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Dezembro de 2013

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Maçãs apodrecidas......................36Conheça as causas e o que fazer para enfrentar a podridão das maçãs em lavouras de algodoeiro

Corós do mal.............................16De que forma utilizar estratégias e tecnologias dispo-níveis em outras áreas da agricultura pode incremen-tar as ferramentas de combate a corós em soja

Prós e contras...........................40Saiba como a palhada pode influenciar o manejo de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar

Destaques

Índice

Diretas 06

Adubação parcelada em café 08

Controle de giberela em trigo 10

Desempenho de cultivares em função do ambiente 12

Corós em soja 16

Desafios de produzir soja em áreas de várzea 20

Nossa capa - Controle de tiririca em milho 22

Rotação contra doenças de milho 28

Uso do milho como defesa contra nematoides 32

Informe empresarial - AgCelence em milho 35

Podridão das maçãs em algodão 36

Prós e contras da palhada em cana 40

Empresas - Novo complexo da GDM Genética do Brasil 42

Coluna ANPII 44

Coluna Agronegócios 45

Mercado Agrícola 46

Mistura viável.....................................22Como os herbicidas mesotrione + atrazina agem no controle de tiririca na cultura do milho

Expediente

Cultivar Grandes Culturas • Ano XV • Nº 175 • Dezembro 13 / Janeiro 14 • ISSN - 1516-358X

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480Rua Sete de Setembro, 160, sala 702Pelotas – RS • 96015-300

DiretorNewton Peter

[email protected]

Assinatura anual (11 edições*): R$ 187,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:US$ 210,00Euros 180,00

Nossos Telefones: (53)

Nossa capa

Fundadores: Milton Sousa Guerra e Newton Peter

• Geral3028.2000• Assinaturas:3028.2070• Redação:3028.2060

• Comercial:3028.20653028.20663028.2067

REDAÇÃO• Editor

Gilvan Dutra Quevedo• Redação

Karine GobbiRocheli Wachholz

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

MARKETING E PUBLICIDADE• Coordenação

Charles Ricardo Echer

• VendasSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithiéli Barcelos

CIRCULAÇÃO• Coordenação

Simone Lopes• Assinaturas

Natália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

Flávio Martins Garcia Blanco

GRÁFICA: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

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06 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

Diretas

Novos rumosFrancisco Verza é o novo vice-presidente da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf para o Brasil. Há quase 30 anos na empresa, Verza atuou nas áreas de Vendas e Marketing da Divisão Agrícola da empresa no Brasil e nos Estados Unidos. Em 2005, assumiu a vice-presidência da Divisão de Tintas Industriais para Europa, África e Oriente Médio, além de ser o responsável Global pelo negócio de energia eólica dentro da mesma divisão de negócios. Verza subs-titui Mauricio Russomanno, que ocupou a função durante três anos, e um dos seus principais desafios será atualizar o portfólio de produtos e maximizar a participação da companhia no mercado local.

Bandeira vegetalA menos de um ano da Copa do Mundo, o agricultor da região de Paranapanema (SP), Jacobus Derks reproduziu em sua lavoura a ban-deira do Brasil. O produtor formou o desenho, com 530 mil metros quadrados (860m de comprimento por 640m de largura, o equiva-lente a 50 campos de futebol) utilizando cevada, canola, triticale e tremoço branco, qualidade doada pela Piraí Sementes. A bandeira está na fazenda de Derks, em Campos de Holambra, e pode ser a maior do mundo. Para a Copa do Mundo de 2014 a família planeja fazer uma bandeira ainda maior e entrar para o livro dos recordes.

PresençaA Bayer CropScience participou do 46º Congresso Brasileiro de Fitopatologia e da 11ª Reunião de Controle Biológico. O gerente de Estratégia Marketing Pro-duto Fungicida da Bayer CropScience, Everson Zin, avaliou a importância da presença da empresa nesses eventos. “O grande desafio da Bayer CropScience é continuar o desenvolvimento de soluções inovadoras para todas as culturas, fazendo com que o agricultor tenha sempre uma produção melhor e com mais qualidade. E ter contato com outros estudiosos e pesquisas técnicas das universidades representa excelentes oportunidades de negócio”, opinou.

LançamentoA Microquímica lança no mercado nacional o BioMol, fertilizante foliar com função de oferecer às plantas molibdênio diferenciado devido ao efeito adicional do Ácido L-Glutâmico, aminoácido obtido por meio de fermentação biológica. Segundo Rodrigo Giordani, ge-rente regional técnico do Sul, a expectativa da empresa é de que esse produto se torne um dos carros chefes na região Sul do País.

CrescimentoA capacidade de produção de defensivos agrícolas da FMC Agricultural Solutions será triplicada com investimento de 20 milhões de dólares,

CanaplanA Syngenta apresentou na 2ª Reunião Canaplan 2013, em Ribeirão Preto, São Paulo, uma abordagem integrada do manejo da cana-de-açúcar para aumentar a sua produtividade. Entre os pontos abordados estão a obtenção de mudas com pureza varietal em viveiros controlados, sanidade e rastreabilidade garantidas até a colheita, os cuidados com o plantio e as fases de tratamento com herbicidas, inseticidas e fungicidas de alta qualidade. A Syngenta esteve representada por Leandro Amaral, diretor de Marketing Cana-de-açúcar. “A empresa traz uma oferta in-tegrada de soluções para o ciclo completo da cultura canavieira e ajuda o segmento a vencer seu maior desafio: aumentar a produtividade com sustentabilidade e com custos reduzidos”, afirma Amaral.

Eagle TeamA UPL Brasil tem dado seguimento à realização de eventos com produto-res em diversos estados, através da parceria com pesquisadores do grupo

Eagle Team. Em Goiânia e Rio Verde, quem participou foi o pesquisador pela Universidade de Rio Verde, Luis Henrique Carregal. “Existem muitos problemas de eficácia de controle que nem sempre são devidos aos produtos. Veri-ficamos muitas falhas quanto à tecnologia de aplicação, momento de aplicação, problemas com condições climáticas durante e logo após aplicações, muita mistura de produtos no tanque do pulverizador etc. Temos verificado também uma redução na performance dos produtos ao longo dos anos, que pode ser pela seleção de populações resistentes dos fungos”, relatou.

em três anos. Os recursos serão divididos em novas linhas produtivas com automação de todas as embalagens, equipamentos de proteção ambiental, restaurante com capa-cidade para mais de mil refeições por dia, renovação de todo o parque de infraestru-tura e ampliação de vestiário. O presidente da FMC Corporation América Latina, Antonio Carlos Zem, destacou os investi-mentos em segurança. “É importante para a vida de todos e está na cultura da FMC. Dessa forma, todos os funcionários sentem-se envolvidos no tema e contribuem para prevenir acidentes e controlar riscos. Isso comprova que todos podem colaborar para um ambiente mais seguro, saudável e, tam-bém, produtivo e rentável”, avaliou.

Luis Henrique Carregal

Antonio Carlos Zem

Francisco Verza

Everson Zin

EventoA IV Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária (IV CNDA) reuniu aproximadamente 500 participantes entre dirigentes de entida-des, professores, fiscais agropecuários, profissionais da iniciativa privada, empresários, pesquisadores e estudantes de pós-graduação, em outubro, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia. O evento, realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Agência de Defesa Agropecuária do Pará (AdePará), Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) e Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA), com o apoio da iniciativa privada, foi marcado por discussões que apresentaram o status atual de diversos setores do agronegócio, além de palestras e mesas-redondas sobre culturas, pragas e doenças. Estiveram na pauta, por exemplo, a Helicoverpa e a mosca da carambola.

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08 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

Os cafeeiros Conilon (Coffea ca-nephora) cultivados nos plantios comerciais destacam-se pelo ele-

vado potencial produtivo e pela alta exigência nutricional. A recomendação de adubação, baseada na análise de solo e na produtividade esperada, tem sido amplamente utilizada, devendo ser ajustada com auxílio de análise foliar. Contudo, esta recomendação não con-sidera as exigências específicas dos genótipos, sendo aconselhada de forma geral.

Grande parte do crescimento vegetativo do cafeeiro ocorre concomitantemente com a fase de produção de frutos, por isso, nessa fase, ocorre maior demanda por nutrientes. Entretanto, são nos frutos onde ocorre o maior acúmulo de matéria seca, ao longo do ciclo produtivo de um ano, correspondendo a 45% do total da matéria seca acumulada no cafeeiro (Figura 1). Porém, deve-se considerar que as demais partes das plantas, como raízes e troncos, acumulam parte da matéria seca nos anos anteriores. Portanto, pode-se sugerir que há maior necessidade no ano para formação

Café

dos frutos, podendo ser superior a 50%, no caso apresentado por Bragança, em 2005.

Perdas de nutrientes Grande parte dos nutrientes adicionados

ao solo pelo uso de fertilizantes torna-se rapidamente indisponível para o cafeeiro. Os principais fatores envolvidos neste processo são de reações químicas que ocorrem no solo em contato com fertilizantes. Destacam-se a lixiviação de íons, volatilização da amônia, in-teração entre nutrientes antagônicos e reações de fixação e precipitação, principalmente.

Na adubação nitrogenada, as perdas mais significativas ocorrem pela lixiviação do nitrato (NO3

-) e pela volatilização da amônia (NH3+).

No caso do NO3- o composto apresenta baixa

interação química com os minerais do solo, o que faz com que esteja sujeito à lixiviação, po-dendo atingir águas superficiais ou lençol fre-ático. E, no caso da NH3

+, as maiores perdas ocorrem devido à volatilização do composto, em consequência da quebra da molécula de ureia, que normalmente ocorre no solo, em

condições naturais.Quanto à adubação fosfatada, as reações

químicas deste elemento com os minerais do solo (óxidos de ferro, Fe, e alumínio, Al, principalmente) tornam o P indisponível para absorção pela planta. Em solos brasileiros essa situação generaliza-se, sendo comum em regiões de cerrado, onde os solos são altamente intemperizados. Em ambiente ácido esse P pode ainda ser precipitado com óxidos de Fe e Al, principalmente. Portanto, a prática da calagem, de forma adequada, é uma das estra-tégias que aumentam a eficiência da adubação fosfatada, porém, alerta-se que a calagem ex-cessiva, além de desequilibrar as bases no solo (Ca, Mg e K, principalmente), é prejudicial à planta, aumentam-se também as reações de fixação de fosfato com Ca, induzindo-se a precipitação do composto formado.

Quanto à adubação potássica, o K no solo apresenta uma dinâmica mais simples em solos tropicais, comparativamente a N e P. As principais perdas de K ocorrem por lixiviação, principalmente pela baixa capacidade de ad-

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Altamente exigente em nutrientes, o cafeeiro Conilon requer aplicação criteriosa de adubo. Uma das estratégias é realizar o parcelamento de acordo com o ciclo de amadurecimento, uma vez que os genótipos apresentam diferentes ciclos de maturação, o que pode exercer

influência sobre as taxas de acúmulo de matéria seca e de nutrientes nos frutos

Adubação parcelada

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(junho e julho).

Considerações finaisO cafeeiro Conilon utiliza 80% do N

entre os meses de setembro e fevereiro para genótipos com ciclo de maturação dos frutos precoce e média. Enquanto nos genótipos tardios e supertardios, a maior exigência de N inicia-se a partir de outubro permanecendo até a colheita (junho a julho). Assim, a exigência de N pelo cafeeiro Conilon varia de acordo com o ciclo de maturação dos frutos.

Sugere-se que o manejo da adubação deve ser específico para cada genótipo de cafeeiro Conilon. Genótipos com ciclo de maturação dos frutos precoce apresentam maior taxa inicial de acúmulo de massa seca e nutrientes. Portanto, precisam ser fertiliza-dos antecipadamente comparativamente aos genótipos de maturação dos frutos tardios. Assim, a fertilização do cafeeiro Conilon deve ocorrer nos momentos de maiores taxas de acúmulo de nutrientes, principalmente para aqueles nutrientes que apresentam perdas significativas.

sorção deste elemento aos minerais do solo. Potencializam-se a perda de K, condições de baixa concentração de K do solo, baixa capaci-dade de troca catiônica do solo e precipitações excessivas. Nessas situações, fundamenta-se o parcelamento da adubação de K ao longo do ciclo da cultura, objetivando-se aumentar a eficiência do fertilizante.

ParCelamento Conforme o CiClo de maturação Genótipos de cafeeiros Conilon apresen-

tam diferentes ciclos de maturação, que pode exercer influência sobre as taxas de acúmulo de matéria seca e de nutrientes nos frutos. Assim, o conhecimento da dinâmica de forma-ção dos frutos e do crescimento é importante para o estabelecimento dos períodos de maior exigência nutricional e para a definição das melhores estratégias de fertilização da lavoura cafeeira.

O maior crescimento vegetativo do cafeei-ro Conilon ocorre entre o início de outubro até primeira quinzena de maio. Esse fato ocorre para praticamente todos os genótipos de café Conilon, com algumas particularidades (Par-telli et al, 2013). Assim, sugere-se que entre outubro e maio ocorram as maiores demandas nutricionais para o crescimento vegetativo. Em contrapartida, entre junho e setembro se dão as menores taxas de crescimento, caracterizando-se como período de repouso

vegetativo do cafeeiro Conilon (Figura 2). Justificam-se o baixo crescimento vegetativo nesta época do ano, as temperaturas amenas neste período, pois o cafeeiro Conilon apre-senta crescimento vegetativo reduzido quando submetido a temperaturas inferiores a 17ºC.

De forma semelhante, as maiores taxas de acúmulo de nutrientes ocorrem a partir de outubro. Porém, a intensidade de acúmulo varia conforme o ciclo de maturação do fruto de cada genótipo (exemplo: nitrogênio - Fi-gura 3). Os genótipos com menor duração do ciclo de maturação dos frutos apresentam maior velocidade de acúmulo de matéria seca e nutriente. Nota: Marré (2012) apresenta as curvas de acúmulos de todos os nutrientes em sua dissertação de mestrado realizada na Ufes/Ceunes.

Em termos práticos, por exemplo, até o dia 6 de dezembro, os genótipos de café Conilon 12V e 10V apresentavam aproximadamente 60% do N acumulado nos frutos, atingindo 90% até o início de fevereiro. Já os genótipos 13V e Ipiranga 501 apresentavam valores infe-riores a 20% até o início de dezembro, atingin-do no máximo 40% em meados de fevereiro. Assim, a partir de fevereiro, os genótipos 12V e 10V praticamente não necessitariam mais de N para a formação dos frutos. Em contra-partida, genótipos de maturação tardia (13V e Ipiranga 501) ainda demandam grandes quantidades de N até próximo à colheita

CC

Fábio Luiz Partelli e Ivoney Gontijo, Ufes/CeunesMarcelo Curitiba Espindula, Embrapa RondôniaJairo Rafael Machado Dias, Unir/Depagro

Grande parte dos nutrientes adicionados ao solo pelo uso defertilizantes torna-se rapidamente indisponível para o cafeeiro

figura 1 - Partição da matéria seca do café Conilon. adaptado de Bragança (2005)

figura 2 - taxa de crescimento vegetativo de grupos de ramos de C. canephora cv. ipiranga 501. as barras representam o erro padrão da média. nova Venécia (es)

figura 3 - acúmulo de nitrogênio nos frutos (em % do total acumulado) de 4 genótipos de cafeeiro Conilon, da antese à maturação dos frutos. as barras representam o erro padrão da média. nova Venécia (es)

09www.revistacultivar.com.br • Dezembro 2013 / Janeiro 2014

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Solução pendente

Trigo

10 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

A giberela é uma das mais importantes doenças que afetam espigas e grãos

da cultura do trigo no mundo. Descrita na Inglaterra em 1894, continua como um desafio mundial. Referenciada também por fusariose, tem como principal agente causal o fungo Gibberella zeae (Schwein) Petch, forma assexuada Fusarium graminearum Schwabe. Além de F. graminearum, várias espécies são as-sociadas à doença em cereais, sendo F. culmorum, F. equiseti, F. avenaceum e F. nivale as mais relatadas.

No Brasil, a giberela causa danos e perdas nas culturas de trigo, de cevada

e de triticale nos três estados da região Sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), onde se concentram 90% da produção de trigo e 97% de cevada. Os sintomas característicos da doença são espiguetas despigmentadas, de colora-ção esbranquiçada ou palha, e os grãos apresentam-se chochos, enrugados, de cor branco-rosada a pardo-clara. O patógeno possui ampla gama de hospedeiros, como alfafa, arroz, aveia, centeio, milho, trevo, sorgo e várias plantas daninhas.

