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GRUPO I – CLASSE II – PLENÁRIO TC 015.645/2001-0 (com 110 volumes) Apensados: TCs 013.088/2000-7 e 014.728/2001-0 Natureza: Solicitação do Congresso Nacional (Relatório de Auditoria) Entidade: Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap Interessado: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados Ementa: Decisão do Tribunal que determinou a realização de auditoria com vistas a identificar responsáveis, pela prática de atos de gestão ruinosos ou de liberalidades que tenham causado dano ao patrimônio da União. Constatação de danos ao patrimônio da União. Decisão preliminar pela citação e audiência dos responsáveis. Acolhimento da medida cautelar de indisponibilidade de bens requerida pelo Ministério Público. Comunicações. Na Sessão de 06/02/2002, ao apreciar conjuntamente a presente Solicitação oriunda da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados e Representação formulada pelo Procurador-Geral junto a este Tribunal (TC 013.088/2000-7), este Colegiado, acolhendo Voto do Ministro Walton Alencar Rodrigues, deliberou por “determinar, à Secretaria-Geral de Controle Externo, por intermédio da Unidade Técnica competente, que programe, com urgência, a realização de auditoria na Terracap para amplo esclarecimento das questões suscitadas nos autos, identificando responsáveis, por conduta omissiva ou comissiva, pela prática de atos de gestão ruinosos ou de liberalidades que tenham causado dano ao patrimônio da entidade e, via de conseqüência, à União ” (Decisão nº 54/2002-Plenário, Ata 03/2002 – vol. principal, fl. 61). Definido pelo Secretário-Geral de Controle Externo que a competência para a coordenação da auditoria seria da 2ª Secex (vol. principal, fl. 70), os trabalhos tiveram início com a requisição de informações e documentos junto a diversos órgãos e autoridades da Administração Pública federal e distrital, a saber, a Controladoria-Geral da União, a Procuradoria da República no Distrito Federal, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal, o Tribunal de Contas do Distrito Federal, a Gerência Regional do Patrimônio da União no Distrito Federal e, finalmente, a própria Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap (vol. principal, fls. 75-A a 76). Em face do impedimento do Ministro Benjamim Zymler (vol. principal, fl. 86), por sorteio foi designado Relator do feito o Ministro Lincoln Magalhães da Rocha (vol. principal, fl. 88).

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Page 1: GRUPO I – CLASSE II – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web view... Em 25/04/02, foi emitida uma carta de crédito no valor de R$ 3.261.398,24 em favor de diversos expropriados (todos

GRUPO I – CLASSE II – PLENÁRIOTC 015.645/2001-0 (com 110 volumes)Apensados: TCs 013.088/2000-7 e 014.728/2001-0Natureza: Solicitação do Congresso Nacional (Relatório de Auditoria)Entidade: Companhia Imobiliária de Brasília – TerracapInteressado: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados

Ementa: Decisão do Tribunal que determinou a realização de auditoria com vistas a identificar responsáveis, pela prática de atos de gestão ruinosos ou de liberalidades que tenham causado dano ao patrimônio da União. Constatação de danos ao patrimônio da União. Decisão preliminar pela citação e audiência dos responsáveis. Acolhimento da medida cautelar de indisponibilidade de bens requerida pelo Ministério Público. Comunicações.

Na Sessão de 06/02/2002, ao apreciar conjuntamente a presente Solicitação oriunda da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados e Representação formulada pelo Procurador-Geral junto a este Tribunal (TC 013.088/2000-7), este Colegiado, acolhendo Voto do Ministro Walton Alencar Rodrigues, deliberou por “determinar, à Secretaria-Geral de Controle Externo, por intermédio da Unidade Técnica competente, que programe, com urgência, a realização de auditoria na Terracap para amplo esclarecimento das questões suscitadas nos autos, identificando responsáveis, por conduta omissiva ou comissiva, pela prática de atos de gestão ruinosos ou de liberalidades que tenham causado dano ao patrimônio da entidade e, via de conseqüência, à União” (Decisão nº 54/2002-Plenário, Ata 03/2002 – vol. principal, fl. 61).

Definido pelo Secretário-Geral de Controle Externo que a competência para a coordenação da auditoria seria da 2ª Secex (vol. principal, fl. 70), os trabalhos tiveram início com a requisição de informações e documentos junto a diversos órgãos e autoridades da Administração Pública federal e distrital, a saber, a Controladoria-Geral da União, a Procuradoria da República no Distrito Federal, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal, o Tribunal de Contas do Distrito Federal, a Gerência Regional do Patrimônio da União no Distrito Federal e, finalmente, a própria Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap (vol. principal, fls. 75-A a 76).

Em face do impedimento do Ministro Benjamim Zymler (vol. principal, fl. 86), por sorteio foi designado Relator do feito o Ministro Lincoln Magalhães da Rocha (vol. principal, fl. 88).

O abrangente Relatório de Auditoria elaborado pelos Analistas Mauro Antonio Toledo, Rodrigo Caldas Gonçalves e Jerônimo Mariz de Medeiros apresenta-se às fls. 98/389 do vol. principal destes autos. O Relatório de Auditoria é composto por um Relatório principal, que resume e apresenta as propostas de encaminhamento para as diversas questões analisadas, e por treze Relatórios anexos, que examinam detalhadamente essas questões.

No conjunto de questões tratadas no Relatório de Auditoria, examinam-se nesta assentada apenas as questões que dizem respeito à proposta da Unidade Técnica de prolação de decisão preliminar com vistas à citação e à audiência dos responsáveis.

Essas propostas decorrem das seguintes impropriedades verificadas a partir da análise de alguns casos de desapropriações e dações em pagamento e de grilagem de terras envolvendo a Terracap:

I – DESAPROPRIAÇÕES E DAÇÕES EM PAGAMENTO

Foram analisados diversos casos de desapropriações de terras (vol. principal, fls. 100/118 e fls. 140/253 -Anexos I a VI do Relatório de Auditoria), tendo-se observado que, de modo geral, todos seguiram uma mesma sistemática.

Com efeito, a partir de solicitações de particulares pleiteando desapropriação ou permuta de seus imóveis, a Terracap procedia a avaliações baseadas em critérios incompatíveis com as características dos imóveis – baixa liquidez, ausência de benfeitorias adicionais e obrigações tributárias em atraso –, ensejando vultosos lucros aos beneficiários. De modo a conferir uma aparência de legalidade às suas ações, a Terracap iniciava a desapropriação pela via judicial, concretizando-a, posteriormente, mediante acordo amigável.

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Finalmente, para cumprir os compromissos financeiros decorrentes das desapropriações, a Terracap dava em pagamento imóveis de sua propriedade, os quais, além de serem sub-avaliados, eram ainda submetidos a um “desconto-padrão” de 8%, fato esse que, aliado à supervalorização do objeto da desapropriação, importava em ganhos expressivos para os particulares.

O Relatório analisou em detalhes os seguintes casos de desapropriação:

1.1.Desapropriação de gleba de propriedade da Vale do Simental Agropecuária Ltda. (vol. principal, fls. 100/102 e 140/177 – Anexo I do Relatório de Auditoria)

Trata-se de uma área de 338,98 hectares, desmembrada da Fazenda Santa Prisca, localizada a aproximadamente três quilômetros da Estrada Parque Contorno (EPCT), que fora adquirida pela Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda., em 08/01/91, por Cr$ 11.566.000,00 (vol. 19, fls. 13/14). Foi desapropriada a pedido do seu proprietário, conforme se verifica no processo administrativo (PA) nº 111.000.397/94-8, por R$ 6.556.470,60, em 08/08/94 (vol. 19, fls. 73/79). Como, com base nos cálculos do Sistema Débito do TCU, Cr$ 11.566.000,00, em 08/01/91, correspondem a R$ 63.543,79, em 08/08/94 (vol. 22, fls. 242/243), o valor pelo qual a gleba foi desapropriada representou uma valorização real do imóvel de 10.218,04%, no Distrito Federal, em período de crise econômica, no intervalo de apenas 03 anos e 07meses.

Portanto, o imóvel foi desapropriado pela Terracap por 103,18 vezes o valor pelo qual tinha sido adquirido havia três anos e sete meses, sem ter sofrido qualquer alteração, sem que nele tivesse sido construída ou instalada qualquer benfeitoria ou descoberta qualquer mina ou utilização extraordinária.

Os fatos mais relevantes constatados nessa desapropriação são os seguintes:

a) a desapropriação foi promovida para atender ao interesse do particular, não tendo ficado comprovada a urgência atribuída à desapropriação. Embora o Instituto de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal - IPDF tenha informado que o Plano de Ordenamento Territorial – PDOT não obstava a instalação do empreendimento agrícola que a Vale do Simental pretendia implantar, o Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz, por meio do Decreto nº 15.532, de 24/03/94, declarou de utilidade pública a gleba, para fins de desapropriação urgente, com o objetivo de “preservar-lhe a destinação para futura ocupação urbana”. Vistoria da área demonstrou que na data de 25/07/2002 a área sequer contava com cerca que a separasse do restante da Fazenda Santa Prisca, de onde teria sido desmembrada, e que ela tem sido arada por tratores com logotipo “LUIZ ESTEVAM” e utilizada para plantação de milho e sorgo;

b) o Sr. Dalmo Alexandre Costa, Gerente da GEPEA–DICOM da Terracap, elaborou o laudo de avaliação baseando-se em coeficientes absurdos, dadas as condições da área, em especial pela localização e pela total falta de infra-estrutura. Ele atribuiu à área o valor de 5.751.290,00 URV, quando esta não valia mais do que 239.637,03 URV na data da elaboração do referido laudo, valor este que já possibilitaria aos proprietários da gleba um ganho de 298,36%, sem qualquer investimento adicional ou esforço, no curto período de 03 anos e 07 meses, durante o qual o País enfrentou uma de suas maiores crises econômicas;

c) o processo foi conduzido pelo Diretor Comercial, Sr. Alexandre Gonçalves, em conjunto com o Presidente da Terracap, Sr. Humberto Ludovico de Almeida Filho, tendo este último submetido o assunto ao Conselho de Administração da empresa, induzindo-o a acreditar que tudo houvera sido conduzido com total seriedade, e que a posse da área era imprescindível à realização de Estudo de Impacto Ambiental;

d) induzidos por esses argumentações, em 28/07/94, os conselheiros da Terracap aprovaram a proposta do seu Presidente, decidindo, sem maiores averiguações e sem qualquer contestação, autorizar a Diretoria da empresa a realizar negociações com a Empresa Vale do Simental, com vistas a concluir processo de desapropriação de imóvel pelo preço de R$ 6.556.470,60, 14% superior ao de avaliação. Concluído o negócio, em 01/09/94, os conselheiros homologaram as negociações;

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e) foram dados em pagamento, em 01/12/94, os lotes 03, 04 e 05 do Setor de Postos e Motel Norte, cujo valor total de avaliação era de R$ 1.336.950,00, pelo valor de R$ 1.229.994,00, devido a um desconto de 8%, concedido sem respaldo legal, o qual acarretou um prejuízo adicional à Terracap de, no mínimo, R$ 106.956,00

No entender da equipe de auditoria, esses fatos configuraram irregularidades que acarretaram dano ao patrimônio da Terracap e, via de conseqüência, da União, que detém 49% do capital social da empresa, advindos da avaliação do imóvel desapropriando por valores muito superiores aos de mercado, da concessão de um acréscimo de 14% sobre o valor do imóvel já superavaliado, e dação em pagamento de imóveis com desconto de 8% sobre o valor de avaliação.

Ainda no entender da equipe de auditoria, embora os membros do Conselho de Administração tenham sido induzidos a erro pelo Presidente da Terracap, eles não estariam isentos de responsabilidade, pois foram “totalmente omissos nas suas obrigações de realmente analisar os assuntos encaminhados, inclusive a de exigir a elaboração de estudos mais aprofundados e/ou adoção de outras providências que entendessem necessárias, em especial tendo em conta o elevadíssimo valor da transação, mesmo para os padrões da Terracap, e a pretensão de pagamento de valor 14% superior ao de avaliação”.

Finalmente, considera a equipe de inspeção que a desapropriação foi praticada para satisfazer ao interesse do particular, em detrimento do interesse público e que foi declarada sua urgência, sem que esta se configurasse. Tendo em vista que tanto a desapropriação quanto a urgência foram declaradas mediante decreto do Governador do Distrito Federal, estaria configurada a prática de conduta antijurídica cuja apuração é da competência do Ministério Público Federal.

1.2 Desapropriação do Lote nº 05 do Setor de Postos e Motéis Norte (vol. principal, fls. 103/106 e 178/189 – Anexo II do Relatório de Auditoria)

O lote nº 05 do Setor de Postos e Motéis Norte, que fora dado em pagamento pela Terracap à Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda. em 01/12/94, pelo valor de R$ 409.998,00, consoante discutido no tópico anterior deste Relatório, foi desapropriado em 25/10/99 por R$ 3.600.000,00 (vol. 25, fls. 113/119), sem que nada houvesse sido incorporado ao imóvel. Pelos cálculos do Sistema Débito do TCU, verifica-se que o valor da dação em pagamento correspondia a R$ 605.270,54 em 25/10/99 (vol. 25, fl. 162), implicando que a área foi desapropriada por um valor equivalente a 5,95 vezes o valor pelo qual fora dada em pagamento, em período de estabilização econômica, no intervalo de apenas 04 anos e 08 meses.

Os fatos mais relevantes constatados nessa desapropriação são os seguintes:

a) o IBAMA/DF constatou que o terreno se situa em borda de tabuleiro, com diversas nascentes ao redor e, na parte plana, com o lençol d’água a 2m da superfície, sendo inadequado, do ponto de vista ambiental, para a instalação de posto. Por essa razão, a firma Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda., que adquirira o terreno da Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda em 10/03/1995 por R$ 400.000,00, argumentando que essa situação configuraria “hipótese de indenização por lucro cessante” propôs a permuta do imóvel por dois outros, no valor de R$ 2.500.000,00, que, segundo aquela firma, corresponderia ao total por ela pago pelo lote;

b) analisando o pleito, o Consultor Jurídico do Gabinete do Governador, Sr. Paulo César Ávila, em 17/03/99 (vol. 25, fls. 5/6), afirmou que cabia razão ao postulante e que, por este ter experimentado prejuízo pela não desapropriação do imóvel, seria justo lhe fosse destinada “outra área com as mesmas características pertinentes à ocupação e edificação”. Na mesma data, o Governador Joaquim Domingos Roriz concordou com a proposta e determinou o encaminhamento dos autos à Terracap, “para que proceda, obedecidos os preceitos legais e ressarcida a Companhia de eventual prejuízo, a permuta requerida”.

c) todavia, dois meses após, por meio do Decreto nº 20.241, de 13/05/99 (vol. 25, fl. 9), o Governador do Distrito Federal declarou de utilidade pública o lote em comento, para fins de desapropriação, e, sem qualquer justificativa plausível, declarou a urgência da desapropriação;

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d) em 17/05/99, o Engº João Bosco Soares, Gerente de Pesquisa e Avaliação da Terracap, avaliou o imóvel desapropriando para venda pelo valor de mercado, considerando a sua destinação para posto e motel, estipulando o valor de R$ 3.600.000,00;

e) em 21/05/99, o advogado Antônio Corradi informou à Srª Maria Lêda Sampaio de Carvalho Galvão, Chefe da Seção de Contencioso/DIJUR, que seria necessária a realização de nova avaliação do imóvel, de modo a que, como exigido na legislação vigente, o seu valor fosse vinculado à finalidade da desapropriação, e não ao valor do mercado. Contudo, o Chefe da Divisão Jurídica, Sr. Ronaldo Márcio do Valle, afirmou que era necessário ajuizar a ação com urgência e que não havia meios técnicos para emitir o laudo de avaliação na forma proposta pelo advogado Antônio Corradi. Em função disso, tanto a Chefe da SETEN quanto o advogado Antônio Corradi concordaram com o encaminhamento dado pelo Chefe da DIJUR;

f) em 24/06/99, a Diretoria Colegiada, em concordância com o voto do Sr. Ildeu de Oliveira, autorizou a adoção dos procedimentos necessários às negociações junto à parte desaproprianda, conforme Decisão nº 191;

g) posteriormente, devido à falta de recursos financeiros, a Diretoria Colegiada submeteu ao Conselho de Administração proposta de oferecer imóveis em dação em pagamento, cujo valor total seria de R$ 3.591.800,00, e pagar os R$ 8.200,00 restantes em dinheiro/cheque;

h) por solicitação do Conselheiro Josélio Abdias Pimenta de Aguiar, o processo foi baixado em diligência, a fim de que os setores competentes da Terracap respondessem a indagações atinentes à obrigação de a Companhia promover e arcar com o ônus desta desapropriação e à destinação original e valor pelo qual o imóvel fora dado em pagamento em 1994. Todavia, em 12/08/99, o Presidente da Terracap, Sr. Alexandre Gonçalves, ao argumento de que o GDF, “como acionista majoritário”, “determinou que a desapropriação será promovida pela Terracap, com recursos próprios, portanto, sem possibilidade de ressarcimento pelo Distrito Federal” (grifo do original), afirmou esperar do Conselho de Administração a aprovação da proposta. Apesar do voto contrário do Conselheiro Josélio Abdias Pimenta de Aguiar, o Conselho de Administração acolheu a proposição;

i) homologado o acordo de indenização, foram transferidos pela Terracap ao Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda. quatro lotes de sua propriedade, sendo, posteriormente, ainda pagos os seguintes valores: em 25/10/99, o imposto pela transmissão da propriedade dos quatro lotes da Companhia para a Empresa Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda., no valor de R$ 72.782,00, e os IPTU/TLP dos exercícios 1998 e 1999, no valor total de R$ 85.812,91; em 16/11/99, a parcela do saldo devedor no valor de R$ 8.200,00; em 27/02/02, R$ 82.284,48, referentes ao ITBI pela transmissão da propriedade do imóvel desapropriado para a Terracap, e R$ 44.786,41, referentes ao IPTU/TLP do imóvel dos exercícios 2000/2002, ainda em nome do Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda.; e

j) em 27/02/02 ainda existiam débitos anteriores pendentes de IPTU/TLP de responsabilidade do desapropriado, os quais seriam pagos pela Terracap. Como até 16/09/02 ainda não tinham sido registradas no Cartório competente a transmissão de domínio e a conversão do imóvel em área de utilidade pública, novos tributos continuarão incidindo sobre o imóvel.

No entender da equipe de auditoria, os fatos narrados configuram com perfeição a hipótese de vício redibitório prevista nos arts. 1101 a 1104 do Código Civil. Nessas condições, constatado o defeito oculto no imóvel, a dação em pagamento deveria ser anulada e o valor pelo qual o imóvel fora dado deveria ser corrigido e restituído ao seu proprietário. Como não houve má-fé, e as despesas do contrato foram todas arcadas pela Terracap, nem mesmo o pagamento de juros no período seria devido.

Considerando que a transação se deu em 25/10/99, o imóvel deveria ter sido pago pelo preço de apenas R$ 605.270,54, decorrentes da atualização do valor de R$ 409.998,00 pelo qual fora dado em pagamento em 01/12/94, sem juros (vol. 25, fl. 162). Segundo a equipe de auditoria, com essa medida nem o Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda (que adquiriu o imóvel por R$ 400.000,00, valor esse inferior inclusive àquele pelo qual foi dado em pagamento à Vale do Simental), nem a Terracap seriam prejudicados.

Sustenta, em suma, a equipe de auditoria que a desapropriação nesse caso foi inadmissível. Cabia aos diretores e conselheiros da Terracap à época informar ao Governador a ocorrência do defeito oculto, promovendo a anulação da dação em pagamento e o ressarcimento do valor da dívida de R$ 409.998,00, em 01/12/94, devidamente corrigido para

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a data da transação, 25/10/99, alcançando a quantia de R$ 605.270,54. Ademais, o valor de R$ 3.600.000,00 atribuído à indenização foi superior ao próprio valor falsamente informado pelo Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda como o de aquisição do imóvel, na sua proposta de acordo administrativo.

Aponta, ainda, a equipe de auditoria que, passados 03 anos, 04 meses e 03 dias da publicação do decreto desapropriatório, o imóvel ainda não foi registrado como de propriedade da Terracap e como de utilidade pública. Logo, não havia urgência na desapropriação. Portanto, a urgência somente foi declarada visando atender ao interesse do particular, em detrimento dos interesses da Terracap. O açodamento com que as negociações foram conduzidas, sem a cautela proposta pelo advogado e sem o “esclarecimento” convincente das dúvidas levantadas por um dos Conselheiros, gerou elevado prejuízo à Companhia.

O juízo da equipe de auditoria é no sentido de que os fatos ora relatados configuraram irregularidades que acarretaram dano ao patrimônio da Terracap e, via de conseqüência, da União, advindos de desapropriação indevida de um imóvel dado em pagamento com defeito oculto e pagamento de impostos retroativos e de transmissão que não seriam devidos pela Terracap. Estando devidamente apurados os fatos; devidamente identificados os responsáveis; devidamente quantificados os danos, inclusive as datas em que ocorreram, devem ser adotadas as providências com vistas ao imediato ressarcimento aos cofres da Terracap.

Ainda no entender da equipe de auditoria, considerando que o Sr. Antônio Corradi, a Srª Maria Lêda Sampaio de Carvalho Galvão, Chefe da Seção de Contencioso – SETEN/DIJUR, e o Chefe da Divisão Jurídica, Sr. Ronaldo Márcio do Valle contribuíram diretamente com os fatos, quando deveriam ter sido intransigentes na defesa dos interesses da Companhia, eles devem ser chamados em audiência para apresentar justificativas para sua atuação. Destaque-se que ele foi um dos conselheiros da Terracap que, ao final de 1994, autorizou a dação em pagamento do imóvel em comento pelo valor de R$ 409.998,00 à Empresa Vale do Simental.

