guerra do paraguai corrigido ii

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL ACADÊMICOS: CARLOS ROBERTO MENDES DIAS CLOTILDE MARIA DE JESUS EDENIR PIRES DEJANE FERREIRA DA ROCHA ANDRADE EURIDES MARIA FERREIRA SILVA JANETE DE OLIVEIRA CLARO PLÁCIDA GIMENES SILLES ROSELI DA SILVA SOARES PERAL

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Trabalho do 4º ano "B" da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS - BRASIL

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Page 1: Guerra do paraguai corrigido ii

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

ACADÊMICOS: CARLOS ROBERTO MENDES DIASCLOTILDE MARIA DE JESUS

EDENIR PIRESDEJANE FERREIRA DA ROCHA ANDRADE

EURIDES MARIA FERREIRA SILVAJANETE DE OLIVEIRA CLARO

PLÁCIDA GIMENES SILLESROSELI DA SILVA SOARES PERAL

CAMPO GRANDE – MS

2009

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Título: Trabalho de Pesquisa apresentado para fins de

avaliação, na disciplina “Fundamentos Metodológicos de

Estudos Sociais”, do curso Normal Superior (Curso de

Formação de Professores), sob a orientação do Prof.MsC.

Paulo Edyr de Camargo.

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INTRODUÇÃO

Segundo o historiador DORATIOTO (2002,07), a Guerra do Paraguai aconteceu entre

os anos 1864-1870, durante o século XIX. No dia 11 de novembro de 1864, Francisco Solano

López ordenou que fosse apreendido o navio brasileiro Marquês de Olinda. No dia seguinte,

sua ordem foi executada e o navio a vapor paraguaio Tacuari apresou o navio brasileiro,

foram aprisionados o coronel Frederico Carneiro de Campos – nomeado presidente da

província de Mato Grosso e o médico Antônio da Luz, entre outros tripulantes. Todos os

prisioneiros, sem exceção, sucumbiram à fome e os maus tratos, por parte de seus algozes.

Após tal acontecimento, as relações entre Brasil e Paraguai foram rompidas e no mês

seguinte, dezembro, o sul de Mato Grosso foi invadido, sem qualquer declaração formal de

guerra ao nosso País, que só aconteceu no dia 13 de dezembro. Passados três meses, López

declarou guerra à Argentina porque a mesma não permitiu que os exércitos paraguaios

atravessassem seu território para combater no Uruguai e invadir o sul do Brasil. Quando as

notícias dos acontecimentos chegaram ao conhecimento de D.Pedro II, no Rio de Janeiro,

capital do Império, em março de 1865, as tropas de Solano López penetravam em Corrientes

(Argentina), visando o Rio Grande do Sul e o Uruguai, esperava contar com o apóio do

blancos. O Uruguai, governado por Venâncio Flores, solidarizou-se com o Brasil e a

Argentina. No dia 01/050/1865, Brasil, Argentina e Uruguai assinaram, em Buenos Aires, o

Tratado da Tríplice Aliança, unindo-se para combater o Paraguai, conclui DORATIOTO.

Este Trabalho de Pesquisa visa destacar as parcerias entre Brasil, Argentina e Uruguai

em defesa da soberania brasileira, ameaçada pelas forças paraguaias, que não mediam

esforços para apossar-se de nossas riquezas. Nesta Pesquisa, serão elencadas as causas e

efeitos desta guerra sangrenta, com sustentação teórica dos estudiosos da temática em pauta.

A GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870)

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Segundo ALVES (2003, p.60), o governo guarani impedia o livre comércio em seu

território, o bloqueio paraguaio impedia o livre acesso à região brasileira de Mato Grosso. Em

contrapartida, questões fronteiriças agitavam as relações entre o Paraguai e seus dois potentes

vizinhos: Brasil e Argentina. O governo paraguaio apoiava os movimentos nacionalistas – ao

partido blanco, no Uruguai, e às montaneiras, na Argentina, embora fora do poder, tinham

expressividade nesse país. A relevância do Paraguai no Prata poderia resultar, no futuro, a

garantia de um mercado para seus produtos, por conta da elevação de sua produção e

consequentemente da interrupção nas relações econômicas. O governo guarani submeteu ao

seu arbítrio todo o fluxo de entrada de mercadorias em seu país. Todas essas causas

contribuíram para que ocorresse a guerra, conforme relata ALVES.

