aves, pássaros, lagartos e cobras.

Barata alemã - a Blatella germanica é denominada de barata pequena, barata alemãzinha, barata alemã, francesinha, paulistinha. Trata-se de baratas de pequeno tamanho, altamente prolíficas. Como ninfa chegam a medir um milímetro. Os lugares preferidos para se abrigarem são acanhados e geralmente passam despercebidos aos nossos olhos, como por exemplo, azulejos quebrados, batentes de portas, armários e prateleiras de madeira, vãos e cavidades em geral (conduítes elétricos), motores de equipamentos de cozinha, atrás e debaixo de pias e balcões, etc.

Diferentemente da P.amerciana , a B. germanica carrega a ooteca até que esteja madura, depositando-a em um lugar abrigado próximo de uma fonte de alimento. Áreas onde ocorrem a manipulação e armazenagem de alimentos estão sujeitas a infestação pela B. germanica. Assim, embalagens de produtos são um eficiente mecanismo de dispersão da praga, uma vez que elas se alojam facilmente em pequenos espaços em caixas de papelão, sacos plásticos e outros materiais. É desta maneira que a barata alemã, assim como outras, pode se dispersar com facilidade para qualquer lugar do mundo, seja sua vizinhança, seja um outro país. Ocorre a concentração de baratas alemãs na cozinha, sanitários e outras áreas onde haja alimento e umidade disponível.

Em nossas residências podemos facilmente criar "habitats" para as baratas, através do acúmulo de jornais e livros, acúmulo de lixo, furos e rachaduras em paredes, azulejos soltos, forros de gesso e madeira, vãos entre a instalação elétrica/hidráulica e as paredes, espaço entre o fundo de armários embutidos e gabinetes em relação a parede. Também em armários e ambientes fechados pouco ventilados, com acúmulo de materiais como em maleiros de guarda-roupas, cabine de quadros de energia e relógio de água, porões, sótãos.

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Barata-de-esgoto - a Periplaneta americana, também denominada de barata grande, barata voadora, barata-de-esgoto, é uma das espécies domésticas mais comuns no Brasil. As baratas americanas podem viver em grandes grupos sobre paredes nuas, desde que não haja perigo ou distúrbios constantes, como predadores naturais ou outros riscos (limpeza, etc.). No entanto, normalmente apresentam um comportamento mais tímido, vivendo em ambientes mais reclusos e maiores, uma vez que se tratam de insetos grandes, que não podem se esconder em qualquer lugar. Normalmente, a barata americana deposita a ooteca em um lugar seguro (abrigo) próximo de uma fonte de alimento e numa inspeção, lugares como rodapés, rachaduras, cantos e frestas, ralos, caixas de gordura, etc, devem ser inspecionados para avaliar o grau de infestação desta praga.

Os locais preferidos para os adultos se estabelecerem são os esgotos, as canaletas de cabos, as caixas de inspeção, as galerias de águas pluviais, as tubulações elétricas. Aparecem também em áreas pouco freqüentadas por pessoas como os arquivos e depósitos em geral, principalmente onde haja abundância de papelão corrugado, seu esconderijo preferido.

BARATA D'ÁGUA (Lethocerus maximus)

Características: os adultos podem exceder os 11 cm. Muito robusta, com pernas dianteiras adaptadas à caça e pernas intermediárias e traseiras adaptadas ao nado. Têm a capacidade de reter o ar permitindo o mergulho. Face ventral coberta por pequenos pelos. Coloração marron-acinzentada.

Habitat: margens de lagos e represas ricas em plantas aquáticas Ocorrência: América do Sul

Alimentação: peixes, rãs etc., dos quais suga-lhe os líquidos orgânicos.

BARBEIRO (Triatoma infestans)

Características: são percevejos hematófagos de grande importância em saúde pública por serem transmissores da doença de Chagas. Habitat: algumas espécies estão bem adaptadas ao ambiente domiciliar humano sendo responsáveis por muitos casos de transmissão da doença. São conhecidas cerca de 100 espécies destes percevejos e o protozoário Trypanosoma cruzi responsável pela doença de Chagas já foi encontrado infectando metade destas espécies, porém cerca de 12 espécies são epidemiologicamente importantes para o homem. Geralmente encontramos estes insetos em casas de "pau-a-pique" e de barro, as quais possuem muitas frestas para abrigarem estes insetos. A cobertura destas casas também pode abrigar uma grande quantidade destes insetos hematófagos. O agente causador da doença de Chagas, o protozoário Trypanosoma cruzi já foi constatado infectando naturalmente cerca de 200 espécies de mamíferos, como por exemplo os morcegos, gambás, ratos, pacas, tatus, tamanduás, cães, gatos, raposas, cotias, preás, preguiças, macacos e coelhos dentre outros. Estes animais são chamados de reservatórios naturais do protozoário Trypanosoma cruzi ou hospedeiros, sendo o agente transmissor da doença as espécies de percevejos hematófagas da Família Triatominae.

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Ocorrência: em todo o Brasil. Alimentação: a maioria das espécies se alimenta de sangue de mamíferos, aves e do homem. Saem à noite para picar as pessoas, geralmente na face, fato que dá origem a seu nome. Reprodução: o ciclo de desenvolvimento destes percevejos compreende a fase de ovo, ninfa e adulto. Na fase adulta após a primeira alimentação estes insetos já estão aptos ao acasalamento. A fêmea deposita seus ovos individualmente ou em grupos durante o seu período de vida, variando conforme a disponibilidade de alimento e condições ambientais. Os ovos de algumas espécies de percevejos, geralmente têm forma de barril e são postos em grupos. Usualmente as fêmeas depositam-nos em cortinas, janelas e outros objetos domésticos. Destes ovos eclodem pequenas ninfas, que normalmente são coloridas, ficando por um tempo agrupadas.

Predadores naturais: pássaros, aves, lagartos, pequenos mamíferos, etc.

BERNE (Dermatobia hominis)

Características: é um parasito de animais domésticos e silvestres e em alguns casos o próprio homem. O berne é uma mosca (Dermatobia hominis) originária dos trópicos úmidos da América Latina. Causa míiases (infecção ocasionada) no homem e outros animais. Habitat: áreas rurais e urbanas. Ocorrência: todo o Brasil. Reprodução: a fêmea oviposita em outras moscas ou mosquitos (insetos vetores) que carregam seus ovos até o hospedeiro, como por exemplo a mosca doméstica que pode carregar mais de 30 ovos aderidos ao seu corpo. O inseto vetor ao pousar em um animal acaba deixando alguns ovos da mosca do berne, cujas larvas ao eclodirem penetram no tecido subcutâneo permanecendo por um período que pode variar conforme a espécie (20 a 120 dias), sendo os bovinos e caninos os hospedeiros preferenciais deste inseto. A infestação dos animais por estes parasitos acarreta a perda de peso, stress, depreciação da pele e, em casos de alta infestação, pode levar a morte do animal. A mosca do berne é perigosa, pois dependendo da situação ela pode até matar um animal.

BESOURO

A ciência já descreveu 350 mil espécies de coleópteros, ordem a qual pertencem os besouros, os vaga-lumes e as joaninhas. Eles representam um terço de todas as espécies animais existentes no planeta. Possui compacta estrutura que se assemelha a uma carapaça e envolve a parte superior do inseto e um par de asas dobradas. Voando, os élitros (designação científica da tal carapaça) entreabertos e imóveis conferem certa aerodinâmica ao vôo. Entre os besouros do mundo existe uma formidável variedade de formas, tamanhos e hábitos. Mas a presença dos élitros é comum a todos, classificando-os dentro de um mesmo grupo entre os insetos: a ordem dos coleópteros. A palavra originou-se do grego koleos (estojo) e pteron (asa). Estojo refere-se aos élitros. São aproximadamente 350 mil as espécies de coleópteros já descritas pela ciência, o que corresponde a cerca de 40% das espécies de insetos ou um terço de todas as espécies animais. No Brasil, 26 mil espécies estão descritas. Não há uma ordem tão grande no reino animal. Joaninhas e vaga-lumes, por exemplo, são coleópteros. A expressividade desses números indicam que são animais muito bem-sucedidos evolutivamente. O motivo principal, segundo informam os biólogos, é exatamente a presença dos élitros, que conferem proteção e um formato compacto aos besouros, possibilitando-os explorar diferentes ambientes. Os besouros aquáticos, por exemplo, quando estão debaixo d'água guardam o ar na cavidade formada entre as asas e o corpo. E, nos besouros do deserto, os élitros protegem as cavidades respiratórias, evitando perda de água para o ambiente. O maior coleóptero do mundo de que se tem registro é a espécie amazônica Titanus giganteus, com até 20 centímetros de comprimento, e os menores são os ptiliídeos, com cerca de um quarto de milímetro. Há espécies aquáticas de besouros, chamados

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girinídeos, que possuem os olhos subdivididos em duas partes, uma inferior e outra superior, dando a impressão de ter quatro olhos. Quando está flutuando, a parte superior enxerga o que se passa acima da linha da água e a de baixo enxerga dentro da água.

Besouro gigante (Titanus giganteus) - o maior coleóptero do mundo de que se tem registro, com até 20 centímetros de comprimento. Pelo menos quatro bichos brasileiros disputam o título de maior inseto do planeta. Em termos de volume, o besourão, que mora na Amazônia é o campeão. Ele alcança até 22 centímetros de comprimento e pesa 70 gramas. Hoje, os grandalhões são raros. Os insetos menores, mais versáteis e que não precisam de tanta comida, dominam. Para sobreviver, às vezes, é melhor ser pequeno.

Rola-bostas (Ontophagus gazella) - também chamados de escaravelhos, são besouros da família dos escarabeídeos e têm importante papel na reciclagem de nutrientes do solo. Eles alimentam-se de fezes de animais e na época da reprodução enterram bolinhas de estrume para alimentar as larvas, que se criam sob o solo. Diz-se dos besouros que têm como estratégia reprodutiva fazer uma ou várias bolas de estrume, as quais são enterradas e sobre as quais depositam seus ovos. Existem rola-bostas em todo o mundo e alguns são mais rápidos que outros na tarefa de decompor o esterco. Assim, os africanos, adaptados para decompor o estrume de grandes animais, são os mais eficientes. Muitos países trouxeram com sucesso os besouros africanos para melhorar a fertilidade do solo, incorporando matéria orgânica, e combater certas pragas. No Brasil, a espécie africana Ontophagus gazella foi introduzida em 1989 para realizar o controle biológico da mosca-do-chifre, parasita de bovinos. Como a mosca deposita seus ovos no esterco, acreditava-se que, eliminando o mesmo rapidamente, o ciclo seria quebrado. Para se ter uma idéia, uma fêmea do besouro africano é capaz de gerar de 60 a 90 larvas por mês. Os rola-bostas brasileiros fazem uma geração por ano, de oito a dez insetos por vez. É um pequeno inseto que ajuda no combate de uma das piores pragas da criação de bovinos, a mosca do chifre.

A mosca

causa irritação por se alimentar de sangue, e para isso pica os animais, causando dor, estresse e danificando o couro dos bichos, sendo assim o animal perde muito peso e em alguns casos a capacidade reprodutora. O pequeno besouro se adaptou bem ao cerrado e ao clima quente da região, que acelera o processo de multiplicação dos besouros. Eles se alimentam dos ovos da mosca dos chifres que são depositados nas fezes frescas dos bovinos. O controle da praga é eficiente, apenas 5% dos ovos conseguem se desenvolver. Além de controlar a população da mosca do chifre, ele suga todo material orgânico e leva pra dentro da terra ajudando na adubação do solo. Desta forma ele contribui para a melhoria da qualidade do pasto que garante o ganho de peso dos bovinos. Vários produtores já adotaram o controle biológico para combater a mosca dos chifres. Têm a característica de separar uma porção de estrume da massa, rolar a uma determinada distância do ponto de origem e depois enterrar ou cobrir com grama. Constroem dois tipos de bolas: as bolas-alimento para os adultos, e as bolas-ninho, estas moldadas mais cuidadosamente e enterradas em profundidades maiores. Ele contribui para a aeração do solo ao cavar os buracos para enterrar as bolas de fezes. Isso melhora a fertilidade do terreno, pela incorporação de matéria orgânica e reciclagem de nitrogênio e fósforo, e diminui a infestação das pastagens por larvas de helmintos gastrintestinais. Os inseticidas existentes no mercado são capazes de eliminá-los. Por isso, deve-se evitar colocá-los nas fezes de animais que receberam inseticidas nos últimos 40 dias.

