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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 31ª aula: As parábolas (II) Domésticas e familiares Textos complementares GEAEL Aula 31 — Entre muitas, a lição que fica: ...a essência da religião é a prece: ela é a medula do homem, pois ninguém pode viver sem religião, e a oração é a chave da manhã e o ferrolho da noite. Orar não é pedir: é uma aspiração da alma, uma confissão diária de nossa fraqueza. Mahatma Gandhi O homem é uma das infinitas notas que, vibran- do em uníssono com todos os seres e todas as coisas, constitui a gigantesca sinfonia de cores, sons e equilí- brio, que é a Harmonia do Universo. Em si mesmo e isolado, o homem seria apenas uma nota desamparada e triste na solidão do cosmo, sem eco nem beleza. Não pode compreender-se um homem nessas condições, porque isso destoaria da Lei Suprema que governa o Todo, do maior ao menor. No entanto, o homem se obstina em desobedecer a Lei Universal. Nessa desobediência residem sua infelici- dade, sua pobreza e seu desequilíbrio. O que realmente vale é a vida interior, a essência contida no frasco, e não o próprio frasco, por mais pri- moroso, delicado e maravilhoso que seja. Quebrado o frasco, a essência espalha no ambiente sua fragrância; os cacos são varridos e jogados fora, mas a essência contínua a embalsamar o ambiente e embriagar os sen- tidos, como o espirito do homem que se foi continua flutuando no tempo e alimentando as inteligências. Que resta dos grandes homens que existiram no mundo? Nada mais que seus espíritos gigantes, a pro- jetar-se através dos tempos, cada vez mais nítidos, à medida que se afastam!... Viver como o esplendor do sol, sempre radiantes, sem sombras, nem egoísmos. Brilhar tanto para os humildes como para os poderosos. Amar os grandes e amar os pequenos. Amar os que nos amam e os que nos odeiam. Esse deve ser nosso único ideal, nosso único pro- pósito, nossa única realidade. Para atingir essa meta, teremos que enfrentar a Garcia Lema - Revista da Boa Vontade, abril de 1957

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Page 1: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · Orar não é pedir: é uma aspiração da alma, uma confissão diária de nossa fraqueza. Mahatma Gandhi O homem é uma das infinitas

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

31ª aula: As parábolas (II) Domésticas e familiaresTextos complementares

GEAEL

Aula 31 — Entre muitas, a lição que fica:...a essência da religião é a prece: ela é a medula do homem, pois ninguém pode viver sem religião, e a oração é a chave da manhã e o ferrolho da noite. Orar não é pedir: é uma aspiração da alma, uma confissão diária de nossa fraqueza.

Mahatma Gandhi

O homem é uma das infinitas notas que, vibran-do em uníssono com todos os seres e todas as coisas, constitui a gigantesca sinfonia de cores, sons e equilí-brio, que é a Harmonia do Universo.

Em si mesmo e isolado, o homem seria apenas uma nota desamparada e triste na solidão do cosmo, sem eco nem beleza. Não pode compreender-se um homem nessas condições, porque isso destoaria da Lei Suprema que governa o Todo, do maior ao menor. No entanto, o homem se obstina em desobedecer a Lei Universal. Nessa desobediência residem sua infelici-dade, sua pobreza e seu desequilíbrio.

O que realmente vale é a vida interior, a essência contida no frasco, e não o próprio frasco, por mais pri-moroso, delicado e maravilhoso que seja. Quebrado o frasco, a essência espalha no ambiente sua fragrância; os cacos são varridos e jogados fora, mas a essência contínua a embalsamar o ambiente e embriagar os sen-tidos, como o espirito do homem que se foi continua flutuando no tempo e alimentando as inteligências.

Que resta dos grandes homens que existiram no mundo? Nada mais que seus espíritos gigantes, a pro-jetar-se através dos tempos, cada vez mais nítidos, à medida que se afastam!...

Viver como o esplendor do sol, sempre radiantes, sem sombras, nem egoísmos. Brilhar tanto para os humildes como para os poderosos. Amar os grandes e amar os pequenos. Amar os que nos amam e os que

nos odeiam.Esse deve ser nosso único ideal, nosso único pro-

pósito, nossa única realidade.Para atingir essa meta, teremos que enfrentar a

Garcia Lema - Revista da Boa Vontade, abril de 1957

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nós mesmos, lutar como titãs até destruir o medo, que é a causa de nossas derrotas. Derrubar todos os cala-bouços de crenças erroneas, de falsos preconceitos, de tradições absurdas.

Descer ao campo da realidade, apalpá-la nós mesmos, saboreá-la, ainda que muitas vezes seja ela amarga, quer nos traga prazer ou mesmo dor. Nunca afastar essa experiência, porque seria afastar a Vida.

A experiência é o alimento, é a verdadeira seiva que faz crescer nossa compreensão, que nos dá forças e valor para desafiar todas as tempestades, para resis-tir a todos os climas, para dissipar todas as névoas.

Permanecer à mercê de alguém que nos leve ou traga, é permanecer raquíticos, sem cor e sem Vida, é o mesmo que estar sempre no mes-mo lugar, até que algo de fora nos venha empurrar.

Não pode compreender-se um corpo são sem sol, sem ar, sem liber-dade. Para alcançar esse equilíbrio, essa plenitude, essa liberdade, é in-dispensável estar sempre prontos e dispostos para destruir qualquer te-mor que tente aprisionar-nos.

