grupo i – classe ii – 1ª câmara · web view2006/09/06  · grupo i obrigaÇÕes de lei sobre...

64
GRUPO II – CLASSE V – Plenário TC-020.614/2005-7 Natureza: Acompanhamento Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero Interessada: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo – SECEX/SP Advogado constituído nos autos: Thereza Catharina Afonso Ferreira Madeira (OAB/DF n.º 20.391) SUMÁRIO: ACOMPANHAMENTO. OBRAS DO AEROPORTO DE GUARULHOS/SP. TERMINAL DE PASSAGEIROS N.º 3. CELERIDADE PROCESSUAL. JULGAMENTO NOS PRESENTES AUTOS. AUTORIZAÇÃO PARA CONTINUIDADE DO PROCESSO LICITATÓRIO. DETERMINAÇÕES. Adoto como parte do Relatório o parecer do o Secretário em substituição da Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União – SECOB, a seguir transcrito (fls. 150/153, vol. principal): “Trata-se de processo de representação formulada pela SECEX/SP que teve a natureza convertida em acompanhamento objetivando fiscalizar o empreendimento do aeroporto de Guarulhos/SP, no qual está prevista a realização de várias obras/ações para o período dos próximos dez anos. 2. Pela complexidade e pelo elevado número de obras e licitações que estão sendo conduzidas, o Tribunal, por meio do Acórdão 2.302/2005-TCU-P, converteu o TC 020.614/2005-7 em Acompanhamento, a fim de tratar de forma sistêmica as obras que serão executadas no Aeroporto de Guarulhos, determinando, ainda, que deveriam ser autuados processos específicos para cada obra, na medida em que as licitações fossem iniciadas e novas informações recebidas. 3. Atendendo àqueles comandos, há nesta data, além do presente, dois outros processos autuados: - TC 008.575/2005-6 - Implantação, adequação, ampliação e revitalização dos sistemas de pátios e pistas; recuperação e revitalização do sistema de macrodrenagem existente; implantação do sistema separador de água e óleo do sistema de macrodrenagem; revitalização do sistema viário existente; elaboração de projeto executivo. - TC 007.137/2006-7 - Obras do Construção do Terminal de Passageiros n.º 03 (TPS3). Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003 - Valor orçamento básico (utilizado na licitação): R$ 1.126.345.752,05. 4. Entretanto, quando da prolação do supracitado Acórdão, foi determinado à Secex/SP que realizasse junto à Infraero diligência a fim de serem remetidos ao Tribunal, documentos, informações e orçamentos analíticos, tanto da obra do Sistema de Pistas (àquela época já

Upload: others

Post on 03-Nov-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

GRUPO II – CLASSE V – Plenário

TC-020.614/2005-7 Natureza: AcompanhamentoEntidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - InfraeroInteressada: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo – SECEX/SPAdvogado constituído nos autos: Thereza Catharina Afonso Ferreira Madeira (OAB/DF n.º 20.391)

SUMÁRIO: ACOMPANHAMENTO. OBRAS DO AEROPORTO DE GUARULHOS/SP. TERMINAL DE PASSAGEIROS N.º 3. CELERIDADE PROCESSUAL. JULGAMENTO NOS PRESENTES AUTOS. AUTORIZAÇÃO PARA CONTINUIDADE DO PROCESSO LICITATÓRIO. DETERMINAÇÕES.

Adoto como parte do Relatório o parecer do o Secretário em substituição da Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União – SECOB, a seguir transcrito (fls. 150/153, vol. principal):

“Trata-se de processo de representação formulada pela SECEX/SP que teve a natureza convertida em acompanhamento objetivando fiscalizar o empreendimento do aeroporto de Guarulhos/SP, no qual está prevista a realização de várias obras/ações para o período dos próximos dez anos.2. Pela complexidade e pelo elevado número de obras e licitações que estão sendo conduzidas, o Tribunal, por meio do Acórdão 2.302/2005-TCU-P, converteu o TC 020.614/2005-7 em Acompanhamento, a fim de tratar de forma sistêmica as obras que serão executadas no Aeroporto de Guarulhos, determinando, ainda, que deveriam ser autuados processos específicos para cada obra, na medida em que as licitações fossem iniciadas e novas informações recebidas.3. Atendendo àqueles comandos, há nesta data, além do presente, dois outros processos autuados:

- TC 008.575/2005-6- Implantação, adequação, ampliação e revitalização dos sistemas de pátios e pistas;

recuperação e revitalização do sistema de macrodrenagem existente; implantação do sistema separador de água e óleo do sistema de macrodrenagem; revitalização do sistema viário existente; elaboração de projeto executivo.

- TC 007.137/2006-7- Obras do Construção do Terminal de Passageiros n.º 03 (TPS3). Concorrência

011/DAAG/SBGR/2003 - Valor orçamento básico (utilizado na licitação): R$ 1.126.345.752,05.4. Entretanto, quando da prolação do supracitado Acórdão, foi determinado à Secex/SP que realizasse junto à Infraero diligência a fim de serem remetidos ao Tribunal, documentos, informações e orçamentos analíticos, tanto da obra do Sistema de Pistas (àquela época já tratado no TC 008.575/2005-6) como da licitação do TPS3 (à época ainda sem processo autuado). 4.1. A Secex/SP terminou por encaminhar os ofícios de diligência utilizando-se do processo de Acompanhamento, motivo pelo qual a Infraero também referiu-se a tal processo quando da entrega da documentação ao Tribunal. Embora, a rigor, essa documentação já devesse estar fazendo parte de cada processo específico, por força das circunstâncias acima descritas, foram juntadas ao presente processo. Tendo sido tal processo encaminhado à Secob (despacho em 30/3/2006, à fl. 42 da Unidade Principal) pelo relator do processo à época – Ministro-Substituto Lincoln M. da Rocha, nele estão sendo procedidas as análises pertinentes.5. Vale ressaltar que ao longo desse período foram realizadas reuniões técnicas solicitadas pela Infraero e autorizadas pelo então relator, sendo oportuno transcrever excerto do voto condutor do já citado Acórdão, o qual reproduz trechos de comunicação feita em Sessão Plenária anterior, de 23/11/2005:

Page 2: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

‘(...)A visita também propiciou a reunião do Gabinete responsável pela fiscalização da Infraero com a

unidade técnica especializada em obras, Secob e com a unidade técnica responsável pela fiscalização do empreendimento, Secex-SP. Assim, foi possível definir algumas estratégias de atuação desta Corte de Contas na fiscalização de todo o empreendimento, as quais, em momento oportuno, trarei à apreciação de meus nobres pares.

Entendo que iniciativas como essa são muito proveitosas para a efetividade do controle. As reuniões possibilitaram que esta Corte atuasse de forma preventiva e pedagógica, identificando impropriedades que, no futuro, poderiam transformar-se em grandes problemas.’6. Tendo em vista o tratamento de cada obra em processo específico, nos termos do item 9.2 do Acórdão 2.302/2005-TCU-P, a análise procedida nesta unidade técnica foi materializada em dois Pareceres: o constante no Volume 3 deste processo, que refere-se aos preços da obra Sistema de Pátios e Pistas, e o constante no Volume 4, referente ao orçamento-base da licitação das obras do Terminal de Passageiros n.º3. As conclusões contidas, em resumo, são as seguintes:6.1. Sistema de Pistas6.1.1. Há um sobrepreço médio de 57,76% em relação aos preços de referência, representando um montante R$ 83.553.293,36 (calculados dentro de uma amostra de serviços de 84,32% do valor total do contrato);6.1.2. Os preços obtidos em sistemas referenciais, notadamente o Sicro e o Sinapi, feitos os devidos ajustes, são aplicáveis para avaliação dos serviços contratados.6.2. Terminal de Passageiros n.º 36.2.1. No tocante ao grupo de 67 serviços/equipamentos em que a Infraero não forneceu as composições de custos, mas tão somente cotações que não puderam ser aferidas pelo TCU (que totalizam R$ 350 milhões na licitação ora suspensa), deve ser fornecida uma declaração, por escrito, do Deptº de Engenharia da Infraero, indicando os responsáveis técnicos pela elaboração e revisão do trabalho de aferição nos preços daqueles serviços, e que assume a responsabilidade da utilização dos valores cotados no orçamento básico da licitação;6.2.2. Devem ser revistos os preços das 22 (vinte e duas) pontes de embarque e desembarque de passageiros de forma a contemplarem o valor da taxa de câmbio da moeda européia no mês de julho de 2005, um percentual de BDI diferenciado e reduzido em relação aos demais serviços da planilha, bem como seja expurgado o percentual de 20% indevidamente acrescido pela estatal ao preço daqueles equipamentos;6.2.3. Para o grupo de serviços cujos preços/composições (itens que totalizam R$ 284 milhões) foram discutidos, analisados e consensados nas reuniões entre técnicos do TCU e da estatal, mas que, posteriormente, sofreram modificações significativas por parte da Infraero (representando uma diferença de R$ 30 milhões em prejuízo do Erário), devem ser revisados os valores constantes no último orçamento enviado pela estatal (Anexo 04 deste processo), de forma a adotar os preços que haviam sido anteriormente acordados após o término das mencionadas reuniões, uma vez que os argumentos apresentados para justificar tal procedimento não lograram êxito ao tentar explicar a mudança de parâmetros por parte da estatal (expostos na seção 3.2 do Parecer – vol. 4);6.2.4. Para o grupo de serviços em que não se chegou a um consenso nas reuniões (itens que totalizam R$ 51 milhões), a Infraero deve rever os preços utilizados, de forma a contemplar todas as determinações sugeridas pelos técnicos do TCU na seção 3.3 do Parecer – vol. 4), ou apresentar, de forma clara e objetiva, os estudos técnicos com as devidas memórias de cálculos detalhadas, justificando a não adoção das referidas determinações.6.2.5. Em relação ao grupo de serviços em que a estatal adotou as recomendações dos técnicos do TCU (seção 3.4 Parecer – vol. 4), mas que tiveram seus valores finais alterados unicamente em virtude da mudança na taxa de encargos sociais adotada pela estatal após os entendimentos mantidos nas reuniões com os técnicos do TCU, os preços, após voltarem a situação inicial da taxa de encargos sociais de 126,68 %, poderão ser adotados no orçamento da concorrência em análise. 6.2.6. Em resumo, não obstante uma redução de R$ 102.401.462,62 em relação ao orçamento-base utilizado na Concorrência em análise, o novo orçamento revisado (Anexo 04 deste processo), ainda apresenta serviços com preços unitários injustificadamente elevados em relação aos constantes nos sistemas de referência adotados por este Órgão de Controle, fazendo-se imperioso que a Infraero, antes de dar continuidade à Concorrência 011/DAAG/SBGR/200 3 (conforme despacho do Presidente do

Page 3: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

TCU, Exmo. Ministro Adylson Motta em 31/1/2006, homologado pelo Plenário em 01/02/2006 - Ata n.º 3/2006), proceda a uma minuciosa revisão nos preços dos mencionados serviços.6.2.7. Por oportuno, cabe mencionar que, em relação às audiências propostas em virtude de a Infraero ter dado continuidade ao certame licitatório, em descumprimento ao item 9.4.1 do Acórdão 2.302/2005-TCU-P, as razões de justificativa deverão ser analisadas pela SECEX/SP, na forma proposta na instrução às fls. 49/51 e autorizada pelo Ministro Relator à fl. 53.7. Outro ponto obrigatório do presente despacho refere-se ao documento enviado pela Infraero no dia 27 de julho, já no encerramento do presente trabalho (CF N.º 12500/PR(DE)/2006), no qual a estatal novamente solicitou autorização desta Corte de Contas para dar continuidade à Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003.8. Pela conveniência e oportunidade de oferecer ao Ministro-Relator subsídios para uma melhor decisão, procedemos à análise do citado documento, a qual inserimos no parecer relativo ao TPS n.º3, contido no volume 4 deste processo. Concluiu-se, em resumo, pelo seguinte: 8.1. Não é pertinente a alegação de que a variação de 9,09% existente entre o valor do novo orçamento revisado (Anexo 04) e o utilizado na licitação esteja compatível com o limite de 15% previsto no art. 3º da Resolução 361/1991 do CONFEA, haja vista que a variação a qual a norma se refere leva em conta quantitativos finais e preços, ou seja, refere-se a uma comparação global da obra, após concluída. O percentual alegado pela Infraero, ainda que estivesse correto, refere-se somente aos preços.8.2. Não é possível atender ao pleito em que a estatal solicita a unificação do TC 007.137/2006-7 ao TC 020.614/2005-7 pelo fato de ambos tratarem de aspectos referentes à Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003, uma vez que o primeiro foi criado consoante determinação contida no item 9.2 do Acórdão 2.302/2005-7- TCU-P, transcrito a seguir:

‘9.2. determinar que sejam autuados processos específicos para cada obra relacionada na medida em que as licitações foram iniciadas e novas informações forem recebidas, a exemplo do que já ocorre com o TC 008.575/2005-6.’8.1.3. Desta forma, as ações de acompanhamento por parte desta Corte referentes à construção do Terminal de Passageiros n.º 03 do aeroporto Governador Alberto Franco Montoro serão processadas por intermédio do TC 007.137/2006-7 autuado com esse propósito específico.9. Assim, tendo sido emitidos os pareceres técnicos, pelos quais manifesto-me de acordo, considera-se atendida a solicitação formulada pela Secex/SP, e concluída a participação desta Secretaria, a qual se deu nos termos do item 9.9.1 do Acórdão 307/2006-TCU-P. 10. Nesse sentido, submetemos os autos à consideração do Relator sorteado (fl. 139) para o processo de Acompanhamento, Exmo. Sr. Guilherme Palmeira, com a proposta de que sejam os autos devolvidos à Secex de origem, a fim de que:

I) Em relação às obras do Sistema de Pistas: sejam desentranhadas as peças constantes do Volume 3 e do Anexo 2, atinentes ao Parecer Técnico emitido pela Secob (resumido no item 6.1 deste despacho) e juntadas ao TC 008.575/2005-6, para emissão de proposta de mérito consolidada com as demais irregularidades constantes daqueles autos;

II) Em relação às obras do Terminal de Passageiros n.º 3: sejam desentranhadas as peças constantes do Volume 4 e dos Anexos 1, 2 (vol. 1), 3, 4, e 5, atinentes ao Parecer Técnico emitido pela Secob (resumido no item 6.2 deste despacho) e juntadas ao TC 007.137/2006-7, para emissão de proposta de mérito consolidada com as demais irregularidades constantes daqueles autos.”

Tendo em vista o encaminhamento que irei propor no presente processo, transcrevo, a seguir, a instrução elaborada pelo ACE José Reinaldo Luna Gusmão (fls. 267/323, vol. 4), com a qual pôs-se de acordo o Secretário em Substituição da SECOB (item 9 do Parecer antes transcrito), referente à licitação para construção do Terminal de Passageiros n.º 3 do Aeroporto de Guarulhos/SP:

“INTRODUÇÃO1. Trata-se de representação, formulada pela SECEX/SP, relativa às obras do aeroporto de Guarulhos/SP, que teve a natureza convertida em processo de acompanhamento por meio do item 9.1 do acórdão 2.302/2005-TCU-Plenário.2. No referido aeroporto estão previstas a realização das seguintes obras/ações para o período dos próximos dez anos:

Page 4: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

Implantação, adequação, ampliação e revitalização dos sistemas de pátios e pistas; recuperação e revitalização do sistema de macrodrenagem existente; implantação do sistema separador de água e óleo do sistema de macrodrenagem; revitalização do sistema viário existente; elaboração de projeto executivo;

Construção do Terminal de Passageiros n.º 3;Desapropriação da área para implantação da 3º pista de pouso e decolagem do aeroporto;Implantação da terceira pista de pouso e decolagem do aeroporto.

3. As obras de revitalização dos sistemas de pátios e pistas já foram iniciadas, estando sendo tratadas por intermédio do TC 008.575/2005-6.4. As obras do Terminal de Passageiros n.º 3 estão sendo licitadas na Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003, que se encontra suspensa por determinação exarada no item 9.4 do Acórdão 2.302/2005 do Plenário desta Casa, transcrito a seguir:

‘ 9.4. informar à Infraero que:antes de prosseguir a licitação do TPS 3, observe, com rigor, se o orçamento levantado após o

encontro técnico com analistas desta Corte se coaduna com o que foi tomado como base para a abertura do certame;’

5. A reunião mencionada no acórdão supracitado foi realizada na SECEX/SP, envolvendo servidores daquela unidade, desta Secretaria de Obras, da Assessoria do Gabinete da Lista das Unidades Jurisdicionadas n.º 03, bem como de técnicos da Infraero diretamente ligados à condução do empreendimento. 6. As demais obras/ações ainda não tiveram os respectivos processos iniciados.7. Pela complexidade e pelo elevado número de obras e licitações que deverão ser conduzidos, o Tribunal, por meio AC 2.302/2005, converteu o TC 020.614/2005-7 em Acompanhamento, a fim de tratar de forma sistêmica as obras que serão executadas no Aeroporto de Guarulhos, determinando ainda, a atuação de processos específicos para cada obra relacionada na medida em que as licitações fossem iniciadas e novas informações recebidas, a exemplo do que já ocorre com o TC 008.575/2005.8. Nesta instrução, trataremos dos aspectos referentes às obras do Terminal de Passageiros n.º 03, que superam a quantia de 1 bilhão de reais e, como visto anteriormente, encontra-se com o processo licitatório suspenso.9. Também é pertinente ressaltar que, não obstante o teor do AC 2.302/2005, em 14 de março de 2006, mediante a CF n.º 3711/PR/2006 (Unidade Principal; fl.36), a INFRAERO solicitou autorização para dar continuidade ao certame – TPS3 - visto entender que o orçamento utilizado no processo licitatório, apesar da diferença de aproximadamente 72 milhões de reais, se coaduna com o revisado após o encontro técnico com os analistas deste Tribunal.10. Com o intuito de atender ao pleito da empresa estatal, em 30 de março do ano corrente, o então Exmo. Ministro Relator Lincoln Magalhães da Rocha proferiu despacho (Unidade Principal; fl. 42) determinando a emissão de parecer técnico por parte desta Secretária de Obras sobre a planilha orçamentária revisada, encaminhada pela Infraero, das obras de construção do Terminal de Passageiros n.º 3 do Aeroporto de Guarulhos/SP (Anexo 01).11. Desta forma, visando atender a determinação exarada no despacho anteriormente citado, procedeu-se à análise do material enviado pela empresa aeroportuária seguindo a metodologia descrita no item a seguir.

2.0 – METODOLOGIA12. Para avaliar o orçamento das obras de construção do Terminal de Passageiros n.º 03, procedeu-se à análise dos serviços constantes na parte “A” da curva ABC que foi fornecida pela empresa estatal (TC 020.614/2005-7 - Anexo 1). Tais serviços correspondem a aproximadamente 80% do valor total constante no orçamento utilizado na licitação (R$ 1.126.345.752,05)13. A nossa análise procurou comparar o preço revisado dos serviços com os preços obtidos nos sistemas de referência utilizados por este Tribunal de Contas, quais sejam, SICRO II do DNIT e SINAPI da Caixa Econômica Federal. 14. Na impossibilidade de encontrar os serviços constantes na planilha orçamentária nos citados sistemas de referência, procurou-se outras fontes como o TCPO e a Revista Construção Mercado, ambos

Page 5: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

da editora PINI e, em último caso, procedeu-se a uma análise minuciosa da composição que foi fornecida pela empresa aeroportuária.15. Com o intuito de dar celeridade ao processo, dada a importância sócio econômica desse empreendimento para o país, na medida em que eram analisados os preços dos serviços, mediante solicitação da Infraero, e autorização do então relator do processo, Exmo. Ministro Lincoln Magalhães da Rocha, realizaram-se reuniões com o engenheiro orçamentista da estatal, nas quais foram expostas as impropriedades detectadas para que fossem sendo ajustadas. 16. Assim, foram realizadas reuniões nos dias 4 e 19 de maio, e nos dia 7, 14 e 21 de junho na sala de reuniões da SECOB. Nessas ocasiões, discutiu-se minuciosamente todas as composições e os respectivos preços dos serviços constantes na parte “A” do orçamento revisado apresentado pela Infraero.17. Após esses encontros, a empresa aeroportuária ficou de entregar um novo orçamento com as modificações sugeridas, que na amostra de R$ 546 milhões analisada, representariam cerca de R$ 120 milhões de redução do valor previsto inicialmente, ou seja, aproximadamente R$ 50 milhões a menos do que o orçamento inicialmente revisado pela Infraero (o qual reduziu em R$ 72 milhões o valor do orçamento-base). 18. No último dia 10 de julho, a INFRAERO forneceu a esta Secretária de Obras uma versão do que seria o esperado orçamento revisado, porém, ao analisarmos o documento entregue, constatamos que alguns serviços cujos preços e composições foram minuciosamente discutidos e analisados com o próprio engenheiro da estatal não contemplavam as modificações sugeridas pelos técnicos/engenheiros desta Corte. Alguns apresentaram preços superiores até mesmo ao que foi utilizado como referência na licitação que está suspensa19. Desta forma, para melhor entendimento dos fatos, dividimos o trabalho de análise da curva ABC fornecida pela estatal em quatro tópicos a saber:

- Serviços cujos preços a Infraero não forneceu composições de custos, apresentando somente cotação de fornecedores especializados;

- Serviços cujos preços/composições foram discutidos e analisados entre os técnicos do TCU e o engenheiro orçamentista da estatal, mas que, posteriormente, sofreram modificações significativas por parte da Infraero;

- Serviços nos quais não se chegou a um consenso durante as reuniões.- Serviços cujos preços houve um consenso entre a Infraero e os técnicos da SECOB, mas

que, em virtude da mudança na taxa de encargos sociais, devem ter os valores revisados; 20. Vejamos então, a análise dos serviços efetuada.

3.0 – ANÁLISE DO PREÇO DOS SERVIÇOS DA PARTE “A” DA CURVA ABC3.1 – SERVIÇOS CUJOS PREÇOS FORAM OBTIDOS MEDIANTE COTAÇÃO

21. A parte “A” da curva ABC do orçamento analisado é composta de 133 itens que totalizam R$ 898.315.069,92 (data-base jul/2005), correspondentes a 79,75 % do total do orçamento utilizado no certame.22. Nestes 133 itens constam 67 serviços/equipamentos em que os preços utilizados pela Infraero em sua planilha orçamentária foram obtidos mediante cotação de fornecedores especializados (Anexo 05).23. Os 67 serviços considerados são, na sua maioria, bastante específicos de aeroportos (pontes de embarque de passageiros e esteiras transportadoras de bagagem) e de grande variação de acordo com o projeto arquitetônico e a especificação técnica do empreendimento (caixilhos de alumínio e vidros). Por isso, houve enorme dificuldade em aferir a fidedignidade dos preços cotados pela empresa estatal, em virtude da inexistência de preços para esses serviços nos sistemas de referência usualmente adotados (SICRO/SINAPI).24. Desta forma, solicitou-se à Infraero o fornecimento de novas cotações com o intuito de verificar eventuais distorções nos preços inicialmente considerados.25. A empresa estatal forneceu as novas cotações (Anexo 05), tendo como mês de referência maio de 2006, nas quais não foram constatadas informações significativas em relação às anteriormente apresentadas.

