gripe vs constipa+º+úo - tratamento (n+úo) farmacol+¦gico-word

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Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas Ano Lectivo 2011/2012 Farmacologia Geral Prof. Dr.ª Margarida Caramona Prof. Dr.ª Ana Fortuna C C O O N N S S T T I I P P A A Ç Ç Ã Ã O O v v e e r r s s u u s s G G R R I I P P E E : : C C a a r r a a c c t t e e r r í í s s t t i i c c a a s s e e T T r r a a t t a a m m e e n n t t o o ( ( n n ã ã o o ) ) F F a a r r m m a a c c o o l l ó ó g g i i c c o o Trabalho Realizado por: Cátia Miranda Micaela Silva Inês Rodrigues Paula Cubeiro PL 4- Grupo 4

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Page 1: Gripe vs Constipa+º+úo - tratamento (n+úo) farmacol+¦gico-word

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Ano Lectivo 2011/2012

Farmacologia Geral

Prof. Dr.ª Margarida Caramona Prof. Dr.ª Ana Fortuna

CCOONNSSTTIIPPAAÇÇÃÃOO vveerrssuuss GGRRIIPPEE::

CCaarraacctteerrííssttiiccaass ee TTrraattaammeennttoo

((nnããoo)) FFaarrmmaaccoollóóggiiccoo

Trabalho Realizado por:

Cátia Miranda

Micaela Silva

Inês Rodrigues

Paula Cubeiro

PL 4- Grupo 4

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ÍNDICE

Introdução ..................................................................................................................................... 3

Gripe .............................................................................................................................................. 3

O que é a Gripe? ........................................................................................................................ 4

Vírus da Gripe ............................................................................................................................ 5

Constipação ................................................................................................................................... 7

O que é a Constipação? ............................................................................................................. 7

Prevenção ...................................................................................................................................... 8

Vacinas ...................................................................................................................................... 8

Medidas Preventivas ............................................................................................................... 10

Tratamento.................................................................................................................................. 11

Tratamento Não Farmacológico.............................................................................................. 11

Tratamento Farmacológico ..................................................................................................... 11

Aconselhamento Farmacêutico .................................................................................................. 16

Conclusão .................................................................................................................................... 18

Bibliografia .................................................................................................................................. 19

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Introdução

Este trabalho tem por objectivo dar a conhecer as principais semelhanças e

diferenças entre a gripe e a constipação, bem como as suas características, já que estes

são conceitos muitas vezes confundidos.

Pretende também informar como proceder em caso de sintomatologia,

destacando ainda os meios de prevenção e de tratamento (não) farmacológico

disponíveis. Salienta-se também o papel profiláctico, nomeadamente a vacina da gripe.

Destaca-se ainda a grande relevância do papel do Farmacêutico como

importante agente de saúde pública, pois o recurso às farmácias é cada vez maior

nestes casos.

Os sintomas da gripe em seres humanos foram claramente descritos por

Hipócrates aproximadamente há 2400 anos. Desde então, o vírus causou numerosas

pandemias.

O vírus Influenza tem características próprias que lhe permitem mudar

continuamente, escapando ao reconhecimento e inactivação pelo sistema

imunológico. Por esse motivo, surtos de gripe repetem-se todos os anos e o vírus

mantém-se em circulação em todo o mundo ao longo de milénios, tornando muito

difícil o controle da sua propagação.

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Gripe

O que é a Gripe?

A gripe trata-se de uma infecção vírica aguda das vias respiratórias,

caracterizada por febre, cefaleias, mal-estar generalizado e, muitas vezes, dores

musculares. Em casos mais graves causa pneumonia, que pode ser fatal,

particularmente em crianças e idosos.

Embora às vezes seja confundida com constipações, a gripe é muito mais grave

e causada pelo vírus Influenza do qual se conhecem três tipos serológicos – A, B e C.

As epidemias da gripe surgem preferencialmente no inverno, propagando-se

rapidamente pela população e infectando anualmente, em média, 1 em cada 4 adultos

e 1 em cada 3 crianças. Esta ampla difusão é consequência do elevado número de vírus

existentes nas secreções respiratórias dos portadores, os quais infectam novos

indivíduos através de gotículas originadas com a tosse, o falar, o espirrar, etc. Estas

partículas ficam suspensas no ar e dão origem a uma via de contágio rápida (via aérea).