Serra pau (Hedypathes betulinus e Oncideres impluviata) - dentro da família dos cerambicídeos, a maioria das espécies alimenta-se, na fase larval, de madeira em diferentes estágios de decomposição. Algumas larvas comem madeira recém-abatida e portanto a mãe precisa cortar um galho para em seguida nele introduzir os ovos. Daí o nome popular serra-pau. O trabalho é feito meticulosamente usando as mandíbulas. No sul do Brasil, larvas da espécie conhecida como corintiano (Hedypathes betulinus) são pragas agrícolas da cultura do mate, e fêmeas adultas de Oncideres impluviata cortam galhos da acácia-negra, árvore cultivada comercialmente para extração de tanino. Os membros da família dos cerambicídeos, que

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conta com cerca de 30 mil espécies no mundo e 4 mil no Brasil, são facilmente reconhecíveis pelas antenas bastante alongadas, em geral maiores que o corpo. Na fase adulta, esses besouros têm vida curta, suficiente apenas para copular e realizar a postura. Em compensação, o ciclo larval de algumas espécies chega a durar entre dois e três anos. São coleópteros que medem cerca de 30 mm de comprimento com coloração parda. As fêmeas e machos serram os ramos de arbustos e árvores e após a queda destes, realizam a postura de seus ovos sob a casca. As larvas ao emergirem se alimentam do lenho do ramo caído. O ciclo de desenvolvimento destes insetos é longo, podendo atingir 370 dias conforme a espécie. Encontramos muitas vezes em nossos pomares ramos de laranjeiras e abacateiros caídos devido ao ataque destes besouros. Prejudicam plantios de eucaliptos, mogno, árvores frutíferas e outras plantas. Os ramos caídos devem ser removidos e queimados para evitar a emergência de novos insetos.

Hedypathes betulinus - o adulto é um besouro que mede, aproximadamente, 25 mm de comprimento. O corpo apresenta coloração preta, sendo recoberto por pelos brancos. As antenas são longas e finas, com manchas alternadas claras e escuras. As larvas são desprovidas de pernas e de coloração branca. As fêmeas realizam as posturas principalmente no tronco das erveiras, próximo ao solo. Entretanto, também podem fazê-la nas raízes expostas, brotos ladrões e galhos da região próxima do ponto onde ocorreu a última poda. Após, aproximadamente, 12 dias, eclode a larva, que inicia a sua alimentação, construindo uma galeria subcortical. Posteriormente, atinge o lenho sendo que as galerias podem dirigir-se para a raiz da planta ou serem ascendentes. Durante o processo de broqueamento, a larva vai compactando atrás de si, a serragem, a qual lhe serve de proteção e quando expelida para fora da planta, denuncia a presença da praga. A fase de larva tem uma duração aproximada de 280 dias. Quando está próxima a se transformar em pupa, a larva constrói uma galeria mais ampla, a câmara pupal, onde permanece por cerca de 20 dias, até a emergência do adulto. Em condições de campo, o ciclo de ovo a adulto pode superar 17 meses. Os adultos vivem muito tempo e estão presentes em abundância entre os meses de setembro e maio. Eles roem a casca dos ramos e, ocasionalmente, causam um anelamento, fazendo com que estes murchem e sequem. Oncideres impluviata - corpo cilindrico e coloração castanho-avermelhada, nos machos as antenas ultrapassam o comprimento do corpo. Apresentam manchas amareladas em toda superfície. As larvas são ápodas (não possuem pernas) e esbranquiçadas. Os adultos alimentam-se da casca dos ramos mais novos, onde o tecido é mais tenro. Para a postura, as fêmeas serram os galhos, as larvas desenvolvem-se e alimentam-se no lenho dos ramos cortados. Geralmente, o ataque do serrador é mais intenso em plantas com mais de dois anos de idade.

Hedypathes betulinus

Oncideres impluviata

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Bicudos - em 1983, uma nova praga chegou às plantações de algodão do Brasil, muito provavelmente de avião vinda dos EUA: o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), da família dos curculionídeos. Voraz, esse besouro fura os botões florais para retirar o pólen e pôr os ovos. Na época em que se constatou a presença do bicudo, pensou-se que, com o custo do combate ao besouro, a cultura não seria mais viável economicamente. Porém, logo a cotonicultura migraria do Sudeste e Nordeste para o Centro-Oeste, em busca de terrenos mais planos para facilitar a mecanização que estava em curso. No cerrado, o bicudo não encontrou boas condições para se proliferar. Exigente em umidade, não foi capaz de desenvolver muitas gerações durante o ano pois não se adaptou bem à rigorosa estação seca da região. Hoje, o bicudo existe nos algodoais, mas em populações que não inspiram grandes cuidados. Os membros da família dos curculionídeos são reconhecíveis pela presença de antenas dobráveis e um rostro (bico) de tamanho variado. Trata-se da maior família de coleópteros, com 50 mil espécies descritas no mundo e 5 mil no Brasil. Há espécies que atacam plantas cultivadas e outras importantes agentes polinizadoras. A oviposição ocorre preferencialmente em botões florais, flores e maçãs do algodão. Para a postura, a fêmea coloca apenas um ovo por orifício, feito com seu rostro (peça alongada que se projeta da parte anterior da cabeça). A cavidade é posteriormente fechada por uma secreção gelatinosa. Os ovos são brilhantes e medem cerca de 0,8 mm de comprimento por 0,5 mm de largura. Cada fêmea põe

cerca de 6 ovos por dia, totalizando uma média de 100 a 300 ovos por ciclo. O período de incubação é de 3 a 4 dias. As larvas são brancas de cabeça marrom-clara, sem pernas e com 5 mm a 10 mm de comprimento. Alimentam-se de todo o interior do botão, que cai em uma semana. Passam à fase de pupa após 7 a 12 dias. As pupas são formadas em câmaras construídas nas próprias estruturas atacadas. Possuem coloração branca e, após 3 a 5 dias, transformam-se em adultos. Adulto, o besouro atinge 7 mm de comprimento apresentando coloração cinza ou castanha, com o rostro bastante alongado, correspondendo à metade do comprimento do corpo. Apresenta dois espinhos no fêmur do primeiro par de pernas. Em geral as fêmeas são maiores e mais vorazes que os machos. Apresentam longevidade de 20 a 40 dias. Terminado o ciclo da cultura, parte da população migra para abrigos naturais e aí permanece em diapausa, por períodos variáveis de 150 a 180 dias até um novo ciclo da cultura. No Brasil, devido à condição tropical, ocorre a quiescência, onde o inseto não paralisa totalmente suas atividades no inverno.

BICHO DE PÉ (Unga penetrans)

Características: é uma pulga que se aloja dentro da pele do hospedeiro ocasionando a tungíase, isto é, uma infecção que é caracterizada por inchaços dolorosos localizados principalmente ao redor de onde o inseto penetrou, sob as unhas do pé nas partes mais moles ou entre os dedos do pé. No entanto, pode-se pegar o bicho-do-pé em qualquer local do corpo. Adquire-se o bicho-do-pé andando descalço em áreas infestadas, tais como currais, chiqueiros e praias. O adulto (pulga) possui coloração marrom avermelhada e mede aproximadamente 1 mm de comprimento, porém, uma fêmea grávida pode chegar a medir o tamanho de uma ervilha. O ataque pelo bicho-do-pé inicia com uma leve coçeira, mas se não retirado pode ocasionar inflamação e úlceras localizadas. Tétano e gangrena podem resultar de infecções secundárias e existem registros de autoamputação dos dedos dos pés.

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Habitat: habitações de chão de terra, em solos arenosos e praias, mas sempre em locais sombreados. Ocorrência: todo o Brasil.

Hábitos: as la rvas são de vida livre

Alimentação: hematófago. Reprodução: só copulam no solo quando existe um animal hospedeiro. É a fêmea adulta e fertilizada quem possui a capacidade de perfurar a pele do homem, porco e outros mamíferos, com suas partes bucais. Ela aloja-se dentro do corpo do hospedeiro até que o último segmento abdominal esteja paralelo com a superfície da pele. Alimenta-se de seu sangue e expele os ovos maduros pelo ovipositor, ficando estes na ponta de seu abdômen. Uma fêmea pode produzir de 150 a 200 ovos durante um período de 7 a 10 dias. A fêmea então fica murcha, morre e cai do hospedeiro sobre o solo. Três ou quatro dias depois eclodem as larvas que se alimentam de matéria orgânica até puparem. O adulto emerge em um período de 3 semanas. Predadores naturais: pássaros e aves

BICHO PAU (Bactridium grande)

Características: e xistem mais de 500 espécies desse inseto, também chamado de bicho-palha, chico-magro ou mané-magro. Há bichos-pau com as mais diferentes formas. Comumente no Brasil encontramos formas que se confundem com líquens dos troncos das árvores. No Brasil, os maiores exemplares pertencem à espécie Bactridium grande, que alcança quase 27 centímetros. Em contrapartida, há bichos-pau pequenos, que mal passam de 1 centímetro. São insetos com corpo em forma de bastão, alados ou não. As formas sem asas movimentam-se lentamente. Os alados voam mal, usando a asa mais como pára-quedas.

Habitat: vivem entre as plantas em áreas rurais e urbanas. Ocorrência: todo o Brasil, nas regiões tropicais e subtropicais do mundo inteiro.

Hábitos: inofensivo, ele é capaz de ficar horas sem se mexer, para escapar dos predadores. O bicho-pau passa horas a fio completamente paralisado. As pernas ficam esticadas, as da frente encobrindo a cabeça e as antenas. É preciso ser muito observador para identificá-lo no meio dos galhos secos. De movimentos lentos, vale-se desta curiosa estratégia para se defender dos predadores. Não bastasse a perfeita camuflagem, certos bichos-pau ainda emitem um fluido leitoso e repugnante para se defender. Outras espécies têm o poder de regenerar membros perdidos. Alimentação: folhas e brotos

Reprodução: sexuada e assexuada por partenogênese. Também interessantes são os ovos desses insetos, muito parecidos com sementes. Lançados ao acaso no solo pelas fêmeas, sem nenhuma proteção especial, eles podem ficar mais de um ano inativos, antes de eclodir. Há espécies nas quais os machos são raros e em que a reprodução se faz por partenogênese. Ou seja, as fêmeas põem ovos que formam novos indivíduos sem que tenham sido fecundados, e deles originam-se quase sempre novas fêmeas. De maneira geral, elas não escolhem lugares especiais para a postura. Simplesmente deixam os ovos caírem no chão. O desenvolvimento do embrião é lento, demorando de 100 a 150 dias para o ovo eclodir. Em algumas espécies, esse prazo pode estender-se até dois anos. A forma jovem do inseto é chamada de ninfa logo após a eclosão, mas é semelhante à dos adultos. Curiosamente, pouco depois do nascimento, fica bem maior do que o ovo que o abrigava. Isso ocorre porque o corpo do inseto distende assim que ele sai do ovo. Predadores naturais: pássaros Ameaças: agrotóxicos e destruição do habitat.

BORBOLETAS

Características: insetos alados que fascinam as pessoas pela beleza de suas formas e cores. As borboletas são eternos visitantes de nossos jardins em qualquer época do ano. No inverno com menor abundância e o auge na primavera-verão. Habitat: existem espécies para todo tipo de ecossistema. Ocorrência: cosmopolita Hábitos: estão ativas logo cedo. Algumas espécies possuem hábito gregário, ou seja, ficam agrupadas durante o dia e no final da tarde se separam em busca de alimento, voltando a se agrupar novamente. O agrupamento serve para se protegerem de predadores.

Alimentação: néctar

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Reprodução : as plantas hospedeiras são aquelas que fornecem alimento e abrigo as formas jovens (lagartas). As borboletas selecionam a(s) planta(s) hospedeira(s) para a postura dos ovos e cujas lagartas, ao eclodirem, se alimentarão da mesma. A fêmea pode depositar seus ovos isoladamente ou em massa. Predadores naturais: pássaros, sapos, formigas e outros predadores. Uma revoada de borboletas torna-se um banquete para algumas espécies de aves.

