GT COPA DO MUNDO

GT COPA 2014 – 5a CCR

O Grupo de Trabalho da Copa de 2014 tem por objetivo atribuir,

no âmbito do Ministério Público Federal, tratamento prioritário,

preventivo e uniforme às investigações que visam acompanhar

a aplicação de recursos públicos federais nos atos preparatórios

para a realização da “Copa do Mundo da FIFA Brasil de 2014”

GT COPA 2014 – 5a CCRA tutela jurídica preventiva revela um desafio.

Para que tal tarefa seja realizada a contento pretende-se priorizar a

atuação tendo como paradigma o modelo do Ministério Público

resolutivo, caracterizado pelo “compromisso com o resultado” e

com a efetividade da atuação. Assim, a judicialização somente

ocorrerá em ultima ratio.

O GT COPA 2014 tenta se inserir neste contexto na contribuição

para a consolidação do 5º momento histórico do Ministério Público

Brasileiro.(Gregório Assagra de Almeida – Promotor de Justiça -

MP/MG)

Otimização do controle e da força de trabalho

A cooperação entre os órgãos de controle

- Rodadas de reuniões visando assentar estratégias comuns.

- Identificação dos atores envolvidos e dos riscos.

- Compartilhamento de informações.

- Principais órgãos envolvidos: MPF, TCU, CGU, TCE's, MPE`s, SDE..

A otimização da força de trabalho

- Tentativa de divisão de tarefas e atribuições, visando abranger o maior campo possível de ações governamentais com a força de trabalho disponível.

- Cada órgão mantém sua autonomia, não se vinculando ao posicionamento dos outros órgãos, e não ficando excluída sua atuação em nenhum caso concreto.

O que é a Copa 2014 em termos de gastos públicos?

Estão definidos em um documento denominado Matriz de Responsabilidades os investimentos diretos que serão realizados para a Copa 2014. O GT definiu que irá acompanhar estes gastos para manter o foco nas atuações.

Mobilidade Urbana – R$ 11,5 bilhões (Caixa Econômica Federal) (Aproximadamente 54 Obras de Bus Rapid Transport – BRT, Monotrilhos, Veículos Leves Sobre Trilhos -VLT

Aeroportos –R$ 5,6 bilhões em 13 aeroportos brasileiros.Portos – R$ 740 milhões para 7 portosEstádios – R$ 7 bilhões (BNDES)

Além disso temos gastos relevantes do próprio Ministério do Esporte, Ministério do Turismo e Ministério da Justiça (Secretaria Nacional de Segurança Pública), Ministério do Trabalho e Emprego..

Principais atores envolvidos

Comitê Organizador Local (FIFA)Ministério do EsporteMinistério do Turismo

Casa Civil da Presidência da RepúblicaMinistério da FazendaMinistério da Justiça

Ministério do Planejamento e GestãoAdvocacia Geral da União

INFRAEROSecretaria de Portos da Presidência da República

Secretaria Nacional de Segurança PúblicaCaixa Econômica Federal

BNDES

Reuniões em conjunto com:MPF, CGU, TCU, SDE, Corpo Técnico da 5ª CCR

Ministérios Públicos Estaduais

A responsabilidade da União na Copa de 2014

Foi editado o decreto s/n em 04 de janeiro de 2010 criando o Comitê Gestor da Copa do Mundo FIFA 2014 - CGCOPA 2014. O Comitê tem como principal objetivo definir, aprovar e supervisionar as ações previstas no Plano Estratégico das Ações do Governo Brasileiro para a realização da Copa. No total, 20 órgãos são integrantes do CGCOPA 2014 - 16 Ministérios, Advocacia-Geral da União, Controladoria Geral da União e Secretaria de Portos da Presidência da Republica. O Ministério do Esporte coordena o Comitê Gestor.

