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Guia Anual de Tendências de Conformidade e Controle no Âmbito do FCPA: Janeiro 2018

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Guia Anual de Tendências de Conformidade e Controle no Âmbito do FCPA: Janeiro 2018

Guia Anual de Tendências de Conformidade e Controle no Âmbito do FCPA: Janeiro 2018

Smith Pachter McWhorter PLC

8000 Towers Crescent Drive, Suite 900 | Tysons Corner, Virginia 22182

Tel: +1 703.847.6300 | Fax: +1 703.847.6312

[email protected] | www.smithpachter.com

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©2018 Smith Pachter McWhorter PLC. Esta publicação não tem por intuito prestar assessoria jurídica, mas apenas fornecer esclarecimentos gerais sobre questões legais. Sua apresentação ou envio não tem por intuito criar uma relação jurídica entre cliente e advogado, tampouco seu recebimento cria tal relação. Os leitores devem buscar assessoria jurídica antes de tomar qualquer medida com relação aos assuntos mencionados nesta publicação.

Julia S. KopcienskiAssociada

Julia S. Kopcienski atua nas áreas de contratos governamentais, construção civil e casos de colarinho branco. Tem experiência com litígios e procedimentos alternativos de resolução de controvérsias, com foco em questões relacionadas a seguros e garantias de construções, controvérsias com subcontratadas, demandas por compensação, investigações de fraude, e processos de e-discovery (análise automatizada de provas processuais em formato eletrônico). Também já representou clientes em questões relacionadas a direitos sobre dados, impugnações de licitação, controvérsias de execução de contrato, sigilo profissional, e práticas licitatórias de órgãos do governo federal dos EUA.

É formada em direito pela George Washington University School of Law,

onde concentrou seus estudos na área de contratos governamentais (disciplinas estudadas na área incluem constituição de empresas, execução contratual, custeio e precificação, e propriedade intelectual). Durante seus estudos universitários, foi membro do Conselho de Tribunais Simulados e competiu no concurso de tribunais simulados da instituição em 2016 (o GW Government Contracts Moot Court Competition). Como finalista na competição, apresentou sustentanção oral perante um painel composto de juízes federais de renome, e recebeu o prêmio de Melhor Competidora Geral. Também durante a universidade, foi membro do Federal Circuit Bar Journal, onde atuou como Gestora de Programas..

Juris Doctor pela George Washington University School of Law (2017)

Mestrado em Estudos de Políticas de Educação pela George Washington

University Graduate School of Education & Human Development (2017)

Bacharel em Psicologia e Filosofia (ambos magna cum laude) pela Loyola University Chicago (2013)

SMITH PACHTER McWHORTER PLC

8000 Towers Crescent Drive, Suite 900 Tysons Corner, Virginia 22182

Telephone: +1 (703) 847–6300

Fax: +1 (703) 847–6312

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SMITH PACHTER McWHORTER PLC

Sumário

I. Introdução .........................................................................................................................................................1

II. O Marco Jurídico...............................................................................................................................................1

III. 10 Perguntas Frequentes sobre Programas Anticorrupção para fins do FCPA

1. Que temas as políticas e procedimentos anticorrupção sempre devem abordar? ..........................2

2. Quanto (e que tipo) de treinamento a empresa deve oferecer para cumprir com as normas

do DOJ/SEC? ..............................................................................................................................................3

3. O que uma empresa dos EUA deve fazer para prevenir casos de má conduta em subsidiárias

fora dos EUA? .............................................................................................................................................4

4. Que medidas devem ser tomadas para prevenir atos de má conduta por terceiros? ......................4

5. Pode-se oferecer viagens, entretenimento, presentes ou descontos a autoridades públicas de fora dos EUA? .......................................................................................................................................5

6. A política anticorrupção deve proibir pagamentos de facilitação? ....................................................6

7. O que se espera de uma empresa na hora de investigar potenciais pagamentos corruptos? ........6

8. O que o DOJ/SEC esperam da empresa na hora de medir o risco de conformidade

com o FCPA? .............................................................................................................................................7

9. Empresas com registro na SEC precisam tomar mais precauções anticorrupção que empresas não registradas? ......................................................................................................................8

10. O programa de conformidade deve considerar as leis anticorrupção de fora dos EUA? .................9

IV. Evoluções e Tendências - Políticas e Ações Sancionadoras

a. Programa Piloto do DOJ e Política de Sanções Corporativas do FCPA (Substituindo o Programa Piloto) .....................................................................................................................................10

b. Processos Sancionadores em 2017 ......................................................................................................14

c. Cooperação Internacional e Ações Sancionadoras Recentes em Países Importantes ...................18

d. Como o DOJ Avalia Programas de Conformidade ..............................................................................23

V. Processos Sancionadores em 2017: Resumos de Casos ...........................................................................26

VI. Disposições e Sanções do FCPA ....................................................................................................................38

Nossa Equipe de Colarinho Branco .......................................................................................................................41

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1

I. Introdução

“A empresa tem uma política antipropina e alguns procedimentos associados, mas é o suficiente? O que os órgãos de

controle dos EUA (como o Department of Justice e a Securities Exchange Commission) esperam da nossa empresa? É

possível obedecer a todas as normas regulatórias e ter um negócio viável com operações e vendas no exterior? E além

disso, com os recentes escândalos de corrupção em outros países (como Brasil e China), como devemos olhar para os

nossos controles anticorrupção fora dos EUA?”

Na edição deste ano de nosso Guia do FCPA, vamos dar respostas a uma série de perguntas frequentes sobre

conformidade com o FCPA (o Foreign Corrupt Practices Act, principal lei anticorrupção dos EUA), analisar eventos e

tendências recentes na área de anticorrupção, e, finalmente, dar um resumo dos casos mais relevantes relacionados ao

FCPA no último ano. Outro fator importante é que, embora os Estados Unidos continuem a ser o líder global em termos

de anticorrupção e suas normas continuem sendo as mais relevantes para qualquer empresa sujeita a suas leis, hoje

vemos uma tendência cada vez maior de 'multinacionalização' das atividades de controle. É essencial entender o que

esta tendência significa para auxiliar a sua empresa e seus parceiros a promover a conformidade internamente e, assim,

mitigar os riscos de ser alvo de processos sancionadores das autoridades, seja nos EUA ou em outros países.

Este Guia destina-se a empresas que estão em diversos estágios de implementação de seus programas anticorrupção,

empresas que ainda estão concebendo seus programas, ou, ainda, empresas que já tem medidas sólidas implementadas

mas querem ter a certeza que seus programas estão sempre atualizados e alinhados aos mais recentes riscos e melhores

práticas. O que enfatizamos sempre — e como sempre preconizam as áreas de conformidade, investigações e litigioso

de FCPA da nossa firma — é a importância de uma abordagem prática. O principal segredo de um programa bem

sucedido é entender quais são os riscos de corrupção na sua empresa com base no seu perfil empresarial e quais são

as expectativas das autoridades de controle com relação à sua empresa — além, claro, de buscar sempre aprender

com as melhores práticas das diversas áreas (conformidade, jurídica, comercial etc.). Além disso, o programa também

precisa ser prático em termos de mitigação de seus próprios riscos, alocando os recursos da melhor forma possível e

estabelecendo prioridades adaptadas à realidade da empresa.

II. O Marco Jurídico

O FCPA tem dois conjuntos principais de disposições:

» As disposições antipropina, que criminalizam pagamentos corruptos feitos a autoridades estrangeiras com o intuito

de obter e reter negócios; e

» As disposições sobre livros e registros e controles internos, que obrigam as empresas com ações nas bolsas dos EUA

a preparar e manter livros e registros que reflitam com precisão as transações da empresa e a implementar e manter

um sistema apropriado de controles contábeis internos.

Estas disposições podem ser aplicadas a pessoas físicas e jurídicas, e todas são passíveis ação tanto na esfera civil quanto

criminal. Ao final deste Guia, você encontrará uma explicação mais detalhada dessas disposições e das sanções previstas

em caso de violação.

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III. 10 Perguntas Frequentes sobre Programas Anticorrupção para fins do FCPA

1. Que temas as políticas e procedimentos anticorrupção sempre devem abordar?

De forma geral, as políticas e procedimentos de uma empresa devem abordar as áreas de risco clássicas do FCPA e

quaisquer riscos específicos para o perfil da empresa.

As áreas de risco clássicas incluem:

» Due diligence (diligência prévia) de terceiros, requisitos de conformidade e monitoramento

» Presentes, refeições e entretenimento

» Viagens de clientes

» Reembolso de despesas de empregados

» Uso de caixa (p. ex., para pequenas despesas diárias ou outros valores necessários para pagamentos no exterior)

» Contribuições políticas, doações de caridade e patrocínios

» Pagamentos de facilitação

» Solicitação de pagamentos e extorsão

» Fusões e aquisições: due diligence anticorrupção e integração de programas de conformidade pós-fusão/aquisição

Já os riscos específicos ao perfil comercial de uma empresa podem incluir (entre outros):

» Vendas e licitações governamentais fora dos EUA

» Interação com órgãos regulatórios de fora dos EUA, como alfândegas, agências de vistos, órgãos trabalhistas e

tributários e autoridades licenciadoras — especialmente se feitas através de parceiros externos

» Patrocinadores de fora dos EUA necessários para realizar negócios em determinados países

» Países que exigem parcerias com empresas locais ou a compra de produtos ou serviços de fornecedores locais

» Negócios em países com alto envolvimento do Estado na economia e empresas estatais ou controladas pelo Estado

As políticas e procedimentos da empresa também precisam abordar certos processos do programa de conformidade:

» Treinamento e certificação

» Materiais de orientação sobre conformidade

» Mecanismos de não retaliação e denúncia, incluindo uma linha direta para denúncias anônimas.

» Investigações internas de ética e conformidade

» Sanções a funcionários por violações

» Avaliações de risco de corrupção

» Monitoramento e atualização do programa de conformidade anticorrupção, incluindo o uso de dados e métricas

sobre o funcionamento do programa e testes com grupo de controle

Também vale a pena rever as orientações recentes publicadas pelo Department of Justice dos EUA sobre como eles

avaliam os programas de conformidade corporativa. Oferecemos um resumo destas orientações ao final deste Guia, e a

versão completa (em inglês) pode ser baixada em https://www.justice.gov/criminal-fraud/page/file/937501/download.

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2. Quanto (e que tipo) de treinamento a empresa deve oferecer para cumprir com as normas do DOJ/SEC?

O Departamento de Justiça (Department of Justice, conhecido pela sigla DOJ) e a Comissão de Negociações de Valores

Mobiliários (Securities Exchange Commission, conhecido pela sigla SEC) dos EUA esperam que os treinamentos sejam

baseados em risco. Isso significa que todos aqueles que possam vir a encontrar casos de corrupção no desempenho

de seu trabalho, seja devido a sua função dentro da empresa e/ou por seu local de trabalho, além de todos aqueles

com responsabilidade gerencial ou de supervisão sobre estas pessoas, devem receber treinamento sobre as políticas,

procedimentos e programas anticorrupção da empresa. Além disso, espera-se que funcionários em cargos de chefia ou

confiança sejam treinados com mais profundidade e/ou mais frequentemente que os outros. Estes incluem executivos e

gerentes sêniores, funcionários que ocupam funções de salvaguarda ou controladoria (jurídico, conformidade, finanças,

compras, recursos humanos) e aqueles cujos cargos exigem que eles lidem com transações ou situações que podem

colocar a empresa em risco (p. ex., funcionários que gerenciam licitações de governos fora dos EUA, que interagem com

reguladores de fora dos EUA, ou ainda que supervisionam os terceiros que executam estas funções para a empresa).

Não há regras específicas sobre a metodologia de treinamento — pode ser, por exemplo, via web ou presencial — ou

sobre a frequência mínima necessária. A determinação destes parâmetros para cada membro da sua equipe vai depender

do grau de risco, praticidade e comprometimento dos recursos da empresa. Além disso, infelizmente é muito fácil para

as autoridades sancionadoras criticar o programa de treinamento da empresa em retrospecto quando um problema

ocorre, e argumentos de que teria custado mais do que a empresa queria gastar para fazer as coisas de maneira diferente

tendem a não surtir muito efeito. A melhor maneira de desenvolver um programa de treinamento efetivo e defensável

é demonstrar que, independentemente das particularidades do programa de treinamento da empresa, ele foi concebido

de forma razoável e implementado efetivamente com base nos três alicerces que acabamos de mencionar: risco,

praticidade e recursos necessários. Isto posto, aspectos que certamente devem ser tratados incluem a questão do idioma,

a disponibilidade de recursos adicionais para solução de dúvidas, a incorporação dos aprendizados absorvidos com a

experiência da empresa e os mecanismos para o monitoramento da efetividade do treinamento.

O treinamento de provedores de serviços, fornecedores, subcontratados, parceiros de negócios e representantes ou

agentes traz uma série de peculiaridades, e é mais complexo de se administrar. Porém, novamente, aqui entram em

jogo os mesmos três fatores: risco, praticidade e recursos necessários. Para todos os terceiros, o fator praticidade

deve levar em consideração o fato de que uma empresa não controla os terceiros da mesma forma que controla seus

funcionários. Isto significa, por exemplo, que não se pode razoavelmente esperar que uma empresa consiga treinar todos

os terceiros no programa anticorrupção da empresa da mesma forma que pode se esperar que uma empresa consiga

oferecer pelo menos algum nível de treinamento a todos os seus próprios funcionários (claro que pode haver exceções,

como operários, funcionários de fábrica e similares que não têm possibilidade de desencadear ou observar problemas

relacionados ao FCPA por causa de sua função). Entretanto, terceiros com alto nível de interação junto a autoridades

governamentais em nome da empresa e que operam em ambientes de alto risco devem receber forte treinamento no

início da relação com a empresa (e atualizações periódicas dele caso a relação continue ao longo do tempo). Uma

única possível exceção a esses requisitos de treinamento é quando o próprio terceiro é uma empresa de alta sofisticação

e conformidade que já tem suas próprias políticas, processos e treinamentos anticorrupção. Para estes terceiros que

apresentam menos riscos, a quantidade e o tipo de treinamento dependerão das circunstâncias.

Finalmente, o DOJ e a SEC esperam que os treinamentos sejam documentados e verificados, inclusive através de um

processo de certificação.

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3. O que uma empresa dos EUA deve fazer para prevenir casos de má conduta em subsidiárias fora dos EUA?

Do ponto de vista de conformidade, as empresas do EUA devem tratar subsidiárias integrais, de participação majoritária

ou controladas como se fossem parte integral da empresa. As autoridades de controle dos EUA consideram que a

empresa mãe dos EUA é responsável por todas as condutas destas subsidiárias, e ponto final. Em alguns casos, é possível

usar argumentos técnicos sobre a competência das cortes dos EUA como uma defesa viável em caso de litígio contra

uma ação sancionadora envolvendo uma subsidiária fora dos EUA, mas um bom programa de conformidade não

pode se basear na possibilidade hipotética (e, diga-se de passagem, remota) de que essa defesa seja utilizável caso haja

um problema no futuro. Assim, o programa de conformidade anticorrupção da empresa deve ser implementado em

todas estas subsidiárias, com as customizações ou modificações razoavelmente necessárias para tratar dos riscos e leis

específicos do local de operação.

Com relação a subsidiárias de participação minoritária, o que se espera das empresas dos EUA é que tomem todas as

medidas razoavelmente necessárias e práticas sob as circunstâncias para garantir que a empresa tenha um programa de

conformidade anticorrupção suficientemente robusto (o que constitui um programa robusto em cada caso vai depender

do nível e tipo de influência que a empresa dos EUA venha a ter sobre as operações da subsidiária). De todo modo, é

importante recordar que, se uma empresa dos EUA tem pessoal próprio nesta subsidiária de participação minoritária (p.

ex., funcionários alocados ou removidos), então quaisquer atos de má conduta praticados por estes funcionários serão

considerados como atribuíveis diretamente à empresa dos EUA, e portanto esta será responsabilizável judicialmente pela

conduta. Por isso, deve se tomar extremo cuidado para garantir que estes funcionários sejam muito bem treinados nas

políticas e práticas anticorrupção da empresa dos EUA, e que sejam instados a relatar quaisquer potenciais atos de má

conduta que observarem na subsidiária.

4. Que medidas devem ser tomadas para prevenir atos de má conduta por terceiros?

Intermediários, provedores de serviços, fornecedores, subcontratadas, distribuidoras e parceiras (incluindo parceiras de

Joint Venture) constituem uma das áreas de risco mais importantes a serem tratadas no programa anticorrupção de uma

empresa. Organizações terceiras são comumente utilizadas para cobrir esquemas de corrupção porque considera-se que

é a forma mais fácil de evitar sua detecção dentro da empresa em si. Além disso, por mais próxima que seja a relação,

os terceiros e suas despesas, comunicações e ações são inerentemente sujeitos a menos controles e supervisão do que os

funcionários da empresa.

Em suma, isto significa que uma empresa que trabalha com terceiros para fazer negócios no exterior deve analisar com

enorme cuidado quais destes terceiros oferecem maior risco de colocar a empresa em apuros, considerando sempre o

escopo do engajamento, o local do trabalho, o tamanho e sofisticação do terceiro do ponto de vista de conformidade

e a natureza e importância das interações que o terceiro pode ter com governos em nome da empresa. Por exemplo, o

governo é um cliente? Um regulador? As transações envolvidas são de alto valor? Etc.

Após apurar estes fatos, a empresa deve criar e desenvolver procedimentos de due diligence/triagem, requisitos de

conformidade, treinamentos e monitoramentos adequados para quaisquer terceiros que ofereçam risco. Para que

estas medidas sejam práticas (e assim implementadas e mantidas de forma efetiva), a empresa deve ter uma forma

viável de categorizar os terceiros de acordo com o risco que oferecem (normalmente em matrizes de baixo, médio

e alto risco), processos claros e padronizados de due diligence, requisitos contratuais de ética e conformidade que

não só exijam mas também incentivem a conformidade (e que estabeleçam sanções em caso de descumprimento), e

mecanismos para monitorar e auditar os pagamentos feitos pela empresa a estes terceiros e as atividades conduzidas

por eles. Estes processos, depois de definidos, precisam então ser integrados a todos os processos que envolvem estes

parceiros (aquisições, gestão de fornecedores etc.). A empresa também precisa ter um mecanismo para os casos em que

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precisa ir além da abordagem padrão para responder a sinais de alerta específicos causados por um terceiro ou pelas

circunstâncias.

Implementar tudo isso pode exigir muito planejamento, cuidado e (mais importante) recursos da empresa.

Felizmente, há muitas lições valiosas a serem extraídas de casos anteriores, e — mesmo para advogados experientes —

também do trabalho da nossa firma, que atua na área há vários anos e representou e representa clientes em uma série

de ações judiciais no âmbito do FCPA, inclusive envolvendo terceiros e todos os problemas e riscos de conformidade

relacionados. Fiando-se em experiências anteriores e buscando estas lições aprendidas, é possível adaptar o programa

anticorrupção de uma empresa para tratar de riscos de terceiros de forma prática e ao mesmo tempo sensível às

limitações de recursos.

