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Guia Anual de Tendências de Conformidade e Controle no Âmbito do FCPA: Janeiro 2018
Guia Anual de Tendências de Conformidade e Controle no Âmbito do FCPA: Janeiro 2018
Smith Pachter McWhorter PLC
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©2018 Smith Pachter McWhorter PLC. Esta publicação não tem por intuito prestar assessoria jurídica, mas apenas fornecer esclarecimentos gerais sobre questões legais. Sua apresentação ou envio não tem por intuito criar uma relação jurídica entre cliente e advogado, tampouco seu recebimento cria tal relação. Os leitores devem buscar assessoria jurídica antes de tomar qualquer medida com relação aos assuntos mencionados nesta publicação.
Julia S. KopcienskiAssociada
Julia S. Kopcienski atua nas áreas de contratos governamentais, construção civil e casos de colarinho branco. Tem experiência com litígios e procedimentos alternativos de resolução de controvérsias, com foco em questões relacionadas a seguros e garantias de construções, controvérsias com subcontratadas, demandas por compensação, investigações de fraude, e processos de e-discovery (análise automatizada de provas processuais em formato eletrônico). Também já representou clientes em questões relacionadas a direitos sobre dados, impugnações de licitação, controvérsias de execução de contrato, sigilo profissional, e práticas licitatórias de órgãos do governo federal dos EUA.
É formada em direito pela George Washington University School of Law,
onde concentrou seus estudos na área de contratos governamentais (disciplinas estudadas na área incluem constituição de empresas, execução contratual, custeio e precificação, e propriedade intelectual). Durante seus estudos universitários, foi membro do Conselho de Tribunais Simulados e competiu no concurso de tribunais simulados da instituição em 2016 (o GW Government Contracts Moot Court Competition). Como finalista na competição, apresentou sustentanção oral perante um painel composto de juízes federais de renome, e recebeu o prêmio de Melhor Competidora Geral. Também durante a universidade, foi membro do Federal Circuit Bar Journal, onde atuou como Gestora de Programas..
Juris Doctor pela George Washington University School of Law (2017)
Mestrado em Estudos de Políticas de Educação pela George Washington
University Graduate School of Education & Human Development (2017)
Bacharel em Psicologia e Filosofia (ambos magna cum laude) pela Loyola University Chicago (2013)
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Sumário
I. Introdução .........................................................................................................................................................1
II. O Marco Jurídico...............................................................................................................................................1
III. 10 Perguntas Frequentes sobre Programas Anticorrupção para fins do FCPA
1. Que temas as políticas e procedimentos anticorrupção sempre devem abordar? ..........................2
2. Quanto (e que tipo) de treinamento a empresa deve oferecer para cumprir com as normas
do DOJ/SEC? ..............................................................................................................................................3
3. O que uma empresa dos EUA deve fazer para prevenir casos de má conduta em subsidiárias
fora dos EUA? .............................................................................................................................................4
4. Que medidas devem ser tomadas para prevenir atos de má conduta por terceiros? ......................4
5. Pode-se oferecer viagens, entretenimento, presentes ou descontos a autoridades públicas de fora dos EUA? .......................................................................................................................................5
6. A política anticorrupção deve proibir pagamentos de facilitação? ....................................................6
7. O que se espera de uma empresa na hora de investigar potenciais pagamentos corruptos? ........6
8. O que o DOJ/SEC esperam da empresa na hora de medir o risco de conformidade
com o FCPA? .............................................................................................................................................7
9. Empresas com registro na SEC precisam tomar mais precauções anticorrupção que empresas não registradas? ......................................................................................................................8
10. O programa de conformidade deve considerar as leis anticorrupção de fora dos EUA? .................9
IV. Evoluções e Tendências - Políticas e Ações Sancionadoras
a. Programa Piloto do DOJ e Política de Sanções Corporativas do FCPA (Substituindo o Programa Piloto) .....................................................................................................................................10
b. Processos Sancionadores em 2017 ......................................................................................................14
c. Cooperação Internacional e Ações Sancionadoras Recentes em Países Importantes ...................18
d. Como o DOJ Avalia Programas de Conformidade ..............................................................................23
V. Processos Sancionadores em 2017: Resumos de Casos ...........................................................................26
VI. Disposições e Sanções do FCPA ....................................................................................................................38
Nossa Equipe de Colarinho Branco .......................................................................................................................41
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I. Introdução
“A empresa tem uma política antipropina e alguns procedimentos associados, mas é o suficiente? O que os órgãos de
controle dos EUA (como o Department of Justice e a Securities Exchange Commission) esperam da nossa empresa? É
possível obedecer a todas as normas regulatórias e ter um negócio viável com operações e vendas no exterior? E além
disso, com os recentes escândalos de corrupção em outros países (como Brasil e China), como devemos olhar para os
nossos controles anticorrupção fora dos EUA?”
Na edição deste ano de nosso Guia do FCPA, vamos dar respostas a uma série de perguntas frequentes sobre
conformidade com o FCPA (o Foreign Corrupt Practices Act, principal lei anticorrupção dos EUA), analisar eventos e
tendências recentes na área de anticorrupção, e, finalmente, dar um resumo dos casos mais relevantes relacionados ao
FCPA no último ano. Outro fator importante é que, embora os Estados Unidos continuem a ser o líder global em termos
de anticorrupção e suas normas continuem sendo as mais relevantes para qualquer empresa sujeita a suas leis, hoje
vemos uma tendência cada vez maior de 'multinacionalização' das atividades de controle. É essencial entender o que
esta tendência significa para auxiliar a sua empresa e seus parceiros a promover a conformidade internamente e, assim,
mitigar os riscos de ser alvo de processos sancionadores das autoridades, seja nos EUA ou em outros países.
Este Guia destina-se a empresas que estão em diversos estágios de implementação de seus programas anticorrupção,
empresas que ainda estão concebendo seus programas, ou, ainda, empresas que já tem medidas sólidas implementadas
mas querem ter a certeza que seus programas estão sempre atualizados e alinhados aos mais recentes riscos e melhores
práticas. O que enfatizamos sempre — e como sempre preconizam as áreas de conformidade, investigações e litigioso
de FCPA da nossa firma — é a importância de uma abordagem prática. O principal segredo de um programa bem
sucedido é entender quais são os riscos de corrupção na sua empresa com base no seu perfil empresarial e quais são
as expectativas das autoridades de controle com relação à sua empresa — além, claro, de buscar sempre aprender
com as melhores práticas das diversas áreas (conformidade, jurídica, comercial etc.). Além disso, o programa também
precisa ser prático em termos de mitigação de seus próprios riscos, alocando os recursos da melhor forma possível e
estabelecendo prioridades adaptadas à realidade da empresa.
II. O Marco Jurídico
O FCPA tem dois conjuntos principais de disposições:
» As disposições antipropina, que criminalizam pagamentos corruptos feitos a autoridades estrangeiras com o intuito
de obter e reter negócios; e
» As disposições sobre livros e registros e controles internos, que obrigam as empresas com ações nas bolsas dos EUA
a preparar e manter livros e registros que reflitam com precisão as transações da empresa e a implementar e manter
um sistema apropriado de controles contábeis internos.
Estas disposições podem ser aplicadas a pessoas físicas e jurídicas, e todas são passíveis ação tanto na esfera civil quanto
criminal. Ao final deste Guia, você encontrará uma explicação mais detalhada dessas disposições e das sanções previstas
em caso de violação.
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III. 10 Perguntas Frequentes sobre Programas Anticorrupção para fins do FCPA
1. Que temas as políticas e procedimentos anticorrupção sempre devem abordar?
De forma geral, as políticas e procedimentos de uma empresa devem abordar as áreas de risco clássicas do FCPA e
quaisquer riscos específicos para o perfil da empresa.
As áreas de risco clássicas incluem:
» Due diligence (diligência prévia) de terceiros, requisitos de conformidade e monitoramento
» Presentes, refeições e entretenimento
» Viagens de clientes
» Reembolso de despesas de empregados
» Uso de caixa (p. ex., para pequenas despesas diárias ou outros valores necessários para pagamentos no exterior)
» Contribuições políticas, doações de caridade e patrocínios
» Pagamentos de facilitação
» Solicitação de pagamentos e extorsão
» Fusões e aquisições: due diligence anticorrupção e integração de programas de conformidade pós-fusão/aquisição
Já os riscos específicos ao perfil comercial de uma empresa podem incluir (entre outros):
» Vendas e licitações governamentais fora dos EUA
» Interação com órgãos regulatórios de fora dos EUA, como alfândegas, agências de vistos, órgãos trabalhistas e
tributários e autoridades licenciadoras — especialmente se feitas através de parceiros externos
» Patrocinadores de fora dos EUA necessários para realizar negócios em determinados países
» Países que exigem parcerias com empresas locais ou a compra de produtos ou serviços de fornecedores locais
» Negócios em países com alto envolvimento do Estado na economia e empresas estatais ou controladas pelo Estado
As políticas e procedimentos da empresa também precisam abordar certos processos do programa de conformidade:
» Treinamento e certificação
» Materiais de orientação sobre conformidade
» Mecanismos de não retaliação e denúncia, incluindo uma linha direta para denúncias anônimas.
» Investigações internas de ética e conformidade
» Sanções a funcionários por violações
» Avaliações de risco de corrupção
» Monitoramento e atualização do programa de conformidade anticorrupção, incluindo o uso de dados e métricas
sobre o funcionamento do programa e testes com grupo de controle
Também vale a pena rever as orientações recentes publicadas pelo Department of Justice dos EUA sobre como eles
avaliam os programas de conformidade corporativa. Oferecemos um resumo destas orientações ao final deste Guia, e a
versão completa (em inglês) pode ser baixada em https://www.justice.gov/criminal-fraud/page/file/937501/download.
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2. Quanto (e que tipo) de treinamento a empresa deve oferecer para cumprir com as normas do DOJ/SEC?
O Departamento de Justiça (Department of Justice, conhecido pela sigla DOJ) e a Comissão de Negociações de Valores
Mobiliários (Securities Exchange Commission, conhecido pela sigla SEC) dos EUA esperam que os treinamentos sejam
baseados em risco. Isso significa que todos aqueles que possam vir a encontrar casos de corrupção no desempenho
de seu trabalho, seja devido a sua função dentro da empresa e/ou por seu local de trabalho, além de todos aqueles
com responsabilidade gerencial ou de supervisão sobre estas pessoas, devem receber treinamento sobre as políticas,
procedimentos e programas anticorrupção da empresa. Além disso, espera-se que funcionários em cargos de chefia ou
confiança sejam treinados com mais profundidade e/ou mais frequentemente que os outros. Estes incluem executivos e
gerentes sêniores, funcionários que ocupam funções de salvaguarda ou controladoria (jurídico, conformidade, finanças,
compras, recursos humanos) e aqueles cujos cargos exigem que eles lidem com transações ou situações que podem
colocar a empresa em risco (p. ex., funcionários que gerenciam licitações de governos fora dos EUA, que interagem com
reguladores de fora dos EUA, ou ainda que supervisionam os terceiros que executam estas funções para a empresa).
Não há regras específicas sobre a metodologia de treinamento — pode ser, por exemplo, via web ou presencial — ou
sobre a frequência mínima necessária. A determinação destes parâmetros para cada membro da sua equipe vai depender
do grau de risco, praticidade e comprometimento dos recursos da empresa. Além disso, infelizmente é muito fácil para
as autoridades sancionadoras criticar o programa de treinamento da empresa em retrospecto quando um problema
ocorre, e argumentos de que teria custado mais do que a empresa queria gastar para fazer as coisas de maneira diferente
tendem a não surtir muito efeito. A melhor maneira de desenvolver um programa de treinamento efetivo e defensável
é demonstrar que, independentemente das particularidades do programa de treinamento da empresa, ele foi concebido
de forma razoável e implementado efetivamente com base nos três alicerces que acabamos de mencionar: risco,
praticidade e recursos necessários. Isto posto, aspectos que certamente devem ser tratados incluem a questão do idioma,
a disponibilidade de recursos adicionais para solução de dúvidas, a incorporação dos aprendizados absorvidos com a
experiência da empresa e os mecanismos para o monitoramento da efetividade do treinamento.
O treinamento de provedores de serviços, fornecedores, subcontratados, parceiros de negócios e representantes ou
agentes traz uma série de peculiaridades, e é mais complexo de se administrar. Porém, novamente, aqui entram em
jogo os mesmos três fatores: risco, praticidade e recursos necessários. Para todos os terceiros, o fator praticidade
deve levar em consideração o fato de que uma empresa não controla os terceiros da mesma forma que controla seus
funcionários. Isto significa, por exemplo, que não se pode razoavelmente esperar que uma empresa consiga treinar todos
os terceiros no programa anticorrupção da empresa da mesma forma que pode se esperar que uma empresa consiga
oferecer pelo menos algum nível de treinamento a todos os seus próprios funcionários (claro que pode haver exceções,
como operários, funcionários de fábrica e similares que não têm possibilidade de desencadear ou observar problemas
relacionados ao FCPA por causa de sua função). Entretanto, terceiros com alto nível de interação junto a autoridades
governamentais em nome da empresa e que operam em ambientes de alto risco devem receber forte treinamento no
início da relação com a empresa (e atualizações periódicas dele caso a relação continue ao longo do tempo). Uma
única possível exceção a esses requisitos de treinamento é quando o próprio terceiro é uma empresa de alta sofisticação
e conformidade que já tem suas próprias políticas, processos e treinamentos anticorrupção. Para estes terceiros que
apresentam menos riscos, a quantidade e o tipo de treinamento dependerão das circunstâncias.
Finalmente, o DOJ e a SEC esperam que os treinamentos sejam documentados e verificados, inclusive através de um
processo de certificação.
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3. O que uma empresa dos EUA deve fazer para prevenir casos de má conduta em subsidiárias fora dos EUA?
Do ponto de vista de conformidade, as empresas do EUA devem tratar subsidiárias integrais, de participação majoritária
ou controladas como se fossem parte integral da empresa. As autoridades de controle dos EUA consideram que a
empresa mãe dos EUA é responsável por todas as condutas destas subsidiárias, e ponto final. Em alguns casos, é possível
usar argumentos técnicos sobre a competência das cortes dos EUA como uma defesa viável em caso de litígio contra
uma ação sancionadora envolvendo uma subsidiária fora dos EUA, mas um bom programa de conformidade não
pode se basear na possibilidade hipotética (e, diga-se de passagem, remota) de que essa defesa seja utilizável caso haja
um problema no futuro. Assim, o programa de conformidade anticorrupção da empresa deve ser implementado em
todas estas subsidiárias, com as customizações ou modificações razoavelmente necessárias para tratar dos riscos e leis
específicos do local de operação.
Com relação a subsidiárias de participação minoritária, o que se espera das empresas dos EUA é que tomem todas as
medidas razoavelmente necessárias e práticas sob as circunstâncias para garantir que a empresa tenha um programa de
conformidade anticorrupção suficientemente robusto (o que constitui um programa robusto em cada caso vai depender
do nível e tipo de influência que a empresa dos EUA venha a ter sobre as operações da subsidiária). De todo modo, é
importante recordar que, se uma empresa dos EUA tem pessoal próprio nesta subsidiária de participação minoritária (p.
ex., funcionários alocados ou removidos), então quaisquer atos de má conduta praticados por estes funcionários serão
considerados como atribuíveis diretamente à empresa dos EUA, e portanto esta será responsabilizável judicialmente pela
conduta. Por isso, deve se tomar extremo cuidado para garantir que estes funcionários sejam muito bem treinados nas
políticas e práticas anticorrupção da empresa dos EUA, e que sejam instados a relatar quaisquer potenciais atos de má
conduta que observarem na subsidiária.
4. Que medidas devem ser tomadas para prevenir atos de má conduta por terceiros?
Intermediários, provedores de serviços, fornecedores, subcontratadas, distribuidoras e parceiras (incluindo parceiras de
Joint Venture) constituem uma das áreas de risco mais importantes a serem tratadas no programa anticorrupção de uma
empresa. Organizações terceiras são comumente utilizadas para cobrir esquemas de corrupção porque considera-se que
é a forma mais fácil de evitar sua detecção dentro da empresa em si. Além disso, por mais próxima que seja a relação,
os terceiros e suas despesas, comunicações e ações são inerentemente sujeitos a menos controles e supervisão do que os
funcionários da empresa.
Em suma, isto significa que uma empresa que trabalha com terceiros para fazer negócios no exterior deve analisar com
enorme cuidado quais destes terceiros oferecem maior risco de colocar a empresa em apuros, considerando sempre o
escopo do engajamento, o local do trabalho, o tamanho e sofisticação do terceiro do ponto de vista de conformidade
e a natureza e importância das interações que o terceiro pode ter com governos em nome da empresa. Por exemplo, o
governo é um cliente? Um regulador? As transações envolvidas são de alto valor? Etc.
Após apurar estes fatos, a empresa deve criar e desenvolver procedimentos de due diligence/triagem, requisitos de
conformidade, treinamentos e monitoramentos adequados para quaisquer terceiros que ofereçam risco. Para que
estas medidas sejam práticas (e assim implementadas e mantidas de forma efetiva), a empresa deve ter uma forma
viável de categorizar os terceiros de acordo com o risco que oferecem (normalmente em matrizes de baixo, médio
e alto risco), processos claros e padronizados de due diligence, requisitos contratuais de ética e conformidade que
não só exijam mas também incentivem a conformidade (e que estabeleçam sanções em caso de descumprimento), e
mecanismos para monitorar e auditar os pagamentos feitos pela empresa a estes terceiros e as atividades conduzidas
por eles. Estes processos, depois de definidos, precisam então ser integrados a todos os processos que envolvem estes
parceiros (aquisições, gestão de fornecedores etc.). A empresa também precisa ter um mecanismo para os casos em que
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precisa ir além da abordagem padrão para responder a sinais de alerta específicos causados por um terceiro ou pelas
circunstâncias.
Implementar tudo isso pode exigir muito planejamento, cuidado e (mais importante) recursos da empresa.
Felizmente, há muitas lições valiosas a serem extraídas de casos anteriores, e — mesmo para advogados experientes —
também do trabalho da nossa firma, que atua na área há vários anos e representou e representa clientes em uma série
de ações judiciais no âmbito do FCPA, inclusive envolvendo terceiros e todos os problemas e riscos de conformidade
relacionados. Fiando-se em experiências anteriores e buscando estas lições aprendidas, é possível adaptar o programa
anticorrupção de uma empresa para tratar de riscos de terceiros de forma prática e ao mesmo tempo sensível às
limitações de recursos.
5. Pode-se oferecer viagens, entretenimento, presentes ou descontos a autoridades públicas de fora dos EUA?
Sim, mas sob certas circunstâncias.
