guas minerais naturais e guas de nascente .guas minerais naturais e guas de nascente livro branco
Post on 25-Nov-2018
215 views
Embed Size (px)
TRANSCRIPT
Associao Portuguesa dos indstriaisde guas MineraisNaturais e de Nascente
guas Minerais Naturais
e guas de Nascente
Livro Branco
ndiceIntroduo
1. O Ciclo da gua1.1. A Convocao do ciclo da gua1.2. A gua e o reino natural: um laboratrio muito especial 1.3. O circuito hidrogeolgico das guas minerais naturais e das guas de nascente 1.4. A circulao das guas no subsolo obedece s leis da hidrulica
2. As guas minerais naturais e as guas de nascente, sua origem e evoluo histrica em Portugal
2.1. Breve esboo histrico2.2. Evoluo dos estudos cientficos2.3. O termalismo na origem da industria de engarrafamento
3. As guas minerais naturais e as guas de nascente: riqueza e diversidade
3.1. Trs-os-Montes e Alto Douro3.2. Entre Douro e Minho3.3. Beiras3.4. Estremadura e Ribatejo 3.5. Alentejo e Algarve3.6. Aores
4. A gua e a sade: a hidratao, chave do mecanismo vital
4.1. Somos gua4.2. O equilbrio entre a ingesto e as perdas4.3. A hidratao. Grvidas, crianas, adultos com actividade fsica e idosos: os segmentos da populao mais sensveis4.4. A hidratao com gua mineral natural e gua de nascente, a mais adequada4.5. Sais minerais e oligoelementos presentes nas guas naturais: agentes de preservao da vida4.6. Saber beber
6
99
10
11
141516
192020222223
252526
28
28
31
5. guas minerais naturais e guas de nascente: enquadramento legal especfico
5.1. O inicio da regulamentao5.2. As guas minerais naturais e as guas de nascente como recursos geolgicos5.3. Acesso actividade de revelao e aproveitamento de recursos hidrogeolgicos 5.4. Permetros de proteco5.5. A directiva europeia5.6. A rotulagem das guas minerais naturais e das guas de nascente5.7. Controlo de qualidade e vigilncia sanitria5.8. Segurana alimentar e possibilidade de rastreio
6. A concepo moderna das guas engarrafadas6.1. guas minerais naturais e guas de nascente so alimentos naturais e variados6.2. As guas minerais naturais e as guas de nascente, como recursos naturais, distintos das guas de abastecimento pblico6.3. Diferentes tipos de guas engarrafadas6.4. Benefcios para o organismo
7. guas minerais naturais e guas de nascente: as cartas de guas
7.1. Diversidade ao alcance do consumidor7.2. Com gs e sem gs7.3. A carta de guas: aprender a degust-las7.4. gua mineral natural e gua de nascente e a gastronomia7.5. Na mesa do restaurante
8. A natureza e as embalagens8.1. Pureza original garantida8.2. O processo de embalar natureza tem o objectivo da proteco total8.3. Conceito de embalagem8.4. As funes da embalagem
9. O nosso compromisso: desenvolvimento sustentvel e responsabilidade ambiental
9.1. A preservao e valorizao de um recurso natural.9.2. A gesto e proteco de um aqufero9.3. Sustentabilidade ambiental9.4. As embalagens e o sector das guas
33 34
34
35 3638
3940
42
43
4446
4848495052
5454
5556
58585960
10. O sector das guas minerais naturais e das guas de nascente
10.1. Criao de Riqueza10.2. Um mercado sustentado
11. A APIAM: a associao que representa o sector da gua engarrafada em Portugal
11.1. O que ?11.2. Misso11.3. Organizao e reas de actividade11.4. Representao noutras organizaes11.5. Formao profissional APIAM11.6. Boas prticas APIAM11.7. Responsabilidade social
Referncias e Bibliografia
6464
68686869707071
Introduo
A gua est na origem da vida. o ele-mento mais abundante do planeta e, ao mesmo tempo, uma riqueza verdadeira-mente insubstituvel.
Porm, a gua, que cobre cerca de 70 por cento do planeta, mais abundante nos mares e oceanos onde contm sal. A gua doce apenas uma pequena par-cela, de entre 1 e 2 por cento, do total de gua que existe na Terra. Encontramo-la nos glaciares, nos rios e nos lagos e, em pequenssima quantidade, no subsolo.
Ao longo do sculo XX, assistiu-se a um enorme crescimento da populao mun-dial e os desperdcios e contaminaes decorrentes do desenvolvimento das sociedades conduziram ao aumento da poluio. Todos estes acontecimentos le-varam organizaes internacionais, como a UNESCO, a declararem a gua o recur-so estratgico do sculo XXI. Podemos consider-la, de facto, o grande activo da humanidade, aquele que mais devemos promover, valorizar e proteger para asse-gurarmos o desenvolvimento sustentvel do planeta.
A verdade que a gua usada por todo o lado no quotidiano das pessoas e tem um papel fundamental na economia mo-derna. Adivinha-se, por isso, que a ges-to sustentvel da gua um dos maiores desafios que o Homem enfrentar durante o sculo XXI.
