greve de guariba

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1984 198GREVE DE GUARIBA

GREVE DE GUARIBA - 1984Histrico do municpio O bia-fria e o corte da cana Os motivos que desencadearam a greve A exploso da greve

O Acordo de GuaribaConcluso

Cidade pertencente regio de Ribeiro Preto, a 345 Km da capital, atualmente com 35 mil habitantesFundada em 21 de setembro de 1895 e sua economia atual gerada pelas agroindstrias canavieiras situadas na regio

Atualmente, a maioria dos trabalhadores e moradores so migrantes vindos de vrios Estados, principalmente da Bahia, de Minas Gerais (Vale do Jequitinhonha) e do Maranho.

A economia do municpio sempre esteve ligada s grandes propriedades rurais. No incio, com o cultivo do caf e, mais tarde, com o cultivo da cana-de-acar para a fabricao de acar e etanol, sendo at hoje o principal produto.

Transio da economia cafeeira para a aucareiraCrise de 1929 Declnio acentuado nas exportaes de caf, afetando a produo e os estoques. Com a crise o caf d lugar produo de canade-acar com o surgimento de vrias usinas e destilarias

Usinas instaladas na regioUsina Bonfim Aucareira Corona

(Cosan), pertencente ao municpio (1946) Usina Santa Adlia Usina So Martinho Usina So Carlos

O bia-fria e o corte da cana Termo bia-fria Perfil social Rotina de trabalho

Imigrantes Mineiros e Nordestinos

Roupas usadas como equipamentos de segurana

A rotina do bia-fria

A rotina do bia-fria

Os motivos que desencadearam a greve

Trabalhadores marginalizados e esquecidosUsineiros e grandes proprietrios se beneficiavam

Moradias Precrias

Remunerao inadequada aos menores

Altas contas de gua

Sindicatos com pouca expresso

Preos abusivos de um supermercado da regio

Alimentao precria

Falta de segurana no trabalhoEPIs no fornecidos pelas usinas

Transporte Inadequado

Descanso Precrio

Inexistncia de direitos trabalhistas Baixos salrios Fome

Trabalhadores nas mos de Gatos

Excesso de trabalhadores: Desemprego

Alterao do sistema de corte

Reduo drstica nos salrios

A Exploso da Greve

Discurso de grevistas aos companheiros (14 de maio de 1984) Fonte: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guariba

14 de maio 1984

na noite de 14 de maio de 1984, a notcia

da greve correu de boca em boca pelacidade

(Mendes, 1999, p.121)

MADRUGADA DO DIA 15 Muitos aderiram ao movimento movidos pela presso exercida por alguns companheiros s 5 h da manh todos os acessos s sadas da cidade foram fechados, principalmente os trevos do bairro Joo de Barro (Jardim Monte Alegre) e da COHAB Galhos de arvores impediram a passagem dos caminhes de turma e, se insistiam, eram ameaados de tombamento

Os bias-frias, armados com faco, ameaavam os que resistiam, mas poucos ousaram contrariar

1 ATO DE REBELIODestruio da SABESP (7:30 h)altas taxas de gua e esgoto

*fogo no escritrio*destruio da bomba dosadora de cloro

*incndio em caminho e caminhonete da empresa

A exploso da greve e o Acordo de Guariba

Destruio de caminho da SABESP na greve no dia 15 de maio de 1984 Fonte: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guariba

CONSEQUNCIAUm litro de inseticida caiu no reservatrio de gua

CORTE DO ABASTECIMENTO DE GUAos trabalhadores no iam jogar veneno na gua

que iam beber(Folha de SP, 16/05/1984, pag. 18)

3 horas depois...Chegada da Tropa de choque Mais de 200 homens Bombas de gs lacrimogneo

CONSEQUNCIAVIOLNCIA GERAL DISPAROS DE ARMAS APARECEM OS PRIMEIROS FERIDOS(O Estado de SP 16/05/1984, pag. 38)