5. Pode-se oferecer viagens, entretenimento, presentes ou descontos a autoridades públicas de fora dos EUA?

Sim, mas sob certas circunstâncias.

Em primeiro lugar, o FCPA oferece uma “defesa afirmativa” (exclusão de culpabilidade) em casos em que estes itens

constituam despesas razoáveis (em termos de valor e tipo de item) para ajudar a promover, demonstrar ou explicar

os produtos ou serviços de uma empresa, ou como parte da execução de um contrato. Como trata-se de uma “defesa

afirmativa”, no entanto, o ônus de demonstrar que a despesa em questão atende a esses requisitos é da empresa. Há

vários exemplos publicados de cenários permitidos nos pareceres (os Opinion Releases) publicados pelo DOJ, bem

como no Guide to the Foreign Corrupt Practices Act (publicação conjunta do DOJ/SEC). Exemplos de nossa própria

experiência jurídica são muitos e diversos, incluindo, entre outros, descontos em produtos, brindes de amostras de

produtos, jantares de negócios com autoridades individuais ou eventos de jantar maiores para grupos, viagens a

instalações da empresa para treinamento acompanhadas de entretenimento (modesto) como cortesia profissional, e até

viagens aéreas na classe executiva (dependendo do tempo de viagem, nível da autoridade e políticas da empresa para

seus próprios funcionários), entre muitos outros.

As principais questões a observar são: O objetivo da despesa está realmente entre aqueles permitidos em lei? O tipo e o

valor do item ou benefício são razoáveis à luz de seu propósito? Em outras palavras, um promotor ou outra autoridade

de controle razoável poderia concluir que o valor de uma viagem ou outra hospitalidade sendo oferecida é alto o

suficiente para chegar a influenciar o beneficiário a agir de forma corrupta? Há um processo de análise e aprovação

adequado dentro da empresa, normalmente incluindo os departamentos jurídico e de conformidade, ou (pelo menos)

gestores com autoridade e treinamento suficiente em questões de conformidade? Existem provas documentadas de que

a despesa é apropriada? Há transparência sobre a despesa junto ao empregador da autoridade estrangeira ou agência

governamental associada?

Em segundo lugar, como o FCPA só desencadeia responsabilidade quando a oferta da coisa de valor é corrupta, pode

haver circunstâncias em que esse elemento não seja cumprido. Em termos jurídicos, isso significa que o governo pode

não conseguir cumprir o ônus de demonstrar que havia intenção de influenciar a autoridade a obter ou reter negócios.

Isto posto, esta é uma distinção legal que não deve fazer diferença para o programa anticorrupção de uma empresa:

os mesmos fatores que apoiariam a defesa afirmativa geralmente suportam o argumento de que o governo não teria

como comprovar um propósito corrupto, fato que pode ser aceito pelo juiz como justificativa para remover o ônus de

comprová-lo.

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6. A política anticorrupção deve proibir pagamentos de facilitação?

Tornou-se cada vez mais comum nas empresas proibir os “pagamentos de facilitação”, isto é, pagamentos de baixo

valor feitos a autoridades públicas para executar ou agilizar atos governamentais de rotina e não discricionários aos

quais uma empresa tem direito, mas que a autoridade busca o que constitui basicamente uma “gorjeta” para efetuar.

Pagamentos de facilitação são permitidos pelo FCPA. A tendência de proibi-los, apesar de não serem vedados pela

lei, parece decorrer de uma série de razões: primeiro, na economia global de hoje, com cada vez mais visibilidade

das questões de conformidade no mundo corporativo, as empresas estão ficando mais sensíveis ao fato de que estes

pagamentos geralmente não são permitidos pelas leis anticorrupção de outros países; em segundo lugar, algumas

empresas consideram (e com isto concorda inclusive a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico,

a OCDE) que permitir tais pagamentos poderia levar os funcionários da empresa a se tornarem complacentes com

relação a propinas, ou ainda incentivar as autoridades públicas a exigir mais pagamentos; finalmente, algumas empresas

simplesmente concluíram que analisar e diferenciar entre pagamentos admissíveis e inadmissíveis é complexo demais

para compensar todo o treinamento, análise jurídica e controle que este processo exige.

Em última análise, porque esses pagamentos são legais de acordo com a legislação americana, proibir ou não é uma

decisão de negócios, não uma decisão legal (pelo menos da perspectiva dos EUA). E a realidade é que, em algumas

partes do mundo, pode ser extremamente difícil praticar estes atos governamentais de rotina a que a empresa tem

direito sem pagar as tais “gorjetas”. Não pagar às vezes pode levar a atrasos ou até recusas definitivas de um ato

a que a empresa tem todo o direito. Mas, como a exceção é restrita, recomendamos que haja controles claros, e

que o departamento jurídico ou de conformidade sejam envolvidos. Se, por outro lado, a empresa opte por proibir

esses pagamentos, é importante dar apoio, inclusive ajudando os funcionários a se planejar com antecedência para

enfrentar esses obstáculos e desenvolver estratégias efetivas para resistir às demandas por pagamento sem comprometer

indevidamente as necessidades do negócio. Em nossa experiência, vimos que é possível fazer isso, mas que requer muito

planejamento e alguma dedicação de recursos de treinamento, orientação jurídica e planejamento comercial para que

uma empresa possa ter uma política de proibição de pagamentos de facilitação que realmente funcione na prática.

7. O que se espera de uma empresa na hora de investigar potenciais pagamentos corruptos?

Quando uma empresa tem motivos para acreditar que um empregado ou parceiro pode ter feito pagamentos corruptos

a uma autoridade estrangeira, o DOJ e a SEC esperam que a empresa investigue a questão com rigor e profundidade

suficientes para poder avaliar:

○ se pagamentos ocorreram ou, ainda que não, se foram oferecidos ou autorizados;

○ qual foi o benefício obtido ou buscado pela empresa;

○ quais funcionários da empresa estavam envolvidos, e até que nível hierárquico havia conhecimento do fato;

○ se havia supervisores que sabiam, fizeram ouvidos moucos ou deixaram de treinar ou supervisionar

adequadamente os subordinados envolvidos;

○ por que a falha de conformidade ocorreu — p. ex., se era um empregado “mau elemento” ou se havia falhas

nas políticas, procedimentos, treinamentos, mecanismos de denúncia internos, cultura (existe uma cultura do

'fim que justifica os meios'?) ou outros processos da empresa;

○ se os funcionários empregados para atuar como supervisores e guardiões da conformidade (jurídico,

conformidade, finanças, aquisições, recursos humanos etc.) falharam em suas responsabilidades;

○ se há evidências de que o incidente foi isolado ou único ou, ao contrário, se reflete um padrão ou conjunto

mais amplo de problemas de corrupção;

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○ se um parceiro de negócios estava envolvido, qual foi sua culpa, se a relação deve ser rescindida ou se o

parceiro ainda seria digno de confiança no futuro; e

○ se existem obrigações de divulgação nos termos da legislação do país em questão ou dos EUA com base na

natureza da conduta.

Com relação ao último ponto acima, não existe uma obrigação legal geral de divulgar uma violação do FCPA às

autoridades dos EUA; no entanto, pode haver obrigação no âmbito das leis do local de operação, ou mesmo para

as autoridades dos EUA, dependendo das circunstâncias. Por exemplo, se os pagamentos foram feitos a autoridades

estrangeiras no âmbito de um contrato com o governo dos EUA, pode haver obrigações de divulgação nos termos do

Federal Acquisition Regulations (FAR).

Caso uma empresa opte por divulgar a conduta ao governo (ou estiver sujeita a uma investigação governamental por

outras razões), a abordagem da investigação interna também deve levar em consideração a questão da cooperação.

Neste contexto, vale a pena citar duas políticas relativamente recentes do DOJ. Primeiro, em um memorando de

2015, Sally Q. Yates, ex-Procuradora-Geral Adjunta do DOJ, salientou que, caso a empresa deseje receber “créditos”

(descontos em multas) do DOJ por sua cooperação, esta deve informá-lo de todos os fatos relevantes sobre os

indivíduos envolvidos na má conduta corporativa. Em segundo lugar, um conjunto de disposições acrescentadas ao

Manual dos Procuradores Federais dos EUA em 2017 tornou permanentes alguns preceitos que vinham sendo testados

no “programa piloto” do DOJ de oferta de créditos em troca de divulgações e cooperação. As disposições discutem

as expectativas do DOJ em termos de cooperação, remediação e evitação de conflitos entre uma investigação interna

e investigações governamentais. Profissionais experientes há tempos já estruturaram suas investigações de forma a

satisfazer essas expectativas do DOJ, mas ter essas políticas por escrito cria um marco importante, além de poder ajudar

a educar as principais partes interessadas de uma empresa sobre como e por que uma investigação interna deve ser

estruturada de uma certa forma.

Finalmente, uma nota sobre expectativas quanto aos métodos de investigação: não existe um “roteiro” predefinido

do que constitui uma investigação adequada. Isto posto, os órgãos sancionadores esperam ver rigor na definição do

escopo, independência e objetividade da equipe de investigação, fortes evidências de esforços de preservação, coleta e

análise completa de e-mails e outras comunicações (incluindo servidores, laptops, dispositivos pessoais e outras mídias),

análise de registros financeiros e entrevistas com funcionários, ex-funcionários e/ou terceiros, se relevante, além de uma

análise das causas raiz e remediações estruturadas adequadamente para resolver essas causas. A medida dos esforços vai

depender do que for razoável (e legalmente defensável, se necessário) nas circunstâncias de cada caso.

8. O que o DOJ/SEC esperam da empresa na hora de medir o risco de conformidade com o FCPA?

O DOJ e o SEC esperam que as empresas tomem medidas específicas para avaliar seu risco de conformidade com o

FCPA, tanto em relação a negócios em andamento quanto a negócios futuros. A formalidade e complexidade dessas

avaliações de risco variam de acordo com o tamanho, natureza e complexidade da empresa, além de fatores como o

alcance das operações e negócios da empresa fora dos EUA, os países com maior risco de corrupção em que a empresa

tem negócios, o grau de interação que a empresa precisa ter com órgãos e autoridades públicas estrangeiras para

conduzir seus negócios, e o quanto a empresa se utiliza de terceiros para auxiliá-la nestas interações.

Algumas grandes empresas têm processos de avaliação de riscos do FCPA altamente formais e estruturados. Muitas

organizam oficinas de avaliação de risco abrangentes, incluindo líderes das áreas de negócio e do corporativo, em que

buscam tratar de questões de risco tanto no nível macro (da empresa como um todo) e especificamente com relação

a operações em certos países ou em áreas de atuação mais expostas. Os resultados dessas oficinas geralmente são

compilados e então utilizados para desenvolver planos de mitigação de risco. Este tipo de processo de avaliação de

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riscos também é subsidiado por informações complementares, como investigações de conformidade, consultas feitas ao

jurídico ou à área de conformidade pelas diferentes áreas de negócio, resultados de auditorias internas e outras fontes.

Outras empresas, dependendo dos mesmo fatores acima (tamanho, complexidade das operações/extensão de negócios

fora dos EUA e estágio de desenvolvimento de seus processos de avaliação de risco), podem vir a adotar um processo

de avaliação de risco um pouco menos complexo. Mesmo nesses casos, no entanto, é importante que a empresa saiba

identificar quem dentro de sua estrutura está mais bem posicionado para ajudar a identificar os riscos de corrupção nos

negócios da empresa, e então desenvolva um processo adequado para coletar informações dessas pessoas, organizá-

las, utilizá-las para subsidiar o programa anticorrupção da empresa e atualizá-las de tempos em tempos. Além disso, o

DOJ em particular tem adotado uma abordagem cada vez mais baseada em dados, e como tal espera que as empresas

coletem e analisem dados sobre seus riscos, que usem as conclusões de suas auditorias e investigações internas para

melhorar seus processos, e que atualizem seu programa periodicamente de acordo com estas informações. É importante

enfatizar que estas práticas são uma boa pedida não só porque as agências de controle esperam vê-las na sua empresa,

mas também porque esse processo é necessário para que a empresa possa empregar os recursos (caros!) que investe

em conformidade da forma mais eficiente possível. Você não precisa ser lembrado do que estamos prestes a dizer, mas

sempre vale repetir: tudo isso custa tempo e dinheiro, e o principal objetivo de qualquer negócio é ser bem sucedido para

seus clientes, acionistas ou proprietários e funcionários. Um processo eficaz de avaliação de risco ajudará a empresa a

concentrar esses recursos onde eles forem mais necessários.

9. Empresas com registro na SEC precisam tomar mais precauções anticorrupção que empresas não registradas?

A resposta curta para esta pergunta é “Sim, mas há um porém”.

Começando pelo 'sim'. Sim porque o FCPA cria obrigações adicionais para empresas abertas (isto é, com títulos

negociados em bolsa), que são legalmente obrigadas a manter livros e registros precisos e um sistema adequado

de controles contábeis internos. Essas obrigações se estendem a todas as partes de uma empresa aberta, incluindo

subsidiárias integrais/de participação majoritária e afiliadas. Empresas abertas, além disso, possuem responsabilidade

objetiva (strict liability) em caso de descumprimento: isto significa que não há necessidade de se provar a intenção de

cometer um delito para que a empresa seja responsável civilmente por uma violação (embora ainda seja necessário

provar a intenção para responsabilização nos termos do FCPA na esfera criminal).

Mas há um porém: o DOJ basicamente 'importou' esta norma legal de manutenção de livros e registros e controles

internos para os seus próprios requisitos, na forma de política, como parte do que considera um programa de

conformidade anticorrupção eficiente. Isso pode ser visto nos requisitos que o DOJ impõe a todas as empresas

— registradas na SEC ou não — quando chega a um acordo com elas para resolver um processo sancionador

relacionado ao FCPA. Hojé padrão que o DOJ exija nestes acrodos, por exemplo, que a empresa mantenha um

programa anticorrupção que satisfaça os elementos estabelecidos nas orientações emitidas pelas agências de controle

(principalmente o próprio DOJ). Um desses elementos é que a empresa tenha controles internos e procedimentos

financeiros/contábeis fortes o suficiente para garantir que os livros e registros reflitam com precisão a substância

de qualquer operação econômica e não são usados para mascarar “caixa dois” ou outras despesas indevidas, que a

execução e contabilização das transações são sempre autorizadas pelo gestor, que o acesso aos ativos ocorre mediante

autorização, e que os ativos contabilizados são comparados regularmente com os ativos reais. Finalmente, quanto maior

o perfil de risco da empresa (ou de certas atividades comerciais que conduz), mais rigorosos devem ser os controles.

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10. O programa de conformidade deve considerar as leis anticorrupção de fora dos EUA?

Certamente. Qualquer empresa com negócios ou operações fora dos EUA deve levar em consideração as leis

anticorrupção aplicáveis do país em questão, ou até mesmo as leis de outros países que podem se aplicar a ela naquele

país (como ocorre em alguns países com o U.K. Bribery Act). Além disso, não só a cooperação multi-jurisdicional entre

diferentes países se tornou algo mais frequente nos últimos anos, mas também há uma tendência de aprovação de leis

anticorrupção mais rigorosas — e de maior aplicação delas — em todo o mundo. Argentina, Brasil, Colômbia e México

são exemplos de países que promulgaram novas leis nos últimos anos. Embora nem todas essas leis ainda estejam sendo

aplicadas vigorosamente, pelo menos alguns países (como o Brasil) já avançam nessa direção, e prevê-se que o mesmo

pode acontecer em uma série de outros países no futuro. Como os EUA continuam sendo o país mais rigoroso nesta área

(e é provável que permaneça assim por muitos anos), não é surpresa que empresas sujeitas à jurisdição dos EUA tendam

a concentrar seus programas anticorrupção no FCPA. Mas a realidade hoje é que, cada vez mais, não se pode mais

ignorar as leis dos outros países ou presumir que elas não serão devidamente aplicadas.

Os preceitos básicos das leis anticorrupção, seja nos EUA ou fora dos EUA, tendem a ser mais ou menos os mesmos.

E onde há diferenças, as leis dos EUA tendem a ser tão completas ou rigorosas (ou mais) que as de outros países. Um

exemplo é o Reino Unido. O U.K. Bribery Act criminaliza o pagamento de propinas a agentes do setor público e privado

(o último também conhecido como “propina comercial”), enquanto o FCPA criminaliza apenas o pagamento de propina

a autoridades do governo. No entanto, existem outras leis dos EUA que criminalizam a propina comercial, inclusive

quando cometida fora dos EUA. Outro exemplo: embora existam vários países cujos sistemas de direito penal não

responsabilizam as empresas criminalmente caso não haja envolvimento da alta gestão, a legislação dos EUA prevê que

qualquer funcionário ou terceiro que atue como agente da empresa podem desencadear a responsabilidade corporativa

(conforme determinado pelas leis de responsabilização indireta, ou vicarious liability). No entanto, existem algumas

raras exceções em que as lei anticorrupção dos EUA são menos rigorosas que as de outras nações. Uma delas é com

relação a pagamentos de facilitação: os EUA os permitem, enquanto outras nações geralmente vedam a prática. Outro

exemplo: o U.K. Bribery Act vai ainda mais longe que o FCPA em termos de responsabilidade por atos de terceiros,

com seu princípio de “omissão corporativa na prevenção de propina”. É por isto que, embora em geral seja razoável

concentrar o programa anticorrupção de uma empresa na legislação dos EUA, as leis de outros países também devem ser

levadas em consideração quando aplicáveis às operações da empresa.

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IV. Evoluções e Tendências — Políticas e Ações Sancionadoras

a. Programa Piloto do DOJ e Política de Sanções Corporativas do FCPA (Substituindo o Programa Piloto)

Em 5 de abril de 2016, a Divisão Criminal do DOJ iniciou um “Programa Piloto” de um ano para promover a prática

de divulgações voluntárias e cooperação por parte de empresas com processos relacionados ao FCPA1, delineando o tipo

de “crédito” (desconto em multas) que as empresas poderiam receber em troca destas divulgações e cooperações. O DOJ

também procurou tornar mais transparente a forma como identifica o potencial crédito a ser recebido em troca de auto-

divulgações, cooperações e remediações. O Programa Piloto foi posteriormente prorrogado em março de 2017.2

Em 29 de novembro de 2017, citando o aumento do número divulgações voluntárias após a promulgação do Programa

Piloto, o Vice-Procurador-Geral Rod Rosenstein anunciou uma nova versão da Política de Sanções Corporativas do

FCPA com base nos princípios delineados no Programa Piloto.3 A nova política codifica alguns aspectos do Programa

Piloto sem mudanças e revisa outros.

O Vice-Procurador-Geral Rosenstein publicou as orientações diretamente no Manual dos Advogados dos EUA (o U.S.

Attorney's Manual, ou USAM)4 ao invés de publicar um memorando, facilitando a fácil compreensão e aplicação das

orientações mesmos pelos procuradores mais ocupados. Embora publicada no USAM, a nova política não cria direitos

privados e não é passível de uso como defesa em ação judicial. Em vez disso, como os memorandos de política e outras

políticas operacionais internas do DOJ, o programa foi implementado para fornecer orientações e promover a aplicação

consistente da lei.