O ambiente exerce papel importante no desenvolvimento da giberela, sendo, as condições mais favoráveis, precipitação pluvial em dois ou três dias, consecutivos, e temperatura de 24ºC a 30ºC, situação que ocorre com frequência após o espigamento dos cereais de inverno na região Sul do Brasil. Os danos causados pela doença são influenciados diretamente pelas condições ambientais do ano e da cultivar, variando

de 14% a 60% de acordo com relatos em trigo no Brasil. No período de 1997 a 2009, foram registradas epidemias em oito anos: 1997, 1998, 2000, 2002, 2005, 2007, 2008 e 2009. Em anos com períodos mais secos, a giberela não é considerada problema.

A redução no rendimento por giberela é atribuída ao abortamento de flores e à formação de grãos com baixo peso e redu-zida densidade, que são descartados, em grande parte, na trilha, durante a colheita. A giberela também prejudica a qualidade tecnológica devido à redução de amido, proteínas, celulose e hemicelulose.

Entretanto, o maior problema é o acú-mulo de micotoxinas, um dos principais contaminantes dos cereais. Micotoxinas são metabólitos secundários tóxicos, produzi-dos por fungos toxigênicos que infectam e/ou colonizam os grãos e seus subprodutos, especialmente cereais no período de cultivo e/ou de armazenamento. As micotoxinas podem estar presentes também em grãos assintomáticos, principalmente devido a infecções tardias que ocorrem na fase final

A giberela é uma doença recorrente em lavouras de trigo, cevada e triticale no Brasil, com capacidade para reduzir o rendimento das culturas e provocar

o acúmulo de toxinas, responsáveis por prejuízos à saúde humana e animal. Sem contar, até o momento,

com instrumentos capazes de resolver o problema, os produtores precisam apostar na prevenção e em

medidas paliativas para minimizar os danos

Ainda não existem cultivares de trigo resistentes à giberela

Page 11: Grandes CUlturas - Cultivar 175

de enchimento de grãos, se houver con-dição climática favorável. As micotoxinas são quimicamente estáveis, tendendo a se manter intactas durante as etapas de be-neficiamento, armazenamento e processa-mento, incluindo-se a panificação em altas temperaturas. Causam prejuízos à saúde de humanos e animais, ocasionando rejeição de alimentos, interferindo em sistemas hormonais, inibindo a síntese proteica, bem como afetando a imunidade geral, favorecendo o aparecimento de doenças crônicas.

As micotoxinas também podem gerar problemas tecnológicos na produção de pães, pois F. graminearum modifica a pro-tease que age no glúten, resultando em pães mais pesados e menos volumosos. As sementes infectadas pelo patógeno apre-sentam qualidade inferior em relação ao poder germinativo e ao vigor. Em cevada as micotoxinas estão, diretamente relacio-nadas com o efeito “gushing” na cerveja, que é atribuído, principalmente, ao gênero Fusarium e às micotoxinas. Estas também podem acarretar problemas tecnológicos na qualidade do malte para a fabricação de cerveja, pela inibição da síntese de enzimas ou da fermentação.

As principais micotoxinas produzidas por Fusarium spp. em cereais de inverno são os tricotecenos, zearalenona (ZEA) e, com menor frequência, as fumonisinas. Dentre os tricotecenos mais importantes,

pode-se citar o deoxinivalenol (DON), o nivalenol (NIV), a toxina T2, a toxina HT2 e o diacetoxiscirpenol (DAS). A ocorrência, o tipo e a concentração de micotoxinas dependem de condições ambientais, principalmente temperatura e umidade, que variam com o ano e a espécie do pató-geno. Deoxinivalenol é a micotoxina mais comumente encontrada em grãos de trigo e de cevada.

Em vários países existem legislações quanto aos limites para micotoxinas em alimentos. No Brasil, a resolução RDC Nº 7, de 18 de fevereiro de 2011, dispõe sobre os limites máximos tolerados (LMT) para algumas micotoxinas. Os LMT para trigo e cevada foram estabelecidos conforme o ano, produto, subproduto e alimento, para aplicações em 2011, 2012, 2014 e 2016. Para aplicação em 2014 e 2016, os LMT são apresentados nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.

Como manejarAté o momento, não existem cultivares

de trigo, cevada ou triticale resistentes à giberela, tampouco manejo eficiente para o controle da doença e eliminação de micotoxinas. Para minimizar os prejuízos, o produtor pode adotar algumas medidas, tais como o escalonamento de semeadura ou semear cultivares com ciclos distintos ao espigamento. O objetivo é o escape de epidemia da doença em pelo menos parte

da lavoura, em períodos com excesso de precipitação pluvial. O tratamento quí-mico é auxiliar no controle preventivo da doença, mas, até o momento, sua eficiência não é adequada, assim como a rotação de culturas. A estratégia de manejo mais efi-ciente é o uso de cultivares que apresentem resistência moderada à giberela. Outra prá-tica é a aplicação de fungicidas orientada por condições meteorológicas (Sistema de Alerta) e o monitoramento para determi-nação de ocorrência de micotoxinas, para a identificação e segregação de lotes com níveis elevados de contaminação.

Grãos afetados na fase inicial de en-chimento são mais leves e, normalmente, descartados no processo de colheita. Já os grãos afetados em fase final de de-senvolvimento são mais pesados, sendo colhidos. Nas etapas de beneficiamento, os grãos com sintomas de giberela podem ser eliminados na limpeza com ar, peneira e mesa de gravidade.

Desta forma, para que seja possível atender às exigências da legislação e garan-tir a comercialização de alimentos seguros e com qualidade, há necessidade de ações integradas para monitoramento, manejo e controle de micotoxinas em todas as fases da cadeia produtiva.

tabela 1 – limites máximos tolerados (lmt) para micotoxinas em trigo e em cevada no Brasil, em 2014

lmt (µg/kg)20

3.0001.500

1.250

400

alimentoCereais para posterior processamento, incluindo grão de cevada

trigo em grãos para posterior processamentotrigo integral, trigo para quibe, farinha de trigo integral, farelo de trigo,

grão de cevadafarinha de trigo, massas, crackers, biscoitos de água e sal, produtos de

panificação, cevada malteadatrigo para posterior processamento

micotoxinaocratoxina a

don

Zea

tabela 2 – limites máximos tolerados (lmt) para micotoxinas em trigo e em cevada no Brasil, em 2016

lmt (µg/kg)1.000

750

100

200

alimentotrigo integral, trigo para quibe, farinha de trigo

integral, farelo de trigo, grão de cevadafarinha de trigo, massas, crackers, biscoito água e sal, produtos de panificação, cevada malteada

farinha de trigo, massas, crackers, produtos de panificação, cevada malteada

trigo integral, farinha de trigo integral, farelo de trigo

micotoxinadon

Zea

Maria Imaculada P. M. Lima eCasiane Salete Tibola,Embrapa Trigo

Grãos de trigo com sintomas de incidência da giberela em diferentes fases

Nas etapas de beneficiamento, os grãos com sintomas de giberela podem ser eliminados na limpeza com ar, peneira e mesa de gravidade

CC

11www.revistacultivar.com.br • Dezembro 2013 / Janeiro 2014

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12 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

Soja

Questão de ambiente

A expansão das fronteiras de cultivo da soja para áreas não tradicionais, como é o caso das várzeas do Rio Grande do Sul, antes destinadas quase que exclusivamente ao arroz irrigado,

aponta para a necessidade de atenção ao desempenho de cultivares e à época de realização do plantio. Materiais

semeados em coxilha e sequeiro apresentam comportamento diverso daqueles plantados em solo encharcado

Um grande número de fatores pode interferir na produtividade da cultura da soja, como clima,

manejo fitossanitário, fertilidade do solo e o ambiente em que a soja é cultivada. No entan-to, a reunião de todos estes fatores corresponde à periferia do manejo onde o ponto central é a planta e seu potencial de usar estes fatores para expressar seu potencial produtivo.

A base do cultivo da soja está, sem dúvida, na utilização das cultivares mais adaptadas ao sistema produtivo da propriedade. Diante de materiais com potenciais produtivos cada vez mais expressivos, a especificidade da região onde será cultivado passa a ser fundamental para a expressão da sua genética. Aspectos como a adaptação da cultivar à região, incidên-cia de radiação, precipitação, vento, altitude,

amplitude térmica, estabilidade produtiva, ciclo, tolerância a estresses e a doenças, re-sistência a herbicidas e a insetos devem ser levados em consideração no momento da escolha da cultivar.

Recentemente, com o avanço do cultivo da soja sobre a metade sul do estado do Rio Grande do Sul, solos historicamente destina-dos ao cultivo do arroz irrigado estão sendo cultivados com soja. Nestes solos de várzea ou também chamados de terras baixas, a soja tem surgido como alternativa para o orizicultor de diversificação de renda e manejo cultural para a monocultura do arroz até então. Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), na safra 2012/13 foram cultivados com soja mais de 250 mil hectares de área de várzea, propícia para o cultivo do arroz irrigado.

Os solos de várzea possuem características de baixa infiltração e relevo plano, tornando-os de fácil encharcamento, pois a drenagem na-tural é muito deficiente, devido à proximidade com o lençol freático. Esse cenário confere um ambiente desfavorável à cultura da soja em função do longo período alagado e, portanto, sem oxigênio. Dessa forma, a adaptação da cultivar ao ambiente em que é submetida é fundamental para se obter êxito na produção da soja.

Nesse sentido, conduziu-se um trabalho de pesquisa na cidade de São Sepé, Rio Gran-de do Sul, na safra 2012/13 objetivando avaliar o comportamento de cultivares de soja em solo de várzea e coxilha.

As duas áreas experimentais localizavam-se próximas, cerca de 300m de distância, po-rém com características de solo bem distintas e que caracterizam perfeitamente a condição de várzea e coxilha (sequeiro). Os tratos culturais realizados foram os mesmos, portanto, ava-liando apenas o efeito do ambiente de cultivo. Na várzea as cultivares foram semeadas em 14 de novembro, e na coxilha a semeadura ocorreu em 15 de dezembro. A população de plantas testada foi a mesma para todos os materiais, sendo utilizadas 15 sementes por metro de linha, e o espaçamento entre linhas foi de 0,5m.

O desempenho produtivo das 15 cultiva-res comerciais de soja nos diferentes ambientes de cultivo encontra-se na Figura 1.

O efeito do ambiente de cultivo está ligado diretamente à adaptabilidade da cultivar, prin-cipalmente no que diz respeito aos materiais com maior tolerância à hipóxia (baixo teor de oxigênio nos tecidos orgânicos). As cultivares com maiores amplitudes entre a produtividade na coxilha e várzea representam a ausência desta estratégia no desenvolvimento radicular, ficando restritas ao cultivo na primeira área. Assim, a escolha da cultivar para o ambiente de várzea mostra-se ainda mais decisiva do que para o ambiente de coxilha.

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Page 13: Grandes CUlturas - Cultivar 175

Sintomas de hipóxia em folhas (esquerda) e ponteiros (direita) de plantas de soja em várzea, São Sepé, 2013

figura 2 - Produtividade de cultivares de soja em função da data de semeadura no ambiente de várzea. são sepé/rs 2013

figura 1 - Produtividade de cultivares de soja em função do ambiente de cultivo. são sepé/rs 2013

Neste sentido, foi observada maior estabi-lidade produtiva das cultivares NS 6211 RR, NS 4823 RR, NS 7100 RR e BMX Potência RR, apresentando menor influência do am-biente na produtividade. Por outro lado, as cultivares BMX Turbo RR, V Max RR, M-Soy 8000 e Monasca foram as que apresentaram maior impacto na produtividade em função do ambiente.

Além disso, o fator época de semeadura passa a ser uma prática importante para ser levada em consideração, visto o ambiente de cultivo e o desenvolvimento das cultivares (Figura 2). Foi observado que o atraso na

semeadura proporcionou melhor incremen-to produtivo da cultura da soja, para todas cultivares. Esse resultado pode ser explicado pelas fortes chuvas que ocorreram na última quinzena do mês de dezembro de 2012. Nesse período, as plantas da soja semeadas em 14/11/2012 estavam em estádios mais adiantados, portanto, podem ter sido mais prejudicadas com o encharcamento do solo.

A partir desse trabalho, pode-se afirmar que as cultivares apresentam comportamen-tos completamente distintos em função do ambiente de cultivo, ou seja, o comporta-mento positivo na coxilha não quer dizer

que repetirá o desempenho em várzea ou vice-versa. Além disso, a época de semea-dura é chave para a expressão do potencial produtivo, devendo estar principalmente ligados a aspectos de drenagem do solo e volume de chuva previsto.

Felipe Frigo Pinto eRicardo Balardin,Univ. Federal de Santa MariaMônica DebortoliInstituto PhytusMarcelo MadalossoInstituto Phytus/URI Santiago

À esquerda cultivares de soja semeadas em área de várzea, em São Sepé, 2013 e à direita cultivos em área de coxilha/sequeiro, no mesmo município

13www.revistacultivar.com.br • Dezembro 2013 / Janeiro 2014

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Soja

Corós do malCorós são um dos grupos de pragas de solo mais diversos e bem-distribuídos nas áreas agrícolas brasileiras. Causam injúrias às sementes, plântulas e raízes das plantas, além de levar à redução

do estande e do rendimento de grãos. Para enfrentar os sérios danos provocados por esses insetos a saída reside em adotar as estratégias de manejo integrado, cuja aplicação demanda atitude

inovadora, capaz de incorporar a vasta gama de tecnologia disponível em outras áreas da agricultura

Coró é a forma larval dos inse-tos da família Melolonthidae (subfamílias Rutelinae, Dy-

nastinae e Melolonthinae). São nativos do Brasil e apresentam ampla distribuição nas áreas agrícolas. Há registros de mais de mil espécies no País, das quais perto de dez são consideradas pragas. Dentre elas, estão: Diloboderus abderus, Phyllophaga capillata, Phyllophaga cuyabana, Phyllophaga tritico-phaga, Liogenys fusca, Liogenys suturalis, Demodema brevitarsis, Paranomala testacei-pennis, Cyclocephala forsteri e Plectris pexa.

Entre os técnicos e produtores é muito rara a habilidade de distinguir estas espécies das benéficas. Mesmo havendo poucas espécies com importância econômica, são responsáveis por danos significativos às culturas e por determinarem o uso de medidas químicas de controle.

No Brasil, a importância dos corós-pra-ga tende a se acentuar, com o crescimento da agricultura, que avança sobre áreas não cultivadas ou de pastagens naturais e melhoradas. Normalmente, estas áreas têm o solo pouco mobilizado e, portanto, um

reservatório mais diverso de espécies. Em-bora em equilíbrio populacional, quando semeadas com culturas, as plantas destas áreas expressam sua suscetibilidade aos corós. Sob plantio direto este ambiente protege as populações de corós, que passam a exigir a adoção do controle químico. O controle químico deste grupo de pragas, não tem apresentado quase nenhuma inovação, seja nas formas de aplicação (no sulco ou tratamento de sementes), novas formulações, misturas inovadoras e/ou sinérgicas, ou mesmo de novas moléculas.

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maior densidade de corós). No futuro, com base em mapas de distribuição (densidade das espécies), elaborados com o uso da geoestatística e levando em consideração a dependência espacial e os semivariogra-

mas, será possível fazer mapas de manejo e planejar zonas de manejo dessas pragas, pois o conhecimento sobre a distribuição espacial é parte fundamental na elaboração de programas de manejo de corós.

níVeis de dano eConômiCo e de ControleUma vez determinada a espécie e

estimadas a densidade e a distribuição populacional, o passo seguinte é a tomada de decisão, com base nos níveis de dano econômico (NDE) e níveis de controle (NC), no entanto, os trabalhos que emba-sam o seu cálculo e estimam o NC de corós em culturas de interesse agrícola ainda são raros. O nível de dano econômico (NDE) refere-se à densidade populacional de um inseto que causa perda econômica igual ao custo de controle. Já o nível de controle (NC) é a densidade populacional em que as medidas de controle devem ser adotadas, para evitar um aumento da população da praga que poderá alcançar o nível de dano econômico.

Quando se relaciona esses conceitos ao controle de corós-praga os resultados pu-blicados são muito restritos; Silva (1995)

Neste cenário, resta melhorar o que já é conhecido sobre taxonomia e distribuição das espécies, bioecologia e comportamento dos corós, com o objetivo de qualificar o manejo com níveis de controle adequados, atualizados e flexíveis.