Ameaças: são várias as espécies de borboletas ameaçadas de extinção no Brasil. A seguir, apresentamos algumas das espécies brasileiras de borboletas ameaçadas:

Heliconius sara apseudes

Uma das mais comuns e abundantes borboletas da Mata Atlântica, encontrada em diversos tipos de habitat, tais como capoeiras, vegetações de restinga e praias. Ocorre do sul até a Paraíba, ao longo da costa brasileira. Voa durante todo o dia nos locais sombrios e ensolarados á procura do néctar de diversas flores de que se alimenta. Seu vôo é lento e baixo, mas, quando perseguida, torna-se rápido e irregular. As lagartas (50 mm) são gregárias e costumam transformar-se em crisálidas, 30 mm, próximas umas das outras. Elas são ferozes competidoras. Os machos são atraídos pelas crisálidas das fêmeas pouco antes da eclosão

das mesmas, que são fecundadas com suas asas ainda não completamente distendidas. Os adultos costumam, dormir em grupos de até cem borboletas, na ponta de galhos secos. Alimentam-se de néctar. Procriam-se durante todo o ano. O ciclo completo é de um mês e meio e o adulto vive durante seis meses. As fêmeas escolhem os brotos novos de diversas espécies de maracujá para efetuarem as posturas gregárias de até duzentos ovos, 1 mm. Mais de uma fêmea pode utilizar o mesmo broto, formando na haste terminal do vegetal uma massa amarela de ovos. Pássaros, anfíbios, formigas entre outros são seus predadores naturais. A espécie encontra-se ameaçada pela destruição do habitat, caça indiscriminada, tráfico de animais e agrotóxicos.

Mechanitis polymnia casabranca

Possivelmente a mais comum das borboletas. As belas crisálidas (17 mm), cor de ouro, mais parecem jóias que o estágio de um inseto. O adulto pode viver vários meses. Habitam as florestas úmidas e bordas de matas, ocorrendo em quase todo o Brasil. Voa durante os doze meses do ano, lentamente e próxima ao solo, em locais sombreados e úmidos ou em clareiras e bordas das matas, à procura de sua flor preferida Eupatorium (Asteraceae). Alimenta-se de néctar e nitrogênio deixado pelo excremento de aves sobre as folhas das plantas, e mesmo de

matérias orgânicas em decomposição. Seu ciclo vital é curto, aproximadamente um mês de ovo a adulto. Os ovos agrupados são colocados em solanáceas, na face superior, e medem aproximadamente 1 mm. As lagartas mantêm-se juntas até o período pré-pupa e, às vezes, mesmo nesse estágio, não se dispersam, não sendo raro encontrarem-se várias crisálidas sob uma mesma folha da planta-alimento. Pássaros, anfíbios, formigas entre outros são seus predadores naturais. Está ameaçada pela destruição do habitat, caça indiscriminada, tráfico de animais e agrotóxicos.

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Borboleta da Praia (Parides ascanius) Bela borboleta negra com detalhes brancos e rosa escuro e com cauda de andorinha. É grande e vistosa com rubras manchas em suas asas. A crisálida, 30 mm, imita um galho seco. Seu habitat se restringe apenas a certos tipos de restinga pantanosa entre o litoral de Campos (Praia de Atafona) e o de Mangaratiba (Muriqui), RJ, regiões que vêm sendo drenadas e colonizadas pelo homem. Ocorre na reserva de Poço das Antas, área protegida, o que talvez evite o total desaparecimento desta bela espécie de borboleta. Seu vôo, pela manhã e à tarde, é lento e gracioso, sobre a vegetação arbustiva, à procura do néctar de diversas flores, tais como o cambará (Lantana camara) e o gervão. Alimenta-se de néctar. As fêmeas, que podem viver até três semanas, colocam seus

ovos isoladamente, às vezes sob a folha da Aristolochia, ou perto da mesma, em galhos secos ou outros suportes. Os ovos são parasitados por pequenas vespas, o que limita a população do inseto e mantém o equilíbrio necessário entre a lagarta, 60 mm, e o hospedeiro vegetal. É evitada por predadores como os pássaros, que a distinguem como impalatável. Isto ocorre, porque a espécie assimila um veneno da única planta-alimento de suas lagartas, Aristolochia macroura. A espécie está na lista de ameaçadas de extinção. Cabe ainda ressaltar, que a caça predatória não é fator determinante da ameaça de extinção em que a espécie se encontra, sendo a exploração imobiliária ao longo do litoral do Rio de Janeiro o real fator.

Morpho achilles achilles

É, provavelmente, o mais representativo Morpho da vasta Amazônia. É dificilmente percebida, pois as asas fechadas apresentam um padrão sombrio que se confunde com o solo da mata. Habita a floresta equatorial amazônica. Mesmo quando populações de outras borboletas declinam em função de fatores climáticos, esta subespécie, pode ser vista o ano todo estando presente em quase todas as biotas com seu vôo rápido, irregular, geralmente a dois metros do solo, em trilhas ou mesmo no mais denso da floresta. Passa horas da tarde alimentando-se. São solitárias, crepusculares, escuras e homocrômicas. Após três meses, quando desenvolvidas (atingem cerca de 60 mm), ocultam-se durante o dia. Perto da ninfose, dispersam-se e adquirem uma tonalidade esverdeada,

fixando-se em folha próxima ao solo úmido. Alimenta-se de substâncias em fermentação, líquidos oriundos de frutos maduros caídos ao chão. As lagartas alimentam-se de diversas leguminosas do sub-bosque da hiléia. À tarde, as fêmeas vão à procura de diversas Fabaceaes para postura sobre as folhas velhas do vegetal. Seus ovos tem aproximadamente 2,5 mm. Está ameaçada pela destruição do habitat.

Seda-azul, corcovado, azulão (Morpho aega aega)

É a menor das borboletas de asas metálicas, alcançando cerca de 10 mm de envergadura. A fêmea pode ser de um azul menos brilhante, amarela ou amarelo-azulado. Os machos apresentam na face superior das quatro asas uma coloração azul metálica de brilho e intensidade inigualáveis. Já as fêmeas apresentam duas formas com colorações distintas: a forma azul e a forma alaranjada. O belíssimo azul das asas provoca a exploração da espécie para uso em bandejas e outros artigos. Habita locais com grande concentração nativa de taquaras ou bambus, ocorrendo no sul e sudeste do Brasil, chegando até às montanhas do centro do Espírito Santo. Em certas regiões voam durante todo o ano, mas no sul aparecem três vezes, com mais abundância em março e dezembro. Os machos aparecem à partir das 9:00, e as fêmeas voam geralmente após as

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12:00. É um dos mais fantásticos espetáculos da natureza a visão de dezenas dessas borboletas voando ao mesmo tempo e se destacando sobre o verde da vegetação. Alimenta-se de bambus nativos (Chusquea), planta alimento de suas lagartas. Durante o período de reprodução, o macho voa em busca de fêmeas, sem levar em conta a cor, uma vez que as azuis, amarelas ou amarelo-azuladas ocorrem na mesma época. As fêmeas virgens são atraídas pelo fascínio da beleza das asas do macho. Os ovos, 1,8 mm são colocados isoladamente ou em pequenos grupos sobre as folhas das taquaras e bambus. Após à eclosão, as lagartas (50 mm) se dispersam e tecem uma seda sob a folha onde passam o dia, saindo à noite para se alimentarem. A crisálida (28 mm), quando sadia, é verde, mas torna-se preta quando atacada por fungos que dizima as populações da espécie na natureza. Fungos e pássaros são seus predadores naturais. Contam-se aos milhões o número dessas borboletas capturadas anualmente e sua extinção só não ocorreu porque as densas populações ocupam imensas áreas de bambus nativos (Chusquea).

Seda-azul, cocovado, azulão (Morpho anaxibia)

É uma das mais conhecidas borboletas brasileiras, símbolo dos trópicos e da sua

exuberância. Chamada vulgarmente de azul-seda, o azul é provocado pela refração da luz em minúsculas escamas transparentes, inseridas nas asas da borboleta, e atrai as fêmeas virgens que os procuram para o acasalamento. O macho que pode chegar até 125 mm de envergadura. A fêmea pode ser de um azul não tão metálico quanto o do macho, com os bordos das asas manchados de branco, de amarelo sobre preto . Há fêmeas com o mesmo padrão, só que de asas amareladas ao invés de azuis. O lado ventral das asas de ambos os sexos é marrom, com manchas ocelares. A coloração azul-metálica é uma adaptação

morfológica para as borboletas cujo vôo ocorre sob os raios solares diretos, pois reflete o calor. Esse azul fascinante das asas do macho serve também para atrair fêmeas virgens. Embora habite o topo das grandes árvores de florestas tropicais, nos dias quentes e secos, cedo, pela manhã, desce aos lugares úmidos para sugar a água. Ocorre no centro e sudeste brasileiros, sendo comum no Rio de Janeiro, nos meses de verão, principalmente fevereiro. Seu vôo é alto, lento e majestoso, aproveitando as correntes aéreas, contrastando-se com o fundo verde da floresta. Os adultos machos realizam breves disputas aéreas. Em março começa a desaparecer, depois da reprodução, ressurgindo no verão seguinte. Os ovos isolados são colocados na parte superior das folhas de diversas plantas, tais como a grumixama (Eugenia), o arco-de-pipa (Erythroxylum pulchrum) e a caneleira. As lagartas, logo que nascem, 3mm, comem a casca do ovo e se alojam na parte inferior da folha, onde tecem uma seda para se fixarem. No crepúsculo, saem para se alimentar, voltando após para o mesmo local, onde passam o dia. Crescem lentamente e em abril ainda estão no primeiro estágio. Antes da fase de crisálida, a lagarta muda de cor, aos 40 mm, cor esta que será da crisálida, 35 mm, e que passa a cinza , pouco antes da eclosão do inseto adulto. Os pássaros são seu maiores predadores naturais. Está ameaçada pela caça criminosa, tráfico de animais silvestres e destruição do habitat.

Heliconius nattereri

Espécie endêmica da Mata Atlântica com ocorrência restrita a uma área que situa-se entre os estados do Espírito Santo e o sul da Bahia. No passado, dentro dessa região, todas as espécies de borboletas do gênero Heliconius alimentavam-se de uma ampla gama de espécies de maracujás. O desmatamento atual dessa região, gerou uma concorrência entre esta espécie e outras do gênero Heliconius , pela planta alimento da lagarta, o maracujá selvagem (Tetrastylis ovalis). Encontra-se classificada na categoria de ameaçada devido à destruição do habitat.

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Mimoides lysithous harrisianus

Borboleta preta, com uma faixa branca nas asas e outra na cor rosa, mais embaixo. Ocorre entre o sul do Espírito Santo e a costa do Rio de Janeiro. Todavia, as únicas populações atualmente conhecidas estão restritas à Reserva Biológica de Poço das Antas, município de Barra de São João. Voa lentamente por cima das plantas. encontra-se ameaçada pela exploração imobiliária, o principal fator que determina o seu processo de extinção.

Heraclides himeros himeros

Ocorre nas regiões Sul e Sudeste do país. Encontra-se ameaçada pela

destruição do habitat.

ESTALADEIRA (Hamadryas feronia)

Quando pousada, é quase imperceptível, devido ao mimetismo das asas, que

imitam o colorido de troncos e liquens.

É de porte médio, com 75 mm de envergadura. Suas crisálidas

assemelham-se a uma folha seca, meio retorcida, com dois prolongamentos no ápice. É assim chamada por produzir

estalidos secos, característicos, durante o vôo. É interessante, também, seu modo de

pousar: cabeça para baixo, asas estendidas sobre o tronco de árvore.

Agrias claudina claudina

É um exemplo de que a caça pode levar uma borboleta a extinção. Em

algumas porções da Mata Atlântica no Sudeste brasileiro, com por exemplo, no Parque Nacional da Tijuca, esta

subespécie já está extinta, por causa da ação dos caçadores de borboletas

que usam suas asas com adornos.

88 (Diaethria clymena) Seu nome é devido aos arabescos existentes no lado ventral das asas posteriores, que formam o número 88. Apresentam, em média, 60 mm de envergadura. Habitam o cerrado, mata atlântica e nos mais diversos ambientes. Voam em locais abertos e iluminados, muitas vezes em busca de frutos caídos, para se alimentar. Alimentam-se de néctar e frutos caídos na mata. A fêmea põe ovos isolados na planta-alimento. A lagarta, ao completar as mudas, instala-se na superfície da folha e se transforma em crisálida. Os pássaros são seus maiores predadores naturais. A espécie está ameaçada pela destruição de seu habitat e à caça.