Finalmente, a ausência de interesse público a justificar a urgência atribuída à desapropriação constitui ofensa aos princípios constitucionais da moralidade, da impessoalidade e da economicidade. Tendo sido praticado por Governador, está caracterizada a prática de improbidade administrativa, cujo esclarecimento e providências a serem adotadas é da competência do Ministério Público Federal.

1.3 Desapropriação de parcelas da gleba 4 do Núcleo Rural Alexandre Gusmão (vol. principal, fls.  106/112 e 190/205 – Anexo III do Relatório de Auditoria)

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, com vistas à exploração agrícola de uma área que lhe pertencia, implantou o Projeto Integrado de Colonização – PIC Alexandre Gusmão/DF, e alienou as terras aos agricultores interessados, transferindo-lhes “todo o domínio, direito, ação e posse que tem sobre o imóvel, com as ressalvas constantes deste instrumento”. As ressalvas se constituíam na obrigação de pagar as parcelas anuais advindas da alienação, com condição resolutiva, e à exploração exclusivamente agropecuária (vol. 28, fls. 2/3v).

No presente tópico, o Relatório de Auditoria examinou o processo de desapropriação das parcelas 479/484, 495, 495-A, 495-B e 496 da gleba 4 do Projeto Integrado de Colonização Alexandre de Gusmão – PIC Alexandre Gusmão, do INCRA, que haviam sido alienadas aos senhores Tomaz Ikeda, Takeo Ikeda e outros. As desapropriações foram efetivadas pelo Decreto/DF nº 13.089, de 19/03/91, expedido pelo Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz, que declarou toda a área como de utilidade pública e declarou a urgência da desapropriação, ao fundamento da necessidade de instalar o Distrito Industrial de Taguatinga/Ceilândia e expandir o Setor de Materiais de Construção de Ceilândia, já planejados e registrados anos antes. Segundo o Relatório de Auditoria, esses fundamentos se revelaram improcedentes.

O pagamento da desapropriação, feito pela Terracap, no caso da parcela 4-495B, ocorrido em 10/03/92, se deu com base em valor correspondente a, no mínimo, 44,60 vezes o valor de sua avaliação, e no caso das parcelas 4-495 e 4-495A, ocorrido em 18/03/94, com base em valor correspondente a, no mínimo, 23,21 vezes o valor total de suas avaliações.

Os fatos mais relevantes constatados nessa desapropriação são os seguintes:

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a) a desapropriação promovida pelo Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz, por meio do Decreto/DF no 13.089/91, que declarou toda a área como de utilidade pública para desapropriação e declarou a urgência da desapropriação, implicando no pagamento de indenizações pela Terracap, abrangia área muita maior do que a necessária para implantar o Setor Industrial de Taguatinga/ Ceilândia, que incidia apenas sobre as parcelas 4-495A e 4-495B, além de não ser afetada pelo Setor de Materiais de Construção de Ceilândia.

b) O Engº Dalmo Alexandre Costa, Gerente de Avaliação da Terracap, elaborou, em 14/06/91, Laudo de Avaliação atribuindo o valor total das propriedades, incluídas as benfeitorias, de Cr$ 215.597.141,00 (vol. 28, fls. 16/27).

c) No decorrer do processo de desapropriação, o Sr. Assis Ikeda vendeu, em 07/08/91, por meio de uma operação triangular, a parcela 4-495-B ao Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar, por Cr$ 2.000.000,00. Este, em 01/10/91, pleiteou junto à Terracap uma indenização desapropriatória no valor de Cr$ 2.328.658.600,00, correspondente a 1.164 vezes o valor supostamente pago a Assis Ikeda, havia menos de 2 meses, com a justificativa de que a área fora transformada em um loteamento urbano.

d) Em 13/02/92, o Conselho de Administração da Terracap aprovou o relatório apresentado pelo Sr. Humberto Ludovico de Almeida Filho, Presidente da Terracap, e autorizou a “indenização de acordo com o uso indicado pelo EIA/RIMA para cada uma das glebas”, fixando “para as glebas 495-A e 495-B abrangidas pela expansão do Setor Industrial o valor apurado na avaliação judicial e para as demais sobre as quais pesam restrições ambientais, 60% (sessenta por cento) do valor apurado na mesma avaliação.” (vol. 28, fl. 88), o que propiciou o pagamento de indenização em valor muito superior ao anteriormente avaliado, uma vez que as terras foram avaliadas como urbanas, o que não era verdade, visto tratar-se de gleba rural comercializada pelo INCRA.

e) A parcela 4-495-B, cujo valor de avaliação era de Cr$ 18.318.770,00, em 14/06/91, correspondentes a Cr$ 93.914.081,24, segundo os cálculos do Sistema Débito do TCU (vol. 29, fl. 190), em 10/03/92, foi indenizada, nesta última data, pelo valor de Cr$ 4.188.370.544,00, por meio de imóveis dados em pagamento e dinheiro, valor 44,60 vezes superior ao avaliado inicialmente. Os imóveis dados em pagamento receberam desconto de 8% em sua avaliação, sem respaldo legal.

f) Em 10/03/92, foram lavradas as Escrituras de Desapropriação e de Dação em Pagamento, assinadas pelos diretores Presidente e Comercial da Terracap, mas não foi encontrada, nos processos analisados, a homologação judicial do acordo ou qualquer decisão judicial.

g) De forma semelhante, em 28/09/93, o Sr. Wagner Sarkis, Diretor Comercial da Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda., informou à Terracap que havia adquirido, em 25/05/93, 100% da parcela 4-495 e 63,1860% da parcela 4-495-A, de Takeo Ikeda e outros, pelo valor total de Cr$ 55.000.000.000,00, dando em pagamento diversos imóveis que compõem o Garvey Apart Hotel. Informou ainda Sr. Wagner Sarkis que aceitaria o acordo amigável para venda à Terracap dessas parcelas, com base na avaliação feita em 01/08/92, constante de um laudo pericial de 02/10/92, limitados os valores das terras, proporcionalmente às suas áreas, a 60% e 100%, respectivamente, do valor pago pela parcela 4-495-B.

h) Em 18/03/94, foi assinado o Termo de Transação entre os diretores Presidente e Comercial da Terracap e os senhores Wagner Sarkis, pela Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda., Tomaz Ikeda e esposa.

i) A parcela 4-495 valia, no máximo, Cr$ 45.557.470,92 (= terra nua: Cr$ 16.019.839,00 + benfeitorias: Cr$ 29.537.631,92) e a parcela 4-495-A, no máximo, Cr$ 18.449.340,00, totalizando Cr$ 64.006.810,92, em 14/06/91, valor correspondente, segundo os cálculos do Sistema Débito do TCU, a CR$ 148.606.347,86, em 18/03/94 (vol. 29, fl. 191). Porém, foram pagos, nesta última data, CR$ 3.448.403.861,60, por meio de quitação de dívidas e imóveis dados em pagamento, valor 23,21 vezes superior ao avaliado inicialmente. Os imóveis dados em pagamento receberam desconto de 8% em sua avaliação, sem respaldo legal.

j) Em 25/03/94, o Juiz Ariel Rey Ortiz Olstan homologou, por sentença, a transação efetuada entre Terracap, Wagner Empreendimentos Imobiliários, Tomaz Ikeda e mulher, extinguindo a relação processual, com julgamento de mérito, porém sem expedir qualquer obrigação aos contratantes.

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k) Perícia efetuada pela Terracap, em 26/07/02, a pedido da equipe de auditoria, constatou que as áreas estão sem a utilização planejada, existindo, tão-somente, rede de esgoto, sendo que suas ruas não passam de desmatamentos de capim, sem captação de água pluvial, meio fio ou sinalização, servindo de pastagem para os animais dos carroceiros que catam papelão, e existindo apenas três empresas efetivamente ocupando uma das quadras do Setor Industrial, o que demonstra a falta de interesse público e de urgência na desapropriação da área.

Em conclusão, no tocante a esse ponto, a proposta da equipe de auditoria é no sentido de que o Tribunal, tendo em conta que se configurou a ocorrência de irregularidades de que resultaram prejuízos à Terracap e, via de conseqüência, à União, componha processos em apartado de tomadas de contas especiais, com vistas à citação dos responsáveis, para que, solidariamente, apresentem alegações de defesa e/ou recolham aos cofres da Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap, os valores decorrentes dos danos relacionados às desapropriações das parcelas da Gleba 4 do Núcleo Rural Alexandre Gusmão.

Propôs ainda a equipe de auditoria, com base no art. 71, inciso XI, da Constituição Federal, e art. 41, § 2o, da Lei nº 8.44392, o encaminhamento à Procuradoria da República no Distrito Federal de cópia das peças relacionadas aos fatos, bem como dos Relatório e Voto do Ministro-Relator e da Decisão que for adotada, para que aquele órgão adote as providências que entender cabíveis, tendo em conta a assinatura pelo Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz do Decreto/DF nº 13.089, de 19/03/91, promovendo a desapropriação de parcelas rurais, sem que se configurasse o interesse público e a urgência declarada.

1.4 Desapropriação de partes da Fazenda Monjolos (vol. principal, fls. 112/118 e 206/243 – Anexo IV do Relatório de Auditoria)

O Relatório de Auditoria analisou os procedimentos desapropriatórios de um quinhão de 307,57 hectares da Fazenda Monjolos, denominado Chácaras Monteiro, situado na Região Administrativa de Planaltina, integrante das terras que constituem a Reserva Biológica de Águas Emendadas, tendo sido a desapropriação autorizada pelo Decreto/DF nº 6.004, de 10/06/81. O citado quinhão foi parcelado irregularmente pela Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., controlada por Carlos Henrique de Almeida, que ainda detinha a propriedade da maior parte das 106 pequenas glebas em que se transformou.

A ação de desapropriação do mencionado quinhão foi proposta em 02/07/86, e o depósito judicial de Cz$ 16.762.402,37 foi efetuado em 23/10/86. A imissão na posse em favor da Terracap foi deferida em 04/12/86 e publicada em 11/12/86. Embora a Terracap já tenha efetuado diversos pagamentos em dinheiro e em dação em pagamento de imóveis localizados em áreas nobres do Distrito Federal, a questão permanece sem solução.

O Sr. Carlos Henrique de Almeida só possuía 145,2 hectares, adquiridos de Antônio Lopes do Nascimento e Manoel do Nascimento Santos, oriundos da legítima parte de Viriato de Castro, como condômino da Fazenda Monjolos. Não há nenhum outro documento que sugira ter o Sr. Carlos Henrique adquirido o restante da área de 307,57 hectares desapropriados pelo valor total de Cr$ 467.908.957,66, na data de 25/07/90.

Aliado a isso, constatou-se a celebração de acordo de indenização de área de 178,6520 hectares, quando na escritura constava apenas 102,7378 hectares, o que permitiu o domínio da MINA sobre 75,9142 hectares já desapropriados, possibilitando àquela empresa pleitear judicialmente o pagamento complementar de indenização, dizendo-se proprietária dessa área.

Dentre outras situações irregulares, o Relatório de Auditoria constatou o pagamento de nova indenização a expropriados que já haviam sido indenizados, o pagamento de indenização a Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. por áreas pertencentes a outros proprietários, dações em pagamento com desconto ilegal de 8% sobre o valor dos imóveis dados e emissões de cartas de créditos a pessoas não habilitadas no processo de desapropriação.

Os fatos mais relevantes constatados nessa desapropriação são os seguintes:

a) a Terracap indenizou 307,57 hectares, quando a área a ser desapropriada era de 145,2 hectares, uma vez que o Sr. Carlos Henrique de Almeida só adquiriu de Antônio Lopes do Nascimento e Manoel do Nascimento Santos essa

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metragem, conforme consta da matrícula do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis, deixando transitar em julgado a decisão sobre ação de desapropriação, sem ter interposto recurso;

b) Celebração de acordo, em 07/03/94, que resultou em duas escrituras públicas de desapropriação amigável. A que trata da desapropriação amigável com a MINA (102,7378ha) foi lavrada em 1º/09/94, e a relativa aos outros doze expropriados (33,9630ha) foi lavrada em 12/12/94, que totalizavam os 145,2 hectares adquiridos inicialmente pela MINA.

c) A escritura relativa às glebas da empresa MINA apresenta grave erro em relação ao total da área desapropriada, haja vista que contemplou tão-somente 102,7378 ha, apesar de ainda restarem 178,6520 ha da gleba maior em poder dessa empresa, determinada pela Justiça, mantendo indevidamente sob o domínio da MINA 75,9142 hectares já desapropriados, o que resultou em novo pedido de indenização.

d) Nos cálculos da indenização paga à MINA, foram indevidamente incluídos os valores referentes aos laudos judiciais que tratam de glebas pertencentes aos expropriados Roberto Vaccaro Morsoleto, Antônio Aracy Câmara Pimentel e Francisco das Chagas Elói de Souza, cujas indenizações somavam Cr$ 8.141.309,98 na data base de 25/07/90. Essa importância, se atualizada pelos critérios da sentença judicial, chegaria a R$ 214.782,75 em 30/12/94. Esse valor representa o prejuízo da Terracap, nessa data, por ter a sua Administração se omitido ao não impugnar os cálculos da Contadoria de Justiça, que incluiu indevidamente os valores dos citados laudos na indenização à MINA.

e) Para implementar o cumprimento do acordo e seus termos aditivos, 38 imóveis foram dados em pagamento, dos quais 33 (trinta e três) integraram a Escritura Pública de Dação em Pagamento lavrada em 01/07/94 e 5 (cinco) integraram a lavrada em 30/12/94. Foi constatado que os valores pelos quais os imóveis foram dados são inferiores aos constantes dos respectivos laudos de avaliação, devido ao desconto de 8% (oito por cento) concedido pela Administração da Terracap sobre o valor dos imóveis objeto da dação, o que totalizou R$ 439.710,48 na primeira escritura (01/07/94) e R$ 198.190,40 na segunda (30/12/94).

f) Em 22/11/01, Antônio Augusto Huebel Rebello e outros, expropriados, por intermédio de advogados, alegando que “a importância levantada pelo Advogado Uracy Gaspar Bosque não pode ser creditada ao exeqüente, porque este não outorgou procuração ao advogado [Dr. Uracy]”, requereram à Procuradoria Jurídica da Terracap que, ao invés de a Companhia depositar na conta do Dr. Uracy os R$ 1.945.141,76, relativos ao valor da 3ª parcela constante do acordo acima, separasse e entregasse o montante devido aos requerentes, como pagamento da parte que lhes era devida. Em função desse fato, o valor relativo à indenização do Sr. Huebel teria que ser excluído do valor total a ser pago por conta do acordo, o que não ocorreu e acabou por causar prejuízo de, no mínimo, R$ 352.795,48, em 26/06/02, e R$ 275.304,00, em 21/08/02.

g) Em 25/04/02, foi emitida uma carta de crédito no valor de R$ 3.261.398,24 em favor de diversos expropriados (todos representados pelo Advogado Uracy Gaspar Bosque) “para ser utilizada na aquisição, via licitação, de tantos quantos bens imóveis necessários bastem para sua liquidação, valendo a mesma como instrumento de pagamento dos valores que representem as liquidações constantes do processo e nos limites da Decisão exarada.” . Entretanto, a carta de crédito incluiu expropriado já indenizado (José Vieira da Silva), e apresenta valor de R$ 1.835.985,93, ultrapassando em R$ 1.425.412,31 (77,64%) o montante calculado conforme determina a decisão judicial. Embora o prejuízo não tenha se consolidado, em razão de a mencionada carta de crédito ainda não ter sido utilizada, houve a assunção do compromisso e a caracterização de ato antieconômico para a Companhia, por parte de seus administradores, podendo resultar em futuro dano.

h) Em 25/04/02, foi emitida uma carta de crédito no valor de R$ 1.498.427,97 em favor de Isaura Sameshima Silva e Shozi Sameshima (representada pelo Advogado Uracy Gaspar Bosque), que se diziam expropriados integrantes da Ação de Desapropriação nº 11.623/86 “para ser utilizada na aquisição, via licitação, de tantos quantos bens imóveis necessários bastem para sua liquidação, valendo a mesma como instrumento de pagamento dos valores que representem as liquidações constantes do processo e nos limites da Decisão exarada.”. Entretanto, a Srª Isaura Sameshima Silva e Shozi Sameshima não lograram habilitar-se no processo de desapropriação em foco, haja vista que o Acórdão nº 62.805, transitado em julgado em 23/04/93, sentencia “Apelam da Sentença também Isaura Sameshima Silva e Shoji Sameshima, alegando que são compromissários compradores de um lote no local e sua habilitação não

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foi aceita”. Já o laudo judicial nº 33 informa que a gleba 07 da quadra 04 pertencia à MINA/Carlos Henrique de Almeida e era ocupada pela Srª Sameshima. Por isso, a indenização referente a esse laudo foi paga à MINA, como comprova a informação constante na folha 168 do volume 40. Portanto, foi indevida a emissão da citada carta de crédito, que, se vier a ser utilizada, caracterizará pagamento em duplicidade em prejuízo da Terracap.

i) Além disso, o valor da mencionada carta é quase cinco vezes o montante a que chegaria a indenização relativa à gleba de que trata o laudo nº 33, atualizada e acrescida de todos os encargos estipulados na Sentença Judicial, incluídos os honorários advocatícios. Isso significaria um montante de R$ 308.861,77 contra uma carta de crédito de R$ 1.498.427,97, ou seja, caso a indenização fosse devida, a carta de crédito estaria ultrapassando em, no mínimo, R$ 1.189.566,20 (385,15%) o valor calculado conforme a Sentença Judicial. Ainda que o prejuízo não tenha se consolidado, em razão de a mencionada carta de crédito ainda não ter sido utilizada, houve a assunção do compromisso e a caracterização de ato antieconômico para a Companhia, por parte de seus administradores, podendo resultar em futuro dano.

Em conclusão, no tocante a esse ponto, a proposta da equipe de auditoria é no sentido de que o Tribunal, tendo em conta que se configurou a ocorrência de irregularidades de que resultaram prejuízos à Terracap e, via de conseqüência, à União, componha processos em apartado de tomadas de contas especiais, com vistas à citação dos responsáveis, para que, solidariamente, apresentem alegações de defesa e/ou recolham aos cofres da Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap, os valores decorrentes dos danos relacionados às desapropriações da Fazenda Monjolos.

Propôs ainda a equipe de auditoria, com base no com base no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, combinado com o art. 194, inciso III, do RI/TCU, a audiência dos responsáveis pelos diversos fatos acima mencionados que, embora não configurando ainda dano ao erário, se revelaram irregulares.

II – GRILAGEM DE TERRAS PÚBLICAS NO DISTRITO FEDERALA questão da grilagem de terras foi analisada de forma abrangente pela equipe de auditoria. O Relatório de

Auditoria examinou não apenas a dimensão atinente às irregularidades na ocupação de terras públicas, mas também as conseqüências para o meio ambiente advindas do parcelamento e do uso desordenado do solo, resultado da proliferação desenfreada de condomínios, vilas e núcleos rurais, e, com estes, dos desmatamentos, da agressão aos mananciais, da impermeabilização do solo em áreas de recarga e dos conseqüentes processos erosivos e de assoreamento (vol. principal, fls. 118/124 e 254/353 – Anexos VII a IX).

Como mencionado no Relatório de Auditoria, a área em que se situa o Distrito Federal era constituída por diversas fazendas de domínio particular. A Lei nº 2.874/56, que dispôs sobre a mudança da Capital Federal, no seu art. 24, ratificou, “ para todos os efeitos legais, o Decreto nº 480, de 30 de abril de 1955, expedido pelo Governador do Estado de Goiás, e pelo qual foi declarada de utilidade e de necessidade públicas e de conveniência de interesse social, para efeito de desapropriações”, a área escolhida para constituição do Distrito Federal no Planalto Central. A Lei dispôs ainda que as desapropriações iniciadas poderiam continuar delegadas ao Governo de Goiás ou ser feitas diretamente pela União. Assim, a partir do primeiro semestre de 1955 foram realizadas diversas desapropriações, com vistas à construção da Nova Capital.

Entretanto, devido à precariedade dos títulos dominiais de diversas propriedades, a desapropriação total do território do Distrito Federal não pôde ser concluída, restando áreas particulares imiscuídas às públicas, inclusive áreas de propriedade comum particular/pública, situação que deu origem a sérias dificuldades para verificação e localização das propriedades públicas, na maioria das áreas do DF. Essas dificuldades, aliadas às restrições de utilização de áreas do Plano Piloto, estimularam a proliferação de grande especulação imobiliária, lastreada, principalmente, na necessidade de moradia e no elevado poder aquisitivo da população local, e propiciaram o surgimento da figura do loteador clandestino, o grileiro, que constitui ilegalmente loteamentos (irregulares), tanto em áreas particulares quanto em áreas públicas, disponibilizando lotes por valores muito inferiores aos praticados pelo mercado em áreas legalizadas.

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O relatório da CPI da Grilagem da Câmara Legislativa do Distrito Federal demonstrou que os principais mecanismos utilizados na grilagem de terras públicas são os seguintes: deslocamento de títulos; forja de sucessores; apresentação de diversas petições de inventário para o mesmo de cujus; utilização de documentos vencidos de cadeias dominiais; cessão de direitos hereditários já inexistentes; aposição de escritos nas folhas em branco dos livros cartorários; aquisição de direitos hereditários inexistentes; e utilização do instituto do interdito possessório sobre terras públicas.