No que diz respeito ao conteúdo, a nova política vai além de qualquer outra orientação do DOJ na promoção de auto-

divulgações pelas empresas. A política inclui uma “presunção de declinação” (isto é, presunção de que o DOJ declinará

buscar ação judicial contra a empresa) quando uma empresa, na ausência de circunstâncias agravantes, voluntariamente

auto-divulga sua má conduta, coopera plenamente e remedia a situação de forma oportuna e apropriada, com definições

e normas para estes termos claramente explicitadas na política. Circunstâncias agravantes que podem afetar a declinação

incluem o envolvimento da alta gestão da empresa na má conduta, lucros significativos para a empresa devido à má

conduta, predominância da má conduta dentro da empresa e recidivismo.

Nos casos em que uma empresa auto-divulga voluntariamente uma irregularidade e satisfaz todos os outros requisitos

mas as circunstâncias agravantes obrigam o DOJ a buscar ação judicial, a nova política orienta o promotor público a

recomendar uma redução de 50% na faixa mais baixa de multa recomendada pelas Diretrizes de Dosimetria da Pena

dos EUA (as U.S. Sentencing Guidelines, ou USSG) Além disso, o DOJ geralmente não solicitará a nomeação de um

monitor caso a empresa tenha implementado um programa de conformidade efetivo. A política também prevê que,

caso uma empresa não auto-divulgue mas depois coopere plenamente e remedie a situação adequadamente, o DOJ

recomendará uma redução de 25% da multa.

Embora o DOJ recomende uma redução da multa penal de acordo com os critérios acima mencionados, as empresas

ainda serão obrigadas a pagar os valores totais de confiscos, perdimentos e/ou restituições relacionados à má conduta.

Estes serão devidos mesmo quando o DOJ declinar a instauração de ação judicial. Além disso, as empresas devem

1 Ver Andrew Weissmann, Chefe da Seção de Fraudes da Divisão Criminal do DOJ, “The Fraud Section’s Foreign Corruption Practices Act Enforcement Plan and Guidan-ce” (5 de abril de 2016, em inglês).

2 Ver discurso de Kenneth A. Blanco, Procurador Geral Adjunto em Exercício do DOJ, sobre Crimes do Colarinho Branco no Instituto Nacional da Ordem dos Advogados dos EUA (em inglês, disponível em https://www.justice.gov/opa/speech/acting-assistant-attorney-general-kenneth-blanco-speaks-american-bar-association-national).

3 Ver Discurso do Vice-Procurador-Geral Rod Rosenstein durante a 34ª Conferência Internacional sobre o Foreign Corrupt Practices Act (29 de novembro de 2017, em inglês), disponível em https://www.justice.gov/opa/speech/deputy-attorney-general-rosenstein-delivers-remarks-34th-international-conference-foreign.

4 Ver USAM 9-47.1 — FCPA Corporate Enforcement Policy (em inglês).

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assegurar que atendem às definições de “auto-divulgação voluntária”, “cooperação plena” e “remediação oportuna e

apropriada” delineadas na política.

O DOJ avaliará, entre outros, se a divulgação ocorreu antes de uma ameaça iminente de divulgação ou investigação

do governo, se foi feita dentro de um prazo razoavelmente oportuno após tomar conhecimento da infração (o ônus de

demonstrar este prazo recai sobre a empresa), e se incluiu a divulgação de todos os fatos relevantes conhecidos pela

empresa, incluindo fatos sobre pessoas envolvidas na violação.

Há uma série de requisitos para receber o crédito de cooperação plena:

○ As empresas devem revelar oportunamente “todos os fatos” relevantes à má conduta. Isso significa fornecer

ao DOJ todos os fatos reunidos durante a investigação independente conduzida da empresa, incluindo, entre

outros, informações específicas de fontes, atualizações oportunas sobre a investigação interna da empresa,

qualquer atividade criminosa por parte de diretores, funcionários ou agentes da empresa, e potenciais práticas

criminais por parte de quaisquer empresas terceirizadas.

○ A cooperação deve ser proativa e não reativa. As empresas devem divulgar os fatos sem terem sido

especificamente solicitadas a fazê-lo, e devem informar o DOJ proativamente de quaisquer oportunidades em

que este poderia obter provas relevantes.

○ Os documentos relevantes devem ser preservados e coletados oportunamente, incluindo documentos no

exterior (e incluindo a localização desses documentos); a empresa também deve facilitar a apresentação de

evidências por terceiros, e providenciar a tradução dos documentos relevantes quando necessário.

○ As empresas devem evitar conflitos entre a sua investigação e a do DOJ.

○ As empresas devem disponibilizar diretores, funcionários e agentes para entrevistas, e, em alguns casos,

facilitar a apresentação de testemunhas de terceiros.

Além disso, as empresas devem corrigir a má conduta de forma oportuna. Para receber o crédito completo neste quesito,

a empresa deve demonstrar que:

○ Analisou a causa raiz da conduta subjacente e remediou a situação para resolver a causa raiz encontrada.

○ Implementou um programa de ética e conformidade “efetivo” de acordo com o tamanho e recursos de uma

organização. Entre outros fatores, o DOJ considerará a autoridade e a independência do departamento

de conformidade e o nível de expertise na área que a empresa tem a oferecer a seu conselho, a “qualidade

e experiência” do pessoal envolvido na área de conformidade, os níveis de “compensação e promoções”

oferecidos ao pessoal da área de conformidade, e as auditorias que faz de seu programa de conformidade.

○ Disciplinou adequadamente os funcionários, incluindo os responsáveis pela má conduta (seja diretamente ou

por falta de supervisão) e aqueles que supervisionam a área na qual a má conduta ocorreu.

○ Manteve registros comerciais e proibiu a destruição ou exclusão imprópria de registros (seja manualmente ou

devido a softwares que não os retém adequadamente).

O DOJ também analisará todas as medidas adicionais tomadas pela empresa para demonstrar que reconhece a

gravidade da má conduta.

Embora nem todos os aspectos da política sejam novos ou inovadores, vale a pena discutir alguns deles mais a fundo.

Um dos mais importantes é que a política agora inclui uma “presunção” de declinação caso as empresas façam auto-

divulgação, cooperem e remediem a situação. Esta inclusão certamente teve por objetivo dar mais segurança às empresas

que contemplam fazer divulgações voluntárias.

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Em segundo lugar, a política exige, com relação à remediação, que as empresas analisem a causa raiz da conduta

subjacente. Esse requisito torna explícita uma expectativa (que era apenas implícita na política anterior) de que as

empresas implementem ou reforcem seu programa de ética e conformidade, conforme o caso. Espera-se que as empresas

identifiquem o problema e corrijam a causa da má conduta específica em questão.

Em terceiro lugar, a política especifica que um programa de conformidade adequado deve exigir que a área de

conformidade tenha autoridade e independência suficientes. A palavra “autoridade” não aparecia no linguajar usado

no Programa Piloto. Este requisito, assim como os outros listados para a área de conformidade, destacam a expectativa

do DOJ de que os funcionários da área de conformidade tenham acesso ao conselho de administração e o poder de

implementar políticas e fazer mudanças significativas dentro de uma empresa.

Embora esta nova orientação e sua incorporação no USAM sejam uma mudança positiva, as empresas devem analisar

os fatos e circunstâncias de cada violação do FCPA ao determinar se devem ou não fazer a auto-divulgação voluntária,

pesando os prós e os contras da decisão. Por exemplo, a divulgação sempre resultará em confiscos, perdimentos e/

ou restituições relacionados à má conduta, mesmo quando o DOJ declinar a instauração de processo. Essa perda de

receita deve ser ponderada em comparação com as possíveis vantagens da divulgação voluntária. Finalmente, antes de

auto-divulgar, as empresas devem sempre ter a certeza de que tem como atender aos requisitos de “auto-divulgação

voluntária”, “cooperação plena” e “remediação oportuna e apropriada”, conforme definidos na política do DOJ.

Caso não possa, isto pode invalidar qualquer vantagem que a empresa teria obtido através da auto-divulgação. Como

em qualquer investigação do governo (e certamente para ser elegível ao crédito máximo ao abrigo da nova política), é

fundamental que as empresas e seus conselhos acompanhem e documentem cuidadosamente sua cooperação ao longo da

investigação.

Embora a nova política provavelmente não vá mudar fundamentalmente a decisão das empresas de divulgar ou não, ter

as multas reduzidas e evitar a nomeação de um monitor são incentivos significativos para empresas que já contemplam

a divulgação voluntária e buscam um impulso nessa direção. Como o Programa Piloto já fazia, a política fornece às

empresas a garantia de que a divulgação voluntária trará uma redução de multas e evitará a nomeação de um monitor

externo para a empresa.

i. Declinações

O resultado mais favorável possível em uma investigação de violação do FCPA pelo governo é obter uma declinação

do órgão sancionador. Em 2017, o DOJ concedeu duas declinações no âmbito do Programa Piloto:5 um no caso da

Linde North America Inc., e a outra no caso da CDM Smith, Inc. Em ambos os casos, o DOJ considerou a existência os

seguintes aspecots para chegar a sua decisão: (1) auto-divulgação voluntária; (2) investigação minuciosa pela empresa;

(3) cooperação plena da empresa, incluindo a divulgação de todos os fatos relevantes sobre os indivíduos envolvidos ou

responsáveis pela má conduta e o compromisso de continuar a cooperar com quaisquer investigações em curso sobre as

pessoas envolvidas (quando aplicável); (4) concordância em restituir os lucros que recebeu da conduta imprópria; (5)

as medidas que a empresa tomou para aprimorar seu programa de conformidade e controles contábeis internos; e (6) a

remediação completa da situação pela empresa, incluindo, entre outras medidas, a demissão e punição dos funcionários

envolvidos em todos os níveis (incluindo gerentes e executivos).

Em ambos os casos, o DOJ exigiu que as empresas restituíssem os lucros do esquema subjacente. A Linde foi obrigada

não só a restituir os lucros que recebeu da má conduta, mas também concordou com o perdimento das receitas

corruptas que reteve de empresas detidas ou controladas por funcionários estrangeiros para as quais havia efetuado

pagamentos corruptos. Essa abordagem de exigir que as empresas restituam os lucros ao DOJ é relativamente nova. Em

5 O DOJ concedeu cinco declinações no âmbito do Programa Piloto em 2016. Uma lista de todas as declinações oferecidas no âmbito do Programa Piloto em 2016 e 2017 (e os respectivos acordos escritos) estão disponíveis em https://www.justice.gov/criminal-fraud/pilot-program/declinations (em inglês).

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casos passados, a declinação não envolvia a imposição de qualquer penalidade ou remédio financeiro. As declinações no

âmbito do Programa Piloto (e agora na Política de Sanções Corporativas) são mais parecidas com os Acordos de Não-

Persecução Criminal (Non-Prosecution Agreements, ou “NPAs”), sob os quais o órgão de controle se compromete a não

instaurar ação judicial para permitir que o potencial requerido demonstre boa conduta). Ainda assim, as declinações

continuam sendo uma resolução mais favorável que os NPAs, já que evitam uma série de obrigações geralmente

atreladas a estes (como as de relatoria prospectiva).

ii. Descontos em Multas Penais

Como discutimos na seção anterior, para ser elegível ao crédito total de mitigação do Programa Piloto (e agora da

Política de Sanções Corporativas), a empresa deve:

○ fazer auto-divulgações voluntariamente;

○ cooperar plenamente com a investigação do DOJ;

○ remediar, conforme apropriado, seus controles internos e programas de conformidade; e

○ restituir os ganhos indevidos.

Empresas que preencherem totalmente esses requisitos podem ter direito a uma redução de até 50% na faixa inferior

do intervalo de multas prescrito pelas Diretrizes de Dosimetria de Pena dos EUA (USSG). As empresas que não auto-

divulgarem voluntariamente ainda podem ter um desconto, porém menor: 25% deste mesmo intervalo.

Por exemplo, em seu acordo de 2017 com a SBM, o DOJ não ofereceu o crédito de auto-divulgação porque a empresa

relatou a conduta quase um ano após ter tomado ciência do fato. No entanto, a SBM ainda foi considerada elegível para

receber um desconto de 25% na faixa inferior da multa prescrita pelas USSG porque cooperou com a investigação do

DOJ, incluindo uma investigação acelerada de condutas de pagamento de propina. Além disso, a SBM tomou medidas

corretivas significativas, incluindo a demissão e destituição de funcionários envolvidos na prática criminal, rescisão de

contratos de representação de longa data, e a implementação de um novo (e melhorado) sistema de controles internos

para tratar e mitigar riscos de corrupção. O DOJ também levou em consideração a incapacidade da SBM de pagar a

multa.

No caso da Keppel Offshore, apesar desta ter não divulgado informações voluntariamente, o DOJ também concedeu

à empresa um desconto de 25% na faixa de multas prevista nas USSG. O DOJ citou como justificativas a cooperação

substancial da empresa com a investigação do DOJ e as extensas medidas corretivas tomadas. Especificamente, a

Keppel demitiu e disciplinou os funcionários envolvidos na prática criminal e implementou um sistema aprimorado de

conformidade e controles internos para tratar e mitigar os riscos de corrupção. A mesma benesse foi oferecida no caso

das Las Vegas Sands, em que o DOJ também concluiu que a empresa era elegível a um crédito de 25%. Neste caso,

a decisão foi tomada com base em uma série de fatores, incluindo a natureza e gravidade das violações de controles

internos, o fato de que a Las Vegas Sands cooperou plenamente com a investigação, e a total remediação efetuada.

A cooperação das Las Vegas Sands incluiu a realização de uma investigação interna completa e a coleta, análise e

organização voluntárias de um enorme volume de evidências e informações solicitadas pelo governo, incluindo a

tradução de documentos importantes. A empresa ainda demitiu e cortou laços com todos os indivíduos implicados na

má conduta. A Las Vegas Sands tomou extensas medidas corretivas, incluindo a renovação e ampliação de seus cargos e

programas de conformidade/auditoria e mudanças significativas de pessoal, como a contratação de novos líderes para as

áreas de conformidade, jurídica, auditoria interna e financeira. Outros exemplos semelhantes foram a Telia a e a SQM.

Nenhuma das duas fez divulgações voluntárias, mas ambas receberam o crédito de máximo de 25% permitido pelo

Programa Piloto/Política de Sanções Corporativas por terem cooperado com as investigações.

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b. Processos Sancionadores em 2017

i. Acordos Extrajudiciais

O número de casos resolvidos na esfera extrajudicial (as chamadas corporate resolutions) em 2017 foi menor que o

número recorde de 2016, embora tenha permanecido alto, e os montantes para liquidação foram significativos. A SEC e

o DOJ conduziram 10 grandes processos sancionadores cada em 2017, número também alto porém abaixo dos recordes

de 2016 (14 e 24, respectivamente). Os valores totais pagos à SEC em acordos extrajudiciais 2017 superaram os totais de

2013 e 2015, enquanto os totais do DOJ para 2017 superaram os totais de 2013 a 2015 e coincidiram com os de 2014.

SECDOJ

20172016201520142013

98

10

7

2

8

14

24

FCPA Enforcement ActionsCorporate Resolutions

10 10

SECDOJ

Ações Sancionadoras do FCPA - Resoluções Corporativas

Corporate FCPA Defendants

20172016201520142013

Empresas de fora dos EUA

Empresas dos EUA

9

13

9

18

98

3

20

11

8

Réus Pessoa Jurídica em Ações do FCPA

Houve mais processos sancionadores contra pessoas físicas e jurídicas de fora dos EUA em 2017 do que empresas e

cidadãos dos EUA. É o segundo ano consecutivo em que isso ocorre.

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ii. Ações Judiciais contra Pessoas Físicas e o Memorando de Yates

O número de ações instauradas pelo DOJ contra pessoas físicas em 2017 foi mais que o dobro que em 2016, e o maior

desde os cinco anos anteriores. O número de ações contra pessoas físicas da SEC caiu de 8 em 2016 para 3 em 2017.

A proporção de réus de fora dos EUA também foi significativa. Das 17 ações, 70% foram contra cidadãos de fora dos

EUA, o que representa um aumento de 65% em relação a 2016.

20172016201520142013

14

5

14

3

12

4

9

2

6

8

SECDOJ

FCPA Enforcement ActionsIndividual Actions

Ações Sancionadoras do FCPA - Pessoas Físicas

Individual FCPA Defendants

20172016201520142013

Cidadãos de fora dos EUA

Cidadãos dos EUA

98

910

554

3

18

12

Réus Pessoa Física em Ações do FCPA

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O DOJ vem reafirmando há anos que ações judiciais contra pessoas físicas em questões do FCPA são uma alta

prioridade, e em 2015 o Memorando de Yates veio formalizar esta política preexistente. Pelo menos até 2017, a política

parece ter ganhado força, embora deva-se notar que os números não foram mais altos que os de quatro ou cinco anos

atrás.

Mas os números podem enganar, dado o prazo médio de uma investigação de violações do FCPA e as etapas que devem

ser cumpridas antes que as pessoas físicas sejam de fato indiciadas, e portanto é não há como determinar se o órgão de

fato aumentou seus esforços sancionadores contra pessoas físicas ao longo do tempo como resultado do Memorando de

Yates. Independentemente dos números, no entanto, entender o foco explícito do governo em pessoas físicas é crucial na

hora de determinar como conduzir investigações internas e cooperar com uma investigação do governo.

iii. Processos Sancionadores Importantes

Telia

O DOJ anunciou em 21 de setembro de 2017 que a empresa de telecomunicações sueca Telia Company AB, ex-emissora

de ADRs, havia firmado um acordo com as autoridades dos EUA, Holanda e Suécia em resposta a denúncias decorrentes

de um esquema de pagamento de propinas no Uzbequistão por sua subsidiária no país, a Coscom, LLC.

A Telia fechou um acordo com as autoridades do DOJ, da SEC, da Holanda e da Suécia. Nos termos do acordo,

a empresa concordou em adotar uma série de medidas: pagar ao Ministério Público dos Países Baixos (Openbaar

Ministrie, ou OM) uma multa penal de US$ 274 milhões e ao DOJ mais uma multa de US$ 274 milhões, perfazendo

uma multa total de US$ 548 milhões; implementar controles internos rigorosos e cooperar com a investigação em curso

do DOJ; e restituir os lucros e juros de arresto à SEC no valor de US$ 457 milhões — no total, as multas e restituições

totalizaram mais de US$ 1 bilhão. No entanto, a Telia não pagará o valor total: o DOJ concordou em descontar da

multa o valor pago pela Telia ao OM, e a SEC concordou em descontar US$ 40 milhões em perdimentos já pagos ao

DOJ e até metade do total da restituição (US$ 208,5 milhões) já pagos ao Ministério Público Sueco (SPA) e à OM.

Contabilizadas as deduções, espera-se que a Telia pague um total de US$ 965 milhões à SEC, DOJ, OM e SPA.