A FIFA exigiu do Brasil a assunção de garantias governamentais para realização da competição esportiva no país. Entre elas, foi ofertada à FIFA a Garantia no. 10, na qual há um comprometimento do Governo da República Federativa do Brasil em indenizar a FIFA em caso de eventuais insucessos, danos, etc. erm razão do evento. A garantia 10 será internalizada no país por meio da LEI GERAL DA COPA.

A responsabilidade da União na Copa de 2014

A Advocacia Geral da União instituiu o Grupo Executivo de Acompanhamento da Ações Relativa à Preparação e à Realização da Copa do Mundo FIFA 2014, o qual tem entre seus objetivos, o acompanhamento das ações judiciais relacionadas ao preparativos e à realização da Copa do Mundo FIFA 2014.

A União por meio do Ministério do Esporte firmou uma matriz de responsabilidades com os Estados e Municípios para definir e coordenar todas as obras da Copa de 2014.

ProjetoLei Geral da Copa

Art. 30. A União assumirá os efeitos da responsabilidade civil perante a FIFA, seus representantes legais, empregados ou consultores por todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado aos Eventos, exceto se e na medida em que a FIFA ou a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano.

Parágrafo único. A União ficará sub-rogada em todos os direitos decorrentes dos pagamentos efetuados contra aqueles que, por ato ou omissão, tenham causado os danos ou tenham para eles concorrido, devendo o beneficiário fornecer os meios necessários ao exercício desses direitos.

O papel das instituições financeiras (CEF e BNDES)

- CEF: Programa Pró-Transporte.

- BNDES: Programa Pró-Copa Arenas

- Responsabilidade e compromisso dessas instituições (empresas públicas federais) com a destinação específica e a consecução da finalidade dos recursos aplicados.

- A atuação temerária das instituições financeiras em obras que não atendam as exigências legais, como por exemplo financiamento de obras com licitações e contratos com irregularidades graves, poderão gerar a responsabilização criminal e por improbidade administrativa.

- Neste ponto há um forte campo de atuação do MPF. Nos casos em que as análises revelam irregularidades, as instituições financeiras são advertidas mediante a recomendação para evitar o repasse de verbas até a correção das irregularidades.

Acórdão 1517/2011 – Plenário TCU9.2. dar ciência ao BNDES que, no que se refere aos contratos de financiamento do Banco para as obras da Copa do Mundo de 2014, as análises dos projetos executivos por parte dos Estados e Municípios, ou ainda por órgão de controle, não afastam a responsabilidade da instituição na verificação dos documentos quanto a seus aspectos econômicos, financeiros e de engenharia, como previsto nos normativos da entidade, cabendo ao BDNES, não aos tomadores dos empréstimos, o encaminhamento da documentação aprovada ao Tribunal"

Acórdão 1588/2011- Plenário TCU9.2. dar ciência à Caixa Econômica Federal que, com relação aos contratos de financiamento para as obras de infraestrutura relacionadas à Copa do Mundo de Futebol de 2014, a análise dos projetos de engenharia deve ser realizada anteriormente à liberação da primeira parcela dos financiamentos, nos termos dos princípios norteadores da Administração Pública e dos regulamentos internos do Banco, dentre eles a SA-020 – Contratação de Operações na Área de Saneamento e Infraestrutura com o Setor Público; a SA-044 – Diretrizes para as Análises Técnicas das Operações de Crédito e Assessoramento em Saneamento e Infraestrutura; a AE-104, Engenharia – Análise e Acompanhamento de Empreendimentos Financiados para Entes Públicos e Privados; e o "Manual de Fomento – Setor Público e Privado – Programa Pró-Transporte

O papel das instituições financeiras (CEF e BNDES)

Falta de PlanejamentoParalelo com o Pan-Americano 2007

Orçamento InicialR$ 390 milhões

X

Gasto FinalR$ 3,3 bilhões

O Pan-Americano 2007 custou 10 vezes mais que o previsto.

Licitações efetuadas sem o projeto básico:- não se conhecia o que seria construído, os elementos e

detalhes do empreendimento.- as obras realizadas com base em meros projetos

conceituais.