Dessa forma, aproveitando-se de falhas no sistema de registros cartorários que tornam as fraudes difíceis de serem detectadas, tem sido possível a criação de áreas particulares sobre áreas públicas, utilizadas para comprovar a propriedade de diversos loteamentos irregulares no Distrito Federal.

A equipe de auditoria analisou detalhadamente a questão do parcelamento do solo com objetivo de gerar subsídios para propostas que visem a desestimular ou bloquear as ações que possam vir a causar perdas para a Terracap. Essas perdas decorrem do fato de que o parcelamento irregular de área rural, com objetivo de propiciar a instalação de condomínios para fins habitacionais e comerciais, tem reflexos negativos no patrimônio da Terracap, já que a empresa fica com seus projetos imobiliários comprometidos, devido a aspectos de limitação da infra-estrutura urbana disponível e desvalorização de seus imóveis por conta da concorrência.

Ao longo dos trabalhos de auditoria foi verificada a existência de diversos loteamentos irregulares em terras da Terracap e da União. As aerofotografias acostadas aos autos mostram com clareza a localização desses em áreas já desapropriadas pelo Poder Público (vol.18, fls. 64/67). A seguir mencionam-se alguns dos casos mais significativos, evidenciando que praticamente todas as regiões do Distrito Federal foram afetadas pelo esquema de grilagem.

Próximo a Sobradinho foram instalados em terras da Terracap parte do Condomínio Império dos Nobres e o Condomínio RK, a ser analisado no tópico seguinte.

Na região do Lago Sul, encontram-se os condomínios próximos à ESAF, que se situam em áreas da Fazenda PAPUDA, desapropriada e de propriedade da Terracap, apesar de muitos acreditarem que se trata da Fazenda TABOQUINHA, vizinha à área. Há ainda o CONDOMÍNIO SOLAR DE BRASÍLIA, também localizado em área da Terracap e intensamente comercializado nos classificados de imóveis, grande parte envolvendo o método de grilagem com deslocamento de títulos particulares, mas também com parte envolvendo invasão clandestina de área pública decorrente da expansão dos condomínios instalados.

Ainda no Lago Sul, próximo à Ermida Dom Bosco, o CONDOMÍNIO VILLAGES ALVORADA, que ocupa área pública da Fazenda PARANOÁ, de propriedade da Terracap, grilado por meio de direitos hereditários falsos combinado com deslocamento de títulos.

Partindo-se em direção noroeste, próximo à Floresta de Brasília, instalou-se o loteamento LAGO OESTE, em terras da UNIÃO na antiga Fazenda CONTAGEM SÃO JOÃO, área de proteção de mananciais de incogitável ocupação. Compartilhando a área também está parte do Condomínio Mansões Colorado, encravado na área de captação de águas da CAESB. Também área da UNIÃO, a Fazenda Sálvia apresenta ocupação urbana irregular pouco após a segunda entrada de Sobradinho. As ocupações em áreas da UNIÃO já foram, inclusive, levantadas pela SPU, conforma se observa nos croquis presentes no vol. 63, fls. 109/112.

Estas grilagens representam apenas uma ínfima amostra do que ocorre no Distrito Federal. Atualmente, podem ser encontrados nos classificados de jornais anúncios de loteamentos que nem existiam à época da CPI da Grilagem, mostrando que a atividade vem crescendo, inclusive com a comercialização de novas etapas nos condomínios grilados já existentes e denunciados pela CPI.

2.1 Grilagem de terras públicas que permitiu a instalação do Condomínio Residencial Rural RK (vol. principal, fls. 122/124 e 333/353 – Anexo IX do Relatório de Auditoria)

O Relatório de Auditoria analisou o processo de divisão amigável executado pela Terracap, com a participação de membros do Grupo Executivo de Regularização Fundiária do Distrito Federal, instituído pelo Decreto/DF 15.775/94 e presidido pelo Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz.

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No referido processo de divisão amigável, constatou-se que a Terracap celebrou, após anuência do Grupo Executivo mencionado, contrato transferindo gratuitamente para a propriedade de particulares 72 alqueires de terras na Fazenda Sobradinho (ou Paranoazinho), sendo que tais terras já haviam sido desapropriadas, tendo a Terracap, inclusive, registro em cartório do imóvel como sendo de sua propriedade exclusiva.

Sobre tais terras, acabou sendo instalado o Condomínio Rural RK, com cerca de 2133 lotes urbanos, boa parte, atualmente, ocupados, causando prejuízos diretos à Companhia.

Os fatos mais relevantes constatados no processo de transferência das terras são os seguintes:a) em 02/06/92, o Sr. Carlos Victor Moreira Benatti, apontado pela CPI da Grilagem de Terras do DF como

sendo preposto de Pedro Passos Jr., proprietário da Bemvirá Contruções e Incorporações, atual Lumiar Empreendimentos Imobiliários S.A., registrou Escritura Pública Declaratória de Direitos, Obrigações e Utilização de Área Rural em Condomínio, por meio da qual constituiu o Condomínio Residencial Rural RK, ocupando uma área total de 148,8895ha. Conforme ata de sua primeira assembléia-geral ordinária, registrada em cartório, o Condomínio Residencial Rural RK foi constituído de fato em 23/06/92.

b) Em 25/10/94, Carlos Victor Moreira Benatti, juntamente com o Condomínio Residencial Rural RK e Maria Cassiano da Silva, estes dois últimos, que haviam adquirido de Carlos Benatti parte da área de 72 alqueires pleiteada, requereram ao Grupo Executivo de Trabalho criado pelo Decreto/DF 15.775/94 a divisão amigável de 72 alqueires (348,48ha) de terras particulares em comum com a Terracap. Em 01/11/94, o Sr. Cleomar Rizzo Esselin, Coordenador do Grupo referido, encaminhou o processo à Terracap, para exame da solicitação, autorizando a divisão amigável, desde que atendidas as exigências legais.

c) Em 07/11/1994, o Sr. Adelino de Souza Marinho, da Seção de Defesa e Regularização Fundiária da Terracap, apresentou relatório afirmando que as terras pleiteadas eram particulares e estavam em condomínio com terras da Terracap, ignorando a existência de qualquer desapropriação dessas terras ocorrida anteriormente.

d) A divisão amigável foi autorizada pela Diretoria Colegiada da Terracap em 07/11/94. Na mesma data, o Presidente do Grupo de Trabalho e Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz, por meio do despacho 019/94, declarou-se ciente da decisão e determinou a restituição dos autos à Terracap, para formalização. Em 10/11/94, foi celebrada a Escritura Pública de Divisão Amigável, entre a Terracap e os Sr. Carlos Victor Moreira Benatti, Maria Cassiano da Silva, Rivaldo Gomes Leite, Vinicio Jadiscke Tasso e Vera Lucia de Paiva Guedes. Incluindo-se o dia da entrada do requerimento ao Grupo Executivo e o da Escritura, a análise e a resolução da questão foram providenciadas no curtíssimo intervalo de 12 dias úteis.

e) Constatou-se que esses 72 alqueires da Fazenda Sobradinho (ou Paranoazinho) já haviam sido desapropriados pelo Poder Público e eram de propriedade da Terracap. A área foi desapropriada pelo Estado de Goiás, conforme Escritura Pública de Compra e Venda registrada no Cartório de Registro de Imóveis de Planaltina-GO, em 14/11/56, com posterior transferência à UNIÃO, com simultânea incorporação à Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil- NOVACAP, consoante a Escritura registrada no Cartório de Imóveis de Planaltina-GO, em 17/05/57 (certidões constantes do vol. 55, fls. 119/120v).

f) Além disso, a referida área foi registrada em 02/09/92, tendo como transmitente a NOVACAP e como adquirente a Terracap, conforme documento emitido pelo Cartório do 3º Ofício do Registro de Imóveis do Distrito Federal (vol. 55, fl. 121), obtido após petição da Terracap, de 22/06/92, assinada pelo Presidente da Companhia, Dr. Humberto Ludovico de Almeida Filho (vol. 55, fls. 116/118). Ou seja, o Presidente que fez a divisão amigável foi o mesmo que anteriormente abriu a matrícula da área em favor da Terracap e, portanto, sabia que ela já tinha sido integralmente desapropriada.

g) A gleba de terras que se alegava ser de propriedade de particulares tinha origem em duas escrituras públicas. A primeira, registrada com data falsa de 31/03/1941, lavrada no Cartório de Registro de Imóveis de Planaltina de Goiás (vol. 54, fl. 73), relativa a uma venda de 72 alqueires (348,48 hectares), ocorrida em 1939, por escritura de compra e venda de Joaquim Marcelino de Souza para Osvaldo Ribeiro de Moura (vol. 53, fls. 192/193), e nunca levada a registro nos Ofícios Cartorários do Distrito Federal. A segunda, registrada no Cartório do 1o Ofício de Registro de Imóveis de

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Água Fria/GO (vol. 54, fls. 71/72-v), relativa à venda da gleba de Osvaldo Ribeiro de Moura para Carlos Victor Moreira Benatti, ocorrida em 07/07/94, cerca de dois anos após o início da implantação do Condomínio RK.

h) Em 07/06/2000, Laudo de Exame Documentoscópico elaborado por Peritos Criminais do Instituto de Criminalística do Distrito Federal, contatou que a escritura de compra e venda de Joaquim Marcelino de Souza para Osvaldo Ribeiro de Moura era falsa.

i) O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios ajuizaram, na 3a Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa c/c Ação Civil Pública de Anulação e Cancelamento de Registros Imobiliários a fim de reparação dos danos causados ao patrimônio da Terracap, e conseqüentemente da União, fruto da referida divisão amigável.

Em conclusão, no tocante a esse ponto, a proposta da equipe de auditoria é no sentido de que o Tribunal com base no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/92, combinado com o art. 194, inciso III, do RI/TCU, promova a audiência dos responsáveis abaixo relacionados, para que apresentem, no prazo de quinze dias a contar da notificação, razões de justificativa pela promoção de divisão amigável irregular de 72 alqueires de terras na Fazenda Paranoazinho, terras essas anteriormente desapropriadas e já de domínio da Terracap, em benefício de particulares, o que viabilizou a instalação de um condomínio irregular na área (Condomínio RK).

Responsáveis solidários:Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da TerracapAlexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da TerracapCláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna – ex-Diretor Administrativo da TerracapJosé Gomes Pinheiro Neto – Diretor Técnico da TerracapCleomar Rizzo Esselin – Coordenador do Grupo de Trabalho de Regularização Fundiária – GTRFJoaquim Domingos Roriz – Presidente do Grupo de Trabalho de Regularização Fundiária – GTRF eAdelino de Sousa Marinho – engenheiro agrimensor da Terracap.

O Diretor da 2ª Divisão Técnica da 2ª Secex, Analista Arsenio Dantas, propugnou pelo acolhimento das propostas preliminares da equipe de auditoria (vol. principal, fls. 392/3).

O Secretário de Controle Externo, Analista Eduardo Dualibi Murici, no tocante às propostas preliminares alvitradas, firmou posição nos termos seguintes (vol. principal, fls. 395/406):

“9. De tudo isso, o que fica evidente é a inadequação da política fundiária praticada no Distrito Federal, com resultados direta e indiretamente prejudiciais à União.

10. Os prejuízos diretos decorrem da “grilagem” de terras públicas federais, em geral para a implantação de condomínios. O Anexo XII do Relatório traz um panorama preliminar da situação, traçado a partir de informações colhidas junto à Gerência Regional do Patrimônio da União no Distrito Federal – GRPU/DF, e aponta como invadidos os seguintes imóveis da União: Fazenda Contagem São João (onde foram instalados os condomínios Bela Vista e Lago Azul, Vila Basevi e Núcleo Rural Lago Oeste, na região administrativa de Sobradinho), Fazenda Sálvia, Fazenda Palma e Rodeador, Colônia Agrícola Vicente Pires, Condomínio Itapuã e Fazenda Sucupira.

11. Todavia, tendo em vista a extensão da matéria, a equipe sugere que a análise minuciosa dessa questão se dê quando da fiscalização na Secretaria do Patrimônio da União, a ser realizada, nos termos da Decisão nº 295/2002 TCU – Plenário, no primeiro semestre de 2003, oportunidade em que seriam avaliadas as ações da GRPU no âmbito do DF. Para tanto, apartar-se-iam os volumes 63 a 67 dos presentes autos, para fins de futura juntada ao processo da referida auditoria.

12. Já no tocante aos prejuízos indiretos – decorrentes das perdas impostas ao patrimônio da Terracap e, por conseguinte, objeto de citação dos respectivos responsáveis – foram apontados os seguintes valores:

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PREJUÍZOS CAUSADOS À TERRACAP(valores atualizados até 30/09/2002)

I – FAZENDA VALE DO SIMENTAL

RESPONSÁVEIS3.1.1 VALORORIGINAL (R$) DATA

VALOR ATUALIZADO(R$)

-Alexandre Gonçalves-Antônio Corradi-Antônio Fábio Ribeiro-Atarcisio Antônio de Andrade-Dalmo Alexandre Costa-Dom Geraldo de Ávila-Humberto Ludovico de Almeida Filho-Nélson Luiz de Andrade Correa-Paulo Janot Borges

416.010,03 09/09/1994 1.592.831,73

450.000,00 13/09/1994 1.722.973,04400.000,00 06/10/1994 1.499.321,22400.000,00 18/10/1994 1.499.321,22400.000,00 26/10/1994 1.499.321,2281.000,00 28/11/1994 296.416,69

3.360.000,03 26/08/1999 5.712.905,67

-Alexandre Gonçalves-Antônio Corradi-Antônio Fábio Ribeiro-Atarcisio Antônio de Andrade-Dom Geraldo de Ávila-Humberto Ludovico de Almeida Filho-Nélson Luiz de Andrade Correa-Paulo Janot Borges

1.267.377,87 26/08/1999 2.154.883,97

-Alexandre Gonçalves-Antônio Corradi-Antônio Fábio Ribeiro-Dom Geraldo de Ávila-Humberto Ludovico de Almeida Filho-Marcos Oliveira Cordeiro-Paulo Janot Borges

106.956,00 01/12/1994 378.205,17

3.2 Subtotal 16.356.179,83

II – SPM/N

-Alexandre Gonçalves-Alexis Stepanenko-Bonifácio Borges da Silva-Dalmo Alexandre Costa-Ildeu de Oliveira-José Arnaldo Canabrava Rodrigues-José Edmilson Barros de Oliveira Neto-José Gomes Pinheiro Neto-Ricardo Lima Espíndola

72.782,00 25/10/1999 121.942,4685.812,91 25/10/1999 143.775,082.986.529,46 03/11/1999 4.980.346,95 8.200,00 16/11/1999 13.636,91

114.965,48 27/02/2002 128.309,80

3.3.Subtotal 5.388.011,20

III – PIC ALEXANDRE GUSMÃO

-José Roberto Arruda-Humberto Ludovico de Almeida Filho-Ivelise M. Longhi Pereira da Silva-Inêz Maria Santos Sá Araújo-Aidano José Faria-João Pelles-Dom Geraldo de Ávila-Renato Araújo Malcotti

2.925.525.838,76* 10/03/1992 8.151.188,76 122.085.878,23* 27/03/1992 299.192,04 382.963.662,48* 30/04/1992 760.720,86 472.044.138,77* 03/06/1992 734.546,74

545.946.314,45* 26/06/1992 729.992,11

-Humberto Ludovico de Almeida Filho-Renato Araújo Malcotti,

253.662.080,00* 10/03/1992 706.760,98

Cont.-José Roberto Arruda-Humberto Ludovico de Almeida Filho-Ivelise M. Longhi Pereira da Silva-Inêz Maria Santos Sá Araújo-Aidano José Faria-João Pelles-Dom Geraldo de Ávila-Alexandre Gonçalves

3.101.141.784,39 **18/03/1994 17.053.157,28

-Humberto Ludovico de Almeida Filho- Alexandre Gonçalves

198.655.729,35** 18/03/1994 1.092.406,49

3.4.Subtotal 29.527.965,26

IV – FAZENDA MONJOLOS

-Humberto Ludovico de Almeida Filho-Alexandre Gonçalves-Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna-José Gomes Pinheiro Neto-Marcos de Oliveira Cordeiro-Atarcísio Antônio de Andrade

214.782,75 30/12/1994 759.489,39

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PREJUÍZOS CAUSADOS À TERRACAP(valores atualizados até 30/09/2002)

I – FAZENDA

RESPONSÁVEIS3.1.1 VALORORIGINAL (R$) DATA

VALOR ATUALIZADO(R$)

-Antônio Corradi-José Maria Rabelo Pereira-Antônio Fábio Ribeiro-João Pelles-Humberto Ludovico de Almeida Filho- Daniel Borges Campos

439.710,48 01/07/1994 1.879.066,03

-Humberto Ludovico de Almeida Filho-Alexandre Gonçalves

198.190,40 30/12/1994 700.817,04

-Eri Rodrigues Varel-Marcus Vinicius Souza Viana de Gonçalves

641.472,89 21/08/2002 652.098,88

3.5 Subtotal 3.991.471,343.6 TOTAL 55.263.627,73

(*) Cr$(**) CZ$

13. Não fosse só isso, restou também evidenciada sucessão de irregularidades no âmbito do alto escalão do Governo do Distrito Federal, com clara conotação de improbidade administrativa, conforme a seguir:

a) Exmo Sr. Governador, Sr. Joaquim Domingos Roriz:

- publicação do Decreto/DF nº 15.532, de 24.03.1994, que declarou a necessidade de desapropriação urgente de gleba da empresa Vale do Simental, sem que tenha ficado configurada a urgência ou o interesse público;

- publicação do Decreto/DF nº 20.241, de 13.05.1999, que declarou a urgência da desapropriação do Lote nº 5 do SPM/N, sem que tenha ficado configurada a referida urgência;

- publicação do Decreto/DF nº 13.089, de 19.03.1991, promovendo a desapropriação de Parcelas da Gleba 4 do Núcleo Rural Alexandre Gusmão, sem que tenha ficado configurada a urgência ou o interesse público.

b) Sr. Odilon Aires, Secretário de Obras do DF: emissão de Certificados de Regularização Fundiária, com ofensa ao art. 50, inciso III, da Lei nº 6.766/79;

(...)

18. Lembramos que as irregularidades ora imputadas aos Sres Joaquim Domingos Roriz (vide item 13 retro) encontram-se também eivadas, a nosso ver, de nítidos traços de desvio de finalidade, espécie do gênero abuso de poder, lembrando, para tanto, as palavras de HELY LOPES MEIRELLES (Direito Administrativo Brasileiro, 16ª edição, pg. 518):

“A finalidade pública, consubstanciada na necessidade ou utilidade do bem para fins administrativos, ou no interesse social da propriedade para ser explorada ou utilizada em prol da comunidade, é o fundamento legitimador da desapropriação. Não pode haver expropriação por interesse privado de pessoa física ou de entidade particular, sem utilidade pública ou interesse social. O interesse há que ser, ou do Poder Público, ou da coletividade beneficiada com o bem expropriado, pena de nulidde da desapropriação.

(...)O desvio de finalidade ocorre, na desapropriação, quando o bem expropriado para um fim é empregado noutro

sem utilidade pública ou interesse social.”.

19. Idêntico raciocínio é aplicável ao Secretário de Assuntos Fundiários, Sr. Odilon Aires, tendo em vista que, ao promover a emissão de Certificados para Regularização Fundiária, contrariou o contido no art. 50, inciso III, da Lei nº 6.766/79, c/c o parágrafo único, inciso I, do mesmo artigo, configurando-se , pos, evidências não só de crime de responsabilidade, como também de abuso de poder.

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20. Assim sendo, afigura-se-nos de rigor o imediato encaminhamento de cópia dos autos ao Ministério Público da União, com vistas à apuração de crime de responsabilidade, nos termos da Lei nº 7.106, de 28.06.1983, e dos arts. 9º e 11 da Lei nº 1.079, de 10.04.1950, e em face das evidências de abuso de poder, nos termos do art. 12 da Lei nº 4.898, de 09.12.1965, c/c o art. 1º da Lei nº 5.249, de 09.02.1967.

21. À guisa de informação, ressalto que, nesta data, em atendimento ao Ofício/MPF/PRDF/LF nº 464, de 1º.10.2002, e nos termos da Portaria nº 48, de 1º/02/2001, c/c a Portaria Normativa SEPRES nº 256/2000, encaminhamos aos Procuradores da República Luiz Francisco F. de Souza e Celso Antônio Três, cópia do relatório de auditoria ora em análise, com vistas à instrução de diversos inquéritos policiais que tramitam na Polícia Federal e diversas ações judiciais referentes ao Condomínio RK. De nossa parte, a despeito da delegação de competência de que trata a Portaria nº 01.GM-LMR, de 01.08.2001 (BTCU nº 55/2001), mas tendo em vista a gravidade dos fatos objeto de investigação, submetemos o assunto à deliberação do Relator, para que este autorize o atendimento da referida solicitação”.