Como amostrarA amostragem do solo é a única forma

segura e prática de confirmar a espécie de coró, a fase que se encontra e a sua distri-buição e densidade populacional nas áreas agrícolas, além do seu potencial de dano. Há na literatura indicações do número de amostras adequado aos estudos da distri-buição destas espécies e a maior parte das recomendações indica o uso de trincheiras de aproximadamente 20cm da largura x 50cm de comprimento x 20cm a 30cm de profundidade para cada amostra. Nestas amostragens, os pontos (trincheiras) de-vem estar o mais distante possível, entre si, sem que se perca a precisão amostral. A eficácia do método de amostragem é indicada pela correta localização das re-boleiras de ocorrência da praga (zonas de

tabela 1 - inseticidas registrados para controle de corós

nome técnicofipronil + Piraclostrobina + tiofanato-metílico

Bifentrina + imidaclopridoClotianidina

fipronil + Piraclostrobina + tiofanato-metílicofipronil

imidacloprido + tiodicarbe imidacloprido

fipronilClotianidina

imidacloprido + tiodicarbe acetamipridoCarbosulfano

fipronil imidaclopridotiametoxamtiodicarbe Bifentrina fipronil

tiodicarbe

*fonte: agrofit 2013.

dose Comercial100ml/ha

0,35 - 0,7 l/100 kg semente100 ml/100 kg de semente

100 ml/ha 100 ml/100 kg de semente

0,3l/100 kg semente100 - 200 ml/100 kg de semente

40 - 80 ml/ha100 ml/100 kg de semente

0,3l/100 kg semente200 g/100 kg de semente

1 l/100 kg de semente100 - 150 ml/100 kg de semente

100 ml/100 kg de semente50 - 75 g/100 kg de semente

0,5 l/100 kg de semente1 - 1,5 l/100 kg de semente

100 g/ha 2 l/100 kg de semente

alvo Biológicolyogenis suturalis

Phyllophaga cuyabana

Phyllophaga triticophaga

diloboderus abderus

Culturasoja

soja

milho

trigo

trigo

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mapa da distribuição espacial de larvas de Phyllophaga triticophaga em lavoura de aveia. Coxilha (a) e salto do Jacuí (b), rio Grande do sul, 2010 e 2012

verificou para Diloboderus abderus o nível de controle de 5,4 larvas/m² para trigo, em condições de plantio direto no Rio Grande do Sul. Para a mesma espécie o nível de controle é de 0,5 larva/m² em milho, 12 larvas/m² em linho, 10 larvas/m² em aveia preta e 0,4 larvas/m² em girassol (Silva; Costa, 2002). Salvadori & Pereira (2006) afirmam que densidades populacionais acima de 25 corós-pragas/m² causam danos severos em trigo e aveia, com redu-ções no rendimento de grãos, superiores a 50%. Os dados destes raros trabalhos que quantificam os danos de corós em culturas graníferas permitem a realização do cálculo do NDE e a estimativa do NC.

Objetivamente, NDE e NC devem ser calculados com base em valores locais, não sendo predeterminados e fixos. O NDE é um valor complexo que depende da estimativa de alguns parâmetros, entre eles: o Custo da tática de controle/unidade de produção (C), o Valor da produção (V), o Dano por unidade de injúria (D) e em alguns casos a Eficiência de controle da tática aplicada (K). A questão-chave é ’x’ número de corós causam quanto dano? E esse dano é significativo? Essa informação é a base para as estimativas e para a tomada de decisão (NC). Assim, o valor do NDE para as espécies-praga de corós não deve ser fixo ou estático, mas sim dinâmico, ajustando-se principalmente conforme (1) a cultura; (2) a variação no valor da produ-ção e (3) o custo de controle. Entretanto, atualmente se utilizam os valores de NDE definidos no passado e em outra situação, sob uma realidade completamente distinta do cenário que hoje se encontram as prin-cipais culturas agrícolas.

Entre as diferenças, pode-se listar como mais importantes a variação dos valores

relativos ao resultado da produção, por exemplo, da cultura da soja (valor da soja x produtividade). Também se alterou o custo dos tratamentos (inseticidas), hoje reduzidos sensivelmente. Estes dois com-ponentes isoladamente alteraram, para me-nos o NC, ou seja, o número de corós por unidade de área em que se deve realizar o controle. Portanto, o NC para corós-praga de culturas graníferas, recalculado, vai ter valores menores determinando medidas de controle em níveis populacionais inferiores aos atualmente consolidados.

maneJo inteGradoO manejo de corós em grandes culturas

deve considerar a associação de estratégias de controle, buscando o Manejo Integrado, ou seja, um MIP Corós-praga – Culturas graníferas. A base deste conceito deve partir da correta e rápida identificação das espécies-praga e não pragas. Devem ser considerados, também, a biologia, a ecologia e o comportamento das espécies, apoiando as decisões de manejo e aumen-tando a sua eficácia. Por sua vez, a amos-tragem e o monitoramento das populações de corós-praga são fundamentais, já que as larvas apresentam baixa mobilidade e, portanto, há uma previsibilidade espaço-temporal e sazonalidade na sua ocorrência, sincronizada aos cultivos.

A tomada de decisão de controle deve obedecer aos níveis recalculados para os atuais parâmetros de mercado e como se tem conhecimento, o controle químico é a forma disponível mais eficaz de controle dos corós, especialmente via o tratamento de sementes. Há no Brasil uma pequena lista de inseticidas disponíveis para o controle de corós e uma severa variação de sua eficiência para as distintas espécies de corós. Estes

estudos são ainda indisponíveis, ficando somente a experiência de pesquisadores e produtores mais atentos a estas variações.

O futuro do MIP Corós-praga deve ir além e inovar, incorporando tecnologias já disponíveis e utilizadas em outras áreas da agricultura e da ciência, como: chaves vir-tuais de identificação de corós (disponíveis via internet), mapeamento georreferenciado de espécies e da densidade populacional, integração de geotecnologias (GPS e SIG), programas (softwares) de apoio à tomada de decisão no manejo, uso de imagens obtidas por satélites e/ou obtidas pela utilização de veículos aéreos não tripulados (Vants ou drones) para o registro dos danos de corós, “leitura” e utilização destes dados, para a criação de mapas com zonas de manejo. Também é necessário desenvolver semeado-ras e equipamentos de pulverização, capazes de “ler” e de aplicar os tratamentos consi-derando a heterogeneidade da distribuição e a densidade dos corós. No campo do controle, propriamente dito, é necessário o desenvolvimento de produtos biológicos de controle (especialmente à base de bactérias, fungos e nematoides), indispensáveis para ampliar as formas de controle. Também é necessário o desenvolvimento de novas moléculas químicas e o aperfeiçoamento das suas formulações, que possam ser aplicadas às sementes com eficácia e segurança, além da modificação de plantas para a resistência aos corós, que é outra possibilidade entre as formas de manejo.Jerson Vanderlei Carús Guedes,Jonas André Arnemann,Mariana Alejandra Cherman,Elder Dal Prá,Regis Felipe Stacke eArmando Falcón,Univ. Federal de Santa Maria

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O manejo de corós em grandes culturas exige a integração de estratégias de controle

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Soja

Desafios da várzeaO recente cultivo de soja em áreas antes destinadas somente à orizicultura tem

mudado radicalmente a paisagem e a matriz produtiva agrícola do sul do Rio Grande do Sul. Com vantagens importantes do ponto de vista econômico e de manejo de

daninhas como arroz vermelho, esse plantio demanda cuidados específicos e atenção a aspectos como lagartas e percevejos que afetam a cultura

A área plantada com soja tem cres-cido de forma contínua no sul do Rio Grande do Sul nos últimos

cinco anos. Em 2012 houve crescimento de aproximadamente 100 mil hectares nas áreas de lavouras de arroz da região e entre 200 mil hectares e 250 mil hectares nas áreas de pas-tagens, devido a fatores como a diversificação da produção e fuga das oscilações do preço do arroz. Para a safra 2013/2014, de acordo com a Emater, a previsão é de aumento de 6,22% em área plantada com a cultura no Estado. No entanto, a cultura da soja sofre com o excesso de água e o manejo inadequado pode colocar todo o investimento a perder.

O segredo é a drenagem das terras, de forma que a água seja controlada, pois a soja não suporta 48 horas com sua raiz na água. O plantio de soja em áreas tradicionalmente produtoras de arroz tem como vantagens o fato de que, se houver seca, a soja poderá ser

irrigada e terá sua produtividade aumentada. Além disso, o plantio da oleaginosa limpa as terras de pragas como o arroz vermelho e o preto, deixando-as aptas para novas lavouras com arroz.

Nas terras baixas, a incorporação da soja ao sistema de produção de arroz pode me-lhorar a fertilidade do solo, reduzir plantas daninhas e trazer, onde antes amplas áreas permaneciam em pousio, a possibilidade de uso agrícola e obtenção de recursos financeiros ao produtor.

A cultura da soja está sujeita, durante todo o seu ciclo, ao ataque de diferentes espécies de insetos. Embora essas pragas tenham suas populações reduzidas por predadores, parasitoides e doenças, em níveis dependentes das condições ambientais e do manejo que se pratica, quando atingem populações eleva-das, capazes de causar perdas significativas no rendimento da cultura, necessitam ser

controladas. A lagarta-elasmo ou broca-do-colo (Elas-

mopalpus lignosellus) é um dos exemplos. Este inseto prefere solos arenosos, sendo maior o problema em anos secos. As lagartas são pequenas (±2cm) e penetram na planta logo abaixo do solo. A planta morre ou fica debilitada resultando em falhas no estande. Nas últimas safras tem se verificado maior ocorrência de elasmo em soja, ocasionando falhas no estande de plantas, principalmente quando o plantio é realizado em 15 de novem-bro, com baixa umidade do solo e elevação da temperatura.

A broca-das-axilas (Crocidosema aporema) é uma lagarta muito pequena (±1cm) que une os folíolos e penetra no caule, causando desenvolvimento anormal e morte de plantas. As cultivares de ciclo tardio são mais afetadas que as de ciclo precoce. A grande dificuldade de controle está no fato de o inseticida não

Lanzetta

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21www.revistacultivar.com.br • Dezembro 2013 / Janeiro 2014

possivelmente, em muitos casos seriam neces-sárias doses maiores para controlar as lagartas falsa-medideira e Spodoptera eridania do que para controlar a lagarta-da-soja.

A sobrevivência de lagartas desses dois grupos demanda outras aplicações, que acabam por pressionar ainda mais a espécie mais suscetível às doses utilizadas e, portanto, contribuem para a redução da proporção de lagarta-da-soja (menos tolerante a inseticidas) no total de lagartas.

alerta Para HeliCoVerPa armiGeraMais recentemente a ocorrência de lagar-

tas da subfamília Heliothinae, que atacam culturas de importância agronômica como soja, algodão, milho, feijão e tomate, tem causado grande preocupação aos produtores, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Sul do Brasil (Ávila et al, 2013). No Rio Grande do Sul não foi relatada a ocorrência de H. armigera. No entanto, esse é um problema que pode surgir a qualquer mo-mento, considerando-se as áreas de fronteira e a grande mobilidade do inseto. Foram observa-das causando danos nessas culturas Heliothis virescens (Fabricius), Helicoverpa zea (Boddie) e Helicoverpa armigera (Hübner). H. armigera é uma espécie que até pouco tempo era consi-derada praga quarentenária A1 no Brasil, mas que foi recentemente detectada nos estados de Goiás, Bahia e Mato Grosso, associada às culturas do algodão e soja, tratando-se do

primeiro registro de ocorrência no continente americano (Czepak et al, 2013).

Em relação aos percevejos, pelo menos 15 espécies da família Pentatomidae são registradas como sugadoras, sendo que as es-pécies Nezara viridula (L.), Piezodorus guildinii (Westwood) e Euschistus heros (Fabricius) são as mais importantes do complexo de percevejos-pragas da soja.

N. viridula e E. heros estão também associadas ao milho, causando danos seme-lhantes aos de Dichelops melacanthus. Estes percevejos têm aumentado sua população a cada ano, com ocorrência em todas as épocas de plantio de milho, requerendo, muitas vezes, tratamento com inseticidas nas sementes e pulverizações foliares para redução de danos.

Houve mudanças na ocorrência de espé-cies em comparação ao registrado na década de 1970. Nessa época, em alguns municípios do Rio Grande do Sul, N. viridula, E. meditabunda e P. guildinii eram as espécies mais frequentes, embora Link (1979) tenha verificado que E. heros estava adaptando-se à cultura da soja.

A mudança no cenário de ocorrência de pragas está relacionada às praticas inadequa-das de manejo, tais como: falta de amostragem de pragas (população e localização); falta de conhecimento e consideração das fases mais sensíveis da cultura; utilização do “cheirinho” com inseticidas de amplo espectro, após a emergência da soja; desconhecimento das es-pécies de lagartas-da-soja; erros na identifica-ção das espécies-praga, implicando equívocos nas doses dos inseticidas e escape das espécies mais tolerantes; pulverização de inseticida junto com a aplicação de herbicidas, portanto “fora” do momento populacional adequado, determinando a perda de ação do produto antes dos picos de lagartas; pulverização de in-seticidas junto com a aplicação de fungicidas, portanto, uma aplicação muitas vezes tardia para percevejos e ácaros; utilização de doses elevadas, com efeito negativo sobre inimigos naturais; emprego de doses insuficientes para a praga-alvo, permitindo sua sobrevivência, novo crescimento e reinfestação; erros na escolha de inseticidas para as pragas-alvo mais importantes.

atingir o alvo biológico.A lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

é encontrada em todos os locais de cultivo, sendo o desfolhador mais comum da soja no Brasil. Costuma atacar as lavouras a partir de novembro, nas regiões ao norte do Paraná, e a partir de dezembro a janeiro no Sul do país, podendo causar desfolhamento, que pode chegar a 100%. A lagarta apresenta coloração geral verde, com estrias longitudinais brancas sobre o dorso. Em condições de alta popula-ção ou escassez de alimento, torna-se escura, mantendo as estrias brancas.

A falsa-medideira (Pseudoplusia includens) locomove-se medindo palmos. Não consome as nervuras e é de difícil controle, sendo já registrados casos de resistência. Temperaturas elevadas, acima de 30°C, e umidade abaixo de 60%, aumentam a evaporação dos produtos químicos, dificultando o controle.

Nos últimos anos tem se verificado maior ocorrência de um complexo de lagartas do gê-nero Spodoptera, que se alimentam de vagens, grãos e folhas e podem cortar as plantas ao nível do solo, além do aumento da população e da importância das lagartas falsa-medideira e das lagartas-pretas e redução da população de lagarta-da-soja (que acumulava décadas de predomínio na soja brasileira).

No Rio Grande do Sul, nas safras 2007/08 e 2008/09, entre as lagartas falsa-medideira já havia sido constatada a predominância de Rachiplusia nu, sobre Pseudoplusia includens, que se esperava que fosse a mais comum (Guedes et al, 2010). Tais alterações apon-tam para a sobrevivência das lagartas mais tolerantes aos inseticidas usados em soja e,

Ana Paula S. Afonso da Rosa,Embrapa Clima Temperado

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Euschistus heros está entre as espécies de percevejo mais importantes em soja

A lagarta da soja ataca as lavouras do Sul do País no período de dezembro a janeiro

Também conhecida como broca-do-colo, praga penetra na planta logo abaixo do solo, levando-a à morte ou à debilidade

A lagarta-elasmo prefere solos arenosos, sendo maior o problema em anos secos

Fotos Ana Paula S. Afonso da Rosa

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22 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

Capa

Mistura viávelMundialmente reconhecida como nociva a tiririca provoca danos severos a diversas culturas

comerciais. Em milho, a aplicação de herbicidas para o controle é uma das principais estratégias, porém existem limitações em relação a indicações de uso e cultivares empregadas

no plantio. Uma das ferramentas eficientes no controle químico reside no emprego de mesotrione + atrazina, pela capacidade de inviabilizar os tubérculos dessa planta daninha

Tiririca, cipó-de-uma-só-cabeça, tiririca-amarela, junquinho, junca, capim-de-cheiro, chufa,

pelo-de-sapo, tiririca do brejo, capim-botão, cortadeira, capim-santo, manubre, capim-dandá, alho, junça aromática (Brasil), cebolita (Argentina), coquito (Colômbia), cipero (Itália), cebollín (México), nutgrass, yellow nutsedge (Estados Unidos), são de-nominações populares para as mais diversas plantas da família Cyperaceae, abrangendo o gênero Cyperus, dentre as quais, a planta daninha considerada mundialmente a mais nociva para as culturas: Cyperus rotundus L. (Holm et al, 1991).

Cyperus rotundus é uma planta originária da Índia de distribuição cosmopolita, cresce nas mais diversas condições edafoclimáticas, com maior relato mundial de ocorrência como planta daninha, só não ocorre nas re-giões com baixas temperaturas ou alagadas. No Brasil ocorre em todos os estados, sendo considerada em muitos agroecossistemas como a principal planta daninha.