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Azulão-branco (Morpho athena) Borboleta de grande porte, podendo atingir até 145 mm de envergadura. Habita regiões com altitudes acima de 1500 m. É vista voando em fins de fevereiro, março e abril. O indivíduo adulto alimenta-se de frutos bem maduros, em fermentação. A fêmea, em geral, é guiada pelo cheiro de plantas como o ingazeiro, para pôr os ovos na parte superior de folhas que recebam luz e sombra. Lagartas avermelhadas que continuam agrupadas, imóveis, na ponta dos galhos durante o dia e movimentam-se para se alimentar durante a noite. Os ovos podem ser atacados por fungos ou levados pela chuva. Ameaçada pela destruição do habitat.

FORMIGA LAVA PÉS (Solenopsis spp.)

Características: são polimórficas, possuem dois nós na cintura e as operárias variam de 3mm a 7mm. As antenas possuem 10 segmentos sendo os dois últimos maiores que os anteriores. A coloração varia do marrom avermelhado ao preto. Picam dolorosamente. Habitat: ninhos em locais abertos e com muita incidência de sol. São comumente encontradas em calçadas, gramados e canteiros. Seu ninho consta de um murundu de terra solta que quando mexido observa-se um grande número de operárias e larvas. Podem infestar fiações, aparelhos elétricos e cabines de eletricidade. Ocorrência: em todo o Brasil

Alimentação: todo tipo de alimento

Reprodução: monogínica e reproduz-se basicamente por vôo nupcial. Os ninhos formam um murundum de terra solta.

FORMIGA LOUCA (Paratrechina longicornis)

Características: são polimórficas. As operárias maiores podem ser bastante grandes e são chamadas de soldados. Estas podem medir até 17 mm de comprimento e as menores 3mm. As espécies variam em coloração sendo encontradas do amarelo claro ao preto. Possuem somente um nó na cintura e um círculo de pêlos na abertura anal. Antenas longas. As operárias andam irregularmente, quase em semicírculos, daí a origem do seu nome (louca).

Habitat: Fazem ninhos fora e dentro dos prédios, atrás de pedras usadas em revestimentos de paredes e nas calçadas, atrás de janelas e forros de estuque. Procurando sempre por temperatura alta e adequada para o desenvolvimento da cria.

Hábitos: algumas espécies possuem hábito noturno enquanto outras são observadas forrageando durante o dia.

Alimentação : variedade de alimentos, desde substâncias adocicadas até insetos. Reprodução: a s colônias podem apresentar milhares de operárias. A reprodução ocorre pelo vôo nupcial.

FORMIGA QUEMQUEM (Acromyrmex spp.)

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Características: são formigas cortadeiras, ou seja, cortam material vegetal (folhas e flores). As operárias da quenquém cortam os vegetais levando os pedaços para dentro do formigueiro, onde existe um fungo que as formigas cultivam. As operárias, então, picam em pequeninos pedaços o material vegetal e o inserem no meio do fungo, que vive deste substrato. No Brasil são encontradas as seguintes espécies de quenquéns: Acromyrmex ambiguus (quenquém-preto-brilhante), Acromyrmex aspersus (quenquém-rajada), Acromyrmex coronatus (quenquém-de-árvore), Acromyrmex crassispinus (quenquém-de-cisco), Acromyrmex diasi, Acromyrmex disciger (quenquém-mirim e formiga-carregadeira), Acromyrmex heyeri (Formiga-de-monte-vermelha), Acromyrmex hispidus fallax (Formiga-mineira), Acromyrmex hispidus formosus, Acromyrmex

hystrix (quenquém-de-cisco-da-Amazônia), Acromyrmex landolti balzani (Boca-de-cisco, formiga rapa-rapa, formiga-rapa e formiga meia-lua), Acromyrmex landolti fracticornis , Acromyrmex landolti landolti, Acromyrmex laticeps laticeps (Formiga-mineira e formiga-mineira-vermelha), Acromyrmex laticeps migrosetosus (quenquém-campeira), Acromyrmex lobicornis (quenquém-de-monte-preta), Acromyrmex lundi carli , Acromyrmex lundi lundi (Formiga-mineira-preta, quenquém-mineira e quenquém mineira-preta), Acromyrmex lundi pubescens , Acromyrmex muticinodus (Formiga-mineira), Acromyrmex niger, Acromyrmex nobilis, Acromyrmex octospinosus (Carieira e quenquém-mineira-da-Amazônia), Acromyrmex rugosus rochai (Formiga-quiçaçá), Acromyrmex rugosus rugosus (Saúva, formiga-lavradeira e formiga-mulatinha), Acromyrmex striatus (Formiga-de-rodeio e formiga-de-eira), Acromyrmex subterraneus bruneus (quenquém-de-cisco-graúda), Acromyrmex subterraneus molestans (quenquém-caiapó-capixaba), Acromyrmex subterraneus subterraneus (Caiapó). Muitas pessoas confundem as saúvas com as quenquéns que também são formigas cortadeiras. Para diferenciá-las basta observar o número de pares de espinhos presentes no mesossoma. As quenquéns possuem quatro pares de espinhos e as saúvas três. Cabeça um pouco alongada. As operárias da quenquém são polimórficas e seu tamanho varia de 2,0 a 10,5 mm. Operárias de coloração diferente podem ser observadas dentro do mesmo ninho. As rainhas e machos das quenquéns não têm nomes comuns como as da saúva e ambos são responsáveis pela reprodução da colônia. A biologia das quenquéns é pouco conhecida. Habitat: áreas de matas, abertas ou de lavouras

Ocorrência: em todo o Brasil

Alimentação : envoltas na cultura de fungo são encontradas as larvas que dele se alimentam. Cortam principalmente florestas cultivadas de pinus e de eucaliptos, além de citrus, para produzirem fungos.

Reprodução : os ninhos das quenquéns não são facilmente visualizados como os das saúvas. Podem ser cobertos por palha, terra e fragmentos de vegetais. Algumas espécies fazem montes de terra solta que são bem menores que os das saúvas.

FORMIGA SAÚVA (Atta spp.)

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Características : é uma formiga cortadeira, ou seja, corta material vegetal (folhas e flores). No Brasil ocorrem as seguintes espécies: Atta capiguara (saúva parda), Atta sexdens (saúva limão), Atta bisphaerica saúva mata-pasto, Atta laevigata (saúva cabeça de vidro), Atta robusta (saúva preta), Atta silvai e Atta vollenweideri . Muitas pessoas confundem as saúvas com as quenquéns que também são formigas cortadeiras. Para diferenciá-las basta observar o número de pares de espinhos presentes no mesossoma. As saúvas apresentam três pares de espinhos e as quenquéns quatro pares. Cabeças grandes, cor avermelhada.As operárias possuem cabeça brilhante. As operárias da saúva são polimórficas e são divididas em jardineiras, cortadeiras e soldados. Todas são fêmeas estéreis. As jardineiras são as menores e têm como função triturar pedaços de vegetal e colocá-los à disposição do fungo. As cortadeiras são as de tamanho médio. Elas cortam e carregam os vegetais para dentro do formigueiro. Os soldados são os maiores com a cabeça bastante grande. Cortam as folhas auxiliando as cortadeiras, porém têm como função principal proteger a colônia de inimigos naturais. A rainha das saúvas é chamada de içá ou tanajura. Ela é muito maior que as operárias e facilmente distinguida do resto da colônia. Apenas uma saúva ocorre por formigueiro e quando esta morre em poucos meses o formigueiro se extingue. Os machos são menores que as rainhas e são chamados de bitus. Sua cabeça e mandíbulas são distintamente menores do que as da rainha, sendo assim facilmente identificados.

Habitat: áreas de matas, áreas abertas e de lavouras.

Ocorrência: em todo o Brasil Alimentação: as operárias da saúva alimentam-se basicamente da seiva que as plantas liberam enquanto estão sendo cortadas. Pedaços de material vegetal são levados até o formigueiro onde existe um fungo que as formigas cultivam. As operárias então picam em pequeninos pedaços o material vegetal e o inserem no meio do fungo, que vive deste substrato. Envoltas neste fungo são encontradas as larvas que dele se alimentam. Reprodução: a fundação de novas colônias se faz pelo vôo nupcial que ocorre nos meses de outubro a dezembro. Os ninhos das saúvas são, na maioria das vezes, de fácil visualização. Encontram-se sempre no solo e são formados por montes de terra solta. Sobre estes montes e fora deles podem ser observados vários orifícios, denominados olheiros, por onde as formigas têm acesso ao interior do ninho. Dentro do formigueiro as formigas escavam várias câmaras que são interligadas por galerias. Nestas câmaras podem ser encontrados câmaras com fungo e com lixo e formigas mortas. A câmara onde fica a rainha é denominada câmara real. Predadores naturais: aves, pássaros, lagartos, anfíbios, mamíferos.

GAFANHOTO (Rhammatocerus schistocercoides)

Características: espécie de tamanho grande com a coloração variável de verde a marrom, ou ambas. Habitat: savanas herbáceas (campo) e de savanas arborizadas (campo cerrado e cerrado). Ocorrência: no Brasil temos o chamado gafanhoto do Mato Grosso que já foi localizado na Amazônia, Rondônia, Colômbia, Bolívia, Peru, México, Costa Rica, Uruguai. A área brasileira de ocorrência deste gafanhoto é a zona da Chapada dos Parecis.

Hábitos: comportamento gregário chama muito a atenção. Os enxames voam em baixa altitude (1 a 5 metros acima do solo) com uma densidade

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do enxame pousado em 250 a 500 adultos/m2 e em vôo não ultrapassando a 3 insetos/m3 . São considerados de fraca capacidade migratória pela baixa capacidade de vôo e deslocamento diário (50m para ninfas de 5º estágio). Comportamento de vôo é em função da direção do vento.

Alimentação: fitófago, causando prejuízos em áreas de lavouras. Reprodução: durante o seu desenvolvimento (forma jovem) ocorrem de 8 a 9 estágios. O gafanhoto possui apenas uma geração por ano, as ninfas desenvolvem-se lentamente na estação das chuvas e chegando a fase adulta se reproduzem no começo da estação chuvosa seguinte.

Predadores naturais: formigas, pássaros e índios que os consometorrados ou sob a forma de farinha.

GRILO

Características: insetos saltadores, com aparelho bucal mastigador, que se caracterizam pelos machos possuírem órgãos estridulatórios nas asas anteriores, produzindo som pelo atrito das tégminas. A lgumas vezes os grilos podem causar danos a tecidos, principalmente os de seda e lã. Ocasionalmente um grande número de grilos pode entrar nas residências atraídos pela luz acesa durante a noite. Seu canto tem bastante sonoridade, mas para algumas pessoas chega a ser perturbador. Diferem dos gafanhotos por apresentarem as antenas longas. Os grilos jovens são bastante semelhantes aos adultos e podem ser reconhecidos por não apresentarem asas.

Habitat : áreas urbanas e rurais.

Ocorrência : em todo o Brasil.

Alimentação: tanto os adultos quanto os jovens possuem hábito alimentar semelhante. Ambos alimentam-se de diversas espécies de plantas.

JOANINHA

Características: são conhecidas várias espécies de coleópteros da família dos coccinelídeos, de porte pequeno e normalmente de cores vistosas. O adulto tem um formato oval e tem coloração brilhante.

Habitat: áreas de lavouras, matas, jardins de áreas urbanas e rurais. Ocorrência: em todo o Brasil

Alimentação: predadora em todas suas fases (larval e adulto), e tem como sua principal fonte de alimentação, pulgões e cochonilhas, mas algumas espécies podem se alimentar de plantas. São insetos extremamente úteis, pois controlam as populações destes que são tidos como pragas nas lavouras. Reprodução: suas larvas são um pouco achatadas e alongadas, e são cobertas por tubérculos ou espinhos, e apresentam também faixas de cores.

Predadores naturais: pássaros, aves, anfíbios e répteis Ameaças: agrotóxico

LIBÉLULA (Erythrodiplax fusca)

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Características: corpo alongado e fino. Apresentam a cabeça desenvolvida, flexível, com 1 par de olhos compostos grandes, que ocupam grande parte da cabeça. Apresentam 3 ocelos e antenas curtas (setáceas). As peças bucais são do tipo mastigador, modificadas para apreensão de presas. Mandíbulas são providas de dentes, as maxilas apresentam espinhos e os palpos não segmentados. Os palpos labiais são modificados em 2 grandes lobos, cada um com 1 gancho móvel, terminando em um espinho. Meso e metatórax fundidos, formando o pterotórax, o qual apresenta 2 pares de asas membranosas, com rica venação (constitui um importante caráter taxonômico), geralmente transparentes, muito semelhantes em tamanho. As ninfas são aquáticas, com brânquias internas ou externas. Pernas são relativamente curtas, adaptadas para segurar as presas e para a cópula, não sendo utilizadas

para caminhar. O abdome é alongado e cilíndrico. Apresenta 10 segmentos. Em ambos os sexos o segmento terminal apresenta 1 par de apêndices anais. Os machos possuem os esternos dos segundo e terceiro segmentos modificados em genitália. Fêmeas com ovipositor desenvolvido. V ôo poderoso e muito ágil. Base das asas posteriores mais largas que as anteriores. Os adultos em repouso têm as asas afastadas e estendidas na horizontal, por vezes dirigidas para frente.