Tendo em vista essas ponderações, a proposta do titular da 2ª Secex é no sentido de que (vol. principal, fls. 399-404):

“I – Com base nos arts. 12, II, e 47, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 197 do Regimento Interno do Tribunal e o art. 30 da Resolução TCU nº 136, determine a constituição, em apartado, das seguintes tomadas de contas especiais, com vistas à citação dos responsáveis arrolados, pelos valores abaixo indicados:

a) desapropriação da Vale do Simental Agropecuária Ltda. (cópia do Relatório de Auditoria e de seu Anexo I, fls. 01/25, 28/31 e 53/60 do vol. 18, e vols. 19 a 24). Responsáveis solidários: Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Antônio Corradi – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/União; Antônio Fábio Ribeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Atarcisio Antônio de Andrade – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dalmo Alexandre Costa – ex-Avaliador e Gerente da GEPEA – DICOM da Terracap; Dom Geraldo de Ávila – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Marcos Oliveira Cordeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Nélson Luiz de Andrade Correa – ex-Membro Efetivo do Cons. de Administração/União e Paulo Janot Borges – ex-Membro Suplente do Conselho de Administração/GDF, pelas importâncias abaixo indicadas, as quais deverão ser atualizadas e acrescidas dos juros legais até a data do seu efetivo recolhimento aos cofres da Terracap;

Valor Original (R$) Data416.010,03 09.09.1994450.000,00 13.09.1994400.000.00 06.10.1994400.000.00 18.10.1994400.000.00 26.10.1994 81.000.00 28.11.1994

3.360.000,03 26.08.1999

b) autorização, promoção e/ou homologação do acréscimo de 14% sobre o valor do laudo de avaliação nº 0290/94, imputando à Terracap um prejuízo no valor de R$ 1.267.377,87 (posição em 26/08/1999). Responsáveis solidários: Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Antônio Corradi – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/União; Antônio Fábio Ribeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Atarcisio Antônio de Andrade – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dom Geraldo de Ávila – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Marcos Oliveira Cordeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração / GDF; Nélson Luiz de

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Andrade Correa – ex-Membro Efetivo do Cons. de Administração/União e Paulo Janot Borges – ex-Membro Suplente do Conselho de Administração/GDF;

c) concessão e/ou homologação do desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos lotes 03, 04 e 05, do SPM/N, imputando um prejuízo à Terracap no valor de R$ 106.956,00 (posição em 01.12.1994). Responsáveis solidários: Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Antônio Corradi – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/União; Antônio Fábio Ribeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dom Geraldo de Ávila – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Marcos Oliveira Cordeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF, e Paulo Janot Borges – ex-Membro Suplente do Conselho de Administração/GDF;

d) desapropriação do lote nº 5, do Setor de Postos e Motéis Norte (cópias do Relatório de Auditoria e de seu Anexo II, dos volumes 25 a 27 e das fls. 01/25 do volume 18), apesar de saber que ele fora dado em pagamento, com defeito oculto, na desapropriação de gleba de terras da Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda. Responsáveis solidários: Alexandre Gonçalves – ex-Presidente da Terracap; Alexis Stepanenko – ex-membro efetivo do Conselho de Administração/União; Bonifácio Borges da Silva – membro efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dalmo Alexandre Costa – ex-Diretor Financeiro da Terracap; Ildeu de Oliveira – ex-Diretor de Oper. Imob. e Des. Econômico da Terracap; José Arnaldo Canabrava Rodrigues – membro efetivo do Cons. de Administração/GDF; José Edmilson Barros de Oliveira Neto – membro efetivo do Cons. Administração/GDF; José Gomes Pinheiro Neto – Diretor Técnico da Terracap, e Ricardo Lima Espíndola – ex-Diretor de Administração e Recursos Humanos da Terracap, pelas importâncias a seguir:

Valor Original (R$) Data2.986.529,46 03.11.1999

8.200,00 16.11.1999

e) pagamento de impostos de transmissão e impostos retroativos referentes ao lote nº 5 do Setor de Postos e Motéis Norte, indevidamente desapropriado. Responsáveis solidários: Alexandre Gonçalves – ex-Presidente da Terracap; Alexis Stepanenko – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/União; Bonifácio Borges da Silva – Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dalmo Alexandre Costa – ex-Diretor Financeiro da Terracap; Ildeu de Oliveira – ex-Diretor de Oper. Imob. e Des. Econômico da Terracap; José Arnaldo Canabrava Rodrigues – Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; José Edmilson Barros de Oliveira Neto – Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; José Gomes Pinheiro Neto – Diretor Técnico da Terracap, e Ricardo Lima Espíndola – ex-Diretor de Administração e Recursos Humanos da Terracap, pelas importâncias a seguir:

Valor Original (R$) Data72.782,00 25.10.199985.812,91 25.10.1999114.965,48 27.02.2002

a) relativamente à desapropriação de parcelas da Gleba 4 do Núcleo Rural Alexandre Gusmão (cópia dos volumes 28 a 30, das folhas 01/25 e 32/52 do volume 18, deste Relatório, e de seu Anexo III):

1. autorização, promoção e/ou celebração de desapropriação da parcela 4-495-B do PIC Alexandre Gusmão, de propriedade do Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar, atribuindo-lhe o valor de Cr$ 3.934.708.464,00 quando ela valia, no máximo, Cr$ 93.914.081,24, em 10.03.1992, conforme Laudo de Avaliação no 1.117/91. Responsáveis solidários: José Roberto Arruda, Humberto Ludovico de Almeida Filho, Ivelise M. Longhi Pereira da Silva, Inêz Maria Santos Sá Araújo, Aidano José Faria, João Pelles, Dom Geraldo de Ávila, então membros do Conselho de Administração, e Renato Araújo Malcotti, então Diretor Comercial da Terracap, pelas importâncias a seguir:

Valor Original (Cr$) Data2.925.525.838,76 10.03.1992

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382.963.662,48 30.04.1992

122.085.878,23 27.03.1992 472.044.138,77 03.06.1992545.946.314,45 26.06.1992

2. concessão do desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis dados em pagamento ao Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar, avaliados por Cr$ 3.173.102.000,00 e entregues por Cr$ 2.919.439.920,00, resultando em prejuízo à Terracap de Cr$ 253.662.080,00, em 10.03.1992. Responsáveis solidários: Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho e Renato Araújo Malcotti.

3. autorização, promoção e/ou celebração de desapropriação das parcelas 4-495 e 4-495-A do PIC Alexandre Gusmão, de propriedade da Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda. e do Sr. Tomaz Ikeda e esposa, por valor superior ao de mercado, atribuindo-se-lhes o valor de CR$ 3.249.748.132,25, quando elas valiam, segundo o Laudo de Avaliação no 1.117/91, no máximo CR$ 148.606.347,86, em 18/03/94, imputando prejuízo à Terracap de CR$ 3.101.141.784,39, em 18.03.1994. Responsáveis solidários: Sres José Roberto Arruda, Humberto Ludovico de Almeida Filho, Ivelise M. Longhi Pereira da Silva, Inêz Maria Santos Sá Araújo, Aidano José Faria, João Pelles, Dom Geraldo de Ávila e Alexandre Gonçalves, então membros do Conselho de Administração da Terracap;

4. concessão de desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos imóveis dados em pagamento à Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda. e ao Sr. Tomaz Ikeda e esposa, avaliados por CR$ 2.483.196.616,86 mas entregues por CR$ 2.284.540.887,51, resultando em prejuízo à Terracap de CR$ 198.655.729,35, em 18.03.1994. Responsáveis solidários: Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho e Alexandre Gonçalves, então Presidente e Diretor Comercial da Terracap;

g) com relação à desapropriação da Fazenda Monjolos (volumes 31 a 45, páginas 01/25 deste Relatório e seu Anexo IV):

1. elaboração e/ou aprovação do termo de acordo entre Terracap e Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., em março de 94, com base em cálculos judiciais não impugnados, os quais incluíam os valores referentes aos laudos judiciais nos 42, 43 e 44, que tratavam de glebas pertencentes não à MINA, mas sim a terceiros, resultando em prejuízo à Terracap no valor de R$ 214.782,75, em 30.12.94. Responsáveis solidários: Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho, Presidente da Companhia e do CONAD; Alexandre Gonçalves, Diretor Comercial; Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna, Diretor Administrativo e Financeiro; José Gomes Pinheiro Neto, Diretor Técnico, e Marcos de Oliveira Cordeiro, Atarcísio Antônio de Andrade, Antônio Corradi, José Maria Rabelo Pereira, Antônio Fábio Ribeiro e João Pelles, então membros do Conselho de Administração da Terracap;

2. concessão do desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis dados em pagamento a Carlos Henrique de Almeida (Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda.), avaliados em R$ 5.496.381,00 mas dados em pagamento por R$ 5.056.670,52, imputando à Terracap um prejuízo de R$ 439.710,48, posição em 01.07.1994. Responsáveis solidários: Humberto Ludovico de Almeida Filho e Daniel Borges Campos, então Presidente e Diretor Comercial da Terracap;

3. concessão de desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis dados em pagamento a Carlos Henrique de Almeida (Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda.), Alceu Moraes, Araquém de Souza Mota, Augusto Gonçalves de Souza, Flávio Antônio Caratti, César Barbosa Ghedini, Ivan José Ramos Álvaro, José Newton de Araújo, Mauro Andrade Poggi, Paulo Braz de Almeida, José Aníbal Padilha Batista, Sebastião de Menezes Neto e Wilanildes Alves dos Santos Picorelli, em 30/12/94, avaliados por R$ 2.477.380,00 e dados em pagamento por R$ 2.279.189,60, resultando em prejuízo à Terracap de R$ 198.190,40, posição em 30.12.1994. Responsáveis solidários: Humberto Ludovico de Almeida Filho e Alexandre Gonçalves, então Presidente e Diretor Comercial da Terracap;

4. celebração de acordo entre a Terracap e os Sres Antônio Augusto Huebel Rebello, Ataíde de Matos, Beatriz Helena Vieira de Melo, Carlos Alberto Pedroso, Deusimar Bezerra Vieira, Edílio Carlos Alves, Eduardo Nelson

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Ladeira Pessoa, Gustavo Celso de Melo, Joaquim Francisco de Mattos, José Vieira da Silva, Maria de Lourdes Villar de Araújo Faria, Pedro Righinni, Pérsio Righinni, Ricardo José Fernandes, Camille M. G. Lenox, Sérgio Righinni, Sérgio Sidney Struckel, Sonely Maria dos Santos e Shigueru Tachiki, em 01/08/01, por valor superior ao determinado judicialmente e com a inclusão indevida de desapropriando não representado pelo advogado que subscreveu o acordo. Responsáveis solidários: Eri Rodrigues Varela e Marcus Vinicius Souza Viana, Presidente e Diretor Comercial da Terracap, pelas importâncias a seguir:

Valor Original (R$) Data352.795,48 26.06.2002275.304,00 21.08.2002

II – Com base no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 194, inciso III, do RI/TCU, promova a audiência dos responsáveis abaixo relacionados, para que apresentem razões de justificativa pelas seguintes irregularidades:

a) patrocínio da Ação de Desapropriação do lote nº 5 do Setor de Postos e Motéis Norte, em 1999, cuja avaliação foi elaborada contrariamente à legislação vigente, tendo alcançado preço significativamente superior ao valor atualizado, pelo qual fora dado em pagamento, em 01/12/94, com defeito oculto (art. 1.101, c/c o art. 1.103 do Código Civil), havia 04 anos e 08 meses. Responsáveis solidários: Sres Antônio Corradi, Maria Lêda Sampaio de Carvalho Galvão e Ronaldo Márcio do Valle, então Advogado, Chefe da Seção de Contencioso da Divisão Jurídica e Chefe da Divisão Jurídica da Terracap;

b) omissão na interposição de recursos ao acórdão nº 62.805, da 1a Turma Cível do TJDFT, permitindo que este transitasse em julgado em 23/04/93, criando a obrigação de indenizar 307,57ha, pela desapropriação de uma área de apenas 145,20ha. Responsáveis solidários: Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho e Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna, então Presidente e Diretor Administrativo e Financeiro da Terracap;

c) assinatura e/ou aprovação do termo de acordo entre a Terracap e a Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., em março de 94, pela desapropriação de uma área de 178,6520ha, lançando no termo apenas 102,7378ha, permitindo remanescessem em nome da Mina 75,9142ha já indenizados. Responsáveis solidários: Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho, Alexandre Gonçalves, Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna, José Gomes Pinheiro Neto, então Presidente, Diretor Comercial, Diretor Administrativo e Financeiro e Diretor Técnico da Terracap, e Marcos de Oliveira Cordeiro, Atarcísio Antônio de Andrade, Antônio Corradi, José Maria Rabelo Pereira, Antônio Fábio Ribeiro e João Pelles, então membros do Conselho de Administração da Terracap;

d) autorização e/ou emissão de carta de crédito em.25.04.2002, no valor de R$ 3.261.398,24, em favor de Emir Benedetti, Jackson Semerene Costa, José Vieira de Lima (o nome correto é José Vieira da Silva), Nilson Victorio Piccolo, Oldomira Godinho e Pedro Adauto Menezes da Cruz/Milton Cintra de Paula, incluindo expropriado já indenizado e com base em valor superior ao determinado judicialmente. Responsáveis solidários: Sres Eri Rodrigues Varela, Presidente; José Gomes Pinheiro Neto, Diretor Técnico e de Fiscalização; Maria Júlia Monteiro da Silva, Diretora de Desenvolvimento e Comercialização; e Francisco Sebastião Morais, Diretor de Recursos Humanos, Administração e Finanças da Terracap;

e) autorização e/ou emissão de carta de crédito no valor de R$ 1.498.427,97, em favor de Isaura Sameshima Silva e Shozi Sameshima, que não integravam a Ação de Desapropriação nº 11.623/86, e mesmo que integrassem, o valor foi superior ao determinado judicialmente. Responsáveis solidários: senhores Eri Rodrigues Varela, Presidente; José Gomes Pinheiro Neto, Diretor Técnico e de Fiscalização; Maria Júlia Monteiro da Silva, Diretora de Desenvolvimento e Comercialização; e Francisco Sebastião Morais, Diretor de Recursos Humanos, Administração e Finanças da Terracap.

f) divisão amigável de 72 alqueires de terras na Fazenda Paranoazinho, terras essas anteriormente desapropriadas e já de domínio da Terracap, em benefício de particulares, viabilizando a instalação de um condomínio irregular na área (Condomínio RK). Responsáveis solidários: Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho,

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Alexandre Gonçalves, Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna e José Gomes Pinheiro Neto, ex-Diretores; Cleomar Rizzo Esselin e Joaquim Domingos Roriz, respectivamente Coordenador e Presidente do Grupo de Trabalho de Regularização Fundiária – GTRF, e Adelino de Sousa Marinho, engenheiro agrimensor da Terracap.

III – Com fulcro no art. 70, inciso XI, da Constituição Federal, e art. 41, § 2o, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, encaminhe:

a) ao Ministério Público da União, cópia dos documentos abaixo, com vistas à apuração de crime de responsabilidade pelas autoridades a seguir relacionadas, nos termos da lei nº 7.106, de 28.06.1983, e dos arts. 9º e 11 da Lei nº 1.079, de 10.04.1950, bem assim com vistas à apuração de abuso de poder, nos termos do art. 12 da Lei nº 4.898, de 09.12.1965, c/c o art. 1º da Lei nº 5.249, de 09.02.1967:

1. Sr. Joaquim Domingos Roriz, Governador do Distrito Federal:

1.1. Relatório de Auditoria e seu Anexo I, dos volumes 19 a 23 e das folhas 28/31 e 53/60 do volume 18, bem como os Relatório e Voto do Ministro-Relator e da Decisão que for proferida nos presentes autos, em face da publicação do Decreto/DF nº 15.532, de 24.03.1994, que promoveu a desapropriação de gleba da empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda., sem que se configurasse o interesse público e a urgência declarada;

1.2. Relatório de Auditoria e seu Anexo II, volumes 25 a 27, bem como os Relatório e Voto do Ministro-Relator e Decisão que for proferida nos presentes autos, pela publicação do Decreto/DF nº 20.241, de 13.05.1999, que declarou urgência na desapropriação do Lote nº 5 do SPM/N, sem que esta se configurasse;

1.3. Relatório de Auditoria e seu Anexo III, volumes 28 a 30, bem como os Relatório e Voto do Ministro-Relator e Decisão que for proferida nos presentes autos, pela publicação do Decreto/DF nº 13.089, de 19/03/91, que promoveu a desapropriação de Parcelas da Gleba 4 do Núcleo Rural Alexandre Gusmão, sem que se configurasse o interesse público e a urgência declarada;

2. Sr. Odilon Aires, Secretário de assuntos Fundiários do Distrito Federal:

2.1. Relatório de Auditoria e seu Anexo VIII, fls. 282/288 do volume 57, bem como do Relatório e Voto do Ministro-Relator e da Decisão que for proferida nos presentes autos, em face da emissão de Certificados para Regularização Fundiária, a despeito do contido no art. 50, inciso III, da Lei nº  6.766/79, c/c o parágrafo único, inciso I, do mesmo artigo”.

Tenho em vista despacho do Ministro-Relator Lincoln Magalhães da Rocha declarando a sua “suspeição para relatar o presente processo” (vol. principal, fl. 478), coube-me, por sorteio, a relatoria do feito (vol. principal, fl. 480).

Em face da relevância da matéria discutida nos autos, submeti-a à consideração do Ministério Público (vol. principal, fl. 482). O Parquet, em parecer subscrito pelo seu Procurador-Geral, manifestou-se, em linhas gerais, de acordo com as propostas apresentadas pela equipe de auditoria, com os ajustes sugeridos pelo Sr. Diretor e pelo Sr. Secretário, aduzindo, ainda, o que se segue (vol. principal, fls. 483-487):

“IIIrregularidades em desapropriações

No que diz respeito às desapropriações, a Equipe de Auditoria diagnosticou que todas elas seguiram um mesmo roteiro que evidencia uma ação premeditada com a finalidade de lesar o patrimônio público. Esse modus operandi foi bem sintetizado pelo Titular da Unidade Técnica nos seguintes termos:

1º) particulares solicitavam a desapropriação ou permuta de seus imóveis, alegando prejuízos decorrentes de ações do GDF;

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2º) a Terracap procedia às avaliações dos imóveis; estas, porém, calçadas em parâmetros não condizentes com a realidade do imóvel – baixa liquidez, ausência de benfeitorias adicionais e obrigações tributárias em atraso –, acabavam por ensejar vultosos lucros aos desapropriandos;

3º) visando estabelecer uma aparência de lisura, prepostos da Terracap davam início à desapropriação pela via judicial, para, posteriormente, formalizá-la mediante acordo amigável;

4º) para fazer face aos compromissos financeiros assumidos com as desapropriações, a Terracap entregava imóveis de sua propriedade, a título de “dação em pagamento”. Ocorre que, além de entrar no negócio a preços inferiores aos de mercado, os imóveis dados em pagamento eram também submetidos a um “desconto-padrão” de 8% sobre o valor de avaliação – por sua vez já adulterado – fato esse que, aliado à supervalorização do objeto da desapropriação, determinava ganhos substantivos aos expropriados, constituindo forte indício de uma ação premeditada com vistas à locupletação de particulares.

Ou seja: os imóveis desapropriados – por iniciativa dos particulares – eram superavaliados, enquanto os imóveis públicos dados em pagamento tinham seus preços subavaliados e ainda submetidos a um desconto fixo de 8%, “como praxe da companhia” (nas palavras do Diretor Comercial Alexandre Gonçalves; anexo I, item 18.2.3).

De acordo com o relatório de auditoria, as desapropriações analisadas causaram danos aos cofres da Terracap de mais de R$ 55 milhões.

Em função disso, a Unidade Técnica propõe a constituição, em apartado, de 14 tomadas de contas especiais, arrolando como responsáveis solidários os diversos agentes da Administração envolvidos em cada irregularidade.

Com fundamento no art. 16, § 2º, “b”, da Lei 8.443/92, propomos que sejam incluídos no rol de responsáveis os particulares que concorreram para a prática das irregularidades e delas se beneficiaram.

III“Grilagem” de terras – Condomínio RK

A questão da ‘grilagem’, constante dos relatórios anexos VII a IX, foi detidamente explorada pela equipe, que não apenas discorreu sobre os casos de ocupação irregular de terras públicas, como também sobre as conseqüências advindas para o meio ambiente com o parcelamento e uso desordenado do solo, resultado da proliferação desenfreada de condomínios, vilas e núcleos rurais, e, com estes, dos desmatamentos, da agressão aos mananciais, da impermeabilização do solo em áreas de recarga e dos conseqüentes processos erosivos e de assoreamento. No anexo VIII, a equipe efetua propostas para alteração da Lei nº 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), tornando-a mais rigorosa contra fraudes.

O anexo VII detalha as diversas formas de “grilagem” de terras públicas, que permitem a “criação” de áreas de propriedade, aparentemente, particular (deslocamento de títulos, forja de sucessores, diversas petições de inventário para o mesmo de cujus, utilização de documentos vencidos de cadeias dominiais, cessão de direitos hereditários já inexistentes, aposição de escritos nas folhas em branco dos livros cartorários, aquisição de direitos hereditários inexistentes utilização do instituto do interdito possessório sobre terras públicas).

As irregularidades envolvendo a área onde se localiza o Condomínio RK foram detalhadas no anexo IX e sintetizadas no relatório final nos item III.3.1 (fls. 122 a 124):

“Em 02/06/92, o Sr. Carlos Victor Moreira Benatti registrou Escritura Pública Declaratória de Direitos, Obrigações e Utilização de Área Rural em Condomínio, por meio da qual constituiu o Condomínio Residencial Rural RK, com 2133 frações ideais de mais ou menos 500m2, sendo 41 comerciais, 2025 residenciais, 10 para equipamento comunitário e 57 chácaras, com sistema viário e áreas verdes, ocupando uma área total de 148,8895ha.

Conforme ata de sua primeira assembléia-geral ordinária, registrada em cartório, o Condomínio Residencial Rural RK foi constituído de fato em 23/06/92.

Em 25/10/94, o Condomínio Residencial Rural RK, Carlos Victor Moreira Benatti e Maria Cassiano da Silva requereram ao Grupo Executivo de Trabalho criado pelo Decreto/DF 15.775/94 a divisão amigável de 72 alqueires (348,48ha) de terras particulares em comum com a Terracap. Em 01/11/94, o Sr. Cleomar Rizzo Esselin, Coordenador

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do Grupo referido, encaminhou o processo (030.012.005/94) à Terracap, para exame da solicitação, autorizando a divisão amigável, desde que atendidas as exigências legais.

