guia corte de Árvores

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Corte e poda

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  • Circular Tcnica

    ISSN 0100-9915

    Nmero, 16 Maro, 1997

    Abate de rvores em Floresta Tropical

    Evaldo Muoz Braz Marcus Vincio Neves d' Oliveira

  • REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    Presidente FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

    Ministrio da Agricultura e do Abastecimento

    Ministro ARLINDO PORTO NETO

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    Presidente ALBERTO DUQUE PORTUGAL

    Diretores JOS ROBERTO RODRIGUES PERES DANTE DANIEL GIACOMELLI SCOLARI

    ELZA NGELA BATTAGGIA BRITO DA CUNHA

    Centro de Pesquisa Agroflorestal do Acre

    Chefe Geral JUDSON FERREIRA VALENTIM

    Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento IVANDIR SOARES CAMPOS

    Chefe Adjunto de Apoio Tcnico MURILO FAZOLIN

    Chefe Adjunto Administrativo FRANCISCO DE ASSIS CORREA SILVA

  • 2

    ISSN 0100-9915

    Circular Tcnica No 16 Maro, 1997

    Abates de rvores em Floresta Tropical

    Evaldo Muoz Braz Marcus Vincio Neves d'Oliveira

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Centro de Pesquisa Agroflorestal do Acre

    Ministrio da Agricultura e do Abastecimento

  • 3

    EMBRAPACPAF-Acre. Circular Tcnica, 16

    Exemplares desta publicao podem ser solicitados : Embrapa-Acre Rodovia BR-364, km 14, sentido Rio Branco/Porto Velho Telefones: (068) 224-3931, 224-3932, 224-3933, 224-4035 Telex: 68 2589 Fax: (068) 224-4035 Caixa Postal, 392 69908-970 Rio Branco, AC

    Tiragem: 300 exemplares

    Comit de Publicaes Ana da Silva Ledo Cavalcante Francisco J. da Silva Ldo Ivandir Soares Campos Presidente Jailton da Costa Carneiro Joo Alencar de Souza Joo Gomes da Costa Murilo Fazolin Orlane da Silva Maia Secretria Rita de Cssia Alves Pereira

    Expediente Coordenao Editorial: Ivandir Soares Campos Normalizao: Orlane da Silva Maia Copydesk: Gertrudes da Silva Gimenez Vargas/Vanilda da Silva Bezerra Composio: Fernando Farias Sev Ilustraes: Lucas Arajo Braz

    BRAZ, E. M.; OLIVEIRA, M. V. N. d'. Abate de rvores em floresta tropical. Rio Branco: Embrapa-CPAF/AC, 1997. 30p. (Embrapa-CPAF/AC. Circular Tcnica, 16).

    1. Floresta tropical - rvores - Abate. I. Oliveira, M. V. N. d', colab. II. Embrapa. Centro de Pesquisa Agroflorestal do Acre (Rio Branco, AC). III. Ttulo. IV. Srie

    CDD 634.98

    ? Embrapa 1997

  • 4

    S U M R I O

    INTRODUO.....................................................................

    6

    TCNICAS DE ABATE PADRO........................................ 7

    Modelo bsico para o abate de rvores............................ 7 Boca de

    corete................................................................ 7

    Dobradia........................................................................

    8 Corte de

    queda................................................................ 8

    Orelha de corte................................................................

    9 Tcnica geral de abate de rvores de dimetros pequenos e mdios............................................................

    9

    Tcnica de abate de rvores com dimetros grandes...............................................................................

    10

    Mudana na direo de queda (da natural para a desejada).............................................................................

    11

    Principais defeitos no abate e suas causas...................... 12

    Abate de rvores inclinadas ou com tronco podre........... 15 TCNICAS DE ABATE DE RVORES EM FLORESTA TROPICAL...........................................................................

    16

    Planejamento......................................................................

    16 Abate de rvores com sapopema.......................................

    17

    Abate de rvores inclinadas e com sapopema................. 20 TRAAMENTO....................................................................

    21

    Consideraes gerais sobre o traamento....................... 22

    Traamento em condies normais.................................. 23

    Traamento em pequenas rvores sob presso............... 23

    Traamento de grandes rvores sob presso................... 24 Compresso na parte

    superior....................................... 24

    Compresso na parte inferior.........................................