É uma planta perene herbácea com o ciclo fotossintético C4, ereta de caule trian-gular, medindo de 10cm a 60cm de altura, folhas brilhantes de coloração verde-escuro medindo de 5cm a 12cm, basais glabras

menores que o caule medindo de 10cm a 30cm de comprimento por 3mm a 6mm de largura, inflorescências terminais em umbelas compostas com muitas espiguetas de coloração marrom. Produz rizomas e tubérculos considerados estimulantes e afrodisíacos (Lorenzi, 2008).

Nesta espécie, a sua principal propaga-ção é pelos dissemínulos assexuados, bulbos basais, rizomas, tubérculos. Já a reprodução sexual através das sementes é responsável por apenas 5% da sua proliferação, podendo permanecer dormentes por vários anos, Holm et al (1991) citam viabilidade destas após 12 anos.

Rochecouste (1956) pesquisou a pro-dução de tubérculos da tiririca na região tropical na cultura cana-de-açúcar, em três condições distintas de pluviometria anual: subúmido (<1.250mm), úmido (1.250 a 2.500mm) e superúmido (>2.500mm), não determinou tubérculos abaixo de 45cm de profundidade e independentemente da condição climática, a produção dos tubér-culos foi beneficiada pela condição úmida, podendo atingir 30 toneladas por hectare, a sua maioria presentes na camada mais superficial de 0-15cm do perfil do solo.

Estes resultados confirmam os obtidos

por Andrews (1940) que também determi-nou que o sistema radicular concentra-se principalmente na camada de 0cm-15cm em solos menos permeáveis e com baixo teor de matéria orgânica e de caráter alcalino, porém, para solos mais estruturados onde a drenagem é maior, os tubérculos podem se concentrar em uma faixa mais profunda, até 1,5m de profundidade do perfil do solo.

Outro trabalho relevante, com o mesmo atributo dos citados, qualificando a tiririca como uma espécie vegetal de extraordinária capacidade de se reproduzir assexuada-mente pelos tubérculos é descrito por Rao (1966). O autor observou que de apenas um tubérculo pode-se originar outros 99, em apenas 90 dias, indicando também que em condições normais de cultivo se localizam preferencialmente em uma camada mais profunda do solo, quando comparados com áreas sem cultivo.

Desta forma, pode-se dizer que a Cyperus rotundus apresenta características extraordinárias que a qualificam como uma planta especial, com grande capacidade de ocupar com eficiência e colonizar os mais diversos nichos ecológicos, notoriamente aqueles onde há intensa movimentação do solo através do manejo para o plantio

Mundialmente reconhecida como nociva a tiririca provoca danos severos a diversas culturas comerciais. Em milho, a aplicação de herbicidas para o controle é uma das principais

estratégias, porém existem limitações em relação a indicações de uso e cultivares empregadas no plantio. Uma das ferramentas eficientes no controle químico reside no emprego de

mesotrione + atrazina, pela capacidade de inviabilizar os tubérculos dessa planta daninha

Mistura viável

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11www.revistacultivar.com.br • Setembro 2013

O mesotrione, (2-(4-mesyl-2-nitroben-zoyl)cyclohexane-1,3-dione), solubilidade de 168,7mg/L; pKa 3,07; tem como me-canismo de ação interferir na biossíntese de carotenoides, pela inibição da enzima hidroxifenil-piruvato-dioxigenase, acarre-tando um estresse oxidativo e destruição das membranas celulares levando as plantas sensíveis à morte. No Brasil é indicado para aplicação como pós-emergente na cultura do milho (Rodrigues & Almeida, 2011).

Atrazina: 6-chloro-N2-ethyl-N4-iso-propyl-1,3,5-triazine-2,4-diamine, solubi-lidade (H2O) 33mg/L; pKa 1,7; tem como mecanismo de ação interferir na biossíntese – fotossistema II, levando as plantas sensí-veis à morte.

(arações e gradagens) que destroem a popu-lação florística original, favorecendo, assim, a germinação dos tubérculos da tiririca que, não encontrando outras populações, dominam a área.

Neste caso, sob a visão agronômica, pode-se dizer que, dentre todas as carac-terísticas da tiririca a principal seja o efeito deletérico de sua convivência no desenvol-vimento e na produção das mais diversas culturas, pois não há nenhum trabalho científico que, avaliando qualquer parâme-tro mensurável, demonstre que a presença da tiririca favoreça o desenvolvimento de qualquer cultura agrícola.

A Tabela 1 comprova o efeito negativo desta convivência para algumas culturas.

Observa-se na Tabela 1 que nas culturas de algodão, arroz, feijão e cana-de-açúcar a presença da tiririca é altamente preju-dicial, ocasionando perdas em até 96% na

produção. A tiririca também pode afetar a produção da cultura de milho.

Nos cultivos comerciais de milho o uso de herbicidas é um método de controle (químico) muito utilizado, porém, seu em-prego para o controle de Cyperus rotundus nesta cultura é muito restrito, quando há indicação de uso, há limitações quanto à cultivar, como é o caso da aplicação das imidazolininas.

Desde o seu lançamento, observa-se em condições de campo que os herbicidas do grupo das triketonas, notoriamente o mesotrione, quando aplicados em conjunto com o herbicida atrazina, causam injúrias na tiririca, caracterizada por um forte bran-queamento.

figura 3 - severidade da mancha de Cercospora e incidência de folhas com sintomas de deficiência de nitrogênio no milho, após alternância com diferentes culturas, em Capão Bonito, durante a safra de verão 2011/12

figura 4 - Produtividade de grãos do milho, após alternância com diferentes culturas, em Capão Bonito, durante a safra de verão 2011/12

tabela 1 - efeito da convivência da Cyperus rotundus sobre a produção de algumas culturas

fonteBlanco et al, 1986

Burga & tozani, 1980lorenzi, 1983, 1991

William, 1973

Culturaalgodão

arrozCana-de-açúcar

feijão

% de perda49 a 80

9625 a 3150 a 80

Testemunha, sem capina, com infestação intensa de Cyperus rotundus em área de cultivo de milho

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26 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

No Brasil estes herbicidas são indicados para aplicação como pós-emergentes na cultura do milho (Rodrigues & Almeida, 2010).

Blanco et al 2010 e 2012, realizaram en-saios de campo e em casa de vegetação para avaliar a mistura dos herbicidas mesotrione mais atrazina para o controle da Cyperus rotundus na cultura de milho.

os exPerimentosForam realizados dois experimentos.

O ensaio 1 trata-se de um experimento de campo, em área agrícola comercial, com milho cultivar AG-4051, onde foi observado em média aproximadamente mil manifestações epígeas da tiririca por metro quadrado.

A Tabela 2 descreve os tratamentos e o intervalo entre as aplicações.

Na área do experimento de campo foram coletados tubérculos da tiririca e colocados para germinar em bandejas para realização do segundo ensaio.

aValiação de HerBiCidas soBre CyPerus rotundusApós a última aplicação aos 34 DAP

foram realizadas cinco avaliações utilizando um quadro de amostragem (0,5m x 0,5m), recenseando visualmente a porcentagem de

sal de tetrazólio, colocado em BOD a 30°C por 1,5 hora, sendo considerados viáveis os que apresentavam coloração rosa.

Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F (≤ 5%), quando significativos, as médias foram comparadas pelo teste de médias t (5%).

resultados e disCussãoO controle da tiririca em relação aos

tratamentos com os herbicidas, correspon-dente ao Ensaio 1, descritos na Tabela 2, é apresentado na Tabela 3.

Observa-se na Tabela 3 que aos 54 DAP, em todos os tratamentos o controle em porcentagem da tiririca variou de 7,5% a 98,75%.

Considerando 80% de controle o ín-dice mínimo aceitável para C. rotundus, observa-se que este valor foi superado nos tratamentos 4 e 5, em todas as avaliações, a partir de 54 DAP até o final do ensaio em 92 DAP, atingindo valores de controle acima de 92% e em algumas ocasiões pró-ximos a 100%.

Os outros tratamentos não conseguiram controlar com eficiência a tiririca. Mesmo nos tratamentos 2 e 3, em que foram realizadas duas aplicações sequenciais, o controle foi insatisfatório atingindo no máximo 42,5%, abaixo do índice mínimo

tabela 2 - descrição dos tratamentos

segunda 24 daP

384 + 1000192 + 1000192 + 1000192 + 1000

------

tratamentos1

1. mesotrione4 + atrazina5

2. mesotrione + atrazina3. mesotrione + atrazina4. mesotrione + atrazina5. mesotrione + atrazina6. testemunha capinada

7. testemunha sem capina

Primeira 14 daP384 + 1000384 + 1000384 + 1000384 + 1000192 + 1000

------

terceira 34 daP

192 + 1000192 + 1000

------

seqüência das aplicações, daP2 e doses3

(1) em todos foi adicionado 0,5% (v/v) de Áureo. (2) daP: dias após o plantio. (3) ingrediente ativo - g.ha-1. (4) Callisto: suspensão concentrada contendo 480g de mesotrione por litro do produto formulado. (5) atrazinax 500: suspensão concentrada contendo 500g de atrazina por litro do produto formulado

cobertura, da população de tiririca aos 54 DAP, 63 DAP, 76 DAP e 92 DAP. Assim foi avaliada a ação dos herbicidas, obtendo a porcentagem de controle dos tratamentos, pela comparação com a testemunha sem capina (Tabela 3).

O ensaio 2 foi realizado em casa de vegetação: 20 tubérculos foram plantados em bandejas plásticas contendo 2kg de mistura de composto, adubado e irrigado convenientemente e mantidos em condições adequadas de umidade e temperatura para o crescimento e desenvolvimento ativo dos tubérculos de Cyperus rotundus.

Após 195 dias nestas condições as bandejas foram consideradas parcelas e submetidas a tratamentos idênticos com o mesmo intervalo entre as aplicações, descri-tos na Tabela 2, à exceção do tratamento 7 (testemunha sem capina).

O efeito dos tratamentos sobre os tubér-culos de C. rotundus foi realizado à época correspondente a dez dias após a última aplicação da sequência dos tratamentos (Tabela 2). Em cada bandeja/tratamento foram separados tubérculos, avaliando a sua viabilidade pelo teste de tetrazólio.

Para a realização deste teste foram separados 40 tubérculos em cada bandeja/tratamento. Foram cortados no sentido lon-gitudinal, embebidos em solução de 0,1% de

Controle efetuado com herbicidas em área demilho com a presença de plantas daninhas de tiririca

Condição inicial da infestação de tiririca em área cultivada com milho

Page 27: Grandes CUlturas - Cultivar 175

de controle (80%). Os tratamentos 4 e 5 foram os que

tiveram três aplicações seguidas, diferindo apenas na concentração da dose da primeira aplicação. No tratamento 4 foi aplicado o dobro em relação ao tratamento 5. Ambos apresentaram controle efetivo da tiririca e, desta forma, mostraram que três aplicações sequenciais foram eficientes para o controle da C. rotundus.

Durante o ensaio foi observado, em algumas ocasiões, fitotoxicidade na cultura do milho, caracterizada como mediana e todos os tratamentos com herbicidas afe-

tabela 3 - efeito dos tratamentos sobre a infestação de C. rotundus na cultura do milho, em aplicação em área total em pós-emergência. dados médios de quatro repetições

636,2527,5033,7597,5094,75

tratamentos

12345

547,5032,5042,5098,7596,50

766,2526,2532,5096,7592,25

Controle da infestação (%) - % de contole

9210,0027,5040,0099,5093,75

daP

tabela 4 - teste de médias t(5%) avaliando o número de tubérculos viáveis, em função dos tratamentos. dados transformados em √x+1, médias de três repetições

tratamentos12345

6 (testemunha capinada)dms

tubérculos viáveis (n)1,792 b (1)

1,656 b1,000 b1,000 b1,334 b4,103 a0,9294

taram significativamente (5%) a produção do milho verde colhido aos 92 DAP (dados não apresentados).

Nas avaliações da ação dos tratamentos sobre os embriões dos tubérculos da tiri-rica (Ensaio 2), submetidos aos mesmos tratamentos do ensaio de campo e análise da variância significativa (5%), o des-membramento dos tratamentos avaliando a média de tubérculos viáveis pelo teste de média t(5%) se encontram descritos na Tabela 4.

Na Tabela 4 observa-se que a média de tubérculos viáveis demonstrou diferença significativa para todos os tratamentos com herbicidas independentemente do manejo utilizado, uma, duas ou três aplicações sequenciais, quando comparados com a testemunha que teve um valor maior.

Estes resultados demonstram que a aplicação da mistura dos herbicidas teve a capacidade de inviabilizar os tubérculos de tiririca, uma informação muito relevante para o controle desta planta daninha.

ConClusãoConclui-se que a mistura dos herbicidas

mesotrione mais atrazina é capaz de contro-lar e reduzir significativamente a viabilidade de tubérculos de C. rotundus.

Teste de tetrazólio: coloração vermelha tubérculo viável, sem coloração embrião morto

Flávio Martins Garcia Blanco e Daniel Andrade de S. Franco, Instituto Biológico de São Paulo Carlos Antonio Burga, AgrotecCC

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28 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

Milho

Rotação interativaRotacionar o cultivo de milho com soja e trigo contribui para redução da severidade das

manchas foliares de Cercospora spp. e de Bipolaris maydis, o que consequentemente resulta em aumento de produtividade. Contudo, não se pode ignorar as interações provocadas por

fatores ambientais como umidade do ar e níveis de nitrogênio do solo

A rotação de culturas é uma im-portante medida no manejo in-tegrado de doenças, sobretudo no

sistema plantio direto. Esta técnica consiste em alternar diferentes espécies vegetais em uma mesma área agrícola por, pelo menos, um ano. Além de auxiliar a preservar o solo, favorecendo o incremento da produtividade das culturas, quanto ao controle de doen-ças, a rotação evita a proximidade entre os propágulos de patógenos, agentes causais de doenças, presentes nos restos culturais do solo, e as espécies vegetais hospedeiras, redu-zindo, deste modo, as chances de inoculação das plantas pelos patógenos que sobrevivem nestes resíduos. Ao mesmo tempo, com menor possibilidade de atingir as plantas hospedeiras, os patógenos vão gradativamente perdendo a viabilidade durante a decomposição destes restos culturais.

O agricultor, muitas vezes, encontra dificuldade em implantar a rotação, optando por uma determinada cultura em função da previsão de melhores oportunidades de

comercialização do produto final naquele ano agrícola. Desta forma, na maioria das regiões produtoras de milho safrinha, predomina o cultivo contínuo de soja no verão e milho safrinha no outono-inverno, há mais de uma década, sendo o milho a única cultura utiliza-da no verão para sucessão com a soja, ou seja, em alguns anos ocorre também a semeadura do milho no verão antecedido ou seguido de milho safrinha.

A eficácia da rotação de culturas, usada integradamente com as outras medidas de controle, tem sido claramente demonstrada para a redução da severidade de doenças em outras culturas, como, por exemplo, os cereais de inverno. Porém, sua potencialidade de uso em milho no Brasil ainda não tem sido devi-damente quantificada, conforme ressaltam Reis et al (Manual de Diagnose e Controle de Doenças do Milho, 2004).

Em outros países, a redução da severidade da mancha de Cercospora, sob rotação, foi constatada por vários autores, embora não tenham avaliado o efeito na produtividade do

milho (Nazareno et al, Pl. Disease, v.77, n.1, p.67, 1993; Ringer & Grybauskas, Pl. Disease, v.79, n.1, p.24, 1995). Na África do Sul, Smit & Flett (South Afr. J. of Pl. and Soil, v.17, n.3, p.143, 2000) concluíram que a alternância da cultura de milho com soja não é efetiva para controlar a cercosporiose sob condições epidêmicas. Estes autores, todavia, estudaram sucessão e não rotação de culturas.

efeito da rotação deCulturas soBre o milHoCom o objetivo de quantificar o efeito

desta prática cultural no controle das doenças foliares de ocorrência natural e na produtivi-dade do milho foram realizados experimentos de campo durante três cultivos sucessivos, safra 2010/11, safrinha 2011 e safra de verão 2011/12, em dois ambientes de produção no estado de São Paulo: Palmital (altitude de 508m) e Capão Bonito (altitude de 705m).

Os tratamentos incluíram as culturas de soja e milho, na safra de verão, e de trigo e milho safrinha, na safra de outono-inverno.

Page 29: Grandes CUlturas - Cultivar 175

(Cercospora spp.), em pequena severidade, nas folhas do baixeiro do milho, próximas ao solo, quando as plantas se apresentavam no início do estádio de grãos leitosos, sendo a severidade das doenças menor no milho em sucessão à soja que após o milho (Figura 1).