Em 07/11/1994, o Sr. Adelino de Souza Marinho, da Seção de Defesa e Regularização Fundiária da Terracap, apresentou relatório afirmando que as terras pleiteadas eram particulares e estavam em condomínio com terras da Terracap, ignorando a existência de qualquer desapropriação dessas terras ocorrida anteriormente.

A divisão amigável foi autorizada pela Diretoria Colegiada da Terracap, conforme Decisão 1164, de 07/11/94 , assinada pelos Diretores: Presidente, Sr. Humberto Ludovico de Almeida Filho, Comercial, Sr. Alexandre Gonçalves, Administrativo e Financeiro, Sr. Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna, Técnico, Sr. José Gomes Pinheiro Neto. Na mesma data, o Presidente do Grupo de Trabalho e Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz, por meio do despacho 019/94, declarou-se ciente da Decisão e determinou a restituição dos autos à Terracap, para formalização.

Em 10/11/94, foi celebrada a Escritura Pública de Divisão Amigável, entre a Terracap e particulares. Incluindo-se o dia da entrada do requerimento ao Grupo Executivo e o da Escritura, a análise e a resolução da questão foram providenciadas no curtíssimo intervalo de 12 dias úteis.

Entretanto sabe-se que esses 72 alqueires, da Fazenda Sobradinho ou Paranoazinho, já haviam sido desapropriados pelo Poder Público e eram de propriedade da Terracap. A área foi desapropriada pelo ESTADO DE GOIÁS, conforme Escritura Pública de Compra e Venda, lavrada nas fls. 95/99, Livro 3, do Cartório do 2o Ofício de Notas de Planaltina-GO, em 12/11/56, registrada no Cartório de Registro de Imóveis de Planaltina-GO, em 14/11/56, fls. 164/165 do Livro 3-K, sob o no 9.899, com posterior transferência à UNIÃO FEDERAL, com simultânea incorporação à COMPANHIA URBANIZADORA DA NOVA Capital do brasil- novacap, consoante a Escritura lavrada no Cartório do 16o Ofício de Notas do Rio de Janeiro, em 18/02/57, na fl. 32 verso, do Livro 1006, registrada no Cartório de Imóveis de Planaltina-GO, em 17/05/57, fls. 180/181, Livro 3-L, sob o no 12.186, situações comprovadas pelas Certidões constantes do volume 55, fls. 119/120v.

Além disso, a referida área foi registrada em 02/09/92 com matrícula no 139363, registro R-1/139363, tendo como transmitente a NOVACAP, e como adquirente, a Terracap, conforme documento do volume 55, fl. 121, emitido pelo Cartório do 3o Ofício do Registro de Imóveis do Distrito Federal, obtido após petição interposta pela Terracap, feita por documento presente no volume 55, fls. 116/118, de 22/06/92, assinado pelo Presidente da Companhia, Dr. Humberto Ludovico de Almeida Filho. Ou seja, o Presidente que fez a divisão amigável foi o mesmo que anteriormente abriu a matrícula da área em favor da Terracap e, portanto, sabia que ela já tinha sido integralmente desapropriada.

Apesar disso, com base em registros imobiliários falsificados e por meio do procedimento administrativo de divisão amigável referido, foram incorporados ao patrimônio de particulares, dando surgimento ao Condomínio Residencial Rural RK” (grifamos).

Entendendo que o dano causado ao patrimônio da Terracap poderia ainda ser revertido no âmbito do Poder Judiciário, a Equipe de Auditoria concluiu a análise do caso propondo a audiência dos ex-diretores da Terracap que autorizaram a divisão amigável e do Presidente e do Coordenador do Grupo Executivo criado pelo Decreto/DF 15.775/94.

Contudo, considerando a independência de atuação do Tribunal de Contas e do Poder Judiciário, pensamos que o melhor encaminhamento para o caso é a constituição de Tomada de Contas Especial com a citação dos responsáveis. A gleba que pertencia ao patrimônio da Terracap foi irregularmente transferida a particulares, a maior parte do condomínio encontra-se ocupada por pessoas que adquiriram os lotes e, portanto, o dano está caracterizado e pode ser quantificado.

Para definir um valor pelo qual os responsáveis devam ser citados, recorremos ao Edital de Licitação da Terracap no 20/2002, que pôs à venda diversos imóveis no Setor Habitacional Taquari. Esse setor fica localizados a cerca de 4 Km do Condomínio RK e apresenta, como o RK, ruas de terra com topografia plana, sem água canalizada, rede de esgoto e serviços públicos e, portanto, pode ser utilizado como base de comparação de valores imobiliários. No caso do Setor Habitacional Taquari, o valor médio do m2 foi de R$ 68,90.

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Uma vez que o RK possui 2025 lotes residenciais de 500 m2, o valor total deste lotes alcança a cifra de R$ 69.764.057,08, que é, ainda, uma estimativa conservadora do prejuízo, haja vista que não foram calculados e incluídos os valores para as 57 chácaras e 41 unidades comerciais que compõe o referido condomínio. A data de referência do débito adotada é a da licitação dos lotes do Setor Taquaril: 30/11/2002. Os cálculos estão detalhados em anexo a este parecer.

Quanto aos particulares que se beneficiaram da divisão amigável irregular, pensamos que além dos Sr es Carlos Victor Moreira Benatti, Maria Cassiano da Silva, Rivaldo Gomes Leite, Vinicio Jadiscke Tasso e Vera Lúcia de Paiva Guedes (vol. 55, fl. 99), devam também ser citados a empresa Bemvirá Construções e Incorporações (de propriedade dos irmãos Passos) e o Sr. Pedro Passos, cujo envolvimento com a “grilagem” da área onde se instalou o Condomínio RK foi evidenciado pela “CPI da Grilagem” em 1995 e, recentemente, pela “CPI dos Condomínios”, ambas no âmbito da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

O envolvimento do Sr. Pedro Passos na “grilagem” da gleba em que se instalou o Condomínio RK foi confirmado por meio do seu envolvimento com a empresa “Bemvirá”, conforme transcrições adiante feitas, assim como por ele mesmo em depoimento prestado à “CPI dos Condomínios” em 22/10/2002. Dentre outras passagens do depoimento, destacamos a seguintes manifestação do Sr. Pedro Passos:

“Faço aqui um desafio. Repito: faço aqui um desafio público: renuncio ao meu mandato recém adquirido e indenizo pessoalmente a todos os moradores do Condomínio RK – tenho patrimônio pessoal para fazer esse desafio, se provarem que as terras do RK, onde foi implantado o Condomínio RK, são públicas” (termo de depoimento, fl.  10, acostado aos autos).

A participação da empresa Bemvirá está evidenciada no Relatório Final da CPI da Grilagem: no computador apreendido da empresa foram localizados documentos relacionados à transferência da posse da área em que se instalou o Condomínio RK – área que correspondia, em parte a um arrendamento de chácaras da Fundação Zoobotânica:

“‘A área desapropriada, que é o ponto onde se tenta implantar o ‘RK’, se tornou, em parte, um arrendamento de chácaras da Fundação Zoobotânica do DF, que recebeu o nome ‘NÚCLEO RURAL DE SOBRADINHO I’. Cada chácara teve seu contrato de arrendamento específico, e no caso do ‘RK’, a área ocupada por este fora arrendada como a chácara n° 01 do Núcleo Rural de Sobradinho I. Para tanto vale citar o teor do processo n° 073.003.287/85, que se originou por uma solicitação do Sr. MÁRIO PACINI em 18.4.85, na qual este, na qualidade de arrendatário do lote (chácara) n° 01 do Núcleo Rural de Sobradinho I, solicita à FZDF a ‘cadeia possessória’ deste lote (chácara). A resposta foi clara e concisa, e é transcrita a seguir:

‘... 01- O senhor Mário Pacini é arrendatário do lote n° 01 do Núcleo Rural de Sobradinho 1, tendo firmado em 02 de junho de 1976 o Contrato de Arrendamento n° 052/76;

02- O primeiro arrendatário desta área foi Álvaro de Oliveira, por contrato firmado com a NOVACAP em 04 de fevereiro de 1960;

03- O Contrato de Arrendamento de Álvaro de Oliveira foi transferido para Aldo de Menezes em 05 de outubro de 1964 e deste para Geraldo Tasso de Andrade em 17 de março de 1969 que o transferiu para Antônio Marques Ávila em 30 de maio de 1973 e finalmente para Mário Pacini em 02 de junho de 1976, tudo com a devida anuência da NOVACAP inicialmente e depois Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, e o senhor Mário Pacini, atual arrendatário adquiriu as benfeitorias existentes no lote através de escritura pública lavrada no Cartório do 3° Ofício de Notas desta Capital em 02 de maio de 1975, de Antônio Marques Ávila e sua mulher Ana Hallack Ávila, que além das benfeitorias lhe transferiram também os direitos e obrigações de arrendatários.’

Esse expediente foi assinado por PAULINO PINTO DA COSTA, Diretor Executivo Interino, aos 5.6.85. Por meio dele, percebe-se que havia arrendamento na área desde 1960, e que o arrendatário atual se encontrava nessa condição desde 2.6.76, cujo contrato de n° 052/76 recebera processo próprio dentro da FZDF.’

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O referido relatório não consegue, entretanto, esclarecer a forma pela qual a área saiu do poder de Mário Pacini. A única referência citada é com relação aos arquivos obtidos em computador apreendido na empresa Bemvirá, pertencente aos Irmãos Passos, que atualmente se chama Construtora Lumiar.

02.1.1.1. Os Irmãos Passos, quais sejam: Pedro Passos, Márcio Passos, Eustáchio Passos e Alaor Passos, são considerados pelo Relatório da CPI como os principais grileiros de terras públicas do Distrito Federal, tendo, inclusive, sido condenados à prisão e multa pela Justiça do Distrito Federal, fato amplamente divulgado pela imprensa do DF, conforme retrata capa da edição de 16/08/2002 do Jornal Correio Braziliense (vol. 55, fls. 199).

02.1.2. Os arquivos obtidos contêm supostas correspondências de Mário Pacini à Fundação Zoobotânica do DF, além da cópia de um “TERMO DE QUITAÇÃO DE ESCRITURA PARTICULAR DE DIREITOS POSSESSÓRIOS”, com indenização de benfeitorias, datado de 15/01/94, celebrado entre Mário Pacini e Carlos Victor Moreira Benatti, através do qual este último repassa a Mário Pacini o montante de Cr$ 29.000.000,00 (vinte e nove milhões de cruzeiros), dividido em Cr$ 16.900.000,00 (dezesseis milhões e novecentos mil cruzeiros) em espécie e 15 lotes no “Condomínio RK”, no valor total de Cr$ 12.100.000,00 (doze milhões e cem mil cruzeiros). Esse Termo de Quitação, conforme o Relatório da CPI, foi encontrado no arquivo pacini.doc presente no computador da Bemvirá.

A cópia da correspondência de Mário Pacini à FZDF, na qual acusa não ter mais interesse em manter o contrato da área, declarando que todas as benfeitorias existentes na área foram indenizadas por Carlos Victor Moreira Benatti, a quem Pacini estava transferindo o arrendamento, é transcrita a seguir, e consta do arquivo FZD.doc, também obtido, segundo a CPI, no computador da Bemvirá” (Anexo IX, item II, 2.1 a 2.1.3).

Finalmente, quanto aos agentes da Administração que participaram das deliberações que culminaram com a “divisão amigável” da Fazenda Paranoazinho, pensamos que, neste primeiro momento, deva ser excluído da citação o Presidente do Grupo Executivo, o Governador Joaquim Roriz, que, de acordo com o relatório de auditoria, limitou-se a tomar ciência da deliberação adotada pela Diretoria da Terracap: “Na mesma data, o Presidente do Grupo de Trabalho e Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz, por meio do despacho 019/94, declarou-se ciente da Decisão e determinou a restituição dos autos à Terracap, para formalização”. Sendo esta a participação do Sr. Governador do Distrito Federal neste processo, não constitui ela prova, sequer indiciária, de sua participação nas fraudes que constituem o objeto de investigação deste processo de auditoria. Em nosso entender, não há nestes autos, até o momento, elementos que justifiquem a sua citação ou pedido de audiência.

Ressalve-se, contudo, que nada impede que, em futuras manifestações, diante de elementos de convicção mais robustos, que venham a ser obtidos pela equipe de auditoria deste próprio Tribunal, bem como por elementos que venham a surgir a partir de trabalhos que estão sendo realizados pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério da Justiça, este representante do Ministério Público venha a pedir a citação de qualquer autoridade pública do Distrito Federal. O mesmo deve ser dito, igualmente, em relação às pessoas em relação às quais apresentamos pedido de citação. Apresentadas suas defesas, serão elas examinadas e, eventualmente, acolhidas ou rejeitadas. Não se pode, todavia, querer que o simples pedido de citação ou de audiência constitua, desde já, condenação.

Necessário, portanto, que o TCU diligencie junto aos Exmos. Ministro da Justiça e Procurador-Geral da República a fim de que, tão logo sejam concluídos os trabalhos de investigação sob encargo de seus respectivos órgãos, sejam suas conclusões juntadas aos presentes autos”.

Em peça autônoma autuada como o vol. 110 dos autos, o Procurador-Geral do Ministério Público junto ao Tribunal requereu medida cautelar incidental de bens dos envolvidos, aduzindo para tanto as seguintes razões de fato e de direito:

“Compreendemos, portanto, que, em face dos acontecimentos relatados naquele trabalho de auditoria, urge a necessidade de se adotar, desde logo, medida cautelar, na forma da indisponibilidade de bens dos responsáveis, com vistas a assegurar a solvibilidade dos mesmos pelos débitos levantados nos autos.

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Não cumpre demonstrar mais uma vez, à exaustão, a competência que detém esta Corte de Contas para decretar a indisponibilidade de bens de responsáveis, uma vez que este aspecto da matéria já fora bastante explorado quando do exame das contas do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, que trataram das irregularidades identificadas na execução da obra do fórum trabalhista daquele Estado. As conclusões favoráveis ao reconhecimento dessa prerrogativa constam da Decisão nº 26/2001 – Plenário, resultante de Requerimento de Indisponibilidade de Bens de iniciativa deste Ministério Público dirigido a esta Corte de Contas, contido nos autos do TC 017.777/2000-0.

Contudo, trazemos novamente, na forma descrita adiante, aquilo que consideramos essencial à comprovação de tal competência.

A previsão legal para este Tribunal decretar a indisponibilidade de bens de responsáveis encontra-se disposta no artigo 44, § 2º, de sua própria Lei Orgânica:

“Art. 44. No início ou no curso de qualquer apuração, o Tribunal, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, determinará, cautelarmente, o afastamento temporário do responsável, se existirem indícios suficientes de que, prosseguindo no exercício de suas funções, possa retardar ou dificultar a realização de auditoria ou inspeção, causar novos danos ao Erário ou inviabilizar o seu ressarcimento.

(...)§ 2º Nas mesmas circunstâncias do caput deste artigo e do parágrafo anterior, poderá o Tribunal, sem prejuízo

das medidas previstas nos arts. 60 e 61 desta Lei, decretar, por prazo não superior a um ano, a indisponibilidade de bens do responsável, tantos quantos considerados bastantes para garantir o ressarcimento dos danos em apuração.”

À vista do contido no caput daquele mesmo artigo 44, nos é possível asseverar que a indisponibilidade de bens é medida cautelar, passível de decretação pelo Tribunal, de ofício ou a requerimento do Ministério Público junto ao TCU, no início ou no curso de qualquer apuração, face à existência de indícios de que sua não-adoção possa inviabilizar o ressarcimento de eventual dano.

Ao final do § 2º do dispositivo supracitado estabeleceu o legislador que os bens indisponibilizados deverão ser “tantos quantos considerados bastantes para garantir o ressarcimento dos danos em apuração”. Significa dizer que o grau de indisponibilidade deve ser definido a partir de parâmetros tanto concretos quanto abstratos, de forma a garantir efetivamente o pagamento da dívida, mesmo que esse venha a se dar em data futura distante.

Quanto ao elemento concreto, o quantum a ser indisponibilizado deve ser definido a partir do valor original do débito. De forma complementar, impende que se abstraiam os respectivos juros e atualização monetária incidentes sobre o principal, além da multa, usualmente aplicável a casos desta mesma natureza. A data para fins de cálculo de juros e atualização monetária entendemos possa ser presumida, com base em prazo razoável de concretização do pagamento do débito.

Além do processo que tratou das irregularidades havidas na obra do forúm trabalhista de São Paulo, a indisponibilidade de bens também fora adotada quando do exame das contas do projeto de audiovisual “O Guarani”, de responsabilidade da ex-Diretora de cinema Norma Bengell, nos autos do TC 001.474/2000-0, mediante a Decisão nº 496/2002 do Plenário, com a diferença que não constituiu processo apartado, mas integrou o processo principal.

A principal justificativa havida em ambos os processos é praticamente a mesma que motiva a presente proposta de cautelar, qual seja, a clara má-fé dos envolvidos em se locupletar dos recursos públicos, ensejando desconfiança deste órgão de controle, de que os mesmos possam valer-se de meios fraudulentos para tornarem-se insolventes perante a Administração Pública.

Consoante a melhor doutrina, são pressupostos de validade das medidas cautelares, o fumus boni iuris e o periculum in mora. Assim, em atendimento ao primeiro dos pressupostos, tem-se que a matéria está sendo tratada naquele processo com a devida observância dos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, limitando-se a tratar do assunto no limite dos elementos contidos nos autos e em função de atos patentemente ilícitos.

Quanto ao periculum in mora, receia este Ministério Público que o tempo de espera por uma decisão definitiva de mérito nos autos do processo de auditoria provavelmente permitirá a prática de fraude por parte dos envolvidos contra a Terracap, na qualidade de credora dos valores de débito. Tal receio funda-se na observação dos mecanismos

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ardilosos empregados, aparentemente, com muita facilidade e agilidade por seus autores, sejam estes administradores ou particulares, para fraudar a Terracap. Não é difícil imaginar os inúmeros outros meios fraudulentos que poderiam ser usados pelos mesmos para tornarem-se insolventes antes que sobreviesse decisão de mérito condenando-os em definitivo pelo pagamento do débito.

Por todas as razões acima descritas, acreditamos firmemente na necessidade de que seja adotada a proposição que ora fazemos, no sentido de que declare indisponíveis os bens dos responsáveis arrolados ao final deste Requerimento, relativamente aos valores de débito ali identificados, imputados ante as correspondentes irregularidades.

Outrossim, por ser a indisponibilidade de bens medida de natureza cautelar, dotada de particularidades processuais que diferem significativamente das que constituem o objeto principal do processo, requerendo celeridade de apreciação pelo Tribunal e de trâmite pelas Unidades Técnicas competentes, impende que seja tratada de forma distinta, requerendo, assim, que seu exame seja feito no presente apartado, constituído de acordo com o que estabelece o artigo 30 da Resolução 136/2000.

IV

Consideramos, ainda, fundamental que a medida ora requerida alcance também, de forma solidária, aqueles que, supostamente, se beneficiaram dos resultados obtidos com a prática das irregularidades descritas no processo principal.

Deixamos de relacionar, para fins de indisponibilidade, os membros e ex-membros do Conselho de Administração da Entidade por acreditarmos que muitos deles tenham sido levados a erro pelos integrantes da diretoria executiva da Terracap, preferindo, assim, aguardarmos o resultado da citação dos conselheiros para identificarmos aqueles que possam efetivamente ter participado com dolo das irregularidades, a exemplo do corpo diretor da Companhia”

O pedido final do Ministério Público é no sentido de que o Tribunal, considerando que “há indícios de grave e vultoso dano ao erário e considerando a conveniência de garantir-se a eficácia do ressarcimento”, com fundamento no art. 44, caput e § 2.º, da Lei nº 8.443/92, decrete, cautelarmente, a indisponibilidade de bens dos responsáveis, tantos quantos bastantes para garantir o ressarcimento dos respectivos débitos, de natureza solidária (vol. 110, fl. 04).

É o Relatório.

V O T O

Em primeiro lugar, congratulo a 2ª Secretaria de Controle Externo e, em especial, os membros da Equipe de Auditoria – Sres Mauro Antonio Toledo, Rodrigo Caldas Gonçalves e Jerônimo Mariz de Medeiros – pelo notável trabalho realizado, que culminou com a elaboração de um relatório principal e 13 relatórios anexos que retratam de forma detalhada a caótica situação fundiária envolvendo patrimônio da Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap. Cumprimento ainda o Sr. Arsênio José da Costa Dantas, Diretor de Divisão, e o Sr. Eduardo Dualibe Murici, Titular da Unidade Técnica, que, como dirigentes, bem orientaram e supervisionaram os trabalhos.

Os resultados da fiscalização estão consubstanciados em 115 volumes de informações, documentos e achados de auditoria que, se bem aproveitados pelas autoridades do País, colocarão luz na complexa questão em que se transformou o domínio e a posse de terras no Distrito Federal. A Equipe de Auditoria demonstrou que, com competência e dedicação, é possível resgatar o histórico da propriedade das terras do Distrito Federal desde tempos remotos, evidenciando irregularidades e falsificações, como no caso da Fazenda Paranoá, cuja cadeia dominial foi recuperada a partir de 1857 até os dias de hoje (anexo VIII do relatório de auditoria, fls. 264-332).