Em geral regride ao fim de 3 a 5 dias.

Todos os anos a gripe é responsável pela morte de um elevado número de

pessoas, especialmente com idade superior a 65 anos, obrigando a um razoável

número de hospitalizações.

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Vírus da Gripe A gripe é causada por um vírus, o vírus Influenza, que pertence à família

Orthomyxoviridae e do qual se conhecem três tipos: A, B e C. Estes vírus possuem um

tamanho que oscila entre 80 e 120 nm, forma esférica ou filamentosa e uma

nucleocápside ou parte central formada por ácido ribonucleico (RNA) helicoidal, uma

nucleoproteina solúvel, polimerases e proteínas não estruturais. A sua membrana

externa de natureza lipídica biomolecular prolonga-se extremamente por umas

projecções glucoproteicas: hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA). Há 15 subtipos

HA e 9 subtipos NA e são possíveis múltiplas combinações de HA e NA. Apenas alguns

subtipos de vírus Influenza A (nomeadamente H1N1, H1N2, H3N2) se transmitem

entre seres humanos. Os subtipos do vírus Influenza A são designados de acordo com

as suas glicoproteinas de superfície HA e NA. Por exemplo H7N2 designa que o subtipo

Influenza A dispõe de HA 7 e NA 2.

Os vírus Influenza podem infectar uma larga variedade de hospedeiros:

o vírus tipo A infecta seres humanos, aves, suínos, cavalos, entre outros;

o vírus tipo B infecta principalmente os seres humanos;

o vírus tipo C pode originar ligeiras doenças entre os seres humanos,

mas não se propagam ou causam pandemias.

Para iniciar o processo de infecção os vírus unem-se a um receptor específico

da célula mediante a hemaglutinina; seguidamente o vírus ou o seu material genético

entra na célula. A replicação do ácido nucleico viral e a síntese das cadeias virais tem

lugar no interior da célula. Seguidamente, num processo onde participa a

Ilustração 1- Vírus Influenza

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neuraminidase, procede-se à libertação de vírus novos, os quais procederão a invasão

das novas células.

Enquanto que o vírus do tipo A tem sofrido variações antigénicas de HA, NA e

simultaneamente, HA e NA, o vírus do tipo B só tem sofrido variações menores e o

tipo C é antigenicamente estável. Estes variações antigénicas estão estreitamente

relacionadas com o aparecimento de epidemias e pandemias por elas causadas e, por

este motivo, a identificação das estirpes circulantes em cada ano é fundamental para a

vigilância epidemiológica.

Apenas os vírus tipo A e B estão normalmente associados a epidemias que

podem originar hospitalizações ou morte. O vírus do tipo A é o mais comum nas

epidemias gripais mais ou menos extensas geograficamente e, também, as grandes

pandemias que afectam a humanidade. O vírus B também é responsável, mas em

menor dimensão. Consequentemente, os esforços para controlar os surtos de gripe

visam apenas os tipos A e B.

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Constipação

O que é a Constipação?

A constipação trata-se de uma infecção vírica aguda do aparelho respiratório,

que, geralmente ocorre em simultâneo com inflamação das vias aéreas superiores e

inferiores, e não provoca febre. É causada por mais de duas centenas de vírus sendo o

Rhinovirus e o Coronavirus os mais comuns.

Esta pode surgir em qualquer época do ano. É comum e dura 8 a 10 dias.

O contágio dá-se principalmente por contacto directo com as secreções

respiratórias dos doentes: mãos/olhos; mãos/nariz; mão/mão; etc., mas também pode

acontecer por via aérea.