Page 6: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

26. Assim, em relação aos serviços constantes no anexo B deste relatório, à exceção das pontes de embarques, tratadas adiante, não podemos efetuar qualquer tipo de análise a respeito do preço constante no orçamento. Por isso, em virtude da materialidade do valor desses serviços na curva analisada (R$ 352.041.823,00), entendemos que a Infraero deve fornecer uma declaração, por escrito, do Departamento de Engenharia, de que efetuou a devida aferição nos preços desses serviços , e que assume a responsabilidade da utilização dos preços cotados no orçamento básico da licitação.27. Contudo, em relação às pontes de embarque e desembarque de passageiros, detectamos duas impropriedades no preço utilizado pela estatal no orçamento básico, as quais trataremos à seguir:

A) Pontes de embarque - Acréscimo de 20% no preço cotado28. Para compor o preço desses equipamentos em sua planilha orçamentária, a Infraero obteve, em agosto de 2003, cotação da empresa TEAM (Anexo 05; fl.150) no valor total de 8.893.996 Euros para o fornecimento e instalação de 22 pontes de embarque tipo Apron Drive envidraçadas no Aeroporto de Guarulhos/SP.29. Com isto, a empresa estatal procedeu a uma memória de cálculo com o intuito de converter o valor para a moeda nacional, bem como, fazer incidir os impostos e os custos de todo o desembaraço alfandegário dos equipamentos, obtendo assim, o custo de R$1.955.130,00 para as pontes de comprimento máximo de 29 metros e R$ 2.750.000,00 para as de 41 metros (Anexo 05; Fls. 154/157). 30. Entretanto, ao ‘transpor’ os preços anteriormente citados para a planilha orçamentária, a Infraero procedeu a um acréscimo de 20% que, segundo o engenheiro orçamentista da estatal, refere-se ao reajuste compreendido entre o período de agosto de 2003 a julho de 2005 (data da cotação e data base do orçamento, respectivamente). 31. Não concordamos com esse ato praticado pela empresa estatal, pois ao analisarmos a memória de cálculo utilizada, observamos que o valor considerado para a conversão da moeda européia foi de R$ 3,25, bastante superior à cotação média da moeda estrangeira no mês de julho de 2005 (R$ 2,858 – Fonte Banco Central). Ou seja, no período considerado (ago/2003 a jul/2005) houve deflação da moeda européia, e não inflação, como considerado pela Infraero.32. Assim, em relação a todas as 22 pontes de embarque contidas na planilha orçamentária da Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003, que totalizam a expressiva quantia de R$ 65.928.585,57 no orçamento fornecido para análise (6,2%), entendemos que deva ser revisto o preço de forma a ser considerado a cotação do euro no mês de julho de 2005, bem como, seja expurgado o percentual de 20% equivocadamente acrescido ao preço desses equipamentos na planilha orçamentária.

B) Pontes de embarque - Incidência de BDI de 35% 33. Além das impropriedades descritas anteriormente, a Infraero adotou um BDI de 35% para as pontes de embarque, fato constatado na memória de cálculo citada anteriormente (Anexo 05; fl.155). Em relação aos demais serviços/equipamentos, não foi explicitado pela empresa estatal qual o percentual de BDI adotado.34. A questão da adoção de um percentual de BDI único tanto para as obras civis como para a aquisição de equipamentos, há muito vem sendo discutida no âmbito desta Corte de Contas. Vejamos a seguir trecho do Acórdão 1.521/2005 do Plenário desta Casa, determinando a manifestação desta Secretaria de Obras a respeito do tema:

‘9.2.1.3. incidência indevida, em ambos os contratos referidos no subitem anterior, dos percentuais de BDI sobre os materiais e equipamentos fornecidos por terceiros, os quais representam cerca de 70% do valor contratado, falha muito provavelmente decorrente do procedimento de não se haver licitado separadamente a execução de serviços da aquisição de materiais e equipamentos, em desacordo com o disposto no § 1º do art. 23 da Lei 8.666/93 e pacífico entendimento deste Tribunal, a exemplo dos Acórdãos AC-0159-06/03-P, AC-1914- 49/03-P e AC-0446-13/05-P, devendo a análise apresentar proposta quanto ao tratamento a ser conferido ao caso, explicitando se seria o caso de determinar-se providências com vistas à PT: 18544051552560021 SECEX-MA anulação da licitação como um todo e dos contratos subseqüentes, ou a exclusão, dos ajustes, dos itens atinentes aos materiais e equipamentos fornecidos por terceiros (em sendo este o caso, deverá ser esclarecido qual o tratamento a ser dado ao BDI já pago em relação aos materiais e serviços até aqui fornecidos) ou, ainda, se seria possível, sem perder de vista os preços praticados pelo mercado, a manutenção dos contratos atuais com todos os itens, mediante a adoção de um BDI diferenciado (mais baixo) para os materiais e equipamentos fornecidos por terceiros;’ (grifos nossos)

Page 7: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

35. Ademais, na folha 2 da proposta da empresa que forneceu a cotação (TEAM), é especificado todo o escopo dos serviços a serem realizados pela empresa européia, os quais compreendem:

- Tropicalização de todos os materiais;- Sistema eletromecânico;- Pneus das pontes do tipo maciço;- Chumbadores para concretagem das colunas de passarela;- Sistema de exaustão;- Sistema de ar condicionado;- Transporte da passarela até o aeroporto de Guarulhos;- Instalação e início de operação;- Seguro de montagem;- Curso de operação e condução.- Curso de manutenção- Sobressalentes para o período de 5 anos e ferramentas especiais de manutenção

36. Como visto, a empresa subcontratada ficará encarregada de todo o processo de montagem e comissionamento do equipamento, cabendo à empreiteira vencedora do certame apenas o trabalho de gerenciar/supervisionar o trabalho da empresa especializada.37. Aliás, no próprio edital da Concorrência da obra em análise, em seu item 3.2.4, consta previsão para que o pagamento às empresas subcontratadas durante a execução do empreendimento possa ser feito diretamente à executora dos serviços, ou seja, sem intermédio da empreiteira detentora do contrato principal.38. Ora, se o pagamento poderá ser efetuado diretamente à empresa subcontratada, o BDI a ser pago à empreiteira executora das obras deve ser o mínimo necessário a cobrir apenas os custos do gerenciamento e supervisão da instalação.39. A adoção de um percentual único se torna ainda mais gravoso quando comparamos os elementos componentes na taxa de BDI adotada pela Infraero (Anexo 02; fl. 1204), com a memória de cálculo utilizada para obter os preços das pontes de embarque (Anexo 05; Fls. 154/157).40. Nesses dois documentos constantes nos autos, percebemos que despesas indiretas previstas no BDI estão incluídas também na composição do preço das pontes de embarque (ISS e seguro).41. Outros itens como transporte de pessoal, alimentação de pessoal e equipamentos de pequeno porte são custos já embutidos na proposta da empresa subcontratada e, caso seja adotado um BDI de 35% para as pontes de embarque, haverá também o pagamento de despesas em duplicidade.42. A questão da adoção de BDI diferenciado nos remete a uma outra análise: a realização de uma licitação autônoma para aquisição dos equipamentos eletromecânicos a serem instalados no aeroporto. Tal fato já está sendo abordado no TC 7137/2006-7 (FISCOBRAS 2006), por isso, não entraremos aqui no mérito desta questão.43. Logo, entendemos que não pode ser aceito que o BDI utilizado nos serviços de construção civil, onde haverá todo o processo de manufaturamento, logística de implantação, planejamento, incidência da parcela lucro de 8% e outras questões mais complexas, seja o mesmo adotado na aquisição de equipamentos onde caberá à empreiteira apenas o gerenciamento do serviço.44. Então, faz-se necessário que, caso não seja realizada uma licitação isolada para a aquisição desses equipamentos, a Infraero revise o percentual de BDI adotado para compor o preço das 22 pontes de embarque constantes na planilha orçamentária das obras em análise, em virtude de não espelharem os custos reais necessários à instalação desses equipamentos no empreendimento que está sendo licitado.

3.2 – SERVIÇOS CUJOS PREÇOS/COMPOSIÇÕES FORAM ANALISADOS E DISCUTIDOS NAS REUNIÕES REALIZADAS, MAS QUE, POSTERIORMENTE, SOFRERAM MODIFICAÇÕES SIGNIFICATIVAS POR PARTE DA INFRAERO.45. Nestes itens, durante as reuniões com o engenheiro da estatal, havia-se chegado a um consenso no preço máximo a ser adotado como referência na Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003. Contudo, ao materializar as revisões acordadas, mediante o documento que compõe o Anexo 04, a empresa aeroportuária modificou significativamente as composições e, consequentemente, os preços desses serviços.

Page 8: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

46. Estes itens, com os respectivos quantitativos e preços unitários, estão relacionados na tabela constante no Anexo C deste relatório. Na referida tabela, efetuamos uma comparação com o preço utilizado na licitação, o preço que havia sido “acordado” nas reuniões e o preço adotado pela Infraero no novo orçamento apresentado (Anexo 04).47. Vejamos então, uma síntese dos aspectos discutidos e acordados nas reuniões entre o engenheiro orçamentista da Infraero e os técnicos da SECOB, bem como as novas justificativas fornecidas pela empresa estatal para a modificação dos preços desses itens, juntamente com as nossas considerações.

3.2.1 – Desenho formato A0 (und) – Item 01.03.500.0148. Para esse serviço, a Infraero montou a composição de acordo com a necessidade do empreendimento (Anexo 1; fl.79). No material entregue na reunião do dia 14/06 (Anexo 03; fl. 99), a empresa estatal alega que não utilizou os custos dos insumos (engenheiros e arquitetos) constantes no SINAPI em virtude dos profissionais especificados no citado sistema de referência não serem projetistas.49. Com o intuito de verificar o exposto pela empresa aeroportuária, procedemos a uma busca em outro sistema de referência, DER/SP, no qual constatamos que o preço adotado pela estatal em seu orçamento está compatível com o constante no citado sistema.50. No entanto, em relação aos custos adotados para o Desenhista Projetista (20,01 R$/h), não concordamos com a justificativa apresentada pela Infraero, pois no SINAPI, o preço horário do referido profissional é de R$ 12,60.51. Na reunião do dia 14/06, tal fato foi exposto ao engenheiro da Infraero que se prontificou em adotar o custo indicado no SINAPI para este profissional. Com isto, chegou-se a um novo preço de referência para o serviço de formato Ao (2.604,37 R$/un).52. Contudo, ao fornecer o novo orçamento revisado, a empresa estatal não adotou o preço anteriormente acordado, apresentando as seguintes justificativas:

‘A Infraero não concorda com o preço horário (R$ 12,81 por hora, já com encargos) do desenhista projetista apresentado pelo SINAPI (Código 2358), pelos seguintes motivos:

- Este preço corresponde, no mercado ao salário de um desenhista cadista;- Pesquisa efetuada em junho de 2005 com 40 empresas de São Paulo, sobre remuneração do

desenhista Projetista, indica o menor salário de R$ 2.433,00 por mês (sem encargos), o que equivale a R$ 11,06 por hora ou R$ 20,18 por hora (com encargos de mensalista de 82,45%).

- Na composição apresentada inicialmente, o valor proposto pela INFRAERO era igual a R$ 20,01 (com encargos), proveniente de pesquisa efetuada pelo jornal Folha de São Paulo, em abril /2.004, corrigido com acréscimo de 6% até julho/2.005, data do orçamento de referência.’

53. Apesar das justificativas, não foi apresentado nenhum documento comprobatório das alegações expostas pela empresa estatal.55. Além do mais, no relatório SINAPI de julho de 2005 (São Paulo) consta os seguintes custos para o profissional ‘desenhista’:

Código Descrição Und 1º Quartil Mediano 3º Quartil00002357 Desenhista copista H 6,41 6,69 7,23

00002355 Desenhista detalhista H 8,40 8,75 9,46

00002358 Desenhista projetista H 12,09 12,60 13,63

55. Como visto do quadro acima, ao contrário do que alega a estatal, o desenhista com custo horário de R$12,60 é o projetista (código 00002358). O desenhista cadista, o qual a Infraero se referiu, é o de código 00002357, com custo mediano de 6,69 R$/h. 56. Em que pese a alegação da pesquisa efetuada pela Folha de São Paulo, entendemos que os custos de insumos e serviços de obras públicas devem ser apurados tomando-se como referência, primeiramente, fontes oficiais. Somente na ausência destas é que deve-se recorrer a outras fontes com o intuito de obter parâmetros de custos.

Page 9: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

57. Assim, entendemos que a Infraero deve rever o preço da mão-de-obra do desenhista projetista em sua composição, de modo a utilizar o preço constante no sistema de referência da Caixa Econômica Federal.

3.2.2 – Sub-base ou base de brita graduada tratada com cimento 3% em peso58. Este é o único serviço para o qual, apesar de ter sofrido modificações por parte da Infraero, a justificativa pode ser aceita.59. Em virtude de ausência de composição de custos unitários específica para o serviço de base de brita graduada tratada com cimento, para avaliar o preço adotado pela Infraero no orçamento do Anexo 1 (149,69 R$/m3), utilizamos a composição do Sicro II de Base de brita graduada (2 S 02 230 50) com o acréscimo de 72 Kg de cimento (3%). Desta forma, encontramos um preço unitário de R$ 136,30.60. Vale ressaltar que, para encontrar o preço anteriormente citado, por constar na composição da Infraero, também incluímos o insumo água na composição do Sicro (2,40 R$/m3).61. Na reunião no dia 21/06, o engenheiro orçamentista da estatal forneceu uma nova composição (Anexo 03; fl.346) com preço unitário de R$138,04. Em virtude da pequena diferença em relação ao preço que havíamos adotado como referência, resolvemos acatar o valor encontrado pela Infraero.62. No entanto, no orçamento entregue à SECOB no dia 10 de julho, a empresa aeroportuária apresentou uma nova composição com custo unitário de R$ 149,99, forneceu também, a seguinte justificativa para a não adoção do preço anteriormente acordado:

‘No Orçamento de Referência este item (04.05.302) indica ‘Sub-base ou Base de Brita Graduada Tratada com cimento 3% em peso’. Entretanto, de acordo com o Volume II – Especificações Técnicas para esta Obra, páginas (sic) 134, verifica-se que a percentagem do cimento em peso é de 4% e não 3%. Portanto, fizemos apenas a correção desde (sic) dado na composição.’

63. Diante da nova justificativa apresentada pela estatal, refizemos novamente o cálculo do preço do serviço utilizando a composição do SICRO II e procedendo a um acréscimo de 96 Kg de cimento por m3 (4%), e obtemos o preço de 145,21 R$/m3 (c/ BDI).64. A diferença entre esses dois preços agora comparados (R$ 149,99 x R$ 145,21) é de apenas 3,2 %, por isso, concordamos com a nova composição apresentada pela Infraero, com a ressalva de que durante a execução dos serviços, os custos advindos da utilização do insumo água realmente ocorram, bem como, o percentual de cimento adicionado à mistura de brita seja de 4%.

3.2.3 – Concreto betuminoso usinado a quente – CBUQ – Capa – Item 04.05.601.0165. Para analisar o preço revisado deste serviço adotado pela Infraero (552,51R$/m3), utilizamos a composição 2S 02 540 51 do SICRO II (Anexo 03; fl. 367) na qual, após as correções nos preços dos insumos areia e brita, encontramos o preço de 377,23 R$/m3 (incluso o BDI).66. No material entregue na reunião do dia 19/05, a empresa estatal apresentou o seguinte argumento (Anexo 03; fl.17):

‘A INFRAERO não utiliza a composição de CBUQ do SICRO/DNIT pelo seguinte motivo básico, entre outros: o traço do CBUQ usado em aeroportos, que é especificado pela DIRENG, é diferente do traço usado na composição do SICRO/DNIT.’ (Grifos nossos)

67. A respeito do comentário, temos o seguinte à esclarecer:68. O edital da Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003 (TPS 3) assim descreve o objeto da licitação que está sendo realizada:

‘A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - INFRAERO comunica a realização de Concorrência Pública Nacional, mediante o procedimento de PRÉ-QUALIFICAÇÃO, para a “CONTRATAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO DO TERMINAL DE PASSAGEIROS N° 3 (TPS-3), DO VIADUTO (VDT), DO SISTEMA VIÁRIO INTERNO (SVI), DO EDIFÍCIO GARAGEM (EDG), DO PÁTIO DE ESTACIONAMENTO DE AERONAVES (PPT) E A ELABORAÇÃO DOS RESPECTIVOS PROJETOS EXECUTIVOS DO EMPREENDIMENTO, NO AEROPORTO INTERNACIONAL DE SÃO PAULO / GUARULHOS - GOVERNADOR ANDRÉ FRANCO MONTORO, SÃO PAULO / SP ” (Grifos Nossos)

Page 10: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

69. Enquanto que o edital da Concorrência 012/DAAG/SBGR/2003 (pátios e pistas) possui o seguinte objeto:

‘A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - INFRAERO, comunica a realização de Concorrência Pública Nacional, mediante do procedimento de PRÉ-QUALIFICAÇÃO, para a ‘CONTRATAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA DE IMPLANTAÇÃO, ADEQUAÇÃO, AMPLIAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DO SISTEMA DE PÁTIOS E PISTAS, DE RECUPERAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DO SISTEMA DE MACRODRENAGEM, EXISTENTE, DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA SEPARADOR DE ÁGUA/ÓLEO DO SISTEMA DE MACRODRENAGEM, DE REVITALIZAÇÃO DO SISTEMA VIÁRIO EXISTENTE, E DA ELABORAÇÃO DOS PROJETOS EXECUTIVOS DO EMPREENDIMENTO, NO AEROPORTO INTERNACIONAL DE SÃO PAULO/GUARULHOS – GOVERNADOR ANDRÉ FRANCO MONTORO, SÃO PAULO/SP’.’ (Grifos Nossos)

70. Como visto da análise do objeto das duas licitações para obras no aeroporto de Guarulhos/SP, as obras de pistas de pouso/decolagem estão sendo executadas mediante a Concorrência 012/DAAG/SBGR/2003, cuja aplicabilidade dos sistemas de preços em relação a esse serviço está sendo tratada no TC 005.875/2005-6; e a construção do sistema viário de acesso será realizada na Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003, ou seja, a alegação da empresa estatal não pode ser feita em relação à licitação do Terminal de Passageiros n.º 03, pois praticamente todo o CBUQ constante na planilha orçamentária será aplicado nas vias de acesso ao novo edifício (obras rodoviárias).71. Na reunião do dia 14/06, esse aspecto foi comunicado ao engenheiro da Infraero que prometeu analisar mais detalhadamente a questão. 72. No dia 21/06, o técnico da estatal concordou em adotar a composição do DNIT, procedendo a um acréscimo de 5% no coeficiente do material betuminoso (CBUQ) a título de perdas, em virtude de tal fato não ser contemplado na composição do SICRO II.73. Esse acréscimo resulta da diferença do critério de medição adotado pelo DNIT (em toneladas) em relação ao estipulado pela Infraero (em m3) para o CBUQ (massa). 74. Em virtude da celeridade processual, como também pelo fato de estarmos tratando de um orçamento de referência, aceitamos a ponderação da empresa aeroportuária, devendo somente fazer a ressalva de que esse acréscimo de 5% deve ser visto com cautela, pois para transformar a unidade do material betuminoso de peso para volume, foi adotado na composição do SICRO II o peso específico de 2.400Kg/m3,e caso o material compactado apresente um peso específico menor, faz-se necessário rever a pertinência do referido percentual.75. Entretanto, ao fornecer o novo orçamento contemplando as sugestões expostas anteriormente (adoção da composição SICRO), a empresa estatal declinou da utilização da composição do sistema de custos do DNIT. Para justificar tal procedimento, expôs o seguinte (Anexo 4; fl. 16):

‘A INFRAERO, com o intuito de conferir a realidade dos preços de mercado, tomou as seguintes providências:

- Pediu cotações de varias empresas para usinagem e aplicação do CBUQ, bem como para fornecimento da massa pronta de CBUQ, as quais são apresentadas nas páginas seguintes;

- Solicitou cópias de ensaios de laboratório efetivamente realizados em obras aeroportuárias, de forma a subsidiar a revisão das composições de CBUQ, o que também está anexando nas páginas seguintes;

- A partir destes dados, fez as composições reais para o CBUQ (capa), utilizando para usinagem e aplicação do CBUQ os menores preços cotados e, para os insumos, os preços já existentes nas planilhas anteriores. Essas composições são presentadas (sic) a seguir.

Em função desta análise real, a INFRAERO propõe adotar estas composições, que refletem de maneira imparcial o custo real do CBUQ para esta obra.

A INFRAERO lembra que o CBUQ utilizado em pistas e pátios de aeroportos têm características diferenciadas em suas especificações quando comparadas com obras rodoviárias.’

76. As alegações da empresa estatal, em hipótese alguma, merecem respaldo por parte desta Corte de Contas, pelos seguintes motivos:

- Não há coerência em confeccionar uma composição de referência de CBUQ utilizando-se preços cotados de fornecedores da mistura pronta (massa), pois, no edital da obra em tela, está prevista a instalação de uma usina de asfalto no canteiro da obra;

Page 11: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

- Além do mais, supomos que nos preços cotados estejam embutidos os custos do transporte do material do fornecedor até o canteiro de obras. Em virtude da previsão de instalação da usina no canteiro, tais custos não ocorrerão;

- É evidente que os preços fornecidos à Infraero não são econômicos e vantajosos para o Poder Público, pois contemplam o BDI das empresas fornecedoras. Assim, o erário estaria pagando um percentual de BDI em duplicidade (para empreiteira e para a fornecedora da mistura);

- O novo preço apresentado pela Infraero (551,44 R$/m3), com a utilização das cotações fornecidas para fornecimento do CBUQ e aplicação da massa, é bastante superior ao constante em diversos outros sistemas de referência como demonstra o quadro abaixo:

R$ INFRAERO R$ SINAPI R$ SICRO II R$ CONS. MERCADO551,44 306,93 392,00 493,76

Observações:Todos os preços estão com BDI de 35%.O preço SINAPI foi obtido da composição de código 00015700-001. O preço SICRO II foi obtido com as composições 2 S 02 540 51 e 1 A 01 390 52.O preço da revista Construção Mercado foi extraído da edição n.º 48 (julho/2005).Nos preços obtidos foram adotados os mesmos percentuais de encargos sociais que a Infraero adotou (129,04%).O peso específico adotado nos cálculos foi de 2,494 t/m3.