Estas doenças foram, provavelmente, cau-sadas a partir de inóculo do patógeno oriundo dos restos culturais do milho da safra anterior, presentes na superfície do solo das parcelas sob monocultura do milho. Em Capão Bonito, o milho safrinha 2011 foi destruído por geadas

Utilizou-se o sistema de plantio direto na palha e o híbrido de milho 2B710 Hx. A severidade das doenças de ocorrência natural no milho foi estimada com auxílio da escala diagramática Agroceres, através de notas de 1 a 9, correspondendo a 0; 1; 2,5; 5; 10; 25; 50; 75 e mais de 75% de área foliar afetada. Quando se realizaram avaliações sequenciais da mesma doença no experimento, foi calcu-lada a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) para representar a severi-dade daquela doença.

Em Capão Bonito, onde foram obser-vados sintomas de deficiência de nitrogênio nas folhas inferiores das plantas de milho, foi realizada a contagem do número de folhas com os referidos sintomas, em dez plantas por parcela.

BenefíCios no maneJo Durante a safrinha 2011, em Palmital,

onde predominou ambiente com pouca umidade, foi possível observar as manchas de Bipolaris (Bipolaris maydis) e de cercospora

figura 1 - severidade das manchas de Bipolaris maydis e de Cercospora no milho, após alternância com diferentes culturas, em Palmital durante a safrinha 2011

figura 2 - severidade das manchas de Bipolaris maydis e de Cercospora no milho, após alternância com diferentes culturas, em Palmital, durante a safra de verão 2011/12

Page 30: Grandes CUlturas - Cultivar 175

30 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

antes da quantificação de doenças.Na safra de verão 2011/12, em Palmital,

o clima foi bastante seco, desfavorecendo o desenvolvimento de epidemias de doenças. Apenas quando já se apresentavam no estádio de grãos farináceos a duros, após a ocorrência de curto período de chuvas, foi possível veri-ficar no milho, após trigo, severidade menor das manchas de Bipolaris e de Cercospora que em monocultura. Nas parcelas que permane-ceram sem cultivo do milho durante as duas safras anteriores, isto é, com rotação por um ano agrícola (soja-trigo-milho), houve ausên-cia das doenças (Figura 2).

No terceiro cultivo em Capão Bonito, safra de verão 2011/12, onde predominou o clima chuvoso, ocorreu, no milho, a mancha de Cercospora. Provavelmente pelo ambiente propício, com chuvas intensas e constantes, proporcionando umidade elevada, o desen-volvimento desta doença teve alta severidade, sobretudo nas parcelas em sucessão ao milho da safrinha 2011. Os resultados das avaliações da cercosporiose no milho, quando as plantas se apresentavam no estádio de enchimento de grãos e quando atingiram o estádio de grãos pastosos, estão representados pela área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) na Figura 3.

Houve grande redução da severidade da mancha de Cercospora no milho, neste local, durante o terceiro cultivo, causado pelo plantio anterior (safrinha 2011) do trigo, em comparação ao do milho, de forma semelhante ao ocorrido em Palmital (Figura 3). Por outro lado, a doença foi mais severa neste terceiro cultivo quando o primeiro (safra 2010/11) foi soja e não milho. Buscando explicar a causa deste resultado, observou-se, também, que ocorreram sintomas foliares de deficiência de nitrogênio no milho, que foram mais acen-tuados nas parcelas em que, inversamente, o primeiro plantio foi milho e não soja (Figura 3). Sabe-se que o nitrogênio pode favorecer

o desenvolvimento da cercosporiose, entre outras doenças, conforme já constatado por Caldwell et al (Pl. Disease, v.86, n.8, p.859, 2002) e Okori et al (Eur. J. of Pl. Pathology, v.110, n.2, p.119, 2004).

Provavelmente, as chuvas intensas ocorri-das em Capão Bonito, no terceiro cultivo, fa-voreceram a lixiviação do nitrogênio, e o maior nível deste elemento, nas parcelas em rotação com soja, pode ser explicado pela presença do nitrogênio residual, fixado pelo cultivo da soja, em seus restos culturais, conforme citam Mascarenhas et al (Nucleus, v.8, n.2, p.15, 2011). Nas parcelas após trigo e milho, ao contrário, deve ter havido imobilização do nitrogênio durante a decomposição das palhas destas culturas, que são resíduos vegetais ligni-ficados, segundo referência de Franchini et al (Informações econômicas, n.134, 2011).

inCremento na ProdutiVidadeA produtividade na safra de verão 2011/12

em Palmital foi baixa devido à seca, não ocorrendo diferenças significativas entre os tratamentos.

Já em Capão Bonito, sob ambiente chuvoso, observou-se nitidamente a influ-ência da interação de dois fatores, causados pelas safras anteriores, na produtividade do milho na terceira safra: oferta de nitrogênio às plantas e severidade da cercosporiose. A produtividade foi maior nas parcelas em que o primeiro cultivo foi soja e não milho, com tendência de maiores médias onde foi feita, verdadeiramente, a rotação de culturas (soja-trigo-milho) (Figura 4).

Embora o cultivo da soja, no primeiro plantio, também tenha proporcionado au-mento da severidade da cercosporiose no terceiro, tanto com milho como com trigo na safrinha 2011; quando se utilizou a rotação soja-trigo-milho, houve interação dos efeitos principais de menor carência de nitrogênio, conferido pela soja, e de menor severidade da doença, acarretado pelo trigo, proporcionando os melhores resultados de produtividade na safra 2011/12.

A rotação da cultura do milho com soja e trigo contribui para a redução da severidade das manchas foliares de Cercospora spp. e de Bipolaris maydis no milho e para o aumento da produtividade da cultura, mas variações nos fatores ambientais, como umidade do ar e níveis de nitrogênio do solo, também in-fluenciam muito a severidade das doenças e a produtividade, podendo alterar grandemente esta relação.

Gisèle Maria Fantin, Instituto BiológicoAildson Pereira Duarte, Instituto AgronômicoVera Lúcia H. Paes de Barros, Apta Regional

Sintomas da mancha de Bipolaris maydisem folha de milho afetada pela doença

figura 3 - severidade da mancha de Cercospora e incidência de folhas com sintomas de deficiência de nitrogênio no milho, após alternância com diferentes culturas, em Capão Bonito, durante a safra de verão 2011/12

figura 4 - Produtividade de grãos do milho, após alternância com diferentes culturas, em Capão Bonito, durante a safra de verão 2011/12

CC

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Page 32: Grandes CUlturas - Cultivar 175

32 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

Milho

Sucessão exigenteO milho utilizado em rotação com outras culturas representa ferramenta importante no manejo de nematoides. Contudo, antes de adotar essa estratégia o agricultor precisa

saber qual espécie ocorre em sua área de cultivo, que perdas causam à cultura que será implantada na área e o tipo de resistência que o milho oferece a esses fitoparasitas

O milho é uma cultura extrema-mente versátil, razão pela qual ocupa grandes extensões do

Brasil. As principais vantagens da cultura são: 1) seus grãos são utilizados para várias finalidades; 2) é produto facilmente comercia-lizado; 3) há centenas de cultivares e híbridos disponíveis. Além disso, o milho é resistente a algumas das principais espécies de fitone-matoides que ocorrem no Brasil: Heterodera glycines, Rotylenchulus reniformis, Meloidogyne hapla e Ditylenchus dipsaci. Portanto, o milho é extremamente valioso como cultura de rotação ou de sucessão para o controle dessas quatro espécies. Como reverso da moeda, é suscetível a quatro outras espécies de grande importân-cia: Pratylenchus brachyurus, P. zeae, P. jaehnie Meloidogyne incognita. Para completar o cená-rio, sabe-se que vários híbridos (20%-30% do total) são resistentes a Meloidogyne javanica.

No Brasil, os nematoides que causam mais perdas à soja são Heterodera glycines, Pratylen-chus brachyurus, Meloidogyne javanica, M. in-cognita e Rotylenchulus reniformis. Do ponto de vista meramente nematológico, o milho pode ser utilizado sem restrições para o controle do

nematoide de cisto da soja (H.glycines), pois todas as cultivares e todos os híbridos são resistentes, causando a redução populacional desse nematoide. A propósito, todo sojicultor sabe que a rotação ou a sucessão com milho constitui-se em efetivo método de controle de H. glycines. A mesma recomendação é válida para o nematoide reniforme (R. reniformis), cuja importância ainda é pequena, mas cres-cente para a soja.

A base do controle de H. glycines e R. reniformis em soja tem sido o uso de culti-vares resistentes. No entanto, a rotação ou sucessão com milho são também medidas de grande valor, como alternativas ou complementos às cultivares resistentes: no primeiro caso, quando as cultivares resistentes disponíveis não são adequadas ao local, no segundo, quando se deseja um efeito aditivo.

Antes da detecção do nematoide de cisto no Brasil, em 1992, a espécie que causava mais preocupação entre os soji-cultores era M. javanica, o nematoide das galhas mais comum em soja. Atualmente, a importância de M. javanica é conside-

ravelmente menor que há 20 anos, em grande parte devido ao estabelecimento do nematoide de cisto e do nematoide das lesões como as espécies mais daninhas à soja no Brasil. Além disso, o controle do nematoide foi muito aperfeiçoado, com o desenvolvimento e a oferta comercial de muitas cultivares de soja resistentes ou moderadamente resistentes. Por fim, uma ação involuntária do agricultor provavel-mente teve uma grande contribuição para o controle de M. javanica: o uso do milho como safrinha após a soja. O papel do milho está relacionado ao fato de que 20%-30% dos híbridos atualmente comercializa-dos no Brasil são resistentes a M. javanica. Os demais híbridos são, em sua maioria, moderadamente resistentes. Poucos são suscetíveis. Neste artigo, são chamadas de plantas resistentes aquelas com fator de re-produção (FR = relação entre a população final e a população inicial) menor que 1, ou seja, que causam a redução populacional do nematoide. Plantas moderadamente resistentes apresentam FR entre 1 e 5, e plantas suscetíveis, FR>5.

Rosangela Aparecida da Silva

Page 33: Grandes CUlturas - Cultivar 175

resistência do milho ao nematoide (suscetí-vel ou moderadamente resistente).

milHo em suCessão Com feiJoeiroOs nematoides que ocorrem na cultura

do feijão são os mesmos da soja, portanto, as recomendações ao utilizar milho como cultura de rotação são as mesmas listadas para a soja. Porém, há diferenças na importância das es-pécies de nematoides. Em feijoeiro, as espécies que causam as maiores perdas são M. javanica e M. incognita.

Porém, é necessário se assegurar da identidade da espécie de Meloidogyne. Com menor frequência, outra espécie de nematoide das galhas ocorre em soja: M. incognita. No Brasil, não existem híbridos de milho resistentes nem moderadamente resistentes a M. incognita. Portanto, se a espécie de Meloidogyne presente for M. incognita, o milho causará grande aumento da sua densidade e, como consequência, das perdas em soja.

Não há híbridos de milho resistentes

a P. brachyurus, porém, existem alguns com moderada resistência (FR entre 1 e 5). Vários agricultores fazem a sucessão soja-milho em locais infestados com P. brachyurus, mas devem estar cientes do risco de perdas em soja, que somente deve ser aceito se a perspectiva de renda proporcionada pelo milho for realmente muito positiva. Também é preciso levar em conta a densidade de P. brachyurus (o risco é maior a partir de valores superiores a 200 espécimes por 200cm3 de solo) e o grau de

À esquerda efeito da rotação com milho no controle de Rotylenchulus reniformis em algodão: sem rotação (lado esquerdo das estacas) e com rotação (lado direito) e à direita situação singular de danos causados por P. brachyurus em algodão (amarelecimento e desfolha), em área de sucessão com milho

Guilherme Asmus Rosangela Aparecida da Silva

Page 34: Grandes CUlturas - Cultivar 175

34 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

Danos causados por Meloidogyne javanica em beterraba (galhas no hipocótilo e nas raízes)

milHo em rotação ou suCessão Com alGodoeiroNo Brasil, os nematoides que causam

mais perdas ao algodoeiro são M. incognita e R. reniformis. Tendo em vista que o milho é suscetível à primeira espécie e resistente à segunda, não deve ser utilizado em rotação ou sucessão com algodoeiro em locais infestados por M. incognita, porém é altamente recomen-dável no controle de R. reniformis. No caso de infestações mistas, a decisão pelo uso do milho deve ser tomada com base na densidade de M. incognita, pois é a espécie com maior potencial de causar perdas ao algodoeiro. Se a densidade de M. incógnita for maior que 100 espécimes por 200cm3 de solo, esta regra é sagrada: não utilizar milho em hipótese alguma. Perdas na faixa de 30% a 50% podem ser esperadas se tal regra não for respeitada.

Outra espécie que merece destaque é P. brachyurus, que é muito comum nos algodoais do país. Felizmente, são raros os casos em que causa perdas em algodão.

milHo em suCessão Com BatataOs principais nematoides da batata no

Brasil são, em ordem decrescente de importân-cia, M. javanica, M. incognita e P. brachyurus. Vale, por conseguinte, a regra de, em áreas infestadas por M. javanica, utilizar híbridos ou cultivares resistentes; em áreas infestadas por M. incognita ou P. brachyurus, não utilizar milho em qualquer hipótese. Outro quadro é a infestação mista pelas duas ou três espécies de nematoides, situação na qual, por segurança, não se deve utilizar milho.

milHo em suCessão ComalfaCe, BeterraBa e CenouraOs nematoides mais daninhos à alface, à

beterraba e à cenoura no Brasil são M. javanica e M. incognita. O uso do milho constitui-se em grande risco de perdas para as três olerícolas em locais infestados por M. incognita, e em

moderado risco em locais infestados por M. javanica. Ambas as espécies causam perdas de igual monta para as três olerícolas, porém, a sucessão com milho é menos perigosa em locais com M. javanica, pois os híbridos de milho são, em sua grande maioria, resistentes (cerca de 20%-30% deles) ou moderadamente resistentes. Por essa razão, a identificação da espécie de nematoide das galhas é muito importante.

Em algumas regiões, como em Moji das Cruzes, a identificação tem valor ainda mais significativo. Nessa importante área produtora de olerícolas, além de M. javanica e M. incog-nita, outra espécie muito comum é M. hapla. Todos os híbridos de milho são resistentes a essa espécie, portanto, o papel dessa gramínea é completamente diverso do cenário com M. incognita ou M. javanica: é altamente reco-mendado em sucessão com alface, beterraba e cenoura, para o controle de M. hapla.

milHo em suCessão Com alHo e CeBolaO nematoide mais importante para o alho

e a cebola é Ditylenchus dipsaci (nematoide dos caules e bulbos), em todas as principais regiões produtoras do Brasil (planalto catarinense, vale do Alto Paranaíba, entre outras). O milho é suscetível a algumas raças de D. dipsaci, mas é resistente àquelas que atualmente ocorrem no Brasil. Portanto, pelo menos por ora, o milho é cultura válida para sucessão com alho e cebola, em locais infestados por D. dipsaci. Porém, os nematoides M. javanica e M. incognita também causam perdas à cebola.

milho Como Cultura interCalar em CafezaisEm cafezais, as culturas intercalares

trazem vários benefícios, destacando-se a proteção do solo contra erosão e dessecação e o aumento da oferta de nutrientes. Caso a cultura intercalar tenha valor econômico, acrescenta-se à lista a renda propiciada ao agricultor. No entanto, para a finalidade desta publicação, interessa saber o efeito do milho sobre os nematoides que ocorrem em cafezais. Dentre os nematoides daninhos aos cafeeiros, o milho é resistente a Meloidogyne exigua, M. paranaensis e M. coffeicola, porém suscetível a M. incognita, Pratylenchus jaehni e P. brachyurus.

Considerações finaisEm conclusão, o milho pode ser uma

ferramenta de grande valor no controle dos nematoides fitoparasitas, bastando que o agricultor tenha em seu poder três informa-ções imprescindíveis: 1) os nematoides que ocorrem em sua área; 2) os nematoides que causam perdas à cultura que será implantada na área; 3) a resistência do milho aos nematoi-des que ocorrem na área e que causam perdas à cultura a ser implantada.

À esquerda cultivar resistente e rotação com milho no controle de R. reniformis em soja: soja suscetível sem rotação; soja resistente sem rotação; soja suscetível após milho; soja resistente após milho (sequência da esquerda para a direita). À direita danos causados por Meloidogyne javanica em cebola

Mário Inomoto,Esalq/USP

CC

Guilherme Asmus Mário Inomoto

Már

io In

omot

o

Page 35: Grandes CUlturas - Cultivar 175

Informe empresarial

Combinação eficazSistema AgCelence acaba de chegar à cultura do milho. Tecnologia combina fungicida Abacus HC e Standak Top para o controle de pragas e doenças, com impacto positivo na produtividade

A produção brasileira de milho chegou a 80 milhões de toneladas na safra 2012/13, de acordo com

a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os dados incluem a produção de verão e também a safrinha, que teve a colheita finalizada em agosto. Apesar de essa cultura ter apresentado uma variação negativa na área plantada de cerca de 4,5%, sua produção alcançou um aumento de 10%. “O setor de-manda alta tecnologia. A produtividade está em constante crescimento”, afirma o gerente de Marketing Milho e Feijão da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf para o Brasil, Fabio Minato. Para aliar o controle de pragas e doenças ao aumento dos rendimentos da lavoura, a empresa oferece o Sistema AgCe-lence Milho.