Relação comparada dos sintomas de constipação e de gripe

Sintoma Constipação Gripe Febre Não ocorre Início brusco com calafrios;

temperatura entre 38 a 40ºC

Rinorreia Transparente, fluida e abundante. Ao fim de 2 a 3 dias

pode tornar-se purulenta

Às vezes

Dor de Cabeça Raramente Forte

Dor no corpo Ligeira Frequentemente, por vezes intensa

Garganta Inflamada Frequentemente Por vezes

Tosse Seca No início pode ser seca, embora às vezes chegue a ser

intensa e produtiva

Debilidade Ligeira e pouco frequente Muito frequente, de aparecimento rápido;

persistente (duas semanas)

Cefaleia Muito pouco vulgar Aguda e, às vezes, associada a fotofobia e a dor retro-ocular

Outros sintomas Faringite, laringite, traqueite Dores musculares e articulares, especialmente

fortes nas pernas e ombros; sensação de garganta irritada;

transtornos digestivos; conjuntivites

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Prevenção

Vacinas

A vacina contra a gripe é um dos grandes desafios da comunidade científica

mundial. O problema na preparação de uma vacina para um surto de Influenza é

encontrar um modo de combater todas as variações genéticas da proteína

hemaglutinina que todos os anos origina novas variações no vírus.

Eficácia da vacina

Depende do grau de concordância antigénica entre as estirpes contidas na

vacina e as estirpes que provocam a epidemia, da idade e da imunocompetência da

pessoa vacinada.

Admite-se que a protecção começa cerca de 1 semana após a administração da

vacina, perdendo o efeito ao fim de 1 ano. Nos idosos, os níveis de anticorpos podem

descer abaixo do nível de protecção em 4 meses.

Contra-indicações

A vacina está contra-indicada para:

Indivíduos que apresentaram reacção anterior grave a uma dose da vacina;

Indivíduos com hipersensibilidade aos componentes da vacina,

nomeadamente aos excipientes e proteína de ovo;

Indivíduos com antecedentes de síndrome de Guillian-Barré (SGB)1 nas 6

semanas seguintes a uma dose anterior da vacina;

Situações de doença febril ou infecção aguda (só deve ser tomada após

cura);

Reacções adversas

Efeitos locais: Pode ocorrer dor localizada no local de injecção, rigidez e eritema:

reacções que aparecem em menos de 33% dos casos e que persistem até 2 dias.

1 Doença desmielinizante caracterizada por uma inflamação aguda com perda de mielina

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Efeitos sistémicos: Após 6 a 12h de administração pode surgir febre, enjoo e

mialgias, que desaparecem em 1 a 2 dias. Este tipo de reacções é raro, surgindo com

mais frequência em crianças vacinadas pela primeira vez.

Posologia

Adultos: IM2 ou SC3: 0,5ml

Crianças: IM ou SC 6 a 35 meses:

0,25ml ou 0,5ml (dados clinicamente

limitados);

<10 anos : ½ ampola (0,25ml)

>10 anos: 0,5ml

<9 anos, que não tenham sido previamente vacinadas, deve ser dada uma

segunda dose, após um intervalo de, pelo menos, 4 semanas.

Esta vacina pode ser administrada em simultâneo com as vacinas incluídas no

Programa Nacional de Vacinação, desde que em locais anatómicos diferentes.

Quem deve ser vacinado contra a gripe?

Qualquer pessoa que pretenda reduzir o risco de contrair gripe e evitar as

complicações consequentes pode submeter-se à vacinação, mas existem grupos de

risco a quem, todos os anos, é recomendada a sua administração. Assim, é

recomendado a vacinação em:

1) Pessoas com alto risco de desenvolver complicações pós-infecção gripal:

- Pessoas com 65 anos ou mais, particularmente se residentes em lares ou

outras instituições;

- Pessoas residentes ou com internamentos prolongados em instituições

prestadoras de cuidados de saúde, independentemente da idade;

- Pessoas sem-abrigo;

- Crianças com idade superior a 6 meses;

- Grávidas e mulheres a amamentar.

2 IM- intra-muscular

3 SC- sub-cutâneo

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- Pessoas com doenças crónicas cardíacas, renais, hepáticas ou pulmonares e

doenças metabólicas (ex: diabetes mellitus);

- Indivíduos imunodeprimidos (corticoterapia, SIDA e cancro);

- Crianças e adolescentes (6 meses – 18 anos) em terapêutica prolongada com

salicilatos e, portanto, em risco de desenvolver a Síndrome de Reye4.