Consequências: - aditivos contratuais, atrasos, improvisações e riscos de

descumprimento de prazos.

TCU: Acórdão 876/2007 Plenário

Falta de PlanejamentoParalelo com o Pan-Americano 2007

Regime Diferenciado de Contratações PúblicasLei nº 12.462/2011

- ADI 4655 de autoria do Procurador-Geral da República

- O RDC cria a modalidade de licitação denominada CONTRATAÇÃO INTEGRADA: otimiza os riscos de aditivos e permite a contratação sem projeto básico e sem definição de elementos mínimos para caracterização da obra – ofensa ao art. 37, XXI, CF, pois impede a definição das qualificações técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações, a isonomia dos concorrentes e a escolha da proposta mais vantajosa à Administração;-

- O RDC permite ao Executivo decidir sem qualquer critério objetivo qual obra vai seguir tal regime. O regime de licitação pública não está definido em lei, e sim por ato do Executivo (artigo 37, XXI, CF).

Copa do Mundo: Falta de Planejamento

Brasil: Escolhido pela FIFA para sediar o evento em 2007

Escolha das cidades sedes: 2009

Matriz de Responsabilidades: 2010Definição das principais obras da Copa do Mundo

Matriz de Responsabilidades: Mobilidade Urbana:Mobilidade Urbana:

Atrasos significativos nas obras

Ausência de planejamento de várias cidades: Alteração do modelo de transporte escolhido

Ausência de projetos básicos para inaugurar a licitação.

Ausência de estudos para definir a necessidade e eficiência dos transportes escolhidos

Recomendações MPF e MP Estados: constituição em mora

Copa do Mundo: Falta de Planejamento

Atuações concretas

Recomendações (alguns exemplos):

Monotrilho de ManausMonotrilho de São Paulo

VLT de BrasíliaBRT's

Limites de Endividamento

Matriz de Responsabilidades: Estádios:Estádios:

Licitações (Lei 8.666/93): ausência de projetos básicos adequados

PPP's: ausência de estudos de viabilidade econômico financeira; deturpação do modelo que exige repartição objetiva

dos riscos.

Copa do Mundo: Falta de Planejamento

Atuações concretas

RecomendaçõesPPP's PE, BA, RN

Rio de JaneiroSão PauloAmazonasRoraima

Repactuações e Tributos

Matriz de Responsabilidades: Aeroportos e Portos:Aeroportos e Portos:

Atrasos nas obras

INFRAERO: há tempos já se sabia da necessidade de investimento em infra-estrutura;

RECOMENDAÇÃO MPF: alerta aos gestores e constituição em mora;

ADI RDC: Pré-qualificação nas licitações

Copa do Mundo: Falta de Planejamento

Infraero e Pré-qualificaçãoTCU – Acórdão 807/2008-Plenário

67. A INFRAERO, ao adotar a pré-qualificação, publica o edital referente a esta primeira fase (Edital Fase I), que tem por objetivo definir as concorrentes habilitadas. Entretanto, apesar de a pré-qualificação já caracterizar a fase externa da licitação, quando da publicação do primeiro edital, as regras da concorrência futura (Edital Fase II) não são apresentadas às licitantes, tampouco encontram-se elaboradas. Em se tratando de concorrência de técnica e preço, o tipo mais comum nas últimas licitações da Estatal, os critérios de julgamento da proposta técnica e da proposta de preços somente são definidos após o conhecimento das concorrentes habilitadas (resultado da Fase I).68. Também merece abordagem o fato de que o projeto básico da obra e a respectiva planilha orçamentária somente são divulgados na segunda fase da licitação (Edital Fase II), ou seja, após definidas as concorrentes habilitadas.69. Tudo indica que, diante do desconhecimento das características do objeto e dos valores altos e lucrativos envolvidos em sua execução e, ainda, das regras de avaliação e julgamento das propostas, muitas empresas sequer se apresentam para a pré-qualificação, reduzindo de antemão o universo de concorrentes a participar da segunda fase. Acontece, portanto, uma restrição já na primeira fase no processo.70. Como consequência, os preços das propostas têm se situado acima do orçamento-base da Estatal, que, por sua vez, elaborado em dissonância aos dispositivos legais, apresenta indícios de superavaliação.71. O fato acima exposto foi constatado em todas as fiscalizações realizadas em 2006, existindo ainda outros riscos decorrentes da metodologia de licitação adotada, os quais não são objeto do presente trabalho, mas não poderiam deixar de ser citados: a possibilidade de direcionamento e de conluio entre os participantes.72. Todos esses fatores contrariam os princípios da licitação e descaracterizam o ambiente competitivo que levaria a uma contratação mais vantajosa para a Administração Pública.