Em primeiro lugar, o FCPA oferece uma “defesa afirmativa” (exclusão de culpabilidade) em casos em que estes itens
constituam despesas razoáveis (em termos de valor e tipo de item) para ajudar a promover, demonstrar ou explicar
os produtos ou serviços de uma empresa, ou como parte da execução de um contrato. Como trata-se de uma “defesa
afirmativa”, no entanto, o ônus de demonstrar que a despesa em questão atende a esses requisitos é da empresa. Há
vários exemplos publicados de cenários permitidos nos pareceres (os Opinion Releases) publicados pelo DOJ, bem
como no Guide to the Foreign Corrupt Practices Act (publicação conjunta do DOJ/SEC). Exemplos de nossa própria
experiência jurídica são muitos e diversos, incluindo, entre outros, descontos em produtos, brindes de amostras de
produtos, jantares de negócios com autoridades individuais ou eventos de jantar maiores para grupos, viagens a
instalações da empresa para treinamento acompanhadas de entretenimento (modesto) como cortesia profissional, e até
viagens aéreas na classe executiva (dependendo do tempo de viagem, nível da autoridade e políticas da empresa para
seus próprios funcionários), entre muitos outros.
As principais questões a observar são: O objetivo da despesa está realmente entre aqueles permitidos em lei? O tipo e o
valor do item ou benefício são razoáveis à luz de seu propósito? Em outras palavras, um promotor ou outra autoridade
de controle razoável poderia concluir que o valor de uma viagem ou outra hospitalidade sendo oferecida é alto o
suficiente para chegar a influenciar o beneficiário a agir de forma corrupta? Há um processo de análise e aprovação
adequado dentro da empresa, normalmente incluindo os departamentos jurídico e de conformidade, ou (pelo menos)
gestores com autoridade e treinamento suficiente em questões de conformidade? Existem provas documentadas de que
a despesa é apropriada? Há transparência sobre a despesa junto ao empregador da autoridade estrangeira ou agência
governamental associada?
Em segundo lugar, como o FCPA só desencadeia responsabilidade quando a oferta da coisa de valor é corrupta, pode
haver circunstâncias em que esse elemento não seja cumprido. Em termos jurídicos, isso significa que o governo pode
não conseguir cumprir o ônus de demonstrar que havia intenção de influenciar a autoridade a obter ou reter negócios.
Isto posto, esta é uma distinção legal que não deve fazer diferença para o programa anticorrupção de uma empresa:
os mesmos fatores que apoiariam a defesa afirmativa geralmente suportam o argumento de que o governo não teria
como comprovar um propósito corrupto, fato que pode ser aceito pelo juiz como justificativa para remover o ônus de
comprová-lo.
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6. A política anticorrupção deve proibir pagamentos de facilitação?
Tornou-se cada vez mais comum nas empresas proibir os “pagamentos de facilitação”, isto é, pagamentos de baixo
valor feitos a autoridades públicas para executar ou agilizar atos governamentais de rotina e não discricionários aos
quais uma empresa tem direito, mas que a autoridade busca o que constitui basicamente uma “gorjeta” para efetuar.
Pagamentos de facilitação são permitidos pelo FCPA. A tendência de proibi-los, apesar de não serem vedados pela
lei, parece decorrer de uma série de razões: primeiro, na economia global de hoje, com cada vez mais visibilidade
das questões de conformidade no mundo corporativo, as empresas estão ficando mais sensíveis ao fato de que estes
pagamentos geralmente não são permitidos pelas leis anticorrupção de outros países; em segundo lugar, algumas
empresas consideram (e com isto concorda inclusive a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico,
a OCDE) que permitir tais pagamentos poderia levar os funcionários da empresa a se tornarem complacentes com
relação a propinas, ou ainda incentivar as autoridades públicas a exigir mais pagamentos; finalmente, algumas empresas
simplesmente concluíram que analisar e diferenciar entre pagamentos admissíveis e inadmissíveis é complexo demais
para compensar todo o treinamento, análise jurídica e controle que este processo exige.
Em última análise, porque esses pagamentos são legais de acordo com a legislação americana, proibir ou não é uma
decisão de negócios, não uma decisão legal (pelo menos da perspectiva dos EUA). E a realidade é que, em algumas
partes do mundo, pode ser extremamente difícil praticar estes atos governamentais de rotina a que a empresa tem
direito sem pagar as tais “gorjetas”. Não pagar às vezes pode levar a atrasos ou até recusas definitivas de um ato
a que a empresa tem todo o direito. Mas, como a exceção é restrita, recomendamos que haja controles claros, e
que o departamento jurídico ou de conformidade sejam envolvidos. Se, por outro lado, a empresa opte por proibir
esses pagamentos, é importante dar apoio, inclusive ajudando os funcionários a se planejar com antecedência para
enfrentar esses obstáculos e desenvolver estratégias efetivas para resistir às demandas por pagamento sem comprometer
indevidamente as necessidades do negócio. Em nossa experiência, vimos que é possível fazer isso, mas que requer muito
planejamento e alguma dedicação de recursos de treinamento, orientação jurídica e planejamento comercial para que
uma empresa possa ter uma política de proibição de pagamentos de facilitação que realmente funcione na prática.
7. O que se espera de uma empresa na hora de investigar potenciais pagamentos corruptos?
Quando uma empresa tem motivos para acreditar que um empregado ou parceiro pode ter feito pagamentos corruptos
a uma autoridade estrangeira, o DOJ e a SEC esperam que a empresa investigue a questão com rigor e profundidade
suficientes para poder avaliar:
○ se pagamentos ocorreram ou, ainda que não, se foram oferecidos ou autorizados;
○ qual foi o benefício obtido ou buscado pela empresa;
○ quais funcionários da empresa estavam envolvidos, e até que nível hierárquico havia conhecimento do fato;
○ se havia supervisores que sabiam, fizeram ouvidos moucos ou deixaram de treinar ou supervisionar
adequadamente os subordinados envolvidos;
○ por que a falha de conformidade ocorreu — p. ex., se era um empregado “mau elemento” ou se havia falhas
nas políticas, procedimentos, treinamentos, mecanismos de denúncia internos, cultura (existe uma cultura do
'fim que justifica os meios'?) ou outros processos da empresa;
○ se os funcionários empregados para atuar como supervisores e guardiões da conformidade (jurídico,
conformidade, finanças, aquisições, recursos humanos etc.) falharam em suas responsabilidades;
○ se há evidências de que o incidente foi isolado ou único ou, ao contrário, se reflete um padrão ou conjunto
mais amplo de problemas de corrupção;
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○ se um parceiro de negócios estava envolvido, qual foi sua culpa, se a relação deve ser rescindida ou se o
parceiro ainda seria digno de confiança no futuro; e
○ se existem obrigações de divulgação nos termos da legislação do país em questão ou dos EUA com base na
natureza da conduta.
Com relação ao último ponto acima, não existe uma obrigação legal geral de divulgar uma violação do FCPA às
autoridades dos EUA; no entanto, pode haver obrigação no âmbito das leis do local de operação, ou mesmo para
as autoridades dos EUA, dependendo das circunstâncias. Por exemplo, se os pagamentos foram feitos a autoridades
estrangeiras no âmbito de um contrato com o governo dos EUA, pode haver obrigações de divulgação nos termos do
Federal Acquisition Regulations (FAR).
Caso uma empresa opte por divulgar a conduta ao governo (ou estiver sujeita a uma investigação governamental por
outras razões), a abordagem da investigação interna também deve levar em consideração a questão da cooperação.
Neste contexto, vale a pena citar duas políticas relativamente recentes do DOJ. Primeiro, em um memorando de
2015, Sally Q. Yates, ex-Procuradora-Geral Adjunta do DOJ, salientou que, caso a empresa deseje receber “créditos”
(descontos em multas) do DOJ por sua cooperação, esta deve informá-lo de todos os fatos relevantes sobre os
indivíduos envolvidos na má conduta corporativa. Em segundo lugar, um conjunto de disposições acrescentadas ao
Manual dos Procuradores Federais dos EUA em 2017 tornou permanentes alguns preceitos que vinham sendo testados
no “programa piloto” do DOJ de oferta de créditos em troca de divulgações e cooperação. As disposições discutem
as expectativas do DOJ em termos de cooperação, remediação e evitação de conflitos entre uma investigação interna
e investigações governamentais. Profissionais experientes há tempos já estruturaram suas investigações de forma a
satisfazer essas expectativas do DOJ, mas ter essas políticas por escrito cria um marco importante, além de poder ajudar
a educar as principais partes interessadas de uma empresa sobre como e por que uma investigação interna deve ser
estruturada de uma certa forma.
Finalmente, uma nota sobre expectativas quanto aos métodos de investigação: não existe um “roteiro” predefinido
do que constitui uma investigação adequada. Isto posto, os órgãos sancionadores esperam ver rigor na definição do
escopo, independência e objetividade da equipe de investigação, fortes evidências de esforços de preservação, coleta e
análise completa de e-mails e outras comunicações (incluindo servidores, laptops, dispositivos pessoais e outras mídias),
análise de registros financeiros e entrevistas com funcionários, ex-funcionários e/ou terceiros, se relevante, além de uma
análise das causas raiz e remediações estruturadas adequadamente para resolver essas causas. A medida dos esforços vai
depender do que for razoável (e legalmente defensável, se necessário) nas circunstâncias de cada caso.
8. O que o DOJ/SEC esperam da empresa na hora de medir o risco de conformidade com o FCPA?
O DOJ e o SEC esperam que as empresas tomem medidas específicas para avaliar seu risco de conformidade com o
FCPA, tanto em relação a negócios em andamento quanto a negócios futuros. A formalidade e complexidade dessas
avaliações de risco variam de acordo com o tamanho, natureza e complexidade da empresa, além de fatores como o
alcance das operações e negócios da empresa fora dos EUA, os países com maior risco de corrupção em que a empresa
tem negócios, o grau de interação que a empresa precisa ter com órgãos e autoridades públicas estrangeiras para
conduzir seus negócios, e o quanto a empresa se utiliza de terceiros para auxiliá-la nestas interações.
Algumas grandes empresas têm processos de avaliação de riscos do FCPA altamente formais e estruturados. Muitas
organizam oficinas de avaliação de risco abrangentes, incluindo líderes das áreas de negócio e do corporativo, em que
buscam tratar de questões de risco tanto no nível macro (da empresa como um todo) e especificamente com relação
a operações em certos países ou em áreas de atuação mais expostas. Os resultados dessas oficinas geralmente são
compilados e então utilizados para desenvolver planos de mitigação de risco. Este tipo de processo de avaliação de
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riscos também é subsidiado por informações complementares, como investigações de conformidade, consultas feitas ao
jurídico ou à área de conformidade pelas diferentes áreas de negócio, resultados de auditorias internas e outras fontes.
Outras empresas, dependendo dos mesmo fatores acima (tamanho, complexidade das operações/extensão de negócios
fora dos EUA e estágio de desenvolvimento de seus processos de avaliação de risco), podem vir a adotar um processo
de avaliação de risco um pouco menos complexo. Mesmo nesses casos, no entanto, é importante que a empresa saiba
identificar quem dentro de sua estrutura está mais bem posicionado para ajudar a identificar os riscos de corrupção nos
negócios da empresa, e então desenvolva um processo adequado para coletar informações dessas pessoas, organizá-
las, utilizá-las para subsidiar o programa anticorrupção da empresa e atualizá-las de tempos em tempos. Além disso, o
DOJ em particular tem adotado uma abordagem cada vez mais baseada em dados, e como tal espera que as empresas
coletem e analisem dados sobre seus riscos, que usem as conclusões de suas auditorias e investigações internas para
melhorar seus processos, e que atualizem seu programa periodicamente de acordo com estas informações. É importante
enfatizar que estas práticas são uma boa pedida não só porque as agências de controle esperam vê-las na sua empresa,
mas também porque esse processo é necessário para que a empresa possa empregar os recursos (caros!) que investe
em conformidade da forma mais eficiente possível. Você não precisa ser lembrado do que estamos prestes a dizer, mas
sempre vale repetir: tudo isso custa tempo e dinheiro, e o principal objetivo de qualquer negócio é ser bem sucedido para
seus clientes, acionistas ou proprietários e funcionários. Um processo eficaz de avaliação de risco ajudará a empresa a
concentrar esses recursos onde eles forem mais necessários.
9. Empresas com registro na SEC precisam tomar mais precauções anticorrupção que empresas não registradas?
A resposta curta para esta pergunta é “Sim, mas há um porém”.
Começando pelo 'sim'. Sim porque o FCPA cria obrigações adicionais para empresas abertas (isto é, com títulos
negociados em bolsa), que são legalmente obrigadas a manter livros e registros precisos e um sistema adequado
de controles contábeis internos. Essas obrigações se estendem a todas as partes de uma empresa aberta, incluindo
subsidiárias integrais/de participação majoritária e afiliadas. Empresas abertas, além disso, possuem responsabilidade
objetiva (strict liability) em caso de descumprimento: isto significa que não há necessidade de se provar a intenção de
cometer um delito para que a empresa seja responsável civilmente por uma violação (embora ainda seja necessário
provar a intenção para responsabilização nos termos do FCPA na esfera criminal).
Mas há um porém: o DOJ basicamente 'importou' esta norma legal de manutenção de livros e registros e controles
internos para os seus próprios requisitos, na forma de política, como parte do que considera um programa de
conformidade anticorrupção eficiente. Isso pode ser visto nos requisitos que o DOJ impõe a todas as empresas
— registradas na SEC ou não — quando chega a um acordo com elas para resolver um processo sancionador
relacionado ao FCPA. Hojé padrão que o DOJ exija nestes acrodos, por exemplo, que a empresa mantenha um
programa anticorrupção que satisfaça os elementos estabelecidos nas orientações emitidas pelas agências de controle
(principalmente o próprio DOJ). Um desses elementos é que a empresa tenha controles internos e procedimentos
financeiros/contábeis fortes o suficiente para garantir que os livros e registros reflitam com precisão a substância
de qualquer operação econômica e não são usados para mascarar “caixa dois” ou outras despesas indevidas, que a
execução e contabilização das transações são sempre autorizadas pelo gestor, que o acesso aos ativos ocorre mediante
autorização, e que os ativos contabilizados são comparados regularmente com os ativos reais. Finalmente, quanto maior
o perfil de risco da empresa (ou de certas atividades comerciais que conduz), mais rigorosos devem ser os controles.
9
10. O programa de conformidade deve considerar as leis anticorrupção de fora dos EUA?
Certamente. Qualquer empresa com negócios ou operações fora dos EUA deve levar em consideração as leis
anticorrupção aplicáveis do país em questão, ou até mesmo as leis de outros países que podem se aplicar a ela naquele
país (como ocorre em alguns países com o U.K. Bribery Act). Além disso, não só a cooperação multi-jurisdicional entre
diferentes países se tornou algo mais frequente nos últimos anos, mas também há uma tendência de aprovação de leis
anticorrupção mais rigorosas — e de maior aplicação delas — em todo o mundo. Argentina, Brasil, Colômbia e México
são exemplos de países que promulgaram novas leis nos últimos anos. Embora nem todas essas leis ainda estejam sendo
aplicadas vigorosamente, pelo menos alguns países (como o Brasil) já avançam nessa direção, e prevê-se que o mesmo
pode acontecer em uma série de outros países no futuro. Como os EUA continuam sendo o país mais rigoroso nesta área
(e é provável que permaneça assim por muitos anos), não é surpresa que empresas sujeitas à jurisdição dos EUA tendam
a concentrar seus programas anticorrupção no FCPA. Mas a realidade hoje é que, cada vez mais, não se pode mais
ignorar as leis dos outros países ou presumir que elas não serão devidamente aplicadas.
Os preceitos básicos das leis anticorrupção, seja nos EUA ou fora dos EUA, tendem a ser mais ou menos os mesmos.
E onde há diferenças, as leis dos EUA tendem a ser tão completas ou rigorosas (ou mais) que as de outros países. Um
exemplo é o Reino Unido. O U.K. Bribery Act criminaliza o pagamento de propinas a agentes do setor público e privado
(o último também conhecido como “propina comercial”), enquanto o FCPA criminaliza apenas o pagamento de propina
a autoridades do governo. No entanto, existem outras leis dos EUA que criminalizam a propina comercial, inclusive
quando cometida fora dos EUA. Outro exemplo: embora existam vários países cujos sistemas de direito penal não
responsabilizam as empresas criminalmente caso não haja envolvimento da alta gestão, a legislação dos EUA prevê que
qualquer funcionário ou terceiro que atue como agente da empresa podem desencadear a responsabilidade corporativa
(conforme determinado pelas leis de responsabilização indireta, ou vicarious liability). No entanto, existem algumas
raras exceções em que as lei anticorrupção dos EUA são menos rigorosas que as de outras nações. Uma delas é com
relação a pagamentos de facilitação: os EUA os permitem, enquanto outras nações geralmente vedam a prática. Outro
exemplo: o U.K. Bribery Act vai ainda mais longe que o FCPA em termos de responsabilidade por atos de terceiros,
com seu princípio de “omissão corporativa na prevenção de propina”. É por isto que, embora em geral seja razoável
concentrar o programa anticorrupção de uma empresa na legislação dos EUA, as leis de outros países também devem ser
levadas em consideração quando aplicáveis às operações da empresa.
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GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 10
IV. Evoluções e Tendências — Políticas e Ações Sancionadoras
a. Programa Piloto do DOJ e Política de Sanções Corporativas do FCPA (Substituindo o Programa Piloto)
Em 5 de abril de 2016, a Divisão Criminal do DOJ iniciou um “Programa Piloto” de um ano para promover a prática
de divulgações voluntárias e cooperação por parte de empresas com processos relacionados ao FCPA1, delineando o tipo
de “crédito” (desconto em multas) que as empresas poderiam receber em troca destas divulgações e cooperações. O DOJ
também procurou tornar mais transparente a forma como identifica o potencial crédito a ser recebido em troca de auto-
divulgações, cooperações e remediações. O Programa Piloto foi posteriormente prorrogado em março de 2017.2
Em 29 de novembro de 2017, citando o aumento do número divulgações voluntárias após a promulgação do Programa
Piloto, o Vice-Procurador-Geral Rod Rosenstein anunciou uma nova versão da Política de Sanções Corporativas do
FCPA com base nos princípios delineados no Programa Piloto.3 A nova política codifica alguns aspectos do Programa
Piloto sem mudanças e revisa outros.
O Vice-Procurador-Geral Rosenstein publicou as orientações diretamente no Manual dos Advogados dos EUA (o U.S.
Attorney's Manual, ou USAM)4 ao invés de publicar um memorando, facilitando a fácil compreensão e aplicação das
orientações mesmos pelos procuradores mais ocupados. Embora publicada no USAM, a nova política não cria direitos
privados e não é passível de uso como defesa em ação judicial. Em vez disso, como os memorandos de política e outras
políticas operacionais internas do DOJ, o programa foi implementado para fornecer orientações e promover a aplicação
consistente da lei.
No que diz respeito ao conteúdo, a nova política vai além de qualquer outra orientação do DOJ na promoção de auto-
divulgações pelas empresas. A política inclui uma “presunção de declinação” (isto é, presunção de que o DOJ declinará
buscar ação judicial contra a empresa) quando uma empresa, na ausência de circunstâncias agravantes, voluntariamente
auto-divulga sua má conduta, coopera plenamente e remedia a situação de forma oportuna e apropriada, com definições
e normas para estes termos claramente explicitadas na política. Circunstâncias agravantes que podem afetar a declinação
incluem o envolvimento da alta gestão da empresa na má conduta, lucros significativos para a empresa devido à má
conduta, predominância da má conduta dentro da empresa e recidivismo.