O medo é sombra, é uma ilusão dos sentidos, uma falsa imaginação, um fantasma criado por nós mes-mos. No entanto, milhares de seres são vítimas do medo, e o medo os torna miseráveis, egoístas, crimino-

sos, numa palavra, os faz covardes diante da Vida.Por que tremer diante de alguém ou de alguma

coisa, se não fazemos sombra com o nosso egoísmo sobre ninguém e sobre coisa alguma? Quem poderá destruir-nos, se somos a própria Vida?... Quem poderá fazer-nos sombra, se somos todos Luz?...

Quem poderá roubar-nos a paz e a tranqüilidade se somos a própria serenidade?...

Por que não viver, com a Vida Interior, como o esplendor do sol, sem sombras e sem egoísmos?... Por que não atingir, essa meta de luz, e assim permanecer além das sombras do dia e da noite?...

Descansar na atividade contínua, criando sempre. Ser um manancial poderoso de energia, donde par-tam milhões de dínamos e que de cada um flua uma torrente de notas de infinitos sons, de infinitas cores.

Ser sempre o esplendor, a harmonia...Ser plenitude, perfeição, verdade, justiça...Ser a brisa que refresca as almas doloridas...Ser bálsamo para as feridas ... água que lave todas

as manchas com o perdão, luz que conforte...Ser o canto das aves, a alma dos céus, o murmúrio

dos rios, o perfume das flores...Isto é ser Vida!...Isto é ser o Todo!..Isto é a Eternidade!...

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Uma das raízes possíveis da palavra “meditar” está no latim medire, que significa “curar”. Todo processo de meditação é uma cura interna que envolve a aquisição

de poder para deixar tudo o que seja negativo na constituição do ser. A meditação é uma prática universal que vem sendo utilizada em todo o mundo há milhares de anos. Apesar de al-guns povos estarem mais voltados para a prática e a filosofia da meditação, ela possui raízes em todas as tradições espiritu-ais do mundo. No ocidente, costumamos confundir “medita-ção” com “reflexão”, quando dizemos que estamos meditando sobre determinado assunto, na realidade estamos refletindo sobre aquele tema. Meditação também não é concentração. Existe uma grande diferença entre concentração e meditação, a concentração é uma parte do ato de meditar, e este ato nos leva ao desenvolvimento espiritual.

Muitos mitos envolvem a meditação, mas meditar não é algo oculto ou privilégio de poucos, na realidade qualquer pessoa pode aprender a meditar. O Aprendizado da medita-ção consiste em um processo lento e gradual para o cresci-mento interno e para a expansão da consciência. A meditação nos leva lentamente e com segurança, à paz mental, embora a meditação comece na mente, ela culmina nas profundezas do coração e da alma.

Quando meditamos não perdemos nossos sentidos, ao contrário, eles se ampliam e se aprofundam. A verdadeira meditação não aceita nenhuma concepção limitada, ela nos conduz ao infinito. Portanto, meditação é uma ciência intui-tiva, que o ocidente começou a compreender e praticar muito recentemente. Uma das metas da meditação é proporcionar a cada indivíduo uma experiência única da realidade espiritual da qual nos falaram tantos mestres e santos.

BENEFÍCIOS DA MEDITAÇÃO

Os efeitos práticos da meditação têm sido extensamente pesquisados em mais de 500 institutos de pesquisas e uni-versidades no mundo inteiro. Mais de 6 milhões de pessoas no mundo, de todas as idades, culturas, profissões e religiões a praticam e têm a possibilidade de desfrutar dos seus bene-fícios diariamente. A meditação tem por objetivo libertar a mente do estresse, tensões diárias, preocupações e ansiedades. Tornar a mente calma, focada, limpa e satisfeita. Para atingir este estado de paz e relaxamento cerca de 30 minutos de me-ditação de manhã e à noite são suficientes.

A meditação pode ser uma opção eficaz para reduzir o estresse de jovens estudantes, revela um estudo publicado re-centemente no International Journal of Psychophysiology, que avaliou o efeito da prática no cérebro — por meio de imagens — e no comportamento dos estudantes. O estudo

analisou 50 universitários — metade praticou meditação e a outra metade não — durante dez semanas e comparou os resultados na semana dos testes do final do ano. O grupo da meditação apresentou menos insônia e irritação, além de me-nores níveis de estresse.

TÉCNICAS DE MEDITAÇÃO

Muitas técnicas de meditação estão disponíveis atual-mente e elas são ensinadas de maneiras diferentes. Entretan-to, as técnicas de meditação não podem ser aprendidas ape-nas por ler um livro. Da leitura, o máximo que podemos obter é a teoria, apenas isso. As instruções são moldadas para cada indivíduo que aprende na prática. Cada pessoa é diferente e cada pessoa tem um ritmo diferente de aprendizagem e uma gama variada de experiências pessoais. Portanto, as técnicas são ensinadas individualmente por um professor treinado em um curso com instruções padronizadas.

A técnica empregada é muito importante para o progres-so rápido e eficiente na prática da meditação. Uma das técni-cas mais utilizadas, consiste em manter o foco em apenas uma coisa, em geral uma frase ou palavra, também chamada de mantra, utilizada para limpar a sua mente e atingir um estado de profunda calma. Outro método de meditação, o de preen-chimento da mente, envolve direcionamento de foco para os seus próprios pensamentos, mas sem julgá-los ou a eles reagir, apenas observá-los.