- Em relação ao traço da mistura do CBUQ, tal aspecto não se mostra relevante, pois o preço da massa asfáltica (somente os insumos) obtido com a composição do SICRO II é superior ao adotado pela estatal na nova composição (249,97 x 202,70);

- O argumento de uma possível diferenciação para o CBUQ usado em pistas e pátios de aeroportos não foi comprovado tecnicamente por parte da empresa estatal. Além do mais, no caso em análise, como já foi visto anteriormente, não há que se falar em obras de pátios e pistas de aeroportos e sim em obras rodoviárias de acesso ao novo terminal;

- Se em todas as obras rodoviárias em execução no país são utilizados os preços do sistema SICRO como referência, em alguns casos com descontos que chegam a até 20% (PETSE), entendemos que não há qualquer justificativa plausível por parte da Infraero para a não adoção do preço da composição do DNIT para as obras em análise, pois, como já visto anteriormente, grande parte do material betuminoso a ser empregado nesse empreendimento será nas vias de acesso ao novo terminal de passageiros (obra rodoviária).77. Outro aspecto a ser considerado em relação às obras rodoviárias onde o serviço em análise também é executado, refere-se ao BDI incidente sobre o material betuminoso (Cap). Nas obras executadas pela autarquia do Ministério dos Transportes, por determinação deste Tribunal, bem como em virtude de mandamentos internos do DNIT, o percentual máximo de BDI a incidir sobre os materiais asfálticos adquiridos é de 15%.78. Tal prática não é adotada pela Infraero na obra em análise. O BDI incidente sobre os serviços onde haverá aplicação do referido material é o mesmo dos demais itens da planilha. Ou seja, se a Infraero adotar o preço obtido mediante as composições do SICRO II para os serviços que envolvem CBUQ, ainda assim terá um preço acima dos que realmente são praticados na execução de obras rodoviárias no país.79. Por isso, concluímos que o preço apresentado pela estatal no novo orçamento está demasiadamente elevado (551,44 R$/m3 com BDI), devendo então, ser utilizada a composição de custos do SICRO II para se obter um novo preço de referência a ser adotado na licitação em análise.

3.2.4 – Concreto betuminoso usinado a quente – CBUQ – Binder – Item 04.05.601.0280. Para o serviço de Binder, devido às semelhanças, valem as mesmas considerações feitas anteriormente no CBUQ capa.81. Assim, entendemos que o preço a ser usado para este serviço deve ser obtido mediante a composição 2 S 02 540 52 do SICRO II .

3.2.5 – Pré misturado a quente – PMQ - Item 04.05.305

Page 12: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

82. O serviço de PMQ também é bastante similar ao de CBUQ capa, diferindo, basicamente, na relação dos materiais envolvidos no traço da mistura (brita, cap. e etc.). Por isso, as considerações feitas anteriormente também se aplicam aqui.83. O SICRO II não apresenta composição específica para este serviço. Então, para cálculo do custo unitário, deve ser adotada a composição do SICRO II referente ao CBUQ capa, com as modificações pertinentes à diferença do traço do serviço de pré misturado à quente.

3.2.6 – Operação e manutenção do canteiro de obras – Item 02.08.10084. Neste item, a Infraero criou a composição de acordo com as especificações técnicas da obra, pois não há nos sistemas de referência de preços composições específicas para este serviço.85. Analisamos a composição criada e detectamos alguns coeficientes dos equipamentos um pouco excessivos (cavalo mecânico e caminhão brook). Tal fato foi discutido com o engenheiro orçamentista da Infraero que procedeu aos ajustes necessários.86. Outra análise feita foi em relação aos materiais de higiene e limpeza, de consumo elétrico, de consumo sanitário e a verba prevista para o gasto mensal com água no canteiro que poderiam já estar sendo contemplados no percentual de 4% do BDI destinados ao item Administração Local.87. Assim, solicitou-se que fosse detalhado o referido percentual com o intuito de averiguar quais despesas estavam sendo ali contempladas. A empresa estatal procedeu a tal detalhamento onde pudemos constatar que os materiais citados no parágrafo anterior não estão sendo contemplados no item Administração Local (Anexo 03; fl. 377).88. Contudo, ao fornecer o novo orçamento revisado (Anexo 4), a Infraero modificou novamente a composição do serviço, apresentando a seguinte justificativa:

‘No item Operação e Manutenção do Canteiro de Obras, a INFRAERO constatou que não levou em conta no orçamento inicial o preço de utilização das 3 gruas a serem instaladas na obra. Levou-se em conta apenas a montagem e desmontagem das mesmas, no item 02.01.110.02 -–Instalação de Centrais e Equipamentos Industriais.

No planejamento inicial foi considerada a utilização de 3 gruas durante 43 meses, na execução da obra.

O custo de utilização destes equipamentos precisa ser levado em conta pois é bastante elevado, conforme cotação anexa. Nesta cotação levou-se em conta o preço do aluguel, operação e manutenção, totalizando R$ 58.000,00 por mês.’

89. De fato, os altos custos mensais advindos da utilização deste equipamento no canteiro do empreendimento devem ser levados em conta no orçamento de referência. Mas, ao analisarmos a cotação fornecida pela ‘Grumont equipamentos’ alguns aspectos nos chamam a atenção.90. O primeiro diz respeito à data base da proposta que é de fevereiro de 2006, diferente da data do orçamento que é de julho de 2005.91. O segundo é referente ao alto custo do equipamento quando comparado com o constante na Revista Construção Mercado da editora PINI. O preço fornecido à empresa aeroportuária foi de 58.000,00 R$/mês para a locação, operação e manutenção de uma grua com lança de 50 m modelo GR6050, enquanto que na revista, o preço para os mesmos serviços é de 8.056,00 R$/mês para uma grua com lança de 28 metros e capacidade de carga na ponta de 1.000Kg.92. Em que pese o comprimento da lança dos dois equipamentos comparados serem diferentes, a discrepância entre os preços é demasiadamente elevada, pois com o preço adotado pela estatal daria para instalar 7 gruas de 28 metros na obra.93. Outra observação a ser feita refere-se aos custos de transporte, montagem e desmontagem constantes na proposta fornecida, que são, respectivamente, R$ 12.000,00 (ida e volta), R$ 25.000,00 e R$ 25.000,00.94. Ao colocar o preço mensal do equipamento na sua composição, a estatal não considerou esses custos de mobilização das gruas em virtude de já estarem sendo contemplados em outros itens da planilha orçamentária (mobilização e desmobilização e instalação de centrais e equipamentos industriais).95. Na composição de mobilização e desmobilização dos equipamentos que serão utilizados no empreendimento (Anexo 1; fl. 74) estão previstos 25 caminhões prancha baixa e 10 caminhões prancha

Page 13: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

baixa especial para mobilizar as gruas para o canteiro. Esses 35 veículos totalizam um custo de R$ 690.057,50 (sem BDI).96. Contudo, na proposta da ‘Grumont Equipamentos’ (Anexo 04; fl. 72) o custo do transporte do equipamento é de R$ 12.000,00, ou seja, 57 vezes menor. Tal fato mostra claramente a falta de critérios, estudos e planejamento na confecção do orçamento para um empreendimento que supera a quantia de 1 bilhão de reais.97. Em relação aos custos de montagem e desmontagem desses equipamentos, a Infraero contemplou-os no item de código 02.01.110.02 (instalação de centrais e equipamentos industriais) no valor de R$ 2.279.404,07. Ou seja, 45 vezes superior ao que foi cotado pela empresa Grumont.98. Como visto, a análise do serviço operação e manutenção do canteiro de obras nos remete, inevitavelmente, à verificação de outros dois itens da planilha. Por isso, entendemos que os três serviços a que nos referimos anteriormente (02.06.100; 02.01.110.02 e 02.08.100) devem ser minuciosamente revistos com o intuito de contemplarem os reais custos ocorridos durante a sua execução. Em relação ao serviço de “Instalação de centrais e equipamentos industriais”, ainda abordaremos outros aspectos mais adiante.

3.2.7 – Fornecimento, transporte, lançamento, adensamento, cura e acabamento de concretos – Itens 03.02.113.03; 03.01.427.07; 03.02.303.01; 03.02.113.05; 03.01.504.01; 04.07.4011.01; 03.02.113.0799. Em relação aos diversos tipos de concreto que estão previstos para serem utilizados na obra do Terminal de Passageiros n.º 3, foram analisadas as composições dos que apareceram na parte A da curva ABC fornecida pela Infraero, contudo, as análises feitas em relação a esses serviços devem ser estendidas aos demais tipos que não se mostraram relevantes financeiramente a ponto de figurar na parte A da curva elaborada (concreto fck 18 Mpa, concreto fck 35 Mpa e outros).100. Primeiramente, deve-se destacar que não há no SINAPI composição de custos unitários para os concretos produzidos em central instalada na obra, então, para avaliarmos o preço apresentado pela Infraero, efetuamos uma análise minuciosa da composição que foi fornecida (Anexo 01; fl. 29).101. Para a composição auxiliar do serviço (fabricação do concreto), a empresa estatal havia adotado os mesmos índices de equipamentos e mão de obra da composição utilizada pelo TCU no aeroporto de Salvador (Anexo 01; fl. 32). Contudo, não concordamos com essa prática, pois entendemos que cada empreendimento possui as suas peculiaridades que devem ser levadas em consideração quando da realização dos respectivos orçamentos. No caso em análise, por exemplo, foi adotado o mesmo índice de 0,033 h de usina dosadora para a confecção de 1 m3 de concreto, sendo que, na obra em tela, a usina prevista para ser mobilizada possui maior capacidade de produção (60 m3/h) e, consequentemente, um menor coeficiente horário produtivo.102. Por isso, entendemos que a simples utilização de composições adotadas em outras obras deve ser rechaçada por esta Casa, devendo somente serem utilizadas como parâmetro norteador para se montar composições para cada caso quando há dificuldade de se encontrar o preço dos serviços nos sistemas de referência (SINAPI/SICRO II).103. Assim, em virtude de não concordarmos com a composição apresentada pela Infraero, sugerimos, nas reuniões realizadas com o técnico da estatal, as seguintes modificações em todas as composições de concreto:

- Utilização, na composição auxiliar, de índices de produtividade dos equipamentos de acordo com a capacidade de produção horária da central de concreto prevista para ser mobilizada na obra (60 m3/h);

- Adoção do preço de 84,43 R$/h constante no SICRO II em detrimento do adotado para o caminhão betoneira (131,24 R$/h);

- Utilização, na composição principal (lançamento, adensamento, acabamento e cura), do preço de R$ 1,30 para o vibrador de imersão (retirado do SINAPI) em detrimento do valor de R$ 7,70 anteriormente adotado;

- Modificação dos coeficientes da mão de obra em virtude da Infraero ter adotado os constantes na composição TCPO 03310.8.3.1 que corresponde ao lançamento do concreto em fundações do tipo viga baldrame e que por isso, se mostram bastante elevados, pois o próprio TCPO faz a seguinte consideração a respeito dessa composição:

Page 14: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

‘Consideram-se mão-de-obra e equipamento necessários para o transporte, lançamento, adensamento e acabamento do concreto aplicado em fundações do tipo viga baldrame. Sendo o transporte feito com carrinho de mão. Estima-se que o consumo de mão de obra para o caso de fundações seja bem superior ao da concretagem em estruturas, devido à dificuldade de acesso entre uma viga de fundação e outra; normalmente os terrenos estão com lama, o caminho é precário e o volume concretado é pequeno em relação à concretagem de um pavimento (laje + viga).’

104. Assim, após inúmeras considerações e ponderações, o engenheiro da empresa estatal concordou em efetuar as modificações sugeridas.105. Porém, no orçamento apresentado no dia 10 de julho (anexo 04), a Infraero não materializou as análises que haviam sido feitas em conjunto com os técnicos do TCU. Para justificar tal procedimento, alegou que:

‘Para os concretos, a INFRAERO levou em conta, como coeficiente das composições, a média da mão-de-obra dos índices de estrutura e infra-estrutura, uma vez que os coeficientes adotados pela PINI na TCPO 12 para estrutura são questionáveis.

Para a usina, tomou-se o preço de cotação da ABCP (anexo), uma vez que o custo horário calculado anteriormente se baseava em um preço total de usina de concreto fornecido pelo SINAPI (código 13895), mas que não foi confirmado através de consulta ao mercado.

Também se levou em conta a perda de 5% no transporte e lançamento co (sic) concreto, que é o índice das composições da TCPO 12 da PINI (ver composições 03310.8.2).’

106. Em relação a essas alegações da estatal, temos as seguintes considerações a fazer.107. Entendemos que as composições do TCPO da editora PINI só devem ser utilizadas como referência nas obras públicas federais na total impossibilidade de se obter preços nos sistemas referendados pelos órgãos de controle (SICRO/SINAPI). 108. Essa dificuldade não ocorre para os serviços de transporte, lançamento, adensamento e acabamento de concretos que possuem composições no sistema da Caixa Econômica Federal.109. A média calculada pela Infraero utilizando as composições TCPO 03310.8.5.1 e 03310.8.4.1 é totalmente equivocada e imprecisa, pois, como já vimos anteriormente, o próprio TCPO faz uma ressalva na composição de final 8.5.1, visto tratar do lançamento do concreto em vigas de fundação tipo baldrame.110. A alegação da estatal de que a composição do TCPO para lançamento de concreto em estruturas (03310.8.4.1) é questionável, é feita sem o menor critério técnico, pois ao compararmos o coeficiente da mão de obra do servente nessa composição com o constante na composição de código 00043737-012 do SINAPI, constatamos que são iguais (1,62 h/m3). Aceitar a alegação da Infraero seria considerar que tanto a composição do TCPO de lançamento de concreto em estruturas, como a do SINAPI da Caixa Econômica estão erradas. Como não entendemos dessa forma, rejeitamos os argumentos apresentados.111. Assim, concluímos que os coeficientes da mão de obra referente ao transporte, lançamento, adensamento e acabamento dos concretos a serem utilizados nas composições de concreto do orçamento básico da Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003 devem ser os constantes na composição SINAPI de código 00043737-012 com as considerações feitas nos encontros (Anexo 03; fl.281).112. Em relação ao preço da usina dosadora considerado pela estatal (250,00 R$/h) também não pode ser aceito.113. Primeiramente, observamos que o preço obtido pela Infraero mediante cotação fornecida pela ABCP (Anexo 4; fl. 76) é referente à fevereiro de 2006, enquanto que a data-base do orçamento, é julho de 2005. Logo, não condiz com a realidade do orçamento em análise.114. O tipo de usina cotado pela ABCP não é o mesmo que está previsto para ser mobilizado no empreendimento. Na composição de instalação de centrais e equipamentos industriais (Anexo 1; fl.111) a Infraero prevê a utilização de uma usina com capacidade nominal de 60 m3/h.115. Ora, além de ser um equipamento mais barato, caso fosse considerada a usina que foi cotada pela ABCP (80 m3/h), seria necessário modificar todos os coeficientes produtivos das composições auxiliares de usinagem de concreto, visto ser esse equipamento mais produtivo.

Page 15: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

116. Vejamos a seguir o custo horário de diversos tipos de usinas de concreto encontrado em alguns sistemas de referência de preços.

Page 16: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

R$ Infraero(80 m3/h)

R$ Sicro II(30 m3/H )

R$ Sicro II(270 m3/h )

R$ Sinapi(60m3/h)

R$ Const. Mercado(75 m3/h)

R$ DER/SP(40 m3/h)

R$ DER/SP(200 m3/h)

250,00 25,61 161,92 48,43 47,20 51,40 203,83

Observações:O preço horário SINAPI foi obtido mediante cálculo baseado no custo de aquisição do equipamento

(R$132.506,00) realizado pelo próprio engenheiro orçamentista da Infraero (Anexo 03; fl. 197).

117. Como visto, o preço adotado pela Infraero está bastante acima dos demais. No quadro acima, só ficou próximo ao obtido no sistema de referência do DER/SP, sendo que, a usina desse sistema possui uma capacidade produtiva muito superior à adotada pela Infraero.118. Diante do exposto, entendemos que a Infraero deve adotar o preço constante no SINAPI por se mostrar compatível com os demais, e corresponder ao tipo de usina que está prevista para ser mobilizada no empreendimento.119. Assim, a estatal deve revisar todas as composições de concreto constantes no orçamento básico das obras do Terminal de Passageiros n.º 03, de forma a utilizar os parâmetros anteriormente descritos (coeficientes da mão de obra e custo da usina) constantes no SINAPI da Caixa Econômica Federal.

3.2.8 – Fornecimento, Corte e dobra de aço CA 50. – Itens 03.02.112.01; 03.01.503; 04.07.410.01; 03.02.302.01; 03.01.427.08120. Para os serviços de corte, dobra e aplicação de aço, a Infraero utilizou a composição elaborada pelo TCU para o aeroporto de Salvador (Anexo 1;fl. 33). Contudo, como já foi dito anteriormente, não concordamos com tal procedimento. Desta forma, solicitou-se ao engenheiro da empresa estatal que utilizasse a composição constante no sistema de preços da Caixa Econômica Federal (SINAPI), que difere da do aeroporto de Salvador apenas no coeficiente do aço (1,15 Kg x 1,05 Kg).121. Na reunião do dia 14/06, foi fornecida uma nova composição retratando a modificação solicitada, cujo preço para o serviço, incluindo o BDI, ficou em 5,95 R$/Kg (Anexo 03; fl.296).122. Todavia, ao fornecer o novo orçamento revisado, sem qualquer justificativa de ordem técnica, a Infraero não procedeu às modificações acordadas. Expondo apenas o seguinte:

‘Para o aço a INFRAERO resolveu adotar a perda de aço cortado e dobrado na obra, conforme composição TCPO 12/PINI n.º 03.210.8.1.3 e 4, que é de 10%.”

123. Entendemos ser tal procedimento inadmissível, pois não há qualquer tipo de justificativa para que não se utilize a composição SINAPI de código 00015329-001, cuja perda é de 5%. 124. Além do mais, o próprio TCPO 12, à página 98, faz a seguinte observação a respeito da composição adotada pela estatal:

‘Para esta composição admitiu-se uma perda de 10% no consumo de aço, embora, dependendo do grau de organização do canteiro e controle sobre os materiais, estas perdas possam variar de 4 a 16%.’ (grifos nossos)

125. Como visto, a depender da organização do canteiro de obras, o percentual de perda do material pode ser de até 4%. 126. Vale ressaltar mais uma vez, que estamos tratando de uma obra pública, e que por isso, deve se ater aos Princípios Constitucionais da Economicidade e Eficiência. Adotar perdas excessivas de materiais, contrariando as composições dos sistemas de referência (SINAPI), vai de encontro aos princípios que regem a Administração Pública. 127. É de se observar também, que a Concorrência em análise é do tipo técnica e preço, na qual um dos critérios estabelecidos no edital da fase 2 (item 6) para pontuar a proposta técnica é justamente o item ‘Logística de Implantação do empreendimento’, decomposto nos sub-ítens: fluxograma de comunicação, apoio aos funcionários e subcontratados e projeto do canteiro.128. Ou seja, nota-se que a organização do canteiro das obras em análise, e como não poderia deixar de ser num empreendimento de tal magnitude e executado com recursos públicos, não deixará nada a desejar.

Page 17: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

129. Quanto a afirmação da adoção da perda de aço cortado e dobrado na obra, não podemos concordar, pois as empresas de construção civil, na sua grande maioria, em virtude do surgimento de empresas especializadas que entregam o aço já cortado e dobrado, não optam mais pelo corte e dobra no canteiro.130. O sistema de entrega do aço já cortado e dobrado nas medidas previstas em projeto apresenta as seguintes vantagens de acordo com um dos fornecedores nacionais:

- Dispensa o uso de bancadas para preparação das armações;- Redução das perdas por sobras de pontas e extravios (+/- 10% menos aço a ser comprado);- Dispensa o manuseio de vergalhões em barras longas.

131. Desta forma, entendemos que numa obra cujo montante do serviço de fornecimento, corte e dobra de aço supera a quantia de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais), a empresa executora do empreendimento buscará otimizar e reduzir a perda do aço a ser utilizado com soluções como a adoção do sistema de fornecimento do ferro nas medidas indicadas em projeto.132. Diante de todo o exposto, concluímos que a Infraero deve revisar todas as composições de aço constantes no orçamento básico da Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003, de forma a adequá-las à composição SINAPI de código 00015329-001.

3.2.9 – Transporte de peça pré-moldada – Item 03.02.360.01133. No orçamento revisado pela Infraero enviado a esta Corte de Contas para análise (Anexo 01), o serviço de transporte de peças pré-moldadas apresenta um custo de 384,95 R$/m3. 134. Após as reuniões que se sucederam, o engenheiro orçamentista da Infraero procedeu a uma revisão da composição constante no orçamento do anexo 01 (fl.120). Com isso, modificou substancialmente os coeficientes dos equipamentos e da mão de obra envolvidos na execução do serviço, pois levou em consideração uma maior otimização no transporte dos elementos pré-moldados. Com as referidas modificações, o serviço passou a ter um preço unitário de R$ 164,42 (Anexo 03; fl.358).135. Porém, no novo orçamento apresentado a este Tribunal após o término das reuniões (Anexo 4), a Infraero desconsiderou todo o trabalho, análises, discussões e estudos que haviam sido feitos em conjunto com os técnicos desta Secretaria de Obras, e apresentou uma nova composição para o serviço com um preço unitário de R$ 558,75 (superior até mesmo ao utilizado na licitação – R$ 418,55). Para tal, apresentou a seguinte justificativa:

‘Para esta composição, a INFRAERO levou em conta que o transporte de peças pré-moldadas informando anteriormente (18 peças) era inconsistente, tendo em vista que só são lançadas em média 5 peças de viga pi por dia. Não existe pátio de estocagem de vigas junto á estrutura, não havendo condições de estocar essas vigas nas proximidades da estrutura em construção.’

