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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 26ª aula: Os trabalhos na Galiléia Textos complementares GEAEL Aula 26 — Entre muitas, a lição que fica: Sem sonhos, as perdas se tornam insuportáveis, as pedras do caminho se tornam montanhas, os fracassos se transfor- mam em golpes fatais. Mas, se tivermos grandes sonhos, seus erros produzirão crescimento, seus desafios produzirão oportunidades, seus medos produzirão coragem, por isso que nunca devemos desistir de nossos sonhos. Buda Por isso não desfalecemos; mas ainda que nosso homem exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia a dia. Porque nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória. (Coríntios 4:16-17) Quantas vezes pensamos em desistir de nossos sonhos, projetos e da própria vida? Quantas incertezas e dúvidas assolam nossas mentes e quantos questionamentos e perguntas fazemos no silêncio de nosso universo íntimo? A desistência gera o medo, e o medo nos paralisa, porque tememos o novo. Por vezes, recebemos comentários maldosos ou somos acusados e caluniados por aqueles que fazem parte de nosso convívio íntimo, isso quando não somos acusados de mentirosos e oportunistas. É claro que a mágoa, o coração ferido e traído são inevitáveis, e nos deixamos abater pela desistência. Realmente desistir é o caminho mais fácil a ser seguido, porque temos que enfrentar o pior de todos os tormentos e barreiras: aquilo que realmente somos, a forma como pensamos e agimos. Temos que modificar, aceitar e mudar conceitos e valores interiores, por isso buscamos motivos para achar que não somos capazes de realizar nossos desejos. Há dias em que nos sentimos fracos, inúteis, despedaçados, ficamos completamente sufocados, sentindo-nos incapazes de realizar a mínima tarefa. Por mais colorido que nasça o dia,

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Page 1: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · criamos por termos de vencer a preguiça? E quantas histórias criamos para justificar nossas escolhas e falhas? Um escritor

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

26ª aula: Os trabalhos na GaliléiaTextos complementares

GEAEL

Aula 26 — Entre muitas, a lição que fica:Sem sonhos, as perdas se tornam insuportáveis, as pedras do caminho se tornam montanhas, os fracassos se transfor-mam em golpes fatais. Mas, se tivermos grandes sonhos, seus erros produzirão crescimento, seus desafios produzirão oportunidades, seus medos produzirão coragem, por isso que nunca devemos desistir de nossos sonhos.

Buda

Por isso não desfalecemos; mas ainda que nosso homem exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia a dia. Porque nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória.

(Coríntios 4:16-17)

Quantas vezes pensamos em desistir de nossos sonhos, projetos e da própria vida? Quantas incertezas e dúvidas assolam nossas mentes e quantos questionamentos e perguntas fazemos no silêncio de nosso universo íntimo? A desistência gera o medo, e o medo nos paralisa, porque tememos o novo.

Por vezes, recebemos comentários maldosos ou somos acusados e caluniados por aqueles que fazem parte de

nosso convívio íntimo, isso quando não somos acusados de mentirosos e oportunistas. É claro que a mágoa, o coração ferido e traído são inevitáveis, e nos deixamos abater pela desistência.

Realmente desistir é o caminho mais fácil a ser seguido, porque temos que enfrentar o pior de todos os tormentos e barreiras: aquilo que realmente somos, a forma como pensamos e agimos. Temos que modificar, aceitar e mudar conceitos e valores interiores, por isso buscamos motivos para achar que não somos capazes de realizar nossos desejos.

Há dias em que nos sentimos fracos, inúteis, despedaçados, ficamos completamente sufocados, sentindo-nos incapazes de realizar a mínima tarefa. Por mais colorido que nasça o dia,

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só conseguimos vê-lo escuro, tudo nos parece triste, então, choramos, gritamos, não queremos compreender os outros e muito menos nos compreendemos.

Existem momentos em que temos a noção de que nossa vida foi um fracasso, que já nada valemos, que fomos enganados, que perdemos tudo. Lembramo-nos, então, daqueles que nos disseram que não iríamos conseguir e nos arrependemos de ter seguido em frente, de termos ido à luta.

Aquela velha coragem que antes possuíamos, quando havíamos começado no trajeto de nossos sonhos e ideais, não existe mais, estamos arrasados, vemo-nos no espelho e enxergamos um indivíduo derrotado, não gostamos do que vemos, sentimo-nos sós, com uma tristeza e uma solidão que nos consomem, caminhamos de cabeça baixa, com os olhos pregados no chão, o coração bate triste e amargurado, afastamo-nos de tudo e todos.