O Sistema é uma combinação do fungicida Abacus HC e StandakTop, um produto fungi-cida e inseticida utilizado no tratamento de se-mentes. As duas formulações possuem em sua composição a tecnologia F500, que permite o controle de importantes pragas (Standak Top) e doenças (StandakTop e Abacus HC) aliado ao aumento de até 10% de produtividade ou o equivalente entre dez e 20 sacas por hectare, dependendo do nível de tecnologia utilizada. O Sistema confere às sementes uma germi-nação mais rápida, melhor estabelecimento da lavoura, maior enraizamento e arranque

35www.revistacultivar.com.br • Dezembro 2013 / Janeiro 2014

• O Sistema pode ser utilizado nas duas safras de milho? Sim. Não há limitação de uso quanto à safra. O produto pode ser aplicado tanto para o milho verão, quanto para o milho safrinha.

• Como o Sistema interfere na qualidade do milho? Com o Sistema AgCelence a qualidade do grão é diferenciada por conta do controle de do-enças e pragas. Quanto menos doenças, maior a qualidade e produtividade da lavoura.

• Quanto este Sistema pode aumentar a produtividade da cultura de milho? Em até 10%, o que representa cerca de dez a 20 sacas por hectare, dependendo do nível de tecnologia adotada.

• Qual recomendação de aplicação? A apli-cação do StandakTop deve ocorrer em tratamento de sementes antes da semeadura. Já no caso do Abacus HC a Basf recomenda duas aplicações. A primeira quando a lavoura de milho tiver em tor-no de seis a oito folhas – um metro de altura ou o limite de entrada do trator. A segunda aplicação é realizada no pré-pendoamento, quando a planta inicia o processo de florescimento – formação da espiga. Em média, o tempo entre uma e outra aplicação é de 15 a 20 dias

• Qual a estratégia de posicionamento do sistema? Sistema de manejo das principais pragas e doenças que atacam a semente e a plântula de milho, que proporciona o melhor estabelecimento e arranque da cultura e melhor controle de doenças foliares. Além disso, promo-ve efeitos fisiológicos positivos (AgCelence) com o objetivo de contribuir para maior produtividade e qualidade do grão.

• Qual a importância deste sistema para a estratégia da Basf? Levar benefícios para a cadeia produtiva do milho e aumentar o market share da Basf na cultura.

Como fuNCIoNA o SIStemA • O Sistema AgCelence Milho só existe

no Brasil? Sim. O Sistema AgCelence Milho é uma tecnologia desenvolvida no Brasil e poderá ser utilizada em outros países produtores de milho.

• Quanto a Basf investiu para desenvolver este sistema? A Basf não comenta o valor de investimentos em projetos específicos. Porém, esse investimento no Sistema AgCelence Mi-lho faz parte do montante global investido em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Em 2012, a empresa investiu cerca de 1,75 bilhão de euros, sendo que 25% deste montante foi direcionado para a Unidade de Proteção de Cultivos, que recebeu a maior fatia.

• O Sistema tem concorrente? O Sistema não tem concorrentes diretos. Em termos de produtos, os principais concorrentes possuem formulações para tratamento de sementes e fungicidas foliares.

• Há diferença de produtividade/tecnolo-gia entre o milho safrinha e o milho verão? Sim, a resposta é diretamente proporcional às con-dições climáticas no decorrer do período de condução da lavoura. Historicamente o milho safrinha apresenta indicadores de produtivida-de menores que o milho verão, e muito disso devido à adaptação das cultivares e do clima. Porém, nas últimas safras, os rendimentos em ambas as situações vêm crescendo de-vido ao aperfeiçoamento de tecnologias. Por demandar mais água e ser exigente quanto às condições climáticas, o milho safrinha pode ter menor potencial produtivo devido à menor intensidade de chuvas e luminosidade no período em que é cultivado. Já o milho verão não sofre tanto porque a época de cultivo é favorável às chuvas. Consequentemente, apresenta maior produtividade.

de plântulas e maior tolerância ao estresse hídrico. Além disso, a tecnologia garante à planta melhor aproveitamento do nitrogênio que, no caso do milho, é um dos responsáveis pela formação da espiga, permitindo assim um grão mais cheio e pesado.

“Com o Sistema AgCelence Milho, a qua-lidade do grão é diferenciada. Quanto menos fungos, maior a qualidade e produtividade da lavoura”, destaca Minato. Esse é o mais novo Sistema AgCelence lançado pela Basf, que se junta às culturas de cana-de-açúcar, tomate,

uva e soja. Um dos produtos que compõem o Sis-

tema AgCelence Milho, Abacus HC é um fungicida desenvolvido para o controle das principais doenças foliares da cultura. O produto é eficiente no controle das ferrugens polisora e comum, além da mancha-da-phaeosphaeria. Já o fungicida e inseticida StandakTop contribui para o controle das principais pragas e doenças que atacam as sementes em processo de germinação e plân-tulas em desenvolvimento.

Restrições no estado do Paraná. Standak Top está temporariamente

restrito às vendas para a cultura do milho, não podendo ser receitado/vendido.

Standak Top e Abacus HC estão re-gistrados no Mapa sob números 01209 e 9210, respectivamente.

- Aplique somente as doses solicitadas. Descarte corretamente as embalagens e os restos de produtos. Incluir outros métodos de controle de doenças/pragas/plantas infestantes (exemplo: controle cultural, biológico etc) dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Para maiores informações referente às recomendações de uso do produto e ao descarte correto de em-balagens, leia atentamente o rótulo, a bula e o receituário agronômico do produto.

INformAçõeS ImportANteS

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Algodão

36 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

Maçãs apodrecidasO apodrecimento de maçãs do algodoeiro é o resultado da ação de diversos patógenos,

favorecidos por fatores ambientais e ação de pragas como bicudo e percevejos. De difícil controle, esta doença demanda a integração de diversas estratégias de manejo

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O apodrecimento de maçãs constitui um dos problemas fitossanitários mais importantes para a cultura

do algodoeiro no Brasil. A podridão dos frutos ou podridão das maçãs nada mais é do que a deterioração progressiva do fruto do algodoeiro antes ou depois de sua abertura, como resulta-do da ação de agentes patogênicos primários ou da atividade de um complexo de patógenos, cujo desenvolvimento é favorecido por fatores do ambiente, principalmente alta pluviosidade e umidade relativa, bem como pela ação de pragas, tais como bicudo (Anthonomus grandis) e percevejos de diferentes espécies.

Em geral, regiões onde os índices pluvio-métricos são elevados e se combinam fatores como plantios adensados e desenvolvimento vegetativo vigoroso, é comum a alta incidência da podridão das maçãs. Esse fenômeno tem resultado em prejuízos elevados, sobretudo porque não existem medidas de controle emer-genciais que possam reverter o quadro.

A podridão se manifesta na inserção da maçã, no pedúnculo ou na "casca" apresen-tando-se, normalmente, de coloração escura

ou parda e de formato irregular. Lesões arre-dondadas ou irregulares, verde-escuras e de aspecto oleoso, também podem ser observadas nos carpelos quando a infecção é causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. malvace-arum. Essas lesões tornam-se posteriormente enegrecidas, coalescem e podem ser afetadas por um complexo de patógenos secundários que, normalmente, cobrem toda a superfície do fruto.

A podridão causada por Colletotrichum gossypii apresenta lesões irregulares escuras e deprimidas de coloração alaranjada ao centro, devido à presença de uma massa de esporos do patógeno. Na podridão causada por Diplodia gossypina são observadas lesões de cor marrom nas brácteas e nas maçãs que, sob condições favoráveis de ambiente, se expandem e afetam toda a maçã. Com o desenvolvimento das lesões o patógeno se reproduz, induzindo uma coloração negra no capulho. A podridão cau-sada por Fusarium, normalmente tem como patógeno mais importante o F. moniliforme e induz, em geral, pequenas manchas necróticas nas brácteas que, com a alta umidade, se ex-

pandem tornando-se de coloração azul-escura a marrom.

Os patógenos que afetam as maçãs podem penetrar de três diferentes formas: por aber-turas promovidas pela picada de insetos ou injúrias mecânicas que permitem a entrada de fungos e bactérias; por estômatos, nectá-rios e aberturas que se formam na junção dos carpelos; e os fungos em geral podem penetrar diretamente pelo tecido das maçãs de forma ativa secretando enzimas que dissolvem a parede celular e facilitam a penetração das estruturas de colonização. Uma vez o pató-geno tendo penetrado, precisa ser capaz de absorver os nutrientes dos tecidos próximos ao sítio de penetração para se manter em desenvolvimento. Isso pode não ocorrer se compostos inibitórios estiverem presentes e forem ativados pela sua presença.

Os níveis de incidência da podridão de maçãs estão associados às condições de alta umidade e sombreamento da cultura em função do desenvolvimento vegetativo acele-rado e da ausência de insolação, que permite a permanência de um filme de água sobre as

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e Phytophthora boehmeriae foi encontrado cau-sando apodrecimento de maçãs na Grécia.

Os danos ocasionados pela podridão de maçãs são extremamente variáveis e depen-dem da época, da região, das condições de ambiente, do manejo da cultura e da cultivar utilizada. Já foram observados danos de até 15,3% de maçãs podres em regiões produtoras dos Estados Unidos. Porém, a podridão de maçãs assume sempre um caráter de sazona-lidade e está intimamente relacionada às con-dições favoráveis do ambiente. Levantamentos realizados nos EUA em diferentes épocas e regiões produtoras daquele país demonstraram uma variação que vai de traços de ocorrência em alguns anos até 20% de perdas.

a Podridão de maçãs do alGodoeiro no BrasilOs principais patógenos que induzem

o apodrecimento das maçãs no Brasil são: Colletotrichum spp., Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum, Fusarium spp. e Diplodia gos-sypina. No estado de Goiás, foram constatados

33www.revistacultivar.com.br • Dezembro 2013 / Janeiro 2014

maçãs por períodos prolongados, submetendo-as ao estresse e facilitando a penetração dos agentes patogênicos. Em geral existem quatro condições que favorecem a doença: longos períodos de molhamento das plantas; períodos prolongados com umidade relativa acima de 75%, baixa intensidade de luz e alta tempera-tura. A podridão é observada, principalmente, em lavouras densas, demonstrando o papel importante do desenvolvimento vegetativo como condição predisponente para o aumento da incidência da doença. No período chuvoso ou em condições de elevada umidade relativa, as maçãs permanecem com umidade sobre sua superfície por longos períodos, ocasionando o gradativo encharcamento dos tecidos e favo-recendo a penetração dos agentes primários da doença e a ação de microrganismos se-cundários. Crescimento vegetativo excessivo, elevadas densidades de plantio e adubação desequilibrada são fatores que contribuem para aumentar a incidência da doença.

a Podridão de maçãs doalGodoeiro no mundoA podridão de maçãs afeta o algodão em

todas as regiões produtoras do mundo. Exis-tem relatos de 1897 de podridão de maçãs causada por Colletotrichum gossypii, Alternaria spp. e Fusarium spp. em regiões produtoras dos Estados Unidos. Mais de 170 microrganismos, a maioria fungos, são capazes de atuar como agentes causadores da podridão de maçãs. A maioria é composta por patógenos oportu-nistas que penetram pelas aberturas causadas pela picada de insetos, injúrias ou outras aberturas nas maçãs. Outros são organismos secundários que se desenvolvem sobre o tecido necrosado. Poucos têm sido descritos como agentes primários, destacando-se: Alternaria spp, Aschochyta gossypii, Aspergillus flavus, Ba-cillus pumilus, Bacillus subtilis, Colletotrichum spp., Erwinia aroideae. Fusarium spp, Lasio-diplodia theobromae, Myrothecium roridum, Pantoea agglomerans, Phoma exigua, Phomopsis sp., Phytophthora spp., Rhizoctonia solani e Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum.

Entre os organismos oportunistas destacam-se espécies de Alternaria, Chaetomium, Curvula-ria, Mucor, Pestalotia, Penicillium, Rhizopus e Trichotecium.

Na Austrália, o problema foi atribuído principalmente à infecção causada por Phyto-phthora nicotianae var. parasitica. Atualmente, esse patógeno é considerado a principal causa do apodrecimento de maçãs de algodoeiro naquele país. Sclerotinia sclerotiorum e espécies de Fusarium têm sido também encontradas em maçãs apodrecidas, além de Colletotrichum gossypii, Rhizopus e Botrytis spp.

Colletotrichum capsici tem sido relatado como agente primário da podridão de maçãs no estado da Louisiana nos Estados Unidos e induz sintomas diferentes daqueles ocasio-nados por C. gossypii. Este último causa lesões escuras e deprimidas no fruto, cobertas por uma massa rósea de conídios do patógeno, enquanto o primeiro ocasiona lesões que cres-cem rapidamente e ocupam toda a extensão do fruto. Por outro lado, Phomopsis gossypii também já foi associado como agente primário

Estar atento ao nível de resistência da cultivar utilizada é uma das alternativas para prevenir a podridão de maçãs do algodoeiro

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os patógenos Colletotrichum gossypii, Fusarium spp. e Diplodia gossypina como os mais impor-tantes associados à podridão de maçãs no ano de 2001. Foram observadas, também, alta inci-dência de Phoma spp. e lesões causadas por X. axonopodis pv. malvacearum além de patógenos secundários como Rhizopus spp. e Penicillium spp. Já foi observada, também, elevada inci-dência de Fusarium spp em amostras de maçãs apodrecidas no estado de Mato Grosso.

Naquele estado tem sido observada alta presença de maçãs apodrecidas por Colleto-trichum. gossypii e Rhizoctonia solani. Além de alta incidência de Penicillium spp., Phomopsis spp., Aspergillus niger e X. axonopodis pv. malvacearum.

Diversos outros patógenos também já foram encontrados no Brasil associados aos sintomas da doença, tais como: Peronospora gossypina, Stilbum nanum f. sp. gossypina, Verticillium sp., Cercospora gossypina, Nectria sp., Giberella gossypina, Phylosticta gossypina, Sphaeroderma gossypii, Nematospora gossypii, Ovularia sp., Cephalotecium roseum. e Neu-rospora sp.

As perdas ocasionadas pela podridão de maçãs no Brasil têm mostrado também um caráter sazonal relacionado, principalmente, às condições de ambiente e à cultivar utilizada. Estudos realizados no estado da Bahia na safra de 2005/2006 apontaram perdas que variaram de 5,8 arrobas/ha a 101,5 arrobas/ha de algo-dão em caroço (Silva Filho et al, 2007)

Na safra 2011/2012, perdas expressivas por podridão de maçãs ocorreram no Mato Grosso do Sul, sobretudo em virtude de um ano atípico no que se refere aos índices plu-viométricos. Já nesta última safra o fenômeno não foi registrado com essa magnitude.

É importante ressaltar que danos por apodrecimento dos frutos do algodoeiro sem-pre irão ocorrer, tanto na fase de enchimento quanto na fase de abertura dos capulhos. Nesta fase, a umidade costuma penetrar

através da junção dos carpelos e facilitar a colonização por microrganismos secundários. É importante manter a vigilância sobre os níveis de incidência e as possíveis causas, a fim de que possam ser adotadas as medidas preventivas necessárias.

maneJo da Podridão de maçãsA podridão de maçãs é de difícil controle.

Trabalhos realizados na Geórgia, EUA, con-cluíram que a eficiência dos fungicidas não justifica o custo das aplicações. Numerosos testes têm sido realizados e os resultados observados são erráticos ou não se verifica nenhum controle efetivo. Naquele estado americano a desfolha do "baixeiro" chegou a ser proposta, entretanto, o crescimento vegetativo da planta impede que a aplicação do desfolhante seja realizada sem prejuízo à planta como um todo.

No Brasil, estudos realizados por Juliati, Duarte e Freitas, (2001) com o indutor de resistência acilbenzolar nas doses de 5g, 15g e 25g do produto comercial, em combinação com fungicidas, para o controle da mancha de ramulária, ferrugem e podridão das maçãs, constataram que os fungicidas azoxystrobina e oxicloreto de cobre utilizados isoladamente ou em combinação com o acilbenzolar não reduziram a severidade da doença mas dimi-nuíram a incidência, e admitem o potencial do uso da resistência induzida como estratégia de controle.