136. Entendemos que a consideração efetuada pela empresa aeroportuária de um lançamento de 5 vigas por dia não condiz com a realidade do serviço, e foi feita sem o menor critério técnico ou um estudo mais detalhado. Para se ter uma noção da baixa produtividade adotada pela estatal, vejamos um simples cálculo que demonstra tal consideração ser totalmente inapropriada para a obra em questão:

A - Volume de concreto pré-moldado a ser lanc./transp. = 12.720,19 m3 (item 03.02.360.02)B - Lançamento/transporte diário = 5 peças (adotado pela estatal)C - Volume médio de uma peça = 2,5 m3 (Adotado pela Infraero em sua memória de cálculo)D - Quantidade média de peças a serem transportadas ( A÷C) = 5.088,07 = 5.088 peçasE – Quantidade média de dias trabalhados no mês = 22 F – Quantidade de peças lançadas/transportadas em um mês (B x E) = 130 peças/mêsG – Quant. De meses necessários para lançar as 5.088 peças (D ÷ F) = 39,13 meses

137. Como visto, com a consideração levada a efeito pela Infraero (lançamento de 5 peças/dia) seriam necessários, aproximadamente, 40 meses de serviços ininterruptos para concluir todo o serviço envolvendo os pré-moldados da obra em questão. 138. Ora, se o prazo previsto para o empreendimento é de 72 meses, nos parece bastante desproporcional que o serviço de pré-moldados necessite de um prazo de 40 meses para ser executado, pois antes do seu início, inúmeros serviços são necessários, tais como, limpeza do terreno, terraplanagem, locação da obra, execução das estacas hélice e execução dos blocos de fundação. E, existe também, uma gama de outros serviços que dependem da conclusão do serviço de estrutura para

Page 18: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

que possam ser iniciados (alvenaria, pavimentação, reboco, revestimento, pintura, instalação de equipamentos eletromecânicos e inúmeros outros). 139. Com a adoção do baixíssimo coeficiente de transporte/lançamento de 5 peças por dia, o custo para o metro cúbico do concreto pré-moldado (apenas material concreto), como mostra o quadro a seguir, se mostra bastante elevado.

Item Serviços und R$/Und

03.02.303.01 Concreto fck 30 Mpa para peças pré-moldadas

m3 446,31

03.02.360.01 Transporte de peça pré-moldada m3 558,75

03.02.360.02 Lançamento de peça pré-moldada m3 328,79

Total 1.333,85

140. Ora, com um custo tão alto, sem levar em consideração ainda a forma e o aço, a estatal deveria então rever a viabilidade da adoção da solução de estrutura pré-moldada, pois de acordo com os preços que ela adotou, não nos parece vantajosa. 141. Além da questão da quantidade de peças transportadas por dia, a nova composição do transporte apresentada pela Infraero se mostra incoerente na adoção do guindaste sobre pneus 120 t com custo horário de R$ 420,00, pois, na composição de lançamento das peças, é utilizado um guindaste de 60 t, com custo de 210,00 R$/h (Anexo 4; fl. 265). Ao nosso ver, não pode um serviço menos complexo (carga das peças), necessitar de um equipamento de maior porte do que o serviço de lançamento dos pré-moldados.142. Assim, entendemos que a Infraero deve revisar as composições e, consequentemente, os preços dos serviços de transporte e lançamento de peças pré-moldadas a serem adotados no orçamento básico das obras do Terminal de Passageiros n.º 03 do Aeroporto de Guarulhos/SP, em virtude de que as considerações efetuadas pela estatal (5 lançamentos/dia) não se mostram coerentes com a realidade da execução do serviço. Em relação ao serviço de lançamento, veremos mais adiante outros aspectos.

3.2.10 – Pavimento rígido com Placas de Concreto – Item 04.05.602.01143. Inicialmente, procedeu-se à comparação do preço apresentado pela Infraero com o preço obtido da composição 2S 02 606 50 do SICRO II, contudo, nas reuniões realizadas, o engenheiro da empresa estatal alegou que a referida composição não poderia ser utilizada para a análise do serviço, pois as suas características em obras aeroportuárias eram especiais. 144. Segundo a Infraero, a composição constante no sistema de referência do DNIT não é aplicável às suas obras em virtude da espessura da placa de concreto, bem como, pelo fato da produtividade nas obras rodoviárias ser muito maior, pois trata-se de trechos retilíneos onde o equipamento trabalha com maior otimização.145. Diante de tais alegações, procedemos a uma análise minuciosa da composição constante no SICRO II e discordamos das alegações da empresa estatal no que se refere à espessura da placa, pois, de acordo com a metodologia de cálculo da produção horária das equipes constantes no SICRO (Manual de Custos Rodoviários, volume 4, tomo 1), a espessura da placa de concreto em nada influência a produtividade do serviço, visto que, esta é apurada em m3 de concreto, pouco importando se a placa possui 25 ou 30 cm de espessura já que o cálculo da produção horária é baseado no volume, e não na área. 146. Referente à produtividade diferenciada dos equipamentos em virtude do constante deslocamento do maquinário, entendemos que pode ser aceito, pois, de acordo com o Volume 4 do Manual do SICRO II, a produtividade dos equipamentos nesse serviço é influenciada diretamente pelo fator de eficiência, que consiste na relação entre o tempo de produção efetiva e o tempo de produção nominal, ou seja, talvez, nas obras aeroportuárias, esse fator possa ser menor do que o utilizado pelo DNIT nas suas composições em virtude de não se tratar de trechos contínuos onde o equipamento possa desenvolver uma maior produção. 147. Outra questão que nos chamou a atenção na análise da composição do SICRO II é que o fator limitador da produtividade dos equipamentos é a usina de concreto utilizada, pois em nada adianta

Page 19: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

ter equipamentos mais produtivos na frente de serviço (pavimentação), se não há produção de concreto para acompanhar o desenvolver dos trabalhos. Na composição do SICRO II é utilizada uma central de concreto com capacidade de produção efetiva de 224 m3/h que acarreta uma produção nos equipamentos líderes da pavimentação de igual volume.148. Assim, diante da dificuldade de se comparar o preço apresentado pela Infraero com o obtido no sistema de referência do DNIT, foi procedida a uma análise minuciosa da composição fornecida pela estatal sempre levando em conta a metodologia do SICRO II. Desta forma, tentou-se formar uma composição que refletisse com a maior precisão possível os custos na execução do serviço.149. Essa análise foi efetuada em conjunto com o engenheiro orçamentista da Infraero, na qual foram efetuadas as seguinte modificações em relação a composição inicialmente apresentada pela empresa estatal (Anexo 01, fl.13):

- Modificação dos índices dos equipamentos constantes na produção do concreto fck 34 Mpa (composição auxiliar) de modo a adequá-los à produtividade da central de concreto prevista para ser mobilizada na obra (60m3/h);

- Correção do preço horário da central de concreto de forma a adequá-lo ao constante no SINAPI (questão tratada no item referente aos concretos);

- Modificação dos índices dos equipamentos de pavimentação de forma a torná-los compatíveis com a central de concreto prevista para ser mobilizada;

- Modificação dos índices da mão de obra em virtude de se mostrarem extremamente elevados quando comparados com os constantes no SICRO II, bem como, com os de outros serviços de construção civil.150. Assim, de acordo com todas essas observações, a empresa aeroportuária forneceu uma nova composição na qual o custo unitário do serviço era de R$ 447,58 (Anexo 03; fl. 258) que, ao nosso ver, poderia ser usado como parâmetro da contratação que está sendo levada a efeito.151. Contudo, como já foi visto anteriormente, ao oficializar as modificações no novo orçamento revisado, mais uma vez, a estatal procedeu a modificações significativas na composição do serviço, desprezando todas as análise que haviam sido feitas em entre os técnicos da SECOB e o engenheiro orçamentista por ela indicado.152. Juntamente com a nova composição, fez a seguinte explanação:

‘Tendo em vista que o pavimento rígido com placas de concreto para obras aeroportuárias é diferenciado de pavimento rígido de estradas, a INFRAERO apresenta a composição anexa, diferente da anteriormente apresentada, analisada pelo Consultor de Pavimento Rígido de Concreto, Engº Civil Jader Fonseca Leite, CREA 0200043137, autor do trabalho ‘O Pavimento Rígido do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos – As Built’, ano 1991, 221 páginas.

Apresenta, também, carta e relatório do referido consultor em que ele afirma ‘verifica-se que os elementos constantes da planilha (CPU) são compatíveis com as produtividades médias levando-se em consideração as variações e características do pavimento rígido projetado’. E, noutro parágrafo, também informa: ‘Com isto conclui-se que o custo apurado está coerente com os custos médios praticados no mercado em se tratando de um pavimento aeroviário’.’

153. A respeito das explanações trazidas pela Infraero, entendemos que nada foi acrescentado em relação ao que já havia sido discutido e analisado com o engenheiro orçamentista nas reuniões realizadas, pois, o principal argumento apresentado diz respeito a uma possível diferenciação do serviço em obras aeroportuárias que já foi analisado anteriormente.154. Aliás, trazemos a seguir colação de trecho do Manual do Sicro II, onde são descritas todas as considerações feitas em relação à composição do serviço de pavimento rígido daquele sistema:

‘3-Para a execução do concreto de cimento Portland com forma deslizante foram consideradas as seguintes hipóteses para o cálculo de seu custo unitário:

a) Utilização de central misturadora de concreto, com produção de até 270 m3 /hb) Transporte do concreto em caminhão basculantec) A partir das produções obtidas na central misturadora, é necessária a presença

na pista de equipamentos capazes de distribuir e vibrar o concreto para lá transportado .Inicialmente, o lançamento do concreto é feito na mesma máquina fresadora de

bases, retirando-se o fresador e colocando-se uma tremonha de carga compatível com o

Page 20: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

tamanho do caminhão basculante. Essa máquina lança e distribui o concreto à frente da vibroacabadora de maneira mais uniforme do que seria a descarga direta do basculante à frente da mesma.

A vibro-acabadora, com controles eletrônicos que lêem a mesma linha sensorial utilizada desde a regularização do sub-leito, espalha pelo sistema de fôrma deslizante a camada de concreto do projeto, dando-lhe o acabamento final.

A vibro-acabadora executa até 9 m de largura, com até 0.49 m de espessura, a uma velocidade de 2 m/min, consumindo, assim, na condição máxima de produção, até 530 m3/h de concreto, e todo seu trabalho é controlado por computador.

d) Para garantir que o pavimento deslizado e acabado não tenha fissuras e trincas por retração plástica durante o trabalho de hidratação do cimento contido no concreto, há necessidade de proteger-se a camada das altas taxas de evaporação que podem ocorrer no concreto durante as primeiras horas, desde o lançamento, ocasionadas por situaçõesmeteorológicas desfavoráveis (velocidade do vento, umidade relativa do ar, temperaturaambiente e temperatura de hidratação do concreto).

Essa proteção é feita por uma mini-estação meteorológica, colocada junto da texturizadora e lançadora de produto químico para a cura do concreto (antisol), e que permite a leitura da umidade relativa do ar, da temperatura ambiente e velocidade do vento, adicionandose (sic) a ela a leitura ‘in situ’ da temperatura do concreto. Essas quatro variáveis são, continuamente, registradas no computador de campo, onde também são identificadas as estacas topográficas, de tal forma que, a qualquer instante que uma determinada condição meteorológica ocorra, que provoque uma taxa de evaporação acima da indicada, a estaca ou estacas sujeitas a trincamento ou fissuramento são novamente seladas com antisol.

Devido a grande área de produção obtida com a vibro-acabadora de fôrmas deslizantes, a texturizadora e lançadora de antisol, que possui barra espargidora e sistema de bomba hidráulica para distribuição do produto, trabalha com velocidade para acompanhar a vibro-acabadora (2 m/min), podendo chegar a até 10 m/min, o que permite a ela que possa voltar para lançamentos solicitados pela estação meteorológica.’ (Grifos nossos)

155. Como visto, a composição de custos do DNIT contempla a execução do serviço de pavimento rígido de uma maneira totalmente automatizada e moderna. Percebe-se o extremo cuidado adotado em relação à cura das placas e a qualidade técnica delas. Notamos também a altíssima produtividade alcançada pela vibroacabadora que executa placas de até 49 cm. 156. Entendemos que todas essas considerações técnicas levadas a efeito pelo DNIT na execução do pavimento rígido em suas obras demonstra o excepcional nível de acabamento e preocupação com a qualidade do serviço nas obras rodoviárias.157. A nova composição apresentada pela Infraero, com custo unitário de R$ 522,23 (incluso o BDI), traz significativas modificações em relação a que foi anteriormente acordada nos seguintes insumos:

- Adoção de novos equipamentos que não havia na composição inicial (acabadora e espalhadora de concreto e trator agrícola);

- Inclusão da mão de obra do operador de equipamento especial;- Aumento nos coeficientes da mão de obra do ajudante e pedreiro;- Aumento no custo do material concreto decorrente da modificação do custo da usina na

composição auxiliar;- Aumento significativo no custo da forma metálica lateral.

158. Em relação aos novos equipamentos acrescidos pela Infraero à composição, tal fato demonstra uma incompatibilidade por parte da estatal na elaboração do orçamento de uma obra de tal porte, pois, em um determinado momento utiliza uma composição com determinado rol de equipamentos e, posteriormente, adota outros equipamentos que não haviam sido inicialmente considerados.159. No tocante à mão de obra do operador de equipamento especial, a Infraero sequer especificou a finalidade desse profissional no serviço. Não podemos precisar qual o ‘equipamento especial’ que esse profissional será encarregado de operar. Caso seja a vibroacabadora ou a estação

Page 21: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

meteorológica descritas no trecho do Manual do Sicro, sua inclusão não se faz necessária, pois no custo horários dos referidos equipamentos já estão inclusos os operadores das máquinas.160. Quanto à forma metálica lateral, a Infraero adotou o mesmo preço do serviço de forma plana para peças pré-moldadas (31,25 R$/m2). Tal procedimento está totalmente equivocado por parte da estatal, pois o serviço de forma para pré-moldados possui características totalmente diferenciadas. Para se ter uma noção da arbitrariedade cometida, a adoção do mesmo preço significa que o reaproveitamento das formas na execução do pavimento será de apenas 4 vezes, pois essa foi a reutilização adotada nos painéis pré-moldados.161. Apenas a título de comparação de valores, trazemos a seguir a composição corrigida adotada pelo TCU no Aeroporto de Salvador para o serviço de pavimento rígido de concreto. Mas, reafirmamos que não concordamos com utilização de composições de outros empreendimentos, com características peculiares, nos orçamentos de outras obras, quando há composições disponíveis nos sistemas de referência.162. O objetivo aqui é apenas demonstrar a incompatibilidade do preço utilizado pela Infraero no novo orçamento apresentado a este Tribunal de Contas.

Material Und Coef. R$ Unit R$ Tt.Concreto usinado fck 345 Mpa m3 1,02000 264,100 269,382Tábua 2,5 x 16 cm m 0,79000 5,950 4,7005Sarrafo m 0,39000 2,970 1,1583Pregos kg 0,07050 5,170 0,364485

Total Material 275,6053Máquinas e Equipamentos

Vibrador de imersão h 0,1000 1,300 0,13Régua vibratória h 1,0000 12,050 12,05Equipamento para corte, cura, etc

% 20,0000 2,436 2,436

Total Máquinas e Equipamentos

14,616

Mão-de-obra c/ encargos

Servente h 6,00000 6,1400 36,84000Pedreiro h 2,00000 7,3100 14,62000Carpinteiro h 0,68000 7,3100 4,97080Ajudante de carpinteiro h 0,68000 6,0800 4,13440Encarregado h 0,93000 13,3300 12,3969

Total Mão-de-obra 72,96Total 363,18BDI 35% 127,1142Total com BDI 490,30

163. Observe-se que naquela oportunidade, o referido serviço não foi feito com o auxílio de equipamentos de grande porte e que propiciam um significativo aumento na produtividade (espalhadora, pavimentadora e texturizadora), como também, foram utilizadas formas de madeira em detrimento das metálicas.164. Em que pese à adoção desses equipamentos na composição ora analisada, bem como a adoção de formas metálicas que proporcionam um significativo reaproveitamento, o custo unitário do serviço está superior ao constante na composição do Aeroporto de Salvador (R$ 522,23 x R$ 490,30). 165. Atente-se para o fato que sequer retiramos da composição acima os custos referentes ao encarregado, que no orçamento analisado, está em um item a parte da planilha. Observe-se também, que

Page 22: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

os preços dos insumos considerados foram extraídos do próprio orçamento da estatal, ou seja, se tivéssemos adotado os preços do SINAPI, a diferença poderia ser ainda maior. 166. Se compararmos os custos da mão de obra do servente e do pedreiro constantes na composição da Infraero com os da composição 2 S 02 606 50 do SICRO II, percebemos uma enorme discrepância de valores. Na composição do DNIT, para executar 1 m3 do serviço em análise, seriam necessários R$ 0,67 de mão de obra dos citados profissionais, enquanto que na composição da Infraero, teríamos R$ 10,62. 167. O grau de subjetividade adotado pela estatal fica constatado na observação feita nos cálculos dos coeficientes da mão de obra quando é afirmado o seguinte:

‘Os coeficientes de mão de obra de pedreiro, carpinteiro, ajudante, e operador foram majorados em 50% em virtude dos seguintes fatores: chuvas, quebra de equipamentos, paradas inerentes ao processo executivo.’168. Tais eventos são totalmente imprevisíveis e de caráter eventual. Caso a sua inclusão fosse aceita no serviço em análise, teríamos que rever todos os serviços da obra de forma a contemplar também essa parcela de imprevisão. Além do mais, as empresas ao fornecerem os seus preços, deverão o fazê-lo com conhecimento das condições locais onde será realizado o empreendimento.169. Esses fatores imprevisíveis, também podem ser absorvidos com a economia de escala que um empreendimento desse porte propicia e que não é considerada quando da confecção do orçamento. A título de exemplo, temos o insumo cimento que, somente neste serviço, serão consumidos, aproximadamente, 26.848.413,00 Kg. Tal volume proporciona ao comprador um “poder de barganha” que se reflete numa redução considerável no custo de aquisição do insumo. 170. Diante de todo o exposto, entendemos que a Infraero deve rever o preço do serviço de pavimento rígido com placas de concreto de forma a contemplar as modificações acordadas e discutidas entre os técnicos da SECOB e o engenheiro orçamentista da estatal, que culminaram num preço máximo de referência de 447,58 R$/m3.

3.2.11 – Emboço convencional com cal hidratada, Reboco convencional para paredes, Estucamento e lixamento em superfície vertical de concreto, Composição de cerâmica 2,5 x 2,5 cm e 5,0 x 5,0 cm, Verniz para concreto aparente externo e pintura com esmalte sintético – Itens 04.01.532.01; 04.01.533.01; 04.01.578.01; 04.01.534.03; 04.01.576.01; 04.01.564.01.171. Em todos os serviços relacionados nesse item, a Infraero procedeu a modificação no coeficiente do andaime fachadeiro, como também, nos índices da mão de obra dos profissionais envolvidos na execução do serviço.172. Para justificar tal procedimento, expôs o seguinte:

‘Em todas essas composições, a INFRAERO alterou o índice para andaime fachadeiro, passando de 0,008 para 1,03, conforme composição TCPO 12/PINI n.º 01544.8.5.1.’(Grifos nossos)

173. Primeiramente, devemos esclarecer que a metodologia adotada pela Infraero na consideração dos custos do andaime fachadeiro é extremamente antieconômica, pois a estatal inclui na composição de custos do serviço o referido equipamento. Procedendo desta maneira, está considerando que para a realização do serviço, sempre será utilizado andaimes.174. Tal fato não condiz com a realidade da execução dos referidos serviços, pois, para confecção do emboço, por exemplo, a depender da localização e altura da parede, sequer é necessário a utilização de andaimes. Assim, com a inclusão do referido equipamento na composição de custos unitários do serviço, estará sendo remunerada a sua utilização mesmo quando ela não é necessária.175. Além da impropriedade descrita anteriormente, a utilização da composição TCPO 01544.8.5.1, da maneira procedida pela estatal, está totalmente equivocada. Para melhor entendimento, trazemos a seguir a referida composição:

01544.8.5.1 – Andaime metálico de encaixe para trabalho em fachada de edifícios – locação – unidade: m2Código Componentes Unid. Cons.

01270.0.33.1 Montador h 0,0801270.0.45.1 Servente h 0,16

01544.7.3.1 Andaime metálico fachadeiro – locação (comprimento: 1,00 m / largura: 1,00 m / altura 2,00 m / diâmetro da seção: 1 ½”) Loc/m2/mês 1,03

Page 23: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

176. Como se pode observar, a composição do sistema PINI representa os custos para locação de 1m2 de andaime tipo fachadeiro no período de um mês. A estatal, ao adotar o coeficiente de 1,03 m2/mês nas suas composições, está considerando que para realizar, por exemplo, 1,0 m2 de emboço em paredes, seria necessário a locação de 1,03 m2 de andaimes pelo período de um mês. 177. Tal consideração é totalmente equivocada, pois, de acordo com o coeficiente produtivo do pedreiro utilizado pela estatal (0,7 h/m2), em um mês de trabalho (220 h) seriam executados, aproximadamente, 314 m2 de emboço. Por isso, o coeficiente desse equipamento nas composições, deveria ser ‘diluído’ pela produção mensal do serviço.178. Como visto, a estatal não levou em consideração esse importante aspecto nas suas composições. Desta forma, os serviços os quais estamos tratando neste item, tiveram os seus custos aumentados injustificadmente.179. Por isso, entendemos que a Infraero deve revisar todos os serviços constantes na planilha orçamentária das obras de construção do Terminal de Passageiros n.º 03 que contenham o equipamento andaime fachadeiro, de forma a adequar os custos à realidade da execução dos serviços.

3.2.12 – Piso em placa de borracha sintética 50x50 cm, 4 mm de espessura – Item 04.01.520.02180. O preço inicial apresentado pela Infraero para este serviço foi de 116,60 R$/m2 (Anexo 01). Nas reuniões realizadas com o engenheiro orçamentista da estatal, procedeu-se a uma minuciosa revisão da composição inicialmente adotada, com isso, encontrou-se um novo preço de referência (66,80 R$/m2 – Anexo 03; fl.325). As principais modificações levadas a efeito na composição aconteceram no coeficiente horário do caminhão carroceria de madeira e no preço das placas de borracha que passou a ser adotado o constante na Revista Construção Mercado (40,35 R$/m2).181. Contudo, no material entregue no dia 10 de julho (Anexo 04), a Infraero apresenta a seguinte justificativa para modificação do preço anteriormente acordado:

‘Nesta composição, cujo preço do insumo foi tomado da revista PINI, a INFRAERO apresenta a cotação de preço da própria empresa fabricante, á (sic) época da elaboração do orçamento de referência.’