2) Pessoas que estejam em risco acrescido de contrair a doença ou de transmiti-la

a outras consideradas de alto risco:

- Pessoal dos serviços de saúde (médicos, enfermeiros, etc) e de outros serviços de

contacto directo com pessoas de alto risco;

- Co-habitantes (incluindo crianças com mais de 6 meses) de pessoas de alto risco;

Medidas Preventivas

Antes de qualquer aconselhamento medicamentoso, cabe também ao

farmacêutico informar acerca de medidas preventivas, sendo estas:

Lavar as mãos com frequência, principalmente depois de espirrar, tossir,

assoar-se ou assoar uma criança;

Utilizar lenços de papel, deitando-os fora após cada utilização;

Pôr um lenço em frente da boca e do nariz ao tossir ou espirrar;

Evitar o contacto das mãos com os olhos, nariz e boca (não tocar nos olhos,

nariz e boca sem ter lavado as mãos, porque o contacto destas com superfícies

ou objectos contaminados é uma forma frequente de transmissão);

Evitar o contacto prolongado com pessoas doentes, e se estiver doente, evitar

estar perto de pessoas saudáveis.

4 Doença grave de rápida progressão relacionada com o uso de salicilatos em conjunto com uma

infecção viral

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Tratamento

Tratamento Não Farmacológico

O tratamento não farmacológico é muito importante, pois adequar o

comportamento à situação aliado aos medicamentos é um passo para a sua eficácia.

Assim os comportamentos a seguir são:

Aumentar o consumo de líquidos;

Evitar o consumo de tabaco e bebidas alcoólicas;

Evitar locais fechados e mal ventilados;

Repousar;

Avaliar a congestão com inalações de vapor de água durante períodos de

tempo breves.

De modo a aliviar os sintomas de constipação podemos recorrer a “remédios

naturais” sendo estes a aplicação de soro fisiológico ou águas marinhas isotónicas

(Rhinomer, Sterimar, etc), que actuam na congestão nasal. As dores de garganta

diminuem um pouco se se tomar mel com limão ou com leite. Por sua vez, a vitamina C

reduz a incidência ou gravidade das constipações ou gripes em pessoas que carecem

desta vitamina.

Ilustração 3 - Ingestão de água

Ilustração 2 - Não fumar

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Tratamento Farmacológico

Os fármacos que aliviam os sintomas da constipação e gripe são:

Analgésicos/Antipiréticos:

Recomenda-se o paracetamol no alívio da febre, mal-estar e cefaleias. Aliviam

ainda mialgias5.

Fármacos: O paracetamol e ácido acetilsalicílico são ambos indicados para dor ligeira a

moderada e pirexia.

O ibuprofeno e o naproxeno são derivados do ácido propiónico e têm como

indicação terapêutica o alívio da dor e inflamação em doenças reumáticas e outras

afecções músculo-esqueléticas. Dor ligeira a moderada.

Antitússicos:

A tosse, reflexo de defesa em consequência da irritação das vias aéreas, é um

importante mecanismo fisiológico protector. Os antitússicos estão indicados quando

existe um ciclo de irritação brônquica com ataques de tosse seca.

Fármacos: O dextrometorfano, o butamirato, o clobutinol, o dibunato, a

pentoxiverina e o pipazetato, entre outros, existem em preparações

simples ou combinadas, em medicamentos que não se incluem na lista dos

de prescrição médica obrigatória. Alguns anti‑histamínicos como a

clorofenamina e a difenidramina têm efeito antitússico moderado.

5 Dores musculares

Ilustração 4 - Princípio activo: ibuprofeno

Ilustração 6 - Princípio activo: dextrometorfano

Ilustração 5 - Princípio activo: paracetamol

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Mucolíticos e expectorantes:

Os mucolíticos reduzem a viscosidade das secreções. Por sua vez, os

expectorantes estimulam os mecanismos de eliminação da secreção para a faringe

com deglutição das secreções, isto é, só actuam quando a causa da tosse é a

acumulação de secreções espessas.

Estão disponíveis numerosas preparações combinadas de

antitússicos e expectorantes que incluem misturas de anti‑histamínicos,

broncodilatadores, extractos e tinturas vegetais. No Prontuário

Farmacêutico não fazem referência especial porque há pouca evidência

da sua eficácia. Estas associações são “ilógicas” e, por vezes, incluem

princípios farmacológicos em concentrações inadequadas.

Fármacos: bromexina, carbocisteína e guaifenesina.