É assim que nos sentimos muitas vezes e em longos períodos de nossa vida e a isso chamamos de frustração.

Então, temos de avaliar, refletir e acreditar em nós mesmos, sentir-nos merecedores, seguir adiante e tentar; podemos tudo até que se prove o contrário.

Devemos aproveitar a energia do entusiasmo e canalizá-la trabalhando a nosso favor, transformando toda a nossa vida. Para que os outros acreditem em nós, devemos vencer o medo da rejeição, do fracasso e do complexo de inferioridade. Quantas desistências não acontecem por um simples comentário negativo? Quantas oportunidades perdemos porque ficamos agarrados ao passado? Quantos obstáculos criamos por termos de vencer a preguiça? E quantas histórias criamos para justificar nossas escolhas e falhas?

Um escritor de nome Covey escreveu:

Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas, se tiver paci-ência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, seu quinto ano chegará, e com ele virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava…

O bambu chinês nos ensina que não devemos desistir

facilmente de nossos projetos e sonhos. Em nossa reforma íntima, especialmente, que é um projeto fabuloso que envolve mudanças de comportamento, pensamento, cultura e sensibilização, devemos sempre nos lembrar do bambu chinês, para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.

Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a persistência e a paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos. É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.

Agora, quando desistimos, vêm a frustração e o arrependimento por não termos tentado mais um pouco. O fracasso pode ser, ao mesmo tempo, um sinal de desistência ou um estímulo para continuar lutando, depende da maneira como o encaramos.

O mundo teve muitos homens e mulheres de avultoso talento, considerados gênios, mas venceram aqueles que tinham a humildade e a perseverança dos simples. Foi assim que eles aniquilaram suas frustrações. O ministro britânico Winston Churchill dizia: “O sucesso é a habilidade de ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”.

Por isso o apóstolo Paulo de Tarso nos convida para aproveitarmos as vicissitudes da vida para progredir, evoluir, exercitar nossa fé, nossa confiança e nosso amor, para que não fiquemos somente nas palavras pronunciadas nos velhos templos de pedra, mas possamos testemunhar nossa fé nas dores, no desânimo e nas desilusões da vida terrena.

Paulo foi ainda mais além, dizendo: “Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte”

“Uma rua sem saída é apenas um bom lugar para se dar a volta e reiniciar o seu caminho”. — Naomi Judd

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 3

(II Coríntios 12, 10).Analisamos que as derrotas são as maiores lições a

serem aprendidas; as vitórias, muitas vezes, camuflam nossas imperfeições, já os fracassos mostram que somos limitados e imperfeitos. Por isso dizia Francisco Cândido Xavier: “Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito”.

O inventor Thomas Edison dizia: “Nossa maior fraqueza é a desistência. O caminho mais certeiro para o sucesso é sempre tentar apenas uma vez mais”. Ainda, acrescentou: “Muitos dos fracassos da vida ocorrem com as pessoas que não reconheceram quão próximas elas estavam do sucesso quando desistiram”.

Já o compositor John Lennon dizia: “Nunca desista de seus sonhos, pois a única saída dos fracos é a desistência das coisas e de seus sonhos, mas para os fortes a única alternativa é a persistência daquilo que tanto almejam!”.

O grande médium Francisco Cândido Xavier dizia:

Confie sempre, não percas a tua fé entre as sombras do mundo. Ainda que teus pés estejam sangrando, segue para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo. Crê e trabalha. Esforça-te no bem e espera com paciência. Tudo passa e tudo se renova na Terra, mas o que vem do Céu permanecerá. De todos os infelizes os mais desditosos são os que perderam a confiança em Deus e em si mesmo, porque o maior infortúnio é sofrer a privação da fé e prosseguir viven-do. Eleva, pois, teu olhar e caminha. Luta e serve. Aprende e adianta-te. Brilha a alvorada além da noite. Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte. Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia.

O mestre budista Daisaku Ikeda afirmou:

A causa da derrota não se encontra no obstáculo ou no rigor das circunstâncias; está no retrocesso da determinação e na desistência da própria pessoa. Se falasse em dificuldades, tudo realmente seria difícil. Se falasse em impossibilidades, tudo realmente seria impossível. Quando o ser humano regride em sua decisão, os problemas que se erguem em sua frente aca-bam parecendo maiores e confundem-no como uma realidade imutável. A derrota encontra-se exatamente nisso.