    25 Compresso

    lateral......................................................... 25

    Tronco com presso final.............................................. 26 Corte em bisel (uma extremidade continuar apoiada e a outra tombar)...........................................................

    26

    Regras gerais de toragem...............................................

    27

  • 5

    CONSIDERAES SOBRE CUIDADOS COM O POVOAMENTO DURANTE O ABATE.................................

    27

    NORMAS DE SEGURANA.................................................

    29

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................... 30

    ABATE DE RVORES EM FLORESTA TROPICAL

  • 6

    Evaldo Muoz Braz1 Marcus Vincio Neves d'Oliveira2

    INTRODUO

    Em muitas regies da floresta tropical brasileira, a populao rural no tem conhecimentos bsicos de utilizao de motosserra. Estes conhecimentos so muitas vezes necessrios em sua atividade, o que demanda das instituies de pesquisa repassar a esta comunidade, tcnicas adequadas de manejo florestal. Estas tcnicas ao mesmo tempo que garantiro a manuteno da cobertura florestal, possibilitar-lhe- matria prima para construo de casas, galpes, armazns bem como aumento de sua renda anual.

    Em qualquer um dos casos, a necessidade do adequado manuseio deste equipamento requer treinamento correto, visando principalmente a segurana no trabalho e uma maior garantia da manuteno do povoamento e uma menor perda na qualidade da madeira abatida.

    Este trabalho tem como objetivo oferecer material didtico base para os cursos realizados para pequenos produtores rurais.

    1 Eng.-Ftal., B.Sc., Embrapa Acre, C. Postal 392, 69908-970, Rio Branco, AC. 2 Eng.-Ftal., M.Sc., Embrapa Acre.

  • 7

    TCNICAS DE ABATE PADRO

    H muitas formas de se abater uma rvore, entretanto, existem poucos modelos bsicos de abate para as diferentes situaes.

    Nada substitui a experincia de campo. Contudo o aprendizado ser facilitado se o aprendiz j for para o campo com noes bsicas, o que no s facilita o ensino como garante a segurana nos treinamentos.

    Modelo bsico para o abate de rvores

    O modelo geral indicado na Fig. 1, representa o abate de uma rvore observado lateralmente. Observando-se o abate do lado da direo de queda, os nmeros 1 e 2, significam respectivamente os cortes oblquos e o corte horizontal que fazem parte da boca de corte. O nmero 3 simboliza o corte de queda, que ser o ltimo corte a ser feito e resultar finalmente na queda da rvore.

    - Boca de corte

    A boca de corte deve ter aproximadamente 1/4 a 1/3 do dimetro (largura mxima) da rvore (Fig. 1).

    O corte 1 deve ser feito em primeiro lugar, seguido pelo corte 2. Isto facilitar o encaixe dos dois cortes, evitando (devido a um maior controle do operador) que um ultrapasse o outro e possa ocasionar dano no abate.

    O ngulo da boca de corte deve ser de 45o (exatamente como mostra a Fig. 1). O prprio cabo da motosserra facilitar a checagem deste ngulo.

    As finalidades bsicas da boca de corte so trs: (1) direciona a rvore no sentido da queda desejada, (2) ajuda a controlar a rvore para que ela escorregue do cepo e no pule (o que pode ser perigoso para o operador) e (3) facilita a ruptura da dobradia no momento adequado evitando um movimento brusco para trs (Conway,1978).

  • 8

    FIG. 1. Modelo bsico de abate Fonte: FAO & ILO (1980)

    - Dobradia

    A dobradia uma faixa de madeira de aproximadamente 1/10 do dimetro de madeira, deixada sem cortar entre a boca e o corte de queda. Evita que a rvore caia inesperadamente provocando acidente. Como o prprio nome indica, ela funciona como uma dobradia, segurando a rvore para que ela caia corretamente (Fig. 2).

    uma barreira invisvel que probe o operador de cortar com o sabre aquela rea.

    - Corte de queda

    Uma vez que a boca de corte est feita e foi mantida, um pouco de madeira intacta (dobradia) entre a boca e o corte de queda sem cortar, pode-se agora executar o corte de queda (ou derrubada) com mais segurana e calma.