Este caso é digno de nota por vários motivos. Primeiro, a Telia foi a primeira ação sancionadora multi-jurisdicional do

FCPA resolvida durante o governo Trump. Em segundo lugar, a multa combinada de quase um bilhão de dólares é uma

das as maiores já impostas. Em terceiro lugar, foi o segundo grande acordo envolvendo má conduta por uma empresa

de telecomunicações no Uzbequistão — o primeiro foi a VimpelCom em fevereiro de 2016, em que o acordo multi-

jurisdicional (com autoridades dos EUA e Holanda) chegou a US$ 795 milhões. Em quarto lugar, este caso representou

o maior dos quatro processos em 2017 que envolveu cooperação entre órgãos de controle de múltiplos países, uma

tendência cada vez maior na área. E, finalmente, temos o DOJ, órgão dos EUA, instaurando processo sancionador contra

uma empresa de outro país. Embora o DOJ já tenha deflagrado processos sancionadores contra pessoas físicas e jurídicas

de fora dos EUA no passado, este caso em particular deixou claro que este tipo de ação continua a ser um importante

objetivo da política de DOJ na busca de condições equitativas de combate à corrupção.

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Keppel

Este caso envolveu uma empresa de embarcações e navios de carga da Singapura, a Keppel Offshore e Marine Ltd., e

sua subsidiária integral nos EUA. A conduta subjacente envolvia um esquema de pagamento de propina a autoridades

brasileiras. A Keppel acabou se declarando culpada de associação para violação das disposições antipropina do FCPA,

concordando em pagar uma multa combinada de US$ 422 milhões às autoridades do Brasil, EUA e Singapura. Como

no caso da Telia e outros acordos multi-jurisdicionais recentes, as autoridades dos EUA descontaram de suas multas

aplicadas o valor pago às autoridades do Brasil e Cingapura.

No ano passado, autoridades dos EUA, Brasil e Suíça chegaram a um acordo global com a construtora brasileira

Odebrecht e sua subsidiária petroquímica Braskem com relação às condutas descobertas através da Operação Lava

Jato, que revelou um enorme esquema de corrupção na petrolífera estatal brasileira Petrobras. O caso Keppel é digno de

nota porque é mais um exemplo6 de processo sancionador coordenado entre vários países, em que vimos novamente as

autoridades dos EUA e Brasil cooperarem em uma investigação relacionada à Petrobras. As autoridades de Cingapura

também se juntaram ao processo sancionador da Keppel.

iv. Decisões Judiciais Importantes

Kokesh

Em 5 de junho de 2017, a Suprema Corte dos EUA decidiu, com relação ao processo Kokesh vs. SEC, que o prazo de

prescrição de cinco anos aplicável a multas, penalidades e perdimentos também é aplicável a pedidos de restituição.

Especificamente, a Suprema Corte entendeu que as processos sancionadores da SEC são “penalidades” no sentido do

termo em 28 U.S.C. § 2462.

Dada a frequência com que a SEC busca o pagamento de restituição, é provável que esta decisão da Suprema Corte

em Kokesh venha a afetar pessoas físicas e jurídicas sujeitas a penalidades financeiras em ações da SEC. Em 2016, por

exemplo, dos 24 acordos celebrados pela SEC resultantes de violações do FCPA, 20 impuseram restituições. A partir de

agora, a SEC terá limitações com relação ao período pelo quel poderá exigir restituições.

Embora esta decisão seja claramente importante, a realidade prática é que as empresas que enfrentam uma ação

sancionadora da SEC raramente terão um argumento viável de prescrição da prática. Primeiro porque a conduta precisa

ser antiga o suficiente para que a prescrição se aplique, e como tal provavelmente terá impacto mais significativo em

casos que ocorreram vários anos antes do início da ação pela SEC. Em segundo lugar porque, caso o evento ainda não

tiver prescrito quando a investigação da SEC começar e a empresa opte por cooperar com a investigação da SEC, a SEC

provavelmente pedirá que o acordo congele o prazo de prescrição durante a investigação. A pressão para concordar com

tal medida será significativa para uma empresa cooperante.

6 Outras ações multi-jurisdicionais em 2017 incluem os casos da Rolls Royce, SBM Offshore e Telia.

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GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 18

c. Cooperação Internacional e Ações Sancionadoras Recentes em Países Importantes

i. Coordenação Internacional

A tendência de maior cooperação internacional em questões anticorrupção continuou em 2017, com as autoridades

dos EUA e suas contrapartes em todo o mundo trabalhando cada vez mais juntas no combate à corrupção. Trevor

McFadden, Vice-Procurador-Geral Adjunto em Exercício do DOJ, reconheceu essa tendência em maio de 2017:

O panorama da cooperação internacional continua a evoluir. Em muitos dos casos

que lidamos, e em quase todos os casos de colarinho branco, a cooperação com

nossos parceiros estrangeiros tornou-se uma marca registrada do nosso trabalho... A

cooperação internacional é uma via de mão dupla: assim como recebemos assistência

significativa de nossos parceiros estrangeiros em nossas investigações e processos

judiciais, também oferecemos assistência significativa a eles.7

Por exemplo, em 2017, autoridades dos EUA, Reino Unido e Brasil trabalharam juntas para coordenar um acordo

no esquema de pagamento de propina da Rolls-Royce;8 além disso, autoridades dos EUA, Brasil, Holanda e Suíça

colaboraram com o DOJ na investigação da SBM Offshore.9

Conforme o número de acordos globais10 aumenta, as autoridades dos EUA têm cada vez mais descontado das multas

por eles aplicadas os valores já pagos a outras nações. Em 2017, o DOJ descontou pagamentos feitos a suas contrapartes

internacionais em seus acordos com a Telia, Rolls-Royce e Keppel. O Procurador-Geral Adjunto Kenneth A. Blanco

explicou que o DOJ adotou essa abordagem para evitar duplicações de multas e porque “isto assegura a devida sanção

das empresas e cria os incentivos certos para que elas cooperem plenamente com as jurisdições envolvidas no caso.”

1. A Operação Lava Jato e seu Efeito Cascata

A Polícia Federal do Brasil começou a investigar alegações de corrupção na petrolífera nacional Petrobras em 2014.11

A investigação, chamada de “Operação Lava Jato”, teve repercussões muito além do Brasil, resultando em várias

investigações transfronteiriças e acordos globais significativos. O maior acordo global ocorreu em dezembro de 2016:

a empreiteira do setor de construção Odebrecht e sua subsidiária petroquímica Braskem entraram em acordo com

autoridades nos EUA, Brasil e Suíça em um caso de alegações de corrupção. O acordo da Odebrecht resultou em uma

multa global de US$ 3,5 bilhões, valor sem precedentes que só foi reduzido depois devido a uma análise da capacidade

de pagamento da empresa.12

7 Trevor McFadden, Vice-Procurador-Geral Adjunto Principal em Exercício, DOJ, discurso durante a Conferência Anual do 19º Congresso Anual de FCPA do American Conference Institute (20 de abril de 2017, em inglês), disponível em https://www.justice.gov/opa/speech/acting-principal-deputy-assistant-attorney-general-trevor-n-mcfad-den-justice-department-s.

8 Em 2016, o DOJ investigou alegações de que a Rolls-Royce PLC havia pago milhões a funcionários públicos em todo o mundo para conseguir contratos com o governo, incluindo vários milhões pagos a funcionários da estatal brasileira Petrobras. A investigação resultou em um acordo de diferimento condicional de persecução criminal (Deferred Prosecution Agreement) contra a empresa e o indiciamento de diversos indivíduos.

9 O DOJ alegou que a SBM Offshore, N.V. e sua subsidiária SBM Offshore USA, Inc. pagaram mais de US$ 180 milhões em comissões a intermediários em todo o mundo para conquistar projetos locais no setor de petróleo e gás.

10 Um acordo global é quando uma pessoa jurídica chega a um acordo com múltiplas partes. No contexto do FCPA, isto pode incluir ações judiciais movidas por diferentes órgãos nos EUA e no exterior.

11 Ver, por exemplo, Ministério Público Federal, “Caso Lava Jato: Entenda o Caso”, http://lavajato.mpf.mp.br/entenda-o-caso (última visita em 9 de janeiro de 2018); Esther Fuentes, “Entendendo o Escândalo na Petrobrás”, Council on Hemispheric Affairs (7 de abril de 2016, em inglês), http://www.coha.org/wp-content/uploads/2016/04/Understanding-the-Petrobras-scandal.pdf.

12 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “Odebrecht e Braskem se declaram culpadas e concordam em pagar pelo menos US$ 3,5 bilhões em multas para resolver o maior caso de corrupção estrangeira da história” (21 de dezembro de 2016, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/odebrecht-and-braskem-plead-guilty-and-a-gree-pay-least-35-billion-global-penalties-resolve (em inglês).

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19

O acordo global da Rolls-Royce em janeiro de 2017 veio logo depois do acordo da Odebrecht. A Rolls-Royce PLC,

fabricante britânica de sistemas elétricos, concordou em pagar US$ 800 milhões em multas como partes de um acordo

com autoridades do Brasil, Reino Unido e EUA. As alegações eram de que a empresa havia pago US$ 11 milhões a

funcionários públicos em todo o mundo para conseguir contratos com o governo, incluindo aproximadamente $9,3

milhões pagos a funcionários da estatal brasileira Petrobras.13

O acordo celebrado entre a empresa singapurense Keppel Offshore and Marine Ltd (KOM) e as autoridades dos EUA,

Brasil e Singapura também decorreu de alegações de pagamentos ilegais a autoridades no Brasil para obter contratos

com o governo. De acordo com o DOJ, a KOM pagou milhões de dólares em propinas a funcionários da Petrobras e ao

partido político no poder no Brasil à época. As propinas foram ocultadas como pagamentos de comissões a terceiros em

contratos de consultoria. No total, a KOM admitiu ter pago cerca de US$ 55 milhões em propinas entre 2001 a 2014

que utilizou para assegurar que seria a vencedora de uma série de licitações da Petrobras.14

É impossível exagerar o impacto da Operação Lava Jato no Brasil. Até novembro de 2017, o Ministério Público Federal

do Brasil já havia recebido 201 pedidos ativos de cooperação de 41 países, e espera-se que vá receber muitos mais. Pelo

menos 10 empresas celebraram acordos de leniência, e mais de 150 pessoas físicas assinaram acordos de colaboração

premiada no Brasil.15 Vários partidos políticos foram implicados, e o ex-presidente Lula da Silva foi condenado por

crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.16

2. Empresas de telecomunicações no Uzbequistão

Nos últimos dois anos, duas empresas de telecomunicações com sede na Europa — A VimpelCom, com sede em

Amsterdã, e a Telia Company, de origem sueca — celebraram acordos globais para resolver casos de acusação de

pagamento de propina no Uzbequistão. Combinadas, as duas empresas pagaram mais de US$ 1,76 bilhão em multas

e restituições globais como parte de um acordo para resolver acusações de corrupção celebrado com as autoridades

americanas, holandeses e suecas.17 Em 2016, o DOJ instaurou ações de confisco civil para recuperar quase US$ 1 bilhão

em dinheiro de propinas supostamente pagas por essas duas empresas (mais uma terceira empresa de telecomunicações)

a Gulnara Karimova, filha do ex-presidente uzbeque.18

ii. Panorama Internacional

Outras tendências importantes na área de ações internacionais são as reformas legais e, em alguns casos, o aumento dos

esforços sancionadores de vários países para fortalecer os quadros legais anticorrupção. Destacamos abaixo alguns dos

eventos mais significativos na América Latina, e depois discutimos as mudanças no panorama anticorrupção na China.

13 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “Rolls-Royce plc concorda em pagar US$ 170 milhões em multas penais para resolver caso relacionado ao Foreign Corrupt Practices Act” (17 de janeiro de 2017, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/rolls-royce-plc-agrees-pay-170-million-criminal-penalty-resolve-foreign-cor-rupt-practices-act.

14 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “Keppel Offshore & Marine Ltd. e sua subsidiária nos Estados Unidos concordam em pagar US$ 422 milhões em multas globais para resolver caso de pagamento de propina no exterior” (22 de dezembro de 2017, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/keppel-offshore-marine-ltd--and-us-based-subsidiary-agree-pay-422-million-global-penalties.

15 Ver “A Lava Jato em Números no Paraná”, Ministério Público Federal, http://www.mpf.mp.br/para-o-cidadao/caso-lava-jato/atuacao-na-1a-instancia/parana/resultado (última visita em 9 de janeiro de 2018).

16 Ver, em termos gerais, Mauricio Savarese e Sarah DiLorenzo, “Ex-Presidente do Brasil, antes adorado, é condenado a prisão”, Associated Press (12 de julho de 2017, em inglês) disponível em https://www.apnews.com/35d89305e7f7447eaa79b9dfc565a2cb (última visita em 9 de janeiro de 2018. ). Houve recurso da condenação.

17 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “Telia Company AB e sua filial Uzbeque celebram acordo global em caso de corrupção no exterior envolvendo mais de US$ 965 milhões em pagamentos corruptos no Uzbequistão” (21 de setembro de 2017, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/telia-company-ab-and-its-uzbek--subsidiary-enter-global-foreign-bribery-resolution-more-965.

18 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “VimpelCom Limited e Unitel LLC celebram acordo global para resolver caso de pagamento de propina estrangeiro de mais de US$ 795 milhões; Estados Unidos busca perdimento de US$ 850 milhões obtidos por meio de corrupção” (18 de fevereiro 2016, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/vimpelcom-limited-and-unitel-llc-enter-global-foreign-bribery-resolution-more-795-million.

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GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 20

Brasil

A nova lei de responsabilidade corporativa do Brasil, chamada de Lei da Empresa Limpa, entrou em vigor em 2014. A

Lei da Empresa Limpa cria responsabilidades civis e administrativas rigorosas para empresas em caso de pagamento ou

oferecimento de propina a autoridades públicas brasileiras ou estrangeiras.19 O regime anticorrupção do Brasil continua

a amadurecer, e seus órgãos de controle tem conduzido processos sancionadores constantemente desde 2014, quando a

Lei da Empresa Limpa entrou em vigor.

Embora o marco jurídico anticorrupção do Brasil não preveja a responsabilidade penal corporativa, o código penal

brasileiro prevê que pessoas físicas podem ser processadas criminalmente por atos de corrupção. As autoridades

brasileiras continuam a instaurar ações criminais contra pessoas físicas, incluindo acusações contra o ex-presidente Lula

da Silva (que já resultaram em condenação) e contra o atual presidente Michel Temer.20

Além da Operação Lava Jato, as autoridades brasileiras têm aparecido com frequência nas manchetes devido a

uma série de outras investigações. O Ministério Público Federal do país apresentou denúncias contra o ex-ministro

da Fazenda Guido Mantega e outras 13 pessoas em novembro de 2017 em conexão com a Operação Zelotes21,

uma investigação (atualmente em curso) de atos de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do

Brasil. O mesmo Ministério Público Federal anunciou em maio de 2017 a primeira denúncia criminal decorrente da

Operação Greenfield22, uma investigação de corrupção em fundos de previdência estatais. As autoridades brasileiras

também instauraram denúncias contra uma série de pessoas em conexão com a Operação Carne Fraca, que investigou

pagamentos de propina por parte de frigoríficos brasileiros a inspetores do Ministério da Agricultura.23

México

Os principais elementos do novo Sistema Nacional Anticorrupção (SNA) do México entraram em vigor em julho de

2017. A adoção do SNA foi um processo de vários anos, que começou com uma emenda constitucional em maio de

2015, seguiu com a aprovação de uma lei anticorrupção em 2016 e entrou em vigor em julho de 2017. A aprovação do

sistema é resultado de forte demanda da sociedade civil no México, que continua exigindo a promulgação integral do

SNA.

O SNA é um robusto arcabouço legal que se aplica a todos os níveis de governo, reforça a responsabilização individual

em casos de pagamento de propina, cria responsabilidades penais e civis para empresas e estabelece requisitos e

responsabilidades específicos para funcionários públicos (p. ex., declarações de bens e revelações de conflitos de

interesse).

A legislação cria um promotor anticorrupção independente que trabalha dentro do gabinete do procurador-geral. O

promotor não só investigaria e denunciaria crimes, mas também seria parte do comitê diretor do SNA e, como tal, peça

crítica do sistema anticorrupção e de sancionamento de crimes do país. No momento desta publicação, este cargo ainda

não havia sido preenchido.

19 Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.

20 Ver, por exemplo, Mauricio Savarese e Sarah DiLorenzo, “Ex-Presidente do Brasil, antes adorado, é condenado a prisão”, Associated Press (12 de julho de 2017, em inglês); Ricardo Brito, “Suprema Corte do Brasil envia denúncia de corrupção contra Temer ao congresso”, Reuters (20 de setembro de 2017, em inglês) disponível em https://www.reuters.com/article/us-brazil-corruption-temer/brazil-supreme-court-sends-new-temer-graft-charges-to-congress-idUSKCN1BV2XV.

21 Ver Comunicado de Imprensa do Ministério Público Federal, “Operação Zelotes: MPF/DF denuncia Guido Mantega e outras 13 pessoas”, 8 de novembro de 2017, disponível em http://www.mpf.mp.br/df/sala-de-imprensa/noticias-df/operacao-zelotes-mpf-df-denuncia-guido-mantega-e-outras-13-pessoas (última visita em 9 de janeiro de 2018).

22 Ver Comunicado de imprensa do Ministério Público Federal, “Operação Greenfield: MPF/DF envia primeira denúncia a justiça”, 18 de maio de 2017, disponível em http://www.mpf.mp.br/df/sala-de-imprensa/noticias-df/operacao-greenfield-mpf-df-envia-primeira-denuncia-a-justica (última visita em 9 de janeiro de 2018).

23 Ver Comunicado de Imprensa do Ministério Público Federal, “Operação Carne Fraca: MPF no Paraná denuncia 60 pessoas”, 20 de abril de 2017, disponível em http://www.mpf.mp.br/pr/sala-de-imprensa/noticias-pr/mpf-pr-denuncia-60-pessoas-no-ambito-da-operacao-carne-fraca (última visita em 9 de janeiro de 2018).

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21

Apesar dos muitos avanços no estabelecimento de um novo regime anticorrupção no México, restam ainda etapas

significativas necessárias para sua plena implementação. O presidente mexicano e seu partido têm sido alvo de

constantes críticas por não terem nomeado as autoridades necessárias para liderar as novas agências anticorrupção

estabelecidas pela lei de 2017. Por enquanto, resta esperar para descobrir se a nova lei no México será mais que um

mero “tigre de papel”.

Argentina

Em 8 de novembro de 2017, o congresso da Argentina aprovou a Lei de Responsabilidade Penal Corporativa, que

estabelece responsabilidade penal para pessoas jurídicas em casos de pagamento de propina e tráfico de influência

e determina requisitos para programas de conformidade corporativa. As penalidades da nova lei podem incluir o

pagamento de duas a cinco vezes o benefício obtido ou potencialmente obtido, a restituição dos lucros e a proibição

de licitar com o governo. No entanto, as empresas podem ser isentas de penalidades desde que: i) divulguem

voluntariamente uma violação após sua detecção e investigação interna, ii) tenham controles internos adequados antes

da ocorrência, e iii) renunciem a quaisquer benefícios indevidos.24

A lei prevê que as empresas sob investigação podem celebrar acordos de cooperação com as autoridades em troca de

redução nas sanções, desde que a empresa ofereça informações verificáveis e úteis à a investigação, pague 50% da multa

mínima, restitua ganhos indevidos e devolva voluntariamente ativos que presumivelmente seriam objeto de perdimento

em caso de condenação.