Nos casos em que uma empresa auto-divulga voluntariamente uma irregularidade e satisfaz todos os outros requisitos
mas as circunstâncias agravantes obrigam o DOJ a buscar ação judicial, a nova política orienta o promotor público a
recomendar uma redução de 50% na faixa mais baixa de multa recomendada pelas Diretrizes de Dosimetria da Pena
dos EUA (as U.S. Sentencing Guidelines, ou USSG) Além disso, o DOJ geralmente não solicitará a nomeação de um
monitor caso a empresa tenha implementado um programa de conformidade efetivo. A política também prevê que,
caso uma empresa não auto-divulgue mas depois coopere plenamente e remedie a situação adequadamente, o DOJ
recomendará uma redução de 25% da multa.
Embora o DOJ recomende uma redução da multa penal de acordo com os critérios acima mencionados, as empresas
ainda serão obrigadas a pagar os valores totais de confiscos, perdimentos e/ou restituições relacionados à má conduta.
Estes serão devidos mesmo quando o DOJ declinar a instauração de ação judicial. Além disso, as empresas devem
1 Ver Andrew Weissmann, Chefe da Seção de Fraudes da Divisão Criminal do DOJ, “The Fraud Section’s Foreign Corruption Practices Act Enforcement Plan and Guidan-ce” (5 de abril de 2016, em inglês).
2 Ver discurso de Kenneth A. Blanco, Procurador Geral Adjunto em Exercício do DOJ, sobre Crimes do Colarinho Branco no Instituto Nacional da Ordem dos Advogados dos EUA (em inglês, disponível em https://www.justice.gov/opa/speech/acting-assistant-attorney-general-kenneth-blanco-speaks-american-bar-association-national).
3 Ver Discurso do Vice-Procurador-Geral Rod Rosenstein durante a 34ª Conferência Internacional sobre o Foreign Corrupt Practices Act (29 de novembro de 2017, em inglês), disponível em https://www.justice.gov/opa/speech/deputy-attorney-general-rosenstein-delivers-remarks-34th-international-conference-foreign.
4 Ver USAM 9-47.1 — FCPA Corporate Enforcement Policy (em inglês).
11
assegurar que atendem às definições de “auto-divulgação voluntária”, “cooperação plena” e “remediação oportuna e
apropriada” delineadas na política.
O DOJ avaliará, entre outros, se a divulgação ocorreu antes de uma ameaça iminente de divulgação ou investigação
do governo, se foi feita dentro de um prazo razoavelmente oportuno após tomar conhecimento da infração (o ônus de
demonstrar este prazo recai sobre a empresa), e se incluiu a divulgação de todos os fatos relevantes conhecidos pela
empresa, incluindo fatos sobre pessoas envolvidas na violação.
Há uma série de requisitos para receber o crédito de cooperação plena:
○ As empresas devem revelar oportunamente “todos os fatos” relevantes à má conduta. Isso significa fornecer
ao DOJ todos os fatos reunidos durante a investigação independente conduzida da empresa, incluindo, entre
outros, informações específicas de fontes, atualizações oportunas sobre a investigação interna da empresa,
qualquer atividade criminosa por parte de diretores, funcionários ou agentes da empresa, e potenciais práticas
criminais por parte de quaisquer empresas terceirizadas.
○ A cooperação deve ser proativa e não reativa. As empresas devem divulgar os fatos sem terem sido
especificamente solicitadas a fazê-lo, e devem informar o DOJ proativamente de quaisquer oportunidades em
que este poderia obter provas relevantes.
○ Os documentos relevantes devem ser preservados e coletados oportunamente, incluindo documentos no
exterior (e incluindo a localização desses documentos); a empresa também deve facilitar a apresentação de
evidências por terceiros, e providenciar a tradução dos documentos relevantes quando necessário.
○ As empresas devem evitar conflitos entre a sua investigação e a do DOJ.
○ As empresas devem disponibilizar diretores, funcionários e agentes para entrevistas, e, em alguns casos,
facilitar a apresentação de testemunhas de terceiros.
Além disso, as empresas devem corrigir a má conduta de forma oportuna. Para receber o crédito completo neste quesito,
a empresa deve demonstrar que:
○ Analisou a causa raiz da conduta subjacente e remediou a situação para resolver a causa raiz encontrada.
○ Implementou um programa de ética e conformidade “efetivo” de acordo com o tamanho e recursos de uma
organização. Entre outros fatores, o DOJ considerará a autoridade e a independência do departamento
de conformidade e o nível de expertise na área que a empresa tem a oferecer a seu conselho, a “qualidade
e experiência” do pessoal envolvido na área de conformidade, os níveis de “compensação e promoções”
oferecidos ao pessoal da área de conformidade, e as auditorias que faz de seu programa de conformidade.
○ Disciplinou adequadamente os funcionários, incluindo os responsáveis pela má conduta (seja diretamente ou
por falta de supervisão) e aqueles que supervisionam a área na qual a má conduta ocorreu.
○ Manteve registros comerciais e proibiu a destruição ou exclusão imprópria de registros (seja manualmente ou
devido a softwares que não os retém adequadamente).
O DOJ também analisará todas as medidas adicionais tomadas pela empresa para demonstrar que reconhece a
gravidade da má conduta.
Embora nem todos os aspectos da política sejam novos ou inovadores, vale a pena discutir alguns deles mais a fundo.
Um dos mais importantes é que a política agora inclui uma “presunção” de declinação caso as empresas façam auto-
divulgação, cooperem e remediem a situação. Esta inclusão certamente teve por objetivo dar mais segurança às empresas
que contemplam fazer divulgações voluntárias.
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GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 12
Em segundo lugar, a política exige, com relação à remediação, que as empresas analisem a causa raiz da conduta
subjacente. Esse requisito torna explícita uma expectativa (que era apenas implícita na política anterior) de que as
empresas implementem ou reforcem seu programa de ética e conformidade, conforme o caso. Espera-se que as empresas
identifiquem o problema e corrijam a causa da má conduta específica em questão.
Em terceiro lugar, a política especifica que um programa de conformidade adequado deve exigir que a área de
conformidade tenha autoridade e independência suficientes. A palavra “autoridade” não aparecia no linguajar usado
no Programa Piloto. Este requisito, assim como os outros listados para a área de conformidade, destacam a expectativa
do DOJ de que os funcionários da área de conformidade tenham acesso ao conselho de administração e o poder de
implementar políticas e fazer mudanças significativas dentro de uma empresa.
Embora esta nova orientação e sua incorporação no USAM sejam uma mudança positiva, as empresas devem analisar
os fatos e circunstâncias de cada violação do FCPA ao determinar se devem ou não fazer a auto-divulgação voluntária,
pesando os prós e os contras da decisão. Por exemplo, a divulgação sempre resultará em confiscos, perdimentos e/
ou restituições relacionados à má conduta, mesmo quando o DOJ declinar a instauração de processo. Essa perda de
receita deve ser ponderada em comparação com as possíveis vantagens da divulgação voluntária. Finalmente, antes de
auto-divulgar, as empresas devem sempre ter a certeza de que tem como atender aos requisitos de “auto-divulgação
voluntária”, “cooperação plena” e “remediação oportuna e apropriada”, conforme definidos na política do DOJ.
Caso não possa, isto pode invalidar qualquer vantagem que a empresa teria obtido através da auto-divulgação. Como
em qualquer investigação do governo (e certamente para ser elegível ao crédito máximo ao abrigo da nova política), é
fundamental que as empresas e seus conselhos acompanhem e documentem cuidadosamente sua cooperação ao longo da
investigação.
Embora a nova política provavelmente não vá mudar fundamentalmente a decisão das empresas de divulgar ou não, ter
as multas reduzidas e evitar a nomeação de um monitor são incentivos significativos para empresas que já contemplam
a divulgação voluntária e buscam um impulso nessa direção. Como o Programa Piloto já fazia, a política fornece às
empresas a garantia de que a divulgação voluntária trará uma redução de multas e evitará a nomeação de um monitor
externo para a empresa.
i. Declinações
O resultado mais favorável possível em uma investigação de violação do FCPA pelo governo é obter uma declinação
do órgão sancionador. Em 2017, o DOJ concedeu duas declinações no âmbito do Programa Piloto:5 um no caso da
Linde North America Inc., e a outra no caso da CDM Smith, Inc. Em ambos os casos, o DOJ considerou a existência os
seguintes aspecots para chegar a sua decisão: (1) auto-divulgação voluntária; (2) investigação minuciosa pela empresa;
(3) cooperação plena da empresa, incluindo a divulgação de todos os fatos relevantes sobre os indivíduos envolvidos ou
responsáveis pela má conduta e o compromisso de continuar a cooperar com quaisquer investigações em curso sobre as
pessoas envolvidas (quando aplicável); (4) concordância em restituir os lucros que recebeu da conduta imprópria; (5)
as medidas que a empresa tomou para aprimorar seu programa de conformidade e controles contábeis internos; e (6) a
remediação completa da situação pela empresa, incluindo, entre outras medidas, a demissão e punição dos funcionários
envolvidos em todos os níveis (incluindo gerentes e executivos).
Em ambos os casos, o DOJ exigiu que as empresas restituíssem os lucros do esquema subjacente. A Linde foi obrigada
não só a restituir os lucros que recebeu da má conduta, mas também concordou com o perdimento das receitas
corruptas que reteve de empresas detidas ou controladas por funcionários estrangeiros para as quais havia efetuado
pagamentos corruptos. Essa abordagem de exigir que as empresas restituam os lucros ao DOJ é relativamente nova. Em
5 O DOJ concedeu cinco declinações no âmbito do Programa Piloto em 2016. Uma lista de todas as declinações oferecidas no âmbito do Programa Piloto em 2016 e 2017 (e os respectivos acordos escritos) estão disponíveis em https://www.justice.gov/criminal-fraud/pilot-program/declinations (em inglês).
13
casos passados, a declinação não envolvia a imposição de qualquer penalidade ou remédio financeiro. As declinações no
âmbito do Programa Piloto (e agora na Política de Sanções Corporativas) são mais parecidas com os Acordos de Não-
Persecução Criminal (Non-Prosecution Agreements, ou “NPAs”), sob os quais o órgão de controle se compromete a não
instaurar ação judicial para permitir que o potencial requerido demonstre boa conduta). Ainda assim, as declinações
continuam sendo uma resolução mais favorável que os NPAs, já que evitam uma série de obrigações geralmente
atreladas a estes (como as de relatoria prospectiva).
ii. Descontos em Multas Penais
Como discutimos na seção anterior, para ser elegível ao crédito total de mitigação do Programa Piloto (e agora da
Política de Sanções Corporativas), a empresa deve:
○ fazer auto-divulgações voluntariamente;
○ cooperar plenamente com a investigação do DOJ;
○ remediar, conforme apropriado, seus controles internos e programas de conformidade; e
○ restituir os ganhos indevidos.
Empresas que preencherem totalmente esses requisitos podem ter direito a uma redução de até 50% na faixa inferior
do intervalo de multas prescrito pelas Diretrizes de Dosimetria de Pena dos EUA (USSG). As empresas que não auto-
divulgarem voluntariamente ainda podem ter um desconto, porém menor: 25% deste mesmo intervalo.
Por exemplo, em seu acordo de 2017 com a SBM, o DOJ não ofereceu o crédito de auto-divulgação porque a empresa
relatou a conduta quase um ano após ter tomado ciência do fato. No entanto, a SBM ainda foi considerada elegível para
receber um desconto de 25% na faixa inferior da multa prescrita pelas USSG porque cooperou com a investigação do
DOJ, incluindo uma investigação acelerada de condutas de pagamento de propina. Além disso, a SBM tomou medidas
corretivas significativas, incluindo a demissão e destituição de funcionários envolvidos na prática criminal, rescisão de
contratos de representação de longa data, e a implementação de um novo (e melhorado) sistema de controles internos
para tratar e mitigar riscos de corrupção. O DOJ também levou em consideração a incapacidade da SBM de pagar a
multa.
No caso da Keppel Offshore, apesar desta ter não divulgado informações voluntariamente, o DOJ também concedeu
à empresa um desconto de 25% na faixa de multas prevista nas USSG. O DOJ citou como justificativas a cooperação
substancial da empresa com a investigação do DOJ e as extensas medidas corretivas tomadas. Especificamente, a
Keppel demitiu e disciplinou os funcionários envolvidos na prática criminal e implementou um sistema aprimorado de
conformidade e controles internos para tratar e mitigar os riscos de corrupção. A mesma benesse foi oferecida no caso
das Las Vegas Sands, em que o DOJ também concluiu que a empresa era elegível a um crédito de 25%. Neste caso,
a decisão foi tomada com base em uma série de fatores, incluindo a natureza e gravidade das violações de controles
internos, o fato de que a Las Vegas Sands cooperou plenamente com a investigação, e a total remediação efetuada.
A cooperação das Las Vegas Sands incluiu a realização de uma investigação interna completa e a coleta, análise e
organização voluntárias de um enorme volume de evidências e informações solicitadas pelo governo, incluindo a
tradução de documentos importantes. A empresa ainda demitiu e cortou laços com todos os indivíduos implicados na
má conduta. A Las Vegas Sands tomou extensas medidas corretivas, incluindo a renovação e ampliação de seus cargos e
programas de conformidade/auditoria e mudanças significativas de pessoal, como a contratação de novos líderes para as
áreas de conformidade, jurídica, auditoria interna e financeira. Outros exemplos semelhantes foram a Telia a e a SQM.
Nenhuma das duas fez divulgações voluntárias, mas ambas receberam o crédito de máximo de 25% permitido pelo
Programa Piloto/Política de Sanções Corporativas por terem cooperado com as investigações.
SMITH PACHTER McWHORTER PLC
GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 14
b. Processos Sancionadores em 2017
i. Acordos Extrajudiciais
O número de casos resolvidos na esfera extrajudicial (as chamadas corporate resolutions) em 2017 foi menor que o
número recorde de 2016, embora tenha permanecido alto, e os montantes para liquidação foram significativos. A SEC e
o DOJ conduziram 10 grandes processos sancionadores cada em 2017, número também alto porém abaixo dos recordes
de 2016 (14 e 24, respectivamente). Os valores totais pagos à SEC em acordos extrajudiciais 2017 superaram os totais de
2013 e 2015, enquanto os totais do DOJ para 2017 superaram os totais de 2013 a 2015 e coincidiram com os de 2014.
SECDOJ
20172016201520142013
98
10
7
2
8
14
24
FCPA Enforcement ActionsCorporate Resolutions
10 10
SECDOJ
Ações Sancionadoras do FCPA - Resoluções Corporativas
Corporate FCPA Defendants
20172016201520142013
Empresas de fora dos EUA
Empresas dos EUA
9
13
9
18
98
3
20
11
8
Réus Pessoa Jurídica em Ações do FCPA
Houve mais processos sancionadores contra pessoas físicas e jurídicas de fora dos EUA em 2017 do que empresas e
cidadãos dos EUA. É o segundo ano consecutivo em que isso ocorre.
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ii. Ações Judiciais contra Pessoas Físicas e o Memorando de Yates
O número de ações instauradas pelo DOJ contra pessoas físicas em 2017 foi mais que o dobro que em 2016, e o maior
desde os cinco anos anteriores. O número de ações contra pessoas físicas da SEC caiu de 8 em 2016 para 3 em 2017.
A proporção de réus de fora dos EUA também foi significativa. Das 17 ações, 70% foram contra cidadãos de fora dos
EUA, o que representa um aumento de 65% em relação a 2016.
20172016201520142013
14
5
14
3
12
4
9
2
6
8
SECDOJ
FCPA Enforcement ActionsIndividual Actions
Ações Sancionadoras do FCPA - Pessoas Físicas
Individual FCPA Defendants
20172016201520142013
Cidadãos de fora dos EUA
Cidadãos dos EUA
98
910
554
3
18
12
Réus Pessoa Física em Ações do FCPA
SMITH PACHTER McWHORTER PLC
GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 16
O DOJ vem reafirmando há anos que ações judiciais contra pessoas físicas em questões do FCPA são uma alta
prioridade, e em 2015 o Memorando de Yates veio formalizar esta política preexistente. Pelo menos até 2017, a política
parece ter ganhado força, embora deva-se notar que os números não foram mais altos que os de quatro ou cinco anos
atrás.
Mas os números podem enganar, dado o prazo médio de uma investigação de violações do FCPA e as etapas que devem
ser cumpridas antes que as pessoas físicas sejam de fato indiciadas, e portanto é não há como determinar se o órgão de
fato aumentou seus esforços sancionadores contra pessoas físicas ao longo do tempo como resultado do Memorando de
Yates. Independentemente dos números, no entanto, entender o foco explícito do governo em pessoas físicas é crucial na
hora de determinar como conduzir investigações internas e cooperar com uma investigação do governo.
iii. Processos Sancionadores Importantes
Telia
O DOJ anunciou em 21 de setembro de 2017 que a empresa de telecomunicações sueca Telia Company AB, ex-emissora
de ADRs, havia firmado um acordo com as autoridades dos EUA, Holanda e Suécia em resposta a denúncias decorrentes
de um esquema de pagamento de propinas no Uzbequistão por sua subsidiária no país, a Coscom, LLC.
A Telia fechou um acordo com as autoridades do DOJ, da SEC, da Holanda e da Suécia. Nos termos do acordo,
a empresa concordou em adotar uma série de medidas: pagar ao Ministério Público dos Países Baixos (Openbaar
Ministrie, ou OM) uma multa penal de US$ 274 milhões e ao DOJ mais uma multa de US$ 274 milhões, perfazendo
uma multa total de US$ 548 milhões; implementar controles internos rigorosos e cooperar com a investigação em curso
do DOJ; e restituir os lucros e juros de arresto à SEC no valor de US$ 457 milhões — no total, as multas e restituições
totalizaram mais de US$ 1 bilhão. No entanto, a Telia não pagará o valor total: o DOJ concordou em descontar da
multa o valor pago pela Telia ao OM, e a SEC concordou em descontar US$ 40 milhões em perdimentos já pagos ao
DOJ e até metade do total da restituição (US$ 208,5 milhões) já pagos ao Ministério Público Sueco (SPA) e à OM.
Contabilizadas as deduções, espera-se que a Telia pague um total de US$ 965 milhões à SEC, DOJ, OM e SPA.
Este caso é digno de nota por vários motivos. Primeiro, a Telia foi a primeira ação sancionadora multi-jurisdicional do
FCPA resolvida durante o governo Trump. Em segundo lugar, a multa combinada de quase um bilhão de dólares é uma
das as maiores já impostas. Em terceiro lugar, foi o segundo grande acordo envolvendo má conduta por uma empresa
de telecomunicações no Uzbequistão — o primeiro foi a VimpelCom em fevereiro de 2016, em que o acordo multi-
jurisdicional (com autoridades dos EUA e Holanda) chegou a US$ 795 milhões. Em quarto lugar, este caso representou
o maior dos quatro processos em 2017 que envolveu cooperação entre órgãos de controle de múltiplos países, uma
tendência cada vez maior na área. E, finalmente, temos o DOJ, órgão dos EUA, instaurando processo sancionador contra
uma empresa de outro país. Embora o DOJ já tenha deflagrado processos sancionadores contra pessoas físicas e jurídicas
de fora dos EUA no passado, este caso em particular deixou claro que este tipo de ação continua a ser um importante
objetivo da política de DOJ na busca de condições equitativas de combate à corrupção.