  • 9

    Dependendo do tamanho da rvore, o corte de queda poder variar sua altura em relao ao corte horizontal da boca de corte, o que, normalmente, estar entre 5 e no mximo 20 cm acima do corte horizontal. As diferentes situaes de corte de queda sero explicadas mais adiante.

    - Orelha de corte

    So pequenas bocas de corte laterais dobradia. Devem ser utilizadas quando as rvores tiverem possibilidade de lascar no momento do abate.

    FIG. 2. Dobradia Fonte: Kantola & Virtanen (1986)

    Tcnica geral de abate de rvores de dimetros pequenos e mdios

    Podemos ter duas situaes bsicas para estas classes de dimetro e so mostradas nas Fig.s 3a e 3b.

    Em A, quando o dimetro pequeno, o corte de queda realizado direto, visto que o sabre bem maior do que o dimetro da rvore. Em B, so necessrios dois movimentos. O corte de queda deve ser horizontal (como mostra a Fig. 1). Nos dois casos existe sempre a necessidade da boca de corte para

  • 10

    segurana no trabalho, pois ela que direciona a queda da rvore (FAO & ILO,1980).

    FIG. 3. Abate de rvores com dimetros pequenos e mdios.

    Tcnica de abate de rvores com dimetros grandes

    Nos casos em que se vai abater rvores com o dimetro duas vezes superior ao comprimento da lmina da motosserra, possivelmente haver necessidade de mudar a posio do operador para o outro lado da rvore, para que se possa completar a boca de corte.

  • 11

    Fig. 4: Abate de rvores com dimetros grandes

    Inicia-se a derrubada abrindo-se a boca de corte. Em seguida, introduz-se a ponta do sabre no centro da boca de corte, realizando o corte central do cerne (Fig. 4A).

    Finalmente, o corte de queda realizado conforme a Fig. 4B.

    Mudana na direo de queda (da natural para a desejada)

    Direo de queda natural aquela determinada pela forma, peso dos galhos, inclinao natural e outras causas.

    Entretanto, para proteger o toro da rvore que abatemos, facilitar a extrao do toro e principalmente minimizar o dano ao povoamento (Klasson & Cedergren, 1996), ou por outros motivos de segurana, pode-se modificar a direo de queda da rvore (direo desejada).

    O mtodo mais prtico deixar mais larga a dobradia do lado para onde se quer direcionar a queda da rvore. Como esta parte da dobradia est mais resistente, forar a queda nesta direo pois resistir mais a romper-se. Tambm auxiliar a mudana de queda a colocao de uma cunha do lado oposto, isto , o lado em que a dobradia est mais fino (Fig. 5).

    Fig. 4B Fig. 4A

  • 12

    Nunca esquecer, que a direo desejada estar sempre perpendicular boca de corte. Com a utilizao adequada de cunhas, isto pode atingir uma modificao de at 45 .

    Fig. 5. Mudana na direo de queda.

    Principais defeitos no abate e suas causas

    a) Quando os cortes inclinado e horizontal (Fig. 6:1 e 2) se cruzam, causam o enfraquecimento da dobradia ou at seu corte total , o que no pode acontecer, pois a rvore fica solta e pode cair para qualquer lado.

  • 13

    Fig. 6. Defeito bsico.

    b) Da mesma forma, quando o corte de derrubada (ou queda) avana sobre a dobradia, cortando-a ou mesmo enfraquecendo-a, faz com que a rvore caia sem controle (Fig. 7A).

    c) Caso a altura do corte de derrubada seja igual altura (nvel) da boca de corte e no existindo o degrau de queda, a rvore cair com dificuldade e em qualquer direo, inclusive para trs (Fig. 7B).

    d) Quando o corte de queda no horizontal, a rvore cair na direo com a maior diferena de altura (Figs. 7C, 7D).

    e) Se a dobradia no mantm a mesma largura, a rvore cair para o lado em que a dobradia for mais larga (Figs. 7E, 7E1).

    f) Quando a boca de corte tem pouca altura, a queda ocorre sem controle e pode tambm ocorrer uma rachadura da rvore o que extremamente perigoso, podendo provocar ferimentos no operador da motosserra (Fig. 7F).