A ofensiva paraguaia

Durante a primeira fase da guerra (1864-1865), foram os paraguaios que iniciaram os

ataques. Os exércitos de López definiram três frentes de batalha iniciais invadindo Mato

Grosso, em dezembro de 1864, e, em 1865, o Rio Grande do Sul e a província argentina de

Corrientes.

A invasão de Mato Grosso ocorreu no tempo por dois corpos de tropas paraguaias.

Nossa província achava-se desguarnecida militarmente, e a superioridade numérica dos

invasores permitiu-lhes realizar uma campanha rápida e bem sucedida.

Nesse primeiro momento, as tropas paraguaias contavam com cerca de cinco mil

homens, transportados em dez navios e comandados pelo coronel Vicente Barros, subiu o rio

Paraguai e atacou o Forte Nova Coimbra. Nossa guarnição de 155 homens resistiu por três

dias, comandados pelo tenente-coronel Hermenegildo de Albuquerque Porto Carrero, depois

barão de Forte Coimbra. Quando se esgotaram as munições, os defensores brasileiros

abandonaram a fortaleza e se retiraram rio acima, em direção a Corumbá. Os paraguaios

ocuparam o Forte abandonado, festejando a primeira vitória; avançaram rumo ao norte,

tomando em janeiro de 1865 as cidades de Albuquerque e de Corumbá.

A outra frente do exército paraguaio, que era comandada pelo coronel Francisco Isidoro

Resquin, era integrada por quatro mil homens, invadiram, por terra, uma região ao sul de

Mato Grosso, enviando um destacamento para atacar a colônia militar fronteiriça de

Dourados. O cerco encontrou brava resistência dos comandados do tenente brasileiro Antônio

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João Ribeiro e de seus 16 companheiros, que morreram bravamente sem se render, no dia 26

de dezembro de 1864. Os invasores continuaram a empreitada sangrenta invadindo Nioaque e

Miranda, derrotando as tropas do coronel José Dias da Silva. Em seguida, enviaram um

destacamento até Coxim, que foi tomada em abril de 1865.

A primeira reação brasileira

Para competir com os invasores paraguaios, o imperador D.Pedro II enviou uma

expedição para combater os invasores em Mato Grosso. Foi enviado 2.780 homens

comandados pelo coronel Manuel Pedro Drago, que saiu de Uberaba, em Minas Gerais, em

abril de 1865, só chegando em Coxim em dezembro do mesmo ano, após um difícil marcha

de mais de dois mil quilômetros através de quatro províncias do Império. Encontrou Coxim já

abandonada pelo inimigo. O mesmo ocorreu em Miranda onde chegou em setembro de 1867,

o coronel Carlos de Morais Camisão assumiu o comando da coluna, reduzida a 1.680 homens,

decidiu invadir o território paraguaio, penetrando até Laguna. A cavalaria inimiga seguiu seus

comandados, obrigando-os a recuar – tal ação ficou conhecida como “a retirada da Laguna”.

O Tratado da Tríplice Aliança

No dia 01/05/1865, Brasil, Argentina e Uruguai assinaram em Buenos Aires, a aliança

contra o Paraguai.

No início, as forças militares da Tríplice Aliança eram francamente inferiores às do

rival, que contavam com mais de 60 mil homens e uma esquadra de 23 vapores e cinco navios

apropriados à navegação fluvial. A artilharia era composta de 400 canhões.

Em contrapartida, as tropas reunidas da Tríplice Aliança, não chegavam a 1/3 das

paraguaias. A vantagem dos brasileiros estava em sua Marinha de Guerra: 42 navios com 239

bocas de fogo e cerca de quatro mil homens bem treinados na tripulação. O marquês de

Tamandaré era um expoente da Marinha brasileira.

Apesar de levar vantagem no mar, o Brasil achava-se despreparado para enfrentar

em condições de igualdade seu inimigo. Apesar da imensidão territorial e densidade

populacional, nosso país tinha um exército despreparado e diminuto. Tal situação era reflexo

da organização escravista da sociedade, que, marginalizando a população livre não

proprietária, não se preocupava com a formação de um exército com senso de

responsabilidade, disciplina e patriotismo. O serviço militar era visto como um castigo, e seu

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recrutamento eram arbitrários e violentos – como conseqüência, era evitado pelos jovens

brasileiros.