Ele fala também que desistir de aprender é egoísmo. Quando acalentamos o desejo de aprender mais, nossas vidas estarão repletas de genuína vitalidade e brilho.

O iluminado Buda disse:

Sem sonhos, as perdas se tornam insuportáveis, as pedras do caminho se tornam montanhas, os fracassos se transformam em golpes fatais. Mas, se tivermos grandes sonhos, seus erros produzirão crescimento, seus desafios produzirão oportuni-dades, seus medos produzirão coragem, por isso que nunca devemos desistir de nossos sonhos.

Jesus foi incompreendido, rejeitado, excluído, mas nunca desistiu de seus ideais. Ninguém apostou tanto na humanidade

como ele. O Mestre acreditava em cada ser humano; para ele nada estava perdido, todo momento sempre era oportunidade de semear, ele não perdia a chance de poder conversar e ouvir as histórias e aflições de seus semelhantes.

Quando desistimos de nós, desistimos da vida, perdemos a fé em Deus e no homem, deixamos de acreditar e confiar em dias melhores, deixamos o pessimismo infiltrar naquilo que temos de mais importante, que é a vida, deixamos de sorrir, de aprender e de acertar.

Excluindo-nos e excluídos pelos outros, aniquilamos um dos sentimentos mais preciosos do ser humano, que é a esperança. Por mais difíceis que sejam as provas, tenhamos bom ânimo e coragem para prosseguir; por mais espinhos que possam existir em nosso caminho, que possamos chegar até o final da caminhada terrestre e sentir o doce perfume da paz almejada e conquistada com muito esforço e mérito.

Como disse o poeta português Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Que nossas almas não sejam pequenas, não diminuamos nossa luminosidade nem subestimemos nossa capacidade. A oração, como o próprio coração, é nosso melhor guia. Somente cada um de nós sabe qual o melhor caminho a ser traçado, qual a lição a ser aprendida e as oportunidades escolhidas. Ninguém tem o direito de dirigir a vida do outro, tomar decisões por ele e muito menos condenar, julgar e criticar qualquer atitude.

Buscai o Reino dos CéuIrmã Teresa / Eduardo Augusto Lourenço

Editora do ConhECimEnto

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4 26ªaula:OstrabalhosnaGaliléia

Nos planos Espirituais, as entidades se agrupam por afi-nidades morais e vibratórias, isto é, segundo condições evolu-tivas significando, para umas, escravização e temores e, para outras, as mais evoluídas, ordem, disciplina, responsabilida-de, unidade de sentimentos e participação.

Em sentido geral, na Terra, em esferas inferiores, o que caracteriza as agremiações é a arbitrariedade dos chefes, o intelecto, os pendores psíquicos em escala sempre degradan-te, isto é, mais poder e mais prestígio individual quanto mais violência, mais astúcia, mais impiedade; ao contrário do que ocorre nas esferas mais elevadas, onde a predominância é dos valores positivos da paz, da bondade, do respeito mútuo, da pureza, do idealismo, do amor, enfim, que fazem ascender para Deus, o Criador Supremo.

No etéreo terrestre, zona mais vizinha dos encarnados, unem-se entidades retardadas, interessadas em intercâmbio variado: cármico, passionais, religiosos, promovendo interfe-rências constantes na vida dos encarnados, para satisfação de interesses até mesmo políticos, de programas escusos, vi-sando dominações maiores ou menores, segundo convenha. Em nosso país, ultimamente, as interferências têm visado a implantação de ideologias alienígenas.

No umbral inferior, agremiam-se organizações trevosas, formadas por espíritos maléficos e ignorantes, com atividades muitas vezes tenebrosas, individuais ou coletivas. Partem da sub-crosta e da crosta terrestre e insinuam-se em todas as ca-madas sociais, sob a direção de chefes impiedosos e temidos; muito diferente das organizações voltadas ao Bem, que agem nas esferas mais elevadas e são coesas, disciplinadas, moraliza-das e idealistas, dirigidas por espíritos altamente responsáveis, que se aproximam da Terra para desempenho de atividades benéficas, de auxílio, proteção, orientação, pessoal e coletiva.

Nas aberturas mais amplas e benéficas que foram dadas ao movimento espírita a partir de 1940 na Federação, grande espaço foi atribuído às escolas e cursos os mais variados, ao mesmo tempo em que os trabalhos práticos foram revistos, atualizados, desdobrados e popularizados o mais possível, para se recuperar o largo tempo perdido em inoperâncias administrativas e estagnações doutrinárias, ao mesmo tempo em que se procurava e se efetivava a unidade de práticas.