  • 14

    FIG. 7. Defeito da boca e corte de queda. Fonte: Kittner (1985)

    g) Quando a boca de corte muito profunda, ocorrer queda abrupta, ruptura do cerne e estilhaamento (Fig. 7G).

    h)O corte de queda alto e boca de corte rasa ocasionam queda rpida e violenta, danificando o tronco e ocasionando o defeito de abate chamado cadeira de barbeiro (Fig. 8).

  • 15

    FIG. 8. Cadeira-de-barbeiro.

    Abate de rvores inclinadas ou com tronco podre

    Em qualquer dos casos, o que pode acontecer, se no houver cuidado, a rvore cair antes do momento desejado, rachando o tronco e ferindo o operador.

    Inicialmente, faz-se a boca de corte (fig. 9:1), como no modelo padro. Em seguida, realiza-se o corte de queda por dentro do tronco (fig.9:2), deixando-se, de acordo com o dimetro da rvore, uma faixa de 1-15 cm sem cortar.

    S depois, e com muita cautela, executa-se o corte desta faixa final (fig.9:3).

    Neste momento j no h mais perigo de acidente.

  • 16

    FIG. 9. Abate de rvores inclinadas.

    TCNICAS DE ABATE DE RVORES EM FLORESTA TROPICAL

    Deve-se ter muito cuidado sempre que se for abater uma rvore, principalmente em florestas densas, com muitos cips e com muitas rvores menores por perto.

    Planejamento

    a) Primeiro deve-se ter cuidado em no abater perto de outros trabalhadores que estejam fazendo a mesma atividade. Deve-se prever uma distncia mnima entre os outros abatedores. Esta distncia mnima de duas vezes a altura mdia das rvores. Quando a visibilidade pouca na floresta deve-se aumentar para quatro (FAO & ILO,1980).

    b) Nunca se deve abater no sentido de descendo uma declividade. O correto apenas abater ou traar rvores rampa acima. Desta forma evita-se o risco de uma rvore, j abatida ou traada, rolar para baixo, ferindo o operador.

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    c) Deve-se escolher a direo de queda desejada (ou possvel), e depois determinar e limpar duas rotas ou caminhos de fuga em caso de necessidade.

    Na escolha da direo de queda deve-se levar em conta a existncia de rvores prximas que devero ser preservadas, na medida do possvel. Tambm, deve-se considerar a posio dos galhos mais pesados, forma do terreno e direo de arraste.

    d) Os equipamentos devem ser colocados em local seguro com relao queda da rvore.

    e) Deve-se limpar o tronco para proteger a lmina da motosserra.

    f) Os cips presos rvore que vai ser abatida, devem ser cortados ao mximo, pois normalmente encontram-se ligados a copas de outras rvores. Isto evitar que outras rvores menores sejam danificadas (prejudicando a floresta que est sendo manejada), que ocorra queda de galhos de rvores vizinhas (com risco para o operador) e outros acidentes decorrentes do movimento brusco das copas (SUDAM, 1977).

    g) Tambm deve-se planejar a retirada dos troncos, para evitar mais danos ao povoamento. Isto se faz prevendo por onde passaro os caminhos de arraste, baseado no inventrio a 100% das espcies de interesse na rea que est sendo manejada.

    Abate de rvores com sapopema

    Sapopemas so suportes laterais, semelhantes a uma saia ou p, que muitas rvores grandes e pesadas de florestas tropicais possuem. As tcnicas utilizadas so semelhantes ao modelo padro, mas adaptado forma das sapopemas. A altura da boca de corte varivel (mais ou menos de 1 a 1,5 m ). A boca de corte feita na sapopema a mesma com uma penetrao de aproximadamente 1/3 desta. Provavelmente ser necessrio fazer mais de uma boca de corte, se a rvore possuir mais de uma

  • 18

    sapopema na direo desejada de queda. Duas bocas de corte seria o normal (fig.10).

    FIG. 10. Bocas de corte em sapopemas.

  • 19

    FIG. 11. Abate de rvores com sapopemas.