As tropas eram constituídas basicamente pelos contingentes armados de chefes políticos

gaúchos e por alguns efetivos da Guarda Nacional. A infantaria brasileira que lutou na Guerra

do Paraguai não era formada por soldados profissionais, mas pelos denominados Voluntários

da Pátria, cidadãos comuns que se apresentavam para lutar. A maioria deles eram escravos,

fazendeiros e negros alforriados. A cavalaria era formada pela Guarda Nacional do Rio

Grande do Sul.

A invasão do Paraguai

Fortalecidos com um efetivo de cinqüenta mil homens, os aliados invadiram o Paraguai,

a partir do Passo da Pátria. Comandados pelo General Manuel Luís Osório, com o auxílio da

esquadra imperial, transpôs o rio Paraná, onde em 16/04/1866 e conquistaram posição em

território inimigo, em Passo da Pátria, uma semana depois. De abril de 1866 a julho de 1868,

as operações militares concentraram-se na confluência dos rios Paraguai e Paraná, onde

estavam os principais pontos fortificados dos paraguaios. Por dois anos o avanço dos

invasores foi bloqueado naquela região, apesar das primeiras vitórias da Tríplice Aliança.

A maior batalha campal foi a de Tuiuti, em 20 de maio de 1866 e uma das mais

sangrentas do conflito, que foi vencida pelos aliados em 24 de maio do mesmo ano e deixou

um saldo de 10.000 mortos.

Por motivos de saúde, em julho de 1866 Osório passou o comando do 1º Corpo do

Exército brasileiro ao general Polidorio da Fonseca Quintanilha Jordão .

O barão de Porto Alegre designou 10.000 homens para atacar as baterias do Forte de

Curuzú e do Forte de Curupaiti, que guarneciam a direita da posição de Humaitá, às margens

do rio Paraguai, O fator surpresa, os aliados venceram a bateria de Curuzú, em 03 de setembro

pelo barão. Porém, não se obteve êxito em Curupaiti, que resistiu ao ataque de 20 mil

argentinos e brasileiros, guiados por Mitre, presidente da Argentina, e por Porto Alegre –

apoiados pela esquadra do almirante Tamandaré. O mesmo aconteceu em 22 de setembro,

quando os aliados foram dizimados pelo inimigo: cinco mil homens morreram em poucas

horas. Tal fracasso gerou uma crise de comando e deteve o avanço dos aliados.

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Duque de Caxias assume o comando

No segundo período da guerra (1866-1868), por conta dos desentendimentos entre

Osório, comandante das forças brasileiras, e Mitre, presidente da Argentina, que se opôs às

perseguições aos paraguaios, levou o Imperador do Brasil a substituí-lo. Em 10 de outubro de

1866, foi designado para comandar as forças brasileiras o marechal Luís Alves de Lima e

Silva, marquês e, posteriormente Duque de Caxias, que quando chegou ao Paraguai encontrou

o exército paralisado. Por causa de epidemias, os contingentes argentinos e uruguaios vinham

sendo retirados aos poucos do exército dos aliados. Caxias assumiu o comando geral e

providenciou a reestruturação de nosso exército.

Entre novembro del1866 e julho de 1867, Caxias organizou um corpo de saúde – para

assistir aos inúmeros feridos, e combater a epidemia de cólera-morbo, também organizou um

sistema de abastecimento das tropas. Nesse período, as operações militares limitaram-se a

escaramuças com os paraguaios e a bombardeios da esquadra contra Curupaiti. López

aproveitava a desorganização do inimigo para reforçar suas fortificações em Humaitá.

Apesar dos esforços de Caxias, os aliados só reiniciaram a ofensiva em 22 de julho de

1868. A marcha de flanco pela ala esquerda das fortificações paraguaias constituía a base

tática de Caxias: ultrapassar o reduto fortificado paraguaio; cortar as ligações entre Assunção

e Humaitá e submeter esta última a um cerco.

BARBOSA (1985), relata que em 01/03/1870, as tropas do general José Antônio Corrêa

da Câmara, liderada pelo Cond’Eu, que era genro de D, Pedro II, surpreendeu o último

acampamento paraguaio em Cerro Corá e López foi abatido pelo exército brasileiro. Segundo

o autor, suas últimas palavras foram: “Morro com a minha pátria!”. E assim terminou a guerra

sangrenta.