Nesse período, algumas Fraternidades Espirituais presta-ram valiosa cooperação e seu número, com o passar do tem-po, foi aumentando, de forma que em 1967, quando essa fase de organização, unificação e atualização se encerrou, eram elas mais de duas dezenas, todas devidamente apresentadas, identificadas e registradas para efeito de ordem e autenticida-de funcional.

O início das aproximações se deu nos primeiros meses de 1940, quando o Plano Espiritual Superior atribuiu a um pequeno grupo de entidades a tarefa de auxiliar a casa na implantação de um programa doutrinário mais avançado, en-

tidades essas que vieram a formar a Fraternidade do Santo Sepulcro, em memória aos esforços de libertação da Palestina do jugo muçulmano, movimento esse que na história do mun-do recebeu o nome de Cruzadas.

Em 1942, formou-se um grupo de médiuns sob a desig-nação de “Grupo Razin”, em homenagem a seu patrono es-piritual que dirigia uma fraternidade espiritual sob o mesmo nome, e cujo símbolo era um trevo de três pétalas; e em 1950, logo após a criação da Escola de Aprendizes do Evangelho, criou-se a Fraternidade dos Discípulos de Jesus, que adotou o mesmo símbolo e, à medida que a casa crescia e se expandia, foram se agremiando em torno todas as que se apresentavam oferecendo colaboração.

A orientação evangélica da casa, a criação dessa Escola de Aprendizes e da Escola de Médiuns, e a ampla abertura dos atendimentos a necessitados, foram alicerces seguros da consolidação da casa, seu engrandecimento e sua projeção considerável no conceito público do Estado e do País e justa-mente os motivos da aproximação e da colaboração ampla e espontânea dessas Fraternidades do Espaço.

Dentre estas podemos citar: a dos Cruzados, dos Essênios, da Rosa Mística, do Calvário, da corrente Hindu, do Triângulo e da Cruz dos Irmãos Humildes (que englobava os médicos e enfermeiros); dos Irmãos da China, do Egito, do Tibete, do Mé-xico, dos Filhos do Deserto, dos Irmãos da Esperança e várias outras, além da do trevo já citada (na sua contraparte encar-nada), cada qual com sua própria especialização de trabalho, o que foi de grande proveito para os atendimentos de necessita-dos, o encaminhamento escolar e outras atividades próprias de uma casa de grande movimento como a Federação.

Ao critério de alguns confrades pode parecer estranha e demagógica, uma organização destas, uma inovação não aceitável, face aos cânones oficiais, se se pode assim dizer, da movimentação doutrinária; mas este não é o pensamento dos milhares de trabalhadores e freqüentadores que se beneficia-ram dela nem o é do próprio Plano Superior, sob cuja orienta-ção espiritual, benévola e ativa, a casa criou-se, organizou-se, expandiu-se e se fez como uma inegável exponência do espi-ritismo nacional.

A atividade espiritual, desembaraçada de peias e precon-ceitos, toma muitas vezes aspectos diferentes daqueles que estamos acostumados a ver mas, parafraseando notável ins-trutor desencarnado, “o pensamento de Deus não é o pensa-mento dos homens, nem os mesmos são os seus caminhos.”

Edgard ArmondNotaPodemos nos referir a este assunto, porque a existência e

as atividades destas Fraternidades, são atualmente familiares e, seja como for, já fazem parte da história do espiritismo em nosso Estado.

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As virtudes (VIII)Ney Pietro Peres — Manual Prático do Espírita

GEAEL

PACIÊNCIA, MANSUETUDE

Sede pacientes. A paciência é também caridade e deveis pra-ticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, como decorrencia, muito mais meritória: a de perdoar aos que Deus situou em nosso caminho, para serem instrumentos do nosso sofrimento e para nos experimentarem a paciência.Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo IX. “Bem aventurados os brandos e pacíficos”. Item 7. A paciência.

Num mundo de pressa e correrias o que nos induziria a sermos pacientes?

Os compromissos com horarios, os multiplos encargos a saldar, as providencias a tomar simultaneamente, os recebi-mentos a coletar, as compras a fazer, o trânsito a vencer, o relógio sempre a nos atormentar, nos deixam em clima de neurose e tensão.

A angústia de vivermos sempre atrasados em nossos afa-zeres cria atualmente uma onda envolvente, que nos trans-forma em autômatos, sem sentimento nem ponderação. É um dos graves tormentos do homem moderno, pressionado pelas metas empresariais e particulares a cumprir, os objetivos lu-crativos estabelecidos.