    Fonte: PNUD/FAO/PER/78/003 (1981)

    O corte de queda deve ser adaptado forma da rvore. O corte de queda como j foi visto, feito nas sapopemas que ficam na parte detrs da rvores (opostas a direo de queda). O corte avana, como o corte padro, no tronco, deixando apenas livre a dobradia (Fig. 11).

    Quando houver trs sapopemas ligadas ao corte de queda, a ltima a ser cortada a do meio, o que d mais equilbrio a queda da rvore.

    Se s houver duas sapopemas atrs (para o corte de queda), deve-se fazer a ltima parte do corte de queda central (dentro do tronco), at o limite da dobradia. Inicia-se pelos cortes das sapopemas.

    Nos casos em que a rvore possui uma sapopema que ser cortada como boca e outra que far parte do corte de queda, preciso ter muito cuidado e estar certo que a direo de queda

  • 20

    realmente a identificada como tal, para que se possa contrabalanar com maior ou menor espessura de dobradia.

    As sapopemas tero importante papel no caso da mudana da direo de queda da natural para a desejada . Neste caso, como boca de corte, estaro entre 30-45 com a ireo desejada ou no mximo no mesmo sentido desta (casos extremos de mudana de direo).

    Abate de rvores inclinadas e com sapopema.

    Neste caso, h necessidade de se combinar informaes e tcnicas j descritas. Abate de rvores inclinadas e abate de rvores com sapopemas. Aqui tambm deixa-se uma parte das sapopemas sem cortar diretamente, a partir do corte de queda (20 a 40 cm mais ou menos). S aps o corte de queda estar praticamente finalizado at a dobradia que se vai soltar a rvore (Fig. 12), cortando externamente o que falta das sapopemas. Este corte dever ser oblquo para evitar que o tronco d um coice para trs.

  • 21

    FIG. 12. Abate de rvores inclinadas com sapopema. Fonte: PNUD/FAO/PER/78/003 (1981).

    A ordem de corte das sapopemas segue as regras mencionadas no item anterior (3.2) para manter o equilbrio na queda da rvore.

    TRAAMENTO

    Como no abate, o traamento requer cuidados tcnicos, pois trata-se da aplicao de foras e diferentes presses, que sero tanto maiores quanto maior for o tronco abatido.

    O traamento , tambm, uma atividade de risco, como o abate.

  • 22

    Antes de comear o trabalho de toragem, o operador deve considerar no mnimo os seguintes pontos (Conway, 1978):

    (a) o terreno ao redor e o possvel efeito na tora a ser traado;

    (b) as rvores e toras ao redor e como eles iro influir no trabalho que ir ser feito;

    (c) o tronco que vai ser cortado e o que ele vai fazer quando o corte for terminado ;

    (d) o trabalho deve ser feito sem ameaar, ferir ou machucar outras pessoas presentes no local.

    Consideraes gerais sobre o traamento

    Antes de se descrever as tcnicas de traamento, preciso analisar primeiro o objetivo que tero as futuras toras da rvore tombada, a fim de evitar-se prejudicar o valor da madeira.

    O possvel comprador da madeira a exigir dentro de certas especificaes. Ou melhor, as toras devero ter determinados: o comprimento mnimo, o dimetro mnimo e a qualidade.

    s vezes, por exemplo, reduzindo-se um pouco o comprimento da tora para se evitar um defeito, pode-se estar ganhando em valor junto ao comprador. Isto tudo tem que estar bem claro antes da toragem e antes do abate, evitando-se, assim, o desperdcio da madeira da floresta que est sendo manejada.

    Para auxiliar a medio dos comprimentos, pode ser utilizada uma vara cortada no comprimento de 2 metros.

    Sempre ter em conta que o custo de toragem no muito alto, por isso o que interessa nesta operao a qualidade e no a velocidade.

  • 23

    Traamento em condies normais

    Condies normais significa que a rvore no est apertada, comprimida ou sob qualquer tipo de presso exercidas pelo terreno, por troncos, ou qualquer outra condio anormal.

    Quando o sabre bem mais comprido do que a tora, um nico e contnuo movimento com o sabre conclui o corte.