182. A cotação a qual a estatal se refere (Anexo 04; fl. 99), apresenta o preço de 49,50 R$/m2 para a placa 500 x 500 mm, cor verde musgo, espessura 4 mm. Porém, há de se destacar um aspecto importante na referida cotação. Ao contrário do que afirma a empresa aeroportuária, a data constante no documento fornecido pela Ansata Engenharia e Empreendimentos Ltda, não é a data que foi elaborado o orçamento de referência (julho de 2005), e sim julho de 2006.183. Desta forma, não nos parece plausível adotar num orçamento com data base de julho de 2005, um preço obtido mediante cotação em julho de 2006. Por isso, entendemos que a Infraero deve revisar o preço do insumo na composição do piso em placas de borracha 4mm, de modo a fazer constar o preço do insumo na data de referência do orçamento.

3.2.12 – Pátio para áreas e equipamentos industriais – Item 02.01.110.01184. Este item engloba todos os serviços necessários para a instalação do pátio de pré-moldados, pátio de estocagem de agregados, rampas, oficinas, pátio de carpintaria, de armação e outros que não estão sendo contemplados nos serviços preliminares de instalação do canteiro.185. Aqui, a Infraero não forneceu nenhuma justificativa em razão de não ter adotado na planilha do orçamento o preço revisado nas reuniões realizadas com os técnicos da SECOB (61,87 R$/m2 - Anexo 04; fl.302) . 186. Além disso, há uma impropriedade no novo documento fornecido pela estatal, pois na planilha orçamentária consta o preço de 93,70 R$/m2 para a execução dos pátios para equipamentos industriais (Anexo 04; fl. 104), enquanto que nas composições em anexo, o preço é de 61,87 R$/m2 (Anexo 04; fl. 302).187. Esse segundo preço refere-se ao custo revisado nas reuniões após a retirada da composição de alguns serviços auxiliares que já estariam sendo contemplados em outros itens do orçamento (concreto, aço e forma para blocos).188. Tal fato demonstra a falta de critérios por parte da Infraero na condução de um empreendimento cujo orçamento básico ultrapassa 1 bilhão de reais, pois adota na planilha de custos diretos um preço diferente do que apresenta a composição de custos unitários do serviço.

Page 24: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

189. Assim, entendemos que o preço do serviço deve ser revisto, de maneira a refletir a realidade dos custos necessários à sua execução, ou seja, 61,87 R$/m2.

3.2.13 - Aço CP 190 RB para peças protendidas (Kg) – Itens 03.02.213.01; 04.01.520.01190. Para este serviço também não há composição no sistema de preços da Caixa Econômica Federal (SINAPI), por isso, analisamos a composição que foi apresentada pela empresa estatal (Anexo 1; fl.148).191. Na reunião do dia 7/06, foi solicitado ao engenheiro da Infraero que procedesse a uma revisão dos coeficientes dos equipamentos adotados em sua composição (guindaste sobre pneus e caminhão carroceria 15 t).192. No dia 14/6, foi apresentada uma nova composição contemplando as modificações solicitadas pelos técnicos do TCU com custo unitário de R$ 10,45. Em virtude da ausência de referência no SINAPI, este valor poderia ser usado na obra do aeroporto de Guarulhos (TPS3). Porém, assim como correu no item anterior, no novo orçamento apresentado fica demonstrada a falta de critérios por parte da estatal, pois apresenta a composição com o preço acordado nas reuniões (R$ 10,45) e utiliza um preço diferente na planilha orçamentária (R$ 14,51).193. Para tal, não forneceu qualquer tipo de justificativa, por isso entendemos que também deve ser revisto o preço adotado na planilha (Anexo 04; fl.112) de modo a ser adotado o valor obtido após as reuniões realizadas (R$ 10,45).

3.2.14 – Encargos Sociais194. No novo orçamento apresentado após as reuniões a Infraero modificou, de forma unilateral, a taxa de encargos sociais incidentes sobre a mão de obra direta do empreendimento. Para justificar tal procedimento alega o seguinte (Anexo 04; fl.06):

‘A taxa de encargos sociais inicialmente adotada para a mão-de-obra dos horistas (126,68%) não espelha a realidade para esta obra.

A INFRAERO procedeu ao cálculo da taxa real de encargos em função da previsão do período de execução da obra, de acordo com informações e dados reais de feriados da cidade de Guarulhos -SP.’

195. Juntamente com essas considerações, apresentou uma memória de cálculo dos encargos sociais cujo total obtido foi de 129,04%. Para verificar o exposto pela empresa estatal, efetuamos uma minuciosa análise da memória de cálculo fornecida (Anexo 04; fls.08 à 13).196. Neste trabalho, detectamos alguns erros nos cálculos procedidos pela empresa aeroportuária que ocasionaram o aumento da taxa de encargos calculada. As principais impropriedades foram as seguintes:

- No cálculo dos encargos do grupo II, no item referente ao desconto das horas não trabalhadas referentes ao descanso semanal remunerado (Domingo), não foi considerado que no período das férias ocorrem, aproximadamente, 25 domingos, com isso o total de horas calculado está superestimado (2.215,2593);

- Ainda no cálculo das horas não trabalhadas, no item referente à licença paternidade, a estatal não considerou que, de acordo com o Manual do Sicro II, a probabilidade de um dos 5 (cinco) dias da licença não cair no domingo é de 85,8 %, com isso as horas calculadas nesse item deveriam ser reduzidas;

- Na licença maternidade, a Infraero também não considerou que dos 120 dias obtidos pela gestante, aproximadamente 17 deles, por serem domingo, já foram contemplados no calculo do descanso semanal remunerado;

- No cálculo do auxílio referente ao acidente de trabalho, apesar de afirmar que considerou 11 dias em média ao ano, adotou o número de 12 nos cálculos efetivados;Corrigindo-se todas essas impropriedades, o número de horas efetivamente trabalhadas sofreria um aumento;

- Ao calcular as taxas referentes aos encargos do grupo II, inexplicavelmente, não foi adotado o valor das horas efetivamente trabalhadas que havia sido calculado anteriormente;197. Assim, diante dos erros constantes na memória de cálculo fornecida, procedemos a um recalculo da taxa de encargos sociais utilizando os mesmos dados e considerações fornecidas pela Infraero (67 feriados municipais) cuja memória de cálculo é a seguinte:

Page 25: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

GRUPO IOBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO IIINSS 20,0000%SEGURO DE ACIDENTES DE TRABALHO 3,0000%SALÁRIO EDUCAÇÃO 2,5000%SENAI 1,0000%SESI 1,5000%INCRA 0,2000%SEBRAE 0,6000%ADICIONAL DO SENAI 0,2000%FGTS 8,5000%TOTAL DO GRUPO I 37,5000%

GRUPO IIÔNUS PAGOS DIRETAMENTE AOS EMPREGADOS E INCLUÍDOS NA FOLHA DE PAGAMENTO SOFRENDO INCIDÊNCIA DO GRUPO I

PREMISSAS BÁSICA (Dados fornecidos pela Infraero)

HORAS TRABALHADAS NA SEMANA 44,0000 HORAS TRABALHADAS POR DIA (44 h/sem : 6 dias/sem) 7,3333 SEMANAS POR MÊS [(365 dias/ano : 12 meses) : 7 dias/sem] 4,3452 HORAS NO ANO ( 365 dias/ano x 7,3333 horas/dia) 2.676,6545 HORAS TOTAIS NO PERÍODO CONSIDERADO (2160 dias x 7,3333 horas / dia) 15.840,0000

DESCONTO DAS HORAS NÃO TRABALHADASDOMINGOTotal de domingos no período da obra (2.160 dias / 7) 308,5714Total de dias de férias (2.160 / 365 ) x 30 177,5342Número de domingos durante as férias (177,5342 / 7) 25,3620 Total de horas não trabalhadas referente aos domingos [(308,5714 - 25,3620 ) x 7,3333] 2.076,8594

FERIADOSFeriados no período da obra que não caem no Domingo (Dado fornecido pela Infraero) 67Total de horas não trabalhadas devido aos feriados (67 x 7,3333) 491,3311

FÉRIAS (30 dias x 5,9178 meses x 7,3333 horas/dia) 1.301,9160

LICENÇA PATERNIDADEPeríodo da licença (dias) 5Percentual de empregados homens na obra (Dado fornecido pela Infraero) 98%Composição etária na faixa de 18 a 60 anos (Dado fornecido pela Infraero) 50%Taxa de fecundidade (Dado fornecido pela Infraero) 3%Probabilidade de um dos dias do período da licença não cair no Domingo (M. SICRO II; Pág.33) 85,80%

Total de horas não trabalhadas devido à licença paternidade [(5 x 5,9178 x 7,3333 x 0,03 x 0,98 x 0,858)/0,5] 10,9470

LICENÇA MATERNIDADEPeríodo da licença (dias) 120Percentual de empregadas mulheres na obra (Dado fornecido pela Infraero) 2%Composição etária na faixa de 18 a 60 anos (Dado fornecido pela Infraero) 50%Taxa de fecundidade (Dado fornecido pela Infraero) 3%Dias do período da licença que caem no Domingo (120 / 7) 17,1429

Page 26: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

Total de horas não trabalhadas devido à licença maternidade [(120-17,1429) x 5,9178 x 7,3333 x 0,03 x 0,02 )/0,5] 5,3565

ACIDENTE DE TRABALHOMédia de dias por ano (Dado fornecido pela Infraero) 11Porcentagem de ocorrência 15%Total de horas não trabalhadas devido aos acidentes de trabalho (11 x 5,9178 x 7,3333 x 0,15) 71,6054

AUXÍLIO ENFERMIDADE E FALTAS LEGAISFaltas justificadas por ano (dado fornecido pela Infraero) 3Faltas legais (dado fornecido pela Infraero) 2Total de horas não trabalhadas devido ao auxílio enfermidade e às faltas legais [(2+3) x 5,9178 x 7,3333] 216,9850

AVISO PRÉVIO TRABALHADOA Infraero fez a seguinte consideração :" Não é objeto de desconto, pois considerou-se somente aviso prévio indenizado" 0

TOTAL DO DESCONTO 4.175,0004

HORAS EFETIVAMENTE TRABALHADAS NO PERÍODO DO EMPREENDIMENTOTotal de horas do período da obra 15.840,0000 Total de horas não trabalhadas 4.175,0004 Horas efetivamente trabalhadas (15.840,0000 - 4.175,0004) 11.664,9996

TAXAS

REPOUSO SEMANAL REMUNERADO (2.076,8594 / 11.664,9996) x 100 17,8042%FERIADOS ( 491,3311 / 11.664,9996) x 100 4,2120%FÉRIAS E ADICIONAL DE 1/3 ((1.301,9160 / 11.664,9996) x 1,3333 x) 100 14,8808%ACIDENTE DE TRABALHO (71,6054 / 11.664,9996) x 100 0,6138%AUXÍLIO ENFERMIDADE E FALTAS LEGAIS ( 216,9850 / 11.664,9996) x 100 1,8601%LICENÇA PATERNIDADE (10,9470 / 11.664,9996) x 100 0,0938%LICENÇA MATERNIDADE (5,3565 / 11.664,9996) x 100 0,0459%13º SALÁRIO ((30 x 7,3333 x 5,9178) /11.664,9996 ) x 100 11,1608%TOTAL GRUPO II 50,6716%

GRUPO IIIENCARGOS QUE NÃO RECEBEM AS INICIDÊNCIAS GLOBAIS DO GRUPO I

DEPÓSITO POR RESCISÃO SEM JUSTA CAUSA (50% x (8,5% + (8,5% x Grupo II)) x 100) 6,4035%

AVISO PRÉVIO INDENIZADO {[(30 x 7,3333 x 5,9174) / 11.664,9341] x (9,67 / 12)) + (1/12) x (0,148808 + 0,111608)} 11,1633%

Foi considerada a mesma permanência média anual que a Infraero considerou (9,67 meses)

INDENIZAÇÃO ADICIONAL {[((30 x 7,3333x5,9174) / 11.664,9341) x (9,67/12)] x 0,05} 0,4497%TOTAL GRUPO III 18,0165%

GRUPO IV

REINCIDÊNCIAS DO GRUPO I EM GRUPO II (37,50% x 50,6716%) x 100 19,0018%

REINCIDÊNCIAS DE FGTS SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO 1,4233%

Page 27: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

{[(0,085*0,111633)*0,5]+(0,111633*0,085)}TOTAL GRUPO IV 20,4252%

TOTAL GERAL DE ENCARGOS SOCIAIS DO EMPREENDIMENTO 126,6133%

198. Como pode ser visto na tabela acima, o total obtido utilizando as mesmas considerações levadas a efeito pela estatal foi de 126,61%. O referido percentual é muito próximo ao que anteriormente era adotado pela Infraero (126,68%), por isso não concordamos com o valor de 129,04 % utilizado pela estatal no novo orçamento apresentado. 199. Em que pese a pequena diferença entre o valor encontrado nos nossos cálculos e o adotado no orçamento revisado (2,43%), em virtude da relevância dos custos referentes à mão de obra no empreendimento analisado, faz-se imperioso que a empresa aeroportuária revise a taxa de encargos sociais por ela adotada.

3.3 – SERVIÇOS QUE NÃO SE CHEGOU A UM CONSENSO NAS REUNIÕES200. Neste item, trataremos dos serviços que foram exaustivamente discutidos e analisados com o orçamentista da Infraero, mas que a estatal não concordou em seguir todas as determinações dos técnicos da SECOB.201. No orçamento utilizado na licitação, esses serviços totalizam R$ 51.460.708,71. No documento constante no anexo 04 somam R$ 37.691.663,88. Apesar da significativa redução, entendemos que com a adoção de todas as determinações sugeridas pelos técnicos da SECOB, que em nada interferem na execução dos serviços, ainda haja uma redução da ordem de 20% no montante desses serviços.202. A seguir, uma síntese das análises levadas a efeito nos encontros, juntamente com as nossas considerações técnicas a respeito dos serviços.

3.3.1 - Fornecimento e aplicação de forma plana – Item 03.02.111.01.01203. Este serviço foi um dos mais discutidos nas reuniões que foram realizadas. O preço no orçamento revisado (Anexo 1) adotado pela Infraero foi de 76,35 R$/m2, obtido utilizando-se a composição do Aeroporto de Salvador, em conjunto com a TCPO 1203110.8.2.1.204. No SINAPI não há composição para este serviço com a utilização de compensado plastificado de 18 mm que, apesar de ser um material mais caro, comporta um número maior de reaproveitamentos. Assim, procedemos a uma minuciosa análise da composição fornecida pela empresa estatal na qual constatamos as seguintes impropriedades:

- Índices excessivos para os equipamentos;- Coeficientes de mão de obra elevados quando comparados com os adotados pelo TCPO na

composição 03110.8.2.1 (utilizada em parte pela Infraero);- Consideração do baixo reaproveitamento das chapas de madeirite (5vezes).

205. As duas primeiras questões já foram corrigidas pela empresa estatal no novo orçamento revisado (Anexo 04), tendo o serviço em análise o preço de 56,88 R$/m2 (já incluso o BDI). 206. Contudo, ao tentar justificar o baixíssimo reaproveitamento das fôrmas (5 vezes) na estrutura convencional do TPS 3 a Infraero afirmou o seguinte (Anexo 03; fl.13):

‘... não seria possível repetir cinco vezes o mesmo “jogo” pelas variações encontradas em todos os pavimentos e mesmo em um mesmo(sic) pavimento. Isso, também, pelo fato de as formas não serem padronizadas, dada a grande diversidade de medidas, recortes, elementos intermediários, etc., o que gera um desperdício de materiais (principalmente chapas, tábuas e sarrafos).’

207. No entanto, não forneceu nenhum estudo mais detalhado, nem mesmo as plantas de forma da estrutura analisada, como também afirmou que: “Para se verificar o grau de aproveitamento de formas, na estrutura convencional, formada de elementos como vigas, lajes, pilares (com pés-direitos variáveis), escadas e outros elementos, é necessário um planejamento bem criterioso.” 208. Concordamos com a necessidade de um planejamento mais detalhado como afirma a estatal, mas discordamos totalmente do índice de cinco reaproveitamentos adotado na composição em virtude dos seguintes motivos:

Page 28: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

- A própria Infraero concorda com a necessidade de um estudo mais detalhado para que se consiga otimizar o aproveitamento das formas da obra, ou seja, o reaproveitamento de 5 vezes adotado foi feito sem critérios técnicos e sem um estudo do caso concreto;

- A empreiteira que irá executar as obras elaborará um plano de ataque da estrutura de forma a reutilizar as chapas o maior número de vezes possível, já que, por se tratar de um madeirite plastificado de 18 mm, a chapa comporta diversas reutilizações. Nesse contexto há que se destacar que a licitação é do tipo técnica e preço, constando nos critérios de avaliação e pontuação das propostas técnicas (item 10, edital fase 2) o item ‘Estratégia de Execução do Empreendimento’ cuja pontuação máxima a ser obtida pelos licitantes (300 pontos) é a maior de todos os quesitos avaliados;

- Em pilares, que normalmente diminuem de seção com o crescimento vertical da estrutura, o reaproveitamento poderá ser muito maior do que 5 vezes;

- No edifício garagem, por exemplo, que possui forma arquitetônica bem mais simples do que a do terminal de passageiros, o reaproveitamento das chapas poderá ser muito maior;

- A relevância deste item no orçamento (mais de 18 milhões de reais) impõe que se faça um estudo mais detalhado visando verificar com maior fidedignidade o real aproveitamento das formas que serão utilizadas na obra.209. Em que pese o preço do serviço já ter sofrido uma significativa redução em relação ao adotado na licitação (R$ 76,35 x R$ 56,88), entendemos que a Infraero deve realizar um estudo mais detalhado objetivando verificar qual o real reaproveitamento das placas de madeirite do empreendimento ora licitado.

3.3.2 - Fornecimento e aplicação de forma plana para peças pré-moldadas – Item 03.02.301.01210. Assim como ocorreu nas formas de madeira, inúmeras foram as tentativas de chegar a um consenso para o preço deste serviço durante as reuniões que foram realizadas com o engenheiro da estatal. 211. Após essas reuniões, a Infraero forneceu uma nova composição totalmente modificada em relação a que consta no Anexo 1, folha 68, com um novo preço de 42,09 R$/m2, já incluso o BDI, para o serviço em análise (Anexo 03; fl.386).212. Nessa nova composição, foi considerado a utilização de painéis metálicos em detrimento dos painéis de madeira anteriormente considerados, pois, de acordo com o engenheiro da estatal, ‘...para uma quantidade tão grande de formas, é muito mais produtivo e menos dispendioso trabalhar com formas metálicas.’ (Anexo 03; fl.14).213. Concordamos com a utilização das formas metálicas nessa composição, mas, discordamos totalmente do preço final encontrado pela empresa estatal (42,09R$/m2) pelos seguintes motivos:

- As formas metálicas para peças pré-moldadas existentes no mercado permitem a regulagem de modo a se obter peças de diversas dimensões, assim, com uma única forma de viga, por exemplo, é possível confeccionar peças com largura variando de 100 à 400mm e altura de 200 à 750 mm, não tendo sido tal fato levado em consideração por parte da Infraero;

- Durante a visita realizada pelos Técnicos deste Tribunal às obras que estão sendo executadas no Aeroporto de Congonhas, constatou-se que foram utilizados apenas dois jogos de formas para a confecção dos pilares e três jogos para a confecção das vigas, ou seja, a otimização na utilização dessas formas metálicas ocasiona uma redução considerável no preço por metro quadrado;

- O valor obtido pela Infraero na sua nova composição (com formas metálicas) quando comparado com a composição do aeroporto de Salvador corrigida (com formas de madeira) possui um valor superior (42,09 R$/m2 x 36,57 R$/m2). Ora, se a própria empresa estatal alega que é mais produtivo e menos dispendioso trabalhar com forma metálica, como pode o preço obtido ser superior ao do aeroporto de Salvador que utilizou chapas de madeira?;

- Com o valor adotado na sua composição para o custo/m2 dos painéis metálicos (10,50 R$) e a quantidade prevista para esse serviço na planilha orçamentária (202.826,56 m2) teríamos o montante de R$ 2.129.678,88, bastante superior ao valor necessário para adquirir as formas que serão utilizadas na obra.

- A Infraero sequer forneceu uma cotação de preços para os painéis metálicos utilizados na fabricação de pré-moldados de concreto (apresentou cotação de um tipo diferente de forma).

Page 29: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

214. Assim, em virtude de não ter chegado a um consenso para o preço deste serviço, propomos que a Infraero proceda a um estudo detalhado da quantidade de jogos de formas metálicas que serão necessárias para executar a obra, e confeccione uma composição para o serviço contemplando o custo necessário para adquirir esse material, bem como leve em consideração que os custos da mão de obra envolvida neste serviço devem contemplar que os painéis serão reutilizados inúmeras vezes em virtude da regulagem que podem sofrer.

3.3.3 - Escavação e carga de material de 1º categoria do aterro de sobrecarga e Escavação e carga de material de 1º categoria – Itens 02.04.206 e 02.04.201215. Nestes serviços a Infraero adotou a composição 2S 01 100 09 do SICRO II (Anexo 01; fl. 228) associada com a composição TCPO 02335.8.5.19 para o cálculo do coeficiente de utilização operativa do trator de esteiras D8, obtendo o preço de 4,12 R$/m3.216. No SICRO II, as composições não contemplam apenas os serviços de escavação e carga do material, pois também consideram o transporte do material em caminhões basculante.217. Utilizando da mesma metodologia adotada pela Infraero no serviço de escavação e carga de empréstimo com fornecimento de terra, onde se utilizou a composição 2S 01 100 09 do SICRO II com a exclusão operativa do caminhão basculante, teríamos para os serviços em análise o preço unitário de 2,84 R$ (c/ BDI). 218. Nas reuniões realizadas, o engenheiro da empresa estatal argumentou o preço de 4,12 R$/m3 utilizando a composição 1A 01 111 01 do SICRO II (Anexo 03; fl.385) que corresponde à escavação e carga de material de jazida em obras de conservação, ou seja, um serviço diferente do constante nos itens 02.04.201 e 02.04.206 do orçamento.219. Na tentativa de se chegar a um consenso a respeito do preço do serviço não obtivemos êxito, pois o engenheiro da Infraero alegou que o preço obtido da composição 2S 01 100 09 seria incompatível com a obra ora licitada.220. Em virtude da falta de critério por parte da estatal que em determinados serviços utiliza a composição do SICRO, e em outros alega a incompatibilidade destas, bem como, com o intuito de se padronizar a metodologia utilizada na análise do orçamento apresentado pela Infraero, sugerimos que a empresa estatal adote o preço de 2,84 R$/m3 obtido com a utilização da composição 2S 01 100 09. Tal fato acarretará uma redução de R$ 1.123.331,94 no orçamento em análise.