Descongestionantes:

São vasoconstritores que possuem a particularidade de proporcionarem alívio

rápido dos sintomas associados à congestão nasal, ainda que geralmente de curta

duração. O seu uso repetido pode causar irritação local. Podem provocar taquicardia,

inquietação e insónias ou mesmo depressão central, especialmente quando utilizados

em crianças ou no adulto em doses excessivas. Na sua maior parte são medicamentos

não sujeitos a receita médica. A aplicação tópica (aerossol e gotas) usa-se até 3-5 dias,

actua dentro de 5 minutos e tem reacções adversas menos intensas comparado com a

via oral.

Fármacos: Descongestionantes nasais: fenilefrina, oximetazolina, xilometazolina,

tramazolina

Anti-histamínicos:

Os sintomas nasais da constipação são semelhantes aos da rinite alérgica, no

entanto, parecem não estar relacionadas com aumento da libertação de histamina. O

efeito dos anti-histamínicos resulta das suas propriedades anticolinérgicas que

corrigem a rinorreia.

Fármacos: clemastina, dimetindeno, prometazina

Ilustração 7 - Princípio activo: carbocisteína

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Antivíricos

A gripe é uma doença altamente contagiosa e debilitante que acarreta uma

carga excessiva de complicações e até mortalidade. A terapia antiviral é a primeira

intervenção para o tratamento e profilaxia pós-exposição (PEP) da gripe.

A amantadina é um fármaco antigo cujo mecanismo de acção nunca foi bem

esclarecido, mas que é útil no tratamento do Influenza tipo A, descobrindo-se

recentemente que é eficaz na doença de Parkinson. No entanto, a sua utilidade está

comprometida pelos altos níveis de resistência, efeitos secundários e falta de eficácia

contra a gripe provocada pelo vírus Influenza do tipo B.

Uma classe alternativa de agentes virais são os inibidores da neuraminidase

(NIS) que representam a forma mais avançada de terapia antiviral disponível, e actuam

especificamente inibindo as enzimas neuraminidase que estão presentes em todos os

subtipos de gripe. Dois NIS, oseltamivir e zanamivir, estão actualmente disponíveis

para uso clínico.

Oseltamivir é administrado por via oral e está também aprovado para a

profilaxia e tratamento inicial da gripe em adultos e adolescentes não substituindo,

contudo, a vacinação contra a gripe que continua a ser a medida profiláctica de

eleição.

Por outro lado, o Zanamivir é administrado por

inalação através de um inalador de disco e depositado

principalmente no tracto respiratório.

O zanamivir e o oseltamivir demonstraram ser

muito bem tolerados e associados a um baixo nível de resistência. Contudo, a sua

eficácia está dependente de um diagnóstico precoce (só são eficazes se iniciados até às

48 horas após o início dos sintomas reduzindo significativamente a duração da doença

e a gravidade dos sintomas e diminuem também a taxa de complicações associadas ao

Influenza), o que limita a sua utilidade terapêutica. É de referir que a sua eficácia não

foi avaliada no grupo de doentes considerados de risco.

Ilustração 8 - Principio activo: zanamivir

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Antigripais

Os medicamentos antigripais (orais) são combinações de vários medicamentos

com acção analgésica, antipirética, descongestionante nasal, anti-histamínica e

antitússica, que aliviam temporariamente os sintomas das constipações e gripes,

enquanto o organismo combate a infecção.

Exemplos:

Cêgripe: 500mg de paracetamol, 100g de

hesperidina, 100mg de vitamina C, 1mg de

maleato de clorfenamina;

Antigrippine: 500mg de paracetamol, 12,5mg de

cloridrato de fenilpropanolamina, 7,5mg de

bromidrato de dextrometorfano.

Os antibióticos não são úteis no tratamento da gripe, pois

actuam só sobre bactérias. São apenas usados se a gripe

evoluir para uma infecção bacteriana (por exemplo

pneumonia).