    Quando o dimetro do tronco maior que o comprimento do sabre da motosserra (rvores grandes), o corte feito em vrios movimentos, primeiro de um lado (ou seja a lmina da motosserra mudada vrias vezes) e depois, conclui-se do outro.

    Traamento em pequenas rvores sob presso

    Como regra geral, em rvores de pequeno dimetro,inicia-se o corte primeiro do lado que est em compresso (Fig. 13:1). A profundidade do entalhe no deve ultrapassar 1/3 do dimetro. Nota-se que as flechas claras, que indicam as foras a que est submetido o toro, apontam para o corte. Termina-se a toragem com um corte na parte que est sob tenso (Fig. 13:2).

    FIG. 13. Toragem em rvores pequenas sob presso. Fonte: Kantola & Virtanen (1986)

    Traamento de grandes rvores sob presso

  • 24

    - Compresso na parte superior

    Quando o tronco inteiro est em compresso na parte superior (rvore suspensa nas duas extremidades por exemplo.), conforme Fig. 14:

    1) Inicia-se o corte pelo lado oposto ao operador; 2) O passo seguinte mover para o topo da tora, para liberar a parte em compresso; 3) Caso a tora seja muito larga faz-se um pouco do corte do lado do operador (nem sempre necessrio) e 4) termina-se de baixo para cima e em direo ao operador.

    14B

    FIG. 14. Compresso na parte superior. Fonte: Conway (1978)

    - Compresso na parte inferior

    14B

  • 25

    Quando o tronco est em tenso na parte superior e compresso na parte de baixo (metade do toro est apoiada e metade suspensa por exemplo), conforme Fig. 15. O procedimento o mesmo do caso anterior mas em ordem contrria, ou seja, inicia no lado oposto, depois liberada a parte inferior (em compresso) e o corte finaliza de cima para baixo (o contrrio do caso anterior) em direo tambm ao operador (sentido da seta interna).

    15A 15B

    FIG. 15. Compresso na parte inferior. Fonte: Conway (1978)

    - Compresso lateral

    Neste corte, as duas extremidades esto constrangidas e no meio do tronco est uma rvore ou um cepo ou rvore pressionando (Fig. 16)

    O corte inicia liberando a compresso(1). O operador deve estar desse lado (por segurana), pois o toro rolar depois para o lado oposto. O corte continua na parte superior (2), depois na parte oposta (3), na parte inferior (4) e finaliza cortando para cima em direo ao operador.

  • 26

    FIG. 16. Compresso lateral. Fonte: Conway (1978)

    - Tronco com presso final

    Ocorre quando o tronco que vai ser torado est apoiado diretamente sobre o solo em um terreno inclinado e o toro est nesta direo. A presso que a tora superior exerce na inferior pode apertar o sabre da motosserra. Existe a necessidade de cunhar o corte to logo ele se inicie (Conway, 1978).

    - Corte em bisel (uma extremidade continuar apoiada e a outra tombar).

    Neste caso, o corte deve ser em bisel (corte inclinado) para facilitar o deslizamento da parte que no ficar apoiada (Fig. 17).

  • 27

    FIG. 17. Corte em bisel. Fonte: Conway (1978)

    - Regras gerais de toragem

    1) Ver o lado que est em compresso;

    2) Posicionar-se no lado oposto direo de rolamento dos toros;

    3) O corte deve finalizar (via de regra) do lado do operador que o lado em compresso.

    CONSIDERAES SOBRE CUIDADOS COM O POVOAMENTO DURANTE O ABATE

    fundamental que se faa uma explorao cuidadosa (ITTO,1993). Isto significa que ao se abater as rvores deve-se tomar muito cuidado para danificar o menos possvel o povoamento. Afinal ele que pode proporcionar uma renda extra, proteger os mananciais de gua, e fazer com que a fauna possa continuar se desenvolvendo, entre muitos outros benefcios.

    O povoamento no ilimitado. E, daqui a alguns anos, neste compartimento em que agora se faz o abate, se no forem tomados cuidados, no haver nada de valor para se explorar. Muitas das tcnicas podem auxiliar nesta tarefa. Com o abate correto, pode-se direcionar melhor a rvore, protegendo aquelas de menor valor, que futuramente tero elevado valor econmico.