Trabalhador rural que tomou tiro no p durante a rebelio

O ESTADO DE SO PAULO Os policiais de atiraram para qualquer lado e que um tiro quase atingiu o jornalista Wilson Toni, da Rdio Ribeiro Preto. O jornalista afirmou que a tragdia foi provocada pela precipitao dos policiais, na qual o metalrgico aposentado Amaral Vaz Meloni foi morto nas escadarias do estdio municipal, com um tiro na cabea. Este episdio serviu para aumentar a revolta dos manifestantes

Foto: Conflito em Guariba de Osmar Cardes - Premio Wladimir Herzog (1984)

2 ATO DE REBELIODESTRUIO DO SUPERMERCADO Santo Antnio Maria Claret Depredao Saqueamento Apedrejamento na casa do proprietrio Incndio na Kombi

A ordem na regio ser mantida PMs no disparar

Os problemas salariais dos trabalhadores rurais no podem ser resolvidos com depredao dos patrimnios particulares

3 ATO DE REBELIO: 16 de maio NO DIA SEGUINTE 16 DE MAIO

Incndio do canavial da USINA SO CARLOS com promessa de outros canaviais

Essa revolta contagiou tambm os trabalhadores da laranja na regio, como os de Bebedouro e Barretos, que comearam a se revoltar contra as condies de vida. Na cidade de Bebedouro, os manifestantes, tambm montaram piquetes e enfrentaram a Polcia

(FOLHA DE SO PAULO, 17/05/84, p. 21).

ACORDO DE GUARIBAEm 18 de maio de 1984 para por um ponto final ao conflito de interesses assinado o Acordo de Guariba que basicamente atende as reivindicaes dos trabalhadores rurais

Aps 7 h de reunio, realizada no Sindicato Rural de Jaboticabal-SP, o acordo foi assinado de forma apressada por alguns produtores, o primeiro a assinar foi Roberto Rodrigues, que na poca era Diretor da Sociedade Rural Brasileira

ACORDO DE GUARIBAReajuste salarial 13 salrio Folga semanal remunerada EPIs Volta do sistema de corte de 7 para 5 ruas 2005: NR 31 DE SUJEITOS EXCLUDOS, OS BIA-FRIAS PASSARAM CENA POLTICA COMO ATORES SOCIAIS (Ferrante, 1992)

CONCLUSOa tecnologia trazida aos canaviais pelas mquinas que cortam cana, exige que as pessoas trabalhem ainda mais. Se antes um trabalhador cortava de 6 a 7 toneladas de cana por dia, hoje, para ser competitivo, deve cortar, no mnimo, 10 toneladas, e por um salrio menor. No entanto, as condies de alimentao, habitao, transporte e sade melhoram em diversos aspectos. Mesmo assim, problemas como o uso de vitaminas para mascarar cimbras, a exigncia por resultados maiores e a migrao da pequena agricultura para os canaviais so realidades constatadas em muitos locais. Novaes professor da Universidade Federaldo Rio de Janeiro UFRJ. Graduado em Agronomia pela USP

AGRADECIMENTOS

Aos que labutam na busca pela sobrevivncia enfrentando o trabalho duro dos canaviaisFotografia Iolanda Huzak

CRDITOS / REFERNCIAS Prof. Dr. Jos Roberto Novaes Depto de Economia - UFRJ Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guariba Ana Paula Furtado Goulart Iolanda Huzak - fotografias MENDES, A. M. O conflito social de Guariba 1984-1985. Franca: Ed. UNESP, 1999. FERRANTE, V. S. S. B. A chama verde dos canaviais: a histria das lutas dos assalariados agrcolas na regio de Ribeiro Preto. Tese de livre docncia em Cincias Sociais, Faculdade de Cincias e Letras, UNESP. Araraquara, 1992. O ESTADO DE SO PAULO. Uma manh de terror em Guariba. So Paulo, 16/05/1984, p. 38. Guariba teme incidentes e tenta romper convnio. So Paulo, 10/07/1984, p.13. FOLHA DE SO PAULO. Revolta de bias-frias provoca destruio e morte. So Paulo, 16/05/1984, p.18