17
Keppel
Este caso envolveu uma empresa de embarcações e navios de carga da Singapura, a Keppel Offshore e Marine Ltd., e
sua subsidiária integral nos EUA. A conduta subjacente envolvia um esquema de pagamento de propina a autoridades
brasileiras. A Keppel acabou se declarando culpada de associação para violação das disposições antipropina do FCPA,
concordando em pagar uma multa combinada de US$ 422 milhões às autoridades do Brasil, EUA e Singapura. Como
no caso da Telia e outros acordos multi-jurisdicionais recentes, as autoridades dos EUA descontaram de suas multas
aplicadas o valor pago às autoridades do Brasil e Cingapura.
No ano passado, autoridades dos EUA, Brasil e Suíça chegaram a um acordo global com a construtora brasileira
Odebrecht e sua subsidiária petroquímica Braskem com relação às condutas descobertas através da Operação Lava
Jato, que revelou um enorme esquema de corrupção na petrolífera estatal brasileira Petrobras. O caso Keppel é digno de
nota porque é mais um exemplo6 de processo sancionador coordenado entre vários países, em que vimos novamente as
autoridades dos EUA e Brasil cooperarem em uma investigação relacionada à Petrobras. As autoridades de Cingapura
também se juntaram ao processo sancionador da Keppel.
iv. Decisões Judiciais Importantes
Kokesh
Em 5 de junho de 2017, a Suprema Corte dos EUA decidiu, com relação ao processo Kokesh vs. SEC, que o prazo de
prescrição de cinco anos aplicável a multas, penalidades e perdimentos também é aplicável a pedidos de restituição.
Especificamente, a Suprema Corte entendeu que as processos sancionadores da SEC são “penalidades” no sentido do
termo em 28 U.S.C. § 2462.
Dada a frequência com que a SEC busca o pagamento de restituição, é provável que esta decisão da Suprema Corte
em Kokesh venha a afetar pessoas físicas e jurídicas sujeitas a penalidades financeiras em ações da SEC. Em 2016, por
exemplo, dos 24 acordos celebrados pela SEC resultantes de violações do FCPA, 20 impuseram restituições. A partir de
agora, a SEC terá limitações com relação ao período pelo quel poderá exigir restituições.
Embora esta decisão seja claramente importante, a realidade prática é que as empresas que enfrentam uma ação
sancionadora da SEC raramente terão um argumento viável de prescrição da prática. Primeiro porque a conduta precisa
ser antiga o suficiente para que a prescrição se aplique, e como tal provavelmente terá impacto mais significativo em
casos que ocorreram vários anos antes do início da ação pela SEC. Em segundo lugar porque, caso o evento ainda não
tiver prescrito quando a investigação da SEC começar e a empresa opte por cooperar com a investigação da SEC, a SEC
provavelmente pedirá que o acordo congele o prazo de prescrição durante a investigação. A pressão para concordar com
tal medida será significativa para uma empresa cooperante.
6 Outras ações multi-jurisdicionais em 2017 incluem os casos da Rolls Royce, SBM Offshore e Telia.
SMITH PACHTER McWHORTER PLC
GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 18
c. Cooperação Internacional e Ações Sancionadoras Recentes em Países Importantes
i. Coordenação Internacional
A tendência de maior cooperação internacional em questões anticorrupção continuou em 2017, com as autoridades
dos EUA e suas contrapartes em todo o mundo trabalhando cada vez mais juntas no combate à corrupção. Trevor
McFadden, Vice-Procurador-Geral Adjunto em Exercício do DOJ, reconheceu essa tendência em maio de 2017:
O panorama da cooperação internacional continua a evoluir. Em muitos dos casos
que lidamos, e em quase todos os casos de colarinho branco, a cooperação com
nossos parceiros estrangeiros tornou-se uma marca registrada do nosso trabalho... A
cooperação internacional é uma via de mão dupla: assim como recebemos assistência
significativa de nossos parceiros estrangeiros em nossas investigações e processos
judiciais, também oferecemos assistência significativa a eles.7
Por exemplo, em 2017, autoridades dos EUA, Reino Unido e Brasil trabalharam juntas para coordenar um acordo
no esquema de pagamento de propina da Rolls-Royce;8 além disso, autoridades dos EUA, Brasil, Holanda e Suíça
colaboraram com o DOJ na investigação da SBM Offshore.9
Conforme o número de acordos globais10 aumenta, as autoridades dos EUA têm cada vez mais descontado das multas
por eles aplicadas os valores já pagos a outras nações. Em 2017, o DOJ descontou pagamentos feitos a suas contrapartes
internacionais em seus acordos com a Telia, Rolls-Royce e Keppel. O Procurador-Geral Adjunto Kenneth A. Blanco
explicou que o DOJ adotou essa abordagem para evitar duplicações de multas e porque “isto assegura a devida sanção
das empresas e cria os incentivos certos para que elas cooperem plenamente com as jurisdições envolvidas no caso.”
1. A Operação Lava Jato e seu Efeito Cascata
A Polícia Federal do Brasil começou a investigar alegações de corrupção na petrolífera nacional Petrobras em 2014.11
A investigação, chamada de “Operação Lava Jato”, teve repercussões muito além do Brasil, resultando em várias
investigações transfronteiriças e acordos globais significativos. O maior acordo global ocorreu em dezembro de 2016:
a empreiteira do setor de construção Odebrecht e sua subsidiária petroquímica Braskem entraram em acordo com
autoridades nos EUA, Brasil e Suíça em um caso de alegações de corrupção. O acordo da Odebrecht resultou em uma
multa global de US$ 3,5 bilhões, valor sem precedentes que só foi reduzido depois devido a uma análise da capacidade
de pagamento da empresa.12
7 Trevor McFadden, Vice-Procurador-Geral Adjunto Principal em Exercício, DOJ, discurso durante a Conferência Anual do 19º Congresso Anual de FCPA do American Conference Institute (20 de abril de 2017, em inglês), disponível em https://www.justice.gov/opa/speech/acting-principal-deputy-assistant-attorney-general-trevor-n-mcfad-den-justice-department-s.
8 Em 2016, o DOJ investigou alegações de que a Rolls-Royce PLC havia pago milhões a funcionários públicos em todo o mundo para conseguir contratos com o governo, incluindo vários milhões pagos a funcionários da estatal brasileira Petrobras. A investigação resultou em um acordo de diferimento condicional de persecução criminal (Deferred Prosecution Agreement) contra a empresa e o indiciamento de diversos indivíduos.
9 O DOJ alegou que a SBM Offshore, N.V. e sua subsidiária SBM Offshore USA, Inc. pagaram mais de US$ 180 milhões em comissões a intermediários em todo o mundo para conquistar projetos locais no setor de petróleo e gás.
10 Um acordo global é quando uma pessoa jurídica chega a um acordo com múltiplas partes. No contexto do FCPA, isto pode incluir ações judiciais movidas por diferentes órgãos nos EUA e no exterior.
11 Ver, por exemplo, Ministério Público Federal, “Caso Lava Jato: Entenda o Caso”, http://lavajato.mpf.mp.br/entenda-o-caso (última visita em 9 de janeiro de 2018); Esther Fuentes, “Entendendo o Escândalo na Petrobrás”, Council on Hemispheric Affairs (7 de abril de 2016, em inglês), http://www.coha.org/wp-content/uploads/2016/04/Understanding-the-Petrobras-scandal.pdf.
12 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “Odebrecht e Braskem se declaram culpadas e concordam em pagar pelo menos US$ 3,5 bilhões em multas para resolver o maior caso de corrupção estrangeira da história” (21 de dezembro de 2016, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/odebrecht-and-braskem-plead-guilty-and-a-gree-pay-least-35-billion-global-penalties-resolve (em inglês).
19
O acordo global da Rolls-Royce em janeiro de 2017 veio logo depois do acordo da Odebrecht. A Rolls-Royce PLC,
fabricante britânica de sistemas elétricos, concordou em pagar US$ 800 milhões em multas como partes de um acordo
com autoridades do Brasil, Reino Unido e EUA. As alegações eram de que a empresa havia pago US$ 11 milhões a
funcionários públicos em todo o mundo para conseguir contratos com o governo, incluindo aproximadamente $9,3
milhões pagos a funcionários da estatal brasileira Petrobras.13
O acordo celebrado entre a empresa singapurense Keppel Offshore and Marine Ltd (KOM) e as autoridades dos EUA,
Brasil e Singapura também decorreu de alegações de pagamentos ilegais a autoridades no Brasil para obter contratos
com o governo. De acordo com o DOJ, a KOM pagou milhões de dólares em propinas a funcionários da Petrobras e ao
partido político no poder no Brasil à época. As propinas foram ocultadas como pagamentos de comissões a terceiros em
contratos de consultoria. No total, a KOM admitiu ter pago cerca de US$ 55 milhões em propinas entre 2001 a 2014
que utilizou para assegurar que seria a vencedora de uma série de licitações da Petrobras.14
É impossível exagerar o impacto da Operação Lava Jato no Brasil. Até novembro de 2017, o Ministério Público Federal
do Brasil já havia recebido 201 pedidos ativos de cooperação de 41 países, e espera-se que vá receber muitos mais. Pelo
menos 10 empresas celebraram acordos de leniência, e mais de 150 pessoas físicas assinaram acordos de colaboração
premiada no Brasil.15 Vários partidos políticos foram implicados, e o ex-presidente Lula da Silva foi condenado por
crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.16
2. Empresas de telecomunicações no Uzbequistão
Nos últimos dois anos, duas empresas de telecomunicações com sede na Europa — A VimpelCom, com sede em
Amsterdã, e a Telia Company, de origem sueca — celebraram acordos globais para resolver casos de acusação de
pagamento de propina no Uzbequistão. Combinadas, as duas empresas pagaram mais de US$ 1,76 bilhão em multas
e restituições globais como parte de um acordo para resolver acusações de corrupção celebrado com as autoridades
americanas, holandeses e suecas.17 Em 2016, o DOJ instaurou ações de confisco civil para recuperar quase US$ 1 bilhão
em dinheiro de propinas supostamente pagas por essas duas empresas (mais uma terceira empresa de telecomunicações)
a Gulnara Karimova, filha do ex-presidente uzbeque.18
ii. Panorama Internacional
Outras tendências importantes na área de ações internacionais são as reformas legais e, em alguns casos, o aumento dos
esforços sancionadores de vários países para fortalecer os quadros legais anticorrupção. Destacamos abaixo alguns dos
eventos mais significativos na América Latina, e depois discutimos as mudanças no panorama anticorrupção na China.
13 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “Rolls-Royce plc concorda em pagar US$ 170 milhões em multas penais para resolver caso relacionado ao Foreign Corrupt Practices Act” (17 de janeiro de 2017, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/rolls-royce-plc-agrees-pay-170-million-criminal-penalty-resolve-foreign-cor-rupt-practices-act.
14 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “Keppel Offshore & Marine Ltd. e sua subsidiária nos Estados Unidos concordam em pagar US$ 422 milhões em multas globais para resolver caso de pagamento de propina no exterior” (22 de dezembro de 2017, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/keppel-offshore-marine-ltd--and-us-based-subsidiary-agree-pay-422-million-global-penalties.
15 Ver “A Lava Jato em Números no Paraná”, Ministério Público Federal, http://www.mpf.mp.br/para-o-cidadao/caso-lava-jato/atuacao-na-1a-instancia/parana/resultado (última visita em 9 de janeiro de 2018).
16 Ver, em termos gerais, Mauricio Savarese e Sarah DiLorenzo, “Ex-Presidente do Brasil, antes adorado, é condenado a prisão”, Associated Press (12 de julho de 2017, em inglês) disponível em https://www.apnews.com/35d89305e7f7447eaa79b9dfc565a2cb (última visita em 9 de janeiro de 2018. ). Houve recurso da condenação.
17 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “Telia Company AB e sua filial Uzbeque celebram acordo global em caso de corrupção no exterior envolvendo mais de US$ 965 milhões em pagamentos corruptos no Uzbequistão” (21 de setembro de 2017, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/telia-company-ab-and-its-uzbek--subsidiary-enter-global-foreign-bribery-resolution-more-965.
18 Ver Comunicado de Imprensa do DOJ, “VimpelCom Limited e Unitel LLC celebram acordo global para resolver caso de pagamento de propina estrangeiro de mais de US$ 795 milhões; Estados Unidos busca perdimento de US$ 850 milhões obtidos por meio de corrupção” (18 de fevereiro 2016, em inglês) disponível em https://www.justice.gov/opa/pr/vimpelcom-limited-and-unitel-llc-enter-global-foreign-bribery-resolution-more-795-million.
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GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 20
Brasil
A nova lei de responsabilidade corporativa do Brasil, chamada de Lei da Empresa Limpa, entrou em vigor em 2014. A
Lei da Empresa Limpa cria responsabilidades civis e administrativas rigorosas para empresas em caso de pagamento ou
oferecimento de propina a autoridades públicas brasileiras ou estrangeiras.19 O regime anticorrupção do Brasil continua
a amadurecer, e seus órgãos de controle tem conduzido processos sancionadores constantemente desde 2014, quando a
Lei da Empresa Limpa entrou em vigor.
Embora o marco jurídico anticorrupção do Brasil não preveja a responsabilidade penal corporativa, o código penal
brasileiro prevê que pessoas físicas podem ser processadas criminalmente por atos de corrupção. As autoridades
brasileiras continuam a instaurar ações criminais contra pessoas físicas, incluindo acusações contra o ex-presidente Lula
da Silva (que já resultaram em condenação) e contra o atual presidente Michel Temer.20
Além da Operação Lava Jato, as autoridades brasileiras têm aparecido com frequência nas manchetes devido a
uma série de outras investigações. O Ministério Público Federal do país apresentou denúncias contra o ex-ministro
da Fazenda Guido Mantega e outras 13 pessoas em novembro de 2017 em conexão com a Operação Zelotes21,
uma investigação (atualmente em curso) de atos de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do
Brasil. O mesmo Ministério Público Federal anunciou em maio de 2017 a primeira denúncia criminal decorrente da
Operação Greenfield22, uma investigação de corrupção em fundos de previdência estatais. As autoridades brasileiras
também instauraram denúncias contra uma série de pessoas em conexão com a Operação Carne Fraca, que investigou
pagamentos de propina por parte de frigoríficos brasileiros a inspetores do Ministério da Agricultura.23
México
Os principais elementos do novo Sistema Nacional Anticorrupção (SNA) do México entraram em vigor em julho de
2017. A adoção do SNA foi um processo de vários anos, que começou com uma emenda constitucional em maio de
2015, seguiu com a aprovação de uma lei anticorrupção em 2016 e entrou em vigor em julho de 2017. A aprovação do
sistema é resultado de forte demanda da sociedade civil no México, que continua exigindo a promulgação integral do
SNA.
O SNA é um robusto arcabouço legal que se aplica a todos os níveis de governo, reforça a responsabilização individual
em casos de pagamento de propina, cria responsabilidades penais e civis para empresas e estabelece requisitos e
responsabilidades específicos para funcionários públicos (p. ex., declarações de bens e revelações de conflitos de
interesse).
A legislação cria um promotor anticorrupção independente que trabalha dentro do gabinete do procurador-geral. O
promotor não só investigaria e denunciaria crimes, mas também seria parte do comitê diretor do SNA e, como tal, peça
crítica do sistema anticorrupção e de sancionamento de crimes do país. No momento desta publicação, este cargo ainda
não havia sido preenchido.
19 Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.
20 Ver, por exemplo, Mauricio Savarese e Sarah DiLorenzo, “Ex-Presidente do Brasil, antes adorado, é condenado a prisão”, Associated Press (12 de julho de 2017, em inglês); Ricardo Brito, “Suprema Corte do Brasil envia denúncia de corrupção contra Temer ao congresso”, Reuters (20 de setembro de 2017, em inglês) disponível em https://www.reuters.com/article/us-brazil-corruption-temer/brazil-supreme-court-sends-new-temer-graft-charges-to-congress-idUSKCN1BV2XV.
21 Ver Comunicado de Imprensa do Ministério Público Federal, “Operação Zelotes: MPF/DF denuncia Guido Mantega e outras 13 pessoas”, 8 de novembro de 2017, disponível em http://www.mpf.mp.br/df/sala-de-imprensa/noticias-df/operacao-zelotes-mpf-df-denuncia-guido-mantega-e-outras-13-pessoas (última visita em 9 de janeiro de 2018).
22 Ver Comunicado de imprensa do Ministério Público Federal, “Operação Greenfield: MPF/DF envia primeira denúncia a justiça”, 18 de maio de 2017, disponível em http://www.mpf.mp.br/df/sala-de-imprensa/noticias-df/operacao-greenfield-mpf-df-envia-primeira-denuncia-a-justica (última visita em 9 de janeiro de 2018).
23 Ver Comunicado de Imprensa do Ministério Público Federal, “Operação Carne Fraca: MPF no Paraná denuncia 60 pessoas”, 20 de abril de 2017, disponível em http://www.mpf.mp.br/pr/sala-de-imprensa/noticias-pr/mpf-pr-denuncia-60-pessoas-no-ambito-da-operacao-carne-fraca (última visita em 9 de janeiro de 2018).
21
Apesar dos muitos avanços no estabelecimento de um novo regime anticorrupção no México, restam ainda etapas
significativas necessárias para sua plena implementação. O presidente mexicano e seu partido têm sido alvo de
constantes críticas por não terem nomeado as autoridades necessárias para liderar as novas agências anticorrupção
estabelecidas pela lei de 2017. Por enquanto, resta esperar para descobrir se a nova lei no México será mais que um
mero “tigre de papel”.
Argentina
Em 8 de novembro de 2017, o congresso da Argentina aprovou a Lei de Responsabilidade Penal Corporativa, que
estabelece responsabilidade penal para pessoas jurídicas em casos de pagamento de propina e tráfico de influência
e determina requisitos para programas de conformidade corporativa. As penalidades da nova lei podem incluir o
pagamento de duas a cinco vezes o benefício obtido ou potencialmente obtido, a restituição dos lucros e a proibição
de licitar com o governo. No entanto, as empresas podem ser isentas de penalidades desde que: i) divulguem
voluntariamente uma violação após sua detecção e investigação interna, ii) tenham controles internos adequados antes
da ocorrência, e iii) renunciem a quaisquer benefícios indevidos.24
A lei prevê que as empresas sob investigação podem celebrar acordos de cooperação com as autoridades em troca de
redução nas sanções, desde que a empresa ofereça informações verificáveis e úteis à a investigação, pague 50% da multa
mínima, restitua ganhos indevidos e devolva voluntariamente ativos que presumivelmente seriam objeto de perdimento
em caso de condenação.
A implementação de um programa de conformidade que satisfaça os requisitos estabelecidos na nova lei pode servir
para mitigar as penalidades impostas. A lei exige que o programa de conformidade da empresa: 1) seja apropriado
aos riscos, tamanho e capacidade econômica da empresa; e 2) tenha um código de ética, procedimentos internos e
treinamentos. A lei observa que as autoridades emitirão orientações adicionais sobre programas de conformidade.