As decisões que o Plenário deste Tribunal de Contas venha a adotar em relação à auditoria realizada, aliadas a ações de outros órgãos já mobilizados para o enfrentamento do problema, como o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e o Ministério da Justiça, poderão significar o início da restauração

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da ordem e o fim da sensação de impunidade no que diz respeito a omissões e crimes praticados em detrimento do patrimônio público imobiliário no Distrito Federal.

Como mencionei no relatório precedente, nesta assentada, trago para exame do Tribunal apenas as medidas de caráter cautelar e os fatos que são objeto de proposta de citação e audiência dos responsáveis, que configuram, portanto, decisão preliminar no sentido do art. 12, § 1º da Lei Orgânica deste Tribunal.

Tratando-se de decisões com tal conteúdo, evidente é que não se está neste momento formulando qualquer juízo condenatório de quem quer que seja, mas tão-somente instaurando-se o procedimento com base no qual, após ouvidos os implicados, serão definitivamente apurados os fatos.

II

Desde logo, quero reafirmar minha plena convicção quando à competência constitucional deste Tribunal para exame dos atos de gestão que dispõem sobre o patrimônio da Companhia Imobiliária do Distrito Federal – Terracap.

Essa matéria foi exaustivamente debatida por este Plenário quando da determinação da presente auditoria (Decisão nº 54/02TCU-Plenário). A tese vencedora parte do pressuposto fundamental de que as normas infraconstitucionais se interpretam a partir da Constituição e não o contrário. É a Constituição que determina o dever do Tribunal de Contas da União de fiscalizar qualquer pessoa, física ou jurídica, que administre bens da União (art. 70, parágrafo único, c/c art. 71).

Sem dúvida, é dever deste Tribunal, diante da gravidade das denúncias de dilapidação do patrimônio da Terracap, agir de forma a preservar os bens da própria União, uma vez que 49% do capital da empresa pertencem ao ente federal. É evidente que a parte do capital social é bem da União sujeito a depreciação em razão de perdas patrimoniais da Terracap.

Em apertada síntese, essas as razões que fundamentaram a Decisão nº 54/02TCU-Plenário, quando o Tribunal acolheu o voto do Exmo Sr. Ministro Walton Alencar Rodrigues, que se manifestou no seguintes termos:

“[...]Entendo que não se pode interpretar, a partir da legislação ordinária, o art. 70, § único, e art. 71, inciso II da

Constituição Federal, que define a competência do TCU, de maneira ampla, sobre todos os administradores e responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos e sobre aqueles que derem causa a dano ao Erário.

O exame da matéria deve partir do marco jurídico fundamental que é a Constituição Federal. A legislação infraconstitucional se interpreta nos termos da Constituição e não o contrário. É a Lei Maior que fixa os contornos e o alcance da lei ordinária, condicionando-a e limitando-a, não podendo aquela jamais ser limitada e condicionada por esta.

Assim, a lei instituidora da Terracap, ao determinar que deve a referida companhia prestar contas ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, de modo algum tem o poder de afastar a competência deste Tribunal sobre a referida companhia.

A propósito, tal lei é anterior à Constituição Federal vigente e a competência do TCU para fiscalizar a empresa é haurida diretamente de explícita norma constitucional, não podendo ser afastada por norma infraconstitucional.

A ação fiscalizatória do TCU sobre a empresa em nada prejudica a competência que sobre ela detém o Tribunal de Contas do Distrito Federal, atuando, cada órgão, na defesa do patrimônio da esfera de poder a que pertence.

É indiferente para a conformação da competência do TCU sobre a Terracap que ela administre bens da União ou bens próprios. A questão não é essa. A questão é que quarenta e nove porcento do capital social que constitui a empresa pertencem à União. Nessa qualidade, é o ente federativo maior chamado a auferir os resultados positivos que a empresa porventura produza ou a arcar proporcionalmente com os prejuízos que ela eventualmente sofra.

Indiscutivelmente, a participação da União no capital social da Terracap é bem da União, cujo valor está diretamente relacionado com a qualidade da gestão da entidade. Se a empresa fosse, por hipótese, liquidada, à União caberia quarenta e nove por cento do ativo e do passivo da empresa. Os administradores da Terracap são, portanto, gestores de recursos pertencentes à União, que estão constituindo o capital social da empresa.

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Em face dos graves fatos noticiados na solicitação oriunda da Câmara dos Deputados, considero necessária a realização de ampla auditoria na empresa, para apurar, em profundidade, os atos noticiados na solicitação da Câmara dos Deputados e outros com que a equipe de auditoria porventura depare no curso dos trabalhos”.

Frise-se, em resposta a qualquer possível questionamento, que este Tribunal de Contas não é órgão do Poder Judiciário e que, por determinação constitucional, tem a prerrogativa e o dever de, por iniciativa própria, realizar auditorias em qualquer entidade que, por qualquer irregularidade, cause danos ao patrimônio da União.

É o que estabelece a Constituição:

“Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

...................................................................................................II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da

administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

...................................................................................................IV – realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de comissão técnica ou de

inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial , nas unidades referidas no inciso II;”

Assim, pouco importa que, após encaminhar solicitação de auditoria a esta Casa, tenha Comissão Técnica da Câmara dos Deputados aprovado ou deixado de aprovar Relatório elaborado por ocasião do pedido de fiscalização. Superada a questão da competência deste Tribunal na fiscalização dos atos de gestão praticados pelos dirigentes da Terracap, é indiferente se a auditoria foi solicitada ou foi iniciada de ofício tendo em vista os dispositivos constitucionais mencionados.

Constatadas irregularidades na auditoria é dever inafastável deste Tribunal prosseguir na apuração dos fatos.Por tudo isso, mais uma vez, reitero minha firme convicção quanto à competência deste Tribunal para apurar os

fatos constantes dos autos ora examinados.

III

Superado esse aspecto, passo ao exame das questões objeto de proposta de citação ou de audiência dos responsáveis.

As irregularidades lesivas ao patrimônio da Terracap (e, em conseqüência, da União, que detém 49% do capital social da empresa) envolvem desapropriações irregulares, “grilagem” de terras públicas e doações irregulares.

A Unidade Técnica analisou 4 casos de desapropriação que ensejaram proposta de instauração de tomadas de contas especiais com citações que totalizam R$ 55.263.627,73. A Unidade Técnica propôs a citação apenas dos agentes públicos (Diretores, membros do Conselho de Administração e servidores da Terracap).

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Os fatos relacionados à “grilagem” de terras públicas são, de acordo com a proposta da Unidade Técnica, objeto de audiências preliminares e de determinações.

As doações irregulares, relacionadas à utilização do patrimônio da Terracap para financiar ações do Governo do Distrito Federal, já constitui objeto do TC 011.403/2002-9, razão pela qual a Unidade Técnica, endossada pelo Ministério Público, propõe sua desapensação dos presentes autos, para fins de análise mais aprofundada e adoção das preliminares cabíveis.

O Ministério Público, representado pelo eminente Procurador-Geral, concorda em essência, com a Unidade Técnica, introduzindo, basicamente, dois ajustes àquela proposta:

1º) nos casos de irregularidades cujos danos já haviam sido estimados pela Unidade Técnica (todos relativos a desapropriações), a citação como responsáveis solidários – fundada no art. 16, § 2º, “b” da Lei 8.443/92 – também dos terceiros desvinculados da Administração que tenham, de qualquer modo, concorrido para o dano; e

2º) a conversão dos fatos relacionados à área em que se instalou o denominado “Condomínio RK” em Tomada de Contas Especial, com a citação dos agentes públicos envolvidos e dos particulares que tenham concorrido para a prática das irregularidades e delas se beneficiado.

A responsabilização solidária de particulares que se beneficiam do ato irregular praticado pela Administração decorre do disposto no já mencionado art. 16, § 2º, “b” da Lei Orgânica deste Tribunal.

No caso das desapropriações, os particulares desapropriados foram identificados pela Unidade Técnica e receberam valores muito superiores aos de mercado pelas áreas expropriadas.

A gleba de propriedade da Vale do Simental Agropecuária Ltda. foi desapropriada por um valor de R$ 6.556.470,60, quando valia, no máximo, R$ 239.637,03, resultando num valor 27 vezes superior ao preço justo e cerca de 103 vezes superior ao de aquisição 3 anos antes, que correspondia, na mesma data, a R$ 63.543,79, já descontada a correção monetária. (vol. principal, fls. 100/102 e 140/177).

O lote 5 do Setor de Postos e Motéis Norte, dado em pagamento à Vale do Simental Agropecuária Ltda. pelo valor de R$ 409.998,00, em 01/12/94; foi desapropriado da empresa Posto PARK Derivados de Petróleo, em 25/10/99, por R$ 3.600.000,00, sem nenhuma benfeitoria. A atualização do valor dado em pagamento, na data da desapropriação, alcança R$ 605.270,54, o que implica um valor de desapropriação 5,95 vezes o valor atualizado pelo qual havia sido dado em pagamento (vol. principal, fls. 103/106 e 178/189).

Quanto às parcelas pertencentes à Gleba 4 do Projeto Integrado de Colonização Alexandre Gusmão, a parcela 4-495 e 4-495A, avaliadas, em 14/06/91, respectivamente por Cr$ 45.557.470,92 e Cr$ 18.449.340,00, cujo valor total, atualizado em 18/03/94, alcança CR$ 148.606.347,86, foram desapropriadas, nesta última data, pelo valor de CR$ 3.448.403.861,60, um montante 23,2 vezes superior ao real valor das glebas. A parcela 4-495B, avaliada, em 14/06/91, por Cr$ 18.318.770,00, que atualizado em 10/03/92, alcança Cr$ 93.914.081,24, foi desapropriada, nesta última data, por Cr$ 4.188.370.544,00, um montante 44,60 vezes superior ao real valor da gleba (vol. principal, fls. 106/112 e 190/205).

No caso das desapropriações da Fazenda Monjolos, ocorreu o pagamento de indenização sobre 178,6520 hectares, quando foram transferidos apenas 102,7378 hectares, permanecendo, indevidamente, 75,9142 hectares sob o domínio da empresa MINA – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda, controlada por Carlos Henrique de Almeida, o que ensejou novo pedido de indenização que permanece pendente judicialmente. Além disso, ocorreram pagamentos de indenizações à empresa Mina que eram devidos a outros desapropriados, no valor de R$ 214.782,75, em 30/12/94, com base em cálculos judiciais não impugnados; emissão de cartas de crédito no valor de R$ 1.498.427,97, em 25/04/02, para pessoas não habilitadas na desapropriação, relativa a gleba avaliada por R$ 308.861,77; emissão de carta de crédito incluindo desapropriado já indenizado, além de apresentar valor de R$ 1.835.985,93, quando o judicialmente estabelecido era R$ 1.425.412,31 inferior; pagamento de indenização nos valores de R$ 352.795,48, em 26/06/02, e R$ 275.304,00, em 21/08/2002, a mais, para desapropriado; e concessão de descontos de 8% sobre o valor dos imóveis dados em pagamento, totalizando R$ 439.710,48, em 01/07/94, e R$ 198.190,40, em 30/12/94 (vol. principal, fls. 112/118 e 206/243).

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Esses fatos mostram que os desapropriados receberam tratamento altamente privilegiado da Administração. Acolho, portanto, a proposta do Ministério Público de citação solidária dos particulares beneficiados.

Além dos diretores, dos membros do Conselho Administrativo e dos particulares que se beneficiaram dos atos, penso ser inafastável a responsabilidade do Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz.

Como se sabe, a desapropriação é um procedimento que compreende duas fases: a declaratória e a executória. Na fase declaratória, o Poder Público declara a utilidade pública ou o interesse social do bem para fins de desapropriação. A Constituição brasileira condiciona a desapropriação à necessidade pública, à utilidade pública e ao interesse social (art. 5º, inciso XXIV, e 184).

Há nos autos provas suficientes de que o Sr. Governador não observou os preceitos constitucionais e legais ao editar os decretos de desapropriação no 13.089, de 19/03/91, nº 15.532, de 24/03/94, e nº 20.241, de 13/05/99.

É emblemático o caso da gleba de propriedade da empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda., declarada de utilidade pública para fins de desapropriação pelo Decreto nº 15.532, de 24/3/94. A correspondência às fls. 1-A/4 do vol. 19, dirigida pela empresa privada à Terracap, prova que o procedimento de desapropriação foi deflagrado não pelo interesse público, mas pelo interesse do particular, que propôs à Terracap a “venda da área mediante processo desapropriatório”. A área, desapropriada em caráter de urgência, com a finalidade de ter a sua “imprescindível” destinação para ocupação urbana, permanece isolada dentro de áreas particulares da antiga Fazenda Santa Prisca, entre Santa Maria e São Sebastião. O parecer técnico às fls. 35/36 do vol. 19, em seu item 4, também aponta a completa desnecessidade e “prescindibilidade” da desapropriação.

No caso da área da Gleba 4 do Projeto Integrado de Colonização (PIC) Alexandre Gusmão declarada de utilidade pública para fins de desapropriação, em caráter de urgência, pelo do Decreto no 13.089, de 19/03/91, a ausência de interesse público na desapropriação é evidenciada pelos seguintes fatos: a) apenas parte da área (as parcelas 495-A e 495-B) do total desapropriado (parcelas 479/484, 495, 495-A, 495-B e 496) estava afetada pelo projeto de Distrito Industrial que se desejava implantar e; e b) o setor de Materiais de Construção de Ceilândia estava fora dos limites da área desapropriada. Por igual, o caráter de urgência não foi demonstrado, uma vez que até hoje boa parte do Setor Industrial encontra-se abandonado (anexo III, item 6, fl. 193).

Quanto ao Decreto nº 20.241, de 13/05/99, o Sr. Governador do Distrito Federal declarou de utilidade pública para fins de desapropriação o lote 5 do Setor de Postos e Motéis Norte (SPMN) e, sem qualquer justificativa ou razão plausível, declarou a urgência da desapropriação. Foi constatado, porém, que a urgência era despropositada, visto que a área seria destinada a implantação de um “Mirante”, conforme Decreto nº 19.729, de 28/10/98, o que não pode ser considerado como motivo de urgência (vol. 25, fl. 9; anexo II, item 8).

Diante de tais constatações, entendo que todos os danos decorrentes das desapropriações iniciaram-se a partir da edição dos decretos irregulares. Por essa razão proponho que o Tribunal promova a citação do Sr Joaquim Domingos Roriz Governador, solidariamente com os demais responsáveis.

Passo à questão da “grilagem de terras” e da “divisão amigável” de que resultou a transferência a particulares da área onde se encontra o “Condomínio RK”.

O “Condomínio Residencial Rural RK (Rancho Karina)” foi implantado em 148,8895 ha (30,762 alqueires) de um total de 348,48 ha (72 alqueires) que foram transferidos a particulares por divisão amigável da “Fazenda Sobradinho/Paranoazinho” entre eles e a Terracap.

A divisão amigável foi requerida por Carlos Victor Moreira Benatti, Maria Cassiano da Silva e pelos representantes do Condomínio RK, Rivaldo Gomes Leite (Síndico) e Vinicio Jadiscke Tasso (Subsíndico), que alegaram que a área estava em comunhão com a Terracap (vol. 55, fls. 2/3 e 31). Na escritura pública de divisão amigável, constaram como partes contratantes e beneficiárias do acordo de divisão das terras, como representante do Condomínio RK, Vera Lucia de Paiva e os particulares que assinaram o requerimento da divisão Guedes, Rivaldo Gomes Leite e Vinicio Jadiscke Tasso (vol. 55, fl. 82). Os requerentes valeram-se de escritura pública falsificada, conforme comprovado por Peritos Criminais do Instituto de Criminalística do Distrito Federal (fl.  342, item 3.7.1; vol. 53, fls. 85/95).

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A área transferida aos particulares já havia sido desapropriada em 1956 pelo Estado de Goiás e, posteriormente transferida ao patrimônio da União, desta para a Novacap e, finalmente, para a Terracap, como mostram as certidões às fls. 119/120-verso do vol. 55.

Desse fato não poderiam deixar de ter conhecimento os dirigentes da Terracap, pois a referida área havia sido registrada no Cartório do 3o Ofício do Registro de Imóveis do Distrito Federal em nome da Companhia conforme documento do volume 55, fl. 121, emitido pelo Cartório do 3o Ofício do Registro de Imóveis do Distrito Federal, obtido após petição assinada pelo Presidente da Companhia, Humberto Ludovico de Almeida Filho. Portanto, o mesmo Presidente que registrou a área como propriedade da Terracap dois anos antes (1992), autorizou a sua transferência a particulares em 1994, com base em documentos comprovadamente falsos, conforme mencionado em meu relatório e detalhado às fls. 340 a 345.

A responsabilidade do engenheiro agrimensor Adelino de Souza Marinho decorre da elaboração do relatório (vol. 55, fls. 48/71) em que analisou a origem da comunhão e o Plano de Divisão do Imóvel, confirmando a pretensão dos requerentes e ignorando a desapropriação já procedida pelo Estado de Goiás (fl. 347, item 4.8).

O envolvimento do Sr. Pedro Passos Júnior e da empresa Bemvirá Construções e Incorporações foram evidenciados pela “CPI da Grilagem” de 1995 e, recentemente, pela “CPI dos Condomínios”, ambas no âmbito da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Os elementos trazidos pelo Sr. Procurador-Geral justificam, a meu juízo, a citação tanto do Sr. Pedro Passos Júnior quanto da empresa Bemvirá Construções e Incorporações.

PFinalmente, analiso a participação dos membros do Grupo Executivo criado pelo Decreto/ DF 15.775/94. De acordo com o relatório da Equipe de Auditoria, o Coordenador do Grupo, Sr. Cleomar Rizzo Esselin limitou-se a encaminhar o requerimento de divisão amigável à Terracap para exame, autorizando a divisão desde que atendidas as exigências legais. Por sua vez, o Presidente do Grupo, o Sr. Governador Joaquim Domingos Roriz, limitou-se a tomar ciência da decisão da Diretoria da Terracap que autorizou a divisão amigável e a determinar a restituição dos autos à Companhia (fl. 333). Nesse caso específico, entendo que, pelo que consta dos autos, os mencionados membros do Grupo Executivo não tinham as informações de que dispunham os dirigentes e servidores da Terracap relativas ao registro da área como de propriedade da Terracap em função de desapropriação ocorrida ainda em 1956. Assim, não os incluo no rol de responsáveis solidários, ressalvando que nada impede, que, em futuras manifestações, diante de novos elementos, venham a ser citados.

Quanto ao valor do débito, acolho a proposta do Ministério Público que o calculou com base nos valores de avaliação da própria Terracap, utilizados na fixação de preços dos lotes do Setor Taquari, com características semelhantes ao “Condomínio RK”.

No tocante á audiência dos responsáveis, acolho igualmente a proposta do Ministério Público, ressalvando apenas o tópico que diz respeito á participação dos membros do corpo jurídico da Terracap no patrocínio da Ação de Desapropriação do lote nº 5 do Setor de postos e Motéis Norte. É que irregular não foi propriamente o patrocínio da ação, mas sim a avaliação em que se baseou aquela ação.

IV

Finalmente, analiso o pedido cautelar de indisponibilidade de bens de responsáveis apresentado pelo Ministério Público.

Estão presentes os requisitos da medidas: fumus boni juri e periculum in mora.O primeiro requisito, demonstrado pelas diversas irregularidades analisadas nos tópicos precedentes, que indicam

a lesão dos cofres públicos por meio de desapropriações que não atenderam ao interesse público, indenizações muitíssimo superiores aos valores reais dos imóveis desapropriados, redução significativa dos valores de áreas dadas em pagamento das desapropriações, “grilagem” de terras públicas com a utilização de escrituras e registros comprovadamente falsos.

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O perigo da demora evidencia-se na fortíssima probabilidade de os responsáveis, que foram capazes de práticas ardis, ao serem citados por este Tribunal, desfazerem-se dos bens que ainda se encontrem em seus nomes, buscando frustrar ou dificultar a reparação do dano aos cofres públicos.

Voto, pois, pelo deferimento da cautelar proposta pelo Ministério Público, inaudita altera pars, fixando o prazo de 5 dias para que se manifestem quanto a medida, nos termos do art. 802 do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente conforme previsto no Enunciado 103 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal.

Destaco que, por entender que a edição dos decretos de desapropriação pelo Sr. Governador Joaquim Domingos Roriz não atendeu ao interesse público, mas, antes ao de particulares, incluo-o, na medida cautelar de indisponibilidade de bens.

Ressalvo que os membros do Conselho de Administração da Terracap, não alcançados pelo pedido do Ministério Público, poderão ter os seus bens indisponibilizados, caso sejam trazidos aos autos elementos que indiquem que também eles praticaram dolosamente atos lesivos ao patrimônio público.

Examino ainda determinação cautelar, proposta pela Unidade Técnica e referendada pelo Ministério Público, no sentido de que a Terracap, nos termos da Lei n.º 8.666/93, somente aliene os imóveis de sua propriedade mediante licitação. Acolho a proposta, introduzindo pequeno ajuste, a fim de que seja determinado à Terracap que “somente aliene os imóveis de sua propriedade mediante licitação, ressalvadas as hipóteses expressamente previstas em lei federal”.