Como nos comportar com paciência e mansuetude den-tro dessa total turbulencia?

A irritação, a exasperação, o tormento, o desequilíbrio emocional nunca foram tão acentuados como nos dias atuais.

Discutimos, perdemos a calma, criamos inimizades, nos incompatibilizamos pela menor razão; no trabalho, em casa, nas associações, nos agrupamentos cristãos só vemos hoje brigas e desavenças. Estamos vivendo uma face muito crítica. Nunca estivemos precisando tanto de paciência e calma como agora. Até parece que todos os nossos valores íntimos estão sendo rigorosamente testados. É hora de definições cíclicas e toda a nossa resistência está sendo colocada em prova. Obser-vemos tudo isso com muita seriedade e extremo cuidado, pois estamos sujeitos a entrar de roldão e sermos arrastados por essa onda planetária.

A paciência serena, pacífica, sem reações violentas, cal-ma, branda, tolerante, a aceitação tranquila, a vigilância pon-derada são todas as reações do nosso comportamento que poderão mudar essa atmosfera turbulenta do nosso orbe, na medida em que nos conscientizarmos da necessidade das mu-danças e por elas trabalharmos deliberadamente.

Cada um de nós poderá identificar, nos momentos diá-rios, as ocasiões em que deverá aplicar a paciência e a man-

suetude. No entanto, indicamos a seguir algumas delas:

a) Bendizendo tranquilamente a dor que nos foi enviada, trans-formando as aflições em calmarias, na certeza pro-funda de que Deus, através delas, realiza em nós as melhores transforma-ções;

b) Aceitando com amor aque-les colocados como instrumentos do nosso sofrimento, convictos de que a eles males maiores provocamos no passado;

c) Fazendo das dificuldades da vida os obstáculos a con-tornar suavemente, como exemplificam os rios, que, circundando rochedos, atingem os vales que fertilizam;

d) Fortalecendo a fé na bondade e na misericórdia do Pai Celeste, entendendo que a duração de quaisquer conflitos será sempre menor do que as consequências criadas pela maldade dos homens;

e) Reagindo de todos os modos possíveis às induções constantes de desentêndimentos, discussões e irrita-ções, silenciando a todo custo os impulsos inconfor-mados de revides, defesas ou justificativas, que possam nos desequilibrar emocionalmente;

f) Evitando no trânsito ou nas ruas as reclamações dos nossos direitos transgredidos pelos outros: uma atitude serena de renúncia desperta muito mais quem, distrai-do, não percebeu a infração cometida;

g) Suportando sem esgotamentos nervosos os climas tensos dentro de casa, recorrendo a prece e a leitura tranquilizante, para conseguir o necessário reabasteci-mento das energias renovadoras.

A vida é dificil, bem o sei, constituindo-se de mil coisas míni-mas que são como alfinetadas e acabam por nos ferir. Mas é necessario olhar para os deveres que nos são impostos, e para as consolações e compensações que obtemos, pois então veremos que as bençãos são mais numerosas que as dores. O fardo parece menos pesado quando se olha para o alto do que quando se curva a fronte para a terra. ( Id., ibid.)

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6 26ªaula:OstrabalhosnaGaliléia

Em 1866 a Revista Espírita abriu o seu número do mês janeiro com uma interessante pergunta aos seus leitores: “As mulheres têm alma?”

O título do artigo de Allan Kardec era para chamar a atenção sobre o histórico preconceito social em torno das mulheres, fortemente alimentado pelas ideologias religiosas dogmáticas. A resposta ao título era clara quanto à origem dessa mentalidade:

Sabe-se que a coisa nem sempre foi tida como certa, pois ao que se diz, foi posta em deliberação num concílio. A negação ainda é um princípio de fé em certos povos. Sabe-se a que grau de aviltamento essa crença as reduziu na maior parte das regiões do Oriente. Posto que hoje, nos povos civilizados, a questão seja resolvida em seu favor, o preconceito de sua inferioridade moral perpetuou-se a tal ponto que um escritor do século passado, cujo nome me escapa, assim definia a mulher: ‘Instrumento de prazer do homem’, definição mais muçulmana do que cristã. Desse preconceito nasceu sua inferioridade legal, ainda não apagada de nossos códigos. Por muito tempo elas aceitaram essa escravização como uma coisa natural, tão poderosa é a força do hábito. Assim, também, os que, votados à servidão de pai a filho, acabam por se julgarem de natureza diversa da dos seus senhores.