Uma outra variação consiste em concentrar-se na respi-ração. Segundo essa técnica, ao nos concentramos na respira-ção, iniciamos o processo de meditar. A respiração é o fluxo do prana e do oxigênio, penetrando e alimentando de energia

http://alquimiayankees.blogspot.com/2009/12/meditacao.html

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cósmica todo o organismo. As diversas técnicas que utilizam a respiração controlada e alguns exercícios físicos, podem energizar profundamente o corpo e a mente.

Durante pelo menos sete mil anos, diversas técnicas de meditação foram desenvolvidas sistematicamente por inúme-ros mestres que as experimentaram no laboratório de suas mentes. Destas, as mais populares são a Meditação Transcen-dental (MT) e a Meditação Raja Yoga.

MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL

A técnica da Meditação Transcendental existe há milha-res de anos – vem de uma tradição intacta de instrução de meditação da Índia antiga. Maharishi Maheshi Yogi foi quem primeiramente apresentou a técnica ao Ocidente há mais de 50 anos atrás. O recluso místico indiano ganhou destaque internacional quando os Beatles: John Lennon, Paul McCar-tney, George Harrison e Ringo Starr, foram visitá-lo no Hima-laia em 1968 para aprender suas técnicas de meditação que ficou conhecida como Meditação Transcendental (MT).

A partir de então, imagens dos Beatles sentados de per-nas cruzadas, vestindo roupas brancas e com guirlandas de flores no pescoço ganharam o mundo. O integrante dos Be-

ach Boys Mike Love, o cantor britânico Donovan e a atriz americana Mia Farrow passaram a freqüentar as sessões. Após ensinar suas técnicas a outros ícones das décadas de 60 e 70, Maharishi ganhou seguidores em todo o mundo, e teve milhões de pessoas estudando seus métodos. Foi idéia de Maharishi submeter a técnica da MT ao escrutínio científico para determinar seus benefícios práticos para a vida diária. Maharishi treinou milhares de instrutores, que difundiram a MT em todas as partes do mundo. Maharishi faleceu em 6 de fevereiro de 2008 aos 91 anos de idade.

A Meditação Transcendental (MT) é uma técnica espe-cial de meditação, natural e muito fácil de aprender e prati-car, usada para aperfeiçoar a nossa capacidade mental, física e emocional. O programa da MT é praticado durante 15 a 20 minutos duas vezes ao dia sem fazer qualquer esforço. Nenhuma crença ou mudança de crenças é necessária para aprendizagem da técnica da MT e para receber todos os seus benefícios. De fato, mesmo que você não tenha nenhuma reli-gião, a técnica da MT vai funcionar muito bem. Isto porque a técnica faz uso do mecanismo natural inerente da mente e do corpo – há muito tempo esquecido pela maioria das pessoas – aquietar e repousar profundamente. Nenhuma crença ou incredulidade vai mudar esta habilidade inerente.

Durante a prática da MT nossa mente aquieta-se espon-taneamente e torna-se completamente desperta, enquanto nosso corpo repousa mais profundamente do que quando dormimos. Esta experiência agradável e totalmente natural chamada Consciência Pura ou “transcender”, é de grande va-lor para nossa vida prática, pois desperta e expande nossas funções mentais, revitaliza e rejuvenesce nosso corpo e equi-libra e eleva nossas emoções, eliminando estresse, tensões e fadigas acumulados.

Após a prática da MT nossa mente estará mais desperta, nossa capacidade mental mais expandida e teremos mais ener-gia física e estabilidade emocional para realizar nossos objeti-vos práticos. Estes resultados benéficos surgem desde o início e crescem gradualmente com a prática regular, melhorando sen-sivelmente nossa qualidade de vida em todas as áreas.

(continua no próximo número)

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O SemeadorMateus 13.5-8

No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se à beira do mar; e reuniram-se a ele grandes multidões, de modo que entrou num barco, e se sentou; e todo o povo estava em pé na praia.

E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear; e quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram.

E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se.

E outra caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram.

Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um.

Quem tem ouvidos, ouça.E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por

que lhes falas por parábolas?Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os

mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.

Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem.

E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis.

Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure.

Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.

Pois, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.

Ouvi, pois, vós a parábola do semeador.A todo o que ouve a palavra do reino e não a entende,

vem o Maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho.

E o que foi semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria;

mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca dura-ção; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.

E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.

Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.

Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.

Quando, porém, a erva cresceu e começou a espigar, então apareceu também o joio.

Chegaram, pois, os servos do proprietário, e disseram-lhe: Senhor, não semeaste no teu campo boa semente? Donde, pois, vem o joio?

Respondeu-lhes: Algum inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo?

Ele, porém, disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo.

Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro.

Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hor-taliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.

Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.

Todas estas coisas falou Jesus às multidões por parábo-las, e sem parábolas nada lhes falava; para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.

Então Jesus, deixando as multidões, entrou em casa. E chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.

E ele, respondendo, disse: O que semeia a boa semente é o Filho do homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é o fim do mundo, e os celeiros são os anjos.

Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo.

Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajun-tarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali

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haverá choro e ranger de dentes.Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de

seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido

no campo, que um homem, ao descobrí-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.

Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um nego-ciante que buscava boas pérolas; e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou.

Igualmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes.

E, quando cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram fora.

Assim será no fim do mundo: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.

Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Entendemos.

E disse-lhes: Por isso, todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.

E Jesus, tendo concluído estas parábolas, se retirou dali.E, chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga,

de modo que este se maravilhava e dizia: Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes milagrosos?

Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?

E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?

E escandalizavam-se dele. Jesus, porém, lhes disse: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra e na sua pró-pria casa.

E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.

A Drácma PerdidaLucas 15. 8-10

Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.

E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.

Então ele lhes propôs esta parábola:Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e

perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?

E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo; e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido.

Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.

Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma dracma, não acende a candeia, e não varre a casa, bus-cando com diligência até encontrá-la?

E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu havia perdido.

Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.

Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos.O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos

bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres.Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo,

partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.

E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades.

Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.

E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada.

Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.

Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.

Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o; coma-mos, e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se.

Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças; e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.

Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.

Mas ele se indignou e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele.

Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com meus amigos; vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu; era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.

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Os meios para realizar as transformações (II)Ney Pietro Peres — Manual Prático do EspíritaGEAEL

Exemplos de situações com aplicação do método de auto-análise

Para ilustrar o método acima, tomemos alguns exemplos de casos que têm acontecido na vida comum:

SITUAÇÃO A: Caso conjugalHistórico Sumário: Um casal de condição média e relati-

va instrução, adeptos do espiritismo, colaboradores dedicados nos serviços de assistência social e de explanação evangéli-ca nas casas espíritas de uma cidade do interior, convivendo harmoniosamente há onze anos, com dois filhos, de dez e oito anos, tendo o marido já superado, com a ajuda da esposa, períodos de limitações financeiras, deixa-se envolver por forte atração que uma jovem aflita, por ele entrevistada na pró-pria instituição espírita, lhe faz sentir. Após alguns meses de relacionamento com essa jovem em conflito, afasta-se do lar, abandonando esposa e filhos, passando a conviver com aque-la que estaria agora preenchendo os seus ideais.

Decorridos cerca de dez meses, como se poderia esperar, desperta do sonho ilusório que lhe envolvera os sentidos, após ter imaginado que houvera encontrado a felicidade inconsis-tentemente apoiada em alguns devaneios infantis elaborados subconscientemente, possíveis traços de tendências de vidas pregressas.

A consciência se inquieta, ferve-lhe a cabeça, aperta-lhe o coração, um torvelinho de pensamentos e emoções passa a dominar-lhe, vive em profunda aflição, desgoverna-se, sem resposta, indaga-se constantemente o que fazer.

Auto-análise: Num dia de trégua, a razão finalmente emer-ge daquele tormento de emoções, inclina-se à reflexão tocado pelo amigo espiritual, que, depois de lento e paciente envolvi-mento à distância, encontra condições de aproximar-se.

Senta-se, relaxa e consegue refletir. A imaginação cami-nha e localiza algumas pequenas contrariedades com a es-posa, que lhe fizeram sorrateiramente desejar uma felicidade mais completa, criando ilusões com algum outro coração fe-minino. Identifica a imaturidade, a falta de uma ponderação mais firme buscando os aspectos valorosos no caráter da pró-pria esposa que agora percebia: sua dedicação aos filhos, seu espírito de conformação. Afinal, deixara levar-se por um im-pulso sem fundamento que começou a minar sua resistência e a tomar corpo na forma de uma insatisfação incontida. Colhia agora os resultados desastrosos da sua invigilância.

Procurou objetivamente relacionar:1º O que deu origem ao seu estado aflitivo?2º Quais as razões que o levaram a tal situação?3º Quais as conseqüências provocadas?

Conseguiu, então, responder por ele mesmo:1º O seu estado de aflição foi motivado pelo impulso de

um envolvimento passional a que se deixou levar, e que lhe foi progressivamente absorvendo por falta de vigilância.

2º As razões que o levaram a tal situação foram: a ilusão que deixou fixar-se na sua imaginação; a falta de ponderação; a imaturidade; a necessária reação aos impulsos nos momen-tos de suas manifestações.

3º As conseqüências verificadas: sofrimento próprio, da esposa e dos filhos; desequilíbrio emocional dos mesmos; problemas psicológicos como trauma, insegurança, ansieda-de, desajustes de comportamento, principalmente na esposa e nos filhos.

Em resumo:Impulsos íntimos: desejo mal conduzido intolerância fuga

Motivos: imaturidade irreflexão irresponsabilidade

Conseqüências: desequilíbrios sofrimento desajustes

Obviamente, tomando consciência da situação, o prota-gonista, querendo sair da situação desesperadora em que se encontra, procurará os meios de reconstruir o seu lar, o que certamente só conseguirá com paciência e espírito de luta, pois colherá as reações naturais daqueles a quem atingiu com a sua invigilância.

SITUAÇÃO B: Caso de desastre financeiroHistórico Sumário: Um probo chefe de família, vivendo

confortavelmente e cercado de todos os cuidados que a mesa farta, o vestuário e numerosa criadagem podem oferecer, vê-se repentinamente afastado do emprego comissionado que lhe proporcionava elevadas somas, nas vendas imobiliárias que passaram a perder mercado em importante capital.