O uso de cultivares resistentes tem sido considerado como um caminho a ser seguido para o manejo da doença. As cultivares apre-sentam diferenças em relação à incidência da podridão das maçãs, com forte interação do ambiente. Variações de até 10% em termos de incidência foram observadas entre diferentes cultivares no Alabama, EUA. Também já foi observado que cultivares de algodão com folha tipo okra reduzem a incidência da doença provavelmente por promoverem maior ae-

Evidência de maçã podre no "baixeiro" de lavoura de algodão

ração e penetração de raios solares no dossel foliar. A diferença em termos de incidência entre cultivares com folhas normais e culti-vares com folhas tipo okra atingiram 4,7% no Paquistão.

Os fatores predisponentes atuam como determinantes para facilitar a infecção pelos patógenos causadores da doença. Assim sendo, as medidas que podem ser mais eficazes são aquelas que têm por objetivo reduzir a ação desses fatores. Destacam-se manejo da época de semeadura; plantios menos adensados; evitar o cultivo em áreas passíveis de enchar-camento; e manejar o crescimento vegetativo, por meio de reguladores de crescimento, de modo que se reduza o sombreamento na co-bertura foliar, facilitando a aeração e a entrada da luz solar.

Essas ações podem ser associadas a cul-tivares mais resistentes e a uma adubação equilibrada, além do controle de pragas que possam induzir ferimentos nas maçãs. Entre as pragas mais importantes estão os percevejos, dentre os quais o rajado (Horcias nobilellus), o manchador (Dysdercus sp.) e os percevejos migrantes como o marrom (Euschistus heros), o pequeno (Piezodorus guildinii), o verde (Nezara viridula), além de Edessa meditabunda e Dichelops melacanthus, entre outros. Os percevejos migrantes são as-sim chamados porque em alguns sistemas de produção, o algodoeiro permanece no campo por um período vegetativo maior em relação a outras culturas como a soja, tornando-se o último hospedeiro da cadeia alimentar para esses insetos. Quando as lavouras de soja entram em fase de maturação, o processo migratório dos percevejos tem início e evolui no decorrer dos dias. As infestações são pro-porcionais às extensões das áreas plantadas com soja. Os ataques ocorrem a partir das bordaduras avançando para o interior dos talhões. O controle desses percevejos é funda-mental para reduzir os índices de podridão de maçãs, sobretudo no final do ciclo vegetativo do algodoeiro.

Alderi Emídio de Araújo,Embrapa Algodão

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Araújo relata as causas da podridão das maçãs em algodoeiro e aponta estratégias de manejo

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Cana-de-açúcar

40 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

A cultura da cana-de-açúcar está em ampla expansão no Brasil e, atualmente, ocupa uma área de

aproximadamente 9,6 milhões de hectares, com produtividade média de 80t/ha. Para suprir a demanda dos derivados dessa cul-tura, como o açúcar e o etanol, é necessário aumentar ainda mais a produção. Para isso, pode-se expandir a área de cultivo e/ou a pro-dutividade, que está aquém do seu potencial. Para aumentar a produtividade, é necessário

Prós e contrasA palhada sobre o solo ajuda ou atrapalha a cana-de-açúcar? A

resposta não é fácil e definitiva. No controle de plantas daninhas gramíneas, por exemplo, a palha pode exercer efeito supressor. Da mesma forma a aplicação de herbicidas pré-emergentes pode ser favorecida. Contudo, outros fatores, como intervalo e volume de chuva, bem como o modo como os ingredientes ativos agem

após a aplicação, precisam ser considerados nesse processo

A palhada sobre o solo ajuda ou atrapalha a cana-de-açúcar? A resposta não é fácil e definitiva. No controle de plantas daninhas gramíneas, por exemplo, a palha pode exercer efeito supressor. Da mesma forma a aplicação de herbicidas pré-emergentes pode ser favorecida. Contudo, outros fatores, como intervalo e volume de chuva, bem como o modo como os ingredientes ativos agem

após a aplicação, precisam ser considerados nesse processo

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controlar os fatores que podem interferir negativamente no desempenho da cultura, como as plantas daninhas, que competem com a cultura, basicamente, por água, luz e nutrientes. Dependendo da infestação, o controle de plantas daninhas pode chegar a até 30% do custo de produção em cana-soca e 15% a 25% em cana-planta, o que indica que o adequado manejo de plantas daninhas é de fundamental importância para se obter lucratividade nesse segmento agrícola.

O sistema mecanizado de colheita de cana-de-açúcar deixa sobre o solo a palhada, que tem pontos positivos e negativos. Entre os efeitos positivos, pode-se mencionar que au-menta o teor de matéria orgânica na superfície do solo, reduz o impacto da gota da chuva e o vento que causam erosão, proporciona maior atividade microbiana e supressão das plantas daninhas, tanto por efeito físico (impede a entrada da luz) quanto químico (efeito alelopático). Em alguns casos, quando existe alta quantidade de palha sobre a superfície do solo (maiores que 12t/ha), há maior su-pressão das plantas daninhas da família das gramíneas, pois não possuem sementes com reservas suficientes para levarem as folhas primárias acima da camada de palha para a captação da luz e realização da fotossíntese. Quanto às desvantagens, a palha dificulta a rebrota da cana-de-açúcar, que em alguns casos é necessária a exposição da linha através de ancinhos, pode aumentar a incidência de insetos e fungos, devido ao fato de conservar a umidade nas camadas superiores do solo e manter a amplitude térmica baixa e, por fim, ser uma barreira para os herbicidas pré-emergentes atingirem o solo.

A aplicação de herbicidas em pré-emer-gência é a modalidade mais utilizada na pro-dução da cana-de-açúcar e, quando utilizados sobre a palha, são interceptados podendo ter diferentes destinos: serem volatilizados, ficarem retidos na palha (por processos físicos e químicos) ou serem lixiviados para o solo. O processo de lixiviação para o solo é o mais desejado, pois será no solo que o herbicida agirá, e esse processo depende de particulari-dades do herbicida, intervalo de tempo entre a aplicação e a primeira chuva, bem como sua intensidade e qualidade da palha sobre o solo. Atualmente existe registro de mais de duas dezenas de herbicidas pré-emergentes para o controle de plantas daninhas na cana-de-açúcar, e cada um possui sua peculiaridade. Conhecer resultados científicos sobre alguns desses herbicidas é importante, uma vez que não existe recomendação geral para todos os ingredientes ativos.

teButHiuronExperimentos realizados por Tofoli et al

(2009) demonstram que menos de 10% do tebuthiuron atinge o solo quando aplicado sobre quantidades de palha superiores a 5t/ha. O mesmo autor conclui que quanto maior o intervalo de tempo entre a aplicação do herbicida e a primeira chuva, menor é a transposição pela palha.

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de corda-de-viola não foi influenciado por 90 dias entre a aplicação e a primeira chuva de 20mm, sobre a quantidade de palha de 10t/ha.

isoxaflutoleMonqueiro et al (2008) avaliou a eficácia

do isoxaflutole em diferentes quantidades de palha através de plantas bioindicadoras e concluiu que esta não foi alterada quando aplicado sobre 10t de palha/ha até os 20 DAA. Entretanto, a partir dos 40 DAA a persistência diminuiu significativamente. A palha não representou uma barreira na mobilidade deste herbicida, mas afetou sua persistência ao longo do tempo. O sistema de cana crua ocasiona aumento no teor de umidade no solo e da ma-téria orgânica, em razão do grande acúmulo da palha. Esse acréscimo pode causar aumento da

biodegradação do herbicida no solo, limitando a eficiência e exigindo maiores doses.

imaZaPiqueEm trabalho realizado por Santos et al

(2009), de modo geral, a palha contribuiu no controle das plantas daninhas corda-de-viola e braquiária utilizando o imazapique (Dose: 119g i.a./ha; Palhada: 20t/ha). Quando houve a presença da palha, o herbicida imazapique não teve sua eficácia diminuída. Pelo con-trário, chegou a melhorar o controle dessas duas espécies.

amiCarBazoneCavenaghi et al (2007) observou que

quando o amicarbazone era aplicado sobre quantidades superiores a 5t/ha de palha, praticamente todo o produto ficava retido, quando não havia a ocorrência de chuva após a aplicação. O autor também observou que os primeiros 20mm de chuva são essenciais para a transposição do herbicida pela palha, além de concluir que, quanto maior o intervalo entre a aplicação e a primeira chuva, menor a quantidade de herbicida que atinge o solo.

flumioxazinPesquisas realizadas por Carbonari et al

(2010) mostraram que para controlar picão-preto, guanxuma, braquiária, capim-colchão e corda-de-viola, o controle de todas essas plantas foi eficaz quando aplicados 150g i.a./ha sobre a quantidade de 5t/ha de palha. Entretanto, também é evidenciada a dimi-nuição da eficiência do herbicida quando há aumento do intervalo entre a aplicação e a primeira chuva.

s-metolaCHlorNo caso do herbicida s-metolachlor,

Correia et al (2012) estudou essa molécula no controle de capim-colonião e capim-braquiá-ria, e descobriu que a palha não interfere no controle dessas plantas daninhas, bem como também não há interferência do intervalo entre a aplicação e a primeira chuva, pelo menos até 12 dias.

sulfentrazoneExperimento realizado por Correia et al

(2012) mostra que o controle de duas espécies

O sistema mecanizado de colheita de cana-de-açúcar deixa sobre o solo a palhada, que tem pontos positivos e negativos

Pedro Jacob Christoffoleti,Esalq/USPCaio Brunharo,Esalq/USPMarcelo Nicolai, Agrocon Assessoria Agronômica

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Empresas

acertada em investir nossos esforços no Brasil”, avaliou.

Atualmente, o grupo está no Brasil com as marcas Brasmax e DonMario Sementes, responsável por aproximadamente 27% do mercado brasileiro no segmento de gené-tica de soja. A empresa detém uma gama diversificada de cultivares de soja, dentre elas a variedade Brasmax Potência RR.

A GDM Seeds, sediada na cidade de Chacabuco, Argentina, é líder em genética de soja na América do Sul. Atua no mer-cado de sementes de soja, milho e trigo há 30 anos. São dez anos no Brasil, através das marcas de sementes de soja Brasmax e DonMario Sementes. Suas filiais e campos de pesquisa encontram-se nas cidades de Cambé, Paraná; Passo Fundo, Rio Grande do Sul; Lucas do Rio Verde, Mato Gros-so; Rio Verde, Goiás; e Porto Nacional, Tocantins.

Estrutura ampliadaGDM Genética do Brasil inaugura novo complexo formado por laboratórios, campos

experimentais e estrutura comercial e administrativa, na cidade de Cambé, no Paraná

A GDM Genética do Brasil, em-presa do Grupo GDM Seeds, inaugurou sua nova instalação,

cujo complexo é composto por escritório comercial e administrativo, laboratórios e campos experimentais de soja, em Cambé, no Paraná. O coquetel de lançamento reuniu mais de 300 pessoas, entre clientes, parceiros, agricultores, funcionários e auto-ridades do Brasil, Argentina e Uruguai.

Um dos destaques da noite foi a presen-ça maciça de multiplicadores de diversos estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Bahia. Um dos pilares para o sucesso obtido pela empresa no Brasil se deve à parceria com os sementeiros e, segundo Gerardo Bartolomé, presidente da GDM Seeds, essa relação deve ser cada vez mais valorizada. “Não buscamos a

verticalização (venda direta de semente para o produtor) no país. Nosso modelo contempla os multiplicadores, essa é a nossa grande força comercial e é nisso que continuaremos a apostar”, disse.

Os participantes foram convidados a visitar a nova estrutura, incluindo o moderno laboratório de marcadores mole-culares, que tem por objetivo proporcionar maior eficiência no processo de lançamento de variedades. Durante a visitação houve a oportunidade de conhecer o processo de pesquisa e desenvolvimento de novas cultivares de soja.

Para o diretor executivo da GDM Ge-nética do Brasil, Santiago Schiappacasse, foi um momento marcante na história do Grupo. “Ver uma estrutura que começou com apenas seis pessoas e hoje contarmos com mais de 200 funcionários, é fruto de muito trabalho e resultado da escolha

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42 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

À esquerda o diretor executivo da GDM Genética do Brasil, Santiago Schiappacasse, e à direita o presidente da GDM Seeds Gerardo Bartolomé

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logia pode-se aplicar de R$ 5,00 a R$ 10,00 por hectare e obter um retorno médio de R$ 200,00 (média de quatro sacas/ha a R$ 50,00 a saca de soja)? Não existe insumo que traga tanto benefício para a produtividade da soja como o ino-culante. Talvez por seu baixo preço, pela elevada segurança de trazer resultados positivos, acabe entrando no rol daquilo que falamos no início: essencial, mas que passa despercebido no dia a dia.

Mas todos, pesquisadores, ex-tensionistas, administradores de fazenda, consultores, produtores de inoculante e logicamente os agri-cultores, devem estar atentos em como poderão melhorar o uso da tecnologia, incrementar ainda mais a produtividade da soja, feijão e outras leguminosas melhorando cada vez mais a pesquisa, o desenvolvimento, a produção, a recomendação e o uso dos inoculantes.

A economia, tanto para o agricul-tor como para o país e para o ambien-te, é enorme, trazendo uma soma de benefícios difícil de mensurar por sua grandiosidade.

44 Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • www.revistacultivar.com.br

Coluna ANpII

tecnologia invisível

Há determinadas coisas na vida que, a despeito de sua importância, não se presta

a devida atenção, a não ser quando faltam. Quem pensa, pelo menos uma vez por dia, na importância do oxigênio em nossas vidas? Respiramos a cada segundo, mas de forma automá-tica, sem prestar atenção. Quem pensa na água que está bebendo, na sua es-sencialidade? Salvo se estivermos com muita sede, nem sequer reparamos na água que bebemos. Entretanto, é óbvio que tanto água como ar são essenciais às nossas vidas.

Da mesma forma, a fotossíntese e

no que está ocorrendo em cada nódulo na raiz de cada planta? Ou será que passam sem perceber a importância do que está ocorrendo, da mesma forma que não pensamos na respiração ou em um copo de água? Talvez pela universalidade do processo, por estar hoje presente em todas as lavouras de soja do Brasil, a FBN passe des-percebida pela maioria das pessoas ligadas à cadeia da soja e de outras leguminosas.

Solon de Araujo Consultor da ANPII

Tal qual o ar que respiramos ou a água que bebemos, pouca gente percebe a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), que ainda passa despercebida pela maioria das

pessoas ligadas à cadeia da soja e de outras leguminosas

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Não existe insumo que traga tanto benefício para a produtividade da soja como o inoculante

a fixação biológica do nitrogênio são essenciais para a vida das plantas e, por consequência, para animais e seres humanos. Mas quem presta atenção a estes dois fenômenos fundamentais? Com a fotossíntese temos pouca mar-gem para administrá-la. Espaçamento, arquitetura de plantas, direcionamen-to de algumas lavouras de acordo com a insolação são técnicas usadas para melhor utilizar a radiação solar. Mais recentemente intervenções na fisiolo-

gia das plantas também permitem que se aproveite melhor a imensa radiação oriunda do sol e que cobre a terra.

Entretanto, na fixação biológica do nitrogênio há amplo espaço para inter-venções agronômicas, para o desenvol-vimento de tecnologias inovadoras que reforcem este já tão eficiente processo natural, considerado segundo proces-so biológico mais importante para a vida na terra, sendo a fotossíntese o primeiro.

Mas, quando um agricultor, um técnico agrícola ou um agrônomo caminham em uma lavoura de soja, será que percebem, será que pensam

Entretanto, o aporte de nitrogênio via biológica deveria fazer parte das preocupações de todos os que se en-volvem com a cultura de leguminosas. Desde o agrônomo que trabalha no melhoramento até o que administra uma lavoura, passando por consul-tores e chegando ao agricultor, todos deveriam estar “ligados” no forneci-mento de nitrogênio para a lavoura e este fornecimento, no caso das legu-minosas, tem na fixação biológica seu ponto alto.

Afinal, qual tecnologia aplicada à lavoura de soja tem custo-benefício tão favorável ao agricultor? Em que tecno-

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Custos e exiGênCiasOs custos do agricultor sofrem pressões

antípodas. Por um lado, o preço da energia deverá diminuir, com a intensificação da ex-ploração de óleo e de gás de xisto, muito mais baratos que o petróleo, reduzindo o valor dos fretes internacionais. Por outro lado, cresce a necessidade de uso de insumos como ferti-lizantes e agroquímicos, pela intensificação da agricultura e pela maior pressão de pragas agrícolas nas lavouras. O impacto é mitigado pela redução do custo de produção do nitro-gênio, que tem seu preço fortemente asso-ciado à energia, e pela expectativa de menor custo do potássio no mercado internacional. Aumenta o desembolso do produtor com novas variedades, especialmente as transgê-nicas, com o pagamento de royalties.