A implementação de um programa de conformidade que satisfaça os requisitos estabelecidos na nova lei pode servir

para mitigar as penalidades impostas. A lei exige que o programa de conformidade da empresa: 1) seja apropriado

aos riscos, tamanho e capacidade econômica da empresa; e 2) tenha um código de ética, procedimentos internos e

treinamentos. A lei observa que as autoridades emitirão orientações adicionais sobre programas de conformidade.

Embora isto não seja universalmente exigido, as empresas envolvidas em determinados contratos com o governo federal

devem ter programas de conformidade em vigor.

A nova lei anticorrupção da Argentina deve entrar em vigor em março de 2018.

Colômbia

A Colômbia promulgou a Lei 1.778, conhecida como a Lei da Corrupção Transnacional (“LCT”), em fevereiro de 2016.

A lei prevê responsabilidade administrativa para empresas e responsabilidade penal para pessoas físicas por pagamento

de propina no exterior, e também altera as leis nacionais antipropina do país para alinhá-las com a nova lei que pune

prática de propina no exterior. As penalidades podem incluir multa de até 200.000 vezes o salário mínimo mensal

na Colômbia e proibição de receimbento de subsídios ou incentivos governamentais por até cinco anos. Esforços de

restituição e cooperação e a implementação de um programa de conformidade efetivo são fatores que podem ajudar a

mitigar as sanções impostas.25

Peru

O Congresso peruano aprovou uma lei antipropina em 2016, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2018. A lei

prevê responsabilidade criminal a pessoas jurídicas por pagamento de propina, no país ou no exterior. As sanções

podem incluir multa de até seis vezes o benefício obtido ou esperado, suspensão das atividades da empresa por até

24 Ver “Congresso argentino aprova lei anticorrupção corporativa”, Reuters (8 de novembro de 2017, em inglês), disponível em https://www.reuters.com/article/us-argenti-na-corruption/argentina-congress-passes-law-to-fight-corporate-corruption-idUSKBN1D83AX (última visita em 9 de janeiro de 2017).

25 Lei 1.778 de 2016 (Ley 1778 de 2016, por la cual se dictan normas sobre la responsabilidad de las personas jurídicas por actos de corrupción transnacional y se dictan otras disposiciones en materia de lucha contra la corrupción) [Lei 1.778 de 2016, que prescreve normas sobre a responsabilidade das pessoas jurídicas por atos de corrup-ção transnacional e dá outros provimentos na matéria do combate à corrupção].

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dois anos, cancelamento de licenças e dissolução da pessoa jurídica. Esforços de cooperação e restituição e a adoção

de um programa de conformidade (após o ato criminoso, mas antes da sentença) podem servir para mitigar as sanções

impostas.26

A lei prevê ainda que as empresas estarão isentas de responsabilidade nos termos desta lei caso um programa de

conformidade adequado tenha sido implementado antes da conduta ilegal. A adequação do programa varia de acordo

com a natureza, riscos, necessidades e características da pessoa jurídica.

China

Em 2012, durante as sessões quinquenais do Congresso Nacional do Partido Comunista, o governo nacional chinês

anunciou a iniciativa “Derrubando Moscas e Tigres”, uma imensa campanha anticorrupção dirigida a todos os níveis de

governo, de burocratas de baixo escalão a autoridades da alta gestão governamental. No Congresso Nacional do Partido

Comunista de outubro de 2017, a maior autoridade política da China — o Secretário Geral do Partido Comunista e

Presidente do país, Xi Jinping — falou sobre a campanha e defendeu sua importância.27

A campanha “Moscas e Tigres” é direcionada ao lado da demanda da corrupção — isto é, a investigação e sanção ou

punição criminal de autoridades corruptas do governo. Desde sua criação, estima-se que dezenas de milhares — ou

até mesmo centenas de milhares — de funcionários do governo chinês tenham sido alvos da campanha, muitas vezes

perdendo seus cargos públicos como resultado e, em muitos casos, também enfrentando processos criminais. É difícil

avaliar exatamente quantos funcionários do governo chinês foram alvo da campanha devido à dificuldade de se obter

dados confiáveis, além de casos em que podem se estar contando casos diferentes como a mesma coisa. Por exemplo,

no início de 2016, o Partido Comunista Chinês anunciou que havia punido cerca de 300 mil funcionários do governo

por corrupção;28 em 2017, um relatório do diretor do principal órgão de procuradoria judicial do governo chinês

afirmou que, durante o ano anterior, os tribunais emitiram sentenças em 45.000 casos de corrupção;29 já um banco de

dados compilado por pesquisadores independentes da Asia Society, uma organização sem fins lucrativos baseada nos

EUA, relata números muito mais baixos — 1.899 funcionários investigados e sancionados de alguma forma até 31 de

dezembro de 2016.30

Dado o ambiente na China, há os que se perguntam até que ponto a campanha serve mais como estratégia para remover

os opositores políticos do Presidente da China e seus aliados e ao mesmo tempo obter apoio da sociedade do que uma

verdadeira campanha anticorrupção, livre das influências políticas do Partido Comunista. A China continua a ser mal

avaliada no ranking da Transparency International baseado no Índice de Percepção da Corrupção (CPI na sigla em

inglês).31

No entanto, não há dúvida de que a campanha foi um evento importante. A iniciativa foi altamente divulgada na China,

e fontes respeitáveis relatam que há uma percepção do público em geral que os funcionários do governo enfrentam

riscos caso se envolvam em atividades corruptas; houve sanções contra diversos funcionários de baixo e alto nível, e seu

status como prioridade nacional foi recentemente reiterado pelo presidente da China.

26 Lei 30.424 de 2016. Ley que regula la responsabilidad administrativa de las personas jurídicas por el delito de cohecho activo transnacional, 1º de abril de 2016) [Lei que regula a responsabilidade administrativa de pessoas jurídicas pelo delito de propina transnacional ativa] (Peru).

27 Presidente Xi Jinping, Discurso durante o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (18 de outubro de 2017).

28 Ver https://www.cbsnews.com/news/china-300000-punished-for-corruption-in-last-year/ (em inglês).

29 “ Tribunais chineses concluem 45.000 casos de corrupção em 2016, implicando 63,000 indivíduos”, Agência de Notícias Xinhua, 12 de março de 2017, ver http://www.chinadaily.com.cn/china/2017-03/12/content_28525386.htm (em inglês).

30 Ver http://www.chinafile.com/infographics/visualizing-chinas-anti-corruption-campaign (em inglês).

31 O índice CPI da China variou de 37 a 40 entre o final de 2012 e 2016. Ver https://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2016#table (em inglês). Países com índice menor ou igual a 40 são considerados como tendo altos níveis de corrupção.

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23

No que diz respeito a ações sancionadoras contra empresas multinacionais com negócios na China, também há

poucas dúvidas de que o risco destas aumentou significativamente nos últimos anos. O governo chinês tem atuado

agressivamente para punir uma série de empresas ao abrigo das leis anticorrupção do país. Dentre estas, as principais

leis são o Código Penal da China — um estatuto que prescreve e define as punições para propina comercial e de

funcionários do governo, incluindo até a morte (a pena de morte só é uma opção de sentença para funcionários

do governo chinês que aceitam suborno) —, e a Lei Anti-Concorrência Desleal, que regula as práticas comerciais

anticoncorrenciais, incluindo a propina comercial.

O caso de pagamento de propina recente mais notável foi o da GlaxoSmithKlein (“GSK”) em 2014. A GSK foi multada

em US$ 490 milhões pelo governo chinês por pagar propina a médicos e outros profissionais de saúde chineses. Embora

as autoridades chinesas não tenham processado nenhuma empresa multinacional por corrupção desde a GSK, há

relatos de que o governo está investigando uma série de empresas multinacionais de destaque, incluindo a Michelin,

Bridgestone, Nestlé, Microsoft, Qualcomm e Daimler, entre outras.32 As autoridades chinesas também investigaram e

denunciaram funcionários de multinacionais, conforme revelado pelas recentes multas e sentenças de prisão impostas a

vários indivíduos que trabalham para a Nestlé na China.33

Com a falta de transparência e a possibilidade de politização das investigações e ações de controle do governo chinês, é

quase sempre difícil para as empresas avaliar o risco de ser sujeitas a processos sancionadores. Isto posto, é inegável que

o risco é real. Também é claro que o resultado de uma ação das autoridades chinesas pode ser muito menos previsível,

e potencialmente muito mais rigoroso, contra multinacionais e indivíduos associados a elas. Em suma, com o novo

ambiente chinês e a tendência americana cada vez maior de buscar processos sancionadores contra empresas dos EUA (e

de fora, se sujeitas ao FCPA) por atividades corruptas na China, as empresas que fazem negócios no país asiático devem

exercer grande cautela para evitar violações das leis de ambos os países.

d. Como o DOJ Avalia Programas de Conformidade

Em fevereiro de 2017, a Seção de Fraudes do DOJ publicou novas orientações sobre programas de conformidade

corporativos. O documento, intitulado Evaluation of Corporate Compliance Programs (“Avaliação de Programas de

Conformidade Corporativa”), traz orientações ao público e explicita as questões que a Seção de Fraudes considera

quando avalia o programa de conformidade de uma empresa. O DOJ designou o documento como parte de sua

“Iniciativa de Conformidade”. As orientações, modeladas através de perguntas e respostas, oferecem informações

importantes sobre como a Seção de Fraudes avalia onze áreas básicas de conformidade das empresas.34 Embora a

introdução avise que os tópicos e perguntas não são uma checklist ou fórmula — até porque nem todos os tópicos e

questões serão relevantes em todas as situações — as orientações podem ser uma ferramenta útil na hora de desenvolver

e implementar programas de conformidade e avaliar os riscos em caso de violação.

Em geral, as orientações destacam a importância de se ter uma boa supervisão e avaliar os riscos dentro de um programa

de conformidade, e reforçam que é essencial que o programa tenha autonomia e conte com o apoio da alta gestão da

empresa. Outro elemento bastante enfatizado é a importância de se coletar e analisar dados sobre os programas da

empresa para avaliar sua eficácia. Ao apresentar perguntas específicas, as orientações também fornecem um “roteiro”

bastante útil para esclarecer assuntos específicos que uma empresa e seus advogados devem estar preparados para tratar

com o DOJ caso o programa da empresa se encontre sob qualquer tipo de escrutínio (p. ex., durante as negociações de

32 Ver, p. ex., Daniel C.K. Chow, “How China’s Crackdown on Corruption Has Led to Less Transparency in the Enforcement of China’s Anti-Bribery Laws”, 698 n. 64, U.C. Davis Law Review (em inglês, citando reportagens na mídia), disponível em https://lawreview.law.ucdavis.edu/issues/49/2/Symposium/49-2_Chow.pdf.

33 Nicholas Leong, “China has a message for Western companies: corruption does not pay”, South China Morning Post, 22 de agosto de 2017.

34 Os tópicos também aparecem em outras publicações do governo dos EUA e organismos internacionais, incluindo o Manual de Advogados dos Estados Unidos, as Diretri-zes de Dosimetria de Pena dos Estados Unidos, o Guia de Recursos para o Foreign Corrupt Practices Act (chamado de “Guia do FCPA”), as Orientações de Boas Práticas sobre Controles Internos, Ética e Conformidade (Good Practice Guidance on Internal Controls, Ethics, and Compliance) adotadas pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Manual de Ética e Conformidade Anticorrupção da OCDE para Empresas.

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um acordo em resposta a ação sancionadora, ou ainda em caso de divulgação voluntária de informações ao DOJ como

parte de um acordo já negociado). As empresas devem analisar estas orientações em detalhe, e estar preparadas para

responder às perguntas do DOJ com respostas suficientes e satisfatórias caso necessário.

Os tópicos discutidos nas orientações de 2017 são os seguintes:

1. Análise e Remediação da Má Conduta Subjacente

Este elemento centra-se na análise realizada pela empresa para detectar causa raiz da má conduta, incluindo se houve

indícios anteriores de má conduta, oportunidades anteriores de detectar a má conduta e as remediações específicas que a

empresa criou para reduzir o risco de ocorrências futuras.

2. Alta Gestão e Gerentes Intermediários

Este elemento destaca a importância de analisar se a má conduta ocorreu nos níveis mais superiores da liderança, as

ações concretas tomadas pelos líderes da empresa, se existe um compromisso compartilhado com a conformidade nos

diferentes componentes da empresa, e como o conselho de administração supervisiona a empresa.

3. Autonomia e Recursos

Este elemento centra-se no papel da área de conformidade na formação do pessoal da empresa, a importância da área

de conformidade dentro da empresa, a experiência e as qualificações do pessoal de conformidade e outras áreas de

controle, a autonomia do programa de conformidade, o acesso que os diretores de conformidade têm ao conselho de

administração da empresa, os recursos alocados para a área de conformidade, e até que ponto a empresa terceirizou as

funções de conformidade, e por quê.

4. Políticas e Procedimentos

Este tópico é dividido em dois componentes principais: (a) Concepção e Acessibilidade e (b) Integração Operacional.

As perguntas da subparte (a) se concentram na concepção, implementação, aplicação, orientação e acessibilidade das

políticas e procedimentos do programa de conformidade da empresa. As perguntas na subparte (b) visam identificar os

responsáveis pela integração das políticas e procedimentos na empresa, os controles que falharam ou estavam ausentes

e que poderiam ter impedido a má conduta, os sistemas de pagamento que financiaram a má conduta, os processos de

aprovação e certificação relevantes para a má conduta, e o sistema de gestão de fornecedores da empresa (caso estes

estejam envolvidos na má conduta).

5. Análise de Risco

Essas questões abordam o processo de gerenciamento de risco da empresa, as informações que a empresa reuniu e

analisou para ajudar a detectar o tipo de má conduta verificado, e como o processo de avaliação de riscos da empresa

levou em conta os riscos manifestos.

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6. Treinamento e Comunicações

Este tópico aborda o treinamento que a empresa instituiu, e faz perguntas especificamente sobre treinamento baseado

em riscos: a forma, conteúdo e eficácia desse treinamento, as comunicações corporativas sobre conformidade, e como

conteúdos sobre conformidade são disponibilizados aos funcionários.

7. Denúncias Anônimas e Investigação

Esta seção diz respeito à efetividade dos mecanismos de denúncia da empresa, e os esforços da empresa para garantir

que as investigações foram avaliadas adequadamente por pessoal qualificado, e a resposta da empresa às investigações.

8. Incentivos e Medidas Disciplinares

Este tópico discute se (e em que medida) os atores responsáveis pela má conduta foram disciplinados, o histórico da

empresa de demissões e disciplinamento de funcionários que tiveram condutas similares, os indivíduos responsáveis

pela tomada de decisões disciplinares, se as ações disciplinares e os incentivos foram aplicados consistentemente, e os

métodos da empresa para incentivar comportamentos éticos.

9. Melhoria Contínua, Testes Periódicos e Verificação

Este tópico inclui questões relacionadas à área de auditoria interna e ao tipo de teste realizado, os métodos da empresa

para verificar e auditar seu programa de conformidade, e com que frequência a empresa atualiza suas políticas,

procedimentos e práticas de conformidade.

10. Gestão de Terceiros

Esta parte das orientações analisa os processos de gestão de terceiros da empresa em relação à natureza e nível do risco

associado ao terceiro, os controles que a empresa possui para governar terceiros, a gestão de relações com terceiros, e a

identificação de sinais de alerta no processo de due diligence e acompanhamento posterior dos terceiros.

11. Fusões e Aquisições

Esta seção foca na eficácia do processo de due diligence na identificação dos riscos de fusões e aquisições, como a área

de conformidade é integrada a esses processos, e o processo adotado para envolver a área de due diligence, inclusive

para rastrear e remediar más condutas identificada durante a due diligence.

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V. Processos Sancionadores em 2017: Resumos de Casos35

Alere, Inc.

Órgão(s) Sancionador(es): SEC

Resumo da Conduta: Subsidiárias da Alere, Inc. (Alere) na Índia e Colômbia supostamente36 utilizaram distribuidores

e consultores para fazer pagamentos indevidos a autoridades estrangeiras. A Alere não contabilizou de forma acurada

os pagamentos nos livros e registros da empresa. Além dos pagamentos indevidos, outras subsidiárias da Alere também

foram acusadas de manipulação contábil para inflar suas receitas. A SEC acusou a Alere de violações do FCPA e fraude

contábil.

Pagamentos Indevidos: US$ 275.000 a autoridades do governo da Colômbia; a SEC não quantificou o montante total de

pagamentos de comissões indevidos feitos na Índia.

Benefício Procurado ou Obtido: Aumento das vendas de dispositivos médicos, resultando em US$ 3,3 milhões em lucros

na Índia e na Colômbia.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A SEC não comentou sobre a cooperação da Alere.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos e manutenção de livros e registros contábeis.

Decisão tomada: Ordem de não fazer.

Sanções ou Remediações Financeiras: Restituição de US$ 3,3 mi; Juros em arresto US$ 495.000; Multa civil US$ 9,2

milhões.

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.

* * * * *

Fernando Ardila-Rueda, Charles Quintard Beech III e Juan Jose Hernandez-Comerma

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: Três empresários dos EUA se declararam culpados em um caso de associação para pagamento

de propina para garantir contratos com a petrolífera estatal venezuelana Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA). A ação

se encontra em curso. Fernando Ardila-Rueda (Ardila), Charles Quintard Beech III (Beech) e Juan Jose Hernandez-

Comerma (Hernandez) participaram do esquema de propina junto com vários outros indivíduos que já haviam se

declarado culpados em conexão com o mesmo caso.

Ardila, Beech e Hernandez, proprietários e gerentes de várias empresas de energia sediadas nos EUA, admitiram pagar

propina a funcionários para obter vantagens na obtenção de contratos de energia com a PDVSA. Ardila forneceu

entretenimento e propinas aos funcionários da PDVSA, variando o valor das propinas oferecidas de acordo com

o valor dos contratos que os funcionários da estatal garantiam para os parceiros comerciais da Ardila. Hernandez

conspirou com outros réus para pagar propinas aos analistas de aquisições da PDVSA, enquanto Beech pagou propina a

funcionários da PDVSA para colocar suas empresas nos painéis de licitação da PDVSA e obter contratos e pagamentos

relacionados à sua e outras empresas.

35 Todas as informações relativas a casos descritos neste Guia foram obtidas de fontes disponíveis ao público.

36 Nos acordos da SEC, a parte demandada geralmente não concorda em admitir ou negar as conclusões dos procedimentos da SEC.

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Pagamentos Indevidos: US$ 304.753.

Benefício Procurado ou Obtido: Contratos com a PDVSA, inserção nos painéis de licitação da PDVSA e prioridade de

pagamento.

Acusações ou Alegações: Associação para violação e violações substanciais de leis antipropina (Ardila e Hernandez);

associação para violação de leis antipropina (Beech).

Decisão tomada: Acordos de colaboração ainda correm sobre segredo de justiça no momento da publicação deste Guia.

Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: A sentenciação de Ardila, Beech e Hernandez está agendada para 8 de

fevereiro de 2018.