V

Por todo o exposto, distinguindo entre as medidas preliminares de citação e audiência e as de caráter cautelar, e acolhendo, no essencial, as propostas da Unidade Técnica e do Ministério Público, Voto por que o Tribunal adote as seguintes Decisões:

T.C.U., Sala das Sessões, em 10 de dezembro de 2002.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

DECISÃO NÃO ACOLHIDA

DECISÃO Nº /2002 TCU – PLENÁRIO

1. Processo TC 015.645/2001-0 (com 110 volumes)2. Classe de Assunto: II – Medida Cautelar3. Interessado: Ministério Público junto ao TCU4. Entidade: Companhia Imobiliária de Brasília – TERRACAP5. Relator: Ministro Adylson Motta.6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.7. Unidade Técnica: 2ª Secex8. Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, com fulcro no art. 44, caput e § 2º da Lei

nº 8.443/92 e arts. 30 e 31, da Resolução/TCU nº 136/2000, DECIDE:8.1. decretar, cautelarmente, pelo prazo de 01 (um) ano, a indisponibilidade de bens dos responsáveis a seguir

arrolados, tantos quantos bastantes para garantir o ressarcimento dos débitos que lhe são imputados:8.1.1. resultante da desapropriação da área que era de propriedade da Empresa Vale do Simental Agropecuária

Ltda., pelas importâncias de R$ 416.010,03, em 09/09/94; R$ 450.000,00, em 13/09/94; R$ 400.000.00, em 06/10/94; R$ 400.000.00, em 18/10/94; R$ 400.000.00, em 26/10/94; R$ 81.000.00, em 28/11/94; e R$ 3.360.000,03, em

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26/08/99: Joaquim Domingos Roriz, Governador do Distrito Federal; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Dalmo Alexandre Costa – ex-Avaliador e Gerente da Gepea/Dicom da Terracap; Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda. e Hermes Vargas, então proprietário da Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda;

8.1.2. resultante do acréscimo de 14% sobre o valor do laudo de avaliação nº 0290/94 e do desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos lotes 03, 04 e 05 do SPM/N, pelas respectivas importâncias de R$ 1.267.377,87, em 26/08/99, e de R$ 106.956,00, em 01/12/94: Joaquim Domingos Roriz, Governador do Distrito Federal; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda., e Hermes Vargas, então proprietário da Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda.;

8.1.3. resultante da desapropriação e do pagamento de impostos do lote nº 5 do Setor de Postos e Motéis Norte, pelas importâncias de R$ 2.986.529,46, em 03/11/99; R$ 8.200,00, em 16/11/99; R$ 72.782,00, em 25/10/99; R$ 85.812,91, em 25/10/99; R$ 114.965,48, em 27/02/02: Joaquim Domingos Roriz, Governador do Distrito Federal; Alexandre Gonçalves – ex-Presidente da Terracap; Dalmo Alexandre Costa – ex-Diretor Financeiro da Terracap; Ildeu de Oliveira – ex-Diretor de Oper. Imob. e Des. Econômico da Terracap; José Gomes Pinheiro Neto – ex-Diretor Técnico da Terracap; Ricardo Lima Espíndola – ex-Diretor de Adm. e Rec. Humanos da Terracap; empresa e sócios, à época dos fatos, do Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda.; Marcos Pereira Lombardi, representante, à época dos fatos, da empresa Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda.;

8.1.4. resultante da desapropriação, por valor superior ao de mercado, da parcela 4-495-B do PIC Alexandre Gusmão, de propriedade do Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar, pelas importâncias de Cr$ 2.925.525.838,76, em 10/03/92; Cr$ 382.963.662,48, em 30/04/92; Cr$ 122.085.878,23, em 27/03/92; Cr$ 472.044.138,77, em 03/06/92; e Cr$ 545.946.314,45, em 26/06/92: Joaquim Domingos Roriz, Governador do Distrito Federal; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Renato Araújo Malcotti – ex-Diretor Comercial; Antônio César Rebelo de Aguiar – expropriado;

8.1.5. resultante do desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos imóveis dados em pagamento ao Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar, relativamente à desapropriação da parcela 4-495-B do PIC Alexandre Gusmão, de sua propriedade, pela importância de Cr$ 253.662.080,00, em 10/03/92: Joaquim Domingos Roriz, Governador do Distrito Federal; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Renato Araújo Malcotti – ex-Diretor Comercial; Antônio César Rebelo de Aguiar- expropriado;

8.1.6. resultante da desapropriação, por valor superior ao de mercado, das parcelas 4-495 e 4-495-A do PIC Alexandre Gusmão, de propriedade da empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda., do Sr. Tomaz Ikeda e Edna Maria de Deus Ikeda, pela importância de CR$ 3.101.141.784,39, em 18/03/94: Joaquim Domingos Roriz, Governador do Distrito Federal; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda.; Wagner Sarkis, ex-Diretor Comercial da Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda.; Tomaz Ikeda e Edna Maria de Deus Ikeda;

8.1.7. resultante do desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos imóveis dados em pagamento à empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações ltda e ao Sr. Tomaz Ikeda e Edna Maria de Deus Ikeda, pela importância de CR$ 198.655.729,35, em 18/03/94: Joaquim Domingos Roriz, Governador do Distrito Federal; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda.; Wagner Sarkis, ex-Diretor Comercial da Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda.; Tomaz Ikeda e Edna Maria de Deus Ikeda;

8.1.8. resultante da desapropriação da Fazenda Monjolos, referente ao termo de acordo entre a Terracap e a Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., em março de 1994, com base em cálculos judiciais não impugnados, os quais incluíam os valores referentes aos laudos judiciais nos 42, 43 e 44, que tratavam de glebas pertencentes não à Mina, mas sim a terceiros, pela importância de R$ 214.782,75, em 30.12.94: Humberto

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Ludovico de Almeida Filho, ex-Presidente da Companhia e do CONAD; Alexandre Gonçalves, ex-Diretor Comercial; Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna, ex-Diretor Administrativo e Financeiro; José Gomes Pinheiro Neto, ex-Diretor Técnico; José Gomes Pinheiro Neto, Diretor Técnico, e Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. e de seu proprietário, Carlos Henrique de Almeida;

8.1.9. resultante da concessão do desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis dados em pagamento a Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., referente à desapropriação da Fazenda Monjolos, pela importância de R$ 439.710,48, em 01.07.1994: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Daniel Borges Campos – ex-Diretor Comercial da Terracap; Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. e seu proprietário, Carlos Henrique de Almeida;

8.1.10. resultante da concessão do desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis, referentes à desapropriação da Fazenda Monjolos, dados em pagamento Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., Alceu Moraes, Araquém de Souza Mota, Augusto Gonçalves de Souza, Flávio Antônio Caratti, César Barbosa Ghedini, Ivan José Ramos Álvaro, José Newton de Araújo, Mauro Andrade Poggi, Paulo Braz de Almeida, José Aníbal Padilha Batista, Sebastião de Menezes Neto e Wilanildes Alves dos Santos Picorelli, pela importância de R$ 198.190,40, em 30.12.1994: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. e de seu proprietário, Carlos Henrique de Almeida;

8.1.11. resultante da celebração de acordo, referente à desapropriação da Fazenda Monjolos, entre a Terracap e os Sres Antônio Augusto Huebel Rebello, Ataíde de Matos, Beatriz Helena Vieira de Melo, Carlos Alberto Pedroso, Deusimar Bezerra Vieira, Edílio Carlos Alves, Eduardo Nelson Ladeira Pessoa, Gustavo Celso de Melo, Joaquim Francisco de Mattos, José Vieira da Silva, Maria de Lourdes Villar de Araújo Faria, Pedro Righinni, Pérsio Righinni, Ricardo José Fernandes, Camille M. G. Lenox, Sérgio Righinni, Sérgio Sidney Struckel, Sonely Maria dos Santos e Shigueru Tachiki, em 01/08/01, por valor superior ao determinado judicialmente e com a inclusão indevida de desapropriando não representado pelo advogado que subscreveu o acordo, pelas importâncias de R$ 352.795,48, em 26.06.2002, e R$ 275.304,00, em 21.08.2002: Eri Rodrigues Varela – ex-Presidente da Terracap e Marcus Vinicius Souza Viana – ex-Diretor Comercial da Terracap;

8.1.12. resultante da divisão amigável de 72 alqueires de terras na Fazenda Paranoazinho, terras essas anteriormente desapropriadas e já de domínio da Terracap, em benefício de particulares, viabilizando a instalação de um condomínio irregular na área (Condomínio RK), pela importância de R$ 69.764.057,08, em 30/11/2002: Humberto Ludovico de Almeida Filho, Alexandre Gonçalves, Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna e José Gomes Pinheiro Neto, ex-Diretores, e Adelino de Sousa Marinho, engenheiro agrimensor da Terracap, Pedro Passos Junior, Carlos Victor Moreira Benatti, Maria Cassiano da Silva, Rivaldo Gomes Leite, Vinicio Jadiscke Tasso, Vera Lúcia de Paiva Guedes, empresa Bemvirá Construções e Incorporações (particulares).

8.2. notificar os responsáveis para, no prazo de 5 dias, manifestarem-se quanto à medida cautelar determinada no subitem 8.1 (subitens 8.1.1 a 8.1.12);

8.3. determinar à 2ª Secretaria de Controle Externo que proceda ao levantamento dos bens dos responsáveis solidários arrolados nos necessários para garantir o ressarcimento do débito;

8.4. cautelarmente, determinar à Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap, que somente aliene os imóveis de sua propriedade mediante licitação, ressalvadas as hipóteses expressamente previstas em lei federal;

8.5. notificar a Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap para, no prazo de 5 dias, manifestar-se quanto à medida cautelar determinada no subitem 8.4.

9. Ata nº /2002 – Plenário

10. Data da Sessão: 10/12/2002 – Extraordinária Pública11. Especificação do quorum:

ADYLSON MOTTA

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Ministro-Relator

DECISÃO NÃO ACOLHIDA

DECISÃO Nº /2002 TCU – PLENÁRIO

1. Processo TC 015.645/2001-0 (com 110 volumes)2. Classe de Assunto: II – Solicitação do Congresso3. Interessado: Ministério Público junto ao TCU4. Entidade: Companhia Imobiliária de Brasília – TERRACAP5. Relator: Ministro Adylson Motta.6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.7. Unidade Técnica: 2ª Secex8. Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE:8.1. com fundamento nos arts. 12, inciso II, 16, § 2º, e 47, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 197

do Regimento Interno do Tribunal e o art. 30 da Resolução TCU nº 136, determinar a constituição, em apartado, de tomadas de contas especiais com vistas à citação dos responsáveis arrolados, pelas irregularidades verificadas em desapropriações e grilagem de terras envolvendo a Companhia Imobiliária de Brasília – TERRACAP:

8.1.1. no tocante à desapropriação de gleba de propriedade da Vale do Simental Agropecuária Ltda., em razão de:

8.1.1.1. edição, em razão de pedido apresentado por particular, do Decreto nº 15.532, de 24/03/94, que declarou de utilidade pública para fins de desapropriação e utilização para ocupação urbana, em caráter de urgência, de área que permanece isolada e sem ligação por rodovias, desencadeando os prejuízos elencados nos itens 8.1.1.2, 8.1.1.3 e 8.1.1.4;

Responsável, em solidariedade com os arrolados nos itens 8.1.1.2, 8.1.1.3 e 8.1.1.4: Sr. Governador Joaquim Domingos Roriz;

8.1.1.2. elaboração e/ou aprovação e/ou homologação da avaliação da gleba de 338,98 ha, da Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda., com base em coeficientes incompatíveis com as condições da área, sua localização e a total falta de infra-estrutura, conforme o laudo de avaliação nº 0290/94, atribuído-lhe o valor de R$ 5.751.290,00, quando ela valia, no máximo, R$ 239.637,03

Responsáveis solidários: Vale do Simental Agropecuária Ltda e seu então proprietário, Hermes Vargas (particulares), Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da TERRACAP; Antônio Corradi – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/União; Antônio Fábio Ribeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Atarcisio Antônio de Andrade – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dalmo Alexandre Costa – ex-Avaliador e Gerente da GEPEA – DICOM da TERRACAP; Dom Geraldo de Ávila – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da TERRACAP; Marcos Oliveira Cordeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Nélson Luiz de Andrade Correa – ex-Membro Efetivo do Cons. de Administração/União e Paulo Janot Borges – ex-Membro Suplente do Conselho de Administração/GDF, pelas importâncias abaixo indicadas, as quais deverão ser atualizadas e acrescidas dos juros legais até a data do seu efetivo recolhimento aos cofres da Terracap,

Valor Original (R$) Data416.010,03 09.09.1994450.000,00 13.09.1994400.000.00 06.10.1994400.000.00 18.10.1994400.000.00 26.10.199481.000.00 28.11.1994

3.360.000,03 26.08.1999

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8.1.1.3. autorização, promoção e/ou homologação do acréscimo de 14% sobre o valor do laudo de avaliação nº 0290/94, imputando à Terracap um prejuízo no valor de R$ 1.267.377,87 (posição em 26/08/1999).

Responsáveis solidários: Vale do Simental Agropecuária Ltda. e seu então proprietário, Hermes Vargas (particulares), Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Antônio Corradi – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/União; Antônio Fábio Ribeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Atarcisio Antônio de Andrade – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dom Geraldo de Ávila – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Marcos Oliveira Cordeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração / GDF; Nélson Luiz de Andrade Correa – ex-Membro Efetivo do Cons. de Administração/União e Paulo Janot Borges – ex-Membro Suplente do Conselho de Administração/GDF;

8.1.1.4. concessão e/ou homologação do desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos lotes 03, 04 e 05, do SPM/N, imputando um prejuízo à Terracap no valor de R$ 106.956,00 (posição em 01.12.1994).

Responsáveis solidários: Vale do Simental Agropecuária Ltda, Alexandre Gonçalves – ex-Diretor Comercial da Terracap; Antônio Corradi – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/União; Antônio Fábio Ribeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dom Geraldo de Ávila – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-Presidente da Terracap; Marcos Oliveira Cordeiro – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF, e Paulo Janot Borges – ex-Membro Suplente do Conselho de Administração/GDF;

8.1.2. no tocante à desapropriação do Lote nº 05 do Setor de Postos e Motéis Norte, em razão de:8.1.2.1.edição do Decreto nº 20.241, de 13/05/99, que declarou de utilidade pública para fins de desapropriação

em caráter urgência, sem demonstrar a existência de interesse público e de motivos urgentes, desencadeando os prejuízos elencados nos itens 8.1.2.2 e 8.1.2.3;

Responsável, em solidariedade com os arrolados nos itens 8.1.2.2 e 8.1.2.3: Sr. Governador Joaquim Domingos Roriz;

8.1.2.2.indenização da desapropriação do lote nº 5, do Setor de Postos e Motéis Norte, apesar de cientes de que ele fora dado em pagamento, com defeito oculto, na desapropriação de gleba de terras da Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda.

Responsáveis solidários: Posto do PARK Derivados de Petróleo Ltda e seu então representante legal Sr. Marcos Pereira Lombardi (particulares), Alexandre Gonçalves – ex-Presidente da Terracap; Alexis Stepanenko – ex-membro efetivo do Conselho de Administração/União; Bonifácio Borges da Silva – membro efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dalmo Alexandre Costa – ex-Diretor Financeiro da Terracap; Ildeu de Oliveira – ex-Diretor de Oper. Imob. e Des. Econômico da Terracap; José Arnaldo Canabrava Rodrigues –membro efetivo do Cons. de Administração/GDF; José Edmilson Barros de Oliveira Neto – membro efetivo do Cons. Administração/GDF; José Gomes Pinheiro Neto – Diretor Técnico da Terracap, e Ricardo Lima Espíndola – ex-Diretor de Administração e Recursos Humanos da Terracap, pelas importâncias a seguir:

Valor Original (R$)

Data

2.986.529,46 03.11.19998.200,00 16.11.1999

8.1.2.3.pagamento de impostos de transmissão e impostos retroativos referentes ao lote nº 5 do Setor de Postos e Motéis Norte, indevidamente desapropriado.

Responsáveis solidários: Posto do PARK Derivados de Petróleo Ltda. e seu então representante legal, Sr. Marcos Pereira Lombardi (particulares), Alexandre Gonçalves – ex-Presidente da TERRACAP; Alexis Stepanenko – ex-Membro Efetivo do Conselho de Administração/União; Bonifácio Borges da Silva – Membro

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Efetivo do Conselho de Administração/GDF; Dalmo Alexandre Costa – ex-Diretor Financeiro da TERRACAP; Ildeu de Oliveira – ex-Diretor de Oper. Imob. e Des. Econômico da TERRACAP; José Arnaldo Canabrava Rodrigues – Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; José Edmilson Barros de Oliveira Neto – Membro Efetivo do Conselho de Administração/GDF; José Gomes Pinheiro Neto – Diretor Técnico da TERRACAP, e Ricardo Lima Espíndola – ex-Diretor de Administração e Recursos Humanos da TERRACAP, pelas importâncias a seguir:

Valor Original (R$) Data72.782,00 25.10.199985.812,91 25.10.1999114.965,48 27.02.2002

8.1.3.no tocante à desapropriação de parcelas da Gleba 4 do Núcleo Rural Alexandre Gusmão, em razão de:8.1.3.1.edição do Decreto/DF nº 13.089, de 19/03/91, que declarou área total especificada como de utilidade

pública para desapropriação em caráter de urgência, quando apenas parte da área desapropriada estava afetadas pelo projeto de Distrito Industrial que se desejava implantar, desencadeando os prejuízos elencados nos itens 8.1.3.2, 8.1.3.3, 8.1.3.4 e 8.1.3.5;

Responsável, em solidariedade com os arrolados nos itens 8.1.3.2, 8.1.3.3, 8.1.3.4 e 8.1.3.5: Sr. Governador Joaquim Domingos Roriz;

8.1.3.2. autorização, promoção e/ou celebração de desapropriação da parcela 4-495-B do PIC Alexandre Gusmão, de propriedade do Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar, atribuindo-lhe o valor de Cr$ 3.934.708.464,00 quando ela valia, no máximo, Cr$ 93.914.081,24, em 10.03.1992, conforme Laudo de Avaliação no 1.117/91.

Responsáveis solidários: Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar (particular), José Roberto Arruda, Humberto Ludovico de Almeida Filho, Ivelise M. Longhi Pereira da Silva, Inêz Maria Santos Sá Araújo, Aidano José Faria, João Pelles, Dom Geraldo de Ávila, então membros do Conselho de Administração, e Renato Araújo Malcotti, então Diretor Comercial da Terracap, pelas importâncias a seguir:

Valor Original (Cr$) Data2.925.525.838,76 10.03.1992382.963.662,48 30.04.1992

122.085.878,23 27.03.1992472.044.138,77 03.06.1992545.946.314,45 26.06.1992

8.1.3.3.concessão do desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis dados em pagamento ao Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar, avaliados por Cr$ 3.173.102.000,00 e entregues por Cr$ 2.919.439.920,00, resultando em prejuízo à Terracap de Cr$ 253.662.080,00, em 10.03.1992.

Responsáveis solidários: Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar (particular), Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho e Renato Araújo Malcotti.

8.1.3.4.autorização, promoção e/ou celebração de desapropriação das parcelas 4-495 e 4-495-A do PIC Alexandre Gusmão, de propriedade da Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda. e do Sr. Tomaz Ikeda e Srª Edna Maria de Deus Ikeda, por valor superior ao de mercado, atribuindo-se-lhes o valor de CR$ 3.249.748.132,25, quando elas valiam, segundo o Laudo de Avaliação no 1.117/91, no máximo CR$ 148.606.347,86, em 18/03/94, imputando prejuízo à Terracap de CR$ 3.101.141.784,39, em 18.03.1994.

Responsáveis solidários: Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda.e seu então Diretor Comercial, Sr. Wagner Sarkis, Sr. Tomaz Ikeda, Srª Edna Maria de Deus Ikeda (particulares), Sres José Roberto Arruda, Humberto Ludovico de Almeida Filho, Ivelise M. Longhi Pereira da Silva, Inêz Maria Santos Sá Araújo, Aidano José Faria, João Pelles, Dom Geraldo de Ávila e Alexandre Gonçalves, então membros do Conselho de Administração da Terracap;

8.1.3.5.concessão de desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos imóveis dados em pagamento à Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda. e ao Sr. Tomaz Ikeda e à Srª Edna Maria de

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Deus Ikeda, avaliados por CR$ 2.483.196.616,86 mas entregues por CR$ 2.284.540.887,51, resultando em prejuízo à Terracap de CR$ 198.655.729,35, em 18.03.1994.

Responsáveis solidários: Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda., Sr. Tomaz Ikeda, Srª Edna Maria de Deus Ikeda (particulares), Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho e Alexandre Gonçalves, então Presidente e Diretor Comercial da TERRACAP;

8.1.4.no tocante à desapropriação da Fazenda Monjolos, em razão de:8.1.4.1.elaboração e/ou aprovação do termo de acordo entre TERRACAP e Mina – Empresa Brasileira de

Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., em março de 94, com base em cálculos judiciais não impugnados, os quais incluíam os valores referentes aos laudos judiciais nos 42, 43 e 44, que tratavam de glebas pertencentes não à MINA, mas sim a terceiros, resultando em prejuízo à TERRACAP no valor de R$ 214.782,75, em 30.12.94.