  • 28

    Deve-se cortar os cips que prendem as copas das rvores para evitar danos a estas no momento do abate.

    Deve-se tambm planejar os caminhos e picadas para alcanar estes troncos causando-se o menor dano a outras rvores menores de regenerao. importante que se faa um mapa da rea, principalmente se os toros forem extrados com alguma espcie de maquinrio (como trator por exemplo).

    Deve-se evitar abater rvores muito junto umas das outras. Quando a clareira fica muito grande, a regenerao composta normalmente por espcies pioneiras, e por conseguinte, de pouco valor econmico ou de utilidade).

    Deve-se ter o cuidado de abater somente, as rvores que vo ser utilizadas. Deve-se identificar se o tronco das rvores esto podres (com um corte vertical com o sabre da motosserra), ou ocados (batendo-se na rvore) antes de abat-la (Klasson & Cedergren, 1996). Ela pode no ter utilidade abatida, mas tem muita em p, pois diminui o efeito das clareiras, produz sementes, frutos para a fauna, ajuda a manter a estrutura da floresta, etc.

    Sero selecionadas e mantidas algumas rvores de grande porte, a intervalos regulares, com vistas ao favorecimento da manuteno da regenerao natural.

    Deve-se respeitar as regras de no abater em reas de preservao permanente do Cdigo Florestal (reas muito inclinadas, cabeceiras e margens de rios e igaraps etc.). Procurar os tcnicos do IBAMA e solicitar seu apoio.

    Dividir a rea em compartimentos, considerando o acesso das estradas, divises naturais do terreno, volume mdio e consideraes de caracter silvicultural.

  • 29

    NORMAS DE SEGURANA

    A seguir, so indicadas algumas das principais normas de segurana baseadas em experincia de campo e nos trabalhos de SUDAM (1977), Conway (1978), ILO (1979), FAO & ILO (1980) e Klasson & Cedergren (1996):

    1) Sempre que se for iniciar o trabalho, deve-se saber visualmente (ou no mnimo escutando) a distncia onde est o prximo operador (mesmo que tenha que interromper o trabalho).

    2) Escolher calmamente os tipos de corte ou toragem que sero utilizados.

    3) Procurar executar todas as operaes com calma, concentrando-se em todos os passos. A pressa pode custar a vida ou no mnimo danos a boa parte de uma madeira valiosa.

    4) Remover arbustos ou galhos perto da rvore a ser abatida. Preparar as rotas de fuga.

    5) A motosserra deve estar desligada nos deslocamentos em busca de outras rvores. Ao se transportar a motosserra, a corrente deve estar parada.

    6) Em rvores com forte inclinao, alm das tcnicas normais de abate, deve-se acrescentar as orelhas de corte para evitar a cadeira de barbeiro .

    7) Ter certeza de que a rvore poder ser traada com segurana.

    8) Orientar o trabalhar do ponto mais baixo para o mais alto do terreno.

    9) Sempre fazer os caminhos de fuga.

    10) Nunca abater as rvores em cadeia (mandado). Isto o fator de maior causa de mortes na Amaznia.

    11) Ao se torar uma rvore com presso lateral, deve-se acabar o corte sempre do lado em compresso.

  • 30

    12) Ao se iniciar o corte de queda, sempre deve ser dado um grito de advertncia para os outros operadores.

    13) Em caso de vento forte, nevoeiro ou crepsculo no se deve abater.

    14) Utilizar sempre calados e equipamentos de proteo (para as pernas e rosto principalmente). Protetores dos ouvidos so indispensveis.

    15) Mesmo em trabalhos de desrama, deve- se manter uma distncia mnima entre os operrios de 3 (trs) metros. No se deve virar bruscamente com a motosserra quando esta estiver ligada.

    16) Levar sempre um kit de primeiros socorros para o campo, por grupo.

    17) D a manuteno bsica necessria a seu equipamento.

    18) No deixar sem soluo rvores cortadas, que no cairam por terem ficado presas nas copas de outras rvores .

    19) A zona de abate rea perigosa. Deve-se evitar pessoal alheio aos trabalhos ou ento suspender os trabalhos, at controlar a situao.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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