* * * * *

Joseph Baptiste

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: Joseph Baptiste foi indiciado por suposta solicitação de propinas a agentes secretos disfarçados do

FBI em conexão com um projeto de US$ 84 milhões para construir um porto no Haiti. Baptiste supostamente solicitou

propinas dos agentes secretos durante reuniões presenciais e telefonemas, dizendo-lhes que o dinheiro seria transferido

através de uma entidade sem fins lucrativos que ele controlava e depois usado para subornar funcionários haitianos para

garantir o projeto. Ele recebeu cerca de US$ 50.000 dos agentes, que usou para fins pessoais, e supostamente pretendia

buscar mais aportes dos agentes para subornar funcionários. Ele também supostamente subornou o assessor de um alto

funcionário haitiano, oferecendo-lhe um futuro trabalho no projeto portuário.

Pagamentos Indevidos: Baptiste alegou não ter feito pagamentos indevidos, pois usou os US$ 50.000 inicialmente

recebidos dos agentes secretos para fins pessoais. Baptiste também supostamente prometeu um emprego ao assessor de

um alto funcionário público haitiano.

Benefício Procurado ou Obtido: US$ 50.000.

Acusações ou Alegações: Associação para violação e violações substanciais das disposições antipropina do FCPA e do

Travel Act; associação para lavagem de dinheiro.

Decisão tomada: Nenhuma no momento desta publicação.

Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.

* * * * *

Vanja Baros e Michael Cohen

Órgão(s) Sancionador(es): SEC

Resumo da Conduta: Michael Cohen era um executivo da Och-Ziff, um fundo de hedge com sede nos EUA que

controlava uma série de veículos de investimento através de várias subsidiárias. Vanja Baros, cidadã australiana residente

no Reino Unido, era funcionária de uma subsidiária integral da Och-Ziff. Cohen e Baros supostamente se envolveram

em vários esquemas de pagamento de propina em que a Och-Ziff pagou milhões de dólares a funcionários públicos na

Líbia, Chade, Níger, Guiné e outros países africanos em troca de benefícios financeiros para ambos os indivíduos e para

a empresa. As acusações contra Cohen e Baros são decorrentes de uma ação sancionadora do FCPA conduzida em 2016

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contra a Och-Ziff e seus altos executivos.

Pagamentos Indevidos: US$ 10 milhões a funcionários do governo africano.

Benefício Procurado ou Obtido: Acesso especial a oportunidades de investimento, direitos de lavra e outros negócios;

benefício financeiro direto para Cohen e Baros.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições antipropina e sobre livros e registros contábeis e controles internos.

Decisão tomada: Nenhuma no momento desta publicação.

Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.

* * * * *

Cadbury Limited e Mondelez International

Órgão(s) Sancionador(es): SEC

Resumo da Conduta: Em 2010, a Cadbury Limited (Cadbury), distribuidora de doces e bebidas com sede na Inglaterra,

foi adquirida pela Mondelez International (Mondelez), fabricante mundial de produtos alimentícios, bebidas e lanches

com sede nos Estados Unidos. A subsidiária indiana da Cadbury, Cadbury India Limited (Cadbury India), denominada

Mondelez India Foods Private Limited após a aquisição, foi o local da má conduta em que se centraram os processos

administrativos da SEC. A Cadbury India supostamente contratou um agente para tratar com funcionários do governo

indiano com o intuito de obter licenças e aprovações para uma expansão da fábrica na Índia. Ao contratar o agente, a

empresa não realizou a due diligence de seus antecedentes ou monitorou adequadamente suas atividades, criando o risco

de que os fundos transferidos para o agente fossem usados de forma indevida.

Pagamentos Indevidos: US$ 90.666 em pagamentos ao intermediário.

Benefício Procurado ou Obtido: A SEC não alegou nenhum benefício específico que a Cadbury obteve dos pagamentos

indevidos.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A Mondelez realizou uma investigação interna e colaborou com a investigação

da SEC.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre livros e registros contábeis e controles internos.

Decisão tomada: Ordem de não fazer.

Sanções ou Remediações Financeiras: Multa civil de US$ 13 milhões.

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.

* * * * *

CDM Smith, Inc.

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: A CDM Smith Inc. (CDM), empresa com sede em Boston que fornece serviços de engenharia e

construção, junto com sua subsidiária integral na Índia (CDM India), supostamente pagaram propina a funcionários

do governo durante um período de quatro anos iniciado em 2011. As propinas foram pagas em troca de contratos de

supervisão e projeto de construção de rodovia, bem como em um contrato para projeto de fornecimento de água. A

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CDM e sua subsidiária supostamente pagaram as propinas através do uso de subcontratados fraudulentos que não

prestavam os serviços, servindo apenas como empresas de fachada para ocultar os pagamentos feitos aos funcionários.

De acordo com o DOJ, “todos os gestores sêniores da CDM India” participaram da má conduta ou, pelo menos, sabiam

de sua existência e a aprovavam.

Pagamentos Indevidos: US$ 1,18 mi.

Benefício Procurado ou Obtido: Obtenção de contrato de supervisão e projeto de construção de rodovia e obtenção de

contrato para projeto de fornecimento de água, resultando em US$ 4 milhões em lucros.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A CDM fez auto-divulgação voluntária oportuna, realizou uma investigação

interna, colaborou com a investigação do DOJ, reforçou seu programa de conformidade e demitiu todos os funcionários

envolvidos.

Acusações ou Alegações: Violações de disposições antipropina.

Decisão tomada: Carta de Declinação no âmbito do Programa Piloto do FCPA com restituição.

Sanções ou Remediações Financeiras: Restituição de US$ 4,03 mi.

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.

* * * * *

Petros Contoguris, James Finley, Andreas Kohler e Aloysius Johannes Jozef Zuurhout

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: Quatro pessoas foram acusadas de associação para pagar propinas a um alto funcionário do

governo do Cazaquistão para manter negócios para a Rolls-Royce. James Finley e Aloysius Johannes Jozef Zuurhout

(Zuurhout) eram funcionários/ex-funcionários da Rolls-Royce e suas subsidiárias, e Andreas Kohler e Petros Contoguris

eram funcionários de uma empresa internacional de consultoria de engenharia que serviu de intermediária para a

Rolls-Royce no Cazaquistão. As denúncias foram instauradas em conexão com uma investigação do DOJ de 2016

sobre alegações de pagamento de propina pela Rolls-Royce, e resultaram em um Acordo de Diferimento Condicional de

Persecução Criminal (Deferred Prosecution Agreement) contra a empresa e a denúncia de um quinto indivíduo, Keith

Barnett.

Pagamentos Indevidos: US$ 1,947 mi.

Benefício Procurado ou Obtido: Contratos no valor aproximado de US$ 145 milhões.

Acusações ou Alegações: Associação para violação e violações substanciais de leis antipropina (Contoguris); Associação

para violação e violações substanciais de leis antipropina (Finley); Associação para violação de leis antipropina (Kohler e

Zuurhout).

Decisão tomada: Kohler, Finley e Aloysius celebraram acordos de colaboração que correm sobre segredo de justiça no

momento desta publicação.

Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.

* * * * *

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Cheikh Gadio e Patrick Ho

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: Cheikh Gadio é ex-ministro das Relações Exteriores do Senegal. Chi Ping Patrick Ho (Ho) é o

líder de uma ONG de Hong Kong. Ho e Gadio supostamente subornaram funcionários no Chade e Uganda para obter

negócios para uma empresa chinesa de petróleo e gás. Além dos pagamentos indevidos, Ho também supostamente

ofereceu presentes e promessas de benefícios futuros a funcionários do governo ugandês, incluindo participação nos

lucros da exploração de petróleo. Ho compensou Gadio por sua ajuda na facilitação das propinas.

Pagamentos Indevidos: US$ 2 milhões oferecidos ao presidente do Chade, e US$ 500 mil oferecidos ao ministro das

Relações Exteriores de Uganda.

Benefício Procurado ou Obtido: Direitos exclusivos de exploração petróleo no Chade sem concorrência internacional,

assistência na obtenção de vantagens comerciais em Uganda.

Acusações ou Alegações: Associação para violação e violações substanciais do FCPA, associação para lavagem de

dinheiro internacional e lavagem de dinheiro internacional (Gadio e Ho).

Decisão tomada: Nenhuma no momento desta publicação.

Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.

* * * * *

Halliburton Company e Jeannot Lorenz

Órgão(s) Sancionador(es): SEC

Resumo da Conduta: Em 2008, funcionários da petrolífera estatal Sonangol disseram à Halliburton Company

(Halliburton) que seu trabalho de subcontratação corria o risco de ser encerrado porque esta não tinha relações

comerciais locais suficientes para satisfazer os requisitos de conteúdo local. Assim, a Halliburton supostamente orientou

Jennot Lorenz, ex-executivo de Halliburton, a reforçar o conteúdo local da Halliburton em Angola. Lorenz contratou

uma empresa angolana pertencente a um ex-funcionário da Halliburton que também era amigo do funcionário da

Sonangol que havia orientado a Halliburton a reforçar seu conteúdo local, e que, em última instância, aprovaria a

adjudicação de novos contratos à Halliburton. A Halliburton terceirizou mais de US$ 15 milhões em negócios para a

empresa local angolana. A Sonangol aprovou sete contratos com a Halliburton, resultando em cerca de US$ 14 milhões

em lucros.

Pagamentos Indevidos: US$ 15 mi.

Benefício Procurado ou Obtido: Adjudicação de contratos da Sonangol resultando em US$ 14 milhões em lucros.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A Halliburton e Lorenz colaboraram com a investigação e tomaram medidas

corretivas voluntárias.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre livros e registros contábeis e controles internos.

Decisão tomada: Ordem de não fazer.

Sanções ou Remediações Financeiras: Multa civil US$ 75.000 (Lorenz); Restituição de US$ 14 mi (Halliburton); Juros

em arresto US$ 1,2 mi (Halliburton); Multa civil US$ 14 mi (Halliburton).

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Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nomeação de monitor de conformidade

independente por dezoito meses.

* * * * *

JERDS Luxembourg Holdings S.AR.L. e Zimmer Biomet Holdings, Inc.

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ e SEC

Resumo da Conduta: A Biomet, Inc. (Biomet), antecessora da Zimmer Biomet Holdings, Inc. (Zimmer Biomet),

inicialmente celebrou acordo com relação a alegações de violações do FCPA em 2012 resultantes de má conduta na

Argentina, Brasil e China, e contratou um monitor de conformidade independente. A empresa (desde então adquirida

pela Zimmer Biomet) fez divulgação voluntária de novas alegações no Brasil e no México depois que a empresa

celebrou o acordo de 2012. No Brasil, a Biomet supostamente usou um distribuidor para fazer pagamentos indevidos

a profissionais do sistema público de saúde para promover os produtos da Biomet. A empresa continuou a usar o

distribuidor, apesar de declarar que havia encerrado a relação. Os livros e registros da empresa traziam entradas

incorretas das operações, contabilizando-as no nome de um distribuidor intermediário ao invés do distribuidor real. No

México, a subsidiária da Biomet (desde então adquirida pela JERDS Luxembourg Holding S.AR.L. (JERDS), subsidiária

indireta da Zimmer Biomet) supostamente fez pagamentos indevidos a agentes de alfândega através de um despachante

aduaneiro para liberar a entrada de dispositivos médicos não licenciados no México. A empresa supostamente fez os

pagamentos sabendo que parte dos fundos seria paga aos agentes aduaneiros.

Pagamentos Indevidos: O DOJ e a SEC não quantificaram o valor dos pagamentos indevidos feitos ao distribuidor

brasileiro. A subsidiária mexicana da Biomet supostamente pagou US$ 980.774 ao despachante aduaneiro.

Benefício Procurado ou Obtido: O DOJ e a SEC não alegaram nenhum benefício específico que a Zimmer Biomet ou a

JERDS teriam obtido dos pagamentos indevidos.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A Zimmer Biomet divulgou a má conduta e colaborou com a investigação, mas

não conseguiu implementar um programa de conformidade efetivo, em violação do acordo de 2012.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos, antipropina e de livros e registros.

Decisão tomada: Ordem de não fazer da SEC (Zimmer Biomet); Acordo de Diferimento Condicional de Persecução

Criminal com o DOJ (Zimmer Biomet); Acordo com Assunção de Culpa (JERDS).

Sanções ou Remediações Financeiras: Multa do DOJ de US$ 17,46 mi (Zimmer Biomet, com US$ 4,8 mi atribuídos

à má conduta da JERDS); Restituição de US$ 5,82 mi (Zimmer Biomet); Juros de arresto de US$ 702.705 pela SEC

(Zimmer Biomet); Multa penal da SEC de US$ 6,5 milhões (Zimmer Biomet).

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Monitor de conformidade independente

por três anos. A Zimmer Biomet concordou em contratar um segundo monitor para o período de monitoria adicional,

perfazendo um período total sob monitoria de quase oito anos.

* * * * *

Keppel Offshore & Marine Ltd. e Keppel Offshore & Marine USA, Inc.

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: Keppel Offshore & Marine Ltd. (Keppel) e Keppel Offshore & Marine USA, Inc. (Keppel USA)

supostamente pagaram propina a funcionários da Petrobras, petrolífera estatal do Brasil, para obter contratos. A

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empresa ocultava os pagamentos na forma de comissões a consultores intermediários, que eram então transferidas

para funcionários da Petrobras. O DOJ coordenou a investigação com as autoridades do Brasil e Cingapura. Um ex-

funcionário de alto escalão do Departamento Jurídico da Keppel também foi acusado de violações do FCPA.

Pagamentos Indevidos: US$ 55 mi.

Benefício Procurado ou Obtido: Contratos com a Petrobras e outra empresa brasileira, resultando em US$ 350 milhões

em ganhos indevidos.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A Keppel colaborou com a investigação do DOJ, realizou uma investigação

interna, demitiu ou disciplinou os funcionários envolvidos e reforçou o seu programa de conformidade.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições antipropina.

Decisão tomada: Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal (Keppel); Acordo de Colaboração

(Keppel, EUA).

Sanções ou Remediações Financeiras: Multa penal de US$ 105 milhões (com crédito por multas penais de US$ 211 mi

impostas no Brasil e de US$ 105 mi em Singapura).

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Envio de relatórios ao DOJ sobre os

esforços de remediação e programa de conformidade da empresa por três anos.

* * * * *

Las Vegas Sands Corp.

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: A Las Vegas Sands Corporation (Las Vegas Sands) fez pagamentos a um consultor com conexões

políticas na China e Macau, supostamente para promover a marca da empresa. Vários pagamentos foram feitos “sem

qualquer objetivo comercial legítimo discernível”. A empresa supostamente não conseguiu aprovar ou contabilizar com

precisão milhões de dólares em pagamentos feitos ao consultor. A empresa continuou a fazer pagamentos ao consultor

mesmo depois de ter sido avisada de que as práticas comerciais eram questionáveis e que alguns pagamentos não

podiam ser contabilizados. A Las Vegas Sands já havia celebrado acordo com a SEC em relação a alegações de violação

do FCPA por conduta substancialmente similar em 2016.

Pagamentos Indevidos: US$ 5,7 mi.

Benefício Procurado ou Obtido: O DOJ não alegou nenhum benefício específico obtido pelas Las Vegas Sands com os

pagamentos indevidamente contabilizados.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A Las Vegas Sands contratou advogados externos para realizar uma

investigação interna, cooperou com a investigação do DOJ, contratou um novo Diretor Jurídico e outros gestores chave,

estabeleceu um Comitê de Conformidade em seu Conselho de Administração, atualizou seu código de conduta comercial

e política anticorrupção, e encerrou suas relações com os indivíduos envolvidos.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos e manutenção de livros e registros contábeis.

Decisão tomada: Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal

Sanções ou Remediações Financeiras: Multa penal de US$ 6,96 mi, refletindo desconto de 25% da faixa mais baixa de

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multa prevista pelas Diretrizes de Dosimetria da Pena dos Estados Unidos.

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Como parte do acordo de 2016 com a

SEC, a Las Vegas Sands contratou um consultor de conformidade e concordou em enviar relatórios ao DOJ. A empresa

deve continuar enviando relatórios ao DOJ pelo período de três anos do Acordo de Diferimento Condicional de

Persecução Criminal.

* * * * *

Linde North America, Inc. e Linde Gas North America, LLC

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: A Linde North America Inc. (Linde), a Linde Gas North America, LLC (Linde Gas) e a Spectra

Gasses, Inc., subsidiária da Linde, supostamente fizeram pagamentos indevidos a funcionários do Centro Nacional de

Alta Tecnologia (NHTC) da República da Geórgia. Em troca de assistência para a aquisição de ativos e equipamentos

usados para produzir gás de boro, os executivos da Spectra concordaram em compartilhar os lucros de suas vendas

de gás de boro com os funcionários da NHTC. Os executivos da Spectra e os funcionários da NHTC criaram novas

pessoas jurídicas em seus nomes para compartilhar os lucros. As autoridades da NHTC detinham 51% das novas

empresas e recebiam 75% dos aproximadamente US$ 7,8 milhões de lucros. Uma vez que a Linde descobriu a

má conduta, a empresa bloqueou os valores dinheiro em uma conta separada para as empresas controladas pelos

funcionários da NHTC enquanto aguarda a resolução da investigação da Linde.

Pagamentos Indevidos: US$ 5,85 mi.

Benefício Procurado ou Obtido: Assistência na aquisição de ativos e equipamentos, resultando em aproximadamente

US$ 7,8 mi em lucros.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições antipropina.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A Linde fez divulgação voluntária oportuna, realizou uma investigação interna,

colaborou com a investigação do DOJ, demitiu ou disciplinou os funcionários envolvidos e reforçou seu programa de

conformidade.

Decisão tomada: Carta de Declinação no âmbito do Programa Piloto do FCPA com restituição.

Sanções ou Remediações Financeiras: Restituição de US$ 7,8 mi; Perdimento de US$ 3,4 mi em valores devidos às

empresas controladas por funcionários da NHTC.

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.

* * * * *

Orthofix International N.V.

Órgão(s) Sancionador(es): SEC

Resumo da Conduta: A subsidiária brasileira da Orthofix International, N.V. (Orthofix), a Orthofix do Brasil LTDA.,

supostamente fez pagamentos indevidos a profissionais de saúde em hospitais públicos no Brasil. A subsidiária

participou de pelo menos quatro esquemas de pagamentos indevidos entre 2011 e 2013 a fim de aumentar as vendas

de produtos Orthofix. A empresa trabalhou com representantes comerciais e distribuidores terceirizados para facilitar

os pagamentos. A Orthofix ocultava os pagamentos indevidos com notas fraudulentas por serviços que não eram

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prestados. A Orthofix já havia entrado em acordo com relação a outras alegadas violações do FCPA em 2012, este

relacionado a pagamentos indevidos a subsidiários do México.

Pagamentos Indevidos: A SEC não quantificou o valor dos pagamentos indevidos feitos através dos diversos esquemas

de pagamento de propina.

Benefício Procurado ou Obtido: Aumento das vendas de produtos farmacêuticos, resultando em US$ 2.928.000 em

lucros.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A Orthofix fez divulgação voluntária da má conduta, colaborou com

a investigação, despediu os funcionários envolvidos, encerrou as relações com os representantes comerciais e

distribuidores envolvidos e expandiu seu programa de conformidade. A Orthofix fez divulgação no âmbito de suas

obrigações de relatoria ao abrigo do acordo de 2012.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos e manutenção de livros e registros contábeis.