3.3.4 – Lançamento de peças pré-moldadas – Item 03.02.360.02221. O preço deste serviço no orçamento utilizado na licitação é de 546,31 R$/m3. Nas reuniões realizadas o engenheiro orçamentista da estatal prometeu reavaliar esse custo em função de ter sido obtido considerando-se um lançamento diário de 5 peças de pré-moldados.222. Contudo, não foi fornecido a esta Secretaria o estudo anteriormente prometido. Como observamos no serviço de transporte de pré-moldados, a consideração de um lançamento de apenas 5 peças por dia não se mostra coerente, visto que seriam necessários, aproximadamente, 40 meses para lançar o volume de pré-moldados constante na planilha, com isso o preço do serviço se mostra bastante elevado.223. Desta forma, entendemos que a estatal deva rever a sua composição de forma a contemplar um número de lançamentos de peças por dia de trabalho mais coerente com a realidade do empreendimento ora analisado.

3.3.5 – Instalação de centrais e equipamentos industriais – Item 02.01.110.02224. Na licitação foi utilizado um preço unitário de R$ 5.376.808,03 (vb) para este item. No anexo 01, folha 107, consta a composição de custos unitários para a instalação dos seguintes equipamentos no canteiro de obras: central de concreto, usina de asfalto, usina de solos, gruas e pórticos.225. Acontece que, nestas composições, aparecem diversos materiais e serviços com unidade verba (vb). Isso impossibilita aferir o custo destes serviços, pois não podemos precisar os respectivos quantitativos. Alguns serviços expressados dessa forma representam, até mesmo, 50% dos custos necessários para a instalação do equipamento (central de concreto).226. Tal fato foi exposto ao engenheiro orçamentista da estatal que trouxe um documento (Anexo 03; fl.376) onde é afirmado que:

‘As verbas adotadas na elaboração do orçamento básico são valores médios utilizados pelos fabricantes e montadores para cada tipo de instalação.

Page 30: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

Para um orçamento preciso é necessário:Primeiro a produção horária necessária, segundo a marca e modelo do equipamento e por último a

disposição destes equipamentos no lay out do canteiro de obras.’

227. Pois bem, na composição auxiliar de instalação da central de concreto (Anexo 01; fl. 110) com verba total de R$ 590.562,96 (sem BDI), há um material/serviço com a denominação de “Estrutura Metálica” com uma verba no valor de R$ 94.081,48.228. Ao consultarmos o custo de aquisição de uma central de concreto de 60 m3/h no SINAPI encontramos o preço de R$ 132.506,18 (julho/2005). Ou seja, não nos parece plausível que na instalação do equipamento ocorra um custo 4 vezes superior ao necessário para a sua aquisição.229. Também nos parece desproporcional que na instalação da usina sejam gastos R$ 94.081,48 a título de estrutura metálica, já que o custo de aquisição da central de concreto é de R$ 132.506,18. Ou seja, ao contrário do afirmado pela Infraero, entendemos que os valores considerados a título de verba pela estatal não são valores médios indicados pelos fabricantes.230. Em relação à montagem e desmontagem das gruas, como já foi visto anteriormente, o custo adotado pela Infraero na composição de instalação de centrais e equipamentos industriais (Anexo 01; fl.116) está bastante superior ao fornecido por uma empresa fornecedora do equipamento.231. Estes fatos demonstram que a verba de R$ 5.376.808,03 destinada à instalação de centrais e equipamentos industriais está bastante elevada, devendo então ser revista por parte da empresa aeroportuária.

3.3.6 – Estação de tratamento de esgoto – Item 02.01.210232. Esse serviço não chegou a ser abordado anteriormente. Porém, esperava-se que a estatal, mantendo a metodologia empregada na análise dos demais serviços, procedesse a uma revisão na composição da estação de tratamento de esgoto.233. Ao analisarmos a composição constante no anexo 04, folha 304, percebemos que isso não ocorreu. Nesta composição, com valor global de R$ 1.965.060,89 (incluso o BDI), existem R$ 1.296.540,03 referentes à material de consumo, elétrico, hidráulicos e sanitários, fornecimento de ETE modular e desinfecção por ultra violeta cuja a unidade de apropriação é em verba (vb). 234. Assim como ocorreu no serviço analisado no item anterior, a utilização de verbas globais dificulta a fiscalização dos órgãos de controle, pois impossibilita aferir os reais custos desses serviços auxiliares.235. Além do mais, não foi fornecida nenhuma memória de cálculo que comprove os quantitativos dos demais serviços auxiliares que totalizam R$ 82.540,65 (sem BDI).236. Por isso, entendemos que a Infraero também deve revisar a composição do item ‘Estação de Tratamento de Esgoto’ visando aferir os reais custos incorridos nesse serviço.

3.4 – SERVIÇOS CUJOS PREÇOS PODEM SER ADOTADOS NO ORÇAMENTO APÓS A MODIFICAÇÃO DA TAXA DE ENCARGOS SOCIAIS ADOTADA PELA INFRAERO237. A seguir, trazemos os serviços constantes na parte “A” da curva ABC fornecida pela Infraero nos quais se chegou a um consenso nas reuniões realizadas, e que a estatal acatou as proposições dos técnicos do TCU. Porém, em virtude da mudança da taxa de encargos sociais procedida no novo orçamento revisado, esses serviços tiveram os seus preços unitários modificados. Assim, após a retificação do percentual de 129,04 % aplicado sobre a mão de obra horista do empreendimento, os preços desses itens poderão ser utilizados na Concorrência em análise.238. Vejamos então, os aspectos abordados nos encontros com o técnico da Infraero em cada item analisado, acompanhado de um quadro comparativo do preço utilizado na concorrência com o preço máximo que deve ser adotado após a retificação mencionada no parágrafo anterior.

3.4.1 - Aspectos referentes ao Insumo Feitor239. Antes de iniciar a análise dos serviços propriamente dita, foi debatido com o engenheiro da Infraero o fato de ter sido incluído a mão de obra referente ao insumo feitor nas composições adotadas.240. A estatal havia alegado que incluiu o referido profissional em suas composições em virtude dele não estar contemplado no BDI no item referente à Administração Local. 241. Ao analisarmos o detalhamento do item Administração Local que foi apresentado pela Infraero (Anexo 03; fl.377), constatamos que, de fato, não foi contemplado o feitor (encarregado de serventes ou cabo de turma).

Page 31: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

242. Desta forma, entendemos que os custos referentes ao citado profissional devem ser contemplados na obra em análise, mas não nas composições do serviços, pois os encargos sociais incidentes sobre a remuneração desse profissional diferem dos incidentes sobre os demais.243. Assim, na reunião do dia 5 de maio, ficou acordado com o engenheiro orçamentista da Infraero que os custos do insumo feitor deveriam ser retirados de todas as composições e colocados como um item da planilha considerando-se os encargos sociais que incidem sobre um profissional mensalista (82,45% - Adotado pela estatal).

3.4.2 - Estrutura metálica treliçada, plana e em arco para fechamento “structural glasing” (Kg) – Item 03.03.101

R$ Licitação R$Máx. TCU % Dif.19,54 18,18 7,48%

Comentários:244. Neste serviço, tivemos dificuldade para encontrar composições nos sistemas de referência, por isso, procedemos a uma análise da composição fornecida pela Infraero (Anexo I; Fl.17).245. Na nossa análise, quando possível, comparamos os preços dos insumos com os constantes no SINAPI e na Revista Construção e Mercado, não tendo sido encontradas distorções significativas. Mas, na composição auxiliar 3 (Anexo 1; fl.23), detectamos índices excessivos para os equipamentos utilizados na montagem da estrutura metálica.246. Tal fato foi exposto ao engenheiro da Infraero na reunião do dia 07/06 que se prontificou em reavaliar os coeficientes desses equipamentos.247. Na reunião do dia 14/06, foi apresentada uma nova composição com as modificações sugeridas pelos técnicos do TCU com o preço final de 18,18 R$/Kg (já incluso o BDI) que, na obra em análise, pode ser aceito.

3.4.3 - Pisos em granito – Itens 04.01.515.01; 04.01.515.03; 04.01.515.05; 04.01.515.04

Tipo R$ Licitação R$Máx. TCU %Dif.Piso em granito branco quartz 50x50 562,15 391,97 43,41%Piso em granito branco marfim 50x50 438,04 252,52 73,46%Piso de granito Monet 50x50 828,67 457,52 81,12%Piso em granito branco marfim 30x30 438,04 252,52 73,46%

Comentários:248. No SINAPI não há composição específica para assentamento de granitos 50 x 50 cm. A Infraero utilizou a composição elaborada pelo TCU para o Aeroporto de Salvador. 249. Como já foi exposto anteriormente nesse relatório, não concordamos com a prática de se utilizar, sem critérios, composições de outras obras para obter preços de serviços que, a depender da situação, podem apresentar especificações técnicas diferentes.250. Assim, juntamente com o engenheiro orçamentista da Infraero, foi procedida a uma revisão na composição que havia sido apresentada (Anexo 1; fl. 40). 251. Com isso, sofreram modificações os coeficientes do caminhão carroceria, o preço do granito (material), bem como o consumo dos materiais necessários à execução da argamassa para assentamento das pedras. 252. Em relação às pedras de granito, em virtude da especificação do material, não conseguimos aferir o preço cotado pela Infraero. Por isso, assim como ocorreu nos demais itens da planilha em que os preços foram obtidos mediante cotação, entendemos que deva ser fornecida a esta Corte de Contas uma declaração formal do Departamento de Engenharia da estatal, assumindo que os preços adotados estão compatíveis com os reais custos de aquisição do produto.253. As novas composições contemplando as modificações anteriormente citadas constam no novo orçamento fornecido no dia 10 de julho. Então, caso seja fornecida a declaração a que nos referimos, entendemos que, após a modificação da taxa de encargos sociais, os preços obtidos com a utilização das composições revisadas podem ser adotados nas obras de construção do novo Terminal de Passageiros do Aeroporto de Guarulhos.

Page 32: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

3.4.4 - Escavação e carga de empréstimo com fornecimento de terra (m3) – Item 02.04.205

R$ Licitação R$Máx. TCU % Dif.16,13 13,01 23,98%

Comentários:254. A composição utilizada pela Infraero para esse serviço foi a 2S 01 100 09 do SICRO II (Anexo 01; fl.53). Na referida composição, a estatal procedeu à exclusão do custo operativo do caminhão basculante pelo fato do transporte do material ser contemplado em outro item da planilha. 255. Apesar da utilização da composição do sistema de referência adotado pelo TCU, encontramos uma impropriedade no fornecimento de terra (insumo) que foi acrescido pela Infraero ao serviço. Nesse material, havia sido considerado um consumo de 1,3 m3 de terra para cada m3 escavado. Tal fato se mostrava incoerente em virtude do critério de medição constante à folha 54, anexo 1, estabelecer que o volume do material escavado deveria se apurado no corte.256. A impropriedade foi comunicada ao engenheiro orçamentista da Infraero na reunião do dia 07/06. Na reunião seguinte (14/06), uma nova composição foi apresentada com a modificação no coeficiente do fornecimento de terra.257. Desta maneira, entendemos que a nova composição, com a correção referente aos encargos sociais, pode ser utilizada na concorrência em análise.

3.4.5 - Estrutura metálica da passarela de acesso às pontes de embarque e desembarque (Kg) – Item 07.17.101

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.17,98 14,53 23,74%

258. Comentários: 259. As mesmas observações feitas em relação ao serviço de código 03.03.101 (estrutura metálica treliçada) se aplicam a este item.

3.4.6 - Execução de Estaca Hélice Contínua – Itens 03.01.427.04; 03.01.427.06; 03.01.427.05; 03.01.427.03.

Tipo R$ Licitação R$Máx. TCU % Dif.Estaca Hélice d=80 355,06 154,31 130,09 %Estaca Hélice d=100 439,75 247,94 77,36 %Estaca Hélice d=90 400,67 200,73 99,60 %Estaca Hélice d=70 315,97 128,44 146,00%

Comentários:260. Os serviços de escavação de estaca hélice contínua também não possuem composição em nenhum sistema de referência de preços pesquisado (SINAPI/SICRO/TCPO). Por isso, seguindo a metodologia utilizada neste trabalho, procedemos a uma análise da composição utilizada pela Infraero261. Assim, detectamos algumas impropriedades nos seguintes elementos:

- Coeficiente do equipamento guindaste até 16 t;- Índices da mão de obra;- Preço do serviço auxiliar transporte de material brejoso.

262. Em relação ao caminhão guindaste, questionou-se ao engenheiro da estatal a respeito da necessidade deste equipamento na composição, tendo sido esclarecido que a sua utilização é imprescindível para a colocação das armaduras na fundação executada.263. Diante da justificativa fornecida, efetuamos uma pesquisa no livro Fundações-Teoria e Prática, da editora PINI, que assim descreve o processo de colocação da armadura nas estacas tipo hélice contínua:

‘O método de execução da estaca hélice contínua exige a colocação da armação após a sua concretagem e portanto com as dificuldades inerentes desse processo executivo.

Page 33: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

A armação, em forma de gaiola, é introduzida na estaca por gravidade ou com auxílio de um pilão de pequena carga ou vibrador.’ (Grifos nossos)

264. Como visto, a colocação do aço, a depender do diâmetro da estaca, pode até ser feita manualmente e, caso necessite da ajuda de um equipamento, seria um de pequena carga e não um guindaste com capacidade de 16 toneladas.265. Tal fato foi exposto na reunião realizada na data de 19/5/2006, tendo o engenheiro orçamentista da Infraero concordado em reduzir o coeficiente deste equipamento à metade na sua composição, pois havia sido adotado o mesmo índice da perfuratriz hidráulica encarregada de executar a escavação da estaca.266. No que diz respeito aos índices da mão de obra adotados, verificamos que eles estavam excessivos quando comparados com os constantes na composição TCPO 02465.8.4 de execução de estacas tipo Frank (mais complexa). Assim, sugeriu-se que a Infraero procedesse aos ajustes desses coeficientes de modo a torná-los mais compatível com o serviço em análise.267. Quanto ao preço do serviço auxiliar de transporte de material brejoso, a impropriedade decorria da utilização do mesmo preço do serviço de código 02.04.402.05 que, como veremos adiante, estava elevado.268. Concluindo, entendemos que, para os serviços de escavação de estaca hélice contínua, as composições constantes no Anexo 04, após as correções da taxa de encargos sociais, podem ser utilizadas com o intuito de obter os preços a serem utilizados como parâmetro na Concorrência 011/DAAG/SBGR/2005 .

3.4.7 - Transporte de material de 1º categoria além de 3 Km (m3 x Km) – Item 02.04.402.03

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.1,26 1,26 -

Comentários: 269. A composição adotada pela Infraero no anexo 01 foi a do DERSA. Para comparar o preço adotado pela empresa estatal utilizamos a composição 1A 00 001 00 do SICRO II levando em consideração a medição do material transportado realizada no corte, os pesos específicos de 1.700 Kg/m3 para o material no estado natural e 1.400 Kg/m3 no estado solto (dados da EMOP). 270. Com esses dados, de acordo com a metodologia do Manual de Custos Rodoviários, Volume 3, do DNIT, temos a seguinte memória de cálculo para o preço do serviço:

Variáveis Intervenientes Und Caminhão basculante 5m3 Observações

A Capacidade t 7,00 P. esp. = 1.400Kg/m3 – (5,0 x 1,4)B Fator de carga 1,00 Igual ao SicroC Fator de conversão 1,00 Igual ao SicroD Fator de eficiência 0,75 Igual ao SicroE Velocidade km/h 40,00 Igual ao SicroF PH = (AxBxCxDxE)/2G Produção Horária txKm/h 105,00H Coeficiente (t) h/txKm 0,0095I Coeficiente (m3) h/m3xKm 0,01619 P. esp. = 1.700Kg/m3 – (H x 1,7)J Custo Caminhão R$/h 66,79 Igual ao SicroK Custo unitário (IxJ) R$/m3xKm 1,0813L BDI 35% 0,3784M Preço Unit. Total R$/m3xKm 1,4597

271. Como visto, o preço obtido após a consideração da medição do material no corte, é superior ao adotado pela Infraero na licitação, por isso, entendemos que deva ser mantido o preço inicialmente considerado pela empresa estatal (1,26 R$/m3).272. Contudo, faz-se necessário uma ressalva: as análises efetuadas e o preço ‘sugerido’ partiram da premissa da execução do serviço com caminhões basculante de 5 m3 (adotado pela Infraero), ou seja,

Page 34: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

caso a execução seja efetuada em caminhões com uma maior capacidade de carga (10 m3, por exemplo), é necessário rever o preço a ser pago para o material escavado transportado em virtude da maior produtividade alcançada.

3.4.8 - Escavação e carga de material brejoso (m3) – Item 02.04.204

R$ Licitação R$Máx. TCU % Dif.8,56 7,16 19,55%

Comentários:273. Na revisão do orçamento utilizado na licitação, a Infraero utilizou a composição 2S 01 300 01 do SICRO II retirando a utilização operativa do caminhão basculante pelos mesmos motivos relatados anteriormente no serviço de escavação e carga de empréstimo com fornecimento de terra. 274. Em virtude da utilização da composição do sistema de preços referendado por este Tribunal, após as correções mencionadas anteriormente nos encargos sociais, o preço a ser obtido poderá ser utilizado como parâmetro na Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003.

3.4.9 - Cimbramento tubular metálico (m3) – Item 03.02.440.01

R$ Licitação R$Máx. TCU % Dif.37,56 24,03 56,30%

Comentários:275. Não há no SINAPI composição de custos para o serviço de cimbramento metálico, por isso procedeu-se, em conjunto com o engenheiro da Infraero, a uma minuciosa análise da composição fornecida.276. Desta forma, na reunião do dia 14/06, foi apresentada uma nova composição pela empresa estatal (Anexo 03; fl.222) contemplando as seguintes modificações em relação a utilizada inicialmente:

- Redução do coeficiente do caminhão guindauto que passou de 0,06h/m3 para 0,00239 h/m3;

- Redução no coeficiente da madeira serrada que passou de 0,0040 m3/h para 0,0014 m3/h;- Redução à metade do índice do perfil I-6;- Redução à metade do coeficiente dos pregos.

277. Após as referidas modificações, entendemos que a composição do anexo 03 poderá ser utilizada no orçamento da licitação em análise.

3.4.10 - Transporte de material brejoso além de 3 Km (m3xKm) – Item 02.04.402.05

R$ Licitação R$Máx. TCU % Dif.2,10 1,27 65,35 %

Comentários:278. Ao realizarmos a primeira análise do preço desse serviço utilizamos a composição 1A 00 002 00 do SICRO II e, adotando um peso específico de 1700 Kg/m3, encontramos o preço unitário de 1,19 R$. 279. Nas justificativas apresentadas no dia 19 de maio (Anexo 03, fl.31), a Infraero utilizou a mesma premissa descrita no serviço de transporte de material de 1º categoria (consideração da medição do material no corte) para justificar a diferença entre os dois preços comparados.280. Assim como feito no serviço do item 02.04.402.02, procedemos a uma minuciosa análise da justificativa apresentada pela estatal e constatamos que, neste caso, ela não pode ser aceita, pois de acordo com o critério de medição do serviço constante à folha 139 do anexo 01, o quantitativo do material transportado será apurado no transportador, logo, as considerações anteriormente feitas não são pertinentes neste caso.281. Tal fato foi comunicado ao técnico da Infraero que concordou em adotar a composição 1A 00 001 00 do SICRO II que, apesar de apresentar um preço unitário superior ao encontrado na nossa primeira análise (1,27 R$ x 1,19 R$), reflete melhor os custos da execução do serviço por considerar o transporte sendo realizado em rodovia não pavimentada.

Page 35: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

282. Contudo, cabe fazer aqui a mesma ressalva feita anteriormente: caso para a execução do serviço sejam utilizados caminhões basculante com capacidade superior à 5m3, o preço a ser pago deve ser revisto.

3.4.11 - Alvenaria de bloco de concreto – Item 04.01.105.02

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.132,35 86,40 3,18 %

Comentários: 283. A composição apresentada pela Infraero para este serviço não pôde ser comparada diretamente com a constante no SINAPI em virtude de contemplar insumos/serviços que não existiam na composição do sistema de referência da Caixa Econômica Federal (cintas e pilaretes para alvenarias). 284. Devemos ressaltar que se trata de peculiaridade adotada pela Infraero em suas obras que deve ser revista por parte da estatal em outros empreendimentos, em virtude de não se mostrar coerente com as boas práticas de orçamentação de obras de engenharia. A inclusão dos serviços de cintas e pilaretes na composição de custos da execução da alvenaria podem vir a ocasionar o pagamento de serviços não executados, pois caso seja confeccionada uma parede que não necessite dos citados elementos estruturais, não haverá como pagar somente o serviço referente ao assentamento dos blocos. 285. Ao analisarmos a composição utilizada pela Infraero detectamos as seguintes impropriedades:

- Adoção de perdas excessivas para o material bloco de concreto;- Consumo de materiais para confecção da argamassa de assentamento não condizente com o

‘traço’ especificado para o serviço;- Utilização equivocada do preço de forma de estruturas de concreto armado (59,64 R$/m2)

no preço da forma das cintas;- Índice excessivo do equipamento caminhão carroceria de madeira em virtude de não ter

sido observado que em uma viagem do referido equipamento são transportados aproximadamente 500 blocos de concreto.286. As impropriedades listadas foram corrigidas no novo orçamento apresentado (Anexo 04), mas em virtude do aumento do percentual relativo aos encargos sociais, o custo de 86,76 R$/m3 constante no citado anexo deve ser revisto por parte da estatal.