Desacostumado à disciplina no comer e à vida comedida nas despesas que esbanjava, entra em situação desesperado-ra e incontrolada. Revolta-se com todos, reclama da sorte, discute e vocifera com familiares, inconforma-se, passando a viver mentalmente um clima doentio que logo lhe acarreta problemas cárdio-circulatórios.

Recebe como resposta, a prescrição médica de repouso absoluto, quando então eram transcorridos pouco mais de

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dois meses do seu afastamento empregatício.Auto-análise: Obrigado ao repouso e impossibilitado de

atividades que lhe sobrecarregassem o órgão cardíaco, vê-se acamado por tempo indeterminado e submetido a rigoroso controle alimentar. Compulsoriamente, não pôde contrair aborrecimentos nem se movimentar exageradamente.

Depois de alguns dias naquelas condições conseguiu aquietar-se mentalmente, captando o aconchego espiritual que nunca nos falta.

Entra espontaneamente numa atmosfera de reflexão, predispondo-se ao exame de sua consciência, remontando os dias de seu passado. Viera de origem humilde e a própria dificuldade lhe incrementara a ambição de jovem robusto e lutador. Ajudado por amigo próximo a seus pais, iniciara-se no trabalho que lhe dera razoável condição. No entanto, pon-derava, jamais fora comedido, tudo que ganhava gastava, tal qual garoto guloso em confeitaria. E assim constituiu famí-lia, prosseguindo no mesmo diapasão. Nunca pensara no dia de amanhã, num revés da sorte, numa doença que viesse a lhe deixar inválido, nem mesmo na caridade ao próximo que muitas vezes puderam seus pais receber de mãos generosas.

Aquela reflexão lhe fizera rever o procedimento e tirar importantes conclusões.

Registrou, então, por escrito as perguntas:1º O que deu origem ao seu estado doentio?2º O que provocou as suas reações impulsivas?3º Quais as razões do seu procedimento esbanjador?

Em seguida, colocou as próprias respostas:1º O seu estado doentio fora provocado pelas violentas

cargas emocionais que passou a viver depois que perdeu o emprego.

2º As suas reações impulsivas foram de revolta, inconfor-mação, desespero, temor de voltar a sofrer privações.

3º Gastava sem controle por desejo ambicioso de experi-mentar o que não tivera na mocidade e idealizara conquistar, como os únicos objetivos de sua vida.

Em resumo:Impulsos íntimos: revolta inconformação desespero, temorMotivos: hábito esbanjador, desregramento iminência de privações apego aos bens materiaisRaízes prováveis: ambição descontrole falta de resignação

Nesse caso, o indivíduo poderá se dispor a reformular sua vida na modéstia, na conformação, na resignação, para o que necessitará de esforço e boa vontade, pois não é fácil mudar hábitos adquiridos na luxúria e no apego aos prazeres da gula, da vaidade e do exagerado conforto.

SITUAÇÃO C: Caso de uma filha grávida prematuramenteHistórico Sumário: Naquele dia, recebera a mãe extre-

mosa a notícia de que sua jovem filha estava grávida pre-maturamente. Criara com tanto zelo, dedicara-lhe os maiores cuidados na orientação educacional, preparando-a para uma vida que, no seu amor de mãe, seria de alegrias e encantamen-tos. A filha com pouco mais de dezessete anos, o jovem igual-mente despreparado para assumir a vida conjugal, entrega-ram-se aos impulsos procriadores sem as contenções que hoje os moços entendem desnecessárias.

Viam-se todos, familiares e filhos, sofrendo as conseqüências da insensatez, do sentir sem limitações, das influências da época.

Aquela mãe, amargurada, não podia conter as lágrimas, perguntava de si para si mesma o que tivera feito para receber tamanha prova. Como enfrentar agora as incompreensões dos familiares? As rejeições da sociedade, a crítica mordaz dos vizinhos?

As suas convicções religiosas não permitiam a solução abortiva, e o casamento precipitado era prognóstico de pouca duração. Repentinamente um mundo de conflitos atormenta-va a respeitável senhora de meia-idade.

Auto-análise: Depois de viver alguns dias o impacto daquele drama íntimo, recebe pelas preces, que em prantos proferia, o bálsamo reconfortante de amoráveis espíritos ami-gos, e começa a analisar tranqüilamente na sua intimidade o que se passava. Lembrava que embora tivesse proporcionado os melhores colégios e estudos complementares em idiomas e nas artes, omitira-se nos importantes diálogos de mulher para mulher, deixando de comunicar-lhe as funções nobres do sexo e o natural retraimento na aproximação com os jovens da sua idade. Embora ferida nos seus próprios preconceitos; não poderia agora abandonar a filha à própria sorte. Era a oportunidade de melhor unir-se a ela, dando o seu apoio na compreensão para a vida de jovem mãe, que teria de enfren-tar. Sentia, como sua amiga, necessidade de estar ao lado dela, acompanhando o amadurecimento precoce que a experiência lhe faria passar, pela própria precipitação dos acontecimen-tos. Reafirma o propósito de renúncia submetendo-se humil-demente às pressões sociais e familiares, disposta, então, a di-vidir com a filha o peso da difícil prova que teriam pela frente.