Embora isto não seja universalmente exigido, as empresas envolvidas em determinados contratos com o governo federal
devem ter programas de conformidade em vigor.
A nova lei anticorrupção da Argentina deve entrar em vigor em março de 2018.
Colômbia
A Colômbia promulgou a Lei 1.778, conhecida como a Lei da Corrupção Transnacional (“LCT”), em fevereiro de 2016.
A lei prevê responsabilidade administrativa para empresas e responsabilidade penal para pessoas físicas por pagamento
de propina no exterior, e também altera as leis nacionais antipropina do país para alinhá-las com a nova lei que pune
prática de propina no exterior. As penalidades podem incluir multa de até 200.000 vezes o salário mínimo mensal
na Colômbia e proibição de receimbento de subsídios ou incentivos governamentais por até cinco anos. Esforços de
restituição e cooperação e a implementação de um programa de conformidade efetivo são fatores que podem ajudar a
mitigar as sanções impostas.25
Peru
O Congresso peruano aprovou uma lei antipropina em 2016, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2018. A lei
prevê responsabilidade criminal a pessoas jurídicas por pagamento de propina, no país ou no exterior. As sanções
podem incluir multa de até seis vezes o benefício obtido ou esperado, suspensão das atividades da empresa por até
24 Ver “Congresso argentino aprova lei anticorrupção corporativa”, Reuters (8 de novembro de 2017, em inglês), disponível em https://www.reuters.com/article/us-argenti-na-corruption/argentina-congress-passes-law-to-fight-corporate-corruption-idUSKBN1D83AX (última visita em 9 de janeiro de 2017).
25 Lei 1.778 de 2016 (Ley 1778 de 2016, por la cual se dictan normas sobre la responsabilidad de las personas jurídicas por actos de corrupción transnacional y se dictan otras disposiciones en materia de lucha contra la corrupción) [Lei 1.778 de 2016, que prescreve normas sobre a responsabilidade das pessoas jurídicas por atos de corrup-ção transnacional e dá outros provimentos na matéria do combate à corrupção].
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dois anos, cancelamento de licenças e dissolução da pessoa jurídica. Esforços de cooperação e restituição e a adoção
de um programa de conformidade (após o ato criminoso, mas antes da sentença) podem servir para mitigar as sanções
impostas.26
A lei prevê ainda que as empresas estarão isentas de responsabilidade nos termos desta lei caso um programa de
conformidade adequado tenha sido implementado antes da conduta ilegal. A adequação do programa varia de acordo
com a natureza, riscos, necessidades e características da pessoa jurídica.
China
Em 2012, durante as sessões quinquenais do Congresso Nacional do Partido Comunista, o governo nacional chinês
anunciou a iniciativa “Derrubando Moscas e Tigres”, uma imensa campanha anticorrupção dirigida a todos os níveis de
governo, de burocratas de baixo escalão a autoridades da alta gestão governamental. No Congresso Nacional do Partido
Comunista de outubro de 2017, a maior autoridade política da China — o Secretário Geral do Partido Comunista e
Presidente do país, Xi Jinping — falou sobre a campanha e defendeu sua importância.27
A campanha “Moscas e Tigres” é direcionada ao lado da demanda da corrupção — isto é, a investigação e sanção ou
punição criminal de autoridades corruptas do governo. Desde sua criação, estima-se que dezenas de milhares — ou
até mesmo centenas de milhares — de funcionários do governo chinês tenham sido alvos da campanha, muitas vezes
perdendo seus cargos públicos como resultado e, em muitos casos, também enfrentando processos criminais. É difícil
avaliar exatamente quantos funcionários do governo chinês foram alvo da campanha devido à dificuldade de se obter
dados confiáveis, além de casos em que podem se estar contando casos diferentes como a mesma coisa. Por exemplo,
no início de 2016, o Partido Comunista Chinês anunciou que havia punido cerca de 300 mil funcionários do governo
por corrupção;28 em 2017, um relatório do diretor do principal órgão de procuradoria judicial do governo chinês
afirmou que, durante o ano anterior, os tribunais emitiram sentenças em 45.000 casos de corrupção;29 já um banco de
dados compilado por pesquisadores independentes da Asia Society, uma organização sem fins lucrativos baseada nos
EUA, relata números muito mais baixos — 1.899 funcionários investigados e sancionados de alguma forma até 31 de
dezembro de 2016.30
Dado o ambiente na China, há os que se perguntam até que ponto a campanha serve mais como estratégia para remover
os opositores políticos do Presidente da China e seus aliados e ao mesmo tempo obter apoio da sociedade do que uma
verdadeira campanha anticorrupção, livre das influências políticas do Partido Comunista. A China continua a ser mal
avaliada no ranking da Transparency International baseado no Índice de Percepção da Corrupção (CPI na sigla em
inglês).31
No entanto, não há dúvida de que a campanha foi um evento importante. A iniciativa foi altamente divulgada na China,
e fontes respeitáveis relatam que há uma percepção do público em geral que os funcionários do governo enfrentam
riscos caso se envolvam em atividades corruptas; houve sanções contra diversos funcionários de baixo e alto nível, e seu
status como prioridade nacional foi recentemente reiterado pelo presidente da China.
26 Lei 30.424 de 2016. Ley que regula la responsabilidad administrativa de las personas jurídicas por el delito de cohecho activo transnacional, 1º de abril de 2016) [Lei que regula a responsabilidade administrativa de pessoas jurídicas pelo delito de propina transnacional ativa] (Peru).
27 Presidente Xi Jinping, Discurso durante o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (18 de outubro de 2017).
28 Ver https://www.cbsnews.com/news/china-300000-punished-for-corruption-in-last-year/ (em inglês).
29 “ Tribunais chineses concluem 45.000 casos de corrupção em 2016, implicando 63,000 indivíduos”, Agência de Notícias Xinhua, 12 de março de 2017, ver http://www.chinadaily.com.cn/china/2017-03/12/content_28525386.htm (em inglês).
30 Ver http://www.chinafile.com/infographics/visualizing-chinas-anti-corruption-campaign (em inglês).
31 O índice CPI da China variou de 37 a 40 entre o final de 2012 e 2016. Ver https://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2016#table (em inglês). Países com índice menor ou igual a 40 são considerados como tendo altos níveis de corrupção.
23
No que diz respeito a ações sancionadoras contra empresas multinacionais com negócios na China, também há
poucas dúvidas de que o risco destas aumentou significativamente nos últimos anos. O governo chinês tem atuado
agressivamente para punir uma série de empresas ao abrigo das leis anticorrupção do país. Dentre estas, as principais
leis são o Código Penal da China — um estatuto que prescreve e define as punições para propina comercial e de
funcionários do governo, incluindo até a morte (a pena de morte só é uma opção de sentença para funcionários
do governo chinês que aceitam suborno) —, e a Lei Anti-Concorrência Desleal, que regula as práticas comerciais
anticoncorrenciais, incluindo a propina comercial.
O caso de pagamento de propina recente mais notável foi o da GlaxoSmithKlein (“GSK”) em 2014. A GSK foi multada
em US$ 490 milhões pelo governo chinês por pagar propina a médicos e outros profissionais de saúde chineses. Embora
as autoridades chinesas não tenham processado nenhuma empresa multinacional por corrupção desde a GSK, há
relatos de que o governo está investigando uma série de empresas multinacionais de destaque, incluindo a Michelin,
Bridgestone, Nestlé, Microsoft, Qualcomm e Daimler, entre outras.32 As autoridades chinesas também investigaram e
denunciaram funcionários de multinacionais, conforme revelado pelas recentes multas e sentenças de prisão impostas a
vários indivíduos que trabalham para a Nestlé na China.33
Com a falta de transparência e a possibilidade de politização das investigações e ações de controle do governo chinês, é
quase sempre difícil para as empresas avaliar o risco de ser sujeitas a processos sancionadores. Isto posto, é inegável que
o risco é real. Também é claro que o resultado de uma ação das autoridades chinesas pode ser muito menos previsível,
e potencialmente muito mais rigoroso, contra multinacionais e indivíduos associados a elas. Em suma, com o novo
ambiente chinês e a tendência americana cada vez maior de buscar processos sancionadores contra empresas dos EUA (e
de fora, se sujeitas ao FCPA) por atividades corruptas na China, as empresas que fazem negócios no país asiático devem
exercer grande cautela para evitar violações das leis de ambos os países.
d. Como o DOJ Avalia Programas de Conformidade
Em fevereiro de 2017, a Seção de Fraudes do DOJ publicou novas orientações sobre programas de conformidade
corporativos. O documento, intitulado Evaluation of Corporate Compliance Programs (“Avaliação de Programas de
Conformidade Corporativa”), traz orientações ao público e explicita as questões que a Seção de Fraudes considera
quando avalia o programa de conformidade de uma empresa. O DOJ designou o documento como parte de sua
“Iniciativa de Conformidade”. As orientações, modeladas através de perguntas e respostas, oferecem informações
importantes sobre como a Seção de Fraudes avalia onze áreas básicas de conformidade das empresas.34 Embora a
introdução avise que os tópicos e perguntas não são uma checklist ou fórmula — até porque nem todos os tópicos e
questões serão relevantes em todas as situações — as orientações podem ser uma ferramenta útil na hora de desenvolver
e implementar programas de conformidade e avaliar os riscos em caso de violação.
Em geral, as orientações destacam a importância de se ter uma boa supervisão e avaliar os riscos dentro de um programa
de conformidade, e reforçam que é essencial que o programa tenha autonomia e conte com o apoio da alta gestão da
empresa. Outro elemento bastante enfatizado é a importância de se coletar e analisar dados sobre os programas da
empresa para avaliar sua eficácia. Ao apresentar perguntas específicas, as orientações também fornecem um “roteiro”
bastante útil para esclarecer assuntos específicos que uma empresa e seus advogados devem estar preparados para tratar
com o DOJ caso o programa da empresa se encontre sob qualquer tipo de escrutínio (p. ex., durante as negociações de
32 Ver, p. ex., Daniel C.K. Chow, “How China’s Crackdown on Corruption Has Led to Less Transparency in the Enforcement of China’s Anti-Bribery Laws”, 698 n. 64, U.C. Davis Law Review (em inglês, citando reportagens na mídia), disponível em https://lawreview.law.ucdavis.edu/issues/49/2/Symposium/49-2_Chow.pdf.
33 Nicholas Leong, “China has a message for Western companies: corruption does not pay”, South China Morning Post, 22 de agosto de 2017.
34 Os tópicos também aparecem em outras publicações do governo dos EUA e organismos internacionais, incluindo o Manual de Advogados dos Estados Unidos, as Diretri-zes de Dosimetria de Pena dos Estados Unidos, o Guia de Recursos para o Foreign Corrupt Practices Act (chamado de “Guia do FCPA”), as Orientações de Boas Práticas sobre Controles Internos, Ética e Conformidade (Good Practice Guidance on Internal Controls, Ethics, and Compliance) adotadas pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Manual de Ética e Conformidade Anticorrupção da OCDE para Empresas.
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um acordo em resposta a ação sancionadora, ou ainda em caso de divulgação voluntária de informações ao DOJ como
parte de um acordo já negociado). As empresas devem analisar estas orientações em detalhe, e estar preparadas para
responder às perguntas do DOJ com respostas suficientes e satisfatórias caso necessário.
Os tópicos discutidos nas orientações de 2017 são os seguintes:
1. Análise e Remediação da Má Conduta Subjacente
Este elemento centra-se na análise realizada pela empresa para detectar causa raiz da má conduta, incluindo se houve
indícios anteriores de má conduta, oportunidades anteriores de detectar a má conduta e as remediações específicas que a
empresa criou para reduzir o risco de ocorrências futuras.
2. Alta Gestão e Gerentes Intermediários
Este elemento destaca a importância de analisar se a má conduta ocorreu nos níveis mais superiores da liderança, as
ações concretas tomadas pelos líderes da empresa, se existe um compromisso compartilhado com a conformidade nos
diferentes componentes da empresa, e como o conselho de administração supervisiona a empresa.
3. Autonomia e Recursos
Este elemento centra-se no papel da área de conformidade na formação do pessoal da empresa, a importância da área
de conformidade dentro da empresa, a experiência e as qualificações do pessoal de conformidade e outras áreas de
controle, a autonomia do programa de conformidade, o acesso que os diretores de conformidade têm ao conselho de
administração da empresa, os recursos alocados para a área de conformidade, e até que ponto a empresa terceirizou as
funções de conformidade, e por quê.
4. Políticas e Procedimentos
Este tópico é dividido em dois componentes principais: (a) Concepção e Acessibilidade e (b) Integração Operacional.
As perguntas da subparte (a) se concentram na concepção, implementação, aplicação, orientação e acessibilidade das
políticas e procedimentos do programa de conformidade da empresa. As perguntas na subparte (b) visam identificar os
responsáveis pela integração das políticas e procedimentos na empresa, os controles que falharam ou estavam ausentes
e que poderiam ter impedido a má conduta, os sistemas de pagamento que financiaram a má conduta, os processos de
aprovação e certificação relevantes para a má conduta, e o sistema de gestão de fornecedores da empresa (caso estes
estejam envolvidos na má conduta).
5. Análise de Risco
Essas questões abordam o processo de gerenciamento de risco da empresa, as informações que a empresa reuniu e
analisou para ajudar a detectar o tipo de má conduta verificado, e como o processo de avaliação de riscos da empresa
levou em conta os riscos manifestos.
25
6. Treinamento e Comunicações
Este tópico aborda o treinamento que a empresa instituiu, e faz perguntas especificamente sobre treinamento baseado
em riscos: a forma, conteúdo e eficácia desse treinamento, as comunicações corporativas sobre conformidade, e como
conteúdos sobre conformidade são disponibilizados aos funcionários.
7. Denúncias Anônimas e Investigação
Esta seção diz respeito à efetividade dos mecanismos de denúncia da empresa, e os esforços da empresa para garantir
que as investigações foram avaliadas adequadamente por pessoal qualificado, e a resposta da empresa às investigações.
8. Incentivos e Medidas Disciplinares
Este tópico discute se (e em que medida) os atores responsáveis pela má conduta foram disciplinados, o histórico da
empresa de demissões e disciplinamento de funcionários que tiveram condutas similares, os indivíduos responsáveis
pela tomada de decisões disciplinares, se as ações disciplinares e os incentivos foram aplicados consistentemente, e os
métodos da empresa para incentivar comportamentos éticos.
9. Melhoria Contínua, Testes Periódicos e Verificação
Este tópico inclui questões relacionadas à área de auditoria interna e ao tipo de teste realizado, os métodos da empresa
para verificar e auditar seu programa de conformidade, e com que frequência a empresa atualiza suas políticas,
procedimentos e práticas de conformidade.
10. Gestão de Terceiros
Esta parte das orientações analisa os processos de gestão de terceiros da empresa em relação à natureza e nível do risco
associado ao terceiro, os controles que a empresa possui para governar terceiros, a gestão de relações com terceiros, e a
identificação de sinais de alerta no processo de due diligence e acompanhamento posterior dos terceiros.
11. Fusões e Aquisições
Esta seção foca na eficácia do processo de due diligence na identificação dos riscos de fusões e aquisições, como a área
de conformidade é integrada a esses processos, e o processo adotado para envolver a área de due diligence, inclusive
para rastrear e remediar más condutas identificada durante a due diligence.
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V. Processos Sancionadores em 2017: Resumos de Casos35
Alere, Inc.
Órgão(s) Sancionador(es): SEC
Resumo da Conduta: Subsidiárias da Alere, Inc. (Alere) na Índia e Colômbia supostamente36 utilizaram distribuidores
e consultores para fazer pagamentos indevidos a autoridades estrangeiras. A Alere não contabilizou de forma acurada
os pagamentos nos livros e registros da empresa. Além dos pagamentos indevidos, outras subsidiárias da Alere também
foram acusadas de manipulação contábil para inflar suas receitas. A SEC acusou a Alere de violações do FCPA e fraude
contábil.
Pagamentos Indevidos: US$ 275.000 a autoridades do governo da Colômbia; a SEC não quantificou o montante total de
pagamentos de comissões indevidos feitos na Índia.
Benefício Procurado ou Obtido: Aumento das vendas de dispositivos médicos, resultando em US$ 3,3 milhões em lucros
na Índia e na Colômbia.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A SEC não comentou sobre a cooperação da Alere.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos e manutenção de livros e registros contábeis.
Decisão tomada: Ordem de não fazer.
Sanções ou Remediações Financeiras: Restituição de US$ 3,3 mi; Juros em arresto US$ 495.000; Multa civil US$ 9,2
milhões.
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.
* * * * *
Fernando Ardila-Rueda, Charles Quintard Beech III e Juan Jose Hernandez-Comerma
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: Três empresários dos EUA se declararam culpados em um caso de associação para pagamento
de propina para garantir contratos com a petrolífera estatal venezuelana Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA). A ação
se encontra em curso. Fernando Ardila-Rueda (Ardila), Charles Quintard Beech III (Beech) e Juan Jose Hernandez-
Comerma (Hernandez) participaram do esquema de propina junto com vários outros indivíduos que já haviam se
declarado culpados em conexão com o mesmo caso.
Ardila, Beech e Hernandez, proprietários e gerentes de várias empresas de energia sediadas nos EUA, admitiram pagar
propina a funcionários para obter vantagens na obtenção de contratos de energia com a PDVSA. Ardila forneceu
entretenimento e propinas aos funcionários da PDVSA, variando o valor das propinas oferecidas de acordo com
o valor dos contratos que os funcionários da estatal garantiam para os parceiros comerciais da Ardila. Hernandez
conspirou com outros réus para pagar propinas aos analistas de aquisições da PDVSA, enquanto Beech pagou propina a
funcionários da PDVSA para colocar suas empresas nos painéis de licitação da PDVSA e obter contratos e pagamentos
relacionados à sua e outras empresas.
35 Todas as informações relativas a casos descritos neste Guia foram obtidas de fontes disponíveis ao público.
36 Nos acordos da SEC, a parte demandada geralmente não concorda em admitir ou negar as conclusões dos procedimentos da SEC.
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Pagamentos Indevidos: US$ 304.753.
Benefício Procurado ou Obtido: Contratos com a PDVSA, inserção nos painéis de licitação da PDVSA e prioridade de
pagamento.
Acusações ou Alegações: Associação para violação e violações substanciais de leis antipropina (Ardila e Hernandez);
associação para violação de leis antipropina (Beech).
Decisão tomada: Acordos de colaboração ainda correm sobre segredo de justiça no momento da publicação deste Guia.
Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: A sentenciação de Ardila, Beech e Hernandez está agendada para 8 de
fevereiro de 2018.
* * * * *
Joseph Baptiste
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: Joseph Baptiste foi indiciado por suposta solicitação de propinas a agentes secretos disfarçados do
FBI em conexão com um projeto de US$ 84 milhões para construir um porto no Haiti. Baptiste supostamente solicitou
propinas dos agentes secretos durante reuniões presenciais e telefonemas, dizendo-lhes que o dinheiro seria transferido
através de uma entidade sem fins lucrativos que ele controlava e depois usado para subornar funcionários haitianos para
garantir o projeto. Ele recebeu cerca de US$ 50.000 dos agentes, que usou para fins pessoais, e supostamente pretendia
buscar mais aportes dos agentes para subornar funcionários. Ele também supostamente subornou o assessor de um alto
funcionário haitiano, oferecendo-lhe um futuro trabalho no projeto portuário.