Conseqüência: mortalidade

PÓMER (1985) salienta que o Paraguai sofreu grande redução populacional por conta

da Guerra da Bacia da Prata. O autor destaca que 90% da população paraguaia pereceram ao

final dos conflitos, pela fome, doenças e óbitos.

Do lado brasileiro, dos cerca de 160 mil homens que combateram na guerra, 50 mil

morreram e outros mil ficaram inválidos.

O exército uruguaio contava com cerca de 5.600 homens, dos quais pouco mais de

3.100 morreram devido às batalhas ou por doenças.

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A Argentina perdeu cerca de 18 mil combatentes dentre os quase 30 mil envolvidos.

Outros 12 mil civis morreram em decorrência de doenças.

Apesar de a guerra ter terminado em março de 1870, os acordos de paz não foram

concluídos de imediato. As negociações foram recusadas pela Argentina por não reconhecer a

independência do Paraguai.

Enfim, a guerra do Paraguai aconteceu durante o século XIX e não foi marcada somente

por encontros armados, mas sim, por doenças ocorridas por má alimentação e péssimas

condições de higiene.

Em dezembro de 1975, os presidentes Ernesto Geisel e Alfredo Stroessner assinaram,

em Assunção, um Tratado de Amizade e Cooperação.

Período Pós-Guerra

De acordo com BARBOSA (1985), após a guerra, a principal consequência foi a

internacionalização das águas paraguaias até o Porto de Coimbra, que se elevou em

importante entreposto comercial de Mato Grosso. Por intermédio deste porto, nossa região

ganhou expressividade com outras nações. Também houve o surgimento de uma classe

capitalista, onde os países estrangeiros participavam das transformações econômicas de Mato

Grosso.

ALVES (2003, p.61) enfatiza que com o término da guerra do Paraguai, Mato Grosso se

desenvolveu. Os rios da Bacia da Prata ficaram movimentados, em consequência disso, o

tempo de viagem entre Cuiabá e o Rio de Janeiro, foi reduzido para trinta dias – nesse ínterim,

os navios navegavam com o limite de carregamento. Os ingleses enviavam mercadorias que

eram vendidos a preços módicos. Mato Grosso foi contemplado com usinas de açúcar, à beira

dos rios navegáveis, nas regiões de Santo Antônio de Leverger e de Cáceres. Houve também,

o desenvolvimento da indústria extrativista – a borracha e a erva-mate eram exploradas. O

autor destaca que após o confronto platino, surgiram diversas atividades econômicas, com

sustentação da Casa Comercial, tendo em vista a instauração da navegação comercial e a

desobstrução das vias da Bacia da Prata.

ALVES salienta que o comerciante dos portos foi um homem cosmopolita, que

expressava, na política, e imaginava o homem e o mundo como sendo universal.

O autor em pauta enfatiza que Corumbá, antes da guerra do Paraguai, reunia somente

“quatro ranchos de palha”, e que a navegação comercial superava inclusive Cuiabá – capital

da Província, que comandava nosso Estado, em fins do século XVIII. Destaca também, Porto

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Murtinho, Miranda , Aquidauana e Cáceres, não se alavancaram como Corumbá – que por

meio de suas influências, colocou até Cuiabá em sua órbita econômica.

Conforme as fontes que pesquisamos, Corumbá cresceu vertiginosamente graças ao

Comerciante dos Portos, que exerciam domínio pleno. Com isso, Ela foi construída com

monumentais edifícios, destacando o Casario do Porto, as ruas e avenidas eram amplas,

muitos depósitos e armazéns, pequenas empresas. O lazer e a cultura faziam parte da cidade

alta.

ALVES (2003,72) destaca que “(...) em 1916, foi implantada a primeira agência mato-

grossense do Banco do Brasil na cidade de Corumbá”. Salienta também, que só foi

consolidada no início da década de vinte, e previsão de criação de outras unidades em Campo

Grande e Três Lagoas. Nessa mesma década surgiu a Noroeste do Brasil (NOB) a Porto

Esperança, e Corumbá era o entreposto comercial de nosso Estado, lá chegavam diversos

navios procedentes de Buenos Aires, Montevidéu e Assunção. Corumbá funcionava como

importante intercâmbio comercial com Assunção, Buenos Aires, Montevidéu, Rio de Janeiro,

e inclusive os principais centros comerciais da Europa.