Para que tudo ficasse bem claro e gravado em sua memó-ria, resumiu por escrito a sua análise:

1º O que deu origem às suas amarguras?2º O que lhe teria provocado tanta dor?3º Quais as suas reações e impulsos?

Em seguida, colocou as próprias respostas:1º As suas amarguras surgiram do choque emocional

diante de um escândalo familiar e social que a sua formação educativa e religiosa não lhe permitiam aceitar.

2º A sua dor era resultante do amor-próprio ferido, do apego à filha, com projeção dos seus próprios sonhos de mãe, do reconhecimento das suas omissões na orientação educa-cional.

(continua na página 10)

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Não gosto da palavra tolerância, mas não encontro aqui outra melhor. A tolerância pode fazer supor, aliás gratuita-mente, que a crença de outra pessoa seja inferior à nossa ao passo que o “ahimsâ” (não-violência ou reverencia) nos ensina a ter à fé religiosa dos outros, o mesmo respeito que temos á nossa — cuja imperfeição também reconhecemos.

Admitir isso é fácil para quem procura a Verdade e para quem obedece à lei do Amor. Se já tivéssemos chegado à ple-na visão da Verdade, não mais pesquisariamos, já seríamos um com Deus, pois a Verdade é Deus.

Mas, como estamos buscando, continuamos nossa pesqui-sa e estamos conscientes de nossa imperfeição. Ora, se somos imperfeitos, a religião, tal qual a concebemos, deve ser também imperfeita Nós ainda não realizamos a religião em sua perfei-ção, da mesma maneira, que ainda não realizamos Deus.

E como a religião, qual a concebemos, é imperfeita, é susceptível sempre de evolução e re-interpretação: o progres-so para a Verdade, para Deus, só é possível em virtude dessa evolução.

E, se todas as concepções religiosas que os homens se

representam são imperfeitas, não há razão de superiorida-de nem de inferioridade de uma a outra. Todas as crenças constituem revelações da Verdade, mas todas são imperfeitas e falíveis. O respeito que temos pelas outras crenças não deve impedir-nos de ver-lhes os defeitos. Temos que ser também in-tensamente conscientes dos defeitos de nossa própria fé. Mas nem por isso devemos abandoná-la e sim procurar triunfar esses defeitos.

Se considerarmos todas as religiões sem parcialidade, não hesitaremos em trazer para a nossa os caracteres desejá-veis das outras, e até julgaríamos isso um dever.

Vem então a pergunta: por que tantas crenças diferentes? A alma é uma, no entanto anima numerosos membros. Não podemos reduzir o número dos membros, entretanto reconhe-cemos a unidade da alma. Assim como a árvore tem um só tronco, mas numerosos ramos e folhas, da mesma maneira existe apenas uma única religião verdadeira e perfeita, mas esta se torna múltipla, ao passar através dos homens.

A religião única está além do domínio da linguagem. Ho-mens imperfeitos só podem exprimi-la com a linguagem de que dispõem, e suas palavras são interpretadas por outros homens igualmente imperfeitos.

Qual a interpretação que devemos aceitar como verda-deira? Cada um tem razão, quanto ao seu próprio ponto de vista, mas, não é impossível que todos estejam errados. Daí a necessidade da tolerância, que não significa indiferença por sua própria fé, mas um amor mais puro e mais inteligente por essa mesma fé. A tolerância dá-nos um poder de penetração espiritual que se afasta do fanatismo tanto, quanto o polo norte do polo sul.

O verdadeiro conhecimento da religião faz caírem as bar-reiras entre uma e outra. Cultivando em nós a tolerância em favor de outras concepções, adquiriremos uma compreensão mais verdadeira da nossa.

É claro que a tolerância não afeta a distinção entre o bem e o mal, entre o justo e o falso. Nem quis falar aqui das principais concepções religiosas do mundo: todas repousam em bases comuns. Todas produziram grandes santos.

Folheando, por prazer, livros sagrados de diversas reli-giões, consegui um conhecimento bem seguro do cristianismo, do islamismo, do zoroastrismo, do judaísmo e do hinduísmo. Posso dizer que, ao ler esses textos, não tinha nenhuma par-cialidade, embora, na época, não estivesse consciente disso. Quando me recordo dessa época, vejo que não estava anima-do de nenhum desejo de criticar qualquer delas, só porque elas não eram a minha religião: eu lia cada livro com respeito, e em cada um deles achei a mesma moralidade fundamental.

Havia certas coisas que não compreendia então, como nem agora compreendo. Mas a experiência ensinou-me que é

Mahatma Gandhi (1869-1948)

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erro supor falso, tudo o que não se compreende.Outras coisas que então não compreendi, são hoje claras

como a luz.A imparcialidade no julgamento ajuda-nos a resolver

numerosas dificuldades. E se mesmo criticarmos, podemos fazê-lo com uma humildade e uma cortesia, que não deixem margem a qualquer mágoa.

O fato de aceitar a doutrina da igualdade das religiões, não faz desaparecer a distinção entre religião e irreligião. Não temos intenção de encorajar a tolerância pela irreligião. Po-diam-nos objetar que, em certos casos, não é possível perma-necer imparcial, pois a cada um incumbe decidir por si o que é religião do que é irreligião.

Mas, se obedecermos à lei do Amor, não sentiremos ne-nhum azedume contra nosso irmão irreligioso. Ao contrário, amá-lo-emos. E portanto, ou o levaremos a ver seu erro, ou ele fará que compreendamos o nosso, ou então cada um respeita-rá a opinião diferente do outro.