Depois de discorrer sobre o fato de que o sexo só existe nos organismos biológicos e mostrar as incoerências desses costumes machistas, Kardec conclui sua curiosa e sempre atual dissertação lembrando que o problema da igualdade entre o homem e a mulher já não era mais uma teoria espe-culativa. A doutrina espírita esclarecia que o problema se tratava de um direito fundado nas mesmas leis da Natureza, abrindo-se então “a Era da emancipação legal da mulher, as-sim como da igualdade e da fraternidade”. Mas aqui nos tró-picos essa realidade também começava a contrariar não só alguns costumes refratários sobre os gêneros, mas também os dogmas que os alimentava. Apenas nove anos depois da publicação desse artigo, surgia na conservadora sociedade imperial brasileira a primeira mulher jornalista do país. Era Anália Emília Franco. Espírita convicta e militante, ela tam-bém se tornaria símbolo das lutas vivenciais pioneiras para a implantação do espiritismo em nosso país. Nascida um ano antes da publicação de O Livro dos Espíritos, Anália atraves-sou a passagem do século XIX para o século XX, deixando um verdadeiro rastro de luz e de bons exemplos por onde passou com a sua vocação para as iniciativas sociais.1 Ao desencarnar, em 1919, na capital paulista, ela deixou como herança 70 escolas, dois albergues, uma colônia regenerado-ra para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, uma banda musical feminina, uma orquestra, um grupo dramático, além de oficinas para trabalhos artesanais em 24 cidades do inte-rior de São Paulo. Muito mais do que números, Anália Fran-1 Paulo Alves de Godoy, artigo no Jornal Espírita, São Paulo, 1997.

co trouxe para o movimento espíri-ta, mesmo sem ter essa intenção, um novo foco de inte-resse pelas ativida-des de assistência social. Foi uma das trajetórias aposto-lares mais curiosas da nossa história, não apenas por ter sido mulher atuan-te, numa época de fortes preconceitos, mas principalmen-te pelas atitudes pelas quais ficaria conhecida, exatamente num país ainda muito distante da então mentalidade euro-péia progressista. Fora do movimento espírita, e também da historiografia sobre o jornalismo no Brasil, Anália hoje só é lembrada como nome de bairros residenciais e instituições caritativas que se espalharam pelo Brasil. Por trás das pla-cas de rua que indicam como chegar ao “jardim” e a um shoping center de São Paulo que levam seu nome, oculta-se uma belíssima história de vida que na política certamente seria rotulada de “heroísmo”. Se fosse católica, com certe-za, seria um caso clássico de propaganda eclesiástica para a “canonização”. Mas não foi bem assim. Uma das lembranças mais significativas de Anália Franco na memória popular no século XIX, é a do seu esforço para reunir e proteger cente-nas de crianças negras, filhos de escravos, que eram expulsas das fazendas e abandonadas nas estradas, por força da Lei do Ventre Livre. Inconformada com as conseqüências desas-trosas dessa aberração jurídica do abolicionismo “gradual”, publicava artigos emocionantes para chamar a atenção e sensibilizar as mulheres dos fazendeiros a tomar uma atitu-de contra essas práticas desumanas. Dessa campanha surgiu a primeira Escola Maternal para crianças carentes, fato que causou espanto na sociedade da época. Não era só isso que in-comodava: ela percorria as ruas com seus “negrinhos” pedin-do esmolas para ajudar nas despesas, causando um tremen-do mal estar na hipocrisia da comunidade “cristã” do nosso Império. Sendo mulher, espírita e protetora de negros, ainda na época da monarquia, Anália logo ganharia a simpatia de abolicionistas e republicanos, o que lhe valeram as persegui-ções do clero, dos escravocratas e de muitos monarquistas de “fachada”. Sabe-se, no entanto, que D. Pedro II era um liberal republicano e entusiasta da reforma agrária feita nos EUA por Lincoln; mas via na abolição da escravatura no Brasil somente um trampolim político da nova aristocracia rural e

Sem História não temos identidade.Sem identidade nada somos.