Decisão tomada: Ordem de não fazer.

Sanções ou Remediações Financeiras: Restituição de US$ 2,928 mi; Juros de arresto de US$ 263.375; Multa civil de US$

2,928 milhões.

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Monitor de conformidade independente

por um ano.

* * * * *

Amadeus Richers

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: Amadeus Richers é ex-gerente geral de uma empresa de telecomunicações com sede em Miami.

De 2001 a 2004, Richers e seus associados pagaram propinas a funcionários da Telecommunications D'Haiti, empresa

estatal de telecomunicações do Haiti. Richers e seus associados fizeram alguns pagamentos diretamente a funcionários

públicos haitianos e outros através de terceiros intermediários. Richers, o nono réu a ser condenado no processo da

Telecommunications D’Haiti, foi extraditado do Panamá para responder às acusações do DOJ.

Pagamentos Indevidos: US$ 3 mi.

Benefício Procurado ou Obtido: Contrato com a Telecommunications D’Haiti.

Acusações ou Alegações: Associação para violação do FCPA e fraude eletrônica.

Decisão tomada: Acordo de Colaboração.

Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: Aproximadamente 8 meses de prisão; três anos em regime

supervisionado; US$ 100 de multa penal.

* * * * *

SBM Offshore, N.V., SBM Offshore USA, Inc., Anthony Mace e Robert Zubiate

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: A SBM Offshore, NV. (SBM), empresa holandesa, e sua subsidiária SBM Offshore USA, Inc.

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(SBM USA), supostamente pagaram mais de US$ 180 milhões em comissões a intermediários em todo o mundo. A

SBM supostamente sabia que alguns desses fundos seriam usados para subornar funcionários na Angola, Brasil, Guiné

Equatorial, Iraque e Cazaquistão para obter contratos no setor de petróleo e gás desses países. A SBM já havia celebrado

acordos com relação a alegações de pagamento de propina com órgãos sancionadores na Holanda (em 2014) e no Brasil

(em 2016).

Anthony Mace era CEO da SBM e ex-membro do conselho de administração da SBM USA. Robert Zubiate era diretor

de vendas e marketing da SBM USA. Mace e Zubiate admitiram ter pago propina a funcionários da Petrobras, estatal

petrolífera do Brasil, e a estatais de energia na África.

Pagamentos Indevidos: A SBM fez pelo menos US$ 180 milhões em pagamentos de comissões a intermediários em todo

o mundo.

Benefício Procurado ou Obtido: Contratos no valor de aproximadamente US$ 2.8 bi.

Acusações ou Alegações: Associação para violação das disposições antipropina (Kohler e Zuurhout); Associação para

violação do FCPA (Mace); Associação para violação do FCPA (Zubiate).

Divulgação, Cooperação e Remediação: Embora a SBM tenha revelado a conduta ao DOJ, a empresa não divulgou

os fatos completamente por aproximadamente um ano. A SBM colaborou com a investigação do DOJ, demitiu ou

destituiu os funcionários envolvidos, encerrou os acordos de representação indevidos e implementou um novo sistema

de controles internos de conformidade.

Decisão tomada: Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal (SBM); Acordo de Colaboração (SBM

USA); Acordo de Colaboração (Mace), Acordo de Colaboração (Zubiate).

Sanções ou Remediações Financeiras: Multas penais de US$ 238 mi, refletindo desconto de 25% da faixa mais baixa de

multa prevista pelas Diretrizes de Dosimetria da Pena dos Estados Unidos). As multas penais incluem uma multa penal

de US$ 500.000 (SBM) e perdimento penal de US$ 13,2 milhões de ganhos indevidos (SBM em nome da SBM USA).

Mace e Zubiate ainda não haviam sido sentenciados no momento desta publicação.

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Auto-relatoria obrigatória ao DOJ por

três anos (SBM).

* * * * *

Sociedad Química y Minera de Chile SA

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ e SEC

Resumo da Conduta: A Sociedade Química y Minera de Chile SA (SQM) supostamente pagou fornecedores ligados a

políticos e funcionários públicos chilenos por bens e serviços que nunca foram recebidos. A SQM também fez doações

a fundações controladas por políticos chilenos. Um executivo sênior orientou e autorizou “praticamente todos os

pagamentos indevidos”. A SQM não conseguiu implementar controles adequados para cessar os pagamentos indevidos

depois que a empresa identificou esses riscos em uma auditoria interna.

Pagamentos Indevidos: US$ 15 mi.

Benefício Procurado ou Obtido: O DOJ e a SEC não alegaram nenhum benefício específico que a SQM obteve dos

pagamentos indevidos.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A SQM demitiu o executivo sênior envolvido, colaborou com a investigação e

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reforçou seu programa de conformidade.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos e manutenção de livros e registros contábeis.

Decisão tomada: Ordem de não fazer da SEC; Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal com o DOJ.

Sanções ou Remediações Financeiras: Multa penal do DOJ de US$ 15,5 mi; Multa civil da SEC US$ de 15 mi.

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Monitor de conformidade independente

por dois anos; auto-relatoria obrigatória para o DOJ e SEC por um ano após o fim da monitoria.

* * * * *

Colin Steven

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ

Resumo da Conduta: Colin Steven é ex-executivo de vendas da Embraer S.A. (Embraer), fabricante brasileira de

aeronaves. As denúncias foram instauradas em conexão com uma investigação da Embraer pelo DOJ e SEC em 2016.

A investigação resultou em um Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal com o DOJ e um Termo de

Ajustamento de Conduta assinado com o SEC. Steven se declarou culpado de um esquema para subornar funcionários

da petrolífera estatal da Arábia Saudita em troca de garantia de vendas de novas aeronaves Embraer ao invés vez da

recompra de modelos usados. Stevens supostamente ocultou os pagamentos como comissões pagas a uma empresa sul-

africana de propriedade de seus amigos pessoais. A empresa sul-africana transferiu a maior parte dos pagamentos para o

funcionário da Arábia Saudita, mas pagou uma parcela dos valores diretamente a Steven. Steven admitiu participação no

esquema, inclusive o recebimento de propina, e de ter mentido aos órgãos de fiscalização sobre a propina.

Pagamentos Indevidos: US$ 1,5 mi.

Benefício Procurado ou Obtido: Contrato de venda garantida de novas aeronaves da Embraer, avaliadas em

aproximadamente US$ 93 milhões.

Acusações ou Alegações: Associação para violação do FCPA; Associação para fraude eletrônica; Associação para

lavagem de dinheiro; Lavagem de dinheiro; e falsidade ideológica.

Decisão tomada: Nenhuma no momento desta publicação.

Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.

* * * * *

Telia Company AB e Coscom, LLC

Órgão(s) Sancionador(es): DOJ e SEC

Resumo da Conduta: A Telia Company AB (Telia), empresa sueca, e sua subsidiária uzbeque Coscom LLC (Coscom),

supostamente ofereceram e pagaram propinas a uma empresa de escavações controlada por um funcionário do governo

uzbeque. Os pagamentos foram encobertos como serviços de lobby e consultoria que nunca foram prestados. Os

pagamentos indevidos ocorreram ao longo de vários anos como parte dos esforços da Telia e Coscom para entrar e

expandir sua presença (respectivamente) no mercado de telecomunicações da Uzbequistão. A Telia concordou em pagar

US$ 965 milhões em um acordo global com o DOJ, a SEC e autoridades da Holanda e Suécia, mas poderá descontar do

valor total a pagar nos EUA os valores de confiscos e multas impostos pelas autoridades holandesas e suecas.

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Pagamentos Indevidos: US$ 331 mi em pagamentos passados ao funcionário do governo uzbeque.

Benefício Procurado ou Obtido: Entrada e expansão de presença no mercado de telecomunicações do Uzbequistão.

Divulgação, Cooperação e Remediação: A Telia concordou em cooperar com a investigação em curso do DOJ, demitiu

os funcionários envolvidos e implementou controles internos.

Acusações ou Alegações: Violações das disposições antipropina e de controles internos.

Decisão tomada: Ordem de não fazer da SEC; Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal com o DOJ

(Telia); Acordo de Colaboração com o DOJ (Coscom).

Sanções ou Remediações Financeiras: Multas penais de US$ 508 mi (elegíveis a desconto de até US$ 274 milhões das

multas penais pagas ao Ministério Público Holandês); Restituição de US$ 457 mi (desconto de US$ 40 mi devido ao

confisco e elegível a desconto de até US$ 208,5 mi por confiscos efetuados pelos promotores suecos ou holandeses).

Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.

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VI. Disposições e Sanções do FCPA

As disposições antipropina do FCPA tornam ilegal:37

» Oferecer, pagar, prometer pagar ou autorizar um pagamento corrupto ou outra coisa de valor;

» Diretamente ou indiretamente;

» A autoridades estrangeiras, candidatos a cargos políticos estrangeiros, funcionários de organização pública

internacional ou partidos políticos estrangeiros;

» Com a finalidade de influenciar qualquer ato ou decisão oficial, incluindo atos ou omissões em violação de um

dever oficial legal, ou para obter vantagem indevida;

» Para ajudar a obter, reter ou dirigir negócios para qualquer pessoa.

As sanções penais por violação das disposições antipropina são as seguintes:

» Para pessoas físicas38

○ Até cinco anos de prisão

○ Multa de até US$ 250.000

» Para pessoas jurídicas39

○ Multa de até US$ 2.000.000, ou até o dobro do valor da propina ou produto da propina

○ Podem também ser impostas sanções não monetárias, como obrigações de monitoria ou auto-relatoria

As penalidades penais por violação de livros e registros contábeis e controles internos são as seguintes:40

» Para pessoas físicas

○ Até 20 anos de prisão

○ Multa de até US$ 5 milhões

» Para pessoas jurídicas

○ Multa de até US$ 25 milhões

As penalidades e remédios civis por violações de livros e registros contábeis e controles internos são as seguintes:41

» Pessoas físicas

○ US$ 9.054 a US$ 181.171, dependendo da gravidade da violação

○ Restituição de todos os ganhos indevidos

○ Proibição de atuar como diretor ou alto funcionário de empresa pública

37 Ver 15 U.S.C. § 78dd-1 (empresas públicas e pessoas associadas a elas), § 78dd-2 (empresas nacionais e pessoas associadas a elas) e § 78dd-3 (empresas privadas de fora dos EUA e cidadãos estrangeiros).

38 Ver 15 U.S.C. §§ 78dd-2(g)(2)(A), 78dd-3(e)(2)(A), 78ff(c)(2)(A); Ver também 18 U.S.C. § 3571(b)(3), (e) (disposição sobre multas que tem precedência sobre as disposi-ções sobre multas do FCPA).

39 Ver 15 U.S.C. §§ 78dd-2(g)(1)(A), 78dd-3(e)(1)(A), 78ff(c)(1)(A); ver também 18 U.S.C. § 3571(d).

40 15 U.S.C. § 78ff(a).

41 Ver Cláusula 21(B)(b) do Exchange Act, 15 U.S.C. 78u(d)(3); ver também 17 CFR 201.1004 (disposições sobre correção de valores pela inflação).

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39

» Para pessoas jurídicas

○ US$ 90.535 a US$ 905.353, dependendo da gravidade da violação

○ Restituição de todos os ganhos indevidos

○ Podem também ser impostas sanções não monetárias, como obrigações de monitoria ou auto-relatoria

Consequências Adicionais

Além das penalidades penais e civis, violações do FCPA podem ter outras consequências, inclusive a suspensão ou

proibição de participar de contratações do governo federal.

» Suspensão e Exclusão de Contratações por Violações do FCPA

O Federal Acquisition Regulation (FAR) — o conjunto central de regras que regem os contratos federais — prevê a

possibilidade de suspensão temporária ou exclusão do cadastro de licitantes do governo federal, o que pode ocorrer nos

seguintes casos:42

(1) Condenação penal ou civil por fraude ou má conduta semelhante;

(2) Violação grave de um contrato, subcontrato, acordo ou transação com o governo, como descumprimento doloso das

disposições aplicáveis, ou um histórico de descumprimentos, ou execução insatisfatória do contrato; ou

(3) Qualquer outra causa cuja natureza seja grave ou convincente a ponto de afetar a responsabilidade atual da pessoa

física ou jurídica em questão.

Note-se que, para fins das disposições gerais de suspensão e exclusão, os agentes responsáveis por determinar a punição

(os SDOs, ver abaixo) consideram que a infração não precisa estar relacionada a um contrato com o governo dos EUA.

» Suspensão e Exclusão por Não Divulgação de Evidências Críveis de Violações do FCPA Relacionadas a Contratos

com o Governo

As disposições de divulgação obrigatória do FAR preveem ainda que uma contratada pode ser excluída ou suspensa

caso:43

“Tenha ciência de que seu agente, até três anos após o último pagamento de qualquer contrato com o Governo

adjudicado à contratada, tenha deixado de divulgar oportunamente ao Governo, no curso da adjudicação, execução ou

encerramento do contrato ou subcontrato, (...) provas credíveis de (A) Violações de direito penal federais envolvendo

fraude, conflito de interesses, propina ou presentes descritas no Título 18 do United States Code…”

Cada órgão federal possui um “agente de suspensão e exclusão” (Suspension and Debarment Official, ou SDO),

autorizado a suspender e/ou proibir empresas de participar de contratações do governo, seja como contratadas ou

subcontratadas.44 Uma exclusão ou suspensão de contratação imposta por um órgão federal se estende automaticamente

a todos os órgãos do executivo.45

A General Services Administration (agência responsável por assessorar e gerir os processos de aquisições de órgãos

federais dos EUA) mantém ativamente um cadastro de todos os licitantes com exclusão e suspensão, e os vencedores de

licitações geralmente precisam comprovar que não estão suspensos ou excluídos para celebrar os respectivos contratos.

42 Ver 48 CFR. §§ 9.406–2, 9.407–2.

43 Ver 48 CFR. § 9,406–2.

44 Ver 48 CFR. US$ 9,403.

45 Ver 48 CFR. §§ 9.406-1(c), 9.407-1(d).

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Como a suspensão/exclusão existem para garantir a integridade dos contratos governamentais, a questão não é se a

contratada é culpada de conduta passada, mas sim se é possível ter segurança de que agirá de forma responsável no

presente e no futuro.46 Em consonância com o propósito por trás da suspensão e exclusão, os regulamentos federais

orientam o SDO a considerar “a gravidade dos atos ou omissões da contratada e quaisquer medidas corretivas ou

fatores atenuantes” ao tomar sua decisão.47

Normalmente, é aconselhável informar proativamente o SDO de quaisquer investigações governamentais da empresa

por possível violação do FCPA, se a empresa fez divulgações no âmbito do FCPA, bem como os esforços de investigação

e remediação empregados pela empresa.

46 Ver, p. ex., Robinson v. Cheney, 876 F.2d 152 (D.C. Cir. 1989).

47 Ver 48 CFR. § 9.406-1(a).

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I. Smith Pachter McWhorter - Área de Colarinho Branco

Nossa Equipe de Colarinho Branco

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Iris E. BennettSócia

Iris E. Bennett tem vasta experiência na investigação, defesa e resolução

de processos de colarinho branco, assim como na preparação de

programas de conformidade concebidos para evitar que eles aconteçam.

Já representou uma série de clientes pessoa física e empresas listadas na

Fortune 100 em casos relacionados a possíveis violações de leis civis e

criminais antifraude, incluindo o Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), o

False Claims Act, o Anti-Kickback Act e leis anticoncorrenciais. Também

já defendeu com sucesso uma série de empresas em processos envolvendo

regulamentos federais de divulgação obrigatória e voluntária. Realizou

investigações internas em todo o mundo, e representou empresas perante

as Divisões Penal e Civil do Department of Justice e da Securities and

Exchange Commission durante toda a fase de investigação e resolução de

acordos com o governo dos EUA. Sua fluência em espanhol já permitiu-lhe

realizar uma série investigações nesse idioma. Além da extensa experiência

nas áreas e investigação e defesa, tem anos de atuação como advogada em

questões de conformidade com o FCPA. Regularmente assessora clientes

corporativos com relação a seus programas anticorrupção, e responde a

suas perguntas mais específicas sobre políticas, procedimentos e questões

de conformidade. Também já planejou e liderou uma série de verificações

de conformidade e auditorias de larga escala em grandes empresas.

Trabalhou como assistente judicial para o Exmo. Juiz Robert W. Sweet do

Tribunal Federal dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York e

para o Exmo. Juiz David S. Tatel, do Tribunal de Recursos dos Estados

Unidos para o Distrito de Columbia, e entrou para a carreira privada

depois de atuar como defensora pública na área criminal na Defensoria

Pública Federal do Distrito de Columbia.

É também presidente do Subcomitê de Direito Público Internacional e

Penal da Ordem dos Advogados do Distrito de Columbia, Comunidade de

Direito Internacional, para os anos de 2017 e 2018.

Juris Doctor pela New York University School of Law (1999); magna cum

laude); Distinção Order of the Coif; New York University Law Review

Bacharel pela Harvard College (1989; summa cum laude); Phi Beta Kappa

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Joseph P. CovingtonSócio

Joseph P. Covington tem mais de 35 anos de experiência em litígio e representação

de clientes em casos de colarinho branco dentro e fora dos EUA. É especializado

em casos relacionados ao Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), Anti-Kickback

Act, False Claims Act e outras leis e regulamentos antifraude das esferas criminal

e civil. Sua experiência em casos envolvendo o FCPA começou em 1977, quando

foi admitido como advogado de tribunal na Seção de Fraudes do Department

of Justice, onde investigou casos de propina no exterior, e posteriormente como

chefe da unidade de ações sancionadoras do FCPA no próprio DOJ, de onde saiu

para iniciar sua carreira privada. Já representou com sucesso centenas de clientes

corporativos em investigações internas do FCPA, investigações governamentais

e questões de conformidade no mundo inteiro - da Albânia ao Zimbábue.

Assessorou inúmeros clientes sobre como remediar após uma violação, orientou-

os sobre como estabelecer e manter programas de conformidade, e ajudou-os

com questões de due diligence de terceiros e subcontratações. Foi recentemente

nomeado pelo Banco Mundial Monitor Independente de Conformidade para a

SNC-Lavalin Group Inc., com o mandato de rever e avaliar o programa global de

conformidade anticorrupção da empresa.

Tem vinte anos de experiência em questões relacionadas ao False Claims Act

(FCA) e suas disposições sobre ações qui tam (ações especiais ajuizadas por

cidadãos em defesa do interesse público). Já investigou e litigou inúmeros casos

do FCA, identificando e implementando estratégias para resolvê-los. Representou

clientes pessoas físicas e jurídicas em processos relacionados a uma série de leis

e regulamentos federais, inclusive envolvendo questões de conflitos de interesse,

integridade de aquisições e comportamento anticoncorrencial. Também tem

vasta experiência representando com contratos com o governo em questões de

divulgação corporativa obrigatória e voluntária.