3.4.12 - Piso em placas de borracha sintética espessura 7 mm (m2) – Item 04.01.520.01

Tipo R$ Licitação R$Máx. TCU % Dif.Piso em placa de borracha 7 mm 348,97 168,82 106,71%

Comentários: 287. Para este serviço a Infraero utilizou as composições do TCPO de códigos 09655.8.4.3 e 09655.8.4.7. Como não encontramos no SINAPI composição para a colagem de pisos de borracha, procedemos a uma análise da composição apresentada pela empresa estatal.288. Nessa análise, foi constatada a necessidade de reduzir os índices adotados para o equipamento caminhão carroceria, em virtude de não ter sido observado pela empresa estatal que o referido equipamento pode transportar, de uma só vez, mais de 1.000 m2 de piso.289. Na reunião do dia 14/6, a empresa estatal forneceu uma nova composição com a correção anteriormente mencionada, bem como, procedeu à redução do preço do piso de borracha sintética 50x50 cm de 7 mm (material) que passou a custar 109,23 R$/m2, ao invés de 152,24 R$/m2 considerado inicialmente.290. Com as citadas modificações, entendemos que a nova composição apresentada para o serviço de piso em placas de borracha sintética de 50x50 cm, com espessuras de 7 mm, após a retificação da taxa de encargos sociais, poderá ser aceita para se obter o preço a ser utilizado na planilha orçamentária da obra em análise.

3.4.13 - Acabamento de piso de concreto nível zero (m2) – Item 04.01.529.02

Page 36: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.34,56 9,03 282,72%

Comentários: 291. Neste serviço, o próprio engenheiro orçamentista da estatal procedeu a uma revisão do preço constante no Anexo 1.292. Assim, de acordo com as premissas utilizadas na análise dos demais serviços, chegou-se ao preço de 9,03 R$/m2 (c/ BDI), que poderia ser adotado no orçamento básico da Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003. Contudo, no orçamento constante no anexo 04, o serviço apresenta um custo unitário de R$ 9,11, sendo a pequena diferença em relação ao preço anteriormente encontrado oriunda da modificação da taxa de encargos sociais relatada anteriormente, por isso, após as correções já mencionadas, a composição poderá ser adotada no orçamento analisado.

3.4.14 - Fornecimento e aplicação de tela soldada CA 60 (Kg) – Itens 03.02.302.02; 03.02.112.02

Item R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.03.02.302.02 7,44 6,48 14,81 %03.02.112.02 7,44 6,48 14,81%

Comentários: 293. No trabalho de revisão efetuado pela Infraero foi utilizada a composição adotada pelo TCU no aeroporto de Salvador (Anexo 1; fl.213). Ao compararmos com a composição de código 00015798-001 do SINAPI (julho/05), percebemos que ambas são bastante próximas, por isso, concordamos com a composição adotada pela empresa estatal.

3.4.15 - Aterro compactado GC > 85% do Proctor Modificado e Aterro compactado GC > 90% do Proctor Modificado (m3) – Itens 02.04.303; 02.04.302

Tipo R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.GC > 85% P.M. 4,60 4,60 -GC > 90% P.M. 4,94 4,94 -

Comentários294. Para os serviços de aterro compactado com Proctor Modificado, a Infraero utilizou composições adaptadas do DERSA (Anexo 1; Fls. 173 e 226) nas quais, incluindo o insumo água, obteve os preços de 7,02 R$/m3 (85% do Proctor) e 7,18 R$/m3 (90% do Proctor). No entanto, como no orçamento inicial (utilizado na licitação) foram adotados os preços constantes na tabela acima, que são inferiores aos obtidos na revisão, a empresa aeroportuária resolveu mantê-los como referência.295. No nosso trabalho de análise, não foi possível comparar os preços adotados pela estatal com os constantes nos sistemas de referência, em virtude da ausência de composições contemplando a execução de aterros com o Proctor Modificado que, de acordo com o Manual de Pavimentação do DNIT, pode ser obtido da seguinte forma:

- Aumentando o número de passadas do equipamento compactador;- Diminuindo a espessura da camada a ser compactada;- Mudando as características do equipamento utilizado (rolo).

296. Em qualquer das três hipóteses, haverá a necessidade de um maior coeficiente horário do equipamento compactador em relação à execução de aterros com Proctor Normal.297. Em relação ao insumo água, não podemos precisar se os seus custos realmente incorrerão durante a execução do serviço, pois não dispomos de informações da disponibilidade de mananciais que possam ser utilizados durante a consecução do empreendimento.

Assim, em virtude de a Infraero ter adotado um preço inferior ao obtido nas composições do DERSA, e diante da inexistência de referência para estes serviços, entendemos que os preços constantes no quadro acima podem ser utilizados como parâmetro na concorrência ora analisada. Porém, fazemos

Page 37: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

a ressalva de que caso não haja os custos referentes à aquisição do insumo água, o preço para os serviços devem ser revistos.

3.4.16 – Sub-base ou Base de Brita Graduada Simples (m3) – Item 04.05.301

R$ Licitação R$Máx. TCU % Dif.112,45 98,71 13,91 %

Comentários:299. Na licitação a Infraero utilizou o preço constante no quadro acima. No anexo 01 enviado a este Tribunal, a estatal revisou o seu custo utilizando a composição do DERSA/SP e adotando um novo preço de 98,71 R$/m3.300. Para analisar esse novo preço utilizamos a composição 2S 02 230 50 do SICRO II. Nessa referência, corrigimos o preço do insumo brita comercial na composição auxiliar 1A 01 395 51, em virtude da defasagem em relação a outros sistemas de referência (SINAPI, PINI). Desta forma, chegou-se ao preço de 99,61 R$/m3.301. No orçamento do anexo 04, já com o aumento da taxa de encargos sociais, o preço do serviço é de R$ 98,73. Em virtude de ainda se mostrar inferior ao encontrado por nós com a composição do SICRO (99,61 R$), entendemos que pode ser aceito como parâmetro na concorrência analisada.

3.4.17 - Operação de protensão (equipe x mês) – Itens 03.03.217

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.68.645,72 65.675,61 4,52%

Comentários: 302. A composição utilizada pela Infraero no orçamento do Anexo 01 foi confeccionada de acordo com a especificação do serviço, dimensionando uma equipe de protensão durante o período de 36 meses. 303. As composições existentes no SICRO II são por unidade de peça protendida, enquanto que a apresentada pela Infraero, é por equipe x mês, por isso, para comparar os dois preços seria necessário avaliar a quantidade de peças a serem confeccionadas.304. Em virtude de não dispormos deste estudo detalhado, procedemos a uma análise da composição fornecida pela estatal, concluindo que, após o ajuste no percentual de encargos sociais, pode ser utilizada para compor o preço do serviço em análise, pois os preços dos equipamentos estão coerentes com os constantes no SICRO II, e os índices adotados, tanto para a mão de obra, como para os equipamentos, refletem a necessidade para o trabalho durante o período de um mês.

3.4.18 - Espalhamento de material brejoso (m3) – Item 02.04.502

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.3,96 3,96 -

Comentários: 305. No orçamento do anexo 01 a Infraero montou a composição de acordo com a especificação do serviço, encontrando um preço unitário de 8,16 R$/m2 (Anexo 1; fl.190). Contudo, como no orçamento utilizado na licitação a estatal havia adotado o preço de 3,96 R$/m2, manteve esse valor na planilha orçamentária.306. Para avaliarmos esse preço (3,96 R$), utilizamos a composição SINAPI de código 00043630 (julho/05) que após incluído o BDI de 35%, apresenta um preço bem próximo ao utilizado pela Infraero (R$ 3,94 R$/m3). 307. No orçamento elaborado após as reuniões (Anexo 04), a Infraero manteve o preço de 3,96 R$/m3 para o serviço. Assim, entendemos que pela proximidade dos valores, o preço adotado pela estatal pode ser aceito.

Page 38: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

3.4.19 - Painéis pré-moldados em laje alveolar (m2) – Item 03.02.320.01

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.486,04 292,21 66,33 %

Comentários:308. Aqui a Infraero também criou a composição de acordo com a necessidade do serviço (Anexo 1; fl. 226), tendo sido detectadas as seguintes irregularidades:

- Coeficiente excessivo na utilização operativa do caminhão guindauto;- Índices de produtividade excessivos na mão de obra suplementar;- Utilização equivocada do preço de lançamento de peça pré-moldada no lançamento da laje

alveolar, pois não foi observado que o segundo serviço, de acordo com dados obtidos do catálogo de um fornecedor (Tatu Pré-moldados), tem uma produtividade muito superior, podendo inclusive, chegar a uma produção de lançamento de 400 m2 por dia de trabalho.309. Tais impropriedades foram corrigidas, tendo a Infraero fornecido uma nova composição com preço de 292,21 R$/m2 para o serviço de laje alveolar (Anexo 03; fl. 336).310. Assim como acorreu nos demais serviços analisados neste item, no material do anexo 04, o preço utilizado pela Infraero está superior ao acordado nas reuniões (297,66 R$/m2). Tal fato deve-se à mudança da taxa referente às leis sociais que foi, equivocadamente, aumentada por parte da empresa estatal.311. Procedendo aos ajustes na referida taxa, o serviço passará a contemplar o valor constante no quadro acima (coluna TCU), que pode ser usado como referência na Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003.

3.4.20 - Acabamento final das superfícies de granito com politrizes mecânicas (m2) – Item 09.06.100.01

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.118,45 103,79 14,12%

Comentários: 312. No orçamento da licitação foi adotado o preço de 118,45 R$/m2. No anexo 01 a Infraero criou a composição de acordo com a especificação técnica do serviço, obtendo o preço de 111,48 R$/m2. Posteriormente, forneceu cotação de uma empresa especializada na execução de polimento de granitos (Anexo 05; fl. 40) com preço de 121,20 R$/m2 (Maio/2006).313. Em virtude da dificuldade de encontrar uma referência para comparar o preço utilizado pela estatal, procedemos a uma análise da composição apresentada e, em virtude de se aproximar do preço ofertado por uma empresa especializada na execução do serviço, entendemos que pode ser adotada no orçamento básico da licitação.

3.4.21 - Transporte de material de 1º categoria até 3 Km (m3) – Item 02.04.402.02

R$ Licitação R$Máx. TCU % Dif.4,54 4,37 3,89 %

Comentários:314. Para analisarmos o preço apresentado pela Infraero utilizamos a composição 1A 00 001 00 do SICRO II e encontramos, com as considerações feitas inicialmente (peso específico de 1600 Kg/m3 e distância de 3 Km), o preço de 2,59 R$/m3. 315. Na reunião realizada no dia 19 de maio, o engenheiro da Infraero apresentou a justificativa para a diferença entre os preços encontrados (Anexo 03; fl. 28), a qual consiste, basicamente, no critério de medição do serviço, pois de acordo com o estabelecido para a obra em comento, os quantitativos devem ser apurados no corte do material, devendo assim, ser adotado o peso específico de 1.700 Kg/m3 (dado da EMOP para o material de 1º categoria no estado natural).316. Diante dessas informações, procedemos a um novo cálculo seguindo a metodologia do SICROII, cuja memória é a seguinte:

Page 39: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

Variáveis Intervenientes Und Caminhão basculante

5m3 Observações

A Capacidade t 7,00 P. esp. = 1.400Kg/m3 (5 x 1,4)

B Fator de carga 1,00 Igual ao SicroC Fator de conversão 1,00 Igual ao SicroD Fator de eficiência 0,75 Igual ao SicroE Velocidade km/h 40,00 Igual ao SicroF PH = (AxBxCxDxE)/2G Produção Horária txKm/h 105,00H Coeficiente (t) h/txKm 0,0095I Coeficiente (m3) h/m3xKm 0,01615 P. esp. = 1.700Kg/m3 (h

x 1,7)J Custo Caminhão R$/h 66,79K Custo unitário (IxJ) R$/m3xKm 1,08L Distância (Kx3) km 3,24 A distância é de 3 KmL BDI 35% 1,12M Preço Unit. Total R$/m3 4,37

317. Assim, entendemos que o preço a ser adotado no orçamento básico da concorrência das obras do TPS 3 para o serviço em análise é de 4,37 R$/m3. Mas, vale ressaltar novamente, que o citado preço unitário corresponde à execução do serviço utilizando caminhões basculante de 5m3 e, caso seja adotado um equipamento de maior porte na realização do serviço, faz-se necessário rever o preço pago.318. A mudança da taxa de encargos sociais não teve reflexo neste serviço, pois não há na composição mão de obra referente a profissional horista.

3.4.22 - Equipe técnica para projetos e ‘as built’ (vb x mês) – Item 01.03.500.04

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.56.215,56 44.058,94 27,59 %

Comentários319. A análise do preço deste serviço foi semelhante à realizada no serviço formato A0, tendo também sido realizada modificação no preço da mão de obra do desenhista de maneira a adotar o preço estipulado no SINAPI (12,81 R$/h). Diferentemente do procedido no outro item, não houve modificação posterior por parte da Infraero nessa composição.

3.4.23 - Contrapiso em argamassa de cimento e areia e= 30 mm (m2) – Item 04.01.528.01

R$ Licitação R$ Máx. TCU % Dif.29,58 18,82 57,17

Comentários: 320. No orçamento utilizado na concorrência foi adotado preço constante no quadro acima (R$ Licitação). Na revisão procedida no anexo 01, a estatal, mediante a composição TCPO 09605.8.1.5, encontrou o preço de 21,28 R$/m2.321. Após as reuniões já mencionadas, devido à redução do preço do insumo “areia média lavada”, o preço unitário do serviço passou a ser de R$ 18,82 (Anexo 03; fl.345).322. Este novo valor é bastante próximo ao constante na composição SINAPI 00056629-004 (15,27 R$/m2 – sem BDI), por isso entendemos que ele pode ser adotado como referência na licitação das obras do Terminal de Passageiros n.º 03 do Aeroporto de Guarulhos/SP. No orçamento do anexo 04, devido à mudança dos encargos sociais, a estatal utilizou o preço unitário de R$ 18,93. Assim, após a retificação do percentual das leis sociais, o preço a ser utilizado será o constante no quadro acima (coluna TCU).

Page 40: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

4.0 – SOLICITAÇÃO CONTIDA NA CF N.º 12500/PR(DE)/2006323. No dia 27 de julho, já no encerramento do presente trabalho, a Infraero, mediante a CF N.º 12500/PR(DE)/2006, novamente solicitou autorização desta Corte de Contas para dar continuidade à Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003.324. Pela conveniência e oportunidade de oferecer ao Ministro-Relator subsídios para uma melhor decisão, procedemos à análise do citado documento, a qual inserimos neste tópico da instrução.325. A Infraero baseia o seu pedido no entendimento de que a variação de 9,09% existente entre o valor do novo orçamento revisado (Anexo 04) e o utilizado na licitação está compatível com o limite de 15% previsto no art. 3º da Resolução 361/1991 do CONFEA, transcrito a seguir:

‘Art. 3º - As principais características de um projeto básico são:[...]f) definir as quantidades e os custos de serviços e fornecimentos com precisão compatível com o tipo e

porte da obra, de tal forma a ensejar a determinação do custo global da obra com precisão de mais ou menos 15% (quinze por cento)’(Grifos nossos).

326. A respeito do contido no citado artigo, entendemos que a variação a qual a norma do CONFEA se refere, visa avaliar, depois de concluído o empreendimento, a qualidade do projeto básico utilizado, ou seja, objetiva verificar se, inicialmente, foram contempladas todas as soluções técnicas que de fato foram executadas, se os quantitativos considerados não sofreram modificações excessivas, se as especificações técnicas inicialmente previstas foram cumpridas e outras análises pertinentes. Além disso, os 9,09% alegados pela Infraero, ainda que estivessem corretos, referem-se somente aos preços327. Entender de modo contrário, como suscitado pela estatal, seria corroborar com a tese de que uma concorrência pública, e consequentemente a contratação dela advinda, poderiam ser feitas com um sobrepreço inicial de até 15% no seu orçamento de referência.328. Ora, se somarmos a variação de 15% admitida pela estatal, com o percentual de 5% previsto no critério de aceitabilidade de preço global do edital, estaríamos falando de um sobrepreço inicial de até 20% num empreendimento cujo orçamento supera a quantia de 1 bilhão de reais. Em relação aos preços unitários, haja vista a variação permitida no edital ser de até 20%, teríamos serviços com sobrepreços de até mesmo 35%.329. Além do mais, como foi visto no transcorrer desta instrução, o percentual de 9,09% que a estatal alega ter reduzido em relação ao valor do orçamento inicial deve ser visto com ressalva, pois as análises dos preços dos serviços concentraram-se em uma amostra de apenas 79,75 % do valor global da obra. Sendo que, dentro desse percentual, existiram 67 itens que não puderam ser avaliados pelos motivos já relatados anteriormente (R$ 350.855.887,30) e que, praticamente, não sofreram nenhuma redução em seus preços.330. Assim, se considerarmos o montante realmente analisado e que, de fato, houve reduções nos preços unitários dos serviços, o percentual apurado de sobrepreço seria bem maior como mostra a tabela a seguir:

R$ Orc. Licitação dos serviços analisados

R$ Orc. Anexo 04 dos serviços analisado %

546.273.246,80 445.243.569,20 22,69

331. Esse percentual espelha a precariedade do projeto básico de um empreendimento realizado com recursos públicos federais que, como já visto anteriormente, superará o montante de 1 bilhão de reais.332. Aliás, a deficiência dos projetos nos empreendimentos públicos, como visto diariamente nos trabalhos deste Tribunal, é a principal causa da formalização de inúmeros termos aditivos que, muitas vezes, ocasionam prejuízos significativos ao erário. 333. Por isso, entendemos que um empreendimento do porte do Terminal de Passageiros n.º. 03 deveria ser licitado com base no Projeto Executivo, pois só assim o interesse público estaria, de fato, resguardado. Para o caso de obras rodoviárias, tal entendimento já foi defendido anteriormente pelo Tribunal, a exemplo do exposto no Acórdão 67/2002-TCU-P de que foi relator o Exmo. Ministro Valmir Campelo.

Page 41: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

334. Ainda no documento entregue no dia 27 de julho, a empresa aeroportuária, categoricamente, afirma que:

‘De início, assinala-se que a revisão do orçamento das obras de construção do Terminal de Passageiros n.º. 03 do Aeroporto de Guarulhos incorpora as recomendações da Secretária de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União (SECOB), resultante dos encontros técnicos entre os servidores dessa Casa e os empregados desta Estatal’. (grifos nossos).

335. Todavia, como visto no item 3.2 desta instrução, tal afirmação não condiz com a realidade dos fatos, pois após os encontros técnicos entre os servidores da SECOB e o engenheiro orçamentista indicado pela estatal, que diga-se de passagem, é um dos mais respeitados profissionais da área de orçamentação de obras do Distrito Federal, com alguns trabalhos publicados nessa área, que inclusive concordou em utilizar as premissas discutidas em conjunto para compor os preços de alguns serviços, a INFRAERO, sem justificativas técnicas plausíveis, simplesmente não incorporou todas as recomendações acordadas e discutidas durante os encontros.336. Desta forma, mesmo com a redução obtida no orçamento utilizado na licitação, ainda há serviços de extrema relevância com preços unitários injustificadamente elevados, tais como: pavimento rígido em placas de concreto, concreto betuminoso usinado à quente, concreto fck 30 Mpa e diversos outros já expostos no item 3.2.337. A estatal tenta também descaracterizar a existência de sobrepreço no orçamento da licitação fazendo as seguintes observações:

‘Nesse sentido, se é verdade que ‘não existem duas obras com o mesmo preço, por mais que se pareçam’, também não será possível concluir pela existência de sobrepreço, baseado apenas no orçamento da Administração. Senão vejamos:

i )cada empreendimento possui certas especificidades, razão pela qual cada licitação pode fazer com que os preços orçados sejam diferentes;

ii) as empresas licitantes não possuem custos, absolutamente, idênticos;iii) existem sempre variações normais de mercado, cujos preços podem inclusive flutuar entre a data

de coleta dos dados que alimentam os sistemas de referências e as datas de apresentação das propostas dos licitantes e

iv) os analistas do TCU, por mais competentes que sejam, não podem desconsiderar que, em tese, a própria INFRAERO reúne informações e experiências sobre os preços de mercado dos serviços e materiais aeroportuários.

Portanto, em que pese a excelente atuação dos técnicos desse Tribunal, a única forma de se concluir efetivamente pela validade ou não do orçamento estimativo é analisar os fatos concretos mediante exame das propostas apresentadas pelos licitantes.’

338. As considerações da estatal não são pertinentes, pois da forma como colocado, então não seria necessário sequer a confecção de orçamentos de referência por parte dos órgãos da administração, visto que bastaria apenas uma análise das propostas das concorrentes para verificar a compatibilidade dos preços propostos (isso, partindo-se do pressuposto de não haver conluio entre os participantes).339. Além do mais, a maioria dos serviços analisados são totalmente peculiares em diversos tipos de obras e em nada diferem na construção de um terminal de passageiros, tais como: execução de estacas hélice, pavimentação em granito, pintura em esmalte sintético, reboco, emboço, assentamento de pastilhas, fornecimento, corte, dobra e aplicação de aço e inúmeros outros. Assim, os engenheiros desta Secretaria de Obras não vislumbram qualquer motivação de ordem técnica que justifique tais serviços possuírem preços superiores ao executados em outros empreendimentos.340. Outro aspecto a ser considerado, é que na presente concorrência apenas dois consórcios foram qualificados a apresentar as propostas de preços. Soma-se a isso, o fato da licitação ser do tipo técnica e preço, cujas disposições contidas no edital (fase II), juntamente com os pesos atribuídos às notas técnicas e às notas de preços, desestimulam o fornecimento de descontos significativos por parte das licitantes em suas propostas. Desta forma, ao contrário do defendido pela Infraero, e como tem sido observado em outros empreendimentos da estatal, as empresas não têm dado descontos em relação ao orçamento básico do órgão. Em alguns casos, nota-se que as licitantes apenas reajustam de forma linear os preços contidos no projeto básico.

Page 42: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

341. Por último, em face da similitude das matérias e da economia processual, a estatal solicita a unificação do TC 007.137/2006-7 ao TC 020.614/2005-7 pelo fato de ambos tratarem de aspectos referentes à Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003.342. Contudo, esta Unidade Técnica entende não ser possível atender ao pleito da empresa aeroportuária, pois o TC 007.137/2006-7 foi criado consoante determinação contida no item 9.2 do Acórdão 2.302/2005-7-Pl, transcrito a seguir:

‘9.2. determinar que sejam autuados processos específicos para cada obra relacionada na medida em que as licitações foram iniciadas e novas informações forem recebidas, a exemplo do que já ocorre com o TC 008.575/2005-6.’