Pagamentos Indevidos: Baptiste alegou não ter feito pagamentos indevidos, pois usou os US$ 50.000 inicialmente
recebidos dos agentes secretos para fins pessoais. Baptiste também supostamente prometeu um emprego ao assessor de
um alto funcionário público haitiano.
Benefício Procurado ou Obtido: US$ 50.000.
Acusações ou Alegações: Associação para violação e violações substanciais das disposições antipropina do FCPA e do
Travel Act; associação para lavagem de dinheiro.
Decisão tomada: Nenhuma no momento desta publicação.
Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.
* * * * *
Vanja Baros e Michael Cohen
Órgão(s) Sancionador(es): SEC
Resumo da Conduta: Michael Cohen era um executivo da Och-Ziff, um fundo de hedge com sede nos EUA que
controlava uma série de veículos de investimento através de várias subsidiárias. Vanja Baros, cidadã australiana residente
no Reino Unido, era funcionária de uma subsidiária integral da Och-Ziff. Cohen e Baros supostamente se envolveram
em vários esquemas de pagamento de propina em que a Och-Ziff pagou milhões de dólares a funcionários públicos na
Líbia, Chade, Níger, Guiné e outros países africanos em troca de benefícios financeiros para ambos os indivíduos e para
a empresa. As acusações contra Cohen e Baros são decorrentes de uma ação sancionadora do FCPA conduzida em 2016
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GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 28
contra a Och-Ziff e seus altos executivos.
Pagamentos Indevidos: US$ 10 milhões a funcionários do governo africano.
Benefício Procurado ou Obtido: Acesso especial a oportunidades de investimento, direitos de lavra e outros negócios;
benefício financeiro direto para Cohen e Baros.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições antipropina e sobre livros e registros contábeis e controles internos.
Decisão tomada: Nenhuma no momento desta publicação.
Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.
* * * * *
Cadbury Limited e Mondelez International
Órgão(s) Sancionador(es): SEC
Resumo da Conduta: Em 2010, a Cadbury Limited (Cadbury), distribuidora de doces e bebidas com sede na Inglaterra,
foi adquirida pela Mondelez International (Mondelez), fabricante mundial de produtos alimentícios, bebidas e lanches
com sede nos Estados Unidos. A subsidiária indiana da Cadbury, Cadbury India Limited (Cadbury India), denominada
Mondelez India Foods Private Limited após a aquisição, foi o local da má conduta em que se centraram os processos
administrativos da SEC. A Cadbury India supostamente contratou um agente para tratar com funcionários do governo
indiano com o intuito de obter licenças e aprovações para uma expansão da fábrica na Índia. Ao contratar o agente, a
empresa não realizou a due diligence de seus antecedentes ou monitorou adequadamente suas atividades, criando o risco
de que os fundos transferidos para o agente fossem usados de forma indevida.
Pagamentos Indevidos: US$ 90.666 em pagamentos ao intermediário.
Benefício Procurado ou Obtido: A SEC não alegou nenhum benefício específico que a Cadbury obteve dos pagamentos
indevidos.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A Mondelez realizou uma investigação interna e colaborou com a investigação
da SEC.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre livros e registros contábeis e controles internos.
Decisão tomada: Ordem de não fazer.
Sanções ou Remediações Financeiras: Multa civil de US$ 13 milhões.
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.
* * * * *
CDM Smith, Inc.
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: A CDM Smith Inc. (CDM), empresa com sede em Boston que fornece serviços de engenharia e
construção, junto com sua subsidiária integral na Índia (CDM India), supostamente pagaram propina a funcionários
do governo durante um período de quatro anos iniciado em 2011. As propinas foram pagas em troca de contratos de
supervisão e projeto de construção de rodovia, bem como em um contrato para projeto de fornecimento de água. A
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CDM e sua subsidiária supostamente pagaram as propinas através do uso de subcontratados fraudulentos que não
prestavam os serviços, servindo apenas como empresas de fachada para ocultar os pagamentos feitos aos funcionários.
De acordo com o DOJ, “todos os gestores sêniores da CDM India” participaram da má conduta ou, pelo menos, sabiam
de sua existência e a aprovavam.
Pagamentos Indevidos: US$ 1,18 mi.
Benefício Procurado ou Obtido: Obtenção de contrato de supervisão e projeto de construção de rodovia e obtenção de
contrato para projeto de fornecimento de água, resultando em US$ 4 milhões em lucros.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A CDM fez auto-divulgação voluntária oportuna, realizou uma investigação
interna, colaborou com a investigação do DOJ, reforçou seu programa de conformidade e demitiu todos os funcionários
envolvidos.
Acusações ou Alegações: Violações de disposições antipropina.
Decisão tomada: Carta de Declinação no âmbito do Programa Piloto do FCPA com restituição.
Sanções ou Remediações Financeiras: Restituição de US$ 4,03 mi.
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.
* * * * *
Petros Contoguris, James Finley, Andreas Kohler e Aloysius Johannes Jozef Zuurhout
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: Quatro pessoas foram acusadas de associação para pagar propinas a um alto funcionário do
governo do Cazaquistão para manter negócios para a Rolls-Royce. James Finley e Aloysius Johannes Jozef Zuurhout
(Zuurhout) eram funcionários/ex-funcionários da Rolls-Royce e suas subsidiárias, e Andreas Kohler e Petros Contoguris
eram funcionários de uma empresa internacional de consultoria de engenharia que serviu de intermediária para a
Rolls-Royce no Cazaquistão. As denúncias foram instauradas em conexão com uma investigação do DOJ de 2016
sobre alegações de pagamento de propina pela Rolls-Royce, e resultaram em um Acordo de Diferimento Condicional de
Persecução Criminal (Deferred Prosecution Agreement) contra a empresa e a denúncia de um quinto indivíduo, Keith
Barnett.
Pagamentos Indevidos: US$ 1,947 mi.
Benefício Procurado ou Obtido: Contratos no valor aproximado de US$ 145 milhões.
Acusações ou Alegações: Associação para violação e violações substanciais de leis antipropina (Contoguris); Associação
para violação e violações substanciais de leis antipropina (Finley); Associação para violação de leis antipropina (Kohler e
Zuurhout).
Decisão tomada: Kohler, Finley e Aloysius celebraram acordos de colaboração que correm sobre segredo de justiça no
momento desta publicação.
Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.
* * * * *
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GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 30
Cheikh Gadio e Patrick Ho
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: Cheikh Gadio é ex-ministro das Relações Exteriores do Senegal. Chi Ping Patrick Ho (Ho) é o
líder de uma ONG de Hong Kong. Ho e Gadio supostamente subornaram funcionários no Chade e Uganda para obter
negócios para uma empresa chinesa de petróleo e gás. Além dos pagamentos indevidos, Ho também supostamente
ofereceu presentes e promessas de benefícios futuros a funcionários do governo ugandês, incluindo participação nos
lucros da exploração de petróleo. Ho compensou Gadio por sua ajuda na facilitação das propinas.
Pagamentos Indevidos: US$ 2 milhões oferecidos ao presidente do Chade, e US$ 500 mil oferecidos ao ministro das
Relações Exteriores de Uganda.
Benefício Procurado ou Obtido: Direitos exclusivos de exploração petróleo no Chade sem concorrência internacional,
assistência na obtenção de vantagens comerciais em Uganda.
Acusações ou Alegações: Associação para violação e violações substanciais do FCPA, associação para lavagem de
dinheiro internacional e lavagem de dinheiro internacional (Gadio e Ho).
Decisão tomada: Nenhuma no momento desta publicação.
Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.
* * * * *
Halliburton Company e Jeannot Lorenz
Órgão(s) Sancionador(es): SEC
Resumo da Conduta: Em 2008, funcionários da petrolífera estatal Sonangol disseram à Halliburton Company
(Halliburton) que seu trabalho de subcontratação corria o risco de ser encerrado porque esta não tinha relações
comerciais locais suficientes para satisfazer os requisitos de conteúdo local. Assim, a Halliburton supostamente orientou
Jennot Lorenz, ex-executivo de Halliburton, a reforçar o conteúdo local da Halliburton em Angola. Lorenz contratou
uma empresa angolana pertencente a um ex-funcionário da Halliburton que também era amigo do funcionário da
Sonangol que havia orientado a Halliburton a reforçar seu conteúdo local, e que, em última instância, aprovaria a
adjudicação de novos contratos à Halliburton. A Halliburton terceirizou mais de US$ 15 milhões em negócios para a
empresa local angolana. A Sonangol aprovou sete contratos com a Halliburton, resultando em cerca de US$ 14 milhões
em lucros.
Pagamentos Indevidos: US$ 15 mi.
Benefício Procurado ou Obtido: Adjudicação de contratos da Sonangol resultando em US$ 14 milhões em lucros.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A Halliburton e Lorenz colaboraram com a investigação e tomaram medidas
corretivas voluntárias.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre livros e registros contábeis e controles internos.
Decisão tomada: Ordem de não fazer.
Sanções ou Remediações Financeiras: Multa civil US$ 75.000 (Lorenz); Restituição de US$ 14 mi (Halliburton); Juros
em arresto US$ 1,2 mi (Halliburton); Multa civil US$ 14 mi (Halliburton).
31
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nomeação de monitor de conformidade
independente por dezoito meses.
* * * * *
JERDS Luxembourg Holdings S.AR.L. e Zimmer Biomet Holdings, Inc.
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ e SEC
Resumo da Conduta: A Biomet, Inc. (Biomet), antecessora da Zimmer Biomet Holdings, Inc. (Zimmer Biomet),
inicialmente celebrou acordo com relação a alegações de violações do FCPA em 2012 resultantes de má conduta na
Argentina, Brasil e China, e contratou um monitor de conformidade independente. A empresa (desde então adquirida
pela Zimmer Biomet) fez divulgação voluntária de novas alegações no Brasil e no México depois que a empresa
celebrou o acordo de 2012. No Brasil, a Biomet supostamente usou um distribuidor para fazer pagamentos indevidos
a profissionais do sistema público de saúde para promover os produtos da Biomet. A empresa continuou a usar o
distribuidor, apesar de declarar que havia encerrado a relação. Os livros e registros da empresa traziam entradas
incorretas das operações, contabilizando-as no nome de um distribuidor intermediário ao invés do distribuidor real. No
México, a subsidiária da Biomet (desde então adquirida pela JERDS Luxembourg Holding S.AR.L. (JERDS), subsidiária
indireta da Zimmer Biomet) supostamente fez pagamentos indevidos a agentes de alfândega através de um despachante
aduaneiro para liberar a entrada de dispositivos médicos não licenciados no México. A empresa supostamente fez os
pagamentos sabendo que parte dos fundos seria paga aos agentes aduaneiros.
Pagamentos Indevidos: O DOJ e a SEC não quantificaram o valor dos pagamentos indevidos feitos ao distribuidor
brasileiro. A subsidiária mexicana da Biomet supostamente pagou US$ 980.774 ao despachante aduaneiro.
Benefício Procurado ou Obtido: O DOJ e a SEC não alegaram nenhum benefício específico que a Zimmer Biomet ou a
JERDS teriam obtido dos pagamentos indevidos.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A Zimmer Biomet divulgou a má conduta e colaborou com a investigação, mas
não conseguiu implementar um programa de conformidade efetivo, em violação do acordo de 2012.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos, antipropina e de livros e registros.
Decisão tomada: Ordem de não fazer da SEC (Zimmer Biomet); Acordo de Diferimento Condicional de Persecução
Criminal com o DOJ (Zimmer Biomet); Acordo com Assunção de Culpa (JERDS).
Sanções ou Remediações Financeiras: Multa do DOJ de US$ 17,46 mi (Zimmer Biomet, com US$ 4,8 mi atribuídos
à má conduta da JERDS); Restituição de US$ 5,82 mi (Zimmer Biomet); Juros de arresto de US$ 702.705 pela SEC
(Zimmer Biomet); Multa penal da SEC de US$ 6,5 milhões (Zimmer Biomet).
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Monitor de conformidade independente
por três anos. A Zimmer Biomet concordou em contratar um segundo monitor para o período de monitoria adicional,
perfazendo um período total sob monitoria de quase oito anos.
* * * * *
Keppel Offshore & Marine Ltd. e Keppel Offshore & Marine USA, Inc.
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: Keppel Offshore & Marine Ltd. (Keppel) e Keppel Offshore & Marine USA, Inc. (Keppel USA)
supostamente pagaram propina a funcionários da Petrobras, petrolífera estatal do Brasil, para obter contratos. A
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GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 32
empresa ocultava os pagamentos na forma de comissões a consultores intermediários, que eram então transferidas
para funcionários da Petrobras. O DOJ coordenou a investigação com as autoridades do Brasil e Cingapura. Um ex-
funcionário de alto escalão do Departamento Jurídico da Keppel também foi acusado de violações do FCPA.
Pagamentos Indevidos: US$ 55 mi.
Benefício Procurado ou Obtido: Contratos com a Petrobras e outra empresa brasileira, resultando em US$ 350 milhões
em ganhos indevidos.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A Keppel colaborou com a investigação do DOJ, realizou uma investigação
interna, demitiu ou disciplinou os funcionários envolvidos e reforçou o seu programa de conformidade.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições antipropina.
Decisão tomada: Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal (Keppel); Acordo de Colaboração
(Keppel, EUA).
Sanções ou Remediações Financeiras: Multa penal de US$ 105 milhões (com crédito por multas penais de US$ 211 mi
impostas no Brasil e de US$ 105 mi em Singapura).
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Envio de relatórios ao DOJ sobre os
esforços de remediação e programa de conformidade da empresa por três anos.
* * * * *
Las Vegas Sands Corp.
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: A Las Vegas Sands Corporation (Las Vegas Sands) fez pagamentos a um consultor com conexões
políticas na China e Macau, supostamente para promover a marca da empresa. Vários pagamentos foram feitos “sem
qualquer objetivo comercial legítimo discernível”. A empresa supostamente não conseguiu aprovar ou contabilizar com
precisão milhões de dólares em pagamentos feitos ao consultor. A empresa continuou a fazer pagamentos ao consultor
mesmo depois de ter sido avisada de que as práticas comerciais eram questionáveis e que alguns pagamentos não
podiam ser contabilizados. A Las Vegas Sands já havia celebrado acordo com a SEC em relação a alegações de violação
do FCPA por conduta substancialmente similar em 2016.
Pagamentos Indevidos: US$ 5,7 mi.
Benefício Procurado ou Obtido: O DOJ não alegou nenhum benefício específico obtido pelas Las Vegas Sands com os
pagamentos indevidamente contabilizados.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A Las Vegas Sands contratou advogados externos para realizar uma
investigação interna, cooperou com a investigação do DOJ, contratou um novo Diretor Jurídico e outros gestores chave,
estabeleceu um Comitê de Conformidade em seu Conselho de Administração, atualizou seu código de conduta comercial
e política anticorrupção, e encerrou suas relações com os indivíduos envolvidos.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos e manutenção de livros e registros contábeis.
Decisão tomada: Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal
Sanções ou Remediações Financeiras: Multa penal de US$ 6,96 mi, refletindo desconto de 25% da faixa mais baixa de
33
multa prevista pelas Diretrizes de Dosimetria da Pena dos Estados Unidos.
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Como parte do acordo de 2016 com a
SEC, a Las Vegas Sands contratou um consultor de conformidade e concordou em enviar relatórios ao DOJ. A empresa
deve continuar enviando relatórios ao DOJ pelo período de três anos do Acordo de Diferimento Condicional de
Persecução Criminal.
* * * * *
Linde North America, Inc. e Linde Gas North America, LLC
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: A Linde North America Inc. (Linde), a Linde Gas North America, LLC (Linde Gas) e a Spectra
Gasses, Inc., subsidiária da Linde, supostamente fizeram pagamentos indevidos a funcionários do Centro Nacional de
Alta Tecnologia (NHTC) da República da Geórgia. Em troca de assistência para a aquisição de ativos e equipamentos
usados para produzir gás de boro, os executivos da Spectra concordaram em compartilhar os lucros de suas vendas
de gás de boro com os funcionários da NHTC. Os executivos da Spectra e os funcionários da NHTC criaram novas
pessoas jurídicas em seus nomes para compartilhar os lucros. As autoridades da NHTC detinham 51% das novas
empresas e recebiam 75% dos aproximadamente US$ 7,8 milhões de lucros. Uma vez que a Linde descobriu a
má conduta, a empresa bloqueou os valores dinheiro em uma conta separada para as empresas controladas pelos
funcionários da NHTC enquanto aguarda a resolução da investigação da Linde.
Pagamentos Indevidos: US$ 5,85 mi.
Benefício Procurado ou Obtido: Assistência na aquisição de ativos e equipamentos, resultando em aproximadamente
US$ 7,8 mi em lucros.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições antipropina.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A Linde fez divulgação voluntária oportuna, realizou uma investigação interna,
colaborou com a investigação do DOJ, demitiu ou disciplinou os funcionários envolvidos e reforçou seu programa de
conformidade.
Decisão tomada: Carta de Declinação no âmbito do Programa Piloto do FCPA com restituição.
Sanções ou Remediações Financeiras: Restituição de US$ 7,8 mi; Perdimento de US$ 3,4 mi em valores devidos às
empresas controladas por funcionários da NHTC.
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.
* * * * *
Orthofix International N.V.
Órgão(s) Sancionador(es): SEC
Resumo da Conduta: A subsidiária brasileira da Orthofix International, N.V. (Orthofix), a Orthofix do Brasil LTDA.,
supostamente fez pagamentos indevidos a profissionais de saúde em hospitais públicos no Brasil. A subsidiária
participou de pelo menos quatro esquemas de pagamentos indevidos entre 2011 e 2013 a fim de aumentar as vendas
de produtos Orthofix. A empresa trabalhou com representantes comerciais e distribuidores terceirizados para facilitar
os pagamentos. A Orthofix ocultava os pagamentos indevidos com notas fraudulentas por serviços que não eram
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GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 34
prestados. A Orthofix já havia entrado em acordo com relação a outras alegadas violações do FCPA em 2012, este
relacionado a pagamentos indevidos a subsidiários do México.
Pagamentos Indevidos: A SEC não quantificou o valor dos pagamentos indevidos feitos através dos diversos esquemas
de pagamento de propina.
Benefício Procurado ou Obtido: Aumento das vendas de produtos farmacêuticos, resultando em US$ 2.928.000 em
lucros.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A Orthofix fez divulgação voluntária da má conduta, colaborou com
a investigação, despediu os funcionários envolvidos, encerrou as relações com os representantes comerciais e
distribuidores envolvidos e expandiu seu programa de conformidade. A Orthofix fez divulgação no âmbito de suas
obrigações de relatoria ao abrigo do acordo de 2012.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos e manutenção de livros e registros contábeis.
Decisão tomada: Ordem de não fazer.
Sanções ou Remediações Financeiras: Restituição de US$ 2,928 mi; Juros de arresto de US$ 263.375; Multa civil de US$
2,928 milhões.