Já representou uma série de empresas perante órgãos governamentais, incluindo

as Divisões Civil e Criminal do Department of Justice, a Securities and Exchange

Commission, o Investigador Especial Geral para a Reconstrução do Afeganistão e

outros órgãos de controle dos EUA, além de atuar perante os agentes responsáveis

por exclusões e suspensões do cadastro de licitantes do governo (os Suspension

and Debarment Officials, ou SDOs).

Recebeu a distinção de advogado destaque para a área do Distrito de Colúmbia

da AV Peer Review, maior reconhecimento de pares oferecido pela Martindale-

Hubbell a advogados de distinta idoneidade ética e competência profissional. Em

2012, foi nomeado DC Super Lawyer na área de Crimes de Colarinho Branco.

Antes de sua carreira jurídica, serviu no Exército dos Estados Unidos em combate

no Vietnã, e recebeu um Coração Púrpuro, distinção por bravura em serviço.

Juris Doctor pela University of Virginia School of Law (1973)

Bacharel em História pela University of Virgina (1968)

Super Lawyer de Washington DC, Defesa Criminal: Colarinho Branco (2012)

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Sean J. HartiganSócio

Sean J. Hartigan opera exclusivamente nas áreas de direito federal e

internacional, e é especializado em defesa de casos de colarinho branco e

assessoria de conformidade. Na área de conformidade internacional, sua

atuação é focada em questões do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA),

e no contexto dos EUA em casos relacionados ao False Claims Act,

Procurement Integrity Act, Federal Acquisition Regulation (FAR) e outras

leis e regulamentos federais que regulam a atuação de empresas com

contratos com o governo e seus empregados.

Já representou clientes corporativos em uma série de investigações internas

e governamentais, inclusive perante o Department of Justice, a Securities

and Exchange Commission e o Office of the Inspector General. É bilíngue,

e já realizou uma série de investigações em inglês e espanhol. Coordenou

equipes responsáveis por planejar e conduzir auditorias de conformidade

e verificações de programa anticorrupção em uma série de empresas, e

oferece assessoria legal na área de conformidade a nossos clientes. Tem

enorme experiência com um grande cliente da firma que tem contratos

com o governo, assessorando-o nas áreas de negociação de contratos,

investigação de potenciais divulgações voluntárias e obrigatórias e análise

de disposições da FAR com relação a subcontratadas.

No início da carreira, atuou como assistente judicial para o Exmo. Jacques

L. Wiener, Jr., Juiz do Tribunal de Recursos dos Estados Unidos para o

Quinto Circuito Judicial.

Juris Doctor pela University of Michigan Law School (2003, cum laude);

Editor de Resenhas Literárias do Michigan Law Review

Mestrado em Políticas Públicas pela University of Michigan – Gerald R.

Ford School of Public Policy (2003)

Bacharel pela Dartmouth College (1994)

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Tysons Corner, Virginia 22182

Telefone: +1 (703) 847–6284

Fax: +1 (703) 847–6312

[email protected]

Stephen D. KnightSócio

Stephen D. Knight atua na área de direito de contratos governamentais

há mais de 35 anos, com vasta experiência na defesa e litígio de todos os

aspectos desta área super especializada. Possui também grande experiência

na área de ações judiciais e controverso, com especial ênfase em questões

de custos e preços envolvendo alocações e permissões de custo, Normas

de Contabilidade de Custos, preços viciados no âmbito do Truth in

Negotiations Act e auditorias governamentais.

Tem experiência substancial ainda em questões de conformidade em

empresas com contratos com o governo, e frequentemente auxilia nossos

clientes a avaliar os requisitos e mecanismos de divulgação às autoridades.

Já realizou verificações de conformidade para clientes, auxiliando na

verificação e avaliação de controles internos, treinamento e avaliação

de questões específicas de conformidade, como sistemas de negócios e

requisitos socioeconômicos em contratos governamentais. Tem vasta

experiência na representação de licitantes diretas e subcontratadas, e

também na identificação dos requisitos obrigatórios para inclusão em

contratos entre contratadas e subcontratadas.

Também tem experiência significativa na representação de clientes

durante auditorias e investigações instauradas pelo Office of the Inspector

General, bem como investigações de fraude de aquisições. Esta experiência

inclui investigações de tribunal do júri e de fraudes civis envolvendo

violações de leis penais e civis ao abrigo do False Claims Act, incluindo

questões de contabilidade, qualidade, conflitos de interesse e requisitos

socioeconômicos.

Leciona há 20 anos como professor adjunto do Programa de Mestrado em

Direito de Aquisições da George Washington University School of Law,

especificamente na área de Custos e Preços. Como professor da George

Washington University, recebeu a distinção da Sy Herman Professorial

Lectureship.

É bilíngue (inglês e francês).

Juris Doctor pela University of Virginia School of Law (1978)

Bacharel com Honras pela University of Virgina (1968)

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Kathryn T. Muldoon GriffinSócia

Kathryn T. Muldoon Griffin representa empreiteiras em uma variedade

de indústrias em projetos de governos federais/estaduais e privados.

É especializada em representar empreiteiras na resolução de disputas

contratuais com o governo federal e em ações envolvendo subcontratadas

em projetos federais e financiados pelo governo federal. Tem vasta

experiência na análise e instauração de ações, incluindo trabalho com

peritos técnicos e especialistas de programação de recursos e em custos e

preços.

Tem ainda experiência substancial na representação de empreiteiras

militares em casos de contabilidade de custos do governo, abrangendo

(entre outras) a defesa de ações governamentais buscando reduções de

remuneração de executivos e funcionários (incluindo os custos associados

com benefícios de saúde e bem-estar). Também tem experiência na

assessoria de empresas com contratos com o governo em uma série

de outras questões contratuais, incluindo auditorias e investigações e

alegações de fraude em contratos. Assessorou uma série de contratadas

do governo no desenvolvimento e avaliação de seus programas de ética

e conformidade, além de representar empresas sujeitas a exclusão ou

suspensão do cadastro de licitantes do governo, e já conduziu múltiplas

investigações internas e entrevistas com funcionários como parte do

trabalho de monitores independentes de conformidade.

Também já trabalhou com empresas de construção e engenharia

nacionais, internacionais e locais em contratos de terceirização, incluindo

em questões relacionadas a especificações viciadas, condições de local de

trabalho divergentes do contrato, mudanças construtivas, avaliações de

desempenho de empreiteiras e danos liquidados.

É a atual presidente da Ordem dos Advogados do Conselho de Recursos

de Contratos (BCABA), órgão do qual foi vice-presidente em 2016. De

2014 a 2015, foi professora adjunta da matéria de Custos & Preços

do curso de direito da George Washington University School of Law.

Tem uma série de publicações sobre vários aspectos de contratos com

o governo, recentemente focadas em sentenças e regras recentes sobre

avaliações de desempenho de empreiteiras.

Juris Doctor pela Pepperdine University School of Law (2006)

Bacharel em Comércio com Ênfase em Contabilidade pela University of

Virginia – McIntire School of Commerce (2002)

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Armani VadieeSócio

O foco de atuação de Armani Vadiee é em contratos governamentais,

contratos comerciais, conformidade, crimes de colarinho branco e

assuntos relacionados ao setor da construção. Assessora nossos clientes

nacionais e internacionais em uma série de questões, incluindo negociações

contratuais, termos e condições contratuais, impugnações de licitação,

mudanças de contrato e preparação de reivindicações, liquidação de

contratos, litígios relacionais a auditorias regulatórias e de conformidade

e supervisão de monitores independentes. Oferece assessoria em questões

de conformidade em várias áreas, incluindo controles de exportação,

avaliações de subcontratada e requisitos de relatoria obrigatória. Tem

experiência substancial em litígios contratuais em tribunais federais e

estaduais e órgãos administrativos, inclusive perante órgãos de recursos

contratuais civis e militares das Forças Amadas dos EUA, o Government

Accountability Office dos EUA, a U.S. Court of Federal Claims e a U.S.

Court of Appeals for the Federal Circuit.

Antes de cursar direito, trabalhou como supervisor de contratações em um

laboratório de pesquisa do Departamento de Energia dos EUA, e durante

a faculdade de direito atuou como analista judiciário no U.S. Government

Accountability Office.

É multilíngue, com fluência em inglês e farsi e proficiência limitada em

espanhol. É membro ativo da Seção de Direito de Contratos Públicos da

Ordem dos Advogados dos EUA e da Seção de Contratos Governamentais

da Ordem Federal de Advogados. É instrutor em uma série de cursos

em firmas de advocacia sobre temas como Realismo de Custos e Preços

em Contratos Governamentais, Ética e Conformidade em Contratos

Governamentais, e Segurança Cibernética e seu Impacto.

Juris Doctor pela Maryland School of Law (2010)

MBA pela University of New Mexico, Anderson Graduate School of

Management (2004)

Bacharel pela University of New Mexico, Anderson School of

Management (2002)

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Erica J. GeibelAdvogada

Erica J. Geibel representa clientes nas áreas de contratos com o governo,

colarinho branco e construção, com experiência significativa na área de

assessoria de conformidade, e frequentemente conduz verificações de

programas de ética e conformidade, auxilia em treinamentos e avalia e testa

controles internos de empresas. É Profissional Certificada de Conformidade e

Ética (CCEP, na sigla em inglês), certificação que obteve em 2017.

Sua atuação inclui extensa experiência em empresas sob supervisão de

monitores independentes, questões de responsabilidade e integridade de

empreiteiras, investigações internas, assuntos relacionados ao Anti-Kickback

Act, assessoria de conformidade com o FCPA e questões relacionadas ao

False Claims Act, bem como todos os aspectos de contratos governamentais,

incluindo pequenas empresas, reivindicações e disputas contratuais,

impugnações de licitação, negociações, elaboração e verificações de contratos,

e questões de custo e preço envolvendo alocações de custo e permissões de

custeio.

Em sua atuação na área de construção, já representou de grandes empreiteiras

nacionais e internacionais até pequenas construtoras locais em uma série de

processos. Sua experiência na área construção inclui casos de negligência geral,

condições divergentes no local de trabalho, mudanças de projeto, questões de

interpretação contratual e análise de reivindicações de contratadas.

É copresidente da Seção de Contratos Governamentais da Ordem dos

Advogados de Fairfax, membro do Comitê Gestor da Comunidade de

Contratos e Litígios Governamentais da Ordem dos Advogados de Washington

D.C. (na qual atua como Coordenadora de Ação Comunitária) e membro

ativo da Seção de Direito de Contratos Públicos da Ordem dos Advogados dos

EUA, onde atua como Vice-Presidente do Setor de Construção.

Também dá cursos em uma variedade de temas relacionados a contratos

governamentais, incluindo ética e conformidade em contratos com o

governo. Em 2017, foi nomeada “Estrela em Ascensão” na área de Contratos

Governamentais pela Virginia Super Lawyers.

Juris Doctor pela George Mason University School of Law (2009, cum laude)

Bacharel em Governo e Política Internacional pela George Mason University

(Com honras, cum laude, 2005)

“Estrela em Ascensão” na área de Contratos Governamentais, Virginia Super

Lawyers (2017)

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Sean K. GriffinAssociado

As áreas de atuação de Sean K. Griffin incluem contratos governamentais,

construção e leis do colarinho branco. Tem experiência substancial em

mediação e litígio de conflitos contratuais com o governo perante os

Boards of Contract Appeals, a Court of Federal Claims, a U.S. Court of

Federal Claims, e a U.S. Court of Appeals for the Federal Circuit. Griffin

também tem experiência em investigações internas e outros assuntos

relacionados ao False Claims Act, Anti-Kickback Act e o FCPA.

Antes de ingressar na Smith Pachter McWhorter em 2015, trabalhaou

como Assistente Judicial e Advogado de Honras para o Conselho de

Recursos Contratuais Civis das Forças Armadas, com atuação focada em

casos de controvérsia contratual centrados no Contract Disputes Act.

É graduado pela American University, Washington College of Law,

onde atuou na Administrative Law Review (publicação da Ordem dos

Advogados dos EUA) e recebeu a distinção de Dean's Fellow para o

Programa de Direito Empresarial. Também competiu pela Sociedade de

Resolução de Disputas da universidade.

Juris Doctor pela American University, Washington College of Law (2014)

Bacharel em Ciência Política pela University of California, Santa Cruz

(2008)

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Paulo GusmãoAssociado

As principais áreas de atuação de Paulo Gusmão são Contratos

Governamentais e Leis do Colarinho Branco. Atualmente, faz parte da

equipe de Monitoramento de Conformidade Independente nomeada

pelo Banco Mundial para verificar e avaliar o programa anticorrupção

global da SNC-Lavalin Group, Inc. Antes de ingressar na Smith Pachter

McWhorter em 2017, trabalhava no departamento de assuntos jurídicos

corporativos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, onde prestava

assessoria sobre diversos assuntos corporativos e institucionais, incluindo

gestão de recursos humanos, mobilização de recursos institucionais,

implementação de políticas de pessoal e administrativas, governança

corporativa e questões tributárias. Também representou o BID em

disputas trabalhistas perante seu tribunal administrativo.

Durante a faculdade de direito, trabalhou como estagiário no Bureau de

Questões Trabalhistas Internacionais do Department of Labor dos EUA,

como trainee no grupo de consultoria de finanças de projetos de um

escritório de advocacia corporativa no Rio de Janeiro, e como Advogado

Trainee da Community and Development Development Law Clinic.

É fluente em inglês, português e espanhol.

Juris Doctor pela American University, Washington College of Law (2014,

cum laude)

Editor Sênior do Journal of Gender, Social Policy and the Law; Distinção

Dean's Fellow pelo Legal Analysis Program

Mestrado pela American University, School of International Service (2016)

Bacharel pela University of Redlands, Johnston Center for Integrative

Studies

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Kristin A. TisdelleAssociada

O foco de atuação de Kristin A. Tisdelle é nas áreas de conformidade

corporativa, contratos comerciais, contratos governamentais e questões

relacionadas a crimes de colarinho branco. Assessora clientes nacionais

e internacionais em uma série de questões, incluindo negociações

e adjudicações de contratos, reivindicações e disputas contratuais,

interações entre empreiteiras e subcontratadas e gestão de contratos.

Sua experiência na área de colarinho branco inclui questões internas

de conformidade corporativa, investigações ao abrigo do False Claims

Act e do FCPA, suspensões por Agentes de Suspensão e Exclusão

(SDOs) e requisitos de relatoria obrigatória. Também atua na equipe de

Monitoramento de Conformidade Independente nomeada pelo Banco

Mundial para verificar e avaliar o programa anticorrupção global da

SNC-Lavalin Group, Inc.

Durante a faculdade de direito, atuou como estagiária no Bureau de

Direito Concorrencial da Federal Trade Commission, investigando

questões de conformidade regulatória e defesa do consumidor em fusões e

aquisições de empresas farmacêuticas. Antes de entrar para faculdade de

direito, trabalhou para o Diretor Jurídico de uma transportadora de nível

nacional, onde lidava com questões relacionadas a contratos de aquisição

estaduais e locais, conformidade corporativa e assuntos regulatórios.

Juris Doctor pela Washington and Lee University School of Law (2016)

Bacharel em Economia e Filosofia pela University of Mary Washington

(magna cum laude, 2011)

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Joseph P. EvansAssociado

Joseph P. Evans atua principalmente nas áreas de contratos

governamentais, construção e crimes de colarinho branco. Tem

experiência em disputas de interpretação contratual, impugnações de

licitação, questões relacionadas ao False Claims Act, acordos coletivos

e licenciamento de propriedade intelectual. Trabalhou em casos

relacionados à evocação da Quinta Emenda da Constituição dos EUA e

questões relacionados ao FCPA.

Atuou como assistente judicial no gabinete da Exma. Juíza Pauline

Newman no Tribunal de Apelações dos EUA para o Circuito Federal.

Durante sua atuação no Tribunal, trabalhou em uma série de processos

nas áreas de contratos com o governo e evocações de emenda

constitucional, onde obteve perspectivas inestimáveis sobre o processo

de litígio de recursos contra o governo federal. Antes de atuar como

assistente judicial, logo após se formar em Direito, recebeu uma bolsa

para estudos no Instituto de Direito de Saúde da University of Alberta

Faculty of Law. Lá, realizou pesquisas sobre regulação governamental de

pesquisa científica básica e aplicada, tratamentos médicos, dispositivos

terapêuticos e vacinas.

Formou-se Juris Doctor pela University of North Carolina School of

Law e Bacharel pela North Carolina State University. Concluiu parte de

seus cursos de graduação e direito na Universidade de Pequim, na China.

Como falante fluente e alfabetizado de chinês, estagiou em seu primeiro

ano da faculdade na Zhonglun - um dos mais prestigiados escritórios

de advocacia da China - e trabalhou como tradutor de documentos e

intérprete freelance em Pequim entre a graduação e a pós-graduação em

direito.

Juris Doctor pela University of North Carolina School of Law (2013)

Estágio de Verão na Peking University School of Law (2011)

Bacharel pela North Carolina State University (2009); Estudos

Internacionais, com Ênfase no Leste Asiático, cum laude, Distinção Dean’s

List, Phi Eta Sigma

Universidade de Pequim (Intercâmbio, 2008); primeiro lugar no ranking

de alunos estrangeiros do ano letivo de 2008SMITH PACHTER McWHORTER PLC

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©2018 Smith Pachter McWhorter PLC. Esta publicação não tem por intuito prestar assessoria jurídica, mas apenas fornecer esclarecimentos gerais sobre questões legais. Sua apresentação ou envio não tem por intuito criar uma relação jurídica entre cliente e advogado, tampouco seu recebimento cria tal relação. Os leitores devem buscar assessoria jurídica antes de tomar qualquer medida com relação aos assuntos mencionados nesta publicação.

Julia S. KopcienskiAssociada

Julia S. Kopcienski atua nas áreas de contratos governamentais, construção civil e casos de colarinho branco. Tem experiência com litígios e procedimentos alternativos de resolução de controvérsias, com foco em questões relacionadas a seguros e garantias de construções, controvérsias com subcontratadas, demandas por compensação, investigações de fraude, e processos de e-discovery (análise automatizada de provas processuais em formato eletrônico). Também já representou clientes em questões relacionadas a direitos sobre dados, impugnações de licitação, controvérsias de execução de contrato, sigilo profissional, e práticas licitatórias de órgãos do governo federal dos EUA.

É formada em direito pela George Washington University School of Law,

onde concentrou seus estudos na área de contratos governamentais (disciplinas estudadas na área incluem constituição de empresas, execução contratual, custeio e precificação, e propriedade intelectual). Durante seus estudos universitários, foi membro do Conselho de Tribunais Simulados e competiu no concurso de tribunais simulados da instituição em 2016 (o GW Government Contracts Moot Court Competition). Como finalista na competição, apresentou sustentanção oral perante um painel composto de juízes federais de renome, e recebeu o prêmio de Melhor Competidora Geral. Também durante a universidade, foi membro do Federal Circuit Bar Journal, onde atuou como Gestora de Programas..

Juris Doctor pela George Washington University School of Law (2017)

Mestrado em Estudos de Políticas de Educação pela George Washington

University Graduate School of Education & Human Development (2017)

Bacharel em Psicologia e Filosofia (ambos magna cum laude) pela Loyola University Chicago (2013)

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Guia Anual de Tendências de Conformidade e Controle no Âmbito do FCPA: Janeiro 2018

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