O mercado internacional continuará a impor regras e exigências para os produtos agrícolas, traduzidas em rastreabilidade e certificação, com foco muito claro em temas sociais e ambientais, incluindo a saúde dos consumidores. Também cresce a exigência de oferecer conforto e bem-estar para os animais. Além de ser uma exigência, este tema está associado à maior produtividade da exploração de carne, ovos ou leite.

prazo. Igualmente, não são observados sinais de que o Governo incentive o aproveitamento do potencial de cogeração de bioeletricidade, o que deve manter represada também esta fonte de energia limpa.

A infraestrutura e a logística não devem melhorar ao longo da década, com o agricultor pagando o preço da falta de armazéns, das estra-das esburacadas e saturadas e do descompasso entre a capacidade dos portos e o potencial do agronegócio brasileiro. O dueto infraestrutura e logística deficientes será a grande bigorna no pescoço do agronegócio, impedindo que possa realizar seu potencial, represando negócios, desenvolvimento, arrecadação tributária, renda e emprego.

A baixa oferta de mão de obra se agravará nos próximos anos, dificultando a contratação de colaboradores e mantendo os salários em alta. A pressão por maior oferta de produção agrícola obriga os agricultores a seguirem a senda de automatização das operações agrícolas, o que pressiona as empresas de máquinas e implemen-tos a oferecer produtos com capacidade cada vez maior, possibilitando cultivar áreas cada vez mais extensas com menor número de máquinas e, também, com menor quadro de colaboradores por unidade de área.

Ao longo desta década, o aumento da população e a inclusão social mante-rão em alta a demanda agrícola, em

escala mundial. O menor crescimento chinês não significará redução na demanda de alimentos, pela alta elasticidade alimento/renda nesse país. A oferta de produtos agrícolas evoluirá de forma quase similar, com estoques baixos pressionando os preços, que se manterão acima da média de décadas anteriores. Flutuações ocasionais de ajustes de cotações estarão sempre presentes em anos específicos, o que não altera a tendência de médio prazo. O aumento da produção será função de três fatores: intensificação da agricul-tura (mais cultivos na mesma área, no mesmo ano agrícola); incremento da produtividade; e ampliação de área. As “joias da coroa” continu-arão sendo o dueto grãos (soja e milho) e carnes (aves, suínos e bovinos), com boas perspectivas para produtos madeireiros, frutas, flores e plantas ornamentais.

demoGrafia, eConomia e merCadoA taxa de crescimento da população

mundial, para esta década, é estimada em 1,1% a.a. pelo USCensus Bureau. O cres-cimento da renda per capita deve situar-se entre 2%-3% a.a., em função do fim do ciclo

da recente crise financeira, com a recuperação da economia mundial sendo capitaneada pelos EUA. A conjunção dos dois fatores suporta uma expansão da demanda entre 4%-5% ao ano, que poderá ser limitada pelos preços, se a oferta não acompanhar a demanda potencial. A menor oferta pode ser fruto de limitações físicas para expansão de área, como nos pa-íses desenvolvidos. Ou de severas restrições impostas pela legislação ambiental, nos países onde ainda existe espaço para ampliação da fronteira agrícola. A solução encontrada pe-los agricultores é o uso mais intenso da área, com sistemas de safra/safrinha ou integração lavoura/pecuária, presentes em diversos pa-íses agrícolas. A expansão da produtividade depende de geração de novas tecnologias, de adoção das tecnologias já existentes e de bom comportamento do clima, que se torna uma variável capital, no bojo das Mudanças Climáticas.

As cotações das commodities podem baixar conjunturalmente, em função dos ajustes de área, tanto de trade off entre áreas (milho e soja, por exemplo) ou por excesso de expansão de área, devido a preços remunera-dores. Os ajustes costumam viger por uma, eventualmente duas safras, retomando a seguir a tendência dominante.

BrasilNo plano doméstico, há boas e más notícias.

O Brasil ganhará ainda mais espaço no mercado agrícola internacional, consolidando-se como o maior exportador líquido em termos globais. No médio prazo, o Real deve desvalorizar-se, o que significa valores mais elevados para as cotações das commodities quando o preço internacional é internalizado, estimulando os agricultores. O agronegócio continuará sendo a locomotiva das exportações brasileiras e o único responsável pelo saldo positivo da balança comercial. De outra parte, não são vislumbrados sinais de que o governo brasileiro deva investir agressivamente em uma política de agregação de valor para ex-portação, o que significa que o Brasil continuará exportando grande parte da sua produção para industrialização em outros países, auferindo menos divisas.

Não há indicativos no horizonte de que a bioenergia venha a ser incentivada a ponto de recuperar as excelentes perspectivas de que dispunha em 2008. A compressão artificial dos preços da gasolina fica difícil de ser recuperada sem que sejam pagos dois preços que o Governo não pretende encarar: o preço político e o salto inflacionário. Como tal, a taxa de crescimento de uso de bioetanol, que alcançou 11% a.a. na década passada, não deverá se repetir no médio

Embora o crédito oficial deva continuar restrito, haverá oferta adequada das diferentes formas de crédito privado, embora o seu custo deva permanecer em alta, fruto do aumento da inflação e da desvalorização do real.

ConClusãoA regra geral até 2020 será de um mer-

cado internacional de produtos agrícolas com viés comprador, embora sujeito a solavancos particularizados de alguns produtos com dese-quilíbrio por redução de demanda ou excesso momentâneo de oferta. O mercado aumenta o índice de exigência de qualidade, requerendo atenção do produtor, particularmente no que tange a aspectos ambientais, sociais e de bem-estar dos animais. As restrições ambientais impõem a necessidade de conter a expansão da fronteira agrícola, o que deixa como alternativas a intensificação da agricultura e o incremento da produtividade, impondo constante geração de inovações e adoção de tecnologias adequadas. O grande gargalo do agronegócio brasileiro con-tinuará sendo a infraestrutura e a logística, que impedirá que aflore todo o seu potencial.

Coluna Agronegócios

45www.revistacultivar.com.br • Dezembro 2013 / Janeiro 2014

Vetores diretrizes para o agronegócio

Décio Luiz GazzoniO autor é Engenheiro Agrônomo,

pesquisador da Embrapa Soja

CC

Não há indicativos no horizonte de que a bioenergia venha a ser incentivada a ponto de recuperar as excelentes perspectivas de que dispunha em 2008

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Coluna mercado Agrícola

usda traz boas expectativas para grãos em 2014

TRIGO - O mercado do trigo brasileiro teve queda nas cotações em novembro, típico da época, porque os moinhos preferem comprar o produto com dois a três meses de armazenamento a adquirirem produto novo. Desta forma como é de costume (os pro-dutores colhem e parte tem de vender), os indicativos recuaram para patamares entre R$ 640,00 e R$ 750,00 a tonelada. Os produtores gaúchos colheram uma safra maior que a demanda e enfrentam dificuldade de venda em outros estados devido ao ICMS. Assim, a saída para os triticultores do Sul será segurar o produto para vender a partir de fevereiro e ir buscando espaço no mercado externo, porque o governo normalmente joga contra os produtores na hora da safra e favorece a vida das indústrias quando há alta nas cotações internas, tirando as taxas de importações de trigo de fora do Mercosul. Assim o mercado voltará a ser comprador a partir de fevereiro e terá de pagar mais pelo produto nacional, que poderá passar, novamente, da casa dos R$ 800,00 por tonelada. Neste ano o Brasil terá uma safra que não atenderá mais de 35% do consumo e o trigo importado chega ao redor de R$ 800,00 aos importadores e pode até ultrapassar esse valor com o dólar cotado acima de R$ 2,30.

ALGODÃO - O mercado viu com otimismo (para o médio prazo) os novos dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontando para queda na safra de Algodão da China, agora estimada em 32,5 milhões de fardos contra os 33 milhões de fardos projetados em setembro e 35 milhões de fardos colhidos no ano passado. Esse fator pode trazer avanço na demanda, porque normalmente os chineses gostam de trabalhar com estoques altos para não correr riscos com os negócios com produtos acabados. As cotações praticadas nas regiões produtoras brasileiras se situam entre R$ 63,00 e R$ 65,00 a arroba, mas com fôlego para crescer diante da oferta menor que a demanda.

milhoExportações acima das expectativas e alta O mercado do Milho teve boa surpresa nos últimos

dois meses, com grandes exportações do cereal enxugan-do os excedentes internos e trazendo apelo para cima e reação nas cotações, que avançaram entre 10% e 20% de outubro até o final de novembro. Com isso melhoraram as condições de negócios para os produtores que estavam com cotações abaixo dos custos de produção. Os níveis de preços cresceram nos portos e registraram fechamentos entre R$ 25,00 pela saca de 60kg (e em determinados momentos até acima de R$ 26,00), com apoio do mercado internacional comprador e do dólar, que seguia firme em função da dificuldade do governo de controlar as contas públicas desfavoráveis, com déficit interno e externo e perda da credibilidade dos investidores externos, que passaram a olhar para outros paraísos, deixando o Brasil ou pelo menos não trazendo mais recursos para o mercado interno. Esse cenário tem dado fôlego ao dólar, que foi fortemente atacado pelo Banco Central, com vendas diárias superiores a 500 milhões de dólares para abastecer as necessidades dos importadores e dos pagamentos de dívidas. Mesmo assim a medida não conseguiu segurar a moeda, apenas limitando grandes avanços. Com essa conjuntura o Milho “pegou carona” e rumou ao mercado externo, com cerca de 23,5 milhões de toneladas exportadas até novembro, deixando o quadro nacional ajustado. Já há compradores da safra nova de verão dispostos a remunerar entre R$ 28,00 e R$ 28,50 para fevereiro e março, sinalizando que a fase negativa para esse grão passou e que bons momentos vêm pela frente.

sojaBons momentos da safra nova e entressafra O mercado da Soja no Brasil para o grão disponível

esteve em alta em novembro, com indicativos de patama-res entre R$ 76,00 e R$ 77,50, pela saca de 60 quilos, nas indústrias e avanço nas regiões produtoras, fato típico de entressafra, com as cotações nacionais acima dos valores do mercado externo. Com pouca Soja para ser negociada o Brasil seguirá com indicativos firmes até a colheita da safra, a partir da metade do mês de fevereiro. Enquanto isso houve pressão de alta no mercado por conta da Safra nova, que vinha desde agosto em ritmo lento e quase sem negócios. Voltou a trazer bons números nos portos (com chances de R$ 66,00 a R$ 70,00 pela saca de saca de 60kg) para as posições de Maio e fôlego para novos avanços ainda neste restante de 2013. Isso porque os EUA já tinham exportado 86,4% da soja projetada até o final da primeira semana de novembro, contra a media de 61,5% dos últimos cinco anos, indicando que o país tem pouco mais de 5 milhões de toneladas para serem exportadas até o final de agosto de 2014. Acrescente-se a esse cenário que nas ultimas semanas as exportações vinham superando a marca de 1 milhão de toneladas por semana e neste ritmo, quando começar 2014, restará pouco para ser exportado nos EUA. Conjuntura que abrirá espaço para o mercado da América do Sul crescer em vendas e procura.

feiJãoDemanda menor e aumento da oferta em novembro O mercado do Feijão teve aumento da oferta de

produto da primeira safra paulista e final da safra irrigada dos estados centrais frente à queda na demanda. Isso porque o varejo manteve as cotações do feijão altas nas gôndolas, com valores entre R$ 5,50 a R$ 8,00 por quilo. Isso afastou os consumidores que se voltaram para frangos e carnes baratas. Desta forma as cotações do Feijão vieram para níveis de R$ 100,00 a R$ 120,00 a saca de 60 quilos e o produto comercial teve momentos até abaixo destes

níveis para o Carioca. Enquanto isso o Preto se manteve com valores um pouco maiores, mas espera-se calmaria em dezembro, que normalmente é um mês fraco de demanda devido às festas de final de ano, o que tende a limitar avanços. Mas as gondolas já estão com os valores próximos da realidade, com Feijão variando de R$ 2,50 a R$ 4,00 por quilo, o que é justo para o momento e tende a trazer um pouco de demanda nestes próximos dias. Mas o ano se encaminha para fechar com pouco espaço de reação. Lembrando que o volume de entrada não foi grande e o novo ano ainda não mostra garantia de abastecimento. O produto importado chega acima de R$ 150,00 a saca nos portos e desta forma o mercado interno segue favorável aos produtores.

arroZExportações animaram produtores Os produtores gaúchos perceberam que para saí-

rem da situação de reféns do governo de um lado (com grandes estoques pronto para atirá-lo no mercado) e das indústrias (que estavam com dificuldade para repassar ajustes nos valores do fardo ao varejo) precisavam ir ao mercado externo buscar espaço para o Arroz em casca. Foram e conseguiram bons volumes negociados na base de liquidação de R$ 33,75 a saca de 60 quilos, pagos aos produtores de Uruguaiana ou na Fronteira Oeste livre. Valor muito acima do que liquidava o produto interno, tão prejudicado pela venda de estoques pelo governo. Assim, as exportações brasileiras seguem como uma boa alternativa para dar liquidez e manter as cotações lucrativas aos produtores. A safra está nos campos e até agora as estimativas são de que o Sul possui potencial para colher mais de 9 milhões de toneladas. Para todo o Brasil estão previstas cerca de 12 milhões de toneladas, com um consumo de 12 milhões de toneladas para 2014.

CURTAS E BOASchIna - A boa notícia do mês (ou quem sabe do ano) saiu da reunião da cúpula do

governo chinês, entre 11 e 13 de novembro, com o anúncio de novas políticas para que o país possa continuar crescendo e junto melhore a qualidade de vida da população e diminua a imagem negativa no mercado mundial em relação à exploração da mão de obra. O país pretende tirar do campo cerca de 400 milhões de chineses, que serão alo-cados nas cidades para trabalhar em atividades de melhor renda. Parcela da população que deve ingressar no consumo e consequentemente melhorar a demanda interna por produtos, dando fôlego para que a indústria continue crescendo e o país avançando eco-nomicamente. Junto a isso a China aumentará o tamanho das áreas agrícolas ou a escala de produção onde se poderá investir em mais tecnologia e melhorar a produtividade. Mas o fato é que jogando dois Brasis no mercado consumidor das cidades, a China irá fazer suas importações de alimentos avançarem forte e obrigará o governo a ter grandes estoques de suporte. Bom para o Brasil nos próximos anos. Estava faltando uma boa notícia em relação à demanda para dar folego às cotações e manter o agronegócio com lucros. Aumento do consumo é sempre mais positivo que quebra de safra (da qual o país vinha se tornando dependente).

meRcOsul - O plantio na Argentina e no Paraguai está avançado, com a soja paraguaia podendo se aproximar dos 3,3 milhões de hectares a 3,5 milhões de hectares. Com a safra da oleaginosa plantada há indicativos da presença de Helicoverpa por lá também. Na Argentina o plantio da safra ainda se encontra em andamento e tudo indica que totalizará pouco mais de 20,2 milhões de hectares. Até agora o clima tem sido favorável às lavouras destes dois países. Na Argentina houve problemas climáticos em milho, que sofreu com seca e ainda permanece em plantio de áreas tardias.

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Vlamir [email protected]

O ano de 2013 está chegando ao final e novamente houve bons resultados para o setor de grãos do Brasil. Os produtores venderam com valores acima dos custos de pro-dução com um quadro de menores ganhos somente no milho safrinha devido à grande colheita e à dificuldade de escoamento através de uma logística que ainda deixa muito a desejar para se aproximar do mínimo de eficiência necessária. Houve bom resultado financeiro para o setor da Soja, bons lucros para os produtores de Feijão, estabilidade e ganhos aos Arrozeiros e até mesmo o Trigo (que tem sido um produto com margens apertadas) registrou bom ano, com lucros aos produtores que estão fechando a colheita no Sul do país. Mas o ponto importante deste momento do ano é que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou em novembro o relatório da safra americana, apontando para uma boa colheita de Soja e Milho, mas confirmou o que já vínhamos assinalando há muito tempo: a demanda segue aquecida e novamente os norte-americanos passarão por estoques baixos, com fôlego às cotações internacionais para se manterem muito acima das medias históricas. Com isso houve boa reação nos indicativos em novembro, com a safra nova da Soja voltando a ser negociada a R$ 70,00 a saca de 60kg, nos portos.

Em Milho houve o menor plantio da primeira safra em mais de 30 anos, com os números finais da área não devendo superar a marca dos 5 milhões de hectares. Com esse cenário a oferta total no Brasil será menor que a projeção de demanda e exportações, o que novamente trará bom ambiente aos produtores.

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