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Monitor de conformidade independente
por um ano.
* * * * *
Amadeus Richers
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: Amadeus Richers é ex-gerente geral de uma empresa de telecomunicações com sede em Miami.
De 2001 a 2004, Richers e seus associados pagaram propinas a funcionários da Telecommunications D'Haiti, empresa
estatal de telecomunicações do Haiti. Richers e seus associados fizeram alguns pagamentos diretamente a funcionários
públicos haitianos e outros através de terceiros intermediários. Richers, o nono réu a ser condenado no processo da
Telecommunications D’Haiti, foi extraditado do Panamá para responder às acusações do DOJ.
Pagamentos Indevidos: US$ 3 mi.
Benefício Procurado ou Obtido: Contrato com a Telecommunications D’Haiti.
Acusações ou Alegações: Associação para violação do FCPA e fraude eletrônica.
Decisão tomada: Acordo de Colaboração.
Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: Aproximadamente 8 meses de prisão; três anos em regime
supervisionado; US$ 100 de multa penal.
* * * * *
SBM Offshore, N.V., SBM Offshore USA, Inc., Anthony Mace e Robert Zubiate
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: A SBM Offshore, NV. (SBM), empresa holandesa, e sua subsidiária SBM Offshore USA, Inc.
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(SBM USA), supostamente pagaram mais de US$ 180 milhões em comissões a intermediários em todo o mundo. A
SBM supostamente sabia que alguns desses fundos seriam usados para subornar funcionários na Angola, Brasil, Guiné
Equatorial, Iraque e Cazaquistão para obter contratos no setor de petróleo e gás desses países. A SBM já havia celebrado
acordos com relação a alegações de pagamento de propina com órgãos sancionadores na Holanda (em 2014) e no Brasil
(em 2016).
Anthony Mace era CEO da SBM e ex-membro do conselho de administração da SBM USA. Robert Zubiate era diretor
de vendas e marketing da SBM USA. Mace e Zubiate admitiram ter pago propina a funcionários da Petrobras, estatal
petrolífera do Brasil, e a estatais de energia na África.
Pagamentos Indevidos: A SBM fez pelo menos US$ 180 milhões em pagamentos de comissões a intermediários em todo
o mundo.
Benefício Procurado ou Obtido: Contratos no valor de aproximadamente US$ 2.8 bi.
Acusações ou Alegações: Associação para violação das disposições antipropina (Kohler e Zuurhout); Associação para
violação do FCPA (Mace); Associação para violação do FCPA (Zubiate).
Divulgação, Cooperação e Remediação: Embora a SBM tenha revelado a conduta ao DOJ, a empresa não divulgou
os fatos completamente por aproximadamente um ano. A SBM colaborou com a investigação do DOJ, demitiu ou
destituiu os funcionários envolvidos, encerrou os acordos de representação indevidos e implementou um novo sistema
de controles internos de conformidade.
Decisão tomada: Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal (SBM); Acordo de Colaboração (SBM
USA); Acordo de Colaboração (Mace), Acordo de Colaboração (Zubiate).
Sanções ou Remediações Financeiras: Multas penais de US$ 238 mi, refletindo desconto de 25% da faixa mais baixa de
multa prevista pelas Diretrizes de Dosimetria da Pena dos Estados Unidos). As multas penais incluem uma multa penal
de US$ 500.000 (SBM) e perdimento penal de US$ 13,2 milhões de ganhos indevidos (SBM em nome da SBM USA).
Mace e Zubiate ainda não haviam sido sentenciados no momento desta publicação.
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Auto-relatoria obrigatória ao DOJ por
três anos (SBM).
* * * * *
Sociedad Química y Minera de Chile SA
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ e SEC
Resumo da Conduta: A Sociedade Química y Minera de Chile SA (SQM) supostamente pagou fornecedores ligados a
políticos e funcionários públicos chilenos por bens e serviços que nunca foram recebidos. A SQM também fez doações
a fundações controladas por políticos chilenos. Um executivo sênior orientou e autorizou “praticamente todos os
pagamentos indevidos”. A SQM não conseguiu implementar controles adequados para cessar os pagamentos indevidos
depois que a empresa identificou esses riscos em uma auditoria interna.
Pagamentos Indevidos: US$ 15 mi.
Benefício Procurado ou Obtido: O DOJ e a SEC não alegaram nenhum benefício específico que a SQM obteve dos
pagamentos indevidos.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A SQM demitiu o executivo sênior envolvido, colaborou com a investigação e
SMITH PACHTER McWHORTER PLC
GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 36
reforçou seu programa de conformidade.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições sobre controles internos e manutenção de livros e registros contábeis.
Decisão tomada: Ordem de não fazer da SEC; Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal com o DOJ.
Sanções ou Remediações Financeiras: Multa penal do DOJ de US$ 15,5 mi; Multa civil da SEC US$ de 15 mi.
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Monitor de conformidade independente
por dois anos; auto-relatoria obrigatória para o DOJ e SEC por um ano após o fim da monitoria.
* * * * *
Colin Steven
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ
Resumo da Conduta: Colin Steven é ex-executivo de vendas da Embraer S.A. (Embraer), fabricante brasileira de
aeronaves. As denúncias foram instauradas em conexão com uma investigação da Embraer pelo DOJ e SEC em 2016.
A investigação resultou em um Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal com o DOJ e um Termo de
Ajustamento de Conduta assinado com o SEC. Steven se declarou culpado de um esquema para subornar funcionários
da petrolífera estatal da Arábia Saudita em troca de garantia de vendas de novas aeronaves Embraer ao invés vez da
recompra de modelos usados. Stevens supostamente ocultou os pagamentos como comissões pagas a uma empresa sul-
africana de propriedade de seus amigos pessoais. A empresa sul-africana transferiu a maior parte dos pagamentos para o
funcionário da Arábia Saudita, mas pagou uma parcela dos valores diretamente a Steven. Steven admitiu participação no
esquema, inclusive o recebimento de propina, e de ter mentido aos órgãos de fiscalização sobre a propina.
Pagamentos Indevidos: US$ 1,5 mi.
Benefício Procurado ou Obtido: Contrato de venda garantida de novas aeronaves da Embraer, avaliadas em
aproximadamente US$ 93 milhões.
Acusações ou Alegações: Associação para violação do FCPA; Associação para fraude eletrônica; Associação para
lavagem de dinheiro; Lavagem de dinheiro; e falsidade ideológica.
Decisão tomada: Nenhuma no momento desta publicação.
Sentenças e Sanções ou Remediações Financeiras: O caso permanece aberto.
* * * * *
Telia Company AB e Coscom, LLC
Órgão(s) Sancionador(es): DOJ e SEC
Resumo da Conduta: A Telia Company AB (Telia), empresa sueca, e sua subsidiária uzbeque Coscom LLC (Coscom),
supostamente ofereceram e pagaram propinas a uma empresa de escavações controlada por um funcionário do governo
uzbeque. Os pagamentos foram encobertos como serviços de lobby e consultoria que nunca foram prestados. Os
pagamentos indevidos ocorreram ao longo de vários anos como parte dos esforços da Telia e Coscom para entrar e
expandir sua presença (respectivamente) no mercado de telecomunicações da Uzbequistão. A Telia concordou em pagar
US$ 965 milhões em um acordo global com o DOJ, a SEC e autoridades da Holanda e Suécia, mas poderá descontar do
valor total a pagar nos EUA os valores de confiscos e multas impostos pelas autoridades holandesas e suecas.
37
Pagamentos Indevidos: US$ 331 mi em pagamentos passados ao funcionário do governo uzbeque.
Benefício Procurado ou Obtido: Entrada e expansão de presença no mercado de telecomunicações do Uzbequistão.
Divulgação, Cooperação e Remediação: A Telia concordou em cooperar com a investigação em curso do DOJ, demitiu
os funcionários envolvidos e implementou controles internos.
Acusações ou Alegações: Violações das disposições antipropina e de controles internos.
Decisão tomada: Ordem de não fazer da SEC; Acordo de Diferimento Condicional de Persecução Criminal com o DOJ
(Telia); Acordo de Colaboração com o DOJ (Coscom).
Sanções ou Remediações Financeiras: Multas penais de US$ 508 mi (elegíveis a desconto de até US$ 274 milhões das
multas penais pagas ao Ministério Público Holandês); Restituição de US$ 457 mi (desconto de US$ 40 mi devido ao
confisco e elegível a desconto de até US$ 208,5 mi por confiscos efetuados pelos promotores suecos ou holandeses).
Obrigações de Relatoria ou Outras Obrigações Não Financeiras Significativas: Nenhuma.
SMITH PACHTER McWHORTER PLC
GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 38
VI. Disposições e Sanções do FCPA
As disposições antipropina do FCPA tornam ilegal:37
» Oferecer, pagar, prometer pagar ou autorizar um pagamento corrupto ou outra coisa de valor;
» Diretamente ou indiretamente;
» A autoridades estrangeiras, candidatos a cargos políticos estrangeiros, funcionários de organização pública
internacional ou partidos políticos estrangeiros;
» Com a finalidade de influenciar qualquer ato ou decisão oficial, incluindo atos ou omissões em violação de um
dever oficial legal, ou para obter vantagem indevida;
» Para ajudar a obter, reter ou dirigir negócios para qualquer pessoa.
As sanções penais por violação das disposições antipropina são as seguintes:
» Para pessoas físicas38
○ Até cinco anos de prisão
○ Multa de até US$ 250.000
» Para pessoas jurídicas39
○ Multa de até US$ 2.000.000, ou até o dobro do valor da propina ou produto da propina
○ Podem também ser impostas sanções não monetárias, como obrigações de monitoria ou auto-relatoria
As penalidades penais por violação de livros e registros contábeis e controles internos são as seguintes:40
» Para pessoas físicas
○ Até 20 anos de prisão
○ Multa de até US$ 5 milhões
» Para pessoas jurídicas
○ Multa de até US$ 25 milhões
As penalidades e remédios civis por violações de livros e registros contábeis e controles internos são as seguintes:41
» Pessoas físicas
○ US$ 9.054 a US$ 181.171, dependendo da gravidade da violação
○ Restituição de todos os ganhos indevidos
○ Proibição de atuar como diretor ou alto funcionário de empresa pública
37 Ver 15 U.S.C. § 78dd-1 (empresas públicas e pessoas associadas a elas), § 78dd-2 (empresas nacionais e pessoas associadas a elas) e § 78dd-3 (empresas privadas de fora dos EUA e cidadãos estrangeiros).
38 Ver 15 U.S.C. §§ 78dd-2(g)(2)(A), 78dd-3(e)(2)(A), 78ff(c)(2)(A); Ver também 18 U.S.C. § 3571(b)(3), (e) (disposição sobre multas que tem precedência sobre as disposi-ções sobre multas do FCPA).
39 Ver 15 U.S.C. §§ 78dd-2(g)(1)(A), 78dd-3(e)(1)(A), 78ff(c)(1)(A); ver também 18 U.S.C. § 3571(d).
40 15 U.S.C. § 78ff(a).
41 Ver Cláusula 21(B)(b) do Exchange Act, 15 U.S.C. 78u(d)(3); ver também 17 CFR 201.1004 (disposições sobre correção de valores pela inflação).
39
» Para pessoas jurídicas
○ US$ 90.535 a US$ 905.353, dependendo da gravidade da violação
○ Restituição de todos os ganhos indevidos
○ Podem também ser impostas sanções não monetárias, como obrigações de monitoria ou auto-relatoria
Consequências Adicionais
Além das penalidades penais e civis, violações do FCPA podem ter outras consequências, inclusive a suspensão ou
proibição de participar de contratações do governo federal.
» Suspensão e Exclusão de Contratações por Violações do FCPA
O Federal Acquisition Regulation (FAR) — o conjunto central de regras que regem os contratos federais — prevê a
possibilidade de suspensão temporária ou exclusão do cadastro de licitantes do governo federal, o que pode ocorrer nos
seguintes casos:42
(1) Condenação penal ou civil por fraude ou má conduta semelhante;
(2) Violação grave de um contrato, subcontrato, acordo ou transação com o governo, como descumprimento doloso das
disposições aplicáveis, ou um histórico de descumprimentos, ou execução insatisfatória do contrato; ou
(3) Qualquer outra causa cuja natureza seja grave ou convincente a ponto de afetar a responsabilidade atual da pessoa
física ou jurídica em questão.
Note-se que, para fins das disposições gerais de suspensão e exclusão, os agentes responsáveis por determinar a punição
(os SDOs, ver abaixo) consideram que a infração não precisa estar relacionada a um contrato com o governo dos EUA.
» Suspensão e Exclusão por Não Divulgação de Evidências Críveis de Violações do FCPA Relacionadas a Contratos
com o Governo
As disposições de divulgação obrigatória do FAR preveem ainda que uma contratada pode ser excluída ou suspensa
caso:43
“Tenha ciência de que seu agente, até três anos após o último pagamento de qualquer contrato com o Governo
adjudicado à contratada, tenha deixado de divulgar oportunamente ao Governo, no curso da adjudicação, execução ou
encerramento do contrato ou subcontrato, (...) provas credíveis de (A) Violações de direito penal federais envolvendo
fraude, conflito de interesses, propina ou presentes descritas no Título 18 do United States Code…”
Cada órgão federal possui um “agente de suspensão e exclusão” (Suspension and Debarment Official, ou SDO),
autorizado a suspender e/ou proibir empresas de participar de contratações do governo, seja como contratadas ou
subcontratadas.44 Uma exclusão ou suspensão de contratação imposta por um órgão federal se estende automaticamente
a todos os órgãos do executivo.45
A General Services Administration (agência responsável por assessorar e gerir os processos de aquisições de órgãos
federais dos EUA) mantém ativamente um cadastro de todos os licitantes com exclusão e suspensão, e os vencedores de
licitações geralmente precisam comprovar que não estão suspensos ou excluídos para celebrar os respectivos contratos.
42 Ver 48 CFR. §§ 9.406–2, 9.407–2.
43 Ver 48 CFR. § 9,406–2.
44 Ver 48 CFR. US$ 9,403.
45 Ver 48 CFR. §§ 9.406-1(c), 9.407-1(d).
SMITH PACHTER McWHORTER PLC
GUIA ANUAL DE TENDÊNCIAS DE CONFORMIDADE E CONTROLE NO ÂMBITO DO FCPA: JANEIRO 2018 | 40
Como a suspensão/exclusão existem para garantir a integridade dos contratos governamentais, a questão não é se a
contratada é culpada de conduta passada, mas sim se é possível ter segurança de que agirá de forma responsável no
presente e no futuro.46 Em consonância com o propósito por trás da suspensão e exclusão, os regulamentos federais
orientam o SDO a considerar “a gravidade dos atos ou omissões da contratada e quaisquer medidas corretivas ou
fatores atenuantes” ao tomar sua decisão.47
Normalmente, é aconselhável informar proativamente o SDO de quaisquer investigações governamentais da empresa
por possível violação do FCPA, se a empresa fez divulgações no âmbito do FCPA, bem como os esforços de investigação
e remediação empregados pela empresa.
46 Ver, p. ex., Robinson v. Cheney, 876 F.2d 152 (D.C. Cir. 1989).
47 Ver 48 CFR. § 9.406-1(a).
41
I. Smith Pachter McWhorter - Área de Colarinho Branco
Nossa Equipe de Colarinho Branco
Iris E. BennettSócia
Iris E. Bennett tem vasta experiência na investigação, defesa e resolução
de processos de colarinho branco, assim como na preparação de
programas de conformidade concebidos para evitar que eles aconteçam.
Já representou uma série de clientes pessoa física e empresas listadas na
Fortune 100 em casos relacionados a possíveis violações de leis civis e
criminais antifraude, incluindo o Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), o
False Claims Act, o Anti-Kickback Act e leis anticoncorrenciais. Também
já defendeu com sucesso uma série de empresas em processos envolvendo
regulamentos federais de divulgação obrigatória e voluntária. Realizou
investigações internas em todo o mundo, e representou empresas perante
as Divisões Penal e Civil do Department of Justice e da Securities and
Exchange Commission durante toda a fase de investigação e resolução de
acordos com o governo dos EUA. Sua fluência em espanhol já permitiu-lhe
realizar uma série investigações nesse idioma. Além da extensa experiência
nas áreas e investigação e defesa, tem anos de atuação como advogada em
questões de conformidade com o FCPA. Regularmente assessora clientes
corporativos com relação a seus programas anticorrupção, e responde a
suas perguntas mais específicas sobre políticas, procedimentos e questões
de conformidade. Também já planejou e liderou uma série de verificações
de conformidade e auditorias de larga escala em grandes empresas.
Trabalhou como assistente judicial para o Exmo. Juiz Robert W. Sweet do
Tribunal Federal dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York e
para o Exmo. Juiz David S. Tatel, do Tribunal de Recursos dos Estados
Unidos para o Distrito de Columbia, e entrou para a carreira privada
depois de atuar como defensora pública na área criminal na Defensoria
Pública Federal do Distrito de Columbia.
É também presidente do Subcomitê de Direito Público Internacional e
Penal da Ordem dos Advogados do Distrito de Columbia, Comunidade de
Direito Internacional, para os anos de 2017 e 2018.
Juris Doctor pela New York University School of Law (1999); magna cum
laude); Distinção Order of the Coif; New York University Law Review
Bacharel pela Harvard College (1989; summa cum laude); Phi Beta Kappa
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Joseph P. CovingtonSócio
Joseph P. Covington tem mais de 35 anos de experiência em litígio e representação
de clientes em casos de colarinho branco dentro e fora dos EUA. É especializado
em casos relacionados ao Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), Anti-Kickback
Act, False Claims Act e outras leis e regulamentos antifraude das esferas criminal
e civil. Sua experiência em casos envolvendo o FCPA começou em 1977, quando
foi admitido como advogado de tribunal na Seção de Fraudes do Department
of Justice, onde investigou casos de propina no exterior, e posteriormente como
chefe da unidade de ações sancionadoras do FCPA no próprio DOJ, de onde saiu
para iniciar sua carreira privada. Já representou com sucesso centenas de clientes
corporativos em investigações internas do FCPA, investigações governamentais
e questões de conformidade no mundo inteiro - da Albânia ao Zimbábue.
Assessorou inúmeros clientes sobre como remediar após uma violação, orientou-
os sobre como estabelecer e manter programas de conformidade, e ajudou-os
com questões de due diligence de terceiros e subcontratações. Foi recentemente
nomeado pelo Banco Mundial Monitor Independente de Conformidade para a
SNC-Lavalin Group Inc., com o mandato de rever e avaliar o programa global de
conformidade anticorrupção da empresa.
Tem vinte anos de experiência em questões relacionadas ao False Claims Act
(FCA) e suas disposições sobre ações qui tam (ações especiais ajuizadas por
cidadãos em defesa do interesse público). Já investigou e litigou inúmeros casos
do FCA, identificando e implementando estratégias para resolvê-los. Representou
clientes pessoas físicas e jurídicas em processos relacionados a uma série de leis
e regulamentos federais, inclusive envolvendo questões de conflitos de interesse,
integridade de aquisições e comportamento anticoncorrencial. Também tem
vasta experiência representando com contratos com o governo em questões de
divulgação corporativa obrigatória e voluntária.