Habitat : áreas urbanas e rurais, jardins, margens de matas próximas à água. Ocorrência: em todo o Brasil Hábitos: atividade tipicamente diurna, mas eventualmente crepuscular e mesmo noturna. Em geral apresentam comportamentos complexos de corte e defesa de territórios.

Alimentação: completamente inofensivos para o ser humano, também exercem uma ação purificadora sobre o ambiente. Eles são predadores insaciáveis de moscas, mosquitos, besouros, abelhas, vespas que apanham em vôo e, em alguns momentos, se alimentam da sua própria espécie. Só por isto já deviam merecer um pouco mais da nossa atenção.

Reprodução: voam em grandes bandos pelos leitos dos rios para efetuarem a sua desova. A cópula pode ocorrer várias vezes num mesmo dia, no ar ou sobre algum substrato. Os machos seguram as fêmeas e a transferência de esperma ocorre pelo contato das genitálias, através de flexão do abdome da fêmea. Ocorre comportamento de corte, envolvendo estímulos táteis, químicos e visuais. Os ovos e as larvas deste inseto se desenvolvem na água. As fêmeas depositam os ovos no interior de plantas aquáticas ou na superfície de rios, lagos e pântanos. Em geral, o estágio de ninfa dura de 6 a 18 meses, com extremos conhecidos de 8 a 10 semanas. As formas jovens das odonatas vivem escondidas entre vegetação submersa, entre a vegetação das margens ou sobre pedras. As larvas desses insetos dependem do oxigênio contido na água para sua respiração, por isso a preferência por águas bem oxigenadas e límpidas. Predadores naturais: pássaros, aves, peixes, répteis e anfíbios. Ameaças: no momento que o meio encontra-se poluído, baixa o nível de oxigênio, ocasionando um desequilíbrio da espécie. Por isso serve como bioindicador da qualidade ambiental do local que em que encontram. Poluição e destruição do habitat. Fêmeas adultas também podem ser atacadas quando depositando seus ovos na água e tanto machos quanto fêmeas podem ser predados por aranhas, vespas e pássaros insetívoros. Os ovos podem sofrer ataque de hymenópteros parasitóides.

LOUVA DEUS (Mantis religiosa)

Características: cabeça triangular, se movimenta facilmente, com antenas curtas e delgadas. Coloração verde ou castanho. Fêmea mede em torno de 5 cm de comprimento. Ele tem olhos muito desenvolvidos e por isso, enxerga muito bem, o que ajuda quando precisa caçar para se alimentar. Suas patas dianteiras são usadas para caçar. O louvadeus fica parado nas plantas esperando. Quando um outro inseto chega perto, ele rapidamente pega este mosquito ou borboleta com suas patas. Tem este nome justamente porque enquanto espera outro inseto fica com as patas paradas como se estivesse rezando. As patas traseiras (pernas) são muito fortes e usadas para andar, pular e ajudar quando vão voar. Nas plantações, ajuda a combater os insetos que destroem as plantas. Habitat: matas e áreas de muita vegetação

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Ocorrência: em todo o Brasil Hábitos: conseguem se confundir com as plantas por causa de sua cor e por ficarem imóveis por longos períodos de tempo. Isso é importante para que não sejam comidos por outros animais, como pássaros e morcegos.

Alimentação: carnívoro, se alimentando de outros insetos como mosquitos. Predadores naturais: aves, pássaros, primatas

Ameaças: destruição do habitat.

MAMANGABA (Bombus sp.)

Características: são também conhecidas por mangangá, mangava, mangaba, abelhão, bombolini, vespa-de-rodeio, vespão. S ão as grandes abelhas solitárias ou sociais e bastante peludas . A maioria é preta e amarela e quando voam emitem um zumbido alto. São polinizadoras importantes e contribuem para a manutenção de muitas espécies de plantas nativas, sendo essenciais para a polinização dos maracujás, por exemplo. Como são nativas e de grande importância nos ecossistemas.

Habitat: áreas rurais e urbanas, matas, margem de matas.

Ocorrência: em todo o Brasil

Hábitos: raramente picam, a não ser que as seguremos com as mãos. Apesar de terem o tamanho avantajado são extremamente dóceis, possibilitando que as observemos coletando o néctar e pólen das flores.

Alimentação: néctar e pólen. Reprodução: nidificam no solo ou em madeira seca. Seus ninhos são encontrados no solo ou em ocos de árvores e em algumas épocas do ano as mamangavas são observadas em grande quantidade. Ameaças: agrotóxicos

MARIMBONDO (Trypoxylon figulus)

Características: insetos muito comuns no nosso dia-a-dia. Atuam na polinização das plantas e também fazem o controle de pragas agrícolas uma vez que utilizam-se de insetos para alimentar as crias. Portanto, é bastante útil preservá-los. São atraídos por carne, peixes, sucos de frutas e xarope de gengibre. Vistos como inimigos devido a suas ferroadas doloridas e combatidos com fogo e inseticidas, os marimbondos têm seu lado bom. Essa influência positiva sobre o meio ambiente levou pesquisadores a desenvolver estudos para aproveitar os marimbondos no controle biológico de pragas. Marimbondo é o nome comum para designar himenópteros (vespas) das famílias Vespidae, Pompilidae ou Sphecidae. Existem espécies solitárias e sociais. Os marimbondos (vespas) solitários fazem seus ninhos das mais diversas formas, mas a maioria caça lagartas

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e leva para dentro de seus ninhos para servirem de alimento às larvas. Identifica-se um marimbondo solitário, pois, na maioria das vezes, possuem coloração preta com manchas amarelas e variam de 10 a 25 mm de comprimento. Contribuem para a polinização das plantas e também fazem o controle de pragas agrícolas uma vez que utilizam-se de insetos para alimentar as crias. Portanto, é bastante útil preservá-los na propriedade.

Habitat: áreas rurais e urbanas, matas, cerrados.

Ocorrência: em todo o Brasil.

Hábitos: diurnos.

Alimentação: insetos como cupins, formigas, lagartas, gafanhotos e mosquitos, entre eles o Aedes egypti , transmissor da dengue e aranhas. Os adultos alimentam-se de néctar das plantas e picam dolorosamente. Os marimbondos são atraídos por carne, peixes, sucos de frutas e xarope de gengibre. Essa influência positiva sobre o meio ambiente levou pesquisadores a desenvolver estudos para aproveitar os marimbondos no controle biológico de pragas.

Reprodução: fazem ninhos que consistem de várias células hexagonais que ficam dentro de um envelope semelhante ao papel. Podem instalar-se em locais abertos, presos a galhos, sob telhados ou qualquer outro local protegido.

Predadores naturais: pássaros, aves.

MARIPOSA

Características: também conhecidas por bruxas, as mariposas pertencem à Ordem Lepidoptera, mesmo grupo das borboletas. Apresentam 4 fases distintas em seu desenvolvimento: ovo, lagarta - fase jovem, crisálida - transformação e mariposa - fase adulta. Na cabeça tem 1 par de antenas, 1 par de olhos compostos (formados por várias lentes) e a boca, na forma de um canudinho usado para sugar o néctar das flores. No tórax tem 6 patas e em geral 2 pares de asas. No abdômem encontram-se os órgãos vegetativos e reprodutivos. Diferenciamos uma mariposa de uma borboleta porque as mariposas têm hábito noturno, voam à noite, possuem corpo volumoso, quando pousam as asas permanecem abertas e as antenas são filiformes (em forma de fio), isto é, todos os segmentos (artículos) apresentam o mesmo diâmetro, da base até o ápice, semelhante a um fio ou plumosas (em forma de pena), em geral com cores escuras, embora haja exceções. Quando em repouso, as mariposas mantém as asas estendidas horizontalmente para os lados. As borboletas têm hábito diurno, voam durante o dia e quando pousam mantém as asas fechadas, perpendiculares ao corpo e as antenas são clavadas, isto é, o último artículo, o da ponta, tem forma de clava parecendo um mini taco de golfe. Possuem asas de cores brilhantes e variadas. Em média, uma mariposa ou borboleta vivem 2 semanas, variando com a espécie. Algumas podem viver por 2 dias, enquanto outras podem viver por 6 meses a um ano. Suas asas podem ter cores que imitam (mimetizam) as espécies de plantas ou de outras borboletas ou mariposas tóxicas e assim acabam sendo protegidas dos predadores. Algumas borboletas e mariposas possuem cores semelhantes às do ambiente, ficando "camufladas" e portanto menos visíveis para os predadores.

Habitat: áreas rurais e urbanas, matas, jardins.

Adeloneivaia subangulata

Arsenura biundata

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Ascalapha odorata

Automeris naranja

Ocorrência: são encontradas em todos os continentes, exceto na Antártida.

Hábitos: noturnos.

Alimentação: néctar e substancias adocicadas. Reprodução: a ssim que saem da crisálida, as mariposas estão prontas para reproduzir. Os machos localizam as fêmeas visualmente e através de feromônios (hormônios produzidos pelos animais para atrair o sexo oposto). Se a fêmea aceita o macho, eles unem a parte final de seus abdômens e se mantém assim por algum tempo, permanecendo em um mesmo lugar ou realizando pequenos vôos. Durante este período, o macho passa para a fêmea um "pacote de esperma" chamado espermatóforo, o qual irá fertilizar os ovos. A lagarta é a fase da vida do inseto na qual ocorre o crescimento e acúmulo de reservas, mas a lagarta não se reproduz. A mariposa (adulta) é a fase de reprodução, postura de ovos e dispersão, portanto é nesta fase que ocorre a produção de novos indivíduos e a colonização de novos ambientes.

Predadores naturais: pássaros, aves, répteis e anfíbios. Ameaças: destruição do habitat, poluição, caça indiscriminada, agrotóxicos. Borboletas, mariposas e suas lagartas, necessitam de plantas e ambientes específicos para sua sobrevivência e por essa razão são especialmente vulneráveis à degradação ambiental. Em todo o mundo, há várias espécies sob risco de extinção. No Brasil, segundo o IBAMA, Portaria nº 1522/1989 e nº 45-n/1992 a lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção, inclui 25 borboletas, das quais 4 são consideradas extintas.

Caio romulus

Citheronia brissotti brissotti

Citheronia laocon

Eacles ducalis

Eumorpha fasciatus fasciatus

Isognathus caricae

Procitheronia principalis

Protambulix strigilis

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Othorene cadmus

Pseudoautomeris hubneri

Rothschildia aurota speculifer

Rothschildia hesperus betis

MOSCA (Musca domestica)

Características: é uma espécie não picadora, provida de tromba mole. É vetor de inúmeras doenças, como cólera, febre tifóide e disenteria. É atraída para os diferentes locais através do cheiro, que é disperso pelo vento.

Habitat: muito encontradas em áreas rurais e urbanas. Ocorrência: em todo o Brasil.

Hábitos: cosmopolitas. Têm maior atividade nas horas mais quentes do dia e à noite passa um longo período de repouso, pousada em fios, cercas, vegetações, etc. Esse período de descanso pode ser "comparado" ao sono do homem ou de animais, entretanto dormir é uma característica que não se aplica às moscas, tampouco a outros insetos, elas apenas repousam, não fecham os olhos, deitam, sonham, etc. Vários estudos demonstraram que a mosca doméstica pode levar os bacilos da febre tifóide (Salmonella typhosa) nas pernas, corpo, tromba ou expulsá-la pela regurgitação ou nas fezes. Pode transmitir ainda diarréia, conjuntivites, lepra, tuberculose, tifo, gonorréia, erisipelas, cólera, meningite cérebro-

espinal, peste bubônica, entre outras. Muitas doenças causadas por vírus também podem ser transmitidas pela mosca doméstica, tais como, varíola, poliomielite, oftalmia purulenta, etc. Veiculam ainda protozoários, podendo causar a disenteria amebiana, além de vermes, pois trazem seus ovos quando pousam em fezes humanas ou esterco de animais e logo a seguir entram em contato com o alimento humano. Alimentação: alimenta-se de quase todo tipo de restos alimentares, estrume e líquidos, como sucos, sangue, chorume do lixo, etc. Suas larvas também não são exigentes no quesito alimentação, evoluindo rapidamente até a fase adulta, que é alcançada em aproximadamente uma semana, no verão.