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 7

que resultaria no abandono social das comunidades negras. O velho imperador também tinha medo de causar no Brasil uma espécie de guerra de “Secessão invertida”, na qual a unidade territorial do país e a liberdade cultural dos ex-escravos fossem seriamente amea-çadas. Veio a República, proclama-da por um fiel monarquista, e as promessas de grandes transforma-ções científicas do positivismo, sob o slogan “Ordem e Progresso” logo cairiam por terra. Diante das nossas contradições comteanas, os fazendeiros de café do Oeste paulista finalmente chegaram ao poder. Os temores de Pedro II tinham se concretizado: os escravos foram retirados das senzalas e atirados nos morros e favelas. Os sertanejos continuavam sendo oprimidos pelo latifúndio e expulsos pela seca. O Brasil continuava o mesmo, a mesma estrutura sob o disfarce de um novo regime. Apesar do esforço hercúleo de homens como o barão de Mauá, já havíamos perdido o bonde da industrialização e da modernidade. O problema social do trabalho e da renda justa, que nos países desenvolvidos era tratado com a polidez da política, no Brasil era considerado “caso de polícia”. Assim, mais uma vez, a pobreza e a miséria do povo brasileiro foram sendo cuidadosamente enrustidas sob a ordem oligárquica manipuladora. A garantia de perpe-tuação dessa nova elite republicana era o “coronelismo”, com suas poderosas ferramentas de dominação: o “curral eleito-ral” e o infalível “voto de cabresto”. Foi assim que, do ponto de vista político, se desenrolaram as duas primeiras décadas do século XX no Brasil.

Enquanto tudo isso acontecia, em 1911, na região pau-listana que hoje abriga o gigantesco bairro de Vila Formosa, Anália Franco adquiria, com recursos próprios, a Chácara Paraíso, uma propriedade de 75 alqueires, para fundar a “Colônia Regeneradora D. Romualdo”. Ali Anália passou a ensinar horticultura e criação animal para meninos e inter-nou e recuperou dezenas de moças prostituídas, através da orientação moral e do ensino profissionalizante. Suas cara-vanas em busca de auxílio para suas obras tornaram-se fa-mosas em várias cidades do interior, sempre em companhia do esposo, Francisco Antonio Bastos e do seu grupo de artis-tas músicos e atores.

Outra imagem inesquecível de Anália Franco foi um histórico encontro com o famoso padre Euclides, na cida-de de Ribeirão Preto, durante uma apresentação da “Ban-da Musical Operárias do Bem”. Anália temia ser hostilizada pelo prestigiado sacerdote católico do interior paulista. Ao encontrá-lo, diante do clima de expectativa dos convidados, tomou a iniciativa da saudação dizendo-lhe, com humilda-de: “Padre, eu vim a Ribeirão Preto para aprender, com o senhor, praticar a caridade”. “Dona Anália”, respondeu-lhe o sacerdote, “a senhora está enganada. Não veio aprender, mas sim ensiná-la. Eu tenho esta batina que me abre muitas por-

tas e até mesmo muitas bolsas. A senhora professa uma doutrina tão nobre como qualquer outra, mas ainda pouco compreendida, o que lhe dificulta os passos. Mas eu e a senhora seguimos o mesmo cami-nho, procurando minorar o sofri-mento alheio. Esta é a verdadeira lei de Deus.” No dia seguinte, o pa-dre Euclides foi o primeiro a visitar as “Operárias do Bem”, para levar o seu donativo.

Na tumultuada década de 1920, a República Velha daria os seus últimos suspiros. Os estoques de café se acumulavam e a sociedade não queria mais pagar os prejuízos dos subsí-dios criados pelo Convênio de Taubaté: os preços caíam e os fazendeiros nada perdiam; o governo oligárquico, controlado pelos exportadores, desvalorizava a nossa moeda e ganhava-se muitas libras esterlinas com a fraude monetária. O povo pagava a conta com a inflação e o alto custo de vida. Surgem então, em cena, os intrépidos “tenentes”, revoltados contra a situação em que seus superiores deixaram o Brasil chegar. A nova palavra de ordem nos quartéis era a moralização urgen-te. O Brasil vai ser incendiado por uma onda revolucionária, em vários estilos. Militares, operários, artistas e intelectuais querem uma República nova, sem os vícios da corrupção, sem os costumes decadentes da Belle Èpoque européia. O mundo está mudando. Depois da Primeira Guerra Mundial, uma segunda onda depressiva está desafiando o sistema ca-pitalista e o café brasileiro não tem mais compradores. Será que o Brasil também vai mudar? Estoura, finalmente, a Re-volução de 1930, uma nova promessa de colocar o país nos eixos. Getúlio Vargas é agora o seu chefe supremo. Ele tinha sido ministro da Fazenda do último governo da República Velha e também vítima do fim da “Política do café com leite”, onde paulistas e mineiros monopolizavam a presidência da república. Vargas vai permanecer habilmente no poder até 1945. O Brasil mudou? Julgue o próprio leitor, consultando os nossos bons livros de História. Mas a mudança que para nós tornou-se bastante visível foi aquela que transformaria o Brasil num país predominantemente urbano.