Ilustração 9 - Antigripal Cêgripe

Ilustração 10 - Antigripal Antigrippine

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Aconselhamento Farmacêutico

Num diagnóstico sobre uma possível gripe ou constipação, o farmacêutico necessita de

conhecer os seguintes dados:

Critérios de diagnóstico que diferenciam a gripe da constipação

Constipação Gripe

Início Problemas nasais e de garganta, rinorreia, e mal-

estar geral

Aparecimento brusco, após um curto período de

incubação. Febre com calafrios, prostração e dores

generalizadas Complicações Sinusite, otite, sobre-

infecções bacterianas das vias respiratórias

Bronquite, pneumonia. Na convalescença podem surgir

encefalite, miocardites e míoglobinúria6

Duração 8 a 10 dias 3 a 5 dias

Tendo tomado conhecimento destes dados, o farmacêutico pode então actuar

conforme a patologia diagnosticada.

6 Caracteriza-se pela presença de mioglobina na urina

Quem é o doente?

Desde quando apresenta os

sintomas?

Padece de algum problema

respiratório, cardíaco ou

imunodepressivo?

Que sintomas apresenta?

Está a tomar algum

medicamento?

Revela alguma alergia?

Sofre de glaucoma,

problemas de tiróide,

hipertensão, ..?

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Noções que o farmacêutico deve ter em conta aquando da cedência dos seguintes

medicamentos

Nebulizadores e gotas nasais descongestionantes:

São para uso individual e nunca devem ser compartilhados com outras pessoas;

Administrar preferencialmente de manhã e ao deitar;

Os sprays aplicam-se com o doente em posição vertical, e as gotas com a

cabeça inclinada para trás;

Os frascos devem limpar-se após a sua utilização;

O tratamento com nebulizadores não deve durar mais de três dias;

Depois da aplicação, esperar cerca de 5 minutos antes de se assoar.

Antitússicos:

Estes só se devem empregar em caso de tosse seca.

Antigripais:

Não devem usar-se doses maiores que as recomendadas, nem durante mais de

3 dias ou em crianças com menos de 12 anos ou com peso inferior a 30Kg, nem

durante a gravidez e aleitamento, a não ser por expressa indicação do médico.

Os antigripais estão contra-indicados em doentes que tenham insuficiência

hepática ou renal e em doentes com hipersensibilidade a qualquer um dos seus

constituintes. Estes, por conterem anti-histamínicos, podem influenciar a

capacidade de conduzir automóveis e outras máquinas. Não se deve ingerir

álcool nem tomar sedativos, pois aumentam o efeito sedativo destes

constituintes.

Devido à presença de cafeína em muitos antigripais, indivíduos com

perturbações do ritmo cardíaco (taquicardia, arritmia), não os devem tomar.

Anti-histamínicos:

Aquando da toma de anti-histamínicos deve-se ter em atenção que estes

causam sonolência e sedação.

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Conclusão

Este trabalho foi bastante elucidativo uma vez que ficámos a conhecer com

maior rigor as principais diferenças entre a gripe e a constipação. Adquirimos um

maior conhecimento em relação à profilaxia e tratamentos farmacológicos e não

farmacológicos disponíveis, de forma a proporcionar um melhor atendimento aos

utentes que recorrem frequentemente às farmácias com este tipo de sintomatologias.

Apercebemo-nos também que a vacina contra a gripe é um dos maiores

desafios da comunidade científica, uma vez que o vírus da gripe é um dos vírus

conhecidos que mais sofre mutações, sendo por isso necessária uma pesquisa contínua

e actual.

Uma importante conclusão que retirámos deste trabalho, e que por vezes não é

cumprida é a prescrição inadequada de antibióticos contra a gripe e constipação que,

são de origem viral. Face a uma infecção viral, os antibióticos não diminuem a febre

nem aceleram o tratamento uma vez que não atacam a origem da infecção e também

não previnem o seu contágio. Isto porque os antibióticos matam as bactérias, mas são

ineficazes contra os vírus.

Cabe ao Farmacêutico manter-se bem informado para que possa cumprir o seu

papel na sociedade e possa prestar um serviço verdadeiramente activo e esclarecedor

de modo a facultar qualidade de vida aos utentes.

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Bibliografia

Prontuário Terapêutico-10, Março de 2011, Infarmed.

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Julho/Agosto, 2005 – páginas 48-53;

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Nº93, Lisboa (2001) - páginas 28-30;

AGIRRE, Maria Carmen; “ Gripes e Constipações: protocolos de formação

contínua”; OFFARM, Farmácia e Sociedade, Nº58, Lisboa (1998) – páginas 32-

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