Reprodução: ovos são brancos e ovóides, com uma das extremidades mais larga, medindo cerca de 1mm de comprimento. Cada fêmea coloca por volta de 120 a 150 ovos de cada vez, sendo depositados em substâncias orgânicas, como lixo, esterco ou qualquer outro tipo de matéria orgânica em decomposição. Os ovos demoram geralmente de 8 a 24 horas para a eclosão das larvas, dependendo da temperatura. As larvas recém eclodidas são brancas e muito ativas e passam por 3 estágios de desenvolvimento, também denominados estádios ou ínstares. É na fase larval que a mosca cresce, assim, o tamanho da mosca adulta depende do tamanho máximo que a larva alcançar. Podem pupar na própria matéria orgânica em decomposição ou abandonam o lugar onde vinham se alimentando e procuram um local mais seco, como a terra fofa ou arenosa, onde penetram. O pupário, no qual encontra-se a pupa, é endurecido, escuro e tem forma de um pequeno barril. No verão a fase de pupa dura de 3 a 6 dias, mas nos dias mais frios este período pode ser prolongado, chegando a várias semanas. Assim que a mosca completa sua transformação para o estágio adulto, que ocorre dentro da pupa, a mosca abre uma das extremidades do pupário com a cabeça, estende suas asas e sai. As fêmeas copulam logo após a emergência ou 24 horas depois. Iniciam a postura dos ovos após 2 ou 3 dias, sendo que este período pode se prolongar até o vigésimo dia após a emergência. Uma fêmea pode fazer até 6 posturas, depositando a média de 400 a 900 ovos durante toda a sua vida. Predadores naturais: aves, pássaros, aracnídeos, répteis e anfíbios.

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MOSCA VAREJEIRA (Chrysomya sp.)

Características: a limentar-se de um produto onde pousaram estas moscas pode ocasionar doenças e parasitas intestinais, bem como poliomielite. São vetores de doenças por via mecânica.

Habitat : são encontradas nos lixões, abatedouros, pocilgas e nas feiras livres, onde existe carne de peixe e frango expostas.

Ocorrência: foram observadas pela primeira vez no Brasil em 1975. Desde então encontra-se distribuída em todo o país.

Alimentação: restos de comida, matéria orgânica em decomposição, substâncias adocicadas, etc.

Reprodução: os ovos podem ser depositados sobre outros dípteros e sobre animais ou o homem. A larva penetra na pele quando esta possui alguma ferida, sendo incapaz de penetrar na pele sã. A larva se alimenta das exsudações da ferida (pus e outras secreções). Uma vez madura a larva abandona o hospedeiro e cai no solo penetrando dentro da terra. Predadores naturais: pássaros, aves, anfíbios e répteis.

MOSCA DE BANHEIRO (Psychoda sp.)

Características: também conhecidas por moscas dos filtros. São aquelas comumente encontradas no banheiro das residências. A sa de ponta arredondada. Os adultos são pequenos, variando de 3 a 5 mm de comprimento, de coloração enegrecida e não têm a capacidade de picar. Não existem registros de doenças transmitidas ao ser humano por estas mosquinhas. Tamanho de 1,5 a 5 mm, coloração acinzentada, com longevidade de 2 semanas.

Habitat : locais úmidos, ralos e banheiros

Ocorrência: em todo o Brasil Hábitos: costumam pousar nas paredes e até mesmo em nosso corpo quando estamos no banheiro.

Alimentação: fungos que se desenvolvem em seus habitats.

Reprodução: seus ovos são depositados nas paredes dos ralos, próximo à superfície da água. Se criam nos encanamentos e ralos das residências, chegando a causar desconforto aos habitantes.

Predadores naturais: aracnídeos

MOSQUITO DA DENGUE (Aedes aegypti)

Características: espécie nativa da África e foi descrita originalmente no Egito. É uma das espécies responsáveis pela transmissão do dengue e febre amarela (arboviroses). Possui coloração escura e manchas brancas pelo corpo. As fêmeas picam preferencialmente ao amanhecer e próximo ao crepúsculo, mas podem picar em qualquer hora do dia. Elas podem picar qualquer animal, mas o homem é o mais atacado. Esta espécie abandona o hospedeiro ao menor movimento, passando, desta forma, por vários hospedeiros disseminando-se assim a doença.

Habitat: locais onde normalmente são encontradas suas larvas são: pneus, pratos de vasos, latas, garrafas, caixa d'água e cisternas mal fechadas, latas, vidros, vasos de cemitério, piscinas, lagos e aquários abandonados, entre outros.

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Ocorrência: todo o Brasil

Hábitos: diurnos.

Alimentação: hematófago

Reprodução: utiliza recipientes artificiais com água parada para depositar seus ovos que são fixados acima do nível da água. Estes resistem a longos períodos de dessecação, o que permite que seja transportado facilmente de um local para o outro.

Predadores naturais: pássaros, aves, anfíbios, répteis.

MOSQUITO PÓLVORA ou MARUIM (Culicoides furens)

Características: também conhecidos como borrachudos, são mosquitos pequenos, entre 1 e 2 mm de comprimento, com coloração escura, com peças bucais picadoras curtas, antenas longas e pilosas nas fêmeas e plumosas nos machos. As asas têm venação característica, poucas nervuras, muitos pêlos e sem escamas, com ápice arredondado.

Habitat: muito comuns próximos a cursos de água, principalmente em áreas de maré, ricas em matéria orgânica em decomposição, onde suas larvas se desenvolvem. Encontrado no interior, em matas úmidas e brejos. É vetor da filária (Manzonella ozzardi) na América Central, do Sul e Haiti, encontrando-se alta prevalência de indivíduos parasitados em zonas endêmicas. Sabe-se que podem transportar diversos vírus e patógenos para mamíferos e aves silvestres. Ocorrência: em todo o Brasil. Hábitos: as fêmeas têm hábitos crepusculares de hematofagia e podem picar com voracidade. Adultos voam pouco, não indo muito além dos criadouros para realizar a picada.

Alimentação: fêmeas hematófagas causando um ardor no local da picada, o que justifica alguns de seus nomes: mosquito-pólvora ou simplesmente pólvora. Reprodução: suas larvas vivem na água doce ou salgada, conforme a espécie

Predadores naturais: pássaros, aves, répteis, anfíbios.

MURIÇOCA (Culex quinquefasciatus)

Características: também conhecidos como pernilongo, O fim das chuvas favorece o aparecimento deste inseto que, se já não bastasse o zumbido desagradável que fazem em nossos ouvidos, ainda picam. Transmite um tipo de filariose conhecida como elefantíase.

Habitat: solos alagados, lagoas e córregos poluídos pelo homem nos centros urbanos.

Ocorrência: todo o Brasil. Hábitos: noturnos

Alimentação: hematófago. Aquele "bzzzzzzz" infernal que não deixa você dormir é sinal de um inseto faminto em busca do seu jantar. Reprodução: com o fim das chuvas, as muriçocas proliferam, pois os rios secam e as poças d'água pequenas tornam-se viveiros ideais. Afinal elas "gostam" de água suja e com temperatura mais alta. No verão, as fêmeas saem de suas tocas famintas, prontas para picar alguém e extrair do sangue a energia para maturar seus ovários e reproduzir.

Predadores naturais: pássaros, aves, répteis, anfíbios.

MUTUCA (Tabanus bovinus)

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Características: corpo redondo, colorido com tonalidades vivas e brilhos metálicos. Possuem a abdome fusiforme, cabeça volumosa mais larga que o tórax, olhos ocupam quase toda a superfície, antenas curtas, aparelho bucal curto tipo picador-sugador, tromba adaptada para picar e sugar, asas claras com pequenas manchas , antenas relativamente longas e tamanho maior que o de uma mosca doméstica . Ataca o gado bovino e equino, de grande porte, com comprimento variando de 2 a 2,5 cm.

Larvas são anfíbias com forma de cones alongados. Têm dois ganchos na cabeça e o abdome almofadado. Isso lhes permite rastejar em chão úmido sobre plantas aquáticas. As mandíbulas da mutuca são como um par de espadas afiadas, com saliências nos lados como se fossem serras, e que se cruzam como as lâminas de uma tesoura. Suas maxilas são como pequenas lanças de ponta aguçada, capazes de entrar e sair de um orifício como se fossem uma broca pneumática. Mas isso não é tudo. Esse estranho cirurgião, como se estivesse numa sala cirúrgica, suga o sangue de sua vítima, usando seu aparelho sugador. Finalmente, usa um anticoagulante para que o sangue não coagule. A picada da mutuca em si não é prejudicial, embora seja dolorosa, contudo, pode transmitir moléstias: a doença do sono ao ser humano na África e aos cavalos na Índia. No campo este inseto incomoda o gado e cavalos, pousando geralmente na região da anca, dorso do animal, pescoço e patas, locais onde o animal dificilmente consegue "espantá-las". Além de perturbarem o hospedeiro, podem transmitir agentes infecciosos e desencadear reações alérgicas.

Habitat : áreas rurais, pastagens e capoeiras. Vivem em geral próximas aos criadouros, abrigando-se nas matas.

Ocorrência: todo o Brasil

Hábitos: pica durante as horas quentes do dia. Raramente invadem casa e estábulos, preferindo picar animais a céu aberto. Predominam nos meses quentes e chuvosos, emergindo os adultos sempre nas mesmas estações do ano. Alimentação: as larvas são carnívoras, alimentam-se de pequenos invertebrados de água doce. As fêmeas alimentam-se de sangue, isto é, são hematófagas. Os machos alimentam-se de pólen e néctar das flores.

Reprodução: os ovos são colocados às centenas em plantas aquáticas e junto das águas e as larvas desenvolvem-se na água.

Predadores naturais: peixes, anfíbios, aves, pássaros e répteis.

PERCEVEJO (Nezara viridula)

Características: são mais conhecidos como percevejo verde, maria-fedida ou fede-fede, pois exalam um odor desagradável quando se sentem ameaçados. Na fase adulta, conforme indicado por seu nome comum, o percevejo apresenta coloração verde, tendo manchas vermelhas nos últimos segmentos de suas antenas. Pode causar prejuízos em vários tipos de culturas agrícolas. As ninfas são brancas, os adultos, usualmente ao redor de 10 mm de comprimento, são de coloração castanha, com suas patas anteriores adaptadas para escavar.

Habitat: áreas de lavouras, pastagens, bordas de matas, jardins de áreas rurais e urbanas. Ocorrência: em todo o Brasil, e m níveis mais elevados nos meses de outubro e novembro. Hábitos: os adultos não possuem período hibernal constatado durante o inverno. As formas jovens, desde que nascem, alimentam-se da seiva, introduzindo seu aparelho bucal nos tecidos das folhas, hastes e frutos, com um ciclo médio em torno de 46 dias. Os adultos tem o mesmo hábito das ninfas, com uma longevidade de 60 dias aproximadamente.

Alimentação: onívoro. São insetos sugadores de seiva das folhas, caules, flores e frutos, alimentando-se de uma grande variedade de plantas hospedeiras, o que lhe assegura sobrevivência em extensas áreas. No ato da alimentação, os percevejos injetam toxinas nos grãos e nos orifícios deixados pelo aparelho bucal dos insetos, penetrando microor-

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ganismos que determinam o chochamento dos grãos causando depreciação do produto no ato da comercialização. Além disso, as toxinas atingem as plantas determinando uma redução em sua produtividade.

Reprodução: põem ovos alongados e ligeiramente curvos, com as extremidades arredondadas, a princípio brancos que vão se tornando avermelhados à medida que o momento da eclosão da ninfa se aproxima. Esses ovos são colocados na face inferior das folhas, em massas de forma hexagonal, contendo cerca de 100 ovos. Após a eclosão, as ninfas de primeiro estágio permanecem agregadas em torno da postura ou movimentam-se em colônias sobre as plantas. As formas jovens, ao longo de seus cinco períodos ninfais apresentam variações distintas de coloração que vão do vermelho brilhante, com uma larga faixa dorsal branca na região anterior do abdome, passando pelo alaranjado, notando-se o surgimento de tecas alares e pelo marrom-alaranjado, com as tecas alares atingindo a região posterior do primeiro segmento abdominal até se tornarem negros, com as tecas alares atingindo além do segundo segmento abdominal. Imediatamente ao momento da eclosão, as ninfas se põem a sugar a seiva. No primeiro estágio apresentam coloração alaranjada. No segundo estágio, quando as ninfas apresentam cor geral preta, também pode ser observado seu agrupamento em colônias sobre as plantas. A partir do quarto estágio as ninfas assumem coloração verde, com manchas amarelas e vermelhas sobre o dorso. Sob determinadas condições, tanto as ninfas do quarto como as do quinto estágio podem apresentar coloração preta na parte dorsal do abdômen.