Gastos do Executivo Federal:

Não contemplados gastos do Ministério da Justiça, Esporte, Turismo, etc.

Copa do Mundo: Falta de Planejamento

Falta de Planejamento x Corrupção

Falta de planejamento por variadas vezes está ligado com a corrupção;

Contratação emergencial “fabricada”;

Projetos básicos propositalmente falhos;

Superfaturamentos;

Aditivos contratuais acima dos limites legais;

Lei 8.429/92 – Improbidade Administrativa

Responsabilização de gestores, projetistas, particulares, etc.

Principais problemas enfrentados e preocupações

➔Projetos básicos propositalmente deficientes para a

realização de aditivos contratuais, inclusive acima do

permitido em lei.

➔Em alguns casos, inércia de atuação dos próprios gestores.

➔Tentativas de Inovações legislativas casuísticas, justificadas

em variadas ocasiões pela falta de planejamento.

➔MTUR – convênios de capacitação com controle deficitário.

➔Centros de Treinamento (“base camps”).

Principais problemas enfrentados e preocupações

➔Aplicação de verbas públicas em bens privados.

➔Estouro no orçamento do evento, tal como no Pan

Americano do RJ em 2007, o qual gerou gastos 10 vezes

maiores que o inicialmente previstos.

➔Incremento de verbas federais na véspera da realização

das competições.

➔Órgãos financiadores e ausência da fiscalização.

Conclusão:

- A atuação preventiva permite corrigir falhas a tempo, acautelando-se o patrimônio público;

- A atuação preventiva permite identificar com mais facilidade não somente a materialidade (danos), mas também a autoria. Para

isso, são expedidas recomendações aos gestores que são constituídos em mora (elemento doloso);

- Embora o esforço dos órgãos de controle na prevenção de irregularidades, a FALTA DE PLANEJAMENTO já é uma

característica relevante na organização da Copa do Mundo de 2014. Com isso, vislumbra-se que a experiência do Pan-

Americano de 2007 pode se repetir.

Membros do GT(não excluem a participação de outros Procuradores)

●Athayde Ribeiro Costa - PR/AM

●Fabíola Dörr Caloy – PR/RS

●José Roberto Pimenta Oliveira – PR/SP

●Juliana de Azevedo Moraes – PR/BA

●Paulo Roberto Galvão de Carvalho – PR/DF

●Vinícius Panetto do Nascimento- PR/RJ

●Thiago Lemos de Andrade – PR/MT

●Alessander Wilckson Cabral Sales – PR/CE

●Carolina de Gusmão Furtado – PR/PE

●Álvaro Ricardo de Souza Cruz- PR – MG

João Francisco Bezerra de Carvalho – PR/PR

●Rodrigo Telles - PR/RN

:

Muito obrigado!Athayde Ribeiro Costa

Procurador da Repúblicaathaydecosta@pram.mpf.gov.br

Carolina de Gusmão FurtadoProcuradora da Repúblicacgfurtado@prpe.mpf.gov.br

GT Copa do Mundo 20145ª CCR - MPF