343. Desta forma, as ações de acompanhamento por parte desta Corte referentes à construção do Terminal de Passageiros n.º 03 do aeroporto Governador Alberto Franco Montoro serão processadas por intermédio do TC 007.137/2006-7 autuado com esse propósito específico.344. Diante de todo o exposto, entendemos que, apesar da redução em relação ao orçamento utilizado na licitação, o orçamento consubstanciado no Anexo 04, por ainda apresentar serviços com preços unitários injustificadamente elevados, não deve ser utilizado para dar continuidade à Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003 realizada pela Infraero.

5.0 – CONCLUSÃO345. Para melhor entendimento, expomos a seguir os quatro tópicos em que se subdividiu a análise do orçamento-base apresentado pela Infraero, seguidos de algumas considerações:

Grupo de 67 serviços/equipamentos em que a Infraero não forneceu as composições de custos, apresentando somente a cotação obtida de fornecedores especializados (seção 3.1 deste relatório);

- No orçamento utilizado na licitação estes itens totalizam R$ 352.041.823,00 e, em virtude da inexistência de preços para esses serviços nos sistemas de referência usualmente adotados (SICRO/SINAPI), não foi possível aferir a fidedignidade dos preços apresentados pela empresa estatal.

- Pertinente ressaltar que neste grupo estão as Pontes de Embarque e Desembarque de Passageiros em que, na memória de cálculo utilizada para converter o valor para a moeda nacional, a empresa utilizou-se de uma taxa de câmbio inadequada, além do fato de acrescer ao preço cotado um elevado percentual de BDI.

Grupo de serviços cujos preços/composições foram discutidos e analisados entre os técnicos do TCU e o engenheiro orçamentista da estatal, mas que, posteriormente, sofreram modificações significativas por parte da Infraero (seção 3.2), sendo que, os argumentos apresentados para justificar tal procedimento, não lograram êxito ao tentar explicar a mudança de parâmetros por parte da estatal;

- No orçamento utilizado na licitação estes itens totalizam R$ 284.246.876,74. No novo documento fornecido após os encontros (Anexo 04) eles somam R$ 245.721.407,39. Em que pese a redução já sofrida em relação aos preços adotados na concorrência, com a adoção dos preços acordados nas reuniões, esses serviços atingiriam o montante de R$ 214.907.215,41.

- Tais valores demonstram existir ainda uma significativa diferença, cujas novas justificativas apresentadas pela Infraero não foram capazes de descaracterizar as minuciosas análises efetuadas entre os técnicos da SECOB e o engenheiro orçamentista por ela designado para discutir o orçamento da Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003.

Grupo de serviços nos quais não se chegou a um consenso nas reuniões (seção 3.3), em virtude da estatal não ter concordado seguir todas as determinações dos engenheiros da SECOB;

- No orçamento utilizado pela estatal no certame, esses itens totalizam a expressiva quantia de R$ 51.460.708,70, no orçamento constante no anexo 04 somam R$ 37.691.663,88.

- Apesar da redução de 26,75% já efetuada, entendemos que tais serviços ainda apresentam um sobrepreço da ordem de 20 %, e que por isso, devem ser revistos por parte da estatal antes de dar continuidade ao certame.

Grupo de serviços cujos preços houve um consenso entre a Infraero e os técnicos da SECOB, mas que, em virtude da mudança na taxa de encargos sociais, devem ter os valores revisados.

Page 43: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

346. Desta forma, emitimos o nosso parecer no sentido de que:I - Além dos ajustes já efetuados pela Infraero, em função do significativo risco de prejuízo

ao erário, sejam ainda:- Revistos os valores constantes no orçamento do anexo 04 dos serviços expostos na seção 3.2

desta instrução, de forma a adotar os preços que haviam sido anteriormente acordados após o término das reuniões realizadas na Secretaria de Obras deste Tribunal;

- Revisados os valores constantes no orçamento do anexo 04 do grupo de serviços em que não se chegou a um consenso nas reuniões, de forma a contemplarem todas as determinações sugeridas pelos técnicos do TCU na seção 3.3 deste relatório, ou apresentados, de forma clara e objetiva, os estudos técnicos com as devidas memórias de cálculos detalhadas, justificando a não adoção das referidas determinações;

- Em relação ao grupo de serviços em que a estatal adotou as recomendações dos técnicos do TCU (seção 3.4), bem como em todos os demais itens da planilha, revistos os encargos sociais adotados no orçamento do anexo 04 (129,04%);

- Revistos os preços das 22 (vinte e duas) pontes de embarque e desembarque de passageiros, de forma a contemplarem o valor da taxa de câmbio da moeda européia no mês de julho de 2005, um percentual de BDI diferenciado e reduzido em relação aos demais serviços da planilha, bem como seja expurgado o percentual de 20% indevidamente acrescido pela estatal ao preço desses equipamentos;

II - No tocante aos serviços constantes na seção 3.1 deste relatório, seja fornecida uma declaração, por escrito, do Departamento de Engenharia, indicando os responsáveis técnicos pela elaboração e revisão do trabalho de aferição nos preços daqueles serviços, e que assume a responsabilidade da utilização dos valores cotados no orçamento básico da licitação.

III - O orçamento consubstanciado no Anexo 04, por ainda apresentar serviços com preços unitários injustificadamente elevados, não deve ser utilizado para dar continuidade à Concorrência 011/DAAG/SBGR/2003 realizada pela Infraero.”

É o Relatório.VOTO

Registro, inicialmente, que atuo neste processo em razão de sorteio realizado por força da nova redação do art. 27 da Resolução n.º 175, de 25 de maio de 2005, introduzida pela Resolução n.º 190, de 3 de maio de 2006.

Antes do mencionado sorteio, este processo estava sob a relatoria do Minstro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha, que, por força da redação original do art. 27 supra, encontrava-se titularizando a lista de unidades jurisdicionas n.º 3, em razão da sua vacância.

Pelas mesmas razões acima expostas, outros dois processos citados no relatório precedente foram sorteados para relatores distintos, cabendo ao Ministro Marcos Vilaça o TC-008.575/2005-6 e ao Ministro Augusto Nardes o TC-007.137/2006-7.

O primeiro processo acima referido cuida, basicamente, da implantação, adequação, ampliação e revitalização dos sistemas de pátios e pistas do Aeroporto Governador Franco Montoro, localizado em Guarulhos/SP, cujas obras estão em andamento.

Já o segundo processo trata, no momento, de ajustes na planilha de preços básicos, que integra o edital de licitação para, em síntese, a contratação da construção do terminal de passageiros n.º 3 – TPS 3 daquele aeroporto.

O ajuste acima mencionado decorre de determinação contida no item 9.4.1 do Acórdão 2.302/2005-TCU-Plenário, verbis:

“9.4.1. antes de prosseguir a licitação do TPS 3, observe, com rigor, se o orçamento levantado após encotro técnico com analistas desta Corte se coaduna com o que foi tomado como base para abertura do certame;”

Nessas circunstâncias, no presente processo, cujo objeto, a teor do que foi determinado no item 9.1 do Acórdão supra, é o acompanhamento das obras que serão executadas no Aeroporto de Guarulhos a fim de tratar de forma sistêmica as obras que lá seriam executadas, nada seria deliberado que

Page 44: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

não, como propõe o Titular da Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União – SECOB, o desentranhamento de peças para compor os dois processos supra.

A proceder dessa forma, vislumbro duas conseqüências: a primeira é a pouca, para não dizer nenhuma, utilidade da determinação contida no item 9.1, acima descrita, e a segunda, e mais grave, é o protelamento da contratação das obras do TPS 3, cujo processo licitatório está suspenso desde dezembro de 2005, em razão da determinação inserta no item 9.4.1 antes transcrito.

Com a finalidade de que este Tribunal prestigie suas próprias decisões, para que elas não venham a servir de escusas para o retardamento de obras imprescindíveis ao país, como é o caso do TPS 3 do Aeroporto de Guarulhos/SP, bem assim em homenagem à celeridade processual que deve inspirar o tratamento que esta Corte dispensa aos processos de sua competência, busquei o entendimento do eminente Ministro Augusto Nardes, no sentido da posssibilidade de relatar, já nos presentes autos, o objeto da determinação feita no item 9.4.1 do Acórdão 2.302/2005, qual seja o orçamento base da licitação do TPS 3.

Com o espírito público que lhe é peculiar e a profunda compreensão dos temas que são postos ao seu descortino, o ministro Nardes aquiesceu à proposta, motivo pelo qual, apenas quanto ao orçamento base, passaremos a apreciar, nesta ocasião, a determinação contida no item 9.4.1 antes citada.

Destaco que tal apreciação é possível, uma vez que todos os elementos necessários à formação do juízo de mérito sobre o assunto já se encontram nestes autos, os quais serão, nos termos propostos pela SECOB, levados ao TC-007.137/2006-7, para que se prossiga no acompanhamento da licitação em questão.

Dessa forma, ressalto que todos os desdobramentos do processo licitatório para construção do TPS 3 permanecerão sob a relatoria do Ministro Nardes, inclusive porque estarei propondo o arquivamento do presente processo, a fim de evitar a sobreposição de atuação deste Tribunal, uma vez que no mesmo Acórdão 2.302/2005 foi determinada a autuação de processos específicos para cada obra a ser realizada no Aeroporto de Guarulhos, à medida que as licitações fossem iniciadas.

Adentro, portanto, no mérito da questão pertinente aos ajustes na planilha de preços básicos que integra o edital de licitação para a contratação da construção do TPS 3.

De início, como consignado na instrução transcrita no Relatório precedente, a equipe da SECOB procedeu à análise dos serviços constantes na parte “A” da curva ABC, que correspondem ao montante de R$ 898.315.069,92, aproximadamente 80% do valor total do orçamento utilizado na licitação.

O Anexo “A” da referida instrução, a seguir reproduzida, em parte, sumaria as diferenças entre os valores originalmente orçados e os valores adotados pela Infraero após reuniões com a SECOB (Anexo 04), bem assim a divergência remanescente.

Descrição Quant Orçado na Licitação

Orçado no Anexo 04

Diferença Acordado Dif. Anexo 04 p/ o acordado

Diferença total

Serviços que, após serem acordados nas reuniões, foram significativamente modificados pela Infraero

29 284.246.876,74 245.721.407,39 38.525.469,35 214.907.215,42

30.814.191,98 69.339.661,32

Serviços que não se chegou totalmente a um consenso nas reuniões

7 51.460.708,71 37.691.663,88 13.769.044,83 13.769.044,83

Serviços em que houve concordância após as reuniões realizadas

30 210.565.661,46 161.830.498,04 48.735.163,43 48.735.163,43

Totais 66 546.273.246,92 445.243.569,32 101.029.677,60

30.814.191,98 131.843.869,58(*)

(*) O valor de R$ 131.843.869,58 seria o total da diferença desses itens em relação ao que foi utilizado na licitação caso os ajustes feitos nas reuniões não fossem modificados.

Observa-se dos valores acima uma redução de R$ 101.029.677,60 da parcela correspondente aos itens analisados, no valor de R$ 546.273.246,92, o que corresponde a uma redução de 18,52% em relação aos valores originalmente orçados.

No entanto, a SECOB aponta a possibilidade de uma redução de mais R$ 30.814.191,98, isto é, de mais 5,64%, ou de 2,74% do valor total constante no orçamento utilizado na licitação do TPS 3 (R$ 1.126.345.752,05 – item 12 da instrução transcrita no Relatório).

Page 45: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

Quero registrar, de início, que muito embora caiba razão à SECOB no sentido de que o valor questionado seja significativo em termos absolutos, relativizado em razão do valor total do orçamento torna-se, de fato, incapaz de justificar o retardamento da licitação da obra do TPS 3.

Tal constatação torna-se ainda mais evidente quando é considerado o fato de que estamos tratando de um orçamento básico, e não de preços de mercado, bem assim de preços estimativos obtidos a partir tanto de critérios, como de preços unitários a respeito dos quais é razoável que haja divergências quando se alcança um nível de convergência de estimativas tão alto (94,36%).

Como exemplo patente de que, nesse nível de refinamento, a concordância total entre as estimativas é difícil de ser obtida, cito o item “3.2.2 – Sub-base ou base de brita graduada tratada com cimento 3% em peso” no qual a SECOB registrou que “este é o único serviço para o qual, apesar de ter sofrido modificações por parte da Infraero, a justificativa pode ser aceita”.

Ocorre que no documento apresentado pela Infraero quando da análise deste processo em meu Gabinete (fls. 158/164, vol. principal), dentre outros itens que a seguir serão tratados, informa que “concorda e acata as ponderações referentes aos itens: [...] 3.2.2 – Sub-base ou base de brita graduada tratada com cimento 3% em peso ...”.

Como visto, nesse nível de detalhamento os orçamentistas podem divergir até quando concordam.

Prosseguindo, no documento supra referido, a Infraero informa que acata as ponderações da SECOB, além do item 3.2.2, do item “3.2.1 – Desenho de formato A 0 (unid.) –item 01.03.500.01 da planilha” e que “vai providenciar a revisão de preços em questão, levando em conta pecularidades dos seguintes serviços para obras aeroportuárias: 3.2.3 – Concreto Betuminoso Usinado à quente (CBUQ) – Capa – item 04.05.601.01; 3.2.4 – Concreto Betuminoso Usinado à Quente (CBUQ) – Binder – item 04.05.601.02; 3.2.10 – Pavimento Rígido com Placas de Concreto – item 04.05.602.01”.

Neste ponto, faço a ressalva de que no item CBUQ, capa e binder, seria de fato inadmissível que a Infraero não acatasse as ponderações da SECOB, haja vista que o asfalto utilizado no TPS 3 destina-se às vias de acesso rodoviário e estacioamento de veículos, quando os custos levantados pela Infraero diziam respeito a pista de pouso e pátio de aeronaves.

Mais um item em que a Infraero acatou as ponderações da SECOB é o “3.2.14 – Encargos Sociais”, na qual havia apresentado o percentual de 129,04%, quando a SECOB, usando os mesmos critérios da Infraero, havia chegado ao percentual de 126,61% “muito próximo ao que anteriormente era adotado pela Infraero (126,68%)”. Nesse caso a Infraero informa que vai utilizar o percentual original de 126,68%.

Por fim, um último item sobre o qual entendo que devam ser feitas ponderações é o que diz respeito aos “Serviços cujos preços foram obtidos mediante cotação” (item 3.1 da instrução SECOB), os quais são, “na sua maioria, bastante específicos de aeroportos (pontes de embarque de passageiros e esteiras transportadras de bagagem) e de grande variação de acordo com o projeto arquitetônico e a especificação técnica do empreendimento (caixilhos de alumínio e vidros)”.

A SECOB informa que “no orçamento utilizado na licitação, esses itens totalizam R$ 352.041.823,00 e, em virtude da inexistência de preços para esses serviços nos sitemas de referência usualmente adotados SICRO/SINAPI), não foi possível aferir a fidedignidade dos preços apresentados pela empresa estatal”, motivo pelo qual “solicitou-se à Infraero o fornecimento de novas cotações com o intuito de verificar eventuais distorções nos preços inicialmente considerados”.

A Infraero forneceu as novas cotações, nas quais, segundo assevera a SECOB, “não foram constatadas informações significativas em relação às anteriormente apresentadas”, entendendo a unidade técnica que a Infraero deve fornecer declaração que “efetuou a devida aferição nos preços desses serviços, e que assume a responsabilidade da utilização dos preços cotados no orçamento básico da licitação”.

Muito embora entenda de pouca efetividade o encaminhamento proposto, uma vez que a própria SECOB considerou não ser possível aferir a fidedignidade dos preços cotados, entendo que esse deva ser, também, o encaminhamento quanto às pontes de embarque, que tiveram seus custos estabelecidos a partir de cotação em euros, apresentada em agosto de 2003, pela empresa TEAM, e convertidos para moeda nacional, acrescendo-se impostos e custos de todo o desembaraço alfandegário.

Ocorre que cabe razão à SECOB, no sentido de que não pode ser aceita a forma como tais custos estimativos foram corrigidos para a data base do orçamento, julho de 2005, uma vez que entre a

Page 46: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

data da cotação (agosto de 2003) e a data base do orçamento houve valorização da moeda nacional frente ao euro, o que acarretaria uma redução dos preços, e não aumento, como praticado pela Infraero.

Por outro lado, já que há possibilidade de obtenção de cotações atualizadas em moeda nacional, não vejo qualquer sentido em se determinar que a Infraero revise os cálculos originais, elaborados com base na cotação da empresa TEAR.

Essa seria também a forma de se ajustar o BDI incidente sobre as pontes para valores adequados, como recomenda a SECOB.

Com essas ponderações, entendo que o melhor caminho a ser seguido no atual estágio da licitação do TPS 3 é a autorização para seu prosseguimento, com a ressalva de que devem ser incorporadas à planinha base de preços as modificações já aceitas pela Infraero, acrescidas daquelas que foram por ela aceitas no documento de fls. 158/164, vol. principal.

Quanto aos itens de serviço sobre os quais não se chegou a um consenso, entendo caber, ainda, a determinação sugerida pela SECOB para que a Infraero apresente os estudos técnicos, com as devidas memórias de cálculos detalhadas, justificando, de forma clara e objetiva, a não adoção das referidas determinações, sem prejuízo de levar a efeito estudo mais detalhado, com o propósito de se chegar a parâmetros mais fidedignos, nos termos em que a empresa comprometeu-se no documento fls. 158/164, vol. principal, acima citado.

Tais estudos deverão ser juntados ao TC-007.137/2006-7, para subsidiar a continuidade do acompanhamento da licitação para a construção do TPS 3.

Por fim, considerando o arquivamento do presente processo, pelas razões expendidas no início deste Voto, entendo de bom alvitre a proposta do Secretário em substituição da SECOB, no sentido de que sejam os presentes autos devolvidos à SECEX/SP, a fim de que, em relação às obras do Sistema de Pistas, sejam desentranhadas as peças constantes do Volume 3 e do Anexo 2, atinentes ao Parecer Técnico emitido pela SECOB, e juntadas ao TC-008.575/2005-6, para emissão de proposta de mérito consolidada com as demais irregularidades constantes daqueles autos.

Já quanto as obras do Terminal de Passageiros n.º 3, para que sejam desentranhadas as peças constantes do Volume 4 e dos Anexos 1, 2 (vol. 1), 3, 4, e 5, também atinentes ao Parecer Técnico emitido pela SECOB, e juntadas ao TC-007.137/2006-7, nesse caso para subsidiar a continuidade do acompanhamento da licitação da referida obra.

Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a este Plenário.

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 5 de setembro de 2006.

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

Page 47: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

ACÓRDÃO Nº 1616/2006 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo n.º TC-020.614/2005-7 – c/ 4 volumes e 5 anexos2. Grupo II; Classe de Assunto: V – Acompanhamento3. Interessada: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo4. Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União - SECOB8. Advogado constituído nos autos: Thereza Catharina Afonso Ferreira Madeira (OAB/DF n.º 20.391)

9. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos de acompanhamento das determinações exaradas no

Acórdão 2.302/2005-TCU-Plenário, pertinente às obras a serem executadas no Aeroporto Governador André Franco Montoro, localizado na cidade de Guarulhos/SP.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento no art. 71, inciso IV, da Constituição Federal, e arts. 1º, inciso II, 38, inciso I, e 45 da Lei n.º 8.443. de 16 de julho de 1992, em:

9.1. informar à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero que, cumprida a determinação proferida no item 9.2.1, poderá retomar o processo licitatório para as obras de construção do Terminal de Passageiros n.º 3 do Aeroporto de Guarulhos/SP;

9.2. determinar à Infraero que:9.2.1. incorpore à planilha de preços estimativos para a licitação supra os preços de serviços já

acordados com a Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União – SECOB, bem assim aqueles preços posteriormente aceitos, conforme documento encaminhado pela Infraero, presente nos autos, referente, entre outros, aos itens de serviço:

“3.2.2 – Sub-base ou base de brita graduada tratada com cimento 3% em peso – item 04.05.302”;“3.2.1 – Desenho de formato A 0 (unid.) –item 01.03.500.01”;“3.2.3 – Concreto Betuminoso Usinado à quente (CBUQ) – Capa – item 04.05.601.01”;“3.2.4 – Concreto Betuminoso Usinado à Quente (CBUQ) – Binder – item 04.05.601.02”;“3.2.10 – Pavimento Rígido com Placas de Concreto – item 04.05.602.01”;

9.2.2. forneça, no prazo de 15 (quinze) dias, quanto aos itens de serviço cujos preços foram obtidos mediante cotação, uma declaração do Departamento de Engenharia, indicando os responsáveis técnicos pela elaboração e revisão do trabalho de aferição nos preços daqueles serviços, neles incluídas as pontes de embarque;

9.2.3. apresente no prazo de 15 (quinze) dias, quanto ao grupo de serviços em que não se chegou a um consenso nas reuniões, de forma a contemplarem todas as determinações sugeridas pela SECOB, os estudos técnicos, com as devidas memórias de cálculos detalhadas, justificando, de forma clara e objetiva, a não adoção das referidas determinações;

9.3. sejam os presentes autos devolvidos à SECEX/SP, a fim de que:9.3.1. faça juntar ao TC-008.575/2005-6 os documentos objeto das determinações 9.2.2 e 9.2.3;9.3.2. em relação às obras do Sistema de Pistas, sejam desentranhadas as peças constantes do

Volume 3 e do Anexo 2, atinentes ao Parecer Técnico emitido pela SECOB, e juntadas ao TC-008.575/2005-6, para emissão de proposta de mérito consolidada com as demais irregularidades constantes daqueles autos;

9.3.3. quanto as obras do Terminal de Passageiros n.º 3, sejam desentranhadas as peças constantes do Volume 4 e dos Anexos 1, 2 (vol. 1), 3, 4, e 5, também atinentes ao Parecer Técnico emitido pela SECOB, e juntadas ao TC-007.137/2006-7, nesse caso para subsidiar a continuidade do acompanhamento da licitação da referida obra;

9.4. dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o integram à Infraero; e9.5. arquivar o presente processo.

Page 48: Grupo I – Classe II – 1ª Câmara · Web view2006/09/06  · GRUPO I OBRIGAÇÕES DE LEI SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO QUE INCIDEM SOBRE OS ENCARGOS DO GRUPO II INSS 20,0000% SEGURO

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-020.614/2005-7

10. Ata n° 36/2006 – Plenário11. Data da Sessão: 5/9/2006 – Extraordinária12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1616-36/06-P 13. Especificação do quórum: 13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), Valmir Campelo, Guilherme Palmeira (Relator), Ubiratan Aguiar e Augusto Nardes.13.2. Auditores convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

WALTON ALENCAR RODRIGUES GUILHERME PALMEIRAVice-Presidente,

no exercício da PresidênciaRelator

Fui presente:

LUCAS ROCHA FURTADOProcurador-Geral