Predadores naturais: aves, pássaros, répteis e anfíbios.

Ameaças: agrotóxicos.

PIOLHO (Pediculus humanus)

Características: é um ectoparasito hematófago que se especializou para o corpo humano (é exclusivo do ser humano), sua infestação é conhecida como pediculose, e é sinônimo de falta de higiene, sendo particularmente severa em episódios de desordens sociais, como na guerra ou crises sociais. É vetor do tifo exantemático (Rickettsia prowazeki), febre recorrente (Borrelia recurrentis) e febre das trincheiras (Rickettsia quintana). São insetos sem asas, de coloração escura, tamanho pequeno. Corpo apresenta divisão clara em cabeça, tórax e abdome. O seu ovo fixa-se ao fio de cabelo por uma substância pegajosa, assumindo a forma vulgarmente conhecida como lêndea. Usualmente as lêndeas podem ser encontradas aderidas as fibras dos tecidos das roupas, assim como o próprio inseto.

Habitat :cabelo do ser humano

Ocorrência: em todo o Brasil.

Alimentação : se alimentam exclusivamente de sangue humano. As ninfas e adultos do piolho alimentam-se diversas vezes ao dia, isto é, sugam o sangue da pessoa infestada. Ao sugarem, injetam saliva dentro da ferida para prevenir a

coagulação do sangue, por isso ocasionam a coceira. Porém, esta só se inicia após algumas semanas da picada, indicando que, quando ela ocorre, a pessoa já está com piolhos há pelo menos um mês. Os piolhos não transmitem doenças, são simplesmente um incômodo para a pessoa infestada. É muito comum crianças serem infestadas por piolhos. A infestação ocorre através de contato direto com objetos infestados com piolhos, tais como chapéus, escovas de cabelo, pentes, travesseiros, encostos de cadeiras, assentos de carros ou contato com pessoas com piolho.

Reprodução: seus ovos são endurecidos e de coloração branco perolada e são vulgarmente conhecidos por lêndias. Estas são depositadas no fio de cabelo, próximo ao couro cabeludo. Os locais preferidos para postura são no cabelo da região da nuca e próximo as orelhas, porém, as lêndias podem ser encontradas aderidas aos fios de cabelo de toda a cabeça. Após cinco a quatorze dias da postura dos ovos nascem as ninfas, que são muito semelhantes aos piolhos adultos. Estas crescem e trocam de pele três vezes, isto é, sofrem três mudas antes de atingirem o estágio adulto. Quando adultas, as fêmeas depositam de 50 a 100 ovos antes de morrer. O ciclo de vida completo de um piolho dura aproximadamente um mês. A maturidade sexual nos adultos ocorre em 4 horas, com cópula imediata.

PULGA (Pulex irritans)

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Características: são pequenos insetos ectoparasitos de aves e, principalmente, mamíferos. Medem geralmente menos de 5 milímetros de comprimento e suas partes bucais são adaptadas para cortar a pele e sugar o sangue do hospedeiro. Não têm asas, mas possuem pernas extremamente fortes, especialmente o par posterior, que possibilita às pulgas moverem-se rapidamente e pularem distâncias muito maiores que o comprimento de seu corpo. As pulgas adultas possuem coloração marrom avermelhada, corpo endurecido (difícil de esmagar entre os dedos), possuem três pares de pernas (pernas posteriores mais largas para possibilitar o salto) e são achatadas verticalmente, o que facilita seu movimento entre os pêlos ou penas do hospedeiro. Os olhos são reduzidos ou mesmo ausentes. O aparelho bucal é do tipo mastigador. As pulgas não

causam somente desconforto ao homem e seus animais domésticos, mas também problemas de saúde, tais como, dermatites alérgicas, transmitem viroses, vermes e doenças causadas por bactérias (peste bubônica, tularemia e salmonelose). Apesar das picadas serem raramente sentidas, a irritação causada pelas secreções salivares pode se agravar em alguns indivíduos. Algumas pessoas sofrem uma reação severa resultante de infecções secundárias ocasionadas pelo ato de coçar a área irritada. Picadas no tornozelo e pernas podem, em algumas pessoas, causar dor que pode durar alguns minutos, horas ou dias, dependendo da sensibilidade do indivíduo. Em algumas pessoas não ocorre qualquer reação. A reação típica da picada é a formação de uma pequena mancha dura, avermelhada com um ponto em seu centro. Pode viver até 513 dias. Ocorrência: em todo o Brasil

Hábitos: a ausência de movimento detona processos biológicos que levam as larvas a eclodirem dos ovos e os adultos a emergirem de suas pupas. Por isso, que a falta de movimento na casa durante as férias ou durante o período em que um imóvel não é alugado é fator determinante na infestação de pulgas. Os ovos e as pupas são "impermeáveis" à inseticidas, cuja ação se restringe às larvas e aos adultos da pulga. As vezes, famílias que viajam por um período razoável de tempo, quando voltam, encontram a residência infestada por pulgas. Isto ocorre porque a casa fica fechada sem hospedeiros (cães e gatos). Assim que a família retorna, ela é atacada pelas pulgas que nasceram no período. São excelentes saltadoras, podendo saltar verticalmente uma altura de aproximadamente 18 cm e horizontalmente 33 cm. Alimentação: somente o adulto é hematófago, isto é, alimenta-se de sangue que pode ser de aves ou mamíferos. Algumas espécies de pulgas dão preferência a uma única espécie de hospedeiro, porém, a maioria pode sugar várias espécies de animais. Por este motivo, as pulgas transmitem doenças ao homem e a outros animais. As larvas das pulgas não possuem pernas, são cegas e evitam a luz. Seu alimento consiste de fezes das pulgas adultas, pele, pêlo e penas. Elas não sugam sangue. As fêmeas adultas não conseguem depositar ovos sem uma refeição, mas os adultos, tanto machos, quanto fêmeas podem sobreviver de dois meses a um ano sem se alimentar.

Reprodução: o s ovos das pulgas são depositados sobre o hospedeiro, em seu ninho, ou no chão. São esbranquiçados, lisos e ovais. As fêmeas adultas botam ovos (ovipositam), que se transformam em larvas quando encontram boas condições ambientais que, por sua vez, empupam para se transformarem em adultos. Este ciclo se completa por volta de 30 dias, dependendo das condições de temperatura e umidade. As pupas possuem um casulo de seda fabricado pela larva de último ínstar onde ficam aderidos pêlos de animais, poeira e outras sujeiras. Em aproximadamente 5 a quatorze dias as pulgas adultas emergem ou permanecem em repouso dentro do casulo até a detecção de alguma vibração, que pode ser ocasionada pelo movimento de um animal ou homem e quando um animal deita-se sobre ela. A emergência pode ser ocasionada também pelo calor, barulho ou pela presença de dióxido de carbono que significa que uma fonte potencial de alimento está presente.

Predadores naturais: pássaros

PULGÃO

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Características: são de grande importância econômica, pois podem ocasionar sérios prejuízos às plantas cultivadas. Apresentam corpo mole, piriforme, isto é, em forma de pêra sendo encontrados em grande quantidade sobre os ramos e botões florais. Provocam o enrolamento ou murchamento da planta, além de serem vetores de microrganismos que causam doenças às plantas. Alguns pulgões podem apresentar asas que, em repouso, são mantidas verticalmente sobre o corpo. Na parte posterior do abdome dos pulgões existe um par de cornículos, estruturas tubulares que funcionam como tubos secretores de cera.

Habitat: são muito comuns nas plantas ornamentais, principalmente nas roseiras. Ocorrência: em todo o Brasil

Alimentação: sugam a seiva das plantas eliminando uma substância adocicada denominada "honeydew". Esta substância corresponde ao excesso de seiva sugada pelo inseto, que uma vez em contato com a planta possibilita o crescimento de um fungo negro denominado fumagina. Este fungo impede que a planta exerça suas funções podendo levá-la a morte. As formigas também são atraídas pelo "honeydew".

Reprodução: por partenogênese, isto é, as fêmeas não precisam ser fecundadas para dar origem a outras fêmeas. No entanto, em algumas épocas do ano, é possível visualizar machos na população. Quando isto acontece, ocorre reprodução sexuada (com cópula), dando origem a machos e fêmeas. Os machos normalmente aparecem quando existe superpopulação de pulgões em uma única planta hospedeira, a planta hospedeira está morrendo, a temperatura ambiente está mais baixa, entre outras situações. Fêmeas vivíparas, isto é, que dão a luz formas jovens, sem botar ovos, produzem óvulos antes de nascerem. Isto significa que um embrião pode existir dentro de outro maior e mais maduro, já que elas reproduzem assexuadamente, como descrito anteriormente. Desta forma, um pulgão fêmea pode conter dentro de si não só os embriões de suas filhas, mas também os de suas netas, que já estão se desenvolvendo dentro de suas filhas. A partenogênese, combinada com estas gerações telescópicas dão aos afídeos uma capacidade incrível de reprodução, onde ocorrem imensas populações em um tempo muito curto.

Predadores naturais: joaninhas, pássaros, anfíbios, répteis, pequenos mamíferos (primatas).

TATURANA (Lonomia obliqua)

Características: as lagartas taturanas (tata = fogo; rana = semelhante) são também conhecidas por lagartas urticantes e lagartas de fogo. Pertencem à Ordem Lepidoptera, grupo que abrange as mariposas e borboletas. Têm grande importância médica, pois, o contato das cerdas (pêlos) de algumas espécies com a pele humana pode causar lesões graves. Estas cerdas possuem glândulas na base ou no ápice, que produzem toxinas que causam as irritações.Possuem cerdas endurecidas sobre o corpo que lembram pinheirinhos de natal. As lagartas no último estágio de desenvolvimento são grandes (6 a 7 cm de comprimento). A coloração normalmente é esverdeada com manchas brancas ou amarronzadas. A pupa é marrom escura e ocorre entre folhas secas ou no solo. São muito perigosas , pois t ocando em suas cerdas, você pode sentir queimação, hemorragias e outros sintomas que podem levar até à morte. O menor contato com os espinhos da lagarta pode provocar irritação, ardência, queimação, inchação, avermelhamento, febre, mal-estar, vômitos. Quando há hemorragia, os sintomas podem aparecer em algumas horas ou em até 3 dias e incluem manchas escuras, sangramentos pela gengiva, nariz, intestinos, na urina e até nas feridas cicatrizadas. Sem assistência médica, a vítima pode até morrer. Mariposas e pulpas não causam problema ao homem. M ede de 5 a 7 cm, tem cor marrom-claro-esverdeado e o dorso é percorrido por faixas longitudinais de cor

lagarta

mariposa

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castanha-escura com manchas Amarelo-ocreadas. O adulto possui aparelho bucal sugador. As mariposas são grandes e apresentam dimorfismo sexual. Os machos têm cerca de 6 cm de envergadura e coloração amarelo-alaranjada, com riscas pretas transversais nas asas anteriores e posteriores. As fêmeas tendem a ser maiores (8 cm de envergadura ou mais) e coloração pardo-violácea. Quando em repouso, as fêmeas mimetizam folhas secas com muita perfeição. Interessante observar que elas sobem e descem sempre em fila indiana (umas atrás das outras). Este fenômeno é chamado de processionismo (procissão) e se deve à liberação de um feromônio de agregação que é secretados por elas.

Habitat: matas úmidas de Mata Atlântica e lavouras.

Ocorrência: passaram a ocorrer nos pomares no início dos anos 90 e embora não representem ameaça do ponto de vista econômico, são extremamente perigosas à saúde do homem. Ocorrem em todo o Brasil, sendo mais comuns na região Sul.