Se o outro não observa a lei do Amor, pode tornar-se vio-lento contra nós. Mas se tivermos por ele um amor verdadeiro, nosso amor terminará triunfando de sua animosidade.

Dissipar-se-ão todos os obstáculos em nosso caminho, se observarmos a lei áurea: não tenhamos impaciência contra os que julgamos estarem em erro, e estejamos prontos a sofrer, se for necessário, mesmo em nossa pessoa.

Que é religião? É o que transforma nossa natureza, ligan-do-nos indissoluvelmente à Verdade interior e purificando-nos sempre. Ela, na natureza humana, é o elemento permanen-te que acha pequenos todos os sacrifícios e faz impaciente a alma, até que esta se ache e conheça seu Criador, e tenha compreendido as verdadeiras relações entre seu Criador e ela.

As religiões são como caminhos diferentes que conver-gem para o mesmo ponto. Pois em realidade existem tantas religiões quantos indivíduos.

Mas a essência mesma da religião é a prece: ela é a me-dula do homem, pois ninguém pode viver sem religião, e a oração é a chave da manhã e o ferrolho da noite. Mas orar não é pedir: é uma aspiração da alma, uma confissão diária de nossa fraqueza.

E é melhor colocar todo seu coração numa prece, sem achar palavras, do que encontrar belas palavras, sem nelas colocar o coração.

(continuação da página 8)3º As suas reações foram de inconformação, orgulho,

frustração, apego e intolerância.

Em resumo:Impulsos íntimos: orgulho frustração intolerância

Motivos: amor-próprio ferido sonhos idealizados inconfomiação

Raízes prováveis: presunção vaidade apego possessivo

Os propósitos assumidos por essa senhora, no caso es-tudado, certamente lhe tranqüilizaram; porém, a sua formu-lação solicitará dela, no transcorrer do tempo, o esforço de pôr em prática os frutos da sua compreensão, o que não se consegue a não ser com persistência e amor.

FAÇA SUA AVALIAÇÃO INDIVIDUAL1º Já sentiu a necessidade de refletir por algum tempo sobre dado acontecimento que lhe tenha intranquilizado?___________________________________________________2º Em alguns momentos de aflição ou ansiedade já procurou desvendar as suas origens?___________________________________________________3º Sente-se de alguma forma aliviado quando intimamente consegue entender os motivos de alguma manifestação sua que tenha magoado alguém? O que faz para corrigir-se?___________________________________________________4ºJá recorreu à prece na tentativa de ser esclarecido sobre alguma falha cometida?___________________________________________________5º Tem como prática o costume de pensar sobre o que lhe ocorre durante o dia?___________________________________________________6º Consegue facilmente analisar uma situação que viveu?___________________________________________________7º Nas vezes em que tem refletido sobre algo que lhe tenha alterado a tranqüilidade, já procurou fazê-lo sem reviver as mesmas emoções ou contrariedades?___________________________________________________8º Procura se acalmar e relaxar quando algo ou alguém lhe fere o íntimo?___________________________________________________9º Já buscou confabular em pensamento com o seu protetor espiritual?___________________________________________________10º Preocupa-se em ter um comportamento sempre melhor, reagindo às emoções e aos pensamentos que lhe aborrecem ou que sejam prejudiciais a alguém?___________________________________________________

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Técnicas da Mediunidade - Carlos Torres Pastorino

Primeiramente recordemos algumas definições, a fim de estabelecer entendimento dos termos que serão empregados.

VIBRAÇÃO

O que nos dá melhor idéia de que seja vibração, é ver o funcionamento de um pêndulo, com seu vai-vem característico.

No pêndulo distinguimos:a) o “momento de repouso” ou de “equilibrio”, quando

ele se acha exatamente na vertical;b) os “pontos máximos”, que ele atinge ao movimentar-se.Partindo daí, verificamos que a vibração pode ser:SIMPLES — que

é o percurso de um ponto máximo A ao outro ponto máximo A’ — (fig. 1)

DUPLA — que constitui a ida e volta (de A a A’ e de A’ a A) — (fig. 2); a esta vibra-ção dupla, chamamos oscilação.

PERÍODO

Acontece que o pêndulo leva tempo em sua oscilação. Então, chamamos período o tempo de uma oscilação, medida em segundos. E para que a medida seja bastante precisa, cos-tumamos dividir a oscilação em quatro partes, denominadas fases.

Veja na fig. 2: 1ª fase (de A a B); 2ª fase (de B a A’); 3ª fase (de A’ a B); 4ª fase (de B a A).

FREQUÊNCIA

Denominamos frequência ao número de oscilações exe-cutadas durante um segundo. Quanto maior a freqüência, mais alta é ela; quanto menor, mais baixa.

Então, se executar 10 oscilações em um segundo, a fre-qüência é baixa; se realizar 10.000 oscilações em um segun-do, a freqüência é alta.

A freqüência é medida em ciclos. Então o número de ciclos é o número de oscilações (ou freqüência) contadas ao passar por determinado ponto, durante um segundo.

ONDA

Como nada existe de imóvel, também a oscilação (fre-qüência ou vibração) caminha de um lado para outro. A essa vibração que caminha chamamos onda.