Responsáveis solidários: Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. e seu então proprietário, Sr. Carlos Henrique de Almeida (particulares), Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho, Presidente da Companhia e do CONAD; Alexandre Gonçalves, Diretor Comercial; Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna, Diretor Administrativo e Financeiro; José Gomes Pinheiro Neto, Diretor Técnico, e Marcos de Oliveira Cordeiro, Atarcísio Antônio de Andrade, Antônio Corradi, José Maria Rabelo Pereira, Antônio Fábio Ribeiro e João Pelles, então membros do Conselho de Administração da Terracap;

8.1.4.2.concessão do desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis dados em pagamento a Carlos Henrique de Almeida (Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda.), avaliados em R$ 5.496.381,00 mas dados em pagamento por R$ 5.056.670,52, imputando à Terracap um prejuízo de R$ 439.710,48, posição em 01.07.1994. Responsáveis solidários: Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. e seu então proprietário, Sr. Carlos Henrique de Almeida (particulares), Humberto Ludovico de Almeida Filho e Daniel Borges Campos, então Presidente e Diretor Comercial da Terracap;

8.1.4.3.concessão de desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis dados em pagamento a Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda.), Alceu Moraes, Araquém de Souza Mota, Augusto Gonçalves de Souza, Flávio Antônio Caratti, César Barbosa Ghedini, Ivan José Ramos Álvaro, José Newton de Araújo, Mauro Andrade Poggi, Paulo Braz de Almeida, José Aníbal Padilha Batista, Sebastião de Menezes Neto e Wilanildes Alves dos Santos Picorelli, em 30/12/94, avaliados por R$ 2.477.380,00 e dados em pagamento por R$ 2.279.189,60, resultando em prejuízo à TERRACAP de R$ 198.190,40, posição em 30.12.1994. Responsáveis solidários: Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. e seu então proprietário, Sr. Carlos Henrique de Almeida (particulares), Humberto Ludovico de Almeida Filho e Alexandre Gonçalves, então Presidente e Diretor Comercial da Terracap;

8.1.4.4.celebração de acordo entre a Terracap e os Sres Antônio Augusto Huebel Rebello, Ataíde de Matos, Beatriz Helena Vieira de Melo, Carlos Alberto Pedroso, Deusimar Bezerra Vieira, Edílio Carlos Alves, Eduardo Nelson Ladeira Pessoa, Gustavo Celso de Melo, Joaquim Francisco de Mattos, José Vieira da Silva, Maria de Lourdes Villar de Araújo Faria, Pedro Righinni, Pérsio Righinni, Ricardo José Fernandes, Camille M. G. Lenox, Sérgio Righinni, Sérgio Sidney Struckel, Sonely Maria dos Santos e Shigueru Tachiki, em 01/08/01, por valor superior ao determinado judicialmente e com a inclusão indevida de desapropriando não representado pelo advogado que subscreveu o acordo.

Responsáveis solidários: Eri Rodrigues Varela e Marcus Vinicius Souza Viana, Presidente e Diretor Comercial da Terracap, pelas importâncias a seguir:

Valor Original (R$) Data352.795,48 26.06.2002275.304,00 21.08.2002

8.1.5.no tocante à grilagem de terras públicas que deu origem ao Condomínio RK, em razão da divisão amigável de 72 alqueires de terras na Fazenda Paranoazinho, terras essas anteriormente desapropriadas e já de domínio da TERRACAP, em benefício de particulares, viabilizando a instalação de um condomínio irregular na área.

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Responsáveis solidários: Sr. Pedro Passos Junior, Sr. Carlos Victor Moreira Benatti, Srª Maria Cassiano da Silva, Sr. Rivaldo Gomes Leite, Sr. Vinicio Jadiscke Tasso, Srª Vera Lúcia de Paiva Guedes, empresa Bemvirá Construções e Incorporações (particulares), Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho, Alexandre Gonçalves, Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna e José Gomes Pinheiro Neto, ex-Diretores; e Adelino de Sousa Marinho, engenheiro agrimensor da Terracap.

Valor do débito: R$ 69.764.057,08. Data de referência: 30/11/20028.2.com base no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 194, inciso III, do RI/TCU,

promova, nos autos das respectivas tomadas de contas especiais, a audiência dos responsáveis abaixo relacionados, para que apresentem razões de justificativa pelas seguintes irregularidades:

8.2.1.omissão na interposição de recursos ao acórdão nº 62.805, da 1a Turma Cível do TJDFT permitindo que este transitasse em julgado em 23/04/93, criando a obrigação de indenizar 307,57ha, pela desapropriação de uma área de apenas 145,20ha. Responsáveis solidários: Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho e Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna, então Presidente e Diretor Administrativo e Financeiro da Terracap;

8.2.2.assinatura e/ou aprovação do termo de acordo entre a Terracap e a Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., em março de 94, pela desapropriação de uma área de 178,6520ha, lançando no termo apenas 102,7378ha, permitindo remanescessem em nome da Mina 75,9142ha já indenizados. Responsáveis solidários: Sres Humberto Ludovico de Almeida Filho, Alexandre Gonçalves, Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna, José Gomes Pinheiro Neto, então Presidente, Diretor Comercial, Diretor Administrativo e Financeiro e Diretor Técnico da Terracap, e Marcos de Oliveira Cordeiro, Atarcísio Antônio de Andrade, Antônio Corradi, José Maria Rabelo Pereira, Antônio Fábio Ribeiro e João Pelles, então membros do Conselho de Administração da Terracap;

8.2.3.autorização e/ou emissão de carta de crédito em.25.04.2002, no valor de R$ 3.261.398,24, em favor de Emir Benedetti, Jackson Semerene Costa, José Vieira de Lima (o nome correto é José Vieira da Silva), Nilson Victorio Piccolo, Oldomira Godinho e Pedro Adauto Menezes da Cruz/Milton Cintra de Paula, incluindo expropriado já indenizado e com base em valor superior ao determinado judicialmente. Responsáveis solidários: Sres Eri Rodrigues Varela, Presidente; José Gomes Pinheiro Neto, Diretor Técnico e de Fiscalização; Maria Júlia Monteiro da Silva, Diretora de Desenvolvimento e Comercialização; e Francisco Sebastião Morais, Diretor de Recursos Humanos, Administração e Finanças da Terracap;

8.2.4.autorização e/ou emissão de carta de crédito no valor de R$ 1.498.427,97, em favor de Isaura Sameshima Silva e Shozi Sameshima, que não integravam a Ação de Desapropriação nº 11.623/86, e mesmo que integrassem, o valor foi superior ao determinado judicialmente.

Responsáveis solidários: senhores Eri Rodrigues Varela, Presidente; José Gomes Pinheiro Neto, Diretor Técnico e de Fiscalização; Maria Júlia Monteiro da Silva, Diretora de Desenvolvimento e Comercialização; e Francisco Sebastião Morais, Diretor de Recursos Humanos, Administração e Finanças da Terracap.

8.3.com fulcro no art. 71, inciso XI, da Constituição Federal, e art. 41, § 2o, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, encaminhar ao Ministério Público da União cópia dos documentos abaixo indicados, com vistas à apuração das responsabilidades das autoridades a seguir relacionadas;

8.3.1.com respeito ao Exmo Sr. Governador do Distrito Federal, Joaquim Domingos Roriz:8.3.1.1.Relatório de Auditoria e seu Anexo I, dos volumes 19 a 23 e das folhas 28/31 e 53/60 do volume 18, bem

como os Relatório e Voto do Ministro-Relator e da Decisão que for proferida nos presentes autos, em face da publicação do Decreto/DF nº 15.532, de 24.03.1994, que promoveu a desapropriação de gleba da empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda., sem que se configurasse o interesse público e a urgência declarada;

8.3.1.2.Relatório de Auditoria e seu Anexo II, volumes 25 a 27, bem como os Relatório e Voto do Ministro-Relator e Decisão que for proferida nos presentes autos, pela publicação do Decreto/DF nº 20.241, de 13.05.1999, que declarou urgência na desapropriação do Lote nº 5 do SPM/N, sem que esta se configurasse; e

8.3.1.3.Relatório de Auditoria e seu Anexo III, volumes 28 a 30, bem como os Relatório e Voto do Ministro-Relator e Decisão que for proferida nos presentes autos, pela publicação do Decreto/DF nº 13.089, de 19/03/91, que

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promoveu a desapropriação de Parcelas da Gleba 4 do Núcleo Rural Alexandre Gusmão, sem que se configurasse o interesse público e a urgência declarada;

8.3.2.com respeito ao Exmo Sr. Secretário de assuntos Fundiários do Distrito Federal, Odilon Aires: o Relatório de Auditoria e seu Anexo VIII, fls. 282/288 do volume 57, bem como do Relatório e Voto do Ministro-Relator e da Decisão que for proferida nos presentes autos, em face da emissão de Certificados para Regularização Fundiária, a despeito do contido no art. 50, inciso III, da Lei nº 6.766/79, c/c o parágrafo único, inciso I, do mesmo artigo;

8.4. autorizar, desde logo, a realização das inspeções e diligências que se fizerem necessárias ao saneamento dos presentes autos e dos processos originados por força do disposto no subitem 8.1 desta Decisão;

8.5. desapensar o TC 011.403/2002-9, para fins de análise mais aprofundada e adoção das preliminares cabíveis acerca da alienação do patrimônio da Terracap, e dos volumes 62 a 67 destes autos para juntada ao TC 011.403/2002-9;

8.6. encaminhar cópia do Relatório de Auditoria, dos pareceres do Diretor da 2ª Divisão Técnica da 2ª Secex e do Secretário de Controle Externo, e desta Decisão, bem assim do Relatório e Voto que a fundamentam:

8.6.1. aos procuradores da República Luiz Francisco F. de Souza e Celso Antônio Três, em atendimento ao Ofício/MPF/PRDF/LF nº 464, de 1o .10.2002, com vistas à instrução de diversos inquéritos policiais que tramitam na Polícia Federal e diversas ações judiciais referentes ao Condomínio RK; e

8.6.2. à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, à Presidência da República, ao Ministério da Justiça, à Corregedoria-Geral da União, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, à Secretaria de Patrimônio da União, à Secretaria-Executiva do Ministério da Fazenda e ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, para ciência e acompanhamento dos desdobramentos da referida Decisão, bem assim para as providências julgadas cabíveis no âmbito daqueles órgãos.

9. Ata nº 47/2002 – Plenário

10. Data da Sessão: 10/12/2002 – Extraordinária Pública11. Especificação do quorum:

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

GRUPO I – CLASSE II – PlenárioTC 015.645/2001-0 (com 110 volumes)Apensados: TCs 013.088/2000-7 e 014.728/2001-0Natureza: Solicitação do Congresso Nacional (Relatório de Auditoria)Entidade: Companhia Imobiliária de Brasília – TerracapInteressado: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados

Ementa: Decisão do Tribunal que determinou a realização de auditoria com vistas a identificar responsáveis pela prática de atos de gestão ruinosos ou de liberalidades que tenham causado dano ao patrimônio da União.

DECLARAÇÃO DE VOTO

Após o exame do excelente trabalho do Relator, Senhor Ministro Adylson Motta, não encontrei elementos suficientes de convencimento para acompanhar em sua totalidade a proposta de Sua Excelência.

Por sua vez, ressalte-se a manifestação do Senhor Procurador no sentido de não serem arrolados nesta fase do processo os responsáveis indicados, por falta de elementos de prova quanto à sua participação nas ocorrências apontadas que constituem o objeto de investigação do processo.

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De se ver, ainda, que, nesta assentada, conforme destacado pelo Relator, Senhor Ministro Adylson Motta, não se examinam todos os fatos objeto da auditoria, mas apenas os que ensejam citação e audiência dos responsáveis – que constituem decisão preliminar nos termos do art. 10, § 1º, da Lei 8.443/92 –, bem como as medidas de caráter cautelar.

Assim, com a devida vênia do Relator, acompanho, o Parecer do Senhor Representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Dr. Lucas Rocha Furtado, na parte que trata das questões ora examinadas, com a alteração proposta pelo Sr. Ministro Walton Alecar Rodrigues, no sentido de que se excluam do rol de responsáveis os membros do Conselho de Administração da Terracap.

Quanto ao pedido de indisponibilidade de bens, entendo que deva ser deferido na exata extensão requerida pelo Ministério Público, pelos fundamentos apresentados pelo Parquet especializado.

Pelas razões expostas, distinguindo entre as medidas preliminares de citação e audiência e as de caráter cautelar, voto por que o Tribunal adote as decisões que ora submeto à deliberação deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões, em 10 de dezembro de 2002.

IRAM SARAIVAMinistro

DECISÃO Nº 1.693/2002 TCU – PLENÁRIO

1. Processo TC 015.645/2001-0 (com 110 volumes)2. Classe de Assunto: II – Medida Cautelar3. Interessado: Ministério Público junto ao TCU4. Entidade: Companhia Imobiliária de Brasília – TERRACAP5. Relator: Ministro Adylson Motta.Redator: Ministro Iram Saraiva6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.7. Unidade Técnica: 2ª Secex8. Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, com fulcro no art. 44, caput e § 2º da Lei

nº 8.443/92 e arts. 30 e 31, da Resolução/TCU nº 136/2000, DECIDE:8.1. decretar, cautelarmente, pelo prazo de 01 (um) ano, a indisponibilidade de bens dos responsáveis a seguir

arrolados, tantos quantos bastantes para garantir o ressarcimento dos débitos que lhe são imputados:8.1.1. resultante da desapropriação da área que era de propriedade da Empresa Vale do Simental Agropecuária

Ltda., pelas importâncias de R$ 416.010,03, em 09/09/94; R$ 450.000,00, em 13/09/94; R$ 400.000.00, em 06/10/94; R$ 400.000.00, em 18/10/94; R$ 400.000.00, em 26/10/94; R$ 81.000.00, em 28/11/94; e R$ 3.360.000,03, em 26/08/99: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-diretor comercial da Terracap; Dalmo Alexandre Costa – ex-avaliador e gerente da Gepea/Dicom da Terracap; Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda. e Hermes Vargas, então proprietário da Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda.;

8.1.2. resultante do acréscimo de 14% sobre o valor do laudo de avaliação nº 0290/94 e do desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos lotes 03, 04 e 05 do SPM/N, pelas respectivas importâncias de R$ 1.267.377,87, em 26/08/99, e de R$ 106.956,00, em 01/12/94: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-diretor comercial da Terracap; Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda., e Hermes Vargas, então proprietário da Empresa Vale do Simental Agropecuária Ltda.;

8.1.3. resultante da desapropriação e do pagamento de impostos do lote nº 5 do Setor de Postos e Motéis Norte, pelas importâncias de R$ 2.986.529,46, em 03/11/99; R$ 8.200,00, em 16/11/99; R$ 72.782,00, em 25/10/99; R$ 85.812,91, em 25/10/99; R$ 114.965,48, em 27/02/02: Alexandre Gonçalves – ex-presidente da Terracap; Dalmo Alexandre Costa – ex-diretor financeiro da Terracap; Ildeu de Oliveira – ex-diretor de oper. imob. e des. econômico

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da Terracap; José Gomes Pinheiro Neto – ex-diretor técnico da Terracap; Ricardo Lima Espíndola – ex-diretor de adm. e rec. humanos da Terracap; empresa e sócios, à época dos fatos, do Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda.; Marcos Pereira Lombardi, representante, à época dos fatos, da empresa Posto do Park Derivados de Petróleo Ltda.;

8.1.4. resultante da desapropriação, por valor superior ao de mercado, da parcela 4-495-B do PIC Alexandre Gusmão, de propriedade do Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar, pelas importâncias de Cr$ 2.925.525.838,76, em 10/03/92; Cr$ 382.963.662,48, em 30/04/92; Cr$ 122.085.878,23, em 27/03/92; Cr$ 472.044.138,77, em 03/06/92; e Cr$ 545.946.314,45, em 26/06/92: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-presidente da Terracap; Renato Araújo Malcotti – ex-diretor comercial; Antônio César Rebelo de Aguiar – expropriado;

8.1.5. resultante do desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos imóveis dados em pagamento ao Sr. Antônio César Rebelo de Aguiar, relativamente à desapropriação da parcela 4-495-B do PIC Alexandre Gusmão, de sua propriedade, pela importância de Cr$ 253.662.080,00, em 10/03/92: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-presidente da Terracap; Renato Araújo Malcotti – ex-diretor comercial; Antônio César Rebelo de Aguiar- expropriado;

8.1.6. resultante da desapropriação, por valor superior ao de mercado, das parcelas 4-495 e 4-495-A do PIC Alexandre Gusmão, de propriedade da empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda., do Sr. Tomaz Ikeda e Edna Maria de Deus Ikeda, pela importância de CR$ 3.101.141.784,39, em 18/03/94: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-diretor comercial da Terracap; Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda.; Wagner Sarkis, ex-diretor comercial da Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda.; Tomaz Ikeda e Edna Maria de Deus Ikeda;

8.1.7. resultante do desconto de 8% sobre o valor total de avaliação dos imóveis dados em pagamento à empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda. e ao Sr. Tomaz Ikeda e Edna Maria de Deus Ikeda, pela importância de CR$ 198.655.729,35, em 18/03/94: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-diretor comercial da Terracap; Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda.; Wagner Sarkis, ex-diretor comercial da Empresa Wagner Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda.; Tomaz Ikeda e Edna Maria de Deus Ikeda;

8.1.8. resultante da desapropriação da Fazenda Monjolos, referente ao termo de acordo entre a Terracap e a Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., em março de 1994, com base em cálculos judiciais não impugnados, os quais incluíam os valores referentes aos laudos judiciais nos 42, 43 e 44, que tratavam de glebas pertencentes não à Mina, mas sim a terceiros, pela importância de R$ 214.782,75, em 30.12.94: Humberto Ludovico de Almeida Filho, ex-presidente da Companhia e do CONAD; Alexandre Gonçalves, ex-diretor Comercial; Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna, ex-diretor administrativo e financeiro; José Gomes Pinheiro Neto, ex-diretor técnico; José Gomes Pinheiro Neto, diretor técnico, e Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. e de seu proprietário, Carlos Henrique de Almeida;

8.1.9. resultante da concessão do desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis dados em pagamento a Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., referente à desapropriação da Fazenda Monjolos, pela importância de R$ 439.710,48, em 01.07.1994: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-presidente da Terracap; Daniel Borges Campos – ex-diretor comercial da Terracap; Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. e seu proprietário, Carlos Henrique de Almeida;

8.1.10. resultante da concessão do desconto de 8% sobre o valor total dos imóveis, referentes à desapropriação da Fazenda Monjolos, dados em pagamento Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda., Alceu Moraes, Araquém de Souza Mota, Augusto Gonçalves de Souza, Flávio Antônio Caratti, César Barbosa Ghedini, Ivan José Ramos Álvaro, José Newton de Araújo, Mauro Andrade Poggi, Paulo Braz de Almeida, José Aníbal Padilha Batista, Sebastião de Menezes Neto e Wilanildes Alves dos Santos Picorelli, pela importância de R$ 198.190,40, em 30.12.1994: Humberto Ludovico de Almeida Filho – ex-presidente da Terracap; Alexandre Gonçalves – ex-diretor comercial da Terracap; Mina – Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. e de seu proprietário, Carlos Henrique de Almeida;

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8.1.11. resultante da celebração de acordo, referente à desapropriação da Fazenda Monjolos, entre a Terracap e os Sres Antônio Augusto Huebel Rebello, Ataíde de Matos, Beatriz Helena Vieira de Melo, Carlos Alberto Pedroso, Deusimar Bezerra Vieira, Edílio Carlos Alves, Eduardo Nelson Ladeira Pessoa, Gustavo Celso de Melo, Joaquim Francisco de Mattos, José Vieira da Silva, Maria de Lourdes Villar de Araújo Faria, Pedro Righinni, Pérsio Righinni, Ricardo José Fernandes, Camille M. G. Lenox, Sérgio Righinni, Sérgio Sidney Struckel, Sonely Maria dos Santos e Shigueru Tachiki, em 01/08/01, por valor superior ao determinado judicialmente e com a inclusão indevida de desapropriando não representado pelo advogado que subscreveu o acordo, pelas importâncias de R$ 352.795,48, em 26.06.2002, e R$ 275.304,00, em 21.08.2002: Eri Rodrigues Varela – ex-presidente da Terracap e Marcus Vinicius Souza Viana – ex-diretor Comercial da Terracap;

8.1.12. resultante da divisão amigável de 72 alqueires de terras na Fazenda Paranoazinho, terras essas anteriormente desapropriadas e já de domínio da Terracap, em benefício de particulares, viabilizando a instalação de um condomínio irregular na área (Condomínio RK), pela importância de R$ 69.764.057,08, em 30/11/2002: Humberto Ludovico de Almeida Filho, Alexandre Gonçalves, Cláudio Oscar de Carvalho Sant’Anna e José Gomes Pinheiro Neto, ex-diretores, e Adelino de Sousa Marinho, engenheiro agrimensor da Terracap, Pedro Passos Junior, Carlos Victor Moreira Benatti, Maria Cassiano da Silva, Rivaldo Gomes Leite, Vinicio Jadiscke Tasso, Vera Lúcia de Paiva Guedes, empresa Bemvirá Construções e Incorporações (particulares).

8.2. notificar os responsáveis para, no prazo de 5 dias, manifestarem-se quanto à medida cautelar determinada no subitem 8.1 (subitens 8.1.1 a 8.1.12);

8.3. determinar à 2ª Secretaria de Controle Externo que proceda ao levantamento dos bens dos responsáveis solidários arrolados nos necessários para garantir o ressarcimento do débito;

8.4. cautelarmente, determinar à Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap, que, nos termos da Lei nº 8.666/93, somente aliene os imóveis de sua propriedade mediante licitação, ressalvadas as hipóteses expressamente previstas em lei federal;

8.5. notificar a Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap para, no prazo de 5 dias, manifestar-se quanto à medida cautelar determinada no subitem 8.4.

9. Ata nº /2002 – Plenário

10. Data da Sessão: 10/12/2002 – Extraordinária11. Especificação do quorum:11.1. Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (Presidente), Iram Saraiva (Redator), Valmir Campelo,

Adylson Motta (Relator) Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar e Benjamin Zymler.11.2. Ministros que alegaram suspeição: Valmir Campelo e Benjamin Zymler.11.3. Auditores presentes: Lincoln Magalhães da Rocha, Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.11.4. Ministro com voto vencido: Adylson Motta (Relator).

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOPresidente

IRAM SARAIVAMinistro-Redator