O abandono do Casario do Porto

Segundo ALVES (2003,77-9), com o advento da ferrovia (NOB) e a rede rodoviária

integrando nosso Estado ao eixo São Paulo-Santos, Campo Grande se integrou

economicamente com as cidades em destaque, golpeando o poderio comercial do grande

Comerciante dos Portos, subtraindo sua função de entreposto comercial do Estado de Mato

Grosso.

O autor salienta que restou ao comerciante dos portos três alternativas: mobilizar seus

capitais para produções que sejam mais promissoras, abandonando nosso Estado; transferir

seus capitais para outra atividade econômica, como por exemplo, a pecuária ou, não

abandonar o seu comércio, sujeitando-se à condição de simples comerciante, sempre

dependendo dos grupos econômicos paulistas, encarregados pelo abastecimento de nossa

região.

A conseqüência dessa decadência material aconteceu com o Casario do Porto, que foi

abandonado progressivamente. Inicialmente, as casas comerciais foram fechadas, e,

posteriormente, o prédio foi abandonado. O comércio de Corumbá acontecia em pequena

escala, na parte alta da cidade, em especial nas ruas Frei Mariano e Delamare. A década de

setenta foi marcada por grandes inundações que deixou ribeirinhos sem casas, alguns prédios

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do Casario do Porto se transformou em cortiços, abrigando numerosas famílias, conclui o

renomado autor.

Em alusão à decadência do Casario do Porto, ALVES transcreveu um poema do poeta

Manuel de Barros: “Lugar em que há decadência//Em que as casas começam a morrer e são

habitadas por morcegos//Em que os capins lhe entram, aos homens casas portas a dentro//Em

que os capins lhe subam pernas acima, seres a dentro//Luares encontrarão só pedras,

mendigos, cachorros//Terrenos sitiados pelo abandono, apropriados à indigência//Onde os

homens terão força da indigência.

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Conclusão

DORATIOTO (2002,65), enfatiza que a guerra do Paraguai foi em conseqüência das

contradições platinas, que se cristalizaram em torno da guerra civil uruguaia, que foi iniciada

com o apoio do governo argentino; o Brasil interveio e o Paraguai também. Ele acrescenta

que em tal confronto não existia “bandidos” ou “mocinhos”, porém, interesses econômicos. A

guerra era vista por diferentes formas: de um lado, Francisco Solano López tinha em mente

colocar seu País como potência regional e acessar o mar por Montevidéu; de outro, os

blancos, o apoio militar paraguaio contra argentinos e brasileiros para inviabilizar aos dois

vizinhos a intervirem no Uruguai. Para o império brasileiro, a guerra contra o Paraguai não

era esperada, nem desejada, os imperialistas achavam que nossa vitória seria rápida e poria

fim à questão fronteiriça, à livre navegação e à depor Solano López. A pior conseqüência foi a

de López, que viu seu país ser arrasado materialmente no final do conflito.

POMER (1985,56) destaca que Guido, soldado guarani combatente com as armas que

teve acesso e, compôs a seguinte poesia: “Chora, chora Urataú//Nos ramos do Jataí//Já não

existe o Paraguai//Onde nasci com tu.”, aludindo à derrota e destruição de seu País, pela

guerra sangrenta ocorrida.

A guerra sangrenta foi financiada pela Inglaterra porque tinha interesse em manter todos

os países latino-americanos como simples fornecedores de matérias-primas, mantendo-os

também como consumidores de seus produtos industrializados, salienta POMER. Segundo o

autor, foram emprestados 2.664.561,95 libras esterlinas; onde o Brasil emprestou 941.049,20

libras esterlinas. Ele também salienta, que tais empréstimos foram oriundos da Casa Baring

Brothers e do Banco Rotschild, Instituições financeiras inglesas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Gilberto Luis. Mato Grosso do Sul: o universal e o singular. Campo Grande-MS, Editora Uniderp, 2003.

BARBOSA, J. Rodrigues. História do Estado de Mato Grosso do Sul. São Paulo: Editora do Escritor, 1985.

DORATIOTA, Francisco. O conflito com o Paraguai: a grande guerra do Brasil. São Paulo: Editora Ática, 2002, 112 p.

POMER, Leon. Paraguai: nossa guerra contra esse soldado. São Paulo: Editora Global, 1985, 66p.

SALLES, Ricardo. Guerra do Paraguai: memórias e imagens. Editora Miguel de Cervantes, 2003.

http//pt.wikipedia.org/guerra-do-paraguai. Acesso em 04/04/2009.