CORRENTE

Ao deslocamento de partículas num condutor damos o nome de corrente; se a corrente caminha para um só lado, cons-tantemente, dizemos que é contínua ou direta. Se ora vai para um lado, ora para outro, a denominamos alternada.

Por exemplo, quando dizemos que a corrente tem 50 ciclos, isto significa que a onda passa, por determinado ponto, de um lado para outro, 50 vezes em cada segundo, ou seja, tem 50 oscilações por segundo.

Aqui começamos a entrever que a mediunidade pode ser medida e considerada com todos esses termos. A dife-rença reside nisto: a corrente elétrica é produzida por um gerador, e a corrente mental é produzida pela nossa mente e transmitida por nosso cérebro. No cérebro temos uma vál-vula que transmite e que recebe, tal com um aparelho de rádio. Mas vamos devagar,

Consideremos, por enquanto, que cada cérebro pode emitir em vibrações ou freqüência alta ou baixa, de acordo com o teor dos pensamentos mais constantes. O amor vibra em alta freqüência; o ódio, em baixa freqüência. São polos opostos. Quanto mais elevados os pensamentos, em amor, mais alta a freqüência e mais elevada a ciclagem.

Continuemos.Na onda distinguimos várias coisas:a) a AMPLITUDE, isto é, a força da onda (ou amplitu-

de da oscilação), medida pela distância maior ou menor de subida e descida numa linha média; é, em outras palavras, o tamanho da oscilação. Temos, pois (veja fig. 3):

1) a BAIXA amplitude, quando as oscilações são pequenas;2) a ALTA amplitude, quando as oscilações são grandes.Mas também há o:b) COMPRIMENTO da onda, que é a distância que

medeia entre duas oscilações. Para uniformizar a medida dessa distância, costumamos medir a distância entre duas “cristas” consecutivas. CRISTA é o ponto máximo de uma oscilação (veja grav. 3).

Eletricidade

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É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

O maior mandamento

1. Tendo sabido que Jesus tinha calado a boca dos saduceus, os fariseus se reuniram e um deles que era doutor da lei, para tentar Jesus, fez-Lhe esta pergunta: “Mestre, qual é o maior manda-mento da Lei?”. E Jesus lhe respondeu: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo, que é semelhante a ele: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os pro-fetas estão contidos nestes dois mandamentos”. (Mateus, 22:34-40).

2. Fazei aos homens tudo o que quereríeis que eles vos fizessem, pois esta é a Lei e os profetas. (Mateus, 7:12).Tratai todos os homens da mesma maneira que gostaríeis que eles vos tratassem. (Lucas, 6:31).

3. O reino dos Céus é comparável a um rei que quis pedir contas aos seus servidores, e, tendo começado a fazê-lo, apresentaram-lhe um servo que lhe devia dez mil talentos.1 Mas, como o servo não tinha meios para pagá-los, seu senhor mandou que ele lhe vendesse sua mulher, seus filhos, e tudo o que possuísse, a fim de saldar a dívida. Lançando-se aos pés do soberano, o servidor lastimava-se, dizendo: “Senhor, tende um pouco de paciência, e eu vos pagarei tudo”. Então o senhor, tocado de compaixão, deixou-o ir e perdoou-lhe a dívida. Mas esse servidor, mal tendo saído, encontrou um de seus compa-nheiros que lhe devia cem denários,2 pegou-o pela garganta e, quase sufocando-o, lhe disse: “Paga-me o que me deves!”. Seu companheiro, lançando-se aos seus pés, lamentava-se, dizendo: “Tende um pouco de paciência e vos pagarei tudo”. Mas ele não quis escutá-lo, e foi embora mandando que o pusessem na prisão e que ele ficasse lá até pagar o que lhe devia.Os outros servidores, seus companheiros, vendo o que se passava, ficaram extremamente aflitos e avisaram seu senhor sobre tudo o que acontece-ra. E o senhor, fazendo-o vir à sua presença, lhe disse: “Mau servidor, eu te havia perdoado tudo o que me devias, porque me pediste. Não devias também ter tido piedade de teu companheiro, como eu tive de ti?”. E, saindo tomado de cólera, o senhor deixou-o nas mãos dos carrascos até que ele pagasse tudo o que lhe devia.É assim que meu Pai, que está no Céu, vos trata-rá, se cada um de vós não perdoar, do fundo do coração, as faltas que seu irmão tiver cometido contra vós. (Mateus, 18:23-35).

1 Talento (de ouro ou prata): Era a unidade de moeda romana para grandes quantidades de dinheiro.2 Denários: Pequena moeda de prata de maior circulação no Império Romano.

4. Amar ao próximo como a si mesmo, fazer pelos outros o que gostaríamos que fizessem por nós, eis a mais completa expressão da caridade, pois resume em si todos os deveres para com o pró-ximo. Não há guia mais seguro, nesse caso, do que adotar a seguinte regra: façamos aos outros o que desejamos para nós. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes bom procedimento, indul-gência, benevolência e devotamento, se não lhes oferecemos isso? A prática dessas virtudes tende a destruir o egoísmo. Quando os homens as toma-rem como norma de conduta, e como base de suas instituições, entenderão a verdadeira fraternidade e farão reinar entre eles a paz e a justiça. Não exis-tirá mais ódio nem desavença, e sim união, concór-dia e benevolência mútuas.