grupo de agricultores produz peixes para a merenda escolar

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Alagoas Ano 5 | nº 33 |Julho| 2011 São José da Tapera - Alagoas Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Grupo de Agricultores produzem peixes para a merenda escolar 1 Na década de 80, foi construído no Município de São José da Tapera um grande açude, no sítio Pilões. Esta obra foi uma iniciativa do Departamento de Obras Contra as Secas, o DNOCS, através da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, a SUDENE. Na época em que foi construído o açude serviu, não só para o abastecimento de água do município, mas para a geração de muitos empregos. Algum tempo após a construção, houve um problema de salinização da água e, por muito tempo, esta grande reserva de água ficou praticamente sem utilização. Por muito tempo ele serviu apenas para abastecer os animais e para beber nos longos períodos de estiagem. Com a chegada da água encanada nos arredores sua utilização foi ainda mais reduzida. Até que, no ano de 2002, um grupo de agricultores decidiu fazer uso desta importante reserva de água. Um grupo de 23 agricultores, que passavam seu tempo entre a roça no inverno e ida para outras regiões no verão, decidiu buscar novas alternativas para não precisar deixar sua casa e sua família nestes longos períodos. Foi a partir daí que eles resolveram investir numa atividade que alguns já faziam, mas sem nenhuma estrutura. Muitos deles já costumavam pescar no açude do DNOCS como as famílias costumam chamar. Alguns deles até chegavam a vender o pescado, mas a maior parte era mesmo para consumo. Através de um projeto com a ADENE e com o Instituto Xingó, as 23 famílias que iniciaram a Associação estruturaram os tanques e começaram a produzir tilápias em cativeiro. De 2003 até 2006 eles apenas trabalharam pescando e vendendo para atravessadores. A renda era pouca e muitos dos associados ficaram desestimulados. Alguns foram abandonando a atividade e hoje 11 permanecem no grupo. Em 2006, este grupo que permanece na associação e mais algumas pessoas da comunidade, participaram de uma formação para aprender a fazer o filé da tilápia. Esta capacitação foi promovida pela Secretaria municipal de Agricultura. Com esta capacitação

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Alagoas

Ano 5 | nº 33 |Julho| 2011São José da Tapera - Alagoas

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Grupo de Agricultores produzem peixes para a merenda escolar

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Fonte Arial corpo 10

largura tarja 1cm

Na década de 80, foi construído no Município de São José da Tapera um grande açude, no sítio Pilões. Esta obra foi uma iniciativa do Departamento de Obras Contra as Secas, o DNOCS, através da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, a SUDENE.

Na época em que foi construído o açude serviu, não só para o abastecimento de água do município, mas para a geração de muitos empregos. Algum tempo após a construção, houve um problema de salinização da água e, por muito tempo, esta grande reserva de água ficou praticamente sem utilização.

Por muito tempo ele serviu apenas para abastecer os animais e para beber nos longos períodos de estiagem. Com a chegada da água encanada nos arredores sua utilização foi ainda mais reduzida. Até que, no ano de 2002, um grupo de agricultores decidiu fazer uso desta importante reserva de água.

Um grupo de 23 agricultores, que passavam seu tempo entre a roça no inverno e ida para outras regiões no verão, decidiu buscar novas alternativas para não precisar deixar sua casa e sua família nestes longos períodos. Foi a partir daí que eles resolveram investir numa atividade que alguns já faziam, mas sem nenhuma estrutura.

Muitos deles já costumavam pescar no açude do DNOCS como as famílias costumam chamar. Alguns deles até chegavam a vender o pescado, mas a maior parte era mesmo para consumo. Através de um projeto com a ADENE e com o Instituto Xingó, as 23 famílias que iniciaram a Associação estruturaram os tanques e começaram a produzir tilápias em cativeiro.

De 2003 até 2006 eles apenas trabalharam pescando e vendendo para atravessadores. A renda era pouca e muitos dos associados ficaram desestimulados. Alguns foram abandonando a atividade e hoje 11 permanecem no grupo.

Em 2006, este grupo que permanece na associação e mais algumas pessoas da comunidade, participaram de uma formação para aprender a fazer o filé da tilápia. Esta capacitação foi promovida pela Secretaria municipal de Agricultura. Com esta capacitação

o grupo pode agregar mais valor ao seu produto. Mesmos assim eles continuaram vendendo apenas para os atravessadores.

Um novo ânimo para o grupo veio em 2010. Neste ano, o grupo começou a vender melhor o seu produto. Eles começaram a participar da feira agroecólogica do município de São José da Tapera e também a vender o filé para a merenda escolar.

“Com isso melhorou muito para nós. Deu um novo ânimo e melhorou a renda”, afirma José Francklin Santos, o atual presidente da associação dos piscicultores. Durante todo o ano de 2010 eles forneceram o peixe para alimentação escolar de quatro comunidades, chegando a entregar até 100 quilos de filé por semana.

O presidente conta que agora toda a produção vai para a merenda escolar, pois segundo ele só da para isso. “Como a feira só acontece uma vez por mês, dá para participar, mas a produção vai toda para a merenda”, salienta José Francklin.

Toda a parte do manejo dos tanques é feita pelos 11 associados. Eles montam uma agenda semanal de trabalho, onde cada um tem seu dia de trabalho. Já para a filetagem, o grupo contrata diárias de outros comunitários, principalmente as esposas dos associados. Eles se reúnem uma vez por semana para fazer o filé e uma vez por mês para fazer o balanço da produção e distribuição dos lucros. Para esta

divisão eles controlam os dias trabalhados e a participação na produção. Porém, todo o recurso não é dividido entre eles, cerca de 40 por cento fica na associação. Este que fica na associação é controlado pela diretoria e serve para a manutenção dos tanques e compra dos insumos necessários.

A atividade da piscicultura é um complemento para estes agricultores, que encontraram em sua própria comunidade uma alternativa para complementar sua renda. Mas, ainda melhor que isso é que estes agricultores conseguiram o que muitos desta região sonham. Não ter mais que sair da sua comunidade, da sua família é a maior conquista para eles.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

largura tarja inferior2ª página 2,8cm

Alagoas

largura 4,2cm

Apoio:

www.asabrasil.org.br