Já representou uma série de empresas perante órgãos governamentais, incluindo
as Divisões Civil e Criminal do Department of Justice, a Securities and Exchange
Commission, o Investigador Especial Geral para a Reconstrução do Afeganistão e
outros órgãos de controle dos EUA, além de atuar perante os agentes responsáveis
por exclusões e suspensões do cadastro de licitantes do governo (os Suspension
and Debarment Officials, ou SDOs).
Recebeu a distinção de advogado destaque para a área do Distrito de Colúmbia
da AV Peer Review, maior reconhecimento de pares oferecido pela Martindale-
Hubbell a advogados de distinta idoneidade ética e competência profissional. Em
2012, foi nomeado DC Super Lawyer na área de Crimes de Colarinho Branco.
Antes de sua carreira jurídica, serviu no Exército dos Estados Unidos em combate
no Vietnã, e recebeu um Coração Púrpuro, distinção por bravura em serviço.
Juris Doctor pela University of Virginia School of Law (1973)
Bacharel em História pela University of Virgina (1968)
Super Lawyer de Washington DC, Defesa Criminal: Colarinho Branco (2012)
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Sean J. HartiganSócio
Sean J. Hartigan opera exclusivamente nas áreas de direito federal e
internacional, e é especializado em defesa de casos de colarinho branco e
assessoria de conformidade. Na área de conformidade internacional, sua
atuação é focada em questões do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA),
e no contexto dos EUA em casos relacionados ao False Claims Act,
Procurement Integrity Act, Federal Acquisition Regulation (FAR) e outras
leis e regulamentos federais que regulam a atuação de empresas com
contratos com o governo e seus empregados.
Já representou clientes corporativos em uma série de investigações internas
e governamentais, inclusive perante o Department of Justice, a Securities
and Exchange Commission e o Office of the Inspector General. É bilíngue,
e já realizou uma série de investigações em inglês e espanhol. Coordenou
equipes responsáveis por planejar e conduzir auditorias de conformidade
e verificações de programa anticorrupção em uma série de empresas, e
oferece assessoria legal na área de conformidade a nossos clientes. Tem
enorme experiência com um grande cliente da firma que tem contratos
com o governo, assessorando-o nas áreas de negociação de contratos,
investigação de potenciais divulgações voluntárias e obrigatórias e análise
de disposições da FAR com relação a subcontratadas.
No início da carreira, atuou como assistente judicial para o Exmo. Jacques
L. Wiener, Jr., Juiz do Tribunal de Recursos dos Estados Unidos para o
Quinto Circuito Judicial.
Juris Doctor pela University of Michigan Law School (2003, cum laude);
Editor de Resenhas Literárias do Michigan Law Review
Mestrado em Políticas Públicas pela University of Michigan – Gerald R.
Ford School of Public Policy (2003)
Bacharel pela Dartmouth College (1994)
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Stephen D. KnightSócio
Stephen D. Knight atua na área de direito de contratos governamentais
há mais de 35 anos, com vasta experiência na defesa e litígio de todos os
aspectos desta área super especializada. Possui também grande experiência
na área de ações judiciais e controverso, com especial ênfase em questões
de custos e preços envolvendo alocações e permissões de custo, Normas
de Contabilidade de Custos, preços viciados no âmbito do Truth in
Negotiations Act e auditorias governamentais.
Tem experiência substancial ainda em questões de conformidade em
empresas com contratos com o governo, e frequentemente auxilia nossos
clientes a avaliar os requisitos e mecanismos de divulgação às autoridades.
Já realizou verificações de conformidade para clientes, auxiliando na
verificação e avaliação de controles internos, treinamento e avaliação
de questões específicas de conformidade, como sistemas de negócios e
requisitos socioeconômicos em contratos governamentais. Tem vasta
experiência na representação de licitantes diretas e subcontratadas, e
também na identificação dos requisitos obrigatórios para inclusão em
contratos entre contratadas e subcontratadas.
Também tem experiência significativa na representação de clientes
durante auditorias e investigações instauradas pelo Office of the Inspector
General, bem como investigações de fraude de aquisições. Esta experiência
inclui investigações de tribunal do júri e de fraudes civis envolvendo
violações de leis penais e civis ao abrigo do False Claims Act, incluindo
questões de contabilidade, qualidade, conflitos de interesse e requisitos
socioeconômicos.
Leciona há 20 anos como professor adjunto do Programa de Mestrado em
Direito de Aquisições da George Washington University School of Law,
especificamente na área de Custos e Preços. Como professor da George
Washington University, recebeu a distinção da Sy Herman Professorial
Lectureship.
É bilíngue (inglês e francês).
Juris Doctor pela University of Virginia School of Law (1978)
Bacharel com Honras pela University of Virgina (1968)
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Kathryn T. Muldoon GriffinSócia
Kathryn T. Muldoon Griffin representa empreiteiras em uma variedade
de indústrias em projetos de governos federais/estaduais e privados.
É especializada em representar empreiteiras na resolução de disputas
contratuais com o governo federal e em ações envolvendo subcontratadas
em projetos federais e financiados pelo governo federal. Tem vasta
experiência na análise e instauração de ações, incluindo trabalho com
peritos técnicos e especialistas de programação de recursos e em custos e
preços.
Tem ainda experiência substancial na representação de empreiteiras
militares em casos de contabilidade de custos do governo, abrangendo
(entre outras) a defesa de ações governamentais buscando reduções de
remuneração de executivos e funcionários (incluindo os custos associados
com benefícios de saúde e bem-estar). Também tem experiência na
assessoria de empresas com contratos com o governo em uma série
de outras questões contratuais, incluindo auditorias e investigações e
alegações de fraude em contratos. Assessorou uma série de contratadas
do governo no desenvolvimento e avaliação de seus programas de ética
e conformidade, além de representar empresas sujeitas a exclusão ou
suspensão do cadastro de licitantes do governo, e já conduziu múltiplas
investigações internas e entrevistas com funcionários como parte do
trabalho de monitores independentes de conformidade.
Também já trabalhou com empresas de construção e engenharia
nacionais, internacionais e locais em contratos de terceirização, incluindo
em questões relacionadas a especificações viciadas, condições de local de
trabalho divergentes do contrato, mudanças construtivas, avaliações de
desempenho de empreiteiras e danos liquidados.
É a atual presidente da Ordem dos Advogados do Conselho de Recursos
de Contratos (BCABA), órgão do qual foi vice-presidente em 2016. De
2014 a 2015, foi professora adjunta da matéria de Custos & Preços
do curso de direito da George Washington University School of Law.
Tem uma série de publicações sobre vários aspectos de contratos com
o governo, recentemente focadas em sentenças e regras recentes sobre
avaliações de desempenho de empreiteiras.
Juris Doctor pela Pepperdine University School of Law (2006)
Bacharel em Comércio com Ênfase em Contabilidade pela University of
Virginia – McIntire School of Commerce (2002)
Armani VadieeSócio
O foco de atuação de Armani Vadiee é em contratos governamentais,
contratos comerciais, conformidade, crimes de colarinho branco e
assuntos relacionados ao setor da construção. Assessora nossos clientes
nacionais e internacionais em uma série de questões, incluindo negociações
contratuais, termos e condições contratuais, impugnações de licitação,
mudanças de contrato e preparação de reivindicações, liquidação de
contratos, litígios relacionais a auditorias regulatórias e de conformidade
e supervisão de monitores independentes. Oferece assessoria em questões
de conformidade em várias áreas, incluindo controles de exportação,
avaliações de subcontratada e requisitos de relatoria obrigatória. Tem
experiência substancial em litígios contratuais em tribunais federais e
estaduais e órgãos administrativos, inclusive perante órgãos de recursos
contratuais civis e militares das Forças Amadas dos EUA, o Government
Accountability Office dos EUA, a U.S. Court of Federal Claims e a U.S.
Court of Appeals for the Federal Circuit.
Antes de cursar direito, trabalhou como supervisor de contratações em um
laboratório de pesquisa do Departamento de Energia dos EUA, e durante
a faculdade de direito atuou como analista judiciário no U.S. Government
Accountability Office.
É multilíngue, com fluência em inglês e farsi e proficiência limitada em
espanhol. É membro ativo da Seção de Direito de Contratos Públicos da
Ordem dos Advogados dos EUA e da Seção de Contratos Governamentais
da Ordem Federal de Advogados. É instrutor em uma série de cursos
em firmas de advocacia sobre temas como Realismo de Custos e Preços
em Contratos Governamentais, Ética e Conformidade em Contratos
Governamentais, e Segurança Cibernética e seu Impacto.
Juris Doctor pela Maryland School of Law (2010)
MBA pela University of New Mexico, Anderson Graduate School of
Management (2004)
Bacharel pela University of New Mexico, Anderson School of
Management (2002)
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Erica J. GeibelAdvogada
Erica J. Geibel representa clientes nas áreas de contratos com o governo,
colarinho branco e construção, com experiência significativa na área de
assessoria de conformidade, e frequentemente conduz verificações de
programas de ética e conformidade, auxilia em treinamentos e avalia e testa
controles internos de empresas. É Profissional Certificada de Conformidade e
Ética (CCEP, na sigla em inglês), certificação que obteve em 2017.
Sua atuação inclui extensa experiência em empresas sob supervisão de
monitores independentes, questões de responsabilidade e integridade de
empreiteiras, investigações internas, assuntos relacionados ao Anti-Kickback
Act, assessoria de conformidade com o FCPA e questões relacionadas ao
False Claims Act, bem como todos os aspectos de contratos governamentais,
incluindo pequenas empresas, reivindicações e disputas contratuais,
impugnações de licitação, negociações, elaboração e verificações de contratos,
e questões de custo e preço envolvendo alocações de custo e permissões de
custeio.
Em sua atuação na área de construção, já representou de grandes empreiteiras
nacionais e internacionais até pequenas construtoras locais em uma série de
processos. Sua experiência na área construção inclui casos de negligência geral,
condições divergentes no local de trabalho, mudanças de projeto, questões de
interpretação contratual e análise de reivindicações de contratadas.
É copresidente da Seção de Contratos Governamentais da Ordem dos
Advogados de Fairfax, membro do Comitê Gestor da Comunidade de
Contratos e Litígios Governamentais da Ordem dos Advogados de Washington
D.C. (na qual atua como Coordenadora de Ação Comunitária) e membro
ativo da Seção de Direito de Contratos Públicos da Ordem dos Advogados dos
EUA, onde atua como Vice-Presidente do Setor de Construção.
Também dá cursos em uma variedade de temas relacionados a contratos
governamentais, incluindo ética e conformidade em contratos com o
governo. Em 2017, foi nomeada “Estrela em Ascensão” na área de Contratos
Governamentais pela Virginia Super Lawyers.
Juris Doctor pela George Mason University School of Law (2009, cum laude)
Bacharel em Governo e Política Internacional pela George Mason University
(Com honras, cum laude, 2005)
“Estrela em Ascensão” na área de Contratos Governamentais, Virginia Super
Lawyers (2017)
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Sean K. GriffinAssociado
As áreas de atuação de Sean K. Griffin incluem contratos governamentais,
construção e leis do colarinho branco. Tem experiência substancial em
mediação e litígio de conflitos contratuais com o governo perante os
Boards of Contract Appeals, a Court of Federal Claims, a U.S. Court of
Federal Claims, e a U.S. Court of Appeals for the Federal Circuit. Griffin
também tem experiência em investigações internas e outros assuntos
relacionados ao False Claims Act, Anti-Kickback Act e o FCPA.
Antes de ingressar na Smith Pachter McWhorter em 2015, trabalhaou
como Assistente Judicial e Advogado de Honras para o Conselho de
Recursos Contratuais Civis das Forças Armadas, com atuação focada em
casos de controvérsia contratual centrados no Contract Disputes Act.
É graduado pela American University, Washington College of Law,
onde atuou na Administrative Law Review (publicação da Ordem dos
Advogados dos EUA) e recebeu a distinção de Dean's Fellow para o
Programa de Direito Empresarial. Também competiu pela Sociedade de
Resolução de Disputas da universidade.
Juris Doctor pela American University, Washington College of Law (2014)
Bacharel em Ciência Política pela University of California, Santa Cruz
(2008)
Paulo GusmãoAssociado
As principais áreas de atuação de Paulo Gusmão são Contratos
Governamentais e Leis do Colarinho Branco. Atualmente, faz parte da
equipe de Monitoramento de Conformidade Independente nomeada
pelo Banco Mundial para verificar e avaliar o programa anticorrupção
global da SNC-Lavalin Group, Inc. Antes de ingressar na Smith Pachter
McWhorter em 2017, trabalhava no departamento de assuntos jurídicos
corporativos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, onde prestava
assessoria sobre diversos assuntos corporativos e institucionais, incluindo
gestão de recursos humanos, mobilização de recursos institucionais,
implementação de políticas de pessoal e administrativas, governança
corporativa e questões tributárias. Também representou o BID em
disputas trabalhistas perante seu tribunal administrativo.
Durante a faculdade de direito, trabalhou como estagiário no Bureau de
Questões Trabalhistas Internacionais do Department of Labor dos EUA,
como trainee no grupo de consultoria de finanças de projetos de um
escritório de advocacia corporativa no Rio de Janeiro, e como Advogado
Trainee da Community and Development Development Law Clinic.
É fluente em inglês, português e espanhol.
Juris Doctor pela American University, Washington College of Law (2014,
cum laude)
Editor Sênior do Journal of Gender, Social Policy and the Law; Distinção
Dean's Fellow pelo Legal Analysis Program
Mestrado pela American University, School of International Service (2016)
Bacharel pela University of Redlands, Johnston Center for Integrative
Studies
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Kristin A. TisdelleAssociada
O foco de atuação de Kristin A. Tisdelle é nas áreas de conformidade
corporativa, contratos comerciais, contratos governamentais e questões
relacionadas a crimes de colarinho branco. Assessora clientes nacionais
e internacionais em uma série de questões, incluindo negociações
e adjudicações de contratos, reivindicações e disputas contratuais,
interações entre empreiteiras e subcontratadas e gestão de contratos.
Sua experiência na área de colarinho branco inclui questões internas
de conformidade corporativa, investigações ao abrigo do False Claims
Act e do FCPA, suspensões por Agentes de Suspensão e Exclusão
(SDOs) e requisitos de relatoria obrigatória. Também atua na equipe de
Monitoramento de Conformidade Independente nomeada pelo Banco
Mundial para verificar e avaliar o programa anticorrupção global da
SNC-Lavalin Group, Inc.
Durante a faculdade de direito, atuou como estagiária no Bureau de
Direito Concorrencial da Federal Trade Commission, investigando
questões de conformidade regulatória e defesa do consumidor em fusões e
aquisições de empresas farmacêuticas. Antes de entrar para faculdade de
direito, trabalhou para o Diretor Jurídico de uma transportadora de nível
nacional, onde lidava com questões relacionadas a contratos de aquisição
estaduais e locais, conformidade corporativa e assuntos regulatórios.
Juris Doctor pela Washington and Lee University School of Law (2016)
Bacharel em Economia e Filosofia pela University of Mary Washington
(magna cum laude, 2011)
Joseph P. EvansAssociado
Joseph P. Evans atua principalmente nas áreas de contratos
governamentais, construção e crimes de colarinho branco. Tem
experiência em disputas de interpretação contratual, impugnações de
licitação, questões relacionadas ao False Claims Act, acordos coletivos
e licenciamento de propriedade intelectual. Trabalhou em casos
relacionados à evocação da Quinta Emenda da Constituição dos EUA e
questões relacionados ao FCPA.
Atuou como assistente judicial no gabinete da Exma. Juíza Pauline
Newman no Tribunal de Apelações dos EUA para o Circuito Federal.
Durante sua atuação no Tribunal, trabalhou em uma série de processos
nas áreas de contratos com o governo e evocações de emenda
constitucional, onde obteve perspectivas inestimáveis sobre o processo
de litígio de recursos contra o governo federal. Antes de atuar como
assistente judicial, logo após se formar em Direito, recebeu uma bolsa
para estudos no Instituto de Direito de Saúde da University of Alberta
Faculty of Law. Lá, realizou pesquisas sobre regulação governamental de
pesquisa científica básica e aplicada, tratamentos médicos, dispositivos
terapêuticos e vacinas.
Formou-se Juris Doctor pela University of North Carolina School of
Law e Bacharel pela North Carolina State University. Concluiu parte de
seus cursos de graduação e direito na Universidade de Pequim, na China.
Como falante fluente e alfabetizado de chinês, estagiou em seu primeiro
ano da faculdade na Zhonglun - um dos mais prestigiados escritórios
de advocacia da China - e trabalhou como tradutor de documentos e
intérprete freelance em Pequim entre a graduação e a pós-graduação em
direito.
Juris Doctor pela University of North Carolina School of Law (2013)
Estágio de Verão na Peking University School of Law (2011)
Bacharel pela North Carolina State University (2009); Estudos
Internacionais, com Ênfase no Leste Asiático, cum laude, Distinção Dean’s
List, Phi Eta Sigma
Universidade de Pequim (Intercâmbio, 2008); primeiro lugar no ranking
de alunos estrangeiros do ano letivo de 2008SMITH PACHTER McWHORTER PLC
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©2018 Smith Pachter McWhorter PLC. Esta publicação não tem por intuito prestar assessoria jurídica, mas apenas fornecer esclarecimentos gerais sobre questões legais. Sua apresentação ou envio não tem por intuito criar uma relação jurídica entre cliente e advogado, tampouco seu recebimento cria tal relação. Os leitores devem buscar assessoria jurídica antes de tomar qualquer medida com relação aos assuntos mencionados nesta publicação.
Julia S. KopcienskiAssociada
Julia S. Kopcienski atua nas áreas de contratos governamentais, construção civil e casos de colarinho branco. Tem experiência com litígios e procedimentos alternativos de resolução de controvérsias, com foco em questões relacionadas a seguros e garantias de construções, controvérsias com subcontratadas, demandas por compensação, investigações de fraude, e processos de e-discovery (análise automatizada de provas processuais em formato eletrônico). Também já representou clientes em questões relacionadas a direitos sobre dados, impugnações de licitação, controvérsias de execução de contrato, sigilo profissional, e práticas licitatórias de órgãos do governo federal dos EUA.
É formada em direito pela George Washington University School of Law,
onde concentrou seus estudos na área de contratos governamentais (disciplinas estudadas na área incluem constituição de empresas, execução contratual, custeio e precificação, e propriedade intelectual). Durante seus estudos universitários, foi membro do Conselho de Tribunais Simulados e competiu no concurso de tribunais simulados da instituição em 2016 (o GW Government Contracts Moot Court Competition). Como finalista na competição, apresentou sustentanção oral perante um painel composto de juízes federais de renome, e recebeu o prêmio de Melhor Competidora Geral. Também durante a universidade, foi membro do Federal Circuit Bar Journal, onde atuou como Gestora de Programas..
Juris Doctor pela George Washington University School of Law (2017)
Mestrado em Estudos de Políticas de Educação pela George Washington
University Graduate School of Education & Human Development (2017)
Bacharel em Psicologia e Filosofia (ambos magna cum laude) pela Loyola University Chicago (2013)
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Guia Anual de Tendências de Conformidade e Controle no Âmbito do FCPA: Janeiro 2018
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