Ao longo da histria, foi deixando razes na cultura europeia uma especial dedi-cao gua e uma ateno riqueza e diversidade que a caracterizam. O culto da gua, na qualidade de produto natural e especfico remonta aos primrdios do
Imprio Romano. Esta civilizao associa-va a preservao da qualidade original da gua a mltiplas propriedades ligadas sade e ao bem-estar. no mbito desta tradio que emerge o sector das guas minerais naturais e das guas de nascen-te uma actividade econmica de valor econmico, social e ambiental significati-vos.
Em Portugal, as guas minerais naturais e as guas de nascente sempre desper-taram enorme interesse pela excepcional qualidade, diversidade e efeitos favorveis sade. As guas naturais portuguesas esto de facto entre as guas europeias mais valorizadas.
Provenientes de aquferos localizados nas profundidades do subsolo, as guas mine-rais naturais e as guas de nascente tm caractersticas que as distinguem: origem natural identificada, composio fsico-qumica estvel, alm de singularidade, j que no h duas guas iguais. Tambm a presena de sais minerais e de outros oli-goelementos (resultantes exclusivamente da interaco da gua e da rocha por onde passou durante dcadas ou mesmo sculos) tornam nico este elemento. Mas o que mais importante, o valor maior e mais significativo que nenhuma outra gua 100 por cento natural, como o so as guas minerais naturais e as guas de nascente. Esta genuna e singular ligao natureza em estado puro sublinhada e garantida pela legislao europeia e na-cional sobre a actividade, que probe ex-pressamente a utilizao de qualquer tipo de tratamento qumico, em todas as fases do processo, desde a captao at che-gar ao consumidor final,
No ltimo decnio, a indstria portuguesa do sector com 28 unidades de engarra-
6
famento em actividade (2008) alcanou um estado de desenvolvimento tecnol-gico, ambiental e cientfico assinalvel. As marcas que representam o sector beneficiam de reconhecida confiana e notoriedade, quer em Portugal quer alm fronteiras.
No caminho percorrido, a preocupao dominante foi sempre a de acautelar as caractersticas de um produto natural de elevada qualidade, assegurando a protec-o do ambiente em que existe e a sus-tentabilidade da explorao deste precio-so recurso.
Este sector representa para a economia portuguesa, de acordo com os dados de 2007 que incluem a importante compo-nente das exportaes, uma riqueza su-perior a 286 milhes de euros. Directa e indirectamente, so assegurados mais de 10 000 postos de trabalho e o facto de
as unidades industriais se situarem jun-to das nascentes, em regies do interior mais isoladas e desfavorecidas, contribui significativamente para atenuar as assi-metrias regionais no pas. , pois, funda-mental continuar a defender a elevao dos padres de qualidade, sublinhando, cada vez mais, o valor acrescentado que constitui o facto de se tratar de um produto natural.
Importa centrar as preocupaes na qua-lidade da gua recurso natural e reno-vvel continuar a apostar na defesa dos aquferos e na proteco do ambiente envolvente, mostrar que possvel com-binar actividade econmica concorrencial e competitiva com sustentabilidade e res-ponsabilidade para com as geraes fu-turas. A ideia de defender e preservar a gua como recurso natural insubstituvel, e assim alicerar uma indstria relevante para o pas e para os consumidores, com-pleta o quadro estratgico.
Neste Livro Branco, foi organizada e siste-matizada informao sobre a gua mine-ral natural e a gua de nascente, enquan-to recurso natural de grande valor, capaz de criar riqueza para as populaes, para o Pas e para o consumidor. Ele constitui tambm uma forma de participar no deba-te sobre as questes de sustentabilidade ambiental que esto em curso na socieda-de. Neste contexto, a questo das guas engarrafadas muitas vezes apresentada incorrectamente, pois ignoram-se cul-turas especficas, tradies e valores de hoje e de sempre. Esquece-se, sobretu-do, a diferena que constitui a qualidade excepcional das guas minerais naturais e das guas de nascente portuguesas, que o consumidor tem valorizado.
Lisboa, Setembro de 2009
7
O ciclo da guaAs guas minerais naturais e de nascente so guas subterrneas que esto contidas em aquferos naturalmente protegidos de agentes poluidores e que, por esta razo, podem ser consumidas sem tratamento
Jos Martins Carvalho, Professor Universitrio, GelogoCaderno APIAM 2, 2000
1
1.1. A convocao do ciclo da gua
Todos os seres vivos, incluindo o Homem, dependem da gua para viver. O planeta em que vivemos tem cerca de 4600 milhes de anos, as rochas mais antigas datam de h cerca de 3800 milhes de anos e os primeiros sinais de vida apareceram na gua h 3500 milhes de anos. De facto, todos os seres vivos so funda-mentalmente compostos por gua. Hoje, como no passado, dependemos da gua, quer para evoluirmos, quer para diaria-mente sobrevivermos.
A gua indispensvel vida; sem ela, no exis