É nesse novo cenário e num outro contexto histórico que o espiritismo vai dar um salto importante no Brasil, e talvez no mundo, através dos mesmos princípios delineados pelo seu codificador. Esse salto veio com a ação renovadora de novos apóstolos, portadores de novas estratégias de propa-ganda e vivência da doutrina do Espírito de Verdade. Eles já reconhecem um novo líder da falange dos espíritos, o guia Ismael, e também a experiência exemplificadora daqueles que antecederam seus os passos em solo brasileiro. A bússola continua sendo o Evangelho.

Nova História do EspiritismoDalmo Duque dos Santos

Editora do ConhECimEnto

Page 8: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · criamos por termos de vencer a preguiça? E quantas histórias criamos para justificar nossas escolhas e falhas? Um escritor

25. Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza toma conta de vossos cora-ções e vos faz achar a vida tão amarga? É o vosso espírito que anseia pela feli-cidade e pela liberdade, e que, aprisionado ao corpo físico, se sente extenuado pelos esforços inúteis despendidos para dele sair. Então, percebendo que se esforça em vão, entrega-se ao desânimo; e como o corpo sofre sua influ-ência, a apatia se apodera de vós, passando-vos a achar que sois infelizes. Por isso, acreditai em mim e resisti com firmeza a essas sensações que vos enfraquecem a vontade! As aspirações a uma vida melhor são inerentes ao espírito do homem; no entanto, não as busqueis neste mundo.

Neste momento em que Deus vos envia Seus espíritos para vos instruir sobre a felicidade que Ele vos reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação que deve vos ajudar a romper os laços que mantêm vosso espírito cativo. Não esqueçais de que, durante vossa provação na Terra, tendes de desempenhar uma missão, da qual não deveis duvidar, seja vos dedicando à família, seja cumprindo as várias tarefas que Deus vos confiou. E se, no decorrer da prova, enquanto estiverdes executando vossa tarefa, virdes desabarem sobre vós preocupações, aflições e des-gostos, sede fortes e corajosos para suportá-los! Enfrentai-os sem vacilar, pois são

de curta duração e devem vos levar para junto dos amigos por quem chorastes, os quais se alegrarão com vossa chegada entre eles e vos estenderão os braços

para vos conduzir a uma região onde não é permitida a entrada das amar-guras terrenas. (FraNçois de GeNève, Bordéus).

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

A felicidade que vem da prece23. Vinde, vós que desejais crer: os espíritos celestiais acorrem e vêm vos anunciar grandes coisas. Deus, meus filhos, abre

Seus tesouros para vos dar todos os Seus benefícios. Homens incrédulos! Se soubésseis como é grande o bem que a fé propor-ciona ao coração, e como leva a alma ao arrependimento e à prece! A prece! Ah, como são comoventes as palavras que saem da boca, no momento em que se ora! A prece é o orvalho divino que resfria o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos leva ao caminho que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, estais com Deus. Já não existem mistérios: Ele Se revela para vós. Apóstolos do pensamento, a vida vos pertence. Vossa alma se liberta da matéria e se eleva a mundos infinitos e etéreos, que os pobres humanos desconhecem.

Andai, percorrei os caminhos da prece, e ouvireis a voz dos anjos! Que harmonia! Já não há mais o ruído confuso nem os sons estridentes da Terra. Ouvem-se as liras dos anjos, as vozes doces e suaves dos serafins, mais delicadas que a brisa matinal brincando na folhagem dos bosques. Entre quantas coisas maravilhosas caminhareis! Vossa linguagem não conse-guirá traduzir em palavras a felicidade que impregnará vossos poros, quando se atinge essa fonte refrescante, ao orar! Doces vozes que a alma ouve, perfumes inebriantes com que se delicia quando se lança às esferas desconhecidas e habitadas pela prece! Livres dos desejos carnais, todas as aspirações são divinas.

E vós, também, orai como Jesus o fez ao carregar sua cruz ao Gólgota, ao Calvário. Carregai vossa cruz, e sentireis as su-blimes emoções que lhe passavam na alma, embora sob o peso de uma cruz infame. Ele ia morrer sim, mas para viver a vida celestial na morada de Seu Pai. (saNto aGostiNho, Paris, 1861).