Hábitos: as lagartas são gregárias durante o dia, ocorrendo lado a lado umas das outras, em colônias de 20 a 30 indivíduos, no tronco e ramos grossos de árvores como cedro, abacateiro, bergamoteira, ameixa, araticum, seringueira, pereira, no milharal, etc. Durante a noite se espalham pela planta para se alimentar das folhas, depois descem pelo tronco para repousar. Afora os hospedeiros na mata nativa, as taturanas já foram verificadas em plantas de macieira, pereira, caquizeiro, ameixeira e principalmente pessegueiro. Também podem surgir em plantas de plátano, árvore esta muito utilizada como quebra-vento nos pomares. Tanto é impressionante de ver a maneira como a colônia em repouso consegue se mimetizar com o tronco (normalmente revestido de micro musgos e algas verdes, dado a alta umidade do local) quanto o é, ver a lagarta camuflar-se no chão ao caminhar por entre as folhas caídas. Chama a atenção a maneira extremamente rápida com que se move quando nestas circunstâncias. Embora elas não caminhem habitualmente no solo, supõe-se que quando ela o faz, seja porque caíram acidentalmente de uma folha ou de um galho, seja porque, caminham no chão quando da época de procura por locais em que irão empupar, tornam-se nestas circunstâncias passíveis de oferecer risco de acidentes, principalmente caso alguém venha à pisá-las descalço.

Alimentação: folhas

Reprodução: com pouca autonomia de vôo, a fecundação entre o macho e a fêmea ocorre geralmente na mesma árvore-mãe (hospedeira), geralmente em plantas nativas como o tapiá, cedro, aroeira. No Sul do Brasil, em frutíferas comuns como o abacateiro, nespereira e pereira, cujas folhas, nutrem e sustentam o ciclo da sua metamorfose. Após a cópula, os ovos são depositados sobre folhas e galhos. Completada a postura os pais morrem aproximdamente 15 dias depois, pois não se alimentam por terem o aparelho bucal atrofiado. F êmeas adultas geralmente depositam seus ovos, agrupados ou isoladamente, nas folhas da planta hospedeira que servirá de alimento às lagartas. Os ovos têm coloração verde e são levemente ovalados. As larvas nascem e, após devorarem a casca do próprio ovo, que contém substâncias essenciais ao seu desenvolvimento, passam a alimentar-se da planta hospedeira até atingirem seu tamanho máximo. Atingido seu tamanho máximo, param de se alimentar entrando na fase de pupa (crisálida). A eclosão ocorre em média 25 dias após a postura, e as pequenas lagartas iniciam logo sua faina alimentícia. Começam primeiramente a comer a casca de seus ovos e posteriormente as folhas mais duras e assim o fazem regularmente até se transformem em pupas. Nesta fase de crescimento elas trocam de pele 6 vezes, até que finalmente empupam. Para isso, procuram um local seguro para empupar, no solo, junto à base da árvore hospedeira e sob o húmus em umidade de 80% aproximadamente, trocam de pele e já se transformam em pupas. A umidade do local é muito importante para que as pupas não se mumifiquem. Permanecerão imóveis neste estado por 20 dias aproximadamente onde após o rompimento das pupas emergirão as mariposas machos e fêmeas, dando início novamente ao ciclo da vida. No final desta fase, o inseto bombeia hemolinfa (sangue dos insetos) para as extremidades do corpo, a fim de expandir-se rompendo a pele da crisálida e, posteriormente, inflar as asas. Depois que a pele da crisálida se rompe, o inseto apresenta as asas amarrotadas e todo o corpo ainda mole. Predadores naturais : insetos das ordens Diptera, Hymenoptera e Hemiptera além de Vírus e Nematóide.

TESOURINHA (Doru luteipes)

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Características: também conhecida por bicha-cadela, bicho-da-lenha, lacraia, rapelho e tesoura são insetos que caracterizam-se por apresentarem na ponta do abdome (ápice) uma pinça bem desenvolvida. O nome da ordem (Dermaptera) significa: dermatos = pele; pteron = asa, referindo-se à textura das asas. São alongados, com dois pares de asas e aparelho bucal do tipo mastigador. Possui coloração marrom clara ou amarelada. O apêndice em forma de tesoura na ponta do abdome serve

para auxiliar a abrirem as asas, capturarem presas e defenderem-se. Os jovens assemelham-se com os adultos, porém as asas não são desenvolvidas. Ao homem não oferecem qualquer tipo de perigo.

Habitat: locais com umidade alta, tais como frestas, plantas mortas e sob cascas de árvores. Ocorrência: encontrados em todo o mundo, com exceção dos pólos.

Hábitos: noturnos

Alimentação: onívora, isto é, alimenta-se de todo tipo de alimento.

Reprodução: fêmeas cuidam dos ovos até que eclodam. A média de ovos por postura é em torno de 25. Após o período de incubação, ao redor de sete dias, eclodem as ninfas, que começam a se alimentar de ovos e lagartas pequenas. 0 período ninfal varia em torno de 35 a 40 dias.

TRAÇA DAS ROUPAS (Tineola uterella)

Características: possuem coloração clara e medem aproximadamente 1,2-1,5 cm de comprimento. Apresentam na cabeça tufos de pêlos avermelhados e as antenas são um pouco mais escuras do que o restante do corpo. Voam pouco e não são atraídas pela luz

Habitat : locais escuros, tais como armários e gavetas, sendo o ambiente ideal aquele com umidade relativa próxima a 75%, aquecido e escuro.

Alimentação: lã, penas, pêlo, cabelo, couro, poeira, papel e ocasionalmente de algodão, linho, seda e fibras sintéticas. Roupas usadas sujas de bebidas, alimentos, suor ou urina, além daquelas guardadas por muito tempo, são as mais atacadas.

Reprodução: fêmeas depositam uma média de 40 a 50 ovos em um período de 2 a 3 semanas, morrendo logo após a postura. Os ovos, que possuem uma secreção adesiva, ficam aderidos às fibras dos tecidos das roupas. As larvas sofrem de 5 a 45 mudas, dependendo da temperatura ambiente e do tipo de alimento disponível. As larvas são de coloração esbranquiçada com cabeça escurecida e tecem um casulo, em forma de losango, enquanto se alimentam, podendo ficar parcialmente cobertas por ele. Quando as larvas estão prontas para pupar, elas migram à procura de frestas.

TRAÇA DOS LIVROS (Acrotelsa collaris)

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Características: também chamadas de traças prateadas, são desprovidos de asas. Seu aspecto lembra um peixe prateado , apresentando corpo alongado e com apêndices caudais longos, filiformes, muito característicos. Têm coloração cinza prateada e tamanho entre de 0,85 a 1,3 cm. Podem ocasionar danos a livros e outros materiais. Os jovens assemelham-se aos adultos, exceto por serem menores, apresentando ametabolia, isto é, desenvolvem-se diretamente sem que sofram metamorfose. Habitat: frequentam o ambiente doméstico

Hábitos: são ativas à noite e escondendo-se durante o dia, evitando contato direto com a luz. Assim, ao acender-se a luz de um aposento, as traças procuram se esconder em frestas ou atrás de móveis e quadros.

Alimentação: substâncias ricas em proteínas, açúcar ou amido Reprodução: podem botar de 1000 a 3500 ovos durante sua vida

depositando dois a três ovos por dia. Do ovo sai uma forma jovem que cresce, sofre muda várias vezes, até atingir a fase adulta. Após sair do ovo, há, no mínimo, seis ínstares. O tempo de desenvolvimento, em nossas condições climáticas, é de aproximadamente um ano.

TRIPES (Taeniothrips xanthius)

Características: foi introduzida no Brasil em 1961, originário da Ásia Oriental, que se propagava no fícus, o tripes ou lacerdinhas são insetos de tamanho pequeno com aparelho bucal do tipo raspador. São pragas importantes de diversas culturas e, quando presentes em grandes populações, causam danos consideráveis às plantas. Plantas atacadas pelos tripes ficam com coloração prateada, as folhas ficam retorcidas e caem prematuramente. Além do dano direto que provocam pela alimentação os tripes também podem transmitir vírus para as plantas, o que causa, muitas vezes, sua morte. Asas estreitas com longas franjas em suas margens. A coloração é normalmente amarelada ou preta brilhante. As ninfas, fase jovem dos tripés, assemelham-se muito aos adultos com o corpo bastante alongado, porém não apresentam asas. Os machos são de menor tamanho do que as fêmeas. Este inseto provoca intensa irritação nos olhos dos passantes, chegando a provocar graves acidentes de trânsito. Habitat: dentro de folhas enroladas ou na superfície inferior das destas. Ocorrência: em todo o Brasil, nas lavouras de cacau, da cebola, do algodão, bem como no cultivo de plantas ornamentais.

Hábitos: quando perturbadas, muitas espécies de tripes podem curvar a ponta de seu abdome para cima.

Alimentação: fitófagos, isto é, alimenta-se de plantas. Reprodução: o ciclo de vida dos tripes inclui o ovo, dois estágios de ninfa que se alimentam, um estágio de pré-pupa e pupa que não se alimentam e o adulto. Os ovos são muito grandes em relação ao tamanho da fêmea e são depositados dentro do tecido da planta.

VAGA-LUME (Lampyris noctiluca)

macho e fêmea

Características: conhecido também por pirilampo, o macho mede em torno de 10 mm de comprimento e a fêmea, entre 12 a 20 mm. O macho tem duas asas e élitros. Com seu corpo frágil, cor de terra, a fêmea do vaga-lume pode somente arrastar-se no chão. Para compensar a falta de asas, desenvolveu-se algo muito especial durante a evolução do vaga-lume: pequenas glândulas que segregam luciferina, uma substância que em determinadas condições se torna luminescente. A luz verde é o sinal para que o macho interrompa seu balé aéreo e venha juntar-se à fêmea. Essa diferenciação tão marcada entre os sexos é rara entre os coleópteros. A espécie Lampyris noctiluca é a mais comum no Brasil. Sua larva luminescente é muito parecida com a fêmea adulta. Uma molécula de luciferina é oxidada por oxigênio, em presença de trifosfato de adenosina,

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ocorrendo assim a formação de uma molécula de oxiluciferina, que é uma molécula energizada. Quando esta molécula perde sua energia, passa a emitir luz. Esse processo só ocorre na presença da luciferase, que é a enzima responsável pelo processo de oxidação. As luciferases são proteínas compostas por centenas de aminoácidos, e é a seqüência destes aminoácidos que determina a cor da luz emitida por cada espécie de vaga-lume. Este processo é chamado de "oxidação biológica" e permite que a energia química seja convertida em energia luminosa sem a produção de calor.

Habitat : áreas rurais e urbanas, jardins e matas.

Ocorrência: em todo o Brasil Hábitos: os lampejos equivalem ao início do namoro: são códigos para atrair o sexo oposto. Mas a luminescência também pode ser usada como instrumento de defesa ou para atrair a caça.

Alimentação: lesmas e caracóis, mas é capaz de comer até criaturas muito maiores injetando-lhe antes um líquido paralisante. Reprodução: o estágio larval dura seis meses, a maior parte dos quais passada debaixo da terra. Ao emitir luz, a fêmea do vaga-lume corre um risco, pois atrai seus predadores. Predadores naturais: caranguejos, aves e rãs. Ameaças:destruição do habitat, poluição e agrotóxicos.

VAQUINHA (Diabrotica speciosa)

Características: é uma séria praga de numerosas culturas agrícolas, incluindo, o milho, feijões, soja, batata, trigo, melão, pepino, couve, brócolis, espinafre e alface. O s adultos são besouros verdes, com manchas amarelas nos élitros. São muito conhecidos, principalmente pela sua coloração verde-amarela, recebendo às vezes a dominação de "nacional" ou "vaquinha-patriota". Cabeça marrom e tíbias pretas. Medem de 5 a 8 mm. As larvas, conhecidas como larva-alfinete, são cilíndricas e, quando completamente desenvolvidas, atingem o tamanho máximo de 10 a 12 mm, com cerca de um mm de diâmetro. Geralmente são de coloração esbranquiçada, sobressaindo a cabeça e o ápice do abdome, que são de coloração preta.

Habitat: lavouras Ocorrência: em todo o Brasil.

Alimentação: alimentam-se de folhas e as danificam, deixando-as perfuradas. Os principais danos são causados pelas larvas que fazem pequenos furos na raiz, diminuindo o seu valor comercial. Além do dano direto, a perfuração na raiz facilita a entrada de fungos e bactérias.

Reprodução: a fêmea põe os ovos no solo, normalmente em fendas de dessecamento ou junto às raízes das plantas, ou na base do caule da planta. Os ovos são branco-translúcidos e incubam por cerca de 13 dias. As larvas são de hábito subterrâneo e se alimentam de raízes ou tubérculos. Possuem corpo vermiforme branco-amarelado, com cabeça e escudo anal marrom escuros. No seu completo desenvolvimento atinge até 12 mm de comprimento. Ocorrem várias gerações anuais.